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EMÍLIO CASTELLAR
Melo e Silva.
Brasília
2
Junho de 2005.
RESUMO
SUMÁRIO
RESUMO II
INTRODUÇÃO 05
3.1.1. REGULAMENTAÇÃO 22
3.2.1. HISTÓRICO 29
3.2.3. REGULAMENTAÇÃO 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
HISTÓRICO DA AVIAÇÃO POLICIAL
A história da aviação policial pode ser dividida em duas fases distintas, separadas
por quase meio século. Apenas sete anos após o primeiro vôo do pai da aviação, Alberto
Santos Dumont com o seu 14 Bis, nascia a aviação policial no Brasil, demonstrando
mais uma vez o pioneirismo do nosso país em aviação.
1.1. Antecedente histórico
Segundo Canavó (1978), a aviação policial no Brasil iniciou precisamente, em 17
de dezembro de 1913, quando foi criada oficialmente a aviação da então Força Pública
de São Paulo, hoje, Polícia Militar de São Paulo, através da lei 1395-A, que estabelecia a
sua Escola de Aviação, a qual teve sua primeira sede no Campo do Guapira, sendo
Eduardo Pacheco Chaves (Edu Chaves) e Cícero Marques os primeiros instrutores.
A carência de técnicos habilitados e problemas de suprimentos decorrentes da
Primeira Guerra Mundial tornaram impraticável esse primeiro núcleo, de forma que a
Força Pública paulista só recuperou suas asas em 1919, tendo então o norte-americano
Orton W. Hoover como instrutor. A nova sede já era no Campo de Marte e a iniciativa,
feita agora com solidez, frutificou de modo que já em 1920 começavam a surgir campos
de pouso e áreas demarcadas em várias cidades do interior, como Bragança Paulista e
Guaratinguetá.
Entretanto, por problemas internos e políticos, houve uma nova crise que fechou os
hangares da Força Pública no início de 1922. O ressurgimento aconteceu com a
revolução de 1924, onde os aviões paulistas executaram missões de reconhecimento,
orientação de artilharia e até ataques a posições terrestres inimigas com bombas de 60
Kg. A Aviação da Força Pública ganhou uma reestruturação eficaz, oficializada em 31
de dezembro de 1924, que incluiu até as diretrizes de formação de pessoal. Nos anos
seguintes os aviadores paulistas chegaram inclusive a combater a Coluna Prestes em
Goiás e na Bahia.
Ainda segundo Canavó (1978), de acordo com o Boletim da Inspetoria Geral nº. 29
de 18 de dezembro de 1930: “Em virtude de escapar a finalidade desta Força e devendo
ser a aviação um elemento do Exército, é dissolvida, nesta data a Escola de Aviação,
cujo material será entregue ao Governo Federal”, dessa forma, com a derrocada da
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Revolução de 1930, expirou a Aviação da Força Pública de São Paulo, a qual ressurgiria
novamente em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, quando a Força Pública
retomou alguns aviões “Waco”, criando o Primeiro Grupo Misto de Aviação da Força
Pública de São Paulo, unindo oficiais pilotos do Exército, pilotos civis voluntários e os
pilotos da FP, tendo sido novamente extinta ao final da revolução, só vindo a reaparecer
em 1984.
Outra pioneira da aviação policial brasileira foi a Brigada Militar do Rio Grande do
Sul instituída na década de 20 pelo Cel. Affonso Emílio Massot, que estava no comando
da BM gaúcha.
Em 28 de maio de 1923 um decreto estadual criou o Serviço de Aviação da
Brigada Militar. Era a concretização do que se iniciara em 1915, quando o Coronel
Massot assumiu o Comando Geral da Brigada Militar.O Coronel Massot era um militar
experiente, que já havia combatido em inúmeros movimentos revolucionários e que, em
todos eles, tivera oportunidade de constatar as vantagens que um bom serviço de
reconhecimento e observação poderia trazer para as tropas em combate. Em 30 de maio,
o BM-01, como era chamado o 1º avião da brigada, realizou o primeiro vôo tendo como
piloto o Alferes Aviador Noêmio Ferraz e como observador o Alferes Osório Oliveira
Nunes. Este vôo marcou o pioneirismo no estado com uma das sementes da aviação na
polícia militar. Com dois aviões Breguet 14, usados, que vieram da Argentina,
adquiridos pelo Governo Estadual, o Serviço de Aviação da Brigada Militar começou a
funcionar. Localizado no terreno do Posto de Veterinária, na várzea do Gravataí, nos
subúrbios de Porto Alegre (atual Aeroporto Internacional Salgado Filho).
Um ano depois, em 1924, os dois aviões Breguet 14 se acidentaram, inclusive com
a morte de um dos pilotos, o que levou ao cancelamento do Serviço de Aviação.
1.2. História Contemporânea
O primeiro Estado brasileiro a utilizar o helicóptero como vetor policial
multiplicador foi o Rio de Janeiro. Em 1971 foi criada a Assessoria Aeropolicial da
Secretaria de Segurança Pública daquele Estado. Em 1985, a Assessoria Aeropolicial
da Secretaria de Segurança Pública foi fundida com o Departamento de Operações
Aéreas e surgiu a Coordenadoria Geral de Operações Aéreas (CGOA), que tinha como
função operar missões aéreas policiais e de defesa civil.
São Paulo também mostrou pioneirismo na aviação policial brasileira ao recriar
uma divisão de aviação em São Paulo. Na década de 70, dois incêndios que se
transformaram em tragédias chocaram os paulistas. Em fevereiro de 1972 foi o Edifício
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CAPÍTULO II
Até 1996, Brasília adotava também esse modelo quando existia a Seção de
Helicópteros da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SECHEL).
Naquele ano, a SECHEL foi extinta e cada organização passou a operar sua própria
aeronave, criando-se órgãos distintos.
II. Órgãos de Operações Aéreas Policiais
Nesse item, verificamos que há órgãos que realizam apenas as missões próprias
de polícia. Tanto de polícia administrativa, eminentemente preventiva que é o caso da
missão das Polícias Militares quanto de Polícia Judiciária, eminentemente repressivas,
como no caso das Polícias Civis.
a) Órgãos de Operações Aéreas das Polícias Militares
São, geralmente, Unidades Policiais Militares (UPM), subordinadas diretamente ao
Comando Geral ou a grandes comandos especializados das Polícias Militares Estaduais.
Atuam preventivamente, através do Radiopatrulhamento Aéreo (RPA), mas também
podem atuar repressivamente em ocorrências delituosas de grande potencial ofensivo.
Eventualmente atuam em resgates, salvamentos, evacuações aeromédicas e outras. Essas
missões estão asseguradas pela Constituição da República Federativa do Brasil, artigo
144.
Possuem tais órgãos, as seguintes Polícias Militares:
1. Polícia Militar do Distrito Federal;
2. Polícia Militar do Espírito Santo;
3. Polícia Militar de Goiás;
4. Polícia Militar do Mato Grosso;
5. Polícia Militar de Minas Gerais;
6. Polícia Militar de Santa Catarina;
7. Polícia Militar de São Paulo;
8. Polícia Militar do Rio de Janeiro;
9. Polícia Militar do Rondônia;
10. Brigada Militar do Rio Grande do Sul;
b) Órgãos de Operações Aéreas das Polícias Civis
São, geralmente, subordinados às chefias das Polícias Civis estaduais e executam
ações eminentemente repressivas, portanto, atuam após os delitos criminais, como
polícia judiciária que são.
Possuem operações aéreas as seguintes Polícias Civis:
1. Polícia Civil do Distrito Federal;
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como o transporte de cargas externas, através do RBHA 133, verifica-se que essas
atividades merecem um RBHA específico.
Entretanto, a atividade aérea policial e de defesa civil, com 32 organizações, em
dezenove unidades da federação, sobrevoando edificações urbanas, malhas viárias,
pessoas e etc. tem somente uma pequena sub-parte com apenas 7 itens. Ao analisar essa
situação, conclui-se que, ou a regulamentação das outras atividades é exaustivamente
explicativa, ou a regulamentação da atividade policial é pouco abrangente.
Através da observação da regulamentação aeronáutica específica da aviação
policial em outros países, abordada no próximo capítulo, buscaremos traçar um paralelo
para verificar a adequação ou obsolescência da nossa regulamentação, já citada.
CAPÍTULO III
3.1.1. Regulamentação
(a) "para propósitos comerciais" - Essa prática, comum nos Estados Unidos, de
utilizar uma aeronave pública para fins comerciais não é regulamentada no Brasil.
(b) "as quais sua presença é requerida para o desempenho..." - Essa frase significa
que a pessoa está a bordo da aeronave com o propósito de desempenhar um dever ou
tarefa diretamente relacionada com a função governamental em curso, dentre as funções
listadas na legislação. Isso indica que a presença da pessoa é essencial para o
desempenho da função.
Exemplos:
Pessoas que são transportadas para combater incêndios ou são transportadas de um
local de combate para sua base de origem;
Oficiais que conduzem operações de forças legais (policiais) de vigilância ou que
precisam ser transportados para se engajar em operações policiais, entretanto
movimentação de pessoal via aérea por propósitos administrativos não são considerados
necessários para o desempenho da função governamental excetuada.
Pessoas engajadas em operações de busca e salvamento em uma aeronave, assim
como pessoas que são transportadas via aérea para um local remoto para conduzir buscas
no solo, desde que o uso da aeronave seja considerado essencial para o cumprimento da
missão.
(c) "Associada com o desempenho de..." - Essa sentença inclui pessoas que,
enquanto não diretamente engajadas no desempenho da função governamental, estão
presentes na aeronave em conexão com aquela função.
Exemplos:
Um oficial que acompanha bombeiros até o fogo para supervisionar ou assessorar
no sucesso da operação e/ou prever novos recursos para o combate ao fogo.
Uma equipe de solo que acompanha uma aeronave de pesquisa de condições
meteorológicas até o teatro de operações com o propósito de manutenção dos
equipamentos.
Prisioneiros transportados a bordo de aeronaves.
Pessoas que foram salvas durante uma operação de busca e salvamento, ou pessoas
pertencentes a uma equipe de busca e salvamento no solo que estão auxiliando na
operação.
(d) "Função Governamental tal como..." - O termo "tal como" quando usado em
"uma função governamental tal como combate a incêndio, busca e salvamento, forças
legais, pesquisa aeronáutica ou gerenciamento de recursos biológicos ou geológicos",
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quer dizer que as funções enumeradas na legislação estão amparadas, porém outras
funções governamentais análogas também poderão ser isentas do cumprimento da
regulamentação aeronáutica, desde que sejam igualmente comparáveis às funções
listadas. A principal característica nas funções listadas na legislação é que em cada uma
delas há o transporte de pessoas como parte da missão desempenhada, na qual a
utilização da aeronave é necessária. Assim, não é suficiente mostrar meramente que os
passageiros estavam sendo transportados para desempenhar a missão. A aeronave deve
ser necessária para o desempenho de uma missão em que a impossibilidade do uso da
aeronave comprometeria a efetividade da missão.
Exemplos:
O uso de uma aeronave para viagem administrativa, tal como para comparecer a
reuniões, não seria considerada necessária para o desempenho das funções
governamentais listadas.
Vôos de treinamentos podem ser incluídos se as pessoas a bordo estão sendo
treinadas para desempenhar as funções listadas na lei. Vôos para transportar pessoas
para receber treinamento no solo não seriam incluídos.
(e) "Combate a Incêndio" - Este termo inclui o lançamento de água ou substâncias
sobre o fogo. Também inclui o transporte de bombeiros e equipamentos para um local de
fogo a fim de desempenharem a atividade de combate ao fogo.
(f) "Busca e Salvamento" - Esse termo é geralmente usado para significar
operações conduzidas para localizar e salvar pessoas as quais estão perdidas, feridas e/ou
expostas a algum grau de perigo. Geralmente o uso de uma aeronave é indispensável
para apoio de buscas ou é o único meio de recuperar a(s) vítima(s). Pessoas salvas
podem ser consideradas como associadas com a atividade.
(g) "Forças legais" - Operações que requerem o uso de aeronave, tal como
vigilância aérea, captura de fugitivos, controle de distúrbios podem ser incluídos.
Também podem ser incluídas situações onde o uso de aeronave é essencial para o
desempenho de uma missão policial em curso. Por exemplo, a colocação de equipes da
Special Weappon Attack Team - SWAT (equipe de ataque com armamento especial) no
teatro de operações através de aeronaves pode ser incluído desde que a utilização da
aeronave seja essencial para o sucesso da operação.
(h) "Outras funções" - Outra função governamental comparável, à qual pode ser
aplicada a isenção é a evacuação aeromédica, quando não é sinônimo de busca e
salvamento, dependendo das circunstâncias particulares da operação. Novamente, o uso
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da aeronave deve ser essencial para o sucesso da missão. Isso não se aplica em
evacuações médicas em áreas urbanas onde há outros meios de transporte rotineiramente
disponíveis.
(i) "Certifica..." - A certificação é responsabilidade da unidade de governo a qual
provê as operações aéreas. É sugerido que a certificação seja completada ao mesmo
tempo da operação e retida pela agência que tenha operado a aeronave.
(j) "Significante e iminente ameaça" - Este termo refere-se à situação onde a
agência pública responsável por enfrentar a ameaça, identificou sérios ferimentos ou
morte de pessoas ou significativos danos à propriedade.
Esta interpretação da lei que regulamenta a operação de aeronaves públicas nos
Estados Unidos é vista no capítulo 1 da A.C. citada e no capítulo 2 é feita a orientação
para que as agências públicas que operam aeronaves mas não se encaixam em nenhuma
situação listada como causa de isenção, cumpram os F.A.R. aplicáveis a cada tipo de
operação, da mesma forma que as aeronaves civis cumprem, destacando-se os F.A.R.
125 - Operação de aeronaves com configuração de acentos para 20 ou mais passageiros
ou de carga paga de 6000 libras, F.A.R. 121 ou 135 - Operação de aeronaves para
propósitos comerciais (linhas aéreas e táxi aéreo), F.A.R. 133 - Operação de aeronaves
de asas rotativas com cargas externas, F.A.R. 137 - Operação de aeronaves agrícolas.
As agências que requererem certificação para isenção dos F.A.R. deverão requerer
essa certificação ao Federal Standards District Office (F.S.D.O.), o qual providenciará
um inspetor da F.A.A. para auxiliar no processo de certificação. Ficou claro que as
agências que requererem a certificação deverão provar que estão dentro das cláusulas de
isenção.
Ainda no capítulo 2 da A.C. analisada, há um item sobre certificação de pilotos,
onde orienta-se sobre o cumprimento do F.A.R. 61, que trata de licenciamento de pessoal
e do F.A.R. 67, que trata de certificados médicos pelos pilotos de aeronaves civis.
Outro tema que foi destacado é a certificação de aeronaves, a qual obriga todas as
aeronaves do governo que não forem elegíveis para o status de aeronave em operação
pública a seguirem os padrões de aeronavegabilidade para certificação de aeronaves
civis. Isso indica que antes da LP 103-411 e da A.C. 00-1.1, nenhuma aeronave de
governo precisava ter certificado de registro e aeronavegabilidade e após a publicação da
legislação supra-citada, apenas as aeronaves em operações públicas estão isentas do
devido certificado.
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necessária para responder a uma significante e iminente ameaça, e que não havia um
operador privado razoavelmente disponível).
Para o termo "carga econômica imprópria", o legislador quis dizer que o
Administrador ou seu delegado, deve fazer antes de conceder uma isenção que a mesma
é necessária para prever um peso econômico para a unidade de governo. Por peso
econômico entende que o custo da operação segundo os F.A.R. é substancialmente
maior do que o custo de um "programa de segurança de aviação que seja efetivo e
apropriado para assegurar operações seguras do tipo de aeronave operada pela unidade
de governo", sob a égide da nova definição de aeronave pública. Para mostrar que o
custo de uma operação isenta de cumprimento dos F.A.R. será economicamente mais
viável, o peticionário de isenção deve fornecer dados para que o administrador possa
fazer comparações e determinar se há diferenças substanciais entre os mesmos.
O Administrador não pode conceder a isenção sem um "programa de segurança
de aviação que seja efetivo e apropriado para assegurar operações seguras do tipo de
aeronave operada pela unidade de governo", a ser desenvolvido pelo operador. Com
esse termo, quis o legislador determinar que o peticionário deve mostrar ao
Administrador que possui tal programa e que o mesmo fornece às operações a mesma
segurança que o cumprimento dos F.A.R. daria.
Exemplo: Uma unidade de governo solicita uma isenção em uma aeronave a qual
suas asas foram modificadas para transportar equipamentos externos para atividades de
vigilância. No seu Programa de Segurança de Aviação, deverá identificar como a
aeronavegabilidade continuada será realizada. No mínimo, o seguinte será requerido:
Uma inspeção estrutural especial no bordo de ataque e nas pontas das asas, treinamento
especial para os pilotos durante a instalação e mudanças no manual de vôo para refletir
novas limitações de operação que podem ser necessários e obrigatórios para a
modificação.
O programa deverá identificar todas as grandes modificações e reparos realizados
desde que a aeronave foi posta em operação e todas essas modificações necessitam ser
aprovadas no mesmo formato como requerido para aeronaves civis, sob a
regulamentação americana.
Dentre os pré-requisitos, visando à segurança de vôo, não poderia deixar de constar
as qualificações das pessoas envolvidas na manutenção das aeronaves operadas pelo
governo, sejam elas consideradas para operações públicas ou civis, o Programa de
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Segurança de Aviação deve assegurar que as tarefas de manutenção serão feitas por
pessoas autorizadas, segundo o F.A.R. 43.5 e 43.7.
Observamos, portanto que essa "desregulamentação" da aviação policial e defesa
civil americana é relativa, pois o operador não poderá operar de qualquer jeito. Deverá
provar que, mesmo sem cumprir a rígida regulamentação americana, pode proporcionar
a segurança necessária em suas operações.
Observamos que as restrições feitas são sempre em relação à manutenção e
aeronavegabilidade das aeronaves, mas muito pouco se fala sobre o "modus operandi"
das unidades do governo. Identificam quais atividades podem ser consideradas para
receber a isenção, mas não especifica os mínimos operacionais que devem ser seguidos
durante a operação.
Algo interessante observado é que a legislação analisada admite que a operação
seja realizada por operadores privados, aliás, só não será feita por esses se não estiverem
disponíveis. Um modelo mais voltado para a liberdade de mercados e iniciativa privada,
em um país em que isso é muito importante.
3.2. Reino Unido
3.2.1. Histórico
Segundo West (2004), uma das pioneiras em aviação policial na Europa, a Grã
Bretanha é um exemplo para operações aéreas policiais em outros países.
A aviação policial no Reino Unido foi desenvolvida em padrões notadamente
diferentes da prática comum nos Estados Unidos.
Esse padrão de aviação policial no Reino Unido ocorre em função da história,
geografia, legislação e filosofia de operação naquele país. A maneira como a polícia
aerotransportada faz seu trabalho na Inglaterra serve como instrução para as unidades
aéreas policiais em todo o mundo.
As forças policiais da Inglaterra viram, há muito tempo, as vantagens da utilização
de aeronaves como uma ferramenta útil no combate da criminalidade. A partir de 1923,
o serviço era feito usando aviões para monitorar eventos como a famosa corrida de
cavalos Derby. Em 1931, um autogiro foi equipado com equipamentos de comunicação
para contato terra-ar. Em 1936, a primeira Seção Aérea de apoio foi lançada para
monitorar as condições de tráfego em Londres. Após a segunda grande guerra, foi
experimentada a utilização de aeronaves desenvolvidas durante a guerra para
observação.
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Maiores avanços, entretanto, não ocorreram até os anos 60, quando foi introduzido
o uso de helicópteros na aviação policial, através de uma operação conjunta entre as
forças armadas e a polícia inglesa, operando um helicóptero Bell 47 para investigar o
potencial da utilização de helicópteros para o serviço policial. Oficiais da polícia de
muitas forças foram treinados como observadores, mas o pequeno tamanho da cabine
dos helicópteros e a ausência de equipamentos de alta tecnologia a não ser binóculos
estabilizados, resultaram em pouco progresso.
O grande avanço ocorreu em 1969, quando um farol de busca Spectrolab Nightsun
foi utilizado em Hong Kong durante a Revolução Cultural na China. Esse equipamento
foi de grande utilidade para as tropas policiais durante aquele episódio de segurança
interna em ambiente urbano naquela cidade, que era colônia inglesa naquela época.
Em 1973 a Polícia Metropolitana formou sua própria Unidade de Apoio Aéreo, que
em 1980 comprou seu primeiro helicóptero. Logo, foi seguida pelos Departamentos de
Polícia de Devon e Cornwall, no sudoeste Inglês, os quais iniciaram operações em
tempo integral a partir de 1981.
Observa-se que a nossa aviação policial, surgida em 1913 é mais antiga que a
inglesa, entretanto a nossa permaneceu inerte, a partir de 1932, por quase meio século e
a da Inglaterra não teve suas operações interrompidas, resultando na formação de uma
sólida doutrina que veremos adiante.
3.2.2. Conceito da Operação
A população do Reino Unido é de aproximadamente 60 milhões de pessoas, as
quais estão espremidas em um território que é a terça parte do Estado do Texas, nos
Estados Unidos, ou do tamanho do Estado de São Paulo, no Brasil.
Há quarenta e três unidades de operações aéreas policiais na Inglaterra e país de
Gales, oito unidades na Escócia e uma unidade na Irlanda do Norte. Algumas dessas
forças cobrem grandes extensões urbanas, enquanto outras são mais rurais. Mas
distância não é problema, pois é possível cobrir uma grande área com um helicóptero
bem equipado. De fato, algumas forças formam consórcios para operar uma aeronave.
Em contraste com policiais de forças similares dos Estados Unidos, Oficiais no
Reino Unido não são treinados para pilotar aeronaves. Em vez disso, muitas forças
policias alugam empreiteiros que proporcionam um "pacote operacional", que consiste
de aeronave, pilotos e apoio de manutenção. Os oficiais de polícia são treinados para
serem observadores e operarem os equipamentos de bordo. Parte do raciocínio por trás
desse arranjo é que um policial pilotando o helicóptero pode envolver-se demais com a
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tarefa policial, ao passo que um piloto profissional pode manter-se fora da missão e
concentrar-se apenas em pilotar a aeronave.
3.2.3. Regulamentação
Na Inglaterra existem dois tipos de regulamentação Aeronáutica, a saber: os J.A.R.
- Joint Aviatoin Regulation (Conjunto de Regulamentos de Aviação), proporcionado
pela J.A.A. – Joint Aviation Authorities (Conjunto de Autoridades de Aviação), que
possui 35 membros e da qual o reino Unido é membro e as C.A.P. – Civil Aviation
Publications, (Publicações de Aviação Civil) proporcionada pela C.A.A. – Civil
Aviation Authority (Autoridade de Aviação Civil) do Reino Unido.
A legislação gerada pelo Joint Aviation Regulation – Operational Procedure
Standards 3 (J.A.R.-OPS 3), o qual regulamenta operações de transporte público por
helicóptero na Europa e pela C.A.A., relativa à aviação policial, resultou no P.A.O.C. -
Police Air Operator's Certificate (Certificado de Operador Policial Aéreo).
Um dos pré-requisitos do J.A.R. - OPS 3 que tem uma forte influência sobre a
aviação policial no Reino Unido é a exigência de voar helicópteros bimotores que
possuam requisitos de desempenho limitados. Grupos turbo monomotores ou motores a
pistão não existem nas forças policias Inglesas.
A disponibilidade da Autoridade de Aviação Civil - CAA em ajudar a aviação
policial desenvolveu o conceito de forças policiais aerotransportadas naquele país em
um grau notável. O P.A.O.C. autoriza aeronaves policiais a beneficiar-se do
desembaraçamento da regulamentação da aviação, tal como autorização para operação
sobre áreas urbanas abaixo de 300 pés durante o dia e 500 pés à noite. Além do mais, a
legislação está dependendo de apreciação no parlamento para prover programa de
treinamento e sistema de licenciamento para observadores policiais, incluindo cheques
mandatórios a cada seis meses, similarmente ao que é exigido para pilotos.
O departamento do governo responsável por forças policiais no Reino Unido,
British Home Office (Escritório britânico de assuntos internos) tem ajudado as forças
policiais a comprar novas aeronaves e equipamentos. Em alguns casos, mais de 50 por
cento do capital despendido foi aumentado, tornando possível para forças policiais
investir em aeronaves de última geração.
Geralmente, as Forças Policiais possuem suas próprias aeronaves e contratam
pilotos e manutenção, embora haja variações desse tema. Por exemplo: Alguns
operadores alugam um pacote completo, enquanto outros operadores alugam apenas as
aeronaves e empregam seus próprios pilotos e engenheiros.
32
CAPÍTULO IV
ANÁLISE DO PROBLEMA
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4.1.Origem do problema
táxi aéreo), ou do RBHA 121 (que regula as empresas de linhas aéreas regulares), os
próprios operadores aeropoliciais provessem sua própria regulamentação, através de
procedimentos operacionais padrão ou através de manuais de operação, ainda haveria
lacunas que seriam difíceis de preencher.
Conforme se observa no anexo I - Normas Gerais de Ação do Grupamento de
Operações Aéreas da PMDF, tomada como exemplo, existe nesse tipo de operação a
figura do Tripulante Operacional, à qual não se faz qualquer menção na legislação ou
regulamentação existente. Dessa forma, esse tripulante, que interfere diretamente no vôo
da aeronave, que porta armamento durante o vôo, que pode ter que disparar esse
armamento em vôo, está a bordo das aeronaves sem qualquer critério previsto para que
possa estar tripulando uma aeronave e sem que a autoridade aeronáutica tome
conhecimento de sua existência, exceto quando se faz as investigações de acidentes
aeronáuticos envolvendo essas aeronaves.
Essa é uma das lacunas existentes que não podem ser providas pelos próprios
operadores. A autoridade aeronáutica tem responsabilidade sobre as vidas e patrimônios
aos quais autoriza sobrevoar diariamente.
Qual é a função a bordo desses tripulantes, quais são os limites de suas atuações,
quais são os conhecimentos teóricos e técnicos mínimos que devem possuir, quais são os
atributos de saúde de devem demonstrar, todas essas questões são tratadas pela
autoridade aeronáutica quanto aos demais tripulantes operando na aviação civil, assim
como pilotos, engenheiros, mecânicos de vôo, comissários de vôo, entre outros,
observados nos RBHAs aplicáveis a cada tipo de operação.
Além desse aspecto, existem inúmeros outros aspectos, tais como os mínimos
operacionais de vôo. A Instrução do Ministério da Aeronáutica (IMA) 100-4 prevê, por
exemplo, que para vôos de helicóptero se mantenha a altura mínima de 500 pés acima do
obstáculo mais alto existente em um raio de 600 metros da aeronave, sobre regiões
habitadas. Entretanto, existem muitas situações próprias da atividade policial que
requerem parâmetros de vôo fora dessa legislação, o que cria exceções ou desvios
autorizados pela própria IMA 100-4, sob a alegação de salvar vidas, os quais expõem as
pessoas envolvidas em riscos potenciais que podem transformar-se em acidentes
aeronáuticos.
4.3. Propostas atuais
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), subordinada ao Ministério
da Justiça, nomeou em 2004 um Conselho Aeropolicial , composto por representantes
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificamos que isso se deve, em parte, ao fato de que não há previsão no Código
Brasileiro de Aeronáutica (CBA), através da lei 7565/86, desse tipo de operação,
concluindo que essa sub-parte foi introduzida “a posteriori”. Se considerarmos que os
RBHA servem para regulamentar a legislação, é compreensível que não haja
regulamentação para algo que não está previsto na lei.
Verificamos também, que na gênese da legislação aeronáutica brasileira a aviação
policial, embora remontasse ao ano de 1913, estava desarticulada desde 1932, por
determinação legal, tendo permanecido nessa situação até 1971, quando foi criada a
Coordenadoria Geral de Operações Aéreas (CGOA) no Rio de Janeiro. Portanto, além de
não estar prevista na legislação, também havia praticamente poucos operadores atuando
de fato sendo, naquela época, uma atividade inexpressiva que não mereceu grande
atenção.
Hoje em dia, entretanto, existem 32 operadores sob a égide dessa regulamentação.
Assim, vê-se que é uma atividade aérea que movimenta um grande número de aeronaves
e que tem, em contrapartida um índice de acidentes aeronáuticos de um acidente por ano.
Após uma análise apenas superficial das operações aeropoliciais e de defesa civil,
verificamos que muitas Organizações têm missões completamente diferentes, tanto na
finalidade quanto no “modus operandi”, o que nos leva a questionar como tantas
atividades distintas podem ser regulamentadas por um documento único? Os detalhes
operacionais de cada atividade devem ser levados em conta para o estabelecimento de
padrões a serem seguidos por cada tipo de Organização envolvida.
Paralelamente, constatamos que há outros modelos de regulamentação utilizados
no mundo inteiro, dos quais tomamos como exemplo os modelos dos Estados Unidos e
da Inglaterra.
Nos Estados Unidos, essa atividade não é propriamente regulamentada pela
Autoridade Aeronáutica, mas sim através de Lei Pública, tendo a F.A.A. apenas emitido
um documento que expõe a interpretação da lei pela Autoridade Aeronáutica, conforme
vimos no Capítulo III. Dessa forma, a Autoridade especifica em que casos a aeronave
poderá ser considerada em operação pública, mas não tece detalhes de como operar. A
F.A.A. exige, entretanto que o operador prove, através de um programa de segurança de
vôo, que pode prover operações seguras, demonstrando como deverá prover essa
segurança.
Em contrapartida, na Inglaterra a Autoridade Aeronáutica emite um Certificado de
Operador Policial Aéreo para os operadores, desde que sigam os padrões do Manual de
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Operador Policial Aéreo, contida em dois volumes com as regras gerais para elaboração
do manual no volume I e as peculiaridades de cada operador no volume II. Esse manual
é bastante abrangente e desce ao nível de detalhes, provendo uma regulamentação
completa para a atividade policial aérea.
Conclui-se que, ou a autoridade aeronáutica diz aos operadores como devem
operar em critérios aeronáuticos, através de uma regulamentação rígida, ou a autoridade
exige que o operador demonstre como proverá a segurança, através de um programa que
deverá ser desenvolvido pelo próprio operador. De qualquer forma, o critério de
segurança está sendo observado.
Em sendo assim, seria completamente desejável que a autoridade aeronáutica
brasileira revisse os critérios da regulamentação aeronáutica da atividade aérea policial
em nosso país, com vistas a editar um RBHA específico para essa atividade, com
critérios definidos para cada tipo de operação, aos moldes dos demais.
Para isso deveria haver um amplo debate entre o Departamento de Aviação Civil,
representando a Autoridade Aeronáutica, o Conselho Aeropolicial da Secretaria
Nacional de Segurança Pública, representantes de cada Organização Governamental que
opera aeronaves, representante do CENIPA, enfim de todos envolvidos no Sistema de
Aviação Civil brasileiro, a fim de traçar uma estratégia viável para a edição de um
RBHA próprio que contemple cada tipo de atividade envolvida, com parâmetros claros e
abrangentes sobre essas atividades, principalmente referentes a parâmetros que
interfiram na Segurança de Vôo, a fim de disciplinar a atividade aérea policial, de defesa
civil e de outros órgãos governamentais que desejem operar aeronaves para o
cumprimento de suas missões institucionais.
REEFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS