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CORPO E ALMA DE SAO PRULO ATRAS DA FACHADA, A MULTIDAO Visao, Historia e Mistérios da Metr6pole, numa série de estudos que se inicia neste numero. A Descoberta de S&o Paulo na Era Césmica: uma nova epopéia bandeirante. CASA DO ALBERGADO PIVO DA REFORMA PENITENCIARIA Entrevista especial ao reporter Paulo Henrique. Quem comefteu falsidade no caso do Relatoério-G 5 25 ANOS D ATV TOPT As comemorasées do jabten de rata dn TV TUPI de Sao Paulo re: Ze homenaens fram rats Dioner da tlevisio Mo’ Dass © ior lista, Asis Chateaubetang, ue ns- flow, a partir da referida esos, {i prtcirneadein-nactonal de teen? BULEVAR PAULISTANO Tadieal transformaeso do centro ta lage de Sto Paulo est em fast Scelrads de estado peta adeinetras {ie do. pretcte.Olavo Setubal. As Svenldae! So Jose, Sto Lats iran: gue a rua Xavi de Tolede, que ‘mast gm guarentee "anslormadas na primeizo Bule- {Re Reliotao,erua 0 moda pe ‘A Associate doe “Comer ‘Sister nates rales Tbe- fais do Contre Harte (o centro tue Srncterizaeaca rea) tem promonido ‘Feunides para debates do aswunto com so" ulondades manicpais HORROR NA PRATA, GRANDE. 10 easo do! passat vermalbo ue apannou uma menina de anes de fdade"na Praia‘ Grande, om” pring los de’ Setembro, camsou inaiguasdo Dbiieg e-deu muito trabalho & Pele fla A erlangs feow press ho pers ‘mostra due: pomto.chegou .deru” ‘manlsaglo do omen, omem S condigte Reman. ARIGO NA. ARGENTINA “Antonlo Sinavio, da Sociedade Bs. pitt Vier Hugo, de Buenas Ares, steve em So Paulo nos fing de Se: ebro. para tratar’ dp aireltos Se ‘raducto do live “Arad, Vide, Mea nS iA rata ‘ceded gratuitamente os direltes auto. fais Haltora 16 de Sbri da capital rina, ate ioral aantra ‘captcatznds cm Urres espiitas © ‘nto tem finalidade comercial Ess rardo aa cesta eratulta de dlrel Pigina 2 MENSAGEM Out,/Novembro 1975, fem que lombrcis as ditculdades s3- feratas pars’ inetalache da EV no ‘ho dos Distion e Emlstorar Associa. fog promoreu uma reunlle comemo” iy su a genet dora fincla do st. Armando ds Oliveira, Siperintendeste dn organizagse. IV TUPI de Sho Paso fol 0 mateo fos. Smirio interessow Delo tire =O Verbo Rlereatamo Pires ¢ Jae Abreu Filho, ‘tue consderoe cxctlente Dara 065! shras'e pablicagges diversas da FEB. SEMINARIO DE MARILIA "Nov fine de Novembro deverd ree lisarae o T Seminario do Cultors Hx. Pirits te Maria, a ebamada capital {x Alta Paulista,” Hlowre dans preias Semindrio,em Julho da ano Das” “Julho deste ano, com expuct- {Ses ese pia oe Ba erie agora votadas ne Sem ‘Misa, "Toon promorto das Instital- ‘es espiritas! de Mala ‘conta com ohSpaio da Bretetura Stunllpal de ‘dade ¢ a Seoretaria de Turamo do ‘Govern do Estado de Sio Paulo. Os Srrentinos prometem compareeer” Dz ‘rancy, foram convidados Andre Me” ‘eile Lous Fosreade, cones ilores (OS RATOS EM SKO PAULO ‘Avameaca de peste babsnica, que Detmeizo nos velo be Portugal esses rants qe musts om i= Saavela inde atveana ffl pa Sieado em tradugte brasileira METRO PARA 0 FOVO ‘A eatrega so pove da linha do smeteh que figs 'o Jabaguara 2 Sane {ina to else mertesal do atema. Imetroviaio de Sho Paulo, onsttaie ‘Scontecimenta’ administrative das ‘als importantes dos times tem pox 0 Governador Paulo Bitrins eve Frefeto Olsve Setloal Ineramy o traleto tn etagto do Tar ote Bio Bento A cstagh final de Sinn” Apnea, exnraee Sarum em d ge Desembro de 198 no Fabaquara, com = presngs. do oan pretete Fara ima,» erands Srameflgerador da fsonoiy pan de Sie Paulo, depas de Prosten Mala ‘Coube ago’ ao prefetioOiavo Seti ‘at continar’ cans" amintrases fecundas om rime sepure. com 2 fmeemavisko ‘ampla dor probiema frag Meta eta presente tno Norte e Novdeste através da pocsia de cardet de. seus ‘posta. e cantaret Dopulares, 0 poeta ordesting Ho- Aalto Cociho Cavatcants nncou o set hove livre de corde, ntti “Pa G0", "A peimeita ‘monies nordestisa f respela, tnttuiada “0 balan Meteo de sutoria de Prankiin Dae Apa No 210 senesedo artstica do Ho, neste més, deve sora presenga Ge Salvatore rimis Mere ae ncaa Ata ‘cbém a Sie Pauls, particloan- {ego Show, lca neato ‘GERALD FoRD’s As MULHERES ‘0 Jernalists Danson. Colle, 40 Sacramento Days’, provocou vento das igs feminists dos EUA, a0 aie= ‘marque dew loves nas ialherer Smereanes depals a congusta ‘ae Gomera dip menciona fois afentador de muller cont Presidente Ford, nests ulimer alas, Sem jastieativapesivel As gat ‘enetas Sounciatan eae v em far Denson, Dara ead futher tamil, Bano tate com {naw de Tundticor masculines ANIVERSARIO DO PAPA i tamgore cm allie, ie 25 hala VE informsam do Vatloane aoe © FoumE SExAGENARIO nero comemorog, dla 25 de Setobre, 0 So averse te Yorts de Copacabana, que fol cons rude na. presidencla de, Maret) Hermes’ da ‘Fonseca, em 1814, 6 aue fe tornou clebre pela evoita dos Te do'Perte de"que parlelpou o el= {Adeiro Eduardo Gomes, em 1822. 0 rant © ODER pe UGANDA Tat Amin, o satrap de Uganda, ie deseabeiu um nove ear’ Do cine'a Hntrela do Pod, ies Simente lumlnoea, tendo paseado, 8 folie observicit. “Tal” Aria po tnt que é- a estrela.protetera ‘Nova Upanda, eras pelo teu gover tno ce que se deaiina « conceder ihe ‘Dali poder nov proximes anos Ast” {ule embrow no povo de Uranda que Ee fase does patos ¢ namin. hos com ‘Deus: Oporse a ely com ‘ttipoderes eelesten "liso noe paréss ‘ally eneraredo, mas os tnganden- ‘Ses athe @. gue Ibes wastara, ATENONO FARA 0 CosMos! ‘isles to Beas no mds fine eccpare era ‘Novi a ‘experiinta, que os UFOS ou OVNIS ‘ebeio vendre ‘nuo-aentineaden ‘Seam Tear’ seruem o expace ons gives coving Tas 7oSe eee plete ‘sentra yet intvod os tern do Bea pee ult dewes ecto stead oy Seale de she avs Prt, ct Fain e Genera Money Won ato pens oom ‘vax conma tave lh, 9 deus me ot ‘acu dene erutho,resuvirgr O tiat'to comfto do Oviente Mado, D ‘ims Bora, France car fede” esen honra ‘os cinco ovens ‘eles que foram Sasiadoe eta: ‘rid, Barges © Barcelona. eS ct A AGONIA DAS RELIGIOES Pee 440 we ema ia) HOMENS E FUZIS HERCTEARD ‘OCINHOS de aco farciam a madruzada, itor metilices, por tris das coronhas, smiram aivor de earne © snus, {$40 homens que alt se jantam, JUANDO a rosa da madragada amenga . stn as_pétalas ‘© homens mio podem abrir as pulpebras 3 ue mace acpi ‘nem spin CINCO rons de sanase sbrame oa antes Aeapetalando-se ne eho de pedras. A, madrugaa enrsdcscn ne naan ‘Ai conmnony agora na rspanns « trememos ge Madel, em argos, em Barceo Etioons‘engades takam Homer Min a'tarne'e © sangee aderingo a0 minério, ‘sorte (fairnm a vida dering. AS porque trememes de. Mos fentoe de‘ espana 36 1 0 yentos do Mundo, bara a vain comum ‘do soquetimento, Rebewe fax naseer ssbre la as flores, humildes (que 2 Lune ar etrelae lumina & alte og tans, EM lancou sobre. a tera o Mage mettalco © implacével” ‘lo the au homent que fabricam fun? Detar aa fal sm home na corona? on alvo para os fuss? EDU yin par an ovtnastansiadas, ecaro ao us um fren poe fuden 1a dig il Suen epetinos ap uae pears eee tent eaten eat vuiday ae oon i Some cranes pasos {etyuaram af fescnor ¢ conicharam morta, fe corpo e dn tima ns ves topoviada ‘Yuanda apenderemoe a bua liebe ae 2 QUeaKI90, suando quando... rpete'o ko er Soir: 4x Bonaciesc quando, quand uande © Geands aprendersivos a amar a0 gue ora ‘tne segue scar ne ae roion oasiea Steam See pa cosets eens Pet Quarsor Editorial Ita pela vida nilo se restringe a con- ‘quista do pio de cada dia. & necessa- io fazer mals, porque a vida no con siste apenas em viver. Vive-se para algums ‘coisa. O sentido da vida & 0 seu objetivo, Uma vida ‘sem objetivo é varia e sem sentido, A ‘maloria dos espiritualistas, em todas as reli tides, procurs acomodar-ce nas priticas ri ‘uals de suas igrejas e institulgdes diversas, no permanente peditério de ajuda e béngios 20 plano superior. Fssa é uma atitude superada fem nosso tempo. As correntes espiritualistas modernas sio'contririas & tese do rebanho ‘submisso a pastores. Querem a Uberdade ea responsabilidade de cas tim, pols ambas #80 Intransterivels, No meio espirita, ainda sobrecarregado ‘com as herangas negativas de um religiosismo igreleiro, propagou-se a idéia de que tudo de- endo do Alto. curioso que 1850 acontega Justamente no momento em que, nas préprias lgrejas mais tradicionais, dum despertar para a compreensio da responsabllidade pes- Soal de eada eriatura em face dos problemas do mundo. Explica-se 0 contraste pela divul- angio intensiva da doutrina em seu ampecto Duramente religioso e pelos excessos de alguns AAdeptos invigilantes que passaram ao extremo ‘posta, Ju hora de restabelecermos 0 equl- brio necessirio em termos de bom senso, Nilo podemos admitir 0 comodismo de pessoas que $6 pensam em conqulstar para si ‘mesmas um Iusar no oéu, Mas nio € justo nem certo que aceitemas a tese dos que pretendem 9 dominio da Terra pelas idéias espiritas. A finica posicio doutrindria legitima € a do es. pirita que procura orientar a sua conduta sob as luzes dos prineipios que esposou, sem del NAO HA LUGAR PARA COMODISMO xar-se fascinar pelo canto de serela de doutri- has que contradizem a sua As comunidades de crentes submetidas a mestres infaliveis, ‘emerosas de reagir contra 0s erres cometidos or institulpdes superiores (de uma superio- Fidade puramente nominal © convencional) ‘io verdadeiros quistos de espiritualismo re- ‘trégrado no movimento doutrindrio, Fazem ‘mais mal do que bem. ‘Os que tém medo de errar, de eriticar, de apontar os erros prejudiciais & evolugao hu ‘mana, de dizer e sustentar a verdade, podem ‘considerar-se falidos por antecipacio. Estamos hnuma curva decisiva da evolugao terrena © ‘todas as erinturas, pertencam ou no a seto- res religiosos, tém o dever inaliendvel de Iutar pela verdade, contra a mentira e 0 embuste, ‘venham de onde vierem. O que interessa nes. te momento ¢ a firmeza de atitudes, a coragem da opinigo certa, a vigilanela contra as fraque- ‘zas do comodismo, da contemporizagio. Nao hha mais tempo para isso. ‘MENSAGEM niio ¢ um érgio seetério. ‘Tem sua posigio doutrinéria suficientemente definida e procura sustenta-la e defendé-la, mas respeita Intelramente os que sabem fazer ‘© mesmo em outras posicdes. Por Isso, pre- tende ser um drgio do unidade, ‘aquela bandeira de que falava Kardec, sob a ‘qual todos os homens dc bem, todas as erlatu. ‘ras consclentes de sta liberdade e sua respon ‘abilidade, podem acolher-se para a batalha ‘comum da humanizagio do nosso planeta, da ‘Terra que Deus destinow 4 evolugao da nossa Jumanidade. Ha um objetivo comum de todas as criaturas humanas: a lmplantaeio na Terra de uma vida digna para todos. esse obje- tivo 36 pode ser alingido pelos que se displem a agir com dignidade, Flore e alma de Sto Paul” Compreendemos a necessdade das transter- joratiio da Cultura, fora point Waptque do progres a ds Citzagto, uo ‘Gis estraturas aeaicar da cidade, no £ menos vers ‘ie ges tn dehy Fae deve or se ada, mesma. come ‘de ‘modifica de ‘Mtolados planes tamietsratives, Out,/Novembro 1973 MENSAGEM Pigina 3 I PLANO DA SERIE 1. A'Sio Paulo Terrena e a Sio Paulo Celeste, 2, O deus branco do mar e a deusa morens da terra. 3, Jesultas e Caciques fundam a eidade. 4. Os Gigantes de botas de séte léguas. ‘5. Os lampldes de gis e a lluminagao lunar. 6. Surto Cafeviro e Nobreza do Café. 1 Martineli, um salto sobre os telhados. : O rush Agro-Industrial. 8, O caldeirio racial dos tépicos. 10. Nova Babildnia i margem do Tiet8. [UL Psicopatologia da Metropole. 12. Os enigmas da alma bandelrante, 13. © complexo metropolitano, 14, Clvilizagdo Caipira e Cosmopolitismo. 15. Abertura tecnoligiea da Era Césmica. 16. Expansio Cultural e Universitaria. 17, © aqui e o agora de Sio Paulo. 18. Perspectivas para o Ano 2,000, 'S cidades apresentam sempre 0 aspec- to de um scoplamento bem realizado estdvel, nas rotas siderais. Sao como 's jungio permanente de duas naves edsmicas, fin sentido horizontal, As bordas da nave si perlor ajustam-se perfeltamente nas linhés do horizonte. Quem olha Sao Paulo do alto de lum arranhaeéu tem a impressio de encontrar- se no interior de uma gigantesca redoma, as ‘vezes de vidro azul, as venes de um material plistlo acinzentado e opaco. Nao seria esse ceurioso aspecto das cidades a origem da con- ‘eepeto biblica da Jerusalém TTerrena ¢ da Je rrusalém Celeste? ‘A Silo Paulo Terrena dé-nc* a impressio de querer subir a0 Céuy, com os us bragos de Briareu, numa revolia insensata contra os det Se8. Condenada por Jipter ou Zeus a perma. necer na Terra, no est amarrada a0 Etna, ‘mas as encostas do Jaragué. Nao podendo esprender-se, lana contra o3 deuses a lava, negra de suas chamings gigantescas, poluindo ‘ atmosfera, e verte nos rios a baba venenoss, de. sua raiva impotente, Estas imagens no sfo gratuites, Tradu- ‘zem uma realidade amarga. O anseio de trans tadéncia do homem, trustado pelo ceticismo dda era tecnoldgica, explode no masoquismno da poluigdo ambiental, Briareu, 0 gigante mito. lgico,transformada numa estrutura de pedra, cimento e ferro, vinga-se na came da terra © zna carne frigil dos homens. O que mais im pressions, no espetdculo desse desespero to. rico, ¢ a resistencia humana. O homem da cidade miliondria vive de telmoso, como os obres, Respira o ar envenenado, bebe a agua, clorada ou polvida, alimenta-se de vogetais ‘impregnados de uma quimica deletéria. Mas vive, prolifera, trabalha © produ, constrot sem cessar, recust-se a sair do seu campo de batalha para as paisagens tranquilas e Duras do interior do Estado, Podemos parodiar Eu- lies: 0 paulistano ¢, antes de tudo, um forte, ACIDADE CELESTE, Quando as rajadas de vento espancam 0 nevoeiro matinal ou afastam as cortinas de fumaca da guerra quimica, o céu azul, a0 bi Iho dourado do so}, revela‘os contomncs bran- c0s das construgids de nivens da So Paulo Geleste, Nas noites beneficiadas pela varredi- Pagina 4 MENSAGEM Out./Novembro_ 1075 ra tomam-se visivels a& luminérias da cidade ‘sideral, Sto os momentos de desafogo em que ‘© homem acredita respirar a pureza tlusdria do ar, Na verdade, as fontes de poluigio con- tinuam a exalar os seus. venenos. pelas ruas fe pracas de um trinsito impiedoso, que au- ‘menta dia a dia, na proliferagio dos veiculos los que qusimam sem cessar dleo e gasolina, Apoelra fina e negra do asfalto completa. 0 ‘quadro patoldgico irreversivel da metropole. ‘Mas tudo isso ndo importa. A visio da Ci ‘dade Celeste consola o habitante desamparado {da Cidade Terrena, alentando-Ihe no incons- ‘lente (reftigio da esperanga) a crenca nama ‘super-vida futura. ‘Serd iso que da forcas ao paulistano para continvar na batalha? Talvez, Desde que 0 ‘mundo ¢ mundo o sonho de lbertagao expiri- ‘ual livrou a espécie humana da asfixia mate- rial, Etalvez por isso, por motivo dessa mes- ‘ma consolagio, dia @ dia sumentam 0s cau- ais migratorios que fazem erescer a popula- ‘elo paulistana, rompendo todos os limites da reviso demogrétiea, CAlculos da ONU pre- vim que a Cidade do México superar Sao Paulo dentro om breve, de pelo menos um ‘iho de habitantes. Os peitos internacionais estio muito distantes do fendmeno paulista- ‘no e podem avenlurar-se a previsbes alrevidas, ‘que nenhum perito paulistano so arriscaria endossar. ‘A Cidade Celeste exeree uma infuénela. ‘estimuladora sobre a Cidade Terrena, elimi. ‘nando os aspecios negativos da sua realidade objetiva. Ha uma diaistica secreta nesse aco- ‘plamento odsmico das duas cidades. Ao incen- tivo do Céu responde a Terra com 0s anseios de libertacio do homem. # a mesma dialética fe outros tempos, quando as promessas da té Jevavam os homens a morrer na defesa de suas erengas. Hoje as crengas estio debilita- das, mas a Canad da promessa contigura-se de ‘ovo nas metropoles superpovoadas, onde a vida ¢ dura mas as possibilidades de trabatho f do ganho atraem as populacoes rurais. Mis- furam-se no eoracio do homem. 08 anselos terzen0s e celstes SOCIOLOGIA DO INTERMUNDIO Procuramos dar, no quadro acima, stra: vs de imagens e conotagbes alegéricas, uma visio subjetiva do fenémeno paulistano, Na trilogia Terra-Hom-Céu temos a possibilidade ‘de mergullar aldm das aparéncias de uma snilisge exterior, baseada nos fatores economi- (008 ¢ socials. Bases fatores no so, como pre- tendem os tedricos da era teenoldgica, os de- {erminantes absolutos do complexo metropoli- tano de Sio Paulo ou de qualquer outra me- tropole mundial. A Sociologia académica vai ‘endo impulsionada, pelo desenvolvimento da Paicologia-Social em seus varios ramos, e pelas cconquistas mals recentes da Parapsicologia, bem como da Fisica Nuclear ¢ da Biologia, od a visio filoséfica existencial, a novas dimen- '80es socioldgicas. Se os gregos antigos podiam falar de um intermindio, em que viviam os deuses mitolégicos, os socidlogos atuais, em todo @ mundo, veem-se desatiados pelo novo cconceito de uma Sociologia do Intermiindio, [Nao vivemos apenas na Terra e no terrs- a.terra, como querem os adeptos das concop- (bes materialista e pragmatista. A Psicologia dda Gestalt demonstrou que as nossas percep: (bes sensorinis, como Descartes ja havia ac ‘ertido, geralmente nos mantém no plano das CORPO E ALMA DE SAO PAULO A CIDADE TERRENA E A CIDADE CELESTE aparénclas enganadoras. Nossa existéncia, ‘como a definem os fildsofos existencials, ¢ “pura subjetividade”. Podemos atravessa a cavalo a superficie geiada de um Iago supondo ‘cavalgar por uma planicie inteiramente s6- lida, mas por baixo das camadas de gelo 0 perigo do afogamento nos espreits, como Ko- fa 0 demonstrou. Podemos tomar a nuvern ‘por Juno, enganados pelas nossas percepedes Sensoriais. Os fatores econémicos socials ‘io importantes, mas estio rigorosamente em relacio, e até mesmo na dependéncia dos fa- tores psicoldgicos. Vivemos de aspiragbes, so- ‘nhos, desejos, emogbes, muito mals do. que de satisfagées materials e objelivas. Nossa concepeso do mundo é mals doterminante do nosso comportamento do que os va: lores materials de que possamos disper. sso nos mostra que nio vivemos no run do, como se costuma dizer, mas num inter miindio. A anilise de um complexo s6cio-2co- ‘nomico, como. complexo metropolitano de Silo Paulo, ser sempre parcial, incompleto € pobre, se nlo dispusermos de téenieas que nos Dermitam avaliar os fatores imponderaveis do mundo psiquico, nfo s6 individual e interior, ‘mas também coletivo © exterior. Temos de partir do concelto do homem integral para chegarmos a visio da sociedade integral e de ‘suas miltiplas relagdes de forgas 0 fatores psleotisicos. Os prejuizos do misticismo re ligioso, da alienagio metafisica, sio hoje su- perados pelo proprio avango tecnaldgico obje- tivo, que nos permite a verifieagso da dupla realidade em que vivemos. A realidade inegi- ‘vel, porque hoje clentiticamento demonstrad, do poder objetivo do pensamento, da determi nacio emocional de nosso comportamento $0- cial, da propria origem psiquica da maloria, fdas doengas que nos afetam, como vemos na ‘Modieina Psicossomética, nao deixam duvidas a respeito, a nfo ser pata os temperamentos. ‘pinidticos e portanto antictentiicos. 'Nio se pode analisar Séo Paulo através da frieza das cifras, da probabilidade das estatis- ticas, de mensuragdes fisieas balangos fi- nanoelros. Séo Paulo no é um sstema soclal de compos animais, uma sociedade de consumo, jum aglomerado dcasional de sibaritas e pe- antes. um complexo humano que excede 6 Imitos da realidade tridimensional. Dispo- ‘mos de Tecursos para tentar a decifragiio dessa, esfinge de peda, gracas as conquistas contem- porineas da Ciénela, que derrubaram, como Assinala Rhine, a Ditadura da Fisica do passa- do, levando-nos & visio nova de uma Fisica profundamente revolucionaria ALEM DOS SIGNOS: Conhecemes Sio Paulo pelos slgnos do rosto. # uma cidade de fisionomia grave, aus- tera, plantada no Planalto Atlantico Brasileiro ou Planalto de Piratinings, a 150 m acima do nivel do mar, sob 0 trépico de Capricdrnio, Ch dade de planalto, servida pelo rio Tieté, 0 rio hlst6rico das Bandelras e das Mongoes, hoje tristemente poluido pelos esgolos, Su fisio- omia transformou-se rspidamen- te, nos ultimos 50 anos,.na fisionomia auda- closa e moderna de uma metrépole de arra- nhaeéus, cortada de viadutos, elevados, passa- reias, passagens subterrinets. © Vale do Anhangabatl marea 0 centro Urbano com uma larga avenida de trinsito répido e das Tuas laterais. Os restos da capital provinciana per- ‘manecem no tracado estreito de suas Tuas central, ‘© Teatro Municipal, Cavaleiro do Anhan- sabai, reformado om sua estrutura interna, guarda a aparéncia externa do modelo elas: ico, Velhos e pesados edificlos, entre fleiras 4e casas antigas e baixas, contrastam com as ‘modernas construedes de concreto © vidro. ‘Antigos bairros da zona rural foram incorpo. tados ao contexto urbano ¢ esto hoje semea- ddos de arranhacéus. Cidades outrora vizinhas, ‘como as do ABC ou Grande Sio Paulo, estio hofe lindas & metropote. Os servigos de trans- porte coletivo sio feilos por Onibus e taxis, ‘que substituiram as antigas linhas de bondes. Rasgam-se agora, cortando o préprio centro, ‘as lnhas subterrineas do Metr0. Trinsito de- Sorganizado e perigoso, pondo em risco per- ‘manente a vida dos habitantes. Vida industrial ¢ comercial intensiva, ligagées aéreas naclo- nals e estrangelras com o8 principals aero- portes do mundo, ses, de manelrssuméta, es sigs dp rosto metropolitano. A escassez de parques © Jardins, de éreas verdes na zona central ¢ ad Jaconcias, ¢ alarmante numa cidade tropical de mais ‘de 9 milhGes de habltantes, ‘Tudo quanto podemos ver nesse conjunto hetero- {géneo 86 nos revela umm processo de metamor- {ose urbana em desenvolvimento, sem a devida. orlentagio de um plano urbanistico rigorosa- ‘mente téenico. £ dessa maneira que vemos So Paulo, no dia adia atribulado que earacteriza a ‘ida paulistana, No hé tempo nem melos para vermos Sio Paulo de maneira mas ampla € ‘mais, profunda, ‘Vivemos sobre uma casca de pedras e as- falto, envoltos em poeira © fumaga, fechados em apartamentos, aturdidos pelos ruidos sem ‘controle de um ‘centro urtano formigante. ‘Temos mais de 60 mil criancas abandonadas € ‘em grande parte entregues.& criminalidade {infantile a criminalidade adulla ¢ ameaca constante nas zonas centrals ¢ nos bairros, corio em todas as grandes eidades do mundo. ‘A esse quadro negativo, decorrente do desenvolvimento surpreendente dos ltimos 380 anos, opse-se inegavelmente o estorco da ‘administragio publics, num dispéndio colos- sal de verbas, para a reestruturagio necesséria ¢¢urgente do complexo urbano, Apesar de to- das as acusacdes formuladas, contra esta Ou ‘aquela administraglo, a verdade 6 que ® pro fundidade e complexidade dos problemas ‘constituem um desatio permanente & capa: cidade de trabalho humano em todos os se lores, 86 hd uma maneira, sogundo nos parece, ‘de superarmos as nossas deficiénelas para res” ppondermos a esse desaflo: a colooaglo media {a.dos problemas vitais de Sao Paulo em plano esiritamente administrativo, acima das ques- tes politico-partidérias, dos interesses elel- torais, das questitinculas pessoals © de grupos. Para isso teremos de eriar um clima de cons: ‘ientizaciio dos problemas paullstanos, sogun- do a técnica de convergéncia de todos os pro- Dblemas particulares e locais, de grupos empre- sarials, banedrios, financeiros, eeandmicos em eral, ulturais e assim por diante, para o pro- blema central de uma administrario cont ada de todos os poderes administrativos, ‘UM COLEGIADO ADMINISTRATIVO A Sto Paulo Terrena ¢ a Sto Paulo Celeste ‘esto em nossas mfos, nas mos des homens. © Céu poluldo e a Terra envenenada exigem, ‘mais do que nunca, a uniko dos paulistanos, -que tanto se pregou em termos politicos. O ‘exemplo da capital se refletiria naturalmente géncias politico-partidarias envolvem agudos Interesses pessoais © de grupos) que embara- (gam a ago administrativa, As solugdes globa- lizantes, como a do partido tinico, sio contré- las & prépria naturesa humana e Jevam as formas fascistas, aos extremismes de Gireita ou esquerda, £ necessirio que Ihaje posigdes divergentes, opinides em dea. te, conflitos ideotdgicos. Tudo isso faz parte a lula pela Democracia, pela igualdade de ‘direitos sociais e politices, pela preservagio a liberdade humana, Mas Sem prejuizo do proceso democrético, e até mesmo em seu Tavor, como defesa dese processo, nevess\- amos de uma estrutura administrativa raco- nal e objetiva, Estamos sendo competidos pelos fatos, pela situagio de Sio Paulo, a uma experiencia 2olitiea nova, que consistiria numa delimitagso de dreas da politiea-partdria e da polities-ad- ‘ministrativa. ssa delimitagao nio poderia ser absolula nem resiristiva, mas apenas teonia. ‘Trata-se de desembaracar as duas areas para ue ambas possam funcionar sem as interte- réncias recfprocas que vem perturbando a amn- bas. A criaglo de urn amplo Conselho Admi- nistrativo para a Cidade de S40 Palo, sob controle exclusivamente téenleo dq Governo do Estado e da Municipalidade, em conjuga co com entidades particulares como 0 Ins- Lituto de Engenharia, as Universidades. pai listanas, o Istituto Histérico e Geogrdtico, ‘as Empresas concessionérias de servigos pu Dlleos e assim por diante, permitiria a reali fo de planos conjugados de trabalhos ungen- fes ou longo prazo, numa perspectiva da labalizagio administrativa perfeitamente de- ‘oerétiea. Teriamos um Colegiado Administrativo, cevitando-se as disparidaties de providencias Perdicios do tempo, energia e dinkeiro no Atendimento e na execucio de obras e servigos © na mplantacdo de medidas saneadoras ¢m todos os selores. © mals facil unir os homens ‘ha atividade prtica, objetiva, do que no plano ‘deoldgico, onde as’posigodes opinidtieas ge ‘ram ftalmente contlitos ineandveis, O velho refrio de que Sto Paulo nfo pode parar deve hhoje, mais do que nunea, tornar-se uma ver- Gade gritante “Bquivale a dizer que Sao Paulo nao pode esperar indefinidamente as grandes Drovidéneias administrativas que 0 livrardo a situagao estranha de cidade sitiada por si ‘mesma. VIGILANCIA E TRABALHO AA colocagiio deste problema nos leva de novo & questao psicolégica, Vers que 0 pro blema administrative se’ assenta em bases psiquicas. $6 0 amor por So Paulo poder firmar os alicerces dessa unio de esforcos em favor da Cidade. Esse amor nio falta no ora. ‘640 dos paulistanos, em todos os niveis socials © culturais © em todas as falxas de procedén- i, dos paulistanas natos ou naturallzados pe- 4a vivéncia em nossas terra. que falta € des. Dertar esse amor e dar-ihe a oportunidade de manifestar-se, de por-se em agio Imediata, O Colegiado Adiministrativo seria, a nosso ver, 0 biv@ desse despertamento da consciénela geral Dara a solucéo dos problemas da Cidade. ‘So Paulo exige levantamento geral dos seus problemas em termos de téeniea adm: histrativs,o estabelecimento de um plano con Jugado de aco de emergéncia, a detiniguo [precisa de critérios de prioridade na execugdo Ae obras e servigos. Nada disso 6 possivel com um sistema de administracio fragmentado en- tre poderes diversos, que em geral atuam a0 ‘mesmo tempo e de'mancira sucessiva mos ‘mesmos locals, prejudicando-se mutuamente, ‘A avaliagdo global do que se tem a fazer ¢ os reeursos de que se pode dispor, a conju- gagio racional das providéncias @ serem to ‘madas, o entendimento prévio entre as éreas ‘conflitivas de poderes diversos, para evitar-se Conflitos e desperdicios, seria a Unica maneira {de atendermos, na medida do possivel, as exi- sgéncias de uma cidade em crescimento incon- trolével. Mas o problema da conscientizagio 6 0 fundamento de todas a& possibilidades nesse sentido. Por isso, o espirito de vigilancia teria de ser permanente no selo do Colegindo Ad- ‘ministrative, com base em dispositivos claros @ precisos do sous estatutos ou resimentos. Vigilancia contra os perigos permanentes de burocratizacio, da rotina, do deslelxo, da im- previdencia, da infltragio de intoressés part- Culares ou de grupos ou até mesmo da pre- valéncia de simples opinides pessoais, muitas ‘vezes sugeridas por motive de posigées isola- ‘das de pessoas Incapazes de abranger o con- junto do trabalho a er realizado. Nunca aq Paulo teve maior oportunidade de exercer com ‘mais eficioia as suas virtudes de abnegacto, de amor & terrae & tradigio bandelrante, (Chega do improvisagoes personalistas ou gr pais, de partidarismos exacerbados, As condl- ‘es de vida da metropole, suas condigdes sa- hildrias, a situaedo de miséria das reas pe- riféricas, a mortalidade infantil, a desnutrigio, © cinturto de fossas negras ao redor da cidade, as endemlas nunca dominadas e as epidemias ‘que surgem de surpresa, como se no dispu- ‘séssemos de Grgios controladores dos siste- ‘mas de limpeza e profilaxia urbana, 0 abando- po do homem a si mesmo, todo esse conjun- to negativo e jamais enfrentado na sua tota lidade, através de agio conjugada dos pode- res miltiplos da cidade estio exigindo dos homens conscientes uma_providénela. reno ‘vadora dos noss0s processos administrativos. ‘ssa a razdo da série de trabalhos que es: tamos langando, em forma de analise eral, $209 alo de “Corpo e Alma de Sto Paulo" Esta mesma série pretende ser um exemplo o que se pode fazer num plano de colabora 40 de todos os que sentem a gravidade da situsglo ¢ desejam contribuir para a sua so- uel. Nio quisemos, neste artigo de abertara {da série, colocar as questées em termos tée- nicos rigorosos, Iss0 niio nos compete, O tra. batho Jomnalistco tem de ser apenas de na- tureza aleriadora e sugestiva, Damos uma so de Sio Paulo em perspectivas impressio- hisias, procurando despertar nos leltores e:nos estudlosas dos nossos problemas as sugestes ‘capazes de promover a renovagio de noseos métodos e Sistemas de administracio. gerel, ‘hum sentido globalizante, Essa globelisacto correspond, ao mesmo tempo, a exigéncias a era de comunicagio de massas, de massa. ens, segundo a proposicio de Mcluhan © Quentin Fiore para'o raundo abual, transfor- ‘mado em aldela global. Nossa aldela global fo Paulo, a cidade miliondria a que se tefere Aroldo de Azevedo om seus estudos te Geo- rrafla Humana de S80 Paulo, Esperamos que esta série de trabalhos, ublicados a partir de agora ¢ possivelments ‘no correr de fodo o ano de 1976, consiga des- pertar 0 nosso povo, as reas politieas, unt versitérias, (enicas ¢ culturais em geral para ' necessidade de agi imediata nesta hora de ‘mudangas rapidas por que estamos passando. ‘S6 uma atitude conseiente e racionalmente in ‘teressada, ante a realidade paulistana tual, oder assegurar-nos um certo controle’ € Orientaeio das mudangas em marcha. Nossa atitude descompromissada, bem como a dos signatérios dos estudos da série, permitem- ‘os abrir as paginas de MENSAGEM a todas as critieas e sugestdes aproveltivels que nos forem enviadas. COLABORAR COM MENSAGEM f LUTAR PELA SUA LIDERANCA ESPIRITUAL NA PELA GRANDEZA CULTURAL DO BRASIL, ERA COSMICA QUE SE APROXIMA. Out,/Novembro 1975 MENSAGEM Pagina 5 Reahilitagao e reintegracao do condenado na vida social CASA DO ALBERGADO assumir a Secretaria da Justign Jao Governo do Estado, em Sio lo, @ Dr. Manoel Pedro Pie rmentel j6 estabelecera, como uma das metas prioritirias da sua afuacio naquela pasta do Governo Paulo Egydio, uma i atwalizadora do nosso Sistema Penifenciari AA prova désua posigio objetiva, diante desse problema fundamental, esté na sua imediata Droposisio de um plano de reforma, seguido ide aceleradas providéncias para a sua exeet elo, ‘0 que se passa na vida presididria, em to 0.0 mundo, é simplesmente inimaginivel pa- ra a malorla das pessos estranhas a0 assunto. Conhecendo o espirito eselarecido do atual se: cretirio ¢ sua firme dedicagio & causa pabll- a, a diregio de MENSAGEM incumbiu-nos de entrevistilo a respelto. Conseguid: iencia, submetemos ao titular da pasia da Sustica uma série de perguntas que Raviamos claborado. As respostas foram dadas por es- frito, de maneira que correspondem exata ‘mente ao pensamento do entrevistado. Dada a gravidade do assunto © a alla responsabill- dade da personalidade que consultévamos, Somente esse processo podia ser usado. “Entregamos hoje a0s nossos leltores de todo o Brasil, particularmente as autoridades Ineumbidas desee setor em todas as unidades da Federagio, os resultados dessa entrevista, ‘Com ela, MENSAGEM atinge um dos pontos cessenciais do seu programa dorado de divul- a¢do cultural, voltado especialmente para a problemitica do homem contemporineo, em todos os seus aspctos. Esperamos que esta di- ‘vulgagio, embora modesta, nos limites de nos- Sas. possibilidades, sirva para despertar em {odo'o pais, mormente nas areas governamen- tais, um movimento de reflexio e aeio, — den- fro dos principios eristios do nosso desenvol- ‘mento cultural, — em favor de imediata, pro- eressiva ¢ profunda reformulagio de nossa sistemitica presididria, 1, nosso sistem nenstenerio, — de um modo Geral pote ser conslaerado obolet? stay ma fincindo 4 eflaela gue seria dene: Set ‘SUatatoion tendo-se como sbjetive de eomparaeae mente as exigénetasdesa fe tna iStiwna. Gra de Csteaa e Tratmente © um ‘andigies manter-se sim Pigina 6 MENSAGEM Out,/Novéembro 1915 27 perguntas de MENSAGEM. respondidas pelo Dr. Manoel Pedro Pimentel, Secretério da Justica do Governo do Estado, sobre a Reforma Penitenciéria ‘em Sio Paulo. Uma sabatina em elevado nivel. Entrevista de PAULO HENRIQUE BELFORT ROLIM A TESE DE FoGEL 3. A ‘eve de David Fogel que Boje parece oon- Guitar een ne Hat aha oss even voltar ao su earaier primitive Ge Da ale mio “ne paece uma fenatva de fe {roel clash onl dq ening 4 a rates do Pe: sumento constants ac ‘igaliadg, vata de reeuperadoe aa crime aps Terao, araracinia das tendlacas a fhinosas em elsmentoe provntamente feeupe- aos no constitucmnslplercontinuagio dos Breas dar ‘onsieser ress? p_Pense que sim, 0 andtema deve ser sete penitncile Tneticene ae tern ratio Davia Pose ‘media paltativac como a 85, ‘de pena ou fmpote beming reid A pene scondenado mantivewe,comstantements um PROBLEMA SEXUAL 8. O homoitersaiime em noses presios & uma Feallgnge estates = Nie conhero estat sexustoms nas prises ealidade some, nite sentencndos com 8 Quake as, emule ‘omesconiniame naw prisges€ 2 adosin Go ters feel. Inaivduals, evitandovse Geera forma Sportunidade para apreximacto ‘derisada ‘dos ‘insttuclonaie'c impedindo-e ® maniestaao fe iStenter ecnslonse 7. atom sstudos para ae o presi pos do eas gone ome ‘em sistemas, Denltenelares de alguns Aerisan'¢ fos Pals eandlnavon? ‘= Fulstem estudos a respeito, mas as difenldades ‘execute am prosraina nese senda sh fe houreme prises donna irimente ‘a reecber or senlonsados.casades maaan luc ae prs Toya ett" ‘dando'nexinte» problema cr felagae eras, A CASA DO ALRERGADO 8. O que € a prsto alvergue? TA pris atberrue, que preferimer chamar de eana "to Albers sentenciados nao perizosrs, condenaden umm de> terminada. pena tm rasie de reer crimes ses ‘ais se permite trabatnar tors durante fode 6 dia egaseroara drm o serge, onae Joost 9. Quats as vantagens reais, sotloseamente fa- ‘indo, da'pente aberguer = eamente -qpSte Imimeras ¢ Sbvina as vantagens da pristo iberroe 0 eto de = iter 10. uate as Dara’ Implantaeto ‘de tm sistem amo rite elbergue? Ts, [PRISAO ABERTA 11. © que ¢ 0 Instituto Penal agricola jens dos tnstitutos Penaie St lasltaton Penals Acris tém a6 mesmas ‘antacens de todas as priodenabertas,”Fataltan ‘rsioneo a oportunidiae ae serum a respons dade pela sa eri 1, Bustem eatudos para « ampli dag Casas ‘Corecionas aeicoaes™ “ast® ts Petames estudando a possbiidade de. ampliar aia 30 ndmere de inion este Aen, Scher extents Se EDUCAGAO E RELIGISO 14. A experince nem sucedida de Makarenko, na Ruse, somo" problema de reeducajao’ dos ‘Denotes ermlpowe, logo apes ov esastres da Guerra mundial de 1914, nto Poder serve de ‘Bods sages baa’ ym movimento bet {ormia ambésn Ge reebaldo 20 proceso de hu- ranizesdo "do sitema penitencirio “eet ‘oncordineta com oy" sistemas cotreconais Seriolar braliros?, — Acredito que sim, poraue todo 9 trabalho, bem Griemtdo qve te fier et favor’ do, menor dela ‘Gente ¢ allamente produtivo, no sentido de redusir ‘S"inalce de eriminabunde aus:t3- 1. A lperaade @ prisiea dos cultosreinoses nos ‘resiion 6 fatar de Tesjustamenta? — Atualmente, em nosis presides, & um Importan ime fator ds renjetarenta tem contribuide baa reeupersedo de malles sestencades. 16. Pretende-se implantar de, manera mals oble Trae ampia x sesténcia religions 0 resale? < Heth incu em nosis planos uma ampla re- ‘ormulagdo da asiténela rliiosa soy sentenclados, ‘com ampla frangeia pars todo ow eredon que con” ‘ibuam pares levasie moral” ¢ espintual a SUGESTAO DE MENSAGED 17, © forgo de umanizaedo dog presiios nto Dode ser parado por umm movimento de free ‘engdo do crime. (ho explcio) através de Dlaos edueaclanats, egies © populares, bax Eos em lementoe clentifces © nao apenas allow, quo provers aos ogucandoe (Gesde e'euroo perio! que 9 homem @ uma cri: furs expitual ¢ lo” material, dotado de onselfnca, livre arin ¢ responsablidages ‘Sm todos os us tos? “= Aeredito aue essa deyela ser a principal © pre- ‘ipsa tareta ‘da ‘educngdo.Embora eu nae tela Psoalment ‘de ‘scorda com” todas Feta na" pergunia, expecta xstenein do ire aritrio (tea proposte ¢ valida © poderia contibule bars ‘fedugdo ao naice #e cominailaade: LLEGISLACAO POSSIVEL 28, gomo sla. pone ume wear cues ‘do erimese dn violinca. pelos velcules ae 0 Dr, Manoel Pedro Pimentel 18, A pacoterapia individual ou de grupo, ¢ meta do"nonto Governo, — como. insteumento. de eajurte e recuperacko do detenta? — Seria uma das metas ideals no que se refere 20 ifetamento do dclinguente, "‘Todavia, dadas as dl Heuidades existent, sera condicionada a exsten- on oreamentares, dado 0 alto ‘uate desse sotsticade melo de teatamento pens 29, A-tstorterspla. remuzerada € uma. f6rmula fiiclente de’ reeducnga do. presidario? sim. Inegavelmente a laborterapia ainda ¢ ‘ina dis formuiss mals efleazes para 0 teatamento penal a1, Protende-se apiear go forma ampia # ta0o {etapa no novo tema enitendiso ra Gomstituimos um Grupo de Trabalho wa Secre- feel, Sian sat compte a fern anette» aban do pres fin fe possbltar um relorno doc investments ue Esti taz com sistema peniteneario 90 mes” ‘mo tempo, enselar um maior gauho 40 sentenclado ‘abana 22, Risa aborterapia poaeria gor ingida a fio questonarios ou tents vocaionais? ASSISTENCIA MEDICA 28, Como ests ssitencia meéaien a0 presidirio A aacisincia médica presiada aos sentenciades, ‘bo Retado de Sao Paulor¢ bow Na Penitenciaris 0 medice & muito bom © efieien- siesta rode da Secretaria. da Satin tarnbems C prstado ‘bom servigo mao, iDelama maneira geral pow armar que @ bon isstnein medica prestada tor sentenclades. 24. como meihorar de manera clear a asian ‘la maica no penitensirio? — até em nossos planos cra a Divisio de Sade, ‘Be Departamento dor Insitator Penals de Estado {DuPE}. Com esta medida, eentralindo 9 coman- {do dor diveron servis medicos das unldades ca ‘trating, avers ertamente uma ethora' da qua Tidade da asisténcla medica. 2%. Os, padres aiimentares dos nossos preside oan ser casifleadse de satsiatris? ‘ein Nie temos tid ete tipe de problema DEFINICAO DA REFORMA ‘8. km sama: No gue consste reforma pent fenisaria e « homenizagdo do: presile? ‘ina a" dar um tralamento adequado no sentencia~ Uo, para awe ele posaa ser tecondurid 8 vida socal retante.” Pretendesios {Seve enn een iy eran a ‘Sn regimes de semicerdade ‘ou de’ berdade.fncalizada.Allngremos, ass fm five de popalacso careravia adequado & mi” receberio teatanent (ow de Mberdaefvetinads, ‘Out./Novembro 1975- MENSAGEM Pagina 7 14 sabia que o Prot. Dr. Manuel Cerquei- a Leite estava gravemente enfermo. Haviam-no submetido a uma dessas in- ‘ervengées cirirgicas de mutilaglo profunds f trremedidvel, que 56 se justificam pela no- essidado urgente de salvar o enfermo de mor- te mais dolorosa. Desejava ir velo, mas no tive coragem. A covardia humana é raciocinada fe muitas veres fria, sustentada ao mesmo tempo por sofismas e razies em conflito. O ‘que eu Iria fazer junto do amigo que admirara © amara dosde adolescéncia? Antevia nos Seus olhos as indagagdes de um espirito per- uiridor e penetrante, @ que 86 poderia res- ‘ponder equilibrando-me num fio de navalhs, ‘Sumentando-Ihe as angustias e preocupagses. ‘Minha visita nfo seria a de um trmao que leva cconsolo e estimulo, mas a de um torturador ‘impiedoso. Formou-se o verco de amigos ¢ familiares ‘empurrando-me a9 cumprimento do. dever moral. "Agulavam-me’ com Intimates eres ‘pondivels. Minha razio se turbava, mas o met oracio batia num ritmo firme e seguro, per- fguntando-me sempre: “O que vais fazer jun- {to ao lelto de torturas? Queres aumentarIne 0s, softimentos em atengio bs convengses? ‘Defender-te do mau julzo do préximo? Sus- ‘tentar & custa do soffimento do amigo 0 fal- 80 conceito de homem bom e caridoso que fazem de ti? Tsso ¢ pledade ou ogoismo?” ‘Nao ganhel nem perdi essa batalhia sub- terrinea. Sustentel-a enquanto me foi possive, pela prépria impossibilidade de render-me. ‘AUG que me chegou a noticia da morte do ami: {0 querido. Entio senti um grande alivio, Por- {que agora eu sabia que a tortura se acabara, ‘Manuel vencera a stn ultima batalha, a da ‘morte, como dizia o Apéstolo Paulo. Por certo sentira a minha auséneia, mas nio poderia atribuila & indiferenca. Conhecla-me, talver, ‘melhor do que ei mesmo. Sua inteligencia ‘sun perspicécia, ambas agudas, terlam por certo pereebido o drama interior em que me -debatia, E tio assustadora fol essa experiencia, ‘para mim mesmo, que nfo a relato para justi” flcar-me, mas para colocar um problema que pode interessar a multos. Quantos {4 terao, ‘enfrentado situagSes como esta, coniinuando fa lutar consigo mesmos através dos anos, sem Reontrar Jamas ums solueso trangullado- 4 WE a a0 Calpe, 4 praticamente extnta, produsi a nelo uma sitteso cultural quo tomava ex. lntren e solitaria «sun peisonaidade © 8 oo intelectual pg da adolescéncia 86 tram erescer,na mocidade ena maturicade, seu amor & terra, i lingua e& gente caipre. ‘Remontando aos retcwos claeseos lingua fgem roceira, do chamaco dlaleto capi, Car ‘usin Lelte emparcinava-se com" Amades ‘Amaral, Thales Ge Andrade, Cornstio Pires © ‘Waldersiro Sivetra. Essa posioao the valet ‘mullas amarguras no meio tniverntario, onde o" pedantinno “académico 0 marginatiava Bovtorossse em letras pela Universidade ce Bio Paulo, toraowseIvre-docente da mesma. Anis tard fol meu eampanheiro na Facade de Filosofia, Clncias © Letras oe Ararequata, do Sistema Estadual de Ensino Superior. Con- {uistou por concurso a cadeira de Literatura Srasilee, ao lado de Casals Monteiro e Jor fg de Sena, que. exerceram a de Literature Portuguesa e inglesa, respeetivamente. ( cxipirinha de’ Ieapetiningn © Sirap, publicoulvros de poemas que no foram com: Dreendidas, como “Agia. da Guia", “Terra YVerde", "Poste na Serra”, ¢ mumerosos eo. Seios como: “Do Pato Litrésor, “introdugio i istria da Literatura Brasileira, “A Poesia CCompensstéria de. Amaceu Amaral", “Crit a'Puncional”. Sua tase d, douioraronto na ‘USE fot publican na revista ia Academia Bae flere de Letras, mumeros de Margo de. 1046 8: Abril de 1048, Golaborou em Jomals ¢ re ‘istas calturis do Rio e Sto Pasio. Fol um ampeto caipra das ltres, dos anos 90 fm anos 70, quando ainda se mentrara chlo fe vigor fico intelectual. VIDA, PAIXAO TEMPOS DE ADOLESCENCIA Encontrel-me pela primeira ez com Cer- queira Leite em Sorooaba, numa reunio lite- érla da Unio Artistica do Interior, que ha- Yiamos fundado para nos defendermos das Aificuldades do Isolacionismo eda marginal zaglo a que estavamos relegados. Pertencia. ‘mos a uma geracio de génios e geniosos, Pre- cisavamos Iutar para,que as nossas lamparinas ‘io se apagassem por falta do azeite do est ‘mulo, Quase todos poetavamos, eramos “tins poetas”, segundo o concelto eaipira do termo, ‘Chamavamos a nossa sociedade nascente pela, sigla UAT, pronunciando-a wa-, com 0 desta ‘que de cada letra. Manuel props que passas- ‘semos_a pronunciar ui, pois sem nenhuma {ntencfo a sigla correspondia a essa exclama- fo ttplea dos caipiras: Uail $6 ele perecbera ® coincidéncia feliz, que noseas pretensdes ulturais nos furtavam. Porque s6 ele, entre 16s todos, mais de trinta rapazes de varias ‘idades interioranas, era um caipira aitantico, apegndo de alma e corpo & cultura de és. descalcos dos cortadores de mato. A Civillza- A POESIA TELURICA © exon de plo cio sents porta do rancho, ao entardecer, e se pe a clsmar, Com as fumagadas do seu cigarro de palha sobe também o seu pensamento da vida, da, terra, das gentes, dos bichos e das colsts. cisma caipira é um ato filositicn. Por isso mesmo é cla. A poesia caipira de Cerqueira Leite nio se prende & forma dla- {etal nem ao ritmo da viola. uma poesia tellrica,ligada a terra, mas que sobre ao. cét ‘na busca. dos mistérios da alma. Chega a ser ‘normativa, como vemos em "Fonte na Serra”, poeta caipira anteeipou entre nds a poesia filoséfiea de Martin Heldegger: dura, seca © ireta. Uma flecha de pau seco que val dire- ‘implesmente a ignorou. No continha nenhur dos elementos posticos antigos ou modernos. ‘Thegava a parecer descritiva, mas n&o era. ‘Um amigo comum, meu e dele, dissesThe certa, vex: “Voce nko faz poesia, es." Manuel sorriu © respondeli: eriam ser anotacées posticas?” Ele PO sabia 0 ‘que estava fazendo ¢ sabia que no 0 com Dreendiam. As vezes se Iritava com isso, mas fem geral parecia delictar-se com a poesia, segundo a teoria heideggeriana que ‘io conhecis, que nunca havia lide. A “ama- odin demonstrar. Nao obstante, multas crt furas intultivas sentram o conteuto eat dos sous poemas e isso the dava a satistarto Ga comunicagio postiea realimda, seus vros de poemas tiveram e tem un publlco inte tivo, que fol capex de captar & poesia dos “ates” —colsas ¢ eres — espainados na terra e no mundo. A agua na etin @ poesia pura, no claborada pelo homem, colnda Dolas mos fonte natural, untarm-e ela ‘uns formas de “amamualade”"'s Cala e @ guar ool mas substan, DTodusida pela conjugacto de das: "ama: ualidades” 19, ott clprn. pvt na exci aa realidad e descobre as suas conctagées tate "pas, Mo bites felt formats, uot 9 sumo eal, que 6 pode ser produrilo es do-se o caule com as miios. eae ‘Nio seria fell chamar a stencio dos exitioos para esse tipo de poesia que hes per Fecia primaria, destiuida’ de qualquer tno- ‘odo téenic.”Alguns se admiravann com, {ato de um homer culto, doutor em ietras, Publicar pequenos livros de poetas Sem Be: ‘hum valor podtico, Outros duvidsvam da sun intaligencla» capacidade critica, NO OOS. fante, suas ertcase sus enssios provavam contri. Faltavar eados tos erlucos soe Dre apegades modelos estrangeiron, para fompreenderem 0 estorgo de umn sutéice {intelectual caipira, de um estranno produto ry 4 ‘cortadores de mato, 50 clulizacéo primdria devia marcar apengs tas fase Go formagio da nactonalidade’e desapy. E MOR’ rocer tragada pelo cosmopolitismo das gran- es eulturas mundiais. Mas o que Cerquetra Leite postulava era precisamente o contrério isso. Ele trazia na alma ealpita — diferente

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