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2005
A capacidade das empresas de produzir, armazenar, disseminar e usar conhecimento está cada vez mais relacionada
com o sucesso organizacional. A abordagem convencional de se utilizar sistemas de informação como um
repositório de dados para atender rotinas e tomada de decisão não é suficiente. A importância da Gestão do Conhe-
cimento é intensificada quando o conhecimento é usado para a análise de falhas, com o objetivo de evitar a ocor-
rência de problemas e aumentar a confiabilidade dos sistemas. Dentro deste contexto, o presente trabalho apresenta
a aplicação da Gestão do Conhecimento para a análise de falhas em uma empresa distribuidora de energia elétrica
através do mapeamento de falhas, ou seja, através do desenvolvimento de mapas de falhas que ilustram a arquitetura
do processo de formação das mesmas na empresa. A intenção é que estes mapas se tornem ferramentas úteis no
gerenciamento das falhas na empresa em questão, uma vez que o detalhamento das falhas irá ajudar a evitar a
reincidência, ou em caso de reincidência, irão fornecer detalhes para uma solução mais rápida do problema.
The company capability of creating, storing, disseminating and using knowledge is even more related to its success
than the current approach of using conventional information systems. Such an importance is intensified when the
knowledge is used to analyze failures in order to avoid their damaging consequences and increasing systems reliability.
In this context, this work presents an application of the Knowledge Management in an electric energy concessionary
by means of failure mapping, which illustrates the fault formation process. The resulting maps are due to be useful
managerial tools, since they will prevent failures recurrence and provide insights to get feasible solutions.
Keywords: knowledge management; failure mapping process; electric energy concessionary management.
Segundo Fagundes et al. (2004), no caso de empresas Para o mapeamento de falhas realizado no presente
distribuidoras de energia elétrica, a eliminação de trabalho, foram utilizados o conhecimento e experiência
falhas, além de estar ligada à busca da vantagem de alguns profissionais da própria empresa e também de
competitiva, envolve também o atendimento de profissionais da área acadêmica. O modelo de Peter Gray
padrões estabelecidos pelo órgão regulador, a Agência (Figura 1) foi utilizado, uma vez que ilustra como a
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e a necessidade organização cria um ambiente propício ao conhecimen-
de se evitar algumas falhas, cuja peculiaridade não é to, isto é: criação, aquisição, disseminação e uso do
comum a outras empresas. Por exemplo, a conhecimento.
descontinuidade no fornecimento de energia elétrica
para um hospital ou para a residência de um indivíduo Salienta-se que os mapas de falhas e a dinâmica de
que utilize aparelho de sobre-vida representa o tipo de criação associada aos mesmos representam a etapa 1
falha que não pode ocorrer, pois sua ocorrência do modelo. Espera-se que o uso futuro e freqüente dos
implicaria em efeitos dramáticos. mapas de falhas (etapa 3 do modelo) caracterize um
ambiente propício, típico de empresas baseadas no
Devido à necessidade de se garantir a disponibilidade conhecimento.
dos recursos energéticos continuamente, as empresas
deste setor têm ampliado o uso de novas tecnologias e Em suma, a realização deste trabalho visa permitir uma
técnicas relacionadas à Gestão da Manutenção com a minuciosa análise das falhas e, conseqüentemente,
finalidade de diminuir a probabilidade de ocorrência aumentar a excelência operacional no processo de
de falhas, ou pelo menos, amenizá-las e evitar a gestão das mesmas. Falhas estas que, salienta-se, são
reincidência das mesmas. Uma vez que a continuidade responsáveis pela redução da produtividade do
do fornecimento de energia elétrica é crítica, a sistema. Dentro deste contexto, os objetivos propostos
indisponibilidade operativa pode representar, em a serem alcançados são:
termos de custos, muitas vezes mais do que o custo do
reparo da própria falha (NUNES, 2001). O mesmo autor • Propor uma metodologia de análise de falhas que
ainda alerta para o fato de que os padrões de qualidade,
considere os pressupostos da gestão do conhecimento,
tanto nos serviços quanto nos produtos, passaram a ser
via mapeamento da relação de causa e efeito do pro-
extremamente exigentes e a análise das falhas represen-
cesso de formação de falhas;
tam, em muitos casos, a garantia de sobrevivência das
empresas, tamanha é a vigilância e a cobrança da • Mapear as principais falhas da concessionária: as
sociedade. Com as empresas do setor de energia que afetam a qualidade do fornecimento de energia
elétrica, tal vigilância e cobrança é garantida pela elétrica assim como as falhas relativas ao atendi-
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), com mento dos consumidores. O processo de mapeamento
base em indicadores cada vez mais rigorosos (Resolu- será conduzido segundo a metodologia para análise
ção ANEEL, nº 24, de 27 de janeiro de 2000). de falhas em proposição;
empresas, um indivíduo poderia adquirir conheci- utilizado por outros membros da organização e por
mento tácito de algum colega até mesmo sem o uso seus parceiros de negócios no mundo todo. A
da linguagem, usando de imitação, observação e tecnologia ajuda também na codificação do conheci-
prática, através de treinamento no local de trabalho, mento e, ocasionalmente, até mesmo em sua geração.”
sessões informais e brainstorms, interações com os Desta forma, podemos resumir que os sistemas de
clientes, etc. informação podem promover aprendizagem
• Externalização (de tácito para explícito): este seria organizacional capturando, codificando e distribuindo
o modo de conversão mais importante, porque tanto o conhecimento explícito quanto o tácito. Uma
permite a criação de novos e explícitos conceitos. vez que a informação tenha sido coletada e organizada
Envolve a articulação do conhecimento tácito em em um sistema, pode ser utilizada muitas vezes. O
explícito através do uso freqüente de metáforas, conhecimento pode ser preservado como memória
analogias, conceitos, hipóteses e modelos. Esta organizacional, para treinar futuros funcionários ou
prática seria importante por facilitar a comunicação ajudá-los no processo de decisão.
dos conhecimentos tácitos que, normalmente, são
de difícil verbalização. A própria escrita é um ato A tecnologia da informação tem papel importante na
de conversão de externalização. Leite (2001) alerta Gestão do Conhecimento, como habilitadora de
para o fato de que geralmente, ao externalizar, usa-se processos de negócios que visam criar, armazenar,
de expressões inadequadas, inconsistentes e insufi- disseminar e aplicar conhecimento. É exatamente
cientes. No entanto, tais discrepâncias e diferenças dentro deste contexto que surge o Knowledge
entre imagens e expressões promovem reflexão e Management Systems (KMS). Xu e Quaddus (2005)
interação entre indivíduos. caracterizam o KMS como sendo uma maneira mais
eficiente e sistemática de gerenciar conhecimento, que
• Combinação (de explícito para explícito): este seria
envolve a utilização de tecnologia de informação e
o processo preferido no Ocidente, na medida em
outros recursos organizacionais para gerenciar o
que se baseia na troca de informações explícitas e
conhecimento estrategicamente. Todavia, Hansen et al.
no paradigma da tecnologia de informação. Envolve,
(1999) salientam que não deve haver exageros quanto
pois, bastante o uso de mídias como documentos,
ao investimento desordenado em sistema de informa-
reuniões formais, conversas telefônicas e, também,
ção. Enfatizam que, mais importante, é uma empresa
o de redes computadorizadas. É neste ponto do pro-
cesso de criação de conhecimento que surgiriam os cuja gestão esteja voltada para o conhecimento. O
primeiros protótipos e modelos reais. Leite (2001) pressuposto é que a gestão do conhecimento dever ser
cita como exemplos deste tipo de conversão de considerada de cunho estratégico com apoio, portanto,
conhecimento, o caso do ensino em escolas, cursos da alta administração. Desta forma, salientam, a empresa
de MBA, treinamentos, etc. se transformará gradualmente, em uma empresa baseada
no conhecimento (learning based company).
• Internalização (de explícito para tácito): este
último método seria semelhante ao do learning by A Gestão do Conhecimento pode ser uma abordagem
doing em que os membros da organização passariam muito útil na análise de falhas.
a vivenciar o resultado prático do novo “conheci-
mento”, ou seja, desenvolveriam um conhecimento
operacional. 3 Análise de falhas
Para o mapeamento de falhas proposto neste artigo, Como o Diagrama de Afinidade e o Diagrama de Árvore
pesquisou-se uma ferramenta de análise causa e efeito foram ferramentas selecionadas para a realização do tra-
que permitiria realizar o mapeamento. Deste modo, três balho, são mostrados mais detalhadamente nos subitens
ferramentas foram estudas: Fault Tree Analysis (FTA), a seguir.
Event Tree Analysis (ETA) e o Diagrama de Árvore ou
Diagrama Sistemático. 3.3 Diagrama de afinidade
Segundo Andrews e Ridley (2002), nas últimas três O Diagrama de Afinidade, segundo Mizuno (1993),
décadas muitos modelos foram utilizados na identifi- esclarece problemas ou situações importantes, cujo
cação dos efeitos dos componentes de um sistema estado inicial é confuso, desordenado ou inexplorado.
responsáveis pelas falhas e que dentre estes modelos Karsak et al. (2002) esclarecem que em coletas de dados
a técnica utilizada mais freqüentemente foi a FTA. De verbais sobre determinados problemas, o Diagrama de
acordo com estes autores, a FTA é um modelo gráfico, Afinidade permite o agrupamento de tais problemas em
que parte de um modo de falha denominado “evento de diversos conjuntos segundo suas afinidades e relações
topo”, buscando as causas diretas da ocorrência do naturais. Deste modo, consegue-se uma maior compre-
evento. A FTA possibilita a estimativa de probabilida- ensão da situação e sua consideração sob novos enfoques,
de com que determinada falha possa ocorrer, ou seja, estimulando a criatividade e o surgimento de novas
realiza uma análise quantitativa. Apesar desta ferramen- idéias.
ta ter se mostrado conveniente para encontrar as causas
que desencadeavam o processo de formação de falhas, De acordo com He et al. (1996) e Anjard (1995),
a pesquisa prosseguiu para verificar a existência de o Diagrama de Afinidade é uma ferramenta de
outras técnicas de causa e efeito que pudessem auxiliar brainstorming, utilizada para agrupar fatos, opiniões,
na etapa de diagramação e posterior seleção da técnica idéias, de acordo com alguma forma de afinidade
mais adequada. natural. Esta ferramenta coleciona um grande número
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de idéias, opiniões, informações e organiza tais dados, porém apresenta algumas dificuldades, sobretudo
agrupando através de um relacionamento natural entre quando existe um número elevado de causas. Nestes
cada item. casos, uma possível solução é ordenar as causas e os
efeitos na forma de um Diagrama de Árvore. Este
A idéia do Diagrama de Afinidades converge para o diagrama, que expressa as causas e seus efeitos, é
trabalho em equipe, já que o problema de organização denominado Diagrama Sistemático de Causa e Efeito,
de idéias aparece quando várias pessoas se manifestam e será utilizado neste trabalho.
sobre um mesmo tema. O processo de agrupamento é
lento, pois é preciso captar a essência de cada uma das Como será mostrado no decorrer do trabalho, estas
idéias, em cada um dos dados. É, portanto, conveniente ferramentas auxiliarão durante a prática de Gestão do
que se esteja bem seguro de que o tema é adequado a Conhecimento visando à qualidade no serviço de
esse tipo de trabalho. Esta atividade de agrupamento é distribuição de energia elétrica na empresa em questão.
mostrada por Almeida et al. (2004) e está representada
na Figura 2. 4 Qualidade na distribuição
Um mesmo evento pode ser definido por diversos de energia elétrica
nomes ai (i = 1 até n) pelos departamentos, conforme
mostra a Figura 2. Compete à equipe definir o evento e A distribuição de energia elétrica tornou-se um dos
nomeá-lo por um nome padrão (falha A). Definidas as serviços de maior importância para a população devido
falhas, estas são então agrupadas de acordo com suas ao fato da energia ser um recurso básico para o desen-
afinidades (grupo C, contendo a falha A e B). volvimento. Esta importância exige muita responsabi-
lidade e monitoramento de todos tipos de detalhes,
3.4 Diagrama sistemático para que a qualidade do serviço não seja afetada.
de causa e efeito
A ANEEL tem como finalidade regular a prestação dos
serviços de energia elétrica no Brasil, expedindo os
De acordo com He et al. (1996) e Karsak et al. (2002), atos necessários ao cumprimento das normas
o Diagrama Sistemático é utilizado de maneira top- estabelecidas pela legislação em vigor, estimulando a
down, para detalhar uma falha em sucessivos níveis. melhoria dos serviços, zelando pela sua boa qualidade
e observando os princípios de proteção e defesa do
O Diagrama de Árvore representa acontecimentos na consumidor (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
forma de uma árvore e seus galhos. Ainda de acordo ELÉTRICA, 2005). Para monitorar a qualidade da
com Mizuno (1993), quando se seleciona os meios distribuição de energia elétrica, vinculada ao princí-
para alcançar uma meta, é necessário estabelecer os pio da continuidade, foram estabelecidos os indicado-
meios secundários para este fim; então os meios res citados na resolução n° 24, de 27 de janeiro de
principais se tornam as metas dos meios secundários. 2000 da ANEEL.
Este comportamento demonstra a dualidade dos
componentes intermediários da árvore. Os indicadores de continuidade estão divididos em indi-
cadores de continuidade de conjunto (DEC e FEC) e indi-
O uso de um diagrama de causa e efeito (Diagrama de cadores de continuidade individuais (DIC, FIC, DMIC),
Ishikawa, ou “espinha de peixe”) é simples e eficaz, explicados à seguir segundo a Resolução n° 24 (2000):
• Indicadores individuais: DRC (Duração Relativa • Pesquisa-ação é pesquisa simultânea com ação. O
da Transgressão de Tensão Crítica) e DRP (Duração objetivo é fazer com que a ação seja mais efetiva,
Relativa da Transgressão de Tensão Precária); uma vez que ela é construída simultaneamente com
o desenvolvimento do conhecimento científico;
• Indicador coletivo: ICC (Índice de Unidades
• Finalmente, a pesquisa-ação é ao mesmo tempo uma
Consumidoras com Tensão Crítica).
seqüência de eventos e uma aproximação para
solução de problemas. Como uma seqüência de
Como pode ser percebido através dos índices apresen-
eventos compreende ciclos que envolvem coleta de
tados, a ANEEL exerce um controle extremamente
dados, análise dos mesmos, planejamento de ação,
rigoroso sobre as concessionárias. Este controle tem
ação e avaliação. Como um método para resolver
por objetivo garantir a qualidade da energia, ou seja,
problemas, é uma aplicação do método científico
incentiva as distribuidoras de energia a evitarem ao
para problemas práticos que necessitam de soluções
máximo a ocorrência de falhas.
que envolvam ação e a colaboração e cooperação
dos pesquisadores e dos membros do sistema
5 Mapeamento de falhas organizacional alvo de estudo. Coughlan e
em concessionária do setor elétrico Coghlan (2002) finalizam com a conclusão de que
os resultados desejados com uma pesquisa-ação
utilizando a GC não são apenas soluções para os problemas, mas
também um importante aprendizado sobre os
No presente trabalho, o método de pesquisa utilizado é resultados desejados e indesejados. Além disto, se
a pesquisa-ação. Bryman (1989) caracteriza a pesquisa- trata de uma contribuição à teoria e ao conhecimen-
ação como sendo o método no qual o investigador to científico.
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20
10
0
Falta de
IP caído ou
IP apagado ou
Fio caído
Energia fraca
ou intermitente
Reclamação
danificado
Desligamentos
Luz oscilando
aceso de dia
programados
fio em curto
de prazo
quantidade dos curtos-circuitos. A poluição, por instalação de dispositivos que evitem o contato de
sua vez, pode provocar corrosão de alguns compo- fios ameniza os danos causados pelos ventos fortes;
nentes da rede de distribuição. A atuação gerencial
• Furto: esta origem refere-se aos danos causados por
para a origem “fatores ambientais” no caso de
apropriação de ativos (roubo de material). De
pássaros é colocar dispositivos que evitem que os
acordo com o relatado pelos funcionários é cada
fios tenham contato. Uma programação bem
vez mais comum que pessoas roubem todo tipo de
elaborada de podas de árvores resolve os curtos-
material, principalmente os que contêm metais
circuitos provocados por árvores. É importante
nobres e podem ser vendidos. Nestes roubos as
ressaltar que na região litorânea as árvores crescem
pessoas arriscam a própria vida ao terem contato
com maior rapidez devido ao clima e precisam de
com altas tensões. Estes prejuízos são grandiosos
um monitoramento ainda mais rigoroso para não
para qualquer concessionária de energia. Um jornal
causar danos à rede elétrica. Para evitar que
especializado, EFEI Energy News (2002), cita que a
componentes danificados pela corrosão sejam
Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig)
causadores de danos no sistema de distribuição, é
estima que nos últimos dois anos teve um prejuízo
necessário um programa de manutenção que
de mais de R$ 500 mil com furto de cabos de
monitore a eficiência dos equipamentos e quando eles
alumínio. Segundo o gerente de negócios da
precisam ser substituídos;
empresa, na época cada quilômetro de cabo de
• Fenômenos Naturais: esta origem representa os alumínio usado para fazer o retorno de energia para
danos causados por descargas atmosféricas, a subestação custava R$ 831,00. O mesmo jornal cita
maresia, chuva, vento forte, inundação, erosão. Os que outro alvo dos bandidos são os transformado-
prejuízos causados pelas descargas atmosféricas são res. O Núcleo de Ciências Agrárias da Universidade
amenizados com a instalação de pára-raios em Federal de Minas Gerais (UFMG), em Montes
locais estratégicos. Já os efeitos da maresia sobre os Claros, foi vítima dos ladrões sete vezes em apenas
equipamentos são monitorados da mesma forma um ano. Ao todo, os bandidos levaram três transfor-
que o citado anteriormente para corrosão. A madores e quase um quilômetro de cabos. A maior
energia elétrica, por exemplo, foram agrupadas no prática ambas as etapas (5 e 6) ocorreram quase que
primeiro grupo e assim sucessivamente para os demais simultaneamente, onde padronização e diagramação
grupos. Posteriormente, para cada grupo, foram passaram a ser entendidos conceitualmente como o
levantadas as falhas que mais ocorrem (etapa 4), processo de mapeamento em si.
conforme mostrado na Figura 5, tudo isto com o
auxílio do Diagrama de Afinidade. 5.3 Diagramação
O Grupo Interrupção no Fornecimento de Energia A próxima etapa chave do trabalho consistiu na
contém as falhas que compõem a primeira coluna do diagramação das falhas. Nesta fase, o objetivo foi
Diagrama de Pareto, mostrado na Figura 3. As demais encontrar as causas responsáveis por cada uma das
falhas da mesma figura foram agrupadas nos outros falhas listadas no Diagrama de Afinidades.
grupos de acordo com o impacto sentido pelo cliente.
A Figura 6 facilita o entendimento de como a etapa de
Na fase inicial (etapas de 1 a 4 da metodologia) foram diagramação foi realizada: a “cabeça da árvore”,
utilizadas três formas de conversão do conhecimento: a também chamada de evento de topo, é a falha citada no
socialização, a externalização e a combinação. A Diagrama de Afinidades. A partir do evento de topo de
socialização ocorreu através das sessões de cada uma das falhas, foi realizada uma análise e um
brainstorming. Os funcionários relataram, nestas encadeamento entre as mesmas e seus eventos básicos,
sessões, as falhas mais ocorridas em cada setor de de modo que chegou às causas básicas de cada uma das
acordo com a experiência de cada um. A combinação falhas, também chamadas “pés da árvore”.
ocorreu principalmente através da utilização dos
documentos existentes na empresa e que, de alguma Uma explicação mais detalhada é a seguinte: primeira-
forma, traziam registros referentes às falhas ocorridas. mente, para cada evento de topo foram procuradas
Também a combinação ocorreu devido às reuniões todas suas causas, as quais foram chamadas de causas
formais. O registro de todas as informações adquiridas primárias. Estas, por sua vez, foram consideradas como
nas sessões de brainstorming, nos documentos e nas falhas e repetiu-se o processo realizado para o evento de
reuniões formais, que geraram a Figura 5, implicou no topo, encontrando desta forma as causas secundárias.
uso da externalização. Este processo foi repetido até chegar-se às causas
denominadas de “pés da árvore”. Percebe-se que a
Logo após, foi iniciada a fase de mapeamento. É análise foi realizada da cabeça para o pé da árvore.
importante detalhar que o mapeamento inclui a Já a parte de atuação para impedir a reincidência de tal
padronização, diagramação e parametrização das falhas. falha seguirá o caminho inverso, começará pelo pé.
De fato, embora se apresentem como fases distintas, na
Almeida, D. A.; Fagundes, L. D. – Aplicação da Gestão do Conhecimento no Mapeamento... 75
Também na fase de diagramação foram utilizadas três foram parametrizadas. A cabeça da árvore diagramada
formas de conversão do conhecimento: a socialização, foi detalhada, ou parametrizada, com informações
a externalização e a combinação. A socialização relativas:
ocorreu novamente através das sessões de
brainstorming. Os funcionários e acadêmicos contribu- • Ao código: codificação (número) pelo qual a falha
íram cada um com seus conhecimentos para a monta- é conhecida na empresa;
gem dos diagramas. A combinação ocorreu através da
• Nome: simplesmente o nome da falha, por exem-
utilização de teorias dos livros, dos documentos da plo, “Pára-raio aberto”;
empresa e de normas do setor de energia elétrica. O
registro dos diagramas desenvolvidos, assim como das • Descrição: explicação detalhada do que significa a
informações referentes a eles, caracterizou a falha;
externalização. • Grupo: grupo ao qual a falha pertence de acordo
com a classificação do Diagrama de Afinidades
Nesta etapa foi utilizado o Diagrama de Árvore. A (Figura 4);
Figura 7 mostra o mapeamento da falha “Pára-raio
aberto”, pertencente ao Grupo Interrupção do Forneci- • Fator potencial de dano: este fator avalia qual a
mento de Energia. As falhas situadas mais à jusante é gravidade que a falha representa. Para esta avalia-
que serão alvo direto de atuação gerencial, para evitar a ção foi utilizada uma escala variando de 1 a 9, onde
reincidência da “cabeça da árvore” ou evento de topo. quanto maior o número, maior a gravidade da falha;
Todas as outras falhas que aparecem no Diagrama de • Fator de sazonalidade: foram considerados dois
Afinidades (Figura 4) foram diagramadas seguindo o períodos: o período úmido (de novembro à março)
mesmo raciocínio. e o período seco (de abril à outubro). Este parâmetro
foi considerado porque dependendo da estação a
5.4 Parametrização falha pode representar maior gravidade;
• Fator horário: considerou-se importante na parame-
A última etapa do mapeamento foi a parametrização, trização deixar um campo para horário, pois como
que consistiu em detalhar cada falha. A Figura 5, que ocorre com a sazonalidade, dependendo do horário
auxiliou no entendimento do processo de diagramação que a falha ocorre sua gravidade é maior e conse-
das falhas, também facilita observar como as árvores qüentemente terá prioridade de reparo. Como
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Problema de
material
Defeito em
equipamento/
componente Manutenção
inadequada
Umidade
Montagem
Pára-raio
aberto Montagem
Problema de
material
Defeito em
equipamento/
componente Manutenção
inadequada
Projeto
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