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2010
Apelação
É fácil perceber que, se houver apelação, ela será interposta pelo autor.
Ela será devolvida inicialmente ao juiz (efeito devolutivo diferido), pois ele
poderá, se for o caso, retratar-se em 48 horas. Se o juiz se retratar, ele cassa
a sentença e ordena a citação do réu para a regular tramitação do processo.
Caso o juiz mantenha a sentença, o réu não será citado, nem para apresentar
contrarrazões, e o Estado-juiz será o apelado no recurso de apelação
interposto pelo autor. Negando-se provimento ao recurso, mantém-se a
sentença e o processo é extinto. Dando-se provimento, anula-se a sentença e
cita-se o réu para o trâmite normal da marcha processual.
Ainda no caso do art. 295, IV, faz-se coisa julgada formal e material. O
autor, no futuro, não poderá ajuizar nova ação em razão da coisa julgada.
Para que o réu tenha a oportunidade de alegar isso, dispõe o art. 219, §6º que
o réu será comunicado (intimado) da sentença ou acórdão, para que tenha
ciência de que houve processo e de qual foi o resultado do processo.
1
O réu só poderá alegar nas contrarrazões que a sentença está correta. Se ele alegar matéria
de fato, estará afirmando que o juiz aplicou erradamente o art. 285-A, sendo contrário ao seu
próprio interesse. Seria um recurso contra si mesmo (recurso contra se venire), e não seria
admitido.
Nos casos do artigo 285-A, o réu deve ser intimado da sentença
transitado em julgado (art. 219, § 6º), pois há trânsito em julgado material da
decisão.
26.04.2010
2
Cf. Moreira, José Carlos Barbosa, Comentários ao Código de Processo Civil, lei 5.869, de 11
de janeiro de 1973, vol V: arts. 476 a 565, 15.ed., Rio de Janeiro, Forense, 2010, p. 531-532:
“Compreensível [...] que a extensão dos embargos se meça pela extensão da divergência. Se
o desacordo foi total, o embargante poderá pedir a reapreciação integral da matéria
apreciada no acórdão embargado. Se parcial, tudo aquilo em que houve unanimidade escapa
ao âmbito dos embargos [...]. Compondo-se o acórdão de mais de um capítulo, serão
embargáveis os capítulos a cujo respeito houver voto vencido. Assim, v.g., se o pedido
compreendia três parcelas, x, y e z, rejeitada a primeira por votação unânime e as duas
outras por maioria, só em relação a y e z é embargável o acórdão. O embargante, porém, fica
livre de abranger no seu recurso ambas essas parcelas ou uma única; o que não lhe seria
lícito é pretender, nos embargos, a reforma do acórdão no tocante à parcela x (art. 505)”.
3
Cf. Moreira, José Carlos Barbosa, Comentários..., p. 529: “Apura-se o desacordo pela
conclusão do pronunciamento de cada votante, não pelas razões que invoque para
fundamentá-lo: a desigualdade de fundamentações não é bastante para tornar embargável o
acórdão”.
Há apenas um caso em que cabem embargos infringentes em apelação
advinda de sentença terminativa, consoante a jurisprudência do STJ. Trata-se
do caso do artigo 515, § 3º (“julgamento de causa madura”), em que a
sentença não enfrenta o mérito (art. 267) e o Tribunal reforma a decisão por
entender que o juiz a quo já estivesse em condições de resolver as questões
de mérito no momento em que proferiu a sentença, passando a julgar o
mérito da causa. Em outras palavras, o tribunal desempenha, além da sua
função inerente (julgar o recurso de apelação), outra função determinada pela
lei: julgar o mérito da causa. Assim, dispõe o aludido art. 515, §3º do CPC que
“nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o
tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão
exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento”.