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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA EDUCAÇÃO – ENFOQUE HISTÓRICO
MARIA ÂNGELA BORGES SALVADORI
JULHO/2010

Fábio Alves dos Santos


N. USP 5124612

“Educação das Massas: Uma ‘Sombra’ no Século das Luzes”

REFERÊNCIA
PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. Educação das Massas: Uma “Sombra” no
Século das Luzes. Brasil 500 Anos: Tópicas em História da Educação, São Paulo,
Editora da Universidade de São Paulo, 2001, p.53-66.

Uma das mais conhecidas marcas do Século das Luzes foi o descaso com a
educação das massas. Houve poucos manifestos durante o iluminismo, que
demonstravam essa preocupação com a educação para todos.
A educação brasileira teve caráter dualista durante muito tempo, ou seja, a
educação vocacional dirigida aos pobres e a educação acadêmica aos mais ricos. Esse
cenário, aparentemente, começara a mudar com alguns marcos importantes, como o
Manifesto de 1932 e a Constituição de 1934, até que em 1937, o Estado Novo
restabeleceu o conceito de educação dualista. Isso tudo remete ao iluminismo e a não
democratização da Educação, que se reflete hoje nos índices de desenvolvimento, nos
quais o Brasil sempre se destaca, por configurar sempre entre os piores.
O filósofo John Locke, em seu livro Ensaio sobre o Entendimento Humano,
alerta sobre o fato de que a experiência é fundamental para o desenvolvimento do
conhecimento e da ciência e que todos os seres humanos são dotados de capacidade para
o aprendizado, com isso, ele dizia que o conhecimento não se gerava espontaneamente e
sim do empirismo: “A capacidade nos é inata, mas todo conhecimento é adquirido”.
Vindo de encontro aos discursos e à filosofia iluministas, os governantes não
colocavam em prática a tentativa de educar a canaille, pois havia o temor da autonomia
do povo. Muitos alegavam que com a educação e o esclarecimento, não haveria mais
servidão e a sociedade poderia entrar em colapso, por falta de hierarquia e submissão,
alguns justificavam as revoluções iniciadas durante o século XVIII, como sendo fruto
do conhecimento por parte dos pobres, pois tinham acesso a material que julgavam
subversivos.
Um dos textos mais difundidos durante o Século das Luzes foi o de La
Chalotais, que dizia que o povo não deveria receber conhecimento além do que ele
fazia, pois segundo o autor “Todo homem que vê além de seu triste ofício, não o
desempenhará jamais com coragem e paciência.”. Ele teve o apoio inclusive de
Voltaire, que junto com vários pensadores da época, defendiam a posição de ignorância
da canaille.
Diante do quadro geral, a Prússia e a Áustria iniciaram em conjunto, um
processo de educação para as massas, contrapondo-se ao regime absolutista de seus
líderes. Como medida de racionalização do Estado, esses países tornaram compulsória a
Educação, e efetuaram várias medidas práticas, no sentido de avivar o conhecimento e
democratizar o acesso às fontes de saber, como a obrigatoriedade das crianças
freqüentarem as escolas e a imposição de regras moralistas aos mestres-escolas. Um dos
aspectos da escolarização dessa época era o fato do educador ter como mote fazer com
que seus alunos tivessem diligência e obediência e que desenvolvessem suas tarefas não
por imposição, mas por vontade, mostrando o aspecto religioso do ensino, colocando a
igreja e os pastores, por exemplo, como gestores da educação em determinadas
localidades, e introduzindo noções de religião ao aluno durante as aulas também. Deu-
se grande importância à formação do professor para que a educação pudesse ser
transmitida por alguém devidamente capacitado. Destaca-se então com essas medidas e
outras, como a reforma das escolas urbanas e católicas. Inicia-se a reforma educacional
mais ambiciosa do século XVIII..
Porém, resistências e obstáculos impediram que o estabelecimento integral do
ensino compulsório fosse coroado de êxito. Grandes distâncias geográficas e culturais,
heterogeneidade de línguas, dificuldades financeiras, falta de pessoal qualificado ( a
ponto de serem recrutados para o posto de professor, ex-combatentes de guerra), antigos
preconceitos contra a educação indiscriminada do povo, vista como uma arma perigosa
quando na mão da massa, adiaram por mais um século a efetiva implementação do
ensino compulsório.
Alguns aspectos a serem considerados na reforma do ensino na Prússia e
Áustria: ao mesmo tempo em que as medidas citadas eram tomadas para a expansão do
ensino elementar, outras restritivas eram impostas para limitar o acesso das massas aos
ensinos secundário e superior, como a proibição de ensino de latim nas escolas rurais,
aos filhos dos camponeses, dava-se somente acesso ao ensino elementar, após isso,
eram conduzidos ao emprego na agricultura, artesanato ou outra profissão, enfim,
restringiam-se o acesso da plebe aos níveis escolares mais elevados. Foram instituídos
padrões diferentes de admissão ao ginásio, diferenciando pobres de ricos. Justificavam-
se essas medidas com o argumento de que quanto mais educação e mobilidade social
tivessem o povo, isso traria como conseqüência deslealdade, desobediência, rebeldia.
Era grande a tentativa de fazer com que os alunos fossem condicionados a aceitar a sua
posição social e não desejassem nada mais do que lhes era concedido.
Os adeptos da disseminação da educação das massas e os seus críticos uniam-se
ao redor dos mesmos objetivos: exercer controle sobre o povo. Enquanto uns
acreditavam que esse controle se obtinha através da ignorância e da alienação, outros
viam a educação como instrumento de controle social mais eficiente. Os governantes
absolutistas perceberam que o exercício da autoridade seria mais eficaz se a obediência
fosse espontânea e não imposta, obediência essa que seria implantada através da escola.
Porém, mais de um século foi necessário para se convencer que a educação
irrestrita é um bem que vale por si e não como ferramenta de controle social, por isso,
alguns iluministas registraram que a educação do povo só seria bem firmada em um
contexto de verdadeira democracia.
Como a maior parte dos iluministas não eram democratas, não eram adeptos de
uma educação que poderia revolucionar e ameaçar os governos absolutistas. Eles
defendiam reformas e melhorias, mas nada que pudesse subverter a estrutura social, na
qual estavam confortavelmente instalados.
A discussão sobre o controle social pela ignorância é então substituído quando
se entra pelo século XIX pelo quanto de educação se pode dar ao povo sem que a
harmonia da sociedade seja mantida.
Diante desse quadro, entram em cena os chartistas , que inconformados com a
condição estabelecida pelo Estado de educação para as massas, se colocaram de várias
formas a desmascarar e ridicularizar essas estratégias de ensino, ao passo que se
empenhavam em explorar meios informais de educar, como leituras comunitárias, aulas
itinerantes e a imprensa periódica, que se encarregou de competir com os periódicos
regulares, trazendo recursos para a educação dos seus leitores.

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