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Michel. Maffesoli Este livro, cuja primeira edigdo foi lancada em SIC Me CMe ee ee ele EL revolugdes ou as mutagdes nao param de mul fel a eReeie Re) We Relic ue mess ele reflexéo que foge das exegeses de uma evolucao Pee Se MEU EMC CM Te es CC MN ie eine transformagées técnicas cientificas e sociais. Trata-se. eer ere nt etn eS Ole rec Rs esha A Mee Ree tT rv) social, de uma nova organizacao da Polis. A violénciae a P< revolta, que andam juntas. com a.alegre efervescéncia das = festas, restauram a comunhao social. Posteriormente (©, Pee te ae ame = comandada de fora, torna-se autoritaria. E recomega o Tm) eterno ciclo da violéncia totalitaria. © autor ‘explica. por outro lado, como os on a4 See ee ea area ee eC e Me Meco cote Me CoC Mal tle all pe a | a | nN pe ee ee es a iz ee 3 ie sage o rl ae = ensaio de antropologia politica si pe3) o Da liberdade mergulher nas Aguas sempre juventude. O autor de A Transfiguragao do politico é de fato um anarquista, um homem. que sonha com a definigao de anarquismo dada por Reclus: "Uma ordem sem Estado’ Pode ser uma utopia, mas que bela utopial A Violéncia totalitaria, agora reeditada pela Sulina, € um cléssico contemporaneo da analise e da desconstrugao das diversas formas de poder elaboradas para domesticar athumanidade. Defensor da poténcia contra o poder, Maffesoli resume o livro com precisao: "A violéncia do Estado contra a forga vital da socialidade”. Trata-se de uma obra fundamental para compreender a astiicia do poder nas sociedades orientadas pelo marxismo, e as artimanhas da dominagaéo no mundo liberal. Ninguém escapa da genealogia incisiva tragada num livro destinado a defender Unica e exclusivamente a liberdade. Hé nas ciéneias humanas, em geral, uma apologia do passado. O mesmo vale em literatura. Somente os pensadores e escritores de antes, de um tempo mitico, ingiriam um patamar superior de A Violéncia Totalitaria O objetivo serd nao ser repetitive. Colocar livros e autores que ainda nao estéo disponibilizados. Deixemos a preguiga de lado. Como diria 0 filosofo, "escaneio e publico no 4shared; logo existo". Como dizem, alguns autores pesquisam anos, e merecem uma gratificacéo por tal zelo para com o conhecimento. Aqui vai minha gratificagao: MUITO OBRIGAD Vou ler seu exemplar como forma de gratid@o por seu incrivel trabalho. "Nao tenho ouro nem prata, mas tudo que tenho te dou": Muito obrigadol!!. A gratificacéo pecuniaria deixe pra depois, visto que os homens para pensar sua existéncia devem estar com as necessidades materiais satisfeitas, vocés nao precisam do dinheiro. Isso é um elemento acessdrio A existéncial! Ao comprar um livro, o autor recebe da editora uma micharia que nao daria nem para sobreviver. Ou seja, baixem, iam e nao paguem nada! Essa sera sua forma de gratificagao! a oe Oa ric na 3 ore ee Michel Maffesoli A Violéncia Totalitdria ensaio de arvtropolocia po © Michel Maffesoli Meridional, 2001 ‘Todos 0s direitos desta edigio reservaulon Editora Meridional Ltda, Ay. Venancio Aires, 1056, ¢j. 201 Porto Alegre/RS - CEP 9040-192 Fone/Fax: (51) 333-3345 Impresso No Beast, / PRINTED IN BRA ‘Ao mestre € amigo Professor Gilbert Durand, como prove de fidelidade me Juv qu da Po su an for do po pre for ob as pe do es un en es at Devo agradecer aos membros da Missdo de Pesquisa urbana, em particular aM, Conand el. Scheer, que permitiram a realizagie deste trabalho, a todos os amigos da HSU que me ‘ajudaram ¢ aconsethuram durante este trabatho, cenvespectal A. Hruston, M. Pachter, P. Sansot, H. Stvhl, C.Vendilon, A. Pessin. Agradege tuna iv pe a de Pe St ar fo de pc pr ot as pe de es liv ex ur en es at Maison de France no Rio de Jane’ me juv qu Po Ar Su an: for doi po: for obi ast pe! dot 5 exe ur em es ati Sumério Prefiielo tuna 13 Prefécio d nova edigao. 7 Tntrodugao sone 27 CAPITULO 1- PODER POTENCIA Preliminares : 35 poder como universum : 1 2 of 40 3 Intermezzo: a articulagdo do poder com a POIENCIA sa. nnenn 55 4 A poténcia como dina eeu sone OF 5. Bstruturagtio da poténcia Saat sone TB CAPITULO 2-0 PROCESSO DE RECORRENCTA NOS FENOMENOS REVOUCIONARIOS 1 Arguimentos de uma reflOX20 se a7 1 Bstrutura ¢ fungdo da revOlt 40 nnn sus BT 2 Arecorréncia como modo de enfoque 89 3 93 4 7 5. Arevolugio cose 102 2. Estrutura do Fei vw 105 1 105 2 Oreinow 109 3. Oritua Ad 3 Fungo da Rev 122 10 : e su 122 2 A fugnci c volucion’ sow BT 3 Are cities vw 139 ous me ju qu da Pe su an fo de Pc pr fo ot uw e CAPITULO 3- SOCIOGENI EDO SERVICO PUBLICO 1 Um mito Buropeu ... 2. 0 Posicionamento do Servigo Pal DO PROGRESSO. ‘TOTALITARISMO E INDIFERENGA 2 A Organizacdo Toualitéria 1 O poder sagrado 2 O desenvolvimento da bui 3 A justificagio mor: CONCLUSAO.... +e Pretésio Deu-se na Franga um impressionante eclipse do pensamento politico ¢ : fargar) e 86 tipo de refte imos a certo renascimento desse A nosso ver, o fendmeno merecia ser observado e mos de situar a obra de Michel ra qual verdadeiramente con: sadamente se reduziu a politica a certa posigio superestcut mais perfeita expresso parecia ser o Estado. Em vez de ref bre a légica c sobre as determinagdes do pol @ outras coisas: revelar os motores, estruturais ou nio, da hist6i compreender as fases dos mecanismos de produgio c reprodugio social, esclarecer as modalidades das lutas de classes. Com isso a a decradeira ¢ transparente ma processo mais profundo (faziam-se muitas censuras js como a de ser culo, pregou-nos toxlos no havfamos Se haviamos somente pela raziio bis imos de indie: a ser pensada, € que hi mil maneiras de falhar c q Eque io obst +B. ‘oda a nossa boa vontade, erramos quase rt € {lo pouct js a estrada real do pensamento duplo risco: trazet pensa ou construir sua propria cidade idea maneira de (ildsofos-socidlogos tendirios,, jogos do poder. N: rega enganaclor. Ele pe rico em metiforas, cuja flex a roda da fortuna, do ‘Maguiavel trivial se impoe de prot mulada e brincalhona, ham alguma coisa a dizer aos agora, com o perigo de se enganarer para discutir até a madrugada, existe eternidade, no estardo as olde tempo, no serdo apenas a maneira artigos célebres, outrora esperados ¢ lidos impax ‘ encanto desapontador das fotografias agora amat adolescncia., Blas s6 tem o valor de nos lembrar qu ‘mos vinte anos. Nao nos ocorre a idéia de vestir de novo as roupas daquela época, 20 passo que esta ou aquela pagina de Montesquieu, de Rousseau, de Hegel, de Marx, continua anos inter- pelar e & se posicionar em garantia de nossa existéncia de seres pensantes. ria a confirmagao perpét Outros reagiram, ndio rar preciso mani dade e também decitré- so recorrer, sem divid que Lé0 Scheer soube pos de concentragio ¢ do fendmeno de side paradigmética de uma sociedade sem senhores, ‘Com essus observagGes tentei mostrar a dificuldde ‘mos em pensar a coisa pol 0 exereicio era perigoso, rebaixa ao que nfo seja ela prépria, Nenhume derivacao psi foi moda iodo inteligente do ant tenta fazer Nilo Sfo 0s volt iador, se tern consciti efnico, e, ademais, o seu cinismo, que se impoe um se assemelha a qualquer dos cinismos dos pensadores que acabo de Pierre Sansot Pretacio 3 Nova edigao! Mere are things in heaven and ear sce dreamt of in Na ungencia, é preciso maz, de encontro ao que proctaam os 2 uma ideologia sec bérbaros urbanos nijo repres . £ verdade, como o diz Aug resistencia de um corpo soci repentinas quanto explos ponsivveis ¢ os mor efervescéncia em que mesma. uso por Juremir Machodo da Silva, “i da reflexio, quando apenas contribuem pa ana ¢ a imbecilizagao coletiva. Quantas flo ir todas essas obras-primas de ocasi Midlr lania que caracteriza ai ura jornalistica (que nao é exclusiva, de re stas), preferindo as anélises em tempo real gos pro rigorosos, ou fayorecendo o anedstico ao fundamental Assim, emnas a al gums das palavras e {que disseminei ao longo deste livro, aparecerdo nele, em es cente, algumas des minhas, do presente e da importa nento de pertenca; € para 0 nomadismo afetivo, cultural ou profissional, Cabe também citar 0 dionisfaco, enfatizando 0 tanse, 0 hedonismo e 0 goz0. 0 culto da corpo e das a as, ultrapassan- do a identidade por mei iragae do politico, que destaca a proxe Um conjunto que valoriza o emocional e 0 1a vida social, Com isso, contra 0 conformismo dominan- tes. Parece-me que assith se pode estar em condigdes de “escutar a erva crescer”, Tudo isso pode parecer cansativo, mas os fundaren- {os exigem essa qualidade para ter so sonho esta bem longe insemina, profundamente, a atividade consciéncia nfo deve se confundir com a habilidade intelectual, eabe lembrar, nao € sempre (nem com freql nnimo de inteligente, isto é, 0 que sabe ligar as coisas entre ela alge O pensamento é distan wwem da existncia, segue u ‘crucis”, Por isso, requer tambs mo, 0 moral moso humanitarismo ou outras opi Cada vez mais se faz regurgitagies, As revoltas pont iio @ prova disso. Por isso, para is ¢ as explosdes ndo programadas ém das firulas bbém das demonstragses de forga préprias dos es: atualizadores de sistemas esclerosados, € importante encontrar as palaveas exatas, ou as menos falsas possiveis, capuzes de exprimir ssi forga societal apta a resistir & violéncia tecnocritica, mesmo asséptica, conforme se disse. E a forea do querer viver irreprimivel que nenhum poder, seja qual for a sua orien domar. A violéncia do Estado contra a forca vital da socialidade. Tudo se resume nessas poucas palavras. Resta fuzer-the a genealogia e medir as suas conseqiiéncias. 14 uma oposigio fundamental entre o que no ouso mais cha- mar “sociedade ei etico", cabe ter coragem para dizer que este ja no se encontra nat ordem do dia. A “poténcia” social renasce. Certo, de maneira cabti- cca, exprimindo-se, por vezes, nos excessos, por vezes na indiferen- ia ou na derrisao, ~ eige uma ditadura sobre o prok isso nio deve nos impedir de pensar que esta na légica da tecno- -sponder pp senhores da prépr que desejam todos 0s t do “total criticos. adiante, Ele esté na origem dos desenvolvimer +206 ismo erigido iu seu tempo. A figura emblem: ccrist@ e no seu ai E também nesse ser to do ideal demoerético mode: viu, justamente, de fundame: yaa vida social sobre um tos e protagoni fica que assenta- senhor dos seus na, Basta dizer que aquilo tare de Hlogio dla rasiio sensivel (1996) mostra como € possivel entiquecer n pariunetros humanos: ima- ‘onirico coletivo. yro: a passagem de uma vida ica ao individualismo é 0 que conduz 2 indiferenga social, que fortalece o poder da burocracia e, po sso mesmo. 0 totalitarisma suave caracteristico das sociedades decadentes do extremo Ocidente. Um ciclo se encerra, Que vai ag conceito, Um que tem 0 couro duro € 0 que faz do indivi ‘marca do nosso tempo, Tudo leva, entretanto, a provar o contrério, Mas a denegagao impera. Assim, sob a forma de reftio, todo pensador, jomalista ou ps ‘ca esse suposto individualismo em todos agbes deste final de sécuto, achina, deus aturgo do século pega, Palavrade dos, que vem pontuar nossa impotén- ‘em nome dessa evidéncia do mo g que nao se pode questioné-lo. +22 © problema nao &, todos aqueles que t€m vontade de esclarecer esse ‘mas de sociedade que podem nos sufocar se ni Diz respeito a sindicatos, ices) abria novas petspectivas, especialm emergéncia, em todos os campos, dessiv“afinidade. adas a meio caminho enire 0 individuo e us maqu Importincia do “sentimento de pertenga” e, no sentido etimolégico, ce uma “religiosidade” difusa, vivendo-se, de forma teimosa, agora, sem levar em consideragio nenhum projeto. O desafio, de fato, é consideravel, pois de tanto apoiar-se em idéias desgastadas, cava-se um fosso entre uma intelligentsia que exprime mal 0 mundo ¢ aqueles que, simplesmente, a vivern como podem, Fosso onde podertio, sem dificuldade, aninhar-se os discut- sos de ddio, de fanatismo ¢ outras xenofobias em alta na atualidade. ta e38a Vida? A nio ser, justamente, do conti ismo. Como compreender todas as sicais, que a“parada tno”, @ expresso emt data, vem ilustrar ruidosamente. Com joss, como essas “jornadas mundiais da juventude”, em Paris; Eixtases esportivos, Scria posstvel, faci brar que, em ¢: no outro, Perder-se m minds pelo obxcuruntlan Polis. E, mais 40, condenar frente, mesmo que seja para no assentava-se sobre uma razio abst bogando-se sob os nossos olhos, é feita d excessos que nos dirigem mais do que os d bom uso. Nao é, de resto, gar a um equilibrio? Assim, ag iu, gragas 8s bacantes fem mesmo modo, a kdade Média fez dos grara histeria num eq Iw HOV dtLGN UUe ne dee (eux plurala. ANe Fe social. A exacerbagio do préprio corpo te Yo. A importincia dads ao vestuario, die mas estd af. E podemos questionar se, juntaien frivolo quem nao se interessa por essas frivolidades, A condenacao € ficil. Trataese 1 mee 0 abandono dos sonhos vende, assim, a sua sopa insipid ‘nome de revolta radical Brineadeira d quecer a verdads umosferas emocionais, em nos quais o indiv ensidade, de excitagio, alguma coisa que fw 10 othar do outro. Talver. esse tribalismo, tendo a viscosidade como expressao, ermita compreender que, apesar da faléncia de numerosas institu ‘Goes, € possivel resistir aos diversos golpes de sorte da existéncia uma espécie de que cada um s6 exist Quem diz tribo, de fato, diz novas formas de solidatiedade, desen- volvimento do caritativo, generosidade mi de que os jovens, em especial, do exemplas evidentes, Se hé crise, bem a dos valores modernos. A morosidade, de ‘que tanto nos ana, O espirito do tempo nao remete mais, ‘mundo que se deveria dominar ou explorar sem per «dio, A ldgica da dominagao cede lugar & Consemplagdo de. mundo (1993). Ainda af aparevem retiro, espera, temnura, epifanizagao de uuma natureza, de um estat-junto que se dé ver, logo a viver. Alguns nomes adomiain esse fenfimeno: carpe diem, no future. ‘Trata-se de gozar, o melhor possivel, o mundo quic se tem para ver e viver. A projeg turo no possui mais grande sen los ceniros de interesse; 0 quani dar liges apoiados contramdo de um pensamer c corren- te, um pouco desordenada, mas muito prospect perseverante, generosa, sempre recomecando, Bis, por meio de um est +256 ete onvsasxvs 3 =eave0rvD ° noo ‘© nosso bem sem a nossa aprovay Instalar um pensamento afirm: panhe, €0 meio mais seguro de compreender, lidade potente que af est4. Fora disso, a sorte reservada pelo deus Pan aos que o rejeitavam: 0 +265 Inctrodug3o gua que avanga, cori, se 1a. desse mesmo obsticulo, em te. Escusando-nos da faci se teata de ey conjunto do quadro, Procuraremos esclurecer isso mais adi propésito das grandes “formas” que estruturam o dado social. Proce- pletos e igma que se imbri- assim os grandes contornos do visivel na aparéneia de nossa vida, Esse método que se pretende miiltiplo nem por isso pretende no dessa eterna atitude do erudito, do artes preocupado em estabelecer uin compend © i8s0 porque { de novo sob o sol c precisamente essa resposta € que inaugura 0 Noss a a nossa preocupagdio em equipar tal pro ico conseqtiente. Pode parecer ‘um aparelho c para paradoxo gratuito, parece-nos que no mo tempo, mostra como a de trabalho minucioso de Georges Sorel observa ia porque niio a podia n dizer que se ¢ de despesa oste: entrar no mecanismo da produgio.' De que nfo se pretende “produzir ence impressao de contribuir com uma teoria que itd suid 0 Unico esclarecimento pertinente sobre a sociedade do momento, e que seja para socorrer um sistema existente, ou, 0 que é ‘a mesma coisa, para o contestar (contestare),fica-se classificado na improdutivos, dos diletantes, dos estetas ou ‘correr esse Fisew aps il. M. Rividee, 1987, os outros autores € ju confirma de grande importancia na remos mostrar, e parece mesmo ser enfocar esse discurso social que & 0 mito. Ora, ou desafio. Em suma, no quadro de uma ideologia produtivi cio supremo, ele € int cia do mito perdura; pode-se mesmo dizer que est em vias de se opcrar um renascimento da seu estucio, e nosso propdsito & part par dele,? Assim, em fungi do qu importa menos mudar o mundo do que ir investigagao ena mostracao. Equivale u dizer qu dar uma resposta, seja qual for, do que aprender, como 0 diz. Rainer profunda wente na menos de ‘operacional, ou ser utilizada por um reformador social. Reivindica- mos, pois, a inutilidade. Assim trata-se de um duplo 1 patia, movimento esse que desi idade”, Parece-nos que esse movimento rest a ce que se asscme- ‘Ideal tipo” ¢ 20 de Max Weber. Esperamos ddicar umn prdximo extudo a esse “formismo TROCME explicow que ja ram obsol turagio, fecha-se um ciclo lugar a os grandes esquemas que presi mento n2o so mais intocdveis; mostra a € constituem objeto de revit nossa parte, € com serenidade — cons nile de acelerar ou orientar um movimento inelutdvel = que preten- , demos questionar essas yrundes “formas” que sio a Revolugao, 0 Progresso e.0 Poder esté organicamente misturada. [Nao pretendemos, pois, empreender oa ros tantos lugares , para além de uma wede aspectos que, no quadro de -compreender s nossa intengdo & part tencial que cada grupo soci /o, € o meio pelo qual se exprimem jt” lagio das clites”, 0 aperfeigoamento da ideologia produtivista) iso de um controle social genecalizadlo.. ponto a partir do qual se fas pretendemos enveredar, a pt sentido amplo, por uma antropologia Fun preender como a ultrapassagem das ft social e da vida n BALANDIER, o3ne se generalizar no conjunto do corpo social eda vida vot se, assim, superar a fas alternativa capitalismo © so com virtude dessa mest imo dizer inesgotavel, que exe de que o que ¢ formada a existe o que tem o sev lugar, nem De fato, pode-se verificar para além do controle ¢ da dominagao, para além do poder.e da revolvere), ha sempre vida, ¢ isso € que na verdade traz problema, Nao obstante as imposigies rmortferas, as normas e o dever-se reprime a expansio exprime de méltiplas ma ‘outros tantos se estender, sus o desejo, oamor igorosamente o soci que o soci social. Assim é que, apés ead, no primeiro capitulo, os contoros do que se chama co que aver de rnegado (¢ isso gresso € do s yente) na revolagao, na ideologia do pro- ico, ou ainda no totalitarismo. Pretendemos Ed, Calmana-Lévy, 1947, +326 deve capitulo | Poder poténcia 1 Pretuvares (umava observar o quanto a cigncia social esta- Me a diversidade do seu objeto e a mobilidade dos Tementos. Ele certamente achava provissrio' esse estado, ¢ no Entanto, mais do que nunca, enfrentamos © mesmo problema, O que tos leva a esbogar o metodo - préximo de sua ctimologia - av mes. mo tempo que se ataca o objeto, Mas, antes de tomarmos esse cami. talvez nos convenha esclarecer os recursos que esperamos anos em outra obra’, pode-se ter em mente 4) para eseapar 3 normatividade do dever-se, trata-se de delimitax a sica de certa forma social (politica, utopia, poder.) e, para isso, six tuar 0 jogo de idade e de um formisino por conjungio deles, sem encaixar {ChE DURKHEIM, Aton tis. Ed, M. Vivid, 1966, ‘Ch, M, MAFFESOLI, Jay Logica du Dominagto, Ri 7 \lo desencantado, is perspectiva produtivista, A uti agui fazer qualquer prospec! dela uma atividade fundamentalmente ut cde um “pensar iro para Ihe apreciar a nas penetrar 0 zem funcionar a equivaléncia ea ba shgoria ertique. P SCY. G. BALANDIER, Sens momento em que esta se aplica a “natura consecutiva a delim) Pois, desde © mom 9 jogo da dife i serd justamente de lutarexpi abclecimento desses critérios q ios, Ora, 6 © tenha um ideal ow social em le ou a efic , das mutagdes. O poder ou at dom de denegagio.® 880 Props w, do poder, ac! ‘menos confusamente, que essa NO- € situar numerosos acon neu: G, BALANDIER, op. cit. p. 152, lew et Ra sat op +37 mos, pois, de ressaltar os cai tendo por Gnica funcdo fazer pensar 0 momento e t Gio, Sabe-se determinismo e a vontade que cons para pretender a elaboraco de uma teoria do poder que paire preten- natureza, permitir a per ia dessa for- endo a forga do poder no seu cari- trivial de Deleuze-Guattari em O rapaceado pelo socius, de sua predomingincia que pesa sobre a sociedade, um tema citcunscrito ¢ preciso, mas de uma nebulosa complexa & difasa que torna sutil a andlise. Desde que falte esse tema, qual ‘que seja a sua for imaginar-the o desapareci ‘que o poder surge quando o ‘| ; 9. YE, DURKEE "J, PREUND, ses rigles de sence dip Rigue, rsamente essas facetas variadas certo ponto, ana ou para a clarezsa de ex) festo nessa inirodugio, un ndncia na grande harmonia da diferenga Retomando a ci tantes da atividade humana e seu entrecruzamento constitui a ‘como a forga pod poder teria ico, a vi : quando ha impossit ‘aco, ou quando esta é imperteita, e significa o retoeno do reprimido, As grandes linhas desse pensamento que acabamos dk inacabamento idade que inscreve sempre no io; Finalmente, da negacao das nder como poder) essa notagio assinala a distribuigo que umes de delimitar est ladle © sus rigid Reconhecermos a duplicidade da pol +396 e ° fc ° a P q e aproximagdo e sepa tagdo que se inscrev mente 0 fluxo social que e esta precisamente a hum de poder cuja utlizagzo e dire esse pois a objeto que c mu plas preocupagdes da nossa vida e verna os deuses, € no uma ciéneia, seja qual 2.0 poper como “uxtvEnsuM” 26; M. WEBER, epretas da estrutura das sociedades de ser se Estado, ques repetigfio do mesmo e com isso a certos indo nento societal se faz em relagtio ao poder. E, de nossa pa eréncia a tais sociedades & da adem pi +41 mesma, como pretend: abstragio, Talvez. seja versidade do mundo opondo- o orientado para um firm, divina, E que ou © Lluminismo © a ascensio da burgues Poder e duz.0 home & plena poss iio desse provesso, canalizar esse proceso, o que é precisamente a fungdo do poder. Os reformadores mudam e retomam, pelo menos dos predecessores. Os instrumentos que deixaram cai. Mas, antes de aprofundar as caracteristicas da unificadora do Estado ou dos demais modos organizacio dos, podemos nos deter caria a realizagio a debate, que era central we? Deve-se subordinara cla qui process, Ou, empresa a hingu Bh contra uma opressao certa ccassez fazia par com o desenvol 1 estrutura feudal tiu no fato de que a lihertaco dos culos ou das restrigées proprias aos sistemas econdr dacdes tradicionais ni raro se fazia ds custas de Antheopos, 1972, p. 245 <6 +B Deve-se notar, porém, que esse processo de de confor vemos um elemento impor hece a diferencia. De nossa is de observar a articulagao dos elementos que cor -0 do poder Notemos, para ilust espeticulo perpetu zagio social ¢ “tot mbolicamente a diregdo, a coordenagio, lane” (Witt ‘oemprego “de uma miio- CI. M. HOR Py.SI p33 CF, G, DURAND, Si wer 4 fungio de protegio que, 20 sérve de base. Jse sublinhiow®, citando Hobbes, “the m soveen ‘a servo ete io entre protegao e ia confortavel que é u | sobre a vida, nak fuga diante do destino, diante da sobera tipica dos povos cotonizatdos.* dependéncia” se equivale e confortaaibide do seja a perpétua rea 80 a esse processo, no se pode explicur pela coereiio v a Perdurincia da ordem; existe uma aprovagiio dessa ordem que a jus- contraponto A det ‘como passamos adet dade de seguranga, *CL.O MANNONL, Py ME, CANE exclusive do poder worbidez que cabe a socialidade € difusa e se presta rando-se as- do que E, Bloch chama de * fe pontua soci ese pode ati- no transcurs0 com prudén- se falar de ut s assim remetidos 1o normativa ou inge- um sistema de forgas a outro. Som relagdo poder-poténci nuamente assegurar referéncia por e aquela dessas instanci que € do confronto de! nasce a socialidade Assim, eal preisio jamais €repe pode, de modo sect npordiwea da autoridade tradi toridade & que ele é . Quadricula um campo sem CF, a exposigies de AL ire. Pats, Ed. Gore 246+ Ji indicamos. em out dominagao: a fungao do saber e do por gia cientifica que, do Huminismo a Duck Comte, destaque o positivis M0 progresso & a evoluglo da sociedade, Ne nde-se que uma elite imbuida le uma teoria pode, sdrios diversos (0 pi ido, para Marx), resolver os pr 5, 20 passo que a ef lecnocritico contemporaneo 6 0 seu cor absoluto das cvisas.™” Compre i: explarenio genera viduo:s dominacio, este o sr iio do texto de Marcuse que vé no método ci loje, a dominagao se perpetua e se estende no 86 gragas & tecnologia mas enguantotecnolo vos que just Cabe prossegui CI. J. HABERMA: Gallinara, 1973, p, ‘CEH, MARCU ss TEA bras Hdeologia da Sc a7 9 modo, e © provérbio popular wedor, € tipivo do poder garantir a ical” que tem relagdes socials. O acesso direto a ser outra maneira de exprimic a so stneias separadas. Marx mostrou, com razio, sobretudo «a fungdo clerical que a representagio popu- isso por mento e permite, pois, amente a do remeter, para ilustrar isso, ao texto de B. de Jouvenel™ que mostra ‘como, na origem, os parlementos niio eram reunidos pels vontade do poder real excessivo, mas pelo desejo do. de obter 0 que nao conseguia com os tnicos meios a sua disposigaa”. Nao se pode definir melhor o engodo que talvez represente a media- ‘Jo garantida pelos téenicos DE JOUVENEL, innekoek} itura é semelhi no nosso trabalho La don mos a antiga idéia de uma fi forma org: ( representam é 0 instrumento mais efi te ao objeto que contestam (tenhia se em mente a ctimologia de con-teslar): ¢ seu empenho de radicalizagio panic se como essa disponibilidade fu a desse desejo de objetivos proprios & estrutura em questo ( ado moderno se reflete nos partidos, ‘Ao lado dessa hiomeostasd que se estabelece ere a forma 0 fi mo, gue representa a forma acabada do pastido, Res precedente, jd citado), a posigio do emA Guerra Civil ma de Gotha (1875), & ta France 1810) \do do mesmo modo (¢ remetendo a0 nos ¢ melhor os produti $80 trabs ho Jarxismo nesse correlato do rx estava convent Jo, pode ser destacada em wrés momentos, E a de que e estrutu joléncia polémi internacional dos |-democracias euro: Essc momento reme- sso ver (sem aprovar ou des vedimento marxista, com o seu poder judici ca, é um requisitério contra os que, ‘Trabalhadores e mais tarde nas te & perspectiva conselhista provar), € 0 elemento mais Enfim, o éltimo momento é a der (em particular o que x certo tempo”, comple cestatal correlata & di dominagao geners parece fora de props estabelecer entre C. Si rosas paginas politique i ra comprovar)e a dou arxistas chegados ao po- i de leninismo). que, “por ‘organizada do poder ificagdes que garant prio do poder ¢ garantir reformas parciais e insignificantes,!* mas ‘ez 0 proprio ritual social s6. permita reformismo. Quer dizer, na problemética da ambivaléncia do poder e da poténcia que tentamos situar, que 0 campo do poder é contemporaneamente o da “mudan: 8K. MARX, La guerre ‘também p. 209. da “reforma”, mudanga qt rio, mudanga que & acompanhada ou tos, efmeros, nos quais se lesempen va, Pode-se mesmo afirmar que 0 poder, em sua se nutre da substincia social assim é que compreendemos, G, Balandier, dos tiv da Nigéria que veer o poder ou as relagies esiguais na ingestdo da “substincia dos outros". Em resummo, pode-se dizer que o pode desde que mio sejam questionadas s estraturais,** sejam quais forem os homens que o sirvam ou a doutrina que lhe sirva de embasamento. A “diregao assegurada”, diser poder, “dirego” que cade notagiio que damos, como outros tantos toques sucessivos, serve para desenhae, verificamo-la no antes, isto 6, a técnica orientade para umn fim (Habermas para ilustrar o empenho de redugo a0 Uno por meie da mod Esse projeto é 0 do Séeulo das Luzes € da Europa ago da té intenso estatismo. A Russia s projeto, E curioso verificar que & C. Schi que tem por equivalente um lista retomou a substincia desse t, cuja predilegao peto pluralismo, que preocupago do Uno se cristaliza na figura do chefe, que € carismético € investido de uma missio especial, por eleigio ou here- ceuja fungao € sobretudo representar a unidade, E 6. BALANDIBR, Sens et pussance, £. por exemple, 89 propasito da ce ef sind V, SERGE, Mf nadas e exige uma diregio ce ‘0 que deveria ser: u esse trecho, e €or acervo social contentamos aqui em remet ‘onde ele mostra como func ch em ge ‘a em particulan.™ J mencionamos jevia a Hobbes que, por sua abstrata buir ao primeiro cd Luta esta que, de umu vez por todas, corresponde a um model o societal, a muptura, a dese jade, 0 funcionamento da tudo isso € ignor ‘ou menos negada em tal pers: pectiva, Voltando ao que di at que devia “criat”, no quadrode posicdo a elementos cuja heterogeneidade de ag principio, reconhecida como a servigo de um simbolismo da unida- de, Trata-se, de maneita caricatural, de forgar © processo pol como “arte de eaptar o que se passa na cabega das outras pesso L, BLUM, La réforme gowernen iat. p.13S, por 8, DE JOUVENI isso ou de dependéncia, Eo que embass a realidade do poder. Quando 0 a da fala ( sta, politico, teem ado), €a sua cire Mas Séku Turé, gabando a poténcia sudanesa do tempo da Franga capetiana, ou Kwame Nkrumah, contrastando ipério de Gana, na época de naga, dew r sua especiticidade fo, de exprimir a sua oposicao a uma dominaeao. E um momen- toque P.CI ios dt Amé Sul, “O modelo do poder cvercitivo s6 ocasides excepei- quando o grupo se vé diante de ameaca exterior, Mas a unit fo cessa apos © quem fal mente de um modo que 10 mais tem incidéneia de dominagio tenta em lembrar 0 que uniu 0 povo enqu: garante uma gestio do presente ou do futuro 6 essa lembranga coletiva, erist momento do perigo, reunit © povo, A obra de P. C ga exterior povo, mas 1g desse que representam a tala e 0 seu confisco e Ihe gara J de simbolizagao, Fendmeno semelhant » se exgota, a fala toma-se doutri wel Age, op. ci ‘mente dada ¢ a partir de et estruturagiio social passa a ser atribu portante, atribufdo a um fim prod aco, isto €, numa fungi de li contevido, admitida num sent alguma coisa. Y, Stourdze ao poderia desemper exterior e, mais se funda Ateoria: se xem 0 papel que tal Estimular a “tomada di pao num consenso w abstrato, Mas essa obser vacdo atrai uma outra, sempre gue uma instituigao recorre a uma “tomada da fala, a uma participagio, & oposiciio, wo poder da imagi- ago, tudo 0 que de fato esmagara ou negara: é que ela percebe stia decadéncia, mesmo que esta dure um tanto ruidosa (nao csquecamos que, como diz, Nietzsche, os grandes acontecimentos andam a passo de pomba), Seja como for, é assim que entendemos a observagao de Sd compreendido, no seu s clara € exalustiva, resume o que se pode dizer do Estado ¢ do poder. Fi remeter & “heterog al” (Freund) que a base do politico compreendido em toda a sua lar 0 pluriversum, que € um modo de exprimir a socialidade, em oposigio a toda uniformidade. Com esse dec! ressurgem ambigtidades e contradig&o, as coisas sociais reassumem mensiio e a sua forga, € isso em contraste com a fraqueza que significa a uniformidade.”* O que remete a uma andlise da afirmago Liessence du politique, op. it, py 87. BC. JUNG, Psychologie et alchimie, Pi 540 da filosofia do nao”. gostariamos de ver 16a que, semethante & concepezo wel ou da luta, seja outra maneira de dizer ede viver, tados, 0 confronto com o destino. soci 3 INTERME7202 A ARTICULAGAO DO PODER COM A POTENCIA Sejamos claros: por um lado nio se trata de apresentar nem ‘mesmo esbogar uma “teoria’” do poder que tena autoridade ou que se possa “utilizar”. Pretendemos, no maximo, dar al “fagam valet” o que se entende por potén: Mas, por outro lado, nao se deve entender poténcis ou novos dei ex machina explicativos do dado social A énfase que damos a poténcia nao exige adesio, nao é maghificiente; trata-se, com isso, de fazer novos esclarecimentos que a faga ser encarada sem a priori e que the dé um lugar conveniente nna estruturagao social. No parcelamento que fazemos, a coincidentia oppositorum desses contréios que sio justamente poder e poténcia remete ao politefsmo, & pluralidade dos valores incompativeis. E, se apresentagio da poténcia é mais densa em colorido, nfo é porque a entendemos como virtude qualificante de um novo tema hist6rico, mas porque se trata de novo objeto de investigagdo cuja diversidade ‘matizada se impunba ressaltar Giuseppi Verdi soube aprender os necessérios Quatro estagdes;* é dessa necessidade que se t sito. Como sublinha Rayn na luta pelo poder ¢ uma filosofia parci ativos das. ‘mais rigorosa da poténcia, mostrar como cada elemento que nos ser- viu para determinar © poder contém uma altemativa potencial. E 1un as formas sociais como coisas; € precise essidade constrangedora que as rege. E ada tem a ver com 0 as, pois a interpe ere no qual se pode su ante dos promotores da revolugio. {Convém restituir ao campo politico a sua d + €nto acreditar have-to esgotado aps wero de aconte ©M, WEBER, Le ™P.CLASTRES, Las do oikos, LM, WEBER, Zeonom s, que escapa ao sentido do ele pretends realizar. ceptivel do momento em se tomar objeto qu cola de Frankfurt produtivismo, se Fosse 0 econdmico, mas que es vez, P. 5 mostra como norma da troca toma © lugar do terror da divida. Por conseguinte, “a atividade de produgio” perde todo o sentido inicial e,ao se inserever o do ato de produc zara os diversos dominios da separagao ¢ & em fungdo dessa sepat Gio que sé manifesta a necessidade de reunificagio, necessidade do desempe do trabalho separado se insereve na abstragdo do poder. E seguindo ‘oprocesso que, do ato de produzir, necessida- \s esse propos wspecto de o agem de Hegel entrevistas e outros subterfigios de an engodo generalizudo, Permi pedir sua irrapeao viotenta, cedé-lo, ja &im- le subversiva, Por que mancls dizer 20 povo infantile primitivo o que convésn di: com isso pensar. Essa encenagaio do intercdmbio social desfaz. qu espetacul vida social cujos diversos nativos G, Debord ilumino\ imagem de certo espeticulo vulgerizado, nao 0". assiste-se & instalagdo de uma iniciagao na qual cada um deve se identificar na medida em que elemento permutével e comutativo vio de pupéis numa pantomima caracterfstica geral € a indiferenya culo que & poténcia abstrata do Estado encontra a sua justific como 0 trabaiho parcelado é a unificagao, 0 sintetizador desses obje- que a atomizagao caracteriza. Jé se salientou ¢ cri muitas vezes a poténcia absirata do poder central, sua v ca" mas ndo se ressaltou suficientemente o procedimento desse po- der ede 0, Sua fungi de ligago no devir espeticulo pour les métiats Ci. por exemplo J. DUV ess.ep. 1605s. peuia 0 povo de receber reunido esse junto. * Pelo prisma das comunicagdes de onipresenga do poder nas suas manifestagbes diversas «i dtomos, mesmo que, acentuadamente, se utilizem varios pr se da recusa do poder como estruturante social, ou, to s ‘mos de P. Clastres, da sociedade contra o Estado. Dispensa dizer que essa recusa é raramente explicita,e nao se apresenta quase nunca sob forma compacta e se modula no tempo ¢ cespago de e ainda ‘a explorar o campo das constantes que a configuram, E 0 propé- sito do nosso proximo capitulo. No entanto, pademos desde agora obyervar alguns pontos de referéncia, m primero lugar, temos a atitude que consiste em considerar a exterioridade como tal, seja formal e deliberadamente, seja infor- io caso pode ser representado pelas sociedades fgenas da América do Si quais a rejeicio da fungio po- tica “do exterior da socicdade € 0 proprio meio de a red zjo de submis- afirmagao da M, HORKHEIMER, T. ADORNO, Le dialectigue de la ralson, op. cit. 18 © CLASTRES, Las bid contre Etat, op. torture dans les soeigtés pri +596 social 6 mos do escrit6rio po- Ihe faz penetrar o conjunto da (sabe-se que 0 poder real est Je determinado part ianidade nao pa falamos deixa aos especialistas do poder 0 seu papel a desempenhar. Mais perio de nds, citemos resumidamente 0 estudo de J sobre 0 discurso do que se cor icdes; 0 debate con- lice de investimentos le tragos, € deste tra estabs | uma das quais mostra le". Ainda uma vez, de maneira balho, & teoria dos residuos de V. Pareto” que tenta cconstantes na natureza humana soci duos em analdgica, é na base desses re tendéi ia a recusar as formas gastas ou ia coletiva, Digamos, usando a expressio de lade (Gesellschaft), onch ula no jogo da so% termo porque, em sua forma pk “especifieamente estramho no misto social cujos ue pode ser carga revolucion: a desereve no Manifesto Co- £ uma compreensio da necessidade humai 1er prego (conservagio de si, privatizagto, mas pelo contrario, o elemento dinfmico que @ articulagao de um jogo variado ao infinito.” mos esse texto de J, de Maistre que, na sua ling iio" que representa a comunidade, e é d less que, 0 nas- onal, a fim de que cla existéncia individual em outra ex mum, como um Fideho ue se precipita ne oceano existe sempre a massa das dauas, idade distin mde-ce peusador da poténcia coletiva, E 0 n juvesse interesse em mages conjuntursis suas, como imo de que se trata no lugar universal do que a certa crispagio larista.” Ha um enraizamento portador de di s estruturas antropoligicas comuns ao indivi , © porque, assi apertada do centralismo estatal e burocritico, & nesse sentido que a insergdo no coletivo, resisténcia ao que wi ximamos o texto: de comunidades que «al Prveswe-diner que a concepcao: weberiana ds Machtpolitik foi sempre interpreteda num sentido Testritivo, ao passo que ele sempre insistiu no carfter diabélico de’ eat monde amourewe. Pats, Bd Anihropos, com excelente prefgcio de 8. Debout, i Obras complesas, Lyon, 1891. bem s G, DURAND, “Fortra philosofique le J, de Mai Cahier dPhisoire. Lyon, 1954, ures. Pars, Pitiade, eaghe, + Estado. E, para bem compreender a porigio de M. Weber sobre a questo, convém lembrar tudo o que devia 8 Ni “prestigio da autoridace aumenta & medida que se enitruquec forgas eriadoras”. Se para ele o germani ele ultrapassa o Estado alemao, ¢ perteneia também a comuni ue participavam do dinamismo da cultura germanica, sem por isso a reconhecer que aarte dec mente do “centto politico alemiio”, é reconhecer xiste um estruturante social que escapa a delimitagio mente 0 que esperamos fuzer agora 0 entre o poder poli stio como outras tantas pedras de toque logia que esper claborar da poténcia, sabendo que nem todos os elementos dess tipologia sero encarados, e que n ser expresso; 108 parece integrar d Para que 0 possamos esgotar, Cuidaremos ape- vomentos nos quais 0 consenso social (simb €0) se manifesta em poténcia. Pode parecer que nossas afirmagdes sejam regeessivas, dema- Jo send preferivel estarem amarradas no U nas de assinalar os siado amare: izada mas "Para subliabar ainda mais a eedunineia dessa observapio, pode-se que GOETHE in Meier “dessa pate da sem earéter” para designaro Norte protestante cura da barroco, O troche ex ae Assim, mesmo querendo ater-se 3 do politico), J. Freund, embora re reconhece sua efiedeia social."' Ora, oque w parte desse dom raréquea plorado que se cha- Freund, Proudhon e outros), mas. Ic eleito da pote efeitos, Nosso objetivo se sabre © nosso tema (sem, no entanto, eto), ¢ depois extrair o que nos pa- lado arrolar 0 que se d ider um arroli O que se pode cl elementos (fore: ivo, diferenga. in Bspaces et s00 *R, GIRARD, La vio W972. p. ITS. ‘gas que situam com as formas. De modo redundante, pode-se dizer « téncia em ago, cujo caminhar tem a di (Nietzsche), & captar a efiedcia daquilo que W. B de os vencidos da Hist6ria, ou G. Durand de “deixados p Esses deixados por conta que historicumente serdo os per 0s heréticos, os poetas ou os proscritos dio de fato sentido & ban: ade do vivido e para o critico social exibem uma nova temporalidade que escapa a vida real, majestosa e firme, da hist6ria progressista, So outras tantas balizas que peem ‘Ao falar da obscuridade do dinamismo social, ou do traigico vivido, niio se trata de tirar partido do pathos ou de refazer uma filosofia existencialista usurdria. Quer-se captar um dos aspectos dt E frequente © muito ae os meios ma- lizago do termo, univocidade to a sua redugdo 2 lutae ao 1em0 préprio M, Weber escapa tem certas passagens a essa reduc): a expansividade ideol6gica, 0 fendme! (0s0, cultural so outros tantos elementos que levan- tam problemas e exigem reconsiderar a questo. Assim, para H. ‘Arendt, a poténcia "é em espantoso grau independente dos fatores rmateriais, mimero e recurso”, isto €, entre outras coisas, que 0 po- der da economia e 0 conffito que as caracterizam dependem da po- téncia e nfo o contrario, e so suas manifestagées em determinacdos momentos. A. Comte observa, muito a propésito, que, do momento ‘em que comega a destruig30 social, os poderes guc tentam consolids- contribuindo por seus préprios 1971, p. 277; G. 32:ef, ainda 1971, p. 56. tard, 1961, p. atos, seja para tornar mais completa a deso seja para acelerar a formagao daquele que deve sul estrutura, esta, seja qual for a forga que @ tente manter (ese forga pode representar o poder) nfo pode perdurar, Tem \@ desse desacordo ou, pelo men a forma particu- tagdo de A. Comte; pelo um poder forte. O que queremos dizer poder 6 desenvolvido & sua verdade, a saber, ser forte e subs poténcia. o que observa J. Freund, quando de forgosamente conexio nos contentamos em dizer aqui, de modo que pode parecer um tanto pessimista, que uma forma de poder 6 existe num jogo misterioso com a poténcia, Ambivaléncia social que exprime a inani seja de que ordem for. Porc ‘o que remete a anilise do presente ao movimento dei ‘cada um desses elem reza que tente asst Assim, tmprimeiosnfoque da pot social que € pura mobilidade. 0, se manifesta em todos os niveis da exist social. Expansio, desenvolv organico que se vive no presente que exprime a auto de todos 0s elementos do micro e do macrocosmos, o que no deixa de ra vontade de que riorizagio da dor ‘mem, dos seus escritos, proceso). Falamos aqui de da poténcia € 0 exemplo que dio. res), €0 que reconhecem homens téo diferentes como J. ire ou Proudhon,” é em todo caso, face a um quictismo ou leriumos fazer aqui um rol completo dos pensadores que cenfocam 2 questio da poténcia em termos parecidos com os da nossa ¢, mas citaremos apenas alguns come pontos de referéncia © padrdo do nosso estudo. Em primeiro lugar, o que Sem falar de M. Weber, ver que com Tonnies, Th. Litt 0 cessidade eo desenvolvitn sas diferengas numa harmé pensara esse “sonhador sublime 1a nesses enfoques do fato social o cendo-se entre o micro € 0 macrocosmos, na Idade Média, sob vérios aspectos, ho da organizagio da sociedade que conhecemos, 0 possante civismo que a0 mesmo do grupo. Esse tempo o fator, a condigao fendmeno é de resto perce} fada ou cari se que essa caricatura é um dos resultados: jo outro (que pode afinl Ihe s ser cord entes 20 nosso propési fica na organizagio dos most iros a origem das técnicas de de srativas modernas. L, MOULIN, Le monde 253 ep. 277. 1. MOULI igieux da investigago positiva dos diversos estados de soberania, analisa a “honra” como estimulante da vida piiblica; a “honra movimenta todas as partes do corpo politico; liga-as pela sua Trata-se, para ele, de determinar 0 que € 0 E a nosso ver, mesmo que aplicado a di jedudes segundo as formas de governo, como o nota E. re sobre esses principios de vida social que mostrou 0 qu: compreensdo ea estruturagio social, Seja is ‘oimpulso que impele ao ber comum € isso mesmo que € apreendido, de modo intuitive, como assegurando a “ecologia” das relagdes do individuo com o seu meio. # assim que Jung apresenta as relagdes normais com os diversos pmo senclo real ‘despesa de energia”.” E, embora esse termo energia niio deixe de Jembraro campo da produgio ea ideologia do produtivismo, parece- para trazer um trago novo ao nosso ‘da poténcia social. Na mesma ordem de preo- inhar de passagem, por charme, sem dtivids ire as propriedade inatas da matéria, o movi- no apenas na medida em que ainda como instin- mento a primeira e n movimento mecanico e matem ‘o, esptito vital forga expans pressio de Jacob Bohme”. E agradavel ver K. Marx citar esse grande mi sua vida, uma preocupago semelhante que exibe um pensam: global que une o organico e o inorgdnico numa teflexio comum, luz disso se deva compreender, na sua a formula marxista de dit riado, irapassagem da separagio entre 0 executivo € 0 legislativo, mas isso em favor de multiplos cor dessas cont nao como origem perdida e ineficaz, mas, origem perdida ¢ ineficaz, mas como ator fundador sempre de presente) Tal proposigao permi idade como fundamento de toda regulamentaga0 posterior. Porque dey I regul i “Tee ira mais ou menos explici ito se pode ocultar. As vezes essa vit a labilidade Ihe permite escapar perversidade ou a explosio dessa tude no normativa), deve- \de-em agio sob pena de deixar de lado um elemento importante da estruturagio social. Ao dizer que convém je, se inscrevendo na ambivaléncia peculiar ao ela € posta em confronto com o seu contrério, ¢ a confrontagao ou o Jogo da ambivaléncia cotorem deformam cada um dos elementos chega a se exprimir das estruturas que asseguram a dominagio’ que essa dominagio nao é uma forma pura. ‘O que se pode observar em apoio de nossa hipétese & que, em perdurancia, a forma do poder ou € fragmentado, veste-se de trajos diversos e acent dos seus elementos, conforme a época, A analise que tesquieu nos mostra bem as ses (no obrigatoriamente num sentido evotutivo) dessa ‘nogdo do poder. Mas, 0 que permanece constante famos dizer, 0 objeto sobre 0 qual se aplica 0 poder, i Esses dois aspectos foram bem realgados por Prov: gue em toda soci que ele chama de “const Fp. 159, 1m poder eter- nogdo que per- lat, préprio se comprecnda € simples. Se nos permitire citar a estratégia da igreja nos s 2a 0s diversos deuses pagios, o que no os impedia de sol persistentes, nos cultos populares, com testas-de-fert0 i De fato, a vontade, ou antes, a ldgica poder tende, como acaban nper 0 lo, de.resto, que a sutil forma de efetuar tal morte é essa ilusio que o faz dizer iu, 0 Estado, sou 0 Povo” O poder social, ou 0 poder popular, é ‘uma contradigiio de termos, pois seja qual for o fim de que s¢ revista, \ P.J, PROUDHON, ". DE JOUVENI f. JW, LAPIERRI 3, p. Wess DONTENVILLE, Lam 1p. 217 Quando se esboga uma visio ideol sorte do mundo nas mos, proeura-se uma insergio na trama da vida coneretamente 0 destino em cada aso p: atitude duvidosa, que dei neg a 8 €, por isso mesm pomos demonstrar, de uma reor 10 da forga social para objeti- a sociedade. vos que no sejam a negagiio dessa mes 5 EsrRUTURAGAO DA POTENCIA Tomando a clissica di Econvenienteesclarecer algu tizagio” da poténcia que acabamos de deli lade incapaz, esse dinamismo dest €o homem sensual. & NAUD, Lap eis 0 que caracteriza a abortura para a jcamente Hegel, o escravo ests no seu papel de eseravo “pronto para a mudanga”, ao passo que o senhor se retesa no seu dominio. E uma bela of queconviré estud abertura para a socialidade, ou afirmagio do presente como correlato ‘um do outro remete & intensidade ou a0 que dissemos sobre odispéndio de energia, Se designarmos sob o termo politica o "grav de inte de uma associagio de individues cujos méveis podem ser cordens (cultura, religiosa, floséfica, atistica..), ordenamento que é es- le do mundo e dos mundos,® se concordarmos, em conceber essa intensidade céimo orientada para algu- io, a sua forga no sentido etn que se pode soberania que 5 para n6s 0 social, Equivale a dizer que a extensdo nas ordens usando ainda uma imagem fourierista, 0 eixo que reduz “CH, FOURIER, fe esmagadora® cia, como a sexualidade, pox s diversas, modular-se segundo as ocorréi fases da vida. Declarava Pro\ do da forga ea esse p forga é ambigua e encabre Kio agressiva que sublinhamos ea causa dessa forga que te! taco alema sobre o fato politico, que tomou caminhos diversos e trata-se, por conseyuinte, de reconhecer os diversos componentes do “homem sensual” para apreciar a simbolizagao de ambos. Retomando da energia, empregada com precaugio 4 pouco, pode-se dizer quéo inverso da pote 0, pois avaiaram bem a importan a carga emocional um momento pode pare: com que reveste o que passou, para ocult ou se proteger. Mas essa pregndncia ¢ fragil, ¢ no resiste a pulsio da fore qu €8 pari do mundo e da social ses, a que teremos de vol a sociedad tomar eonsci- Reconhecendo- re presente, ése igo dessa violencia que domina 0 homem tanto mais implacavelmente quanto © homem se cer8 capaz de a dominer’ poténcia, sendo claramente esclarecida, ‘prada, encontra o seu lugar no jogo do dinamismo social, fonte de toda vitalidade. Fica-se por dem: izado pela forga ou vio- Jencia numa organi aidco- da seguranga, forma contemporanea ¢, de resto enfraquecida, ‘dade. E isso sem indagar se tal manifestagio perversa da por Ba Dessa segurizagio Marcuse?, da Escola de Frankfurt bogaram os eontornos principai le, nega o miltiplo ou a sso 6 0 inverso da poténcia, Com efei ento dessas quallidades. Nessa nio € pereebido como criminoso, 3s sociais, Deparamo-nos aqui com 0 acervo dos anarquistas no seu em- de destruir 0 poder. Nao se trata de trocar © mando, como do senhor € do eseravo, o¥ do papel da organiza- variegada, compésita), o que é el desde 0 séciito XIX (" Existe em qualquer lugar”). Perspectiva semelhante ao arquétipo da “pluralidude ordenada” de Jung e da vida indefinida que escapa de Max Weber: Pais, PUR, 1969, p17. ‘STON, M. MAFFESOLL, La domination sans fard, op. eit “17+ geral” de que fata Bataille, todo social em nome de um enraizamento soci gem a hegemonia de sua especi © que equivale a verificar-se um: impo do poder que € 0 do pol nda no caso, no es, por absorgio décil do que é dado, gio sem reagiio aos chefes que escolhem, confortam 0 autoridade, Isto € 0 que esté na base do cle lusdo a propésito nga e a forga em nada sup sito, a assepsia da vida soc manté-los eos ordenar. G, D lard), o8 ordenado, niio tenta apreen- a exaust muito consciente da idaclee do cunformismo, ecom excegto c «da conformidade mimética, Essa concentragio da vi 0 6, da reciproc rar um outro elemento da poténcia, 0 vo, isto é, a unidade da comunidade, sua “composigio”, te clissico e muito s6brio, pode-se defi- gio como a correspondén. cia gue se pode estabelecer entre a vontade s Durkheim mostrou como 0 que ele chama de anomia se revela jddade, o que € para ele um modo vida coletiva nao nasceu da vida segunda é que nasceu da jedade ¢ engendra a anomia uela que, cada qual sua ancira, fizeram Marx, Weber, Simmel e outros. A conviegio des- ses sociGlogos, que orienta o seu pensamento, € que @ trocar fundamentalmente a sociedade e 0 individuo, mas wo mesmo tempo a gencralizagao a aceleragao e essa troca, acaba por negar a propria troca, tornando-a tteiramente abstratas Por exen desenvolver essa idéia agora, para G. Simmel a economia mon forma éltima da abstragdo, “nos liberta des vineulos que nos u ‘205 outros, mas também daqueles que nos unem ao que possuimos ‘O que queremos s r sucintamente é 0 mecanismo da neutr dade das relagdes s0% nomico da sociedade mos dizer da mat idadle da sociedade (dando a esses termos 0 s ef J. STORTZ#L, HABERMAS, Sirah s20, phase ss a diferenciagao das fungdes e a m racterizam 0 que se convencionou chamar di de. Durkheim (como esse progtesso e 0 que B. de Jouven da coesio moral” Por sua vez, Rousseaunlefiniu bem esse mecanismo, “Na me: did em que muitos homens reunides se consideram como um tinico ic que sc relaciona com a conservagio co- rodos os méveis do Estado so parte com evidéncia, ¢ s6 exige bom senso para ser percebido quando se v8, entre o povo mais feliz do mundo, grupos de campo- ios! Ser como indicador do que como modelo non mmenosa ver com 0 turagiio social. O dis- ribo, suas carac- Je de que se estrutura sempre de novo J se viu como os meios de comunicagio de massa por sua Propria estrutura reduzem o simbélico pela nao reciprocidade’ (J. Baudrillard), a unidimensionatidade consecutiva ro doutrinamento tea liberdade de fala (pelo menos em certo dade funciona de maneira formal, dado que fizadas e pré-estabelecidas. Entretanto, Marcuse e do marxismo em geral, essa resumir em ideologia dominante, tendo por corel ria ou do partido que mostra em que é uma ideologia dominante © ‘como a ultrapassar e com isso instaura um novo poder. Deve-se de fato mostrar como a “indiferenga”, que resulta da redugao do simbé- lico, pode também se tomar indiferenga em rel redugiio (assim entendemos a pesquisa de J. Duvignaud, O planeta dos jovens). Existe uma circulagio, sinal da poténcia,"" que existe malgrado a redugio de que falamos, e que o termo forn tidiana” tenta assinalar, Em resumo, se 0 poder tenta parodiar a cir- culagio, é que existe uma circulagio gue serve de modelo a essa parédia, e que se desloca constantemente, tornando a parddia caduca, Significa participar de um esquema vitalista ou organicista 0 reconhecer a perdurfincia da vida para além das representagdes? Stendhal cita em A vida de Henri Brulard a expressio popular “bisogna campar, essa expressio isenta de comédia”, como a potén- despreza a representagdio, ou antes que pi sn relagZo 1 valores da representagao, o jogo duplo, a ambivaléncia da acei- tagiio ¢ da distancia. O co io na tessitura da vida cotidiana é “praticar valores outtos que no os ensinados”."* Esse jogo duplo no qual a prética se separa dos valores manifesta-se regu- Jarmente e sempre nas rupturas, nas formas da diferenga e da anomia no enraizamento dos miltiplos elementos da vida corrente, co! cessas que fazem provar com melancolia que a vida ndo pode ser to- talmente compreendida, das coisas que caracterizam ao maximo @ sabedoria e a virtude coletiva. Como assinalamos freqilentes vezes, o que serve de fundamento a vida cotidians é 0 presente, que exige h ‘8y. STOURDZE, Expace, circulation, po Cf, J, BUVIGNAUD, La plandze des jeunes, op. 82+ Tal delimitagio do coletivo por sua rei exterioridade (mesmo que aceite aparentemente um idade) remete 3 criagio coletiva, como “pati te do maior nfimero... nas defnigées da sociedad’ base do dinamismo social. J4 se viu como a dimensio cultural, com preendida na sua maior extensio, explicava a continua formagio de uma sociedavle. Mostramos chega :manifestar além e apesar de w da. O campo de investigagio de tal perspectiva esté ainda mal explo- ado, € os poucos caracteres tipolgicos que acabamos de esbogar xram por intengdo agugir o interesse por ele. ‘O que acabamos de dizer de alguns elementos da poténcia pode, io, parecer regressivo, F certo qu cexplosii diferenciada consecutiva 20 desmoronamento dos grandes sistemas ideol6gicos pode remeter & pesquisa de novas protegdes (novas explicagdes) mais ou menos adulteradas. De nossa parte, no atrias ou mitologias de campanéri nha J. Habermas, m paganismo que nio mais esté proc de uma idade da razio para reestruturar uma identidade a partir do cons- jente, o que € 0 propdsito de certa psicandlise, € mais um do uno, fantasma que te dntal, E, além do aspecto fatigante e namente recomegado, se mostram a nostalgia ¢ 0 medo pect desprezadores da vida, defensores de um Kulturpessimismus. O pa- ganismo, se paganismo hi, & isso mesmo que ao reconhecer 0 ado desse empenho eter "Cf, A, BRUSTON, M. MAFFESOLL, op. i 6 1 ap. ¥. IRMAS, Profils philosephiques et politiques. Pars, Fa. Gi +8 da légica ou da “Idéia". Te aventuroso, em dias futuros que cantam ou num futuro assé imaneira de encarar a hist6ri firma como vi te que se trata no dinat déncia a sempre se 0: dizer com J. Duvignaud™ que algumu coisa morreu dep casso de maio de 1968 na Fr cle, nio diremos que seja 0 aspecto eriador do dinar {qual se articutam ¢ se compiem as diferengas que so mantidas en- quanto tis, como out idades de harinonia. Talver. hhaja af verdadeiramente uma inversio de todos os valores que pode + socialmente, 0 que Habermas" ‘ it, p. 281; of, também uma pes: ‘AUGOYARD, BOUSSET, ra pejorativa e que se pode compreender como p tes. Esse jogo recomeg: ou da reciprocidade se inscreve nessa constante " (Part) gue fen sempre se afimare que ch h ram téncia social, i eo 85+ capitulo O processo de recorréncia nos fendmenos revolucionérios T ARGUMENTOS DE UMA REFLEXAO 1 Estrutura e fungao da revolugéo Tendo esbogado o quadro geral do poder, neste cay ‘mos apreender as articulagdes do novo aspecto st relagio com o presente e a referéncia a um dever-ser. Assim, no se trata de determinar 0 que deve ser a revolu- Jo, ¢ com isso fazer uma ancl , mas precisamente es- i 3s das suas condigdes de pos- 0 6ensejo de um si representa, Desse modo, trata-se de ver n +87 mento social quando a cireulagao (em particu 1 cristal ticipagdes diversas. tropdlogos, contribuiram com seus estudos para uma cigncia como essa, razio pela qual faremos constante referencia aos seus trabs Jhos, tomando a revolugio por fato social observvel e de importin- cia reconhecida, sendo nossa tinicx ambigio por ora mostrar & ambivaléncia social e a recorréncia cm atuagio nessa forma social Digamos sucintamente ainda que, a0 lado das andlises s antropoldgicas ou acontecimentos histéricos a que faremos referer ‘ia, seria instrutivo empreender ums andlise das méltiplas obras lite- ratias que, sob muitos aspectos, sio documentos inestiméveis do dado social, Reconhecemos sua importincia, sobretudo na perspectiva “ynitocritica” em que nos situamos, mas no caso ainda convém assi- nalar, desde o inicio, o aspecto parcial do nosso enfoque? ‘Assim, pois, € globalmente 0 problem do mecanismo da modloficagio dos grupos ¢ dos sistemas sociais que se coloca,¢ atrat~ ‘vés da exaltago messidinica ou da firia destruidora, nao deixaremos de sublinhar todos os elementos “dinamogénicos” que inscrevem os endmenos revolucionétios no progressismo ocidental. Aorelativizar assim a mitologia revoluciondria, ow antes, a0 determing-la, no sen- tido simples do termo, num capitulo especial, no queremos invalids la, 0 que nfo nosso propésito, mas simplesmente mostrar que ela participa também desse “desenvolvimentismo” que, segundo G. Balandier, é um dos elementos importantes do pensamento grego € cristio e que para nds desemboca na organizagio racionalizada € tecnocratizada da existéneia social contempordinea. Cuidaremos, pois, \.RAECHLER, Les phenom ssa ob didica & un Vs MATHIEU, Phenomenol Paris, Calmann-Lévy, 1974, °Cf, G. BALANDIER, Sens et, de mostrar a intima conexio que se est ‘dade, sua participago na con 6 de fato parte integrante desse “destino faw mente, para além da apreciagiio dos diferentes atores participam ou das conviegdes que os motivam. De resto, impie-se notar que s6 pavlatinamente se esel bibliografia politi 1a, em particular em Maquiav‘ cepgio que inscreve a revolugio no campo do progres disso, havia presungio de uma order eterna, ¢ a revolugo vem res- taurar essa ordem pela metifora da ordem astronémica que designa ‘um movimento ou um mecanismo a percorrer wna curva fechada, » Se com Maquiavel observamos uma cesura assinalada com fortes remanéneias, é na li revoluglio vem. a sex designada como uma “subversio violenta do poder estabelecido com apoio das massas ou do povo sob autoridade de grupos, motivados por um programa ideol6gico”.* Mas mesmo nessa acepgo “moderna” e politica ds revolugio, fiea presente, sob forma de imantagio residual, o empenho de restaurago de uma ver- dadeira natureza do homem, temitica, ¢ jé analisamos isso em outra obra, e que esté presente inclusive na obra de Karl Marx,° em parti- quando fala de “restauracao da natureza”. Esse aspecto € que servird de apoio ao aspecto quiliasmético que sublinharemos no fe- némeno revolucionrio, 2A recorréncia como modo de enfoque Assim, pois, a preocupagdo que temos de exibir todos os as- Dees se recorret&bibliografia que ele fornece nesse SCM, MAFRESOL, La technique chez Mars et Heidegger Strasbourg, 1907: como 0 faz 0 jogader, que 0 acaso é o lugar de uma se desvela, © que remete a certa espécie de quase lade cujo peso cumpre avaliar. Como no acaso, hii no aleat6rio da vida social uma inevitabilidade, um sentido que no par- ticipa de uma légica rac nagiio que a ideologia do progresso tema no € 0 de pura e simp! “uma ordem especifica, ordes a vontade ¢ a raziio dos individuos que a cla p danarureza” como no século XVII, Hegel, por exemplo, de “principio de realidade” ‘em Freud, da forga dus coisas nas observagées populares, revonkiecimento mais ou menos admitido de que hi realizagies que nto sii feitas de vontades precisas, de planificagies harmonizadas? 9G, SIMMEL, Mélanges de; 2, 153. Grifos ise dasse ema por N, ELIAS, La dynamique de !'Occidens, op + 206+ Alguns autores falam de “pré-intencionalidade”, nés mesmi veres, mas, no caso ainda, é 1g0 dado, entre a “pré-intencio- ie € entio compreendida como & destino que governa os deuses e nfo uma ci equivale a declarar que, se hé lencias regendo os fe- las ndo esto forgosamente & mercé de um apare- ho conceptual que pode ser til, mas longe esté de abranger total- mente a realidad. . Caberia, nesse sentido, voltar as 34 “utopia” da raziio ‘Somos pois, levados a reconhecer e a anal penhado pelo racionalismo no progressismo porte privilegiado: a burocracia, © papel desem- lental e no seu su- ‘analyse du sisteme et la dlfférene rend lav ‘Segundo a expresso de Engels, o esquema que resume a mar- cha do progresso € a passagem do reino da fatalidade a0 reino iberdade, © que equivale a dizer que € preciso passar da irracior sentido trio de que acabamos de falar, o processo da sociedade € planifica- do no interesse de todos. Estamos diante de sentimentos louvaveis, mas as boas intengdes, segundo o adigio popular, podem niio dar bom resultado, ¢, no caso, s80 numerosos os exemplos histéricos, jonizar a ‘status quo, mas ver de que modo as situagoes humanas so um misto de espetdculo ¢ de autenticidade, de aceita- a0 e de revolta, de banalidade ¢ de avent nculoda ambivaléncia, Re ‘mava de “bastidores da vida” ¢, em fungao dessa aposta, impor, se houver o poder para isso, as construgGes mais abstrtas ao caético desenvolvimento social. 1é sublinhamos anteriormente as ress cas miticas do esquema progressista; podemos agora dizer que elas ‘encontram, na utopia racionalista, um desenvolvimento significativo, ‘Com efeito, como 0 observa o tesrice € pr de Man, que foi, no 0 esquegamos, 0 pai do “planismo”, existe uma forma de utopia que & e confluéncia da a doutring cientifica que justifica essa crenga. caro éxito dos diversos programas de bem-estar social que cada época vé nascer sempre ¢ renovadamente. ‘A criaglo intelectual dos tedricos se apGia no que se pode cha- mar de libido de perfeigio para desenvolver, obrigar a admitir ou impor uma prospectiva que, em nome de um futuro radioso, impde ‘uma “economia” (no sentido simples do termo) du vida presente. E, ‘que “todo desejo eria a se pudermos reconhecer com H. de Man, M. HORKHEIMER, Les débuts de la philosophic ‘éno sentido em que a utopia racional do futuro se arigina na repressiio do desejo. P amente isso, como tentamos dizer em diversas ocasi dugio da utopia, essa visdo que projeta no futuro a realizagio d idgia amplamente difundid hos & reallizago de um mundo perteito e acabado, que, termo teol6gico, uma “eriagao continuada”, isto é uma acentuagio o presente ser que se procura e se vive igi- ca”, ¢ as representagde: glo da Felicidade, vindo bruscamente (rev (reformismo), existe a grande diferenca 4 cia, da necessidade que c: em viver” que se eristaliza nas ‘eque resume muito bem 0} tem, nesse sentido, com as repre: Futura, Pode-se dizer que esse meca to ocidental que, apés haver inaw = naturezafhist6rica, alma/compo, ~ pretencdem superar essas rupturas pela mediagao absol Equivale a dizer que, pela razio, © mundo € produzido de novo, ¢ (que €, nio 0 esquegamos, unidade dos contritios) ¢ usar ‘essa realidade como pretexto para recriar 0 mundo. E precisamente o que se pode depreender de Schiller, sabendo-se que, de resto, bo que ele concedia & ditadura do espirito na conduta di quando declara que tudo sociedades, <6 v espirito que constrsi 0 corpo”. "SCE T, MANN, Goethe et Tolsti. Paris, Payot, 1967 209+ De fato, pode-se dizer que, para fundar, enraizar, justificar 0 da criagao ou, tranha origem para produt Estranha origem que per forma burguesa, esse pensame re, quando sob a sua © 0 seu cume, cré algum modo, sob forma institucional da burocracia. Eeesse mecanismo, como vimos, que esté na origem desse cor po a servigo do Estado, a buroeracia, que, progressivamente, se tor- ensével & realeza que © instituiu até bani-le, Naquele mo- vel de derrubada e mudanga; & coisa quando o com, por um lado, & °™M. HORKHEIMER, The n elemento import ‘oconceito de teoria é, como observa Horkheimer, te a mola seereta que motiva o desejo de revolugdo ou o desejo Jo como € na origem do op relagiio co eT © seu emt amento, & maneira dos rituais ou iante de uma evidente pseudo- utura vem se instalar uma Encontra-se um eco distante dessa origem mi tude dos mais pagios dos papas e da alta hierarquia romana durante mento, cm particular, pela protegio que concedem a ou a artistas que nao hesitam em conjugar adorna. Fouriet, mais que ninguém, sem por isso alardcar a por toda a sua obra estigmatizou 2 que se adornam dos cientificidade para, de fato, passar ao lado dos abjetivos que s beleceram. © que ele chama, em diversas passagens, de * setia precisamente u braria no hesita em integrar 0 seu esforgo as experiéncias existenciais (Cf. aBrlebnis alem2), mesmo aquelas que apresentam fecunda opacida- de, As “fantésticas imaginagées” siio um exemplo do que & pretender regular porque elas a “hiper-raci lo, poi procede sempre pela indefinigio coerente." Bem diferente € 0 processo de abstragio do pensamento oci- dental, que nada tem de indefinido na acepgo mais ampia do termo, mas euja grande forga, 0 que const cia, € 0 seu empe- nho taxionémico, diseriminatério, Da maneira mais simples, elimi- esse esforgo tomna-se errante e trangtli- iando ao mesmo tempo a razio eo seu ultrapassamento, -DAUDRILLARD, L'Fylise cits p61 ADEROUT. Grif aonee. Une 1974, p. 62;em particular as ee "Sobre a “hiperracionalidad, ef. nossa abr, Ligica da dominacdo, op. cit que, la Renaissance, e protestantisme, op. wre inconnue de Fourier Pais, Ed, Anthcopos, 2126 1s elementos que restava levasse a reconhecer como tnicos existentes os ol jos. O que leva ateoria assim erdade absoluta e acabada; ass ponto de convergéncia entre ‘omiito € 0 cosmos redescrito, « raz80 inaugura 0 A pattir dai, podem-se destacar duas grandes categorias que m lado, a conviegao sociedades a um aprimorie do mundo e dos homens primitivos, vai cul jacio, o desejo de ade. Nesse segundo aspecto, deveri lo” que, oposto a vi weio sem objeto, numa palavra mo de instrumental racteriza o mundo ocidental. Poderta- -ar os exemplos hist6ricos e as andlise de Aristételes a Descartes, revelaram, pod Sico, esse método. Certamente, 0 eam dos fildsofos que, namento” do mundo pelo racionalisimo 's sua domindincia e a fecundidade nao deixam divida alguma, Na medida em que iniciagio do mundo moderno, as duas grandes teses de Descartes relativas a ciéncia, a saber, que ela (0 Se separ abso! * e que ela “vai sempre em crescente”,"” resumem bem essa idéia de progresso que € apenas ses de Max Weber, as maneiras de viver da so (Lebensidale) em todos os aspectos da sua existéncia permite, como se sabe, o desenvolvimento da produtividade do trabatho, porqu este é desembaracado da “sujeigao das limitagies or do homem”, apés haver submetido “os processos de produgo 0s dados da ciéncia”.* Nesse momento, conclui-se uma relago com a nnatureza se torna esse “objeto” a explorar, sob os melhores dos pre- textos, a remodelar, em suma, a recriar Se nos permitem, de maneira do critica, uma comparagdo tomada 3 hist6ria da arte, esse proceso ‘encontra o seu andlogo no desaparecimento, talvez com Albert Diirer (1471-1528), de uma tradig2o da pintura na qual os homens, a natu- reza, os diversos objetos so, no mesmo plano, elementos de um mesmo cosmos. Nio cabe no nosso propésito, nem é de nossa com peténcia, prosseguir nessa observagiio que mereceria longo desen- volvimento, Basta indicar que a representacao figurativa coincide bem, em muitos pontos, com 0 desenvol O certo é que essa nova relagao com a natureza que se instaura com 0 racionalismo tem por corolério a ruptura da orga! parudigma dessa situagio 6, bem entendido, o des: _ressivo da ruralidade ¢ 0 desenvolvimento do urbano, e, mais do ‘que isso, a hipertrofia de certas potencialidades humanas que 0 ropésito do racionalismo, em detrimento de outras, no mais per- captar a “correspondéncia dos mundos”, ¢ leva ao desaparec ‘mento das ressondincias que constituem a arquitetura do cosmos." ‘Além das duas categorias que nos permitem especificar 0 sirumentalizado, conyém indicar que o motor, a sua dindmica é o que Spengler chama de “postulado puramente faustiano endo geral ¢ humano”, a saber, o fato de reduzir todo qualificativo a lum aspecto mensurdvel. A tomada de posse da natureza e da socie- "°C. SOREL, Les Ulusions du progres. Rividee, IM, p. 38 "M, WEBER, L’érique provestante, op. cit, p. 808 88 ‘00° 42 dos Eranos Jairbuch: “Le monde des corespondences", © em p cular o antigo de G. DURAND, “Simalitude hermdtique ct science de homme” Leider 1975, 214+ pela “medida” € a tendéncia fundamental da tradigo ocidh vimos que papel essa tendéncia desempenha na racional iho por meio da sua organizagao cientfica; trata-se, no caso, da ‘ago do postulado de que fatamos e que, de fato, se estende a0 10 do dado mundano, Assim, dus ciéneias ‘do tem por fungdo “quantificar mnte, de desen' natureza &s ciéneias socials, todo estu- objetos que enfoca. Nao se trata Iver esse aspecto, mas, quando se € conhecendo-se as conseqtiéncias desse pressuposto, yginar a imporidncia do problema. Essa apreensdo do dado pela medida 6, aliés, muito bem resumida por um dos representantes do pensamento eritico burgués, Emanuel Kant, quando afirma que, verdadeira na medida em que redutivel matematica”."” ‘Tomada de posse do cosmos, valorizagio da medida, diseri- minagao € taxionomia, mecanizagio € dramatizagio da existéncia, cis precisamente os elementos que verificamos nos diversos setores du vida social, da arte & ciéneia, do trabalho manufaturado & vida quotidiana, Tudo se torna quantificavel porque mais facilmente manipulivel, classificével, descartando-se a redundancia eo figura- ngindo-nos, como veremos mais adiante, a evidéncia € a0 tureza e da sociedade win sistema com um cen- , 0 que permite ¢ justifica a existéncia de leis que , da organicidade, a cigncia faustiana permite a sagem & organizagio, como o vimos anteriormente, no nivel polt- “0, 0 ordenamento transforma-se em ordem. 2 cvolugiio nao escapou absolutamente a esse competente, historiador que ¢ Karl Marx, quando analisava de que modo 0 “ma- ceoncreto, se faz. da am, com efeito, da ciéncia faustiana que se siveis da vida social, mas es- quece 05 microscépicos vineulos que permitem a ess: manifestarem, A énfase no macroscépico nao permite tessi ia simplicidade, co eficaz instrumento de dominagéo, O trabalho de construgio mate- mitica que se tomou, nessa perspectiva, o pensamento, remete 20 que Husserl chamava de “um sistema de proposigées fechado em si®, proposigdes ligadas entre si mente! & que serve de fundamento ao progresso, sua missio, de certo modo, é “fabricar a je mesma que ela procura”,”” nao o é a partir de recurs para dar 20 fato, de”, sua super-realidade, porque, como o veri ‘nd, sim, outro mundo, mas este”, € € precis te reconhecer 0 esqu de uma razio outros termos, mostrar a limitagdo de uma enquanto se sublinha sua fecundidade punctual em certo domi set Hicido, € reconhecer o dado & muito mais rieo do que aqui fe ver, € sobretudo af io se pode reduzir o aperfeigoamento individual e social a ide- ologia do progresso. Pod por conseguinte, a critica do progresso, aparece cxatamente qua se mede ao cabo de certa dominagio racionalista e progressista los adquitidos sia poucos em comparagio com o estado de destruisao social e individual que disso resa observar q E, HUSSERL, ctado cit. p17, Em G, FRIEDMANN, La erise du progres 0p. cit, p- 46. eet + 216+ € 19 progresso, e ve nente, como v wiante, a mesma tendéncia apds algumas décadas de preg essa outra fo 11 de dominagio de um saber positivista ¢ ecot pensamento, hece a fecundidade na busca do invish ses, reagdio certamente legitit 1a teologia e de uma n a profunagdo da especulacdo chega, 0 social J. Habermas, a est ie ‘do eonhecimento com o interesse, 20 mesmo tempo que no cam po do social o que € procurad honra, mas a filicidade. Eis precisamente o resultado 4 dindntica social no interesse ena fe antropocéntricos que so © lucro, o poder, 0 desejo, 0 con em oposigao a tudo 0 q estruturagio do a reversio, em suma, a fluide7 da segundo a expresso do wrde nove a Jjustamente a situagio), 0 objeto a explor: dom cas da obj pois, de hase "o-que se vé € se dat de ce bem as caracterf A objetividade ira ser objetivo é 0 que “existe ‘matéria que permitiré 20 homem d criador-reformador. Vimos antes do servigo piiblico um impulso, um entusiasmo que niio deixam de lembrar os diversos relatos 1 ie exibem a génese do mundo. Por fim, fembremo-lo sucintamente, porque jé nos referimos a isso, em diversas passagens, a evidéncia e essa objet ia do progresso que serve de fundamento a todo imperialismo, etnocent do progresso e, por outro lado, a “pen ‘que 0 racionalismo crescente acarr 108 a certos exemplos histéricos que foram a culminagio desse ditoma, 86 se pode constatar que foi por um d que ele resolveu. Com efeito, seja na URSS com Si paisde alta! 1¢ €a Alemanha com Hitler, estamos diante no, ‘de um movimento dle irracionalidade, mesmo que isto ou aquile se- , OU esse uasch?”, Frankfurt, 1969, 7, ADORNO, Stich ori "Aufl Prage: Was de J. HABERMAS, 1974, p. 31 es inado todos os arcai penumbrosas valores (trabalho, ficdcia, dor do raeionalismo, Do mesmo modo, se considerarmos contemporiinea como terceiro exemplo, podemos observar agiio generalizada, ole social bem integrado ci ago ¢ de programagio da fel be aqui desenvolver extensamente tudo 0 qu racteriza a barbaric maior, porque rai sociedade contemporinea. Basta dec a, perda de Jo dos tecnocrat ‘80 passo caden ibuir a certo partido py (odo pressupos do dado social conduzine- 0. Se, na tradigio oci- dental, Deus est morto, é precisamente por haver matado todos os demais deuses. O engragado no caso, se tanto se pode dizer da situa- ‘Ho, € que a monopolizagio em pauta pode ser, a qualquer momento 1m desenvolvimento dessa questo, ‘da dominacao, rvagies de 8. DEBOUT, Grif au nes, op. cits PULL mos ao eaprtulo VII do nosso +2196 a porel mas que, A maneira de um do, podem travé-lo total- nga, sob toclas as sejo algum, retorna em for De fato, o positivismo do progresso ignora, e esti asua forga, a espessura qualitativa do dado ns ses de interdependéncia. Esse busea do simbélico que tenta d jade d Aprol mos agora observar que oes tivo quando nio admite que as coi azo; isto porque esse esforgo s6 conhece problemas e nfo segre- " © que ndo significa dizer, como 0 constata com muita ra7i0 apologia do segredo, se o segredo for admitido, do a pluridimensionalidade das coisas ¢ porque agula a busca e par- com isso, dessa E naturalmente di outros que no os da “fi rmaneira de uma feaomenologi Sem, sem pretender, com certes mplicagdes, Essa mode ” 9s elementos que a com- ‘esyotar a sua arquitetura e todas assu br mente reinvidicada por aqueles que reconhecem a riqueza do vivido social. Quando Ernest Bloc! te obscuro” ou quando 1G. DURAND, a seu objetive ‘uma eitiea do pro- Bresso. Georges Sorel declara que “a ira @ ungistia que esses instintos, essa limento provocam, que foram paulatinamente que, no entanto, corroem sempre cada indi tamente também a consciénei fduo e cer- pre ¢ é uma critica em ato de pret do racionalismo e do progresso, Diante de uma légica ab: mente parcial, inclusive te6ticas, de. imeras $30 as tent 10 fogo da paix, 8 des. Sob fory sgresso resi etc.), tudo poderia 9 de uma ident ssamento do dogmatismo do racionalisma ‘a do progresso. Esse ulirapassamento & sobremodo tos outros) na crise "J, BAUDRILLARD, pw epistemologica cujos reveladores foram a sociologia de Max Weber ead Escola de Frankfurt e que atacam violentamenteo tiunfalismo do progressismo ocidental. para no dizer mais, que caracteriza a assumir consciéneia da sua origem. A maneira do aprendiz de feiticeiro que desencadeou os elementos que niio mais pode con wstia diante do futu- 1 de que jf falamos ¢ sentida cada vez mais como resultante do fanatismo desse progresso do qual tanto se esperou. O que G. Durand chama de “a boa consciéncia epistemolégica do Ocidente”, 2 boa consciéneia da cigncia faustiana, tende a se desestruturar. Nio cabe mais se admirar disso, como se pode ver 0 fendmeno de recorréncia atuar para a revolugdo ou para o progeesso, © se pode também observé-lo no empenho de captar de novo a organicidade do mundo ap6s os perfodos em que a eritica dominoy. imilinude hermétique", in Eranos Jah weaves”. 1973, p. 431-432, +226 capitulo iv Totalitarismo e indiferenca “Thomas Mann 1. Da ORGANICIDADE AO INDIVIDUALASMO! Continuando nossa reflexdo sobre a ideologia do progresso, pode-se dar énfase a seu resultado, ou mais exatamente ds suas con estrutucais, visto no aos ‘Tomamos o impulso i vei de L. Dumont, que v8 no igu juarmos numa perspectiva eroné 1. do nosso trabalho nas obras nota smo “um dos valores cardeais relagbe, © que pod rmeer 20 lidariedade ongintea & poss personalidade individual se perde, € absorvida no @ mals previsamente p, 10) de que sejao carser“Inconsciente” da orgunicidade traicio I tipo modemo” > Parece, de fato, que as gran- izam, de modo mais (o que de nossas sociedad des estruturagdes sociais que conhecemos ent |, © que produz o individ ads que concedem supremac’ 1a 20 cabo do longo processo de individualiza controle social sob formas diversas, qu mposigao, pela planificagao, pela repressio, ou, de manei ne cago, numa ela assepsia da existéncia lismo e de sua compe nteressat- a vee mais acentua- o da violéncia sanguindria quotidian e da indiferencingo generalizada que prevalece no nosso modo de vida. Nao se trata, pois, de um fendmeno banal, 0 que a utilizado difumdidla do termo “indi Para bem definiresse individualism e s digo ocidental, convém esclarecer, segundo uma obtigagao de L. Dumont, do das relagdes do homem com as i te, essa Enfase € que dé orige ide distinta, Com efeito, aso, depois do campo do politic plo do termo, e mesmo, com os seus primeiros teGricos, da moral, até idariedade orginica peculiar as comunidades lizagdes (por exemy canisino, a si ‘ou a outros tipas de ci °L, DUMONT, Homo aequalis, op. cit, p. 82€ 201, +24e mugulmano) é rompida e permitiré a atomizagio do individuo, 6, 8 justificagdo de direito, a hipdstase do individuo empitico, i por cor Esse processo € 0 exato oposto do coletivo ou da troca simbé- lica de que as sociedades primitivas servem de paradigma, ¢ cujo ponto nodal é a relagiio dos homens entre exo, mas se trata de uma circulagio, no sentido forte do termo, que ado detida por nada que niio tem tempo de acumular, © que se contabiliza unicamente numa preocupaciio de desati harmonia ou no contlito, o gue importa acima d coisas, ¢ re E através de os homens. E 0 mecanismo do dom ¢ do contradom, aque, de maneira mais ou menos promunciada, permite uma roca sem fim, e que verificumos do México is fndias passando pelo mundo érabe, O que essa toca fundamentalmentesublinha é antes de tudo a iterdependéncia que especifica 0 conjunto da estraturagdo social Assim o poder, o sacro, ic existéncia distinta dela. Estamos diante de um “siste- ma”, no sentido dado por L. Dumont a esse termo, a propdsito da sociedade de castas da Tadia, a saber, um todo 0 vpalizante, no qual cada um, segundo as suas parti especificidades , um pouco & maneira do que s Demos das sociedades aldeds, ¢ “por destinagdo senhor e servidor".* Trata-se de alguma forma de uma arquitetura complexa s 410 mesmo tempo, as fungdes e as paixdes, e onde mente do dominio coletivo (e inconsciente) do tempo ¢ do espago. Com efeito, nu

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