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PROCESSO TC-07919/08
R E L A T Ó R I O:
1. Órgão de Origem: Prefeitura Municipal de Santa Luzia.
Tipo de Procedimento Licitatório: Pregão Presencial nº 04/08, seguido do Contrato n°
079/2008, no valor total licitado de R$ 28.760,00.
2. Objeto: Aquisição de veículo automotor, tipo passeio, para atender as necessidades da
Secretaria de Ação Social.
PROCESSO TC-07919/08
c) Aplicação de multa ao espólio do ex-gestor Sr. Antônio Ivo Medeiros, em virtude de infração
grave a norma legal, nos termos do art. 56 da LOTCE;
d) Recomendação ao atual alcaide para que tenha mais apego às premissas principiológicas e
normativas constantes no ordenamento jurídico no que tange a seara licitatória e contratual.
Com vista a melhor instruir o feito, o Relator reenviou o processo a Auditoria solicitando
informações sobre a efetiva aquisição do bem, como também, identificação da origem dos recursos
envolvidos, para fins de quantificar o excesso proporcional à contrapartida municipal.
Atendendo ao despacho do Relator, o Corpo Técnico informou a União, mediante Convênio n°
521/DEFNAS/SNAS/MDS/2007, aportou a quase totalidade dos recursos suficientes à aquisição e
que o excesso proporcional à contrapartida municipal foi calculado em R$ 129,75. Em virtude da
maior parte do montante aplicado se trata de recursos federais, sugeriu o envio de cópia do presente
almanaque ao TCU, haja vista o inexpressivo valor sob a jurisdição desta Corte de Contas.
O processo foi agendado para a presente sessão, dispensando intimações, ocasião em que o MPjTCE
opinou, oralmente, pela regularidade com ressalvas da licitação em tela, bem como dos contratos
decorrentes.
VOTO DO RELATOR
No âmbito da Administração Pública, licitar é regra, dispensá-la ou inexigí-la é exceção, como se
extrai do inciso XXI, art. 37, da CF, verbis:
“Art 37 (...)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.”
Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo1:
“Licitação é o procedimento administrativo pelo qual uma pessoa governamental,
pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, realizar obras e serviços, outorgar
concessões, permissões de obras, serviços ou de uso exclusivo de bem público,
segundo condições por ela estipuladas previamente, convoca interessados na
apresentação de propostas,a fim de selecionar a que se revele a mais conveniente
em função de parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados.”
Feitas ponderações preambulares, passo a analisar as falhas sustentadas pela Auditoria.
Quanto ao objeto a ser adquirido, entendo, à semelhança do Órgão Auditor, que a Administração
extrapolou ao discriminar as características do veículo, limitando a concorrência. Entretanto, a
falta, per si, não macula o presente pregão, porquanto, mesmo assim, ainda, oportunizou a
possibilidade de disputa, e enseja recomendações à atual Administração no sentido de se ater aos
ditames normativos da Lei de Licitações e Contratos.
No que pertine ao excesso, concessa vênia, discordo da manifestação dos Órgãos de Instrução e
Ministerial.
Em primeiro lugar, merece reparos o cálculo referente ao acréscimo da alíquota do IPI, na medida
em que a Auditoria aplicou a alíquota do Imposto sobre Produto Industrializado sobre o valor
pesquisado, olvidando-se de que montante consultado (R$ 22.715,00) representava 93% do montante
original (preço do veículo – IPI). Para se obter a quantia anterior à redução do IPI, dever-se-ia
utilizar operação aritmética diversa (regra de três simples). Desta feita, o montante a ser
incorporado ao consultado alcança a importância de R$ 1.709,73, totalizando R$ 24.424,73,
restando excedente de R$ 4.335,27, e não R$ 4.454,95.
1
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 14ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
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Outro ponto merece destaque, a consulta realizada pela Auditoria (fl. 142), junto a FIPE (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas), considerou um veículo, modelo Uno Mille 1.0 Fire Economy 4p,
despido de qualquer acessório, enquanto que o automóvel adquirido, do mesmo modelo e marca,
estaria equipado com ar condicionado, conforme mapa de julgamento (fl. 124).
É despiciendo informar que a instalação de condicionadores de ar em automóveis onera,
significativamente, o bem. Consta nos autos (fls. 161/162) pesquisa feita no endereço eletrônico da
empresa FIAT, 27/10/2009, demonstrando o custo da instalação do referido opcional, no valor de R$
3.266,00.
Deduzindo-se a quantia relativa ao acessório do excesso por mim calculado, encontrar-se-á o
importe de R$ 1.069,27, correspondente a 3,71% do valor pago, que, a primeira vista, poderia ser
encarado como sobrepreço.
No mercado automobilístico, diuturnamente, verificam-se pequenas variações nos preços destes bens,
através de promoções, haja vista ser um segmento no qual a concorrência é bastante acirrada. Sendo
assim, entendo que o montante tido por excessivo encontra-se dentro da margem de variação
tolerada pelo setor, não cabendo qualquer imputação de débito.
Outrossim, nas pesquisas realizadas no endereço eletrônico da FIPE, quando o bem automotor fora
fabricado no ano corrente da busca, o universo investigado abarca tanto veículos novos quanto
seminovos, estes últimos já apresentando desvalorização natural. Por óbvio, o resultado,
provavelmente, espelhará a média dos valores encontrados no mercado, ou seja, preços inferiores
quando comparados com veículos 0Km, não podendo ser usados como parâmetro. Desta forma, a
procura, para refletir o real custo do carro novo, deveria ser desenvolvida no site do próprio
fabricante.
Com base nas exposições anteriormente ofertadas, voto pela:
- Regularidade do pregão n° 004/2008 e o seu contrato decursivo, em função da falta
observada no item 1 do relatório adrede redigido;
- Recomendação ao atual alcaide para que tenha mais apego às premissas principiológicas e
normativas constantes no ordenamento jurídico no que tange a seara licitatória e contratual.
Fui presente,
Representante do Ministério Público junto ao TCE