Sie sind auf Seite 1von 14

Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências Exatas e da Natureza


Departamento de Física
Física Experimental 1 – 2Semestre 2010

Capítulo 1
Medidas e incertezas

Índice

1.1 Introdução: o que é uma medição?


1.2 Medidas e incertezas: toda medida é afetada por uma incerteza.
1.3 Algarismos significativos e determinação de incertezas
1.4 Regras de arredondamento
1.5 Propagação de incertezas em medições indiretas
1.6 Apêndice: instrumentos de medida
- Paquímetro
- Micrômetro
1.7 Bibliografia

Objetivo

O objetivo deste texto é o de apresentar regras para expressar corretamente as medidas


obtidas nas experiências. Estas medidas devem constar do número adequado de algarismos
significativos assim como das incertezas associadas ao processo de medida. A forma como
uma dada incerteza se propaga ao longo de uma série de medidas também será discutido
assim como o manuseio de alguns instrumentos.

1
1.1 Introdução: O que é uma medição?
Uma medição é o processo de comparar duas grandezas sendo uma delas previamente
definida como um padrão e a outra tida como desconhecida. O padrão corresponde
exatamente a uma unidade da grandeza. A unidade é o nome com o qual designamos o valor
medido daquela grandeza desconhecida.

O Sistema Internacional de Unidades

O Sistema Internacional de Unidades (abreviado por SI), ou sistema métrico, é


formado por uma base de sete grandezas fundamentais. A tabela 1.1 mostra as unidades
fundamentais do SI.

Grandeza Nome Símbolo


Comprimento Metro M
Massa Quilograma Kg
Tempo Segundo S
Corrente elétrica Ampère A
Temperatura Kelvin K
Quantidade de matéria Mol Mol
Intensidade luminosa Candela Cd

Tabela 1.1: As unidades fundamentais do SI.

A maior parte das grandezas envolvidas na descrição dos fenômenos estudados em


Física Geral 1 e 2 pode ser expressa em termos de apenas três grandezas fundamentais:
comprimento, massa e tempo.

Comprimento – Define-se o metro como sendo a distância percorrida pela luz no vácuo
durante o intervalo de tempo de 1/299.729.458 de um segundo.

Massa – Define-se o quilograma como sendo a massa de um corpo padrão (um cilindro de
platina-irídio) depositado no Birô Internacional de Pesos e Medidas, em Sèvres na França.

Tempo – Define-se o segundo como sendo o tempo tomado por 9.192.631.770 oscilações, da
luz de um comprimento de onda especificado, emitida pelo átomo de césio-133.

Medição

A medição é a tarefa de comparar uma quantidade de uma determinada grandeza com


uma outra da mesma grandeza adotada como unidade padrão. Este processo é realizado
utilizando-se um instrumento de medição. A figura 1.1, (a) e (b), mostra o posicionamento
de uma régua para a realização de uma medição do comprimento de uma barra. Na parte (a), a
menor divisão é a metade de um centímetro. Na parte (b) a menor divisão é um milímetro. O
resultado é um número que representa quantas unidades de comprimento padrão, a menor
divisão, há na extensão da barra. Essa menor divisão também é chamada de resolução do
instrumento.

2
(a) 0 1 2 3 4
cm

(b) 0 1 2 3 4
cm

Figura 1.1: Medição de uma barra utilizando-se duas réguas com


diferentes resoluções. Em (a), uma régua com resolução de meio
centímetro e em (b), uma régua com resolução de um milímetro.

Para medir, precisamos saber usar o instrumento de medição no sentido mais amplo, o
que significa saber responder a duas questões importantes:

a) Quantos algarismos significativos há em uma dada medida?


b) Qual a incerteza associada a esta medida?

3
1.2 Medidas e incertezas: Toda medida é afetada por uma incerteza.
Como foi visto, medir é comparar duas grandezas. Assim, mesmo que o operador
tenha muita habilidade com o instrumento de medição e por mais preciso que seja este
instrumento de medição, sempre há incertezas nas medidas.
Assim, definimos que o resultado da medição de uma grandeza m é dada por:

m  M  M , (1.1)

onde m é o resultado da medição, M é o valor da medida e M é a incerteza associada à


medida. M é uma quantidade positiva que expressa o intervalo de validade da medida M ,
ou seja, se várias medidas de M são realizadas, o valor da medição m deve estar dentro do
intervalo compreendido em .

Estimativas de Erros

Quando uma medição é realizada, o valor obtido para a grandeza é, em geral, diferente
do valor de referência adotado para a grandeza. Em alguns casos, não há consenso sobre o
valor de referência. De forma geral, o desvio do valor de referência é o erro associado à
medição. Desta forma, para definir expressões para o cálculo de diferentes erros, precisamos
definir como escolher o valor de referência que adotaremos em diferentes situações.

Valor de Referência ou Valor Adotado

Para obter as estimativas de erros cometidos em medições, o experimentador precisa


conhecer a priori o valor de referência da grandeza objeto da medição, chamado aqui de valor
adotado, Va . O conhecimento desse valor pode estar enquadrado em uma das três situações
relatadas a seguir:

a) O valor da grandeza é conhecido com erro nulo. Exemplo: calor específico da água, a
velocidade da luz no vácuo, a constante de permissividade, etc. Neste caso, o Va é o
valor definido para a grandeza.
b) O valor da grandeza foi medido, mais de uma vez, usando-se técnicas mais
sofisticadas que a técnica particular que o experimentador esteja usando. Exemplo: a
aceleração da gravidade, a densidade de uma substância, o calor específico de
substâncias (com exceção da água), etc. Neste caso, a escolha do Va depende de uma
pesquisa sobre os vários valores medidos bem como as técnicas e métodos utilizados.
c) O valor da grandeza não é conhecido. Exemplo: o comprimento de uma barra, a massa
de um objeto, o período de um pêndulo simples, etc. Neste caso, o Va deve ser a
média aritmética de n medições da grandeza, com a média expressa com o número
adequado de algarismos. Esta situação será tratada em um capítulo posterior.

4
Erro Absoluto, Relativo e Percentual

Um erro expressa, de diferentes maneiras, a distância entre o valor medido e o valor


adotado. O erro absoluto associado à i-ésima medida é definido como:

E  Vi  Va , (1.2)

onde Va é o valor adotado e Vi é o valor da i-ésima medida da grandeza.

O erro relativo, tendo como referência o valor adotado, associado à i-ésima medida é
definido como:

Vi  Va
E rel  , (1.3)
Va

Por sua vez, o erro percentual associado à i-ésima medida é definido com:

E%  E rel  100% . (1.4)

1.3 Algarismos Significativos e determinação de incertezas


Quando realizamos uma medição é importante apresentar o resultado com um número
de algarismos que tenha significado. Significado, neste caso, quer dizer que os algarismos
dispostos como resultado da medição podem ser garantidos como corretos, dentro da
resolução do instrumento. Surge, então, a seguinte questão:

Quantos são os algarismos, ditos significativos, de uma dada medida?

Os instrumentos permitem a determinação exata de um certo número de algarismos e,


em geral, permitem que o operador estime mais um algarismo, além daqueles exatos. Por
definição, os algarismos significativos de uma medida são os algarismos exatos acrescidos do
último, que é estimado (inexato). Alguns autores adotam como algarismos significativos
apenas os algarismos exatos.
Claramente, o número de algarismos significativos depende do tipo e da resolução do
instrumento utilizado na medição. A figura 1.1 exemplifica esta afirmação. Além disso, o
valor do algarismo inexato depende da pessoa que está realizando a medida.

Determinação da incerteza associada a uma única medida

Como mencionado no item 1.2, o resultado de uma medição é composto da medida e


da incerteza associada, expresso como na equação 1.1. Para realizar a tarefa de estimar as
incertezas adotaremos alguns critérios, em geral, baseados apenas no bom senso.
Os critérios são:

Critério 1 – A incerteza na medida é sempre expressa com apenas um algarismo.

5
Critério 2 – Se o instrumento NÃO permitir a avaliação do algarismo inexato, este será
considerado como sendo o último algarismo obtido na leitura com o instrumento. E, desta
forma, a incerteza é de uma unidade na posição do algarismo inexato.

Critério 3 – Se o instrumento permitir a avaliação do algarismo inexato e  é a menor divisão


de unidade do instrumento utilizado, a incerteza é  / 2 .

Em muitas situações, para satisfazer o critério 1, é necessário realizar


arredondamentos numéricos tanto no valor da incerteza como no valor da grandeza.

1.4 Regras de arredondamento


Vamos adotar as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para
os arredondamentos numéricos. As normas serão sumarizadas através das três regras
seguintes:

Regra 1 – Quando o algarismo a ser desprezado for inferior a 5, mantêm-se os anteriores sem
alteração.

Exercício Resolvido 1.1: Nas quantidades apresentadas, despreze o algarismo sublinhado.

a) l  3,4745 m Solução: L  3,47 m


b) t  1,11238 s Solução: T  1,112 s
c) m  9, 49075 kg Solução: M  9 kg

Regra 2 – Quando o algarismo a ser desprezado for superior a 5 ou igual a 5 seguido por um
algarismo diferente de zero, acrescenta-se uma unidade ao algarismo anterior.

Exercício Resolvido 1.2: Nas quantidades apresentadas, despreze o algarismo sublinhado.

a) l  3,4751 m Solução: L  3,48 m


b) t  1,11260 s Solução: T  1,113 s
c) m  9, 51075 kg Solução: M  10 kg

Regra 3 – Quando o algarismo a ser desprezado for igual a 5, sem nenhum algarismo seguinte
ou seguido de zeros, se o algarismo anterior é ímpar, acrescenta-se uma unidade. Se o
algarismo anterior é par, ele permanece inalterado.

Exercício Resolvido 1.3: Nas quantidades apresentadas, despreze o algarismo sublinhado.

a) l  3,475 m Solução: L  3,48 m


b) t  1,1125 s Solução: T  1,112 s
c) m  9, 50000 kg Solução: M  10 kg

O material visto até este ponto permite fazermos um exercício completo, partindo da
realização da medição e concluindo com a apresentação do resultado da medição, no formato
definido no item 1.2.

6
Exercício Resolvido 1.4: Usando a figura 1.1 (a) e (b), grafe as leituras das réguas, para o
comprimento da barra, na forma da eq. 1.1, com o número correto de algarismos
significativos.

Solução: Na régua da parte (a), a leitura é l a  3,4 cm . Na régua da parte (b), a leitura é
l b  3,47 cm . Note que, sempre o valor das leituras depende do operador. Visto que a régua
é um instrumento que permite estimar o algarismo inexato, o Critério 3 deve ser aplicado na
estimativa da incerteza. No caso (a) é l a  0,25 cm e no caso (b) l b  0,05 cm .
Finalmente, aplicando o Critério 1 junto com as regras de arredondamento obtemos,
L a  3,4  0,2 cm e L b  3,47  0,05 cm .

Determinação do número de algarismos significativos sem as incertezas explicitadas

Frequentemente, tanto na área de Ciências Exatas como na área das Engenharias, os


resultados de medições são apresentados sem as indicações de incertezas. Neste caso,
definimos a incerteza como sendo uma unidade na casa decimal mais à direita apresentada no
valor da medida.

Exercício Resolvido 1.7: Escreva os dados, do problema que se segue, com as respectivas
incertezas.

Problema •1, volume 1 - Mecânica, capítulo 2, Fundamentos de Física, 7ª edição


Durante um forte espirro, seus olhos podem fechar por 0,50 s. Se você estiver dirigindo um
carro a 90 km/h e espirrar tão fortemente, de quanto se desloca o carro durante o espirro?

Solução: De acordo com a definição apresentada no item 1.11, o intervalo de tempo com
olhos fechados é t  0,50 s e, portanto a incerteza associada é t  0,01 s . Da mesma
maneira, a velocidade do carro é v  90 km / h e a incerteza associada é v  1 km / h . Ou
seja, a resposta final é, t  (0,50  0,01) s e v  (90  1) km / h .

Regras para soma (subtração) e multiplicação (divisão).

1. Na multiplicação ou divisão, o número de algarismos significativos do produto ou


quociente, respectivamente, será igual ao número de algarismos significativos do elemento de
menor precisão, o u seja, com o menor número de algarismos significativos.
Ex:
0,91 x 1,23 = 1,1193, digamos que este foi o resultado apresentado pela calculadora.
Certamente um dado experimento não teria condições de produzir um resultado com um
número de algarismos significativos maior, ou uma incerteza menor, do que o de qualquer das
parcelas medidas.

Correto = 1,1

7
2. Na soma ou subtração escolhemos o número de algarismos significativos para o resultado
como sendo igual ao número de algarismos significativos do elemento com o menor número
de termos após a vírgula.

Ex:

A seta aponta para o valor da grandeza arredondado pelos critérios descritos em 2.

Notação científica

A notação científica é uma forma de representação exponencial - , na qual m


é chamada mantissa (deve ser um número entre 1 e 10) e p a ordem de grandeza - utilizada
para acomodar números muito grandes (100000000000) ou muito pequenos (0,00000000001).
Ela também serve para representar os resultados experimentais de modo a eliminar
ambiguidades ou até equívocos relacionados ao número de algarismos significativos via
representação decimal convencional. Por exemplo, a maior distância observável do universo
mede cerca de 740 000 000 000 000 000 000 000 000 m. Para valores como esses, a notação
científica é mais adequada, pois apresenta a vantagem de poder representar adequadamente a
quantidade de algarismos significativos Por exemplo, a distância observável do universo, do
modo que está escrito, sugere a precisão de 27 algarismos significativos. Mas isso pode não
ser verdade (é pouco provável que haja 25 zeros seguidos numa aferição).

Ex : ;
;
.
No exemplo acima demonstramos a forma compacta na qual números grandes ou penquenos
podem ser escritos usando a notação científica. Entretanto, a notação também deve observar o
número de algarismos significativos. Vejamos um exemplo de representação ambígua com
respeito ao número de algarismos significativos:

Ex: 310 (pode indicar dois ou três algarismos significativos). O zero pode ser um algarismo
significativo ou servir apenas para mostrar a posição decimal do algarismo. Em notação
científica:

(três algarismos significativos),


(dois algarismos significativos),
ou seja, nessa notação, o número de algarismos do coeficiente da potência de 10 será o
número de algarismos significativos, mesmo que estes sejam zeros.

Ex: (1 algarismo significativo)


(4 algarismos significativos)

8
Podemos usar a notação científica também com o objetivo de escrever a incerteza com apenas
um algarismo significativo.
Ex:

, note que no exemplo também foi realizado o


arredondamento do último algarismo de acordo com as regras de arredondamento discutidas
anteriormente.

1.5 Propagação de incertezas em medições indiretas


Em várias situações, não é possível medir diretamente uma dada grandeza. Um
exemplo seria: Como medir a força resultante, em uma dada direção, sobre uma partícula em
movimento? Poder-se-ia utilizar a segunda lei de Newton para solução do problema. Ou seja,
medindo a massa e a aceleração da partícula na direção de interesse, poderíamos calcular a
força resultante. Contudo, tanto a medida da massa como a medida da aceleração estão
afetadas pelas respectivas incertezas associadas. Visto que os dados originais possuem
incertezas, o valor calculado da força também é afetado por uma incerteza. Conhecendo-se os
dados originais com as incertezas, qual o procedimento para calcular a incerteza associada à
força? Para calcular esta incerteza, vamos utilizar um resultado do cálculo diferencial e
integral de mais de uma variável. Suponha que a grandeza para a qual queremos calcular a
incerteza associada possa ser escrita como uma função das n grandezas originais, xi , das
quais ela depende, na forma:

y  y( x1 , x2 ,..., xn ) (1.5)

Qual a variação infinitesimal em y , decorrente de variações infinitesimais das


variáveis xi ? Esta variação pode ser obtida da diferencial total da função y dada por:

y y y
dy  dx1  dx2  ...  dxn (1.6)
x1 x2 xn

y
onde é a derivada parcial da função y em relação a xi .
xi

Todavia, no mundo real as variações não são infinitesimais, mas diferenças finitas.
Supondo que as diferenças são pequenas quando comparadas aos valores médios das
grandezas x i , podemos escrever a eq. 1.6 na forma aproximada:

y y y
y  x1  x2  ...  xn (1.7)
x1 x2 xn

9
y
As quantidades , na eq. 1.7, podem ser positivas, negativas ou nulas, porém para
xi
facilitar as operações e obter uma estimativa para a incerteza, mesmo de forma desfavorável,
tomamos o valor absoluto destas quantidades, de maneira que a eq. 1.7 torna-se:

y y y
y  x1  x2  ...  xn (1.8)
x1 x2 xn

A eq. 1.8 juntamente com os critérios do item 1.7, são utilizados para calcular as
incertezas decorrentes de cálculos e conseqüentemente escrever o resultado da medição
indireta, como descrito no item 1.4, com o número correto de algarismos.

Exercício Resolvido 1.5: Em um experimento, um aluno precisa calcular a grandeza t dada


por, t  x  2y  3z , onde x, y e z são grandezas com os seguintes valores, em unidades
arbitrárias: x  (80,6  0,1); y  (1,53  0,02); z  (0,515  0,003) . Note que os coeficientes
de x, y e z são constantes com incertezas nulas. Calcule a incerteza em t e escreva o resultado
da medição na forma da eq. 1.1, com o número correto de algarismos.

Solução: De acordo com a eq. para t, substituindo os valores tem-se,


t  x  2y  3z  1.(80,6)  2.(1,53)  3.(0,515)  82,115 . Note que, nesta fase do cálculo, o
resultado é grafado com todas as casas decimais (mostradas no visor da calculadora) que se
apresentam no problema. De acordo com a eq. 1.8, precisamos antes calcular as derivadas
parciais,
t t t
 1  1,  2 2 e   3  3 . Substituindo este resultado na eq. 1.8 tem-se,
x y z
t  1.x  2.y  3.z  1.(0,1)  2.(0,02)  3.(0,003)  0,149 . Utilizando o critério 1 (item
1.8) com as regras de arredondamento (item 1.9) obtém-se, t  0,1 . O resultado final é dado
por, t  (82,1  0,1) u.a. Note que os algarismos 1 e 5, no valor de t  82,115 , foram
desprezados, pois a incerteza afeta a casa de décimos da grandeza.

Observação: O exercício acima contém embutido um resultado mais geral. Ou seja, quando
y  y(x1 , x 2 ,..., x n ) é da forma particular, y  k 1 x1  k 2 x 2 ,...,k n x n , a incerteza
associada é da forma, y  k 1 (x1 )  k 2 (x 2 ),...,k n (x n ) . Mostre este resultado.

Exercício Resolvido 1.6: Em um experimento, um aluno precisa calcular a grandeza t dada


por, t  8xy 2 z 3 , onde x, y e z são grandezas com os seguintes valores, em unidades
arbitrárias: x  (80,6  0,1); y  (1,53  0,02); z  (0,515  0,003) . Note que o coeficiente 8 é
uma constante de incerteza nula. Calcule a incerteza em t e escreva o resultado da medição
na forma da eq. 1.1, com o número correto de algarismos.

Solução: De acordo com a eq. para t, substituindo os valores tem-se,


t  8xy 2 z 3  8.(80,6)(1,53) 2 (0,515) 3  11050,60876 . Note que, nesta fase do cálculo, o
resultado deve ser grafado com todas as casas decimais (mostradas no visor da calculadora)
que se apresentam no problema. A incerteza associada é dada pela eq. 1.8 e portanto, é
preciso calcular as derivadas parciais,

10
t t
 8y 2 z 3  137,1043271 ,  16 xyz 3  14445,24021 e
x y
t
  24xy 2 z  4  64372,47822 . Substituindo este resultado na eq. 1.8 tem-se,
z
t  137,1043271.(0,1)  14445,24021.(0,02)  64372,47822.(0,003)  495,732672 .
Utilizando o critério 1 (item 1.8) com as regras de arredondamento (item 1.9) obtém-se,
t  5 102 . O resultado final é dado por, t  (111  5) 102 u.a. Note que os algarismos
sublinhados no valor de t  110, 5060876  10 2 , foram desprezados, pois a incerteza afeta a
casa de unidades da grandeza.

Observação: O exercício acima contém embutido um resultado mais geral. Ou seja, quando
y  y(x1 , x 2 ,..., x n ) é da forma particular, y  kx11 .x2 2 .,..., xnn , a incerteza associada é da
x1 x 2 xn
forma, y  y .( 1  2  ...   n ) . Mostre este resultado.
x1 x2 xn

11
Apêndice 1

O Paquímetro

Na Figura 1, apresentamos uma ilustração de um Paquímetro. Esse instrumento é


utilizado para medir pequenas dimensões (o nosso de 6' mede até 15 cm) sendo, no entanto,
sua maior aplicação em medidas de diâmetros internos e externos, comprimentos de objetos,
profundidade de um furo ou depressão, etc. Todos esses tipos de medidas podem ser lidas em
duas escalas diferentes: uma inferior, em centímetros, e a outra superior, em polegadas.

Mede
Pronfudidade

Para ter uma precisão melhor do que 1 mm, numa escala milimetrada, o paquímetro
faz uso de uma escala auxiliar denominada de NÔNIO ou VERNIER que pode fornecer uma
precisão melhor do que 0,1 mm. Vejamos como funciona essa escala auxiliar que facilita a
leitura de frações da escala principal.

Na figura ao lado, ao ler a escala principal – ver medida do ponto onde o zero do
VERNIER toca a escala principal - obtemos p
= 87 mm. O VERNIER da figura possui 10
divisões ( N-1, onde N é o número total de
traços incluindo o zero. Neste caso, N= 11).
Agora temos como menor unidade (ou divisão
da escala principal) o milímetro, 1 mm.
Assim, cada divisão do VERNIER possui
d  1 / 10  0,1mm
A escala do VERNIER, portanto, está em décimos de milímetros.
Para concluir o restante da leitura devemos contar o número de intervalos, d, para o traço do
VERNIER cuja posição coincide com algum traço da escala principal. No caso acima, o traço
cuja posição coincide com um traço da escala principal é o traço 9, que corresponde a 8
intervalos d ( Lembre-se, o número de traços inclui o zero). Sendo assim a leitura total será o
valor da escala principal acrescido do número de intervalos referentes ao traço cuja posição
coincide com algum traço da escala principal.

L  p  q  d  [87  8  0,1] mm  87,8 mm

E o erro cometido na leitura de L? Veja que a menor variação que temos na medida de L é
L=0,1mm e não temos como avaliar um valor menor. Portanto, esse é o erro cometido na
leitura de L e segue que devemos escrever:
L = 87,8  0,1 mm

12
Na figura 7, temos um VERNIER de 20 divisões, ou N = 21 traços. Da escala principal
temos novamente 1mm como a unidade mínima de medida. Da figura obtemos p = 76 (mm) e
q = 17. Temos então:
d  1 / 20  0,05 mm
L  p  q  d  [76  17  0,05] mm  76,85 mm
Observe que colocamos duas escalas no VERNIER. A superior fornece o valor de q o qual é
aplicado nas equações discutidas acima para
o cálculo de L. Já a escala inferior, que tem
os valores da superior divididos por 2,
facilita a leitura, pois o valor lido já está em
centésimos de milímetros. Na leitura de L
teríamos L = 76mm + 0,85mm = 76,85mm.
O erro de L nessa escala, da mesma forma
que na anterior, será a menor variação na
leitura L, isto é, L=0,05mm. Temos então:
L = 76,85  0,05 mm .

Apêndice 2

O Micrômetro

O micrômetro (ou parafuso micrométrico) é constituído por um parafuso de passo


constante. Uma rotação completa do parafuso corresponde a um deslocamento de um passo,
p. Ele é usado para medidas de dimensões espaciais com resoluções da ordem de 10 µm.
Apesar de apresentar uma resolução maior do que a do paquímetro, o micrômetro mostra-se
um instrumento bem menos versátil. As dimensões medidas não podem passar de alguns
centímetros e devem corresponder sempre a diâmetros externos. A figura abaixo mostra um
micrômetro com cortes, evidenciando sua estrutura interna.

Para se fazer uma medida usando um micrômetro, coloca-se o objeto cuja dimensão se
quer medir entre o fuso e o batente e o parafuso micrométrico é deslocado até que as
extremidades toquem o objeto. A maioria dos micrômetros possui uma peça especial,

13
denominada catraca, localizada na extremidade do parafuso. Quando o parafuso é acionado
pela catraca e as pontas encostam no objeto, esta peça alivia a pressão excessiva que o
operador possa exercer sobre o objeto. Assim, evita-se deformar o objeto a ser medido e
poupa-se o micrômetro de sofrer tensões mecânicas internas que possam deformá-lo. Isto
evita também a ocorrência de erros aleatórios instrumentais. Ao aliviar a pressão, a catraca
produz um ruído característico de uma catraca comum. Para se utilizar o instrumento, é
necessário determinar a correção do zero, avançando as suas superfícies até que as duas
pontas estejam em contato, sob a pressão determinada pela catraca. Caso o zero na escala do
tambor não coincida com o zero da escala linear, a leitura deste valor deve ser corrigida em
todas as medidas efetuadas com este micrômetro.
O deslocamento do parafuso micrométrico é observado diretamente na bainha, que
apresenta uma escala graduada em milímetros, geralmente subdividida em intervalos de 0,5
mm, com as marcações dos milímetros para o alto e as dos meio-milímetros para baixo.
17mm 0,320mm

0,5mm

O tambor, que proporciona a leitura dos demais algarismos, está fixo ao movimento do
parafuso. O princípio de funcionamento do micrômetro consiste em dividir o deslocamento de
um passo do parafuso por um número N (normalmente, N = 50 ou 100) de divisões, no
movimento circular do tambor. Por exemplo, se o passo do parafuso micrométrico for de 0,5
mm e o tambor contiver 50 divisões, cada uma destas corresponderá a um deslocamento de
0,5 mm/50 = 0,01 mm. No detalhe do micrômetro apresentado na figura acima, a leitura a ser
feita é
L = 17,00 mm + 0,50 mm + 0,320 mm = 17,820 mm
onde as leituras “17,00 mm” e “0,50 mm” foram efetuadas na bainha, enquanto que a leitura
“0,320 mm” foi efetuada no tambor.
A resolução do instrumento normalmente é indicada no próprio micrômetro. Entretanto,
ela pode ser deduzida do valor de meia subdivisão do tambor, já que podemos inferir um
último algarismo inexato em sua leitura. No exemplo dado, uma subdivisão vale 0,01 mm,
como já vimos, e, portanto, L = 0,005 mm, o que significa que a medida da dimensão será
expressa por L = (17,820 ± 0,005) mm. Os micrômetros de maior resolução utilizam uma
escala de vernier para fazer a leitura da bainha graduada.

14

Das könnte Ihnen auch gefallen