Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
RESUMO
As propriedades mecânicas dos aços microligados são provenientes do efeito combinado entre
a adição de pequenas quantidades de elementos formadores de carbonitretos, como nióbio, titânio e
vanádio, com o processamento termomecânico controlado desses materiais. Deste modo o limite de
escoamento, por exemplo, pode ser interpretado como o resultado da ação de diversos mecanismos
de endurecimento como discordâncias, solução sólida, refino de grão ferrítico e precipitação de
carbonitretos. Embora existam modelos que expressem quantitativamente o efeito de cada
mecanismo, a dificuldade em se obter os parâmetros metalúrgicos necessários para a sua
determinação torna escassa a disponibilidade de dados experimentais na literatura. Neste trabalho
realizou-se a caracterização microestrutural de dois aços comerciais microligados ao vanádio,
utilizando-se microscopia eletrônica de transmissão como principal técnica de análise. Foi
determinada a densidade de discordâncias, assim como a fração volumétrica e o tamanho dos
carbonitretos, cuja origem foi identificada por difração de elétrons. Comparando-se os parâmetros
microestruturais obtidos neste estudo com outros resultados extraídos da literatura, pôde-se também
discutir a interação entre as contribuições dadas pelos diversos mecanismos de endurecimento e
como estas podem se relacionar com o limite de escoamento obtido experimentalmente. Os
resultados obtidos mostraram que a precipitação de carbonitretos em diferentes estágios do
processamento contribuiu efetivamente para incrementar o limite de escoamento, uma propriedade
mecânica que mostrou poder ser expressa quantitativamente pelo efeito cumulativo entre os
mecanismos de endurecimento investigados.
INTRODUÇÃO
1,13
∆σ o = 15,4 ⋅ 3,5 + 2,1 ⋅ Mn + 5,4 ⋅ Si + (1)
d
onde ∆σo é expresso em MPa; Mn e Si correspondem à % peso dos elementos e d deve ser usado
em milímetros. Para aços com médio teor de carbono a equação mais adequada seria (Pickering,
1978b)
17,4
∆σ o = fα1 / 3 ⋅ 35,4 + 58,5 ⋅ Mn + ( 1/ 3
)
+ 1 − fα ⋅ 178,6 +
3,8
+ 63,1 ⋅ Si (2)
d So
f
∆σ p = 10800 ⋅ ⋅ ln(1,63 ⋅ D ) (3)
D
na qual f é a fração volumétrica dos carbonitretos. A contribuição das discordâncias ∆σd [MPa] ao
endurecimento dos aços microligados pode ser calculado pelo modelo proposto por Keh (1965)
∆σ d = 8,1 ⋅ 10 −4 ⋅ ρ (4)
aço C Mn Si Nb Ti V N
N
Nv = (5)
A ⋅ (D + t )
onde N é o número de partículas, cujo diâmetro médio é D, que foram observadas sobre a área
projetada A da amostra com espessura t. A fração volumétrica dos carbonitretos fv foi determinada
pela expressão
π
fv = ⋅ Nv ⋅ D 3 (6)
6
RESULTADOS
Figura 2: Micrografias em campo escuro geradas por feixes de elétrons difratados por
carbonitretos formados na austenita do aço NbTiV em (a) e do aço V em (b). Aumento: 100.000 X.
Aço
Parâmetro
NbTiV V
Figura 3: (a) Micrografia em campo claro mostrando grão ferrítico do aço NbTiV com
precipitação interfásica, cujas partículas estão dispersas tanto em fileiras (região superior à esquerda)
como aleatoriamente (região inferior à direita). As setas indicam a região de transição entre os
arranjos. O campo escuro em (b) apresenta o típico aspecto da precipitação interfásica em fileiras
visto no aço V. Aumentos de 125.000 vezes em (a) e 200.000 vezes em (b).
Aço
Parâmetro
NbTiV V
V 80 130
A densidade de discordâncias (ρ) na ferrita foi determinada pela técnica descrita por Ham
(1961), na qual era necessária a contagem do número de interseções entre linhas-teste paralelas e
as discordâncias. Deste modo foram utilizados para a análise 20 grãos ferríticos do aço NbTiV e 13
para o aço com médio carbono microligado ao vanádio. Para a tira a quente os valores de ρ variaram
entre 1,2 a 9,7 ⋅ 109 cm-2, sendo a densidade média estabelecida em 5 ⋅ 109 cm-2. Para o aço V as
estimativas realizadas estavam compreendidas entre 1,1 a 5,4 ⋅ 109 cm-2, com valor médio calculado
em 3 ⋅ 109 cm-2. A aplicação dos resultados acima ao modelo de endurecimento proposto por Keh
(1965), equação (4), permitiu estimar em 55 e 44 MPa o acréscimo ∆σd que seria proporcionado pelas
discordâncias ao limite de escoamento dos aços NbTiV e V, respectivamente.
DISCUSSÃO
Incremento [MPa]
Mecanismo de Endurecimento
Aço NbTiV Aço V
Deste modo, as discordâncias têm grande probabilidade de interagir efetivamente com uma
distribuição global de carbonitretos, que seria constituída pela reunião dos dois grupos de partículas
(austenita e interfásica). Esta consideração levaria a uma diminuição no espaçamento médio entre os
carbonitretos, que poderia ser calculada seria expresso por (Lapointe e Baker, 1982)
1 1 1
2
= 2 + 2 (7)
Lg Lγ LIF
onde Lg, Lγ e LIF são as distâncias entre carbonitretos média (ou global), na austenita e interfásica,
respectivamente. Se for multiplicado ambos os membros da equação (7) pelo produto (G ⋅ b)2, sendo
G o módulo de cisalhamento da matriz e b o vetor de Burgers, não será alterada a igualdade
(G ⋅ b ) 2 (G ⋅ b ) 2 (G ⋅ b ) 2
= + (8)
L2g L2γ L2IF
A expressão (8) acima significa que o efeito global da precipitação de carbonitretos seria resultante
de uma interação entre os modos de precipitação observados (austenita e interfásica), ou seja,
∆σ g = ∆σ γ2 + ∆σ IF2 (9)
aço NbTiV
400
aço V
300
200
100
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
1. American Society for Testing and Materials. Standard test methods for determining average
grain size - ASTM E112-88. V. 3.01, pp. 280-305, 1991a.
2. American Society for Testing and Materials. Standard test methods for determining volume
fraction by sistematic manual point count - ASTM E562-89. V. 3.01, pp. 574-579, 1991b.
3. Baker, T. N. Determination of the Friction Stress from Microstructural Measurements. Yield Flow
and Fracture of Polycrystals. T. N. Baker, ed. Applied Sciences Publishers, pp. 235-273, 1983.
4. Baker, R. G. and Nutting, J. The Tempering of a Cr-Mo-V-W and a Mo-V Steel. Iron and Steel
Institute Special Report n. 64, pp. 1-22, 1959.
5. Boratto, F., Barbosa, R., Yue, S. and Jonas, J.J. Effect of Chemical Composition on the Critical
Temperatures of Microalloyed Steels. THERMEC '88, ISIJ, Tokyo, pp. 383-390, 1988.
6. Campos, S. S., Morales, E. V. and Kestenbach, H.-J. On Strengthening Mechanisms in
Commercial Nb-Ti Hot Strip Steels. Metallurgical and Materials Transactions A, V. 32A, pp. 1245-
1248, 2001.
7. Davenport, A. T. and Honeycombe, R. W. K. Precipitation of Carbides at gamma-alpha
Boundaries in Alloy Steels. Proc. Roy. Soc. London, V. A322, pp. 191-205, 1971.
8. DeArdo, A. J. Microalloyed Strip Steels for the 21st. Century. Materials Science Forum, V. 284-
286, pp. 15-26, 1998.
9. DeArdo, A. J. Metallurgical Basis for Thermomechanical Processing of Microalloyed Steels.
Ironmaking and Steelmaking, V. 28, n. 2, pp. 138-144, 2001.
10. Gallego, J. Investigação por Microscopia Eletrônica de Transmissão do Endurecimento por
Precipitação de Carbonitretos em Aços Comerciais Microligados ao Vanádio. Tese de Doutorado.
UFSCar, São Carlos, 117p., 2003.
11. Gladman, T. The Physical Metallurgy of Microalloyed Steels. The Institute of Materials, London,
1997, pp. 47-56.
12. Ham, R. K. The Determination of Dislocation Densities in Thin Films. Philosophical Magazine,
V. 6, n. 69, pp. 1183-1184, 1961.
13. Honeycombe, R. W. K. Carbide Precipitation in HSLA Steels. Proc. Microalloyed HSLA Steels
(A. DeArdo, ed.), Chicago, 1988, pp. 1-13.
14. Hong, S. G., Kang, K. B. and Park, C. G. Strain-induced Precipitation of NbC in Nb and Ti-Nb
Microalloyed HSLA Steels. Scripta Materialia, V. 46, pp. 163-168, 2002.
15. Jian, L., Fuyu, S. and WenChong, X. On The Evaluation Of Yield Strength For Microalloyed
Steels. Scripta Metallurgica et Materialia, V. 24, n. 7, pp. 1393-1398, 1990.
16. Keh, A. S. Work Hardening and Deformation Sub-Structure in Iron Single Crystals in Tension at
298K. Philosophical Magazine, V. 12, n. 115, pp. 9-30, 1965.
17. Kestenbach, H.-J. and Morales, E. V. Transmission Electron Microscopy of Carbonitride
Precipitation in Microalloyed Steels. Acta Microscopica, V. 7, n. 1, pp. 22-33, 1998.
18. Lapointe, A. J. and Baker, T. N. Analysis of Strengthening Contribution at Peak Hardening from
Precipitation in Vanadium Continuosly Cooled from Austenite. Metal Science, V. 16, pp. 207-216,
1982.
19. Morales, E. V., Gallego, J. and Kestenbach, H.-J. On Coherent Carbonitride Precipitation in
Commercial Microalloyed Steels. Philosophical Magazine Letters, V. 83, n. 2, pp. 79-87, 2003.
20. Morrison, W. B. The Influence of Small Niobium Additions on the Properties of Carbon-
Manganese Steels. Journal of the Iron and Steel Institute, V. 201, pp. 317-325, 1963.
21. Pickering, F. B. Physical Metallurgy and The Design of Steels. Applied Science publishers Ltd.,
London, p. 63, 1978a.
22. Pickering, F. B. Physical Metallurgy and The Design of Steels. Applied Science publishers Ltd.,
London, pp. 90-91, 1978b.
ABSTRACT
In present work a quantitative microstructural characterization in microalloyed steels was carried out.
For that two commercial microalloyed steels were used, being one of them a Nb-Ti-V hot strip steel
and the other was a medium-carbon V-microalloyed steel. Optical and Transmission Electron
Microscopy were used to reveal the ferrite grain structure, fine carbonitride precipitation and
dislocation substructures. Well-known microstructural models were employed to determine actual
strength contributions, in an effort to understand the major strengthening mechanisms that explain the
higher levels of yield strength. An important strengthening contribution was attributed to “global”
carbonitride precipitation which was formed by austenite and interphase particle distribution. It was
found that the cumulative effects of the calculations made from solid solution, grain size, dislocation
and “global” precipitation hardening showed excelent agreement with tensile testing results.