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Um pé no exterior

Por Angelo Pavini, de São Paulo


26/08/2010

O aumento das aplicações de fundos de investimento brasileiros no exterior é uma tendência que deve se acentuar
nos próximos anos, com a oferta dessas carteiras para os fundos de pensão e para o varejo, afirma o economista
Raphael Weyne. "Os fundos de pensão ainda estão começando a olhar esse mercado", diz. Em setembro do ano
passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou o limite para investimentos fora do país pelos fundos de pensão
de 3% para 10% do patrimônio.

Já no segmento de pessoas físicas, o Itaú Unibanco criou em março uma carteira para o segmento de varejo de alta
renda, Personnalité, e a BB DTVM se prepara para lançar carteiras para os clientes Estilo.

O fato de a regulamentação para aplicar no exterior ter saído pouco antes da crise mundial explica o pouco
desenvolvimento dessa estratégia, afirma Weyne. "Mas esse é o caminho de médio e longo prazo, talvez leve mais um
ou dois anos para os investidores abrirem os olhos para o fato de que o mercado externo é a opção para diluir riscos",
diz. "E muitos gestores vão marcar sua trajetória por serem pioneiros nisso".

Um ponto positivo é que há grande presença nacional entre os fundos que investem no exterior. Segundo estudo feito
por Weyne usando a nova ferramenta de fundos da Economática, na lista dos 26 maiores, 21 são gestoras brasileiras.
"E a média de aplicações no exterior está em 11% do patrimônio, abaixo do limite de 20%, o que mostra que há
cautela", diz.

No exterior, existem várias oportunidades e estratégias em países e mercados específicos que podem dar uma
diversificação extraordinária para os fundos, diz Marcelo Stallone, da Gávea Investimentos. "Pode ser uma aposta no
comportamento do ativo ou uma arbitragem com o Brasil", diz.

É possível também fazer apostas a favor ou contra os mercados externos, lembra ele. Foi o caso da crise na Grécia,
quando o fundo ganhou acreditando que a situação ia piorar muito mais antes de melhorar. "O mais natural seria usar
o Brasil como base e fazer aposta fora, mas nada impede que possamos fazer arbitragem com outros países, como
com a taxa de juros do México contra a da Turquia, por exemplo", diz. "E não podemos ficar restritos a estratégias de
Brasil, que são muito semelhantes e acabam tornando a gestão muito parecida", acrescenta ele, ressaltando que "lá
fora há vários Brasis em várias fases do ciclo de desenvolvimento".

Um dos acertos do fundo da Gávea foi em aplicações em títulos americanos indexados à inflação, os chamados TIPs
de longo prazo. No auge da crise, os preços desses papéis projetavam que os Estados Unidos teriam deflação por
vários anos, lembra Stallone. "Achamos que isso não ia acontecer, o que se confirmou, o preço dos papéis subiu e
ganhamos".

Em abril deste ano, o fundo rendeu 4,5%, mesmo com o mercado brasileiro sem grandes destaques. "Foi a aposta na
crise da Grécia, apostamos na queda do euro", diz Stallone. O fundo, até julho, acumula alta de 7,93%, para um CDI
de 5,18%. Outro fundo, com 20% no exterior, o Plus, acumula 4,85%.

A análise dos mercados internacionais já fazia parte da rotina de gestão da Polo Capital, diz o sócio Marcos Duarte.
"Não dá para analisar um setor ou uma empresa sem olhar lá fora, já que hoje os mercados não são só locais, são
globais", diz. Pensando nisso, a gestora já tinha na equipe integrantes de outros países, como venezuelanos,
australianos e sul-africanos. "A CVM permitiu que fizéssemos essas operações com mais facilidade", explica.

Duarte dá o exemplo da AmBev, que tem presença em toda a América Latina, o que obriga o gestor a analisar cada
país. Há também oportunidades importantes de arbitragem entre o mercado brasileiro e o exterior. Duarte dá o
exemplo dos papéis do ABN Amro durante a crise internacional, que chegaram a pagar 15% ao ano no Brasil e 30% no
mercado internacional. "Os fundos hedge estavam vendendo os papéis porque estavam quebrando e o preço
despencou, fazendo o juro disparar, enquanto aqui não havia essa pressão toda", diz. "Compramos muito papel de
banco brasileiro pagando dólar mais 25% ao ano", afirma o gestor.

Outra oportunidade surgiu recentemente quando os papéis de dívida da Petrobras Energia, subsidiária da Petrobras
na Argentina, passaram a pagar 10 pontos percentuais acima dos da controladora. "Mas o risco no fim das contas era o
mesmo, por isso compramos o papel da empresa argentina e vendemos o da brasileira", afirma.

Segundo ele, lá fora há mais distorções de preços e mais liquidez nos mercados, o que aumenta as oportunidades.
"Aqui o que há são grandes fundos que carregam os títulos em suas carteiras e não giram, não aproveitam as
oportunidades de curto prazo", diz. Outro caso recente foi o da compra da TAM pela chilena LAN. "Hoje podemos
fazer uma arbitragem comprando ou vendendo as ações no Chile, dependendo da visão sobre a operação", diz.

Para Stallone, da Gávea, os mercados estão de tal forma conectados que quase tudo que acontece no Brasil tem
relação com o exterior. "Por isso, todos os fundos hoje têm uma pitadinha lá fora."

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