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Caso “Anna O.” Lena Lerner Mintzberg* RESUMO) “Saxa Loquunur” | (As peda falamd) A citago enconttada no inicio do texto “A Etologia da Histeia"( 1896-Freud, & uma analogia de que © ‘analista arquedlogo da alma") poderia descobri, a partir da inércia paraizante da histvico, sua histéia, pois existe 0 paradoxa de que 0 que hi de maior motlidade é, exatamente, o sintoma, embora ele Sut, Inuitas vezes, sob a frieza estitica. A escolha do tema desse trabalho foi devida a admiracao pela figura de "Anna O.”, no que ela representou na futafeminina contra preconceits, na lula humana contra a doen¢a, ‘ema lta da mulher como profissional. O trabalho versa sobre 0 caso “Anna O.” , as descobertas de Breuer € Freud acerca dos sintomas histéricos e de como este caso fol primordial para a construcao da Teoria Psicanalitica de Freud. ABSTRACT 12 *Saxa Loquuntur!” (The rocks can speak) The quote found in the beginning of the text “The etiology of hysteria'(1896-Freue),is an analogy of wat the psychoanalyst (“The soul's archaeologist”) could manage tofind out starting from the hysterical paralzing inertia, hishher own history since there is a paradox tha the bigger the motility is, exactly the symptom, although it may occur under the static indiference. Due tothe admiration forthe igure of “Anna O.”, this theme has been chosen and for what she represented in the struggle forthe feminine cause against prejudice, the human fight against disease and inthe Fight for women’s recognition as professionas. The work i about "Anna 0.” case, Breuer and Freud's discoveries about the hysterical symptoms and how important this case was forthe construction of Freud's Psychoanalysis Teor. ‘ana ©.” (Bertha Papperheim - 1859 - 1936) twatouse com 0 Dr. Josef Breuer, de 1880 2 EE isa2. Apresentava sintomas histéricos,e teve jagnosticaclos centoe cinqlentae ste dessessintomas. Era muito criativa, porém conta. Persistente € tenaz em suas atitudes, seu humor era oscilante. Durante © tatamento jamais sua sexualidade emergiu- nunca havia se apaixonado e levava uma vida pacata e ‘mondtona, Era extremamente intligente, cults, cheia ‘de vivacidade, néo se enquadirando na ideoogia vigente ' época, em relaco 30 papel da muller: gi, submissa, passiva Seussintomas manifestaram.se no decorter da ddoenga apresentada pelo pai posterior monte. Atéentao De Terie havia sido uma pessoa saudivel, sendo que algumas psicoses haviam ocorrido entre seus parentes mais, distantes. Frequentemente tina devaneios,cescrevendo- (0 como seu “teatro particular", 0 qual, segundo Brever, Tangou bases para uma "dissociagio de sua personalidade mental”. ‘A doenga passou por diferentes fases, assim descitas: 1) fncubagao latente ~ meados de julho até ‘dezembra/1880. apes quatro meses 0 “estado hipndide” ‘assumiupleno controle”) doenca manifesta - com virios Sintomas de um quadro histérico tipico:_parafasia, estrabismo convergent, diliculdade em manter a cabesa erguida, tosse nervass, temporsria perda da lingua ee unsreewos Sins ia ‘stat li ve se ‘ia | + Pepin et CEA CoP Pgs Cw irl om Pstapeg "ante ont File la FE ou _materna,paralisis (sb a forma de contraturas) completa zna extremidade superior direita € em ambas as ‘extremidadesinferorese parcial na exiremilade superior ‘esquerda,e paresia dos musculos do pesco¢o, aversio por alimentos, impossibilidade para beber igua, dor de eabega occipital esquerda, impulsos. suicidas, Jncapacidade para letura.) apds a morte do pal (abril dde 1881)- periodo de sonambulismo persistente(estados de auséncias fabsense), de contusio, dois, alleragso ‘oval ca personalidad, em que 2 fala era fragmenta, som que uma cooréncia de sentido fosse estabelecida)- ‘esse esiado foi alternando-se, subsequentemente, com festados mais “normals, até dezembro de 1881, com ‘essagio gradual até junho de 1882. Breuer chegou 3 conclusode que a patogénese dese caso deveu-se a0 fato de "Anna ©.” estar, cota ‘madrugada, sozinha, cuidando de seu pai enfermo, devido a auséncia temporiria da mae. Estando com 0 brago dirito sobre o espaldar de uma cadeira, teve um devaneio no qual via uma cobra aproximando-se do tenfermo, Ela ntou repelira cobra, porém estava com 0 braco paralisado. Este caso fol o primeiro em que um médico cconseguiu esclarecer todos os sintomas do estado histricoe descobri, ao mesmo tempo, os meios de fazer ‘com gue desaparecessem. © métod catitico, adotado por Brever, propiciou ourgimento da Psicanslise, “Anna 1." cunhou a expressio “talking cure” (cura pela palavra) para a “wegerzahien’ (narracio live) de sintomas, um processo que Freud, posteriormente, desenvolveu como técnica psicanalitica de associagoes livres. "Anna" referia-se a0 método como “chimney sweeping limpeza ‘da chaminé) -a paciente sabia que, depois que houvesse ddado expressio a suas alucinacoes perderia 0 que descrevia come “energia' Sobre a Histeria © texto “Estudos sobre a Histeria” (Breuer © Froud - 1893), cuja peca central & a histéria de “Anna 2", constitu o primeiro trabalho de repercussio da Psicandlise. Algumas conclustes j6 definem a relaga0 consciente-inconsciente, Fica esiabelecida a existe! ‘de uma vida psquica inconscient,paraela& consciente, ‘eque pode ser dominante sobre esta. fsaselacbes serio ‘maniidas durante toda a obra freudiana (0 tratamento de “Anna ©." havia se iniciado aquinze anos antes da publicagio do lio. Era Brever {quem 2 orientava lerapeuticamente, enquanto Freud trabathava tericamene 0 caso. Sem dhvida, a pesquisa ‘em conjunto contém os conceitos embrionatios da Pricanlis, ‘Apanirdo texto consituide sobre o ratamento de "Anna ©", Breuer afiema que certos sintomas histricosoriginam-se de complexos de representagdes formados num segundo estado de consciéneia. Estas seriam retidas enquanto lembrancas,¢ impossibiltadas de acesto 3 cansciéncia, Os sntomas, nessa proposica0, ddever-s, {30 somente, 0 “fundamento somatico” das rmanifestacbes hiséricas Por esta época, a cura dos sintomas psfquicos cesiava, unicamente, igada Psiquiatra,e eram envolios por preconceitos morais. Doenca era sind de mal; a ‘ura represenaria 0 bem, ‘A medicina adotava, em geral, duas atiudes ante da bistro a ignarava, tratando os sntomas ‘como mero fingimento consciente, fala de conformismo |sregras ou, anda, presa is ideas de Hipocrates,tentava ‘curi-la por alleragdes na posicao do Utero, ou por cextragdo do clés. (0s sintomashistéricos eram ratados aravés de as como a hidkoterapia, a eletroterapia, massagens ‘erepouso. A hislria era considerada como prépria das mulheres, devendo-se sew nome do termo grego "Tyysteria”(Gtero). Sua delimitag30 acompanhou as rmetamoroses da histévia da medina (01610 simblizava poder, 0 sero animal ‘errante") das mulheres teciava alangar esse poder © "sabia". Ossietomas esses desiocamertosuternas ram sulocages ecalores. AS mulheres era dado ceirarem ‘dre aids para que o “animal” etornase a0 Seu hig. Breuer, porém, dedicow atengio permanente 206 intomashistricos, procurou utilizarse da hipnose ‘como processo de apaziguamento das tensées. ‘Acura do “Anna ©.” seria o enquadrarse 20s padroes de comporiamento vigentes 3 época. Dessa forma, seus sintomas histericos remetem-nos a0 ‘questionamento do que era (é)considerado saide e do ‘que era (@) considerado doenga; 0 que € 0 “normal”, enquantosaide e doenga, o que &0 “normal” enquanio ‘media esaistca, 0 que € 0 “normal” enquant utopia. |Ap6s 1886, através de Freud, a histeria passou 2 ser reconhecida como doenca, € seus siniomas Feconhecidos como fendmenos decorrentes de um ‘mecanismo de conversi. Oquecxplica, entio, a histria, 60 fato de que ‘2 energaaftivarecalcada no permanece o tempo todo ‘como energia psiquica, somente. Ela sofre uma transformagdo que ocotre quando se converte em um sincoma fico. (© mecanismo de conversio a que Freud se refoce 6 essa wansformacio por que passa a energia psiquica 20 se converter em fendmenos fisicos, como paralisias, emores, contragbes, etc. Assim como que £8 05 pracessos psiquicos represados no inconsciente acabassem encontrado uma porta de saida no corpo. A sescoberta desse mecanism consul uma das principals conibuicdes de Freud & teoria da histria. Optou:-s pelo term “pliatsmo" na romeacz0 4s sintomas histérieos,tentando desvinculé-los como ‘que sendo espacificas do sexo feminino. Porém, até 05 dias de hoje, € de senso comum atrbuir os fenémenos histricos unicamente &s mulheres. Da Tenis 13 14 Breuer observou dois tipos distintos de comportamento em “Anna Q.", Por vezes ela estava ansiosa e melancélica, porém reconhecia seu ambiente; ppor vezestinha alucina es ecomportamentos estranhos, ficava “ausente” e fazia “traquinagens”. ‘Se Breuer nao aceitasse a teoria da divisio da consciéneia (“double consciense”), provavelmente admitiria que, em cada “estado", os sintomas teriam ‘causas diferentes. Observou, também, ser impraticavel abreviar o tratamento pela tentativa de fazer “Anna” fevocar, de imediato, a primeira causa provocadora de seus sintomas, A epoca Breuer ja era um conceituado médico, estabelecido em Viena, membro da Academia das Ciencias, pesquisador na area de fisiologia teérica e ‘experimental, especialista em doengas “internas". Freud terminava seu curso de medicina e , a0 tomar ‘conhecimento do caso "Anna O.”, através do relato de Breuer, ficara bastante impressionado. Em 1885, ‘estudardoem Paris, com o neurologista Charcot, relatou- the 0 caso, sem conseguir, porém, maior interesse por parte do mestre, ‘Ao retornar a Viena (1886) e, instalando, ali, seu consultério, Freud passou a receber uma maioria de pacientes histéricos, designados como histéricos no traumaticos, passando a tratd-los com os métodos tradicionais (hidroterapia, eletroterapia, massagens € pouso)- Breuer declara sua intenc30 de tratar a histeria dentro dos moldes psicol6gicos. Com 0 tratamento de "anna ©.” fundamentou o método catartico, uma conscientizacao de contetidos reprimidos, que Freud complementaria e transformaria em método psicanalitico. Freud preocupava-se na explicagao dos fendmenos mentais em termos fisiologicos e quimicos e, ‘20 sentir a precariedade de seus procedimentos, voltou-se para a hipnose “de outra maneira”, independentemente da sugestao hipnotica (método ‘calartico). Em 1895 Freud encontrava-se no processo de pasiar de explicagbes fsioldgicas dos estados psico- patol6gicos, para as explicagdes psicoldgicas. O procedimento considera cada sintoma separadamente, fe 2 indagagao das circunstincias em que ele h aparecido pela primeira vez. Nao era ficil, pois os pacientes ou no queriam, ou no sabiam dizer. Entio, ‘pelava-se & hipnose, Na *Comunicagao Preliminar® (Breuer e Freud = 1893) hit a caracterizagio do fator traumatico como de Charcot sobre Freud ainda era consideravel. A mudanga de seu pensamento com vistas 2 elaboracdo, do papel desempenhado pelos “impulsos instintuais” ainda estava por vit, Neste texto & apresentada a tese de que a base € condigdo sine qua. non da histeria é a existéncia de a Teorin estados hipndides que podem ser acarretados nto somente pelo hipnotismo, como também por choque emacional:susio, colera, ete, e por fotores que esgotam as forsas: privacao de sono, fome, etc. Em Anna 0.” a contratura do brace direito que se associava, em sua auto-hipnose, com o afeto de ngistia e com a representacio da cobra, permaneceu, durante quatro meses, esrita aos momentos durante os ‘quais ela se encontrava num estado hipnético, embora se repetisse com freqiiéncia. A mesma coisa aconteceu ‘com oulras converses que se verifcaram em seu estado hipndide, A “conversio histérica” verifica-se mais facilmente na auto-hipnose do que no estado de vigilia, do mesmo modo que as representagoes sugeridas se realizam fisicamente como alucinagdes e movimentos ‘com muilo mais facilidade na hipnose artificial. Uma ‘vez ocorrida,o fenmeno somitico se repete se 0 afetoe a aulo-hipnose ocorerem simultaneamente. € como se © estado hipnético fosse evocado pelo proprio afeto.. ‘Assim, desde que haja uma alternancia entre a hipnose e 8 vida de vigilia,o sintoma histérico permanece restrito a0 eslado hipndtico e é nel fortalecido pela repetigao, € a representago que the deu lugar fica isenta de converso pelos pensamentos de vigilia e pela sua critica, precisamente porque nunca emerge na vida Kicida de itl, Davidas havia sobre a existéncia de estados hipndides dessa natureza antes de o paciente adoecer (G6 havia “Anna ©." como exemplo) e, no caso dela, a auto-hipnose teve seu terreno preparado por devaneios hhabituais, além do que foi plenamente estabelecido por tum afeto de angdstia prolongado, o qual, por ss teria sido a base de um estado hipnide. A grande variedade de estados conduz a “auséncia da mente”, mas apenas alguns deles predispoem 3 auto-hipnose, ou logo passam para cla. No texto “Psiconeuroses de defesa” (1894) Freud constatou duas classes de condigdes sob as quais as lembrancas se tornam patogenicas. Na primeira, as lembrangas tém como contetido {dias que envolvem um trauma tio grande que o sistema nnervoso no teve poder para manipuli-lo de alguma forma, ou idgias as quals foi vedada reag3o por razBes sociais, ov 0 sujelto pode nao querer reagir a0 trauma psiquico. Numa segunda classe de casos a razio da auséncia de reaga0 no consiste no teor do trauma psiquico, pordm nas citcunst’ncias oconidas.. Freud pensou, entdo, na consciéncia dupla, € que o fendmeno histérico estaria relacionado, boasicamente, numa tendéncia a tal dissociacio. Como conseqiiéncia, aconteceriam os estados anormais da consciéncia, aos quais chamou de *hipnéides” Na primeira destas classes implicava a nocio a de *efes",rabatho posterior de Free. enquano que, poUeo depots, recta a hipdtese de Breuer sobre 05 ‘tados hipndides Estas duas classes acabariam por se tomar importante causa do rompimento entre Breuer ¢ Freud, porém a principal divergéncia entre os dois autores dizia Fespeito a0 papel desempenhado pelos impulsos sexuais ra causagao da histeria, na qual Freud, posteriormente, Freud nao era adepto da hipnose, e foi abandonando-a, contentando-se em levar seus pacientes ‘um estado de “concentrag30", com 0 uso ocastonal da pressio na tesia dos doentes. Esse procedimento revelou a presenca da resisténcia, que consistia numa relutincia em eooperar ha propria cura. Freud optou por investigar essa ‘elutincia, o que iia fazer por toda a vida. A técnica da sugestio foi sendo, cada vez mais, abandonada, e a {nase foi sendlo dada as “ossociagdes livres", em que os pacientes verbalizavam seus pensamentos, de forma aleatsria. As forcas do proprio paciente, de sua ‘consciéncia, passaram, a ser mobilizadas, para vencer a resistencia, Na descriclo do caso “Anna O”. foi usado, pola primeira vez, otro “inconsciente, escrito, assim, entre spas, Indicando, possivelmente, que Breuer airibula-o a Freud, Esse “inconsciene” 56 havia sido utilizado, até ento, no sentido filosofico. A psicologia, a época, era dentro de moldes cartesianos, voltada 3 13230, 20 Cconsciente. Freud descentrou ofoco para 9 inconsciente, cconceito que evoluiria no decorrer de sua obra, Ao uatar de “Anna O.", Brever teria se sentido seduzido pela paciente, que afirmava estar gravida de seu médico, fatos dos quais Breuer s6 conseguiu falar depois de Freud haver Ihe confidenciado que o mesmo ‘he havia acontecido em relagdo a uma de suas pacientes (Cecilie-baronesa Anna von Lieben). “Anna O.", 8 medida em que relatava seus sintomas & Brever,vis-os desaparecerem. Comecou a ‘enamorarse dele, mas Breuer n30 0 suportou. A histéria da Peicanalse conta que Breuer fugiude “Anna ©." tendo Ido viajar com sua mulher, Mathilde, & Walia, em nova Jua de mel Através da hipnose @ do método catértico acontecia um deslocamento do psiquismo dos analisados. para as relacoes hipnotizador-paciente. Os sintomas, ‘eram curados na medida em que o psiquismo do doente tommava-se manifest. Freud, em sua teoria, faz uma conexto entre 0 sintoma e seu trauma causante (pela reprodusa0). 56 a Psicandlise poderia dar conta daquilo de que os hipnotizadores fugiam. O sintoma ado pode ser recordado em relagdo ao fato que o gerou, porque é uma falsa conexio - 0 momento traumstico € irrecordével, pois é impossivel de ser suportado pela consciéncia - 6 sempre, de origem sexual, mai condensado e deslocadlo. © que caracteriz sefia a transformacao das representacdes (derivadas daquilo que Brever e Freud denominavam “momentos traumaticos") em excitagdes, através de conversio somitica © eu consegue livrar-se das vivéncias traumaticas, mas tem de se relacionar com uma lembranga, com um simbolo mnémico destas. ssa lembranca modificada, que vem desde 0 primeiro ‘momento traumatico (e recalcada) no desaparece, mas forma © niicleo de um grupo psiquico. Assim, se em algum momento taumitico se formou um nucleo nemonico que © representa, em outros momentos, traummaticos similares se formardo impressées wnnémicas parecidas, aumentando as impresses advindas do primeira momento traumatic. Este processo tendeia a fraturar a unidade do ‘eu, No caso da histeria, a conversio somitica é uma defesa contra a difusdo incessante de tas representacies mneménicamente tansformadss,e um modo de defender No caso de nao haver conversio, 0 nucleo ‘mneménico manters 0s afetos de estranheza, mas aderis 4 representagdes que ja ndo sao intoleréveis, pois se ransformam em outras. Assim, 0 caminho das representacbesligadas aos momentos taumaticos & 0 de se reunirem entre si, formando séries bastante diferenciadas, que se produzem em sequencias. Em relacio 3 hipnose, Freud conclu que esta liminaria, provisoriamente, sintomas ligados 20 seu ‘momento taumtico, na medida em que demonsraria & liberaria uma correspondéncia entre sintoma e causa. O sintoma estaria impedido de ligarse & série a qual ppertenceria. © hipnotizador apareceria sem estar se ‘manifeslando camo parte do processo de ligacio entre Sintora e causa e, por isto, a hipnose teria resultados incontrolaveis,s6tommando-se conhecidos através de seus efeitos posteriores. © caso “Anna ©." & um tipico cexemplo deste fenémeno, Para Charcot, a causa da histeria seria rneurolégica. Os sintomas somaticos,principalmente as paralisias, apareceriam apés um periodo de laténcia, Cconsecutivamente 2 um traumatism fisico, posém sem {que este pusdesse “explici-lo”. Charcot denominou-a de histeria traumatica. As lembrancas reveladas como *patogénicas” sao sstematicamente “inconseientes” para opaciente. Uma tendéncia adivisio da consciéncia (0 fendmeno bisico dos casos de histera, Breuer, Freud e, em outra perspectiva, Janet, Uapassam esta posicio, Para Janet, a histeria seria um estretamento da consciénea, alteracio degenerativa do sistema nervos0, taco primario e inato, ara Breuer, histeria seria um trago secunclirio a Torin 15 16 f adquirido (estados hipnoides, divisao da mente & ‘issociagao da personalidade), teseinicialmente também ‘defendida por Freud, em 1894, provavelmente com a finalidade de um nao rompimento definitive com seu ‘companheiro. Assim, no texto “As neuropsicoses de defesa”, de 1894, usam a expressio “histeria de retencao”, onde descrevem a histeria como um estado particularemocional, nfo havendo ab-reago. Osaetos, especialmente sob a aco de circunstancias externas desfavorivels, no pucleram ser ab-teagidos, Haveria tetengao e defesa, © sujeto nao poderiaintegrar & sua pessoa e a sua histéra as representagdes que surgiam no ‘decorrer dos “estados hipnoides’. Ligou-se a histeria doenca de representac30. © que determinaria a descarga de afeto deta forma que um espccifico relexo anormal produzido, em vez de algum outro, seria 0 fato que, ‘em muitos casos, a descarga segue © principio da menor resisténcia, e ocorre a0 longo das vias cujas resistencias ja foram enfraquecidas por circunstancias coincidentes. Para que uma pessoa possa desencadear um sintoma histérieo, auténtico, com existénca somatica propria, deve haver, sempre, grande numero de ‘ircunstincias convergentes. Logo apés, Freud reconhece a atividade de defesa que 0 sujeito exerce contra representacdes suscetiveis de provocarem afelos desagradavels. Assim, reconhecendo a interieréncia da detesa em qualquer histeria, deixa de recorrer d designacao de histeria de defesa © & distingio por ela suposta. A nocio de defesa ppredomina sobre a de estado hipndide. Na histeria de Cconversio 0s conflits psiquicos vém simbolizarse nos Sintomas corporais mais diversos, paroxisticos ou mais duradouros. HA 0 recalcamento de uma idéia incompativel, de uma motivagso de dofesa. A idéia recalcada petsistiria com um teago mnémico fraco, fenquanto o afeta dela arrancado seria utilizado por uma inervagso somsticn. Segundo Freud, podemos inverter a maxima “eessante casa, cessat ffectus"(cessando a causa, cessa © efeto) e concluir, dessas observagbes, que 0 processo determinante (isto &, a recordagdo dele) continua sua atuagie durante anos, de forma direta ~ 05 histéicos sofrem , principalmente, de reminiscéncias. “Anna 0." 0 exemplo mais canhecid e mais claro de grande histeria com “double conscience" ‘manifesta - nenhum residuo da fase aguda foi \ransposto pparaa fase crénica, e todos os fendmenos desta dltima ji haviam sido produzidos, durante 0 “periodo de incubac3o", em estados hipnoides e afetives. “Anna 0.” linha 6 habito, enquanto gozava de sauide, de permit que seqdéncias de representacoes, Jmaginativas he passassem pela mente durante suas ‘ocupagdes corriqueiras. Enquanto se encontrava numa, Siluagao que favorecia a auto-hipnose,o afeto de angistia, penelrava em seu devaneio e criava um estado hipdide fem celagio ao qual elatinha amneésia sso foi-serepetindo fem diversas ocasies,e seu conteddo representative fo se tornando cada ver mais rico; porém continuava a se Da Torin Iternar com estados de pensamento de vigilia inteiramente normais. ‘Apds quatro meses o estado hipndide assunvia pleno controle da paciente. Os ataques isolados esbarravam uns nos outros esurgiw um éat de mal, uma histeria aguda do tipo mais grave, que durou virios meses, apresentando-se sob diversas ormas (0 periodo de ‘sonambulismo), senda interrompido & forga e voltando, depois, a se altemar com 0 mal, com persisiéncia de Fendmenos somticos e psiquicos (contraturas, hemi= anesiesia e alteragdes da fala) - baseavam-se em representacdes pertinentes 20 estado hipndide. A divisao ina mente persist. A histeria de angdstia foi uma expressao Introduzida por Freud para isolar uma neurose cujo sintoma central €a fobia, Possui semelhanca estrutural ‘com 2 histeia de conversio, e a angistia é fixada, de ‘modo mais ou menos estivel, em algum objeto exteriox. Posteriormente (1896) Freud, além de discorrer sobre o no funclamento para a suposicio dos estados hipndides como estado psiquico especial para instalagio de urn trauma como forca determinante para desenvolver a histera,discorre, também, sobre as cadeias, associativas, e que © ponto de partda é sempre, uma ‘experiéncia sexual como pré-condicdo etioldgica dos tomas histericos. Surgira a nocao de wransferéncia, tum dos conceitos centrais da Psicanslise e que a noo de sintoma, desenvolvida no hipnotismo, ja € um fenémeno transferencial, visto que conduz a um ‘momento traumatico para além dele. Posteriormente, 0 fendmeno transierencial passou a ser visto, por Freud, 0b novas formas. A Psicanslise se separou, definitivamente da Hipnose eda Medicina. A contibuigio dada pela famosa ppaciente foi de extrema importincia no surgimento desta nova cigncia, F esta grande contribuico deveu-se 0 fato de “Anna ©.” ser pessoa extremamente sensivel € inteligente, Bertha Pappenheim A contribuigao daa por “Anna ©." na srea da Assiténeia Social judaica e dos direitos das mulheres tornou-a conhecida pelo seu verdadeiro nome: Bertha Pappenheim. ‘Apis seu restabelecimento, Bertha Pappenheim (iena = 1859 _ Nev-lsenburg - 1936), oriunda de urna familia rica de comerciantes judeus ortodoxos, assumiu ttabalhos de assisténcia social no Movimento das ‘Mulheres Judias, e como publictiria. Fo! a primeira assistente social da Alemanha, tendo. obtido reconhecimento internacional Estimulada por seu trabalho voluntirio, € ‘confrontada corn os problemas das criangas des julia, proslitutas © maes solteiras, desenvolveu indmeras atividades, Uma prioridade para ela era a lua contra © ledfico de garolas na Europa Oriental. Tentava melhorar anne) 2 situag3o das mulheres em seus patses, a qual havia Conhecido por ocasito de diversas viagens para a Rassa, Roménia, Galicia e, por outro lado, tentava conseguir ppara elas ajuda na Alemanha, Em 1888 Bertha Pappenheim mudou-se com a me para Frankfurt, onde logo engajou-se em wrabalhos assistenciais aos pobres e as mulheres judas, entrando fem contato com 0 mavimento eri Ajudou a reconstruir 0 gueto judeu de Frankfurt, (1890) ¢, quando nomeada diretora do Orfanato Judeu para mogas (1895), desenvolveu ali um importante Krabaiho social Colaborava com reparticoes municipais, associagdes de protecio a mies e criangas, no ‘movimento pela moraidade e nos drgios de protecso legal Em 1902 fundou a Assisténcia Feminina, iniciando sua aproximago com as idias feministas. Por ocasiio do Congreso Internacional de ‘mulheres, realizado em Berlim de 12 a 18 de junho de 1904, e que atraiv representantes de associagbes fernininas do mundo inteiro, fundou a Associaga0 de ‘mulheres Judaicas (DER JUDISCHE FRAUENBUND) & presidiu-a, de 1904 a 1924. Tinha como finalidade 0 Incentive & execugio de tarefas culturais judaicas por mulheres, com sede em Berlim. Unia objetivos do ‘Movimento Feminista com um “forte sentimento de idemtidade judaica’..Visava a unido das associagoes de mulheres judaico-alemaes ¢ outras mulheres, com 0 ‘objetivo de trabalharem pelo mundo judeu feminino. A. associagio apoiava esforcos que: objetivassem a feducagio do povo, faciltassem a vida profssional de mulheres e meninas judias, atuassem no sentido de elevagio da moralidade, da luta contra 0 trafico de {garolas,e servissem para fortalecer a consciéncia coetiva, Judaica, na lta conira 0 antisemitism, Na palestra de abertura, Bertha Pappenheim dliscorreu sobre a hist6ria da evolucdo da idéia,alertando. sobre a necessidade das mulheres se unirem afim de agirem juntas. palesirane enfatizou, especialmente, Que a Associacio nao seguia nenhuma tendéncia politica 0u religiosa, e que nela deveria haver espaco para todas as tendéncias partidirias. A tarela da Associacio seria a de juntar, na lta unica, e razer solucbes para os danos {que ameacavam o Judafsmo, Em 1907 a Associagiio fundou, em Neu: Isenburg, um lar para mocas “em petigo", mies solteiras, prosttutas ¢ mulheres delinglentes e, mais tarde, um lar para criangas. Esta institui¢io foi a primeira do género, fra Alemarha. Em 1913 a Associag3o conlava com trinta € duas mil sécias. Através da colaboragio de B. Pappenheim estava garantida a cooperaco com grande ‘maioria da Unio de Mulheres Alemaes (FD). Eniretanto, tendéncias anti-semitas crescentes e incidentes dificutavam a solidariedade, Em 1911, juntamente com oulras duas mulheres, fundou © Conselha Internacional da Mulher ludia, Por esta época jd havia traduzido livros feminists e publicado tés, sob 0 pseudénimo de Paul Berthold. Um desses livros "A Questio Judaica na Galicia’, relata seus contatos coma prosituigoferinina judaica, tema desenvolvido em outros escrilos, & preocupaga0 durante toda sua vida “A Biblia das Mulheres”, adaptacao do Peniatenco para mulheres, tornou-se, desde a sua primeira publicagi0, no Século 16, uma das mais, populates obras judaicas. Lida pelas mulheres no "Shabbat" (lia sagrado dos judeus) e nos feriados, representava, para elas, uma introducio a élica judaica Hs, na obra, ensinamenios e sabedorias légicas dos rabinos, proporcionando-thes, assim, uma possibilidade de, pelo menos, conheceruma pequena parte dos escritos rabinicos que thes eram vedados. Bertha Pappenheim caracteriza-a como uma manifestagao altamente interessante da abstinéncia intelectual imposta as mulheres’ Em 1924 escreveu “Trabalho de Sisifo talvez seu livro mais conhecido, reescrito em 1929, onde procurou elaborar solucdes concretas acerca da ProsituigSo, procurando alertar as classes judaicas mais Ficas, sobre 0 assunto. Chegou a apelar para a Liga das Nace, tendo conseguido amplo reconhecimento. Fez dendincias sobre a cumplicidade dos judeus com 0 trafico de “eseravas brancas” judias. Denunciou tais questies a indimeras personalidades, obtendo consideracao e ‘conseguindo respostas de personalidades como Albert Einscin Traduziu obras do inglés e do idishe, Publicou cerca de doze livros, entre contos, romances, relatos, acerca de quesiées sociais. Partcipou de dezenas de Conferéncias e relatérios internacionais, num trabalho. exaustivo. Fez virias visitas, escreveu indmeros artigos sobre a prosttuigdo de mulheres judias, também em co- autoria, Conclusio ‘Os bidgrafos psicanaliticos de “Anna 0." explicam seu interesse subsequente (a sua daenca histérica) pela escravidao branca como um ato de sublimacao. (© que se pode apreender dessa histéria, em termos psicanaliticos, € que a doenga nao desmerece individu, nem os impede de produzir, de criar, de amar cede trabalhar, de consttutem-se, enfim, como sujeitos. ‘Aterapia psicanaltica, apesar da violéncia que 6 intrinseca 2 ela, permite, ainda assim, manifestacoes ‘expressivas que, sem ela, talvez no fossem possives. AA partir do caso “Anna ©.” entende-se @ possibilidade da pulsio se satisfazer_a cultura determina £28 pulzbes socialmente acettas. 17 “Anna Q.", com sua doenga, conseguiu obter Luma satisfago possivel, combatendo tudo 0 que a fez ficar doente. 1 [REFERENCIAS TBIBLIOGRAFICAs ___As Neuropsicoses de Dofesa. (1894) in: Obras Completas, Standard Ediion, Vol. il, Rio de Janeiro, nage, 1996, ‘Observagoes Adicionais Sobre as Newopsicoses de Detesa. (196). A Eliologia “Espacitica” da Misteria Is Obras Completa, Standard Econ, Vol. i, Kio de Janeiro, Imago, 1996. A ftiologia da Histeria. (1896) in: Obras Completa Standard Elton, Yo. Il, Rio de aneiro, Imago, 1996. = Sobre @ Mecanismo Psiquico dos Fendmenos Wistéricoe: Comunieagao Preliminar. (1893) (Breuer Freud in: Obras Compleas, Standard Elton, Vol I Rio de lneiro, Imago, 1996. Casos Clinicos, Sta. Anna O. (Breuer) in: Obras Completas, Standard Editon, Vol. I, Kio de Jancio, linago, 1996, Considerag des Tesricas (Breuer. 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