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4291 - DIREITO PROCESSUAL PENAL I C~mpetência


4264 - DIREITO PROCESSUAL PENAL I Ação Penal I Nulidade

Supremo ~ribunàl Federal

. '; "Su'pramo Tribunal Federal


HC 0103510
99:18988-08.2010.0.01.0000
09/0412D1D 115:29

11111111111111111111111111111111 I i 1IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIl I

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Medida Liminar l
'I'
J

\:

Habeas Corpus
MEDIDA LIMINAR
INDEFERIDA

HABEAS CORPUS 103510


PROCEDo : PARANÁ Distribuição em: 12/0412010
ORlGEM : HC-103510-SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
RELATORA: MIN. ELLEN GRACIE
PACTE.(S) JOACYR REINALDO
IMPTE.(S) RENATO DE MORAES E OUTRO(AIS)
COATOR(AlS)(ES) SUPERlOR TRlBUNAL DE JUSTIÇA

ITF 102175

\\
TERMO DE ABERTURA

Certifico e dou fé 4>


que, nesta data, procedi a
abertura do 2- v91ume dos autos do (a)
11 C n /0 .!S.5 I () ,com infcio às fls. ,A 5j .
Q

Seção de RecebimentAl j Autuação de


Processos, em g de
2:e n I' de· "JO.íd.
Eu, f /~ , Analista Judiciário,
lavrei a presente.
:,?...:;"-i~:~~i~k·-.j~~'·'~;:«~-~~-;~·s:·~m_*::~f?:;f:'-~h~:'~trTI;~~!~Y?,t1;'~:~:E:7.?rn~í~··t)~~~;;;:te$;~·.~;;~:;~~~?~,::~:,~~-~,;,~~~:~:~,~~'~.:_:~'_~ _ :~. '~;.'~;,~' - --f • - -::. ,: :.';~.: -~.;l

1~ ,
MooSTtRlO PúBLICO FEDERAL flS. o1 3S
PROCURADORIA DA REPúBLICA NO ESTADO DO PARANA 022 151

IV • DA AUTORIA

1. Controlando elou administrando a offshore


( CHmlAR BUSINESS INC, titular de conto bancária nos EUA, os
denunciados FERNANDO JANINE RIBEIRO e JOACYR REYNALDO, com a
participação de TEREZA MITSUMUNE e MYRIAM DE VASCONCELOS

,
I _ .) ORTlZ REYNAlDO, estiveram à frente, a partir do Brasil, de verdadeira
instituição financeira marginal e fraudulenta, que propiciou ou
facilitou a evasõo de divisas nacionais e a consumação de
transações financeiras ilegais, entre o Brasil e o exterior, em um
sistema de crédito e débito para clientes e de compensação
Internacional entre dolelros, sistema este totalmente alheio aos
mecanismos e regulamentos oficiais brasileiros e caracterizador de
lavagem de otivos.
(

2. A abertura da conta CHmlAR em nome da


offshore CHmlAR IIUSINESS INC facilitou a ocultação dos vaiores neiO
movimentados, dificultando a arrecadação tributária, a persecução
criminal, o seqüestro, arresto e confisco de tais valores e o .'
reconhecimento das pessoas físicos e jurídicas que, fugindo do
controle das autoridades brasileiras e em detrimento das reservas
cambiais nacionais, ulilizarÇlffi-se dos serviços dos "doleiros" para
cambiarem moeda, evadirem divisas, manterem recursos no exterior
criminosamente ou interná-los no Brasil. sempre sem o conhecimento
das autorid<ldes fiscais, fazcmdanas emonejands'.~~~---~-'-~~~~~-
.' ~...;~;;:: '?"~;-'\:~ ,::?;(:;Vr..t::~;;;;~~?t;,1:;:;;:7;::_':,I:?g~;::~': j7,:;:.t~? '~f<~/~~~~ ~:" '~::'~!::-~~~1~'";,:~ ·.~:-_-·_ei::,:~.~ -~*~~::':~~ ":>.' -'.,'::L' :.:~~::_--:.- .:, ~- ::',-..~:",·,~·,;-;~--:~i:':··.~:" ""~~~ ~~~~~~~ ;~
1

MnrIsmuo PúBLICO FEDERAL flS., O1 31 023


PROCURADORIA DA REPúBLICA NO ESTADO DO PARANA

3.. A ocultação e a dissimulação da origem e


propriedade dos valores foram realizadas de forma consciente e
remunerado. ao longo dos anos. especialmente considerando as
seguidos transações entre as diversas contas de empresas de
( fachada no exterior. de modo a "lavar" valores monetários cuja
origem no Brasil e no exterior são ilícitas ou clandestinas, quantias
provenientes especialmente de crimes contra o Sistema Financeiro
Nacional e delitos praticados por meio de organização criminoso
[inclusive crimes tributários).
4. Contas de doleiros no exterior necessitam de
vórias fontes de moeda estrangeiro para o manutenção do sistema
do "dólar-cabo", sendo certo que essas contas foram alimentados
pelo pagamento de exporiações superfafuradas e imporiações
subfaturadas e pela apropriação de valores em dólares remetidos
pela e para a comunidade brasileira que vive nos Estados Unidos,
contrabando, entre outras fontes de recursos, Paro tanto. são
necessórios artifícios fraudulentos. inclusive a abertura de contas em
nomes de interpostas pessoas, fraudes diversas e especialmente a
prótica de crimes contra o Sistema Rnanceiro NacionaL
5 Nas operações de cabo. ou "dólar-cabo", o
que se tem é uma relação de confiança entre o cliente (comprador
ou vendedor de moeda estrangeiro I e o "doi eira", Numa dada
operação. em que o cliente deseja comprar moeda estrangeira.
com remessa diretamente ao exterior. ele entrega reais ao "doi eira" e
este ordena um débito. em sua conta no estrangeiro. do valor
coíiespondenteem moeda· estrôngeiró.pora· pOSlenor transferencla .
ou depósito em uma conto que o cliente comprador indicar.
"~~~~~"':'~~-"'-::"'_:~::'~";~.~\ :_~:-,·:r::*~~"~~+~~P;!B:ri~~~~~1f.Zr;§17.9g:~t~41·&:~::~:~~~~:::'~~-~~~~:,:,>:.-:-:;, ·:,:~)~~~~;:-':_-·li::'~'-'~:·:,:·,. . ::-.'~.' -~:7,~~"~ft~:~~~1

SUPt:'h"-;'.if?IBUWtL A O~ !
. DE JUSTiÇA· ;.~?,,, /\ 15 B
MI!ns'rWoPúm.tCOFEDERAL flS.0138
PROCURADORIA DA RE;púBuCA NO EsrADO DO PARANA O2. ti

6" A partir do ano de 1997. diante da intenso


divulgação nos meios de comunicação das irregularidades
praticadas por contas "CC-S", os "doleiros" brasileiros, operando um
sistema financeiro marginal. passaram a utilizar o dólar-cabo.
í
justamente porque o suo fiscalização é pra1icamente impossível por
parte da autoridade monetória. uma vez que os transações assim
realizados não são registradas no SISBACEN e envolvem
contabilidades paralelas no Brasil e no exterior.
I

7. Os documentos juntados aos autos,


especialmente aqueles trazidos de Nova Iorque e de Newark.
devidamente regularizados pelo suo consularização ou pelo
cumprimento dos termos do frota do MLAT. ensejaram uma novo
vertente de investigações sobre tais atividades. havendo razões

( concretas para crer na permanência da prática delitiva por parte


destes denunciados e dos demais integrantes do esquema.

8. Não h6 dúvida quanto à autoria Dois dos


denunciados foram indiciados pela CPMI DO BANESTADO pelo
utilização do conto CHETTIAR. na condição de procuradores da
CHEITIAR BUSINESS INC. Segundo o item 123 do relatório final do
deputado JOSÉ MENTOR. "Conforme dossiê e cartão de autógrafos.
as pessoas autorizadas a movimentar a conta são FERNANDO JANINE
RIBEIRO e JOACYR REINALDO. domiciliados em São paulo" (fI. 8).

9. Era relevante ci'r11ovmentClçêíô aa CHEl1IAR,


conto que em certos momentos, como em 21 de maio de 2002.
chegou o ter saldo de US$1.368.957.73 (fI. 76).
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SUPtkiV"iR!9Ul\l;'\Í..
DE JUSTiÇA·', , 24.
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O~ 154!
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Mmtsmuo PúBLICO FEDERAL fLS. O1 3S


PROCURADORIA DA REpÚSUCA NO ESTADO DO PARANÁ • O2, 5

10 No doto do bloqueio norte-americano. o


CHETIIAR mantinha soldo no mesmo patamar. tanto é que em janeiro
de 2005 a conta registrava balance de US$1.338.660.25.
11. A grande censurabilidade do conduto dos
r
denunciados no que diz respeito à sua atuaçõo no mercado
financeiro. especialmente a de FERNANDO JANINE RIBEIRO. fica
estampada nos fls., 87-93 dos autos. onde se vê a ata do sessão de
julgamento do processo administrativo sancionador
CVM/TA/SP2002/0487. contra o CLlCKTRADE CORRETORA DE CÂMBIO,
TíTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS S/A e FERNANDO JANINE RIBEIRO. seu
diretor.
12. Com efeito. ali. em 21 de junho de 2004. a
CVM. por unanimidade, aplicou multa individual. o ambos. de
R$5.000.00. com base no artigo 12. inciso li. da lei n. 9.6133/98 (Lei de
Lavagem de Dinheiro). A multa foi aplicado em razõo da r~lncidência
(
no descumprimento de obrigações do artigo 10. inciso I. da llD. ele
com o artigo 3° da Instrução CVM n . 301/99. relacionadas à
ldentmcação dos cnentes de operações financeiras. Vale diZer. o
denunciado FERNANDO JANINEN RIBEIRO e o empresa que mantém
em sociedade com JOACYR REYNALDO foram multados pelo CVM
porque não estavam idenflficando adequadamente os seus clientes
de operações de câmbio e corretagem. prática ilegal que facilita a
lavagem de dinheiro. Tanto é que a CVM a1estou:

'l.] a ousência das informações exigidas pela cilada


~------'------::ln~s:T,tr:;,;l1:;;;ç""'õ:;;o--'-;in;;;'v:r.i=Ob"'il"';iia a detecção deU operacões ,. aUe

apresentem indícios de lavagem de dinheiro,


prejudicando o com bote a este tipo de atividade",
,,' " ,

25 A\O
MmIsTÉmo PúBLICO FlmERAL 15'"
PROCURADORIA DA REPúBUCA NO ESTADcf!Sp~.ij
026 ~!

13. A ata registra que uI .....] realizou-se nova


inspeção na CUCKTRADE tendo sido selecionada uma amostra de
vinte e quatro clientes que operaram com a corretora nos meses de
fevereiro a abril de 2002 f... ].. A essa relação foram acrescentados os
( sócios das pessoas jurídicos incluídas na amostra, 2;; dois acionistas da
corretora, quando também eram clientes, e o único investidor não
residente no Pgís, o MECO GLOBAL INVESTMENT R V."
14" Desse relato, pode-se concluir que:
a) a apuração da CVM recolheu dados de
clientes que operaram com a ClICKTRADE em período em que a
conta CHETTIAR já estava ativa (fevereiro a abril de 2002);
b) os denunciados FERNANDO JANINE RIBEIRO e
JOACYR REYNALDO são os únicos acionistas da CUCK.TRADE e
também tinham operações em seu nome no mercado de valores,
além de terem transações também na conta CHETTIAR;
(
c) todos os clientes do ClICKTRADE18, com
exceção de um, o MECO GLOBAL, eram brasileiros ou estrangeiros
residentes no Brasil, o que revela que o vocação do quadrilha ará o
evasão e a lavagem de ativos nacionais .
. )
15, A inconsistência dos cadastros de clientes ou
sua desatualização pode propiciar o realização de operações de
lavagem, tendo em vista o utilização de "laranjas" ou a realização
de transações em nome de pessoas falecidas. Aliás, nos extratos (in)
da conto CHETTIAR há cerca de sessenta transferências em que foi
ocultado o nome do ordenante. Em lugar disto, foram inseridas
Intormaçoes como arder of o customer, orle coslomet, olle af DOi

clients, insfructíons,

" Cerca de dais mil, àquela ê:poca. segundo a própria empresa e o denunciado (fi. 89)
~""'l';~~l~if,(Íi2'f~'l~};;;)";tPf~~~;;;1 ~:;:;';'~~..;:;;~::ªl:if;t;:;~{~~::; :';;;i;i1~.·~t·\~:{::~~:::í~gi%~~;';: :.:~ •.•. :'~;~1

SU?ERiOH rRi8iJNAL A\ ,
DE JUST1Ç..1\ 26

IIIImJsmRlO PUBLlco FEDERAL c' "! f


156
PROCURADORIA DA REPÜBLlCA NO ESTADO DO p~ O I '" "
027

V -MATERIALIDADE

1 As informações constantes do laudo pericial n .


625/05-INC complementado pelo informação técnico n 06105,
/
I elaborado pelo Setor de Documentação e Pesquiso do Procuradoria
do República, prestam-se a demonstrar a movimentação do conta
controlada por FERNANDO JANINE RIBEIRO e JOACYR REYNALOO. com
a participação de TEREZA MITSUMUNE e MIRYAM DE VASCONCELOS
ORTIZ REYNALDO.
2 Assim. os peritos do INC concluíram que, de 10
de dezembro de 2001 a 3 de janeiro de 2003. a conto CHETTIAR foi
creditado em US$2.2.751.021,64 (vinte e dois milhões, setecentos e
cinqüenta e um mil, vinte e um dólares e sessenta e quatro centavos)
e debitada em U5$2.2.827,838,63 (vinte e dois milhões, oitocentos e
vinte e sete mil. oilocentos e trinta e oito dólares e sessenta e três
C'
centavos).

3. O documento de fI. 20 (nofice of forfeiture) 19,


oriundo da Procuradoria dos Estados Unidos, em Newark, prova que
há bloqueados no conto CHETTIAR US$t.338.. 660,25. em valores de
janeiro de 2005 . Esta quantia está vinculado à ação penal US v.
No1Q$cQ (04-CR-6t7) e pode vir a seI nberada,erli virlode de pedido
de restituição feito pelos denunciados, em março de 2005

" Notificação para fins de perdimento de bens.


SUPEf~~v'i1 1 R4aUNAL
DE JUSTIÇA 27

MmlSTli:RIO PúBLICO FEDERAL flS. O1 t.. ~


PROCURADORIA DA REPUBL1CA NO ESTADO DO PARANA

4 Com efeito. em 16 de março de 2005. o


acusado FERNANDO JANINE RIBEIRO firmou petição perante o vice-
cônsul dos Estados Unidos em São Paulo. para obter resiiluição dessa
quantia (pelmon for lhe retum of seized funds)_ O documento (fls. 62-
63). firmado também pelo advogado HARVEY LEVINE. de East
Brunswick. Nova Jersey. pretende a liberaçõo de todo esse valor em
nome do próprio denunciado. Trata-se. assim. praticamente de uma
confissão dos delitos de evasão de divisas e lavagem de ativos.
5. Vide a petição abaixo. bastante elucidativa:
v
t<J\K'IJEYx:BVt><S, 'IISQ
::r.u Ml'LLTOWI'I':N:IAD
E:AST~N..J", 01116
'7'n":.DI SG'iD
..~'"I'tJR: CBETT'lAJ>
~:INC

BON,~A.. a. ~.k.

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Crimiaa!No,~I7

PEnTl0If1'OO\ THE~"
QP SEIZEI:>~
(Ol'I~Of'~
J3IlSINESS 'INC)
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l.a1ada.. -cf'

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PROCURADORIA DA REPúBLICA NO ES'lADO DO pARlilli O1 4 i Ot!9

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, Pe!Itlo..... _ 4ah Mtb..,.1lIoslIl ~ 'lbII ~ .m.,.. c..Il
.,."
wiIh Mari.I CorotÍZlaN.Ios:o....... ~ol'n.:~IIc>lc:atNcwyoB,
-".~

6, Em bom português. o denunciado FERNANDO


JANINE RIBEIRO como procurador da ofishore CHETTIAR e dizendo-se
autorizado apresentar o tal requerimento, alega que os valores em
questão pertencem à CHETTIAR e pretende a restituição da quantia
com eventuais juros sobre ela incidentes" O referido acusado diz
ainda que a conla CHEIT1AR recebeu tais créditos entre novembro de
2001 e junho de 2002, o que indico o período de operação da conto
no MerchantsNNB,

VI - TEREZA MITSUMUNE

I, A denunciada TEREZA MITSUMUNE concorreu


para as condutos praticados por FERNANDO JAN1NE RIBEIRO, JOACYR
REINALDO e MYRIAM DE VASCONCELOS ORTIZ REYNALDO, na gestão
oy eperoçõo da conta CHmlAlt
030

2. De fato, na fI.. 71 dos autos. vê-se uma


correspondência (fax) de julho de 2001, assinada por TEREZA
MITSUMUNE (TEREZA). dirigido a MARIA CAROLINA NOLASCO
(CAROLINA). No documento, a acusada TEREZA informa os
enderecos dos denunciados FERNANDO JANINE RIBEIRO e JOACYR
REINALDO. em São Paulo. e informa os números de ielefone (3168-
2033) e fax (3078-95151 do escritório (office) da organização
criminosa. esclarecendo:

"TELEFONE E FAX PARA ONDE DEVERÃO SER ENVIADOS OS


EXTRATOS: (11) 3032-1364. CONTATO NO TELEFONE ACIMA:
TEREZA MITSUMUNE. FAVOR MANTER AS
CORRESPOND~NCIAS EM HOLO MAIL ABRAÇOS! TEREZA",

3. Assim. a acusada TEREZA MITSUMUNE era a


l responsável. dentro do esquema criminoso. por contatos com a
gerente da conta CHElTIAR no MerchantsNNB. MARIA CAROLINA
NOLASCO. e pelo receblmenio dos extratos da conta. com o que.
sem dúvida. linha pleno e 10101 conhecimento das movimentações
financeiras do grupo e dos nomes dos clientes. datas e valores das
operações. concorrendo assim poro os delitos contra o SFN e para a
lavagem de ativos,

4, Importa notar que os endereços mencionados


no documento de fls.. 71. assinado pela denunciada TEREZA
MITS\:lMONI!. efetlvamenfe· correspondem aos endereços·· dos
denunciados:
~*'"Ç,~~1':" 7!:'::*~"",~: ~ttm~t!~~~S~"':r;.~f?-~i~+f:!~:~~1t§fP?"1f:~-&0;. ~~l#~?f;,~,f'::~~';;;,i·;kii.<f;+~:':;:;·" ~ S:';~)~~'~.;A~,:;'··;'"':::_ ~ ..,..; _;.:;{~:.;:;". ~'-::.. ~
!

MI:tnS'fÉlUo PúBLICO hI>ERAL FLS. O1 LS


PROCURADORIA DA REpÚBLICA NO EsrADo DO PARANA

a) FERNANDO JANINE RIBEIRO, na Avenida Hor6cio


Lafer, n. 721, o mesmo constante do base de dados da Receita
Federal [fI. 25};
b) JOACYR REINALDO, no AI. Joaquim Eugênio de
( Limo, n.. 1656, o mesmo constante do base de dados do Receita
Federal como sendo o do empresa MYRMA EMPREENDIMENTOS E
PARTICIPAÇÕES S/C LTDA, do qual este denunciado é sócio (fI. 32),

5. Importo também frisar que o telefone apontado


no fax (3032-1364), como aquele que receberia os extratos da conto
CHETTIAR é utilizado pela acusada TEREZA MITSUMUNE, sendo o
mesmo que consta dos registros do Receito Federal, como instalado
no endereço da acusada, no Ruo Teodoro Sampaio, n . 2611, ap. 73,
Pinheiros, São Paulo/SP

6, Por outros palavras, o denunciado TEREZA


MITSUMUNE recebia os extratos do conto CHETTIAR e tinha-lhes o
custódia, tanto que. no fax o CAROLINA NOLASCO. a Sra. TEREZA teve
o cuidado de solicitar a manutenção das correspondências em hold
mai!, isto é, que os extratos e quejando~ ficassem retidos na agência
do Merchants Bank, em Novo Iorque, pr6tica esta adotada por
recicladores de ativos, poro reduzir o trilho documental (poper troil) e
dificultar o provo de suas condutos ilícitos

7, Agindo assim, o acusado TEREZA MlTSUMUNE


COIiCO" eo poraos delitos contro C5 SFN e lavagem dFdlnhelro dOs cO:
denunciados. sendo peça Importante da quadrilho por eles montada.
VI! -IMPUTACÕES

1. Desta forma. os denunciados FERNANDO


JANINE RIBEIRO e JOACYR REYNAlDO. com a participação de TEREZA
". MITSUMUNE e de MYRIAM DE VASCONCELOS ORnI REYNAlDO, de
forma livre e consciente, fizeram operar no mercado negro instituição
financeira clandestina. por meio da offshore CHETTIAR BUSINESS INC e
de uma corretora de valores, sem nenhuma autorização do Banco
Central do Brasil, tendo como braço empresarial no País a
CUCKTRADE CORRETORA DE CÂMBIO. TíTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
S/A e no exterior a offshore CHETTIAR BUSINESS INC, pelo que
incorreram nas sanções do arllgo 16 c/c o arllgo 1·, parágrafo único.
incisos I e li, ckI Lei Federal n. 7.492/86 ..
2 . Além disso, os denunciados FERNANDO JANINE
RIBEIRO e JOACYR REYNALDO, com o participação de TEREZA
MITSUMUNE e de MYRIAM DE VASCONCELOS ORTIZ REYNALDO.
mantiveram depósilos clandestinos no agência de Nova Iorque do
MERCHANTS BANK OF NEW YORK. por meio do conto CHETTIAR. n.
45200483. pertencente à offshore CHETTlAR BUSINESS INC. por eles
) constituído e/ou controlada. no período de 10 de dezembro de 2.001
a até a presente data. sendo cerlo que montantes globais de
USS22.751.021.64 (vinte e dois milhões, setecentos e cinqüenta e um
mil, vinte e u~ dólares e sessenta e quatro centavos) foram nela
recebidos. e que. ainda hoje, há nesta conto US$1.338.660,25. valores
estes e os anteriores que foram mantidos e movimentados no exterior.
sem decloraçõQ(:u repartições federais cômpefeRle.; pelo qUe os
acusados também incorrem nas sanções do arllgo 22. parágrafo
único. da Lei Federal n. 7492/86 .

• _-- < ._.-.->~~.", _.. M ••• _ -. _ ••,,,

~' L ';,;(·'1:t;,~~.">..Sc:';h.~,.,"· - ". 'Co',.


i
Hi2
Ml!m;TÉRlO PÚ'llLIco FEDERAl.
PROCURADORIA DA REPúBLICA NO EsTADO DO PARANÁ

3. Ainda. os denunciados FERNANDO JANINE


RIBEIRO e JOACYR REYNAlDO. com a participação de TEREZA
MITSUMUNE e de MYRIAM DE VASCONCelOS ORTIZ REYNAlDO. de
forma Hvre e consciente, agindo mediante dissimulação da
tilularidade de valores mantidos em conta no exterior [conta
CHETIIAR}, em detrimento do nível de segurança exigido no
condução de negócios e do nível de confiabilidade exigido no
Sistema Financeiro Nacional. ao operar com cõmbio e ao promover
.)
remessas ilegais de divisos ao exterior, além de mantê-Ias ilegalmente
no estrangeiro. geriram fraudulentamente duas Instituições financeiras
que montaram e/ou operaram sem ücença (a CLlCKTRADE
CORRETORA S/A e CHElTIAR BUSINEES INC), pelo que os acusados
incorreram nas sanções do ortigo 4°, capu# c/c o ortigo 1°, parágrafo
único, incisos I e li, da lei Federal n. 7.492/86.

4.. Por fim. os denunciados FERNANDO JANINE


RIBEIRO e JOACYR REYNALDO. com a participação de TEREZA
MITSUMUNE e de MYRIAM DE VASCONCELOS ORTlZ REYNALDO. de
forma livre e consciente. ao ocultarem e dissimularem a origem,
propriedade, localização, disposiçõo e movimentação de valores
mantidos em contas no exterior (conta CHETIlAR1, em seus nomes e
de terceiros, e, ao previamente praticarem delitos contra o SFN e por
meio de organização criminosa, incorreram nos sanções do ortigo '.,
incisos VI e VII, combinado com o artigo 1·, §1°, incisos I e 11; com o
artigo '0, §2·, incisos I e 11; e com o artigo '., §40, da lei n. 9,613/98 (Lei
de l,)Vagem de DiflÍ'leiro).
SUPE(~UH m;BUNA1.. A ).,1
DE JUSnçA3 fl I~
'U~ST"'RlO
"""'. '" ........
",,,.LlCO --E-n
"' ..... '~ ,.. O' 1 /.;. o~ O::!<i 163 ;
fLS j

PROCURADORIA DA REpOI!LlCA NO ESTADO DO PARANÁ

5. Diante do exposto, considerando que entre


2001 e 2002, os acusados movimentaram ou mantiveram no exterior
valores superiores a US$22. 751.021,64 (vinte e dois milhões, setecentos
e cinqüenta e um mil, vinte e um dólares e sessenta e quatro
/
centavos), na conta CHETTIAR. no Merchants Banl::/Valley National
BanI::, em Novo Iorque, e que ainda nesta dota (abril de 2005)
mantêm e pleiteiam a propriedade de US$1.338.660,25 na mesma
conto nos Estados Unidos, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL oferece
denúncia contra FERNANDO JANINE RIBEIRO, JOACYR REYNALPO.
MYRIAM DE VASCONCELOS ORilZ REYNALDO e TEREZA MITSUMUNE,
\ pela prática dos seguintes crimes, na medida de suas culpabilidades
)
e na forma já detalhada nesta peça:

aI artigos 4°,16 e 22, parágrafo único, c/c o artigo


10, parágrafo único, incisos I e 11. da Lei Federal n,
7492/86 (crimes contra o SFN1:

b) artigo 1·, incisos VI e VII, combinado com o


artigo 1°, §1°, incisos I e U; com o artigo 1', §2°,
incisos I e 11; e com o artigo 1", §4°, da Lei 9,,613/98
(lavagem dedinheirot

cl artigo 288 do Código Penal (formação de


quadrilha). combinado com o artigo 69 do mesmo
código e com a Lei Federal 0., 9.034/95 (crime
organizado) ,
MImsTÉRlo Pll'BLlCO FBI:>ERAL FLS. o14!li
PRoCURADORIA DA REpÚBLICA NO EsTADO 00 PARANÃ ' 035 164

6, Ex posítls. requer O MPF sejam os denunciados


citados para se verem processados. na forma da lei, até o final
acolhimento da pretensão punitiva. com o conseqüente decreto
condenatório e a perda em favor da União de todos os valores
mantidos na conta controlado pelos denunciados. sem prejuizo de
outros bens. direitos ou valores que venham a ser identificados"

\
Culitiba, 11. ABR 2005
, I

Januárlo Paludo
radar Regional da República

u.<GQ~
Santos lima Vladimir Aras I
I República Procurador da República

L Aàolpho Jú&o da SOva Mello Neto, brasileiro, maior. casado,


empresário, CPF n. 002658538-34. dono do TRENO BANI( L1D,
residente na Rua Cristóvão Diníz. n, 21, 15° andar. Cerqueira César.
São Paulo/SP, para depor sobre operações na conta CHETrIAR,
2, Adriana Malul. brasileira. maior. residente na Rua Jocurici. n 129, ap"
32, São Paulo/SP (fI. 82);
3 Álvaro Corre0 de Saltos Parada, brasileiro, maior, residente na Rua
libero Sadaró. n, 425, Centro, São PaulolSP;
4, Antônio Carlos Esper Curiati, brasileiro, maior. casado, secretário
muniCipal de Turismo de Avaré/SP;,
5 Antônio Oliveira Claramunt. brasileiro, maior. casado. empresário.
atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em São
o Paulo/SP;
~"cÇh: ·:f,*"'T""*':~~'if:ª~;'-;"··;;·~f~:~i"~~·"'Síi~\1(ir%f'.;;U:;;R;;,t.i:):"''(.'ei;õ'citl!!i:S~;:'; c~~i',,*~';~i:i.;O~' :'~,::v~\~é~r; ~t~;ic'<F;6,bi~
!
SUP~Hii.,ii{1 RlE>UNAL 35
DE JUSTiÇA .
MnilSTÉRIO Pii:!lLICO F1m&RAL
PROCURADORIA DA REPúSUCA NO ESTADO DO P~. O15 ~j 036 165'

6. Cláudio Simão, Rua Álvaro Luiz Roberto de Assumpção. n. 202. ap.


2S 1, São Paulo/SP;
7. cláudio Yasujllkeda. brasileiro, maior. residente na Av . Rio de Janeiro.
n. 740. Assai/PR;
8., Ivo Guerlno Piva Imparato. brasileiro. maior. empresário. residente na
Rua Maracanã. n. 260. ap. 11. Vila Ipojuca. São Paulo/SP;
9, José Ricardo Franco Montoro, brasileiro. maior. vereador. residente na
Rua Ham Nobiling. 277, ap., 31. Jardim Europa. São Paulo/SP - fones
(11) 3034-4330 e (lI) 3034-0470 (fI. 78);
10 Luciano Corre0, residente na Rua Camillo Nader. n° 155, op 21. Vila
Morumbi. São Paulo/SP. ou na Rua Dom Paulo Pedroso, n. 1200, ap.
91. São Paulo/SP;
11 .. Marcelo Parado. brasileiro, maior. residente na Rua Levotli Grotera, n.
77. Paineiras do Morumbi. Sôo Paula/SP:
12.. Maria Caronna Nolasco, norte-americana, maior. casada. residente
na Rua 3288 Kennedy Blvd. Jersey Ci!y. NJ. Estados Unidos da
( América la testemunha poderá depor em Curitiba mediante pedido
MLA1):
13. Markus ledermonn. brasileiro. maior. empresário. residente na Rua
Prefeito Mozart César Valle. n. 170. sobreloja. Centro. Rio Claro/RJ:
14 Paulo Adellno dos Reis. brasileiro. maior. residente na Rua Augusto
Scaraboto. s/n, Alemoa. Santos/SP. pqra depor sobre as relações da
HIPERCON TERMINAIS DE CARGA LIDA com a CHETIIAR;
15. Samuel Massaroni Yoshlda, brasileiro, maior. empresário. residente na
Rua Xupe, 65, Vila Madalena, São Paulo/SP lf\. 83}:
16. Thomas Pombrowski, agente especial do ICE - Inmigration and
Customs Enforcement, do Departamento de Segurança Interna dos
Estados Unidos. com base em Newark. Estado de Nova Jersey,
Estados Unidos;
o
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDIClÁ!UA DO PAIWlÁ
2· Vara Criminal de Curlt1be
flS.0151

Especializada em delitos de Lavagem de dinheiro e contra o Sistema FInanceiro Nacional

Autos nO 2005.70.00.008925-4

(
De acordo com a denúncia e os elementos colhidos durante a
investigação, FERNANDO JANINE RIBEIRO, JOACYR REINALDO, TEREZA MITSUMUNE
e MYRIAM DE VASCONCELOS ORTIZ REYNALDO teriam promovido a evasão de divisas
de R$ US$ 22.751.021,64, por intermédio da empresa Click Trade Corretora de Câmbio,
Titulos e Valores Mobiliários S/A, a qual efetuaria depósitos e receberia valores através da
conta CHETTIAR, operando no mercado de câmbio paralelo através da modalidade
. <) conhecida como "dólar-cabo·, no período de 10 de dezembro de 2001 até a presente data,
por meio da na conta da off shore Cheltiar Business Inc., junto ao Merchants Bank de Nova
Iorque, depósitos no exterior não declarados às autoridades brasileiras.

Ocultando e dissimulando a origem, propriedade, localização


ou movimentação desses recursos, os acusados praticariam o crime de lavagem de
dinheiro, cujo antecedente seriam os crimes contra o sistema fmanceiro acima referidos
Em face do volume de recursos movimentados e da natureza das operações - câmbio -
manutenção de instituição financeira clandestina e de gestão fraudulenta. Teriam
ainda praticado o crime de formação de quadrilha, pois teriam se associado para
cometimento de todos os delitos acima descritos.
( Ainda nos termos da denúncia, FERNANDO JANINE RIBEIRO
e JOACYR REINALDO, com a participação de TEREZA MITSUMUNE e MYRIAM DE
VASCONCELOS ORTIZ REYNALDO teriam remetido/mantido no exterior recursos de sua
propriedade. com a ocultação de suas identidades, através da conta Chetliar, o que
caracterizaria os crimes de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro .

Dentre os elementos de prova que amparam a acusação,


destacam-se como indicias de materialidade e autoria os seguintes:

a) documentos relativos à abertura e movimentação da conta e


da off~hore CHETTIAR:

b) Laudo Pericial nO 62i;i105·INC e documentos anexos, que


revelam as movimentações feitas na referida conta no período compreendido entre
dezembro de 2001 a janeiro de 2003;

c} declarações de rendimentos dos acusados e das empresas


por eles controladas, que revelam desconformidade entre a renda por eles declarada e as
vultooas me\J'il"l leI !taçães I ealizadas alll nome das suas em presas;

d) documentos, extratos de movimentação e depoimentos que


comprovariam a participação especifica dos acusados FERNANDO E JOACYR. sócios da
··-''''i1o/Y?2Mll.Y::#',",<f->W.z.'\FW{~*~~tfiW*ir\W~~?%'hf~;;;;~_%t;~Zi:::';;;(;[Ji..;;\\;;~.::.r~i~~::\~4;;·,.~;;.~g;~it0~~\~"~
.. .

flS. 0152
JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÃRIA DO PARANÁ
'lI Vara Criminat de Curitiba
Especializada em delitos de lavagem de dinheiro e con.tra o Sistema Financeiro Nacional

CLlCKTRADE e autorizados a movimentarem a conta CHETIIAR na condição de


procuradores da empresa;

e) fax remetido por TEREZA a Maria Carolina Nolasco,


informando os dados dos réus Fernando e Joacyr e solicitando a remessa de extratos para o
( seu numero de fax

Assim sendo, presentes indícios de materialidade e autoria,


RECEBO a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra FERNANDO JÁN1NE
RIBEIRO. JOACYR REINALDO, TEREZA MITSUMUNE e MYRIAM DE VASCONCELOS
ORTIZ REYNALDO, pela prática, em tese, dos crimes previstos no arts" 4°, 16 e 22,
parágrafo unico, clc o artigo 1", parágrafo único, incisos I e li, todos da Lei na 7.492/86
)
(Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional); arl1°, VI e VlI, clc art . 1°, §1°, I e n, §2", I e
11 e §4c, todos da Lei 9.613198 (Lavagem de Dinheiro) e arl288 do Código Penal (Formação
de Quadrilha).

Designo o dia 6 de maio de 2005, às 14:00 horas, para a


audiência de interrogatório dos réus Fernando Janine Ribeiro, Joacyr Reinaldo, Tereza
Mitsumune e Myriam de Vasconcelos Ortiz Reynaldo .

Citem-se e intimem-se os denunciados, nos endereços


indicados na denuncia, a fim de que. acompanhados de defensor, compareçam neste Juízo
para a audiência ora designada"
(
Sem prejuízo, certifiquem-se e requisitem-se seus
antecedentes criminais.

Ressalto, por oportuno, caso as certidões venham com


ocorrências criminais, desde já, solicitem-se as respectivas certidões narratôrias, inclusive
com a informação acerca da(s) data(s) do(s) fato(s), em tese, delituoso(s).

II

Promova a Secretaria o cálculo da prescrição, apondo a


respectiva etiqueta na capa dos autos.

111

Defiro o requerido pelo Ministério Publico Federal nos itens 3 a


11 de sua manifestação de tis 37-40

Assim sendo oficie-se*

a) ao BACEN, para que informe todas as operações, na


modalidade 'disponibilidade internacional de reais' e operações de câmbio realizadas pelos
, denunciados ou pela pessoa jurídica CLlCKTRAOE CORRETORA DE CÂMBIOS, TiT OS

I
flS.015g
168
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ
2" Vara Cri minai de Curitiba
Especializada em delitos de Lavagem de dinheiro e contra o Sistema Financeiro Nacional

E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA, entra l' de janeiro de 1999 e a presente data (item 4).
No mesmo ofício, solicite-se ainda a remessa de todas as informações constantes em seus
arquivos envolvendo as pessoas físicas dos denunciados e . as pessoas juridicas
CLlCKTRADE CORRETORA DE CÂMBIOS, TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA.
(CNPJ 58.225.426/0001-23), MYRMA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/C
LTDA (CNPJ 57.814.02210001-22) e PARATI EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES
LTDA (CNPJ 02 . 5250470001-22), todas de São Paulo/SP (item 07);

b} ã Receita Federal em São Paulo1SP, para que ~nicie


procedimentos fiscais em face dos denunciadOS, em virtude do possivel cometimento do
delitc tipificado no artigo l ' da Lei 8.137/90, enviando-se cópia das cinco últimas
declarações de rendimentos das pessoas físicas Tereza Mitsumune e Myriam de
Vasconcelos Ortiz Reynaldo (item 3).. Deixo de solicitar as declarações dos acusados
Fernando e Joacyr e da empresa Clicktrede, pois verifico que as aquelas referentes aos
periodos-base de 1999 a 2003 já constam dos autos, compondo os apensos 11 e lU;

c} ao COAF, em Brasília/DF, solicitando a remessa a este


) Juízo de todas as informações constantes em seus arquivos envolvendo as pessoas fisicas
dos denunciados e as pessoas jurídicas CLlCKTRADE CORRETORA DE CÂMBIOS,
TÍTULOS E VALORES MOBILlARIOS LTDA. (CNPJ 58.225.425J0001-23), MYRMA
EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÓES S/C LTDA (CNPJ 57.814.02210001-22) e
PARATI EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA (CNPJ 02.525.0470001-22),
todas de São Paulo/SP (item 07);
( d) à Comissão de Valores Mobiliários - CVM, no Rio de
JaneirolRJ, para que remeta a este Juízo todas as informações constantes em seus
arquivos envolvendo as pessoas físicas dos denunciados e a pessoa jurídica CLICKTRADE
CORRETORA DE CÂMBIOS, TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA. (CNPJ
58.225.426/0001-23), sobretudo a relação integral de clientes da empresa durante o periodo
compreendido entre l ' de dezembro de 2001 e 31 de julho de 2002, bem como cópia
integral dos autos do Processo Administrativo Sancionador CVMrrAlSP200210487 (item OS).

IV

O Ministério Publico Federal requer a quebra de sigilo bancário


das contas das empresas off-shore Liraway International Corporation e Maximus S/A, e da
empresa Paratia Empreendimentos e Participações LIda mantidas em bancos do Brasil e
exterior (ttens 5 e 9)..

O direito ao sigilo de dados (CF, art. 5', Xl não é absoluto,


sendo possivel sua quebra nos termos do disposto no art. 1°, § 4', da Lei Complementar
105/01, o qual revogou o disposto no art 38, § 1', da Lei 4.595/65.
No caso concreto, há indicias, como visto, da prática de crimes
contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro
~~*Wt~~1gryr!:Yf*.Ff!f~r&itt1ft~~~~{~r@j*:'ff~Wte:f*Ne6tfli,!#(#á4~i~~~j.;!~~~á~~_~~
t
SUPEí"IOR j H'8UNW)J
DE JUSTIÇA w:/ \

JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICiÃRlA DO PARANÁ
2- VMl1 Criminal de Curitiba
Especlalizada em delitos de Lavagem de dinheiro ti! contra o SIstema Financeiro Nacional

Toma-se assim necessário autorizar o acesso aos dados


bancários dos investigados, prova essencial nessa espécie de delito.

Ante o exposto, DECRETO o afastamento do sigilo


bancário:

das contas das empresas off shore URAWAY


INTERNATIONAL CORPORATION e MAXIMUS SIA, mantidas nos bancos Merchants Bank
of New YOrK (hoje Valley National Bank), MTB (hoje Hudson United BanI< - HUB) - ambos
sediados em Nova Iorque - Banco AMTRADE, agência situada em Miami, e Banco Central
do Uruguai, no periodo de 1° de dezembro de 2001 até 31 de julho de 2002;

- das contas da empresa PARATI EMPREENDIMENTOS E


PARTiCIPAÇÕES LTDA, mantidas no Banco Paulista SIA, no periodo de 1° de abril de 2002
até 31 de julho de 2002.
Oficie-se ao Banco Paulista S/A. solicitando cópia dos extratos
de todas as contas mantidas pela empresa Parati, nos períodos mencionados nos
parágrafos anteriores Solicite-se, ainda, o envio das informações cadastrais do titular da
conta mencionada e dos documentos referentes aos dois depósitos de US$ 44.650,00,
recebidos em 17 de abril de 2002.

v
Com relação ao ltem 6 da fI. 38, determino a juntada a estes
autos de cópia das fls. 190, 199,228 e 229 dos autos do IPL n·1167104

VI

O Ministério Público Federal requereu a busca e apreensão na


residência da denunciada Tereza Mitsumune.
De acordo com as investigações preliminares realizadas pelo
Ministério Público Federal, com o auxilio da Polícia Federal, foi constatado que a
denunciada remeteu um fax a Maria Carolina Nolaski, gerente do Merchants Bank, no qual
constam endereços e telefones dos acusados Femando e Joacyr.

Segundo se infere do texto do fax de fi. 71 do apenso I, a


referida gerente deveria enviar os extratos de uma determinada conta, provavelmente a
CHETTIAR. para o telefone (fax) n· (11) 3032-1364, o qual está em nome de Tereza
Mitsumune, consoante informação de fi 143, obtida junto à base de dados da Receita
Federal.

Poder-se-la conclUir que Tereza recebia, em nome de


Femando e Joacyr, a documentação referente às transações realizadas por intermédio da
referida conta, como uma divisão de tarefas no âmbito intrinseco da organização criminosa.
flS. 0155
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO .JUDIC!ÃR!A DO PARANÁ
1& Vara Criminal de Curitiba
Especializada em delitos de lavagem de dInheiro e contra o Sistema FinanceIro Nacional

Há, portanto, indícios de que possam existir extratos ou outros


documentos que demonstrem a ligação da ré com os crimes financeiros e de lavagem de
dinheiro cometido através de movimentações na conta CHETIIAR, ou talvez melhor
esclarecer os fatos descritos na denúncia.

( Nessas circunstâncias torna-se necessária a realização de


busca e apreensão no endereço indicado pelo Ministério PÓblico Federal, a fim de
possibilitar a colheita de quaisquer elementos de prova relacionados à atividade financeira
ou no câmbio paralelo dos investigados, em especial documentos, extratos, registros
contábeis e bancos de dados de qualquer espécie (CPP, art 240, § 1°, alíneas d, e e h)

Ante o exposto, defiro a busca e apreensão requerida pelo


-) Ministério Público Federal, nos seguintes endereços:

- Rua Teodoro Sampaio, nO 2611, ap 73, Pinheiros, São


PaulolSP;

Expeça-se o respectivo mandado.


)
Oficie-se à Polícia Federal, encaminhando o mandado para
cumprimento.. Fica desde já autorizado, também. o acesso a quaisquer bancos de dados e
arquivos mantidos em meio magnético (disco rígido ou disquetes) nos computadores da
investigada
( Todos os objetos apreendidos ficarão à disposição da Policia
Federal, devendo a mesma enviar, a este Juizo. no prazo máximo de 15 (quinze) dias,
relatório circunstanciado da operação de busca e apreensão.

VII
No item 11 da fI. 40, o parquet federal requer o seqüestro da
quantia de US$ 1.33B 660,25, depositada na conta Chettiar do Merchants Bank of New
York, em nome da off $hore homônima, controlada pelos denunciados Fernando e Joacyr"
Informa ainda o Ministério Público Federal que tais valores já se encontram bloqueados pela
Justiça norte-americana na ação criminal US v Nolasco (04-CR-617), da Corte Criminal de
New Jersey.

Para que a medida seja decretada, faz-se necessária prova da


existência do crime e indicios de autoria (CPP, art. 134), que, conforme visto no' item I da
) presente decisão, existem no presente caso.

No caso concreto, a medida se revela como necessária a fim


de assegurar, em caso de condenação, o a amento da ena
em e even ua ressarcimento de danos à vitima, no caso a União

o seqüestro prévia de bens está previsto no artigo 136 do


Código de Processo Penal, o qual dispõe que "o seqüestro do imóvel poderá ser decretado
" lo'''''. _ga,.,.... " .... ~ """m" " I,",~) " , " " I" ~~
FLS. 0158
171
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDlClÁRlA 00 PARA\lÁ
1· Va.ra Criminal de Curitiba
Especia\izada em deUtos de Lavagem de dinheiro e contra o Sistema Financeiro Nacional

processo de inscrição da hipoteca legal.' Muito embora o dispositivo se refira somente a


imóvel, o artigo 137 do estatuto processual estende seu alcance também a bens m6veis e
valores~ Trata-se de medida que IlÍsa a evitar que eventual demora no processo de
especialização da hipoteca legal acabe portornar ineficaz a medida,

( Vale consignar que a movimentação da conta Chettiar, no


periodo compreendido entre os anos de 2001 e 2003, corresponderia a uma quantia
equivalente a quase 23 milhões de dólares, o que sem dúvida legitima o bloqueio de US$
1.338,660,25 ora requeridO, valor significativamente inferior àquele,

o decurso do tempo até o término da ação principal pode


causar dano irreparável ou de difícil reparação, consistente na ineficácia de eventual
provimento jurisdicional condenatório, ao menos no que se relaciona com medidas que
teriam (ou deveriam ter) efeito no patrimônio do acusado, o que toma a medida cautelar
absolutamenta necessária.

Ademais, verifica-se que O réu FERNANDO JANINE RIBEIRO


peticionou, em nome próprio, perante o cônsul dos Estados Unidos em São Paulo"a fim de
obter a restituição da quantia bloqueada pela justiça norte-americana (cf,. fls, 62-63 do
apenso I), existindo o risco de que a qualquer momento possa o magistrado estrangeiro
entender liberação do referido numeràrio em favor do réu.

Nesse contexto, ou se reserva desde já o referido valor, ou se


( correrá o risco de ter frustrada a realizaçãO do proVimento almejado pela acusação e a
efetividade do próprio direito, pois muito embore haja determinação de bloqueio judicial pela
justiça norte-americana, tal medida pode ser revogada a qualquer momento, como se
discorreu anteriormente,

Presentes, portanto, tanto o fumus boni iuris - consubstanciado


na existência de elementos de prova acerca da existência do crime e de sua autoria -,
quanto o pericuJum in mora - decorrente do risco em aguardar o trânsito em julgado da
decisão definitiva - há de ser decretada a medida cautelar de seqüestro (arresto) de bens

Assim, formem-se autos de sequestro a partir do presente


despacho, a serem distribuidos por dependência a este, Todos os informes referentes ao
seqüestro devarão ser juntados nos autos específicos para a medida

VIII

Em face da quebra de sigilo e da determinação de busca e


apreensão acima decretadas, estes autos deverão tramitar em silêncio de justiça,

I
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6
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o
JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO .JUDIClÁRlA DO PARANÁ
r Vara Crimlnat dê Curittbl).
FLS. 0151
1721

Especializada em delitos de lavagem de dinheiro e contra o Sistema Financeiro Nac10nal

IX
Intime-se desde já o Ministério Publico Federal que deverá
providenciar, conforme requerido, a juntada e o encaminhamento do pedido de assistência
via MLAT às autoridades norte-americanas quanto à medida deferida no item IV supra

Cumpra-se, com urgência.

Curitib ,14 de a ril d 2005.

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RECe!lMEtn'O
Aos de :2005. recebi
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FlS.U158 .. ~ 3
JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DC> PAAA"Ã
~ Vat'i!I Criminal de Curitiba
especializada em deUtos de Lavagem de dinheiro e contra o Sistema Financeiro Nacional
CONCLUSÃO
Aos 19/0412005 faço _ autos conclusOs ao MM JuIZ Federal da 2' Vara Com;""l Para \J;vrel este\antlo
8rolina Küster
Oficllll de Gabmete

í
Autos nO 2005.70.00.008925-4

Tendo em vista a necessidade de expedição de


precatória para citação e intimação dos denunciados. e diante do risco que não haja
tempo hábil para seu cumprimento até a data anteriormente fixada, redesignó a
audiência de interrogatório áos acusados para o dia 06 de junho de 2005, às 14:00
horas.

Citem-se e intimem-se os denunciaáos, nos termos


do item I do despacho de tis. 44-50.

Ciência ao Min'stério úblico Federal.

2005.

(
Gu

'\
RECEBIMENTO·
.-20(01 de 2005. recebi estes aUlos. Do que. para constar, lavrei
Aos
estetenno _ _ _ _. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _"<$$~~
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FLS.01S9 174

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ATOS DE .LNSTRUÇÃO

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SUPERIOR TRIBUNA!.
DE JUSTICA
JUSTiÇA FEDERAL v
SEÇÃO JUDIC1ÂRlA DO PARAN,RS. 0160

CONCLUSÃO
Em fA de oq de 2005. faço estes autos conclusos ao
MM. Juiz Federal da 2" Vara Criminal Federal de Curitiba.
Para tar, lavrei est termo

Processo 2005 7000008925-4

Expeça-se precatória:
a) para a Justiça Federal de São' Paulo para a oitiva das
testemunhas relacionadas nos itens 1, 2, 3. 6, 8, 9, 10, 11, 15, instruindo-a com
cópia das fls. 51-61. 72-74, 76. 117-119. 12{}-125. 127, 129, 130, 152. 153, 161,
164,165. 166, 170-174, todas do apenso \, e fls. 15. 21.25.28.29.35 e 37 do 1101 11
do apenso IV;
b) para a Justiça Estadual de AssailPR para a oitiva da
testemunha relacionada no item 7, instruindo-a com cópia das fls. 124 e 154 do
apenso I;
c) para Justiça Federal ou Estadual de Rio Claro/RJ. para
a oitilla da testemunha de n.13. instruindo-a com cópia da fls. 128 do apenso I e 28
do '101. 11 do apenso IV; e
d) para a Justiça Federal de Santos para a· oitiva da
testemunha de nO 14, instruindo-a com cópia das fls. 72. 116 e 163 do apenso I. e
das fls. 18, 28 e 33 do \/01. 11 do apenso IV.
Todas as precatórias deverão ser instruídas com cópia da
denúncia e demais peças obrigatórias, bem como da petíção de fls. 388-400 do
MPF e deve ser GOnsignada na precatória solicitação para que, dentre outros
quesitos que se mostrarem pertinentes, sejam formulados os quesitos do MPF, com
a apresentação à testemunha na ocasião dos documentos a alas pertinentes, cf.
traslado.
prazo de 90 dias.
Designo audiência para 26110120Q§: às 15:30, para oitiva
da testemunha de n' 5, Antônio Olíveira Claramunt, perante este Juizo. Intime-se e
requ isite-se sua apresentação.
Ciência aos defensores, por boletim, da expedição das
precat6rias e da data da audiência. Dispenso a presença na audiência das
acusadas Tereza e Myriam.
.,, Ciência aos acusados da audiência designada por
precat6ria
Em seguida. vistas ao MPF para cientificá-lo do mesmo
fato e ainda para. em vista do constante na fI. 421, proceder a juntada do laudo
75612005. e se manifestar sobre o certificado na 7 i . CO--
correto a testemunha Antônio Cartos Esper Curiati em 3 dias

i
1

.L;c~~.
JUSTiÇA FEDERAL
seçAoluDICIÁR1A DO PARANÁ

:fnrl....Mt>m-----~ ..

RECEBIMENTO

E~S
deoç de :W05, recebi estes autos. Do que, para
constar, lavrei este termo .
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TR'~
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S',JPcr<iüH
DE JUSTIÇA \.
V~5~

o
JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO JUOICIÃRIA DO PARAIIÁ
~ Vara Federa1 CrimInal de Curitlba
flS. O16", ~.

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimento à decisão das fls. 424/425


dos presentes autos - AçÃo PENAL N' 2004.70 ..00..0089254 -, expedi:

1. MANDADO N' 110112005, pata a intimação da testemunha de acusação


Antônio Oliveira Claramunt da audiência de 26/1012005, às 15:30
hOlas;

2. OFÍCIO N° 327712005, destinado ao CaPE;

.3. OFÍCIO N' .3278/2005, destinado ao Departamento de Polícia Federal;

4. CAlI:lA PRECATÓRIA !<.~ 59912005, destinada à Subseção Judiciária de


São Paulo/SP, destinada à intimação dos réus da audiência de
2611012005, às 15:30 horas;
.
5. CARTA PRECATÓRIA N' 60012005, destinada à Subseção Judiciária de
São PaulolSP;

6. CARTA PRECATÓRIA N' 60112005, destinada à Comarca de AssaíiPR;

7. CARTA PRECnÓRIA N' 60212005. destinada à Comarca de Rio


ClatolRJ; e

8. CARlA PRECATÓRIA N° 603/2005, destinada à Subseção Judiciátia de


SantoslSP.

JUNTADA

Junto a estes autos cópia dos ofícios e cattas precatórias


supracitados.
Para constar lavrei este termo.

Curitiba, 30 de setembro de 2005.

4.?
DOE - Técnico Thdiciário

Av.IlnltaGaí'&ídi, 888, ii' -.. ·IIalmlAll~- C\Irl1IbaII'R.- CEP _180 -_(41)331_11. 3313-M108
Slt91NKB ~(I t:H'f'K)ttl'ó."UNt!'W#/W ifor nth/' h, - I'MOItIl- ~ t')(W hr
178

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO
TERMO DE RECEBIMENTO
REVISÃO E DlSTRIBUlÇJ\O

ESTES AUTOS FORAM RECEBIDOS, REGISTRADOS, CONFERIDAS AS FOLHAS E, A


SEGUIR, DISTRIBUíDOS POR PROCESSAMENTO ELETRONICO NA FORMA DAS NORMAS
REGIMENTAIS DO TRIBUNAL E DO DEMONSTRATIVO ABAIXO DISCRIMINADO:

F'IOCe'iEO : ~::005 ,04 1)1 ,04:'806~·O DATA. üE trnRI~DA:24i ii);2:ü05


ilOLUMES : j U. FULHAS ~ 132 AFE'NSÜS:
PlS1RIB. FOR fEE'IEI'lÇ~O A M6IS1RADO URGEtnE Eí'í 24.iiJ.2005
I<,ELA'IOR :De';, Federal TADAA(IUI HIROSE ., 7;; luRi'rtl

DATA PROTOCOLO: 24.1Q,20Ú5


FROC, PREVENIO: 2005,04.01.023320-í

\lAO ESlES é\UWS CIJ1,CLUSOS AO EXMO, DES. FEDERAL REU, iüi':

Porto Alegre-RB, 24 de outubro de 2005-

\
flS.018k
Poder Judieiá.lo
TRIBUNAL RIlGlONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

"HABEAS CORPUS" N° 2005.04.01.047806-OIPR


RELATOR Des. Federal T ADAAQUl HIROSE
IMPETRANTE CLAUDIO JOSE ABBATEPAULO e outro
IMPETRADO JUízo FEDERAL DA OlA VF CRIMINAL E SFN DE
CURIlffiA
PACIENTE JOACYR REINALDO

DECISÃO

Cuida-se de Habeas Corpus impetrado Contra ato do MM. Juízo Federal


da Segunda Vara Federal Criminal de CUlitiba/PR, que rejeitou exceção de
incompetência (PlOcessO nO 2005.70.00.013565-3IPR, mantendo os autos da Ação Pena!
2005. 70.00.008925-41PR, em que foi denunciado JOACYR REINALDO pela suposta
Plática de crimes confia o Sistema FinanceÍlo Nacional (arts. 40, 16, 22, paIáglafo
único, elc art, 1°, parágrafo único, inc. I e lI, da Lei 7.492/86); lavagem de dinheiro (aIt.
1°. inc. VI e VII, c/c aIt. I', § I', inc. I e lI,
elc aIt. 1c, § 2°, inc .. I e lI, e c/c aIt. 1°, § 4°, da Lei 9.613/98); fotmação de quadlilha
(aIt. 288 do CP), elc o aIt. 69 do CP e com a Lei 9.034/95 (clÍme olganizado), na
Subseção Judiciátia de Curitiba/PR

AlegaIn os impettantes que o Paciente está softendo constlangimento


ilegal, pOlquanro, em sintese, está sendo pIoeessado pe:tante Juízo incompetente.
SustentaIn que no Procedimento elimina! Diverso nO 2004.70.00. 021771-91PR, em
processo que se investiga fatos idênticos envolvendo do Paciente, o Juízo impettado
declinou da competência paIa a Subseção Judiciária de São Paulo/SP Aduzem que "é
clara a inexistência de ttansaçõe,s realizadas pelo paciente com contas mantid.as no
BANESTADO em Nova Iorque, bem como de transações com pessoas residentes ou com
sede no Estado do Pamná, além da inexistência de cone"llo com outros feito. n. Giza
ofensa ao pIincípio constitucional do juiz natDIal, porquanto o juiz competente paIa
processar e julgar o feito é o do lugat da inftação ou o do domicilio ou residência do
reu.
Assim, lhninarmente, requerem o sobrestamento da Ação Penal
2005.70.00,008925-4IPR, inclusive da audiência aprazada páIa 26 . 10.2005, às
15h30min, até o julgamento do méIÍto deste writ, onde espela seja determinada a
declinação do feito paI'a a Subseção JudiciáIia de São Paulo/SP.

É o breve relato Decido.

Em análise perfunctória, caIacteristica desse exame plelimillaI', não vejo


configurados os requisitos necessários ao deferimento da tutela de Ulgência, quais

;;im;~;~;;;':: amo" l:D Illitl.liiü


.....
"'~ , • .' .,~.,.. ,J -- .

fLS. 0165
Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

A alegação de incompetência do Juízo Impetrado pata processar e julgar


o feito, não merece pmspel1lr, porquanto os fatos nanados na denúncia é que filmam a
competência para plocessamento e julgado do processo-crime, ainda que,
posteriormente, após a devida instrução processual, não leste comprovada a
circunstência que atraiu inicialmente a competência para processamento do feito <

Nesta senda, a exordial (fk 86/120) nalla os seguintes fatos, cujos


excertos t1anscrevo p818 melhor entendimento do caso sub judiee:

"1 Os fatos nanados nesta denúncia foram apurados em diligências


<

realizadas peJa Força-Tarefa CC-5, as cidades de Nova Iorque/IliY e


<

NewarkINJ, para aprofundar investigações acerca das atividades de


cOrnenlistas e ex-cornentistas da extinta agência do Banestado em
Nova lorque
2 Toda a prova reunida pela força-Iarefa foi colhida legitimamente
junto a autoridade, norte-americOJlQlj do Departamento de Segurança
Interna (DHS) e da Procuradoria dos Estados Unidos (United S/ates
Attorney) para o Distrito de Nova Jersey, mediante autorizações de
quebra de sigilo deferidas pela Justiça Federal do Patami e pela Justiça
dos Estadas Unidos da América e mediante a intermediação das
autoridades cenuais dos dais países nO âmbito do MLAT
3 No material colhido em u<ês viagens da força-tarefa do Ministério
Público Fedeml aos EUA, em agosto e novembro de 2003 e em
novembro de 2004, e nos contatos formais subseqüentes, constatou-se a
existência de ouum bancos norte-americanos que foram utilizados por
correntistas e ex-correntistas da agência BanestadolNY, para a
movimentação clandestina de r ecw 50S nacional< e lavagem de dinheiro,
enue os quais O banco Chase Manhaltlln - utilizado 1'10 esquema Beacon
HiII Service Corporarion (BHSC) -, o MTB Ballk e o Merchants Bank
i ofNeww York - base do esquema Nolasco -, todos situados na Cidade
Nova Iorque

8 Não há dúvida quanto à autoria Dois dos denunciados foram


indiciados pela CPMf DO BAIVESIADO pela utilização da conta
CHETTIAR, na condição de procuradores da CHETTIAR BUSINEss.
lNC Segundo o item 123 do relatório final do deputado JOSE
MENTOR, "Conforme dossiê e carUIo de aut6grafos, as pessoas
autorizatúls a movimentar a conta são FERNANDO JANlNE
RIBEIRO" J'O,4CYR REINALDO, dtmiieititld85 em Silo }>lfttkJ "< "

937212.V006 211
Inll~iIlJll'm 11111111 ~Irnl ~II
SUPEHíVR TRiBUNAl..
DE JUSTIÇA ,
181
Fili. 0155
PodeI' Judiciãrio
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

o Juízo Impetrado, por sua vez. ao rejeitar a exceção de incompetência


(fls. 75/80), assim se posicionou:

"5. A ação penal 20057000008925-4 tem por objeto crimes de gestão


fraudulenta de instituição financeira. evasão de divisas e de lavagem de
dinheiro..

6 Os fatos envolvem a conta Cheuiar Bussiness INC mantida no


Merchants Bank de Nova Yor/(, e que teve movimentação de US$
22827.838,63 no período de 10/12/2001 até 03/0112003, bem como a
empresa Clicktrade Corretora de Cámbio, Títuios e Valores Mobiliários,
com sede em São Paulo. Segundo os termos da acusação, em síntese, a
referida empresa e conta eram utilizadas para a prática de operação de
cambio ilegais do sistema paralelo no Brasil e para lavagem de dinheiro.

7 Ora. as contas mantidas no Merchants Bank de Nova York


) controladas por brasileirm tiveram o seu Sigilo bancário quebrado pelas
próprias autoridades norte-americanas em rastreamento de possíveis
operações envolvenda tráfico de entorpecentes. cf relato apresentado
em Juizo pela testemunha Thomas Dombrovisky.

8. As autoridades brasileiras chegaram a tais contas, por suas vez,


através de investigações conduzidas no inquétito de nO
2003 7000030333-4 que tinham por objetivo rastrear o numerário
remetido fraudulentamente par·a jora do pais através de contas CCS
mantidas em Foz do 19uaçu/PR

9. Em um primeiro momento, as díligências levaram às contas mamidas


na agência do Banestado em Nova York Posteriormente, a outras
instituições financeiras como a Beacan Hill Serl'ice Carparation ou o
Merchants Bank de Nova York

10. MPF, em resposta à excessão afirmou categoricamente que.

",esta evidente que os recursos depositados na conta Chettia/,


controlada pelo excipiente, são originwim, direta ou indiretameme. de
conta CC5 mantidas em Foz do Iguaçu, portanto. no Pa/Ollá, de modo
que, pela aplíação da regl'a assente no artigo 7J do cpp é o Juizo da
Circunscrição Judiciária de Cwítiba, que conta com Vara especializado
na apuração de crimes contra o .si.stelna financeiro, o com. etente p=.o''''a'-___
processamento o feito. '

11 Tal quadra fático ainda não está de todo evidenciado, em que pese a
afirmação Não obstante, não se Pod~p~_ik.zista que a instrução da

ÍlU"líl~~u~m~imlliiÍlfiiftIIIIIID \:S > lII~inl~!~Nliurni~ilÍI


-0;l!,_~O:;Y>7'(~~5~~(/~9r**~~~-t~t,.;ór~~3Q$~~WFr?K~~~*~~-;~~~'~*~;?ii"~"~~~?~.·';-:;·\'~7l:'t~·~:~Y·;~:~:>i

SUPERICí~ 1 RIBUNAL
DE JUSIlÇA f
.f31-
~.
18

flS. 016'1
P-odCf" Judiciálio
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REG1ÃO

ação penal ainda está em I1limite. sendo possível a produção de prova


nesse sentido até o final do feito.

12. Quer isso ocorra ou n{io. o que importa para definição da


competência são os termos da acusação e esta como visto relaciona a
movimentação das contas manHdas pelos excipientes no exterior com a
evasão de divisas fraudulenta ocoT7ida em Foz do Iguaçu

13. Por certo, não seria admissível acusação da espéCie sem base [ática

14 Não obstante, em seu favor, encontra-se o [ato de que o MPF aponta


pelo menos um depósito na conta Chettiar proveniente de empresa que
mantinha conta CC5 em Foz do Iguaçu (fi. 13 da denúncia), o que leva à
natural suposição de vinculação enlle as duas atividades

15. Além disso, comojá foi dito, as autoridades brasileiras chegaram às


contas do Merchants Bank al1avés de raSl1eamento de recur sos evadidos
por Foz de Iguaçu, o quefoi [eito no inquérito n" 2003.7000030333-4.

16 Houve a partir da prova produzida neste inquérito apenas um


desmembramento dos inquéritos e ações penais com base no artigo 80 do
CPP e para evitar a inviabilizaç{io dos processos diante do gigantismo
dos fatos e do número expressivo de envolvidos.

17 Assim, a competência deste Juízo em relação apesente açf10 penal


pode ser justificada também com base na conexão com o aludido
inquérjto originário e todos os inquéritos e ações penais dele
desmembrado e que envolvem várias instituições financeiras e pes:soas
associadas para a prática de uma mesma atividade complexa e
apmentemente ilícita, de evasão de divisas e prática de operações de
câmbiO no sistema paralelo

18 A demonstrar tal conexão, l1·anscreve-le ainda o seguinte l1echo da


denúncia

"Alruta como exemplo das operações do esquema ora denunciado. a


conta Chettiar efttuou várias ti ansaçóe, com a cOlita Br aza, também na
Merchants Banlc, de titularidatk de Eliotll Maurice Es/Inml, Rena/o
Bento Maudonnet Jr. Dany Lederman e Helio Renato Laniado. cf as fls
190, 1·99, 228 e 229 do inguérllo policial116Z/04
Entre 13 de tkzembro de 2001.6 de dezembro de 2002, a conta Che!tiar
recebeu vinte e cinco crédit05 da Lespan, mantida no First Union

lwiilllirii:;;'~::-~" * "",--~Q5"ml~;'~~í
FLS. 0168
Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

de dezembro de 2001 e 21 de maio de 2002, a Chettiar remeteu pOta a


Lespan, em três operações, a quantia de US$ 336.053,26 (fi, 53-56).
Seguindo O me,mo modus operandi, a conta Che/tim recebeu nove
créditos da conta Kiesm; n 30102170, mantida no MIB/HUB, no
monlante total da US$ 1.350000.00 (fi. 53), enlre 20/1212001 e
24/05/2002. A Chetliar enviou para a meSma Kiesser. em 22/0512002. a
quamia de US$ 30.000,00 (fi. 54)," (fi. 14)

24 Assim, apesar da complexidade dos falos, é possivel identificar


passível conexão probatória (ali 76, III. do CPP) ou meSmo a conexão
previSla no artigo 76, 11, da CPP. deste feito em relação a outros em
trâmfte peranle este Juizo como aqueles citados acima

24 Quanto ao fato deste Juízo, acolhendo pedido do MPF. ter remetido


outro procedimento similar à São Paulo, cumpre esclarecer que a
medida talvez tenha sido equivocada, tendo sido adotada por uma
questão puramente pragmática, tendi em vista a carga processual
elevada imposta esta Vara.

25 Deve-se ter presente que os falos sub judice neste feito e em casos
similates, são complexos, envolvendo a prática de centenas de operações
financeiras, espalhando-se pelo território nacional e mesmo no exterior,
Várias dessas operações envolvem fatos e pessoas investigadas em
outros processos. Os fatos até o momento desvelados apontam para um
complexo sistema de compensação entre operadores do mercado de
câmbio paralelo, emfeixes de transação não de todas esclarecülu,. Em
circumtâncias espécie, a exata definição do local de p1âtica e
consumação dos delitos. bem como questões r elativas à conexão com
outros feitos, mostram-se igualmente complexas, sendo recomendável a
p1udência na ,"solução de questões atinentes à competência, com certa
deferência às escolhas da acusação quando estas se mosl1am razoáveis e
máxime quando o caso envolve competência

26. Assim sendo e com a ressalva quanto à aludida complexidade dos


fatos e a uma inslruçt10 probatória ainda em andamento, a competência
para o julgamento da acusação é de Juizo, seja porq1le os fatos narradas
na denúncia envolvem atos fraudulentos relacionados à evasão de
divi.la;. consumada em Foz do .Iguaçu, seja pela .conexão com diversos
outros inquéritos e a- penais em curso nesta Vara, cf processos citadm
exemplificadamente noS itens anteriores Além disso, este Juizo não agiu
arbitrariamente em relação a manutenção deste processo, não podendo

®
a declinação de outro feito. que foi orientada por critér ios

~iiJll.li~iü_IIMI Imllllinlíi
I
· .... :

1 4

Poder Judiciário.
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO
FLS. 01 S9
t
eminentemente pragmáticos, justificar, por si só, a procedência desta
exceçlio "

Veja-se que, de uma leitura atenta da decisão que rejeitou a exceção de


incompetência atgllida pelo Impetrante perante o Juízo a quo, dépreende-se que todos
os atos emanados pela autoridade apontada coatora, dizem respeito à conexão
instrumental decoltente do caso BANES lADO, determinados à luz do att, 76, inc. m,
do Código de Processo Penal (quando a prova de urna infração ou de qualquer de suas
circunstâncias elementates influir na prova de outra infração), em face da Resolução
20/2003 da Presidência do IRFWR

Assentadas ditas premissas, alterada a competência pela conexão em face


da peculiatidade e complexidade da matéria envolvida (sonegação fiscal, evasão de
divisas, lavagem de dinheiro, entre ouuas), não há falar em nulidade dos atos praticados
pelo Juízo impelIado, praticados em face da competência conconente da apontada
autoridade impetrada,

Portanto, são legitimas e vâlidos os atos judiciais detelminados em face


da competência concorrente da autoridade apontada coatora como conseqüência da
conexão instrumental, conforme o ari- 76, inciso m, do Codigo de Processo PenaL

Sobre o tema, veja-se o entendirneuto da Sétima 1 urma deste Regional:

"PROCESSUAL PENAL CRIME CONIRA O SISTEMA. FINANCEIRO


NACIONAL, HABEAS CORPUS, ANULAÇÃO DO FEITO, COMPETÊNCIA
RELATIVA. PRECLUSÃO TEMPORAL. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA.
CONEXÃO. ART. 80 DO CP
I Nl10 tendo sido interposta exceção de incompetência, operou-se a preclusão
templJlal, mostrando-se inviável a utilização do recW'so de "habeas corpus"
para a /'eabertW'a de discusslio acerca de COMPETÊNCIA relativa,
2. Cabível, no entanto, o uso do "habeas COtpUS" para a dlsc'l/Ssão da
COMPETÊNCIA relativa dentt'o da nova ação penal, já que a palte podeI á
discutir a questão pela competente via da exceção, servindo então a
substituição pelo remédio hetóico em razão de sua maior celetidade.
3 A denúncia imputa aas denunciado.> o envio de dinheiro inegular para f 010
do país par meia de vw ia! métodos, inclusive pelas contas CC -5 de Faz da
\ iguaçu, o que justifICa a COI",fPEIÊNClA da Justiça Federal do Paraná.
4 Mesmo ocorrendo hipótese legal de conexão, paderá O magislJado
justificadamente monte! sepwadas o'lei/os, na forma da ar/. 80 do CPP, o que
é razoável no casa presente pela diferença de fa,es em que ,e encontram os
processos-e pelo grande·númerQ de fata'? invesfigpdos
5. Ordem de HABEAS cotpUS denegada. "
(HC n' 200504,01 OJ9507-3/PR, rei Des Federal NÉFl CORDEIRO, Sétima
Turma, DJU de 20072005)

937212.V006 6n
Illfillllll ~ 11111 ~UIMIIIIIIII
!~4$<j'j,(..,.~tb't.;~)':ik·:.c~;;~:,ç?iqf:?~·jt®f?·tkv.,wref?a?:fÇ·;' "~",;::~*0$~Bãt.;;;'&~3i:pX)'&';:.;;CC$';zl#g:k#~.~,'A';';':.kJ)Y"-;;;"~f·~~:J.~~;;'::~;i~~",,~à~·:~;,:,J~fàf;1?{ifi:)~i?~i

185
SUPERiOR IKlbl)NAl. ~'-{O
. pEJU$TIÇA

Poder Judiciãrio
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO
flS. 0119 6-
Quanto à alegação de que no Procedimento Climinal Diverso n°
2004.70 00 021171-9/PR, em plOceSSO que se investiga fatos similares envolvendo o.
Paciente, o Juízo impetrado declinou da competência pala a Subseção JudiciáIia de São
PaulolSP, também não PIQspera, pOlquanto, nos teImos da promoção ministerial de fls
68n3, somente houve o pedido de declinação de competência, "por inexistitem,
naquele caso específico, elementos que demonstrassem a conexão entre a conduta
delituosa perpet> ada pelo excipíente e demais denunciadas através de sub-conta da
Beocon HIlI e o caso BANESlADo. "

Por outro lado, a alegação depende de um exame acurado dos fatos e do


conjunto probatório, o que nesta sede é inadmissível, como é cediço.

No que tange ao películum in mora, entendo insubsistente, visto que não


há perigo iminente contra a liberdade de ir e vir do Paciente que justifique a medida
extrema.

Por ouno lado, também não visualízo constrangimento algum na


realização dos ato processuais - audiência de oitiva de testemunha - , ao contrário, a
mesma se apIesenta como meio de prova e especialmente de defesa, polquanto se Uata
de mais uma oportunidade pala o Paciente comprovar a sua versão dos fatos
investigados

Flente ao exposto, indenlO a lirninal' pleiteada.

Solicitem-se as informações à Autoridade apontada Coatora Após, sem


nova conclusão, dê-se vista dos autos à ProCUIadotia Regional da República.

Intimem-se. Publique-se.

POIto Alegre, 25 de outubro de 2005.

937212.V006 7n
mllllllll~mm~lIl11m
~",•.,il!"',"&i;,;i4í'f*,>.f,,*;;';;;iÚjwiir'6i<if'fhi\"";i&""";;&.~i;,ii;e.í~@i'iiit~""é~~~7,;~~iii.i:,i."",,~;;~~;jéb'%i~jtki.1

1~6
.. T"F : 4" Regiãó

1'-11
flS.0171
PODER JUDIClÁRlO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

RECEBIMENTO

Na data infra, recebi estes autos, Do que, pala constar,


lavrei este termo,
Porto Alegre, 2511 0/2005,

CERTIDÃO

CERTIFICO E DOU FÉ que, na data infra, em


cumprimento à r. decisão das fls, retro, foi expedido
oficio - solicitando informações ao Impettado,
conforme cópia que segue juntada.
Porto Alegre, 25/10/2005.

\~
'· SUPEk,Of\ n:;SUN~ li I
i
187

O
DE JUSTiÇA C:J. -l....,
.: 0.'::':.' <"0"
.f,... :' •••• ~ :;~
flS,017m C"--·
PODER JUDICIÁRIO
IRIBUJ'AL REGIONAL FEDERAl. DA 4c' REGIÃO
Rua Otlhio frnocisco C<lrtlsoda Rocha, 300 -90 OlO~39S: - Pono Ategrc/RS - fone: 3213-~9~JO • ~n~ 1r!4 t..'(., ltr
e-mai!; sL7@rf4 gO\l br .

Oficio nO 1659/2005-Sn POIto Alegre, 25 de outubro de 2005.

Senbor{a) Juiz(a):

A fim de instruÍ! o julgamento do Habea! CQrpus nO 2005.04.01.047806-


O (Oligem n° 200570000089254), impetIado pOI CLÁUDIO JOSÉ ABBA TEPAULO • oulto.
contra ato desse Juízo, tendo como Paciente JOACYR REINALDO, solicito a Vossa
Excelência as necessádas infOlmações sobIe as alegações constantes na petição inicial (cópia
anexa).
Segue anexa ao pIesente cópia da decisão proferida nos autos.

Atenciosas saudações,

Des. Federal Tadaaqui Hirose


Relator

Exmo(a). Sr{a). Juiz(a) Federal da 2" Vara Federal Criminal


da Subseção Judiciária de Curitiba
Seção Judiciária do Estado do Patllná
flS.
PODER JUDlCIÁRlO
IRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

CERTIDÃO

CERTIFICO E DOU FÉ que, nesta data, procedi à


intimação da Dra. Tanara Araújo Alves da Silva,
OABIRS n° 49.499, do inteiro teor da decisão das fls.
134/140.
POIto Alegre, 26/10/2005.

Ceres Maria Santos Bittencourt


DiretOIa da Secretaria da 7" TUIma

GRYlk I cldAOfo5
~-'-~
JUSTIÇA FEDERAL
S1!ÇÃ(I JlIIIIaÁRIA DO PAIWIoI.
7!'~.... r;:riaIIoot ... ~
"'" deII~ de l!wa!f!lll de _ • cootnt C SlIIana flnanal", NllCIonaI

OIIc:Io n· ~79I20ó5· GABlJFS

-_
.,~,.~. ~"'._ ......

r;;;;:;~-{la da 7~ 1urm~ I
..,\

\" p;:droc ()LO \

O,

em atançIo ao OIIcIo ri" 18!9/200s.sT7, lH1CIIII'tlnho a Vossa


Exeelênola cOpia C!eCisllD proferida na ExcaçIn de !~ompeIênc!a ri" 2005 71tOO. 008925-4,
culacand"....T1e á iÇ:6o palllDlllJOs IISCIarecll.l8lillls que se fizlmIm_1Iérios

Sem mais. raIIero a Vossa Excalênc!a VOIcII de eIevaáa elI1ima e

~
DeumbaJgador F I TAOAAOUI HIROSE
R1iIIIkIr do MS n" ,04.1l1,0478O&-01PR - 7" Turma
TIIbIItIaI Ragiema! ' I ela." RagiAo
f'DrIIO Alegre- RS '

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l_-'_~. __
2.8 VARA CRIMINAL DE CURITIBA
PROCESSO' 2005.7000013665-3
EXCEÇÃO INCOMPETêNCIA.
ExcIpIentee::~-==~RlIimIldO
Exeepto: ali Público Fadaral

I. REUroRlO

1. Trata-se de exceçAo de incompetência em relaçao â


ação cnrrlÍnal fiO 2005 7000008925-4

.. .~
:1

SIoPeulo

3. O MPF disoordou da exoeçllo. alegando. em 8lntesa:


a) que a IllOIIlmentaçIQ da conta Chetllar é oriundo 01.1
destinado a I;!I1fU cont8II investigadas perante o Juiz();
b) que 11 conta Chettiat receb&u, !Xlr exemplo, !lI9dito da
conta do Amambay cujos diretores I!IStAo sendo processados nos autos da
.,.ao penal700001632Q.6;
c) que hã registro da lIarIsaçlles com 11 conta Bram
man:ntid:·=a~no~i=~:a: Bank da. Nova Vorle e cujsos fltUlares estao sendo
pl da açao penaI2004.700002508S-1;
d) que há registro de transaÇÕII com li Lespan S/A que
tem como ,,~ip~IldEmtllS li Tupi Cambias no Paraguai 11 a AIhec Tours na
Argentina, que os dirigentes da Tupi Cambbs estAo sendo processados
elravés da penal 2003.7000029533-2:
11) que 08 reeurtlOS depositados na conta Chettiar sao
OlÍginálÍDS ou indiretamente de contas CCIí mantidas em Foz do IguaçulPR; e
f) que há conexio probat6rioa com as demais processos
c" ";-" ;,;,:~'..,:,,~:-~~;~,/ -;·;y;;m,"1!,p&i4f' éffi'';;~i;i#W-: 1,::'hA;i.:cl.~~:,}*.t:i.)i:i't;iiGmi;K~;;..-: i·,?iiliir.~!/,~~;:~.·;>-,;;'·~c----,,::;~;/. '.\':. , i'~, ::'-.;.~]r ~1:4<"~44
11/e9/2065 15: 31 41-3134512 2 VARA Fm CRIMlHAL PÁS. as 1

.: ,
SUPERívi{ TRIBUNAL
DE JUSnçA ~19!1
J STIÇA FEDERAL flS.0176
SE O JUDICIÂRIA 00 PARANÂ (~
11. FUNDAMENTAÇÃO
~
5. A aÇllo penal 2005.70000013925-4 tem por obíeto
crimes de " fraudulenta de ínstituiçêo financeira, evasllo de divisas e de
lawgemde heiro
6. Os tatos envolvem a conla Chettisr Bussiness INC
mantida no rchants Bank de Nova York. 11 que teve movimentaçãO de US$
22.1l27 .838.' no perlodo de 10/1212001 até 0310112003. bem como a empresa
Clicklrade a de Câmbio. Tflulos e Valores Mobiliârios. com sede em SlIo
Paulo. Segu. o OS termos da acusação. em sinlese, a referida empresa e conta
eram uIilizad. para a prética de operaçtles de câmbio ilegais do sistema paralelo no
Brasil e para ganl de dinheiro

7. Ora, as contas mantidas no Merchants Bank de Nova


Y"lI<: control por braslleíros tiveram o seu signo bancário quebrado pelas
li,

!.
, I
pr6prlas au!
envolvendo .
ades norfe..amencanas em rastreamento de posslveis operaçOes
de enlorpeoentes, cf. relalO apresentado em Juízo pela
testemunha mas Oombrovisky.
, :,i
,I .
'I
8. As autoridades brasileIras chegaram a lais contaI!, por
. , SIJ;I$ lIés de investigaÇl)es conduzidas no inquérito de n·
Vel,
2003.70000 . 33-4 que tinham por obíetivo rastrear o numemrio remetido
.,
fraudutanta te para for.:! do pais atravá!: de contac CC5 mantidas em Foz do
IguaçulPR,

9, Em um primeiro momento, as diligências levaram és


s na agência do Sanestado em N0\I8 York. Posteriormente. a outras
: '~
flillnoo iras como a Beacon HIII SelVice Corporalion ou a Merchants Bank
; 1

10, O MPF. em resposta à exceção. afirmou

"resta evidente qUe os recursos depositsdotl na conta


iar, controlada pelo excipiente. silo originários, direta ou
elamente, de conte CC5 mantidas em Foz do Iguaçu, portanto, no
nã. de modo que, pela aplíaÇllo da regra assente no artigo 71 do
: )i
é o Juizo da CircunscrlçAo Judldárill de Curitiba. que conta com
I 1:~
especializada na apuração de crimas contra o sistema financeiro. o
petente para processamento do feilO."
~. 'I.
;:/
" 11 . Tal quadro fático ainda nlio .."tia de todo evidenciado
____~, __________~e~m~Q~u~e~pe~sllJa~.~a~fi~rm~a~lI~o.~N~Ao~.~~nte~~~.~. ~~.~~::~~~,~~.~~~---
mlltruÇllo da penal ainda asIâ 8111 tramite. sendo posslve! a produ,...,.. de prova
/lesse sentíd ; é o fina! do feitO.

\
I
J~:-.~~~~ ..--~..-._~,...._-.,--,._--, . . ------_ ..' .~ ..
-"~-·W,·-'.....-.i. ..·..::..:.·~.j,-i,:~::,;.;.:,,~;~.i;:'~t:i.i;t;..',:;;~IZ:;-,~~h~~~-:~:"..."i:;g'.f;~~{.!~&~~'".=t...::;..'\;-;~~~.~",;':'/~~z~Úg~~li:..:;.ilS!\-;.~;.ks~&-ti
11/69/2805 16;31 41-3134512
,
2 VAFIA FED CRIMlHAL PI>.G. 64
"'UP'
...... ,. , "R"
_t::.:?'~~U~..ç I '~".
;PU,:'ti"\L ~
DE JUsrfÇA.. f. <.t
ti-+-
J. STIÇA FEDERAL flS. G17? '~
S ÂO .JUDiCIÁRIA DO PARANÁ

. 12. Quer isso ocorra ou não, o que importa pam de íção


da compere~.ia são os lermos da acusaçao fi esta como visto relao' a a
movimenta. das contas mantidas pelos excipientes no exterior com I:l evasão de
divisas fraud i nta ocorrida em Foz do Iguaçu

, 13., Por certo, não seria admissivel acusaçao da espécie


sem base fá .;

14, Não obstante, em seu favor, encomm--se o fato de que


o MPF apon pelo menos um depóSito na conta Cllettí.!lr pro\lenieme de empresa
que mantinha' ta CC5 em Foz dO Iguaçu (11 13 da denúncia), o que leva à natural
suposlç!!o dtioI Inculaçao entre as cluas atívidacles,

15. Além dÍSllO, como já foi dite, a$ autoridades brasileiras


chegaram à contas do Merchanta Bank através de rastreamento de reculliiOs
evadidos por. oz de Iguaçu, o que foi feito no inquérib:l o, o 200:'HOoo030333-4

.'. 16. Houve a partir da prova produziaa neste inquérito


apenas umimembremento dos inquéritos e aç/les penais com base no artigo 80
do CPP e . evitar a iolliabíli:roçao dos processos diante do gigantismo dos fatos e
do número ressil/o de envolvidos
. ,
: 11. Assim, a competência deste Juizo em relaçao a
presente açi6 penal pode ser justificada também com base na coAexao com o
aludido inq, origináriO e todos os inquéritos e lÇOe$ penais dele desmembradO
e que enllO . várias insliluiÇÕ8$ financeiras e peSliOllS associadas pam a prática
de uma me a atiVidade complexa e aparentemente iIIclta . de avasao de divisas e
prátlca de Çôes d& cambio 00 sistema paralEIto,

18. A dêmonlrtrar tal COAeJCaO. transcreve-se' ainda ()


da denuncia:

"Ainda como exemplo dM operaÇ(\es do esquema Of$


ntiado, a conta Chettiar efetuou varias transações com a conta
6 ,também no Merchanls BanI<, de titularidade de Ellottt Maurice
E nazi. Renato Bento MaudonnElt Jr, Dany !.ederman e Helio Renato
,- ~

l 'sdo.cf asfta 100. 199. 228 e 229doiAqUérilo potícial 1161104


. Entre 13 de dezembro de 2001 e 6 da dezembro de 2002,
Chettiar recebeu vinte e cinco cmIitOs da Lespan, mantida no
Union BankINew york, no montante de US$ 2,800.197,00 Além
, entre 12 de dezembro de 2001 e 21 de maio de 2002. a Chetliar
retietau para a lespao, em três operaçlSes, a quantia de US$ 335053,26
53-56),
Seguindo o mesmo modus operandi, a conta ChMliar
u nOI/& créditos da coota Kiesser, n. 30102170. mantida no
IHUB. ,00 montante ,total da"US$, 1,350.00000 . 53· n r
e 2. A hettiar eoviou para a mesma Kiess5er em
2:iílSl2oo2, 11 quantia dê US$ 30.000,00 {ti 54)," (fi 14)

1
:"i
J
~
;!
11/0912ee5 16:31 41-3134512 2 VAM FED CRIMINAl...

J STIÇA FEDERAL
S o JUDICIÁRIA DO PARANÁ

19, E CQJ1lO o próprio MPf aponta na denuncia. as


movimentaça .financeira de tais contas estlio sendo inv~tigadas em processos em
trâmite 0Ef;\lar8. de n.os 2003.700000051541-7, 2004.70000250135·1 e
200470000. '-1 Já a movimentaçllo da Lespan ainda sendo ·Investigada no
próprio inq originário 200nOOOO30333-4.
:
~1
: 20.. A prova colhida em um desses processos
rela!ivamente!fà nalureu das transaçOes efetuadas çom 11· Chettiar pode ser
:;
relevante pi
o Julgamento deste feito e vlce-I.'ersa. Por exemplo, em seu
interrogatório.. Joacyr Reinaldo afirma que as transaçéee efetuadas na conta da
Chettiar, em~maioria. envolviam dinheiro de estrangeiros (fL 212 da açêo penal)
Algo semel . foi dito pelo acusado Fernando Janine, que afInnou que as
transaçOes . m de Investidores estrangeiros (fi. 22.1,) se comprovado nos outros
processos q as lransaç6es efelulildas com as contas Bfaze e Kiesser diziam
respeito a arário de brasileiros, is1;o poderá inHuenciar no Julgamento da
presente a penal. ['la mesma forma, os controlat:bres da conte 6rala. na açao
que raspa perante este Juízo, afirmaram que seus clientes eram estrangeiros.
:?
A prova p ida neste feito f1!\ativamente à natull!lza das transaç6es da conta
Chettíar pc

·
ínHulr no julgamento daquele feito.

21. Também é formulada acusação de lavagem de


)'
, , ..
. ,
dinheiro nos
t wn\e!l termos:

~
"05 denunciados .. , de forma liVre e CO!lsçlente, ao
. rem e dissimularem a origem, prcprie4ade. locallzaçl!lo, dl$posiçio e
lmentaçao de valo!l!1I mantidos em conta no exterior (eonta Chettiar),
e . u nomes e de terceiros, e. ao previamente praticaram delitos contra
o N e por melo de organizaçêO criminosa, incorraram nas sançOes do
a o 1°, VI e VlI. çomblnado com o artigo 1.°, § 1.°. incisos 1& 11, com o
01", § 2.°. Incisos I e 11, li com o artigo 1°, § 4", da Lei 9.613198' (11.

22, E ainda:

. "A ocultaçêo e a dlssimullllÇAO da origem e propriedade


..
.'.
d .• valores foram realli!:adas de forma consciente e remunerada, ao longo
danos, especialmente considerando aS seguidas transaç6es entre as
.I
d' . as contas de ampr0$8s de fachada no exterior, de modo a 'lavar'
, l
monetários cuja origem no Brasil e no exterior são illcitas ou
estinas, quantias provenientes espeeialmente de crimes contra o
, '
ma financeiro naciorlal li delitos pratiCadOS por meio de organizaçao
lnosa (Inclusive crimes tributários)" (11. 23)
23. Ao seu tempo, quando do julgamento de mérito, tai
apreciada. Tem-se porém. que • ..m alguns ""$"",
cf j" a..elínado
O.. possfveiS .doleíros que respandemBproceSllO peIlilllte este Juízo
---'---'----T.5m~~~Ft''di;~lda'neiites reitoS relativamente á prática de cnmes financeiros por
será relevante para apreciar a BCUsaçaO ora formulada de lavagem

I\-:::·::n;:,::-:o-~':;7":''''''-'~-:"''''-'-'--'~'""'''~'''''''-"- ~.,--" .. _-- -,.,.,., ...


11/99/2605 15:31 41-31'34512 2 \lARA\~ 9'IMIHAL
;, c', ·:ii.'-~·,;~
it SUP~fi,01:{ 'tI'"ZidiJNAL
~ DE ,JUSTiÇA
JljSTICA FEDERAL . "':
S'}AO JUDICIÁRIA DO PARA.fÁS. O11Q
·I
~t 24. Assim, apesar da complexidade do$,fatos. é poeslvel
identificar poi;!vel conexao probat6lia (art. 76. 111, do CPP) ou mestm;l a conexa!)
prevista no aifigo 76. li, do CPP. deste feito em relaçao a outros em trâmite perante
este JuIzo c~o aqueles citadO& acima.
t~
'; 24 Quanto ao fato deste Juizo, acolhendo pedido do
MPF, ter rei.· .. 'do outro procedimento similar ã Silo Paulo, cumpre esclareCf:r que 11
medida talv tenha sido equivocada. tendO sido adotada por uma questao
puramente gmática. tendo em vista a carga pro_sual elevada imposta esta
Vara 'i!
~ 25 Deve-se ter presente que os fatos sub judice neste
feito e em +5 similares. silo complexos, envolVendo a prática de centenas de
operações fi"'nceirali, espalhanclo-se pelo território nacional e mesmo no exterior
Várias dess$\ operações financeiras envolllem fatO$ e pessoas investigadas em
outros proceílos. OS fatos até o momento desvelados apontam para um complexo
sistema de d6mpenSaçãO entre operadores do mercado de câmbio paralelo, em
feixes de tra~açõe$ 010 de todas esclarecidas. Em circunstAncias espécie. a exata
definição do tlicãl de prática e consumação dos delitos, bem como questões relativas
à conexão íi!com outms feitos. mostram-se igualmente c:mnplexas. sendo
recomendãvelh prudência na resoluçao de QUestOes atinentes à competêncla, com
certa dererêia às escolhas da acusação quando estas se mostram razoáveis e
máxime Qua'iO o caso envolve competência meramente relativa

~.J 26. Assim sendo e com a ressalva quanto à aludida


com:plexida.,. dos fatos e a uma instrução l'robalôlia ainda em andamento. a
eompetênCi;E' ra o julgamento da acusação formulada pelo MPF é de fato deste
Juizo, seja !que os fatos narrados na denúncia envolvem atos fraudulentos
I'$lacionados. evado de divisas consumada em Foz do Iguaçu, seja pela conexlio
com dlvers, s inqUéritos e aç6eS penais em curso nesta Vara, cf. processos
citados eX:Jrlficadamente nos Itens anteriores Além disso., este Juizo nElo agiu
arbitrariam em relação a manutenção. deste processo. nao podendo a
décilnaçAo .i:ouUo feito. que foi orientada por critérios eminentemente pragmálicos.
jusl:ificar, por.1 SÓ, a procedência desta exceçao

A
"ti
;;;
,<
111. DISPOSITIVO
.';\
U
ttY< 27. Ante todo o exposto. REJEITO a presente exceçtlo de
incompetêncl. mantendo o feito perante este Juizo.
~
." 28 T",,,ladê·Sê cópia de!ota decido para OS aums
princlpa!s. ;~
11/69/2e85 16;31 41-3134512 :2 V#i>A FE:D QUMn-w.. PI\G.
" n,.-"".
.:{,j.:-....~ •
IJ • ,.. Sl1PGRl0R 1RIBUN.~L
. OEJUST!ÇA
STIÇA FEDERAL
Ao JUDICIÁRIA DO PARfIít~. O1SfJ
(

Publique-se . Registre-se. I"~mem-se.


,,
,, Curitiba, 26 de setembro de 2005.

- ~~-Mo--ro-----------~
Juiz Federal

, l,

~ .
Slrr"i:H:OR TRiBliNA 19 6
DE JUS nç" TRF ,4' Região

fLS.0181 )5)

PODER JUDICIÁRIO
fRmUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

REMESSA

Na data infra, faço remessa destes autos ao


MINISTÉRlO PÚBLICO FEDERAL, pwa vista, bem
como para efeitos de intimação pessoal de seu
representante legal da 1. decisão das fls. 134-140,
conforme deteImina o artigo 370, parágrafo 4", do
Código de Processo Penal, combinado com o artigo
18, inciso R letra ''h'', da Lei Complement!U n° 75, de
20f05f1993 e artigo 53 do ReginIento Interno do
TIibunal Regional Federal da 4' Região.
POIto Alegre, 09fllf2005.

Cer'es Maria Santos Bittencourt


Diretora da Secretaria da SétinIa Turma

\
197

RECEBIMENTO
Na data infra, recebi. estes autos Do que,
para constar, lavrei este termo_

Porto_o. -~JJ.r·-'-~'-
. J •

·······_·····sé:,;;e~~ :fãyü~â.;.······· __··

,\

JUNTADA
~atà Infra. faço juntada a estes. autos

~
_ .c·.. . ._..,~.J0l[: ..;.&,-~ .
. '"..: .....:~..J.~1~.::::. ... u..>.,
- _......_.~.:........•,.... _............:..-
p eàrJ!::aL:1~ .
.,::0 ~.:~.::],,..menlo
: :.: . ~~_:. . . . ,...;.. . . . .

t
I
' .. '" " '.- ;,'.'

MINISTÉRIO PUBUCO FEDERtElS. O1Sa


PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA DA 4" REGIÃO

COLENDA 7' TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

Habeas Corpus n· 2005.04.01.047806-0


Impettante: Cláudio José Abbatepaulo e outro
Paciente; Joacyr Reinaldo
Impetrado: Juízo Fedelal da 2& Vara Federal Criminal e SFN de CuritibaIPR
Relator: Des . Federal Tadaaqui Huose.
)

PARECER

Penal. Habeas C01pUS.


Competência. Domicílio do
paciente. Conexão. BANESTADO.
Parecer pela denegação da ordem.

-1-

I rata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado no


escopo de concessão de ordem para declinação da ação penal n°
2005.70.00008925-4 para a Subseção Judiciária de São Pau!o/SP, como oconeu
com o Procedimento climinaI diverso nO 2004.70 00 . 021771-9 que investiga,
segundo o impetrante, fatos idênticos. o impetrante sustenta haver
6ÜllsbaugulleIi:tUilégaf 110' J1IocessO e julgameÚto' dopiíciulte pclo jlÍiio'que
considera incompetente, inexistindo apelações referentes a crimes contra o
sistema frnanceil'O nacional e de lavagem de dinheiro em contas mantidas pelo
BANESTADO ou de conexão com outros feitos que tramitam no Estado do
Paraná.

Rua Sete de Setembro, 1133 - Fone: (51) 3225-2311 - Fax: (51) 3225-5555 - CEP 9001Q.191 - Porto Alegre - RS
http://www prr4 mpf gov br
1_"_·0 :-=c~-:-·-C:--:·~·-·_-C---·_----:-·_· -- .-- ----.~ •. -.-.--. - . - -- .. -.--...• -.- -.-_._- •.• -. -- _.~.--
,;.: ---'.-

SUFERiOHl Rí8!JNAl
DE JtJSilÇA
MINISTÉRIO PUBLICO FEDERAL 'I t; n 1 n
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBt..te:A'bA'-ll· REGIÃO
a 199

o pedido liminar foi indefelido, confmme despacho de fls 134-


140

Informações apresentadas nas fls 144-150.

Autos ao Ministédo Público Federal para parecer.

É o breve relato

- ll-

o
impetrante visa à concessão de ordem para declinação da
competência do Juízo impeuado pala subseção de São Paulo da ação penal nO
2005.70.00.008925-4. Fundamenta seu pedido na ausência de relação errtre as
operações financeiras realizadas pela conta CHETIAR, existerrte no Merchants
Bank of New York, de titularidade do paciente e de Fernando Janme Ribeiro,
com o caso BANESTADO, ou de conexão com ounos casos apurados no Estado
do Paraná.

o
paciente, juntamente com Fernando Janme Ribeuo, Tereza
Mitsumune e Múiam de Vasconcelos ÜItiz Reynaldo, foi denunciado pela
°
prática de crimes praticados conna Sistema Financeúo Nacional (arts 4°, 16 e
22, parágrafo ÚIÚCO, da Lei nO 7.492186, lavagem de dinheiro, formação de
quadrilha e crime organizado, apurados, por meio de operações da Força Tarefa
CC-5 nas cidades de Nova IOlqUeINY e NewarkfNJ, em movimentações
irregulares em contas bancáâas existentes em paraísos fiscais.

As informações dão conta do julgamento de exceção de


incompetência que apreciou os argumentos expendidos no presente habeas
corpus nos seguintes termos:

"6 Os fatos envolveram a conta Cbettiar Bussiness INC mantida no


Merchants Bank de Nova York, e que teve movimentação de US$
22.827.lU8,63, no .período de 10/1212aOLaté 03/0112003, bem como a
empresa ChCkírade Cõrretora de Câmbio, Titulos e Valores Mobiliários,
com sede em São Paulo Segundo os termos da acusação, em síntese, a
referida empresa e conta eram utilizadas para a prática de operações de
câmbio ilegais do sistema paralelo no Brasil e para lavagem de dinheiro_

Rua Sete de Setembro. 1133 - Fone: (51) 3225·2311 - Fax: (51) 3225·5555 - CEP 90010-191 • Porto Alégre - RS
http~/www prr4 mpf gov br
. C_'C-. - - _ . - 1
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MINISTÉRIO PU8L1CO FE~I.- O18 4 _ 200


PROCURADORIA REGIONAL DA REPUBUCA DA 4! REGIAO

7 Ora, as corrtas mantidas no Merchants Bani< de Nova Y ork controladas


por brasileiros tiveram o seu sigilo bancário quebrado pelas próprias
autoridades norte-americanas em rastreamento de possíveis operações
envolvendo tráfico de entorpecentes, cf relato apresentado em Juízo pela
testemunha lbomas Dombronvisky.
8 As autoridades brasileiras chegaram a tais corrtas, por suas vez, através
de investigações conduzidas no inquérito de nO 2003 7000030333-4 que
tinham por objetivo rastrear o numerário remetido fraudulentamente par
afura do país através de corrtas CC5 mantidas em Foz do 19uaçuIPR
9. Em um primeiro momento, as diligências levaram às contas mantidas
na agência do Banestado em Nova York Posterionnente, a outras
instituições financeirns como a Beaeon HilI Service Corporation ou o
Merchants Bani< de Nova York
10 o MPF, em resposta â exceção, afirmou categoricamente que :
'resta evidente que os recursos depositados na conta Chettiar, controlada
pelo excipiente, são originários, direta ou indiretamente, de conta CC5
mantidas em Foz do Iguaçu, portanto, no Paraná, de modo que, pela
j aplicação da regra assente no artigo 71 do cpp é O Juizo da Circunserição
ludiciária de Curitiba, que conta com Vara especializada na apuração de
crimes contra o sistema financeiro, o competente para processamento do
feito'
11 I al quadro fático aínda não está de todo evidenciado, em que pese a
afirmação Nên obstante, não se pode perder de vista que a instrução da ação
penal ainda está em ttâmite, sendo possível a produção de prova nesse
seatido até o final do feito.
12 Quer isso ocorra ou não, O que importa para definição da competência
são os termos da acusação e esta como visto relaciona a movimentação das
corrtas mantidas pelos excipientes no exterior com a evasão de divisas
ftaudulerna ocorrida em Foz do Iguaçu.
13 Por certo, não seria admissível acusação da espécie sem base fática
14 Não obstante, em seu favor, eneontfa-se o fato de que o MPF aponta
pelo menos um depósito na conta Chettiar proveniente de empresa que
mantinha conta CC5 em Foz do Iguaçu .(fl. 13 da denuncia) o que leva à
natural suposição de vinculação entra as duas atividades
15. Além disso, como já fui dito, as autoridades brasileirns chegaram às
contas do Merchants Bank através de rastreamento de recursos evadidos por
Foz do Iguaçu, o que fui feito no inquérito nO 2003.7000030333-4.
16 Houve a partir da prova produzida nesse inquérito apenas um
desmembrameato dos inquéritos e ações penais com base no artigo 80 do
CPP e para evitar a inviabilização dos processos diante do gigantismo dos
fàtos e do número expressivo de envolvidos
17..Assim, a competência. deste Juizo em relação apresente ação penal
pode ser justificada também com base na conexão com o aludido inquérito
originário e todos os inquéritos e ações penais dele desmembrado e que
envolvem várias instituições financeiras e pessoas associadas para a prática
de uma mesma atividade complexa e aparentemente ilícita, de evasão de
divisas e prática de operações de câmbio no sistema paralelo ( )"

Rua Sete de Setembro, 1133 - Fone: (51) 3225-2311 - Fax: (51) 3225-5555 - CEP 90010-191 - Porto Álegre - RS
i http://www.prr4mpfgov.br
I
M1N1STER10 PÚBL1CO FEDERfilS.,. o185 _
PROCURADORIA REGIONAL DA REPUBLICA DA 4" REGIAO 201

o impetrante aduz que os Laudos EconôllÚco-Fínanceiro n°


625/05-INC e n° 756/05-INC, elaborados pelo Instituto Nacional de
Crinúnalística, apontam inexistir transações da conta ChettiaI com contas
mantidas pelo BANESTADO em Nova IOlque, ou com pessoas residentes ou
sediadas no Estado do Paraná. Por esse motivo, restaria determinada a declinação
de competência ao Tuízo Federal da Seção Judiciária de São Paulo, local do
dOllÚcílio dos réus.

, .', No entanto, verifica-se no Laudo n° 625/05-INC (fls 25-28) não


J ser absoluta a conclusão a respeito da inexistência de oper'ações entre a conta
Chettiat e contas mantidas no BANESTADO, ou com pessoas, fisicas ou
jurídicas, no Estado do PaI'aná: "Importante mencionaI' a possibilidade de
existirem transações, sejam remetidas ou recebidas, relacionadas ao nomes
pesquisados, porém não contempladas neste Laudo em razão de terem sido
lançadas no sistema de transIUÍSsão de ordens de pagamento com incoIIeções ou
de modo incompleto" .

Quanto ao Laudo nO 756/2005, a conclusão isolada das demais


provas dos autos, de que as operações manceu as ocorreram após o encerramento
das atividades do BANESTADO, não determina o afastamento da competência
do Juizo impetrado. As informações nele contidas deverão ser cotejadas com os
demais elementos probatórios dos fatos delituosos contidos na denúncia, cuja
complexidade foi considerada pata o desmembramento do inquérito que a
originou

_Ademais, sobre o declínio da competência ao Juízo Federal de São


Paulo, do procedimento nO 2004.70.00 021771-9, assevera a decisão da exceção
de incompetência: "Quanto ao fato deste Juízo, acolhendo pedido do lI.1PF, ter
lemetido outro procedimento si.tnílat à São Paulo, cumpre esclatecer que a
medida talvez tenha sido equivocada, tendo sido adotada por uma questão
puramente pragmática, tendo em vísta a ClIlga processual elevada imposta esta
Vara"~

A referida decisão ainda aponta:

"24. Assim., apesar da complexidade dos Jatos, é possível identificar


possível conexão probatória (art 76, m, do CPP) ou meSmo a conexão
prevista no artigo 76, 11, do CPP, deste feito em relação a outros em trâmite
perante este Juizo com aqueles citados acima

Rua Sete de Setembro. 1133 - Fone: (51) 3225-2311· Fax: (51) 3225·5555· CEP 90010·191· Porto Al!!gre - RS
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SUPC;KIÜH 1R!SlJI\IAl
DE JUS!IÇA

MINISTÉRIO PUBLICO FEDE~L flS. O18j


PROCURADORIA REGIONAL DA REPUBUCA DA 4! REGIAO
202

( )
25, Deve-se ter presente que os fatos sub judice neste feito e em casos
similares, são complexos, envolvendo a pràtica de centenaS de operações
financeiras, espalhando-se pelo território nacional e mesmo no e>."teríor,
Várias dessas operações financeiras envolvem fatos e pessoas investigadas
em outros processos Os fatos até o momento desvelados apontam para um
complexo sistema de compensação entre operadores do mercado de câmbio
paralelo, em feixes de transações não de todas esclarecidas Em
circunstãocias espécie, a exata deflnição do local de prática de consumação
dos delitos, bem como questões relativas à conexão com outros feitos,
mostram-se igualmente complexas, sendo recomendável a prudência na
resolução de questões atinentes à competência, com certa deferência às
escolhas da acusação quando estas se mostram razoáveis e máxime quando O
caso envolve competência meramente relativa'l

Ptesente conexão probatória da ação penal com outras ações e


inquéritos, ora desmembrados em virtude da complexidade dos fatos apurados no
Estado do Paraná, impõe-se a manutenção da competência da Vara Especializada
de Curitiba em detrimento daquela em que domiciliados os réus, São Paulo, Esta
será determinada somente nos casos de desconhecimento do local da inflação, na
forma do art 73, No entanto, versando a ação penal sobre operações financeiras
que poderão se inteIligar com outras apuradas em feitos diversos, existentes no
Juizo impetrado, inclusive com relação ao BANESTADO, impõe-se a
competência deste em VÍItude da possibilidade de reunião dos processos para
julgamentu, conforme art. 77, I, do CPP Assim, evitar-se-á divergência judicial a
respeito dos fatos, bem como haverá melhor avaliação de como ocoueram as
operações financeiras que apontam a prática de evasão de divisas e lavagem de
dinheiro"

Saliente-se, ainda, que as operações. delituosas conexas ao caso


BANESTADO, imputadas ao paciente, foram apur'adas em CPMI, como narra a
denúncia: "Os dois denunciados foram indiciados pela CPMI DO
BANESTADO pela utilização da conta CHETTIAR, na condição de
procuradores da CHETTlAR BUSINESS INC Segundo o item 123 do relatório
final do deputado JOSÉ MENI0R, 'Conforme dossiê e cartão de autõgr'afos,
as pessoas autorizadas a movimentar a conta são FERi'lANDO JANINE
RIBEIRO e JOACYR REINALDO, domiciliados em São Paulo' (fi, 8)"

A remessa do Procedimento criminal diverso n°


2004.70.00.021771-9 ao Juízo Federal de São Paulo (local do domicilio do
paciente) não determina a competência para plOcesso e exame da ação penal n°
2005,7000.008925-4, cujos fatos são conexos com os de outros feitos que

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MINISTÉRIO PUBLICO FEDERAL ,
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA DA 4~1RiG.ilA"1:87 203

tramitam no Juízo impetrado Assim, a possibilidade de julgamento único em


vittude da potencial interligação das operações imputadas ao paciente com as
apuradas em relação ao BANEST ADO, além do aproveitamento do conjunto
probatório, evita decisões judiciais conflitantes, o que poderá acontecer se
examinados em separado fatos delituosos conexos.

-m-
Em face do exposto, opina o Ministério Público Federal pela
denegação da ordem.

Porto Alegre, 11 de novembro de 2005.

r~,
C~simo De Carli
Procuradora Regional da República

Rua Sete de Setembro, 1133 - Fone: (51) 3225·2311 . Fax: (51) 3225·5555· CEP 90010-191 • Porto A@gre. RS
http://wwwprr4mpfgov.br
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sdfl'ljl'/!fffM (iq !~~-S:

JUSTiÇA FEDERAL
tlli.018i ~,~~ 4,
SEÇÃO ,JUDICIÁRlA DO PARANÁ ,
2'" Vara Criminal de Curttlba
Especiattzada em deUtos de Lavagem de dinheiro e contra o Sistema financeiro Nacional

Ofício n" 27912005 - GA81JFS Curitiba, 9 de novembro de 2005

1 li H1)') 100;

Senhor Desembargador:
..........&:::::...........

Em atenção ao Oficio n" 165912005-ST7, encaminho a Vossa


Excelência cópia da decisão proferida na Exceção de Incompetência n' 2005.70.00008925-4,
colocando-me à disposição pera outros esclarecimentos que se flZerem necessários.

Sem mais, reitero a Vossa Excelência votos de elevada estima e


consideração.

~
\ l i.
u$verson arias
Ju' fiederal S~bstílUto
2" V ra Federal Crl~inal de C ritíba

Excelentlssimo Senhor
Desembargador Federal TADAAQUI HIROSE
Relator do MS n" 2005 Q4.01.04780S-0IPR - 7" Turma
Tribunal Regional Federal da 4" Região
Porto Alegre - RS
$UPEhi(,iK TRiBUNlú_
JUSTiÇA FEDERAL DE. JUS11Ç-A
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ flS. O1 as
2.a VARA FEDERAL CRIMINAL DE CURITIBA
PROCESSO n.o 2005.7000013565-3
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
Excipiente: Joacyr Reinaldo
Excepto: Ministério Público Federal

L RELATÓRIO

1.. Trata-se de exceção de incompetência em relação à


ação criminal de nO 2005.7000008925-4

2. Argumenta, em síntese. o excipiente:


a) que, nos termos da denúncia, os delitos teriam sido
praticados e consumados no exterior através da conta Chettiar mantida no
Merchants Bank de Nova York e no Brasil. na sede em São Paulo da empresa
Clicktrade Corretora de Cãmbio, Títulos e Valores Mobiliários S/A;
b) que não há vinculaçãO necessária com o Caso
Banestado;
c) que processo equivalente que tinha por objeto outra
conta controlada pelos acusados foi remetido à São Paulo; e
d) que, portanto, a competência é da Justiça Federal de
São Paulo.

3. O MPF discordou da exceçãO, alegando, em síntese:


a) que a movimentaçãO da conta Chettiar é oriundo ou
destinado a outras contas investigadas perante o Juízo;
b) que a conta Chettiar recebeu, por exemplO, crédito da
conta do Banco Amambay cujos diretores estão sendo processados nos autos da
: -I ação penal 2004.7000016320-6;
c) que há registro de transações com a conta Braza
mantida no Merchants Bank de Nova York e cujsos titulares estão sendo
processados através da ação penal 2004.7000025085-1;
d) que há registro de transaçõs com a Lespan S/A que
tem como correspondentes a Tupi Cambios no Paraguai e a Alhec Tours na
Argentina, sendo que os dirigentes da Tupi Câmbios estão sendo processados
através da ação penal 2003.7000029533-2;
e) que os recursos depositados na conta Chettiar são
originários direta ou indiretamente de contas CC5 mantidas em Foz do I ua ulPR: e
que a conexão pro at noa com os demais processos
do caso Banestado

4. Os autos vieram conclusos para sentença


JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

li. FUNDAMENTAÇÃO ,. ...

5. A ação penal 2005.7000008925-4 tem por objeto


crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, .evasão Ge divisas e de
lavagem de dinheiro.

6. Os fatos envolvem a conta Chettiar Bussiness INC


mantida no Merchants Bank de Nova York. e que teve movimentação de US$
22827.838,63 no período de 1011212001 até 03/0112003, bem como a empresa
Clicktrade Corretora de Câmbio, Titulos e Valores Mobiliários, com sede em São
Paulo Segundo os termos da acusação, em síntese, a referida empresa e conta
eram utilizadas para a prática de operações de câmbio ilegais do sistema paralelO no
Brasil e para lavagem de dinheiro.

7. Ora, as contas mantidas no Merchants Bsnk de Nova


York controladas por brasileiros tiveram o seu sigilo bancário quebrado pelas
próprias autoridades norte-americanas em rastreamento de possíveis operações
envolvendo tráfico de entorpecentes, cf. relato apresentado em Juízo pela
testemunha Thomas Dombrovisky.

8. As autoridades brasileiras chegaram a tais contas, por


suas vez, através de investigações conduzidas no inquérito de n.o
20037000030333-4 que tinham por Objetivo rastrear o numerário remetido
fraudulentamente para fora do país através de contas CC5 mantidas em Foz do
IguaçulPR.

9. Em um primeiro momento, as diligências levaram às


contas mantidas na agência do Banestado em Nova York. Posteriormente, a outras
instituições financeiras como a Beacon HiII Service Corporation ou o Merchants Bank
de Nova York .

10. O MPF, em resposta à exceção, afirmou


categoricamente que:

"resta evidente que os recursos depositados na conta


Chettiar, controlada pelo excipiente, são originários, direta ou
indiretamente, de conta CC5 mantidas em Foz do Iguaçu, portanto, no
Paraná, de modo que, pela apliação da regra assente no artigo 71 do
CPP é o Juízo da Circunscrição Judiciária de Curitiba, que conta com
Vara especializada na apuração de crimes contra o sistema financeiro, o
competente para processamento do feito 11

11 . Tal quadro fático ainda não está de todo evidenciado,


em que pese a afirmação. Não obstante, não se pode perder de vista que a
instrução da ação penal ainda está em trâmite, sendo possível a produção de prova
nesse sentido até o final do feito.

i
.l
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ fLS.0191
207 7/~~~
~
12. Quer isso ocorra ou ná!), o que importa para definiçãQ.....J
da competência são os termos da acusação e esta como visto relaciona a
movimentação das contas mantidas pelos excipientes no exterior com a evasão de
divisas fraudulenta ocorrida em Foz do Iguaçu

13. Por certo, não seria admissível acusação da espécie


sem base fática

14 Não obstante, em seu favor, encontra-se o fato de que


o MPF aponta pelo menos um depósito na conta Chettiar proveniente de empresa
que mantinha conta CC5 em Foz do Iguaçu (fi. 13 da denúncia), o que leva à natural
suposição de vinculação entre as duas atividades

15 Além disso, como já foi dito, as autoridades brasileiras


chegaram às contas do Merchants Bank atravês de rastreamento de recu rsos
evadidos por Foz de Iguaçu. o que foi feito no inquérito nO 2003 7000030333-4.

16. Houve a partir da prova produzida neste inquérito


apenas um desmembramento dos inquéritos e açàes penais com base no artigo 80
do cpp e para evitar a inviabilização dos processos diante do gigantismo dos fatos e
do número expressivo de envolvidos

17. Assim, a competência deste Juizo em relação a


presente ação penal pode ser justificada também com base na conexão com o
aludido inquérito originário e todos os inquéritos e aÇÕes penais dele desmembrado
e que envolvem várias instituiçaes financeiras e pessoas associadas para a prática
de uma mesma atiVidade complexa e aparentemente ilícita, de evasão de divisas e
prática de operações de câmbio no sistema paralelo.

18. A demonstrar tal conexão, transcreve-se' ainda o


seguinte trecho da denúncia:

"Ainda como exemplo das operações do esquema ora


denunciado, a conta Chettiar efetuou várias transações com a conta
Braza, também no Merchants Bank, de titularidade de Eliottt Maurice
Estinazi. Renato Bento Maudonnet Jr, Dany Lederman e Helio Renato
Laniado, cf. as fls. 190, 199,228 e 229 do inquérito policial 1167/04
Entre 13 de dezembro de 2001 e 6 de dezembro de 2002,
a conta Chettiar recebeu vinte e cinco créditos da Lespan, mantida no
First Union BanklNew york, no montante de US$ 2.800197,00. Além
disso, entre 12 de dezembro de 2001 e 21 de maio de 2002, a Chettiar
remeteu para a Lespan, em três operações, a quantia de US$ 336.053,26
(fls. 53c56).
Seguindo o mesmo modus operandi, a conta Chettiar
recebeu nove créditos da conta Kiesser, n 30102170, mantida no
MTBIHUB, no montante total da US$ 1.350.000,00 (fi 53), entre
20/12/2001 e 24/0512002 A Chettíar enviou para a mesma Kiessser, em
22/05/2002, a quantia de US$ 30.000,00 (fi 54)" (fi 14)

?
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ FlS.019B 20~~ '-.J
19 E como o próprio MPF aponta na denúncia, as
movimentação financeira de tais contas estão sendo investigadas em processos em
trâmite nesta Vara, de nos 2003700000051547-7, 2004.7000025085-1 e
2004.7000033221-1. Já a movimentação da Lespan ainda sendo investigada no
próprio inquérito originário 20037000030333-4.

20. A prova colhida em um desses processos


relativamente à natureza das transações efetuadas com a Chettiar pode ser
relevante para o julgamento deste feito e vice-versa. Por exemplo, em seu
interrogatório, Joacyr Reinaldo afirma que as transações efetuadas na conta da
Chettiar, em sua maioria, envolviam dinheiro de estrangeiros (fi. 212 da ação penal).
Algo semelhante foi dito pelo acusado Fernando Janine, que afirmou que as
transações eram de investidores estrangeiros (fI. 224) .. Se comprovado nos outros
processos que as transações efetuadas com as contas Braza e Kiesser diziam
respeito a numerário de brasileiros, isso pOderá influenciar no julgamento da
:. . )
presente ação penal. Da mesma forma, os controladores da conta Braza, na ação
que respondem perante este Juízo. afirmaram que seus clientes eram estrangeiros.
A prova produzida neste feito relativamente à natureza das transações da conta
Chettiar poderá influir no julgamento daquele feito

21. Também é formulada acusação de lavagem de


dinheiro nos seguintes termos:

"os denunciados .... de forma livre e consciente. ao


ocultarem e dissimularem a origem, propriedade, localizaçãO, disposição e
movimentação de valores mantidos em conta no exterior (conta Chettiar),
ern seu nomes e de terceiros, e, ao previamente praticarem delitos contra
o SFN e por meio de organização criminosa, incorreram nas sanções do
artigo 1 0, VI e VII, combinado com o artigo 1.°, § 1 0, incisos I e 11, com o
artigo 1 0, § 2·, incisos I e 11, e com o artigo 1°, § 4,°, da Lei 9.613/98" (fi.
32)

22. E ainda:

"A ocultação e a dissimulação da origem e propriedade


dos valores foram realizadas de forma consciente e remunerada, ao longo
dos anos, especialmente considerando as seguidas transações entre as
diversas contas de empresas de fachada no exterior, de modo a 'lavar'
valores monetários cuja origem no Brasil e no exterior são ilícitas ou
clandestinas, quantias provenientes especialmente de crimes contra o
sistema financeiro nacional e delitos praticados por meio de organização
criminosa (inClusive crimes tributários)." (fi. 23)

23. Ao seu tempo, quando do julgamento de mérito, tal


acusação será apreciada Tem-se, porém, que, em alguns casos, cf. já declinado,
tais terceiros são possíveis doleiros que respondem a processo perante este Juízo.
Assim, a prova colhida nestes feitos relativamente à prática de crimes financeiros por
esses doleiros será relevante para apreciar a acusação ora formulada de lavagem
de dinheiro.

I
I
JUSTiÇA FEDERAL
s~çÃo JUDICIÁRIA DO PARANÁ

24. Assim, apesar da complexidade dos fatos, é possível


identificar possível conexão probatória (art 76, 111, do CPP) ou mesmo a conexão
prevista no artigo 76, li, do CPP, deste feito em relação a outros em trâmite perante
este Juízo como aqueles citados acima.

24. Quanto ao fato deste Juízo, acolhendo pedido do


MPF, ter remetido outro procedimento similar à São Paulo, cumpre esclarecer que a
medida talvez tenha sido equivocada, tendo sido adotada por uma questão
puramente pragmática, tendo em vista a carga processual elevada imposta esta
Vara

25. Deve-se ter presente que os fatos sub judice neste


feito e em casos similares, são complexos, envolvendo a prática de centenas de
operações financeiras, espalhando-se pelO território nacional e mesmo no exterior.
Várias dessas operações financeiras envolvem fatos e pessoas investigadas em
outros processos Os fatos até o momento desvelados apontam para um complexo
sistema de compensação entre operadores do mercado de câmbio paralelo, em
feixes de transações não de todas esclarecidas. Em circunstâncias espécie, a exata
definição do local de prática e consumaçãO dos delitos, bem como questões relativas
à conexão com outros feitos, mostram-se igualmente complexas, sendo
) recomendável a prudência na resolução de questões atinentes á competência, com
certa deferência às escolhas da acusação quando estas se mostram razoáveis e
máxime quando o caso envolve competência meramente relativa

26. Assim sendo e com a ressalva quanto à aludida


complexidade dos fatos e a uma instrução probatória ainda em andamento, a
competência para o julgamento da acusação formulada pelo MPF é de fato deste
Juízo, seja porque os fatos narrados na denúncia envolvem atos fraudulentos
relacionados à evasão de divisas consumada em Foz do Iguaçu, seja pela conexão
com divelSOs outros inquéritos e ações penais em curso nesta Vara, cf. processos
citados exemplíficadamente nos itens anteriores. Além disso, este Juizo não agiu
arbitrariamente em relação a manutenção deste processo, não podendo a
declinação de outro feito, que foi orientada por critérios eminentemente pragmáticos,
justificar, por si só, a procedência desta exceção

111. DISPOSITIVO
)

27. Ante todo o exposto, REJEITO a presente exceção de


incomoetência mantendo o feito perante este .Juizo

28. Traslade-se cópia desta decisão para os autos


principais.

Sem custas
.~~ i
SEÇÃ.o JUDICIÁRIA DO PARANÁ ~ 210
flS. 019~
PUblique-se Registre··se .. Intimem-se.

Curitiba, 26 de setem bro de 2005

.- ~-M-o-ro---~
Juiz Federal
11
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

CONCLUSÃO

Na data infra, faço estes autos conclusos ao


Excelentíssimo Senhor DesembargadoI Federal-
Relator.. Do que, para constar, lavrei este termo,
Porto Alegre, 1~ I /j 1/ 105 .

rCeres Maria Sant()~itteneourt


Diretora da Secretaria da 7' Tutma
s. U?fH~Of··,~ l' ,;';'," ''''i"'"''',''I:'-;,o-
:;::;~ I'1dli'l
. DE ,lUST!ÇA h?

fl5.019~ 212
Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

"HABEAS CORPUS" N° 200S.04.01.047806-0IPR


RELATOR Des. Federal TADAAQUI HIROSE
IMPETRANTE CLÁUDIO JOSE ABBATEPAULO e outro
IMPETRADO JUÍZO FEDERAL DA 02A VF CRIMINAL E SFN DE
CURITffiA
PACIENTE JOACYR REINALDO

RELATÓRIO

Cuida-se de Habeas Corpus impellado Conlla ato do Mtvt Juízo Federal


da Segunda VlUa Federal Criminal de CutitibaiPR, que rejeitou exceção de
incompetência (Pl'Ocesso n° 2005.70.00. 013565-31PR, =rendo os autos da Ação Penal
2005.70.00 . 008925-41PR, em que foi denunciado JOACYR REINALDO pela suposta
plática de ctimes conlla o Sistema Financeiro Nacional (1Uts. 4", 16, 22, PlUágIafo
úníoo, clc art. 1°, plUágrafo úníco, inc I e lI, da Lei 7.492/86); lavagem de dinheiro (lUt
F, inc VI e VII, clc ruI l°, § JO, inc. I e n, c/c ruI JO, § 2°, inc. I e lI, e clc att. 1°, § 4°,
da Lei 9.613/98); fOI mação de quadlilha (rut. 288 do CP), clc o rut. 69 do CP e com a
Lei 9.034/95 (Clime organizado), na Subseção JudiciáJia de CUlitibaiPR.

Alegam os Impettantes que o Paciente está sofrendo oonstrangimento


ilegal, porquanto, em sintese, está sendo plocessado pelante Juízo inoompetente.
Sustentam que no Procedimento Criminal Diverso nO 2004.70.00.021771-9IPR, em
processo que se investiga fatos idênticos envolvendo do Paciente, o Juízo impenado
declinou da competência para a Subseção JudiciáJia de São Paulo/SP. Aduzem que "é
clara a inexist@ncia de transações realizadas pelo paciente com contas mantidas no
BANESTADO em Nçva Iorque, bem como de transações com pessoas residentes ou com
sede no Estado do Paraná, além da inexistência de conexl!o com outrO! feitos" Giza
ofensa ao plinclpio constitucional do julz natulal, polquanto o juiz competente pata
processaI e julgru o feito é o do lugar da infr·ação ou o do domicílio ou residência do
réu.

A liminar restou indeferida às fls 1341140. O Juizo Impetrado prestou


infolmações (fls. 144/150). A l'roCUladOlia Regional da República opinou (fls. 152/157)
pela denegação da Oldem. É o relate.

Em mesa.

_,.(Q~OSE
~H

968171.VOO5 III
l~mIBlllllllie~[~111I1
rf'L'5.o.'.J.",)1
(11 a 'i1

Poder Judlclálio
TRIBUNAL REGlONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

"HABEAS CORPUS" N° 200S.04.01.047806-0IPR


RELATOR Des. Federal TADAAQUI lllROSE
IMPETRANTE CLAUDIO JOSE ABBATEPAULO e outro
IMPETRADO JUÍzo FEDERAL DA 02A VF CRIMINAL E SFN DE
CURlTffiA
PACIENTE JOACYR REINALDO

VOTO

Cuida·se de Habeas Corpus impellado em favor de JOACYR


REINALDO, alegando, em sintese, incompetência do Juizo Federal da Segunda Vara
Federal Criminal de Cutitiba/PR para processar e julgar a Ação Penal nO
2005.70.00.008925·4/PR, em que foi denunciado PlátiCa, em tese, de mimes contra o
Sistema FiIlllllceiro Nacional (arts.. 4°, 16, 22, parágrafo único, clc art. 1°, parágrafo
único, inc. I e lI, da Lei 7.492/86); lavagem de dinheiro (art. 1·, inc VI e VII, cle art 1°,
§ 1°, inc. I e n, ele arí. }O, § 2·, inc. I e n, e cle art. }O, § 4·, da Lei 9.613/98); formação
de quadrilha (art. 288 do CP), ele o ar!. 69 do CP e com a Lei 9.034/95 (crime
organizado).

Ao examinar o pedido liminar, proferi decisão (fls.. 1341140) nos


seguintes termos, confOlme Ilecho que ma Ul\D.SCIevo e os quais adoto como razões de
decidir:

"Em análise perjUnctória, característica desse exame preliminar, não


vejo configwados os requisitos necessários ao deferimento da IUtela de
utgéncia, quais sejam jUmus bani !uris e pertculum in mora. 'Vejamos.

A alegação de incompetência do Juízo Impetrado para processar e


julgar o feito. não merece prosperar, porquanto as fatos narrados na
denúncia é que firmam a competência para processamento e julgado do
processo-crime, ainda que, posteriOlmente. após a devida instrução
processual, não reste comprovada a circunstância que atraiu
inicialmente a competência para processamento do feito.

Nesta senda. a exOldial (fls 86/120) narra os seguintes fatos, cujos


excertos tJanscrevo para melhor entendimento do caso subjudice:

"1. Os fatos nanado. nesta denúnCia foram apurado. em diligência:;


realizadas pela Força-Tarefa CC-5. as cidades de Nova lorquelNY e
NewarkINJ, pam aprofundar investigações acerca das atividades de
. cOr1entista, e ex-correntistas da . Ia agência do Banestado em Nova
Iorque \.

9681n,V006 in
1~1!1~11D11~1~llllIlmlllm
-- .;,.>.~~.::.: .....:...,:.. ~'~'"'-- ... _..:..:.cc··.:;
•. -,."-,=""""...,,,,,.,:..,,,-0.,:"'''~"r·;'-'';'·'''i;'2lJ·;j;tc:é':;''i<'1;',~:i·~:'r,~Sl-w"·',,,':j"'~'"'.':" •.r:liti&:f~"-,'~i:;/>·",:~,,,''::·
. .=':::-":/mi!l::";::::'C;;-;,""", ;:=:1.:\0'< ',-.' _.~~:~::..: ..;,>,..: : :-:-:~ . '.,;~- ;/"~~;~':.:'i

10~
~i

214
Poder Judiciát'io
fRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

2. Tada a plOva reunida pela força-leuefafoi colhida legitimamente junto


a autoridades norte-americanas do Departamento de Segwança Interna
(DHS) e da Procuradoria das Estados Unidas (United Stales A/lomey)
para o Distrito de Nova Jersey, mediante autorizações de quebra de
sigilo deferidas pela Justiça Federal do Paraná e pela Justiça dos
Estados Unidos da América e mediante a intermediação das autoridades
centrai, dos doi, paises na âmbito do MLAT
3 No material colhido em três viagem da força-tarefa do Ministério
Público Federal aos EUA, em agosto e novembw de 2003 e em
novembro de 2004, e nas contatos formais subseqüentes, constatou-se a
exi$/ência de outros bancos norte-americanos que foram utilizados por
c011entistas e ex-conentistas da agência BanestadolNY, JIll'a a
movimentação clandeslina de recursos nacionais e lavagem de dinheilO,
entre os quais o banco Chase Manhattan. utilizado no esquema Beacon
HiII Ser vice Corporalion (BHSC) " O MI B Bank e o M.,chants Bank qf
New York· base do esquema Nolasco " todos situados na cidade Nova
Iorque.

) 8. Não há dúvida quanlo à autoria. Dois dos denunciados foram


indiciados pela CPMI DO BANES1:ADO pela utilização da conta
CHETTIAR, na condiçãa de procuradole, da CHETTIAR BUSINESS
INe Segundo o i/em 1.23 do relatório final do deputado JOSÉ
MENTOR, "Conforme dassiê e cartão de autógrafos, as pessoas
autorizadas a moWmentar· a conta são FEKNANDO JANlNE RiBEIRO e
JOACYR REINALDO, domiciliadas em São Paulo""

o Juizo Impetrado, paI .lUa vez, ao rejeitar a exceção de incompetência


(jls 75/80), assim se posicionou.

"5 A ação penal 2005.7000008925-4 tem por objeto crimes de gestão


fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e de lavagem de
dinheiro.
6. Os fatos envolvem a conta Chelliar Bussinels INC mantida no
Mer~hants Bank de Nova York, e que teve movimentação de US!/'
22827.838,63 no períado de 10/1212001 alé 03/01/2003, bem como a
i empresa Clicktrade Conetora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários,
.j c~,: sede em São Paulo Segundolos termos da aC"átis~çãad' em sinle:e, ~
!I' leJerida empresa e conta eram Uli izadas para a pr ca e operaçao «e
cambio ilegais do sistema paralelo no BIasi! e para lavagem de dinheiro
7 Ora, as contas mantidas no Merchants BanA: de Nova York controladas

iI par bIasi/eiras tiveram o seu sigilo banem ia quebrado pelas prfJprías


. ···~----------------cu".U'lt'Oro1'idlldr:?S7Wlte ..wl1ericanas em rastreãttlemo ae pOSSlYeZS operaçoes
envolvenda tráfico de entorpecentes, cf relato apresentado em Juizo pela
testemunho I'homas Dombrovisky.
8. As autoridades brasileirm chegmam a tais contas, por suas vez,

,I I fRiUI••ü;'~~:"'(QJ 00 ~;,;ii~;i;~
J.
fLS.0199
PodeI" Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIÃO

2003.7000030333-4 que tinham por objetivo ra5trear o numeráJ ia


remetido fraudulentamente para fora do pais através de contas CCS
mantidas em Foz do 19uaçu/PR
9. Em um primeiro momenlo, as diligêncial levaJam àl contas mantidas
na agência do Baneltado em Nova Yorle- Posleriormente, a outtas
instituições financeiras como a Beacon Hill Service Corporalion ou o
Mer~hants Bank de Nova York.
JO.. MPF, em resposta à exceslão afirmou ca/egoricameme que: "reS/a
evidente que os reCUrSOI depositadas na conta CherriaJ; controlada pela
excipiente, lão originárias, direta ou indiretamente, de conta CC.5
mantidas em Foz do Iguaçu, portanto, no Paraná, de modo que, pela
apliaçao da regra assente na artigo 71 do CPP é o Juizo da
Circunscrição Judiciária de Curitiba, que conta com Var'a especializada
na apwaçao de crimes contra o sistema financei70, o competente para
pr ocessamento do foi/o. "
11 Tal quadra fático ainda não está de todo evidenciado, em que pese a
af17mação Não obstante, nao se pode perder de vis/a que a instrução da
ação penal ainda está em trâmite, sendo possível a produçoo de prova
nesse sentido até O final do feito.
12. Quer isso acorra ou não, o que importa para definição da
competlincía são os termos da aculaçaO e esta como visto relaciona a
movimen/açoo dOJ contas mantidas pelos excipientes no exter ior com a
evasao de dtvisas fraudulenta ocorrida em Foz do Iguaçu.
13. Por certa, não seria admissivel acusação da espécie sem base fática.
14. Não obstante, em seu favol, encanlr<>-se o fato de que o MPF aponta
pelo menos um dep6sita na conta Chetti01 p1'Oveniente de empresa que
mantinha conta CC5 em Foz do Iguaçu (jI. 13 da denúncia), o que leva à
natural suposiçoo de vinculaçoo entre as dUl1$ atividades.
15. Além disso, comojá foi dito, as autoridades brasileiras chegar'am às
cantas do Merchants Bank atl'avés de rastreamento de recursos evadidas
por Foz de Iguaçu, o que foi feito no inquérito n- 2003.70000,0333-4.
J 6. Houve a partir da prova produzida neste inquér i/o apenas um
desmemb1'Omento dos inquél itos e ações penais com base no artigo 80 do
CPP e pOla evitar a Inviabilização dos pIOCeS!OS diante do gigantismo
dos fatos e do número expressivo de envolvido!
17. Assim, a competência deste Juízo em ",Iaçoo d presente aç{1o penal
pode ser justificada também com base na conexao com o aludido
inquérito O1igináJio e todos os inquéli10s e ações penais dele
desmembrado e que envolvem vária! instituições financeiras e pessoas
associadas par'a a prática de Uma meSma atividade complexa e
aparentemente i/feita, de evasoo de divisas e pl ática de operações de
cámbio no sistema pm alelo.
/8. A demonsnar /al conexão, transcrev... ,e ainda O seguinte trecho da
denúncia:

"Ainda como exemplo das operações do esquema ora denunciado, a


conta Cheltiw efetuou várias transações com a conta Braza, também no
Merchanls lJank, de tituJarid~ -liliom Maw ice Estinazi, Renato

2005.04.0J.0471lO6-0 JZOR©JZORI ((; ) 968172.VOO63/7


ImmIIWI\III1UUI\lm!nlllriJllIll~IIIIIIIIIIIIMOimll~. 1llIlllIn~llllIllnmill
216
Pode.' Judíciá,'io
TRlBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIÃO

Bento Maudonnet Jl; Dany Ledelman e Helio Renato Laníado, t;j: as fls
190., 199,228 e 229 do inqué1íta policial 1167104,
Entre 13 de dezembro de 2001 e 6 de dezembro de 20.02, a conta Chettiar
recebeu vinte e cinco cniditru da Lespan, montida no Fir,t Unian
BanklNew york, no montante de US:& 2800.197,00.. Além disso, entre 12
de dezemblo de 20.01 e 21 de maio de 200.2. a Chettiar ,emeteu para a
Lespan, em três operações, a quantia de US$ 3360.53.26 (f/s 53-56)
Seguindo o mesmo modus operandl, a conta Chettlar recebeu no..
crédito. da conta Kiesser, n.. 3010.2170, mantida no MIB/HUB, no
montante total da US$ 13500.00,0.0. (f/ .53), entJe 20./12/20.0.1 e
24/05/20.0.2 A Chettiar enviou para a mesma Kiessel, em 22/0.5/2002, a
quantia de US$ 3D 0.00,0.0 {f/ 54)." (f/ 14)

24 Assim, apesar da complexidade dos jatos, é possível identiflc01


passível conexão probatória (art 76, 111, do CPP) ou meSmo a conexão
prevista no artigo 76, D, do CPP, deste feito em leiação a outr'Os em
trâmite perante este Juizo como aqueles citados acima
) 24 Quanto aojato deste Juízo, acolhendo pedido do MPF, tel lemetido
outro procedimento similar à São Paulo, cumpre esclarecer que a
medida talvez tenha sido equivocada, tendo sido adotada por uma
questão pUl'amente pragmática, tendi em vista a carga p' ocessual
elevado imposta elta Vara
25, Deve-se ter presente que os fatos sub judie. neste feito e em casos
simüar'es, são complexos, envolvendo a prática de centenas de oper'ações
financeiras, espalhando-.e pelo território nacional e mesmo no exterior,
Várias dessas oper'QÇões envolvem fa/os e pessoa! investigadas em outros
processos. Os jatOlS até o momento desvelados apontam para um
complexo sistema de compensação .'Itr'e operadores do mercado de
câmbio paralelo, em feixe! de tr'ansação não de todas esclmecidru Em
CilCunstâncias espécie, a exata definição do local de prática e
consumaçÕJJ dos delitos, bem como que.stões relativas à conexão com
outr'os feitos, mostram-se igualmente complexas, semlo recomendável a
prudência na resolução de questães atinentes à competência, com certa
deferência às escolhas da acusação quamlo estas sI! mamam razoáveis e
máxime quando o caso envolve competência,
26, Assim sendo e com a ressalva quanto à aludida complexidade dos
fatos e a uma instrução probatória ainda em andamento, a competência
l 1
para o julgamento da acusação é de Juizo, seja pOlgue OI fatos narrados
! j na denÚllcia envolvem atos fraudulentos relacionados à evasão de divisas
• consumada em Foz do Iguaçu, seja pela conexão com diversos outros
i inquéritos e ações penais em C'UlSO nesta Vara. ç/: processo! citados
ii exemplificadamente nos itens antezjorpç Além dis;s.a,..este lu;ZO não agil!
arbitrariamente em relação a manutenção deste processo. não padendo a
declinação de OUtl'O feito, que foi orientada por critério! eminentemente
pragmáticos, justificar, por si' ocedência desta e:xceção ..

968172.V006 4n
1~IUlIIIII.llml 0111111111 ~II
5Uf"d<IU< 1i<J6UNAL
OE.JUSTIQA

FlS,G201 21'4
Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIÃO

Veja-se que, de uma leitura atenta da decisão que rejeitou a exceção de


incompetência argüida pelo Impetrante perante O Juízo a quo,
depreende-·se que todos os atos emanados pela autoridade apontada
coa/ma, dizem respeito à conexão instrumental deconente do caso
BANESTADO, delerminados à luz do a1/ 76, inc. In do Código de
Processo Penal (quando a prova de uma inftação ou de qualquer de suas
circunstâncias elementares influir na prova de outra ínftaç/io), em face
da Resoluç/io 20/2003 da Presidência do TRF/4 aR

Assentadas ditas premissas, alterada a competência pela cone>e/io em


face da peculiar idade e complexidade da matéria envolvida (sonegaç/io
fiscal, evas/io de divisas, lavagem de dinheiro, entre outras), não há falar
em nulidade dos alas praticados pelo Juízo impetrado, praticados em
face da competência concorrenle da apontada autoridade impetrada

Portanto, são legítimos e válidos os alas judiciais determinados em face


da competência concorrente da autor idade apontada coatora como
conseqfJência da conexão instrumental, conforme o art 76, inciso III. do
) Codigo de Processo Penal

Sobre o tema, veja-se o entendimento da Sétima Turma deste Regional:

"PROCESSUAL PENAL CRIME CONlRA O SISTEMA FINANCEiRO


NACIONAL HABEAS CORPUS ANULAÇÃO DO FE110
COMPETÊNCIA RELATIVA. PRECLUSÃO 1'EMPORAL EXCEÇÃO
DEINCOMPE1ÊNClA CONEXÃOART. 80DOCn
1. Nlio tendo sido mte'posta exceção de incompetência, operou-se a
preclusão temporal, mosttando-stl inviável a utilização do recurso de
"habea~ corpus" para a reabertura de discU$são acerca de competência
,~lativa
2. Cabível. 110 entanto, o uso do "habeas corpus" para a discussão da
compe/éncla re/ativa dentro da nova ação ptmal, já que a parte poderá
disC1llir a questão pela competente via da e'IXeç/io, ser:Víndo então a
substituição pelo remédio heróico em razlJo de sua maior celeridade.
3. A denúncia imputa aos denunciadas o envio de dinheito irregular para
fOfa do paf.! por meio de vários métodos, inclusive pelas contas CC-5 de
Foz do Iguaçu, o que justifica a competência do Justiça Federal do
Par:anó
4. Mesmo oconendo hipótese legal de conexi'io, pode, á o magistrado
justifteadamente manter separados os feitos, no fo,ma do art. 80 do CPP,
o que é razoável no caso presente pela diferença de fases em que ,e
encontram os processos e pelo grande número de fatas investigados
5. Ordem de habeas corpus denegada. "
(BC n" 2005 04 01 OI9507-3/PR, rei Des Federal NÉFI CORDEIRO,

;lillii~;;:lm,",,@ 968 J n.v006 5f7


IIItnllllllDDlllmmlllllMI
,' _ _ _ ~~'O'~~ . • _ , _ , _ _ . " .~. ," - - '.0 'O . . ." ~,.:_.' _ -~",' •• ' , .'.:".'=-...=-~ -'" ___
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Nd
i 1.~+ U,?, C~~
Poder Judiciério
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIÃO

Quanto à alegação de que no Procedimento Oiminal Diverso n D


2004.70,OO.021771-9IPR, em processo que se investiga fatos similares
envolvendo O Paciente. o Juízo impetrado declinou da competência para
a Subseção Judiciária de São PaulolSP, também não prospera,
porquanto. nos telmos da promoção ministerial de fls. 68/73. somente
houve o pedido de declinação de competincia. "por inexislir-em, naquele
caso especifico, el-ementos que demonstrassem a conexllo entre a
conduta delituosa perpetrada pelo excipiente e demais denunciados
através de sub-conta da Beacon HilI e o caso BANESTADO,"

Por outro lado. a alegação depende de um exame acurado dos fatos e do


conjunto j11ohatório, o que nesta sede é inadmissível, como é cediço

No que tange ao periculum in mora, entendo insubsistente, visto que não


há perigo iminente contr-a a libeldade de ir e vil do Paciente que
justifique a medida extrema.

Por outro lado. também não visualizo constrangimento algum na


realização dos ato processuais .. audiéncia de oitiva de testemunha - , ao
contr'ário, a mesma se apresenta como meio de prova e especialmente de
defesa. porquanto se tr'ata de mais uma oportunidade para o Paciente
comprovOl a sua wmão dos fatos investigados

Frente ao exposto, indefirO a liminar pleiteada, "

A ProcuradOIía Regional da República, em parecer de fls. 152/157,


opinou pela denegação da OI dem, confonne trecho que om transclevc:

"Presente conexão probatória da ação penal com outras ações e


inquéritos. ora desmembrados em virtude da complexidade dos fatos
apurados no Estado do Paraná, impõecse a manutenção da competência
da Vara Especializada de Curitiba em detrimento daquela em que
domiciliados os réus. São Paulo Esta será determinada somente nos
casos de desconhecimento da local da infração, na fOlma do ali. 73. No
entanto. versando a ação penal sobre operações financeiras que paderão
se interligar com outras aputadas em feitos diversos, existentes no Juízo
impetrado. inclusive com relação ao BANESTADO. impõe-se a
competência deste em virtude da possibilidade de reunião dos processos
:pal11 ju{gametl10, conjunne an. 7i 1: âb cpp Asszm, evltar~se...a
J

divergência judiCial a respeito dos fatos, bem como haverá melhor


avaliação de como ocorreram as operações fmanceims que apontam a
prática de evasão de divisas e l~heiro

11~~RÜiiollil~fiHIIII~;il~mIMllmllD ~ 968172.VOO6 617


1IIIlIIIIMIIGll l lmIII
Poder Judiem.i<>
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO

Saliente-se. ainda. que as opel ações delituosas conexas ao caso


BANESTADO. imputadas ao paciente, foram apuradas em CPMf. como
narra a denúncia: "Os dois denunciados foram indiciados pela CPMI
DO BANESTADO pela utilização da conta CHETTIAR. na condição de
procuradores da CHETTIAR BUSINESS INC Segundo o item 123 do
relatória final do deputado JOSÉ MENTOR. 'Conforme dossiê e cartão
de' autógrafos, as pessoas autorizadas a movimentar a conta são
FERNANDO JANINE RIBEIRO e JOACYR REINALDO,
domiciliados em São Paulo' (fi 8)".

A remessa do Procedimento criminal diverso n' 2004 70.00021771-9 ao


Juizo Federal de São Paulo (local do domicilio do paciente) não
determina a competência pata plocesM e exame da ação penal n"
2005.70 00 00892.5-4, cujos fatal são conexos com os de outros fritos
que tramitam no Juízo impetrado Assim, a possibilídade de julgamento
único em virtude da potencial inte/ligação das operações imputadas ao
paciente com as apuradas em relação do BANESTADO, além do
aproveitamento do conjunto probatório. evita decisões judiciais
) conflitantes, o que poderá acontecer se examinados em separado fatos
delituosos conexos"

Diante de todo o exposto, denego a ordem de habeas corpus.

É como voto.

If)'
Des. Federal_!ADAAQUI HIROSE
Relator

9681 72.vOO6 7f7


. IIIIIIIM 11m 1IIIIillmlllilllll
'.
SUPEl-tiCH 'I j:; IBUNAL
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL
CERTIDÃO DE E J'US11ÇA
JOLG1;MENT8
*** 7' TURMA *** flS. 02(J~ 220
12005.04.01.047806-0) SESSÃO: 22/11/2005 HCorp-PR 200570000089254

RELATOR: Exmo. S:r·. Des. Federal T.l\DAAQUI HIROSE


PRESIDENTE DA SESSÃO Exma.. Sra. Des. Federal MARIA DE FÁTIMA
FREITAS LABARI<il:RE
PROCURADOR DA REPÚBLICA: Exmo(a) .. Sr(a) . DR.. HUMBERTO JAQUES DE
MEDEIROS

AUTUAÇÃO

IMPTE CLAUDIO JOSE ABBATEPAULO e outro


PACTE JOACYR REINALDO
IMPTDO JUÍZO FEDERAL DA 02A VF CRIMINAL E SFN DE CURITIBA

SUSTENTAÇÃO ORAL

CERTIDÃO

Ce:rtifico que a Egrégia 7" TURMA ao apreciar os autos do processo em


epígrafe, em sessão realizada nesta data, pr'oferiu a seguinte decisão:

APRESENTADO EM MESA.
A 'l'URMA, POR UNANIMIDADE, DENEGOU A ORDEM DE HABEAS CORPUS, NOS TERMOS
DO VOTO DO RELATOR.

RELATOR DO ACÓRDÃO :Des. Federal T.l\DAAQUI HIROSE


VOTANTE (s): Des. Fede:r'al TADAAQUI HIROSE
Des. Federal NÉFI CORDEIRO
Des.. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LAB.AR.RERE

,
;

C'.
___________ ~ea<

~
___________________ _

Secretá:dola)

1_______
.'
11<)
&-
221
flS. 0204
Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL fEDERAL DA 4' REGIÃO

"HABEAS CORPUS" N" 200S.04.01.047806-0IPR


RELATOR Des. Federal TADAAQill HffiOSE
IMPETRANTE CLAUDIO JOSE ABBATEPAULO e ouno
IMPETRADO JUÍZo FEDERAL DA 02A VF CRIMINAL E SFN DE
CURITIBA
PACIENTE JOACYR REINALDO

EMENTA

PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS CRIMES CONTRA


I
O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. LAVAGEM DE
DINHEIRO. FORMAÇÃO DE QUADRILHA CRIME
ORGANIZADO COMPETÊNCIA CONCORRENTE ARL 76, m, DO
CPP. BA.NESTADO. coNEXÃo PROBATÓRIA.
1. A competência é definida pelos tennos da acusação e esta relaciona a
movimentação das contas mantidas pelo Paciente no exteIiO! com a evasão de divisas
) fraudulenta oconida em Foz do Iguaçu . 2. Da leitura dos autos, depreende-se que todos
os atos emanados pela autOlidade apontada coatOla, dizem respeito à conexão
instrumental c!ecolfente do caso BANESTADO, determinados à luz do aI!. 76, inc. Ill,
do Código de Processo Penal (quando a pIOva de uma infração ou de qualquer de suas
cllcunstâncias elementares influi! na pmva de outra infração), em face da Resolução
20/2003 da Presidência do TRF/4aR. 3. Assentadas ditas premissas, alterada a
competência pela conexão em face da peculiaridade e complexidade da matéria
envolvida (sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, entre outras), não
há falar em nulidade dos atos praticados pelo Juizo impetrado, praticados em face da
competência concorrente da apontada autoridade impetrada.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


decide a egrégia Sétima Tluma do Tribunal Regional Federal da 4' Região, por
unanimidade, denegar a oldem de habeas C01pUS, nos termos do lelatório, voto e notas
1
;
taquigráficas que fICam fazendo parte integrante do presente julgado
POlto Alegre, 22 de nove de 2005

Ilet:ilLU.......<J\.QUl lllROSE
Relator·

2005.04.01047806·0 [WR©lZOR] 968173.VOO6 1/1


1111~!lllIilllllllmllmlllJllmlllilnllIIlIINIIIII\IMIII!II"1 lil~IIIIIIIIIII~lllllllllIrmll"l
SUPERioR. TR~au'NAI.. :rRF· 4" Região
DE JUStIÇA
-1 -=1-"
flS.02fr§ 222'
PODER lUDICIÁRlO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃo

RECEBIMENTO

CERTIDÃO

CERTIFICO que procedi à intimação do(a)


Dr(a). Tanara AIaujo Alves da Silva, OABIRS
nO 49499, do acórdão da(s) fl(s}. 175. DOU FÉ.
Porto Alegre, 24/1lI05. ~- ,/J
1
1'5J
Ceres Maria Santos Bittencourt
DiretoIa da Secretaria da 7' TUlma

CERilD.;;'O lo'
n&olII oalll o presenle proo....O I
CERTIFICO que. 8l<\I'IÍçao Oe c6pla$•••"1'~'-·
relímQQ. em carga p8!1! sJ;~ ~~ ..
Termo de Recebimento e Autuação fLS. O2 OS
Recebidos os presentes autos, foram registrados e autuados no dia 01/12/2005
na forma abaixo:

HABEAS CORPUS N° 50844 (2005/0203199-6)


Origem : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIÃO
Localidade : CURITIBA / PR
N° na Origem: 200504010478060 200570000089254 200461810063184
N°s Conexos: :
N° de Folhas: O N°. de Volumes: 1 N° de Apensos: O
IMPETRANTE CLÁUDIO JOSÉ ABBATEPAULO
IMPETRADO SÉTIMA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4A REGIÃO
PACIENTE JOACYR REINALDO
JOACYR REYNALDO
CO-RÉU FERNANDO JANINE RIBEIRO
CO-RÉU TEREZA MITSUMUNE
CO-RÉU MYRIAM DE VASCONCELOS ORTIZ REYNALDO

CERTIDÃO

Certifico que, no Cadastro de Feitos deste Tribunal, foi verificada a existência de


processos relacionados ao HABEAS CORPUS N° 50844 (2005/0203199.6)

Processos com UF e Partes comuns: Nada Consta

Quantidade de Outros Processos com a Parte:


JOACYR REINALDO o
FERNANDO JANINE RIBEIRO O
TEREZA MITSUMUNE O
MYRIAM DE VASCONCELOS ORTIZ REYNALDO O

Quantidade de Outros Processos com o Número de Origem:


200504010478060 O
200570000089254 O
200461810063184 O

Brasilia-DF, o~e dezembro de 2005.

SUbsecretar~Autuação, Classificação e Encaminhamento

INSPECIONADO: O Nome da Parte O Ocorrência


MAT.

01/12/200512:55:36
Fl1
:
I

224,
HABEAS CORPUS 50844 JPR (2005J0203!l89.~ ') (") 7
tl:t. !...... ~ ......,

TERMO DE DISTRIBUiÇÃO E ENCAMINHAMENTO

Distribuição

Em 01/12/2005 o presente feito foi classificado no assunto Penal - Leis Extravagantes


- Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional ( Lei 7.492/86 ) e cllstribuldo ao Exmo. Sr.
Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA.

Encaminhamento

Aos 01 de dezembro de 2005. vão


estes autos com conclusão ao Mlnls~~"tor.

Subsecretaria de Autua~X6cação e Encaminhamento

)
PODER JUDICIÁRIO
Superior Tribunal de Justiça

-~-------~------ ~~---------

---~~~--~
Mauricio

HABEAS CORPUS N" 50.844 - PR (200510203199-6)

RELATOR : MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO


IMPETRANTE : CLÁUDIO JOSÉ ABBATEPAULO
IMPETRADO : SÉTIMA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL
DA4AREGIÃO
PACIENTE : JOACYR REINALDO

DECISAo
1. Habeas corpus contra a Sétima Twma do Tlibunal Regional Federal
da 4" Região que, denegando o writ impettado em faVOI' de JoacyI Reinaldo pleservou
o decisum que rejeitou a exceção de competência aO 2005.70.00.013565·3,
pll~seIVando o trâmite da ação penal aO 2005.70.00.008925-4, a que responde como
. I inCUISo nas sanções dos delitos tipificados nos aItigos 4, 16 e 22, parágIafo único,
combinado com o aItigo l°, parágrafo único, incisos I e lI, da Lei nO 7.492/86; 1°,
incisos VI e VIl, combinado com o aItigo l°, paIágxafo l°, inciso I e lI, com o aItigo
l°, parâgIafo 4°, da Lei n° 9.613198; e 228 do Código Penal, combinado com o artigo
) 69 do mesIOO diploma legal e com a Lei 9.034195, peIante o Juízo da 2" VaIa Federal
CJiminal da Subseção JudiciáIia de CuIitiba·PR, em acÓIdão assim ementruio:
"PENAL PROCESSUAL PENAL HABEAS CORPUS CRIMES
CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. LAVAGEM DE
DINHElRO. FORMAÇÃO DE QUADRiLHA. CRIME ORGANIZADO,
COMPETÊNCIA CONCORRENTE, ART. 76. m, DO CPP, BANESTADO.
cONEXÃo PROBATÓRIA,
1. A competência é deflnida pelos termos da acusaçlJ.o e esta
relacionada a mOllimentação das contas mantidas pelo Paciente no exterior,
coma evasão de divisas fraudulenta ocorrida em Foz do Iguaçu, 2. Da leiooa
dos autos, depreende-se que todos os atos emanados pela autoridade apontada
coatora, dizem respeito à conexão instrumental decorrente do caso
BANESTADO, determinados à luz do art. 76, inc. lI, do Código de Proc o
Penal (quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circuns aias
A

elementares influir na prova de outra inft'QÇào), emface da Resolução rJI2003


da Presidência do TRF14" R. 3. Assentadas ditas premissas, terada a
competência pela conexão em face da peculiaridade e co 'exidade da
matéria envolvida (sonegação fiscal, evasão de divisas, lava de dinheiro
entre outras), não há falar em nulidade dos atos pratic os pelo Juízo
impetrado, praticados em face da competência C01lCQ77 te da apontada
autoridade impetrada." (fi. 204).
A incompetência do Juízo da 2" VaI'a FedeI'al Cx' ' al da Subseção
JudiciáIia de Curitiba-PR, para o plocesSaInemo e julgam o da ação penal nO
2005.70 . 00.008925-4, dá motivação ao writ.
Alega o impetrante que "Segundo o Mi' I} Público Federal, os fatos

1111111111111I11111I1
HC W!44 200510203199-6 Págu.. I
narrados na denúncia originaram-se das diligências realizadas pela derwminada
FORÇA-TAREFA CC-5, na cidades de Nova IorqueINY e NewarklNJ, para
aprofundar investigações acerca das atividades de coJ7'entistas e ex-correntistas da
extinta agência do BANESTADO em Nova Iorque. /I (f!. 3).
Vexificou-se, contudo, que "a prova reunida pela Força-Tarefa CC-5
especlflcamente com referincla à hipótese dos autos, que destaca a conta CHE1T1AR do
Merchants Bank of New forA; não possui, qetivamente, um entrelaçamento com o caso
BANESTADO, bem COTM não revela em nenhum momento efetiva comprovação da conexão
processual com os demais casos já apurados no Estado do Paraná. Demais disso. os delitos,
em tese, imputadas ao paciente e demais denunciados, segundo o Ministério Público Federal,
teriam sido praticados e consumados no exterior e ainda em 8llo Paulo(sp), sede da
CLICKTRADE CORRETORA DE CÂMBIO, TiTuLoS E VALaRES MOBILIÁRIOS S/A e
domicílio de todos os envolvidos, " (fls. 3/4)..
Por isso que '~ questão incidental revelou-se imprescindível, pois a
avaliação dos fatos narrados na denúncia demonstra que os supostos crimes teriam, em tese,
oconido no exterior; onde era mantida a conta CHE1T1AR, e ainda em São Paulo (SP), na
sede da empresa dirigida pelos denunciados, visto que as transações .financetras eram ali
ordenadas, além da inexistência de relação com o caso BANESTADO, o que remete ao foro
do domicílio dos denunciados (artigos 70 e 72 do CPP), qual seja, São Paulo (SP),
garantindo, assim, tratamento isonômico às mesmas partes em relação a fotos id~nticos. com
vistas aos postulados constitucionais do Juiz natural e da plenitude da defesa." (fi. 7).
Sustenta, ainda, que "De modo absolutamente contraditório, a decisão da
exceção de incompetência revelou total ausência de fündamento jurídico que a ampare,
aflrmando sua incompetência com relação a ambos os feitos existentes contra o paciente e
demais acusados, senda um já declinado para São Paulo (SP) e outro tramitando peT'allte seu
Juízo, a constituir, dessa forma, verdadeir'G afronta aOS ditames constitucionais e pr~lce;ssuais
e desrespeito aos direitos do paciente e demais acusados, a causar-lhes i'YJ!ÍlE1l1tW'nável
constrangimento ilegal. "(fi. 1O).
E mais "Em absoluta cOM'Gdição com decisão dec~linatólfa de competência
anteriormente proferida em feito idhltico, bem assim com o laudos elaborados pelo
Instituto Nacional e Criminalístlca, que afllmaram a vinculo com o caso
BANESTADO ou transações com pessoas residentes ou com Estado do Paraná, o
Juiz Federal da 2" Vara Federal Criminal da Subseção de Curitiba (PR) buscou
sua

ressalva quanto à aludida


or,fliàtól1rá ainda em andamento, consoante

BC 5{)S44
111111~llmIIIMI~
Documento Página 2
Mmuicío

destacado pelo MM. Juiz Federal da 2" Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de
228
Curitiba (PR), certo é que as regras de competêncÍ4 devem ser necessariamente resgeitlldas
e aplkadas oble#l!amenfB. na medida em que traduz uma impOllição ao Estado,
submetendo-() a múltiplas limítaçães inibiMrias de SUtIS prerrogativas institucionais." (fi.
13)
E, por fim, que "evidencia-se, pois, ilegalidade no recebimento da denúncia e
processamento da ação penal perante o Juízo Federal da 2" Vara Federal Criminal da
Subseção Judiciária de Curitiba (PR). pois é clara a inexistíh!cia de transações realizadas
pelo paciente com contas mantidas no BANEASTADO em Nova Iorque, bem CO/nl) de
transações com pessoas residentes ou com sede no Estado do Paraná, o que gera a
incompet§ncia da Justiça Federal do Paraná. além da inexistência de conexão com outros
feitos. pela diferentes fases que em que se encontram e pelo número de fatOG ilícitos
independent8s em apuração. "(fi. 13)..
Postula, Iimin3Imente, a deteIlllinação de "declinação da competência da
ação penal (processo n° 2005.70.00.008925-4) para a preventa e especializada 2" Vara
Federal Crimtnal da Seção Judiciária de São Paulo (SP) ou outra Vara Federal Criminal da
Seção Judiciária de São Paulo (SP) (.)" (fi. 29).
Tudo visto e examinado.
DECIDO.
É esta a fundamentação do acórdão impugnado:
"Cuida-se de Habeas COlpus impetrado em favor de JOACl'R
REIN,ALDO. alegando. em síntese, incompetência do Juízo Federal da
Segunda Vara Federal Crimtnal de CuritibaIPR para processar e julgar a
Ação Penal n' 2005. 70.oo.oo8925-4/PR, em que foi denunciado prática, em
tese, de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (arts, 4~ 16, 22,
parágrafo único, c/c art. 1 ~ parágrafo único, inc. I e 11. da Lei 7.492/86);
lavagem de dinheiro (art. I ~ inc. VI e VII. c/c art. I ~ § 1 ~ inc. I e 11. c/c art.
1~ § 2~ inc.. I e 11. e c/c art. 1~ § 4~ da Lei 9.613/98), quadrilha
(art. 288 da CP), c/c o art. 69 do CP e com a Lei organizado).
Ao examinar' o pedida liminar~ prifeli (fls. 134/140)
nos seguintes termos. conforme trecho que ora e os quais adoto
como razões de decidir,
"Em análise peljimctória, desse exame
prellminat. não vejo configurados os requisitos M';ésl;ários ao dejêrimento da
tutela de urgência. quais sejam: fomus bont iuris (per/,cu/Um in /nI)ra.
Vejamos.
A de do Juízo Impetrada par-a

na denúncia é que firmam a cOlnPl1tê~lcilÍ para processamento e Julgado do


processo-crime, ainda que, após a devida instrução
processua~ não reste que atraiu inicialmente a

HC 50844
!111~IIMI"Wlil
Documento PAgina ")
Mauricio

competência para processamento dofeito.


Nesta senda, a exordtal (fls. 86/120) narra os seguintes fatos,
cujos excertos transcrevo para melhor entendimento do caso sub judies:
"L Os fatos narrados nesta denúncia foram apurados em
diligências realizadas pela Força-Tarefa CC-5, as cidades de Nova IorquelNY
e NewarkINJ, par'a aprofimdar investigações acerca dos atividades de
correntistas e eücorrentistas da extinta
2. Todo a prova reunida pela força-tarefa foi colhida
legitimamente Junto a autoridades norte-americanas do Departamento de
Segurança Interna (DHS) e da Procuradorto dos Estados Unidos (UniteiJ
States Attorney) para o Distrito de Nova Jersey, medtante autorizações de
quebra de sigilo deferidas pela Justiça Fedend do Paraná e pela Justiça dos
Estados Unidos da América e mediante a intermediação das autoridades
centrais dos dois países 110 âmbito do MLA T.
(J
8. Não há dÚllida quanto à autoria. Dois dos demmciadosforam
jndiciados pela CPMf DO BANESTADO pela utilização da conta CHE1TIAR,
na condição de procurodores da CHETrIAR BUSINESS INC. Segundo o item
1.23 do relatório final do deputado JOSÉ MENTOR. ·Conforme dossiê e
cartiúJ de autógrafos, as pessoas autorizadas a movimentar a conta são
FERNANDO JANlNE RIBEIRO e JOACYR REINALDO, domiciliados em São
Paulo ti, ti
O .JuIzo Impetrado, por sua vez, ao rejeitar a exceção de
incompetência (fls. 7.5/80), assim se posicionou;
"5. A ação penal 2005.7000008925-4 tem por objeto crimes de
gestão ftaudulenta de instituiçãoftnanceira, evasão de divisas e de lavagem de
dinheiro..
6, Os fatos envolvem a conta Chetiiar' Bussiness INC mantida
no Merchants Bank de Nova York, e que teve movimentação de US$
22,.827.838,63110 período de 10/12/2001 até 03/01/2003, bem como a empresa
Clicktrade Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários, com sede em
São Paulo. Segundo os termos da acusação, em síntese, a referida empresa e
conta eram utilizadas para a prática de operação decambio ilegais do sistema
paralela no Brasil e para lavagem de dinheiro.
7. Ora, as contas mantidas no Merchants Ban de Nova York
controladas por brasilei1'Os fiver'am o seu sigilo bancá,' quebrado pelas
próprias autoridades norte-americanas em rostrea nto de poss!veis
operações envolvendo tráfico de entorpecentes, çf: f!lato apresentado em
Juizo pela testemunha Thornas Dombrovlsky"
8. As autoridades brasileiras chega m a tais contas, por suas
vez, atravé8 de investigações conduzid no inquérito de n'
2003.7000030333-4 que tinham por objetivo 'aStrear o numerário remetido
fraudulentarne:nte par'a fora do pais através e contas CCS mantidas em Foz
do 19uaçu/PR.
,
mantidas na agência do Ban tçuJo em ova York. Posteriormente, a outras
instituições financeiras co o il B con Híll Se, vice Corporation ou o
Merchants Bank de Nova Yo k.

flC 50844
Im~lllln~~IIII~
Oocwnento Página 4
· ... " ..

1 O. MPF, em tespasta à excessão cifinncu categoricamente que.:


"resta evidente que os recursos depositados na conta Chettiar, conttolada pelo
excipiente, são originários, direta ou indiretamente, de conta CC5 mantidos
em Foz do Iguaçu, portanto, no Paraná, de modo que, pela apllação da regra
assente 110 artigo 71 do CPP é o Juizo da Circunscrição Judiciária de
Curitiba, que conta com Vanz especializada na apuração de crimes contra o
sistema financeiro, o competente para processamento do feito."
11. Tal quadro fático ainda não está de todo evidenciado. em
que pese a afirmação.
Não obstante, não se pode petder de vista que a instrução da
ação penal ainda está em ttâmite, sendo possível a pr'odução de prova nesse
sentido até afinal do feito.
12. Quer Isso acOtTa ou não, o que imporia pora definição da
competência são os termas da acusação e esta como visto relaciona a
movimentação das contas mantidas pelos e:xcipientes no extetior com a evasão
de dívlsas fraudulenta oconida em Foz do Iguaçu.
13. Por certo, não seria admissível acusação da espécie sem
basefática.
14. Não obstante, em seu favor; encontta-ae o fato de que o
MPF aponta pelo menos um depósito na conta Chettiar proveniente de
empresa que mantinha conta CC5 em Foz do Iguaçu (fi. 13 da denúncia). o
que leva à natural suposição de vinculação entre as duas atividades.
15. Além disso, como já foi dito, as autoridades brasileiras
chegaram às contas do Merchants Bank atr'tIVés de rastreamento de recursos
evadidos por Foz de Iguaçu, o que foi feito no inquérito n°
2003.7000030333-4.
16. Houve a partir da prova produzida neste inquérito apenas
um desmembramento dos inquétitas e ações penais com base no artigo 80 do
CPP e para evitar a inviabilização dos processos diante do gigantismo das
fatos e do IIÚnUlro expressivo de envolvidos,
17, Assim, a competência deste Juizo em relação a presente
ação penal pode ser}ustificada também com base na conexão com o aludido
inquérito originário e todas os inquéritos e ações penais dele desmembrado e
que envolvem várias inII/:i.ttdções .flnanceiras e pessoas pora a
prática de uma mesma atividode complexa e aparentemente de evasão
de divisas e prática de operações de câmbio no s::~~~~:~;7::~~
18. A demonstrar tal conexão, ti
tr'echo da denúncia;
"Ainda como exemplo dos do esquema ora
denunciado, a conta ChettiaT' efetuou várias tra.nsa'çõ.1S com a conta Braza,
também no Merchants Bank, de titularidade Maurice Estinazi.
Renato Bento Maudonnet Jr, Dany Lederman e Renato Lantado, cf as
fls. 190, 199, 228 e 229 do Inquétllo policial 1 104.
Entre 13 de dezembro de e 6 de dezembro de 2002, a

Union BankINe:w yOT'k, no montante de


de dezembro de 2001 e 21 de
em três operações, a qu<m~;a

HC 50844 Página 5
Seguindo o mesmo modus operandi, a califa Chettiar recebeu
nove créditos da contaKiesser, 11.. 30102170, mantida no MTBIHUB, no
montante total da US$ 1,350,000,00 (ft 53), entre 20/1212001 e 2410512002. A
Chettiar enviou para a mesma Kiesser; em 22105/2002, a quantia de US$
30000,00 (fi. 54)." (fi. 14)
(,.j .
24 AssIm, apesar da complexidade dos fatos, é possfvel
identificar passível cone;xão probatória (art. 76, m, do CPP) ou mesmo a
cone;xâo prevista no artigo 76. 11, doCPP. deste feito em relação a outros em
trtlmite perante este Juizo como aqueles citados acima.
Quanto ao fato deste Juizo, acolhendo pedido do MPF. ter
remetido outro procedimento similar à São Paulo, cumpre esclarecer que a
medida talvez tenha sido equivocada. tenda sido adotada por uma questão
pur'amente pragmática, tendi em vista a ca:rga processual elevada imposta esta
Vara.
25. Deve-se ter presente que os fatos sub judice neste.foito e em
casos similares, são camplexos, envolvenda a prática de centenas de
operações financeiras, espalhando-se pelo territóm nacional e mesmo no
exterior. Várias dessas operaçães envolvem fatos e pessoas investigadas em
outros processos. Os fatos até o momento desvelados apontam par'a um
complexo sistema de compensação entre operadores do mercado de ctlmbio
paralelo. em feixes de transação não de todas esclarecidas. Em circunstâncias
espécie, a exata definição do local de pr-átlca e consumação dos delitos, bem
como questões relativas à cone;xão com outr'osfoltos, mostram-se igualmente
complexa.ç, sendo recomendável a prudência na resolução de questões
atinentes à competência. com certa deferência às escolhas da acusaçao
quando estas se mostram razoáveis e máxime quando o caso envolve
competência.
26. Assim sendo e com a ressalva quanta à aludida
complexidade dosfatos e a uma Instrução probatória ainda em andamento, a
competência para o julgamento da acusação é de Juizo, seja parque os fatos
narrados na denúncia envolvem atos .fraudulentos reiacianados à evasão de
dlvtsas c01l8Umada em Foz do Iguaçu, seja pela ronexão com diversos outros
inquéritos e ações penais em CU1'SO nesta Vara, cf processos citados
exemplificadamente nos itens anterioles. Além disso. este Juizo não agiu
arbitrariamente em relação a manutenção deste processo, podendo a
declinação de outro feito, que foi orientada por eminentemente
pragmáticos. Justificar, por si s6, a procedência desta «
Veja-se que, de uma leitura atenta que rejeitou a
exceção de Incompetência argüida pelo o Juizo a quo,
depreende-se que todos os atos emanados pela apontada coatora,
dizem respeito à cone;xâo instrumental do caso BANESTADO,
determinados à luz do art 76. inc~ l1I, do de Processo Penal (quando a
prova de uma infração ou de qualquer circ1Jnsttlncias elementares

Presidência do TRF/4"R.
Assentadas alterada a corapetêncta pela
cone;xâo em face da pe,(ulianlif"ldVe complexidade da matétia envolvida

HC 50844 2005/0203199-ó
IIIIIII~I~DI~III~
Documento Pàgina 6
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11;;" O\'"
~ Fls, dI'), ~ 2
-t,.,,,
'r):"
Ma'l.lricio
~ "", -
(sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, entre outras), não
há falar em nulidade dos atos praticados pelo Juizo Impettado, praticados em
face da competência concorrente da apontado autoridade Impetrada.
Porlanto. são legitimos e válidos os atos judiciais determinados
em face da competência concorrente da autoridade apontada coatora como
conseqiUncla da conexão tnsttumentaI, confo/me o an. 76, inciso do m.
Código de Processo Penal.
Sobre o tema, veJa-se o entendimento da Sétima Turma de:ste
Regional:
"PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA
FINANCEmO NACIONAL. HABEAS CORPUS. ANUIAÇÃO DO FEITO,
COMPETÊNCIA. RELATIVA. PRECLUSÃ.O TEMPORAL. EXCEÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA. cONEXÃO. ARI. 80 DO CPP.
1. Não tendo sido interposta exceção de incompetílncia,
operou-se a preclUlião temporal, mostrando-se inviável a utilização do recu.rl!lo
de "habeas C07pUl!l" para a reabertura de disCUlisão acerca de competí1ncia
relativa
2. Cabível, no entanto, o uso do "habeas C07pUl!l" para a
discussão da competí1ncia relativa dentro da nova ação penal, Já que a parte
poderá discutir a questão pela competente via da exceção. servindo então a
substituição pelo remédio heróico em razão de sua maior celeridade.
3. A denúncia imputa aos denunciados o envio de dinheiT'O
irregular para fora do pais por meio de vários métodos, inclUl!live pelas cantas
CC-S de Foz do Iguaçu, o que jUliltifica a competílncia da JUI!Itiça Federal do
Paraná.
4. Mesmo oco"endo hipótese legal de conexão, poderá O
magistrado justificadamente manter sepalados asfeitos, nafórma do art. 80
do CPp. o que é l'azoável no caso presente pela diferença defases em que se
encontram os processos e pelo grande número de fatos investigados .
.5. Ordem de habeas c07pUl!l denegada, "
(HC n" 2005.04.0L019S07-3/PR, rei. Des. Federal NÉFI
CORDEIRO. Sétima Turma. DJU de 20.07.2005)
Quanto à alegação de que no Procedimento Criminal Diverso
n" 2004..70.0a02I771-9/PR., em processo que se similares
envolvendo o Paciente, o Juízo impettado declinou da para a
Subseção Judiciária de Slio PaulolSP' também nllo porquanto, nos
termos da pr'Omoção minister1al de fls. 68/73, houve o pedido de
declinação de competíJncia, ''por inexistirem, caso especifico.
elementos que demonstrassem a conexão entr'e a delituosa perpettada
pelo excipiente e demais denunciados através da Beacon Hill e o
caso BANESTADO."
Por outro lado, a alegação jeJlemie de um exame acurado dos
fatos e do conjunto probatório, o que é inadmissível, como é cediço.
No que tange ao in mora, entendo insubsistente, visto

jUliltifique a medida extremdC'


Por outro iad'o."t(l1l.lbéjrh não visualizo constrangimento algum
na realização dos ato de oitiva de testemunha - , ao

HC 50844
!1~11~11~~III!11
Documento
~ Página 7
Mauricio

contrário, a mesma se apresenta como meio de prova e especia mente de


defesa, porquanto se tr'ata de mais uma oportunidade para o Paciente
comprovar a sua versão dos fatos investigados.,
Frente ao exposto, indefiro a liminar pleiteada,"
A Procuradoria Regional da República, em parecer de f13.
1521157, opi1lOU pela denegação da ordem, conforme trecho que om
transcrevo:
"Presente conexão probatória da ação penal com outras ações
e inquéritos, ora desmembrados em virtude da complexidade dos fatos
apurados no Estado do Paraná, impõe-se a manutenção da competência da
Vara Especializada de Curitiba em detrimento daquela em que domiciliados
os réus, Stio Paulo, Esta será determinada somente nos casos de
desconhecimento do local da infração, na forma do art. 73. No entanto,
versandD a ação penal sobre operaçães financeiras que poderão se interligar
com outras apuradas e foitos diversos, existentes no Juízo impetrado, inclusive
com relação ao BANESTADO, impõe-l!Je a competência deste em virtude da
possibilidade de reunião dos processos paro Julgamento, coriforme art. 77, L
.) dD cpp, Assim, evitar-se-á divergência judicial a respeito dosfatos, bem como
haverá melhor avaliação de como ocorreram as operações .financeiras que
apontam a prática de evastio de divisas e lavagem de dinheiro,
Sallente-l!Je. ainda. que as operações delituosas conexas ao caso
BANESTADO, imputadas ao paciente, foram apuradas em CPMf. como narra
) a denúncia: "Os dois denunciadDs foram indiciados pela CPMf DO
BANESTADO pela utilização da conta CHE'ITIAR. na condição de
procuradores da CHE'ITIAR BUSINESS INe Segundo o item 1.23 do
relatório final dD deputadD JOSÉ MENTOR, 'Conforme dossiê e cartão de
autógrafos, as pessoas autorizadas a movimentar a conta são FERNANDO
JANINE RIBEIRO e JOACYR REINALDO, domiciliados em São Paulo' (fi,
8)".
A remessa do P1'Ocedimento criminal diverso n"
2004. 70,00,021771-9 ao Juizo Federal de São Paulo (local do domicílio do
paciente) MO determina a competência para p1'Ocesso e exame da ação penal
n" 2005,70,00,008925-4, cujosfatos são conexos com os de oum foitos que
tr'lJmitam noJwro impetrado.
Assim, a possibilidade de julgamento único em virtude da
patencial interligação das operações imputadas ao pacient com as apuradas
em relação do BANESTADO, além do aproveitamento do onjunto probatório,
evita decisões judiciais conflitantes, o que poderá acont cer se examinadas em
separado fatos delituosos conexos,
('J"(fls.1971202).
Desprovida de previsão legal específica (aItig .
Processo Penal), a liminar em sede de habeas corpu , admitida pela doutrina e
Jw:isprudência páttias, reclama, por certo, a demons ão inequívoca dos lequisitos

~a o não ostentar ilegalidade manifesta


boniiuris.
111 casu, afora o acórdão

He 50S44
~1I1111~~illH
2005/0203199.-6
lIiIIIIIIH~~lllm
Documento Página 8
,,\,..\1> u N-1< ')

~ 'r;
.~Fls,..2n
l1.l - - " ::,:;.,-
A
~ ~'v}
:?s- ,7y'
qualquer, perceptível primJIS ictus oculi, a providência cautelar perseguida é idêntica à ---'
tutela jmisdicional postulada, que deve ser julgada pelo colegiado, no exercício da sua
competência constitucional.
Liminar indeferida.
2,. Ficam dispensadas as infOImações, por adequadamente msúuída a
inicial
3. Vista ao :MPF.

'ft~~~2005, ,\

------------------". __ _ - -
... ~-----------

~IIIIIIIIIW~~III Pigina 9
Documento
RECEBIMENTO E ENCAMINHAMENTO À
PUBLICAÇÃO
Recebi os presentes autos do Gabinete do Exmo Sr. Ministro
Relator e encaminho, nesta data, à publicação a r. decisão retro

PlffiLICACÃO
Certifico que foi publicado (a) no DiálÍo da Justiça, nesta data, a r.
decisão retro. Certifico, ainda, que presente data, o Ministério
Público Federal foi devidam te I timado na pessoa de seu
representante legal

Bras1lia, \ Gde r :z.1l de 2005.

Carlos Antonio de o
Supe!visor Assist te \
SIJ - Coordenadoria da S xta Turma
VISTA

Nesta data faço estes autos com vista ao


:MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL para
parecer.

Brasília, 05 de janeÍ10 de 2006

~
Coordenadoria da Sexta Turma

Volumes: _-4-__

Apensos: __-__
2:17

Exmo(a) Sr.(a) MlRi.tro(a) Relator(a).


Mantfes(a.me ém ~paraj9 ' "
arasftí••~w~ I~b
_ /;.W~~
FranklinRodrlguesda Cosia
Proourador Regional u Repúbli,a no exerclelo .
das funçOes de Subprocurador.Geral da Repúblicá
Portaria n' 32106

)
PARECER N° 110/2006 - ASF

PROCESSO : HC 50.844/PR
REFERÊNCIA : 2005/0203199-6
IMPRETRANTE: CLÁUDIO JOSÉ ABBATEPAULO
IMPETRADO : 7' TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4' REGIÃO
PACIENTE : JOACYR REINALDO
RELATOR : MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO
SIJ - SEXTA TURMA

j HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA SISTEiVIA


FINANCEIRO NACIONAL. CONTAS CC-5.
TRANSFERÊNCIA DE VALORES AO EXTERIOR VIA
PARANÁ. COMPETtNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
ESPECIALIZADA NESSE ESTADO. PRECEDENTES DO
STJ. PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR M1NISTRO RELATOR,

1 Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de JOACYR REINALDO.


contra o v acórdão da 7" Tunna do Tribunal Regional F ederal da 4" Região que, em sede de
igual teO!, manteve a competência da 2' Vata Federal Criminal da Subseção Judiciária de
CuritibaIPR pata o processamento e julgamento de ação penal que versa sobre crimes contra o
sistema flnanceiro nacional deflagrados pela operação Força-Tatefa CC-S.

1.1. O paciente, juntamente com outros co-réus, foi denunciado como inclUSO
nos arts. 4°, 16 e 22, parágrafo único, cc art l°, patágrafo único, incs I e lI, da Lei 7492/&6;
no art. l°, ines. VI e VII, C c, rut 1·, §§ 1·, incs, I e n, 2°, ines I e lI, e 4°, da Lei 9,613/9&; e
no 3rt. 288 do Código Penal c,c art, 69 do mesmo códex e com a Lei 9 034/95,
/)
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MINISIÉRlO PÚBUCO FEDERAL HCSM44/f'R ~-r-.", '
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:/;~:. (,l \.
~
1.2 A denúncia fbi oferecida pelante 2' Vara Federal Criminal da $>ib~j;:~il)b.Y: \
Judiciária de CurítibalPR, que a recebeu e rejeitou exceção de incompetência susci~~.pe" .,;;;./)
Defesa do ora paciente. 'tI~

1.3. InconfOlmada, a Defesa impetrou habeas corpus perante o Tübunal


Regional Federal da 4' Região, pretendendo a declinação da competência pata a Justiça
Federal de São Paulo, sob o fundamento de que ali residem os indiciados e tem sede a
empresa CLICKTRADE CORRETORA DE CÂMIlO, TÍTULOS E VALORES
MOBILIÁRIOS SIA, a partir da qual se cometeram os crimes em questão.

1.4 Denegada a ordem, deduz-se o presente substitutivo de lecurso OIdiná.Tio,


sob os mesmos fundamentos da impetração originária.

-II-

2 A impetração tem condições de ser conhecida, pois presentes os wquisitos


) de legitimidade, interesse e adequação

-III-

3. A questão posta dispensa maiores dilações, na medida em que já foi objeto


de deliberação pelo SuperiOl Tribunal de Justiça, cuja 3' Seção assim se manifestou;

"CRIMINAL Co.NFLITo. DE Co.MPETÊNCIA. CRIMES


Co.NTRA A o.RDEM TRIBUTARIA E SISTEMA FINANCEIRO.
NACIo.NAL. JUiZOS FEDERAIS RESo.LUÇÃo. DO. TRF/4"
REGIÃO. ESPECL4LlZAÇÃO
I - Hipótese em que OI aros de e;r;ecução se delam no Estado do
Paraná, através de contas CC5 abertas em Foz do Iguaçu ou em
Cascavel, de onde os valorel [oram lemetidos para O eXIClior
IJ - A Resolução 20/2003 do TR.F da 4" Região determinou a
redistlibuição de lodos os inquéritos poliCiais nos quais se
investigue os ctimes contra o sistema financeiro nadon.QtLl...e....a""e'--_ __
lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores no Estado do
Paraná à Vala Fede1al Criminal de CuritibalPR, que foi
especializada para o conhecimento de tais maté! ias
111 - Conflito conhecido para declarai a competénda do Juízo
Fedelal da 2" Vala Climinal da Seçào Judiciária do Estado do
Paraná, o suscitado" J \ /
~~
240
... . A ....---·s,..·
MINISIr.RIO PUBLICO FEOF.RAL HC SO,844IPR ,,>~UNi/""
.\:}."'"\
./;~.-'- \

(STJ I 3" S - CC 42 I II/RJ - ReI Ministro GILSON ~iPiP. i~_ ~ )

DJ de 28 062004, P I 86)'\,,~ h. {fi


3,1. No caso dos autos, consoante afirmou a Procuradoria da República ,";/:... ",.,
Estado do Paraná, em sua lesposta à exceção de incompetência (fi, 101), os recurso
depositados na conta do exteriOl' "são originários. direta ou indiretamente, de contas CC-5
mantidas em Foz do Iguaçu, portanto, no Paraná", Necessátio, portanto, o reconhecimento
da competência da Justiça Federal Especializada do Estado do Paraná, na linha do precedente
dessa Egrégia Corte SUpelÍDI de Justiça.

3.2. Estando o v, acóldão atacado em consonância com o posicionamento dessa


Eglégia eDIte Superior de Justiça, não há falar em existência de constnmgimento ilegal nem
na necessidade de reforma da decisão,

IV-

4 Ante o exposto, o pruecer é pela denegação da oldem

Brasília, 28 de mruço de 2006

~/}, \

FRA;;LJN.IR~s
da
DA
Procurador Regional
CUJ"-A
República no
exercício das funções de SubplOcurador-Geral
da Reptiblica - Portaria PGR nO 32/06

\WHBS
241
I

HC 50.844/PR

RECEBIMENTO

Recebi os presentes autos do Ministério Público Federal,


nesta data.
Brasília, 29 de março de 2006.

STJ -COORDE

) CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos ao Exmo. Senhor Ministro


HAMILTON CARVAlHIDO, Relator (com parecer do MPF),
nesta data.
Brasília, 30 de marçc de 2006.

STJ -COORDE EXTATURMA

(em 1 vaI. e O apensos)


242

l'iesia data, remeto estes aulOS, req'llÍsíladQs palato}

__-'._ 6 B --1t'tJtrxP.. ' ----"


a,asmo;,f2.fu.1.~g;-
, ,' _::1~)~í.,hli h ' -
Gabinete Ministra fla"'iltbfCa,r;alhid<>

R.E, C E B \ N\ E N 1'0
Recebi os j)!e~.,t~~ "",,;'3. de ~!l) ~:;.:::::.:f.<~.:- .
~.,~.:.,-",_.' _."" •."---~.",,.-,,~,- "

-
,--- ~e;rYV~
ne.to;
.....--.-,.. _.,,'
data
Brasília!\)ip

-, - d~ -",'-
S T J.
de ".,
' --"-
oordenadoria'
"
",," óe200Ó:

Se:>:ta l\,mn
,
a
--
24J

HC 50.8441PR

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nO 16395612006-


PREF~RENCIA NO JULGAMENTO_

Brasilia, 06 de novembro de 2006.

SEXTA TURMA

l
"
j
244

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO s:AM:IL®N CAllVALHmO,


DO HABEAS CORPUS nO SO.S44/PR.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA


SEÇAO DE PROTOCjlLO Df PETIÇÕEs'
31 QUT 2806 18:07
00163956
1111111111111111111111111111

JOACYR lilEINAL:DO, por seu advogado,


nos autos do Habeas Corpus em epígrafe, em t~ãmite perante a
SEXTA ~ desse Egrégio SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, vem,
respei tosamente, à pr esença de Vossa Excelência pedir
pref'erência de julgamento do presente writ, informando que
pretende fazer sustentação ora1, requerendo, de conseguinte,
seja intimado previamente, através dos seguintes telefones:
(11) 3083,0344 ou (11) 8259"5812,,

Termos em que,
P. Deferimento.
Brasília, 31 de outubro de 2006.

Escz:itór.:i.o:
Rua Joaquim Antunes l 159 São Paulo - SP - CEP 05415-010
Te!. (1]) 3083.0344 Fax. (11) 3083.1749
\

24~

HC 50.844/PR

CONCLUSÃO

Faço estes autos conclusos ao Exmo, Senhor Ministro


HAMILTON CARVALHIDO, Relator.
Brasília, 06 de novembro de 2006

,
I
)

TURMA

(em 1 voL e O apenso(s)}


HABEAS CORPUS 50844 / PR (2005/0203199-6)

TERMO DE ATRIBUiÇÃO E ENCAMINHAMENTO

Atribuição

Em 04/07/2008 o presente feito, que tinha como relator o Exmo Sr. Ministro
HAMILTON CARVALHIDO, foi atribuído ao Exmo Sr Ministro OG FERNANDES, SEXTA
TURMA

Encaminhamento

Aos 15 de julho de 2008, vão


estes autos com conclusão ao Ministro Relator.
/'"""'!

coordenadc::~$rigjnárjOS

)
247

HC 50.844JPR

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nO 170254/2009 -


PETiÇÃO REQUERENDO.

Brasília. 25 de agosto de 2009.


)
248i
, '.J
Claudio José Abbatepaulo 000229
Advogado

Ilma., Sta. Secretária Judiciária do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUIUICA


.~"L SEÇÃO DE PROTOCOLO DE PETIÇOEs'
3D JUL 2D09 16:51
00170254
11111111111111111111" 1111111

CLADDIO JOSÉ ASBATEPAl.!LO , brasileiro,


J advogado, inscxito na OAB!SP sob °
nO 130.542, com escrit6xio
localizado em São Paulo (SP), na Rua Estela, nO 515, Bloco H, 10°
Vila Mariana, Telefone (11)
respeitosamente, requerer o cadastramento dos seguintes
) representantes que funcionarao em Brasilia (DF), com escritório no
SRTVS Quadra 701, Bloco 0, nO 110, Sala 873, Ed, Multi
Empresarial, Telefone (61) '3224 .. 1848, para obtenção de cópias e
retirada dos autos do processo HC 50 . 844 em que figura como
patx:ono, assumindo total responsabilidade pelos atos praticados
pelos representantes abaixo identificados, obrigando-me a
comunicax , de imediato, o eventual desligamento desses
representantes.

1 - CLÁUDIA SANT'ANNA VIEIRA .. OABIDF 8834


2 - MÁRCIO ANTONIO TEIXEIRA MAZZARO - OAB/DF 4627
3 .. UVlA MAGALHÃES RlBElRO EON - OAB/DF 26.938
4- RICARDO SANTANA - OABIDF 7870-E

De sao Paulo para Brasília, em 17..07,2009.

~~~
~O~é
Claudio Abb tepaulo
OAB!SP 130" 542
249

HC 50.844/PR

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nO 170255/2009 -


PREFERÊNCIA NO JULGAMENTO.

Brasília, 25 de agosto de 2009.


)

STJ - COORDENADORIA DA SEXTA T MA


: 'j o
f.) I'' í'•.1'l 31
Claudio José Abbatepau lo
Advogado
EXCELENTíSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR OG Fm!Nl\.NDES, SEXTA TURMA
DO E" SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTI~.

BC n° SO.844/PR
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSJEI A
seçAo DE PR010COLO DE PETIÇflI
5
an JUL 2009 16:61
00170255 "
III"'lnlUl\ \111111 11" 11I
JOACYR REINALDO, por seu advogado, nos autos
) do Habeas Corpus em epígrafe, em tr~mi te perante a c, SEXTA TURMA
desse Egrégio SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, vem, respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, rei teIaI seu pedido de preferência
de julgamento, desta feita informando fato novo e relevante, qual
seja, o andamento do processo criminal na instãncia inicial, ora
em fase final de instrução, seguindo à prolação qe sentença, com o
que Iestaria prejudicado o presente writ, a causar verdadeiIo
prejuízo ao paciente ante o teor da questão trazida à apreciação
dessa Egrégia Corte Superior.

Termos em que,
P. Deferimento"
De São Paulo para Brasília, em 17.07,,2009

I
OAB!SP 130.542
I

251

HC 50,8441PR

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nO 189809/2009 •


PET1ÇÃO.

Brasília, 25 de agosto de 2009.


)
~

SEXT~ORMA
.

STJ· COORDENADORIA DA
,---- ,

27

HABEAS CORPUS N° 50.844 - PR (2005/0203199-6)

RELATÓRIO

O SR. MINISTRO OG FERNANDES: Cuida-se de habeas corpus


impetrado em beneffcio de Joacyr Reinaldo contra aCÓrdão do Tribunal Federal da
4a Região que denegou o writ lá deduzido.
O provimento atacado leva a seguinte ementa (fI. 204):

PENAL PROCESSO PENAL HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA


O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL LAVAGEM DE DINHEIRO
FORMAÇÃO' DE QUADRILHA CRIME ORGANIZADO.
COMPET~NCIA CONCORRENTE ART. 76, 1/1, DO CPP
BANESTADO. CONEXÃO PROBA TÓR/A
1. A competência é definida pejos termos da acusação e esta
) relaciona a movimentação das contas. mantidas pelo paciente no
exterior com a evasão de divisas fraudulenta ocorrida em Foz do
Iguaçu.
2.. Da leitura dos autos, depreende-se que todos os atos emanados
pela autoridade apontada coatora dizem respeito il conexélo
instrumental decorrente do casoBANESTADO, determinados à luz do
art. 76, inc. 1/1, do C6digo de Processo Penal (quando a prova de uma
infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na
prova de outra infração), em face da Resoluçilo 2012003 da
Presidência do TRFI4"R.
3. Assentadas ditas premissas, alterada a competência peja conexão
em face da peculiaridade e complexidade' da matéria envolvida
(sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, entre
outras), não há falar em nulidade dos atos praticados pelo Juizo
impetrado, praticados em face da competência concorrente da
apontada autoridade impetrada

Colhe-se dos autos que o paciente foi denunciado, juntamente com


outras pessoas, pelo cometimento de crimes contra o sistema financeiro. lavagem
de dinheiro e formação de' quadrilha, perante o Juízo da 2" Vara Federal Criminal
de Curitiba, no Paraná (Processo nO 2005,70.00.008925-4).
A decisão que recebeu a peça acusatória serve para a compreensão

HC 50844
illllllllllllll~~III!
2005/0203199·6 <ltt··-
27 253
dos fatos (fi 151):

De acordo com a denúncia e os elementos colhidos durante a


investigação, Fernando Janine Ribeiro, Joacyr Reinaldo, Tf?reza
Mitsmune e Myriam de Vasconcelos Ortiz Reynaldo teriam promovido
a evasão d~ divisas de R$ U$ 22.751.021,64, por intermédio da
empresa Click Trade Corretora de Câmbio, Títulos e Valores
Mobiliários S/A, a qual efetuaria dep6sitos e receberfa valores através
da conta CHETTlAR, operando nb mercado de câmbio paralelo
através da modalidade conhecida como "dólar-cabo", no período de 10
de dezembro de 2001 até a presente data, por meio da conta da off
shore Chettiar Business Inc., junto ao Merchants Bank de Nova Iorque,
depósitos no exterior não declarados às autoridades brasileiras
.) Ocultando e dissimulando a origem, propriedade, localização ou
movimentação'desses recursos, os acusados praticaram o crime de
lavagem de dinheiro, cujos antecedentes seriam os crimes contra o
sistema financeiro acima referidos. Em face do volume de recursos
movimentados e da natureza das operações - câmbio - manutenção de
instituição financeira clandestina e de gestão fraudulenta Teitam
) ainda praticado o crime de formação de quadrilha, pois teriam se
associado para cometimento de todos os delitos acima descritos
Ainda nos termos da denúncia, Fernando Janine Ribeiro e Joacyr
Reinaldo, com a participação de Tereza' Míts,umune e Myriam de
Vaséoncelos Ortiz Reynaldo, teriam remetido/mantido no exterior
recursos de sua propriedade, com a ocultação de suas identidades,
através da conta Chettiar, o que caracterizaria os crimes de evasão de
divisas e de lavagem de dinheiro. '

Sustenta a impetração a competência do Juízo Federal Criminal da


Seção Judiciária de São Paulo para o processamento da referida ação, afirmando
"que a conta Chettiar do Merchants Bank of New York não possui, efetivamente,
um entrelaçamento com o caso BANESTADO, bem como não revela nenhum
momento efetiva comprovação da conexão processual com os demais casos já
apurados no Estado do Paraná" (fI. 4).
Enfatiza, ainda, que "os delitos, em tese, imputados ao paciente e
dema:ls denUnciados, segulldo o Millistério Público Fedeis/, teJialll sido platicados
e consumados no exterior e ainda em São Paulo, sede da Clicktrade Corretora de

o
Cámb~. Tltulos V~o'es MObm"i;;~I:ldOmici1~ de - , o, on;7Y:;;___
HC 50844 200510203199·6 ~ina 2 d. 10
21

Indeferida a liminar, o Ministério Público Federal opinou pela


denegação da ordem.

É O ,elatórlO. !f1---

, '.)

HC 50844 Página 3 de 10
. ~3Í,
255
27

HABEAS CORPUS N° 50.844· PR (2005/0203199-6)

VOTO

O SR. MINISTRO OG FERNANDES (RELATOR): Conforme relatado,


o paciente é acusado, com outras pessoas, de crimes contra o sistema financeiro,
lavagem de dinheiro e formação de quadrilha,
Afirma o impetrante "a ilegalidade no recebimento da denúncia e
processamento da ação penal perante o Juízo Federal da 2a Vara Federal Criminal
da Subseção Judiciária de Curitiba (PR) , pois é clara a inexistência de transações
realizadas pelo paciente com contas mantidas no BANESTADO em Nova Iorque,
bem como de transações com pessoas residentes ou com sede no Estado do
Paraná, o que gera a incompetência da Justiça Féderal do Paraná, além dà
inexistência de conexão com outros feitos, pelas diferentes fas9$ em que se
encontram e pelo número de fatos ilícitos independentes em apuração" (fi. 13).
Destaca, ainda, que "segundo os laudos periciais elaborados pelo
Instituto Nacional de Criminalística inexiste qualquer vínculo entre as transações
realizadas pelo paciente com o caso BANESTADO ou entre estas transações com
pessoas residentes ou com sede no Estado do Paraná, de modo que impossível
conectá-Ias com operações outras, em Foz do Iguaçu (PR) ou no BANESTADO
C·)"·
o feito criminal, como visto, tramita no Juízo da 2" Vara Federal
Criminal da Subseção Judiciária de Curitiba, no Paraná, o qual rejeitou a exceção
de incompetência formulada pelo paciente, sob os seguintes fundamentos, in
verbis:

1. Trata-se de exceção de incompetência em relação à ação criminal


de nO 2005.7000008925-4
2. Algamen(a, e/ÍI sí1ltese, o excipítmte:
a) que, nos termos da denúncia, os delitos teriam sido praticados e
consumados no exterior através da conta Chettiar mantida no
Merchants Bank de Nova York e no Brasil, na sede em São Paulo da
empresa Clicktrade Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobíliários

HC 50844
lfk1nno
27
256
S/A,
b) que não há vinculação necessária com o Caso Banestado;
c) que processo equivalente que tinha por objeto outra conta
controlada pelos acusados foi remetido a São Paulo; e
d) que, portanto, a competência é da Justiç.a Federal de São Paulo.
3. O MPF discordou da excéção, alegando, em síntese:
a) que a movimentação da conta' Chettiar é oriundo ou aestinado a
outras contas invéstigadas perante o Juízo; .
b) que a conta Chettiar recebeu, por exemplo, crédito da conta do
Banco Amambay cujos diretores eStão sendo processados nos autos
da ação penal 2004. 7000016320-6,
c) que há registro de transações com a conta Braza mantida no
Merchants Bank de Nova York e cujos titulares estão sendo
processados através da ação penal 2004, 7000025085-1;
d) que há registro de tránsações com a Lespan S/A que tem como
correspondentes a Tupi Câmbios no Paraguai e a Alhec Tours nà
Argentina, sendo que os dirigentes da Tupi Câmbios estão sendo
processados através da ação penal 2003.7000029533-2;
e) que os recursos çJeposltados na conta Chettiar são originários direta
ou indiretamente de contas CC5 mantidas em Foz do Iguaçu/PR, e
)
f) que há conexão probatória com os demais processos do caso
Banestado .
4. Os autos vieram conclusos para sentença.
II.FUNDAMENTAÇAO
5. A ação penal 2005.7000008925-4 tem por objeto crimes de gestão
fraudulenta de instituição finánceira, evasão de divisas e de lavagem
de dinheiro. .
6. Os fatos envolvem a conta Chettiar Bussiness INC mantida no
Merchants Bank de Nova York, e que teve movimefltação de US$
22.827.838,63 no período de 10/1212001 até 03/01/2003, bem como a
empresa Clícktrade Corretora de Câmbio, Titulas e Valores Mobiliários
com sede em São Paulo. Segundo os termos da acusação, em
síntese, a referida empresa e conta eram utilizadas para a prática de
operações de câmbio ilegais do sistema paralelo no Brasil e para
lavagem de dinhefm
7. Ora, as contas mantidas no Merchants Bank de Nova York
controladas por brasileiros tiveram o seu sigilo bancário quebrado
pelas próprias autoridades norte-americanas em rastreamento de
possíveis operações envolvendo tráfico de entorpecentes, ci relato
'apresentado em Juízo pela testemunha Thomas Dombrovisky
8. As aulO/idades bliJsile;ms chegaram a leis ooRres, por Sé/a ',tez,
através de' investigações conduzidas no inquérito de n°
2003.7000030333-4 que tinham por objetivo rastrear o numerário
remetido fraudulentamente para f07{:F0 país através de contas CC5
mantidas em Foz do Iguaçu/PR

HC 50844
1111!~IIIII~~~111m
2005/0203199-6
i }
Página 5 de 10
g~.J~~~a
27

n
"! Em um pnmelfo
" momen to, as d'I'" . contas2·57
I/genclas Ievaram as
mantidas na agência do Banestado em Nova York. Posteriormente, a
outras instituições financeiras como a Beacon HiII SeNice Corporation
ou o Merchants Bank de Nova York.
10. O MPF, em resposta à exceção, afirmou categoricamente que.:
"resta evidente que os recursos depositados na conta Chettiar;
controlada pelo excipiente, são originários, direta ou indiretamente, de
conta CC5 mantidas em Foz do Iguaçu, portanto, no Paraná, de modo
que, pela aplicação da regra assente no artigo 71 do Cpp é do Juízo
da Circunscrição Judiciária de Curitiba, que conta com Vara
especializada na apuração de crimes contra o sistema financeiro, o
competente para processamento do feito. "
11. Tal quadro fático ainda não está de todo evidenciado, em que pese
a afirmação. Não obstante, não se pode perder de vista que a
instrução da ação penal ainda está em trémite, sendo possível a
produção de prova nesse sentido até o final dofeito.
12. Quer isso ocorra ou não, O que importa para definição da
competência são os termos da acusação e esta como visto relaciona a
movimentação das Contas mantidas pelos excipientes no exterior com
a evasão de divisas fraudulenta ocorrida em Foz do Iguaçu.
13. Por certo, não seria admissível acusação da espécíe sem base
fática
14. Não obstante, em seu favor, encontra-se o fato de, que o MPF
aponta pelo menos um depósito na conta Chettiar proveniente de
empresa que mantinha conta CC5 em Foz do Iguaçu (fi, 13 da
denúncia), o que leva à natural suposição de vinculação entre as duas
atividades,
15._ Além disso, como já foi dito, as autoridades brasileiras chegaram
às contas do Merchants Bank através de rastreamento de recursos
evadidos por Foz do Iguaçu, o que foi feito no inquérito nO
2003.7000030333-4..
16, Houve a partir da prova produzida neste inquérito apenas um
desmembramento dos inquéritos e ações penais com base no artigo
80 do CPP e para evitar a inviabílização dos processos diante do
gigantismo dos fatos e do número expressivo de envolvidos
17, Assim, a competência deste Juízo em relação a presente ação
Penal pode ser justificada também com base na conexão com o
aludido inquérito originário e todos os inquéritos e ações penais dele
desmembrado e que envolvem várias instituições financeiras e
pessoas associadas para a prática de uma mesma atividade complexa
e apwelllelllente iNcita, de e~a8ão de divisas e prátiea ele epeFa9ões
de cémbio no sistema paralelo.
18. A demonstrar tal conexão, transcreve-se ainda o seguinte trecho
da denúncia:
"Ainda como exemplo das operações do esquema ora de

illlllllllilll~~!llg /1/ ~
HC SOIl44 200$10203199·6
258
conta Chettiar efetuou várias transações com a conta Braza, também
no Merchants Bank, de titularidade de Eliottt Maurice Estínazi, Renato
Bento Maudonnet Jr; Dany Lederman e Hefío Renato Laniado, cf as
fls, 190, 199, 228 e 229 do inquérito policial 1167/04,
Entre 13 de dezembro de 2001 e 6 de dezembro de 2002, a conta
Chettiar recebeu vinte e cinco créditos da Lespan, mantida no First
Uníon BanklNew YOrk, no montante de US$ 2,800.197,00, Além disso,
entre 12 de dezembro de 2001 e 21 de maio de 2002, a Chettiar
remeteu para a Lespan, em trés operações, a quantia de US$
336.053,26 (fls. 53-56),
SegUindo o mesmo modus operandi, a conta Chettiar recebeu nove
créditos da conta Kiesser, nO 30102170, mantida no MTBIHUB, no
montante total da US$ 1,350.000,00 (fi" 53), entre 20/1212001 e
24/0512002, A Chettiar enviou para a mesma Kiesser, em 2210512002,
a quantia de US$ 30,000,00 (fi, 54)" (fi, 14)
19. E como o próprio MPF aponta na denúncia, as movimentações
financeiras de tais contas estão sendo investigadas em processos em
trâmite nesta Vara, de nOs 2003,700000051547-7, 20047000025085-1
e 20047000033221-1. Já a movimentação da Lespan ainda sendo
investigada no próprio inquérito originário 2003,,7000030333-4
) 20, A prova colhida em um desses procéssos relativamente à natureza
das transações efetuadas com a Chettíar pode ser relevante para o
julgamento deste feito e vice-versa, Por exemplo, em seu
interrogatório, Joacyr Reinaldo afirma que as transações efetuadas na
conta da Chettiar, em sua maioria, envolviam (jinheiro de estrangeiros
(fi, 212 da ação penal), Algo semelhante foi dito pelo acusado
Fernando Janine, que afirmou que as transações eram de investidores
estrangeiros (fi, 224) Sé comprovados nos outros processos que as
transações efetuadas com as contas Braza e Kiesser diziam respeito a
numerário de brasileiros, isso poderá influenciar no julgamento da
presente ação penal. Da mesma forma, os controladores da conta
Braza, na ação que respondem perante este Juízo, afirmaram que
seus clientes eram estrangeiros. A prova produzida neste feito
relativamente à natureza das transações da conta Chettíar poderá
influir no julgamento daquele feito
21, Tami?ém é formulada acusação de lavagem de dinheiro nos
seguintes termos,'
"os denunciados., de forma livre e consciente,ao ocultarem e
dissimularem a origem, propriedade, localização, disposição
movimentação de valoras mantidos em conta no exterior (conta
Cllel/iat), em seus nomes e ele tSi'esÍffls, e, as previameF/te pratíoa~
delitos contra o SFN e por meio de organização criminosa, incorreram

1120,Ilf--
nas sanções do artigo 1°, VI e VII, combinado com o artigo 1°, § 1°,
Incisos I e 11, com o artigo
da Lei 9613/98" (fi 32)
incisos I e 1/, e com o artigo 1°, § 4°

HC 50844 t~~~! Jjl Págl~a 7de 10


27

22. E ainda..
nA ocultação e a dissimulação da origem e propriedade dos valores
foram realizadas de forma consciente e remunerada, ao longo dos
anos, especialmente considerando as seguidas transações entre as
diversas contas de empresas de fachada no exterior, de modo a 'lavar'
valores monetários cuja origem no Brasil e no exterior são ilícitas ou
clandelitinas, quantias provenientes especialmente de crimes contra o
sistema financeiro nacional e delitos praticados por meio de
organização criminosa (inclusive crimes tributários)." (fI. 23)
23. Ao seu tempo, quando do julgamento de mérito, tal acusação será
apreciada. Tem-se, porém, que, em alguns casos, cf já declinado, tais
terceiros são posslveis doleiros que respondem a processo perante
este Juizo. Assim, a prova colhida nestes feitos relativamente à prática
de crimes financeiros por esse doleiros será relevante para apreciar a
acusação ora formulada de lavagem de dinheiro.
24 Assim, apesar da complexidade dos fatos, é possivel identificar
possivel conexão probatória (art. 76, 111, do CPP) ou mesmo a conexão
prevista no artigo 76, 11, do CPP, deste feito em relação a outros em
trfimite perante este Juízo como aqueles citados acima..
24. Quanto ao' fato deste Juizo, acolhendo pedido do MPF, ter
remetido outro procedimento similar à São Paulo, cumpre esclarecer
que a medida talvez tenha sido equivocada, tendo sido adotada por
uma questão puramente pragmática, tendo em vista a carga
processual elevada imposta esta Vara
25. Deve-se ter presente que os fatos sub judice neste feito e em
casos similares são complexos, envolvendo a prática de centenas de
operações financé)iras, espalhando-se pelo território nacional e mesmo
no exterior. Várias dessas operaçõe.s financeiras envolvem fatos e
pessoas investígadas em outros processos Os fatos até o momento
desvelados apontam para um complexo sistema de compensação
entre operadores do mercado de' câmbio paralelo, em feixes de
transações não de todas esclarecidas. Em circunstâncias espécie, a
exata definição do local de prática e consumação dos delitos, bem
como questões relativas à conexão com outros. feitos, mostram-se
igualmente complexas, sendo recoméndável a prudência na resolução
de questões atinentes à competência, com certa deferência às
escolhas da acusação quando estas se mostram razoáveis e máxime
quando o caso envolve competência meramenterelatíva.
26. Assim sendo e com a ressalva quanto à aludida complexidade dos
fatos e a uma instrução probatória ainda em andamento, a
competência para ojulgamento da aCl/sação formulada peto AtlPE é de
fato deste Juízo, seja porque os fatos narrados na denúncia envolvem
atos fraudulentos relacionados à evasão de divisas consumada em
Foz do Iguaçu, seja pela conexão com diversos outros inquéritos e
ações penais em curso nesta Vara, cf process0tKts... citado~_

HC 50844 "na J de 10
.'
27

exemplificadamente nos itens anteriores_Além disso, este Juízo não


agiu arbitrariamente em relação a manutenção deste processo, não
podendó a declinação de outro feito, que foi orientada por critérios
eminentemente pragmáticos, justificar, por si só; a procedência desta
exceção. ..
IIIDI SPOSJTI VO
27 Ante todo o exposto, REJEITO a presente exceção de
incompetência, mantendo o feito perante este Juízo.·

Com efeito, o Juiz da 2a Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária


de Curitiba, de maneira fundamentada, deixou certo ser inviável a declinação da
sua competência, em razão da existência da conexão instrumental da mencionada
ação pénal com outros feitqs que ali tramitam, relacionados também com a
apuração da prática de evasão de divisas por meio de contas mantidas no
Merchants Bank, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Ademais, remarcou o magistrado "restar evidente" que o numerário
depositado na mencionada conta Chettiar partiu de contas bancárias da cidade de
)
Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná, não se olvidando que o Juízo da 2" Vara
Federal Criminal de Curitiba é especializado em delitos de lavagem de dinheiro e
contra o sistema financeiro nacional, naquela Seção Judiciária.
Por fim, no que diz com os laudos do Instituto Nacional de·
Criminalística, os quais. segundo o impetrante, concluem não existir vínculo entre
as transações bancárias com o caso Ban estado , adoto como razão de decidir as .
acertadas ponderações lançàdas pela Procuradoria Regional da República da 4a
Região em seu parecer (fI. 185), no sentido de que tais exames não conduzem, por
si, ao pretendido deslocamento da competência:

O impetrante aduz que os Laudos Econômico-Financeiro na


) 625/05-INC e na 756105-INC, elaborados pelo Instituto Nacional de
Criminalística, apo{1tam inexistir transações da conta Chettíar com
contas mantidas pelo Banestado em Nova Iorque, ou com pessoas
res,írieRt€!s Gil sediadas RG Estaoo 00 Paraná. Por esse fllofíllQ,
restaria determinada a declinação da competência ao Juíz Federal da
Seção Judiciária de São Paulo, local do domicm(j dos réus.
No entanto, verifica-se no Laudo na 625/05-INC (fls. 25-28) não ser
absoluta a conclusão a respeito da inexistência de operaç0tJif:;--es
en.tre a

HC 50844 ,!~~!!~~!~~]~ g)na de 10


~
27

conta Chettiar e contas m?lntidas no Banestado, ou com pessoas,


fisicas ou juridicas, no Estado do Paraná: "Importante mencionar a
possibilidade de existirem transações, sejam remetidas ou recebidas,
relaciona.das aos nomes pesquisados, porém não contempladas neste
Laudo em razão de terem sido lançadas no sistema de transmissão de
ordens de pagamento com incorreções ou de modo incompleto".
Quanto ao Laudo nO 75612005, a conclusão isolada das demais provas
dos. àutos, dlil que as operaçõlils financliliras ocorreram após o .
encerramento das atividades do Banestado, não determina o
afastamento da competência do Juíio impetrado. As informações nele
contidas deverão ser cotejadas com os demais elementos probatórios
dos fatos delituosos contidos na denúncia, cuja complexidade foi
considerada para o desmembramento do inquérito que a originou.

Diante do exposto, denego o habeas corpus.


É como voto.

q(f---

HC 50844
~lllllllllllllmlln
2005/0203199·6 Página 10 de 10
S·T.J
FI. J, 1j 3

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
'-P 262
SEXTA TURMA

Número Régistro: 2005/0203199-6 HC 508441 PR


MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 200461810063184 2005Q4010478060 200570oo0Q89254


EM MESA JULGADO: 24106/2009

Relator
Exmo. Sr Ministro OG FERNANDES
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. MiniSlrq MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Subprocurador-Geral da República .
Exmo Sr. DL JOÃO Ff'lANCISCO SOBRINHO
Secretário
Bel. ELlSEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
. AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : CLÁUDIO JOSÉ AB8ATEPAULO
IMPETRADO : SÉTIMA TURMA DO TRIBUNAL RE:GIONAL Ff"DERAL DA 4A REGIÃO
PACIENTE : JOACYR REINALDO
)
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacioffiill
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: .
"A Turma, por unanimidade, denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator."
Os Srs. Ministros celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP}, Haroldo
Rodrigues (Desembargador convocado do T J/CE) e Maria Thereza de Assis Moura
o
vaiaram com Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Nilson Naves
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.

Brasília, 24 de agosto de 2009

- ~I../-l_ ...0..
ELlSEU AUGcrSTON'úf:JES DE SANTANA
) Secretário

----------------------- ~-------~-------

~lllllmilll~lmIIR 2005 üéQ3-99-6 . HC 50844


27

HABEAS CORPUS N° 50.844· PR (2005/0203199-6)

RELATOR : MINISTRO OG FERNANDES


IMPETRANTE : CLÁUDIO JOSÉ ABBATEPAULO
IMPETRADO : SÉTIMA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA
4AREGIÃO
PACIENTE : JOACYR REINALDO

EMENTA
HABEAS CORPUS. CRIMES CÓNTRA O SISTEMA FINANCEIRO,
LAVAGEM DE DINHEIRO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA.
PRETENSÃO DE DESLOCAMENTO DO FEITO, DE COMPETÊNCIA
DO Juízo FEDERAL DE CURITIBA, NO PARANÁ; PARA O Juízo
FEDERAL DE SÃO PAuLo. IMPOSSIBILIDADE.
, "
1. O Juiz da 2." Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de
i' Curitiba, de' maneira fundamentada, deixou certo ser inviável a
declinação da sua competência, em razão da existência da conexão
instrumental da ação penal com outros feitos que ali tramitam,
relacionados também com a apuração da prática de evasão de divisas
por meio de contas mantidas no Merchants Bank, em Nova Iorque, nos
Estados Unidos.
2. Remarcou o magistrado "restar evidente" que o numerário
depositado na mencionada conta Chettiar partiu de contas bancárias
. da cidade de Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná, não se olvidando
que o Juizo da 2." Vara Federal Criminal de Curitiba é especializado
em delitos de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro
nacional, naquela Seção Judiciária.
3. Ordem denegada, '

ACÓRDÃO

Vistos,relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, .
por unanimidade, denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator. Os Srs. Ministros Celso Limongi (Desembargador convocado do
TJ/SP) , Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) e Maria
Thereza de Assis Moura votaram com o Sr . Ministro Relator.
Ausente, justificadamente,. o Sr. Ministro Nilson Naves.
Presidiu o julgamento a Sra, Ministra Maria Thereza de Assis Moura.

Brasília (DF), 24d gostõ8e 2009 (data do julgamento)


- /
~\..---'~--
IStRO OG FERNANDES \

BC 50844
:J ~l l l l l l l l l rnl ~
200510203199·6
\
Página 1 de 2
CERTIDÃO

Certifiéo qu.e foi disponibilizado 110 Diáriolj.a' Justiça'


Eletrônico/STJ em ?5/09/2009 :0 acó~dão de. folhCf retro,
considerando-se publicado na data abçixo'
" ,.,
menclpnada,
.
nos ..
'-
. , " . __ ,", t
.termos do artigo .4~ § 3 da Lei 11.419/2006. Certifico., ainda,
0
'.. '
que foi{!oram) intimada(s) o Ministério Público Federal e, c.asq.
figurem como p~rte dos presentes auio~: a União, aFÇ/Zenda.
. - . I • " ,_

Nacional, e as Entidades FJ elaís elenCiqdás no


- .' , -. - - I . . _,
(;Irt 17, da Lei
.

na 10 '910104, .com a eXpedfç Mandado de Intimação,


cOliforrrze
. determina
'.. ,
lei em vigor_

ro de ;2009!

p/Célia Regi a Fe1teÍTa Jaéomini'


Chefe..da Seção de oio a Julganumtos ICó'T
265

~.nün~~~~<Jája

HC 508441PR

CERTIDÃO DE INTIMACÃO.

Certifico que foi intimado da publicação do v. acórdão de fls. retro,


ocorrida em 28/09/2009, conforme mandado arquivado nesta Coordemidoria: oCa)
MINISTÉRIOPÚBLlCÔ FEDERAL em 30/09/2009.
Brasília" DF, 20 de outubro de 2009

,"
Coordenadoria da Sexta Turma

CERTIDÃO DE TRÃNSITO E TERMO DE REMESSA

Certifico que decorreu o prazo para. recurso do respeitável acórdão.

Remetam-se os presentes autos à Seção de Documentos Judiciários.

Brasilia - DF, ~o d~~

Seção de Análise éBaixa


Coordenadoria da Sexta Turma
Volumes: 001
Apen~os: 000

15 3Q/Oen.cog md
1IIIIIIl
:: Portal da Justiça Federal da 4a Região :: Página 1 de 2

266
Usuário: não Ioga do Login Processo Eletrônico (20 Grau)

Consulta Processual Unificada - Resultado da Pesquisa

INQUÉRITO POUClAL N° 2004.70.00.033221-1 (PR)


Inquéritos: 13/2006
Data de autuação: 23/09/2004
Juiz: Leoberto Slmao Schmitt Junior
Órgão Julgador: Juízo SUBSTITUTO DA 03A VF CRIM. E JEF CRIMINAL DE CURmBA
Órgão Atual: OUTROS
Localizador: GR
Situação: BAIXADO
Assuntos:
1. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/86)
2. Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de Bens, Direitos ou Valores (Lei 9.613/98)

(Chque aqui para mostrar todas as partes/advogados)


AUTOR: MINISTÉRIO PÚBUCO FEDERAL

INDICIADO: Silêncio Concedido

P,:CCESS05 RELACIONADOS
Clique aqui para ver os processos relacionados no TRF4

FASES

03/10/2006 16:45 Baixa Definitiva - Remetido alo) IPL REMETIDO À JF DO RIO DE JANEIRO
GR:06/00991B4 DEST:OUTROS.
03/10/2006 16:44 Expedido Oficio OF. 3093106 E OF. 3094/06 ENCAMINHANDO OS AUTOS À JF DO RIO
DE JANEIRO
19/09/2006 18:13 Despacho/Decisão - Interlocutória
04/09/200620:27 Redistribuição/Atribuição - Sucessão Redistribuição por sorteio a novos juizos normal do
dia 04.09.2006 20:27:56 ( Leoberto Slmao Schmitt Junior/JuíZO SUBSTITUTO DA 03A VF CRIM. E JEF
CRIMINAL DE CURmBA)
04/08/200613:53 Autos com Juiz para Despacho/Decisão
04/08/2006 13:53 Lavrada Certidão O CD-ROM QUE ACOMPANHA A MANIFESTAÇÃO RETRO ESTÁ NA
CONTRACAPA DOS AUTOS.
04/08/200613:53 Lavrada Certidão JUNTADAS MANIFESTAÇÕES DO MPF.
04/08/200613:53 Recebimento COM 1 VOLUME E 1 APENSO. ORIG: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
12/06/200618:36 Remessa Externa À FORÇA-TAREFA CC5. GR:05/0058276 DE5T:MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL
12/06/2006 16:20 Recebimento COM 1 VOLUME E 1 APENSO - RELATADO. ORIG: DELEGACIA DE poLÍCIA
FEDERAL
27/03/200612:59 Remessa Externa GR:05/0030384 DEST:DELEGACIA DE POLÍCIA FEDERAL.
24/03/200613:58 Despacho/DeCisão - de Expediente BAIXEM OS AUTOS À AUTORIDADE POLICIAL DE
CURmBA POR MAIS 90 DIAS
13/03/2006 14:29 Autos com Juiz para Despacho/Decisão MPF DE ACORDO COM DILAÇÃO DE PRAZO.
13/03/2006 14:29 Juntado(a) PETIÇÃO - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - 06/0434104 - 07/03/2006
17:12 - MPF DE ACORDO COM DILAÇÃO DE PRAZO.
13/03/2006 14:02 Recebimento COM 1 VOLUME E 1 APENSO. ORIG: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
02/03/200613:45 Remessa Externa GR:05/0020015 DE5T:MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.
20/02/200613:40 Recebimento COM 1 VOLUME E 1 APENSO - PRAZO. ORIG: DELEGACIA DE POLÍCIA
FEDERAL
08/11/200513:26 REMETIDO A AUTORIDADE POLICIAL GR:05/0123178 DE5T:DELEGACIA DE POLÍCIA
FEDERAL.

http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/acompanhamento/resul tado_pesquisa _popup.p hp?txtV... 5/4/2010


267
N0 Carga' 't)q.:b I
JFSP - FORUM CRIMINAL
SETOR DE PIHHOCOLO HIlCIAI.
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Poder Judiciário \IEx::.,
JUSnçAFEDERAL I...
2009,61 91,014905-2 Seção .Judieiária do Paraná
02A VF CRIMINAL E SFN DE CURITmA

AÇÃO PENAL N" 2005.70.00.008925-4/PR


AlITOR MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Réu FERNANl>O JANINE RIBEIRO
ADVOGADO ROBERTO JOSEMUNERVINO
ELYSE MICHAELE BACILA BATISTA DE MATOS
Réu JOACYR REINALDO
ADVOGADO CLAUDIO JOSE ABBATEPAULO
GUILHERME MOREIRA RODRIGUES
Réu TEREZA MITSUMUNE
ADVOGADO ROBERTO JOSEMUNERVINO
Réu MYRIAM DE VASCONCELOS ORTIZ REYNALDO
,)
ADVOGADO CLAUDIO JOSE ABBATEPAULO
GUILHERME MOREIRA RODRIGUES
CARTA PRECATÓRIA N° 4068662

DEPRECANTE: O Doutor Sergio Fernando Moro, Juiz da


Segunda Vara Federal Criminal de Curitiba, Seção Judiciária do Paraná.

DEPRECADO: Excelentissimo Senhor Juiz Federal


Criminal competente por distribuição da Subseção Judiciária de São Paulo -
SP.

ORIGEM: Autos de Ação Penal n" 2005.70.00.008925-4,


movidos pelo Ministério Público Federal contra Fernando Janine Ribeiro, Joacyr
Reinaldo e Outros.

FINALIDADE: INTIMAR Fernando Janine Ribeiro,


brasileiro, divorciado, economista, nascido 04/05/1952, filho de Benedicto
Ribeiro e de Maria Therezinha Janine Ribeiro, portador da CIRG nO
4.934.560/SP, inscrito no CPFIMF n° 569.411.298-91, residente na Rua
Horácio Lafer, 721, ap. 41, ltaim Bibi, São Paulo/SP; e, Joacyr Reinaldo,
brasileiro, casado, empresário, nascido em 04/03/1952, filho de Moacir Reinaldo
e de Zilda Reinaldo, portador da CIRG n° 4741307/SP, inscrito no CPF sob n°
390.530.918-15, residente na Rua Manágua, 117, Jardim Everest, São
Paulo/SP, ambos com endereço profissional na rua Joaquim Floriano, 101,
sala 402, São Paulo/SP, do inteiro teor da sentença de fls. 1453/1487, por
fotocópia anexa, bem como para, querendo, manifestar interesse em apelar, no
prazo de 5 (cinco) dias.

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2005.70.00,008925-4 [MBC©IMBC] 4068662. V002 112
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268
07
Poder Judiciário ~
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
02A VF CRlMINAL E SFN DE CURITIBA

Solicita-se Que o Sr. Oficial de Justiça faça constar expressamente


em sua certidão a manifestação extemada pelos réus, no ato da intimação, acerca
de seu interesse em ªpelar.

Solicita-se ainda que Quando da intimação (ou não) dos réus, s<:.m
encaminhada a este Juízo - via fac símile - a certidão lavrada pelo sr. Oficial de
Justiça.

ANEXOS: Duas cópias da sentença das fls. 1453/1487 dos autos.

Expedida em Curitiba, PR, de dezembro de 2009. ~~ /


)
MBC, técnica judiciária, digitei, e eu, 'ce Grosskopf, D~
Secretaria, conferi. f

Curitiba, 09 de dezembro de 2009.


)

Avenida Anita GarlbaldJ, nO 888, 2° andar, Bairro Ahú - Cwitiba - CEP 80540-180
Fone: (41)3313-4511; FoneiFax: (41)3313-4508 e 3313-4512 - Página: wwwJjpr.gov.br-Email:
prctbcr02dlr@jjpr.gov.br

2005.70.00.008925-4 [MBC©tMBC] 4068662.V002 212


I11111111111 11. I"IIII! UIII"I 111111111111 [!II ~M 1[lIlltnm II I[11[[11[111 mlllll ~IIIIIIIIIIIIIIIIIIII illlrn
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICLÁ.RIA DO PARANÁ

2 a VARA FEDERAL CRIMINAL DE CURITIBA'


PROCESSO n.o 2005.7000008925-4
AÇÃO CRIMINAL
Autor: Ministério Público Federal
Réus:
Fernando Janine Ribeiro, brasileiro, divorciado, economista, nascido em
04/05/1952, filho de Benedicto Ribeiro e de Maria Therezinha Janine Ribeiro,
portador da CIRG n.o 4.934.560/SSP/SP, inscrito no CPF sob o n.o 569.411.298-91,
residente e domiciliado na Rua Horácio Lafer, 721, ap. 41, Itaim Bibi, São Pauló/SP,
e com endereço profissional na Rua Joaquim Floriano, 101, sala 402, São Paulo/SP;
Joacyr Reinaldo, brasileiro, casado, empresário, nascido em 04/03/1952, filho de
Moacir Reinaldo e de Zilda Reinaldo, portador da CIRG n.o 4741307/SSP/SP,
inscrito no CPF sob o n.o 390.530.918-15, residente e domiciliado na Rua Manágua,
117, Jardim Everest, São Paulo/SP, e com endereço profissional na Rua Joaquim
Floriano, 101, sala 402, São Paulo/SP;
Tereza Mitsumune, brasileira, solteira, aposentada, nascida em 08/03/1945, filha de
Taneyoshi Mitsumune e de Kiyko Mitsumune, portadora da C1RG n.o
4.628.186/SSP/SP, inscrita no CPF sob o n.o 098.083.888-68, residente e
domicíliada na Rua Teodoro Sampaio, 2611, ap. 73, Pinheiros, São Paulo/SP;
Myriam de Vasconcelos Ortiz Reyríaldo, brasileira, casada, do. lar, nascida em
) 16/05/1951, filha de Rubens Ortiz e de Maria Helena de Vasconcelos Ortiz,
portadora da CIRG n.O 5.059.271/SSP/SP, inscrita no CPF sob o n .o 644.383.418-68,
residente e domiciliada na Rua Manágua, 117, Jardim Everest, São Paulo/SP.

1- RELATÓRIO

1. A denúncia oferecida no presente caso é resultado das


investigações realizadas acerca da remessas ao exterior efetuadas a partir de
contas CC5 mantidas principalmente em Foz do Iguaçu/PR e durante a segunda
metade da década de 90. No decorrer de tais investigações, chegou-se, através de
diligências conduzidas no inquérito-mãe 2003.7000030333-4 e processo
2004.7000008267-0, a contas controladas por brasileiros no Merchants Bank de
Nova York.

2. No presente caso, foi apresentada denúncia pelo MPF


contra os acusados acima referidos pela prática dos crimes previstos nos artigos
4.°, 16,22, parágrafo único, da Lei n.o 7.492/86, artigo 1.° da Lei n.o 9.613/98 e artigo
299 do CP. Em síntese, a denúncia tem por objeto a movimentação financeira no
exterior, sem qualquer declaração ou controle pelas autoridades públicas, da conta
de n.o 45200483 de titularidade da off-shore Chettiar Business Incorporated ,
respectivamente, com sede nas Ilhas Virgens Britânica, e mantida no Merchants
Bank de Nova York, e que seria controlada pelos ora acusados. Segundo laudos da
Polícia Federal, a conta teria movimentado no período de 12/2001 a 06/2002 cerca
de vínte e dois milhões de dólares. Os acusados também operariam no Brasil

1 Sentença condenatória criminal - Tipo D (Resolução 535/CJF).


1
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIARIA DO Pi\RANA

através da empresa Clicktrade Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários


Ltda., com sede em São Paulo. Também segundo a peça inicial, os acusados seriam
operadores no mercado de câmbio paralelo, com forte atuação, e utilizariam a conta
no exterior e a empresa no Brasil para a realização de operações financeiras ilegais,
com a burla de sistema de controle do Banco Central do Brasil e ocultamento dos
ativos próprios e de terceiros da Receita Federal, com a prática de crimes
financeiros. Ao ocultarem e dissimularem a origem, a propriedade, a localização ou
movimentação de valores próprios e de terceiros mantidOs em contas no exterior,
para lá remetidos ou de lá trazidos, teriam praticado crime de lavagem de dinheiro,
tendo como antecedentes crimes contra o sistema financeiro nacional. Informa
ainda o MPF que a contas teve o seu saldo, de USD 1.338.660,25, bloqueado nos
Estados Unidos pelas próprias autoridades norte-americanas na ação criminal 04-
CR-617, United States v. Maria Carolina Nolasco (a gerente do Merchants Bank
responsável pelas contas), em trâmite na Corte Federal de Nova Jersey.

3. A denúncia foi recebida em 14/04/2005 (fls. 44-50).

4. Os acusados foram interrogados (fls. 179-188 e 209-


232). Apresentaram defesa prévia por defensores constituídos (fls. 259-266).

5. Foram ouvidas as testemunhas de acusação (fls. 252-


258, 295-385, 567, 665-666, 782-790, 795-804 e 853) e de defesa (fls. 982-987,
1.000-1.005, 1.023-1.025, 1.125-1.127, 1.141, 1.156, 1.172, 1.230-1.231).

6. Os requerimentos das partes na fase do artigo 499 do


CPP foram apreciados, cf. decisões de fls. 1.277-1.280 e 1.312.

7. O MP F, em alegações finais (fls. 1.329-1.373)


argumenta: a) que a materialidade delitiva está comprovada pela documentação
colacionada aos autos, bem como pelos laudos periciais que retratam a
movimentação da conta mantida no exterior; b) que a conta era movimentada a partir
da sede da empresa Clícktrade; c) que há registro de transações com outros
doleiros; d) que a Chettiar integra esquema de movimentação dólar-cabo; e) que a
contas não foi declaradas ao Bacen; f) que a conta era movimentada pelos
acusados Fernando e Joacyr, com o auxílio da acusada Tereza; g) que não há
provas suficiente de autoria em relação à acusada Myríam; h) que valem-se do
sistema dólar cabo apenas aqueles que não possuem origem lícita para os recursos
movimentados; i) que, em alguns casos, o nome dos acusados figuram como
ordenadores das transações; j) que os valores bloqueados em conta corrente dos
acusados devem ser confiscados; k) que as condutas configuram· os crimes dos
artigos 4. 0 , 16,21,22, parágrafo único, da Lei na 7.492/86, do artigo 1. 0 da Lei n. o
9.613/98 e do artigo 288 do CP. Pede a condenaçâo dos acusados, salvo da
acusada Myriam.

8. A Defesa da acusada Myriam de Vasconcelos, em


alegações finais (fls. 1.382-1.385), argumenta que ela é apenas casada com o
acusado Joacyr Reinaldo e que nunca controlou ou movimentou a conta no exterior.

9. A Defesa da acusada Tereza Mitsumune, em


alegações finais (fls. 1.387-1.394), argumenta que ela é apenas secArticular

/~ 2
271
JUSTiÇA FEDERAL 1455
SEÇ)I,O JUDICIÁRLA DO PARANÁ

do acusado Fernando Janine, mas que nunca controlou ou movimentou a conta no


exterior.

10. A Defesa de Fernando Janine e de Joacyr Reinaldo,


em suas alegações finais, argumenta (fls. 1.396-1.451): a) que a 2.· Vara Federal
Criminal de Curitiba não é competente para julgamento do caso; b) que há conexão
do caso com a ação penal 2004.7000021771-9, devendo o processo desta ser
sobrestado, a fim de possibilitar o julgamento conjunto; c) que as provas dos
Estados Unidos não vieram através de pedido de cooperação jurídica internacional
encaminhado na forma do MLAT entre Brasil e Estados Unidos; d) que os
depoimentos das testemunhas Thomas Dombrowski e Maria Carolina Nolasco são
nulos porque foram realizados em conjunto com outras ações penais; e) que o TRF4
entendeu, no HC 2005.0401026884-2, que o depoimento de Maria Caraolina
Nolasco, por videoconferência, seria nulo; f) que a condutas narradas pelo MPF se
enquadrariam apenas no crime do artigo 22 da Lei n.o 7.49211986; g) que não foi
provado o saldo da conta no dia 31/12 de cada ano; h) que a conta no exterior
estava em nome da off-shore Chettiar e o saldo não precisava ser declarado no
Brasil pelos acusados; i) que a Clícktrade estava autorizada a operar como
instituição financeira, não se configurando o crime do artigo 16 da Lei nO
7.492/1986; j) que a Chettiar por s'ua vez por estar sediada no exterior não se
submete à lei brasileira; k) que as testemunhas ouvidas confirmaram a idoneidade
da empresa Clicktrade; e I) que não há prova do crime de quadrilha, nem do de
lavagem de dinheiro; m) que não há prova do dolo do crime de lavagem; e n) que a
descrição do crime de lavagem se confunde com a do crime de evasão.

11. No decorrer do feito, foi interposta exceção de


incompetência e que foi rejeitada (fls. 426-431).

12. Os autos vieram conclusos.

11- FUNDAMENTAÇÃO

11.1

13. Quanto à preliminar de incompetência, remete o


julgador ao já decidido nas fls. 426-431.

14, Acrescente-se que foram impetrados habeas corpus


perante o TRF4 e ainda perante o Superior Tribunal de Justiça contra essa decisão,
sendo sempre reconhecida a competência desta Corte, cf, fls. 518-525 e ementa
que segue:

"HABEAS CORPUS, CRIMES CONTRA O SISTEMA


FINANCEIRO, LAVAGEM DE DINHEIRO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA.
PRETENSÃO DE DESLOCAMENTO DO FEITO, DE COMPETÊNCIA DO JUfZO
FEDERAL DE CURITIBA, NO PARANA, PARA O JUfZO FEDERAL DE SÃO
PAULO. IMPOSSIBILIDADE
1. O Juiz da 2.' Vara Federal Criminal da Subseção
Judiciária de Curitiba, de maneira fundamentada, deíXOU~1ÍjáVel ~
272
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇ.ÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ " .t 456
declinação da sua competência, em razão da existência da conexão instrumental da
ação penal com outros feitos que ali tramitam, relacionados também com a apuração
da prática de evasão de divisas por meio de contas mantidas no. Merchants Bank,
em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
2. Remarcou o magistrado 'restar evidente' que o
numerário depositado na mencionada conta Chettiar parUu de contas bancárias da
cidade de Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná, não se olvidando que o Juízo da 2.·
Vara Federal Criminal de Curitiba é especializado em delitos de lavagem de dinheiro
e contra o sistema financeiro nacional, naquela Seção Judiciária.
3. Ordem denegada." (HC 50.844/PR - 6. a Turma do STJ
- ReI. Min. Og Fernandes - um. - j. de 24/08/2009 DJ de 28/09/2009, fls. 1.317-
1.327)

15. O julgado reitera o entendimento daquela Corte


quanto a competência deste Juízo em relação a casos envolvendo contas mantidas
no Merchants Bank, cf. O seguinte precedente proferido em outro caso envolvendo
contas mantidas na referida instituição financeira:

"RECURSO ORDINÁRIO EM HC - CRIMES CONTRA O


SISTEMA FINANCEIRO E DE LAVAGEM DE DINHEIRO - COMPET~NCIA POR
) CONEXÃO - TRANCAMENTO - AUS~NCIA DE JUSTA CAUSA NÃO VERIFICADA -
IN~PCIA DA DENÚNCIA - INOCORR~NCIA - POSSIBILIDADE DE COEXIST~NCIA
ENTRE OS CRIMES DO ARTIGO 4.° E 16 DA LEI 7.492/86 - NEGADO
PROVIMENTO AO RECURSO
1. Havendo ligação entre as provas do presente processo
e aquelas de vários outros que correm perante a Vara Federal de Curitiba, impõe-se
o reconhecimento da competência em razão da conexão, cf. artigo 76, /li, do CPP.
(. .. .)"
(RHC 19.909/PR - 5. a Turma do STJ - un. - ReI.
Desembargadora convocada Jane Silva - j. 13/11/2007.)

16. O mesmo ocorreu no STF, em denegação de liminar


pelo Ministro Relator no HC 93368, caso ainda não definitivamente julgado, em
relação aquela causa.

17. É oportuno destacar que, concluída a instrução, os


fatos relatados a seguir, especialmente nos itens 117-123, adiante, confirmam
categoricamente a conexão da presente ação penal com outras em trãmite perante
este Juízo e, portanto, a competência deste para julgamento da presente causa.

18. Ora, se a ligação entre crime de lavagem e crime


antecedente não configura conexão probatória do artigo 76, 111, do CPP, então, com
todo o respeito ao entendimento contrário, não se compreende o que poderia
configurá-Ia?

19. Ainda a ilustrar a evidente conexão, as provas têm


origem comum, compartilhamento de quebra de sigilo de contas mantidas no

r .
Merchants Bank no exterior, várias provas são comuns a vários processos, e ainda
foi realizada audiência conjunta de vários processos para a oitiva de testemunhas de
,c",'ção ("'. 252-258 e 295-385) 4
273
JUSTiÇA FEDERAL
sEçAo JUDICIARIA DO PARANÁ. 1457

20. De todo modo, tendo a matéria sido resolvida r


julgamento dos aludidos habeas corpus impetrados em relação a este ca!
concreto, não cabe aqui revisitá-Ia.

21. Portanto, pela conexão com as várias outras açôE


penais em tramite nesta Vara e que têm por objeto contas controladas por doleirc
brasileiros e mantidas no Merchants Bank de Nova York, cf. já reconhecido nes
caso pelo Superior Tribunal de Justiça, a competência é deste Juízo.

22. Há ainda conexão desta ação penal com a ação pen


2004.700002177.1-9 proposta contra os mesmos acusados, mas tendo pe- ~ ... '~.
crimes semelhantes que teriam sido praticados através da movimentação de ouirE
contas no exterior (fls. 03-49 do apenso XVII). Tal ação foi proposta em 12/2008
recentemente emendada, Apesar da conexão, não há condições, como requerid
pela Defesa, de reunir os dois feitos para julgamento conjunto, considerando que s
encontram em fases bem distintas. Não é razoável, por outro lado, paralisar ",-t
feito, esperando o trâmite daquele.

11.2.

23. Reclama a Defesa a invalidade dos depoimentos da;:


testemunhas de acusação Maria Carolina Nolasco e Thomas Dombrowski porqUE
isso teria sido feito em audiência conjunta com outros processo penais.

24. Ora, foi realizada audiência conjunta, com outros dois


processos penais, pois as testemunhas eram comum a todos e era medida que se
impunha a bem da economia processual, já que as testemunhas eram residentes no
exterior.

25. De todo modo, as audiências correram normalmente,


sendo facultado a cada defensor realizar questionamentos específicos relacionados
a seus casos.

26. Por nao existir qualquer proibição legal ou prejuízo na


realização de audiência conjunta, não cabe reconhecer qualquer vício ou nulidade.

27. Acrescente-se que não houve no momento da


audiência, nenhum protesto dos defensores em decorrência da realização conjunta,
sendo reprovável reclamar apenas em alegações finais.

28. Quanto ao depoimento de Maria Carolina Nolasco, em


decorrência do decidido pela 8,a Turma do TRF da 4'" Regiao, no sentido de que,
para a videoconferência, deveria ter sido permitida a presença dos defensores no
local onde ela teria prestado o depoimento, mesmo sem ter havido requerimento
neste sentido, será ele deixado de lado, até mesmo porque a prova fundamental no
caso é documental, conforme ver-será adiante.
274 .

JUSTiÇA FEDERAL 1458


sEçAo JUDICIÁRIA DO PARANÁ

11.3

29. Como já adiantado, o presente caso é resultado das


investigações realizadas acerca da remessas ao exterior efetuadas a partir de
contas CC5 mantidas principalmente em Foz do Iguaçu/PR e durante a segunda
metade da década de 90. No decorrer de tais investigações, chegou-se, através de
diligências conduzidas no inquérito-mãe 2003.7000030333-4 e processo
2004.7000008267-0 a contas controladas por brasileiros no Merchants Bank de
Nova York, tendo se passado antes por contas mantidas por doleiros na agência do
Banestado em Nova York e ainda por contas também de doleiros administradas pela
Beacon HiII Service Corporation e mantidas no JP Morgan Chase de Nova York.

30. Releva destacar que as contas no Merchants foram


investigadas pelas próprias autoridades norte-americanas, o que originou perante a
Justiça Federal norte-americana, especificamente na United States District Court of
New Jersey, o caso USA v. Maria Carolina Nolasco, esta a gerente da instituição
financeira, Merchants Bank de Nova York, responsável pelas contas. No âmbito de
tal caso, as contas tiveram o sigilo bancário levantado pelas autoridades norte-
americanas e inclusive o saldo bloqueado. Os autos estão instruídos com várias,
mas não todos, cópias de documentôs relativos ao processo norte-americano, dentre
\
) eles notificação dos titulares das contas a respeito do bloqueio (fls. 20-24 do apenso
I, vaI. I). Não há, aliás, controvérsia sobre a existência de tal processo e de tais atos
na Justiça Federal norte-americana.

31. Sobre o histórico do caso nos Estados Unidos, foi


ouvido no Brasil o agente especial Thomas Dombrowski, do DHS - Department of
Homeland Security, e que esteve encarregado da investigação do caso nos Estados
Unidos (fls. 324-385). Segundo ele, o caso começou com a apreensão de
quinhentos quilos de cocaína nos Estados Unidos. Buscando a trilha do dinheiro
utilizado pela organização, chegou-se a uma conta bancária titularizada por pessoa
de nome Garrik Holdíngs. Após a quebra do sigilo bancário da conta pelo Grand Jury
norte-americano, foram constatadas grandes transferências vindo de contas
bancárias mantidas no Merchants Bank de Nova York e que eram controladas pelo
doleiro brasileiro Antônio Pires de Almeida. Através da quebra do sigilo bancário
destas contas, foram identificadas transferências para várias outras contas mantidas
no Merchants Bank de Nova York, todas de responsabilidade da gerente Maria
Carolina Nolasko. Durante a investigação, chegou-se a interceptar os faxes
recebidos por Maria Carolina Nolasco e, posteriormente, foi obtido um mandado de
busca e apreensão de documentos e do saldo de trinta e nove contas do Merchants
Bank e que eram gerenciadas por referida pessoa. Os documentos bancários foram
obtidos de subpoenas (intimações) do Grand Jury e ainda através do mandado de
busca e apreensão. Seguem alguns trechos do depoimento:

"Juiz Federal: E chegando no Merchants Bank quais


foram os próximos passos?
Intérprete: So what, what the next steps after you reach
this point when your found a link between Sorabe and the Merchants Bank?
Thomas: Merchants Bank. We the. subpoenaed the
Merchants Bank.

-~ 6
275
JUSTiÇA FEDERAL .1459
SEÇ).\O JUDICIÁRIA DO PAR.AI~Á

Intérprete: Então foi feita uma solicitação de que o


Merchants Bank , uma autoridade do Merchants Bank fizesse uma ... um
depoimento ...
Juiz Federal: Depoimento não, subpoena é uma intimação
pro banco para que ...
Intérprete: É, subpoena é uma intimação.
Juiz Federal: Então é uma intimação ao banco.
Intérprete: Uma intimação ao banco ... so, you made a
subpoena to the Merchants Bank, thafs correct?
Thomas: Thafs correct.
Intérprete: Ok.
Thomas: It was first Sorabe and ali related bank
accounts.
Intérprete: Inicialmente, ela envolveu a Sorabe e todas as
contas que estavam relacionadas à Sorabe." (fI. 329)

"MPF: muito bem. Could you explain if US bank secrecy


rules were violated in any manner in this investigation? Você pode esclarecer se as
leis de sigilo bancário foram quebradas nos Estados Unidos, ilegalmente, de alguma
maneira?
) Thomas: They were not.
Intérprete: Não, não, elas não foram. Não foram violadas."
(fI. 342)

"Thomas: And in addition to that [interceptação de faxes


referida na fI. 773], we used a Court ordered search warrant, for the premise and Ms.
Nolasco's house.
Intérprete: Então nós tivemos também uma ordem judicial
para ... fazer uma, uma ...
Juiz Federal: Uma busca.
Intérprete: Uma busca dentro da residência da Sra,
Nolasco.
Thomas: And her office and areas around her offíce.
Intérprete: E também na ... no seu escritório e na região
circunvizinha ao seu escritório." (fl. 343)

32. E acerca da vinda dos documentos ao Brasil:

"MPF: Could you explain how was thes evidences that


came up in this case, how these evidences came from ... to Brasil? .
Thomas: To Brasil?
MPF: Como a prova veio parar no Brasil?
Thomas: Again, through the Mutual Legal Assistance
Treaty Agreement between Brasil and the USo We.
Intérprete: Nova ... sorry, I am sorry, novamente, dentro do
que está determinado nesse tratado de Assistência Legal Mútua, recíproca entre os
governos brasileiro e americano Please ...
Thomas: We ... we obtained lhe eviden... through lhe
process the Brazilians requested ali evidence.
Intérprete: The Brazilian Governme~
7
/
JUSTiÇA FEDERAL 1460
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Thomas: The Brazilian Government requested ali


evidences.
Intérprete: Então, o governo brasileiro solicitou todas as ...
as provas.
Thomas: That we had on the Carolina Nolasco/Merchants
Bank investigatíon.
Intérprete: Então o Governo brasileiro solicitou todas as
provas que haviam disponíveis no caso da Sra. Nolasco e no caso do Merchants
Bank." (fI. 343)

33. Como foi declarado pelo agente, todos os documentos


foram obtidos nos Estados Unidos via pedidos de cooperação judiciária internacional
formulados com base no Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o
Brasil e os Estados Unidos (sigla em inglês MLAT), promulgado no Brasil pelo
Decreto n.o 3.81012001. Constam nos autos os ofícios do Departamento de
Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional- DRCI, do Ministério da
Justiça (v.g.: fI. 10 do apenso IV, vol. I; fi. 08 do apenso XXII), ofícios das
autoridades norte-americanas encaminhando a documentação·(v.g.: fi. 11 do apenso
IV, voi. I;) e inclusive certidões das autoridades norte-americanas afirmando a
autenticidade da documentação encaminhada a pedido do Brasil (v.g.: fls. 12-14 do
apenso IV, vaI. 11). Os documentos estão ainda com o carimbo do Ministério da
Justiça/Secretaria Nacional de Justiça, o que revela a sua procedência do DRCI/MJ
e demonstra a sua autenticidade, cf., v.g, os extratos e documentos das contas nas
sessenta e oito folhas do apenso IV e as cerca de seiscentas e oitenta ordens de
transferência constantes no apenso IX.

34. Toda essa documentação é suficiente para


demonstrar a regularidade da obtenção da documentação, bem como sua
autenticidade, e igualmente que a documentação veio em decorrência de pedido de
cooperação jurídica internacional encaminhado e atendido na forma do acordo de
cooperação entre Brasil e Estados Unidos, sigla MLAT - Mutual Legal Agreement
Treaty, cf. texto aprovado pelo Decreto nO 3.81012001

35. Não veio, é certo, cópia integral do processo nos


Estados Unidos, mas não tem este Juízo como exigir a vinda de cópia de todo o
processo norte-americano. Entretanto, isso não era necessário, pois não cabe aqui,
perante a Justiça Federal brasileira, questionar o processo e os atos processuais
praticados nos Estados Unidos.

36. Esclareça-se que, em pedidos de cooperação


judiciária internacional, os atos praticados perante o país Requerido seguem as leis
e regras vigentes naquele país. Em outras palavras e como é básico em Direito
Internacional, seguem-se as leis e regras do local de produção do ato. Por todos,
veja-se o comentário de Guy Stessens: nA cooperação internacional em assuntos
criminais desenvolve-se, quase invariavelmente, sob a base do princípio loeus regit
aetum, segundo o qual os Estados Requeridos aplicam suas próprias leis
(processuais) para cumprir requisições de cooperação. Este princípio é estabelecido
em tratados de assistência mútua, assim como nas leis locais de vários Estados"
(STESSENS, Guy. Money Laundering: A new íntemational Law Enforeement Model.
Cambridge Universíty Press, 2000, p. 301.) Não se pode impor as leis e regras do

~ 8
,

277
JUSTiÇA FEDERAL 1461
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PAR,A,NÁ

País requerente aos procedimentos adotados no País requerido, o que violaria as


regras e leis do País requerido e a sua soberania. Da mesma fOJlTla, as autoridades
do País Requerente, inclusive judiciais, não têm qualquer poder de controle ou
ingerência sobre os atos praticados no Pais Requerido. A vinda da documentação
por meio do MLAT pressupõe a regularidade de sua produção no País Requerido.
Se assim não for, cumpre aos eventuais prejudicados apresentar as reclamações
apropriadas junto às autoridades, eventualmente judiciais, do País Requerido.

37. Assim, apenas a título especulativo, já que não há


qualquer demonstração ou indicativo nesse sentido, se houvesse alguma
irregularidade nos EUA quanto à obtenção dos documentos bancários e o seu
compartilhamento com as autoridades brasileiras, caberia aos acusados reclamar
perante. a Justiça norte-americana. A Justiça brasileira não é Juízo universal.

38. A título informativo, documentos bancários nos EUA


são usualmente obtidos através de intimação do Grand Jury (subpoena duces
tecum), ou seja, não através de ato praticado por autoridade judiciária em sentido
estrito, já tendo decidido a Suprema Corte norte-americana pela compatibilidade de
tal procedimento com a Constituição. norte-americana (cf. United States v. Miller, 425
U.S. 1976). Então, não é possível transplantar para a Justiça norte-americana as
regras e padrões da Justiça brasileira.

39. De todo modo, os documentos referidos no item 33,


retro, dentre eles os ofícios do DRIC, das autoridades norte-americanas do USDOJ,
ambas as autoridades centrais responsáveis pelo cumprimento do tratado de
cooperação mútua entre os dois países, bem como a documentação autenticada
juntada, é suficiente para afastar como incorreta a alegação de que a documentação
não terià vindo através dos meios legais, A origem da documentação está aliás
explicitada no ofício do USDOJ de fI. 11 do apenso IV, vol. I, com tradução na fi. 125
do apenso XVI:

"Refiro-me ao seu pedido, datado de 26/11/2003, do


Govemo brasileiro para assistência referente ao caso acima mencionado cf. o
Tratado de Cooperação Mútua para Assistência Jurídica a Casos Penais entre o
Brasil e os Estados Unidos (MLAT). Anexos encontram-se os materiais fornecidos
pelo 'Newark Field Office' do 'Bureau. of Immigration and Customs Enforcement'
Departametno de Imigração e Aduana, 'Department of Homeland Secrurity'
Ministério de Segurança Nacional no atendimento ao pedido do MLAT. Favor
fornecer estes documentos às autoridades brasileiras para análise." .

40. Por outro lado, a partir do oferecimento das provas às


autoridades brasileiras, estas, talvez por excesso de cautela, mas salutarmente,
tiveram o cuidado de requerer a este Juízo autorização para utilizar o material.
Tendo em vistas as afirmações da autoridade policial de que havia indícios de
crime, pois as contas seriam controladas por doleiros brasileiros e de que haviam
registros de transações das contas com outras cujo sigilo já havia sido levantado no
rastreamento mencionado no item 29, retro, este Juízo, cf. decisões tomadas nos
processos 2004.700000008267-0 e 2003.70000030333-4 (fls. 06-09 do apenso IV,
vaI. I; e fls, 40-46 do apenso XVI), levantou o sigilo bancário sobre o .material
recebido, permitindo que fosse utilizado no Brasil, É de se questionar a própria

~ 9
278
JUSTiÇA FEDERAL 1462
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANA

necessidade de decisão da espécie, uma vez que o sigilo bancário havia sido
levantado nos Estados Unidos, pois a prova foi ali produzida e ali decidiu-se pelo
compartilhamento. De todo modo, o requerimento foi salutar, pois, a partir de então,
a utilização da documentação ainda contou com a aprovação expressa de
autoridade judicial brasileira. Não há nada de irregular no fato da autoridade policial
ou o MPF basearem seus requerimentos em análise preliminar e superficial da
documentação. Não se vislumbra outra maneira, aliás, de requerer a utilização da
documentação no Brasil sem a indicação do que se trata e o que pressupõe uma
prévia verificação do seu conteúdo. Afinal, como poderiam requerer a quebra de
sigilo bancário das contas no exterior sem ter conhecimento prévio de sua
existência? Cogite-se situação que é relativamente comum, de autoridade de um
Pais informar fato relevante criminal a autoridade de outro País, por exemplo, uma
autoridade suíça informar autoridade brasileira da existência de conta naquele País
em nome de brasileiro com antecedentes criminais ou de autoridade pública
brasileira com suspeita de origem criminosa dos ativos. Tal procedimento possibilita
que a autoridade brasileira tome às providências para obter o material. Perfilhando a
tese defendida pela Defesa, a autoridade brasileira sequer poderia dar ouvidos à
autoridade suíça, o que constituiria verdadeiro absurdo.

41. Destaque-se ainda que se tivess.e havidO qualquer


) violação do tratado de cooperação entre Brasil e Estados Unidos, caberia apenas às
autoridades norte-americanas apresentar uma reclamação perante o Brasil. O
descumprimento de compromissos internacionais geram direitos às Entidades de
Direito Internacional lesadas e não, por evidente, a terceiros. Consta, aliás, norma
expressa nesse sentido no item 5 do artigo I do Tratado de Cooperação Mútua:

"O presente Acordo destina-se tão-somente à assistência


judiciária· mútua entre as Partes. Seus dispositivos não darão direito a qualquer
indivíduo de obter, suprimir ou excluir qualquer prova ou impedir que uma solicitação
seja atendida."

42. A ausência de qualquer reclamação das autoridades


norte-americanas nesse sentido, bem como a continuidade da cooperação, que é
ilustrada pela remessa contínua de documentos relativos ao caso, pela própria vinda
de agente norte-americano para depor no processo no Brasil, e pela recente
efetivação, em 29/04/2008, de bloqueio dos saldos das contas a pedido do Brasil
(fls. 1.069-1.103), são suficientes para demonstrar que não há qualquer utilização
das provas em desacordo com os compromissos assumidos, muito pelo contrário

43. Assim, as provas do caso foram produzidas 'nos


Estados Unidos na instrução de processos que ali correram, posteriormente foram
compartilhadas, através dos mecanismos legais existentes, com as autoridades
brasileiras e, por fim, tiveram a sua utilização como prova no Brasil autorizada por
este Juízo. Portanto, o caso se ampara em provas que foram legitimamente e
licitamente produzidas, não se vislumbrando qualquer vício.

44. Por outro lado, as afirmações feitas pela autoridade


policial e pelo MPF para justificar a utilização do material e que, aliás, foram levadas
em consideração pela autoridade judicial, foram confirmadas pela instrução neste
processo. As contas do Merchants foram objeto de investigação nos Estados
~ 10
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRli\ DO PARANÁ

Unidos, eram controladas por doleiros brasileiros e utilizadas para operações no


mercado de câmbio negro, cf. adiante se demonstrará, e ainda há registro de
transações delas com contas cujo sigilo já havia sido levantado no rastreamento de
numerário evadido do País.

45. Por outro lado, parte da documentação foi traduzida


para o português e encontra-se nos autos (fls. 125-156 do apenso XVI). Parte dos
documentos tem formato padrão em relação a outras contas no Merchants, como
extratos ou ordens de pagamento, sendo necessária apenas a tradução dos campos
constantes nos extratos e ordens, sendo o remanescente alteração dos nomes.

46. Ademais, no caso presente, boa parte dos


documentos relevantes em inglês foi produzida pelos próprios acusados, como
documentos de cadastro da conta e as ordens de transferência reunidas nos
apensos IV e IX. Se os próprios acusados produziram os documentos em inglês nos
autos, é evidente, nessas circunstâncias, que eles têm plena compreensão do
significado dos documentos de língua estrangeira juntado aos autos.

47. Assim, a documentação relevante foi traduzida e os


acusados e defensores tiveram oportunidade de conhecer o seu conteúdo. Não é
) necessária a tradução de toda a documentação, a maior parte, cadastros bancários
e extratos, facilmente compreensíveis, com ou sem tradução. Não se trata aqui de
negócio jurídico versado em lingua estrangeira e que se pretende fazer valer no
Brasil e para o qual daí valeria o disposto no artigo 224 do Código Civil. Trata-se de
documentos que servem como prova em processo penal e que devem ser traduzidos
cf. se mostrar necessário para a compreensão do caso, como, aliás, dispõe
expressamente o artigo 236 do CPP. Está claro no processo que a documentação €
o seu conteúdo foi plenamente compreendida pelos acusados e seus defensores, e
qualquer afirmação em sentido contrário carece de credibilidade, pelos motivos já
expostos, dentre eles o principal de que os documentos, em sua maioria, forarr
produzidos pelos próprios acusados.

48. Em síntese quanto a esta parte:


a) as provas documentais relativas à conta mantida nc
exterior em nome das off-shores Chettia r foram produzidas regularmente, através dE
cooperação entre Brasil e Estados Unidos, não havendo prova de qualquer vício Ol
irregularidade na produção da documentação ou na sua utilização, o que é ilustrad(
pela continuidade da cooperação; e
b) os documentos necessários à compreensão do cas(
foram traduzidos e todos, em geral, foram produzidos pelos próprios acusados, nãe
havendo qualquer dificuldade de entendimento.

11.4.

49. Investigações conduzidas perante este Juízc


principalmente a partir do rastreamento de valores evadidos fraudulentamente n' ..
Brasil através de contas em nome de pessoas interpostas e contas CC5 em Foz d,
Iguaçu/PR, revelaram diversas provas relevantes acerca do mercado de câmbi,
negro no Brasil.
1
280
1464
JUSTiÇA FEDERAL
sEç,iín J U DICIÁRI,I\, DO PARANÁ

50. No Merchants Bank em Nova York, foram


identificadas diversas contas com características próprias de contas de doleiros. Em
comum, uma significativa movimentação, com créditos e débitos aparentemente sem
justificativa comercial, a utilização de empresas off-shores para ocultar a titularidade
do verdadeiro controlador, a movimentação da conta a partir de empresa
regularmente constituída no Brasil.

51. O presente caso refere-se especificamente à


movimentação da conta de nO 45200483 de titularidade da off-shore Chettiar
Business, com sede nas Ilhas Virgens Britânica, e mantida no Merchants Bank de
Nova York

52. Os autos estão instruídos com os documentos de


abertura, extratos e ordens de movimentação da conta junto ao Merchants.

53. Os documentos de abertura da conta estão assinados


pelos acusados Fernando Janine e Joacyr Reinaldo (fls. 21-22, 24 e 30 do apenso
IV, vol. I).

) 54. Também constam nos autos os extratos de


movimentação da conta da Chettiar, de 31/12/2001 a 31/05/2002 (fls. 02-38 do
apenso IV, vol.. I).

55. Os autos ainda estão instruídos com cópias de ordens


de transferência enviadas para movimentar as contas. O apenso IX reúne cerca de
686 ordens de transferência relativas à conta Chettiar enviadas entre 12/2001 a
06/2002, todas assinadas pelo acusado Fernando Janine.

56. Da análise das ordens de transferência, é possível


realizar várias constatações relevantes para o caso.

57. Há diversas ordens de transferências nas quais


figuram como beneficiários brasileiros ou pessoas com nomes tipicamente
brasileiros. Esse é o caso de, vg. (as folhas referidas são do apenso IX).: Vera
Regina Costa - fI. 17, 130, 424, 482; Edson da Cunha - fI. 97; Zuleika Limeira Vieira
Correa - fI. 123, 226, 251, 411, 481, 607; Adir Leme da Silva - fI. 162, 219; Jorge
Ferreira - fI. 263, 361, 367, 380,583; Andre Pires - fi. 270; Antônio Machado - fI.
289; Marcelo Parada - 373; José Ataliba Ferraz Sampaio - fI. 457; Cecílio Jorge
Tarris - fI. 500; José Carlos da Silva - fI. 515; Francisco Matias Silvano - fI. 519;
Felipe Marinho Aidar - fI. 539; Banco Paulista S/A - fI. 568; Luiz Alves Amorin - fI.
579; Luiz Claudio Sardemberg - fI. 619; e Regina Helena Ribeiro Lima - fI. 620.
Aparentemente, tratam-se de transferências ordenadas ou tendo por beneficiárias as
referidas pessoas. Tome-se como exemplo a ordem de fI. 373 do apenso IX de
crédito de USO 51.273,00 em favor de Marcelo Parada, ex-presidente da TV
Bandeirantes (http://www.tvaqui.com.br/site/2009/03/11/marcelo-parada-deixa-grupo-
bandeirantes), que teria sido realizada para a abertura de nova conta no exterior
para ele, conforme informado na própria ordem de transferência ("for oppening new
account").

12
281
JUSTiÇA FEDERAL 1465
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

58. Observa-se que algumas ordens contêm referência a


pagamento de invoices (v.g.: 83, 169, 367, 403 e 658 do apenso IX). Chama a
atenção que várias têm como beneficiárias empresas do ramo de comercialização
de material eletrônico, como a GTG Electronics - fI. 36, 42, 59, 63, 203, 207, 254,
264, 292, 297, 317,328,343, 389, 418, 453, 494, 504, 540 e 675 do apenso IX.
Aparentemente, tratam de pagamento de importações realizadas para o Brasil.
Tome-se como exemplo a ordem de fI. 403 relativa a pagamento, como consta na
nota, de invoice, com crédito em na conta de "Solmet Spa" e por ordem ("by order")
de Clac Importação e Exportação Ltda., empresa brasileira
(http://www.clacimportacao.com.brD·

59. Constata-se ainda pelo teor das cópias que as ordens


de transferência eram enviadas via fax ao Merchants Bank. Afinal todas as ordens
aparentam ser cópias de faxes, tendo dezenas delas inclusive cabeçalho típico de
faxes (f!. 05,11,13,22,54,87,110,162,257,286,361,366,391,475, 52, 615 do
apenso IX). Em algumas das ordens, consta a origem do fax. Nos de fls. 320-323 do
apenso IX, é apontado o número 210-1364 e ainda referência ao nome de "Tereza"
como sendo a origem. Nos de fls. 644-654, consta o número. de origem 283-2879.
Os mesmos telefones, apenas com a mudança do prefixo do 210-1364 para 3032-
1364, constam no fax de fI. 20 do apenso IV, vol. I, em documento assinado pela
) acusada Tereza Mitsumune. Ouvida em Juízo, Tereza confirmou a autenticidade do
documento e informou que o telefone 3032-1364 é de sua casa.

60. Segundo laudo pericial realizado pela Polícia Federal


com base nos extratos eletrônicos, a conta titularizada pela Chettiar teria
movimentado, no período de 12/2001 a 06/2002, USD 22.751.021,64 a crédito e
USD 22.827.838,63 a débito (fls. 435-442).

61. A diferença entre créditos e débitos é explícada de


modo razoável pela Polícia Federal no próprio laudo:

nA diferença das saídas em relação às entradas pode


estar associada à existência de saldos inicial ou final na conta corrente analisada, à
compensação interna entre contas sern o registro na base disponibilizada ou à
ausência de informação relativa à parte das transações realizadas." (item 16 de fI.
439).

62. Cf. extrato, a conta Chettiar tinha saldo. de USD


403.546,55 em 31/12/2001 (fls. 05 do apenso IV, vol. 11), e, desde 27/06/2002 até o
presente, quando houve bloqueio pelas autoridades norte-americanas, permanece
com o saldo de USD 1.338.660,25 (fls. 20-24 do apenso I).

63. Apesar da manutenção da conta no exterior, de sua


intensa movimentação e do referido saldo, não há qualquer menção a ela ou da
manutenção de capitais no exterior nas declarações de rendimentos dos acusados
Fernando Janine ou Joacyr Reinaldo (fls. 04-150 do apenso X).

64. Também não foram apresentadas pelos acusados


declarações ao Bacen de manutenção de ativos no exterior (fls. 611-612).

-~ 13
282
JUSTiÇA FEDERAL 1468
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARl\NÁ

65. Os acusados Fernando Janine e Joacyr Reinaldo são


gerentes-proprietários, cada um com 50% das cotas, da empresa Agente - Corretora
de Títulos e Valores Mobiliários Ltda., com alteração da denominação em
02/07/2001 para Clicktrade Corretora de Câmbio Títulos e Valores Mobiliários Ltda.,
com sede em São Paulo (fls. 479-507). Segundo informação do Bacen, a Clicktrade
não estaria autorizada a operar no mercado de câmbio de compra e venda de
moeda estrangeira, mas apenas a "intermediar operações de cãmbio entre bancos e
clientes prestando serviços de, por exemplo, cotação das taxas de câmbio, edição
do contrato de câmbio e encaminhamento da documentação da operação para
efetivação junto ao banco" (fI. 611).

66. Também não há, contudo, declaraçâo da manutenção


de ativos no exterior em nome da referida empresa (fls. 611-612). Pesquisa
realizada pelo Bacen por ordem do Juízo revelou que não há qualquer registro no
sistema de operações de câmbio e de transferências internacionais de transações
registradas em nome da Clicktrade, dos acusados e mesmo em nome de "Chettiar
Business (fls. 611-612).

67. Forçoso, então, concluir que as operações realizadas


através da conta Chettiar não são pertinentes ao mercado formal de câmbio, não
) tendo a Clicktrade ou os acusados autorização para atuar no cãmbio com operações
dessa espécie.

68. Algumas das testemunhas ouvidas em Juízo e que


foram identificadas através das transações realizadas com a conta Chettiar
descreveram, ao serem indagadas sobre as transações, típicas operações de
transferência internacional informais.

69. Esse é o caso, por exemplo, da testemunha Ivc


Guerino Piva Imparato, que realizou depósitos na conta da Chettiar, cf. se verifica nc
extrato bancário da conta (fls. 25, 35 e 37 do voi. 1I do apenso IV:

"À vista das fls. 72, 74, 76, 124, 161 e 164 do apenso I, e
das fls. 25, 35 e 37 do vol. II do apenso IV, confirma que fez cinco remessas, nc
valor total de vinte e quatro mil e quinhentos dólares, entre 04/04 e 19/06/2002, pare
a conta Chettiar. (... ) Informa que recebe seu salário no 'Bank Fund Staff Federa
Credit Union - BFSFCU desde que passou a trabalhar no BIRD, em 2001 (. .. ) C
BFSFCU encaminha parte do salário da testemunha, no importe de dois terços, pare
o Brasil, a fim de que possa viver no País, recursos esses depositados no Bradesco
agência 0031, conta corrente 119783-5. (... ) A testemunha esclarece que
provavelmente, as remessas mencionadas na denúncia referem-se a um~
necessidade extra de dinheiro para reformar e acabar o apartamento em qUE
atualmente reside. Diz que optou por utilizar os serviços de uma casa de câmbio
cujo nome não se recorda, mas que se identificavam pelo nome 'A GENTE', por se
mais célere do que a remessa pelos meios legais. Não se recorda do nomE
'Clicktr.ade .. :. (... ) Esclarece que na época em que estava precisando de dinhein
para reformar e acabar o mencionado apartamento, comentou com seu tio August<
Piva, a respeito da dificuldade que estava tendo na demora da obtenção do:

4"mb;:
recursos que detinha nos Estados Unidos da América. Esse tio recomendou,
te~em",h, q,e ""n,,~e, pa<a e'" fi"'id,,",,, '" 'e~iço' de

";';7
283
JUSTiÇA FEDERAL 146"1
sEçAo JUDICIÁRIA DO PARANÁ

cujo número de telefone lhe foi informado, mas que não se recorda agora_ Er
contato com a casa de câmbio, identificou-se e expôs seu problema, cuja soluçã
informada pela casa de câmbio foi no sentido de que fizesse uma transferência d
conta bancária que a testemunha tinha, e ainda tem, no UNFCU para a cont
Chettiar no valor correspondente aos reais que precisava. Informa que o pass
seguinte era a realização de um depósito em reais em sua conta no Bradesco, o qu
às vezes foi feito no mesmo dia_" (fls. 782-784)

70. O fato de nem todos os depoimentos das outra


testemunhas terem sido tão reveladores pode ser explicado pelo justo receio de s
auto-incriminarem pelo seu envolvimento em operações de câmbio do mercad
negro_

71. Os acusados Fernando Janine e Joacyr Reinaldo o


mesmo seus defensores, não explicaram razoavelmente o motivo das transaçôe
realizadas através das contas no exterior.

72_ Joacyr Reinaldo admitiu que controlava a cont


Chettiar, mas afirmou, um tanto confusamente, que a conta teria sido aberta pel
advogado Robert Síkorski e que era este quem movimentava a conta:

"Juiz Federal: Os clientes eram do advogado?


Joacyr: Sim, algumas ... sem dúvida, a gente não tem.
pouco conhecimento ou nenhum desses clientes.
Juiz Federal: E por que que o advogado precisava d
senhor e do Sr. Fernando?
Joacyr: Não sei responder para o senhor.
Juiz Federal: O que fazia exatamente, qual que era
papel do senhor na operação desta conta?
Joacyr: Não, pouco ... participando, assim ... não falav
quase com ... só olhava, via, podia dar informações, algumas idéias, que eu pudess
orientar, alguma coisa ....
( ... )
Juiz Federal: Mas assim, Sr. Joacyr, para a gente ser, nÉ
objetivo, por que que o advogado norte-americano ia contratar gente aqui no Bras
para abrir uma conta e movimentar quando ele mesmo podia fazer isso, lá no
Estados Unidos?
Joacyr: Não sei responder para o senhor.
Juiz Federal: A conta era movimentada a partir do Brasil?
Joacyr: Não, era movimentada de lá, era um
movimentação ... toda feita lá, não tinha nada, nenhum link com o Brasil, nada com
Brasil." (fI. 212)

73. Explicação similar também foi apresentada pel


acusado Fernando Janine:

"Fernando: Essa conta [Chettiar], nós éramos executivo


da conta né, essa conta era controlada por um advogado em Nova York.
Juiz Federal: E o senhor e quem eram executivos d
conta?
1
284
JUSTiÇA FEDERAL .1468
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Fernando: Eu e o Joacyr,
Juiz Federal: E o quê o senhor quer dizer com executivos
da conta?
Fernando: Contratados para tomar conta, era uma
empresa de investimentos, né empresa de investimentos que tinha clientes lá que
sao clientes desse advogado e a movimentação a gente autorizava a movimentação.
Juiz Federal: O senhor e o senhor Joacyr autorizavam a
movimentação?
Fernando: Isso.
Juiz Federal: Seguindo a orientação do advogado?
Fernando: Do advogado." (fi. 223)

"Juiz Federal: Como é que era o contato dele [do


advogado] com o senhor, por telefone, por fax?
Fernando: Por telefone.
Juiz Federal: Ele ligava para o senhor?
Fernando: Ligava de vez em quando, falava das
operações.
Juiz Federal: Falava com quem, com seu sócio, com o
senhor ou com outra pessoa?
Fernando: Comigo ou com meu sócio.
Juiz Federal: E o quê que ele fazia, dava orientações da
transação?
Fernando: Dava as orientações para gente passar as
ordens para o Banco.
Juiz Federal: Por que ele não fazia lá ele mesmo direto?
Fernando: Não sei." (fI. 225)

74. Ora, se a conta fosse controlada nos Estados Unidos


pelo advogado Robert Sikorski, não haveria motivo para a contratação dos dois
acusados no Brasil como "executivos da conta". Se fosse o advogado quem
determinava as transações a serem realizadas, bastaria a ele mesmo encaminhar as
ordens de transferência ao Merchants Bank, não fazendo qualquer sentido orientar
os acusados a fazerem isso em seu lugar.

75. A versão dos fatos apresentada pelos acusados é


absolutamente ímplausível e destituída de qualquer prova.

76. Em realidade, o advogado Robert Sikorski foi


contratado pelos acusados para providenciar a constituição da oft-shore Chettiar
Business e era remunerado pelos acusados, como se verffica pela ordem de
transferência em seu favor na fi. 338 do apenso IX, de USD 875,00 a título de
"annual fee Chettiar".

77. A conta, como se verifica no apenso IX, era


movimentada por fax a partir do Brasil, por ordens de transferência assinadas pelo
acusado Fernando Janine, e não pelo advogado nos Estados Unidos.

78. Por outro lado, nos documentos atinentes a outras


contas controladas pelos acusados e cuja movimentação constitui objeto específico
~16
285
JUSTiÇA FEDERAL 1469
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

da já referida ação penal 2004.7000021771-9 (fls. 03-47 do apenso XVII), h.


referência mais clara à natureza das atividades dos acusados. Em documente
subscrito pelo próprio acusado Fernando Janine para prestar informações sobre,
conta Tarry Town mantida na Beacon Hill Service Corporation em Nova York, const;
informação de que a atividade de sua empresa seria de "câmbio internaciona
(Uforeign exchange" - fI. 36 do apenso XV). Em documento subscrito pelo própri,
acusado Fernando Janine para prestar informações sobre a conta em nome d:
offshore Crescent City Ltd mantida no Bank Audi em Nova York, consta informaçã,
de que sua atividade seria "casa de câmbio no Brasil" ("money exchange house i
Brazil" - fi. 17 do apenso XIII). Embora os fatos sejam objeto específico de outr
açâo penal, os referidos documentos, juntados como prova emprestada, podem SE
invocados nestes autos como prova da natureza das atividades dos acusados.

79. Assim, tem-se em síntese os seguintes elemento


como prova:
a) abertura de conta no exterior com movimentaçã
intensa de milhões de dólares;
b) inexistência de prova de negócios comerciais próprím
como compra e venda de bens ou serviços, a justificar as transações;
c) vários beneficiários das transações consistentes cor
) nomes tipicos da língua portuguesa;
d) referência ocasional nas ordens de transferência d
que se destinavam ao pagamento de invoices;
e) movimentação da conta a partir do Brasil, por faxes;
f) testemunha que descreve a realização de operações d
transferência internacional informais, sem registro no Sisbacen, e com referência
empresa dirigida pelos acusados no Brasil;
g) falta de registro da totalidade das transações n
SISBACEN ou de declaração dos ativos da conta ao Bacen e falta de declaração d
conta e de seu saldo à Receita Federal; e
. , h) falta de apresentação pelos acusados, no processo, c
• 1

qualquer prova da legitimidade das transações, como contabilidade ou documente


relativos a negócios que justificariam as transações;
i) apresentação pelos acusados de versão implausív
para os fatos e não-convergente com a prova dos autos; e
jl referência em documentos atinentes a cont,
controladas pelos acusados de que a atividade destes seria de "câmb
internacional".

80. Todos esses elementos são próprios do modo c


operar do mercado de câmbio negro no Brasil, com a realização de operações c
tipo "dólar cabo".

81. Operações "dólar-cabo" consistem em operações c


compra e venda de moeda estrangeira através de espécie sistema de compensaçã
A moeda estrangeira é entregue em espécie ou mediante depósito no exterior e
contrapartida a pagamento de reais no Brasil. O operador do mercado negr
denominado de doleiro, pode tanto disponibilizar a moeda estrangeira no exteri
como figurar como comprador dela, disponibilizando reais no Brasil. Implica E
",,"ecOoda 'otemadoMI de dlohe'"', poc ,'''ema de oom~e " ,
286
JUSTiÇA FEDERAL .1470
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

movimentação física, semelhante ao sistema utilizado pelos bancos. Junto como


sistemas como hawalla, hundi, fei-chien e o mercado negro de câmbio do peso
("black market peso exchange") compõe aquilo que se pode denominar de Sistema
Informal de Transferência de Dinheiro ou Valor ("Informal Money or Value Transfer
Systems - IMVT"). Sobre eles, transcreve-se o seguinte comentário extraído do
Relatório de Tipologias de Lavagem de Dinheiro 2002-2003 edrtado pelo
FATF/GAFI':

"Em um sistema de transferência informal de dinheiro ou


valor, o dinheiro é recebido com o propósito de disponibilizá-lo ou o equivalente a
um terceiro em outra localização geográfica, quer ou não na mesma forma. Essas
transferências geralmente ocorrem fora do sistema bancário convencional e através
de instituições não-financeiras ou outras entidades de negócio cuja atividade
principal pode não ser a transmissão de dinheiro. As transações de sistemas IMVT
podem, às vezes, estar conectadas com o sistema financeiro formal (por exemplo,
através do uso de contas bancárias títularizadas pelo operador IMVl). Em algumas
jurisdições, sistemas IMVT são conhecidos como serviços de remitência alternativos
ou sistemas financeiros paralelos ou subterrâneos. Usualm,ente, há ligações entre
certos sistemas e regiões geográficas particulares e esses sistemas são então
também descritos com a utílização de termos específicos, incluindo hawala, hundi,
) fei-chien e o mercado negro de câmbio do peso.
(. .. )
Sistemas IMVT são em muitos países um meio importante
de transferência de dinheiro. De fato, em alguns casos, eles podem ser o único
método confiável disponível para entregar fundos para destinatários em localizações
remotas ou naquelas regiões que não tem outros tipos de serviços financeiros
disponíveis. Em países mais desenvolvidos, sistemas IMVT usualmente .atendem
populações de imigrantes que desejam repatriar os seus ganhos. No entanto, como
esses sistemas operam foram do sistema financeiros convencionais, sistemas IMVT
são igualmente vulneráveis ao uso por criminosos que desejam movimentar seus
fundos sem deixar uma trilha de documentos facilmente rastreável. Especialistas do
FATF há anos indicam os sistemas IMVT como facílitadores chaves na
movimentação de fundos gerados por atividade criminal. Os casos providenciados
pela tipologia desse ano aparentemente confirmam que sistemas IMVT continuam a
ser explorados por criminosos. Os exemplos também demonstram que é usualmente
impossível determinar pela existência de uma operação IMVT se os fundos que por
ela transitaram são legítimos ou não." (FATF-GAFI. Report on Monwy Laundering
Typologies, 2002-2003, 14/02/2003, p. 6-7, tradução livre, disponível em
http://www.fatf-gafi.org/dataoecd/29/33/34037958.pdf)

82. Operações "dólar cabo" ou "transferências


internacionais informais" são ilegais, no Brasil, porque conduzidas por pessoas não
autorizadas no Brasil a operar com câmbio, pelo menos não desta forma (não se

2 o FATF/GAFI (Financiai Action Task Force on Money Laundering ou Groupe dáction


financiê're sur le blanehiment de capitaux) é uma organização inter-governamental que traça
parâmetros, desenvolve e promove políticas para o combate à lavagem de dinheiro e ae
financiamento ao terrorismo. As quarenta recomendações do FAFT são reconhecidas pele
FMI e pelo BID como os pará metros internacionais de combate à lavagem de dinheiro e se
financiamento ao terrorismo.
28'1 .
JUSTiÇA FEDERAL 1471
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

tratam de operações do mercado de câmbio de taxas flutuante - "dólar turismo" - ou


do mercado de câmbio de taxas livres - "dólar comercial"), e por não transitarem por
instituições financeiras autorizadas (artigo 10, X, "d" da Lei n.o 4.595/64; artigo 23 da
Lei n.o 4.131/62; e artigo 1." da Lei n-" 5.601170). Mesmo a flexibilização do regime
cambial com as Resoluções n.os 3.265 e 3.266, de 04/03/2005, do Bacen, não
alterou este quadro fundamental. Esclareça-se que não se proíbe a transferência de
dinheiro para o exterior ou vice-versa, apenas se exige que elas sejam feitas por
instituições financeiras formais e que sejam registradas junto ao Bacen.

83. Não raramente, operações da especle estão


vinculadas a fraudes no mercado de importação ou exportação. Com efeito, no caso
de importações ou exportações subfaturadas, a diferença entre o valor real e o
declarado das mercadorias tem que ser pago através de subterfúgios, sendo comum
a utilização do sistema de transferências informais. Provavelmente, as transações da
conta Chettiar tendo como beneficiárias empresas comerciais ou empresas de
exportaçãolimportação ou com a referência a faturas ou invoices referem-se a
operações da espécie, com pagamento no exterior da diferença de importações ou
exportações subfaturadas a pedido do importador ou exportador brasileiro.

84. O mais preocupante, porém, em relação a essas


\
!
transações é que, por constituírem parte de um verdadeiro' sistema financeiro
paralelo, são mantidas à margem da contabilidade oficial ou qualquer controle por
parte das autoridades públicas, constituindo ambiente propício à sonegação fiscal,
evasão de divisas e ainda lavagem de dinheiro. Aliás, o propósito deliberado de tais
operações, além de eventual redução de custos, é a realização de transações à
margem de qualquer controle público.

85. A vulneração ao sistema de prevenção à lavagem de


dinheiro é evidente. Seguindo os padrões internacionais, a Lei n-" 9.613/98 institui
sistema de prevenção à lavagem de dinheiro fundado no autocontrole pelas
entidades privadas, notadamente por instituições financeiras, devendo estas
prevenir a utilização de suas estruturas para a realização de lavagem de dinheiro.
Para tanto, são obrigadas legalmente a comunicar à unidade de inteligência
financeira brasileira, o COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras,
operações suspeitas de lavagem de dinheiro. Ora, não se concebe, por parte de um
operador do sistema paralelo, ou seja, um doleiro, a adoção de mecanismos
eficazes de controle ou ainda que ele, diante de uma operação suspeita, venha a
realizar uma comunicação ao COAF. Afinal, o doleiro opera na ilegalidade e nãc
pretende que sua atividade seja controlada ou conhecida.

86. O fato de não terem sido descobertas as conta~


bancárias eventualmente utilizadas pelos acusados para as contrapartidas em reai~
no Brasil não altera a conclusão de que as transações da das contas constituerr
operações do tipo dólar cabo. Usualmente, para tais movimentações ilegais, não SE
utilizam contas próprias, ou seja, em nome do operador do mercado de câmbic
negro .oU de sua empresa, o que é ilustrado pelo notório Caso Banestado no qua
foram descobertas centenas de contas em nome de pessoas interpostas err
agências bancárias em Foz do Iguaçu (dentre cs vários casos, ação pena
2003.7000039531-9). Por outro lado, operações dólar-cabo podem se
desenvolvidas sem a necessidade de contas no Brasil controladas pelo doleiro, A!

---Zl l'
288
JUSTIÇA FEDERAL .1472
sEçAo JUDICIÁRIA DO PARllJ~Á

contrapartidas em reais no Brasil podem ser feitas exclusivamente em espécie ou


ainda diretamente entre as contas dos clientes no Brasil, em esquema mais
complexo de compensação.

87. Apesar da negativa dos acusados, é evidente que


utilizavam a estrutura da empresa Clicktrade Corretora de Cãmbio, Títulos e Valores
Mobiliários Ltda., com anterior denominação de Agente - Corretora de Títulos e
Valores Mobiliários Ltda. Ambos os controladores da conta são os únicos gerentes-
proprietários da empresa Clicktrade. Devido ao número e volume de transações da
conta no exterior, não é crível que fosse realizada de modo artesanal, sem o apoio
de uma estrutura empresarial. O relato da testemunha do item 69confirma o
envolvimento da empresa na atividade criminal. Além disso, no documento já
referido no item 78, é informado que a conta estava relacionada à "casa de cãmbio
, no Brasil" ("money exchange house in Brazil" - fI. 17 do apenso XIII).
}

88. Então, em conclusão quanto a parte fática, encontra-


se provado, acima de qualquer dúvida razoável:
a) que a conta em nome da Chettiar mantida no exterior
era controlada pelos acusados Fernando Janine e Joacyr Reinaldo, rnovimentada
por eles a partir do Brasil, com a 'utilização da estrutura da empresa Agente ou
) Clicktrade Corretora de Cãrnbio, Títulos e Valores Mobiliários Ltda.;
b) que os acusados não-declararam os ativos rnantidos na
conta Chettiar à Receita Federal ou ao Bacen;
c) que a totalidade das operações de câmbio ou
transações realizadas através das contas não foram registradas no Bacen; e
d) que as operações realizadas através da conta são
próprias do mercado de câmbio negro e de transferências internacionais inforrnais.

89. Questão que se coloca é quanto à responsabilidade


criminal de Myriam de Vasconcelos Ortiz Reynaldo e Tereza Mitsurnune.

90. A primeira é esposa de Joacyr. Não há prova de que


teria movimentado a conta ou mesmo a controlado. O próprio MPF pediu a
absolvição, o que dispensa apreciação rnais profunda. A rigor, a denúncia contra ela
não deveria ter sido recebida.

91. A segunda, Tereza, é secretária do acusado Fernando


Janine. Quanto a ela, consta nos autos o documento de fI. 20 do apenso IV, vol. I,
que revela que teve contato direto a respeito da conta com a gerente Maria Carolina
Nolasco. Entretanto, não há prova de que controlava a conta' ou de que sua
participação nos fatos, ao assessorar Fernando Janine, tenha rnaior relevância.
Aparentemente, era apenas uma secretária e atendia as ordens de Fernandc
Janine. Sem prova de participação, ainda que acessória, relevante nos fatos, ou de
que teria agido com dolo ao atender as ordens de seu empregador, cumpre
igualmente absoivê-ia.

92. Com a absolvição das duas, resta prejudicada c


imputação do crirne de quadrilha constante na denúncia ern relação a todos o~
acusados.

4 ....- - ' ,/
2C
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIARIA DO PARANÁ
.1473

11.5

93. Cf. visto, os acusados Fernando Janine e Joacy


Reinaldo e a empresa Clicktrade Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliário
Ltda. não tinham autorização do Bacen para realizar operações de câmbio .
margem do sistema oficial, com transferências informais de dinheiro. A autorizaçã'
do Bacen à Clicktrade restringia-se à atuação como corfetora de câmbio, ou seja, d,
intermediação entre empresas autorizadas a operar com câmbio e seus cliente~
mas não para, de maneira autônoma, realizar operações de câmbio, especialment
de transferências intemacionais informais.

94. Em realidade, os acusados Fernando e Joacyr, com


Clicktrade e através da conta Chettiar no exterior, dirigiam uma espécie d
instituição financeira irregular, operando no mercado de cãmbio paralelo à marger
da autorização e controle oficiais, sequer sendo registradas as operações, com
exigido, no BACEN, o que configura o crime do artigo 16 da Lei n° 7.492/86. Est
resta caracterizado não só quando se opera no mercad~ financeiro à margem d
qualquer autorização, mas também quando se opera totalmente fora dos âmbitos d
autorização concedida,
)
95, Resta igualmente caracterizado o crime previsto n
artigo 22 da Lei n,o 7.492/86.

96. Primeiro, pela manutenção de depósitos no exteric


em nome da Chettiar e não declarados pelos acusados ou pela Chettiar ao Bacen c
à Receita Federal. Afinal, a Chettiar era mera empresa off-shore controlada pele
acusados, Na prática, não tinham existência física real independente, sendo mel
papel. A utilização de um disfarce jurídico não pode eximir os acusados de SUé
responsabilidades fiscais ou cambiais, O que é relevante no caso é o poder de fa·
sobre os ativos e não o véu jurídico que encobre os fatos, especialmente quando
propósito é fraudulento. Como visto no item 62, a referida conta teve sak
significativo identificado ao final de cada período base, pelo menos desde 2001.
fato dos valores, a partir de 27106/2002, terem sido bloqueados, mas n~
confiscados, pelas autoridades norte-americanas, não eximia os acusados (
declará-los,

97. De todo modo, a melhor interpretação da parte final (


artigo 22 da Lei n.O 7.492186 é no sentido de que ali tipificou-se o resultado (
conduta delitiva de uma evasão fraudulenta ou não-autorizada. Em outras palavrc
o artigo 22 pune como crime contra o sistema financeiro a remessa não-autorizad
compreendida nesta, a remessa fraudulenta, de dinheiro ao exterior. Ao tipific
igualmente a manutenção no exterior de "depósitos não declarados à repartiç;
federal competente", assim agiu o legislador por considerar tal conduta o resulta'
de uma evasão ilegal e diante das próprias dificuldades em se identificar e provar
ato de evasão em si. Não se trata, portanto, de um crime de natureza fiscal
tributária, mas sim de tipificar o resultado de uma evasão fraudulenta, buscan
coibir essa conduta, No atual contexto econômico, o artigo 22 protege mais
regularidade e transparência de transferências internacionais de dinheiro do q
propriamente as divisas nacionais, já que o envio de dinheiro ao exterior não é m,

~
290
JUSTiÇA FEDERAL 1474
SEÇÃO J UDICIÁRI.f.\ DO PARANÁ

percepção de Manoel Pedro Pimentel em seu estudo, já clássico, acerca do crime da


parte final do parágrafo único do artigo 22 da Lei nO 7A92/86:

"E, por outro lado, incrimina o fato de alguém manter


depósitos em moeda ou divisa estrangeira no exterior, sem conhecimento
da repartição federal competente, porque essa conduta frustra a
finalidade da política econômica do Governo, permitindo que tais bens
fiquem fora do poder de administração do Bacen, á livre disposição do
particular, e, ao mesmo tempo, sejam omitidos á Receita Federal,
indevidamente, permitindo a sonegação de tributos devidos.
Outra observação: de um modo geral, a moeda ou divisa
estrangeira depositadas em bancos situados fora do país, não têm origem
isenta de censuras, provindo de negócios ou ganhos escusos, ou pelo
menos não declarados como lucros auferidos. Depositando-as no exterior,
o agente se livra de fiscalização e da obrigação de acusar variação
patrimonial geradora da obrigação de recolher tributos. Toma-se clara a
razão de procurar-se o cerceamento dessa conduta, o que, na prática,
entretanto, torna-se muito difícil de conseguir," (PIMENTEL, Manoel
Pedro. Crimes contra o sistema financeiro nacional. São Paulo: RT, 1987,
p. 159.)

98. Segundo, considerando que as transações efetuadas


através da conta no exterior em nome da Chettiar constituem operações do tipo
"dólar-cabo", que compreendem contrapartidas no Brasil, dentre elas transferências
informais do Brasil para os Estados Unidos, restaria igualmente configurado o crime
do artigo 22, parágrafo único, primeira parte, da Lei n.O 7.492/86.

99, Não se configura, por outro lado, o crime do artigo 21,


parágrafo único, da Lei n.o 7.492/86, como alegado pelo MPF em alegações finais,
uma vez que tal tipo abrange apenas sonegação de informação ou prestação de
informação falsa no âmbito de uma operação de câmbio registrada e não, como é o
caso, de uma operação em si fraudulenta por ser pertinente ao mercado negro.

100. Os fatos, porém, transcendem aos crimes dos artigos


16 e 22 da Lei n,o 7.492/86.

101. Os acusados Fernando Janine e Joacyr Reinaldo,


como operadores do mercado de câmbio paralelo, foram responsáveis pela
estruturação e manutenção de verdadeiro sistema financeiro paralelo, com abertura
e manutenção de contas no exterior e a utilização da estrutura empresarial da
Clicktrade Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários Ltda. no Brasil. fl
Clicktrade transformou-se em um pequeno banco considerando o volume expressivc
da movimentação financeira, de cerca de cerca de vinte e dois milhões de reais €
686 ordens de transferência. As transações, porém, eram mantidas, através destes
esquemas fraudulentos, á margem de qualquer controle por parte das autoridade<
públicas, especialmente a monetária e fiscal.

102. Tal sistema financeiro paralelo constitui ambientE


propício à sonegação fiscal, evasão de divisas e ainda lavagem de dinheiro, Além dE
sua própria responsabilidade quanto à evasão de divisas e sonegaç~Sad~~

~
29114 ""'1
. (,
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

propiciaram que seus clientes também sonegassem e também remetessem de forma


fraudulenta divisas ao exterior.

103. Nessas circunstâncias, mais apropriada é a


incidência do artigo 4.° da lei n,o 7.492/86. Aliás, a dimensão da lesão ao sistema
financeiro nacional considerando a expressiva movimentação financeira paralela,
bem como a multiplicidade das fraudes, visto que são centenas de operações de
câmbio, autorizam a subsunção dos fatos ao tipo penal do artigo 4.0, "caput", da lei
nO 7.942/86 ("gerir fraudulentamente instituição financeira"). Está presente o
requisito da multiplicidade da prática de fraude na condução das atividades
empresariais, condição necessária para caracterização do referido tipo penal. O TRF
da 3 a Região bem definiu tal delito:

"Gestão fraudulenta é aquela em que o administrador


utiliza, continuada e habitualmente, na condução dos negócios sociais,
artifícios, ardis ou estratagema para pôr em erro outros administradores
da instituição ou seus clientes" (TRF da 3. a R. - HC 8.001/SP 1,0 T. -
Rei. Des. Fed. Oliveira Uma - DJU de 15/06/99, p.689.)

104. Questão que se coloca é acerca da absorção ou da


) existência de concurso entre o crime de gestão fraudulenta e as fraudes
individualizadas. Alguns entendem que há concurso formal (cf. MAIA, Rodolfo Tigre.
op, cit., p. 57), outros que "a gestão fraudulenta só se caracteriza se a conduta
criminosa repetida não se amoldar a outro tipo penal combinado com o artigo 71 do
CP" (cf. BREDA, JuJiano, Gestão fraudulenta de instituição financeira e dispositivos
processuais da Lei n.o 7.492/86. Renovar, 2002, p. 126.)

105. Ora, o crime do artigo 4.0, "capuf', configura um


"plus" em relação aos outros delitos autônomos da lei n.o 7.492/86. Não é toda
continuidade delitiva que caracteriza "gestão fraudulenta". O crime em questão resta
caracterizado apenas quando estiver presente número substancial de atos
fraudulentos, possibilitando a valoração da própria gestão da instituição financeira
como fraudulenta, o que ocorre no presente caso. Se presentes tais elementos, o
fato se amolda ao artigo 4.°, "caput", mais rigorosamente apenado, aliás, do que
qualquer outro delito da lei n,a 7.492/86. Não faria sentido capitular fato mais grave
em tipos menos gravosos, Doutro lado, parece incoerente punir o gestor por cada
delito individual e ainda por delito que tem como elemento essas mesmas condutas
individualizadas. Nesse sentido, encontram-se os seguintes julgados parcialmente
transcritos do TRF da 4,· Região:

"Correto entendimento da magistrada de primeiro grau ao


considerar o estelionato, a falsificação, a gestão temerária e a operação
com títulos sem lastro subsumidos no delito de gestão fraudulenta,
inexistindo, desta forma, concurso formal de crimes." (ACR n,o
96.04117084/RS - 2. T. do TRF da 4" Região - Rei. Des. Fed. Vilson
Darós - un DJU de 28/04/99, p, 924.)

"Deve-se aplicar ao caso o princípio da consunção, sendo


que o crime de apropriação do art, 5.0 é que fica absorvido pela gestão
frudulenta. E se essa forma de conduta ilícita se materializar por
~23
292
JUSTiÇA FEDERAL 1476
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

circunstãncias que integram outro tipo, como no caso (artigo 5.0, 6,° e 10),
estes devem ser absorvidos pelo caput do artigo 4.0 da Lei 7.492/86, cuja
pena deve ser aplicada por ser o crime mais grave." (ACR n.Os
2002.04.01052304-0/PR, 2002,0401052306-3, 2002.04.01053307-5,
2002.0401052308-7 e 2000.0401087757-5, 7 a Turma do TRF da 4.'
Região - ReI. Des, Fed, Tadaaqui Hirose - uno - j. 13/04/2004).

106. Por certo, há respeitáveis entendimentos em sentido


diverso, inclusive do próprio TRF da 4,· Região. Contudo, caso se entenda que o
crime de gestão fraudulenta só se configura se a conduta não se amoldar a um dos
demais tipos penais da Lei n,O 7.492/86, na prática tornar-se letra morta o artigo 4,°,
"caput", do diploma legal, pois será remota senão impossível a ocorrência de caso
dessa espécie, o que não seria uma interpretação razoável do texto legal, tampouco
da vontade do legislador. Outrossim, seria contrariado importante princípio
hermenêutico. "As expressões do Direito, nas palavras de Carlos Maximiliano,
"interpretam-se de modo que não resultem frases sem significação real, vocábulos
supérfluos, ociosos, inúteis" (MAXIMILIANO, Carlos, Hermenêutica e aplicação do
Direito. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996, p. 250). Além do mais, por uma
simples questão de justiça, as penas mais graves previstas para o crime do artigo
4.°, "caput", da Lei n.o 7.492/86 são mais apropriadas e proporcionais para os casos
de cometimento de múltiplas fraudes financeiras (e não mera reiteração) do que as
) penas dos tipos autônomos, ainda que estas sob a regra do concurso continuado,

107, Portanto, o artigo 4.°, "caput", da Lei n.o 7.492/86, por


ser norma especial, prevalece frente aos outros dispositivos da mesma lei, máxime
quando os atos delitivos transcendem, conforme visto, os tipos descritos nos artigos
16 e 22 da referida lei. Certamente, a multiplicidade de atos fraudulentos absorvidos
pela tipificçção no artigo 4.° da Lei n,o 7.492186, deve ser levada em consideração
na fixação da pena. Por uma questão de coerência, a fixação da pena para o crime
do artigo 4,° da Lei n,o 7.492186 não pode ser inferior a da pena que caberia para os
crimes absorvidos.

108. Não há que se falar, outrossim, em que pesem os


entendimentos em contrário, de que não incidiria o artigo 4.° porque a Clicktrade e
as atividades dos acusados representariam uma instituição financeira irregular,
Interpretação da espécie contraria a letra expressa do artigo 1,° da Lei n.o 7.492/86,
com suas amplas definições do que deve ser considerado instituição financeira e
que abrangem instituições irregulares. Além disso, a Clicktrade, cuja estrutura foi
utilizada, é empresa autorizada a operar pelo Bacen, pelo menos com serviços de
corretagem de câmbio, o que lhe confere o status de instituição financeira por
equiparação.

109. Questão mais controversa diz respeito à


configuração ou não do crime de lavagem,

110. Segundo o MP F, as contas no exterior teriam sido


utilizadas em lavagem de dinheiro através da ocultação e dissimulação da origem,
propriedade, localização, disposição e movimentação de valores mantidos em
contas no exterior deles e de seus clientes (fls, 06, 08 e 33). Nos termos das
alegações finais:
24
293
JUSTiÇA FEDERAL 1477
sEçAo JUDICIÁRIA DO PARAI~Á

"que a manutenção da conta 45200483 (Chettiar), junto


ao Merchants Bank, facilitou a ocultação dos valores nelas movimentados,
dificultando a arrecadação tributária, a persecução criminal, o seqüestro, o arresto e
o confisco de tais valores e o reconhecimento das pessoas físicas e jurídicas que,
fugindo do controle das autoridades brasileiras e em detrimento das reservas
cambiais nacionais, utilizaram-se dos serviços dos 'doleiros' para cambiarem moeda,
evadirem divisas e manterem recursos no exterior criminosamente." (fI. 1.359)

111. É forçoso reconhecer a utilização pelos acusados de


esquemas típicos de lavagem de dinheiro.

112. Em primeiro lugar, a utilização de "off-shore" como


titular da conta no Merchants Bank.

113. "Off-shores" ou de "shell corporations" são estruturas


corporativas utilizadas comumente para garantir o anonimato de seus proprietários.
Podem ser utilizadas para propósitos lícitos como para propósitos ilícitos. São
reconhecidas internacionalmente como dos instrumentos mais utilizados para a
lavagem de dinheiro (cf. RICHARDS; James R. Transnatíonal criminal organizations,
cybercime, and money laundering. CRC Press, 1999, p. 56.).
)
114. No caso presente, a Chettiar não era uma empresa
real, com sede física e atividades comerciais reais. Tratou-se apenas de um
expediente corporativo utilizado para proteger os acusados quanto á
responsabilidade pela movimentação financeira. Não se imagina outro propósito
para utilização da off-shore e caso houvesse os acusados falharam em decliná-lo. A
única maneira de obter a informação quanto à titularidade real das contas foi através
de quebra de sigilo bancário e ainda graças à legislação norte-americana que, exige,
a identificação completa do cliente, inclusive do proprietário-beneficiário ("beneficiai
owner"), nos cadastros das contas. A Chettiar era apenas papel.

115. Em segundo lugar, a realização de operações de


transferências internacionais de dinheiro a margem do sistema oficial, sem sequer
contabilidade, ainda que informal. A falta de registro das operações no Bacen e a
falta de qualquer contabilização revelam propósito de ocultar as operações de
qualquer controle público.

116. É inegável que as transações bancárias perpetradas


através das contas no exterior e inseridas no âmbito de operações do mercado
negro de câmbio, com a realização de transferências internacionais informais
mediante operações de compensação, constituem expedientes destinados a ocultar
ou dissimular a natureza, origem, localizaçâo, disposição, movimentação ou
propriedade dos valores envolvidos nas transações, o que se amolda à conduta
descrita no "caput" do artigo 1.° da Lei n.o 9.613198.

117. Por outro lado, os valores movimentados através da


conta no exterior ou era dinheiro dos próprios acusados, o lucro por eles obtidos em
decorrência das operações cambiais ilegais, em outras palavras decorrente dos
crimes dos artigos 4.0, 16, 22 da Lei n.o 7.492186, ou era dinheiro dos clientes dos
25
294 ~

JUSTiÇA FEDERAL 1478


SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PAR,I\NÂ

acusados ou de maneira geral das pessoas com quem transacionaram, parte dele~
outros operadores do mercado de câmbio negro, ou seja, doleiros.

118. No que se refere aos doleiros, o exame dos extratm


da conta da Chettiar (apenso IV, vol. 11), revela diversas transações com a cont~
mantida pela off-shore Braza Corporation no próprio Merchants Bank
especificamente transferências nos valores de USO 125.488,00, USO 150.000,00
USO 80.000,00 e quatro nos valores de USO 100.000,00 recebidas pela conta d,
Chettiar e provenientes da referida conta (fls. 03, 15,16,21,26 e 30 do apenso IV
vol. 11). Como se verifica nas fls. 57-64 do apenso XVII, os controladores da contê
Braza respondem à ação penal 2004.7000025085-1 em trâmite perante este Juíze
pela prática de crimes financeiros, especialmente gestão fraudulenta e evasão dE
divisas, e de lavagem de dinheiro.

119. Também há registro de diversas transações com é


conta em nome da off-shore Kiesser Investment mantida no MTB, especificamentE
transferências nos valores de USO 200.000,00, USO 50.000,00, três de use
100.000,00, USO 300.000,00, duas de USO 150.000,00, recebidas pela conta d~
Chettiar e provenientes da referida conta (fls. 04, 10, 14,26,27,34 e 36 do apensc
IV, vol. 11). Quanto essa conta, o I\IÍPF informou que seria controlada pelos doleiro~
Jorge Oavies, Raul Oavies Mendez, Raul Femando Oavies e Gilherme Oavies, e qUE
seria objeto do processo 2004.700003322-1, mas ressalve-se que não foi juntadc
aos autos cópia de peças do processo.

120. Também há registro de transferências com outré


conta no exterior controlada pelos próprios acusados e que constituem objeto de
ação penal 2004.7000021771-6 por crimes financeiros e de lavgem em trâmitE
perante' este Juízo (fls. 03-49 do apenso XVII):
a) transferências nos valores de USO 170.000,00, use
135.000,00, USO 50.000,00, USO 80.000,00, USO 50.000,00, USO 50.000,00, use
60.000,00 recebidas pela conta da Chettiar e provenientes da conta mantida pele
off-shore Crescent City (fls. 03, 04, 07, 11, 15,20,26 do apenso IV, vol. 11); e
b) transferência no valor de USO 120.000,00 da conte
Chettiar para a conta Crescent City (fI. 07 do apenso IV, vol. 11);

121. Também merece referência o recebimento pell


conta Chettiar de crédito de USO 100.000,00 recebido do Banco Amambay com(
conta no anexo 11 do Laudo 625/05 (fls. 26-31, especialmente fi. 31 do apenso V). o~
dirigentes do Banco Amambay respondem perante este Juizo pela prática de crime:
financeiros, principalmente de evasão de divisas na região de Foz do Iguaçu, m
ação penal 2004.7000016320-6, cf. cópia da decisão de recebimento da denúnci~
(fls. 51-56 do apenso XVII).

122. Todas essas transações envolvendo a conta d~


Chettiar com contas que são ou eram objeto de processo perante este Juízo, ben
como a evidente conexão entre crime antecedente e crime de lavagem, reforçam (
conclusão exarada na exceção de incompetência de fls. 426-431 e ainda no iten:
13-22, retro, quanto a competência deste Juizo para o julgamento do feito, ben
como a ligação do presente caso com o assim denominado "Caso Banestado"

2.
295
JUSTiÇA FEDERAL 1479
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Afinal, todos os referidos processos tramitam ou tramitaram perante esta 2. a Vara


Federal Criminal.

123. No que se refere às demais pessoas que


transacionaram com a conta, o universo delas é muito expressivo. No processo n.o
2004.7000008267-0, todo o material relacionado às contas do Merchants Bank de
Nova York foi compartilhado com a Receita Federal. Esta identificou cerca de 11.200
contribuintes brasileiros nas transações das diversas cbntas do Merchants e de
outros bancos (contas do Merchants Bank, Safra Bank, MTB-CBC-Hudson Bank e
Lespan, fls_ 53-54 e 60--63 do apenso XVI). Tais informações foram repassadas às
Delegacias da Receita Federal, às Delegacias da Polícia Federal, aos órgãos do
MPF e da Justiça Federal do domicílio dos contribuintes, para que tomassem as
providências investigatórias cabíveis (fls. 55-58 do apenso XVI). E inviável, dada a
dimensão de pessoas identificadas, instruir estes autos com os resultados completos
das investigações, muitas delas em andamento. De todo modo, a Receita Federal,
em seu último relatório, informou que já teria lançado cerca de R$ 1.763.317.315,06
em créditos tributários ("o valor do crédito tributário constituído em procedimentos de
fiscalização originados das representações dos casos Merchants Bank, Safra Bank,
MTB-CBC-Hudson Bank e a empresa Lespan totalizam, até a data de 13/0612007,
R$ 1.763_317.315,06" - fI. 62 do apenso XVI) . Lançamentos da espécie, embora
) visem a identificação de tributo sonegado, é igualmente representativo da falta de
declaração de ativo no exterior ou das transações respectivas, o que configura
igualmente o crime do artigo 22, parágrafo único, da Lei n.O 7.492/86

124, Todos esses elementos constituem prova suficiente


de que os valores que transitaram na conta da Chettiar eram produto de crimes
antecedentes, especificamente de crimes financeiros praticados po(outros doleiros
ou pelos-clientes dos acusados, A própria natureza do mercado de câmbio negro é
suficiente para se concluir que as transações das contas no exterior envolviam
produto de crime de evasão de divisas praticados pelos clientes dos acusados ou
por outros doleiros com quem transacionara.

125. Além disso, como visto, as transações da conta da


Chettiar representavam operações do tipo dólar-cabo, Um crédito na conta implicava
na disponibilização pelo doleiro de reais no Brasil, com o doleiro comprando dólar no
exterior e vendendo reais no Brasil. Um débito na conta implicava na
disponibilização ao doleiro de reais no Brasil, com o doleiro vendendo dólar no
exterior e recebendo reais no Brasil. Em ambos os casos, os recursos em dólares
movimentados no exterior e os recursos em reais disponibilizados no Brasil provêm
de prévios crimes financeiros, ou de depósitos em moeda estrangeira não-
declarados em violação à parte final do parágrafo único do artigo 22 da Lei n.o
7.492/86, ou ainda de remessas internacionais fraudulentas em violação à primeira
parte do parágrafo único do artigo 22 da Lei n.o 7.492/86, sem olvidar os recursos
consistentes nos lucros dos próprios acusados em sua atividade ilegal.

126. O fluxo ilícito de recursos aliado aos subterfúgios


adotados para ocultá-lo ou dissimulá-lo é suficiente para caracterização do crime de
lavagem de dinheiro tendo por antecedentes crimes financeiros praticados por
terceiros e pelos próprios acusados (artigo 1.°, VI, da Lei nO 9.613/98).

27
2~Q
JUSTIÇA FEDERAL
SEÇ,Ã,O JUDICIÁRIA DO P/\RANÁ

127. E ainda oportuno destacar que o art. 2.°, 11, da Lei


9.613/1998 estabelece o princípio da autonomia do processo e julgamento do crime
de lavagem:

"Art. 2.° O processo e julgamento dos crimes previstos


nesta Lei:
( ... )
11 - independem do processo e julgamento dos crimes
antecedentes referidos no artigo anterior, ainda que praticados em outro país;
( ... )"

128. Na mesma linha, o § 1.° dispõe que "a denúncia será


instruída com indícios suficientes da existência do crime antecedente, sendo
puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o
autor daquele crime". Como qualquer crime pode ser provado através de prova
direta ou indireta, inclusive exclusivamente através de prova indireta, é certo que
"indícios" foi empregado no referido dispositivo legal não no sentido técnico, como
prova indireta (artigo 239 do CPP), mas sim no sentido de uma carga probatória que
não precisa ser categórica ou plena, á semelhança do emprego da mesma
expressão em dispositivos como o artigo 126 e artigo 312 do CPP.
)
129. A autonomia do crime de lavagem significa que pode
haver inclusive condenação por crime de lavagem independentemente de
condenação ou mesmo da existência de processo pelo crime antecedente.

130. De forma semelhante, não tendo o processo por


crime de lavagem por objeto o crime antecedente, não se faz necessário provar a
materialidade deste, com todos os seus elementos e circunstâncias, no processo por
crime de lavagem. Certamente, faz-se necessário provar que o objeto da lavagem é
produto ou provento de crime antecedente, o que exige produção probatória
convincente relativamente ao crime antecedente, mas não ao ponto de transformar o
crime antecedente no objeto do processo por crime de lavagem, com toda a carga
probatória decorrente.

131. Não existe ainda jurisprudência brasileira significativa


sobre a prova do crime antecedente no crime de lavagem. Nos Estados Unidos, a
prova de que os bens, direitos e valores envolvidos na lavagem provêm de crime
anterior pode ser satisfeita com elementos circunstanciais. Assim, por exemplo, em
United States v. Abbel, 271 F3d 1286 (11th Cir. 1001), decidiu-se que a prova de
que o cliente do acusado por crime de lavagem era um traficante,' cujos negócios
legítimos eram financiados por proventos do tráfico, era suficiente para concluir-se
que as transações do acusado com seu cliente envolviam bens contaminados. Em
outro caso, entendeu-se que, quando o acusado por crime de lavagem faz
declarações de que o adquirente de um avião é um traficante e quando o avião é
modificado para acomodar entorpecentes, pode ser concluído que o dinheiro
utilizado. na aquisição era dinheiro proveniente de tráfico de entorpecentes (United
States v. Golb, 69 F3d 1417, 9th Cr. 1995). Já em United States v. Reiss, 186 f. 3d
149 (2d Cir. 1999) a utilização de subterfúgios para o pagamento de um avião
envolvendo conhecido traficante foi considerada suficiente para estabelecer a
procedência ilícita dos recursos empregados na compra. Também já se entendeu
~ 28
JUSTiÇA FEDERAL 1481
sEçAo JUDICLÁ,RIf\ DO Pf\R,I\J~A
297
que a falta de prova de renda legítima ou suficiente para justificar transações feitas
por criminoso era prova suficiente da origem criminosa dos recursos empregados
(v.g.: United States v. Hardwell, 80 F.3d 1471, 10th Cir. 1996; e United States v.
King, 169 F.ed 1035, 6th Cir. 1999). A referência a tais casos e os respectivos
resumos foram extraídos pelo Juízo de manual dirigido aos Procuradores Federais
norte-americanos, no qual sob o título "Prova circunstancial é suficiente para
demonstrar que a propriedade é proveniente de atividade criminosa específica"
(Ucircunstantial evidence sufficient to show property was SUA proceeds"), são
arrolados cerca de onze precedentes, alguns ora citados'. Na mesma linha, é a
jurisprudência firme do Supremo Tribunal Espanhol, quanto a desnecessidade de
condenação pelo crime antecedente e pela possibilidade de consideração da prova
indiciária quanto aos elementos do crime de lavagem e do crime antecedente, como
se vislumbra em casos como as STS 392/2006, de 06/04/2006, STS 557/2006, de
20/05/2006, e STS 1704/2001, de 29/0912001 (todos acessíveis em
www.poderjudicial.es).

132. Essa é a melhor solução interpretativa, pois caso se


eXigisse prova plena, ou seja, de todos os elementos e cimunstâncias do crime
antecedente, ficaria sem sentido o principio da autonomia do crime de lavagem.

133. No presente caso, por certo, não há prova de que o


acusado lavou dinheiro decorrente de tráfico de drogas ou de crimes contra a
Administração Pública. Nem é essa a acusação. Não obstante, há prova suficiente
de que os recursos que transitaram na conta da Chettiar e a sua contraparte no
Brasil tinham natureza criminosa, sendo produto de crimes financeiros antecedentes,
especialmente de evasão de divisas ou de manutenção de depósitos não declarados
no exterior. E próprio aliás do mercado de câmbio negro a movimentação de
recursos ilícitos, produtos de crimes financeiros, por serem resultado de evasão de
divisas ou por representarem ativos não-declarados, e às vezes, o que não é o caso,
produto de crimes ainda mais graves.

134. O fato dos crimes antecedentes serem apenas


financeiros e nâo outros mais graves não descaracteriza o crime de lavagem,
apenas tendo reflexo na fixação da pena.

135. De todo modo, a investigação e a persecução de


esquemas criminosos de transferências internacionais informais, como o mercado
negro de câmbio, estão relacionadas ao combate à lavagem de dinheiro, em virtude
da vulnerabilidade que geram, como visto nos itens 80-85, para o sistema de
prevenção.

136. Essa não é uma questão exclusivamente nacional,


mas internacional conforme relato anterior do estudo do FATF. Acrescente-se que,
não por acaso, a legislação federal norte-americana também criminaliza a condução

, U.S. DEPARTMENT OF JUSTICE. Criminal Division. Asset Forfeiture and Money


Laundering Section. Federal Money Laundering Cases: Cases interpreting the Federal
Money Laundering Statutes (18 V.S.c. §§ 1956, 1957, and 1960 and Related Forfeiture
Provisions (18 US.c. §§ 981 and 982). janeiro, 2004., p.30-31. ~ .
29
/' .___:-7'
.:..---.. '"
JUSTiÇA FEDERAL 1482
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO P.I\RANÁ
298
de negócios de transferências informais, sem o devido licenciamento (Seção 1960
do Título 18 do USCode - prohibition of unlicensed money transmitting businesses)',

137, No que se refere ao dolo dos acusados Fernando


Janine e Joacyr Reinaldo, a utilização dos subterfúgios destinados à ocultação ou
dissimulação da atividade pressupõe o propósito consciente, Sendo os acusados,
ademais, operadores do mercado de câmbio negro, é inegável que tinham
consciência das características de seus negócios e da natureza dos recursos que
transitavam pela conta no exterior. A esse respeito, aliás, transcreve-se o seguinte
trecho de precedente do TRF4 em caso muito similar ao presente:

"." não havia como o réu não saber que a origem dos
montantes era ilícita, uma vez que as operações 'dólar-cabo', como já registrado
anteriormente, eram totalmente ilegais, feitas sem qualquer autorização ou registro
no Bacen,,,," {AC n,o 2004.7000021788-4, 8 a Turma do TRF4, Rei: Oes. Luis Wowk
Penteado, un" 24/05/2006,

138, Portanto, as condutas praticadas pelos acusados


Fernando Janine e Joacyr Reinaldo, através da conta da Chettiar Business e com a
utilização da estrutura da empresa CHcktrade Corretora de Câmbio, Títulos e Valores
Mobiliários Ltda, também caracterizam crime de lavagem de dinheiro. Essa, aliás, foi
a mesma conclusão exarada em caso bastante similar no já referido precedente do
TRF4,

139, Não há se falar em absorção do crime financeiros,


especialmente de evasão de divisas, pelo crime de lavagem. Os bens jurídicos
atingidos por um e outro crime são diferenciados, No caso da evasão, as divisas ou
a regularidade das transferências internacionais, enquanto que, na lavagem, a
Administração da Justiça e a ordem econômica, A evasão não é, outrossim, etapa
necessária do crime de lavagem, pois há lavagem sem evasão de divisas. Não há
ainda concurso formal, sendo o crime financeiro antecedente ao da lavagem e não
concomitante,

4 "A Seção 1960 do Título 18 considera um crime conduzir um negócio de transmissão de


dinheiro sem licença, O Congresso editou tal lei quinze anos atrás em meio a preocupações
de que negócios de transmissão de dinheiro facilitavam lavagem de dinheiro, Tal
preocupação persiste. De acordo com a 'Avaliação Nacional de Ameaças de Lavagem de
Dinheiro de 2005' e a 'Avaliação Nacional de Ameaças de Drogas de 2007', transmissores
de dinheiro continuam a providenciar meios de transporte para lavadores de dinheiro,
particularmente para aqueles ligados ao tráfico de drogas, Essas ameaças levaram à
convocação, na 'Estratégia Nacional de Lavagem de Dinheiro de 2007', da comunidade de
agentes da lei para continuarem a 'trabalhar agressivamente para identificar e processar
[negócios de transmissão de dinheiro] que facilitem lavagem de dinheiro.' Disponível em
http://www,treas,gov/press/releases/docs/nmls.pdf.'' (CASSELLA, Stefan D, One-Hour
Mondey Laundering: Prosecutíng Unlicensed Money Transmíttíng Businesses Using Section
1960, US Depaltment of Justice. United States Attomeys' Bul/etin. Setembro/2007, vol. 55,
nO 5, p, 34, tradução livre),
30
JUSTiÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIARIA DO PARANA

111. DISPOSITIVO

140. Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE


PROCEDENTE a pretensão punitiva.

141. Absolvo a acusada Myriam de Vasconcelos Ortiz


Reynaldo por não haver prova de que concorreu para o crime (artigo 386, V, do
CPP), e a acusada Tereza Mitsumune por falta de provas suficientes para
condenação (artigo 386, VII, do CPP).

142. Condeno os acusados Fernando Janine Ribeiro e


Joacyr Reinaldo, às penas do artigo 4.°, "capuf', da Lei n .o 7.492/86, e do artigo 1.°,
VI, da Lei n .o 9.613/98.

143. Atento aos dizeres do artigo 59 do Código Pena! e


levando em consideração o caso concreto, passo à individualização e dosimetria das
penas a serem impostas aos condenados.

144. O condenado Fernando Janine Ribeiro é primário,


) de bons antecedentes. Responde a outra ação penal em trâmite perante este Juízo,
mas o fato não será considerado pois sequer foi julgada em primeira instância. Ê
empresário. As conseqüências do crime são graves, considerando o expressivo
valor movimentado pela conta, cerca de vinte e dois milhões de dólares. A conduta
delitiva se prolongou por cerca de dois anos (2001 e 2002), sem considerar a falta
de declaração dos ativos até o momento, e a movimentação da conta compreendeu
centenas de operações, sendo que cerca de 686 estão provadas documentalmente
nos autos (apenso IX). Além dos danos ao sistema financeiro, a realização das
operações às ocultas e a margem do sistema financeiro oficial pode ter propiciado
oportunidade e vantagem a criminosos de diversas espécies, o que não foi ainda
totalmente dimensionado. O propósito do crime parece ter sido apenas o desejo de
locupleta'r-se em prejuízo do sistema financeiro nacional e de toda a coletividade. No
que se refere ao crime de lavagem de dinheiro, apesar da dimensão do valor
envolvido, deve ser considerado que os crimes antecedentes foram apenas de
natureza financeira, não estando envolvidos crimes bem mais graves como de tráficc
de drogas ou contra a Administração Pública. As demais circunstâncias são neutras.
Nada mais tendo de relevante a considerar, constata-se a concorrência de
circunstâncias favoráveis e desfavoráveis. Reputo circunstâncias predominantes
para os crimes o elevado valor envolvido e a duração e quantidade de operações
fraudulentas, o que justifica pena acima do mínimo, com certa atenuação no crime
de lavagem de dinheiro pela natureza dos crimes antecedentes. Para o crime do
artigo 4.0, caput, da Lei n° 7.492/86, com pena mínima de três anos e máxima de
doze, reputo adequadas penas de três anos e seis meses de reclusão e sessenta
dias multa. Para o crime do artigo 1.0, "caput" c/c VI, da Lei n.o 9.613/98, com pena
mínima de três anos e máxima de dez, reputo adequadas penas de três anos e trê~
meses.de reclusão e de trinta dias multa. As penas foram fixadas acima do mínimo
mas bem distante do máximo ou mesmo do termo médio. As condições econômica~
afirmadas pelo condenado são excelentes, considerando o patrimônio declarado dE
R$ 4.553.919,07 (fI. 87 do apenso 111), não merecendo fé a renda mensal declarad.
em Juízo (fI. 179). Assim, fixo o valor do dia-multa para o crime de lavagem, err
JUSTiÇA FEDERAL 1484
sEçAo JUDICIÁRIA DO PARANÁ
300
cinco salários mínimos, segundo valor vigente ao tempo do último fato delitivo
imputado ao condenado, que fixo em junho de 2002, com correção monetária desde
então, segundo as tabelas da Justiça Federal, até a data do pagamento, Em relação
ao crime financeiro, dobro o valor do dia-multa, com base no artigo 33 da Lei n,o
7.492/86, fixando ela portanto em dez salários mínimos, segundo valor vigente ao
tempo do último fato delitivo imputado ao condenado, que fixo em junho de 2002,
com correção monetária desde então, segundo as tabelas da Justiça Federal, até a
data do pagamento,

145, Não há circunstãncias agravantes ou atenuantes a


serem consideradas, Não houve confissão, O condenado apenas admitiu que teria
aberto as contas, mas atribuiu falsamente responsabilidade pela movimentação a
terceiro e negou falsamente que estivesse envolvido em operações do mercado de
câmbio negro,
j

146, Quanto ao crime de lavagem, considerando que a


conduta delitiva estendeu-se por dois anos anos e envolveu cerca de centenas de
operações financeiras fraudulentas, reputo presente a habitualidade, motivo pelo
qual elevo a pena em 1/3, com base no artigo 1,0, § 4,°, da Lei n Q 9,613/96, Sobre a
aplicação de tal causa de aumento a' crime similar, encontra-se precedente da 8,'
Turma do TRF4, AC n,o 2004,7000021788-4, Rei: Des, Luis Wowk Penteado, un"
) 24/05/2006,

147, Assim, as penas para o crime financeiro restam


definitivamente fixadas em três anos e seis meses de reclusão e sessenta dias
multa, enquanto que para o crime de lavagem em quatro anos e quatro meses de
reclusão e quarenta dias multa, As penas devem ser somadas em concurso material,
resultando 'em sete anos e dez meses de reclusão, Quanto à pena de multa, devem
os valores ser somados após o cálculo aritmético, Essas penas são definitivas para
o condenado Fernando Janine Ribeiro.

148. Considerando o disposto no art, 33 do Código Penal,


fixo o regime semi-aberto para início de cumprimento da pena para o condenado,

149, O condenado Joacyr Reinaldo é primário, de bons


antecedentes, Responde a outra ação penal em trâmite perante este Juízo, mas o
fato não será considerado pois sequer foi julgada em primeira instância. É
empresário, As conseqüências do crime são graves, considerando o expressivo
valor movimentado pelas contas, cerca de vinte e dois milhões de dólares, A conduta
delitiva se prolongou por cerca de dois anos (2001 e 2002), sem considerar a falta
de declaração dos ativos até o momento, e a movimentação da conta compreendeu
centenas de operações, sendo que cerca de 686 estão provadas documentalmente
nos autos (apenso IX), Além dos danos ao sistema financeiro, a realização das
operações às ocultas e a margem do sistema financeiro oficial pode ter propiciado
oportunidade e vantagem a criminosos de diversas espécies, o que não foi ainda
totalmente dimensionado. O propósito do crime parece ter sido apenas o desejo de
locupletar-se em prejuízo do sistema financeiro nacional e de toda a coletividade, No
que se refere ao crime de lavagem de dinheiro, apesar da dimensão do valor
envolvido, deve ser considerado que os crimes antecedentes foram apenas de
natureza financeira, não estando envolvidos crimes bem mais graves como de tráfico
~.-, 32

~
301
JUSTiÇA FEDERAL 1485
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO Pl\RANÁ

de drogas ou contra a Administração Pública. As demais circunstâncias são neutras.


Nada mais tendo de relevante a considerar, constata-se a concorrência de
circunstâncias favoráveis e desfavoráveis. Reputo circunstâncias predominantes
para os crimes o elevado valor envolvido e a duração e quantidade de operações
fraudulentas, o que justifica pena acima do mínimo, com certa atenuação no crime
de lavagem de dinheiro pela natureza dos crimes antecedentes. Para o crime do
artigo 4.°, caput, da Lei n.O 7.492/86, com pena mínima de três anos e máxima de
doze, reputo adequadas penas de três anos e seis meses de reclusão e sessenta
dias multa. Para o crime do artigo 1.", "caput" c/c VI, da Lei n .o 9.613/98, com pena
mínima de três anos e máxima de dez, reputo adequadas penas de três anos e três
meses de reclusão e de trinta dias multa. As penas foram fixadas acima do mínimo,
mas bem distante do máximo ou mesmo do termo médio. As condições econômicas
. afirmadas pelo condenado são excelentes, considerando o patrimônio declarado de
R$ 2.185.915,61 (fI. 197 do apenso 111), não merecendo fé a renda mensal declarada
em Juízo (fI. 181). Assim, fixo o valor do dia-multa para o crime de lavagem e para o
crime financeiro, em cinco salários mínimos, segundo· valor vigente ao tempo do
último fato delitivo imputado ao condenado, que fixo em junho de 2002, com
correção monetária desde então, segundo as tabelas da Justiça Federal, até a data
do pagamento.

150. Não há circunstâncias agravantes ou atenuantes a


serem consideradas. Não houve confissão. O condenado apenas admitiu que teria
aberto as contas, mas atribuiu falsamente responsabilidade pela movimentação a
terceiro e negou falsamente que estivesse envolvido em operações do mercado de
câmbio negro.

151. Quanto ao crime de lavagem, considerando que a


conduta delitiva estendeu-se por dois anos anos e envolveu cerGa de centenas de
operações financeiras fraudulentas, reputo presente a habitualidade, motivo pelo
qual elevo a pena em 1/3, com base no artigo 1.°, § 4°, da Lei n.O 9.613/96. Sobre a
aplicação de tal causa de aumento a crime similar, encontra-se precedente da 8,"
Turma do TRF4, AC n.o 2004.7000021788-4, Rei: Oes. Luis Wowk Penteado, un.,
24/05/2006.

152. Assim, as penas para o crime financeiro restam


definitivamente fixadas em três anos e seis meses de reclusão e sessenta dias
multa, enquanto que para o crime de lavagem em quatro anos e quatro meses de
reclusão e quarenta dias multa. As penas devem ser somadas em concurso material,
resultando em sete anos e dez meses de reclusão. Quanto à pena de multa, devem
os valores ser somados após o cálculo aritmético. Essas penas são definitivas para
o condenado Joacyr Reinaldo.

153. Considerando o disposto no art. 33 do Código Penal,


fixo o regime semi-aberto para início de cumprimento da pena para o condenado.

154. Decreto, com base no artigo 91, 11, "b", do CP, o


confisco, como produto do crime, dos valores bloqueados na conta n.o 45200483 em
nome da Chettiar Business Incorporated mantida no Merchants Bank de Nova York
e com cerca de USO 1.338.660,25 (valores bloqueados em junho de 2002), mais os
rendimentos pagos desde então. Por toda a fundamentação, resta evidente 'que o
302
JUSTiÇA FEDERAL 1486
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO Pl·.R.AJ~Á

numerário é produto de crimes financeiros, atividade financeira ilegal, ou de lavagem


de dinheiro, tendo por antecedentes crimes financeiros. Afinal, se a conta era
utilizada para a realização de transferências internacionais não registradas,
ocultando a prática de operações de câmbio ilegais das autoridades públicas, o
numerário nela bloqueado constitui produto desta mesma atividade e como tal
sujeita ao confisco. Esclareça-se que não se proíbe a realização de transferências
internacionais do Brasil para fora, mas se exige o registro de tais atividades,
especialmente para controle e prevenção, atualmente, do crime de lavagem de
dinheiro, tendo os condenados burlado tais controles. De certa forma, no que se
refere aos crimes financeiros, as condutas por eles praticadas assemelham-se em
concreto às condutas proibidas na Seção 1960 do Titulo 18 do USCode ("prohibition
of unlicensed money transmitting businesses"). Registre-se ainda que os
condenad.os fQramespecificamente intimados do bloqueio determinado no Brasil,
isso ainda no inicio do processo (fls. 57-58 do autos de sequestro de n.<
2005.7000009503-5), tendo tido oportunidades amplas para demonstrar a licitude
dos valores depositados na conta. A falta de aproveitamento das oportunidades não
decorre de mera omissão, mas de impossibilidade, cf. fundamentação exarada nesta
sentença. Evidentemente, a efetivação do confisco dos. valores dependerá da
cooperação das autoridades norte-americanas.

155. Segundo redação dada ao inciso IV do artigo 387 de


Cpp pela Lei n.o 11.719/2008, cumpre ao juiz, ao proferir a sentença, fixar "valol
mínimo para reparação dos danos causados pela infração". Tal novo dispositive
incide de imediato, alcançando os processos em curso. Em casos envolvendc
doleiros, com crimes financeiros, principalmente de evasão de divisas, e crimes dE
lavagem, tendo por antecedentes principalmente crimes de evasão de divisas, a
vítima é toda a sociedade, no caso representada pela União Federal. Por força da
evasão ·de divisas, há pOSSível prejuízo às reservas cambiais e, mais importante,
isso pode ter propiciado a obtenção de todo o tipo de vantagem pelos clientes do~
doleiros. O mais correto seria reputar o valor do dano como o equivalente ao valol
evadido. Como, entretanto, os valores seria astronômicos, pelo menos em' caso~
envolvendo doleiros, é mais razoável fixar um percentual em cima dos valore~
evadidos. Após alguma reflexão sobre o tema e considerando que em volta de UIT
crime de evasão há usualmente um crime de sonegação, pelo cliente do doleiro E
pelo próprio doleiro ocultarem as transferências e, por conseguinte, signm
presuntivos de riqueza da tributação, este Juízo resolveu, na falta de melhor critério
adotar o percentual de 15%, equivalente à alíquota máxima devida pelas pessoa,
jurídicas sobre seus lucros a título de imposto de renda, para cálculo estimado de
dano. Cumpre, então, calcular tal percentual sobre a movimentação total, de cerc;;
de vinte e dois milhões de dólares, da conta Chettiar. O resultado, convertido pele
câmbio da presente data, equivale ao valor mínimo do dano sofrido pela sociedadE
pelos crimes pratícados pelos condenados. Releva destacar que o TRF4 já teVE
oportunidade de decidir pela razoabilidade do referido critério ("Ausentes parâmetro:
legais ou mesmo jurisprudenciais acerca do valor a ser indenizado na evasão dE
divisas, razoável é a constrição incidente sobre 15% do valor imputadamentl
evadido" - MS 2009.04.00011896-8/PR - 8. a T. do TRF4 - ReI. para o acórdão Des
Federal Nefi Cordeiro - por maioria -j. 19/08/1009, DE de 03/09/2009). Observo, po
oportuno, que o MPF moveu simultaneamente a esta ação penal processos dE
arresto para obter a constrição de bens dos condenados para garantir o pagament<
da multa penal, custas e reparação do dano, tendo essa questão sido ali· discutida

~
y
303
JUSTiÇA FEDERAL 1487
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

pelo menos em parte, Assim, fixo nesse montante, 15% sobre vinte e dois milhões
de dólares, convertidos pelo câmbio de hoje (R$ 1,74), o valor exigido pelo inciso IV
do artigo 387 do CPP, a ser corrigido monetariamente a partir da presente data e até
o pagamento,

156, Quanto ao confisco dos valores mantidos em contas


correntes no Brasil pelo condenado Femando Janine Ribeiro, cf. pretensão
veiculada nas alegações finais do MPF (fI. 1,373), indefiro, Não há prova suficiente
de que a única fonte de renda do condenado seria a atividade no mercado de
câmbio negro, nem condições de dimensionar o seu ganho neste mercado para
confiscar a parcela pertinente mantida nas contas correntes,

157, Condeno ainda Fernando Janine e Joacyr Reinaldo


ao pagamento das custas e despesas processuais,

158, Considerando a jurisprudência das Cortes


Superiores, permito que eles apelem em liberdade,

159, O apenso VI, com seis volumes, contém material


probatório inútil. Assim, no caso de recurso, não subirá com os autos, ficando retido
em Secretaria, Caso as partes assim não entendam, deverão esclarecer seu
posicionamento nas razões ou contra-razões de apelo,

160, Transitada em julgado, lancem o nome de Fernando


Janine Ribeiro e Joacyr Reinaldo no rol dos culpados, Procedarn-se às anotações e
cornunicações de praxe (inclusive ao TRE, para os fins do artigo 15, 111, da
Constituição Federal),

Publique-se, Registre-se. Intirnem-se,

.~ .'; .'
Curitiba, 09 de dezembro de 2009,

~~--------~ Juiz Federal

35
:: Portal da Justiça Federal da 4' Região :: Página 1 de 1

Usuário: não logado Login Processo Eletrônico (20 Grau)


304
Consulta Processual Unificada - Resultado da Pesquisa

AÇÃO PENAL N° 2005.70.00.008925-4 (PR)


. Data de autuaçllo: 12/04/2005
Juiz: SergiO Fernando Moro
Órgão Julgador: Juízo FEDERAL DA 02A VF CRIMINAL E SFN DE CURmBA
Órgllo Atual: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4A REGIÃO
Localizador: GR
Situação: MOVIMENTO
Assuntos:
1. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/86)

PARTES

(Clique aqui para mostrar todas as partes/advogados)


AUTOR: MINISTÉRIO PÚBUCO FEDERAL

Réu: FERNANDO JANINE RIBEIRO E OUTROS

PRCCESSCS RELACIONADOS
Clique aqui para ver os processos relaCionados no TRF4

APENSOS

Processo: 2005,70,00,008926-6
Processo: 2005.70,00.007925-0

(Clique aqui para mostrar todas as fases)


24/03/201014:23 Remessa Extema GR:I0/0017096 DEST:TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4A REGIÃO.
05/02/2010 13:13 Lavrada Certidão JUNTADA DE CÓPIA DA SENTENÇA PROFERIDA NOS AUTOS
2005.11342-6
02/02/2010 15:33 Lavrada Certidão JUNTADA CÓPIA CP 4068662-INTIMAÇÃO DOS ACUSADOS DA
SENTENÇA

.Ii [ anterior [ D (nova pesquisa] .!!> {imprimir]

http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/acompanhamento/resultado_pesquisa_popup. php?selF... 5/4/2010


:: Portal da Justiça Federal da 4" Região :: Página 2 de 2

08/11/2005 12:55 RECEBIDOS DO JUIZ: REMETER AUTOS À AUTORIDADE POUCIAL


14/10/200518:04 JUNTADA FEITA DE MANIFESTAÇÃO DO MPF. 3 O5
14/10/200518:04 RECEBIDOS: COM 1 VOLUME - P/ INSPEÇÃO. ORIG: MINISTÉRIO PÚBUCO FEDERAL
15/03/200516:51 REMETIDOS AO MPF FT/CC5 GR:05/0027242 DEST:MINISTÉRIO PÚBUCO FEDERAL.
26/11/200417:05 RECEBIDOS: ORIG: DELEGACIA DE POLÍCIA FEDERAL
16/11/2004 13:56 REMETIDO A AUTORIDADE POUCIAL PRAZO 5 DIAS - FORÇA TAREFA POUCIAl CC5
GR:04/0132571 DEST:DELEGACIA DE poLÍClA FEDERAL.
16/11/200413:55 INSPECIONADO
10/11/200410:02 RECEBIDOS: ORIG: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
06/10/200416:55 REMETIDOS AO MPF GR:04/0118765 DEST:MINISTÉRIO PÚSUCO FEDERAL.
06/10/200415:57 RECEBIDOS DO JUIZ: AO MINISTÉRIO PÚBLICO
30/09/200413:58 CONCLUSÃO COM PETIçÃO INICIAL
28/09/200413:21 RECEBIDOS: ORIG: SRIP - CURmBA -
24/09/200413:25 DISTRIBUIÇÃO AUTOMATICA Distribuição sorteio do dia 24.09.2004 13:25:21 ( Blanca
Georgia Arenhart Munhoz da Cunha/JUiZO SUBSTITUTO DA 02A VF CRIMINAL E SFN DE CURmBA)

,,[ aolerlor I D (nov. P""'luisaj "" (imprimir)

. :\

http://www.trf4 ..jus.br/trf4/processos/acompanhamento/resultado_pesquisa_popup. php?txtY... 5/4/2010


TERMO DE RECEBIMENTO, REVISÃO,
AUTUAÇÃO E REGISTRO DE PROCESSO

ESTES AUTOS FORAM RECEBIDOS, REVISTOS, AUTUADOS E


REGISTRADOS EM MEIO MAGNÉTICO NAS DATAS E COM AS
OBSERVAÇÕES ABAIXO:

HABEAS CORPUS 103510


PROCED. : PARANÃ
aTO. APENSOS: o JUNTADAS: o
aTO. FOLHAS: 305 aTO. VOLUMES: 2
DT ENTRADA: 09·04-2010
RELATOR(A): MIN. ELLEN GRACIE
DISTRIBUiÇÃO EM 12/011/2010

COORDENADORIA DE PROCESSAMENTO INICIAL,


HABEASCORPUSNo __~J_O_3_~~JO
____

Excelentissimo Senhor Ministro Relator,

Peço vênia para informar a Vossa Excelência que não


consta nos registros desta Corte, até a presente data, nenhum processo
em nome do paciente.

É o que me cumpre informar.

Seção de Prevenção e Distribuição, Ó:J de fJ~rL de


lLoJo.

I
TERMO DE CONCLUSÃO
Faço estes autos conclusos ao(a)
Excelentísslmo(a) Senhor(a) Mlnlstro(a)-
Relator(a).
Brasílla~~r:';I:'2~o.
t" A. ~ de Souza - matrícula 2121

S T F 102.002
)

.. )

Se(:!lo de Processos
CrimlnalslSTF
P"!cebidQ em:
TERMO DE JUNTADA
Junto a rs.tes autos'a deci . o que segue"
Brasíliat ~de de 201t1{.

. ·.í

S T F 102.Q02
. .?1f4.
HABEAS CORPUS 103.510 PARANÁ

RELATORA " . MIN. ELLEN GRACIE


PACTE.(S) .. ' JOACYR REINALDO
IMPTE.(S) RENATO DE MORAES EOUTRO(AlS)
COATOR(AlS)(ES) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

I. Trata-se' de . habeas' corpus impe~rado' contra


julgamento colegiadCldo Superior Tribunal de Justiça em outro writ
ante;iOrinente aforado perante aquela Corte(HC 50.844/PR).

Narra a inicial que o paciente .foi denunciado pela


suposta prática dos crimes previstos nos arts. 4°, 16 e 22 da Lei
.~ 7.492/1S6,art, 1°, VI e VII, combinado com art. 1°, § 1°, I eU, § 2°, I
e 11, e.§ 4°, todos da Lei 9.613/98 e art. 288 do Código Penal. .

. Ob,serva que a denúncia, recebida. Pelo Juízo Federal


a
da 2 Vara 'Criminal de Curitiba, relata que os fatos são originados da .
denominada "Fórça Tllrefa CC-5" que investigava a movimentação
financeira de correntistas . e ex-correntistas da extinta agência do
Banestado em Nova York (fl. 04).

o Juíze Federal' rejeitou a exceção de incompetência


argüida pelo paciente em virtude de ''possível conexão probatória"
com outros feitos em trâmite naquele juízo (fl. 07).

Contra tal decisão, impetrou-se writ ao Tribunal.


Regional Federal da 4a Região, qUe denegou a ordem pleiteada.
Inconformada, a defesa impetrou o referido HC 50.844/PR ao.
Superior Tribunal de Justiça, que indeferiu o pedido de habeas
. corpus.

Alega a impet~ante que a prova col~ida nos autos,·


"que destaca a conta Chettiar, do Merchants Bank of New York, ,não
possui qualquer liame com o caso Banestado, não havendo conexão
a justificar o processamento da ação pertal perante a Justiça Federal
no Paraná" (fl. 04).

. Sustenta que os supostos, crimes imputados. ao .


paciente teri~m sido praticados "no exterior e/ou em São Paulo, sede
He 103;510 I PR '
, ,) ,

da Clicktradi Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários


S/A" (fl. 05). Argumenta, ao fim, que estão ausentes as hipÚeses de
conexão, . competindo à. Subseção Judiciária de São Paulo o
processamento do feito.

Assim, requer a. concessão de provimento liminar,


para que sejam sobrestados osaut'os doProce&so 2005.70.00.008925-
4 da 2a Vara Federal Criminal de Çuritiba até () julgamento finaldo
writ. No mérito, solicita a fixação da competência da Subseção da
Justiça Federal de8ão Paulo (fl. 14).

2. O Superiot Tribunal de Justiça, aó julgár o HC


, 50.844/PR, reI. Min.Og Fernandes, denegou a ordem nos termos da
ementa que ora tr.anscrevo (fi. 1'63): .

"HABEAS . CORPUS. CRIMES, CONTRA O


SISTEMA· FINANCEIRO, LAVAGEM DE DINHEIRO· E
. FORMAÇÃO DE. QUADRILHA,. PRETENSÃO 'DE'
DESLOCAMENTO DO FEITO, DE COMPETÊNCIA DO JUÍZO
FEDERAL DE CURITIBA, NO PARANÁ, PARA O JUÍZO
FEDERAL DE SÃO PAULO. IMPOSSIBILIDADE.
1.0 Juiz da 2" Vara Federal Criminal da
Subseção , Judiciária de Curitiba, . de . maneira
fundamentada, deix~u certo ser inviável a declinação da
sua competência, .em razão da existência da.. conexão
instrumental da ação penal com outros feitos que ali
tramitam, relacionados também com, a apuração 'da
prática de evasão de divisaS por meio de contas mantidas
no Merchants Bank;em Nova Iorque, nOS Estados
Unidos.
2. . Remarcou o. magistrado "restar
evidente"que o· numerário depositado na mencionada
conta Chettiar partiu de contas bancárias da cidade' dê
Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná, não se olvidando
que o Juizo da 2 a Vara Federal Criminal de Curitiba é
especializado em delitos de lavagem de dinheiro e contra
o sistema financeiro nacional; naquela Seção Judiciária.
3. Ordem denegada."

2
BC 103.510 I PR '
311~
, \

Com efeitó, da leitura do acórdão impugnado na


inicial, verifico que o ato se encontra devidamente motivado,
apontando as razões de convencimento da Corte no sentido da
fixação da competência do Juízo Federal da 2" Vara Criminal de
Curitiba .

.3. Ressa1to que, para fins de apreciação do pedido de


medida liminar, é necessário avaliar se o acórdão atacado teve o
condão de caracterizar patente constrangimento ilegal. Na hipótese
dos autos, as razões do aresto hostilizado mostram-Sje "relevantes e,
num primeiro exame, sobrepõem-se aos argumjentos lançados no writ.

4. Adernais, a li~inarpleiteada tem caráter nitidamente


,satisfativa, confundindo-se com o mérito da matéria suscit~da, que,
diante da sua complexidade, merece um exame mais detido, possível
quando do julgamento do mérito pelo órgão colegiado. '

5. Desse modo, não vislumbro a presença do requisito


'do Jumusboni iuris para a concessão da tutela pleiteada. ,

6. Ante o exposto, indefiro 0, pedido de liminar. Colha-


. se manifestação da Procuradoria-Geral da República.

públique-se. '

Brasília, 12 de abril de 2010. . .


/<{5&97r)11 QPD b l~
,Minist~ri Gracie
Relatora

gl2

3
,
, )

19 ABR 2010
6I'uf~ cfT~çfJ(~rd
fie- (03 SitO
Seção de Atendimento de
Processos Criminais I STF
22Reoobido em:
I Qtil (/2
As (f{ h~oQ
Com 0:2.. Vals.
apensos e-----Í. POr In/Ia
~dlE!i!lo!J~ - -/

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