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LUCRO REAL
8.1. PESSOAS JURÍDICAS OBRIGADAS AO LUCRO REAL
Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas
(Lei n° 9.718/98, art. 14, e Lei n° 10.637/02, art. 46):
I - cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de
R$ 48.000.000,00, ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a
doze meses;
II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores
mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de
capitalização e entidades de previdência privada aberta;
III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à
isenção ou redução do imposto;
V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de
estimativa, na forma do art. 2º da Lei nº 9.430, de 1996;
VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria
creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a
pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a
prazo ou de prestação de serviços (factoring).
As pessoas jurídicas de que tratam os incisos I, III, IV e V, excepcionalmente, poderão
optar, durante o período em que estiverem submetidas ao Programa de Recuperação Fiscal - REFIS,
pelo regime de tributação com base no lucro presumido (Lei n° 9.964/00).
As pessoas jurídicas não enquadradas nos incisos I a VI poderão também apurar seus
resultados tributáveis com base no lucro real.
COMENTÁRIO
O Ato Declaratório Interpretativo nº 5, de 31 de outubro de 2001, estabeleceu que a pessoa jurídica que houver
pago o imposto com base no lucro presumido e que, em relação ao mesmo ano-calendário, incorrer em situação de
obrigatoriedade de apuração pelo lucro real por ter auferido lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior,
deverá apurar o imposto sobre a renda de pessoa jurídica (IRPJ) e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) sob o
regime de apuração pelo lucro real trimestral a partir, inclusive, do trimestre da ocorrência do fato.
Segundo a Lei, lucro real é o lucro líquido do período de apuração, ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pelo Regulamento (Decreto-Lei n° 1.598/77, art.
6°).
A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de
apuração com observância das disposições das leis comerciais (Lei nº 8.981/95, art. 37, § 1º).
Os valores que, por competirem a outro período de apuração, forem, para efeito de
determinação do lucro real adicionados ao lucro líquido do período de apuração, ou dele excluídos,
serão, na determinação do lucro real do período de apuração competente, excluídos do lucro líquido ou
a ele adicionados, respectivamente, observado o disposto no parágrafo seguinte (Decreto-Lei n°
1.598/77, art. 6°, § 4°).
A atualização dos valores referidos no parágrafo anterior será efetuada tomando-se por base
o valor da UFIR vigente em 1° de janeiro de 1996 – R$ 0,8287 (Lei n° 9.249/95, art. 6°, parágrafo
único).
COMENTÁRIO
Conceito de Lucro Real
Lucro Real é o lucro líquido do exercício, antes da provisão para o Imposto de Renda e após a provisão para a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, já deduzidas, também, as participações estatutárias nos lucros, ajustado pelas
adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por lei.
O imposto devido em cada período será calculado mediante a aplicação da alíquota de 15% sobre a base de
cálculo, isto é, o lucro real. Ainda, a parcela do lucro real que exceder ao resultado da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo
número dos meses do respectivo período de apuração sujeita-se à incidência do adicional de 10%. Cabe referir que a
apuração do imposto, no caso, é idêntica à apuração do IR pela sistemática do lucro presumido e arbitrado, vistas
anteriormente. Portanto, o que difere, fundamentalmente, é a metodologia de apuração da base de cálculo.
A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período-base com
observância das disposições das leis comerciais e fiscais.
O lucro líquido do exercício referido no conceito acima é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados
não operacionais e das participações, e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial. Portanto, o
lucro líquido é aquele definido no art. 191, da Lei nº 6.404/76, porém, sem as deduções do art. 189 (prejuízos contábeis
acumulados e provisão para o imposto sobre a renda).
Ainda, é de se ressaltar, que a provisão para a Contribuição Social sobre o Lucro, a partir da Lei 9.316/97, em
vigor a partir de 1º de janeiro de 1997, não é mais dedutível para fins de Lucro Real, devendo ser adicionada. Até 1996 ela
era dedutível.
Consideremos uma empresa que apresenta os seguintes valores ao final de determinado período-base
(trimestral):
a) lucro líquido após a contribuição social e antes do imposto de renda - R$ 100.000,00;
b) despesas operacionais contabilizadas e não aceitas pela legislação do imposto de renda e da contribuição
social sobre o lucro líquido como redutoras das correspondentes bases de cálculo - R$ 20.000,00;
c) resultados computados no lucro líquido, porém, passíveis de diferimento em razão da legislação fiscal - R$
5.000,00;
d) parcela do lucro contábil de período-base anterior, diferido para fins fiscais, naquela época, agora tributável
em função do desaparecimento das razões que justificaram, sob a ótica fiscal, o diferimento - R$ 8.000,00;
e) receitas operacionais contabilizadas, porém, segundo a legislação fiscal, não tributáveis - R$ 10.000,00;
f) prejuízo fiscal de período-base anterior, passível de compensação nos termos e limites vigentes - R$
200.000,00;
g) provisão da contribuição social sobre o lucro líquido (não computada no valor informado na letra “b”) - RS
6.000,00.
Contas Valores em R$
Lucro líquido do exercício antes do IR e após CS 100.000,00 (1)
Adições (+) 34.000,00 (2)
Exclusões (-) 15.000,00 (3)
Subtotal (result. Fiscal antes comp. Prejuízo) (=) 119.000,00 (4)
Compensação de prejuízos (-) 35.700,00 (5)
Lucro Real do trimestre (=) 83.300,00 (6)
Provisão para Imposto de Renda (=) 14.825,00 (7)
A análise destas adições tem grande relevância na auditoria fiscal concernente ao lucro real.
É muito abrangente e exige estudos sob os mais diversos enfoques. Assim, uma criteriosa análise das
despesas contabilizadas, classificando-as em dedutíveis ou indedutíveis, é um dos pilares centrais do
trabalho do Auditor.
Neste viés, um emaranhado de normas e regras define dezenas de situações que indicam,
individualmente, o tratamento fiscal de cada despesa. Adiante abordaremos estas regras, enfocando,
especialmente, as despesas que não se enquadram completamente na regra geral de dedutibilidade e
que, ao mesmo tempo, ocorrem com relativa freqüência.
Segundo a Lei, na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período
de apuração (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 6°, § 2°):
I - os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores
deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, não sejam
dedutíveis na determinação do lucro real;
II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração
do lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, devam ser computados na
determinação do lucro real.
COMENTÁRIO
Conforme já visto, a determinação da base real exige demonstrações financeiras, ajustando-se o lucro líquido
apurado no Demonstrativo de Resultados, após a provisão para a CSLL e antes da provisão para o IR, pelas adições,
exclusões e compensações previstas na legislação.
As adições, fundamentalmente, são representadas por despesas contabilizadas e indedutíveis para a apuração do
Lucro Real; a tributação de resultados contábeis, anteriormente diferidos, também ensejam adições.
Assim, uma empresa que apurou um lucro contábil de R$ 100.000,00, mas contabilizou despesas não aceitas
como redutoras para fins fiscais, de R$ 20.000,00, deverá ajustar o lucro contábil, via LALUR, uma vez que este lucro não
pode e não deve ser alterado contabilmente. Desta forma, procede-se a adição ao lucro contábil, de R$ 20.000,00, na Parte
“A” do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), o que produz, na prática, um efeito de anulação da despesa
contabilizada. Este ajuste mantém o lucro contábil em R$ 100.000,00, porém, para fins fiscais o aumentará para R$
120.000,00, valor equivalente ao que representaria o lucro contábil, caso não tivessem sido contabilizadas as despesas não
dedutíveis.
É de notar que não há, neste caso, nenhuma necessidade de controle a ser efetuado na Parte “B” do LALUR,
pois a despesa é indedutível. O controle, na Parte “B” do LALUR, far-se-ia necessário se a dedutibilidade fosse vinculada a
um evento futuro, como, por exemplo, despesas com a constituição de provisões, que são dedutíveis apenas quando o fato
provisionado ocorrer. Nesta última hipótese, a despesa seria adicionada e anotada na Parte “B” do LALUR, para ser
excluída, quando efetivamente a perda provisionada se materializasse.
Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados
ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do ano-
calendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil (art. 1° , da Lei n° 9.532/97 e
MP 2.158-34).
Neste sentido a lei autoriza que, na determinação do Lucro Real, poderão ser excluídos do
lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 6°, § 3º):
I - os valores cuja dedução seja autorizada pelo Regulamento e que não tenham sido
computados na apuração do lucro líquido do período de apuração;
II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do
lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, não sejam computados no lucro real.
COMENTÁRIO
As exclusões, em parte, são representadas pelas receitas não tributáveis, contabilizadas; excluem-se, também,
os valores cuja tributação pode ser diferida, entre outras.
Por exemplo, uma empresa que apurou um lucro contábil de R$ 200.000,00, mas contabilizou receitas não
tributáveis para fins fiscais, de R$ 50.000,00, poderá ajustar o lucro contábil, via LALUR, uma vez que este lucro não pode
e não deve ser alterado contabilmente. Desta forma procede-se a exclusão ao lucro contábil, de R$ 50.000,00, na Parte “A”
do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), o que produz, na prática, um efeito de anulação da receita contabilizada.
Este ajuste mantém o lucro contábil em R$ 200.000,00, porém, para fins fiscais diminuirá para R$ 150.000,00, valor
equivalente ao que representaria o lucro contábil, caso não tivessem sido contabilizadas as receitas não tributáveis.
Ressalte-se que não há, neste caso, necessidade de controle na Parte “B” do LALUR, pois a receita é isenta de
tributação. O controle na Parte “B” far-se-ia necessário se o valor correspondesse a uma receita diferida ou a uma parcela do
lucro com tributação adiada para um período futuro, a exemplo de um lucro na venda de bens do permanente para
recebimento do todo ou em parte após o término do exercício social seguinte. Nesta última hipótese, o lucro diferido seria
excluído num primeiro período e anotado na Parte “B” do LALUR, para ser adicionado quando do efetivo recebimento das
parcelas pela venda do bem.
O disposto neste item não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso,
multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto
em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 6°, § 7°, e
Lei n° 1.967/82, art. 16).
COMENTÁRIO
Segundo o princípio da competência, as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do
período em que ocorrerem, sempre simultaneamente, quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou
pagamento. O Princípio da Competência determina em que data as alterações, no ativo ou no passivo, resultam em aumento
ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo, ainda, diretrizes para classificação das mutações patrimoniais
resultantes da observância do princípio da oportunidade.
O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao
período em que ocorrer sua geração.
A inexatidão referida só tem relevância quando dela resulte prejuízo para o Fisco, traduzido em redução ou
postergação do pagamento do imposto (PN Cosit n° 02, de 28/8/96, DOU 29/8/96).
O assunto em tela tornou-se extremamente relevante no momento em que os períodos-base de apuração foram
reduzidos, de anual para mensal ou trimestral. Ainda, o prejuízo fiscal tem relação com a desobediência ao regime de
competência, podendo reverter a regra geral, invertendo a vantagem ou desvantagem em razão da antecipação ou
postergação exposta no parágrafo precedente.
A título de ilustração comentaremos situações relativas ao descumprimento do regime de competência,
destacando os efeitos sobre o resultado fiscal anual.
Feito este esclarecimento, e para relembrar, os ajustes do lucro líquido, para fins de apuração
do lucro real, de forma ampla, são apenas três: as adições, as exclusões e as compensações, pois:
Lucro Líquido
(+) Adições
(-) Exclusões
(-) Compensações
(=) Lucro Real
Dentro do simples conceito de lucro real, vale repisar, temos grupos de contas extremamente
complexos, que merecem ser estudados de forma isolada, fora, portanto, do simples conceito de
“adição” ou “exclusão”.
Inicialmente, neste capítulo, serão analisados os principais subtotais que são informados pelo
DRE, explicando-se sua importância em relação ao Lucro Real.
O Lucro Líquido, conhecido sob a ótica contábil, merece, ainda, no presente módulo algumas
considerações, em vista de pontos específicos, divergentes com as regras fiscais. Além do mais, os
principais subtotais do Demonstrativo de Resultados do Exercício também requerem aqui breves
considerações.
A Receita Bruta, pela sua vital importância na apuração do resultado, também será analisada
brevemente em item apartado.
O Custo de Bens e Serviços Vendidos, também será estudado aqui de forma um pouco mais
ampla, destacando-se, evidentemente, os aspectos fiscais, pois as questões contábeis já foram matéria
objeto da primeira etapa.
Do ponto de vista leigo, e simplista, podemos dizer que o lucro (ou prejuízo) líquido (ou
lucro ou prejuízo contábil) nada mais é do que a diferença entre as receitas contabilizadas, deduzidas as
despesas contabilizadas.
Nesta mesma linha de raciocínio, os ajustes ao lucro líquido (adições e exclusões) são
mecanismos que anulam, respectivamente, os efeitos das despesas não aceitas como redutoras do
resultado fiscal (lucro ou prejuízo real) ou as receitas não passíveis de tributação.
Ainda, na esteira deste pensamento elementar, podemos dizer que o resultado contábil será
igual ao resultado fiscal, caso todas as receitas contabilizadas sejam tributáveis e todas as despesas
contabilizadas sejam dedutíveis. Evidentemente, na hipótese formulada, deixamos de lado os incentivos
e benefícios fiscais e a compensação de prejuízos de anos anteriores.
Num linguajar mais técnico, conceitualmente, para fins fiscais, o lucro líquido do período de
apuração é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações,
e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial e fiscal (Decreto-Lei n°
1.598/77, art. 6°, § 1°, e Lei n° 7.450/85, art. 18, e Lei n° 9.249/95, art. 4°).
Há, dentro do DRE, outros subtotais, também importantes sob a ótica fiscal, os quais serão
comentados nos subitens seguintes.
Conforme a Lei, será classificado como lucro operacional o resultado das atividades,
principais ou acessórias, que constituam objeto da pessoa jurídica (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 11).
O lucro bruto corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços e o custo
dos bens e serviços vendidos (Lei n° 6.404/76, art. 187, inciso II).
Para relembrar, a receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das
vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre
vendas (Decreto-Lei n° 1 598/77, art. l2 § 1°).
COMENTÁRIO
Vimos que a receita líquida de vendas e serviços corresponde à receita bruta diminuída das vendas de
mercadorias ou serviços cancelados, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas.
Vendas canceladas correspondem à anulação de valores registrados como receita bruta de vendas e serviços.
Descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de venda, quando constarem da nota fiscal de venda
dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos.
Impostos incidentes sobre as vendas são os impostos que guardam proporcionalidade com o preço da venda ou
dos serviços, mesmo que o respectivo montante integre a base de cálculo, tais como o ICMS, o ISS, o imposto de
exportação, etc., bem como taxas que guardam proporcionalidade com o preço de venda, e ainda a COFINS, a contribuição
para o PIS e a quota de contribuição, ou retenção cambial, devida na exportação. O IPI e o ICMS, pagos na condição de
contribuinte substituto, não devem ser incluídos neste item, pois já estarão excluídos da receita bruta. Da mesma forma não
devem ser computadas as contribuições para o PIS e COFINS calculadas sobre valores que não integrem o lucro bruto.
Ainda, é bom recordar que a receita obtida pelas empresas de factoring, representada pela
diferença entre a quantia expressa no título de crédito adquirido e o valor pago, deverá ser reconhecida,
para efeito de apuração do lucro líquido do período-base, na data da operação.
COMENTÁRIO
A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e
o preço dos serviços prestados. Integra a receita bruta o resultado auferido nas operações de conta alheia (comissões pela
intermediação de negócios).
Tem gerado muita confusão o conceito de receita bruta consignado no art. 31 da Lei n° 8.981/95:
“Art. 31. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de
conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia.
Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem as vendas canceladas, os descontos incondicionais
concedidos e os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante dos quais o vendedor
dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário”.
O conceito expresso na citada Lei deve ser considerado apenas para fins de estimativa sobre a receita bruta,
lucro presumido, lucro arbitrado e SIMPLES. No que respeita ao lucro real, utiliza-se o conceito de receita bruta contábil,
consagrado na legislação comercial e fiscal (Lei n° 6.404/76, art. 187 e DL n° 1.598/77, art. 12 e art. 226 do RIR/94).
Ainda, é bom destacar o conceito de Receita Bruta da Lei n° 9.718/98, art. 2° e 3°, aplicável apenas à apuração
do PIS/PASEP e COFINS; nessa lei, a Receita Bruta equivale à totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo
irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.
Em vista disto, sempre é recomendável uma especial atenção na análise das operações
realizadas pela empresa com seus sócios, principalmente as contas de empréstimos.
Considerando que a Lei admite a contraprova, ou seja, ante a hipótese de que o empréstimo
realmente tenha ocorrido, é sempre recomendável intimar-se a empresa e o sócio mutuante para que
comprovem a efetividade do empréstimo. Esta comprovação será aceita quando ficar claramente
comprovada a origem do recurso e sua contabilização. É bom lembrar que muitas vezes a resposta à
intimação em tela diz simplesmente que a transação foi feita em moeda. Esta resposta,
desacompanhada de qualquer outra prova, não é suficiente para afastar a presunção.
COMENTÁRIO
Os suprimentos de caixa, efetuados por diretores, administradores ou sócios, devem ter sua origem
cuidadosamente preservada na contabilidade da empresa para evitar que sejam caracterizados como recursos originados do
“caixa dois”, pressuposto de omissão de receita. A jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes, referendada pela
Câmara Superior de Recursos Fiscais, é firme no sentido de que a comprovação da entrega do numerário à pessoa jurídica,
bem como de que sua origem é externa aos recursos desta, são requisitos cumulativos e indissociáveis, cujo atendimento é
ônus do sujeito passivo. Só a ocorrência concomitante dessas condições será capaz de elidir a presunção legal de omissão de
receitas. Portanto, devem ser comprovados, com documentação hábil e idônea, coincidente em valores e datas, os
suprimentos feitos à pessoa jurídica, considerando-se insuficiente para elidir a presunção de omissão de receitas a simples
prova da capacidade financeira do supridor.
Considera-se receita omitida, nesse caso, o valor resultante da multiplicação das diferenças
de quantidade de produtos ou de matérias-primas e produtos intermediários pelos respectivos preços
médios de venda ou de compra, conforme o caso, em cada período de apuração abrangido pelo
levantamento (Lei n° 9.430/96, art. 41, § 2°).
Os critérios de apuração de receita omitida de que trata este item aplicam-se, também, às
empresas comerciais, relativamente às mercadorias adquiridas para revenda (Lei n° 9.430/96,
art. 41, § 3°).
Para finalizar, cabe ressaltar que o Auditor deve tomar cuidados para não computar mais do
que uma vez a mesma duplicata, pois esta poderá constar como pendente em mais de um balanço.
O valor das receitas ou dos rendimentos omitidos será considerado auferido ou recebido no
mês do crédito efetuado pela instituição financeira (Lei n° 9.430/96, art. 42, § 1°).
Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na
base de cálculo do imposto a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação específica
previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos (Lei n° 9.430/96, art. 42, § 2°).
Por fim, resta dizer que as receitas omitidas são consideradas lucros automaticamente
distribuídos aos sócios, portanto isentas de tributação a partir de 1996.
A questão fiscal mais relevante, quando falamos em auditoria fiscal de custos, é a parte que
diz respeito à avaliação do estoque final.
O subdimensionamento dos estoques finais faz com que a empresa leve para resultados
valores que deveria reter no ativo circulante, prejudicando o fisco pela antecipação de custos.
De outra parte, quando a empresa superavalia seus estoques finais, estará retendo no ativo
valores que já poderia levar para custos, postergando, portanto, custos, normalmente resultando em
prejuízo da própria empresa.
O custo das mercadorias revendidas e das matérias-primas utilizadas será determinado com base em registro
permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro Inventário, no fim do período. O custo
de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do
contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação, exceto os não cumulativos.
O custo em empresas comerciais, isto é, empresas que nada transformam, mas apenas adquirem mercadorias
para a revenda, é muito simples e é dado pela seguinte fórmula:
CMV = EI + C - EF onde,
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas;
EI = Estoque Inicial das Mercadorias para revenda;
C = Compras de Mercadorias para a revenda;
EF = Estoque Final das Mercadorias para revenda.
Uma das formas mais comuns de postergação de lucros, e conseqüentemente do Imposto de Renda e da
Contribuição Social, é a subavaliação dos estoques finais na elaboração dos balanços. Por outro lado a superavaliação
antecipa lucros e antecipa, em decorrência, os tributos e contribuições incidentes sobre o lucro.
A subavaliação dos estoques aumenta o custo das mercadorias vendidas (CMV) e diminui o lucro. A
superavaliação dos estoques diminui o custo das mercadorias vendidas e aumenta o lucro.
A legislação do Imposto de Renda não admite o método de avaliação de estoques “LIFO” (UEPS) em razão do
acima exposto, pois este método pressupõe permanecerem no estoque final as aquisições mais antigas, uma vez que
determina sejam consideradas vendidas aquelas entradas mais recentemente (última que entra, primeira que sai). Assim, em
economias inflacionárias, o estoque final vai estar subavaliado, se comparado com outros métodos. E como já dissemos, a
subavaliação de estoques eleva o custo, que por sua vez diminui o lucro e também o imposto de renda.
Os efeitos da diferença na avaliação de estoques serão demonstrados pelo seguinte exemplo: uma empresa,
apresentou um estoque inicial de mercadorias de R$ 100.000,00; comprou, no decorrer do período, mercadorias no valor de
R$ 1.200.000,00; seu estoque final, se corretamente avaliado, seria de R$ 200.000,00. As vendas somaram R$ 1.950.000,00.
Assim teremos:
CMV = EI + C - EF
CMV = 100.000,00 + 1.200.000,00 - 200.000,00
CMV = 1.100.000,00
Lucro Bruto = Vendas - CMV
Lucro Bruto = 1.950.000,00 - 1.100.000,00
Lucro Bruto = 850.000,00
Supondo, agora, que a empresa errou na apuração do estoque final, estimando-o em R$ 280.000,00, portanto,
superavaliado, teremos o seguinte lucro:
CMV = EI + C - EF
CMV = 100.000,00 + 1.200.000,00 - 280.000,00
CMV = 1.020.000,00
Lucro Bruto = Vendas - CMV
Lucro Bruto = 1.950.000,00 - 1.020.000,00
Lucro Bruto = 930.000,00
Portanto, o lucro aumentou em exatos R$ 80.000,00, valor idêntico ao da superavaliação.
Se, por outro lado, houver uma subavaliação do estoque final, digamos que este foi avaliado em R$ 130.000,00,
veremos que esta diminuição, de R$ 70.000,00, refletir-se-á sobre lucro.
CMV = EI + C - EF
CMV = 100.000,00 + 1.200.000,00 - 130.000,00
CMV = 1.170.000,00
Lucro Bruto = Vendas - CMV
Lucro Bruto = 1.950.000,00 - 1.170.000,00
Lucro Bruto = 780.000,00.
Considerando que o estoque final de hoje será o estoque inicial do próximo período, é elementar a conclusão de
que a alteração do lucro num primeiro momento será anulada por ocasião da apuração imediatamente posterior. Portanto, é
ilusória a vantagem fiscal que aparentemente se obtém fraudando o estoque final, mediante subavaliação. Apenas ocorre
uma postergação do imposto de renda.
COMENTÁRIO
Os sistemas de custos em empresas industriais são mais complexos se comparados aos das mercadorias, em
função dos diversos itens de custos agregados ao produto nas diversas fases do processo de transformação. De maneira
simplificada podemos expressar a composição do custo dos produtos prontos através da fórmula:
CPV = EI + MOD + MP + GGF - EF , onde:
CPV = Custo dos produtos vendidos;
EI = Estoque inicial de matérias-primas, produtos em elaboração e produtos prontos;
MOD = Mão-de-Obra Direta;
MP = Matérias-Primas;
GGF = Gastos Gerais de Fabricação;
EF = Estoque final de matérias-primas, produtos em elaboração e produtos prontos.
A Mão-de-Obra Direta é representada pelo salário pago ao operário que trabalha diretamente no produto, cujo
tempo pode ser identificado com a unidade que está sendo produzida.
A Matéria-Prima, também chamada de Material Direto, representa todo o material incorporado ao produto que
está sendo fabricado, inclusive a embalagem.
Os Gastos Gerais de Fabricação, também denominados de Custos Indiretos de Fabricação, representam todos os
custos relacionados com a produção, necessários à fabricação, porém, não identificáveis diretamente com a unidade
produzida. Como exemplo podemos citar os materiais indiretos, o aluguel da fábrica, a mão-de-obra indireta, o seguro, as
depreciações das máquinas, manutenção, etc.
A informação “a aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a 5% do custo total dos
produtos vendidos no exercício social anterior, poderá ser registrada diretamente como custo”, muitas vezes não é bem
compreendida. Vamos exemplificar: considere-se uma fábrica de móveis que adquiriu uma carga de madeira infestada de
cupim. Para possibilitar o aproveitamento da madeira faz-se necessária a aquisição de determinado produto químico para
tratar esta matéria-prima. No tratamento da madeira apenas uma parte do produto é utilizada. Como regra geral, toda a
matéria-prima em estoque, no final do período, deveria ser inventariada e mantida em conta do ativo circulante. Porém, no
caso em tela, admitindo-se que o preço de aquisição do produto de consumo não tenha sido superior a 5% do custo total dos
produtos vendidos no exercício social anterior, as eventuais sobras não necessitam ser inventariadas, podendo ser levadas
integralmente para custos. A legislação excepciona esta situação por tratar-se de um bem de consumo eventual, talvez não
mais utilizável.
Segundo a Lei, ao final de cada período de apuração do imposto, a pessoa jurídica deverá
promover o levantamento e avaliação dos seus estoques.
O acima disposto (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 14, § 3°) deverá ser reconhecido na
escrituração comercial.
Entretanto, outras, que não são tão claramente necessárias à atividade da empresa, ou
apresentam alguma peculiaridade em relação à legislação tributária do imposto de renda ou da
contribuição social, serão analisadas nos itens seguintes, após a exposição da regra geral de
dedutibilidade.
Em vista disto, as contas representativas de despesas operacionais que apresentem alguma
peculiaridade fiscal quanto à dedutibilidade, quando da fiscalização de uma empresa, devem ser
previamente identificadas através do plano de contas ou através dos lançamentos de encerramento, para
posterior auditoria.
Não é demais repisar que por ocasião da apuração do lucro real as despesas contabilizadas e
dedutíveis não necessitam de nenhum ajuste. Entretanto, as despesas contabilizadas, se indedutíveis,
serão objeto de adição ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real.
Não são documentos hábeis para a dedução de custos ou despesas notas fiscais globais e
genéricas de prestação de serviços, emitidas no final de cada ano, abrangendo serviços que teriam sido
prestados no decurso do ano. Irrelevante o argumento de que se tratava de simplificação adotada no
relacionamento comercial entre empresas coligadas, por não admitida pela legislação fiscal, como
também porque a especificação dos serviços e a indicação das respectivas datas, são pressupostos
necessários para comprovação da sua efetiva realização.
Somente são admitidas, como operacionais, as despesas com prestação de serviços, quando
efetivamente comprovada a sua realização, não bastando como elemento probante apenas a
apresentação de notas fiscais, mormente quando com descrição insuficiente dos serviços supostamente
prestados.
Para fins de Imposto de Renda são operacionais as despesas não computadas nos custos,
necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n° 4.506/64, art.
47).
O disposto neste item aplica-se também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for
a designação que tiverem.
A depreciação poderá ser apropriada em quotas mensais, dispensado o ajuste da taxa para os
bens postos em funcionamento ou baixados no curso do mês.
Quando o registro do imobilizado for feito por conjunto de instalação ou equipamentos, sem
especificação suficiente para permitir aplicar as diferentes taxas de depreciação de acordo com a
natureza do bem, e o contribuinte não tiver elementos para justificar as taxas médias adotadas para o
conjunto, será obrigado a utilizar as taxas aplicáveis aos bens de maior vida útil que integrem o
conjunto (Lei n° 4.506/64, art. 57, § 12).
Imaginemos agora que a empresa comprou uma máquina usada, em uso na empresa vendedora há mais de 10
anos, portanto já totalmente depreciada naquela, pelo valor de R$ 10.000,00. Assim, o prazo de depreciação a que se refere
o inciso I do item é de 5 anos e o do inciso II é de zero anos. Desta forma a máquina será depreciada na empresa adquirente
em 5 anos pela taxa de 20% a.a.
Variando a hipótese do parágrafo anterior, suponhamos que a máquina estava em uso na empresa vendedora,
que o adquirira quando novo, apenas há dois anos. Neste caso, o maior prazo será aquele referido no inciso II do item, isto
é, “o restante da vida útil, considerada esta em relação à primeira instalação para utilização do bem”. Assim, o bem será
depreciado em 8 anos na empresa que o adquiriu usado, o que significa a aplicação de uma taxa anual de 12,5% (100/8).
COMENTÁRIO
Há dois tipos de depreciação acelerada, quando comparada com a depreciação normal, comentada: a) a
depreciação acelerada, contábil, justificada pela utilização do bem móvel em período diário superior a um turno de 8 horas;
b) a depreciação acelerada incentivada, concedida pela legislação fiscal, portanto não contábil, no intuito de estimular a
aquisição e utilização de determinados bens no ativo permanente por razões econômicas e fiscais. Ainda, cabe comentar que
existe a possibilidade de aplicação, cumulativa, dos coeficientes de aceleração em razão dos turnos de trabalho e aqueles
concedidos a título de incentivo fiscal.
A depreciação acelerada, decorrente de incentivos fiscais, está regulada no item seguinte.
A depreciação acelerada, tratada no presente item, deve ser analisada apenas sob o aspecto de delimitação da
dedutibilidade da despesa máxima com depreciação para fins de apuração do lucro real, não caracterizando uma intromissão
nas normas contábeis.
Indaga-se, muitas vezes, sobre a desproporcional progressão da taxa de depreciação determinada neste item em
relação ao tempo de uso diário do bem móvel. Pondera-se que um bem móvel, com uma taxa de depreciação de 10% para
operar um turno, deveria ser depreciado em 20% caso operasse em dois turnos. Porém, o legislador não adota como critério
único o desgaste pelo uso. É importante considerar-se que outros fatores influem na depreciação gradual de qualquer
equipamento, a exemplo da obsolescência pelo avanço tecnológico, o que justifica a desproporção em comento.
Para concluir, resta exemplificar a adoção de depreciação acelerada. Suponhamos que uma empresa comprou
três máquinas idênticas, pagando o valor de R$ 15.000,00 por máquina. Ainda, vamos supor que uma foi instalada no Setor
A que opera em um turno de 8 horas. A outra foi instalada no Setor B que opera em dois turnos de 8 horas. A terceira
máquina foi instalada no Setor C, em operação nas 24 horas do dia. Assim, a depreciação anual das três máquinas e suas
respectivas taxas de depreciação são:
a) máquina do Setor A
- taxa de depreciação 10% aa (taxa de depreciação normal x 1,0 = 10% x 1,0)
- despesa com depreciação anual R$ 1.500,00 ( 15.000,00 x 10%)
- período de depreciação: 10 anos
b) máquina do Setor B
- taxa de depreciação 15% aa (taxa de depreciação normal x 1,5 = 10% x 1,5)
- despesa com depreciação anual R$ 2.250,00 ( 15.000,00 x 15%)
- período de depreciação: 6 anos e 8 meses
c) máquina do Setor C
- taxa de depreciação 20% aa (taxa de depreciação normal x 2,0 = 10% x 2,0)
- despesa com depreciação anual R$ 3.000,00 ( 15.000,00 x 20%)
- período de depreciação: 5 anos.
A partir do período de apuração em que for atingido o limite de que trata o parágrafo
anterior, o valor da depreciação normal, registrado na escrituração comercial, deverá ser adicionado ao
lucro líquido para efeito de determinar o lucro real.
COMENTÁRIO
A depreciação acelerada incentivada diferencia-se, fundamentalmente, da depreciação acelerada (em razão de
turnos), pela forma de registro. Enquanto a primeira é controlada no Livro de Apuração do Lucro Real (a parte incentivada),
a segunda é controlada exclusivamente na Contabilidade.
Para melhor esclarecer a questão apresentamos, a seguir, um exemplo prático, considerando, por hipótese, a
aquisição de um bem que é beneficiado com depreciação acelerada incentivada que permite, para fins fiscais, a depreciação
em prazo equivalente à metade do prazo da depreciação normal.
Consideremos a aquisição de um bem pelo valor de R$ 12.000,00, normalmente depreciado em 10 anos. A taxa
de depreciação, portanto, é de 10% aa.
Para fins contábeis a despesa com depreciação, anualmente contabilizada, será de R$ 1.200,00 (10% de
12.000,00).
Para fins fiscais, a redução do lucro tributável anual, admitida pela legislação fiscal, será de R$ 2.400,00, sendo
R$ 1.200,00 através da contabilidade, como despesa com depreciação, e os outros R$ 1.200,00 reduzirão a base de cálculo
do imposto de renda mediante exclusão a ser procedida na Parte “A” do Livro de Apuração do Lucro Real. Este
procedimento repetir-se-á, também, no segundo, terceiro, quarto e quinto anos. Ao final do quinto ano a depreciação, para
fins contábeis, estará em 50%, enquanto que para fins fiscais o bem estará integralmente depreciado.
A partir do sexto ano a depreciação contábil (que persiste até o décimo ano), de R$ 1.200,00, não mais poderá
influir na determinação do lucro real, devendo, portanto, ser adicionada na Parte “A” do LALUR, por tratar-se de despesa
indedutível, uma vez que o bem, para fins fiscais, está integralmente depreciado no final do quinto ano.
O saldo da depreciação acelerada incentivada, registrado no Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR,
corrigido monetariamente até 31/12/95, deverá ser adicionado ao Lucro Líquido para fins de apuração do lucro real no
período-base em que ocorrer a baixa do bem beneficiado com depreciação acelerada incentivada.
8.4.5.9. Amortização
8.4.5.9.1. Dedutibilidade
Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância
correspondente à recuperação do capital aplicado, ou dos recursos aplicados em despesas que
contribuam para a formação do resultado de mais de um período de apuração (Lei n° 4.506/64, art. 58,
e Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 15, § 1°).
COMENTÁRIO
As despesas com amortização, no que respeita ao tratamento fiscal, apresentam grandes semelhanças com as
despesas com depreciação.
Portanto, os ativos diferidos caracterizam-se por serem ativos intangíveis, que serão amortizados por
apropriação às despesas operacionais, no período de tempo em que estiverem contribuindo para a formação do resultado da
empresa.
São contas clássicas do Ativo Diferido: gastos com implantação e pré-operacionais; gastos com pesquisa e
desenvolvimento de produtos; gastos com implantação de sistemas e métodos; gastos de reorganização; custos das
construções ou benfeitorias em bens locados ou arrendados quando não houver direito ao recebimento de seu valor; custos
de aquisição de contratos e direitos de qualquer natureza, etc.
É importante ressaltar a constante confusão existente entre o ativo diferido e as despesas pagas
antecipadamente. Estas últimas são pagamentos de despesas não incorridas que, de forma direta e objetiva, pertencem a um
exercício futuro, enquanto o ativo diferido é formado por despesas já incorridas e, pelo benefício futuro que trarão, são
normalmente amortizadas em parcelas. Além disso, essa apropriação do ativo diferido é sempre por julgamento e
estimativa, e nunca por critérios tão objetivos quanto os das despesas antecipadas.
Para exemplificar, consideremos a hipótese em que a empresa adquiriu os direitos de exploração de serviços de
manutenção de elevadores em 38 edifícios, por quatro anos, pelo valor de R$ 80.000,00.
Na apuração do Lucro real nenhum ajuste se faz necessário, pois as despesas com amortização, contabilizadas,
são dedutíveis.
8.4.5.9.2. Capital Aplicado e Despesas Amortizáveis
Poderão ser amortizados:
I - o capital aplicado na aquisição de direitos cuja existência ou exercício tenha duração
limitada, ou de bens cuja utilização pelo contribuinte tenha o prazo legal ou
contratualmente limitado, tais como (Lei n° 4.506/64, art. 58):
a) patentes de invenção, fórmulas e processos de fabricação, direitos autorais, licenças,
autorizações ou concessões;
b) investimento em bens que, nos termos da lei ou contrato que regule a concessão de
serviço público, devem reverter ao poder concedente, ao fim do prazo da concessão, sem
indenização;
c) custo de aquisição, prorrogação ou modificação de contratos e direitos de qualquer
natureza, inclusive de exploração de fundos de comércio;
d) custos das construções ou benfeitorias em bens locados ou arrendados, ou em bens de
terceiros, quando não houver direito ao recebimento de seu valor;
e) o valor dos direitos contratuais de exploração de florestas;
II - os custos, encargos ou despesas, registrados no ativo diferido, que contribuirão para a
formação do resultado de mais de um período de apuração, tais como:
a) as despesas de organização pré-operacionais ou pré-industriais (Lei n° 4.506/64, art. 58, §
3°, alínea “a”);
b) as despesas com pesquisas científicas ou tecnológicas, inclusive com experimentação para
criação ou aperfeiçoamento de produtos, processos, fórmulas e técnicas de produção,
administração ou venda, se o contribuinte optar pela sua capitalização (Lei n° 4.506/64,
art. 58, § 3°, alínea “b”);
c) as despesas com prospecção e cubagem de jazidas ou depósitos, realizadas por
concessionárias de pesquisa ou lavra de minérios, sob a orientação técnica de engenheiro
de minas, se o contribuinte optar pela sua capitalização (Lei n° 4.506/64, art. 58, § 3°,
alínea “b”);
d) os custos e as despesas de desenvolvimento de jazidas e minas ou de expansão de
atividades industriais, classificados como ativo diferido até o término da construção ou da
preparação para exploração (Lei n° 4.506/64, art. 58, § 3°, alínea “c”);
e) a parte dos custos, encargos e despesas operacionais registrados como ativo diferido
durante o período em que a empresa, na fase inicial da operação, utilizou apenas
parcialmente o seu equipamento ou as suas instalações (Lei n° 4.506/64, art. 58, § 3°,
alínea “d”);
f) os juros durante o período de construção e pré-operação (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 15,
§ 1°, alínea “a”);
g) os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das
operações sociais ou de implantação do empreendimento inicial (Decreto-Lei n° 1.598/77,
art. 15, § 1°, alínea “b”);
h) os custos despesas e outros encargos com a reestruturação, reorganização ou
modernização da empresa (Decreto-Lei nº 1.598/77, art. 15, § 1°, alínea “c”).
A amortização terá início (Lei n° 4.506/64, art. 58, § 3°):
a) no caso da alínea “a” do inciso II, a partir do início das operações;
b) no caso da alínea “d” do inciso II, a partir da exploração da jazida ou mina, ou do início
das atividades das novas instalações;
c) no caso da alínea “e” do inciso II, a partir do momento em que for iniciada a operação ou
atingida a plena utilização das instalações.
Não será admitida amortização de bens, custos ou despesas, para os quais seja registrada
quota de exaustão (Lei n° 4.506/64, art. 58, § 6°).
A amortização poderá ser apropriada em quotas mensais, dispensado o ajuste da taxa para o
capital aplicado ou baixado no curso do mês.
Opcionalmente, poderá ser considerada como data do início do prazo contratual a do início
da efetiva exploração dos recursos (Decreto-Lei n° 1.483/76, art. 5°, § 2º).
Ocorrendo a extinção dos recursos florestais antes do término do prazo contratual, o saldo
não amortizado poderá ser computado como custo ou encargo do período de apuração em que ocorrer a
extinção (Decreto-Lei n° 1.483/76, art. 5°, § 3°).
As disposições deste item não se aplicam aos contratos de exploração firmados por prazo
indeterminado (Decreto-Lei n° 1.483/76, art. 5°).
8.4.5.10. Exaustão
8.4.5.10.1. Dedutibilidade de despesas com exaustão de Recursos
Minerais
Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância
correspondente à diminuição do valor de recursos minerais, resultante da sua exploração (Lei n°
4.506/64, art. 59).
A quota de exaustão será determinada de acordo com os princípios de depreciação, com base
no custo de aquisição ou prospecção, dos recursos minerais explorados (Lei n° 4.506/64, art. 59, § 1°).
COMENTÁRIO
A exaustão tem como finalidade distribuir o custo dos recursos naturais utilizados no processo produtivo da
empresa durante o período em que tais recursos são extraídos ou exauridos.
Contabilmente, o valor apropriado em custos, isto é, o valor transferido de conta do ativo para conta de
resultado, é estabelecido em função do percentual extraído ou colhido em relação ao todo estimado. Desta forma, por
exemplo, uma empresa que adquire uma mina com uma possança de 100.000 toneladas de um minério X pelo valor de R$
1.200.000,00 e supondo-se que a extração do minério se dá em 4 anos nos percentuais de 32%, 26% , 24% e 18%, teremos
os seguintes efeitos sobre os resultados, contábil e fiscal:
A quota de exaustão dos recursos florestais destinados a corte terá como base de cálculo o
valor das florestas (Decreto-Lei n° 1.483/76, art. 4°, § 1°).
Para o cálculo do valor da quota de exaustão será observado o seguinte critério (Decreto-Lei
n° 1.483/76, art. 4°, § 2º):
a) apurar-se-á, inicialmente, o percentual que o volume dos recursos florestais utilizados ou
a quantidade de árvores extraídas durante o período de apuração representa em relação ao
volume ou à quantidade de árvores que no início do período de apuração compunham a
floresta;
b) o percentual encontrado será aplicado sobre o valor contábil da floresta, registrado no
ativo, e o resultado será considerado como custo dos recursos florestais extraídos.
As disposições deste item aplicam-se também às florestas objeto de direitos contratuais de
exploração por prazo indeterminado, devendo as quotas de exaustão ser contabilizadas pelo adquirente
desses direitos, que tomará como valor da floresta o do contrato (Decreto-Lei n° 1.483/76, art. 4°, § 3°).
COMENTÁRIO
A exaustão de recursos florestais, à semelhança da exaustão de recursos minerais, será apropriada ao resultado
na proporção da quantidade colhida. O percentual a ser aplicado sobre o valor contábil da floresta poderá ser determinado,
pelo que se infere do disposto na letra “a” do item em comento, de duas formas: (a) pelo volume dos recursos florestais
utilizados na produção em relação ao volume total passível de extração ou, (b) pela quantidade de árvores extraídas durante
o período-base em relação ao total de árvores originalmente existentes na floresta.
8.4.5.11. Provisões
8.4.5.11.1. Provisões Indedutíveis
Um dos pontos importantes na Auditoria Fiscal consiste na especial atenção que o Auditor
deve dispensar às despesas de provisões, muitas vezes constituídas a partir de situações carregadas de
grande subjetividade. Em vista desta subjetividade, há uma grande diferença no tratamento das
despesas com provisões. Sob o aspecto contábil há uma certa liberdade na constituição de provisões,
permitida pela lei societária. Por outro lado, a lei fiscal é extremamente rigorosa, determinando a
indedutibilidade destas, com raras exceções.
Segundo a lei tributária, na determinação do lucro real serão dedutíveis as provisões para
férias e 13° Salário, a seguir comentadas (Decreto-Lei n° 1.730/79, art. 3°, e Lei n° 9.249/95, art. 13,
inciso I).
Todas as demais despesas com provisões são indedutíveis, devendo ser adicionadas ao lucro
líquido para fins de apuração do lucro real. Uma vez adicionadas, estas serão registradas na Parte B do
LALUR para futura exclusão no período-base em que a provisão é baixada, seja em vista da ocorrência
efetiva do fato provisionado, ou, se este não se confirmar, quando da reversão da provisão.
COMENTÁRIO
Inicialmente, é oportuno estabelecer uma diferenciação clara, sob o ponto de vista conceitual, entre apropriação
de despesa ou custo incorridos e não pagos, e provisão.
A diferença reside, fundamentalmente, em dois aspectos: (a) na possibilidade ou não da concretização da perda;
(b) nas condições para atribuir, com maior ou menor grau de exatidão, o valor monetário da eventual perda.
Consideremos, por exemplo, duas situações que se apresentem na data do balanço: a probabilidade de perdas
pelo não recebimento integral das vendas a prazo, pendentes de pagamento na data do balanço, efetuadas no período-base e
as despesas com salários a serem pagos no início de janeiro relativamente ao trabalho dos empregados no mês de dezembro.
O primeiro exemplo refere-se a uma provisão clássica: a perda pode ou não ocorrer e o valor da perda não pode
ser dimensionado exatamente. A segunda situação citada no exemplo, porém, não pode ser chamada de provisão, mas sim
de apropriação de despesa em função do regime de competência, incorrida e não paga. Nesta mesma classificação
encontram-se as “provisões” com férias e com 13º salário, embora estas duas últimas sejam classificadas, na legislação
tributária, indevidamente, como provisões. Nos três casos a despesa incorreu de forma definitiva no momento em que o
empregado trabalhou durante o período-base. Também, o valor da despesa pode ser determinado, na data do balanço, de
forma exata. Trata-se, assim, de apropriação de despesa e não de provisão como indevidamente é taxada pela legislação.
As apropriações de despesas pelo regime de competência, desde que necessárias às atividades da empresa, são
dedutíveis no momento da contabilização. Por outro lado, as despesas com provisões, incertas quanto à ocorrência, e de
duvidosa quantificação em termos monetários, são indedutíveis no momento da contabilização da provisão, podendo reduzir
a base de cálculo apenas no período-base da ocorrência do fato e, obviamente, desde que a perda seja necessária à atividade
da empresa.
A legislação tributária fala, indevidamente, em “dedutibilidade da provisão”: a provisão não é dedutível pois
assume a condição de conta patrimonial, sem influência sobre o resultado; a questão da dedutibilidade envolve a
contrapartida da provisão, classificada como conta de resultados, tradicionalmente conhecida como “despesa com
provisão”.
Para melhor esclarecer a questão vamos exemplificar o assunto através da constituição hipotética de uma
“provisão” para férias e outra para ações trabalhistas. A provisão para ações trabalhistas é constituída, normalmente, quando
da existência de ações na Justiça do Trabalho, pendentes de decisão. Faz-se oportuno comentar, ainda, que esta última
provisão não é dedutível por não ter sua dedutibilidade “expressamente autorizada” pelo RIR. No exemplo, a “provisão”
para férias é de R$ 35.000,00 e a provisão para ações trabalhistas de R$ 28.000,00. Estas produzirão os efeitos contábeis e
fiscais a seguir descritos.
No ano da contabilização:
D - Despesas com provisão para ações trabalhistas
C - Provisão para ações trabalhistas R$ 28.000,00
O efeito redutor sobre o resultado contábil é de R$ 63.000,00. Para fins fiscais, porém, somente é admitida a
redução de R$ 35.000,00, devendo ocorrer, na Parte A do LALUR, uma adição (anulação do efeito redutor da base contábil)
ao lucro líquido, de R$ 28.000,00, cujo valor será registrado na Parte B do LALUR.
Em período-base subseqüente, duas podem ser as hipóteses: há a reversão dos valores provisionados ou
verifica-se o pagamento das provisões.
Agora, para fins fiscais, é possível anular a receita com reversão da provisão para ações trabalhistas, fazendo
uma exclusão ao lucro líquido para fins de determinação do lucro real na Parte A do LALUR, de R$ 28.000,00, tendo em
vista a sua indedutibilidade no ano do lançamento. Procede-se, também, a baixa do valor registrado na Parte B do Livro de
Apuração do Lucro Real (LALUR). A receita com reversão da provisão para férias é normalmente tributável.
Também nesta hipótese, a despesa com ações trabalhistas, contabilizada em período anterior, torna-se dedutível,
podendo ser excluída na apuração do lucro real, pois a operação de pagamento não afetou o resultado contábil. Com a
exclusão de R$ 28.000,00, o valor registrado na Parte B do LALUR deverá ser baixado.
Em resumo, podemos afirmar que as provisões ditas não dedutíveis, na verdade são dedutíveis, porém, não no
momento do lançamento contábil, mas sim no período-base em que o fato provisionado se confirma, isto é, a perda não é
mais uma possibilidade, mas de fato se consumou.
Admite a lei que o contribuinte poderá deduzir, como custo ou despesa operacional, em cada
período de apuração, importância destinada a constituir provisão para pagamento de remuneração
correspondente a férias de seus empregados (Decreto-Lei n° 1.730/79, art. 4°, e Lei n° 9.249/95, art.
13, inciso I).
A provisão a que se refere este item contempla a inclusão dos gastos incorridos com a
remuneração de férias proporcionais e dos encargos sociais, cujo ônus cabe à empresa.
COMENTÁRIO
Conforme comentários ao item precedente, esta “provisão”, de fato vem a ser uma apropriação de despesas em
razão do regime de competência. É uma despesa líquida e certa, incorrida, porém não paga.
A provisão para férias, devido às dificuldades de controle para sua quitação, normalmente é constituída na data
do balanço e revertida no início do período seguinte.
Não é necessário esperar que o empregado complete o período anual para, somente então, constituir a provisão.
A legislação permite a constituição da provisão e sua dedutibilidade de forma proporcional. Admite, ainda, o acréscimo à
provisão dos encargos sociais derivados das férias, tais como INSS (parte da empresa), FGTS, um terço do adicional
determinado pela CF/88, etc.
Na apuração da provisão dois fatores devem ser observados com rigor: (a) o cálculo deve basear-se na
remuneração mensal do empregado no mês do balanço; (b) a proporcionalidade, no tempo, tomará em consideração o
número de dias de férias a que o empregado já tiver direito na época do balanço.
Ordena a lei que o contribuinte poderá deduzir, como custo ou despesa operacional, em cada
período de apuração, importância destinada a constituir provisão para pagamento de remuneração
correspondente ao 13° salário de seus empregados (Lei n° 9.249/95, art. 13, inciso I).
COMENTÁRIO
Não são dedutíveis como despesas operacionais as gratificações natalinas (13º Salário) atribuídas a dirigentes
ou administradores da pessoa jurídica.
Os comentários à provisão para férias aplicam-se também à provisão para o 13º Salário.
A provisão para 13º Salário tem sua aplicabilidade restrita a balanços levantados em datas não coincidentes
com 31 de dezembro. Poderá ser feita mensalmente pela empresa, à razão de um-doze-avos do salário e respectivos
encargos de INSS e FGTS previstos para cada empregado, tendo seu valor revisto no mês em que ocorrerem alterações
salariais.
A provisão em tela é classificada contabilmente no Passivo Circulante e será realizada nos casos de demissões e
no final do ano-calendário, razão pela qual nos balanços levantados em 31 de dezembro não existirá valor a provisionar.
Poderão ser registrados como perda os créditos (Lei n° 9.430/96, art. 9°, § 1°):
a) em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença
emanada do Poder Judiciário;
b) sem garantia, de valor:
1. até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de 6 (seis) meses,
independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;
2. acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por
operação, vencidos há mais de 1 (um) ano, independentemente de iniciados os
procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança
administrativa;
3. superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de 1 (um)
ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu
recebimento;
c) com garantia, vencidos há mais de 2 (dois) anos, desde que iniciados e mantidos os
procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias;
d) contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica declarada concordatária, relativamente
à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar.
No caso de contrato de crédito em que o não pagamento de uma ou mais parcelas implique o
vencimento automático de todas as demais parcelas vincendas, os limites a que se referem os números
“1” e “2” da alínea “b” deste item serão considerados em relação ao total dos créditos, por operação,
com o mesmo devedor (Lei n° 9.430/96, art. 9°, § 2°).
Para os fins deste item, considera-se crédito garantido o proveniente de vendas com reserva
de domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de operações com outras garantias reais (Lei n°
9.430/96, art. 9°, § 3°).
A parcela do crédito, cujo compromisso de pagar não houver sido honrado pela empresa
concordatária, poderá, também, ser deduzida como perda, observadas as condições previstas neste item
(Lei n° 9.430/96, art. 9°, § 5°).
Não será admitida a dedução de perda no recebimento de créditos com pessoa jurídica
controladora, controlada, coligada ou interligada, bem como com pessoa física que seja acionista
controlador, sócio, titular ou administrador da pessoa jurídica credora, ou parente até o terceiro grau
dessas pessoas físicas (Lei n° 9.430/96, art. 9°, § 6°).
COMENTÁRIO
A partir de 1997 não existe mais previsão para a dedutibilidade da provisão para créditos de liquidação
duvidosa. As perdas no recebimento de créditos serão dedutíveis diretamente como despesas quando ocorrerem,
considerando-se como tal os prazos e condições, fixados em lei.
Consideram-se créditos aqueles decorrentes das atividades da empresa, sejam operacionais ou não operacionais,
desde que não se trate de operações com pessoa jurídica controlada, controladora, coligada, interligada ou com pessoa física
se acionista controlador, sócio, titular ou administrador da pessoa jurídica credora, ou parente até terceiro grau dessas
pessoas físicas.
O termo “operação” corresponde à venda de bens, à prestação de serviços, à cessão de direitos, à aplicação de
recursos financeiros em operações com títulos e valores mobiliários, constantes de um único contrato, no qual seja prevista
a forma de pagamento do preço pactuado, ainda que a transação seja realizada para pagamento em mais de uma parcela.
Nas empresas mercantis a operação se caracteriza pela emissão da fatura, mesmo que esta englobe mais de uma
nota fiscal.
As condições para que os créditos possam ser registrados como perdas são:
a) sem garantia
- até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de terem sido
iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;
- acima de R$ 5.000,00 até R$ 30.000,00, por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente
de terem sido iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém mantida cobrança
administrativa;
- acima de R$ 30.000,00, por operação, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os
procedimentos judiciais para o seu recebimento.
b) com garantias (Vendas com Reserva Domínio, Alienação Fiduciária em Garantia ou Operações com
Garantias Reais):
- vencidos há mais de dois anos, independentemente de valor, desde que iniciados e mantidos os
procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias.
Considere-se o seguinte exemplo: uma venda, em 01/07/97, no valor de R$ 36.000,00, pagável em 9 parcelas de
R$ 4.000,00, vencendo-se a primeira em 31/07/97, a segunda em 31/08/97 e assim sucessivamente. Pressuponha-se ainda
uma cláusula que vede a antecipação do vencimento das demais parcelas no caso de atraso. Por fim, presuma-se que não há
previsão de acréscimos em caso de atraso.
Ainda, conforme o exemplo e pela nova interpretação, as duas últimas parcelas já teriam sua dedutibilidade
submetida às condições da terceira faixa, isto é, aquela para valores acima de R$ 30.000,00.
Os valores excluídos deverão ser adicionados no período de apuração em que, para os fins
legais, se tornarem disponíveis para a pessoa jurídica credora ou em que seja reconhecida a respectiva
perda (Lei n° 9.430/96, art. 11, § 2°).
A partir da citação inicial para o pagamento do débito, a pessoa jurídica devedora deverá
adicionar ao lucro líquido, para determinação do lucro real, os encargos incidentes sobre o débito
vencido e não pago que tenham sido deduzidos como despesa ou custo, incorridos a partir daquela data
(Lei n° 9.430/96, art. 11, § 3°).
Os valores adicionados a que se refere o parágrafo anterior poderão ser excluídos do lucro
líquido, para determinação do lucro real, no período de apuração em que ocorra a quitação do débito
por qualquer forma (Lei n° 9.430/96, art. 11, § 4°).
COMENTÁRIO
O tratamento tributário dos Encargos Financeiros dos Créditos Vencidos pode ser assim resumido:
a) Para o Devedor
- a partir da citação inicial para o pagamento do débito, os encargos incidentes sobre o débito vencido,
contabilizados como custo ou despesa a partir daquela data, deverão ser adicionados para apuração do
Lucro Real. Os valores adicionados serão registrados na Parte B do LALUR, para exclusão na apuração
do Lucro Real, no período de apuração em que ocorrer a quitação do débito por qualquer forma.
b) Para o Credor
- decorridos 60 dias do vencimento do crédito, poderão ser excluídos na apuração do Lucro Real os
encargos financeiros sobre o crédito, contabilizados como receita a partir desta data. Se o valor do
crédito for superior a R$ 30.000,00, a exclusão somente é permitida se a Pessoa Jurídica tiver tomado as
providências judiciais necessárias para o recebimento do crédito. Portanto, o prazo de 60 dias do
vencimento inicialmente referido fica, neste caso, prorrogado para a data da tomada de providências, isto
é, o ingresso com ação de cobrança em juízo. Os valores excluídos serão registrados na Parte B do Livro
de Apuração do Lucro Real e deverão ser adicionados ao lucro líquido para fins de apuração do Lucro
Real no período base em que, para fins legais, se tornarem disponíveis para a pessoa jurídica credora ou
em que é reconhecida definitivamente a respectiva perda.
No que concerne às multas, não são dedutíveis como custo ou despesas operacionais as
multas por infrações fiscais, salvo as de natureza compensatória e as impostas por infrações de que não
resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo (Lei n° 8.981/95, art. 41, § 5°).
COMENTÁRIO
Como regra geral, os ganhos ou as perdas de capital, apurados por empresas tributadas pelo lucro real,
contabilizados como resultados não operacionais, são tributáveis ou dedutíveis.
Ocorre ganho de capital quando o valor da alienação supera o valor contábil. O valor contábil é obtido a partir
do custo de aquisição, corrigido monetariamente até 31/12/95, deduzidas deste a depreciação, amortização ou exaustão
acumulada, quando for o caso e a provisão para perdas prováveis na realização de investimentos caso tenha sido constituída
conforme autorizado no art. 183 da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas).
De outra parte, ocorre perda de capital quando o valor da alienação for inferior ao valor contábil do bem. Se o
bem for baixado por motivo de desgaste total pelo uso ou por exaustão completa, normalmente não será apurado ganho ou
perda de capital, pois o valor contábil será zero, isto é, o custo de aquisição, corrigido monetariamente, equivale ao valor da
depreciação acumulada ou exaustão acumulada.
Nos casos de baixa por perecimento, obsolescência ou outra forma de perda prematura de valor em razão de
caso fortuito ou de força maior, a baixa representará uma perda de capital, dedutível, ficando, porém, o contribuinte sujeito
a comprovar pela forma estabelecida nas leis comerciais e fiscais o ato ou fato econômico que serviu de base aos
lançamentos de baixa efetuados. Assim, embora não seja exigida nenhuma formalidade administrativa para a baixa de tais
bens, é aconselhável, em casos excepcionais, a comunicação à Delegacia da Receita Federal da jurisdição, que
acompanhará e atestará a destruição do bem.
As empresas tributadas pelo lucro presumido ou por outra forma de tributação que não exige escrituração
contábil, que optarem pela tributação pelo lucro real deverão levantar balanço de abertura, registrando neste os bens do
ativo permanente pelo seu valor contábil, separando o custo de aquisição (corrigido monetariamente até 31/12/95) da
depreciação acumulada, amortização acumulada ou exaustão acumulada, quando for o caso.
A exclusão não se aplica aos lucros ou dividendos auferidos após a alienação ou liquidação
de investimento avaliado pelo valor de patrimônio líquido, quando não tenham sido computados na
determinação do ganho ou perda de capital.
COMENTÁRIO
As participações de empregados, e aquelas asseguradas a debêntures de emissão da empresa, bem como aquelas
pagas a empregados segundo as disposições da Lei n° 10.101/00 (inciso III), são dedutíveis para fins de imposto de renda.
Porém, a legislação do imposto de renda inverte esta posição, trazendo as participações, na seqüência de
apresentação do DRE, para antes da provisão da contribuição social e do imposto de renda, eliminando, assim, uma
exclusão das participações dedutíveis. Por outro lado, esta inversão requer a adição das participações não dedutíveis
referidas. Esta inversão muitas vezes causa confusão, pois, sob o comando da legislação societária, as participações
indedutíveis não influenciariam o lucro contábil, o que dispensaria o ajuste na apuração do lucro real.
Um outro problema de ordem prática que surge com freqüência tem sua origem no art. 189 e 190 da Lei das
SAs. Diz o artigo 189 que “do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos
acumulados e a provisão para o Imposto Sobre a Renda”. O artigo 190, caput, determina que “as participações estatutárias
de empregados, administradores e partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos
lucros que remanescerem depois de deduzida a participação anteriormente calculada”.
Estes dispositivos criam o que se convencionou chamar de circularidade, isto é, para conhecer-se a provisão
para o imposto de renda precisa-se conhecer as participações dedutíveis e para se conhecer as participações dedutíveis
precisa-se conhecer a provisão para o imposto de renda.
A legislação tributária nunca se preocupou muito com esta situação, pois o problema central consiste em
dimensionar o valor da participação dos empregados. Este, mesmo que dimensionado de forma aproximada se analisado sob
o ponto de vista do ordenamento estatutário, é aceito pela legislação tributária. No final das contas o problema deixa de ser
tributário e passa a ser estatutário ou de decisão da assembléia ou de ata de reunião de sócios quotistas.
8.4.9.2. Lucros Distribuídos Disfarçadamente - DDL
8.4.9.2.1. Hipóteses de DDL
Presume-se distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica
(Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 60, e Decreto-Lei n° 2.065/83, art. 20, inciso II):
I - aliena, por valor notoriamente inferior ao de mercado, bem do seu ativo a pessoa ligada;
II - adquire, por valor notoriamente superior ao de mercado, bem de pessoa ligada;
III - perde, em decorrência do não exercício de direito à aquisição de bem e em benefício de
pessoa ligada, sinal, depósito em garantia ou importância paga para obter opção de
aquisição;
IV - transfere a pessoa ligada, sem pagamento ou por valor inferior ao de mercado, direito de
preferência à subscrição de valores mobiliários de emissão de companhia;
V - paga a pessoa ligada aluguéis, royalties ou assistência técnica em montante que excede
notoriamente ao valor de mercado;
VI - realiza com pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de favorecimento, assim
entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que prevaleçam no
mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros.
O disposto nos incisos I e IV não se aplica nos casos de devolução de participação no capital
social de titular, sócio ou acionista de pessoa jurídica em bens ou direitos, avaliados a valor contábil ou
de mercado (Lei n° 9.249/95, art. 22).
A hipótese prevista no inciso II não se aplica quando a pessoa física transferir à pessoa
jurídica, a título de integralização de capital, bens e direitos pelo valor constante na respectiva
declaração de bens (Lei n° 9.249/95, art. 23 § 1°).
O valor dos bens para os quais não haja mercado ativo poderá ser determinado com base em
negociações anteriores e recentes do mesmo bem, ou em negociações contemporâneas de bens
semelhantes, entre pessoas não compelidas a comprar ou vender e que tenham conhecimento das
circunstâncias que influam de modo relevante na determinação do preço (Decreto-Lei n° 1.598/77, art.
60, § 6°).
Se o valor do bem não puder ser determinado nos termos dos dois parágrafos acima e o valor
negociado pela pessoa jurídica basear-se em laudo de avaliação de perito ou empresa especializada,
caberá à autoridade tributária a prova de que o negócio serviu de instrumento à distribuição disfarçada
de lucros (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 60, § 7°).
Para os efeitos deste item, sócio ou acionista controlador é a pessoa física ou jurídica que,
diretamente ou através de sociedade ou sociedades sob seu controle, seja titular de direitos de sócio ou
acionista que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria de votos nas deliberações da sociedade
(Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 61, parágrafo único, e Decreto-Lei n° 2.065/83, art. 20, inciso VI).
COMENTÁRIO
A expressão “interesse”, constante no item em comento, está definida no Parecer Normativo número 43/81.
Segundo o citado parecer “o requisito interesse deve ser entendido no sentido de que a participação nos lucros se manifeste
significativa, ponderável ou relevante, em montante que justifique a presunção de favorecimento”.
COMENTÁRIO
O item trata da compensação de prejuízos de forma geral, devendo ser consideradas as excepcionalidades
contempladas nos itens seguintes, relativas aos prejuízos não-operacionais.
O primeiro parágrafo do item em tela deixa claro que a compensação diz respeito ao prejuízo fiscal apurado em
períodos-base anteriores, corrigido monetariamente, quando for o caso, até 31/12/95. Não custa recordar que o prejuízo
fiscal (lucro real negativo) é obtido a partir do lucro ou prejuízo contábil, antes de computar a provisão para IR e após a
CSLL, ajustado pelas adições e exclusões.
O segundo parágrafo autoriza a compensação total ou parcial do prejuízo. Esta disposição, porém, é recente,
pois a compensação do prejuízo, até 31/12/94, estava limitada em seu patamar máximo ao lucro real antes da compensação.
A partir do ano-calendário de 1995, para fins de determinação do lucro real, o lucro líquido, depois de ajustado pelas
adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda, pode ser reduzido pela compensação de
prejuízos fiscais em até, no máximo, trinta por cento. Há que se considerar, ainda, a limitação quanto ao prazo para a
compensação, conforme disposto no item seguinte.
O disposto neste item somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e
documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado
para compensação (Lei n° 9.065/95, art. 15, parágrafo único).
COMENTÁRIO
Os prejuízos fiscais apurados até 31/12/92, podiam ser compensados com o lucro real determinado nos quatro
anos-calendário subseqüentes (DL 1.598/77).
Nos períodos-base de 1993 e 1994 os prejuízos fiscais eram compensáveis até o término do quarto ano-
calendário subseqüente (Lei 8.541/92, art. 12).
A partir de 1995, os prejuízos fiscais não mais estão restritos ao tempo para sua compensação, porém, não
podem ser compensados em patamar superior a 30% do lucro real antes da compensação. Esta regra alcançou, inclusive, os
prejuízos pendentes de compensação em 31/12/94, os quais, segundo as normas da época, poderiam ser compensados em
1995. Isto significa, por exemplo, que o prejuízo fiscal de 1990, não compensado nos anos-calendário de 1991, 1992, 1993 e
1994, deve ter sido baixado da parte B do LALUR em 31/12/94. Já o prejuízo fiscal de 1991 que não foi compensado em
1992, 1993 e 1994, passou para a nova regra a partir de 1995, não mais sujeito à baixa por decurso de prazo, porém,
limitado aos 30% do lucro.
O disposto neste item não se aplica em relação às perdas decorrentes de baixa de bens ou
direitos do ativo permanente em virtude de terem se tornado imprestáveis, obsoletos ou caído em
desuso, ainda que posteriormente venham a ser alienados como sucata.
Para apurar e compensar os prejuízos não operacionais devem ser seguidos os seguintes
passos:
1º Passo: deverá ser apurado o resultado contábil não operacional do período-base,
considerando-se todas as perdas e ganhos não operacionais verificados no
período, decorrentes da alienação de bens ou direitos do ativo permanente;
2º Passo: existindo prejuízo fiscal e prejuízo não operacional no mesmo período-base, deve-
se determinar o valor de cada um deles para fins de futuras compensações (devem
ser controlados individualmente em folhas separadas na Parte B do LALUR);
3º Passo: o valor do prejuízo não operacional do período-base é determinado da seguinte
forma:
a) se o prejuízo não operacional é maior ou igual ao prejuízo fiscal, considera-se
o valor do próprio prejuízo fiscal;
b) se o prejuízo não operacional é inferior ao prejuízo fiscal, considera-se o valor
do prejuízo não operacional;
4º Passo: os prejuízos não operacionais somente podem ser compensados com lucros não
operacionais;
5º Passo: caso existam lucros não operacionais, mas a ocorrência de prejuízo fiscal ou a
“trava” dos 30% impossibilitar a compensação de prejuízos não operacionais, tais
prejuízos passam a ser considerados prejuízos operacionais.
COMENTÁRIO
Para efeito de compensação dos prejuízos não operacionais em períodos-base futuros, a pessoa jurídica que
apurar prejuízo fiscal em algum período-base iniciado a partir de 1996, deverá verificar se ele provém, no todo ou em parte,
de resultados negativos não operacionais. Considera-se resultado não operacional a diferença, positiva ou negativa, entre o
valor pelo qual o bem ou direito do ativo permanente houver sido alienado e o seu valor contábil.
Caso sejam apurados, cumulativamente, resultados não operacionais negativos e prejuízo fiscal, proceder-se-á à
seguinte segregação:
a) se o prejuízo fiscal for maior, todo o resultado não operacional negativo será considerado prejuízo fiscal não
operacional e a parcela excedente será considerada prejuízo fiscal das atividades operacionais;
b) se todo o resultado não operacional negativo for maior ou igual ao prejuízo fiscal, todo o prejuízo fiscal será
considerado não operacional.
No quadro abaixo apresentamos as possíveis combinações de resultados operacionais e não operacionais,
contábeis, com o resultado fiscal (lucro real ou prejuízo real), no objetivo de mostrar a necessidade ou não de separação do
prejuízo fiscal, e a correspondente qualificação deste, na Parte B do LALUR, de acordo com as instruções das letras “a” e
“b” do parágrafo precedente.
Continuação......
Especificação Situação 5 Situação 6 Situação 7 Situação 8
Resultado Operacional -90.000 -300.000 -150.000 -30.000
Resultado não-operac * -30.000 -10.000 -60.000 -30.000
Resultado Fiscal** 50.000 -8.000 -100.000 -100.000
LALUR Parte B
Prejuízo não-operacional - 8.000 60.000 30.000
Prejuízo das demais Ativid. - - 40.000 70.000
* O resultado não operacional corresponde apenas àquele decorrente da alienação de bens ou direitos do ativo
permanente.
** O resultado fiscal não corresponde, no exemplo, à soma algébrica dos resultados operacionais e não
operacionais. O valor é hipotético, pois omitimos as informações sobre as adições e exclusões.
O prejuízo não operacional assim apurado deverá ser controlado em folha específica na parte B do LALUR e só
poderá ser compensado em período-base subseqüente onde for apurado resultado não operacional positivo, até o valor deste.
O prejuízo referente às atividades operacionais, que será controlado na parte B do LALUR sem a inclusão do prejuízo não
operacional, pode ser compensado sem a análise quanto à composição do lucro. A soma de ambos os prejuízos
(operacionais e não operacionais), a ser compensada, não poderá exceder o limite de 30% (trinta por cento) do lucro real
antes das compensações.
No período-base em que for apurado resultado não operacional positivo, todo o seu valor poderá ser utilizado
para “liberar” os prejuízos fiscais não operacionais de períodos anteriores, ainda que a parcela do lucro real admitida para
compensação não seja suficiente ou que tenha sido apurado prejuízo fiscal. Nesse caso, a parcela dos prejuízos fiscais não
operacionais, até o limite dos lucros não operacionais, que não puder ser compensada com o lucro real, seja em virtude do
limite de 30% (trinta por cento) acima referido ou de ter ocorrido prejuízo fiscal no período, passará a ser considerada
prejuízo das atividades operacionais, podendo, a partir de então, ser compensada sem a análise quanto à composição do
lucro.
No quadro seguinte enfocamos o aspecto da compensação, criando-se uma situação que não contempla
Atividade Rural. Os valores informados como resultados operacionais, resultados não operacionais e resultado fiscal antes
da compensação de prejuízos são hipotéticos (dados).
Especificação Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4
Resultado Operacional -80.000 200.000 -90.000 -300.000
Resultado ñ-operacional * 20.000 -300.000 -30.000 -10.000
Result Fiscal antes compen -30.000 -100.000 50.000 -8.000
Compensação Prejuízos - - 15.000 -
Resul Fiscal após compen. -30.000 -100.000 35.000 -8.000
LALUR Parte B (Prejuízos acumulados)
Prejuízos ñ-operacionais - 100.000 100.000 108.000
Prejuízos Demais Ativid. 30.000 30.000 15.000 15.000
Continuação .....
Especificação Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8
Resultado Operacional -150.000 -30.000 -20.000 100.000
Result não-operacionais * -60.000 -30.000 10.000 100.000
Result Fiscal antes comp. -100.000 -100.000 -8.000 100.000
Compensação Prejuízos - - - 30.000
Resul Fiscal após compen. -100.000 -100.000 -8.000 70.000
LALUR Parte B (Prejuízos acumulados)
Prejuízos não-operacion. 168.000 198.000 188.000 88.000
Prejuízo demais Atividades 55.000 125.000 143.000 213.000
Continuação....
Especificação Ano 9 Ano 10 Ano 11 Ano 12
Resultado Operacional 10.000 30.000 - 200.000
Resultado ñ-operacional * -20.000 - 100.000 -30.000
Result Fiscal antes comp** 15.000 30.000 100.000 -20.000
Compensação Prejuízos 4.500 9.000 30.000 -
Resul Fiscal após compen. 10.500 21.000 70.000 -20.000
LALUR PARTE B (Prejuízos acumulados)
Prejuízos ñ-operacionais 88.000 88.000 0 20.000
Prej. Demais Atividades 208.500 199.500 257.500 257.500
Continuação.....
Especificação Ano 13 Ano 14 Ano 15 Ano 16
Resultados Operacionais 300.000 -80.000 100.000 800.000
Resultado ñ-operacional * - 10.000 3.000 -10.000
Result Fiscal antes comp** 100.000 30.000 20.000 900.000
Compensação Prejuízos 30.000 9.000 6.000 225.500
Resul Fiscal após compen. 70.000 21.000 14.000 674.500
LALUR PARTE B (Prejuízos acumulados)
Prejuízos ñ-operacionais 20.000 10.000 7.000 7.000
Prej. Demais Atividades 227.500 228.500 225.500 0
* O resultado não operacional corresponde apenas àquele decorrente da alienação de bens ou direitos do ativo
permanente.
** O resultado fiscal antes da compensação de prejuízos não corresponde, no exemplo, à soma algébrica dos
resultados operacionais e não operacionais. O valor é hipotético, pois omitimos as informações sobre as adições e exclusões.
A lei permite que, alternativamente à apuração trimestral, as empresas tributadas pelo lucro
real, possam optar pela apuração anual, obrigando-se, entretanto, ao recolhimento mensal por
estimativa.
Assim, a pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto com apuração anual deverá
apurar o lucro real, obrigatoriamente, em 31 de dezembro de cada ano. A forma de apuração anual do
lucro real não difere, na sua essência, da apuração trimestral.
É importante considerar, desde já, que o recolhimento por estimativa pode ser suspenso ou
reduzido, desde que o contribuinte comprove, com base em balanço ou balancete, que o valor
acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no Lucro Real
do período em curso.
COMENTÁRIO
Todas as empresas tributadas pelo Lucro Real por opção ou por força de lei, podem escolher a forma de
tributação trimestral ou anual.
Por outro lado, a opção pela apuração anual, que é manifestada com o recolhimento do imposto (estimado sobre
a receita bruta e acréscimos ou com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução) relativo ao mês de janeiro,
ainda que intempestivo, requer antecipações mensais, apurando-se o lucro real definitivo em 31/12, sobre o qual é apurado o
imposto. O imposto anual, mesmo que já parcialmente ou integralmente pago, é contabilizado a crédito de conta do passivo
circulante e a débito da conta Resultados do Exercício.
Este passivo é extinto mediante transferência da conta do ativo circulante, que registra o imposto a compensar.
Caso persista saldo credor, este deve ser quitado até o último dia útil do mês de março do ano subseqüente ao do período
base. Se as antecipações superarem o imposto anual devido, ou quando este último inexistir, o valor recolhido em excesso
por estimativa pode ser compensado com os recolhimentos de imposto de renda a partir do mês de janeiro do ano
subseqüente, assegurada a alternativa de requerer, após a entrega da declaração de rendimentos, a restituição do montante
pago a maior (ADN n° 03/2000).
Uma vez identificada a base de cálculo, adotando-se uma das formas apresentadas no
parágrafo precedente, aplicar-se-á sobre esta a alíquota de 15% (quinze por cento). Ainda, se a base de
cálculo exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de
meses do respectivo período de apuração, o excesso sujeita-se à incidência de adicional de imposto à
alíquota de 10% (dez por cento).
A opção pela apuração do IR anual será manifestada com o pagamento do imposto estimado
correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade.
Sui generis é o lançamento de Ofício quando constatado recolhimento a menor. Assim, caso
a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estimativa, o lançamento de ofício
restringir-se-á à multa de ofício sobre os valores não recolhidos (IN 93/97, art. 15).
COMENTÁRIO
Conforme foi visto em item precedente, todas as empresas tributadas pelo lucro real, por obrigação ou por
opção, podem adotar a sistemática de apuração anual. Porém, isto não significa que o imposto também possa ser pago
anualmente. Estas empresas obrigam-se a apurar um lucro e o respectivo imposto, mensalmente, de forma provisória, para,
no final do exercício, apurarem o Lucro real com base no balanço anual, determinando, desta forma, o imposto do ano todo,
do qual será compensado aquele recolhido mensalmente.
Se, porém, as empresas acharem que o imposto mensal apurado na forma "estimada" excederá ao que será
devido no ano, poderão suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês utilizando-se de outra forma de
apuração. Prova-se com balanços ou balancetes, acumulados até aquele mês, levantados com observância das leis
comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário que o imposto devido até aquela data já foi parcialmente ou integralmente
pago.
É importante notar que o balanço de suspensão ou redução pode ser levantado em qualquer mês do ano. Isto
significa que as empresas optantes pelo lucro real anual possuem as seguintes alternativas: a) apuram o imposto de renda,
mensalmente, de forma estimada sobre a receita bruta e acréscimos, recolhendo tal valor, efetuadas as devidas reduções e
compensações; b) suspendem ou reduzem o valor apurado na forma referida na letra anterior, demonstrando, através do
levantamento da base de cálculo real até aquela data, que o imposto já pago é suficiente, ou parcialmente suficiente, para
quitar o imposto devido.
Exemplificando, imaginemos a seguinte hipótese: uma empresa iniciou o ano de 2005 optando pela apuração
anual do lucro real em 31/12/05. Fica, portanto, na obrigação de antecipar mensalmente o imposto. Assim, recolhe
relativamente a 1/05, 2/05 e 3/05, calculado sobre a receita bruta e acréscimos, um imposto de renda de, respectivamente,
R$ 5.000,00, R$ 8.000,00 e R$ 10.000,00 (valores hipotéticos). Caso continuasse na forma de apuração estimada sobre a
receita bruta e acréscimos, recolheria sobre o mês 4/05, digamos, R$ 15.000,00. Resolveu, então levantar um balanço ou
balancete e o correspondente lucro real, relativamente ao período de 1º/1/05 a 30/4/05, para ver o quanto efetivamente devia
no período. Apurou, suponhamos, um Lucro Real de R$ 100.000,00, com um imposto de R$ 17.000,00 (15% de 100.000,00
+ 10% de 20.000,00). Desta forma pode suspender o pagamento relativo ao mês de abril/2005, pois deve, até 30/4/05 o
valor de R$ 17.000,00 e já recolheu R$ 23.000,00 (5.000,00 + 8.000,00 + 10.000,00).
Mudando a hipótese e pressupondo que o imposto apurado pelo lucro real no primeiro quadrimestre fosse de R$
25.000,00, então o valor a recolher referente 4/05 seria de R$ 2.000,00 (25.000,00 - 23.000,00).
No mês de maio/2005 a empresa novamente pode apurar o imposto calculado sobre a receita bruta e acréscimos
obtidos naquele mês, ou levantar outro balanço de suspensão ou redução, acumulado, de 1º/1/05 a 31/5/05, com opção pela
hipótese mais vantajosa.
Para exemplificar as possibilidades de variação nas opções de recolhimento por estimativa de empresas
optantes pelo lucro real anual, apresentamos, a seguir, hipóteses contendo as mais variadas combinações:
Mês: Janeiro
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 10.000,00 ____ 10.000,00
Com base em Balanço de Suspensão 12.000,00 ________ 10.000,00
ou Redução
Mês: Fevereiro
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 14.000,00 10.000,00 _____
Com base em Balanço de Suspensão 12.000,00 2.000,00 12.000,00
ou Redução
Mês: Março
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 5.000,00 12.000,00 5.000,00
Com base em Balanço de Suspensão Não Fez _________ 17.000,00
ou Redução
Mês: Abril
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 18.000,00 17.000,00 _____
Com base em Balanço de Suspensão 16.000,00 ____ 17.000,00
ou Redução
Mês: Maio
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 21.000,00 17.000,00 _________
Com base em Balanço de Suspensão Prejuízo Fiscal _________ 17.000,00
ou Redução
Mês: Junho
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 3.500,00 17.000,00 _______
Com base em Balanço de Suspensão 8.000,00 _______ 17.000,00
ou Redução
Mês: Julho
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 2.000,00 17.000,00 2.000,00
Com base em Balanço de Suspensão 20.000,00 _______ 19.000,00
ou Redução
Mês: Agosto
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 20.000,00 19.000,00 ______
Com base em Balanço de Suspensão 22.000,00 3.000,00 22.000,00
ou Redução
Mês: Setembro
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 5.000,00 22.000,00 5.000,00
Com base em Balanço de Suspensão Não Fez _______ 27.000,00
ou Redução
Mês: Outubro
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 28.000,00 27.000,00 ________
Com base em Balanço de Suspensão 25.000,00 ________ 27.000,00
ou Redução
Mês: Novembro
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 10.000,00 27.000,00 10.000,00
Com base em Balanço de Suspensão 38.000,00 ______ 37.000,00
ou Redução
Mês: Dezembro
Forma de apuração por Estimativa Valor Apurado Saldo Valor a pagar Saldo pago até o
anterior relativo ao mês mês
pago
Sobre Receita Bruta e Acréscimos 8.000,00 37.000,00 8.000,00
Com base em Balanço de Suspensão 50.000,00 _______ 45.000,00
ou Redução
Cabe ressaltar que o imposto de renda anual será igual ao apurado com base em balanço de suspensão ou
redução do mês de dezembro, uma vez que tais balanços sempre abrangem o período de 1º de janeiro até o final do mês de
referência.
Ainda, é interessante observar que a empresa já poderia ter recolhido o saldo do imposto como estimativa do
mês de dezembro, de R$ 13.000,00 (50.000,00 - 37.000,00), uma vez que ela já conhecia o imposto anual. Porém, preferiu
recolher apenas o mínimo obrigatório, de R$ 8.000,00, deixando o restante para a declaração de ajuste, com vencimento em
31 de março do ano seguinte, sujeito, porém à taxa Selic, a partir de 1º de fevereiro do ano seguinte, sendo que, no mês do
pagamento a taxa de juros é de 1%. Portanto, dependendo das oportunidades de investimento da empresa, o valor restante,
de R$ 5.000,00, poderia ser pago no último dia útil do mês de Fevereiro, apenas com acréscimo de 1%, ou no último dia útil
do mês de março, acrescido da taxa Selic de Fevereiro, mais 1%.
Por fim, frise-se que no caso das estimativas recolhidas ao longo do ano excederem ao imposto anual devido, o
saldo é compensável a partir de janeiro do ano subseqüente. Quanto à atualização, a parcela correspondente a estimativa
referente ao mês de dezembro, por ter sido recolhida em janeiro do ano seguinte, é atualizável a partir de fevereiro. O
excedente desta parcela, se houver, é atualizável pela Selic já a partir de janeiro (Lei 9.532/97, art. 73 e 81, II).
A regra geral para a apuração da base de cálculo do imposto mensal devido por estimativa
sobre a receita bruta é de 8%. Esta “regra geral” alcança, especificamente, receitas das seguintes
atividades: a) da venda de produtos de fabricação própria ou adquiridos para revenda; b) da
industrialização, por encomenda, de produtos em que os insumos tenham sido fornecidos por quem
encomendou a industrialização; c) de serviços hospitalares; d) de transporte de cargas; e) de atividades
de loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos para
revenda; f) atividade de construção por empreitada quando houver emprego de material fornecido pelo
empreiteiro (ADN 6/97); g) da atividade rural.
Para exemplificar a apuração da base de cálculo pela regra geral, considere-se uma empresa
comercial com receita bruta mensal, de R$ 100.000,00. Nesta hipótese, a base de cálculo para fins de
estimativa do Imposto de Renda sobre a receita bruta será de R$ 8.000,00 (100.000,00 x 8%).
Conforme o Boletim Central Extraordinário nº 21/93, pergunta 40, as atividades de corretagem de seguros ou
de imóveis e as de representação comercial são consideradas atividades de intermediação de negócios mencionada no item
“b”.
Na letra “c” está compreendida a receita proveniente da administração de imóveis próprios e de terceiros. Os
rendimentos de aluguéis de imóveis próprios, quando a empresa tem como objeto a administração de imóveis próprios, são
considerados receita bruta para efeito de cálculo do imposto a ser pago por estimativa, aplicando-se o percentual de 32% (ou
16%). Os rendimentos de aluguéis, quando o objeto da empresa não é a administração de imóveis próprios, serão
considerados nas demais receitas e não como receita bruta (ADN 10/93).
8.5.3.5. Prestadoras de Serviços de Baixa Receita
A base de cálculo mensal do imposto das pessoas jurídicas exclusivamente prestadoras de
serviços, relacionadas nas letras “a” até “d” do item precedente, cuja receita bruta não ultrapasse, no
ano, a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), será determinada mediante aplicação do percentual de
16% (dezesseis por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente. Vale lembrar que serviços
hospitalares e de transporte de carga são estimados, independentemente de valor, em 8%.
COMENTÁRIO
No conceito de empresas que podem utilizar-se do percentual de 16% a que se refere o presente item,
enquadram-se as pessoas jurídicas exclusivamente prestadoras de serviço, cuja receita bruta anual não ultrapasse a R$
120.000,00. Excluem-se as empresas prestadoras de serviços hospitalares (8% independentemente do valor da receita bruta),
de transporte de passageiros (16% independentemente do valor da receita bruta), de transporte de cargas (8%
independentemente do valor da receita bruta), bem como as sociedades prestadoras de serviços profissionais legalmente
regulamentados (32% independentemente do valor da receita bruta).
Se, no decorrer do ano, a receita bruta ultrapassar o limite de R$ 120.000,00 e a empresa, antes de atingir este
patamar, estimou o lucro com a utilização do percentual favorecido de 16%, considera-se ter havido uma insuficiência de IR
estimado. Neste caso, no mês em que se registrar o excesso, a empresa apurará a estimativa calculada em 32% sobre a
receita bruta total do mês, e acrescerá ao lucro assim determinado, a insuficiência de lucro dos meses anteriores em razão da
aplicação do percentual de 16%. A insuficiência será recolhida juntamente com o IR estimado relativo ao mês do excesso,
sem acréscimos legais (IN 11/96, art. 3º, §§ 3º e 4º).
A questão do percentual de estimativa diferenciado (16% ou 32%), utilizável pelas empresas de prestação de
serviços em geral, em razão do montante anual do faturamento (R$ 120.000,00), apresenta-se confusa, pois a empresa
normalmente não tem como prever, ao iniciar os recolhimentos mensais, se a receita do ano superará ou não o limite. Neste
caso inicia-se apurando o lucro estimado pela aplicação, sobre a receita bruta mensal, do percentual de 16%. Caso a receita
bruta supere o limite anual de R$ 120.000,00, o que faz com que o lucro de todos os meses do ano deva ser estimado pelo
percentual de 32%, haverá recolhimento complementar, calculado retroativamente, vencendo-se o imposto de renda (e a
contribuição social sobre o lucro líquido) juntamente com aquele apurado no mês em que o limite foi ultrapassado, não
havendo, porém, necessidade de recolhê-lo com acréscimos de juros e multa.
Para exemplificar, suponhamos que uma empresa prestadora de serviços de lavagem de veículos, tributada pelo
lucro real anual, apurou nos quatro primeiros meses do ano de 2005 a seguinte receita bruta:
1º mês: R$ 30.000,00;
2º mês: R$ 50.000,00;
3º mês: R$ 50.000,00;
4º mês: R$ 20.000,00.
O imposto de renda correspondente, caso haja opção pelos recolhimentos mensais calculados por estimativa
sobre a receita bruta e acréscimos, deverá ser recolhido nas seguintes datas e valores:
I - o relativo ao mês de janeiro/05 - no último dia útil de 02/05, de R$ 720,00 (30.000,00 x 16% x 15%);
II - o relativo ao mês de fevereiro/05 - no último dia útil de 03/05, de R$ 1.200,00 (50.000,00 x 16% x 15%);
III - o relativo ao mês de março/05 (e diferenças de 01/05 e 02/05), mês em que superou o limite de
R$ 120.000,00 - no último dia útil de 04/05, de R$ 4.320,00 {[(30.000,00 x 16% 1º mês) + (50.000,00 x
16% (2º mês) + 50.000,00 x 32% (3º mês)] x 15%};
IV - o relativo ao mês de abril/05 - no último dia útil de 05/05, de R$ 960,00 (20.000,00 x 32% x 15%).
Nos meses seguintes, qualquer que seja a receita bruta, o percentual será de 32%, uma vez que a empresa
alcançou o limite já no 3º mês.
* Mesmo que a receita anual seja inferior a R$ 120.000,00, esta será estimada em 32%, pois
a empresa não é exclusivamente prestadora de serviços.
Por exemplo, uma empresa comercial, com atividade incentivada (isenção sobre o lucro da
exploração), apresenta uma receita bruta total de R$ 1.000.000,00 em determinado mês. A receita bruta
gerada pela atividade beneficiada com incentivos equivale a 30% da receita total. Neste caso a
apuração da base de cálculo do IR por estimativa será:
Conta Valor em R$
1. Receita Bruta total da empresa 1.000.000,00
2. Receita Bruta da atividade incentivada 300.000,00
3. Redução da RB para fins de estimativa (100%) 300.000,00
4. RB base para o cálculo da estimativa (1-3) 700.000,00
5. Lucro Estimado (8% de 4) 56.000,00
A receita bruta proveniente de contratos a longo prazo com entidades governamentais, seja a
produção de longo prazo ou de curto prazo, será reconhecida, para fins de estimativa, no mês do
recebimento (Lei 8.981/95, art. 30, § único acrescido pelo art. 1º da Lei 9.065/95, e IN 11/96, art. 5º,
IV).
Nos casos de contratos com prazo de execução superior a um ano, de construção por
empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços a serem produzidos, será
computada na receita bruta parte do preço total da empreitada, ou dos bens ou serviços a serem
fornecidos, determinada mediante a aplicação, sobre esse preço total, da percentagem do contrato ou da
produção executada em cada mês.
A s pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a
compra e venda de veículos automotores poderão equiparar, para efeitos tributários, como operação de
consignação, as operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, bem assim dos
recebidos como parte do preço da venda de veículos novos ou usados (Lei nº 9.716/98, art. 5º).
A receita bruta, na formação da base de cálculo da estimativa, deve ser considerada pelo
regime de competência, salvo exceções expostas.
COMENTÁRIO
Para exemplificar a apuração do imposto por estimativa vamos supor uma empresa comercial (percentual de
estimativa do lucro de 8% sobre a receita bruta), que apresentou, em determinado mês de 2005, as seguintes contas:
Conta Valor em R$
1. Receita total da revenda de mercadorias 580.000,00
2. ICMS sobre vendas 96.000,00
3. Vendas Canceladas 12.000,00
4. Juros ativos recebidos de Clientes 3.500,00
5. Aluguel de uma sala 662.00
6. Despesas de comissão da Imobiliária s/ aluguel da sala 32,00
7. Reversão da provisão para ações judiciais 2.800,00
8. Juros sobre o capital próprio auferidos 6.000,00
9. Receitas financeiras de aplicação de renda fixa c/ IRF de 20% 1.000,00
10. Rendimentos em operações de mútuo entre coligadas 700,00
11. Receita pela venda de um caminhão do ativo permanente 30.000,00
12. Depreciação acumulada do caminhão vendido 20.000,00
13. Custo de aquisição corrigido do caminhão 45.000,00
14. Receita pela venda de um terreno do ativo permanente 25.000,00
15. Valor contábil do Terreno vendido 32.000,00
16. Juros ativos sobre IR a compensar (taxa SELIC) 650,00
Considerando os dados acima, teremos a seguinte base tributável pelo IR naquele mês, caso a opção seja pelo
IR estimado sobre a receita bruta e acréscimos:
Operação (com referência aos itens do quadro anterior) Valor em R$
(Item 1 – Item 3) X 0,08 (percentual de estimativa s/ Rec. Bruta) 45.440,00
Item 4 3.500,00
Item 5 – Item 6 630,00
Item 10 700,00
Item 11 + Item 12 – Item 13 5.000,00
Item 16 650,00
Base de cálculo da estimativa do mês 55.920,00
Observações:
a) o valor constante do item 2 não é dedutível da receita bruta;
b) o item 7 é uma receita não tributável pois a despesa, por ocasião da constituição da provisão, não foi
dedutível;
c) os itens 8 e 9 integram apenas o resultado anual, quando também poderá ser compensado o IRF, de 200,00,
retido sobre o rendimento do item 9;
d) a operação dos itens 14 e 15 resultou em perda de capital sendo dedutível apenas na apuração do lucro
anual;
e) os percentuais para estimar o lucro, no caso de 8%, incidem apenas sobre a receita bruta; as parcelas da base
de cálculo do IR, originadas das demais receitas, resultam da apuração individual do lucro gerado pela
respectiva operação; se esta resultar em prejuízo, este é abandonado.
Se o imposto retido na fonte é superior ao devido, a diferença poderá ser compensada com o
imposto mensal a pagar relativo aos meses subseqüentes.
Pelo disposto no parágrafo precedente, infere-se que os balanços em tela devem abranger, em
qualquer mês que sejam levantados, o período de 1º de janeiro até o último dia do mês em que este está
sendo levantado.
Ainda, voltamos a destacar a possível alternância, mês a mês, entre os balanços de suspensão
e a apuração com base na receita bruta e acréscimos. O contribuinte pode apurar ao final de cada mês o
imposto mensal pelas duas formas, recolhendo-o pela forma que se mostrar mais vantajosa.
Os balanços ou balancetes de que trata este item (Lei n° 8.981/95, art. 35, § 1°):
a) deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no
Livro Diário;
b) somente produzirão efeitos para determinação da parcela do imposto devido no decorrer
do ano-calendário.
Estão dispensadas do pagamento mensal as pessoas jurídicas que, através de balanços ou
balancetes mensais, demonstrem a existência de prejuízos fiscais apurados a partir do mês de janeiro do
ano-calendário (Lei n° 8.981/95, art. 35, § 2°, e Lei n° 9.065/95, art. 1º).
O pagamento mensal relativo ao mês de janeiro do ano-calendário, poderá ser efetuado com
base em balanço ou balancete mensal, desde que fique demonstrado que o imposto devido no período é
inferior ao calculado com base na receita bruta e acréscimos (Lei n° 8.981/95. art. 35, § 3°, e Lei n°
9.065/95, art. 1°).
Ainda, devemos ter presente que a faculdade de levantar balanços acumulados, mensalmente,
em vista da possibilidade de suspensão ou redução da estimativa sobre a receita bruta e acréscimos,
muitas vezes confunde o contribuinte, fazendo-o pensar que ainda existe a apuração mensal como
forma de apuração definitiva.
Também, não podemos esquecer que há inúmeras situações em que a empresa sofre
tributação sobre determinados rendimentos ou lucros, quando auferidos, a título de antecipação, na
modalidade de imposto de renda na fonte ou antecipação.
A lei que regula a questão da incidência do IR é bastante abrangente. Diz ela que a partir de
1995, o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive das equiparadas, das sociedades civis em
geral e das sociedades cooperativas em relação aos resultados obtidos nas operações ou atividades
estranhas à sua finalidade, será devido à medida que os rendimentos, ganhos e lucros forem sendo
auferidos (Lei n° 8.981/95, art. 25, e Lei n° 9.430/96, arts. 1° e 55).
No caso específico do lucro real, o contribuinte poderá optar pela apuração deste,
alternativamente à apuração trimestral, apenas em 31 de dezembro, isto é, anualmente. Neste caso,
conforme já visto, estará obrigado à apuração de uma antecipação mensal, denominada de "apuração
por estimativa".
Como regra geral, vale repisar, integram a base de cálculo todos os ganhos e rendimentos de
capital, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza, da
espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio que,
pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos do previsto na norma específica de incidência do imposto.
8.6.4.2. Adicional
A parcela do lucro real que exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00
(vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de
adicional de imposto à alíquota de 10% (dez por cento).
O adicional de que trata este item será pago juntamente com o imposto de renda apurado pela
aplicação da alíquota geral de 15%.
O valor do adicional será recolhido integralmente como receita da União, não sendo
permitidas quaisquer deduções a título de incentivos fiscais.