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Introdução
Histórico
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Na mesma década de 70, Thomas Hargest e César Cáceres criaram o termo
engenheiro clínico, para denominar o engenheiro responsável pelo gerenciamento de
equipamentos de um hospital, através de consertos, treinamento de usuários, verificação da
segurança e desempenho, e especificações técnicas para aquisição (GORDON, 1990).
Assim, começou a se estabelecer a profissão de engenheiro clínico nos Estados Unidos.
A partir da década de 80 a definição de atividades do engenheiro clínico, não
seria apenas o responsável pelos equipamentos dos hospitais, mas sim como elemento que
poderia ter participação ativa nas áreas de transferência de tecnologia, avaliação
tecnológica e gerenciamento tecnológico. Os engenheiros não substituiriam os médicos,
mas sim forneceriam a tecnologia, para auxiliar o médico a desempenhar as suas atividades
clínicas, além de avaliarem a tecnologia reduzindo custos com tecnologia nos hospitais
(JURGEN, 1973; HERSHBERG, 1972).
No início da década de 90, o governo federal norte-americano começou a reduzir
os custos com saúde através do controle e fiscalização dos serviços médicos para assegurar
que os métodos de tratamento utilizados fossem mais eficientes, seguros, e com menor
custo. O pagamento por consulta para os médicos, especialmente os cirurgiões, sofreu uma
redução. Com isto, os médicos foram incentivados a utilizar tecnologias que reduzissem o
tempo de tratamento dos pacientes a fim de que mais pessoas fossem atendidas (FEDERAL,
1990). É neste ponto que entram os engenheiros clínicos, pois eles têm, através da
avaliação e gerenciamento tecnológicos, a habilidade e competência necessária para ajudar
o corpo médico dos hospitais a escolher a melhor tecnologia e a ajudar a implementá-la e
utilizá-la de maneira segura e produtiva.
No Brasil, em 1989 o Ministério do Bem-estar e da Previdência Social estimou
que de 20 a 40% dos equipamentos médicos no Brasil estavam desativados por falta de
conserto, peças de reposição, suprimentos ou até instalação (WANG & CALIL, 1991). Como
o parque de equipamentos estava estimado em U$5 bilhões, isto representava um
desperdício de mais de U$ 1 bilhão. A primeira demanda por profissionais com formação em
Engenharia Clínica surgiu de uma necessidade do Ministério da Saúde em 1992 para
reequipar os hospitais públicos. Para isso foi necessária uma parceria com o MEC para
formar Engenheiros Clinicos, exigência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
e BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) para liberar o
empréstimo para o Brasil. O BIRD/BID afirmou que somente com Engenheiros Clínicos
atuantes os equipamentos estariam disponíveis para uso seguro no paciente.
Em 1993 foram instituídos cursos anuais de especialização em engenharia
clínica, financiados pelo Ministério da Saúde. Atualmente existem aproximadamente oito
cursos de especialização no Brasil.
Em 22 de dezembro de 1995, o governo federal publicou uma portaria obrigando
os fabricantes e revendedores de equipamentos eletromédicos a fazer a certificação dos
seus produtos utilizando os critérios de segurança dos mesmos de acordo com a norma
nacional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1995).
Em Abril de 2002 um grupo de Engenheiros Clínicos começou a se reunir uma
vez por semana no Hospital do Coração (em São Paulo) onde iniciaram atividades com o
objetivo único de criar a Associação Brasileira de Engenharia Clínica (ABEClin); por um
período houve a interrupção dos trabalhos mas em Março de 2003 aconteceu a retomada
das atividades do grupo de trabalho, culminando com a fundação da Associação Brasileira
de Engenharia Clínica em 16 de Outubro de 2003.
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Justificativa
Em 1991 Wang & Calil chegaram a conclusão de que havia um déficit de 1.400
Engenheiros Clínicos (considerando um Engenheiro Clínico para cada 350 leitos - com um
engenheiro responsável por um ou mais hospitais).
Atualmente existe uma demanda por este profissional. Existem mais de 12.000
unidades hospitalares, com um total de 774.930 leitos no Brasil (fonte
http://cnes.datasus.gov.br/Mod_Ind_Unidade.asp?VEstado=00, acesso em 28/07/2014)
que necessitam de profissionais habilitados para atuar na área. Em virtude desta
necessidade e da importância da atuação do profissional, foi realizado em 24/01/2014 uma
reunião entre as principais lideranças acadêmicas para discutir sobre a definição do
Engenheiro Clínico e suas atribuições. Estiverem presentes os representantes das
associações Associação Brasileira de Engenharia Clínica (ABEClin), Associação Brasileira da
Indústria Médico-Odonto Hospitalar (ABIMO), e coordenadores dos seguintes cursos de pós-
graduação em Engenharia Clínica: Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL),
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal
da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de
Campinas (UNICAMP).
O mercado, ciente da importância deste profissional tem solicitado a
especialização em Engenharia Clínica para contratação de mão de obra. Muitos concursos
públicos/processos seletivos tem seguido este modelo, como por exemplo, Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Instituto Nacional do Câncer (INCA), Hospital
das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Grupo Hospitalar Conceição (Ministério da Saúde).
A ausência do reconhecimento do profissional em Engenharia Clínica permite que
outros profissionais das áreas não afins a exatas. A falta de conhecimentos existentes na
formação básica de Engenharia (Física, Matemática, etc.) dificulta a compreensão e o
entendimento dos princípios de funcionamento, manutenção, calibração, aplicação clínica
dos equipamentos e desenvolvimento de medidas eficazes para zelar pela segurança do
paciente.
O reconhecimento da profissão e a formação através de especialização vai
permitir que engenheiros de todas as modalidades possam se especializar nesta área,
utilizando os conceitos básicos aprendidos na graduação e os conceitos necessários para
entender e atuar em um sistema complexo como o serviço de saúde.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em busca de qualidade e
segurança do paciente tem editado uma série de Legislações Sanitárias, nas quais existe a
necessidade de um profissional com o perfil do Engenheiro Clínico. Entre as principais
Legislações podem ser citadas: RDC 185 de 2001 (Registro, alteração, revalidação ou
cancelamento do registro de produtos médicos), RDC Nº 15, DE 15 DE MARÇO DE 2012
(Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e
dá outras providências – Seção III Dos Equipamentos), RDC 11 de 2014 (Diálise – Seção IV
Gerenciamento de Tecnologias), RDC 02 de 2010 (Dispõe sobre o gerenciamento de
tecnologias em saúde em estabelecimentos de saúde), RDC 15 de 2012 (Central de
Materiais e Esterilização), RDC 16 de 2013 (Boas Práticas de Fabricação), RDC 50 de 2003
(Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e
avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde), RDC 63 de 2011
(Boas práticas de funcionamento). Outro ponto importante é a atuação do Engenheiro
Clínico na Tecnovigilância, explicitado no capítulo 6 (Gerenciamento tecnológico dos
equipamentos para saúde) do “Manual de Tecnovigilância: abordagens de vigilância
sanitária de produtos para a saúde comercializados no Brasil” de 2010.
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Atribuições
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19. Desenvolvimento de sistemas de infraestrutura para ambientes de sistemas
de saúde não tradicionais e áreas de catástrofes.
Formação
Programa:
2. Avaliação de Tecnologias
3. Equipamentos de Saúde
Equipamentos de suporte à vida, diagnóstico, terapia, monitoração. Diagramas
em blocos, sensores e transdutores, princípio de funcionamento; noções de
eletromagnetismo, noções de pneumática; Tecnologia da informação e conectividade;
Análise de necessidade para aquisição; Aquisição; Estudo sobre as necessidades de
instalação; Treinamento; Validação e aceite; Programa de Manutenção em Equipamentos de
Saúde (preventivas, corretivas, indicadores); Metrologia (Fundamentos); Alienação;
Planejamento de reposição de equipamentos médicos; Gestão de contratos de manutenção
e locação; confecção de relatórios de parecer Técnico. Fundamentos de Física Médica;
Diagramas em blocos, sensores e transdutores, princípio de funcionamento; Tecnologia da
informação e comunicação (conectividade, DICOM, HL7, sistemas de armazenamento e
comunicação de imagens médicas, etc.).
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8. Gestão de serviços
9. Metodologia de Pesquisa
Conclusão
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Referências
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n. 2663 de 20 de dezembbro de 1995. Diário Oficial, Brasília, 22
de dez. 1995, Seção 1.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. ANVISA - RDC Nº 15, DE 15 DE MARÇO DE 2012 (Dispõe sobre
requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras
providências – Seção III Dos Equipamentos)
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. ANVISA - RDC 50 de 2003 (Dispõe sobre o Regulamento Técnico
para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde)
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. ANVISA - RDC 185 de 2001 (Registro, alteração, revalidação ou
cancelamento do registro de produtos médicos).
DALZIEL, C. F. Electric shock hazard. IEEE Spectrum, v.9, n.2, p41-50, 1972
FEDERAL efforts at reducing healthcare costs: the effect on technology - part 1. Biomedical
Instrumentation & Technology, v 24, n.3, p 166-170, 1990.
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GORDON, G. J. Hospital Technology management: the tao of clinical engineering. Journal of Clinical
Engineering, v.15, n.2, p.111-117, 1990.
HERSHBERG, P. I., The EE´s place in public health. IEEE Spectrum, v.9, n.9, p. 63-66, 1972.
JURGEN, R. K. Health care delivery: a job for EEs? IEEE Spectrum, v. 10, n. 4, p.34-39, 1973.
WANG, B. & CALIL, S. J. Clinical Engineering in Brazil: current status. Journal of Clinical Engineering, v.16,
n.2, p 129-135, 1991.