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Atualizado com as
os
Leis n 11.689/2008, 11.690/2008 e 11.719/2008
(“Reforma Processual Penal”)
ADENDO 3
7.12.9 Rejeição [da denúncia ou queixa]
O art. 43 do CPP foi revogado pela Lei no 11.719/2008.
As hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa encontram-se previstas,
doravante, no art. 395 do CPP: “A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I – for
manifestamente inepta; II – faltar pressuposto processual ou condição para o
exercício da ação penal; ou III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.”
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ADENDO 5
de apreciação pelo tribunal do júri, o acusado poderá requerer ao tribunal que
determine a imediata realização do julgamento (art. 428, § 2o).
O “procedimento relativo aos processos da competência do tribunal do
júri” é desenvolvido em duas fases e encontra-se previsto nos arts. 406 a 497 do
CPP. Já há quem entenda que o procedimento é trifásico, e não bifásico, tratando
separadamente a preparação do processo para julgamento em plenário.
O procedimento do tribunal do júri, apesar de estar no título “do processo
comum”, agora é considerado pelo CPP como procedimento especial, com a
modificação feita pela Lei no 11.689/2008, pois não se encontra entre os
procedimentos comuns especificados no art. 394, § 1o, incisos I, II, e III, e é referido
à parte pelo § 3o do art. 394 do CPP.
Fizemos aplicação subsidiária do procedimento comum ordinário ao
procedimento do júri, com resultados interessantes, em vigor a partir de 22.08.2008
(art. 2o da Lei no 11.719/2008).
O caso da absolvição sumária logo após a manifestação da acusação sobre
a resposta do acusado (“defesa prévia”), prevista no art. 394, § 4o, c/c art. 397 do
CPP (somente em vigor a partir de 22.08.2008), quando trata do procedimento
ordinário e sumário, não se confunde com a absolvição sumária na audiência de
instrução do procedimento especial do júri (art. 415 do CPP, em vigor a partir de
09.08.2008).
A primeira fase (ou iudicium accusationis) do “procedimento relativo aos
processos da competência do tribunal do júri” encontra-se nos arts. 406 a 421 do
CPP. Propusemos uma seqüência de atos bastante coerente, inclusive com a
previsão da nova absolvição sumária do art. 394, § 4o, c/c art. 397.
A primeira fase vai do oferecimento da denúncia ou queixa até a decisão de
pronúncia, sentença de impronúncia, sentença de absolvição sumária, ou decisão
de desclassificação da competência do tribunal do júri. A rigor, no caso de pronúncia,
o procedimento vai até a preclusão da decisão de pronúncia, após o que os autos
são encaminhados ao juiz presidente do tribunal do júri.
Agora com audiência de instrução, debates e possível julgamento, a primeira
fase do procedimento do júri foi contraída de forma semelhante a que foi feita
com o procedimento ordinário.
O art. 412 do CPP estabelece que “O procedimento será concluído no prazo
máximo de 90 (noventa) dias”, contado, a nosso ver, do oferecimento da denúncia/
queixa até a prolação da decisão/sentença. Mas pensamos que esse prazo é do
procedimento judicial, a que se devem acrescentar os prazos do procedimento
administrativo (conclusão do inquérito policial, vista ao Ministério Público e
elaboração da denúncia ou queixa). Desse modo, o prazo da primeira fase (iudicium
accusationis) do procedimento de competência do tribunal do júri, segundo nosso
entendimento, é de 106 dias, nas Justiças estaduais e distrital, com indiciado/
acusado preso, contado da data da prisão em flagrante (ou, se for o caso, da prisão
preventiva) até a prolação da decisão/sentença (pronúncia, impronúncia,
absolvição sumária e desclassificação)
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Doravante, nos termos do art. 413, § 3o, do CPP, se o acusado estiver preso,
o juiz deverá decidir, na pronúncia, motivadamente, a manutenção, revogação ou
substituição da prisão ou de medida restritiva de liberdade anteriormente
decretada. Se o acusado estiver solto, também motivadamente decidirá sobre a
necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das “medidas
previstas no Título IX do Livro I” do CPP, que trata da prisão e liberdade provisórias.
Enfim, nos termos legais, qualquer medida cautelar pessoal que esteja
aplicada ou que vá ser aplicada ao acusado deve ser justificada cautelarmente na
pronúncia.
A impronúncia é a sentença em que, fundamentadamente, o juiz extingue
o processo, não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação (art. 414 caput, c/c 416 do CPP,
com a redação dada pela Lei no 11.689/2008, anteriormente no art. 409).
A Lei no 11.689/2008 modificou significativamente a impronúncia, em con-
fronto com as alterações que também fez na absolvição sumária do art. 415 do CPP.
Eram de impronúncia, fazendo apenas coisa julgada formal e não material,
as hipóteses de estarem provados, alternativamente (isto é, qualquer uma das
hipóteses), a inexistência do fato, não ser autor ou partícipe do fato, ou o fato não
constituir infração penal. Agora, na absolvição sumária, conforme ocorre com as
demais hipóteses desta, não há mais dúvida de que também ocorre a coisa julgada
material em relação a tais matérias.
Com a modificação das hipóteses de cabimento da impronúncia e da
absolvição sumária, propusemos uma solução para o problema de direito
intertemporal sobre as eficácias das impronúncias continuarem apenas com a
qualidade de coisa julgada formal.
A desclassificação, na primeira fase do procedimento do júri, agora é
prevista no art. 419 do CPP.
A absolvição sumária é a sentença em que, fundamentadamente, o juiz,
desde logo (isto é, sem admitir que vá para o tribunal do júri), extingue o processo,
rejeitando a pretensão condenatória (ou absolutória imprópria), com um dos
fundamentos especificados em lei (art. 415 c/c 416 do CPP, com a redação dada
pela Lei no 11.689/2008, anteriormente no art. 411 do CPP).
A expressão “absolvição sumária” saiu da denominação da Seção I (acima
do art. 406, anteriormente denominada “da pronúncia, da impronúncia e da
absolvição sumária” e, agora, “da acusação e da instrução preliminar”), mas continua
no art. 416 do CPP.
Essa absolvição sumária do art. 415 do CPP não deve ser confundida com
a absolvição sumária do art. 397 do CPP.
Os fundamentos absolutórios do art. 415 do CPP são os seguintes, não-
cumulativamente: “I – provada a inexistência do fato; II – provado não ser ele
autor ou partícipe do fato; III – o fato não constituir infração penal; IV – demonstrada
causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.”
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ADENDO 9
Não há mais libelo-crime acusatório, nem contrariedade.
O relatório do juiz é, doravante, elaborado antes do plenário (art. 427, II).
O assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até
cinco dias antes da data da sessão na qual pretenda atuar (art. 430).
O julgamento na sessão do tribunal do júri não mais será adiado pelo não
comparecimento do acusado solto (art. 457, caput).
Se houver separação de julgamento em razão de recusas imotivadas (ou
peremptórias), será julgado em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a
autoria do fato (art. 469, § 2o), e não mais quem deu causa à separação.
O jurado receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões
posteriores que julgaram admissível a acusação (art. 472, parágrafo único), mas,
durante os debates no plenário, as partes não poderão, sob pena de nulidade,
fazer-lhes referências como argumento de autoridade (art. 478, I). Isso tem gerado
polêmica na comunidade jurídica e encontramos uma interpretação adequada às
normas constitucionais.
As partes continuam a poder inquirir diretamente as testemunhas (art. 473,
caput), o que passa a ser a regra geral em quaisquer procedimentos, sejam ou não
do júri (art. 212, caput, com a redação da Lei no 11.690/2008).
Por intermédio do juiz, os jurados poderão formular perguntas ao ofendido,
às testemunhas e ao acusado (art. 473, § 2o, e art. 474, § 4o) e pedir ao orador que
indique a folha dos autos ou esclareça fato alegado (art. 480, caput), bem como
terão acesso aos autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao juiz presidente
(art. 480, § 3o).
O acusado será interrogado apenas no final da instrução no plenário,
perante o tribunal do júri (art. 474, caput, com redação da Lei no 11.689/2008), o
que, aliás, agora também é a regra geral no processo penal, conforme ocorre com
os procedimentos ordinário e sumário (art. 400 e 531, com redação da Lei no 11.719/2008).
O interrogatório é, por conseguinte, reforçado como meio de defesa.
Nos debates, o tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e
meia (não mais duas horas) para cada, e de uma hora para a réplica (não meia
hora) e outro tanto para tréplica (art. 477, caput), ou seja, respectivamente: 1h30min,
1h30min, 1 h e 1 h.
Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será
acrescido de uma hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica (art. 477, § 2o),
ou seja, respectivamente: 2h30min, 2h30min, 2 h e 2 h.
Os apartes foram regulamentados. Compete ao juiz presidente
“regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a
outra estiver com a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos para cada
aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo desta última” (art. 497, XII).
A mudança mais profunda foi a relativa aos quesitos e sua votação (art. 482
a 491). A maior parte das dificuldades no procedimento dos crimes de competência
do tribunal do júri sempre esteve na quesitação, responsável pela maioria das
anulações de julgamento – uma fonte quase inesgotável de nulidades.
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ADENDO 11
12.3 Execução civil da sentença penal condenatória
transitada em julgado
Conforme o novo inciso IV do art. 387 do CPP (com a redação dada pela Lei
no 11.719/2008), o juiz fixará, na sentença penal condenatória, valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos
pelo ofendido.
Uma vez transitada em julgado a sentença penal condenatória, a execução
civil poderá ser efetuada por esse valor fixado (art. 63, parágrafo único, do CPP,
acrescido pela Lei no 11.719/2008).
Além da execução civil por esse valor fixado, também poderá ser feita a
liquidação da sentença penal condenatória, no juízo cível, para a apuração do
dano efetivamente sofrido. Após a liquidação, poderá ser intentada diretamente a
execução civil, também quanto ao valor que excede àquele fixado originariamente
na sentença penal condenatória.
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ADENDO 13
Abordamos a questão da constitucionalidade dessa definição, conforme já
discutimos quanto à noção de prova ilícita.
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15.5 Testemunhas
As perguntas das partes às testemunhas eram requeridas ao juiz, o qual
as formulava à testemunha (art. 212 do CPP e art. 352, § 4o, do CPPM); portanto,
o CPP e o CPPM adotaram o “sistema presidencial” de inquirição das
testemunhas.
Entretanto, no CPP, com a nova redação dada pela Lei no 11.689/2008 ao
art. 212, o sistema passou a ser semelhante ao cross examination (“exame cruzado”)
do processo penal estadunidense, uma vez que as perguntas serão formuladas
pelas partes diretamente à testemunha.
O juiz passa a acompanhar as inquirições feitas diretamente pelas partes,
não admitindo aquelas perguntas que puderem induzir a resposta, não tiverem
relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida.
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ADENDO 15
Doravante, o juiz, após as inquirições das partes, poderá fazer suas perguntas
para complementar aquelas sobre os pontos não esclarecidos (art. 212, parágrafo
único, CPP).
Esse sistema de inquirição direta pelas partes é aplicável em qualquer
processo penal não-militar, em qualquer instância e em qualquer procedimento,
por ser a norma geral do processo penal, ou seja, no processo penal comum e no
processo penal eleitoral, em procedimentos ordinários e especiais, e em processos
penais perante juízes e tribunais (processo penal “originário”, em casos de
competência especial pela prerrogativa de função).
Isso demandará um esforço muito maior das partes, pois, de modo geral,
não estão acostumadas à inquirição direta nem prévia e não têm capacitação
específica para fazer perguntas dessa forma (aliás, os juízes também não têm uma
preparação específica). Seria interessante que houvesse cursos e treinamentos
nesse sentido, como é comum ocorrer na área da inteligência (técnica operacional
de entrevista).
A videoconferência foi prevista pela primeira vez na legislação processual
penal. “Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor,
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique
a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na
impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
inquirição, com a presença do seu defensor” (art. 217,caput, do CPP, com a nova
redação da Lei no 11.690/2008). ”A adoção de qualquer das medidas previstas no
caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a
determinaram” (art. 217, parágrafo único, CPP).
A nova redação do art. 217 do CPP é um aprofundamento do princípio da
ampla defesa, pois garante a imediação do réu com a prova testemunhal, com o
juiz e com seu próprio defensor. A testemunha não estará na sala de audiências,
mas na tela do dispositivo de videoconferência, com o que o réu permanecerá na
presença do juiz, do defensor e, virtualmente, da testemunha. Esta, por sua vez, se
sentirá mais segura, por não estar na presença do réu pelo menos fisicamente (ou
seja, não estará na mesma sala).
Essa tecnologia da videoconferência ainda demorará a chegar a maior parte
dos juízos do país e, assim, infelizmente, a retirada do réu continuará a ser a forma
viável.
15.6 Ofendido
Poderá ser conduzido coercitivamente se for intimado para prestar
declarações e deixar de comparecer sem motivo justo (art. 201, § 1o, CPP).
Com a nova redação do art. 201 do CPP, a Lei no 11.690/2008 “resgata” o
ofendido no processo penal, estabelecendo que “será comunicado dos atos
processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de
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ADENDO 17
20.3.7 Citação por edital e citação por hora certa
20.3.7.1 Citação por edital
No inciso I do art. 363 do CPP, revogado pela Lei n o 11.719/2008, havia a
hipótese de ser inacessível o lugar onde se encontra o réu, em virtude de epidemia,
de guerra ou por outro motivo de força maior. Aliás, o art. 364 do CPP não foi
revogado e continua a prever que o prazo do edital será fixado entre 15 e 90 dias,
de acordo com as circunstâncias.
O mesmo ocorreu com o inciso II do art. 363 do CPP, também revogado
pela Lei no 11.719/2008, onde havia a hipótese de ser incerta a pessoa que tivesse
que ser citada. O art. 364 do CPP continua a prever que o prazo do respectivo
edital será de 30 dias.
Como o art. 264 do CPP continua a fazer referência às duas hipóteses,
pensamos que ambas são cabíveis no CPP, por aplicação subsidiária do CPC, nos
termos do art. 3o do CPP.
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ADENDO 19
21.4.1 Absolvição em geral
As disposições sobre sentença absolutória também sofreram alterações no
art. 386 do CPP com a redação da Lei no 11.690/2008.
As mais importantes foram: a) o acréscimo do fundamento absolutório de
“estar provado que o réu não concorreu para a infração penal” (novo inciso IV );
b) o acréscimo da expressão “mesmo se houver dúvida sobre sua existência” (novo
inciso VI, anteriormente inciso V), para esclarecer que, se o juiz tiver dúvida sobre
“circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena”, ele deve absolver,
em vez de supor que é ônus da defesa prová-las cabalmente.
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