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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 783.185 - RJ (2005/0157099-3)

RELATÓRIO

EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX(Relator): Trata-se de recurso especial


interposto pela ESTADO DO RIO DE JANEIRO (fls. 159/185), com fulcro no art. 105, III,
alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro, assim ementado:

"Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público.


Demanda objetivando a implementação de políticas públicas
concretas na área da saúde, e em especial em determinado
hospital público estadual. Patente omissão do Poder Público
Estadual. Pretensão rechaçada em 1º grau.
Inexistência de intromissão indevida de um Poder em
outro. Reforma do decisório monocrático, adotando-se os
fundamentos de judicioso parecer do MP. E de recente decisão do
STF." (fl. 119)

Opostos embargos de declaração, restaram rejeitados, consoante julgado à fls.


154/157.

Versam os autos, originariamente, Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério


Público do Estado do Rio de Janeiro em face do Estado do Rio de janeiro, com pedido de
antecipação de tutela, objetivando compelir o ente estatal à suprir as carência do Hospital
Carlos Chagas, notadamente pela implementação de medidas hábeis à obtenção de
equipamentos e contratação de pessoal, cuja necessidade foi observada em prévio inquérito
civil público.

O Juiz Singular julgou improcedente o pedido, ao argumento de que a


pretensão engendrada pelo parquet estadual na hipótese vertente revela inconcebível invasão
pelo Poder Judiciário na esfera de atribuição do Poder Executivo, consoante sentença de fls.
63/67.
Irresignado, o Ministério Público Estadual, ora recorrido, interpôs apelação
perante o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que deu provimento ao recurso,
nos termos do acórdão acima transcrito.

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O ESTADO DO RIO DE JANEIRO, em suas razões de recurso especial,
sustenta, preliminarmente, ofensa ao art. 535, do CPC, ao fundamento de que, a despeito da
oposição de embargos de declaração, o tribunal local não manifestou-se acerca de questões
relevantes ao deslinde da controvérsia, especialmente no que pertine à procedência da ação
civil pública à míngua de provas nos autos acerca das reais condições de funcionamento do
Hospital Carlos Chagas.

No mérito, afirma violação do disposto nos arts. 130, 330, I e 331,§ 3º do CPC,
máxime porque, a despeito da existência de pedido expresso para a produção de provas
pericial, testemunhal e documental, o tribunal local procedeu ao julgamento antecipado da
lide.

Mais adiante, em apoio à sua tese, aduz que: "(...)ainda que o aresto de
segundo grau não mencione a incidência de tal regra, sequer era a hipótese de aplicação do
§ 3º do art. 515 do CPC, com a redação introduzida pela Lei 10.352/2001, pois a causa não
estava "madura" para julgamento, já que a sentença, em primeira instância, reconhecera a
improcedência dos pedidos em julgamento antecipado da lide, por entender descabida a
ação civil pública.(..)" (fl. 170)

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, em contra-razões (fls.


116/224), pugna, preliminarmente, pela inadmissibilidade do recurso especial, ante o óbice
decorrente das Súmula 07 e 282 do STJ e no mérito - cerceamento de defesa - requer o
desprovimento do recurso, notadamente porque: "(...)Entendeu o d. Julgador de primeiro
grau ser desnecessária a dilação probatória, uma vez que a solução da lide requer exame de
questão exclusivamente de direito (fls. 64). Conformou-se o Recorrente com tal
entendimento, apesar de regularmente intimado (fls. 69/70), não apelando ou mesmo
recorrendo adesivamente. Somente quanto revertida a decisão que o beneficiava, insurgiu-se,
passando a alegar cerceamento de defesa.(...)" (fl. 222).

O recurso especial foi admitido no Tribunal a quo, consoante despacho de fl.


235/240.

Interposto recurso extraordinário, restou inadmitido no Tribunal a quo,


consoante despacho de fl. 235/240, não havendo notícia acerca da interposição de agravo de

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instrumento perante o STF.

É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 783.185 - RJ (2005/0157099-3)

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA PROPOSTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO.
OBJETIVANDO A IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS
PÚBLICAS CONCRETAS NA ÁREA DA SAÚDE EM
DETERMINADO HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL.
INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVAS.
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO
DE DEFESA. CONFIGURADO.
1. O julgamento antecipado da lide não implica cerceamento de
defesa, se desnecessária a instrução probatória, máxime se a matéria
for exclusivamente de direito.
2. O artigo 131, do CPC, consagra o princípio da persuasão racional,
habilitando-se o magistrado a valer-se do seu convencimento, à luz
dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da
legislação que entender aplicável ao caso concreto constantes dos
autos, rejeitando diligências que delongam desnecessariamente o
julgamento, atuando em consonância com o princípio da celeridade
processual.
3. Não obstante, sobreleva notar que, in casu, a parte, ora recorrente,
pleiteou a produção de provas pericial, testemunhal e documental,
indicando a necessidade de produzi-las, para demonstrar a
impossibilidade do cumprimento da obrigação à luz de todos os
regramentos que regem o orçamento estatal, e nada disso foi
enfrentado, a não ser o teor monobloco de uma decisão proferida pelo
E. S.T.F, consoante se infere do voto condutor do acórdão recorrido.
4. Deveras, é cediço na Corte que resta configurado o cerceamento de
defesa quando o juiz, indeferindo a produção de provas requerida,
julga antecipadamente a lide, considerando improcedente a pretensão
veiculada justamente porque a parte não comprovou suas alegações.
Precedentes do STJ: REsp 623479/RJ, publicado no DJ de
07.11.2005; AgRg no Ag 212534/SP, Relator Ministro Humberto
Gomes de Barros, publicado no DJ de 08.08.2005; REsp 184472/SP,
Relator Ministro Castro Filho, Terceira Turma, publicado no DJ de
02.02.2004; e REsp 471322/RS, Relatora Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, publicado no DJ de 18.08.2003.
5. In casu, à luz da jurisprudência de resultado, imperioso o
acolhimento do recurso especial para que na instância a quo se faça
quiçá não só a prova, mas que se tenha efetivamente o decurso do
tempo necessário para implementação dessas políticas públicas.
6. Recurso especial provido para anular o acórdão recorrido,
determinando o retorno dos autos à instância a quo para que se faça
quiçá não só a prova, mas que se tenha efetivamente o decurso do
tempo necessário para implementação dessas políticas públicas.

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VOTO

EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX(Relator): Preliminarmente, conheço do


recurso especial pela alínea "a", do permissivo constitucional, uma vez que a matéria restou
devidamente prequestionada.
A questão posta nos autos cinge-se à eventual violação do disposto nos arts.
130, 330, I e 331, 3º do CPC, decorrente do julgamento antecipado da lide, ante a existência
de pedido expresso para a produção de provas pericial, testemunhal e documental.
Ab initio, sobreleva notar, o STJ já sedimentou o entendimento no sentido de
que o julgamento antecipado da lide não implica cerceamento de defesa, se desnecessária a
instrução probatória, máxime se a matéria for exclusivamente de direito.
Sob esse enfoque, merecem transcrição as ementas dos seguintes julgados
desta Corte:
"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL.
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. JULGAMENTO
ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
O julgamento antecipado da lide só é lícito se não
ocorre cerceamento de defesa da parte. Se o Tribunal de origem
entendeu que houve falta de produção de provas requeridas desde
a petição inicial, não cabe a esta Corte adentrar nesse mérito pois
importa em reexame de prova, vedado pela Súmula 07/STJ.
Agravo regimental desprovido." (AGA 419504, Relator
Ministro Francisco Peçanha Martins, DJ de 23.06.2003)

"AÇÃO POPULAR - VISTA AS PARTES -


NULIDADE - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - CERCEAMENTO
DE DEFESA.
A falta de concessão de vista as partes não acarreta
nulidade,não trazendo prejuízo aos litigantes. questão sobre
cerceamento de defesa pelo indeferimento das provas requeridas e
matéria constitucional, não podendo ser revista em recurso
especial.recurso improvido." (REsp 78926, Relator Ministro
Garcia Vieira, DJ de 09.03.1998)

"PROCESSO CIVIL. JULGAMENTO


ANTECIPADO DA LIDE. SUFICIÊNCIA DA PROVA
DOCUMENTAL. POSSIBILIDADE. AGRAVO DESPROVIDO.
- Não há ilegalidade, nem cerceamento de defesa, na
hipótese em que o juiz, verificando suficientemente instruído o
processo e desnecessária a dilação probatória, julga o mérito de
forma antecipada, nos termos do art. 330, I, CPC." (AGA 431870,
Relator Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 19.12.2002)

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O artigo 131, do CPC, consagra o princípio da persuasão racional,
habilitando-se o magistrado a valer-se do seu convencimento, à luz dos fatos, provas,
jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso
concreto constantes dos autos, rejeitando diligências que delongam desnecessariamente o
julgamento, atuando em consonância com o princípio da celeridade processual.
Não obstante, sobreleva notar que, in casu, a parte, ora recorrente, pleiteou a
produção de provas pericial, testemunhal e documental, indicando a necessidade de
produzi-las, para demonstrar a impossibilidade do cumprimento da obrigação à luz de todos
os regramentos que regem o orçamento estatal, e nada disso foi enfrentado, a não ser o teor
monobloco de uma decisão proferida pelo E. S.T.F, consoante se infere do voto condutor do
acórdão recorrido.
Deveras, é cediço na Corte que resta configurado o cerceamento de defesa
quando o juiz, indeferindo a produção de provas requerida, julga antecipadamente a lide,
considerando improcedente a pretensão veiculada justamente porque a parte não comprovou
suas alegações.
Neste sentido confiram-se, à guisa de exemplo, julgados desta Corte,verbis:

"Ação de indenização. Pagamento de seguro.


Cerceamento de defesa. Precedentes da Corte.
1. Já assentou a Corte que está presente cerceamento
de defesa quando, proferido julgamento antecipado da lide,
admite-se que não há prova do alegado pela parte ré.
2. Recurso especial conhecido e provido." (REsp
623479/RJ, Relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito,
Terceira Turma, publicado no DJ de 07.11.2005)

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. PREQUESTIONAMENTO. CERCEAMENTO
DE DEFESA.
1. Se a questão federal foi debatida no acórdão
recorrido, ainda que não citados expressamente os dispositivos
legais pertinentes, o prequestionamento está configurado.
2. Há cerceamento de defesa se o juiz indefere a
produção de provas requerida pela ré e julga improcedente a
pretensão justamente porque a parte não comprovou suas
alegações." (AgRg no Ag 212534/SP, Relator Ministro Humberto
Gomes de Barros, Terceira Turma, publicado no DJ de
08.08.2005)

"PROCESSUAL CIVIL – JULGAMENTO


ANTECIPADO DA LIDE – CERCEAMENTO DE DEFESA –
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REQUERIMENTO DE PROVAS PELA AUTORA.
Caracteriza-se o cerceamento de defesa quando a
parte pugna pela produção de prova necessária ao deslinde da
controvérsia, mas o julgador antecipa o julgamento da lide e julga
improcedente um dos pedidos da inicial, ao fundamento de
ausência de comprovação dos fatos alegados.
Recurso especial provido." (REsp 184472/SP, Relator
Ministro Castro Filho, Terceira Turma, publicado no DJ de
02.02.2004)

"Processual civil. Recurso especial. Dissídio


jurisprudencial. Comprovação. Prequestionamento. Reexame
fático probatório. Audiência preliminar. Apreciação das provas
requeridas. Perícia. Necessidade. Cerceamento de defesa.(...)
- O juiz pode deixar para apreciar o pedido de
produção de prova pericial na chamada audiência preliminar.
- Há cerceamento de defesa quando o juiz indefere a
realização de perícia requerida fundamentadamente pela parte,
com o fito de comprovar determinada alegação, e esta mesma
alegação é rejeitada, na sentença, sob o fundamento de não ter
sido provada." (REsp 471322/RS, Relatora Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, publicado no DJ de 18.08.2003)

In casu, à luz da jurisprudência de resultado, imperioso o acolhimento do


recurso especial para que na instância a quo se faça quiçá não só a prova, mas que se tenha
efetivamente o decurso do tempo necessário para implementação dessas políticas públicas.
Ex positis , DOU PROVIMENTO ao recurso especial, para anular o acórdão
recorrido, determinando o retorno dos autos à instância a quo para que se faça quiçá não só a
prova, mas que se tenha efetivamente o decurso do tempo necessário para implementação
dessas políticas públicas.
É como voto.

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