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© Escolha um escritor brasileiro (Monteiro Lobato, Jorge Amado, Guimaraes Rosa, por exemplo) e analise personagens de suas obras, de acordo com a mesma proposta do exercicio anterior. © QUESTOES 1 Como € 0 modelo junguiano da psique? 2 0 que voce entende por ego e por consciéncia? Quais as principais fun- Ses do ego e da consciéncia? 3 Qual a melhor maneira de detectar a fung&o que em uma pessoa atua ‘como funcio inferior? 4 0 que é inconsciente e como ele se comunica com a consciéncia? 5 Com aajuda de seus colegas e do professor, diset ciente apresentada no texto “A carruagem da a fungo do incons- * Adivinhagao e sincronicidade, Marie-Louise von Franz. Sao Pau- 8, 1993. * Alguimia, Marie-Louise von Franz. Sao Paulo, Cultrix, 1996. © A alquimia e a imaginacdo ativa, Marie-Louise von Franz. Si0 Paulo, Cultrix, 1992. A tipologia de Jung, Marie-Louise von Franz e James Hillman. Sao Paulo, Cultrix, 1985, Jung, a gente se vé em Olinda, Pedro Ratis. Sao Paulo, Brasilien- se, 1986. 2 = = = & 2 5 2 é & ADANCA DA ENERGIA A mente humana, em suas intermindveis mudancas, é como a agua que flui de um rio ou a chama de uma lamparina; como um macaco, ela pula o tempo todo sem cessar. Buna A NATUREZA DA ENERGIA PSIQUICA psiquico do homem. E precisamente nessa esfera critica da interagdo en- tre corpo ¢ alma que se situa 0 campo especifico do psicoterapeuta. A psicoterapia, em grande parte, vai lidar com aquilo que a pessoa faz ou deixa de fazer com seus inst tos. 0 instinto diz respeito & impulséo para determinadas agdes, Tudo o que nao passa pela nossa vontade, aquilo que nao € refreado 0 por nenhuma autoridade moral ou de qualquer natureza, é instinti instinto seria como um cavalo selvagem livre de freio. Trata-se do apeti em seu estado natural, ou seja, de nossas necessidades corporais, como fome, sede, sono, sexo, e dos estados emocionais. A pessoa impulsiva é surgir a partir de estimulos internos, como uma forte emo- Ao, ou a partir de estimulos : externos, como uma frustra~ cdo, uma situagio de perigo. Se a pessoa es da com seus de acordo com a necessidade do momento, Mas isso nem sempre € possivel. Imagine alguém dentro de um prédio em chamas. 0 individuo normal tentara manter a calma, buscando uma s ego esti ligado aos instintos de sobrevivencia e de fuga, que sua mente racional € ca- paz de canal adequada- Aforga e, 20 mesmo tempo, @ beleza dos instintos. mente, perm lo-lhe uma agao rapida e eficaz. Se se tratar de um individuo neurético, ele tera uma dificuldade maior para obedecer a seus ani. o ou ficar paralisado. No caso de entrar em panico, podera até langar-se do prédio ou jogar-se sobre as chamas (caso do psicético), As simulagées, ¢ treinamentos para lidar com situagGes de emergéncia visam dotar o in- dividuo de algum controle sobre os impulsos automaticos. De modo geral, todos os processos psiquicos cujas energias nao es- tao sob 0 controle da mente consciente so instintivos. Assim, algumas fungdes de adaptagao da consciéncia, quando afetadas pela energia do in- consciente, adquirem a caracterfstica impulsiva dos processos instintivos, Quando perdemos a cabeca ou quando estamos muito cansados, em algu- as situagdes de doenga ou de ingestao de drogas, tendemes a reagit mais instintivamente, ibido e energia do instinto sexual so sinénimas. Seu ponto de vista é mecénico. A energia vital aparece de varias for- ‘mas ¢ em varias situagdes, mas a qualidade dos fendmenos é sempre @ mesma: de natureza sexual. Considerando, de acordo com a visio mecanica, que um efeito esté sempre ligado a uma causa, Freud buscava a explicagio das manifestagies das neuroses sempre nos conflitos sexuais reprimidos do pasado, na infancia, Para libertar a energia vital de uma definigao muito estreita, Jung baseou-se no conceito de energia da pregava o termo libido para designé-l acnergi Posteriormente, passou a chamar ital simplesmente de energia psiquica, Assim como calor, luz e eletricidade sao manifestacdes diferentes da energia fisica, fome, sexo e agressividade seriam expresses variadas da energia psiquica. Jung nao concordava em utilizar um tinico impulso es- pecifico — o sexual — para definir a energi campo da psique: Como todos os impulsos ¢ automatismos apresentam 0 desejo € & compulsio, ou seja, a impulsividade como caracteristica espectfia, e uma nos e de sua dinimica ps foda a massa de fendmencs prioridade de um deles. ma definicao sexual nao significa que ele negasse a exi mo sexual, Na realidade dindo a parte com o todo, o fendmeno com sua manifestacao. Para tentar fazer a distingio entre o fenémeno da energia psiquica € as manifestagdes desse fendmeno, Jung baseou-se no conceito de von- tade do filosofo Arthur Schopenhauer: “Algo inteiramente livre e muito dade, que to, afetam ape- juxc, Sémbolos, ela assume apenas quando se torna manifesta, e que, nas sua objetividade, sendo estranhas a vontade em si § 197). A energia psiquica existe em estado pote: as aptiddes. Manifesta-se de varias formas, em exp. intos, desejos, afetos, atenca manifestagdes nos sonhos, no nosso soes de afeto, nos sentimentos, como 6 u na falta dele, nas exp! ganca, alegria tristeza, amor. wa medir ou sava-se muito mais pela busca de signi seou sua concepcdo de energia em dois principios fundamentai equivaléncia e a compensacio. O PRINCIPIO DA EQU! Para estabelecer o pri jéncia, Jung inspirou-se na pri- meira lei da termodinamica, de Helmholtz: “Para uma deterininada quan. tidade de energia utilizada com o fim de produzir uma condi¢io, uma outra ralente de energia surge em algum outro ponte [ nalidade para outro, do consciente para o inconsciente, e vice-versa. En- te os dois sistemas ha trocas relativas a valores, que sao a quantidade de energia psiquica investida em determinadas caract vel medi ca (ainda nao existe um “psic6metri idéias e emocdes pode ser estimada por personalidade. 0 contratio também é valido: se algo é banal, nos diz pou- co, Ihe dedicamos pouca energia. Nao valorizarmos conscientemente ‘uma determinada i ‘ou emo- 05 aspectos da persona- ie ainda nao estdo integrados e, portanto, nao fazem parte da consciéncia, surgem no inconsciente e sio representades por meio das imagens das fantasias e dos sonhos. Uma pessoa de indole agressiva e que niio tem consciéncia de sua prdpria agressividade pode, por exemplo, so- nhar com um ani digées psicol6gicas in ii temas, o subjetivo e o objetivo, muitas i ou acaba se amoldando as convenién- indo uma determinada situagio, obrigamo-nos a lo que é convencional e, repri a.concessio de nela permanecer. Nao € muito imaginar casos assi ‘Uma vez. que tem a capacidade de criar coisas nov. pode espontaneamente ati- var cerlas quantidades de energia psfquica eforcar sua entrada na conscii ‘vezes, podemos sonhar com coisas completamente estra- thas e diferentes. Outras, sonar com a solugao de um determinado problema. O por exem- ‘a descobrir a f6r- de benzer imagem de uma serpente en- rolada, 0 que o inspirou na descoberta da figura hexa- gonal do composto que es- tudava, M.C. Escher, 76s mundos (1956): imagom do poise é una representacdo da enorsiapsiquica ‘que surge noinconseiante Assim como a energia do incons o contrario também ocorre: certas quant desaparecer da consciéncia e surgir né repressio. Imagine que o peixe da ilustragao seja a representagdo (imagem) de uma determinada quantidade de energia psfquica relativa a um contetido psiquico submerso no inconsciente (representado pelas aguas do lago). O peixe pode ser tanto um contetido psiquico que foi reprimido — isto €, fa~ zia parte da consciéncia mas foi, por alguma razao, dela afastado — cot algo inteiramente novo surgido do inconsciente. Dependendo da do ego, duas situagdes podem ocorrer. inte pode ir para a consci idles de energia psiquica podem sciente. E 0 que acontece na vel guardar coisas que es carao bonias earrumadas, sem nos aborrecr. Mas nao ¢ ta simples assim Os contetidos reprimidos voltam & consciéncia por bem ou por mal, ma- nifestando-se nos sonhos ou em sintomas. Aquela quantidade de energia consciente que foi parar no inconsciente, mais cedo ou mais tarde, vem bater porta da consciéncia, Um: fundos, por intermédio dos sint Nos casos em que o contetido da consciéncia é completamente en- golido pelo inconsciente, como, por exemplo, quando o interesse por de- terminado objeto nao tem oportunidade para se expressar, podemos constatar que logo surgem indicios de uma atividade inconsciente. A ener- gia que alimentaria o interesse consciente é desviada, tomande um cami- nnho que a faz surgir as vezes no corpo, na forma de palpitacao, diarréia, coceira ou intensificagao de sintomas j4 existentes. ‘A investigagio de Freud em torno da sexualidade contribuiu muito para a demonstracéo do principio da equivaléncia e sua importancia na formagao de sintomas: se a pessoa reprime um desejo, pode ter uma forte enxaqueca. A fantasia popular de que sexo reprimido sobe & cabega apare- ce nos estudos de Freud, particularmente quando ele descreve a repres- so e a maneira como se formam os sintomas. ‘Como a energia p: eprimida € necesséria para o de- senvolvimento do indi tentard voltar & cons- ciéncia, A pessoa sonha, entao, com o peixe (o conteddo reprimido). Se ela estiver numa atitude muito defensiva, é possivel que 0 sonho se dé em for- ma de pesadelo, com a finalidade de tentar romper a atitude de defesa da consciéncia (veja o principio da compensagao mais adiante). O contetido \consciente mostra-se entio ao ego como algo ameacador. A psique prosuz u Antes de cher desenvolver sintomas, a pessoa ou receber outras ia, ndio quer dizer que ele deixou de existit, mas, sim, que perdeu a sua energia consciente. A ener- sia psiquica que desaparece gera um produto inconsciente que apresenta tragos em comum com o contetido desaparecido. Esse prod ciente pode surgir em sonho ou fantasia como representado pelo peixe) por meio do sonho, A energia reprimida no inconsciente passa para a consciéncia (0 peixe € retirado da 4gua), podendo colocar-se a servigo do ego para 0 desenvolvi- mento da personalidade. Vejamos um exemplo de como a energia fluir transforma-se em sintoma ou em imagem simbélica, No tureza da psique (§ 303-9), Jung relata o caso de um jover oficial de 27 anos, que sofia de vilentas dores no coragio eno calcanhar esquer- do. Ele ji itara outros médicos, tentando esclarecer a causa de seu so- frimento, mas nenhum dos exames clinicos que fizera até entéo revelara a origem de tais sintomas. ‘Na entrevista com Jung, 0 oficial relatou um sonho que tivera e que Ihe causara uma sensacao de estranhe eu andava por um campo aberto quando, de repente, pisei numa serpente que me mordeu o calca- nhar, Senti-me como se estivesse envenenado”. Algum tempo antes de surgirem aqueles rapaz o deixata, ficando logo noiva de outro. ra de maneira arro- gante; néo Tevou em conta 0 sentimento de imaginou que rio tinha ficado abalado e pensou em arrumar logo outra namorada. Na desse fato, 0 rapaz ia inconsciente, nos intomas, a namorada do reprimiu a energia da dor e da mégoa, sintomas corporais e no sonho. “Todos sabemnos como a perda de um amor faz doer 0 coragao. No caso do rapaz, a energia psiquica, sem um canal para fluir, recuou mais profun- damente, produzindo uma imagem mitol6gica que exprimia um determi- nado tipo de relagao entre homem e mulher. Ele havia se defrontado com a face perigosa do principio feminino, em seu aspecto se- { - duior, representado pela ser- 5 pente — o animal que a j deusa Isis do antigo Egito | colocara no caminho do J deus Ra para the morder 0 calcanhar; ou a serpente bi- ica, Lilith, que pode ser interpretada como 0 lado escuro e sombrio de Eva, Jacob Jotdaens, 4 tentagao (s6oulo XV) ‘9 feminino em seu aspecto ameacador. a : Funai Tyean Someries, Ligana Casagro © PRINCIPIO DA COMPENSACAO Na raiz das transformagdes que ocorrem nos fendmenos da psique hé um direcionamento da energia psiquica no sentido de se atingir um estado geral de equilibrio entre os sistemas consciente-inconsciente, A ior contetido energético para ou- tros de menor contetido, com a quantidade total de energia permanecen- do constante. Nossa , 0 tempo todo buscando estabelecer ‘temas consciente e inconsciente. A io Jung denominou funcdo compensatéria. E uma espécie de auto-regulacio psiquica: a funcda compensatéria do inconsciente relativa a qualquer tendéncia da consciéncia 4 u ralidade corresponde as funcées fisiolégicas responsaveis pelo equilfbrio do organismo (homeostase). Amaneira como essa compensacao ocorre depende da. em relagao a um determinado simbolo (contetido inconsciente). Quanto mais rigida, exagerada ¢ unilateral for essa atitude, mais radical serd a ‘compensagao, Em casos de distiirbios neuréticos ou psicéticos, ela pode- ¥4 manifestar-se como franca oposicao & atitude consciente, Salvador al, Sono causac polo vee deuma _abetha ao edorde uma roma um segundo antes 5 possiotidace ce ‘consclontizacéo da sgressividade om um ssonho, 97 a: mente, 0 peixe submerso nas guas (pi- gina 93) representa uma determinada quantidade de energia psiquica que foi deslocada da consciéncia para o inconsciente. Uma vez que a conscién- cia necessita dessa quantidade de energia para se desenvolver, o s{mbolo peixe retorna do inconsciente para a consciéncia, seja por meio de um so- niho ou de um pesadelo, seja por meio de um sintoma, no caso de a atitu- de egéica ser defensiva (ver ilustragao & pagina 95). Essa € uma das principais fungdes dos sonhos: a compensagio in- consciente de uma atitude consciente neurética, A compensacao comporta todos os elementos que podem efetiva ¢ saudavelmente corrigir a ut teralidade da consci Mas, para isso, 0s contetidos inconscientes precisam ser conscientizados, isto €, integrados consci Tidades, produzindo mudanga de comportamento e de ati A polaridade natureza—esp' Como foi mencionado, € proprio da energia psiquica o movimento ro sentido de estabelecer tum equilibrio entre polaridades — como se hou- ‘yesse uma intencionalidade por parte dela, ao fazer isso. O embate entre as polaridades vivenciado pelos seres hutmanos como conflito entre natu- 0, €€ dele que surge a auto-redulagzo do e gem tal impetuosidade instintiva ca buscasse por si mesma sua prépria diferenciagéo e conhecesse aquilo que a personalidade necessita para se transformar. OB De acordo com Heréclito, para quem a guerra entre os opostos € 0 ai de todas as coisas, pode-se afirmar que também psicologicamente cada polaridade contém em si mesma sao interna entre elas o seu dinami A maior parte da energia psiquica laridade oposta, derivando-se da ten- istemas funcionais do corpo-mente, servindo para a manutengio do curso regu- lar da vida, Como uma forca esp tuagies de fome, sono, sede, sexo. A formagao da cultura lea que nao pode ser transformada, usada na realizagao das atividades que nos mantém vivos e em fungées in: s essenciais que operam de acordo com leis biolégicas, como em si- A energia psiquica que nio é consumida na satisfacao dos instintos pode ser canalizada e empregada na realizacao de outras atividades, como, ais. Quanto mais eficazmente sat por exemplo, as culturais e espiri Para Freud, a cultura € criada pela atuagao de uma instancia de ca- rater nao tuais e es is a energia ps intivo, o superego, que canalizaria para as atividades intelec- ia psfquica niio empregada nas fungoes biolégicas. O superego 0 que em cada um diz. 0 que é certo e errado. Diferentemente de Freud, Jung nao considerava que algo desvin- culado dos instintos biolégicos € que os refrearia, canalizando sua ener- gia para manifestagdes mais elevadas. Para ele, jé existe uma tendé de cardter instintivo, tualizacao e que a erente a propria ener a expressar-se em outras formas de at iioldgicas. Essa tendéncia seria um instinto para a espiritualizacdo. Jung empregava a palavra espivito nao em seu sentido metafisico, mas para designar uma forga natural Espirito © matéria “Em alemao Geist, ‘espi ios significados: os contrapdem a matéria, como algo ido como ser intelecto, ide da consciéncia e, ainda, ‘como algo que espuma ou efervesce." (Von Franz, 19922: 72) as imagens dos sias, assim como as mi es culturais. No individuo, ‘uma manifestagio do espfrito — por exemplo, a imagem de um sonho — pode estar relaciona- daa um aspecto nao integrado de sua personalidade no incons- ciente. 99 Pode-se afirmar que a con: ciente, desenvolve-se buscando ae: sentido € a criagao de ra sua mudanga do es- individualizado e abstrato. Mas atengdo: nesse processo energia biolégica ¢ espiritual se complementam, uma nao excluindo a outra, ‘Salvador Dali, Melamorfose de Narciso (1937): 08 simbolos so consinuamente criatios, ‘ouscando-se um equilrio de tenstes. PROGRESSAO E REGRESSAO. Vimos até agora trés fundamentos para compreender a natureza da energia psfquica: » a psique abrange mente e corpo, sendo formada pelo sistema conscien- Podem-se imaginar os meios ou canais, os espacos de transite do fluxo energético, como avenidas ou pistas por intermédio das quais a energia psiquica circula. Nessas pistas, a canalizacao da energia é feita em duas ‘maos: progressio e regressao. Sao esses os energia psiquica. A progresséo € 0 movimento da energia psiquica para a frente, é 0 avango do processo de adaptacdo psicolégica no dia-a-dia ou a continua satisfago das demandas ¢ exigéncias do meio ambiente mediante uma ati- tude et nte adequadamente dirigida. O proceso de adaptaco requer um funcionamento direcionado da consciéncia, dotado de consisténcia 3, ao tratar dos tipos psicolégicos, afirmamos que ha uma fungéo superior, a funcao consciente de adaptacao, habitualmente mais desenvolvida, utilizada para progredir e buscar adequago no mun- do, O avango no sentido da adaptacao vai aos poucos dando a nossa nocao de identidade, Mas, sendo essa funcéo direcionada, tudo 0 que nao puder ser expresso via consciéncia seré comunicado por meio da Sombra, com vistas a se manter a integridade da dirego consciente. A regress, por outro lado, é 0 recuo tempordrio da energia ps que, assim procedendo, ativa os contetidos inconscientes e traz A ya- lores abandonados ou novos aspectos da personalidade. Freqiientemente, rea necessidade de adaptacao externa ¢ a de adaptacéo ao mundo inte. rior da psique ocorre o conflito identidade x individualidade, Nao se pode f, NO entanto, que progressao seja melhor que re- Sressio. Muitas vezes a regressdo consiste em voltar atrés a fim de reunir energias para continuar avangando, coma, por exemplo, quando uma. ‘pes- va conseguir saltar, primeiro agacha-se um pouco a fim de tomar 0. Do mesmo modo, nao se deve confundir progressao com desen- volvimento, pois o fluxo continuo da vida nao significa exclusivamente d ferenciagao, Assim, a vida psiqui como regressiva sem involucao. A dana da energia psiquica Para explicar os movimentos da energia psfquica, Jung usou uma ‘metafora: a progressio pode ser comparada a uma queda d’gua que segue seu curso de uma montanha para o vale, Enquanto durar a progressio, a taré fluindo: as polaridades estardo unidas ¢ coordenadas com o ponde ao represamento da energia psiquica, que, como a Agua num dique, sofre aumento de tensi, Acontece entao o conflito, que leva a uma ten- tativa de os opostos se reprimirem mutuamente. Surgem questies do tipo “Vou ou nao convidé-la para sair comigo?”, “Presto vestibular ou cormeco a trabalhar?”. ‘Se uma das forcas for bem-sucedida em reprimir a outra, pode sur- gir a dissociaggo, que leva 4 uma divisio interna e, dependendo do conili- to, a uma neuyose ou até a uma psicose. Felizmente nem sempre essa dissociagao ocorre, pois contamos com a criatividade, inerente a propria psique, para buscar solugoes. Em resumo, quando a vida parece nfo estar fluindo, a energia psi- quica acumula-se e a tensdo energética entre os opostos aumenta. Com 0 bloqueio, ou conflito, a energia psiquica busca uma saida pela regressio, refluindo para 0 inconsciente. Se isso nao ocorresse, 0 combate entre os ‘opastos persis ira paralisada. Conforme a energia pst para o incons- ciente, aumenta o valor energético de processos psiquicos icialmente in- conscientes e desvinculados da adaptacao externa. A fantasia ¢ ativada e comeca a se enriquecer mais e mais com assaciagdes, fazendo aflorar as possibilidades adormecidas e surgir novos contexidos. Desse modo, podem -emergir do inconsciente, ativadas pela regressio, sementes valiosas con- tendo elementos das outras fungdes psicol6gicas da personalidade exclui- das da consciéncia Imagine a seguinte situagdo: vocé se apaixona por alguém que, por alguma razio, decide viajar para longe. Vocés se afastam. A energia inves- ida em seu objeto de amor de repente € estancada, Isso produz em voce mento de tensio: saudades, tristeza, frustracéo, raiva, insOnia, so- to... Com o bloqueio do fluxo, sua energia psiquica é forcada a uma regressao. Vocé passa a ter sonhos com a pessoa € comeca a escrever poe~ mas apaixonados, falando do amor e de sua dor. Os amigos gostam dos poems, vocé continua sonhando e escrevendo. Comeca a se dedicar mais intensamente a escrever, transformando-se um dia, de fato, num poeta. Por ‘uma das coincidéncias da vida lia sua antiga ama- da depara com seus poemas publicados. A velha chama da paixdo se rea- cende e ela resolve procuré-lo, Ela amadureceu, vocé também, ¢ ambos decidem ficar juntos novamente, Regressao e progressao fe minhos pelos quais a energi ‘0s novos contetidos do inconsciente serem confrontados e integrados & sio removidos € a energia psiquica volta a fluir, io a progressio € dando continuidade ao desenvolvimento. Na observamos que, quando conflitos muito intensos sao resolvides, passa a experimentar uma sensagio de seguranga e de calma que cologicamente estabelece-se uma atitude mais firme e duradoura. Portanto, nem sempre os conflitos tém resultados ne- gativos. Bles comportam perigo, ansiedade, sofrimento e tristeza, mas tam- bem a possibilidade de transformagao. : S{MBOLOS: UMA ENORME USINA juicos sao de nature- jidade, produzindo sim- Podemos afirmar que tados os fendmenos p: za energética e que a psique esta em bolos continuamente. Diferente do sinal, que tem um significado fixo, tratando-se de uma abreviacio convencional de algo conhecido e comumente aceito, 0 simbo- lo (ver glossario) & uma expressio indefinida com varios significados, apontam para algo nao muito conhecido, Implica algo para nds oculto, que podera ser desvendado. Diz, respeito ao mistéro. Siglas, marcas comerciais, o emblema do time de futebol, insignias, brasées, sdo sinais que podem ou nio transformar-se em simbolos. Uma palavra ou. imagem sero simbolos quando implicarem além de seu significado imediato, remetendo para um aspecto desconhecido ligado ao nosso in- precisa ou completamente ex apresente uma , por antecipar a descrigao de algo ainda desconheci- do, pode ser considerada um simbolo. bolo? E importante lembrar que 0 Imagine tbe a significado dos simbolos 6 proprio de Bio cu deegs ee: Gandevas ars Suan Ee 70. 0 an, vivendo. Se o significado do simbolo se restringe a uma analo- iando-se a algo conhecido, inadequado inter- sonhos, sem co- n. Os manuais de in- Pense, por exemplo, no sim- bolo da roda, Que as 1cé faz com esse si jagine também associa entao ele morre, passando a ser meri pretar de modo genérico os simbol nhecer o sonhador e 0 contexto no qual Reflita um pouco a to aa) figura do unicémio. Que tipo de associacoes voce faz com esse simbolo? Unicémio:sinal ou simbolo? Ligar a consciéncia ao inconsciente A palavra simbolo significa, etimologicamente, “aquilo que une”. Hé muito tempo, na Grécia antiga, quando dois amigos se separavam, cada um levava a metade de uma moeda, Ao se reencontrarem, uniam as me~ tades para formar outra vez.a moeda, que passava a funcionar como sim- bolo de reconhecimento, representando a amizade e a liga¢ao entre ambos. Na psicologia, da mesma maneira, 0 simbolo liga as partes do sistema consciente—inconsciente, sendo o elemento principal para com- preender a maneira como ambas se comunicam, Ele atua como um trans- formador da energia psiquica, a qual proporciona uma forma de expresso diferente da original (princfpio da equivaléncia}.. Os simbolos esto em toda parte. Relacionando os elementos da consciéncia e do inconsciente, eles permitem que aquela energia do in- consciente necessédria ao crescimento ¢ desenvolvimento da consciéncia e do ego, que 6 0 sett centro, possa desempenhar sua fungao. A atitude do ego que considera um determinado fendmeno como simbolo € denomi- nada atitude simbélica. Trata-se de um ego aberto e disposto a acolher ¢ elaborar os simbolos do inconsciente para se desenvolver. Hi pessoas que valorizam seus sonhos e fantasias e muitas que procuram, inclusive, guiar-se por eles. Os simbolos que exercem esse papel de estruturar a consciéncia € ligi-la ao inconsciente, nés os encontramos néo s6 nes sonhos, mas tam- bém em nossos relacionamentos, idéias, emogdes, sentimentos, em nos~ 30 corpo, no contato com a natureza ¢ nos rituais, A forga dos rituais __ Na mitologia de muitos poves achamn-se varios exemplos de objetos sagrados e de rituais capazes de atuar como transformadores de energia, ‘0 €, como simbolos: estatuetas de deuses, amuletos, mascaras, fetiches. FFeitoris dourados da cutura Sinu (Colémb ‘0s cogumelos sagrades usados nas ceriméhi 200 a 1600, representando uals. Jung, em Sfinbolos da transformacao (§ 213), descreve o ritual d fertilidade praticado pelos indios wachandis, da Australia: Se Ble cavam um harao no eho, 20 efor d qua calc alguns stb tos pra ita o ena fininos, Drala te nace a gam ao redor dese buraco enpunande suns lana camo pens ettoy atiram-nas dentro do buraco ¢ gritam: Pull nira, pulli ni ° 6 um buracon. ms ua vale Ll Por melo do hur, os wachanls iazam um aalogia cam a genta eminna obj do natin mtu da ques trala dena canal ve energae de na Hansferéncia para um aoogo do objeto oil por io de dang Esse ritual representando uma unido sagrada terra também se relaciona com o simbolismo d etimolégica vem de aroun, que em grego signi interessante: sabendo instintivamente que ess mesma forma, em algumas tribos americanas, antes de partir para a guerra, os indios faziam uma roda em ta de uma mulher bor colocava no centro. Aquele que tivesse uma erecio era desc podia partir com os outros guerreiros. a, nua, que se ficado e nao. 0 ritual simbélico canaliza a energia psfquica para 0 cultivo ea frutificagao da terra ou para a concentracio de forcas antes da batalla. Com 6 ritual simbélico, a energia psiquica é transformada em trabalho efetivo. Essa canalizagao da energia plica a fntima c nas sociedades nao letradas. A mtisica e a danga sto pregada para marcar ¢ organizar firmemente certa: fixando-as na consciéncia. A energia p nado tipo de atividade por meio do ritmo. ‘Como diz 0 filésofo francés Roger Garaudy (1980: 14), mento e as forgas da natureza para captd- .de primordial da vida desde o nascimento da ago ao solo e os ciclos da semeadura & colheita tornaram o conhecimento dos ritmos da natureza uma necessidade vi se, pela danga, com 0 imité-los, € uma neces agricultura, quando a 1, [A danga césmical icos orientais possuem uma visio dinamica do Universo, semelhante a da fisica moderna e, conseqiientemente, nao é de se sur- preender que eles também tenham usado a imagem da danga para ex- pressar sua intuigao da natureza, ‘Um belo exemplo dessa imagem de ritmo ¢ danga aparece no li- vro Tibetan journey, de Alexandra David-Néel, onde ela relat encontro com um lama, um tre do som’, que the transmit seguinte descricio de sua visio da matéria: fquica para atividades exteriores ex- {io entre trabalho, mdsica, canto, danga e percussio ia estratégia em- ou atividades, siquica € canalizada para determi- Todas as coisas [...] sao agrega- dos de dtomos que dancam e que, por meio de seus movimentos, pro- duzem sons. Quando 0 ritmo da danga se modifica, 0 som que pro- duz também se modifica. [..] Cada tomo canta incessantemente sua cangao e o som, a cada cria formas densas e st nga entre essa concencao e a da mente notével quando nos lembra- mos de que o som é uma onda com uma determinada frequiéncia que muda quando o som também muda. Do mesmo modo, as particulas, ‘equivalente moderno do velho con- ceito de 4tomo, so igualmente on- iéncias proporcionais as suas energias. De acordo com a teoria de campo, cada particula efe- tivamente “canta incessantemente sua cangao”, produzindo padrées profunda no hinduismo, na imagem do deus dangarino Shiva. Entre suas varias encarnagdes, Shiva [..] apa- rece como 0 rei dos dangarinos, Se- undo a crenga hindu, todas as vidas sto parte de um grande processo mico de criagdo e destruigao [Eros e Tanatos], de morte ¢ renascimento, e a danga de Shiva simboliza esse de vida-morte, desdobra em cicl iris ‘Shiva Nataraja, sonora clang (s8calo Nas palavras de Ananda Cooma- raswamy, “na noite de Brahman, a Natureza acha-se inerte e ndo pode dangar até que Shiva o determine. Ble se ergue de Seu éxtase e, dan- gando, envia por meio da matéria inerte ondas vibrat6rias do som que desperta e, vede!, amatéria também danga, aparecendo como uma gl6- ria que o circunda, Dangando, sustenta seus fendmenos multi- formes. Naplenitude do tempo, dan- gando ainda, Ele destr6i todas as formas enomes pelo fogo e Ihescon- cede novo repouso. Isso € poesia e, contudo, também é ciéncia’. os modernos, a dan- «a de Shiva 6, pois, a danga da ma- teria subatomica. Assim como na mitologia hindu, trata-se de uma continua danca de criagdo e destrui- 40, envolvendo a totalidade do cos- existéncia e de todos os fendmenos naturais. Ha centenas de anos, 08 artistas indianos criaram imagens virtuais de Shivas dangantes em b avangada para retratar 0s padres da danca césmi- ca. As fotografias das par- ticulas em interacao obti- das pelas cimaras de bo- thas, que testemunham 0 cont o ritmo de criacao e destruigao do pelos artistas indianos. A metifora unifica, as tudo, também é ciéncia”, (am, Fj 0120 se 2. [0s quatro quartetos} .] Alho e safiras na lama 0 eixo sepulto 0 trémulo fio do sangue canta sob envelhecidas cicatrizes, apazigue remontam no verdo nas arvores, Movemno-nos mais acima das arvores que se movem, na luz da folha imaginada ATIVIDADES 1 Entreviste um do que estabel tifico: 0 causal e o energético. 2 Entrevi ta, por exemplo um ‘comparagées entre 0s dois métodos de raciocinio cien- umatleta, um professor de educacao e sobre o solo encharcado, Embaixo, ouvimos 0 sabujo € o javali perseguirem sua forma como outrora ‘mas entre os astros irmanados. No imével ponto do mundo que gira, Nem s6 carne nem sera can No imével ponto onde a danga é que se move, mas nem pausa nem movimento. E nao se chamea isso fixidez, pois passado e futuro ai se ‘enlagam. Nem ida nem vinda, nem ascensdo nem queda, eto par esse ponto, 0 ponto, nao haveria danga, e tudo € apenas danga. S6 posso dizer que estivemos cali, mas no sei onde, nem quanto tempo perdurou esse momento, pois seria situd-lo no tempo. oon. . pedin- ca, um fistoterapeuta, gem marcante de um sonho e procure desenhé-la ou escrever u ma sobre ela. Mantenha em sua consciéncia, durante alguns dias, a que vocé produziu. Para isso, pendure o papel num local em que possa ler 0 poema ou enxergar a imagem. V4 registrando as associagoes que for fazendo a partir do seu contato com 9 simbolo, Depois, discuta com 08 colegas. Assista a0, N ° Faga um Jevantamento de alguns ditos populares, d er rc cos de sua regiao, além dos habitos e costumes a eles assi dos. Que simbolos aparecem predominantemente? Procure analisar Bill Watterson, autor de Calvin e Haroldo, conta que fregiientemente se sente paralisado quando comega a ver outros lados de uma questio. Sua saida para lidar com a tensao causada por seus quest namentos com lito de que a sas, ou a nocao de guerra entre os opostos € 0 pai de todas as que tudo na psique constitui-se de p um acupunturista e uma bailarina, procurando entender como cada um vivencia a conexio mente—corpo. 3 Pesquise simbolos que se repetem em livros de arte e mitologia. 4 Para auxiliar a psique em sua fungao de unir a consciéncia e ciente, o ego deve, como vimos, desenvolver uma atitude si das técnicas para isso é tentar reter um simbolo na consci curar relacioné-lo com fatos e situagbes de sua vida. Escol 108,

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