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Capítulo 1
Medidas e incertezas
Índice
Objetivo
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1.1 Introdução: O que é uma medição?
Uma medição é o processo de comparar duas grandezas sendo uma delas previamente
definida como um padrão e a outra tida como desconhecida. O padrão corresponde
exatamente a uma unidade da grandeza. A unidade é o nome com o qual designamos o valor
medido daquela grandeza desconhecida.
Comprimento – Define-se o metro como sendo a distância percorrida pela luz no vácuo
durante o intervalo de tempo de 1/299.729.458 de um segundo.
Massa – Define-se o quilograma como sendo a massa de um corpo padrão (um cilindro de
platina-irídio) depositado no Birô Internacional de Pesos e Medidas, em Sèvres na França.
Tempo – Define-se o segundo como sendo o tempo tomado por 9.192.631.770 oscilações, da
luz de um comprimento de onda especificado, emitida pelo átomo de césio-133.
Medição
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(a) 0 1 2 3 4
cm
(b) 0 1 2 3 4
cm
Para medir, precisamos saber usar o instrumento de medição no sentido mais amplo, o
que significa saber responder a duas questões importantes:
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1.2 Medidas e incertezas: Toda medida é afetada por uma incerteza.
Como foi visto, medir é comparar duas grandezas. Assim, mesmo que o operador
tenha muita habilidade com o instrumento de medição e por mais preciso que seja este
instrumento de medição, sempre há incertezas nas medidas.
Assim, definimos que o resultado da medição de uma grandeza m é dada por:
m M M , (1.1)
Estimativas de Erros
Quando uma medição é realizada, o valor obtido para a grandeza é, em geral, diferente
do valor de referência adotado para a grandeza. Em alguns casos, não há consenso sobre o
valor de referência. De forma geral, o desvio do valor de referência é o erro associado à
medição. Desta forma, para definir expressões para o cálculo de diferentes erros, precisamos
definir como escolher o valor de referência que adotaremos em diferentes situações.
a) O valor da grandeza é conhecido com erro nulo. Exemplo: calor específico da água, a
velocidade da luz no vácuo, a constante de permissividade, etc. Neste caso, o Va é o
valor definido para a grandeza.
b) O valor da grandeza foi medido, mais de uma vez, usando-se técnicas mais
sofisticadas que a técnica particular que o experimentador esteja usando. Exemplo: a
aceleração da gravidade, a densidade de uma substância, o calor específico de
substâncias (com exceção da água), etc. Neste caso, a escolha do Va depende de uma
pesquisa sobre os vários valores medidos bem como as técnicas e métodos utilizados.
c) O valor da grandeza não é conhecido. Exemplo: o comprimento de uma barra, a massa
de um objeto, o período de um pêndulo simples, etc. Neste caso, o Va deve ser a
média aritmética de n medições da grandeza, com a média expressa com o número
adequado de algarismos. Esta situação será tratada em um capítulo posterior.
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Erro Absoluto, Relativo e Percentual
E Vi Va , (1.2)
O erro relativo, tendo como referência o valor adotado, associado à i-ésima medida é
definido como:
Vi Va
E rel , (1.3)
Va
Por sua vez, o erro percentual associado à i-ésima medida é definido com:
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Critério 2 – Se o instrumento NÃO permitir a avaliação do algarismo inexato, este será
considerado como sendo o último algarismo obtido na leitura com o instrumento. E, desta
forma, a incerteza é de uma unidade na posição do algarismo inexato.
Regra 1 – Quando o algarismo a ser desprezado for inferior a 5, mantêm-se os anteriores sem
alteração.
Regra 2 – Quando o algarismo a ser desprezado for superior a 5 ou igual a 5 seguido por um
algarismo diferente de zero, acrescenta-se uma unidade ao algarismo anterior.
Regra 3 – Quando o algarismo a ser desprezado for igual a 5, sem nenhum algarismo seguinte
ou seguido de zeros, se o algarismo anterior é ímpar, acrescenta-se uma unidade. Se o
algarismo anterior é par, ele permanece inalterado.
O material visto até este ponto permite fazermos um exercício completo, partindo da
realização da medição e concluindo com a apresentação do resultado da medição, no formato
definido no item 1.2.
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Exercício Resolvido 1.4: Usando a figura 1.1 (a) e (b), grafe as leituras das réguas, para o
comprimento da barra, na forma da eq. 1.1, com o número correto de algarismos
significativos.
Solução: Na régua da parte (a), a leitura é l a 3,4 cm . Na régua da parte (b), a leitura é
l b 3,47 cm . Note que, sempre o valor das leituras depende do operador. Visto que a régua
é um instrumento que permite estimar o algarismo inexato, o Critério 3 deve ser aplicado na
estimativa da incerteza. No caso (a) é l a 0,25 cm e no caso (b) l b 0,05 cm .
Finalmente, aplicando o Critério 1 junto com as regras de arredondamento obtemos,
L a 3,4 0,2 cm e L b 3,47 0,05 cm .
Exercício Resolvido 1.7: Escreva os dados, do problema que se segue, com as respectivas
incertezas.
Solução: De acordo com a definição apresentada no item 1.11, o intervalo de tempo com
olhos fechados é t 0,50 s e, portanto a incerteza associada é t 0,01 s . Da mesma
maneira, a velocidade do carro é v 90 km / h e a incerteza associada é v 1 km / h . Ou
seja, a resposta final é, t (0,50 0,01) s e v (90 1) km / h .
Correto = 1,1
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2. Na soma ou subtração escolhemos o número de algarismos significativos para o resultado
como sendo igual ao número de algarismos significativos do elemento com o menor número
de termos após a vírgula.
Ex:
Notação científica
Ex : ;
;
.
No exemplo acima demonstramos a forma compacta na qual números grandes ou penquenos
podem ser escritos usando a notação científica. Entretanto, a notação também deve observar o
número de algarismos significativos. Vejamos um exemplo de representação ambígua com
respeito ao número de algarismos significativos:
Ex: 310 (pode indicar dois ou três algarismos significativos). O zero pode ser um algarismo
significativo ou servir apenas para mostrar a posição decimal do algarismo. Em notação
científica:
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Podemos usar a notação científica também com o objetivo de escrever a incerteza com apenas
um algarismo significativo.
Ex:
y y( x1 , x2 ,..., xn ) (1.5)
y y y
dy dx1 dx2 ... dxn (1.6)
x1 x2 xn
y
onde é a derivada parcial da função y em relação a xi .
xi
Todavia, no mundo real as variações não são infinitesimais, mas diferenças finitas.
Supondo que as diferenças são pequenas quando comparadas aos valores médios das
grandezas x i , podemos escrever a eq. 1.6 na forma aproximada:
y y y
y x1 x2 ... xn (1.7)
x1 x2 xn
9
y
As quantidades , na eq. 1.7, podem ser positivas, negativas ou nulas, porém para
xi
facilitar as operações e obter uma estimativa para a incerteza, mesmo de forma desfavorável,
tomamos o valor absoluto destas quantidades, de maneira que a eq. 1.7 torna-se:
y y y
y x1 x2 ... xn (1.8)
x1 x2 xn
A eq. 1.8 juntamente com os critérios do item 1.7, são utilizados para calcular as
incertezas decorrentes de cálculos e conseqüentemente escrever o resultado da medição
indireta, como descrito no item 1.4, com o número correto de algarismos.
Observação: O exercício acima contém embutido um resultado mais geral. Ou seja, quando
y y(x1 , x 2 ,..., x n ) é da forma particular, y k 1 x1 k 2 x 2 ,...,k n x n , a incerteza
associada é da forma, y k 1 (x1 ) k 2 (x 2 ),...,k n (x n ) . Mostre este resultado.
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t t
8y 2 z 3 137,1043271 , 16 xyz 3 14445,24021 e
x y
t
24xy 2 z 4 64372,47822 . Substituindo este resultado na eq. 1.8 tem-se,
z
t 137,1043271.(0,1) 14445,24021.(0,02) 64372,47822.(0,003) 495,732672 .
Utilizando o critério 1 (item 1.8) com as regras de arredondamento (item 1.9) obtém-se,
t 5 102 . O resultado final é dado por, t (111 5) 102 u.a. Note que os algarismos
sublinhados no valor de t 110, 5060876 10 2 , foram desprezados, pois a incerteza afeta a
casa de unidades da grandeza.
Observação: O exercício acima contém embutido um resultado mais geral. Ou seja, quando
y y(x1 , x 2 ,..., x n ) é da forma particular, y kx11 .x2 2 .,..., xnn , a incerteza associada é da
x1 x 2 xn
forma, y y .( 1 2 ... n ) . Mostre este resultado.
x1 x2 xn
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Apêndice 1
O Paquímetro
Mede
Pronfudidade
Para ter uma precisão melhor do que 1 mm, numa escala milimetrada, o paquímetro
faz uso de uma escala auxiliar denominada de NÔNIO ou VERNIER que pode fornecer uma
precisão melhor do que 0,1 mm. Vejamos como funciona essa escala auxiliar que facilita a
leitura de frações da escala principal.
Na figura ao lado, ao ler a escala principal – ver medida do ponto onde o zero do
VERNIER toca a escala principal - obtemos p
= 87 mm. O VERNIER da figura possui 10
divisões ( N-1, onde N é o número total de
traços incluindo o zero. Neste caso, N= 11).
Agora temos como menor unidade (ou divisão
da escala principal) o milímetro, 1 mm.
Assim, cada divisão do VERNIER possui
d 1 / 10 0,1mm
A escala do VERNIER, portanto, está em décimos de milímetros.
Para concluir o restante da leitura devemos contar o número de intervalos, d, para o traço do
VERNIER cuja posição coincide com algum traço da escala principal. No caso acima, o traço
cuja posição coincide com um traço da escala principal é o traço 9, que corresponde a 8
intervalos d ( Lembre-se, o número de traços inclui o zero). Sendo assim a leitura total será o
valor da escala principal acrescido do número de intervalos referentes ao traço cuja posição
coincide com algum traço da escala principal.
E o erro cometido na leitura de L? Veja que a menor variação que temos na medida de L é
L=0,1mm e não temos como avaliar um valor menor. Portanto, esse é o erro cometido na
leitura de L e segue que devemos escrever:
L = 87,8 0,1 mm
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Na figura 7, temos um VERNIER de 20 divisões, ou N = 21 traços. Da escala principal
temos novamente 1mm como a unidade mínima de medida. Da figura obtemos p = 76 (mm) e
q = 17. Temos então:
d 1 / 20 0,05 mm
L p q d [76 17 0,05] mm 76,85 mm
Observe que colocamos duas escalas no VERNIER. A superior fornece o valor de q o qual é
aplicado nas equações discutidas acima para
o cálculo de L. Já a escala inferior, que tem
os valores da superior divididos por 2,
facilita a leitura, pois o valor lido já está em
centésimos de milímetros. Na leitura de L
teríamos L = 76mm + 0,85mm = 76,85mm.
O erro de L nessa escala, da mesma forma
que na anterior, será a menor variação na
leitura L, isto é, L=0,05mm. Temos então:
L = 76,85 0,05 mm .
Apêndice 2
O Micrômetro
Para se fazer uma medida usando um micrômetro, coloca-se o objeto cuja dimensão se
quer medir entre o fuso e o batente e o parafuso micrométrico é deslocado até que as
extremidades toquem o objeto. A maioria dos micrômetros possui uma peça especial,
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denominada catraca, localizada na extremidade do parafuso. Quando o parafuso é acionado
pela catraca e as pontas encostam no objeto, esta peça alivia a pressão excessiva que o
operador possa exercer sobre o objeto. Assim, evita-se deformar o objeto a ser medido e
poupa-se o micrômetro de sofrer tensões mecânicas internas que possam deformá-lo. Isto
evita também a ocorrência de erros aleatórios instrumentais. Ao aliviar a pressão, a catraca
produz um ruído característico de uma catraca comum. Para se utilizar o instrumento, é
necessário determinar a correção do zero, avançando as suas superfícies até que as duas
pontas estejam em contato, sob a pressão determinada pela catraca. Caso o zero na escala do
tambor não coincida com o zero da escala linear, a leitura deste valor deve ser corrigida em
todas as medidas efetuadas com este micrômetro.
O deslocamento do parafuso micrométrico é observado diretamente na bainha, que
apresenta uma escala graduada em milímetros, geralmente subdividida em intervalos de 0,5
mm, com as marcações dos milímetros para o alto e as dos meio-milímetros para baixo.
17mm 0,320mm
0,5mm
O tambor, que proporciona a leitura dos demais algarismos, está fixo ao movimento do
parafuso. O princípio de funcionamento do micrômetro consiste em dividir o deslocamento de
um passo do parafuso por um número N (normalmente, N = 50 ou 100) de divisões, no
movimento circular do tambor. Por exemplo, se o passo do parafuso micrométrico for de 0,5
mm e o tambor contiver 50 divisões, cada uma destas corresponderá a um deslocamento de
0,5 mm/50 = 0,01 mm. No detalhe do micrômetro apresentado na figura acima, a leitura a ser
feita é
L = 17,00 mm + 0,50 mm + 0,320 mm = 17,820 mm
onde as leituras “17,00 mm” e “0,50 mm” foram efetuadas na bainha, enquanto que a leitura
“0,320 mm” foi efetuada no tambor.
A resolução do instrumento normalmente é indicada no próprio micrômetro. Entretanto,
ela pode ser deduzida do valor de meia subdivisão do tambor, já que podemos inferir um
último algarismo inexato em sua leitura. No exemplo dado, uma subdivisão vale 0,01 mm,
como já vimos, e, portanto, L = 0,005 mm, o que significa que a medida da dimensão será
expressa por L = (17,820 ± 0,005) mm. Os micrômetros de maior resolução utilizam uma
escala de vernier para fazer a leitura da bainha graduada.
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