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Nossa comida ainda o feijo nordestino produzido pela agricultura de sequeiro do semirido. Isto mesmo, at
na seca ele brota. No pode faltar a farinha, embora esteja carssima para um alimento to bsico de nossa dieta
cotidiana. A carne de cabrito, ovelha famoso bode ou galinha que vem das caatingas, sem antibitico,
hormnio, ou outras mgicas do crescimento rpido. O peixe no o de granja, a base da rao purina, mas
ainda o do So Francisco, to dilapidado pelo agro e hidronegcio. Sem falar que nossas verduras vem das
hortas comunitrias, uma grande criao de tantas associaes de bairros e periferias.
Sim, infelizmente estamos deixando de comer cuscuz, simplesmente porque agora nas embalagens da massa de
milho vem o t de transgnico. A no d.
O agronegcio produz muita riqueza. verdade. Aqui, nas feiras de agricultura irrigada, tem muito trator,
implemento agrcola, tendas de venenos, outros insumos qumicos e uma ou outra caixa de fruta, que um ex-
secretrio de agricultura de Juazeiro chamava de frutas obesas, por ter puramente gua e nitrognio. Se
falarmos ainda no PIB do agronegcio precisamos lembrar os avies para jogar veneno nas plantas, mas
tambm nas guas e pessoas. Claro, cada avio precisa de um piloto. Ainda no existe o drone do veneno, mas
est a uma sugesto.
Quando o pessoal que frequenta a feira da irrigao tem fome, eles vo ao boddromo em Petrolina. Ali tem
todo tipo de carne de ovelha e cabrito, com uma macaxeira frita, um feijo tipicamente temperado. uma festa.
Portanto, se o agronegcio se extinguir, juro que no morreremos de fome e, talvez, a gente nem saiba que ele
morreu. Mas, se tirarem nossos pescadores, nossos criadores de bode, nossos plantadores de feijo, nossos
cultivadores de mandioca, nossos cultivadores de hortas nas periferias, a te garanto que o desastre completo.
Portanto, bom proveito para quem gosta do cardpio do agronegcio. Afinal, tem gosto pra tudo.