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São Paulo
2007
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Museu de Arqueologia e Etnologia
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA
São Paulo
2007
Foto da capa:
Prato com decoração pintada coletado no sítio
Franco de Godoy, município de Mogi Guaçu.
Dedico esse trabalho aos meus pais, Heleno e
Geudice, e ao meu irmão Hugo que, apesar de
distantes, iluminam o meu caminho.
I
AGRADECIMENTOS
Resumo
Abstract
CAPÍTULO 2
1 Pesquisas em sítios associados à tradição Tupiguarani no estado de São Paulo
CAPÍTULO 3
2 Mapa hidrográfico do estado de São Paulo com a localização das áreas abordadas na
pesquisa
3 Área 1: sítios arqueológicos pesquisados
4 Área 2: sítios arqueológicos pesquisados
5 Área 3: sítios arqueológicos pesquisados
6 Área 4: sítios arqueológicos pesquisados
7 Sítio Franco de Godoy: material coletado em 1979/80
8 Sítio Franco de Godoy: Plano de Escavação
9 Sítio Franco de Campos: Plano de Escavação
10 Sítio Franco de Campos: Perfil Unidade de Escavação 03
11 Sítio Barragem: Plano de Escavação
12 Sítio Ipê: Material Arqueológico em Superfície
13 Sítio Lambari II: Plano de Escavação
14 Complexo Cachoeira de Emas: Localização dos Vestígios Arqueológicos
15 Sítio Cachoeira de Emas 2: Plano de Escavação
16 Sítio Ribeira: Croqui Geral
17 Sítio Monjolo: Croqui Geral
18 Sítio Córrego do Canavial: Croqui Geral
19 Sítio Bom Retiro: Croqui Geral
CAPÍTULO 4
20 Cadeia de Produção dos Artefatos Cerâmicos
21 Sítio Franco de Godoy: Estrutura Funerária 1
22 Sítio Franco de Godoy: Estrutura Funerária 5
23 Sítio Franco de Godoy: Grupos
24 Sítio Franco de Campos: Decorações Acromáticas
25 Sítio Franco de Campos: Grupos
26 Sítio Barragem: Grupos
27 Sítio Ipê - Grupos
28 Sítio Lambari II: Decorações Pintadas
29 Sítio Lambari II: Lâminas de Machado
30 Sítio Lambari II: Grupos
31 Sítio Cachoeira de Emas 2: Decorações Acromáticas
32 Sítio Cachoeira de Emas 2: Grupos
33 Sítio Ribeira: Grupos
34 Sítio Monjolo: Grupos
35 Sítio Córrego do Canavial: Grupos
36 Sítio Bom Retiro: Grupos
37 Coleção Manuel Pereira de Godoy
38 Coleção Manuel Pereira de Godoy
39 Coleção Manuel Pereira de Godoy
40 Coleção Manuel Pereira de Godoy
41 Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira – Coleção Jardim Igaçaba
42 Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira – Coleção Jardim Igaçaba
43 Museu Histórico Alaur da Matta
IX
44 Museu Histórico Alaur da Matta
45 Museu Municipal Elisabeth Atyai
CAPÍTULO 5
46 Síntese Grafismos
47 Formas completas na região
48 Sítio Franco de Godoy: Mancha 2
49 Sítio Franco de Campos: Distribuição das diferentes categorias de artefatos
50 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição do material lítico e cerâmico
51 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição do material cerâmico: técnicas de construção
52 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição do material cerâmico: decorações
53 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição do material cerâmico: vasilhas e suas funções
presumidas
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
1 Origem e expansão Tupi segundo Urban (1992) e Rodrigues (2000).
2 Origem e expansão Tupi segundo Brochado (1984).
CAPÍTULO 3
3 Material cerâmico do município de Guairá
4 Material cerâmico do município de Peruíbe
5 Material cerâmico do bairro do Morumbi, município de São Paulo
6 Sub-bacias do rio Mogi Guaçu e localização das áreas de pesquisa
7 Sítio Franco de Godoy: Decapagem na Mancha 02
8 Sítio Franco de Godoy: Visão da porção sul (Maio 2005)
9 Sítio Franco de Godoy: Vestígios arqueológicos em superfície (Maio 2005)
10 Sítio Franco de Campos: Escavações realizadas por Morais (1992)
11 Localização do sítio Franco de Campos, em área de mata residual às margens do rio
Mogi-Guaçu
12 Sítio Franco de Campos: Demarcação das linhas de sondagem com auxílio de bússola
13 Sítio Franco de Campos: abertura de poço-teste com cavadeira e peneiramento do
sedimento
14 Sítio Franco de Campos: Unidade de Escavação 01
15 Sítio Franco de Campos: Unidade de Escavação 02
16 Sítio Franco de Campos: Borda encontrada na Unidade de Escavação 04
17 Sítio Franco de Campos: Unidade de Escavação 03
18 Coleta assistemática de peças no sítio Jardim Igaçaba
19 Sítio Ipê: Visão sudoeste do sítio em área de atual plantio de mandioca
20 Sítio Ipê: Borda com decoração
21 Sítio Ipê: Visão noroeste do sítio
22 Sítio Ipê: fragmentos em superfície
23 Sítio Ponte Preta: Visão geral do sítio arqueológico inserido na média encosta do
terraço estrutural da margem direita do rio Mogi
24 Sítio Ponte Preta: Fragmento cerâmico em superfície.
25 Sítio Lambari II: Vista geral
26 Sítio Lambari II: Material cerâmico in loco na Sondagem 5.
27 Sítio Lambari II: Vista geral do sítio após a colheita do algodão.
X
28 Caminhamento na área de Ocorrência 4, na margem esquerda do córrego da
reconquista.
29 Visão Geral na área de Ocorrência 8 em terreno pertencente ao Cepta – Ibama, na
margem direita do rio Mogi-Guaçu.
30 Localização do sítio Cachoeira de Emas 3
31 Sítio Cachoeira de Emas 3: Documentação dos vestígios evidenciados.
32 Sítio Cachoeira de Emas 2: Caminhamento sistemático para localização das peças em
superfície
33 Sítio Cachoeira de Emas 2: Material demarcado com auxílio de bandeiras.
34 Sítio Ribeira: Caminhamento na área de pasto onde ocorrem fragmentos cerâmicos de
modo esparso
35 Sítio Ribeira: Fragmento cerâmico corrugado, encontrado na superfície do sítio.
36 Sítio Monjolo: Indicação da área de localização do sítio (visão tomada a partir do sítio
Ribeira)
37 Sítio Monjolo: Fragmentos cerâmicos em superfície
38 Sítio Córrego do Canavial: Vista geral do sítio
39 Sítio Córrego do Canavial: Fragmento cerâmico em superfície
40 Sítio Bom Retiro: Caminhamento na área do sítio
41 Sítio Bom Retiro: Fragmentos cerâmicos em superfície.
CAPÍTULO 4
42 Esquema geral da Teoria do Design
43 Tipos de queima
44 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Prato com decoração cromática
45 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Tigela com base em pedestal
46 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Fragmento com pintura
47 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Borda pertencente ao Grupo 3
48 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Borda pertencente ao Grupo 3
49 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Calibrador
50 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Fragmento com pintura
51 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Fragmento com pintura
52 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Fragmento com pintura
53 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Tipos de paredes com ponto angular
54 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Base com fuligem
55 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Suporte/batedor em quartzito
56 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Lasca em silexito
57 Conjunto Artefatual Barragem: Fragmento com pintura
58 Conjunto Artefatual Barragem: Fragmento corrugado
59 Conjunto Artefatual Barragem: Fragmento corrugado
60 Conjunto Artefatual Barragem: Fragmento corrugado
61 Conjunto Artefatual Ipê: Borda com decoração pintada
62 Conjunto Artefatual Ipê: Borda com vestígios de engobo branco
63 Conjunto Artefatual Ipê: Borda com decoração pintada
64 Conjunto Artefatual Ipê: Fragmento com decoração corrugada
65 Conjunto Artefatual Ipê: Fragmento com decoração corrugada
66 Conjunto Artefatual Ipê: Fragmento com decoração ungulada
67 Conjunto Artefatual Ipê: Tembetá fragmentado
68 Conjunto Artefatual Ipê: Tembetá fragmentado
69 Conjunto Artefatual Ipê: Tembetá inacabado
70 Conjunto Artefatual Lambari II: Borda com vestígios de bastonetes verticais
71 Conjunto Artefatual Lambari II: Borda com vestígios de bastonetes verticais
72 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações corrugadas
XI
73 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações corrugadas
74 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações pseudo-unguladas
75 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações pseudo-unguladas
76 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações pseudo-unguladas
77 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Técnicas construtivas
78 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Borda com decoração pintada
79 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Borda com decoração pintada
80 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Borda com decoração pintada
81 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Fragmento com decoração pintada
82 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento com engobo vermelho interno e polimento
83 Conjunto Artefatual Ribeira: Borda com vestígios de engobo branco
84 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento corrugado
85 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento corrugado
86 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento ungulado
87 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento ungulado
88 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento ungulado
89 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento ungulado
90 Conjunto Artefatual Monjolo: Fragmentos com engobo branco
91 Conjunto Artefatual Monjolo: Borda com ponto angular e decoração corrugada
92 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento com decoração pintada
93 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento com ponto angular e linhas
incisas verticais
94 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmentos escovados
95 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Borda com pseudo-ungulado
96 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento corrugado
97 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento corrugado
98 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento corrugado
99 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmentos com banda e motivos retilíneos na face
externa (Grupo 2)
100 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmento com ponto angular e decoração pintada
101 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmento com banda vermelha e vestígios de
pintura.
102 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmentos escovados
103 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Parede com aplique
104 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmento corrugado
105 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmento corrugado
106 Conjunto Artefatual Bom Retiro:Borda com superfície externa brunida
107 Conjunto Artefatual Bom Retiro:Fragmento com decoração ungulada sobreposta ao
escovado
108 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Parede com decoração pseudo-ungulada
109 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Borda com decoração pseudo-ungulada
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
1 Cronologia de sítios Tupiguarani no estado de São Paulo
2 Cronologia de sítios cerâmicos no nordeste estado de São Paulo
CAPÍTULO 3
3 Padrões de distribuição dos sítios abordados na pesquisa
4 Sítio Franco de Godoy: Urnas coletadas na primeira etapa segundo Alves (1988)
XII
5 Intervenções efetuadas no sítio Franco de Godoy
6 Intervenções efetuadas no sítio Franco de Campos (MORAIS 1995)
7 Unidades de escavação abertas no sítio Franco de Campos (Julho 2006)
8 Intervenções efetuadas e estruturas evidenciadas no sítio Lambari II
9 Sítios e ocorrências arqueológicas na área de Cachoeira de Emas
10 Unidades de escavação no sítio Cachoeira de Emas 2
11 Sítio Ribeira: Coordenadas e uso e ocupação do solo (Abril de 2006)
12 Sítio Monjolo: Coordenadas e uso e ocupação do solo (Abril de 2006)
13 Sítio Córrego do Canavial: Coordenadas e uso e ocupação do solo (Abril de 2006)
14 Sítio Bom Retiro: Coordenadas e uso e ocupação do solo (Abril de 2006)
CAPÍTULO 4
15 Possíveis associações entre grupos hipotéticos e classificações êmicas das vasilhas
16 Sítio Franco de Godoy: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
17 Sítio Franco de Godoy: Atributo Tipo de peça
18 Sítio Franco de Godoy: Atributo Tipo de Antiplástico
19 Sítio Franco de Godoy: Espessura do Antiplástico Mineral
20 Sítio Franco de Godoy: Espessura do Antiplástico Caco moído
21 Sítio Franco de Godoy: Atributo Frequência do Antiplástico
22 Sítio Franco de Godoy: Atributo Queima
23 Sítio Franco de Godoy: Atributo Acabamento de Superfície Interna
24 Sítio Franco de Godoy: Atributo Acabamento de Superfície Interna
25 Sítio Franco de Godoy: Atributo Técnica Decorativa
26 Sítio Franco de Godoy: Atributo Tipo do Engobo
27 Sítio Franco de Godoy: Decorações Cromáticas
28 Sítio Franco de Godoy: Decorações Acromáticas
29 Sítio Franco de Godoy: Atributo Espessura da Peça
30 Sítio Franco de Godoy: Atributo Forma da Borda
31 Sítio Franco de Godoy: Analise Qualitativa Grupos
32 Sítio Franco de Campos: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
33 Sítio Franco de Campos: Atributo Tipo de Peça
34 Sítio Franco de Campos: Atributo Tipo de Antiplástico
35 Sítio Franco de Campos: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
36 Sítio Franco de Campos: Atributo Freqüência do Antiplástico
37 Sítio Franco de Campos: Atributo Queima
38 Sítio Franco de Campos: Atributo Acabamento de Superfície Interna
39 Sítio Franco de Campos: Atributo Acabamento de Superfície Externa
40 Sítio Franco de Campos: Atributo Técnica Decorativa
41 Sítio Franco de Campos: Atributo Tipo do Engobo
42 Sítio Franco de Campos: Decorações Cromáticas
43 Sítio Franco de Campos: Decorações Acromáticas
44 Sítio Franco de Campos: Atributo Espessura da Peça
45 Sítio Franco de Campos: Atributo Forma da Borda
46 Sítio Franco de Campos: Analise Qualitativa Grupos
47 Sítio Barragem: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
48 Sítio Barragem: Atributo Tipo de peça
49 Sítio Barragem: Atributo Tipo de Antiplástico
50 Sítio Barragem: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
51 Sítio Barragem: Atributo Freqüência do Antiplástico
52 Sítio Barragem: Atributo Queima
53 Sítio Barragem: Atributo Acabamento de Superfície Interna
54 Sítio Barragem: Atributo Acabamento de Superfície Externa
XIII
55 Sítio Barragem: Atributo Técnica Decorativa
56 Sítio Barragem: Atributo Tipo do Engobo
57 Sítio Barragem: Decorações Cromáticas
58 Sítio Barragem: Decorações Acromáticas
59 Sítio Barragem: Atributo Espessura da Peça
60 Sítio Barragem: Atributo Forma da Borda
61 Sítio Barragem: Analise Qualitativa Grupos
62 Sítio Ipê: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
63 Sítio Ipê: Atributo Tipo de peça
64 Sítio Ipê: Atributo Tipo de Antiplástico
65 Sítio Ipê: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
66 Sítio Ipê: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moído
67 Sítio Ipê: Atributo Freqüência do Antiplástico
68 Sítio Ipê: Atributo Queima
69 Sítio Ipê: Atributo Acabamento de Superfície Interna
70 Sítio Ipê: Atributo Acabamento de Superfície Externa
71 Sítio Ipê: Atributo Técnica Decorativa
72 Sítio Ipê: Atributo Tipo do Engobo
73 Sítio Ipê: Decorações Acromáticas
74 Sítio Ipê: Atributo Espessura da Peça
75 Sítio Ipê: Atributo Forma da Borda
76 Sítio Ipê: Analise Qualitativa Grupos
77 Sítio Lambari II: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
78 Sítio Lambari II: Atributo Tipo de peça
79 Sítio Lambari II: Atributo Tipo de Antiplástico
80 Sítio Lambari II: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
81 Sítio Lambari II: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moído
82 Sítio Lambari II: Atributo Freqüência do Antiplástico
83 Sítio Lambari II: Atributo Queima
84 Sítio Lambari II: Atributo Acabamento de Superfície Interna
85 Sítio Lambari II: Atributo Acabamento de Superfície Externa
86 Sítio Lambari II: Atributo Técnica Decorativa
87 Sítio Lambari II: Atributo Tipo do Engobo
88 Sítio Lambari II: Decorações Cromáticas
89 Sítio Lambari II: Decorações Acromáticas
90 Sítio Lambari II: Atributo Espessura da Peça
91 Sítio Lambari II: Atributo Forma da Borda
92 Sítio Lambari II: Analise Qualitativa Grupos
93 Sítio Cachoeira de Emas II: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
94 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Tipo de peça
95 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Tipo de Antiplástico
96 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
97 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moído
98 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Freqüência do Antiplástico
99 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Queima
100 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Acabamento de Superfície Interna
101 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Acabamento de Superfície Externa
102 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Técnica Decorativa
103 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Tipo do Engobo
104 Sítio Cachoeira de Emas II: Decorações Cromáticas
105 Sítio Cachoeira de Emas II: Decorações Acromáticas
106 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Espessura da Peça
XIV
107 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Forma da Borda
108 Sítio Cachoeira de Emas II: Análise Qualitativa Grupos
109 Sítio Ribeira: Atributo Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
110 Sítio Ribeira: Atributo Tipo de Peça
111 Sítio Ribeira: Atributo Tipo de Antiplástico
112 Sítio Ribeira: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
113 Sítio Ribeira: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-Moído
114 Sítio Ribeira: Atributo Frequência do Antiplástico
115 Sítio Ribeira: Atributo Queima
116 Sítio Ribeira: Atributo Acabamento de Superfície Interna
117 Sítio Ribeira: Atributo Acabamento de Superfície Externa
118 Sítio Ribeira: Atributo Técnica Decorativa
119 Sítio Ribeira: Atributo Tipo do Engobo
120 Sítio Ribeira: Tipo de Decorações Plásticas
121 Sítio Ribeira: Atributo Espessura da Peça
122 Sítio Ribeira: Tipos de Borda
123 Sítio Ribeira: Análise Qualitativa Grupos
124 Sítio Monjolo: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
125 Sítio Monjolo: Atributo Tipo de peça
126 Sítio Monjolo: Atributo Tipo de Antiplástico
127 Sítio Monjolo: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
128 Sítio Monjolo: Atributo Frequência do Antiplástico
129 Sítio Monjolo: Atributo Queima
130 Sítio Monjolo: Atributo Acabamento de Superfície Interna
131 Sítio Monjolo: Atributo Acabamento de Superfície Externa
132 Sítio Monjolo: Atributo Técnica Decorativa
133 Sítio Monjolo: Tipo de Engobo
134 Sítio Monjolo: Atributo Espessura da Peça
135 Sítio Monjolo: Atributo Forma da Borda
136 Sítio Monjolo: Análise Qualitativa Grupos
137 Sítio Córrego do Canavial: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
138 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Tipo de Peça
139 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Tipo de Antiplástico
140 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
141 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-moído
142 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Freqüência do Antiplástico
143 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Queima
144 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Acabamento de Superfície Interna
145 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Acabamento de Superfície Externa
146 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Técnica Decorativa
147 Sítio Córrego do Canavial: Tipo de Engobo
148 Sítio Córrego do Canavial: Decorações Acromáticas
149 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Espessura da Peça
150 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Forma da Borda
151 Sítio Córrego do Canavial: Análise Qualitativa Grupos
152 Sítio Bom Retiro: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
153 Sítio Bom Retiro: Atributo Tipo de peça
154 Sítio Bom Retiro: Atributo Tipo de Antiplástico
155 Sítio Bom Retiro: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
156 Sítio Bom Retiro: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-moído
157 Sítio Bom Retiro: Atributo Freqüência do Antiplástico
158 Sítio Bom Retiro: Atributo Queima
XV
159 Sítio Bom Retiro: Atributo Acabamento de Superfície Interna
160 Sítio Bom Retiro: Atributo Acabamento de Superfície Externa
161 Sítio Bom Retiro: Atributo Técnica Decorativa
162 Sítio Bom Retiro: Tipo de Engobo
163 Sítio Bom Retiro: Decorações Cromáticas
164 Sítio Bom Retiro: Decorações Acromáticas
165 Sítio Bom Retiro: Atributo Espessura da Peça
166 Sítio Bom Retiro: Atributo Forma da Borda
167 Sítio Bom Retiro: Análise Qualitativa Grupos
168 Coleções Tupiguarani depositadas em Museus Locais e Acervos Particulares
CAPÍTULO 5
169 Evidências arqueológicas e prováveis tipos de refugo
170 Dimensões das possíveis estruturas habitacionais
171 Dimensões das Estruturas Habitacionais Tupinambá (FERNANDES 1949)
LISTA DE GRÁFICOS
CAPÍTULO 2
1 Cronologia dos sítios associados à tradição Tupiguarani no estado de São Paulo
CAPÍTULO 4
2 Sítio Franco de Godoy: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
3 Sítio Franco de Campos: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
4 Sítio Barragem: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
5 Sítio Ipê: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
6 Sítio Lambari II: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
7 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
8 Sítio Ribeira: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
9 Sítio Monjolo: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
10 Sítio Córrego do Canavial: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
11 Sítio Bom Retiro: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
CAPÍTULO 5
12 Percentual de tipos de Antiplástico x Conjuntos Artefatuais
13 Percentual de Freqüência do antiplástico x Conjuntos Artefatuais
14 Percentual de Peças Decoradas x Conjuntos Artefatuais
15 Percentual de Peças com Decoração Acromática x Conjuntos Artefatuais
16 Número de Peças x Tipos de Grafismos Pintados
17 Percentual de Tipos de Bordas x Conjuntos Artefatuais
18 Percentual de Peças por Grupos x Conjuntos Artefatuais
19 Vasilhas por funções presumidas x Conjuntos Artefatuais
LISTA DE ANEXOS
INTRODUÇÃO
A tradição Tupiguarani foi considerada como uma unidade classificatória, estabelecida a partir
de características estruturais da indústria cerâmica, não implicando em uma homogeneidade
cultural de seus portadores (PROUS 2006: 96). Nesse sentido, partimos do pressuposto de que
a análise da variabilidade artefatual dos conjuntos abordados evidenciaria as peculiaridades
dos processos sócio-culturais envolvidos, extrapolando a simples associação desses conjuntos
à referida tradição arqueológica.
Uma vez que aceitamos a associação entre a tradição arqueólogica Tupiguarani com grupos de
matriz cultural Tupi, mais especificamente vinculados aos povos Tupi-Guarani, acreditamos
que estamos empreendendo uma Arqueologia Tupi. A referida associação oferece insumos
que podem enriquecer a discussão aqui proposta, uma vez que existe uma ampla bibliografia
abordando esses grupos, dispersa em fontes etno-históricas - crônicas, relatos de viagem,
cartas jesuíticas (FERNANDES 1949; SCATAMACCHIA 1981, 1990; FERNANDES 1997),
lingüísticas (URBAN 1992, 1996; MELLO; KNEIP 2005) e etnológicas (VIVEIROS DE
CASTRO 1984-1985, 1986), assim como ricas abordagens etnoarqueológicas (NOELLI 1993;
LANDA 1995; MONTICELLI 1995; ASSIS 1996; SILVA 2000).
Não obstante, o foco principal do presente trabalho incide sobre o estudo da variabilidade
formal dos artefatos cerâmicos por meio do conceito de Estilo Tecnológico, entendendo estilo
como uma maneira de fazer algo em determinado tempo e lugar (SACKETT 1977).
Cabe definirmos os vários níveis de análise dessa pesquisa, os quais consistem também na
estrutura geral do texto. Num primeiro momento partimos de um nível macro, no qual faremos
considerações gerais acerca de trabalhos de antropólogos, lingüistas e arqueólogos que se
debruçaram sobre o estudo de grupos Tupi (Capítulo 1). As principais hipóteses sobre o centro
2
de origem e rotas de dispersão desses grupos foram sumarizadas, sendo fundamentais para o
enquadramento do estudo aqui desenvolvido dentro de problemáticas mais amplas. Nesse
primeiro capítulo também procuramos estruturar a definição do que denominamos de
Arqueologia Tupi.
O Capítulo 2 oferece uma revisão dos diversos trabalhos que abordaram a ocupação Tupi no
estado de São Paulo, cruzando diferentes olhares sobre esses grupos indígenas.
Arqueologicamente, o estado de São Paulo, principalmente no que concerne à ocupação por
grupos ceramistas, tem sido caracterizado como “terra de fronteiras” (ROBRAHN-
GONZÁLEZ 2000) e, no caso da tradição Tupiguarani, o estado representaria uma área limite
das divisões internas dessa unidade classificatória, ou seja, a fronteira entre as subtradições
Guarani e Tupinambá (BROCHADO 1984).
Enquanto o sul do estado de São Paulo, precisamente a região compreendida pelo Vale do
Paranapanema, conta com um número maior de pesquisas sobre as ocupações de grupos
ceramistas associados à tradição Tupiguarani, as regiões nordeste, noroeste, central e o próprio
litoral do estado ainda não foram alvo de análises sobre variações ocorridas no tempo e no
espaço acerca destes grupos.
Não obstante, as datações obtidas para o território paulista apontam para ocupações de grupos
associados a essa tradição por aproximadamente 1500 anos1, ou seja, indicam um largo
período de ocupação, fato que demonstra a necessidade da mesma ser analisada em termos
mais dinâmicos. Nesse sentido, finalizamos esse capítulo com uma atualização dos dados
disponíveis sobre as pesquisas arqueológicas em sítios Tupiguarani no estado (sumarizamos as
informações de mais de 230 sítios arqueológicos) e com uma análise crítica onde destacamos
a necessidade de uma abordagem regional no estudo das fronteiras culturais.
1
Para São Paulo a datação mais recuada para a tradição Tupiguarani está localizada no baixo Tietê , no sítio Ary Carneiro, 2200 anos AP
(MARANCA; SILVA; SCABELLO 1994)
3
O Capítulo 3 caracteriza a área de estudo tanto no que diz respeito aos dados arqueológicos e
etnohistóricos, quanto às características ambientais da região. Nesse capítulo também
apresentamos as atividades realizadas em cada um dos sítios arqueológicos abordados.
CAPÍTULO 1
5
Uma vez que o foco dessa pesquisa incide sobre sítios arqueológicos associados à tradição
Tupiguarani, algumas considerações acerca de trabalhos de antropólogos, lingüistas e
arqueólogos que se debruçaram sobre o estudo de grupos do tronco Tupi2 tornam-se
necessárias, assim como a discussão crítica das questões que tal filiação suscita para o
desenvolvimento do presente trabalho. Primeiramente, cabe explicitarmos os principais
centros de origem e rotas de expansão definidos para esses grupos.
A questão mais freqüente sobre os grupos Tupi diz respeito à existência de um possível centro
de origem e das prováveis rotas de expansão. Noelli (1996) realizou uma extensa revisão
desses modelos indicando dois pontos em comum nesses trabalhos: a existência de um centro
de origem e de diferentes rotas de expansão dessas populações. Esse seria o único consenso
uma vez que hipóteses diferenciadas se multiplicaram ao longo dos trabalhos. Apresentaremos
apenas alguns desses modelos, destacando as hipóteses que têm dominado o cenário das
pesquisas arqueológicas que abordam o assunto.
Para compreender as origens dessas hipóteses temos que recuar ao século XIX, quando em
1838 Von Martius propôs, pela primeira vez, um centro de origem Tupi entre o Paraguai e o
Sul da Bolívia (NOELLI 1994: 111). Já em 1839, Alcides D’Orbigny propôs um centro de
origem dos Tupi entre o Paraguai e o Brasil. Em 1886, Karl von den Steinen, baseado na
distribuição de traços da cultura material, propôs que as cabeceiras do rio Xingu seriam o
ponto de irradiação central Tupi (BROCHADO 1984: 42). Em 1891, Paul Ehrenreich
forneceria como hipótese para as rotas de dispersão o médio Paraná, alto Uruguai e Bolívia,
centro de irradiação de onde teriam saído os Tupi para todas as direções, através dos grandes
cursos fluviais, assim “Em Ehrenreich nota-se a continuidade das hipóteses sobre o local do
2
Lingüisticamente, o tronco Tupi é formado por aproximadamente 45 línguas que há alguns milênios se expandiram pelo Brasil, Peru,
Paraguai, Argentina e Uruguai, sendo o Tupi-Guarani uma das sete famílias que compõem este tronco (NOELLI 1996: 9). Utilizaremos os
termos Tupi e Tupi-guarani (com hífen) - o primeiro que no nomeia o tronco e o último que nomeia a família linguística, para nos referirmos
aos trabalhos desenvolvidos em outras áreas do conhecimento, reservando o termo Tupiguarani (com hífen) para os trabalhos desenvolvidos
por arqueólogos após o estabelecimento da referida tradição.
6
centro de origem de D’Orbigny e Martius, e sobre a irradiação central de Von den Steinen. Foi
nesses quatro cientistas que a maior parte dos pesquisadores embasou suas
preposições”(NOELLI 1996: 12).
Outro estudo importante acerca do centro de origem e rotas de dispersão foi o empreendido
por Branislava Susnik (1975), que sugeriu as planícies colombianas como centro de origem. O
modelo da autora tentava estabelecer as motivações da expansão desses grupos, chamando
atenção para elementos até então pouco considerados: o crescimento demográfico e a
subseqüente divisão das aldeias, o esgotamento dos terrenos que ocupavam e a conseqüente
busca de novas terras para agricultura, as guerras aos grupos que dominavam territórios de seu
interesse e, por fim, as divisões geradas pelas diferenças de prestígio e poder dentro do
sistema de parentesco (SUSNIK 1975).
Curt Nimuendaju também teve uma influência significativa no meio acadêmico, pois em sua
obra “As Lendas da Criação e Destruição do Mundo como Fundamento da Religião dos
Apapocuva-Guarani”, propôs que a migração Tupi teria tido uma motivação a religiosa
(NOELLI 1993). Segundo Noelli, o equívoco nessa interpretação foi que o autor “partindo do
postulado de que os Guarani e os Tupinambá tem origem na mesma cultura e deduzindo que
eles tinham os mesmos motivos para se deslocarem, tentou explicar a ocupação da costa
brasileira pelos Tupinambá, através das mesmas razões que moviam os Guarani no século
7
XX” (NOELLI 1993: 43). Desse modo, além de ignorar as diferenças entre os Tupinambá e os
Guarani, Nimuendaju propôs uma ocupação rápida e recente do litoral. Essa migração recente
também explicaria a similaridade entre os grupos Tupi localizados na região costeira. Com
relação aos motivos religiosos da expansão, estes foram baseados em depoimentos de xamãs
de pequenos grupos em fuga para o litoral no início do século XX, época em que esses grupos
fortemente impactados pela sociedade ocidental, estão à procura da “terra onde não mais se
morre”(NOELLI 1993: 47).
Outro grupo que tratou a questão do centro de origem e rotas de difusão, o qual não será
tratado em profundidade, é formado por lingüistas (ver BROCHADO 1984; NOELLI 1993,
1994, 1996), também fortemente influenciados por Martius, Steinen e Ehrenreich, entre eles
Aryon Rodrigues (1964; 1985) e Greg Urban (1992; 1996). Vale a pena destacar que os
autores citados, baseados na Teoria da Migração Lingüística, concordam no que diz respeito à
área de origem - na região das cabeceiras dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé onde hoje está
o estado de Rondônia, e quanto as principais rotas dos grupos Tupi-Guarani, tendo os grupos
Guaranis e Tupinambás seguido o sentido sul, descendo as bacias do Paraguai e Prata, e
depois para o leste sentido litoral, e os grupos Tupi-Guarani amazônicos seguido sentido leste
até o meio norte (MELLO; KNEIP 2005).
Recentemente, Mello aplicou a Teoria da Migração Lingüística não para o tronco Tupi, mas
para a família Tupi-Guarani. Nessa proposta a região de maior diversidade lingüística estaria
mais próxima ao leste amazônico, onde está concentrado o maior número de línguas3 da
família Tupi-Guarani, concordando em parte com a hipótese de Brochado, que será
explicitada adiante (MELLO; KNEIP 2005).
As pesquisas etnográficas entre grupos Tupi da Amazônia Central tiveram início nas décadas
de 1930 e 1940 com os trabalhos de Herbert Baldus sobre os Tapirapé, assim como as
pesquisas de Charles Wagley e Galvão entre os Tenetehara e Tapirapé, pois até então os
trabalhos antropológicos baseavam-se em documentações textuais (VIVEIROS DE CASTRO
1986). De acordo com Viveiros de Castro essas pesquisas, também influenciadas pela idéia da
exitência de um centro comum desses grupos, foram marcadas pela busca da origem histórica
3
Os autores apontam um total de 14 linguas da família Tupi-Guarani nessa região, a saber: Asurini do Trocará,
Parakanã, Tembé, Tapirapé, Guajajara, Guajá, Urubu-Kaapór, Aurê e Aurá, Anambé, Wayampé, Emerillon,
Asurini do Xingu, Araweté e Kamayurá (MELLO; KNEIP 2005: 5)
8
O estudo dos povos Tupi e, por conseguinte, a questão do centro de origem e rotas de
dispersão desses povos, ganhou destaque na arqueologia com a implantação do Pronapa, uma
vez que o mesmo tinha como objetivo elaborar seqüências culturais e reconhecer direções de
migração e difusão. Desse modo, ficam claras as similaridades com as propostas de
D’Orbigny e Von Martius, embora nunca tenham sido citadas diretamente (NOELLI 1996:
15). Foram os pesquisadores do Pronapa que estabeleceram o termo Tupiguarani, definindo
uma cultura arqueológica caracterizada por uma cerâmica amplamente difundida.
Nas palavras de Chmyz, essa tradição seria caracterizada pela presença de “cerâmica
policrômica (vermelho ou preto sobre engobo branco e ou vermelho), corrugada e escovada,
por enterramentos secundários em urnas, machados de pedra polida, e, pelo uso de tembetás"
(CHMYZ 1976: 146).
litoral contíguo (ROGGE 1996: 20). Esse modelo oferecido por Meggers e Evans, de
distribuição cultural nas terras baixas sul-americanas, utiliza como referência dados
arqueológicos, lingüísticos e paleo-ambientais (ROGGE 1996: 19-20). Essas migrações
seriam respostas a mudanças climáticas muito intensas, que teriam reduzido as áreas
florestadas e levado ao processo de dispersão. Vale destacar que no cenário atual, o modelo
proposto por Meggers foi perpetuado nos trabalhos de Schmitz (1991), sendo este um dos
arqueólogos que mais de dedicou ao estudo da tradição Tupiguarani.
e coleções nos quais o autor teve acesso direto enquanto que, para os Tupinambá, o autor
baseou-se apenas nos dados publicados. Esse fato será fundamental para a compreensão do
contexto das pesquisas paulistas atuais sobre a tradicão Tupiguarani, conforme será exposto
adiante.
Outras hipóteses têm sido defendidas, como por exemplo, a apresentada por Heckenberger,
Neves e Petersen (1998), que levantam restrições às premissas arqueológicas do modelo
cardíaco de Lathrap, uma vez que tanto Lathrap quanto Brochado e Noelli não fizeram
trabalhos de campo na Amazônia Central. Os autores supracitados refutam a associação das
cerâmicas da tradição Policrômica Amazônica com os grupos falantes de línguas da família
Tupi-Guarani na Amazônia, assim como indicam a falta de justificação empírica para a
escolha da Amazônia Central como centro de desenvolvimento da tradição Policrômica
12
De acordo com Urban, embora a origem Amazônica deva ser tomada como um fato e não
como hipótese, a origem às margens dos cursos principais do médio Amazonas não é
corroborada por dados arqueológicos, lingüísticos ou etnológicos (URBAN 1996: 63).
Ademais, Heckenberger, Neves e Petersen afirmam que as hipóteses sobre o centro de origem
e rotas de expansão Tupi possuem evidências lingüísticas e etnológicas mais seguras do que as
reconstituições baseadas em evidências arqueológicas (1998: 79)
Alguns pesquisadores chegaram a um consenso quanto à origem das línguas do tronco Tupi ao
sul da Amazônia (MIGLIAZZA 1982; RODRIGUES 1964; URBAN 1996 Apud
HECKENBERGER; NEVES; PETERSEN 1998: 79), bem como que as línguas da família
Tupi-Guarani teriam se desenvolvido rapidamente a partir de um centro também localizado ao
sul da Amazônia (URBAN 1992; VIVEIROS DE CASTRO 1996).
Dias (1994-1995) baseado nas datações disponíveis - 19 datas para a subtradição Pintada e 59
para a subtradição Corrugada, propôs uma “área ‘core’ de definição cultural Tupi(nambá)”
que teria se dado por volta do ano 600 entre o rio Paranapanema (SP) e Guaratiba (RJ) (DIAS
1994-1995: 121-126). Algumas colocações do autor merecem destaque: 1) a falta de
evidências de uma expansão do norte para o sul da Subtradição Pintada, uma vez que as datas
mais antigas estão no sudeste; 2) os dados arqueológicos, apontariam, no momento, para uma
ocupação da Subtradição Tupi(nambá) mais concentrada no sudeste do que no nordeste; 3) a
presença desses grupos quando da colonização do sudeste do Brasil corroboraria o fato de que
o deslocamento dessas populações não implicou no abandono das áreas anteriormente
conquistadas; 4) no que tange aos modelos formulados por arqueólogos, tanto aquele proposto
por Brochado (1984) quanto o modelo seguido por Schmitz (1991) concluem que a área
ocupada pelo atual estado de São Paulo seria ou o foco de dispersão ou o ponto convergente
dos dois conjuntos; 5) quanto a origem o autor corrobora a idéia de Schmitz, excetuando-se o
13
povoamento do sul por portadores da mesma Subtradição Pintada, que teria dado origem as
ocupações conhecidas historicamente (Corrugada e Pintada); 6) por fim, o autor chama
atenção para a necessidade do estudo contextual da cerâmica, associando tecnologia de
construção, atributos morfológicos e decoração (DIAS 1994-1995: 126-130).
A tradição Tupiguarani tem sido associada a grupos indígenas pertencentes, de modo geral, à
família lingüística Tupi-Guarani. Essa correlação foi postulada por diversos pesquisadores,
sendo inclusive, mencionada quando do estabelecimento da referida tradição:
“Após as considerações de possíveis alternativas, não obstante suas conotações
lingüísticas foi decidido rotular como Tupiguarani (escrito numa só palavra) esta
tradição ceramista tardia amplamente difundida, considerando já ter sido o termo
consagrado pela bibliografia e também a informação Etno-histórica estabelecer
correlações entre as evidências arqueológicas e os falantes de línguas Tupi e
Guarani ao longo de quase todo território brasileiro” (PRONAPA 1969 Apud
SCATAMACCHIA 1981: 36, grifo nosso).
Por outro lado, vários autores indicam que a associação entre a tradição arqueológica
Tupiguarani e família lingüística homônima engloba questões mais complexas, advogando
uma postura crítica com relação à referida correlação (SCATAMACCHIA 1981;
SCHIAVETTO 2003; SOARES 2005).
Noelli, por sua vez, considera plausível o estabelecimento de ligações diretas entre grupos
Tupi pré-históricos e históricos, indicando a necessidade de pesquisas que envolvam o estudo
de suas origens, continuidades e mudanças (NOELLI 1996: 8).
Meggers e Evans (1973) reforçaram essa relação, segundo os autores condições excepcionais
teriam possibilitado a associação entre a tradição ceramista e a família lingüística, sendo essa
correlação respaldada por três fontes:
14
Assim foram estabelecidas 52 fases arqueológicas para a tradição Tupiguarani – das quais 34
encontravam-se na região sul do Brasil. Os sítios localizados no estado de São Paulo estariam
associados apenas a uma fase (fase Cambará da subtradição Pintada) (SIMÕES 1972: 7-11).
Brochado indica, alguns anos mais tarde, a divisão da tradição em 71 fases arqueológicas, que
representariam mais diferenças regionais que temporais (BROCHADO 1990: 55).
Ou seja, as fontes etnohistóricas apontam para uma enorme diversidade social e cultural entre
esses grupos. Desse modo, cabe apontarmos que as pesquisas em sítios associados à tradição
Tupiguarani têm que lidar com dois componentes: a continuidade e a diversidade. Mesmo
com amplitudes temporais que chegam a 2000 anos e uma dispersão espacial que toma grande
parte do território hoje brasileiro, essa tradição permaneceu reconhecível como tal, ou seja,
estamos lidando com processos que envolvem uma considerável continuidade. Já a
diversidade, apontada nas fontes etnohistóricas, ficou relegada a um segundo plano quando do
estabelecimento da tradição Tupiguarani.
Um avanço interpretativo foi evidenciado com a tese de Brochado (1984), onde o autor
estabelece um modelo ecológico para a difusão da cerâmica e da agricultura no Leste da
América do Sul, correlacionando as Subtradições Guarani e Tupinambá aos grupos Guarani e
Tupinambá, conhecidos historicamente. Não obstante, Brochado propôs, anos mais tarde, que
o conceito de Subtradição Tupinambá fosse aplicado exclusivamente aos falantes do
Tupinambá - diferenciando-os dos demais Tupi (não-Tupinambá) (NOELLI 1996: 24).
Atualmente, algumas pesquisas que abordam sítios associados à tradição Tupiguarani têm
adotado um caráter mais regional “não em um sentido de analisar o material sem comparações
com outras localidades. Mas, regional no sentido de buscar características específicas de cada
ocorrência que possam caracterizar cada área dentro do quadro nacional” (CÔRREA; TAMIA
2006). Desse modo, as subtradições propostas por Brochado (1984) poderão ser detalhadas,
sendo possível estabelecer subdivisões estilísticas que reflitam a extensão de parcialidades
(PROUS 2005a: 25).
Dialogando com essas referências pudemos estabelecer alguns pressupostos que tornam
explícita a abordagem aqui intentada.
16
Adotamos o conceito de Arqueologia Tupi, o qual significa que estamos abordando sítios
arqueológicos associados à tradição Tupiguarani, sítios estes ocupados por grupos de matriz
cultural Tupi – relacionados ao tronco lingüístico homônimo. Nesse sentido, a “Arqueologia
Guarani” realizada no sul do Brasil, assim como a “Arqueologia Tupinambá”, realizada no
litoral do Rio de Janeiro, também podem ser enquadradas nessa Arqueologia Tupi, embora
seja interessante, quando possível, manter essas especificidades. Conforme demonstraremos
no decorrer desse trabalho, a designação de uma Arqueologia Guarani ou Tupinambá para a
região em estudo não é viável.
Ou seja, a Arqueologia Tupi nos coloca diante de questões muito distintas daquelas
vivenciadas no estudo de sítios associados a outras tradições ceramistas, ao mesmo tempo em
que nos fornece uma bibliografia imensa, passível de críticas, mas também norteadora de
muitas questões.
Ademais, não estamos advogando o abandono da utilização da tradição arqueológica, mas sim
a sua inserção em uma problemática maior. Vale lembrar, que a palavra tradição vem do latim
tradere que significa transmitir algo a alguém para que o guarde (GIDDENS 2000 Apud
THERRIEN 2006), uma vez que essa transmissão ocorre em contextos sociais diversos,
relacionados a um tempo, lugar e a códigos simbólicos, esse significado devolve o caráter
dinâmico do conceito de tradição.
diferenças, nem as particularidades regionais e locais, mas, nos coloca diante de um horizonte
cultural extremamente coerente. Desse modo, tomamos como hipótese que, a despeito dessa
continuidade espacial e temporal, o aprofundamento na análise e interpretação da cultura
material desses grupos, numa abordagem eminentemente arqueológica, poderia desvelar
processos sócio-culturais específicos que ficariam silenciados com a simples associação a
referida tradição.
O capítulo seguinte apresenta o estado d´arte da Arqueologia Tupi paulista, trazendo um breve
histórico das pesquisas realizadas, assim como da cronologia disponível.
18
CAPÍTULO 2
19
Nesse capítulo apresentamos desde as descrições desses grupos por cronistas, viajantes e
missionários até os recentes trabalhos no âmbito da arqueologia de contrato. Mesmo a partir
de olhares diferenciados, o cruzamento desses trabalhos pode auxiliar na reconstrução da
trajetória histórica dessas ocupações.
Ademais, o acesso ao que têm contribuído para o incremento do conhecimento sobre o tema,
assim como o que têm funcionado como obstáculo, trouxe à tona as possibilidades e
limitações da presente pesquisa. Nesse sentido foi efetuada uma periodização dessa produção
em quatro grandes períodos, explicitados a seguir.
A título de comparação essa primeira fase corresponde aos dois primeiros períodos colocados
por Mendonça (1991), em sua avaliação crítica da história da arqueologia brasileira: “Dos
cronistas da conquista aos naturalistas viajantes (1500-1858)” e “Dos primeiros arqueólogos
brasileiros à busca das cidades perdidas (1858-1889)”.
As primeiras informações acerca da ocupação do território paulista por grupos Tupi estão
presentes nos diversas fontes etno-históricas elaboradas nos primeiros anos de colonização.
Nesse quadro pode-se citar o relato de Hans Staden, “O Tratado Descritivo do Brasil” de
Gabriel Soares de Souza e a obra de Fernão Cardim, entre outros. No entanto, essa
bibliografia não será tratada aqui, uma vez que já foi extensamente apresentada nos trabalhos
de Scatamacchia (1981, 1990).
Como bem colocou Barreto, as crônicas e relatos de descobrimento não revelam um olhar
arqueológico, embora façam muitas alusões à cultura material indígena (BARRETO 1999-
2000: 35), tornando imprescindível uma avaliação crítica do uso dessas fontes. Vale destacar
que as informações presentes nos documentos textuais referem-se apenas a algumas regiões
do estado – principalmente litoral, que permanecem praticamente inexploradas do ponto de
vista arqueológico.
20
A criação do Museu Paulista e o papel de seu diretor fundador, Hermann Von Ihering viriam
transformar bastante a arqueologia paulista. Este zoólogo, fortemente influenciado pelo
naturalismo alemão, publicou diversas obras sobre a arqueologia brasileira, fazendo
investigações arqueológicas e adquirindo coleções para o Museu Paulista, algumas destas
associadas aos grupos Tupi-Guarani (IHERING 1908).
Também podemos citar para esse período os achados e coletas assistemáticas realizados por
Krone no Vale Ribeira do Iguape, as referências de cerâmicas encontradas em São José dos
Campos por Ruy Tibiriçá, algumas peças advindas de Praia Grande e, por fim, fragmentos
cerâmicos encontrados no município de Santo Anastácio (SCATAMACCHIA 1981). Tibiriçá
(1935) também menciona a coleta de “cerâmica pré-colombiana paulista”, no município de
Pirassununga, em uma “excursão feita pelo Prof. Levy Strauss e Senhora” (TIBIRIÇÁ 1935:
213).
Essas referências se limitam à descrição das peças encontradas e, em algumas delas, existe a
tentativa em comparar essas peças com dados similares de outros locais. Entretanto, em todos
os trabalhos, pode-se notar uma correlação entre material arqueológico e grupos Tupi-
Guarani, correlação esta sempre estabelecida com base nos atributos decorativos do material
cerâmico.
Vale destacar o papel de José Anthero Pereira Junior que a partir de 1941, começou a publicar
os resultados de suas observações, chegando a mais de 60 artigos ou livros (MENDONÇA
1991: 89). Com relação ao material associado a grupos Tupi-Guarani este pesquisador atuou
principalmente no norte paulista, onde percebeu a existência de uma cerâmica de origem
21
Figura 3: Peças cerâmicas coletadas por Pereira Júnior (1957) no município de Guairá,
associadas por Brochado (1984) à Subradição Guarani.
Pereira Júnior também publicou notícias sobre achados realizados em Itapeva, Peruíbe e na
própria capital paulista (PEREIRA JÚNIOR 1964a, 1964b, 1965).
Figura 4: Peças provenientes do litoral do estado de São Paulo, município de Peruíbe (PEREIRA JÚNIOR 1964b). Formas e grafismos
semelhantes foram detectados no nordeste do estado de São Paulo
4
“Devemos fazer notar, entretanto, que em dados casos, entre restos abundantes dessa cerâmica preciosa tida como de origem tupi-guarani,
ocorre um ou outro fragmento de material que, pela sua apresentação sugere origem diferente, enquanto em outros locais ocorre o
contrário, ou seja o encontro dessa cerâmica melhor entre restos de outra mais grosseira acentuadamente diversa” (PEREIRA JÚNIOR
1957: 314). Essa cerâmica diversa apresentada pelo autor é hoje associada à Tradição Aratu, restando às pesquisas futuras abordar melhor a
interação entre os grupos Tupi-Guarani e esses grupos diversificados.
22
Em 1959, Paulo Duarte entregou a Pereira Júnior caixas com cerâmicas encontradas no bairro
do Morumbi. As peças consistiam, segundo as imagens fornecidas pelo autor, em: uma urna
de contorno complexo e pintura externa; uma tigela semi restrita sem decoração; uma tigela
semi restrita com pintura visível na parte externa da borda e uma borda com pintura. Também
foram encontrados vestígios de ossos e dentes (PEREIRA JÚNIOR 1964a).
5
A coleção reunida por Manuel Pereira de Godoy foi reanalisada nessa pesquisa, onde verificou-se a exatidão de suas descrições e desenhos.
Além disso, devemos destacar o ótimo estado de conservação da coleção, assim como da documentação das peças coletadas.
23
Nesse período temos a tendência à descrição dos artefatos, sem correlação com o sítio
arqueológico, uma vez que a maioria das peças é proveniente de coletas assistemáticas ou de
achados fortuitos. Teoricamente esses trabalhos foram marcados pelo positivismo e
evolucionismo.
Vale lembrar que, a atuação de pesquisadores como Pereira Júnior e Manuel Pereira de
Godoy, foi importantíssima ao proporcionar um aumento considerável de coleções e de artigos
sobre o tema, além de apresentar interpretações inovadoras, seja propondo áreas onde teriam
ocorrido contatos entre grupos ceramistas diferenciados (Pereira Júnior) ou colocando novas
abordagens analíticas da cultura material (Godoy).
A Fase Cambará foi estabelecida com base em 55 sítios, pesquisados entre 1964 e 1966, todos
encontrados nas margens do Médio Paranapanema, ou em seus afluentes, tanto na margem
paulista, quanto na paranaense (CHMYZ 1977). Todos os sítios vinculados à referida fase
estavam localizados em encostas ou no topo de suaves elevações, muitos deles, próximos à
corredeiras e ilhas. As dimensões dos sítios da Fase Cambará são bastante variadas, de 100 a
90000 m², predominando os sítios com 900 a 1400 m². Dentre os 55 sítios, 22 seriam de
habitação, 22 acampamentos e uma oficina lítica (Sítio Polidores, ver Anexo 1). Em 3 sítios
foram identificadas estruturas funerárias, todas caracterizadas por enterramentos secundários.
Também foram localizados, no município de Itaberá, cemitérios caracterizados pela presença
de aterros (CHMYZ 1968). Com relação ao material cerâmico dessa fase temos uma grande
variabilidade de formas (37) e o predomínio de decorações pintadas (que oscilam entre 18 e
47%) e corrugadas (que oscilam de 1 a 38%). Vale salientar a presença de colheres de barro,
polidores sulcados, fragmentos perfurados e bases em pedestal (CHMYZ 1977: 154-160).
6
SP-TA-1: Sítio Kondo; SP-TA-2: Sítio Trentin; SP-TA-3: Sítio Três Lagoas; SP-TA-5: Sítio Boa Esperança; SP-PD-1: Sítio Ary Carneiro;
SP-TA-4: Cinco Ilhas; SP-PD-2: Konno; SP-PD-2: São José da Barra.
25
Com relação à influência da Escola Francesa na Arqueologia Tupi do estado de São Paulo,
destaca-se a atuação de Luciana Pallestrini, principalmente no Vale do Paranapanema. Pode-
se caracterizar a atuação da pesquisadora traçando dois pontos fundamentais do seu trabalho:
1) atuação de longa duração, desenvolvendo pesquisas desde o final da década de 1960 até
início da década de 1980; 2) escavações em superfícies amplas, promovendo um
deslocamento do enfoque na cerâmica - fóssil-guia da tradição Tupiguarani, para a escavação
de grandes áreas, tentando configurar as estruturas das aldeias.
A autora defendia, com relação à tradição Tupiguarani, que seria melhor abolir esta
terminologia e fazer a descrição dos tipos cerâmicos procurando evidenciar as analogias e
diferenças (PALLESTRINI 1975). A tese de livre docência de Pallestrini (1975) foi um marco
na arqueologia paulista, ao promover a análise espacial de diversos sítios. Manchas de solo
antropogênico, estruturas funerárias e fogueiras passaram a ser cuidadosamente
documentadas, revelando o uso do espaço intra-sítio.
Desse modo, esse terceiro período esteve caracterizado pelas atuações dessas duas correntes,
que influenciaram o desenvolvimento da arqueologia brasileira como um todo:
26
Esse período está associado à continuidade dos enfoques anteriormente adotados, somados à
pluralidade de abordagens. Destaca-se a dissertação de mestrado elaborada por Scatamacchia
“Tentativa de Caracterização da Tradição Tupiguarani” (1981), onde a autora realiza uma
síntese dos dados arqueológicos e etno-históricos disponíveis. Em sua tese de doutorado,
Scatamacchia reproduziu algumas idéias formuladas por Brochado (1984) e realizou uma
nova síntese bibliográfica, apontando algumas propostas terminológicas para classificação do
material cerâmico (1990).
O enfoque que abordou de maneira mais aprofundada os dados arqueológicos foi aquele
associado à Pallestrini. Assim, foi elaborada a tese de doutorado de Goulart (1982), onde a
autora analisou o material cerâmico de alguns sítios do Paranapanema – sítios Almeida,
Camargo, Jango Luiz, Alves e Fonseca, realizando inclusive testes arqueométricos. Já o
trabalho desenvolvido por Alves, envolveu escavações em superfícies amplas em sítios de São
Paulo e Minas Gerais, realizando também testes arqueométricos (ALVES 1988). No entanto,
essas pesquisas adotaram enfoques pontuais, não realizando nenhuma correlação ou
comparação com outras pesquisas realizadas no estado.
Outro pesquisador importante no cenário da arqueologia Tupi paulista foi Desidério Aytai.
Realizando escavações em Monte-Mor (MYASAKI; AYTAI 1974) e sendo pioneiro na
interpretação dos motivos pintados (AYTAI 1991), Aytai seguiu um caminho diverso e
27
original em seus estudos. O sítio Rage Maluf, o qual também revelou manchas de solo
antropogênico, teve uma área de 22500 m² escavados, sendo datado de 800 anos atrás
(MYASAKI; AYTAI 1974).
Nesse sentido, o Vale do Paranapanema, tem sido a área melhor conhecida, com o
desenvolvimento de pesquisas acadêmicas associadas ao Projeto Paranapanema. Os trabalhos
de Faccio (1992, 1998), seguem a linha proposta por Pallestrini. A autora alia às escavações
sistemáticas uma análise pormenorizada do material cerâmico, seguindo os pressupostos
metodológicos propostos por Robrahn-González (1996).
Araújo (2001a) realizou pesquisas no Alto Taquari, tendo identificado sete sítios associados à
tradição Tupiguarani. O autor deu espacial ênfase no estudo do sítio Bianco, no qual realizou a
demarcação individual das peças em superfície, tendo coletado mais de 2500 fragmentos,
nenhum deles com decoração plástica. Essa ausência de decorações plásticas também foi
verificada nos sítios Moura, Porteira, Cedro e Pinha. Para Araújo (2001a) a povoação da
região envolve processos diversificados, ora com grupos mais próximos ao “Guarani” ora por
grupos eminentemente “Tupi”.
7
Esses trabalhos mereceriam continuidade visto estas serem as únicas referências que contamos sobre a presença de “fornos” para a queima
de vasilhames cerâmicos, restando compreender se essas estruturas seriam anteriores ou posteriores ao contato com o europeu (Zanettini,
2005, com.pessoal)
29
informações sobre essas ocupações ao longo de duas décadas. Mesmo assim, a arqueologia
Tupi paulista ainda revela áreas pouco conhecidas e avanços interpretativos pontuais.
Sabemos que para a região do Vale do Paranapanema, Vale do Itararé e Vale do Paraná temos
um número maior de sítios do que os indicados no Anexo 1, mas os dados acessados já
revelam o predomínio das pesquisas nessa região, uma vez que 53% das indicações mapeadas
estão localizadas nas referidas áreas. Também é nessa região que contamos com um avanço
interpretativo maior. O restante do estado continua sem estudos regionais que abordem as
ocupações Tupi. Essa deficiência nos aponta para a impossibilidade no manejo de certas
questões que apresentamos a seguir.
O estado de São Paulo, principalmente no que concerne à ocupação por grupos ceramistas,
tem sido caracterizado como “terra de fronteiras”, onde a presença de contextos arqueológicos
extra-regionais estaria ligada às especificidades locais (ROBRAHN-GONZÁLEZ 2000,
2003). Pretendemos nesse item dialogar com essa idéia, demonstrando, porém, que a simples
adoção do conceito não caracteriza os movimentos dessas populações e as interações culturais
entre esses grupos.
Essa fronteira aparece também na obra de Brochado (1984). No modelo proposto pelo autor,
já mencionado anteriormente, as Subtradições Guarani e Tupinambá teriam uma origem
comum: a Tradição Policrôma Amazônica, a qual teria originado dois ramos de uma cultura
amazônica ainda no início da Era Cristã:
30
Não cabe expor as discussões já desenvolvidas sobre o modelo do autor (já pontuadas
anteriormente com base em NOELLI 1993, 1996; VIVEIROS DE CASTRO 1996; URBAN
1996; HECKENBERGER; NEVES; PETERSEN 1998), mas sim retomar alguns dados
presentes em sua tese (BROCHADO 1984) no que se refere à ocupação do interior paulista
por grupos vinculados à tradição Tupiguarani.
Para o autor, os sítios localizados no Vale do Paranapanema, Vale do Itararé, Vale do Rio
Paraná e extremo norte paulista estariam associados à Subtradição Guarani, enquanto os sítios
localizados no Médio Tietê e Mogi-Guaçu estariam associados à Subtradição Tupinambá
(BROCHADO 1984). Desse modo, os sítios abordados na presente pesquisa foram vinculados
à Subtradição Tupinambá. Vale destacar a ocorrência da ocupação Guarani no norte do estado,
mais especificamente no limite dos atuais Estado de São Paulo e Minas Gerais – as
ilustrações fornecidas por Pereira Júnior (1957) nos remetem realmente às formas e grafismos
da Subtradição Guarani. Desse modo, à época de seu trabalho, Brochado notou a presença de
material associado à Subtradição Guarani em uma área onde haveria o predomínio de sítios da
Subtradição Tupinambá.
Noelli indica que Brochado teria mudado a classificação feita para o Paranapanema, chegando
a conclusão de que essa área estaria mais próxima da Subtradição Tupinambá:
“No final dos anos 60, Pallestrini (1968-1969, 1969) publicou os primeiros planos
topográficos de sítios com os locais de enterramento secundário contextualizados.
A arqueóloga filiou os sítios à Tradição "Tupiguarani". Brochado (1984:410 e 412)
concluiu que os sítios de Pallestrini deveriam ser filiados à Tradição Guarani. (…)
Posteriormente Brochado (com. pessoal, 1992), redefiniu suas conclusões filiando
os sítios em questão à Tradição Tupinambá, tanto pela forma e pelo acabamento de
superfície das vasilhas quanto pela sua localização geográfica dentro de uma região
característica de domínio dos Tupinambá.” (NOELLI 1993: 103).
31
Outro pesquisador que influenciou a arqueologia Tupiguarani paulista foi Schmitz. Para este
autor, o Vale do Paranapanema seria uma possível fronteira: “Passados alguns séculos de sua
instalação nas matas do Sul, nos damos conta de duas populações: uma do Paranapanema para
o norte e ao longo da costa leste brasileira, que fala Tupi; a outra, no Paraguay, nos três
estados meridionais do Brasil e em partes do nordeste argentino, falando Guarani” (SCHMITZ
1991: 37, grifo nosso).
Como apontado anteriormente, Dias afirma que teríamos entre São Paulo e Rio de Janeiro
uma área central da cultura Tupinambá (1994-1995). De fato, os modelos propostos por
Brochado e por Schmitz concluem, respectivamente, que a área ocupada pelo atual estado de
32
São Paulo seria ou o ponto convergente das Subtradições Guarani e Tupinambá ou sua área de
dispersão (DIAS 1994-1995: 121-126). Ou seja, uma área fundamental para o incremento das
questões relacionadas a esses grupos.
Diante de quadro tão diverso, o avanço nessa discussão torna necessária uma pequena
digressão sobre alguns conceitos chave para abordagem de fronteiras em arqueologia.
Green e Pearlman (1985) apresentam alguns conceitos e problemas inerentes à questão das
fronteiras culturais. Primeiro, diferenciam fronteira e zona de fronteira: “Frontier studies
direct their attention to the peripheries or edges of particular societies, and the characteristics
of the groups occupying that space. As a complement, boundary studies examine the
interactions that occur at these societal edges” (GREEN; PEARLMAN 1985: 04).
Também devemos apontar a questão das fronteiras étnicas. Barth (1997) realizou uma extensa
revisão do conceito de fronteiras étnicas, trazendo à tona diversas questões de suma
importância como a persistência das fronteiras apesar do fluxo de pessoas que as atravessam e
a permanência de relações sociais estáveis através de fronteiras, por vezes baseadas nos
estatutos étnicos dicotomizados (BARTH 1997: 188). Neste trabalho adotamos a idéia de que
a etnicidade é uma auto-afirmação (para o conceito de etnicidade adotado ver JONES 1997),
motivo pelo qual não utilizamos esse conceito. Cabe destacar que, construímos nossas
interpretações com base em vestígios materiais, os quais não refletem mecanicamente
etnicidade.
33
Entendemos que devemos centrar nossa atenção nas fronteiras sociais, as quais podem ter ou
não contrapartidas territoriais.
A idéia de São Paulo como “terra de fronteiras”, no que concerne a grupos Tupinambá e
Guarani, está associada também à influência da obra de Brochado na arqueologia paulista. No
entanto, deve ser lembrado que à época da formulação de seu modelo, Brochado contava com
dados apenas no litoral e no sul do país, ademais, os dados do sul eram mais consistentes
devido a um número maior de pesquisas realizadas e a participação ativa do próprio autor na
análise e interpretação dos dados. O interior paulista era e continua sendo uma área pouco
conhecida, exceto pelo Vale do Paranapanema, que graças à influência de Pallestrini, possui
dados mais concretos. Não obstante, a própria definição do Vale do Paranapanema como
Sistema Regional Guarani deve levar em consideração os dados levantados por Chmyz (2002)
para o estado do Paraná, assim como por Araújo (2001a) no Alto Taquari, pois eles mostram
concretamente que podemos nos deparar na área com sítios diferenciados cujas características
remetam à Subtradição Tupinambá.
Outra questão a ser levantada é a tendência em abordar a questão da fronteira como algo
estável, quando temos grupos que apresentam uma considerável profundidade cronológica –
em São Paulo as datas vão de pelo menos 400 d.C até o contato com o europeu, fato que
requer que essas fronteiras sejam vistas como dotadas de maior mobilidade.
No estado de São Paulo temos poucos sítios escavados, a maior parte localizada no Vale do
Paranapanema (PALLESTRINI 1968/1969, 1975, 1977, 1988; ALVES 1988; FACCIO 1992,
1998). No Vale do Paraíba temos a escavação do sítio Santa Marina (ROBRAHN-
GONZÁLEZ; ZANETTINI 1999), no nordeste do estado os sítios Franco de Godoy e Rage
Maluf (PALLESTRINI 1981-1982; MYASAKI; AYTAI 1974), um sítio no Litoral – sítio
Brastubos (MYASAKI 1977), e o sítio Mineração no Vale do Ribeira (SCATAMACCHIA
2005a).
vez que o problema não reside na carência de sítios cadastrados – nesse sentido há uma
carência de publicações dos resultados das pesquisas de contrato e de trabalhos que abordem
esses sítios de maneira contextual. Com relação à cronologia dessas ocupações, também foi
realizada uma síntese dos dados disponíveis, apresentados na Tabela 1, a seguir:
Tabela 1: Cronologia de sítios Tupiguarani no estado de São Paulo
Sítio Cronologia
Município Bibliografia
(AP)*
Gramado Brotas GOULART; AFONSO 1998 190+20 (TL)
Três Lagoas (SP TA3) Itapura MARANCA 1994 1400 (NM)
Rage Maluf Monte Mor MYASAKI; AYTAI 1974 800 (TL)
Vale do Tietê Boa Esperança (SP TA5) Pereira Barreto MARANCA 1994 1040 (TL)
Kondo (SP TA1) Pereira Barreto MARANCA 1994 1320 (TL)
Trentin (SP TA2) Pereira Barreto MARANCA 1994 1070 (TL)
Pereira Barreto/
Ary Carneiro (SP PD1) São José dos MARANCA 1994 2200 (TL)
Dourados
Lambari II Casa Branca MORAES 2007 1085+130 (TL)
Bom Retiro Luiz Antônio CALDARELLI 1983 924 (TL)
Vale do Pardo
Franco de Godoy Mogi-Guaçu PALLESTRINI 1981/82 1550 (C14)
e Mogi Guaçu Franco de Campos Mogi-Mirim MORAES 2007 780+110 (TL)
ZANETTINI
Cachoeira de Emas2 Pirassununga 450+60 (TL)
ARQUEOLOGIA 2005
980+100 (AP)
Jango Luís Angatuba PALLESTRINI 1975 1260 (NM)
1540+150 (TL)
São Roque Angatuba MORAIS 2000 1100+100 (TL)
Campina do
Campina MORAIS 2000 540+50 (TL)
Monte Alegre
Campina do 290+40 (C14)
Panema MORAIS 2000
Monte Alegre 2030+200 (TL)
Campos Novos
Martins MORAIS 2000 580+60 (TL)
Paulista
428+50 (TL)
Figueira Cândido Mota MORAIS 2000 624 (NM)
Vale do 820+80 (TL)
Paranapanema Marolo Cândido Mota MORAIS 2000 594+60 (TL)
Mata Figueira Cândido Mota MORAIS 2000 340+35 (TL)
e do Itararé 340+35 AP (TL)
Pajeú Cândido Mota MORAIS 2000 607 (NM)
875+90 (TL)
Peroba Cândido Mota MORAIS 2000 917+100 (TL)
Indaiá Ibirarema MORAIS 2000 340+35 (TL)
Neves Iepê FACCIO 1998 755+80 (TL)
Porto Casanova 2 (SP 980+100 (C14)
Iepê CHMYZ 1977
AS14) 1130+150 (C14)
Ragil Iepê FACCIO 1998 1660+170 (TL)
Ragil II Iepê FACCIO 1998 1093+100 (TL)
Caçador Itaí MORAIS 2000 220+20 AP (TL)
970+100 (TL)
1010+100 (TL)
1076 (NM)
PALLESTRINI 1975;
Fonseca Itapeva 1100+100 (TL)
MORAIS 2000
1110+110 (TL)
1190+120 (TL)
35
1870+100 (C14)
SP BA7 Itaporanga BROCHADO 1973 1195+80 (C14)
850+150 (C14)
955+100 (TL)
PALLESTRINI 1975; 960+100 (TL)
Alves Piraju
MORAIS 2000 1021+100 (NM)
1150+100 (TL)
450+40 (TL)
Camargo Piraju MORAIS 2000
1030+100 (C14)
Camargo II Piraju MORAIS 2000 1070+100 (TL)
Colina Piraju MORAIS 2000 870+90 (TL)
Nunes Piraju MORAIS 2000 880+90 (TL)
Piapara Piraju MORAIS 2000 710+70 (TL)
Vale do 480+50 (TL)
500+60 (TL)
Paranapanema 580+70 (TL)
MORAIS 2001; AFONSO et
e do Itararé Piracanjuba Piraju 530+60 (TL)
al 2005
360+40 (TL)
470+55(TL)
610+50 (C14)
906+90 (TL)
Alvim Pirapozinho FACCIO 1992 942 (NM)
978+100 (TL)
ROBRAHN-GONZÁLEZ;
Domingos II Sandovalina IPHAN; ZANETTINI 480+60 (C14)
ARQUEOLOGIA 2007
Pirajibu Sorocaba DOCUMENTO 2003 415+105 (C14)
Alpargatas Tatuí PALLESTRINI 1984 758+50 (TL)
470+50 (TL)
515 (NM)
PALLESTRINI 1975; 560+60 (TL)
Almeida Tejupá
MORAIS 2000 930+100 (C14)
1500+150 (TL)
1600 (NM).
Bersi Tejupá MORAIS 2000 520+60 (TL)
SCATAMACCHIA Apud
Vale do Mineração Iguape IPHAN; ZANETTINI 560 (C14)
ARQUEOLOGIA 2007
Paraíba,
ROBRAHN-GONZÁLEZ;
Santa Marina Jacareí 490+50 (C14)
Iguape e ZANETTINI 1999
Litoral UCHOA 1992 Apud IPHAN;
Itaguá Ubatuba ZANETTINI 660+80 (C14)
ARQUEOLOGIA 2007
* TL: Termoluminescência C14: Radiocarbomo NM: Não Menciona
Datação (anos AP)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1400
1500
1600
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
2400
Rage Maluf
Gramado
Franco de Godoy
Lambari II
Bom Retiro
Franco de Campos
Cachoeira de Emas2
Ragil
SP BA7
Jango Luís
Panema
São Roque
Ragil II
Fonseca
Neves
Camargo
Piapara
Figueira
Pajeú
Marolo
Martins
Campina
Bersi
Piracanjuba
Domingos II
Pirajibu
Indaiá
Mata Figueira
Caçador
Itaguá
Mineração
LEGENDA
Década de 1950: Coletas realizadas por JoséAnthero Pereira Junior;
1
Décadas 1940-60: Coletas efetuadas por Manuel Pereira de Godoy na
2 área de Cachoeira de Emas, município de Pirassununga;
ESCALA
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso
38
Quando as datações absolutas são organizadas8 por áreas fica nítido que o Vale do
Paranapanema e do Itararé têm o maior número de sítios datados, além de apresentar uma
considerável amplitude temporal com datas que vão desde 30 a.C. até 1780 d.C. (sítio Panema
e Caçador, respectivamente). Faccio (2005), que tem trabalhado desde a década de 1980 na
área do Paranapanema, considera aceitável o período circunscrito entre as datas de 410 d.C. e
1480 d.C9. Ademais, a autora toma com ponderação a data de 205 d.C. para o sítio Neves, não
considerando a datação do sítio SP-BA-07 apresentada por Brochado (1973) e a data do sítio
Panema (MORAIS 2000).
Na área do Vale do rio Paraná, na confluência com o Baixo Tietê, existe a data de 250 a.C.
para o sítio Ary Carneiro, a mais antiga do estado. No entanto, essa data deve ser tomada com
cuidado uma vez que não dispomos de maiores informações sobre seu contexto. Além disso,
as outras datações disponíveis para a região indicam sua ocupação entre os anos de 500 d.C. e
900 d.C.
Vale destacar que, se por um lado o modelo teórico de Brochado foi largamente adotado, o
mesmo não ocorreu com suas propostas para análise do material cerâmico. As análises
efetuadas em São Paulo foram, durante muito tempo, descritivas, sem o emprego de
abordagens que visem, por exemplo, o reconhecimento do processo produtivo da cerâmica e
quais as variáveis ambientais e culturais que influenciam esse processo. Conta-se com os
8
O Gráfico 1 consiste em uma representação visual das datas disponíveis, quando temos mais de uma datação para o mesmo sítio indicamos
na mesma barra: a data mais recuada, a mais recente e a média entre elas.
9
Evidências de contato com os jesuítas atestam a permanência dos grupos guarani até os séculos XVI e XVII.
39
trabalhos de Goulart (1982) e Faccio (1992, 1998), assim como a análises magistrais feitas por
Desidério Aytai (1991).
Concordamos com Schiavetto quando a autora indica que não há razões para atribuir a São
Paulo, em detrimento de outros territórios, a designação de terra de fronteiras, “Sítios
‘híbridos’ existem em outras áreas, até mesmo naquelas consideradas ‘arqueologicamente
homogêneas’”(2007: 80), embora a autora não tenha apresentado dados arqueológicos que
atestem suas hipóteses para as áreas do Médio Jacaré Guaçu e Médio Mogi Superior
(SCHIAVETTO 2007).
Em suma, as informações evidenciadas até o momento mostram que o atual estado de São
Paulo seria “um território para onde confluíram populações indígenas diversificadas, vindas
de diversos pontos do atual território nacional, cujas inter-relações não percebemos porque
não nos aprofundamos o suficiente sobre a arqueologia paulista” (CALDARELLI 2001-
2002).
CAPÍTULO 3
42
Este capítulo fornece uma revisão bibliográfica das pesquisas realizadas na região, os dados
etnohistóricos disponíveis, assim como o meio físico e os padrões de distribuição dos sítios
arqueológicos selecionados, objetivando uma comparação intersítios. Nesse sentido, a bacia
do rio Mogi Guaçu foi tomada como região envoltória, na qual realizamos, necessariamente, o
levantamento de sítios e coleções associadas à tradição Tupiguarani. O capítulo também expõe
as atividades realizadas em cada um dos sítios selecionados, apresentando as prospecções e
intervenções desenvolvidas no âmbito dessa pesquisa.
A referência mais recuada sobre a ocupação pré-colonial da região remete ao ano de 1935,
com a menção feita por Ruy Tibiriçá ao material cerâmico de Cachoeira de Emas,
Pirassununga (TIBIRIÇÁ 1935), referência já pontada no capítulo anterior.
No entanto, a região de Rio Claro foi alvo de um trabalho mais sistemático a partir da atuação
de Tom Miller Jr, que foi aluno de Altenfelder. As prospecções do pesquisador entre os anos
de 1965 e 1967 nos municípios de Rio Claro, Ipeúna, Charqueada, Itirapina, Cordeirópolis e
Piracicaba resultaram na identificação de 97 sítios arqueológicos (ARAUJO 2001b: 128). Na
mesma região, a atuação de Beltrão no sítio Alice Boër, resultou em datações de 14000 a 2000
anos para assentamento, suscitando muitas discussões quanto a antigüidade da ocupação
humana na região (ARAÚJO 2001b: 131).
Nos anos de 1979/80 a equipe do Museu Paulista/USP, liderada por Luciana Pallestrini,
trabalhou na sub-bacia do Mogi-Guaçu, no sítio Franco de Godoy. O material cerâmico filiado
à tradição Tupiguarani foi datado em 1550 anos AP (PALLESTRINI 1981-1982). Esse sítio
integrou parte de uma tese de doutorado (ALVES 1988), foi trabalhado novamente em 1992
por meio do resgate arqueológico da PCH-Mogi-Guaçu (MORAIS 1995), sendo retomado na
presente pesquisa.
Bezerra Caldarelli e Walter Alves Neves (CALDARELLI; NEVES 1981). Esse programa
abrangeu os municípios de Serra Azul, São Simão, Serrana, Luís Antônio e Cravinhos,
identificando 14 sítios líticos a céu aberto, 04 cerâmicos e 03 com gravuras rupestres – um
destes, o Abrigo de Furnas, apresenta também vestígios lascados em subsuperfície. Os sítios
associados às ocupações de caçadores-coletores podem ser divididos em dois conjuntos
distintos: um dispondo de artefatos líticos plano-convexos e outro de artefatos líticos bifaciais
(pontas).
Nesse projeto foram identificados os seguintes sítios cerâmicos: Lagoa Preta I e II, localizados
no município de Serra Azul, com material cerâmico datado em 280 AP; Bebedouro da Pedra,
localizado no município de Cajuru, com incidência de material cerâmico associado à
denominada “Tradição Neobrasileira” (CALDARELLI; NEVES 1981: 20-22);
Tamanduazinho, no município de São Simão, onde foi coletado material apenas para datação,
cujo resultado foi de 990+70 BP (AFONSO 1989). Os sítios Lagoa Preta I e II foram
retomados recentemente, sendo identificado que o material não apresentava características que
denotassem influência européia na indústria cerâmica, apesar da datação em tempos coloniais,
tratando-se na realidade de uma ocupação indígena diversa daquela associada à tradição
Tupiguarani. O contato pode ter ocorrido, mas não afetou o modo de produção dos artefatos
cerâmicos (AFONSO; MORAES 2005-2006).
Nos anos de 1992-1994, foi realizado o salvamento arqueológico da PCH Mogi-Guaçu, sob
coordenação de José Luiz de Morais, ampliando a rede de pesquisas na região, com a
retomada dos trabalhos no sítio Franco de Godoy e o reconhecimento de mais cinco sítios
cerâmicos: Franco de Campos, Barragem, Ponte Preta e Jardim Igaçaba – sítios cerâmicos pré-
45
coloniais, e o sítio Porto de Areia com cerâmica pós-contato (MORAIS 1995). Os sítios pré-
coloniais cadastrados no âmbito desse trabalho também foram retomados nessa pesquisa.
O trecho Paulínia/rio Paraná do Gasoduto Bolívia – Brasil (Gasbol) identificou alguns sítios
arqueológicos ao sul da região pesquisada, a saber: o sítio lítico Limeira, localizado no
municipio homônimo; os sítios Corumbataí e Jacaré, associados à tradição Tupiguarani, nos
municípios de Rio Claro e Ibitinga e os sítios históricos Monte Alegre e Santa Helena,
localizados nos municípios de Ribeirão Bonito e Ibaté (BLASIS 1998).
A presença de sítios líticos pré-ceramistas nessa região também foi resgistrada em 1997,
quando foi cadastrado o sítio Bela Vista 1 no município de Mogi Mirim, caracterizado por
pontas de projéteis de sílex, estando o mesmo data em cerca de 8000 anos AP
(DOCUMENTO 2003). Recentemente foram identificados mais dois sítios líticos na área,
sítios Bela Vista 2 e Bela Vista 3 (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2005a).
Em 2001, na cidade de Casa Branca, durante as obras de duplicação da rodovia SP-340, foram
resgatados três sítios arqueológicos: Água Branca, Lambari I e Lambari II. O resgate desses
sítios foi realizado pela equipe liderada por Afonso (AFONSO 2001). Enquanto o sítio
Lambari I está relacionado à ocupação da região por grupos caçadores-coletores, os demais
sítios estão associados a ocupações de grupos agricultores ceramistas. Os sítios lito-cerâmicos
apresentaram indústrias cerâmicas com características distintas e a proximidade dos sítios,
cerca de 1 km, mostra a escolha do mesmo espaço por grupos agricultores ceramistas
diferenciados. Na análise desse material constatamos uma complexidade interessante para a
ocupação do sítio Água Branca, datado em 205 anos A.P. O material cerâmico desse sítio
apresentou características de tradições cerâmicas distintas – Tupiguarani, Aratu e Uru10. Esse
fato aliado à datação, morfologia circular do sítio e pesquisa etnohistórica, demonstrou que o
grupo que ocupou o sítio Água Branca pode estar associado à ocupação de grupos de matriz
cultural Macro-Gê. Não obstante, essa associação não pode prescindir da compreensão da
variabilidade artefatual presente no material cerâmico e dos processos de interação envolvidos
na ocupação da região (AFONSO; MORAES 2003; AFONSO; MORAES 2006). O sítio
10
A cerâmica do sítio Água Branca pode ser assim sumarizada: vasilhas com paredes de espessuras refinadas onde predominam espessuras
de até 9 mm, pasta com antiplástico vegetal (cariapé), queimas caracterizadas por secção transversal completamente preta, bordas diretas com
reforço externo ou expandidas, lábios planos, bases com ângulos fechados (90º), ocorrência de apêndices, ombros indicando vasilhas de
contorno composto e baixa incidência de decoração, que está restrita a algumas peças com engobo.
46
Lambari II, por sua vez, apresentou material nitidamente associado à tradição Tupiguarani, a
análise desse sítio tem sido aprofundada nessa pesquisa.
Outro sítio localizado durante empreendimentos ligados à duplicação de estradas foi o sítio
Ipê, situado também no município de Mogi Guaçu. Esse sítio foi alvo de resgate arqueológico
durante obras de duplicação de rodovia SP-346, em 2001. Apresentou material cerâmico
associado à tradição Tupiguarani, assim como artefatos líticos lascados (MORAIS 2002),
sendo reanalisado no âmbito desse trabalho.
Estudos conduzidos entre 2003 e 2004 no Gasoduto Araraquara Norte, no trecho circunscrito
entre Boa Esperança e Araraquara foram identificados e estudados três sítios líticos (Boa
Esperança I, Boa Esperança II, Boa Esperança III) implantados em unidades topográficas da
paisagem relacionada ao vale do rio Jacaré-Guaçu (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2004a).
Recentemente, temos o resgate de mais um sítio lítico na região, o sítio Rincão 1, localizado
no município homônimo e caracterizado pela presença de lascas, estilhas e artefatos em
arenito silicificado, quartzo e silexito, tendo sido constatado material arqueológico até cerca
de 1,40m (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006c).
Em área alvo de licenciamento, destinada à implantação de uma ponte sobre o Rio Mogi-
Guaçu, em Cachoeira de Emas, município de Pirassununga, foram cadastrados quatro sítios
arqueológicos: Cachoeira de Emas 1, 2, 3 e 4. O resgate do sítio Cachoeira de Emas 1 revelou
uma indústria cerâmica semelhante àquela proveniente dos sítios Água Branca e Lagoa Preta I
e II, além de apresentar uma quantidade significativa de artefatos líticos lascados em silexito,
não estando associado à tradição Tupiguarani (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006b). O sítio
Cachoeira de Emas 2 apresentou, por sua vez, material cerâmico relacionado à tradição
Tupiguarani, sendo incorporado a essa pesquisa, conforme explicitado adiante. Os dados dessa
pesquisa serão detalhados adiante.
11
O material encontra-se no acervo Museu Voluntários da Pátria, em Araraquara, onde pudemos acessá-lo.
48
Por fim, vale destacar a tese de doutoramento levada a cabo por Schiavetto (2007). A autora
realizou prospecções no Médio Jacaré-Guaçu e Mogi-Guaçu, tendo sido encontrados doze
sítios arqueológicos, sendo dez sítios associados a ocupações ceramistas agricultoras
(SCHIAVETTO 2007). Desses sítios, seis apresentam características da tradição Tupiguarani,
um tem características da tradição Aratu, um é “mesclado” e dois não podem ser relacionados
a nenhuma tradição (SCHIAVETTO 2007, com. pessoal). O sítio São João, classificado como
“mesclado” foi datado em 975+120 e 840+110 AP (SCHIAVETTO 2007: 141). No entanto, a
pesquisa realizada pela autora carece de dados arqueológicos aprofundados, ficando restrita às
críticas quanto ao uso das tradições arqueológicas, não apresentando alternativas a essas
categorias analíticas.
Por fim, apresentamos as datas obtidas em sítios cerâmicos localizados na região de pesquisa e
adjacências, ressaltando que esses resultados mostram, além de uma variabilidade no que diz
respeito à tradição Tupiguarani, a qual detalharemos nos capítulos 4 e 5, a presença de
ocupações ceramistas diferenciadas, as quais necessitam de um aprofundamento analítico.
“Passado o rio Theaté fomos pousar nesse dia junto ao mato de Jundiaí, quatro
léguas distante da Cidade de S.Paulo; na manhã seguinte entramos no mato, e
gastamos nele quatro dias. Saídos do Mato passamos ao rio Mogi, que é rio de canoa,
e muito peixe tem, e dá mostras de ouro mas com pouca conta...” (TAUNAY 1953:
121).
Saindo de São Paulo a expedição atravessou os rios Atibaia, Jaquari, Mogi, Pardo e Sapucaí,
até o Grande, segundo a descrição do alferes (TAUNAY 1953). Esse caminho deve ter sido
utilizado como via de comunicação em épocas bastante recuadas, possibilitando a interação –
belicosa ou não, entre grupos indígenas diferenciados (BRIOSCHI 1991; MANO 2006).
A anterioridade do caminho traçado pelo Segundo Anhanguera, além de estar clara no modo
como a expedição avança com segurança até o rio Grande, pode ser comprovada também,
pelo menos até a região de Batatais, por uma carta de sesmaria datada de 1668, passada pelo
vice-rei do Brasil em favor de religiosos de São Bento, da então Capitania de São Vicente.
Nessa doação, temos a descrição de que o terceiro lote da dita sesmaria, acabaria ao longo do
rio Mogi Guaçu (NEME 1969a: 62).
50
Os “Batatais” indicados, localizados adiante do rio Mogi Guaçu, seria um núcleo indígena
com os quais os luso-brasileiros mantinham relações amistosas, existindo inclusive, um
caminho de ligação entre o referido núcleo e São Paulo (NEME 1969a).
Outra carta de sesmaria, datada de 1678, descreve uma propriedade de dezoito léguas no rio
Mogi Guaçu “no caminho para Batatais, que tinha sido alojamento dos gentios...” (TAQUES
1953: 130). Essa indicação nos leva a crer que o alojamento de índios, indicado no documento
de 1668, não existiria mais em 1678.
Além disso, em 1707, o sertanista Amador Bueno requeria três léguas no sertão de Mogi,
essas terras foram concedidas “na paragem do Rio Mogi (...), entrando o caminho que foi do
sertão, confrontando com outras terras que já possui” (NEME 1969a: 64). A referência ao
“caminho que foi do sertão” é rica em implicações no que se refere ao real papel das bandeiras
no povoamento do interior, pois indica o uso anterior do dito caminho por entradistas e
varadores do sertão, mas que agora figurava como caminho de viajantes e roceiros. Roceiros
estabelecidos ao longo do seu traçado - como por exemplo a paragem que deu origem a cidade
de Casa Branca, e viajantes que demandavam paragens situadas até e para além da área do
Mogi Guaçu.
Com a rota do Segundo Anhanguera o interesse nessas paragens só veio aumentar, inclusive
por parte do governo, que em 1726 publica um Bando para que todos os proprietários de terras
no Caminho de Goiás apresentassem seus títulos de posse (BRIOSCHI 1991). Entre 1726 e
1736 existe a concessão de grandes lotes de sesmarias ao longo desse caminho, distribuídas de
acordo com os planos geopolíticos da Coroa, no sentido de garantir um agrupamento de terras
que facilitasse a regularização, normatização e fiscalização das principais fontes de riqueza da
colônia (BRIOSCHI 1991: 11). Por volta de 1736, essa primeira fase de concessão de
sesmarias findou, com um largo período de tempo onde os registros de sesmarias
desapareceram, por motivos não muito claros. Um fator relevante é que as rendas das minas
de Goiás começaram a decair, o que retirou o atrativo pela obtenção de terras ao longo do
trajeto da estrada (BRIOSCHI 1991).
51
Mano (2006) realiza uma análise minuciosa da ocupação dos chamados “Campos de
Araraquara”, baseado em informações textuais, as quais foram relacionadas a variáveis
ambientais e informações arqueológicas. A porção oeste de nossa pesquisa está inserida
(Áreas 3 e 4) na região pesquisada pelo autor, fato pelo qual apontaremos algumas das
informações presentes no referido trabalho, a fim de pontuarmos algumas hipóteses sobre a
ocupação do nordeste do estado.
Para Mano, a região delimitada pelos rios Tietê, Mogi-Guaçu, Grande e Paraná seria uma
“unidade passível de investigação em virtude do seu modo de aparecimento na documentação
e na cartografia paulista dos séculos XVII ao XIX” (MANO 2006: 3), sob a denominação de
“Campos de Araraquara”. O autor pondera a aceitação dos “etnônimos” presentes na
documentação, assim como indica a importância da transferência cada vez maior de índios
escravos de diferentes regiões para os sítios paulistas desde o século XVII, mas ressalta o fato
de que nas fontes históricas a ocupação da área em questão aparece associada a populações de
filiação cultural Tupi e Gê.
12
Aqui o termo Tupi foi utilizado pelo autor para nomear grupos de matriz cultural Tupi que não eram Guarani.
52
a presença Guarani ou Carijó na bacia do Tietê seria posterior a esses conflitos do século XVI
(MANO 2006: 241).
Cabe pontuar que além desse avanço “espontâneo” dos Guarani para o norte, também temos
uma movimentação forçada desses grupos. Entre 1628-41 o surto sertanista oriundo de São
Paulo iria se voltar justamente para os Guarani das missões espanholas no Guairá, Itatim e
Tape. Tornados escravos, esses guaranis foram transferidos para as diferentes regiões do
planalto e interior de São Paulo (MANO 2000: 242).
Cabe destacar a descrição feita em 1751, por Antonio Rolim, para a presença carijó na vila de
Mogi: “[...] a vila é pequena, como todas as que vi na Comarca de São Paulo, porque a
maior parte de seus moradores assistem nos seus sítios [...] mandando os seus carijós
adquiridos pelo sertão com grandes trabalhos [...]” (MANO 2006: 247). A constatação de
que parte dos guaranis e carijós mencionados nas fontes documentais do interior paulista
esteja associada aos movimentos recentes e forçados não pode desconsiderar a existência de
migrações voluntárias de guaranis desde a região Paraná-Paraguaia em direção ao médio
Tietê, como vimos acima.
Mano indica que ao longo de todo período que abrange do século XVI ao XX, as fontes
documentais revelam a constante ocupação de grupos Tupi e Guarani no trecho do médio
Tietê e nos Campos de Araraquara. Os Tupi estão nas fontes quinhentistas, desaparecendo das
fontes textuais após a notícia do combate que tiveram com os Guarani, ainda no século XVI,
nas imediações do Tietê. Por sua vez, os Guarani que se locomoviam forçosa ou
voluntariamente no sentido sul-norte aparecem documentados desde o século XVI aparecendo
de forma esparsa até o século XIX (MANO 2006).
Manuel Pereira de Godoy (1946, 1974) utiliza o etnônimo Painguá para se referir ao povo que
habitou a região de Pirassununga, colocando esse grupo como Tupi-Guarani, assim:
“...toda a região compreendida entre Piracicaba, Rio Claro, Porto Ferreira,
Pirassununga e até Mogy-Mirim e Mogi-Guassu foi ocupada por volta de 1625,
como grande território de caça, de pesca, de obtenção de recursos naturais para o
citado grupo Tupi-Guarani, pois, todos os materiais líticos (machados, martelos,
raspadores, pilões, pontas de lança e de flechas, etc.), a cerâmica, os desenhos e os
rituais funerários são semelhantes entre si em toda a mencionada região”(GODOY
1974: 151).
53
“Os primeiros humanos foram índios da grande família Tupi-Guarani que aqui
chegaram por volta de 1625 e aqui permaneceram até o ano de 1880 (cerca de 255
anos de ocupação)(...). Provavelmente, um grupo Tupi-Guarani que entrou pelo sul
do Estado, continuou na sua marcha, atingiu a região do atual Rio Piracicaba,
continuou até chegar ao vale do Mogi-Guassu” (GODOY 1974: 149 e 151)
Mano (2006: 205) indica que ao invés de Painguá é mais provável que Godoy tenha se
referido aos Guarani-Kaiowá. De qualquer forma, as pesquisas arqueológicas em Cachoeira de
Emas revelaram, já à época, a presença de artefatos associados à tradição Tupiguarani,
definida posteriormente (cerâmicas policrômas, corrugadas e unguladas), assim como peças
de grupos não Tupi, como por exemplo, os machados semilunares, designados por Godoy
machados-âncora (GODOY 1974: 200). Esses instrumentos estão associados aos grupos Jê
centrais. O próprio Godoy (1974: 201), faz essa correlação ao mencionar que “entre as tribos
Jê do nordeste do Brasil um pequeno machado âncora era trazido pelos chefes de guerra,
como um símbolo de mando”. As pesquisas ora realizadas em Cachoeira de Emas
corroboraram a existência de grupos Tupi e não-Tupi (Jê) nessa região por volta dos séculos
XV-XVI.
Outra questão relevante é o contato direto ou indireto que esses grupos mantiveram com os
luso-brasileiros. Em 1940, na fazenda Cachoeira às margens do rio Mogi-Guaçu, um velho e
gasto machado de ferro foi encontrado dentro de uma urna Tupi, junto com restos de ossos
humanos (GODOY 1974: 203). Além disso, o sítio Cachoeira de Emas 2 foi datado 450 anos
antes do presente. Em Cachoeira de Cima, foram localizados indícios de contato no material
cerâmico do sítio Franco de Godoy, assim como no sítio Franco de Campos, assunto a ser
detalhado adiante. Essas referências demonstram o potencial do diálogo entre a arqueologia e
a etnohistória na construção de uma história indígena regional.
O etnônimo Bilreiro aparece no interior do atual estado de São Paulo já no início do século
XVII:“os Kayapó meridionais –bilreiros -, grupo Jê ocupavam uma extensa faixa territorial a
noroeste da vila de São Paulo” (MONTEIRO 1994: 63). Desse modo, temos uma ampla
distribuição dos Caiapó no interior do atual estado de São Paulo desde pelo menos o início do
XVII. Nos documentos posteriores, quando já se fazem referências explícitas ao termo
Caiapó, desde essa área mais meridional, sua localização se estendia ao triângulo mineiro, sul
de Mato Grosso e sul de Goiás.
Os primeiros documentos são de 1766 e tratam de uma bandeira que foi organizada em Mogi-
Mirim para a conquista do indío Caiapó. Entre 1767 e 1772 pelo menos mais duas bandeiras
partiram por ordem de Morgado de Mateus. Em 1772 expediram-se ordens explícitas para que
em Jundiaí, Mogi-Mirim e Mogi-Guaçu se formassem companhias de mulatos, bastardos e
carijós para atacar o “Gentio Cayapó q’ enfesta as campanhas de Mogiguassú”, elas partiam
de Mogi-Mirim ou Mogi-Guaçu e percorriam a região localizada entre os rios Pardo e Grande
no caminho de Goiás (MANO 2006: 264-265).
A associação entre esses grupos genericamente denominados de Caiapó com alguns sítios
arqueológicos onde têm sido encontradas cerâmicas com características bastante distintas
daquelas relacionadas à ocupação Tupi (tradição Tupiguarani), pode ser colocada como
hipótese a ser solucionada com o avanço da arqueologia regional, mas não deve prescindir de
dados arqueológicos concretos. A variabilidade artefatual atestada na análise de conjuntos
associados à tradição Tupiguarani demonstra que estamos lidando com ocupações
diferenciadas, a mesma variabilidade deve ocorrer nos conjuntos não associados à tradição
Tupiguarani. Nesse sentido, embora as informações etnohistóricas sejam de fundamental
importância para a reconstrução da história indígena regional, as mesmas apontam, assim
55
Outro ponto importante a ser destacado é que as morfologias dos sítios arqueológicos não
podem ser consideradas a priori como morfologia dos assentamentos originais, mas como
parte integrante deles, apresentando hoje uma configuração específica acarretada pelos
56
Passemos aos dados relativos ao meio fisíco da região em apreço. O rio Mogi-Guaçu é o
principal afluente do rio Pardo, nasce no município de Bom Repouso, Minas Gerais, e chega a
sua foz, no município de Pontal, estado de São Paulo, após percorrer 473 km (BRIGANTE;
ESPÍNDOLA 2003: 11). A localização dos sítios arqueológicos abordados na bacia desse rio é
delimitada pelas coordenadas geográficas: 46°30’00’’/ 47°30’00’’; 21°30’00’’/ 22°30’00’,
estando os sítios inseridos em quatro áreas (Prancha 02):
Área 2 - localizada no município de Casa Branca, no médio vale do rio Pardo, representada
pelo sítio Lambari II (AFONSO 2001);
21°30’
LEGENDA
Sítios Francos de Godoy, Franco de Campos e
Barragem nas proximidades da Cachoeira de Cima;
1 Sítio Ponte Preta nas imediações da Cachoeira de
Baixo; Sítio Jardim Igaçaba e Sítio Ipê (Municípios
4
de Mogi-Guaçu e Moji-Mirim);
2
Sítio Lambari II (Município de Casa Branca);
2
Sítio Cachoeira de Emas 02 (Município de
3 Pirassununga);
22°
ESCALA
0 5 10 15 20 25 km
1 Base Cartográfica: Rede Hidrográfica do Estado de São Paulo, IGC-SP,
1985 - Escala 1:1.000.000
Projeção Cônica conforme de Lambert
Dissertação de Mestrado
22°30’ Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso
Vale destacar que a seleção desses sítios partiu de um fator bastante pragmático: a retomada
de todos os sítios arqueológicos - na bacia do médio e alto Mogi Guaçu, que tivessem sido
alvo de intervenções e gerado coleções associadas à tradição Tupiguarani. Não obstante,
pudemos selecionar apenas os sítios nos quais as coleções arqueológicas fossem acessíveis, a
fim de retomarmos o material a partir de uma metodologia de análise unificada.
2
3
Figura 6: Sub-bacias do rio Mogi Guaçu e localização das áreas de pesquisa (Fonte
CBH-MOGI; CREUPI 1999)
O vale fluvial do rio Mogi Guaçu é constituído por leito basáltico, aflorado em derrames nas
corredeiras em Salto do Pinhal, Cachoeira de Cima em Mogi Mirim e Mogi Guaçu, Cachoeira
de Baixo em Mogi Guaçu, Cachoeira de Emas em Pirassununga, Corredeira da Escaramuça
59
em Santa Rita do Passa Quatro e Corredeira dos Três Cordões em Guariba (CBH-MOGI;
CREUPI 1999: 17).
Vale destacar que três dessas corredeiras (Cachoeira de Cima, de Baixo e de Emas) foram
alvo de pesquisas arqueológicas, tendo sido identificados sítios associados à tradição
Tupiguarani em todas elas. Essas áreas de cachoeira estão relacionadas a um importante dado
sobre a hidrografia da região: na Bacia Superior do rio Grande, no Pardo e no Mogi-Guaçu
ocorre o “fenômeno do funil”, que consiste na concentração e dispersão dos cardumes em
função do ciclo migratório anual. Em Cachoeira de Cima, no município de Mogi-Guaçu,
acontece o início da desova, que ocorre em várias áreas onde o rio apresenta desníveis. Esses
cardumes se deslocariam então para o Pardo, em direção ao Rio Grande. Godoy (1974)
registrou na área de Pirassununga um total de 106 espécies de peixes, mostrando a riqueza dos
recursos da área, fato que certamente favoreceu o estabelecimento das populações indígenas.
A bacia do rio Mogi Guaçu se estende por várias províncias geomorfológicas caracterizadas,
de leste a oeste, pelo Planalto Atlântico, Depressão Periférica, Cuestas Basálticas e Planalto
Ocidental Paulista, segundo a subdivisão geomorfológica do estado de São Paulo proposta por
Almeida (1964) e adotada no Mapa Geomorfológico do estado de São Paulo (IPT 1981). Para
caracterização geomorfológica das áreas em apreço adotamos a classificação proposta por
Ross e Moroz (1997), o qual não considera as Cuestas basálticas como província
geomorfológica.
Com base no trabalho desenvolvido por Wüst (1990) elaboramos uma síntese nas qual estão
apresentadas algumas das variáveis pontuadas pela autora para a análise dos padrões de
implantação de grupos ceramistas agricultores. Deve ficar claro que esta caracterização
ambiental não pretende ser uma “reconstrução paleoambiental” da área, mas tão somente
ilustrar sua variabilidade interna e características transicionais (conforme aponta ARAÚJO
2001a: 08). Os sítios foram plotados em bases cartográficas do IBGE (escala 1:50.000), sendo
apresentados nas Pranchas 03 a 06.
Tabela 2: Padrões de distribuição dos Sítios Abordados na Pesquisa
Espessura da
Distância Água mais Distância Tamanho camada
Área Sitio Município Coordenadas Bacia Sub Bacia Margem Altitude Geomorfologia Pedologia Implantação Morfologia/ Anéis/ Concentrações
(m) Próxima (m) (m) arqueológica
(cm)
Franco de 23K 0304254/ Rio Mogi- Depressão de Podzólico 02 Manchas de Solo Antropogênico
1 Mogi Mirim Mogi Guaçu Alto Mogi Esquerda 20 20 600 Terraço amplo 90x160 50
Campos 7524283 Guaçu Mogi Guaçu vermelho-amarelo 01 Área de refugo secundário de alta intensidade
Jardim 23K 298500/ Rio Mogi- Depressão de Latossolo Vertente de Não 04 Estruturas Funerárias (Urnas no Museu
1 Mogi Guaçu Mogi Guaçu Alto Mogi Direita 1700 1700 631 Não acessado
Igaçaba 7526566 Guaçu Mogi Guaçu vermelho-amarelo colina ampla acessado Municipal)
Patamares
23K 0213254/ Médio Mogi Córrego da Média vertente
4 Bom Retiro Luiz Antônio Mogi Guaçu Direita 800 130 600 Estruturais de Latossolo vermelho 130x180 20
7599565 Superior Divisa suave
Ribeirão preto
Patamares
23K 0214431/ Médio Mogi Córrego do Média vertente
4 Monjolo Luiz Antônio Mogi Guaçu Direita 1000 280 600 Estruturais de Latossolo vermelho 100x150 Não acessado
7599547 Superior Monjolo suave
Ribeirão preto
Patamares
23K 0214165/ Médio Mogi Córrego da Topo de colina
4 Ribeira Luiz Antônio Mogi Guaçu Direita 1800 250 640 Estruturais de Latossolo vermelho 200x200 25 02 Estruras Funerárias
7600466 Superior Divisa suave
Ribeirão preto
PRANCHA 03
296 000 298 000 300 000 302 000 304 000
7 530 000
7 528 000
LEGENDA
Escala (m)
ÁREA 1:
2 1 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
PESQUISADOS
7 524 000
3 Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
296 000 298 000 300 000 302 000 304 000
PRANCHA 04
284 000 286 000 288 000 290 000 292 000
7 608 000
7 606 000
7 604 000
LEGENDA
1. Sítio Lambari II
Escala (m)
ÁREA 2:
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
PESQUISADOS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
7 600 000 Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
284 000 286 000 288 000 290 000 292 000
PRANCHA 05
7 576 000
0
LEGENDA
Escala (m)
3
1 7 600 000
2 4
LEGENDA
3. Sítio Ribeira
4. Sítio Monjolo
Escala (m)
ÁREA 4:
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
210 000 212 000 214 000 PESQUISADOS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
66
Os primeiros trabalhos realizados nesse sítio remontam ao ano de 1979 quando o Setor
de Arqueologia do Museu Paulista da Universidade de São Paulo foi contatado pelo
proprietário do terreno, Edson Franco de Godoy, que havia achado uma urna funerária
ao fazer o embasamento de sua casa.
A área com dispersão dos artefatos cerâmicos revelou-se ampla, ocupando também
terreno pertencente à Prefeitura Municipal de Mogi Guaçu. Naquela ocasião, Pallestrini
estabeleceu “as bases de uma pesquisa a ser realizada no local, tendo em vista a notável
fertilidade arqueológica representada pelos inúmeros fragmentos cerâmicos espalhados
no solo do sítio em questão” (PALLESTRINI 1981-1982: 116). O sítio foi escavado no
decorrer de dois anos consecutivos, quando foram evidenciadas estruturas habitacionais,
funerárias e de combustão. A datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da
USP, em 1550 anos antes do presente (método do Carbono 14) tornou esse assentamento
de peculiar interesse para o estudo da ocupação do estado de São Paulo por grupos
ceramistas.
Neste sítio Luciana Pallestrini adotou a mesma abordagem já utilizada para os sítios do
Paranapanema, o método de escavação em “superfícies amplas”. Os trabalhos foram
realizados numa área de 100x100 metros, embora a autora indique uma provável
extensão de 200x100 metros para o assentamento, de acordo com o exame superficial da
dispersão dos vestígios (PALLESTRINI 1981-1982: 117). A abertura de dois perfis
67
Alves (1988) classificou esses fragmentos em 159 peças sem decoração, 62 peças
corrugadas, 16 peças unguladas, 70 peças com decoração pintada e 1 rolete (Prancha
07). As dimensões das urnas estão indicadas na tabela abaixo:
13
Vale destacar que a amostra de carvão datada foi coletada no Perfil 1, em área adjacente a mancha 1.
14
Informações atestadas pela Profa. Dra. Márcia Angelina Alves.
68
Piedade (1994) realizou o tratamento dos restos esqueletais das urnas 1, 2 e 315, que
corresponderiam respectivamente, a um adulto jovem, um adulto e uma criança. A
autora também sugere que esses enterramentos teriam sido primários. Vale destacar que
o sepultamento primário em urnas aparece indicado na documentação etnográfica
quinhentista, sendo identificado em pesquisas arqueológicas realizadas em Araruama,
Rio de Janeiro (BUARQUE; RODRIGUES-CARVALHO; SILVA 2003).
15
O material esqueletal foi deixado, à época, com o Sr.Edson Franco de Godoy.
PRANCHA 07
1 2
LEGENDA
2. Fragmentos cerâmicos e
artefatos líticos coletados na
Urna 3 primeira etapa das pesquisas
realizadas no sítio. Em destaque
fragmento que fazia parte,
provavelmente, de uma vasilha de
contorno complexo destinada ao
3. Fragmentos cerâmicos
coletados na primeira etapa de
pesquisas.
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Fonte: PALLESTRINI 1983
A Tabela 05 apresenta uma síntese dos trabalhos efetuados nas duas pesquisas e a planta
apresentada na Prancha 08 mostra as evidências detectadas em ambas as pesquisas. A
área da Mancha 2 ou Estrutura Habitacional 2, mapeada quando dos trabalhos realizados
por Pallestrini, mostrou-se particularmente interessante ao apresentar quatro fogueiras
sendo, uma interna e três externas à mancha. Nesta mesma mancha foram detectados em
seu interior os chamados “buracos de esteio”.
Figuras 8 e 9: Visão da porção sul do sítio arqueológico e dos fragmentos cerâmicos em superfície (Maio
de 2005). As urnas 1, 2 e 3 foram coletadas durante a construção das fundações da casa evidenciada na
foto.
71
A situação de implantação junto ao rio faz com que o sítio arqueológico esteja sujeito,
com grande freqüência, à dinâmica erosiva deposional do rio Mogi Guaçu. À época do
resgate arqueológico foram observados muitos fragmentos cerâmicos depositados em
meio às pedras do rio, fenômeno ainda verificado durante nossos trabalhos.
Como grande parte do sítio encontra-se em área de mata tornou-se imperativa a adoção
de um método apropriado para a delimitação de sítios em áreas de baixa visibilidade e
acessibilidade. Desse modo, estabelecemos dois eixos orientados N-S e L-W, a partir do
75
quais abrimos poços testes a cada 10 metros. Essas intervenções consistiam em furos
feitos com cavadeira “boca de lobo”, alcançando cerca de 30 cm de diâmetro e 50 cm de
profundidade. Vale destacar que todo o sedimento era cuidadosamente peneirado em
níveis artificiais de 10 cm, dando confiabilidade aos resultados alcançados (conforme
proposto por ARAÚJO 2001a).
Figuras 12 e 13: Demarcação das linhas de sondagem com auxílio de bússola, abertura de poço teste com
cavadeira e peneiramento do sedimento.
O sedimento da área onde se encontra implantado o sítio varia entre argila silto-arenosa
(coluvião) e aluvião (areia fina e média) e os vestígios arqueológicos estão sempre
associados a camadas de solo antropogênico, com coloração escura. Na Unidade de
Escavação 03 foi identificada uma possível área de lixeira caracterizada pela presença de
terra preta associada a grande quantidade de fragmentos cerâmicos e vestígios
faunísticos (Prancha 10). Esses vestígios faunísticos estão bastante fragmentados,
tratando-se, em geral, de ossos de aves e mamíferos, predominando os últimos.
Situado a cerca de 150 metros do rio Mogi Guaçu, em amplo terraço, este sítio
apresentou uma área de 230x150m de dispersão dos vestígios arqueológicos. Cinco áreas
mapeadas foram interpretadas como vestígios de estruturas habitacionais, o que denota
uma importância significativa desse sítio no cenário das ocupações agricultoras
ceramistas na área de Cachoeira de Cima. Cabe ressaltar que esses possíveis vestígios de
estruturas habitacionais estavam associados aos chamados solos antropogênicos
(MORAIS 1995).
Os trabalhos efetuados abordaram uma parcela do sítio, visto que parte do sítio
continuaria preservada no interior da mata vizinha (MORAIS 1995). As técnicas
arqueológicas utilizadas foram a varredura superficial - aproveitando-se da raspagem do
solo feita pelas máquinas de terraplanagem, e a abertura de 7 sondagens para verificação
em sub-superfície (MORAIS 1995). As intervenções efetuadas, assim como das
possíveis estruturas habitacionais estão apresentadas na Prancha 11.
81
Em 1992 a equipe do Prof. José Luiz de Morais efetuou uma visita técnica na área do
antigo sítio arqueológico, coletando informações orais com a população e efetuando o
registro do local onde os vestígios haviam sido encontrados. Verificou-se que as obras
de terraplanagem destruíram totalmente as evidências (MORAIS 1995: 86).
Figuras 19 e 20: Visão sudoeste do sítio em área de atual plantio de mandioca e borda com decoração
83
Figuras 21 e 22: Visão noroeste do sítio e material arqueológico em superfície em área na qual foram
realizadas coletas assistemáticas pelo proprietário do terreno.
Araújo (2001a) chama atenção para o potencial analítico dos sítios arqueológicos em
superfície, desde que empregados métodos adequados. O autor indica que a coleta peça a
peça com auxílio de uma Estação Total possibilita um incremento significativo dos
resultados obtidos (ARAÚJO 2001a), fator observado na pequisa efetuada no sítio
Cachoeira de Emas 2, apresentado adiante. Desse modo, embora tenhamos observado
fragmentos cerâmicos na superfície do sítio Ipê, não efetuamos nenhuma coleta, pois
julgamos prudente realizar, no futuro, um trabalho sistemático com coleta ponto a ponto,
o qual proporcionará dados mais detalhados.
85
O sítio Ponte Preta foi cadastrado por Morais (1995) também durante o Salvamento
Arqueológico na área de influencia da PCH Mogi-Guaçu. Não obstante, o sítio está
localizado a 26 km da área de Cachoeira de Cima, no Distrito de Martinho Prado. Esse
assentamento está situado a poucos metros da calha do rio Mogi-Guaçu, junto a uma
seção do canal bastante acidentada, conhecida como Cachoeira de Baixo ou Itupava-
Mirim, sendo que, entre a cachoeira e o sítio se desenvolve uma ampla área de várzea
(MORAIS, 1995: 86). O sítio está implantado a 23 metros sobre o nível de base local
representado pelo rio.
Figuras 23 e 24: Visão geral do sítio arqueológico inserido na média encosta do terraço estrutural da
margem direita do rio Mogi e fragmento cerâmico em superfície.
86
A escolha de um sítio localizado na bacia do rio Pardo16, mesmo que sob influência da
bacia do Mogi Guaçu, teve como objetivo detectar ou não uma variabilidade maior entre
os artefatos cerâmicos desse conjunto em relação aos demais conjuntos evidenciados na
bacia do Mogi. Ademais, esse sítio pode fornecer dados diferenciados sobre o padrão de
estabelecimento dessas populações na bacia do Pardo. Outro fator decisivo na escolha
desse sítio foi que ele já vem sendo abordado desde nossa pesquisa de iniciação
cientifica, revelando uma problemática interessante ao estar a cerca de 1 km de uma
ocupação de um grupo ceramista diferenciado (AFONSO; MORAES 2003, 2006).
O sítio Lambari II está implantado em uma alta vertente até uma ruptura brusca na
declividade da encosta que apresenta o ribeirão Lambari na sua base, ocupando posição
privilegiada, pois se encontra em uma das vertentes que formam o interflúvio do ribeirão
Congonhas e do Lambari, ambos afluentes do rio Pardo. Os vestígios arqueológicos
ocupavam uma área de aproximadamente 160 x 180 m, estes se encontravam espalhados
tanto na faixa de domínio, que seria impactada pela duplicação da estrada, quanto na
área de cultivo de algodão.
16
Esse sítio foi pesquisado durante o “Resgate Arqueológico dos Sítios Água Branca, Lambari I e
Lambari II, Municípios de Casa Branca e Mococa - SP”, desenvolvido por Afonso (2001), no âmbito da
duplicação da Rodovia SP-340.
87
Foi utilizada a estação total para mapear o perímetro do sítio, os pontos importantes para
os trabalhos topográficos e uma área de coleta de 5 metros por 5 metros. As oito
sondagens confeccionadas também foram demarcadas com a estação total (Prancha 13)
e permitiram o controle da estratigrafia do sítio.
Vale ressaltar que mais de 3000 peças foram marcadas na superfície no sítio quando do
resgate arqueológico, mas as mesmas não foram coletadas devido ao fator tempo.
Contudo, em etapa de campo subseqüente, quando a equipe se direcionava para o resgate
88
do sítio Lambari I – sítio lítico encontrado também nos trabalhos de resgate na SP-340,
mas que não compõe a problemática do presente projeto, foi feita uma visita ao sítio
Lambari II. O algodão havia sido colhido e o terreno apresentava-se totalmente arado, no
entanto, não foi localizada a mesma densidade de material arqueológico em superfície. O
soterramento das peças em superfície confirma o fato de que a atuação do arado
provoca, sobretudo, a movimentação vertical das peças (para maiores detalhes ver
ARAÚJO 2001a).
17
Trabalho realizado pela empresa Scientia Consultoria Científica S/C Ltda
90
Essas áreas podem ter correspondido a cinco sítios arqueológicos, no entanto, o material
acessado na Coleção Particular de Godoy apresenta peças coletadas em apenas três
pontos: Fazenda Elói Chaves, Estação Experimental de Biologia e Piscicultura (EEBP) e
Vila de Oficiais da Aeronáutica, o que leva a crer que ainda não foi acessada toda a
coleção formada pelo pesquisador18.
No presente trabalho optamos por denominar essa área como “Complexo Cachoeira de
Emas”, uma vez que estamos lidando com uma área com alto potencial arqueológico,
que requer necessariamente, trabalhos de prospecção sistemática que avaliem a
dispersão dos sítios arqueológicos e seu estado de conservação, dentro de um programa
de gestão do patrimônio arqueológico. Vale destacar que, além dos sítios associados à
18
Parte dessa coleção estaria, conforme indicações do autor (GODOY 1974), no Museu da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, mas não identificamos a presença dessa coleção nessa instituição.
91
Figuras 30 e 31: Localização do sítio Cachoeira de Emas 3 e documentação dos vestígios evidenciados.
O sítio Cachoeira de Emas 4 forneceu apenas material lítico lascado em superfície, com
o predomínio de lascas de silexito. Uma vez que não se insere na problemática dessa
pesquisa, foi realizado apenas seu cadastro. Nesse sentido, dos sítios ora cadastrados
nessa micro-região, o sítio Cachoeira de Emas 2 foi alvo de um estudo mais
aprofundado, detalhado a seguir.
PRANCHA 14
7575000
1
2
3 3 5 6
1
4 7
10 7574000
11 2
9
4 LEGENDA
n SítioArqueológico;
n Ocorrência arqueológica.
8
7573000 COMPLEXO CACHOEIRA DE EMAS:
LOCALIAÇÃO DOS VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS
ESCALA
0 200 400 600 800 1000 km
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso
95
Figuras 32 e 33: Caminhamento sistemático para localização das peças em superfície e material
demarcado com auxílio de bandeiras.
A área do sítio sofreu durante décadas atividades de aração, relacionada nos últimos
anos ao plantio de cana-de-açúcar. Pesquisas têm indicado que o arado não tem uma
ação tão destrutiva, como se acreditava anteriormente. Segundo Araújo (2001a) a
definição de sítios pertubados ou destruídos passa pelo fato dos mesmos estarem
próximos à superfície, partindo de uma idéia errônea de que apenas sítios enterrados
apresentam potencial interpretativo. No entanto, todo sítio enterrado já esteve exposto
em superfície e, em relação ao arado sabe-se que “o principio de funcionamento do
arado e implementos agrícolas consiste basicamente em revolver a terra, não em
transportá-la” (ARAÚJO 2001a: 118).
96
O mesmo autor, ao fazer uma síntese de trabalhos que realizaram experimenções sobre a
atuação do arado em materiais arqueológicos superficiais, conclui que a movimentação
vertical pode chegar a uma média de 40 cm, enquanto a horizontal varia de 2 a 3 metros
(ARAÚJO 2001: 118-124). Assim, as peças maiores tendem à superfície e há uma perda
de resolução, mas que não torna a disposição dos objetos aleatória. Os resultados serão
mais precisos quanto melhor a sistematização da coleta dos objetos, sendo que coletas
sucessivas podem fornecer parâmetros mais seguros a respeito da composição do
registro arqueológico em estudo. Desse modo, o sítio Cachoeira de Emas 2, apesar de ter
sofrido a atuação constante do arado, forneceu informações relevantes uma vez que
contamos com o mapeamento de duas áreas de concentração de vestígios.
Cabe destacar que as atividades ora efetuadas tiveram como objetivo a salvaguarda do
patrimônio no âmbito do empreendimento projetado, motivo pelo qual as sondagens não
avançaram na porção noroeste do sítio, embora tenhamos nessa área peças em superfície
(Concentração 2). A realização de outras etapas nesse sítio poderá complementar os
dados ora apresentados. As unidades de escavação também revelaram uma única camada
estratigráfica caracterizada por sedimento argilo-arenoso de coloração avermelhada.
98
Vale ressaltar que, antes do desenvolvimento da pesquisa arqueológica, esse sítio foi
alvo de coletas assistemáticas por parte do Alaur da Matta, professor local e arqueólogo
amador. Caldarelli (1983) chegou a exumar parte desse acervo, assim como registrou a
presença de duas urnas na coleção particular do referido senhor. Atualmente, esse acervo
encontra-se reunido no Museu de São Simão, estando apresentado no Capítulo 4.
Quando dos trabalhos de campo, o sítio estava associado a áreas de pasto e plantação de
milho, sendo que uma estrada não pavimentada havia cortado o sítio, afetando a
disposição dos vestígios arqueológicos. Foram delimitadas aleatoriamente três áreas de
30x30m para coleta de vestígios em superfície nas concentrações de peças. Também foi
efetuada uma sondagem para verificação da estratigrafia do sítio, a mesma revelou uma
camada arqueológica com 25 cm de espessura, a partir da superfície (CALDARELLI,
1983). A Prancha 16 mostra o croqui com as respectivas áreas de coleta de material,
assim como o ponto onde uma das urnas teria sido coletada.
PRANCHA 16
córrego
arado
Cerca
B C
milho Estrada
Córrego
pasto
Áreas de coleta
Urna
ESTRADA p/ Luís Antônio
A
ESCALA
urna ESCALA
milho 0 20 40 60m
0 20 40 60m
Fonte: Croqui de campo adaptado de Caldarelli (1983)
Figuras 34 e 35: Caminhamento na área de pasto onde ocorrem fragmentos cerâmicos de modo esparso e
fragmento cerâmico corrugado, encontrado na superfície do sítio.
101
O sítio Monjolo está localizado Fazenda Ribeira, município de Luis Antônio. Na mesma
fazenda foi encontrado o sítio arqueológico Ribeira, anteriormente explicitado. Embora
tenha apresentado uma densidade baixa de vestígios cerâmicos, a equipe de Caldarelli
(1983) conseguiu delimitar uma área de dispersão dos fragmentos em 100 x 150 metros.
Este sítio estava próximo à olaria da fazenda Ribeira, conforme indicado no croqui de
campo (Prancha 17), junto a uma fonte de argila no leito do Córrego do Monjolo. Essa
fonte de matéria-prima foi, certamente, um fator atrativo para instalação do grupo
agricultor ceramista na área em tempos pretéritos.
Segundo Caldarelli (1983) foram delimitadas duas áreas de 8x8m para coleta de
vestígios em superfície. Também foi efetuada uma coleta aleatória de bordas com intuito
da realização de reconstituições morfológicas, uma vez que as coletas efetuadas nas
áreas determinadas não ofereceu um número significativo de peças diagnósticas.
PRANCHA 17
olaria
N
LEGENDA
Delimitação do sítio
B Cerca
Áreas de coleta
SÍTIO MONJOLO:
CROQUI GERAL
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
103
Figuras 36 e 37: Indicação da área de localização do sítio (visão tomada a partir do sítio Ribeira) e fragmentos
cerâmicos em superfície.
104
3
Limites das c
cerâmica LEGENDA
2 Áreas de coleta
ESCALA
0 5 10 15m
ESCALA
0 5 10 15m
1 Fonte: Croqui de campo adaptado de Caldarelli (1983)
SÍTIO CÓRREGO DO
ESTRADA CANAVIAL: CROQUI GERAL
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
106
O sítio situa-se na Fazenda Bom Retiro, município de Luis Antônio. Apresentando uma
área de dispersão dos vestígios arqueológicos de 180x130 metros, o sítio arqueológico
também forneceu pontos de maior densidade de fragmentos cerâmicos, no entanto, esses
pontos não tiveram seus limites bem definidos, impedindo a possível reconstituição de
prováveis áreas de estruturas habitacionais.
Dos sítios localizados na Área 4, o Sítio Bom Retiro é o único datado até o momento. A
datação em 924 anos BP, efetuada pelo método da termoluminescência no Instituto de
Física da USP, aponta para uma ocupação bastante recuada dessa área por grupos
ceramistas associados à tradição Tupiguarani.
Esse sítio tem como água mais próxima o Córrego da Divisa, distando cerca de 800
metros do rio Mogi Guaçu. O relevo da área é ondulado com vertentes suaves e o sítio
encontra-se implantado em meia vertente. O sítio apresenta-se em cota altimétrica de
600m. O sedimento apresentou-se argiloso marrom-avermelhado e argiloso. A vegetação
original era caracterizada por um cerrado adjacente à mata galeria, mas quando dos
trabalhos de campo, a área era usada para pasto e plantação de cana.
Foram realizadas coletas superficiais totais nas áreas de maior densidade de peças,
procedimento diferenciado daquele adotado nos outros sítios da mesma área. A
documentação de campo indica uma espessura de 20cm da camada arqueológica. A
Prancha 19 apresenta um croqui com as respectivas áreas de coleta.
PRANCHA 19
es
tr a
da
C
LEGENDA
Delimitação do sítio
Cerca
pas Estrada
to A
Áreas de coleta
ESCALA
0 10 20 30m
ESCALA
Delimitação do sítio SÍTIO BOM RETIRO:
0 10 20 30m
CROQUI GERAL
C Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
109
Dentre os sítios da Área 4, todos submetidos à reavaliação, o sítio Bom Retiro foi o que
apresentou uma maior densidade de fragmentos cerâmicos em superfície. Atualmente o
sítio encontra-se implantado em área destinada ao plantio de laranja, sendo efetuado o
registro das coordenadas UTM de localização dos vestígios e a documentação
fotográfica do local. .
CAPÍTULO 4
111
O conceito de estilo foi tratado por diversos autores, não existindo um consenso quanto a
sua definição ou natureza. Desse modo, pretendemos pontuar algumas visões sobre o
conceito, explicitando quais idéias influenciaram no desenvolvimento desse trabalho.
Para Martin Wobst o “estilo tem função” (WOBST Apud HEGMON 1998: 264), sendo
a parte da variabilidade formal que participa de processos de troca de informação. Ou
seja, o estilo seria sempre ativo, residindo em aspectos da variabilidade formal nas quais
o (a) artesão (ã) coloca intencionalmente sinais (WOBST Apud DAVID; KRAMER
2001: 170). Nesse sentido, vale destacar que o autor está associado à Teoria da Troca de
Informação, na qual o estilo é tido como uma decisão consciente, sendo uma resposta
adaptativa em relação a uma condição social, ecológica ou individual, assim, a emissão
de mensagens por meio da cultura material seria interessante para idéias que mudam
lentamente, exigindo pouca manutenção, além disso, os objetos portáteis e visíveis
seriam os mais adequados (DAVID; KRAMER 2001).
Por outro lado, a Teoria da Interação Social - na qual podem ser incluídos os trabalhos
de Plog e Deetz, postula que o estilo é resultante de processos de enculturação, onde
determinadas redes de ensino-aprendizagem geram uma homogeneidade, ou seja, o
estilo é passivo, resultado de normas sociais (CARR 1995: 153). A teoria da interação
112
social pode ser associada à escola histórico-cultural, mas a ênfase na interação como
geradora de variabilidade aparece em trabalhos mais recentes, que tornaram a discussão
mais complexa.
No mesmo ano do trabalho de Wobst, temos o artigo de James Sackett (1977) no qual o
autor lança as bases de um modelo para a compreensão do significado do estilo na
arqueologia. Ao contrário de Wobst, Sackett aponta que o estilo pode ser passivo ou
ativo, criando os conceitos de estilo isocréstico e iconológico, os quais refletem,
respectivamente, enculturação versus comunicação como determinantes do estilo.
Sackett apresenta algumas idéias de suma importância: a primeira é que o estilo diz
respeito a uma maneira de fazer algo em um determinado tempo e lugar, a segunda é que
estilo e função são aspectos indissociáveis e, por fim, que a análise do estilo e função dá
conta da explanação acerca da variabilidade artefatual (SACKETT 1977: 370), postura
que adotamos nesse trabalho.
apenas iconológica uma vez que ela estaria em aliança com um “adjunctism” – vale
destacar a diferença entre forma adjunta e “adjunctism”, sendo este último aliado à idéia
de que o estilo reside apenas na decoração (SACKETT 1991: 42).
Vale destacar que, no estudo da cerâmica associada a tradição Tupiguarani, objeto dessa
pesquisa, o risco reside na supervalorização dos atributos decorativos. Como aponta
Sackett, nenhum elemento oferece uma gama de escolhas tão ampla como a decoração,
mas a escolha está envolvida em todo processo de produção dos artefatos, sendo
determinada culturalmente (SACKETT 1991: 34).
A relação entre estilo, função e etnicidade foi tratada de modo mais aprofundado no
debate travado entre Sackett e Wiessner. A autora trabalhou com o conceito de
organização tecnológica (que enfatiza estratégias econômicas para lidar com o
ambiente), mas, ao mesmo tempo, pensou em estratégias nas quais as variações
estilísticas das pontas de projétil San, do deserto do Kalahari, estão associadas aos laços
de reciprocidade entre os diversos grupos lingüísticos que ocupavam a região
(WIESSNER 1983). Para a autora o estilo é utilizado como instrumento para transmitir
mensagens a respeito da identidade social (estilo emblemático associado a uma
linguagem simbólica coletiva) e individual (estilo assertivo associado a uma visão
pragmática e idiossincrática), apresentando, de certa forma, idéias bastante próximas à
visão já pontuada por Wobst (Teoria da Troca de Informação). Esse trabalho sofreu
duras críticas de Sackett, uma relacionada à idéia de que estilo simboliza etnicidade a
partir de uma auto-denominação dos indivíduos – para Sackett essa diferenciação
também decorre das tradições artesanais e das redes de ensino-aprendizagem, e a outra é
que para a autora o estilo estaria presente em apenas algumas características formais,
resultando no que Sackett entende como uma dicotomia entre estilo e função.
Embora exista uma infinidade de definições de estilo, ainda são poucas as tentativas em
se criar uma metodologia de como abordar o fenômeno estilístico na cultura material.
Para alguns autores, como David e Kramer (2001) seria impossível formular uma teoria
geral do estilo, já para Carr (1995) e Hegmon (1998) é possível pontuar alguns
princípios gerais que norteiam o debate.
114
Para Carr o estilo é um resultado, uma marca e não um processo, por outro lado, ao
propor uma hierarquia de atributos, Carr se aproxima do conceito de performance
primária e secundária colocado por Schiffer e Skibo (1997). Outro ponto a ser ressaltado
é que o conceito de design proposto por Carr vem de encontro ao conceito de
variabilidade formal de Schiffer. Já Hegmon chama atenção para o fato de que o estilo é
uma construção teórica, concordando com a idéia de que este tem muitos significados,
pressupondo unidades analíticas e hierarquia de atributos (HEGMON 1998).
Wiessner afirma que, a despeito das múltiplas definições de estilo, o ponto comum é que
este consiste em uma comunicação não-verbal, ou seja, todo estilo tem um referente
social e histórico. Outra questão importante levantada pela autora é que, ao invés de
pensar onde o estilo reside, pode-se tentar compreender que tipos de informações estão
presentes no estilo, como por exemplo, as fronteiras sociais, os processos de interação
social, a relação entre estilo, indivíduo e sociedade e, ainda as relações de status e poder
(WIESSNER 1991). Na presente pesquisa, se por um lado consideramos a
multiplicidade de informações que residem no estilo cerâmico, por outro lado levamos
em conta os limites da análise ora efetuada, bastante voltada à variabilidade formal dos
artefatos.
Desse modo, o estilo vernacular Tupi está relacionado aos atributos que se repetem
dentro de um largo espectro temporal, como por exemplo, a recorrência de bandas
vermelhas que organizam os campos decorativos e até mesmo a repetição de alguns
motivos, como as séries de bastonetes nos campos secundários, conforme veremos
adiante. O refinamento das análises pode evidenciar, por sua vez, os atributos que
particularizam mais o objeto, associados aos estilos regionais, fenômenos de interação
cultural e expressão de relações sociais e políticas.
Nesse estudo não adotamos a dicotomia entre estilo e função e consideramos que o estilo
tem diversos níveis de análise,
“Style may be expressed at several different levels of ethnic resolution,
ranging from individual kin groups within individual settlements (...) to great
culture-historical complexes that occupy considerable blocks of space and
time” (SACKETT 1991: 33)
O trabalho desenvolvido por Roe (1995) apresenta uma opção metodológica interessante
para o estudo do estilo, ao pontuar que esse tem várias escalas de análise. Para Roe o
estilo é definido por alguns elementos básicos: é reconhecível por atributos visíveis em
termos éticos; é caracterizado por uma virtuosidade, ou seja, tem um investimento em
sua produção o que não significa que exista uma dicotomia entre estilo e função; é um
veículo de significado, mas ao mesmo tempo constrói significado; é contextualizado
historicamente; o estilo reside na escolha; o estilo envolve também emoções, estética e
116
cosmologia e, por fim, o estilo é entendido como um processo, como uma criação. Por
ser um fenômeno hierárquico, o estilo não pode ser estudado apenas com um método,
assim o autor pontua cinco níveis de análise do estilo: psicológico, formal, social, mítico
e estrutural (ROE 1995: 38).
Roe também chama atenção para a relação entre tradição cultural versus criatividade
individual, arquivo versus amnésia cultural, relações de ensino-aprendizagem e status
social e econômico do artista (ROE 1995: 45-55). O autor pontua alguns esquemas que
correlacionam as principais variáveis sociais que irão determinar uma continuidade
cultural (arquivo) ou uma amnésia cultural.
Por outro lado, existiu certamente, um esforço ativo de criação dos artesãos (ãs): “This
illusion of temporally shallow, traditional production, coupled with its subtle variability,
masks the active struggles of individual artists” (ROE 1995:48), essa criatividade
individual só pode ser evidenciada por meio de formas de classificação mais detalhadas,
conforme pontuado adiante.
117
Por sua vez, a noção de escolha surge como fundamental para o desenvolvimento desse
trabalho, pois, a despeito da idéia de que os sistemas tecnológicos são resultado de
estratégias adaptativas onde a cultura seria um meio extra-somático de adaptação, a
tecnologia é carregada de significados sociais e culturais (SILVA 2000), que
determinam a escolha do artesão (ã) dentro das opções existentes, consistindo em um
determinado estilo tecnológico.
Desse modo, o objetivo da análise dos fragmentos, principais vestígios dos sítios em
estudo, é acessar os vasilhames cerâmicos enquanto ferramentas projetadas para
determinada função, fato que direciona as escolhas tecnológicas do artesão (ã). Nesse
sentido, o objetivo da análise será primeiramente o reconhecimento da tecno-função dos
vasilhames cerâmicos, pois “the most appropriate method for exploring the functions of
a technology may be first to investigate and understand the technofunctional
relationships before assigning socio- ou ideofunctions” (SKIBO 1992: 34).
120
- Análise qualitativa: Por fim, formamos grupos hipotéticos onde os fragmentos são
divididos de acordo com a função presumida da vasilha da qual faziam parte. As funções
presumidas são estabelecidas com base nas características formais das peças
relacionadas aos acabamentos de superfície, a partir de informações existentes para
cerâmica Guarani e Tupinambá, configurando uma abordagem etnoarqueológica.
121
Todo artefato cerâmico parte de uma argila transformada em pasta, essa pasta é definida
a partir da relação argila19 x antiplástico (LA SALVIA; BROCHADO 1989: 17). Os
atributos antiplástico, espessura e frequência do antiplástico buscam evidenciar quais as
19
Suguio coloca duas definições de argila (1980: 84). A primeira não possui sentido mineralógico e corresponde a todas as partículas
com granulação fina encontradas nos sedimentos e solos (partículas com diâmetros inferiores a 0,004 mm). A outra definição baseia-
se na composição química, onde as argilas compreendem os silicatos de alumínios hidratados pertencentes aos grupos da caulinita,
montmorillonita, illita, clorita, vermiculita.
122
A questão do antiplástico tem sido objeto de diversas discussões (ver RYE 1981;
GOMES 2002), no entanto, mais que um problema de nomenclatura, a definição do
antiplástico possui uma complexidade maior, uma vez que sua classificação é tomada
muitas vezes como produto de diferenças culturais. Essa postura é, em grande parte,
herança das pesquisas realizadas, na década de 1950, pelo Programa Nacional de
Pesquisas Arqueológicas, que enfatizava os antiplásticos nas definições das tradições e
fases.
Cada tipo de antiplástico presente na pasta cerâmica foi mensurado, ou seja, tem-se para
cada fragmento a espessura máxima de cada um dos tipos de antiplásticos identificados,
evitando perdas de informação sobre o processo produtivo (segundo proposto por
CHILTON 1998).
- Alisado: O alisamento é executado após a confecção do vaso com a argila ainda úmida,
servindo-se de variados instrumentos, tais como: seixos rolados, sabugos de milho,
taquaras e mesmo as mãos.
- Polimento: Pode estar associado à Brunidura ou ao Lustro. A técnica da brunidura
resulta em superfícies escuras com brilho intenso chegando ao vítreo (ROBRAHN 1989:
67). Essa técnica de tratamento de superfície está associada a diferentes técnicas de
execução, conforme a bibliografia sobre o tema, baseada em dados etnoarqueológicos.
Uma delas envolve diferentes etapas de execução: durante a secagem as peças são
polidas e após a queima são impregnadas com certos tipos de vegetais e diretamente
aquecidas em banhos de fumaça para atingir a cor preta (MILLER 1978 Apud
OLIVEIRA 2000: 163). Outra está associada à aplicação de uma resina, passada na
superfície da peça quando está ainda está quente o suficiente para provocar a combustão
dessa resina, e “após o resfriamento a superfície apresenta aspecto vitrificado” (KERN;
COSTA 1997: 122). Robrahn (1989: 67) indica que as superficies vítreas, com coloração
laranja, vermelha ou marrom não foram submetidas a um ambiente redutor, sendo então
denominadas de lustro.
- Tratamento Plástico: Esse tipo de acabamento consiste na modificação tridimensional
da superfície da vasilha com a argila ainda moldável, antes da queima. Quando esse
tratamento apresenta-se em toda superfície externa do fragmento, o atributo acabamento
de superfície será apenas classificado como plástico, por outro lado, quando se apresenta
apenas em uma porção do fragmento, será classificado também de acordo com o tipo de
acabamento utilizado como suporte para o tratamento plástico. Um bom exemplo é
quando existe a presença da decoração corrugada, a qual não é, na maioria das vezes,
precedida por outro acabamento de superfície.
- Tratamento plástico ou alisado mal acabado: Adotou-se essa classificação quando
não foi possível determinar se foi efetuado um péssimo alisamento ou um tratamento
plástico bastante irregular. Nesse ponto convém lembrar que a simples citação da
impossibilidade de classificação não nos dá possibilidade de conhecer as razões que
impediram a classificação, neste caso, a dimensão do fragmento foi o fator limitante da
análise, não apresentando elementos suficientes para o reconhecimento da expressão
decorativa, caso ela tenha existido.
125
Foi dada especial atenção à análise dos grafismos pintados, com a reprodução de todos
os tipos de unidades decorativas, permitindo assim comparações dentro do conjunto
selecionado e com os motivos identificados em outras pesquisas. As escolhas
tecnológicas têm razões de ordens práticas e simbólicas e, no caso dos grafismos, sabe-
se que esses objetos ricamente decorados participam ativamente de complexas relações
sociais, econômicas e políticas. No entanto, a análise empreendida não tem como
objetivo principal o significado simbólico desses grafismos, mas a identificação ou não
de padronizações regionais dos mesmos, assim como busca desenvolver uma reflexão
sobre a performance visual desses grafismos, que passam mensagens diversificadas no
contexto social desses grupos.
Com relação ao ungulado, Jácome et al (2003) indicam que em poucos casos analisados
em Minas Gerais a decoração ungulada teria sido feita com a unha, tendo sido utilizado
algum outro tipo de instrumento. Chegaram a esta conclusão observando a profundidade,
largura e curvatura das incisões, além da ausência absoluta de indício da ‘polpa do
dedo’. Esse tipo de ungulado foi denominado “pseudo-ungulado”, terminologia que
adotamos nesse trabalho. Desse modo, os ungulados estão classificados em ungulados e
pseudo-ungulados.
Por outro lado, os vasilhames inteiros presentes nos museus e coleções particulares da
região têm possibilitado insights interessantes acerca do uso pretendido e do uso real,
assim como dos limites e possibilidades interpretativas das análises de fragmentos.
Segundo Rice (1987), vasilhas destinadas ao preparo (sem fogo) e/ou serviço devem ser
abertas para facilitar o acesso, as últimas apresentariam tratamento de superficie bem
elaborado, também como função simbólica.
129
O Grupo 2 é composto por bordas diretas inclinadas internamente que indicam formas
fechadas e sempre apresentam pintura externa. Essas peças corresponderiam às jarras
destinadas o preparo (fermentação) e/ou armazenamento de bebidas. Os ombros com
presença de banda e grafismos na superficie externa também foram considerados como
pertencentes a esse grupo.
O Grupo 3 é composto por bordas que indicam formas fechadas com superfície externa
alisada e/ou decoração plástica. As peças com dimensões medianas/ grandes
corresponderiam às panelas, tendo como função presumida o preparo (cocção) de
alimentos e/ ou bebidas, dada suas formas arredondadas e/ou piriformes.
De acordo com Rice (1987) vasilhas com formas arredondadas e/ou cônicas, ausência de
ângulos e pouco tratamento de superfície - que geralmente é mais áspera facilitando
manuseio, estariam relacionadas a atividades de cocção. Por outro lado, as miniaturas e
peças pequenas desse grupo podem ter sido utilizadas tanto no consumo de alimentos
e/ou bebidas quanto no preparo de pequenas quantidades. DeBoer e Lathrap apontam
que, entre os Shipibo-Conibo, as panelas pequenas são destinadas ao preparo de
remédios (1979: 105).
O Grupo 4 é composto por vasilhas e bordas que indicam formas abertas ou levemente
restritas com superfície externa lisa e/ou acabamento plástico. De um modo geral, esse
grupo de vasilhas teria como função presumida o preparo e/ou serviço de alimentos e
bebidas, podendo ter sido utilizadas sobre o fogo. Contudo, as vasilhas lisas podem estar
relacionadas às tigelas do Grupo 1 que não conservaram a pintura e/ou engobo. Assim, é
difícil determinar com exatidão os usos presumidos desse grupo, uma vez que suas
formas estariam aptas a uma gama variada de funções.
130
Sabemos da limitação da inferência do tamanho de uma vasilha com base apenas no seu
diâmetro de boca, uma vez que o volume seria o indicador mais adequado para essa
classificação (como sugere GOMES 2005), mas o tamanho diminuto dos fragmentos
impossibilitou as reconstituições morfológicas. Outrossim, tomamos os diâmetros de
boca fornecidos por Brochado et al. (1990) e Brochado e Monticelli (1994) como base
para o estabelecimento dos subgrupos, adequando-os, quando nescessário, às medidas
obtidas em nossos conjuntos artefatuais.
Não adotamos as classificações êmicas das vasilhas, uma vez que não temos peças com
a integridade necessária para a realização de reconstituições morfológicas seguras.
Contudo, relacionamos os grupos hipotéticos aqui estabelecidos - com base nas
características formais e de acabamento das bordas, com a classificação êmica das
vasilhas Guarani e Tupinambá:
Tabela 15: Possíveis associações entre grupos hipotéticos e classificações êmicas das vasilhas
Classificação Classificação êmica Classificação êmica
ética Guarani (NOELLI 1999/2000) Tupinambá (NOELLI 1999/2000)
Grupo 1 Ñaembé (pratos para comer) Naeen
Grupo 4 Cambuchí caguabá (tigelas/copos para beber) Caguaba
Grupo 2 Cambuchí (jarras) Camuci
Grupo 3 Yapepó (panelas) Nhaêpepô
Grupo 4 Ñaetá (caçarolas) -
PROCURA
Antiplástico Mineral Sim Espessura
Vasilhas dos Grupos 3 e 4 Decoração Não Alisamento da superfície Sim Sabugo Seixo Cabaça Mão Outros
Corrugada
Decoração Vasilhas dos Grupos 3 e 4 Decoração Escovada Suspende Continua
Espatulada Acabamento de Superfície bom
Acabamento de Acabamento de Superfície regular
Superfície ruim
Decora sobre o processo Decoração Vasilhas dos Grupos 3 e 4
Passa a outra etapa
produtivo Ungulada
MANUFATURA
Aplica nova camada de argila sobre
Refina alisamento Acabamento de Superfície Bom Vasilhas dos Grupos 3 e 4
alisamento
Acabamento de Superfície Polida
Grupos de
Vasilhas e suas Grupo 1 Grupo 3 Grupo 4
Funções Grupo 2
USO
Vasilhas com formas abertas ou levemente restritas. Superfícies lisas ou com
Presumidas Vasilhas com formas abertas ou levemente restritas e Vasilhas com formas fechadas e superfície externa acabamentos plásticos na superfície externa.
superfícies internas com engobo e/ou pintura Vasilhas com formas fechadas com alisada ou com acabamento plástico.
pintura externa
TIGELAS E/OU CAÇAROLAS
TIGELAS PANELAS
JARRAS
9Ação de mexer e servir alimentos: estrias isoladas, grossas, longas e 9Ação de mexer e servir alimentos: estrias isoladas, grossas, longas e contínuas. Freqüente nas bordas 9Ação de mexer e servir alimentos: estrias isoladas, grossas, longas e contínuas. Freqüente
LEGENDA
contínuas. Freqüente nas bordas das peças maiores. das peças maiores. nas bordas das peças maiores.
9Ação de limpeza: estrias agrupadas, finas, curtas e Escolha
Marcas 9Ação de limpeza: estrias agrupadas, finas, curtas e repetitivas. repetitivas. 9Ação de limpeza: estrias agrupadas, finas, curtas e repetitivas. 9Ação de limpeza: estrias agrupadas, finas, curtas e repetitivas.
Abrasivas
9Extração do antiplástico: buracos 9Extração do antiplástico: buracos 9Extração do antiplástico: buracos 9Extração do antiplástico: buracos Atributos
9Extração da argila ao redor do antiplástico: pedestais do tempero 9Extração da argila ao redor do antiplástico: pedestais do 9Extração da argila ao redor do antiplástico: pedestais do tempero 9Extração da argila ao redor do antiplástico: pedestais do tempero
tempero
9Acidente de cozimento: depósitos de carbono (adesão de matéria carbonizada na superfície interna 9Acidente de cozimento: depósitos de carbono (adesão de matéria carbonizada na superfície Variáveis de atributos
9Fermentação de Líquidos: descamação na parte interna da
da vasilha) interna da vasilha)
Marcas Fisico- vasilha. Bastante comum nas peças maiores, com bojo
pronunciado, freqüentes nas estruturas funerárias
MARCAS DE USO
Quimícas 9Fuligem: deposição de carbono na superfície externa da vasilha durante o cozimento. 9Fuligem: deposição de carbono na superfície externa da vasilha durante o cozimento.
Grupo de vasilhas
REUSO
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Podem ter sido utilizadas como caco-moído; fragmento Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
Reciclagem Podem ter sido utilizadas como caco-moído Podem ter sido utilizadas como caco-moído Podem ter sido utilizadas como caco-moído
utilizado como calibrador
132
Cabe ressaltar que não contamos, nesse conjunto, com artefatos líticos. Também não
foram encontrados resíduos do processo produtivo (bolotas de argila). A caracterização
dos tipos de unidades de análise está apresentada a seguir:
133
Com relação às técnicas de construção 66,99% das peças apresentaram roletes bastante
obliterados indicando uma boa junção dos mesmos que são evidentes em apenas 33,01%
dos fragmentos analisados. Não foram identificadas peças construídas por modelagem.
A única base evidenciada foi produzida pela técnica acordelada, mas, uma vez que as
formas completas também apresentaram bases acordeladas, podemos sugerir que nesse
contexto as artesãs tenham escolhido preferencialmente a confecção das bases por meio
dessa técnica.
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
42 40,78
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
estar associado ao desgaste mecânico (abrasão) provocado pelo uso ou aos próprios
processos pós-deposicionais.
Restos não
6 Restos não classificáveis 5 Composição de linhas verticais 1
classificáveis
Faixas Estreitas
4 Composição vestigial de linhas retas 1 Composição de linhas oblíquas 1 1
(10-19mm)
Faixas Finas
4 Composição de linhas retas escalonadas 2 Composição de linhas oblíquas 1 1
(0-9mm)
Faixas Médias Composição de linhas retas entrecruzadas
0 1
(20-49mm) preenchidas (xadrez)
Faixas Largas Composição de linhas curvas preenchidas
0 1
(superior a 50m) por traços
Composição de linhas curvas preenchidas
1
por linhas entrecruzadas
Composição livre de linhas retas e curvas:
1
Representação figurativa
da espessura dos fragmentos revelou que 75% das peças têm espessuras medianas, entre
11 e 16 mm.
Como pontuado anteriormente optamos pela análise dos atributos morfológicos (tipo de
orifício) relacionados aos acabamentos de superfície para formação de grupos de
vasilhas com funções hipotéticas, não recorrendo no momento à reconstituição
morfológica dos mesmos, devido à fragmentação do material. Esses grupos são
formados também por fragmentos de paredes com grafismos pintados na face interna e
externa, assim como ombros com bandas e grafismos na face externa. Essa análise
qualitativa foi aplicada em 20 peças do conjunto artefatual do sítio Franco de Godoy, as
quais estão apresentadas na Tabela 31:
Embora tenhamos um pequeno número de peças, o que nos restringe a interpretação dos
padrões de uso da cerâmica (conforme proposta de GOMES 2005), podemos notar que
os resultados obtidos com a análise qualitativa por grupos de vasilhas demonstram o
predomínio de vasilhas destinadas ao serviço e processamento de alimentos (Grupos 1 e
4). As bordas classificadas nos grupos hipotéticos estão apresentadas na Prancha 23.
3
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Sem medidas
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Pequena (18-24cm)
Média (26-30cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-30cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Grande (>40cm)
Grande ( (>30cm)
Grande (28-38cm)
Sem leitura
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4
Temos a seguinte distribuição das funções presumidas a partir da associação dos grupos
de bordas estabelecidos com suas respectivas dimensões:
- Vasilhas para servir de uso individual (3): miniaturas e peças pequenas do Grupo 1;
- Vasilhas para servir (6): peças médias, grandes e extragrandes do Grupo 1;
- Vasilhas para serviço e processamento (4): peças médias, grandes e extragrandes do
Grupo 4. Nesse caso, os contornos indicam tigelas fundas que também seriam aptas às
atividades de cocção;
- Vasilhas para armazenamento e cocção (2): vasilhas médias do Grupo 3;
- Vasilhas para armazemaneto e fermentação (2): vasilhas do Grupo 2, as quais
apresentam marcas de abrasivas associadas à fermentação de líquidos e foram
reutilizadas em contextos funerários.
Outra peça que merece destaque é a tigela com base em pedestal com 15 cm de diâmetro
e 7 cm de altura, cuja decoração pode ser assim sumarizada: o campo secundário é
formado por linhas vermelhas oblíquas à borda
sendo delimitado na parte superior por uma faixa
vermelha que corre no lábio da peça e na parte
inferior por uma banda vermelha de 13 mm. O
motivo principal é composto por uma
representação figurativa com uma linha
concêntrica, bastonetes ocorrem de modo não
padronizado nessa linha, que finaliza em uma
20
Pesquisadores que têm se debruçado sobre acervos Tupiguarani, como o Prof. Dr.André Prous da Universidade Federal de Minas
Gerais, o Prof. Dr. Igor Chmyz do CEPA (UFPR) e a arqueóloga Ms. Angela Buarque corroboraram o caráter incomum dessa peça
(comunicação pessoal, 2006).
142
O Grupo 3 é formado nesse sítio apenas por duas peças, ambas com 18 cm de diâmetro
de boca e decoração pseudo-ungulada na superfície externa. Um detalhe interessante é
que uma das bordas apresenta um apêndice, que formava provavelmente uma asa ou
alça, característica que também corrobora o fato de estarmos lidando com um contexto
de contato.
Por fim, temos quatro peças que podem ser incluídas no Grupo 4. Uma das peças, com
57 cm de diâmetro de boca, possui decoração corrugada e foi reutilizada como tampa na
Estrutura Funerária 5. As demais peças do grupo apresentam superfícies alisadas.
PRANCHA 21
LEGENDA
Diâmetro de boca: 28 cm
Diâmetro máximo: 72 cm
Altura: 68 cm
Decoração: grafismos pintados no
ombro compostos por bandas
vermelhas e motivos retilíneos
escalonados.
Vestígios associados: A peça teve
uso secundário para enterramento
de adulto jovem, caracterizado
por ossos gráceis, suturas sagitais
não soldadas e molares com baixo
grau de desgaste (PIEDADE
1992).
LEGENDA
Urna
Diâmetro de boca: 18 cm
Diâmetro máximo: 46 cm
Decoração: grafismos pintados
no ombro compostos por bandas
vermelhas e motivos retilíneos
escalonados.
Vestígios associados: provável
uso secundário para
enterramento, embora não
tenham sido recuperados
vestígios ósseos. Ao ser
encontrada a peça apresentava-se
coberta por uma vasilha com
decoração corrugada.
Observações: A peça passou por
procedimentos de curadoria e
restauro no MAE/USP, a cargo
do conservador Gedley Belchior
Braga.
Tampa
Vasilha com decoração
corrugada, destinada à cocção e
serviço de alimentos com 57 cm
de diâmetro de boca.
Com relação à técnica de construção temos 63,51% de peças com padrão de quebra
evidenciando os roletes, 36,02% de peças onde os roletes apresentaram-se obliterados e
0,46% de peças construídas pela técnica modelada.
Nesse conjunto a análise do acabamento de superfície esteve muitas vezes limitada pelas
alterações tafonômicas – que dizem respeito a processos pós-deposicionais que afetam
os artefatos –, uma vez que estas alterações vêm muitas vezes impedir uma leitura
segura do acabamento efetuado. Identificamos basicamente dois tipos de alteração nas
superfícies das peças: uma causada por processos erosivos (ação de radículas, arraste
hídrico e eólico) e outra relacionada a processos químicos (presença de pátina). Schiffer
define pátina como “a generic term used to describe the chemically altered surface of
stone (and other artifact materials)” (SCHIFFER 1991: 152). Assim, empregamos o
termo pátina para definir a camada superficial agregada à superfície da cerâmica
provocada por processos pós-deposicionais. Cabe lembrar que esse sítio está sujeito,
freqüentemente, a dinâmica deposicional do rio Mogi Guaçu, fato que certamente
incrementou as alterações tafonômicas indicadas. As tabelas 38 e 39 apresentam os
acabamentos de superfície evidenciados:
A análise das técnicas decorativas revelou o predomínio do engobo e/ou pintura sobre as
decorações plásticas, conforme mostra a tabela abaixo:
superfícies, o qual deve ter servido de suporte para a aplicação da decoração pintada. No
entanto, apenas peças 41 permitiram o acesso, mesmo que parcial, às composições dos
motivos pintados nos campos primários e/ou secundários. Vale destacar que duas peças
apresentaram faixas vermelhas pintadas em campo primário, sem a aplicação prévia de
engobo branco como suporte.
Restos não
53 Restos não classificáveis 13 Restos não classificáveis 1
classificáveis
Faixas Estreitas Composição de linhas
12 Composição vestigial de linhas retas 11 5
(10-19mm) verticais
Faixas Finas Composição de linhas
8 Composição vestigial de linhas curvas 10 3
(0-9mm) oblíquas 1
Faixas Médias Composição de linhas
2 Composição vestigial de linhas retas e curvas 2 1
(20-49mm) oblíquas 2
Faixas Largas
0 Composição de linhas ortogonais assimétricas 1
(superior a 50m)
Cabe ressalvar que as decorações incisas estão relacionadas às peças com características
que nos remetem a um contexto de contato.
1 2 PRANCHA 24
LEGENDA
4. Decorações plásticas
corrugadas, onde visualizamos
corrugados espatulados,
corrugados digitados e
corrugados telhados.
Como mostra a Tabela 44, a espessura das peças está entre 13 e 16 mm em cerca de 40%
dos fragmentos, sendo raras as peças com menos de 8 mm de espessura, fato
vislumbrado com mais freqüência nos outros conjuntos analisados.
O número significativo de paredes com ponto angular (39), assim como as diferenças
morfológicas entre os mesmos, levou sua
Tipo 1 classificação em 4 tipos, ilustrada ao lado. O
Tipo 01 é o mais freqüente associado ao
maior diâmetro da vasilha, onde temos o
ponto angular que divide a parte superior
Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 carenada e a parte inferior. Os ombros do
Tipo 1 apresentam freqüentemente ângulos
internos de 90° à 120º. O ombro Tipo 2,
restrito a uma peça, apresenta um colo bem
marcado no qual temos uma faixa vermelha
Figura 53: Tipos de paredes com ponto angular bastante espessa. O ombro do Tipo 3 está
s
associado à parte da vasilha na qual temos a junção de dois ombros pertencentes a um
corpo complexo segmentado, sendo caracterizado por uma faixa vermelha externa que
marca o ponto angular. O ombro do Tipo 4 assemelha-se morfologicamente ao Tipo 3,
no entanto apresenta uma ondulação interna que pode ter funcionado como suporte para
tampa.
155
Passemos à análise qualitativa com base na formação dos grupos hipotéticos. Temos um
total de 121 peças com características morfológicas e/ou decorativas que permitem o
enquadramento em um dos grupos estabelecidos. Dentre essas peças contamos com 51
bordas que permitem o acesso aos diâmetros de boca das vasilhas.
10
6
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Sem medidas
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Pequena (18-24cm)
Média (26-30cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-30cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Grande (>40cm)
Grande ( (>30cm)
Grande (28-38cm)
Sem medidas
Sem leitura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4
Observamos que nesse conjunto, a escolha dos tipos e tamanhos dos antiplásticos
adicionados não mudou de acordo com o tipo de vasilha construída, acarretando, de um
157
modo geral, em vasilhas com boa capacidade de aquecimento, mas com vida-útil
reduzida, dada a presença significativa de elementos minerais nas pastas, os quais
correspondem, freqüentemente, à 10-30% das pastas em 60% das peças.
Por outro lado, foi possível verificar o incremento da utilização do saibro (argila seca
triturada) como antiplástico em peças com características que nos remetem ao contato,
sobretudo, em peças com decoração incisa.
Dentre o material lascado contamos com 14 estilhas, 1 lasca, 1 lasca com marca de uso e
1 raspadeira com marca de uso. A matéria prima escolhida para a produção dos artefatos
lascados foi preferencialmente o silexito (15 peças), embora contemos com uma peça em
basalto e uma em quartzito.
Em apenas 37% das peças foi possível verificar o padrão de quebra evidenciando os
roletes, revelando a atenção dispensada na junção dos mesmos. Das 04 bases
identificadas, 03 foram certamente produzidas por meio da técnica acordelada.
A análise das técnicas decorativas revelou o predomínio do engobo e/ou pintura sobre as
decorações plásticas, conforme mostra a tabela abaixo:
Mais uma vez obtivemos resultados semelhantes ao conjunto Franco de Campos, nesse
caso também temos o predomínio das peças com engobo branco externo. De um total de
163
41 peças com engobo, 31 apresentaram engobo branco em uma das superfícies, tendo
servido como suporte para a aplicação de grafismos pintados.
No que diz respeito às espessuras das peças temos o predomínio das espessuras
medianas, sendo raras peças com menos de 8 mm.
O conjunto artefatual do sítio Barragem forneceu apenas 15 bordas, das quais apenas 9
forneceram elementos para classificação morfológica, apresentada na tabela a seguir. Os
lábios foram classificados em 01 plano, 01 apontado e 14 arredondados, revelando,
assim como nos conjuntos anteriormente descritos, o predomínio das bordas com lábios
arredondados. Todas as bases identificadas foram classificadas como plano-convexas.
Dos 07 ombros coletados temos 06 do Tipo 01 e apenas uma peça do Tipo 4, com
suporte para tampa.
2
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Sem medidas
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Pequena (18-24cm)
Média (26-30cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-30cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Grande (>40cm)
Grande ( (>30cm)
Grande (28-38cm)
Sem leitura
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
O acervo arqueológico proveniente do sítio Ipê provém dos estudos realizados no âmbito
da duplicação da SP-346 (MORAIS 2002). Cabe ressalvar que a análise aqui realizada
tem por objetivo caracterizar, de modo geral, o conjunto artefatual em questão, uma vez
que as pesquisas realizadas limitaram-se à coleta de material em superfície, não tendo
sido realizados trabalhos mais aprofundados que permitam uma caracterização mais
acurada dos processos sociais e culturais envolvidos na produção e utilização dos
artefatos. Desse modo, assim como no sítio Barragem, a análise aqui proposta está
restrita a variabilidade formal dos artefatos evidenciados, principalmente no que
concerne a comparação com as outras coleções aqui apresentadas.
Em 81,58% das peças foi possível verificar o padrão de quebra evidenciando os roletes,
raramente obliterados, o que mostra a escolha por uma junção menos aprimorada dos
mesmos, característica diferenciada dos outros conjuntos anteriormente apresentados.
Não contamos com peças modeladas nesse conjunto.
Dentre os sítios localizados na Área 1, apresentados anteriormente, o sítio Ipê foi o que
apresentou um percentual maior de peças nas quais foi identificada à adição do caco
moído como antiplástico, o qual foi identificado em 70% das peças. Assim,
apresentamos a seguir as espessuras dos antiplásticos minerais e do caco-moído:
Figuras 61 a 63: Bordas com decorações pintadas. Notar a variabilidade dos avermelhados. A peça
do meio apresenta apenas vestígios de engobo branco.
Contamos com a presença de apenas 14 bordas, das quais 10 puderam ser classificadas
conforme mostra a Tabela 75. Cabe ressaltar que todos os lábios são do tipo
arredondado. As paredes com ponto angular (ombros) são do Tipo 1.
A seguir apresentamos a distribuição das peças nos grupos estabelecidos, onde fica
nítido o predomínio das peças inseridas no Grupo 4.
A análise dos antiplásticos por grupos de peças revelou que a adição de caco moído
ocorre, na amostra analisada, preponderantemente nas vasilhas dos Grupos 3 e 4.
Podemos apontar a hipótese de que esse antiplástico foi utilizado em vasilhas destinadas
também a cocção de alimentos, visando uma maior durabilidade dessas vasilhas expostas
constantemente ao stress térmico. Nesse caso, a característica de durabilidade foi
previlegiada em detrimento da efetividade de aquecimento, revelando escolhas
difrenciadas daquelas que evidenciamos nos sítios Franco de Campos e Barragem.
3
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Sem medidas
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Pequena (18-24cm)
Média (26-30cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-30cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Grande (>40cm)
Grande ( (>30cm)
Grande (28-38cm)
Sem leitura
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Nesse caso a amostra reduzida de peças coletadas limita o avanço das hipóteses acerca
dos padrões de produção e uso das vasilhas cerâmicas, não obstante, podemos indicar
algumas funções presumidas das 6 peças com diâmetro mensurado:
- Vasilhas para servir de uso individual (1): peça pequena do Grupo 4;
- Vasilhas para serviço e processamento (6): peças médias e grandes do Grupo 4.
0-2mm 19 5,97
>2mm 8 2,48
>2mm 92 31,22
Nesse conjunto fica evidente uma tendência já verificada nos conjuntos dos sítios Franco
de Godoy e Ipê, a qual está associada ao fato do antiplástico mineral ter espessuras mais
refinadas que o antiplásticos de caco-moído. Essa tendência pode ser explicada por dois
fatores: primeiro temos que considerar o investimento de tempo e energia no processo de
moagem dos fragmentos cerâmicos e segundo, a necessidade de antiplásticos minerais
mais refinados uma vez que os mesmos tendem a diminuir a vida útil das vasilhas
quando essas são submetidas ao calor excessivo.
177
No que tange a relação entre argila e antiplástico, temos o predomínio de pastas muito
plásticas, característica visualizada também nos sítios Cachoeira de Emas 2 e Ribeira,
apresentados adiante. A análise do atributo queima também revelou o predomínio de
processos de queima incompletos, com a presença de núcleos escuros bem delimitados
em 41% e com margens difusas em 41%.
Nesse conjunto temos um número maior de peças nas quais foi verificada a aplicação de
tratamentos esmerados das superfícies, sobretudo as internas, a saber: 4 peças com
brunidura interna; 3 peças com lustro interno e 1 peça com lustro externo. Mais uma vez,
verificamos que as superfícies internas apresentam mais marcas de abrasão (desgaste)
que as externas.
As decorações cromáticas aplicadas nos campos primários são caracterizadas pela cor
preta/ marrom em 9 peças, vermelha em 1 peça e vermelha/ preta em 1 peça. Os campos
secundários são formados por bastonetes verticais na cor preta.
Nesse conjunto temos um número maior de corrugados espatulados (10). Quanto aos
ungulados temos 6 peças com ungulados clássicos e 5 com pseudo-ungulados.
Figuras 74 a 76: Decorações pseudo-unguladas. Na peça à esquerda vermos a remoção das arestas da
decoração
Carenada 7 38,89
Direta Inclinada Interna 5 27,78
Direta Vertical 1 5,55
Direta Inclinada Externa 1 5,55
Extrovertida 1 5,55
Contraída 1 5,55
TOTAL 18 100
3
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Pequena (18-24cm)
Pequena (12-16cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Média (26-30cm)
Grande (>40cm)
Média (18-30cm)
Grande ( (>30cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Sem medidas
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Sem leitura
Sem medidas
abrasão na superfície interna, indicando uso nas atividades de fermentação, tendo sido
reutilizada possivelmente em contexto funerário.
LEGENDA
1. Peça coletada à 50 cm de
profundidade, tratando-se
possivelmente de uma estrutura
funerária. O lote de peças que
compõe a vasilha é formado por
687 fragmentos e o processo de
remontagem ainda está em
andamento, sendo que a
reconstituição ao lado é uma das
possibilidades da forma original.
A decoração é caracterizada por
composição de linhas retas pretas,
e nos pontos de encontro dessas
linhas temos o acúmulo de tinta
preta aplicada.
SÍTIO LAMBARI II
DECORAÇÕES PINTADAS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 29
1
3
2
LEGENDA
1. Lâmina de machado
polido com dimensões
diminutas e sem sinais de
uso.
Passemos à análise das técnicas construtivas empregadas. Em 69% das peças foi
possível visualizar um padrão de quedra que acompanhava os roletes, enquanto que em
31% os mesmos apareceram obliterados. A técnica de modelagem foi verificada em uma
peça (aplique). Uma especificidade desse conjunto foi a presença, em algumas peças, de
uma “linha incisa” em alguns negativos de rolete. Essa ação foi empregada em apenas 7
peças, todas localizadas em um mesmo espaço do sítio (Concentração 2), como mostra o
Capítulo 5. Ademais identificamos a aplicação de ranhuras em um negativo de rolete em
uma peça esta localizada também na Concentração 2.
Cabe ressalvar que, diferentemente dos outros conjuntos analisados, grande parte das
paredes com ponto angular não correspondem a ombros de vasilhas de contorno
complexo (Grupo 2), mas sim a parte de bordas carenadas, cujo processo produtivo
acarretou esse padrão de quebra. Constatamos dois processos de construção dessas
bordas, os quais estão sumarizados a seguir.
Vale destacar que temos um número considerável de peças que não permitiram a leitura
desse atributo, uma vez que as mesmas perderam completamente as superfícies expondo
o núcleo da peça. Uma peça peculiar apresentou o acabamento plástico escovado na
superfície interna. As decorações cromáticas são as mais freqüentes atingindo cerca de
30% das peças coletadas, percentual semelhante ao obtido no conjunto Franco de
Godoy.
O engobo vermelho presente nesse sítio apresenta tons de rosa, sendo essa uma
característica marcante desse conjunto. Esses tons rosados também foram utilizados nas
bandas. Em 371 peças foi identificada a aplicação de engobo branco ao menos em uma
das faces, o qual deve ter servido de suporte para a aplicação de decorações pintadas,
não obstante, em apenas 40 peças foi possível reconhecer parte dos motivos pintados -
28 no campo primário e 12 no secundário, cuja classificação está apresentada na
Tabela 104.
Restos não
71 Restos não classificáveis 23 Restos não classificáveis 3
classificáveis
Faixas Finas (0-
1 Composição vestigial de linhas retas 7 Composição de linhas verticais 7
9mm)
Faixas Estreitas Composição de linhas verticais
1 Composição vestigial de linhas curvas 7 1
(10-19mm) e horizontais
Faixas Médias (20- Composição vestigial de linhas retas e Composição de linhas oblíquas
5 8 2
49mm) curvas 1
Faixa no lábio
Composição de linhas curvas Composição de linhas oblíquas
associada a restos 8 5 1
preenchidas por traços 2
não classificáveis
Composição de linhas sinuosas Composição de linhas curvas
1 1
serpentiformes preenchidas por traços
Nos campos primários temos a primazia das cores avermelhadas, aplicadas em 24 peças,
enquanto 16 apresentaram linhas pretas e 11 linhas vermelhas reforçadas pelas pretas.
Nos campos secundários temos apenas a presença de linhas pretas, onde predominam os
193
2 3
LEGENDA
1. Decorações plásticas
corrugadas.
2. Decorações plásticas
unguladas ,ou pseudo-unguladas
e corrugadas-unguladas.
6. Decoração escovada.
4 5 6 7 7. Aplique.
Como já salientado anteriormente das paredes com ponto angular (38 peças) apenas 5
podem ser enquadradas no Ombro Tipo 1, relacionado às vasilhas de contorno complexo
destinadas ao armazenamento e fermentação de bebidas.
Dentre os conjuntos analisados esse foi o que apresentou um percentual maior de bordas
carenadas associadas às tigelas destinadas ao serviço/ processamento de alimentos. Cabe
ressalvar que embora tenha sido possível classificar o tipo de 75 bordas, apenas 39
permitiram o acesso exato a seus ângulos de inclinação e diâmetros.
Passemos à análise qualitativa com base na formação dos grupos hipotéticos. Temos um
total de 90 peças com características morfológicas e/ou decorativas que permitem o
enquadramento em um dos grupos estabelecidos conforme mostra a tabela a seguir:
6
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Pequena (18-24cm)
Pequena (12-16cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Média (26-30cm)
Grande (>40cm)
Média (18-30cm)
Grande ( (>30cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Sem medidas
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Sem leitura
Sem medidas
O acervo arqueológico proveniente do sítio Ribeira provém dos trabalhos realizados por
Caldarelli (1983). É composto por 264 fragmentos advindos de coletas superficiais em
áreas de concentração de vestígios, conforme apontado na tabela abaixo:
A peça que aparece como não identificada refere-se a um fragmento que pode estar
associado a uma base ou suporte. Em La Salvia e Brochado (1989: 127) encontramos
uma peça morfologicamente semelhante a este fragmento, essa peça, denominada de
Patagûi, serviria como suporte para vasilhas de fundo cônico ou redondo21.
Com relação às técnicas de manufatura dos vasilhames, foi possível verificar a técnica
acordelada em 146 fragmentos (62,4% da amostra), enquanto que, as demais peças
apresentaram boa junção dos roletes. As bases foram confeccionadas por modelagem (3
peças) e acordelamento (2 peças).
21
Esse suporte era ordinariamente confeccionado em palha pelos Guarani, mas os autores encontraram um exemplar em cerâmica,
pintado, o qual por semelhança foi nomeado com o mesmo nome do referido suporte de palha (LA SALVIA; BROCHADO, 1989,
127).
201
A pasta revelou-se, na maior parte das vezes, mal compactada e bastante porosa e os
antiplásticos aparecem distribuídos de maneira homogênea. Eventualmente, verificou-se
a presença de hematita, mas os antiplásticos minerais mais abundantes foram grãos
arredondados de quartzo, com menos de 1 mm. Como mostra a Tabela 111, houve a
adição de caco-moído - proveniente da reciclagem de vasilhames cerâmicos, na maioria
dos fragmentos analisados (96,2%), sendo que, algumas vezes esse caco moído aparece
associado a partículas de carvão.
22
Conforme explorado na pesquisa de iniciação científica desenvolvida pela autora, o nordeste do Estado de São Paulo foi painel de
ocupações de grupos ceramistas diferenciados dos grupos Tupi. Os sítios que revelam essas ocupações apresentam cerâmicas sem
decoração, com antiplástico vegetal e queima redutora (Sítios Água Branca e Lagoa Preta I e II). As datações disponíveis indicam
que os Tupi ocuparam essa porção do Estado antes da chegada desses grupos diferenciados, talvez associados a grupos Gê.
(MORAES 2004; AFONSO; MORAES 2006)
202
O caco-moído ocorre com espessuras de 0-1 mm em 40% das peças; de 0-2 mm em 47%
das peças e mais raramente (13%) com mais de 2 mm. O carvão aparece de forma menos
evidente, estando associado a fragmentos com alto grau de porosidade e sempre
relacionado à presença de caco moído. O tamanho das partículas de carvão foi de 0-1
mm em 65% das peças; 0-2mm em 34,5% das peças e, em apenas 0,5% da amostra
observou-se à presença de carvão com mais de 2 mm.
A tabela abaixo mostra a distribuição dos tipos de queima de acordo com a observação
dos planos de fratura dos fragmentos cerâmicos, onde 73,9% das peças revelaram
queima incompleta, evidenciada pela presença de núcleos. Outro aspecto a ser ressaltado
foi a recorrência de fragmentos cerâmicos com planos de fratura oxidados, o que indica
uma possível ação de queima desses fragmentos em processos pós-deposicionais. Em
alguns casos, a oxidação pareceu estar associada a uma queima intencional do
fragmento, pois a oxidação da fratura apresentou-se extremamente padronizada em três
planos de fratura de uma mesma peça.
203
Figuras 82 e 83: Fragmento com engobo vermelho interno e polimento e borda com
vestígios de engobo branco
Houve um predomínio nítido das peças com engobo branco, como esse tipo de engobo
era utilizado como suporte para aplicação de faixas e/ou linhas pintadas pode-se afirmar
que essas peças possuíam algum tipo de pintura sobre o engobo. Desse modo, das 25
peças com engobo branco em pelo menos uma das superfícies, em apenas uma peça foi
possível evidenciar e existência de uma faixa vermelha sobre engobo branco, essa faixa
tem largura de aproximadamente 30 mm e está localizada no “colo” da vasilha, ou seja,
essa faixa marcava uma área de inflexão organizando também a estrutura decorativa.
Uma peça apresentou linhas polidas sobre engobo vermelho na face interna, esse tipo de
205
decoração não foi verificada em nenhuma das publicações acessadas sobre material
Tupiguarani. As decorações acromáticas (plásticas) estão sumarizadas a seguir:
Como mostra a tabela 120, dentre as decorações plásticas, temos, mais uma vez o
predomínio dos corrugados que se apresentaram bastante variados em tamanho,
profundidade e organização rítmica, sendo que em 16 peças verificou-se o corrugado
complicado. Em 7 fragmentos não foi possível verificar o tipo de corrugado devido à
erosão da superfície da peça devido aos processos pós-deposicionais. Com relação aos
ungulados, verificamos 04 peças com ungulado clássico, 01 com ungulado tangente e
por fim, 02 peças que parecem apresentar pseudo-ungulados.
Passemos aos atributos morfológicos desse conjunto. Como se pode verificar na Tabela
121, há um predomínio de fragmentos com espessuras finas e medianas, que conforme
será visto nas análises das formas e funções presumidas, pode estar associado ao uso
desses vasilhames em processos de cocção, uma vez que paredes finas conduzem melhor
o calor (SKIBO 1992).
As vasilhas de médio porte com estruturas fechadas (Grupo 3), destinadas à cocção de
alimentos e/ou bebidas, predominam no conjunto artefatual do sítio Ribeira (60% das
bordas classificadas), fato possivelmente associado à reposição desses tipos de
vasilhames com maior freqüência, dada a menor vida-útil dos mesmos. As peças do
Grupo 01 foram certamente usadas para o serviço de alimentos, dada suas estruturas
abertas e a existência de engobo branco na face interna da vasilha, característica que
denota que essas vasilhas não iriam ao fogo. As dimensões seriam grandes uma vez que
os diâmetros de boca estão entre 32 e 42 cm. Todas as peças do Grupo 4 apresentaram
decoração ungulada.
208
5
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Pequena (18-24cm)
Pequena (12-16cm)
Pequena (12-16cm)
Grande (28-38cm)
Média (18-26cm)
Média (26-30cm)
Grande (>40cm)
Média (18-30cm)
Grande ( (>30cm)
Grande (28-38cm)
Média (18-26cm)
Sem medidas
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Sem leitura
Sem medidas
Coleta A 31 31
Coleta B 25 24
Coleta esparsa de bordas 9 9
TOTAL 65 64
Com relação às técnicas de manufatura dos vasilhames, foi possível verificar a técnica
acordelada em 44% dos fragmentos, nos quais o padrão de quebra acompanha os roletes.
23
O sítio Água Branca, analisado durante a pesquisa de iniciação científica da autora, apresentou algumas peças com a associação do
antiplástico cariapé e o caco-moído. (MORAES 2004)
212
Mais uma vez ocorreu um desgaste mais acentuado na superfície interna das peças,
processo este que pode estar associado ao desgaste mecânico (abrasão) provocado pelo
uso ou aos próprios processos pós-deposicionais.
213
Houve um predomínio nítido do engobo branco na face interna das peças, esse engobo
apresenta-se de maneira bastante acentuada na superfície interna de alguns fragmentos,
que estariam destinadas serviço/ consumo de alimentos.
Figuras 90 e 91: Fragmentos com engobo branco e borda com ponto angular e decoração corrugada
214
Com relação à espessura dos fragmentos (Tabela 134), podemos notar uma maior
freqüência de paredes com espessuras refinadas de 7 a 8 mm.
A análise dos atributos morfológicos desse conjunto está bastante limitada, pois
contamos apenas com 11 bordas, as quais apresentaram os seguintes tipos de lábio: 02
planos, 08 arredondados e 01 lábio sem leitura. Dessas bordas apenas 07 permitiram
classificação, exposta a seguir:
2
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Pequena (18-24cm)
Pequena (12-16cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Média (26-30cm)
Grande (>40cm)
Média (18-30cm)
Grande ( (>30cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Sem medidas
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Sem leitura
Sem medidas
Como foi efetuada a coleta total na área de uma possível estrutura habitacional, seria
possível estabelecer uma análise que teria como resultado grande parte dos artefatos da
mesma estrutura habitada por núcleos familiares aparentados.
A observação das superfícies dos fragmentos cerâmicos indicou que esse sítio apresenta
pasta de coloração cinza claro ao marrom claro, sendo raros aqueles fragmentos com
tons avermelhados ou alaranjados (ao contrário dos sítios Ribeira, Monjolo e Bom
Retiro, pertencentes à mesma área). Vale lembrar que os sítios Córrego do Canavial,
218
Monjolo, Ribeira e Bom Retiro encontram-se bastante próximos, sendo o raio máximo
entre eles de 3 km, ou seja, fontes bem similares de matérias-primas podem ter sido
utilizadas. Também neste sítio verifica-se uma pasta mal compactada e a distribuição
dos antiplásticos apresentou-se pouco homogênea.
0-2mm 93 44,29
>2mm 65 30,95
A tabela abaixo mostra a distribuição dos tipos de queima de acordo com a observação
dos planos de fratura dos fragmentos cerâmicos. Vale destacar o predomínio de peças
(40,3%) com queima caracterizada por núcleo escuro espesso e margens oxidadas bem
definidas.
por linhas pretas verticais e outros por uma composição livre de linhas retas e curvas
preenchidas por traços.
Figuras 93 a 95: Fragmento com ponto angular e linhas incisas verticais, fragmentos escovados e borda
com pseudo-ungulado.
A análise qualitativa por grupos hipotéticos foi aplicada a um conjunto de 17 peças, nas
quais podemos verificar uma variabilidade significativa na escolha dos antiplásticos. As
peças dos Grupos 1 e 4 apresentam semelhanças, com o predomínio de pastas refinadas
com caco-moído e carvão. O Grupo 2 apresentou apenas partículas minerais e caco-
moído, também em baixa freqüência (pastas muito plásticas). Já o Grupo 3 é
caracterizado pela presença de caco-moído e saibro, nesse caso a freqüência do
antiplástico está entre 10 e 30 %.
223
3
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Pequena (18-24cm)
Pequena (12-16cm)
Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Média (26-30cm)
Grande (>40cm)
Média (18-30cm)
Grande ( (>30cm)
Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)
Sem medidas
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Sem leitura
Sem medidas
Com relação aos padrões de uso temos o predomínio das vasilhas destinadas ao serviço e
processamento (Grupo 4), conforme vemos a seguir:
- Vasilhas para servir de uso individual (1): peça pequena do Grupo1;
- Vasilhas para serviço e processamento (7): peças médias, grandes e extragrandes do
Grupo 4. Cabe destacar que nesse caso temos uma presença significativa de bordas
carenadas que não apresentaram vestígios de engobo e/ou pintura, fato que pode
revelar uma escolha cultural ou a ação de processos pós deposicionais;
- Vasilhas para armazenamento e cocção (1): vasilha média do Grupo 3;
- Vasilhas para armazenamento e fermentação (1): vasilha do Grupo 2.
224
Desse modo, uma peculiaridade desse conjunto artefatual é que quando associamos as
características morfológicas das bordas aos acabamentos de superfície temos um
percentual menor de peças que podem ser enquadradas nos Grupos 1, 2 e 3, diretamente
relacionados às formas com funções presumidas melhor enquadradas nas tipologias
disponíveis sobre a cerâmica Tupiguarani (tigelas para comer/beber; jarra para bebida e
panela, respectivamente). Assim, das bordas classificadas, 75% estão associadas ao
Grupo 4, caracterizado por uma maior ambigüidade no que diz respeito às funções
presumidas, quiçá relacionadas aos contextos onde vasilhas multifuncionais tenham sido
mais apreciadas.
226
O material coletado no sítio Bom Retiro é o que permite maiores avanços nas análises de
variabilidade espacial e relacional dos sítios da Área 4, uma vez contamos com a coleta
integral do material de todas as concentrações identificadas, resultando num total de 251
unidades analíticas conforme mostra a Tabela 152:
Vale destacar a presença de uma parede com aplique, característica pouco recorrente na
cerâmica da tradição Tupiguarani.
Quanto às características das pastas, este sítio revelou uma diversidade maior de
coloração em relação aos outros sítios da Área 4, do alaranjado24 ao avermelhado,
passando pelo cinza claro e marrom.
24
Verificou-se que a pasta de cor alaranjada vêm freqüentemente acompanhada de grande quantidade de caco-moído.
227
0-2mm 15 5,98
>2mm 3 1,20
>2mm 66 26,94
Não obstante, a proporção entre argila e antiplástico foi semelhante à evidenciada nos
outros sítios:
Mais uma vez detectamos o predomínio das queimas incompletas com margens
oxidadas, onde os tipos 03 e 07 foram os mais recorrentes.
O número elevado de peças com engobo branco em pelo menos uma das superfícies (57
peças) indica uma alta incidência de decorações pintadas, uma vez que sabemos que esse
engobo era utilizado como suporte para aplicação da pintura. No entanto, parte dessas
peças perdeu a pintura devido aos processos pós-deposicionais, uma vez que apenas 30
peças revelaram vestígios de pintura:
vasilhas do Grupo 2 tem espessuras de 1mm. Não foram identificados grafismos nos
campos secundários.
Figuras 99 a 101: Fragmentos com banda e motivos retilíneos na face externa (Grupo 2);
fragmento com ponto angular e decoração pintada na superfície externa;e fragmento com banda
vermelha e vestígios de pintura.
Figuras 107 e 109: Fragmento com decoração ungulada sobreposta ao escovado, parede e borda
com decorações pseudo-unguladas
232
Mais uma vez há um predomínio de paredes com espessuras medianas. Contudo, temos
uma representatividade significativa de paredes com menos de 10 mm de espessura.
No conjunto desse sítio foram diagnosticadas apenas 03 bases, todas convexas. Foi
possível classificar 24 das 27 bordas coletadas, conforme demonstra a Tabela 166.
Quanto aos lábios temos 01 apontado; 05 planos e 21 arredondados. Os ombros
identificados são do Tipo 01 e apresentam freqüentemente engobo branco na superfície
externa.
5
Número de peças
0
Extra Grande (42-54cm)
Pequena (18-24cm)
Pequena (12-16cm)
Pequena (12-16cm)
Grande (28-38cm)
Grande (28-38cm)
Média (18-26cm)
Média (26-30cm)
Grande (>40cm)
Média (18-30cm)
Grande ( (>30cm)
Média (18-26cm)
Sem medidas
Sem medidas
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Miniatura
Sem leitura
Sem medidas
Vale destacar que, embora todas as coleções tenham sido contabilizadas e fotografadas
na íntegra, tem sido efetuada a documentação individual apenas de formas completas e
de fragmentos com grafismos pintados.
25
Algumas peças com grafismos pintados farão parte de um catálogo mais amplo, cuja publicação tem sido coordenada pelo Prof.
Dr. André Prous, da Universidade Federal de Minas Gerais, e pela Profa. Dra. Tania Andrade Lima, do Museu Nacional do Rio de
Janeiro, no qual vasilhas com decorações pintadas de diversos pontos do Brasil serão apresentadas, permitindo correlações e
comparações por parte dos interessados no tema.
236
Mogi Guaçu, que guarda peças coletadas no sítio Jardim Igaçaba, e, por fim, o Museu
Histórico Alaur da Matta, que apresenta peças advindas das coletas assistemáticas
realizadas por Alaur da Mata no município de Luís Antônio, assim como peças coletadas
em Pirassununga e São Simão.
Tabela 168 – Coleções Tupiguarani depositadas em Museus Locais e Acervos Particulares do Nordeste do Estado
Total de peças
Museu/ Coleção Particular Proveniência do Acervo
documentadas
Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira, Coleção Sítio Jardim Igaçaba, Mogi
05
Mogi Guaçu Guaçu
Manuel Pereira de Godoy publicou algumas das peças ora documentadas (GODOY
1946; 1974) associando-as diretamente aos povos Tupi-Guarani. As peças registradas
estão assim distribuídas nos Grupos estabelecidos: 26 peças que podem ser enquadradas
no Grupo 01 (Prancha 37) ; 08 no Grupo 02 (Prancha 38); 06 no Grupo 03 (Pranchas
39 e 40); 01 no Grupo 04. Vale destacar a presença de seis urnas, sendo cinco com
decorações plásticas (Grupo 03) e uma com decoração pintada (Grupo 02).
237
Cabe ressaltar que todas as urnas com decorações plásticas foram coletadas na margem
esquerda do rio Mogi Guaçu, na Estação Experimental de Biologia e Piscicultura (área
atualmente ocupada pelo CEPTA – IBAMA) e na Vila dos Oficiais, enquanto as demais
peças estão associadas, sobretudo, a Fazenda Elói Chaves, situada na margem direita do
rio Mogi Guaçu. A estrutura funerária composta por uma vasilha pintada (Prancha 38)
foi coletada no município de Porto Ferreira, vizinho de Mogi Guaçu.
O acervo do Sítio Jardim Igaçaba é formado por apenas 05 peças, mas sabemos pela
imprensa da época que o referido sítio arqueológico (cadastrado por MORAIS 1995)
possuiu uma alta densidade de vestígios cerâmicos, tanto que o bairro onde foram
encontradas as vasilhas recebeu o nome de Igaçaba. As peças que se conservaram estão
expostas no Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira, município de
Mogi Guaçu e estão assim distribuídas nos tipos definidos: 01 vasilha do Grupo 01, 02
peças no Grupo 02 e 02 peças no Grupo 03. Vale destacar que todas as peças exibiram
marcas de uso (marcas abrasivas, depósitos de carbono e fuligem) (Pranchas 41 e 42).
A Coleção Alaur da Mata é composta por 66 peças, a maior parte associada a fragmentos
com decorações plásticas. Cabe ressaltar que o “Museu” Alaur da Mata não corresponde
a um museu propriamente dito, inaugurado por iniciativa privada da Fundação
Simonense. O local encontra-se abandonado e apenas uma pessoa, Sr. Luis Antônio
Nogueira, tem acesso às peças (MORAES 2005a).
O referido acervo advém das coletas assistemáticas realizadas por Alaur da Mata na área
dos sítios Ribeira, Monjolo, Córrego do Canavial e Bom Retiro. Não foram encontradas
238
26
O atual responsável pelo museu, Luis Antonio Nogueira, impediu a documentação individual dos
fragmentos, autorizando apenas a realização da documentação fotográfica.
PRANCHA 37
1 2 3
4 LEGENDA
LEGENDA
COLEÇÃO MANUEL
PEREIRA DE GODOY
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 39
1 2
LEGENDA
1.
Diâmetro de boca: 26 cm
Diâmetro máximo:41 cm
Altura total: 52 cm
Decoração: A parte superior
apresenta decoração corrugada e
escovada, na parte mesial
decoração escovada e acanelada
associada a áreas apenas alisadas
e a parte inferior decoração
corrugada.
Vestígios associados: Ossos
humanos e vasilha reutilizada
como tampa.
2.
Diâmetro máximo:55 cm
Altura do maior diâmetro: 41 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de produção: Manchas
negras do processo de queima.
Vestígios associados: Ossos
humanos e dentes.
3 4 3.
Diâmetro de boca: 24 cm
Diâmetro máximo: 34 cm
Altura total: 42 cm
Decoração: Acanelada.
Marcas de produção: Manchas
negras do processo de queima.
4.
Diâmetro máximo:46 cm
Altura do maior diâmetro: 32 cm
Decoração: Corrugada.
Vestígios associados: Ossos
humanos e dentes.
COLEÇÃO MANUEL
PEREIRA DE GODOY
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 40
1 2
LEGENDA
Urna
Vasilha do Grupo 3
Diâmetro de boca: 38 cm
Diâmetro máximo:74 cm
Altura total: 81 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de produção: Manchas
negras do processo de queima.
Tampa
Vasilha do Grupo 5
Diâmetro de boca: 70 cm
Altura total: 35 cm
COLEÇÃO MANUEL
PEREIRA DE GODOY
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 41
1
LEGENDA
1.
Diâmetro máximo: 72 cm
Altura do maior diâmetro: 28 cm
Decoração: Composição livre de linhas
2 retilíneas pretas.
2.
Diâmetro máximo: cerca de 65 cm
Decoração: Banda vermelha com 25
mm e demais vestígios pintados
apagados.
COLEÇÃO JARDIM
IGAÇABA
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 42
1
LEGENDA
1. Vasilha do Grupo 5
Diâmetro de boca: 58 cm
Altura total: 13 cm
Decoração: Lisa.
Marca de Produção: Manchas negras
na parte externa da base.
Marcas de Uso: Essa peça apresenta
estrias isoladas, grossas, longas e
contínuas na borda, evidenciando a
ação de mexer e servir alimentos.
2 3
- As vasilhas do Grupo 3
apresentaram marcas de uso
caracterizadas por fuligem na
superfície externa e depósitos de
carbono na superfície interna
evidenciando utilização em
atividades de cocção.
2.
Diâmetro máximo: 550 cm
Altura do maior diâmetro: 290 cm
Decoração: Corrugada.
3.
Diâmetro máximo: 70 cm
Altura do maior diâmetro: 42 cm
Decoração: Corrugada.
COLEÇÃO JARDIM
IGAÇABA
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 43
1
LEGENDA
1. Vasilha do Grupo 3
Diâmetro de Boca: 32cm
Diâmetro máximo: 58 cm
Altura do maior diâmetro: 60 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de Uso: Deposição de
carbono na superfície externa da
vasilha durante o cozimento
(fuligem); depósitos de carbono na
superfície interna da vasilha
associada a descamamento.
2. Vasilha do Grupo 3
Diâmetro máximo: 45 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de produção: manchas
negras.
Vestígios associados: ossos e
2 3 dentes humanos.
3. Vasilha do Grupo 3
Diâmetro máximo: 55 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de Uso: depósitos de
carbono na superfície interna.
Vestígios associados: ossos e
dentes humanos.
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 44
1 2 1
LEGENDA
3 4
2. Um número considerável de
fragmentos apresenta decoração
ungulada. O único conjunto
arfefatual dos sítios em apreço
que apresentou um percentual
significativo de peças unguladas
foi o sítio Córrego do Canavial.
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 45
1 2
LEGENDA
1. Vasilhas do Grupo 3
Peça Fragmentada:
Diâmetro máximo: 55 cm
Decoração: Corrugado.
Peça Completa:
Diâmetro de boca: 29 cm
Diâmetro máximo: 66 cm
Altura Total: 65 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de Uso: Depósitos de
carbono e descamamento na
superfície interna.
Vestígios associados: 05 dentes
humanos e tampa.
2. Vasilha do Grupo 1
Diâmetro de boca: 55 cm
Altura total: 17 cm
Decoração: Campo secundário
composto por bastonetes pretos
verticais com 1mm de espessura e
3 distância entre 4 e 7 mm. O campo
principal encontra-se apagado mas
é possível notar vestígios de
composição de linhas curvílineas
pretas de 0,1mm.
Vestígios Associados: Peça
utilizada como tampa de urna
funerária.
3. Fragmentos com decorações
pintadas, coletados no sítio Rage
Maluf, Monte Mor.
COLEÇÃO DESIDÉRIO
AYTAI
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
248
CAPÍTULO 5
249
27
Uma vez que estamos lidando com assentamentos associados à Tradição Tupiguarani temos utilizado trabalhos etnohistóricos e
etnoarqueológicos associados aos Guarani (Noelli 1983) e aos Tupinambá (Assis 1996).
250
Ipê 02 Concentrações de material cerâmico (uma Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto
delas formando meia elipse)
refugo secundário, esse fato também pode estar relacionado às condições de preservação
desse sítio, conforme pontuaremos adiante.
pretas), que pode ter ocorrido tanto no processo produtivo como pode estar ligada a uma
atividade de manutenção; por fim, o uso secundário, evidenciado nas urnas funerárias
analisadas28, as quais apresentaram marcas de uso. Nas análises empreendidadas até o
momento, também foram verificadas marcas de uso sobre o fogo em alguns fragmentos
pintados, revelando um uso secundário, uma vez que os dados etno-históricos mostram
que as vasilhas pintadas não seriam destinadas originalmente para atividades de cocção
(BROCHADO; MONTICELLI 1994). Em alguns contextos etnoarqueológicos, como o
apresentado por DeBoer e Lathrap (1979), as vasilhas pintadas também não seriam
destinadas às atividades de cocção.
O sítio Lambari II (Área 2) também foi alvo de trabalhos associados a salvamento, sendo
privilegiado o resgate na área que seria impactada pelas obras de duplicação da rodovia.
No entanto, uma parte considerável do sítio permaneceu conservada para futuros
trabalhos, ademais se conta com uma delimitação detalhada do sítio e com uma área
onde foi encontrada uma grande vasilha in loco, possivelmente relacionada a
28
Sítio Ribeira: 02 urnas; Sítio Franco de Godoy: 05 urnas (apenas 02 puderam ser acessadas); Complexo Cachoeira de Emas: 05
urnas; Sítio Lambari II: 01 urna.
253
29
Esse sítio está localizado em uma das áreas apontadas por Godoy (1974) como pontos de coleta do acervo de sua coleção
particular. Vimos fazendo prospecções sistemáticas na área de Cachoeira de Emas no intuito de reconhecer com mais propriedade a
distribuição e configuração de sítios Tupiguarani na área.
254
uma provável área de lixeira durante nossas intervenções de campo. Segundo Schiffer
(1991), em todo A-A devem ser considerados também os fatores não-culturais, assim
implantação desse sítio junto ao rio faz com que esteja sujeito, com grande freqüência,
às dinâmicas erosivas e deposicionais do rio Mogi Guaçu, determinando algumas das
características da variabilidade formal desse conjunto30.
A análise das características formais dos artefatos cerâmicos tomou como pressuposto a
idéia de que “os componentes cerâmicos não representam algo homogêneo e estático”
(WÜST 1990: 439). Desse modo, o estilo cerâmico não é tomado como algo
cristalizado, nem tampouco passivo, mas que comunica mensagens das mais diversas,
presentes em qualquer estágio da seqüência operatória (SILVA 2000: 192).
Vale retomar que o sistema classificatório adotado nessa pesquisa parte da premissa de
que estilo e função são aspectos indissociáveis (SACKETT 1977: 370) e que o estilo
reside na escolha tecnológica. Para mapear as escolhas, o arqueólogo deve estar ciente
das possibilidades existentes e, essa reflexão só pode ser desenvolvida por meio do
conceito de cadeia operatória. Como pontuou Wiessner, ao invés de pensar onde o estilo
reside, pretendemos compreender que tipos de informações estão presentes no estilo
(WIESSNER 1991). Nesse sentido, vislumbramos, sobretudo, processos de
diversificação e interação social.
30
Por exemplo, na sondagem realizada a 15 metros do rio, temos o predomínio de fragmentos cerâmicos maiores, sendo raros os que
apresentam menos de 5 cm no eixo maior, fato relacionado às inundações que ocorrem nessa porção do sítio, que devem ter
carregado os fragmentos menores.
255
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom
Godoy Campos de Emas 2 do Retiro
Canavial
vida útil da vasilha, caso esta esteja submetida constantemente à atividades de cocção.
Por outro lado, sabe-se que os antiplásticos minerais são mais adequados para atividades
de cocção, pois permitem uma eficiência maior no aquecimento da vasilha (SKIBO
1992). Desse modo, temos nos conjuntos dos sítios Franco de Campos e Barragem a
valorização de algumas características de performance (capacidade de aquecimento) em
detrimento de outras (resistência ao impacto) (SCHIFFER; SKIBO 1987).
Os conjuntos dos sítios Franco de Campos e Barragem também revelam pastas nas quais
o percentual de antiplástico é maior (10-30%), conforme mostra o Gráfico a seguir.
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 do
Canavial
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 do
Canavial
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Córrego do Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 Canavial
Na análise das técnicas decorativas, especial atenção foi dada aos grafismos pintados,
com a reprodução de todos os tipos de unidades decorativas associadas à localização
desses grafismos na vasilha, permitindo assim comparações entre os conjuntos
selecionados.
Optamos, assim, pelo detalhamento dos motivos dos campos primários, localizados na
parte inferior das vasilhas abertas ou levemente restritas ou na parte externa dos ombros
das vasilhas carenadas, uma vez que apresentam uma variabilidade maior que os
259
motivos associados aos campos secundários – relacionados à parte interna e/ou externa
dos lábios das bordas reforçadas, carenadas ou contraídas.
O gráfico a seguir mostra a distribuição dos tipos definidos (ver Prancha 46) nos
conjuntos advindos de coletas sistemáticas.
20
15
10
0
1 2 3 4 5 7 8 9 12 13 20 22 23 24 a 29
Franco de Godoy Barragem Franco de Campos Cachoeira de Emas 2 Bom Retiro Lambari II
As vasilhas do Grupo 1 da Coleção Manuel Pereira de Godoy apresentaram, por sua vez,
uma variabilidade de grafismos ainda maior, com presença de 20 tipos, do mesmo modo,
visualizamos nessa coleção a rigidez formal nas Vasilhas do Grupo 2, que apresentaram
apenas 04 tipos de grafismos.
Carvalho (1999) apontou a importância das vasilhas cerâmicas pintadas nos rituais
antropofágicos, também sugeriu que o próprio enterramento de membros da aldeia em
urnas cerâmicas poderia estar relacionado à crença de que os deuses devoram as almas
justamente para a tornarem imortais. Recentemente, alguns arqueólogos têm apontado a
importância das vasilhas pintadas nesses rituais, ressaltando o significado mítico do
universo pictórico Tupi. (PROUS 2005a. 2005b; BUARQUE 2007).
Mesmo que não seja possível determinar os significados dos grafismos, é interessante
estudá-los como um sistema de comunicação. Produtos de uma tradição cultural e
veículos de transmissão e construção de significados, esses grafismos têm uma
importância crucial no estudo da variabilidade artefatual dos conjuntos em estudo.
Essa importância dos grafismos pode ser verificada também no esforço despendido na
obtenção dos pigmentos minerais usados no engobo e pintura, localizados a grandes
distâncias do assentamento base, como demonstrou os trabalhos de DeBoer e Lathrap
(1979) e Arnold (1985). Esse esforço proporcionaria uma melhor performance visual
após a manufatura dos vasilhames cerâmicos.
263
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 do
Canavial
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
Franco de Franco de Barragem Ipe Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 do
Canavial
12
11
10
0
Franco de Franco de Barragem Ipe Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego do Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 Canavial
V asilhas para servir de uso individual V asilhas para servir V asilhas para serviço e processamento
V asilhas para armazenamento e cocção V asilhas para armazenamento de pequenas quantidades V asilhas para armazenamento
265
Vale retomar que no momento, optamos pela criação de um banco de dados com
vasilhas mais íntegras, que possam servir de base para futuras reconstituições
morfológicas a partir do desenho dos perfis de borda, as quais não estão sendo realizadas
no presente estudo. Comparando as formas evidenciadas na região (ver Prancha 47)
àquelas apresentadas por Brochado para a Subtradições Guarani e Tupinambá (1984:
541-545), detectamos uma maior similaridade com as formas da Subtradição
Tupinambá. Embora algumas das formas identificadas ocorram em ambas subtradições,
o predomínio das bases aplanadas e convexas sobre as conoidais é uma característica da
Subtradição Tupinambá.
Brochado (1984) dividiu os sítios Tupinambá em dois grupos: um primeiro, com 140
sítios, seria caracterizado pelo predomínio de decorações pintadas e um segundo grupo,
composto por cerca de 20 sítios, apresentaria um percentual maior de vasilhas com
decorações plásticas unguladas, incisas e entalhadas na borda, entre outras
(BROCHADO 1984: 287). Vale destacar que, em ambos os grupos o corrugado seria
menos expressivo.
Apontamos como hipótese que essa região foi ocupada por grupos Tupi do interior, cujas
características nos remetem mais a Subtradição Tupinambá, mas não aceitamos uma
relação unívoca com os grupos do litoral conhecidos historicamente, sobretudo, porque
os Tupinambás ocupavam densamente a costa e não a região em apreço. A variabilidade
formal evidenciada mostra que estamos lidando com ocupações diversificadas daquelas
do litoral, mas que pertencem, indubitavelmente, à mesma matriz cultural Tupi.
ESCALA GRÁFICA:
0 10 20 30 40 50 cm
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso
267
Com relação ao uso, algumas variáveis que atuam sobre a variabilidade quantitativa: a
freqüência do uso, a portabilidade e a fragilidade/durabilidade da vasilha. Os artefatos
utilizados nas atividades de transporte e processamento de alimentos, expostos a um
268
constante manuseio precisam ser repostos com maior frequência do que artefatos
destinados à armazenagem. Esse fato também foi corroborado em nossas análises:
vasilhas pertencentes aos Grupos 1 e 4, que tem como função presumida o preparo (com
ou sem fogo) e o serviço/consumo (individual ou coletivo) de alimentos e/ou bebidas,
foram as mais freqüentes em todos os conjuntos analisados. Também há que ser
considerado o investimento de energia para a produção de determinado tipo de vasilha,
explicando as atividades de manutenção e curadoria de vasilhames maiores, repostos
com menor freqüência. Assim as vasilhas do Grupo 2, claramente relacionadas ao
armazenamento e/ou fermentação de líquidos foram freqüentes apenas no sítio Franco de
Campos, no entanto não chegam a ultrapassar as vasilhas dos Grupos 01 e 04, conforme
mostrou o Gráfico 18.
Mills (1989: 137) indica que vasilhas destinadas à cocção tendem a ter uma vida útil
ligeiramente maior que vasilhas destinadas ao serviço, fenômeno também visualizado
nos conjuntos artefatuais analisados, pois Vasilhas dos Grupos 3, mais aptas às
atividades de cocção, são menos freqüentes que vasilhas destinadas ao serviço/
consumo.
A relação entre os sítios abordados deve considerar alguns fatores. Os grupos ceramistas
também vivem em sistemas de sítios onde a aldeia cumpre a função de assentamento
base e os acampamentos de roça, pesca, caça e demais áreas de busca de matérias-primas
correspondem a sítios de atividade específica.
Com base nessas informações, algumas reflexões já podem ser colocadas quanto a inter-
relação dos sítios abordados. A pesquisa analisa um conjunto de dez sítios cerâmicos
localizados em quatro áreas (para essa análise consideramos apenas os contextos alvo de
pesquisas sistemáticas). Vale destacar que parte das áreas selecionadas foi configurada
por parâmetros bem atuais, ou seja, pelo fator risco causado pelos empreendimentos,
desse modo, a definição desses micro-territórios pode não ser significativa para a
270
Para a Área 1 e Área 3 devemos considerar que os locais de assentamento desses grupos,
hoje denominados de Cachoeira de Cima e Cachoeira de Emas, ambos no rio Mogi-
Guaçu, seriam altamente atrativo para as atividades de pesca, pois o desnivelamento do
rio seria uma barragem natural (pari).
31
A única área que tem sido alvo de prospecções sistemáticas no âmbito dessa pesquisa é a Área 3, em Cachoeira de Emas.
271
comparadas com as informações apresentadas na Tabela 171, feita com base nos dados
compilados por Fernandes (1949) para a sociedade Tupinambá:
Assis (1996) apresentou em seu trabalho sobre a espacialidade Tupinambá dados para a
interpretação de registros arqueológicos relacionados aos povos Tupi. A autora propõe, a
partir da correlação dos dados sistematizados por Fernandes (1949) com descrições
históricas e representações etnográficas, as medidas indicadas por Cardim (11 x 44)
como um possível padrão das casas Tupinambá, ressaltando a proporcionalidade dessas
medidas. Ademais, a autora indica que os grupos Tupi mantiveram, até a atualidade, a
forma retangular associada à proporcionalidade das dimensões das casas, como por
exemplo, os Tapirapé, os Suruí e os Assuriní (ASSIS 1996: 49).
Desse modo, as manchas pretas evidenciadas nos sítios em estudo, interpretadas como
estruturas habitacionais, não corresponderiam à totalidade das plantas baixas das casas
272
Para o sítio Franco de Godoy dispõe-se de croquis das duas manchas escuras mapeadas
pela equipe de Pallestrini (1981/82). As dimensões dessas manchas indicam tratar-se de
apenas parte das estruturas habitacionais originais. Não obstante, elas também podem
evidenciar estruturas anexas. O sítio também apresentou áreas de fogueiras, marcas de
esteio e sepultamentos, sugerindo uma questão interessante: apenas esse sítio possuía
esses contextos ou eles só foram diagnosticados nesse contexto arqueológico uma vez
que apenas nele foram realizadas escavações detalhadas, sendo esse resultado derivado
diretamente dos processos de passagem dos artefatos do contexto arqueológico para o
sistêmico.
PRANCHA 48
LEGENDA
Latossolo Vermelho
Solo Antropogênico
(Terra Preta)
Buracos de Esteio
Concentrações de
Cerâmica
Carvão e Cinzas
Pedras
Escala (m)
Assis classificou as fogueiras Tupinambá em dois tipos: uma fogueira menor e sem
rochas ao redor, que era mantida acesa constantemente para o aquecimento das pessoas;
uma fogueira maior, que ficaria próxima ao corredor central da casa, circundada por
seixos ou pequenos blocos de pedra para apoiar as vasilhas cerâmicas, indicando áreas
de cozinha (ASSIS 1996: 65-68). No sítio Franco de Godoy foram encontradas, no
interior das manchas associadas às possíveis estruturas habitacionais 1 e 2, duas
fogueiras sem seixos ou blocos líticos, uma em cada mancha, destinadas então ao
aquecimento das pessoas. Em local adjacente à mancha 2 foram localizadas três
fogueiras circundadas por pedras, essas possivelmente ligadas a áreas de cozinha. Vale
ressaltar que as fogueiras estão localizadas em áreas que podem ter servido
anteriormente a outras atividades, pois as áreas de atividade intra-sítio são muito
dinâmicas, correspondendo ao que Binford denominou de “palimpsesto de atividades”
(BINFORD 1981).
Nelson (2000) chama atenção para o fato de que o abandono deve ser considerado como
um processo. Esse processo varia de acordo com a escala ( abandono de uma área, de um
sítio ou de uma região) e o modo de abandono (movimentos temporários ou
permanentes, residenciais ou não, rápidos ou graduais, planejados ou não planejados).
275
Outro fato de suma importância é que o processo de abandono do sítio altera a relação
entre vestígios materiais e comportamento pré-abandono (NELSON 2000: 57).
Com base nessas discussões, podemos supor que os contextos analisados passaram por
processos de abandonos graduais e planejados, exceto para o sítio Franco de Godoy que
apresentou também evidências de refugo de fato (fogueiras associadas a vestígios
cerâmicos) em duas áreas de atividade podendo indicar o abandono rápido e não
planejado pelo menos de áreas do sítio.
A Prancha 53 mostra a distribuição das bordas de acordo com suas funções presumidas.
Vasilhas destinadas ao consumo individual e serviço aparecem tanto nas áreas das
concentrações quanto nas demais porções do sítio. Vasilhas destinadas ao
armazenamento e quiçá, à cocção de quantidades pequenas estão localizadas na
Concentração 1 e arredores. Por outro lado, vasilhas relacionadas ao armazenamento de
líquidos aparecem apenas na Concentração 1. Sabemos da limitação das interpretações
dessas distribuições, dado o pequeno número de peças, mas coletas sucessivas no local
poderão corroborar ou refutar as idéias aqui apresentadas.
283
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho está alicerçado em dois olhares que se entrecruzam, um mais amplo, que
procura estabelecer um diálogo com as informações disponíveis para a ocupação Tupi no
estado de São Paulo, sobretudo de sua porção nordeste, e outro mais específico, que
busca compreender a variabilidade artefatual presente em 13 conjuntos32 relacionados à
bacia do Alto e Médio Mogi Guaçu.
32
11 sítios arqueológicos - 10 associados a coletas sistemáticas e 01 apenas com coleta assistemática (Sítio Jardim Igaçaba), e 02
coleções advindas de coletas assistemáticas (Coleção Manuel Pereira de Godoy e Coleção Alaur da Mata).
284
O modelo de Sackett, ao afirmar que estilo e função são aspectos indissociáveis, foi
fundamental, embora não aceitemos a idéia de que o estilo reflita mecanicamente
etnicidade, sendo esta última uma auto-afirmação (JONES 1997). Nossa preocupação foi
vislumbrar os processos sociais ocorridos no tempo e no espaço, uma vez que o estilo é
uma expressão social, recriado cotidianamente (HEGMON 1998).
Devemos salientar que não temos uma homogeneidade de traços, pelo contrário a
variabilidade artefatual identificada aponta para uma diversidade cultural. Além disso,
285
esses grupos ocuparam a região durante um largo espectro temporal, posto que contamos
com dados que indicam sua permanência na área até a chegada do elemento europeu
(GODOY 1974; MANO 2006), o que requer necessariamente um olhar mais dinâmico
para essas ocupações. Essa constatação nos remete a mais algumas reflexões: a questão
cronológica, a interação com grupos indígenas não-Tupis e com a ocupação luso-
européia.
Questão cronológica
No início da pesquisa, o nordeste de São Paulo contava com duas datações para sítios
associados à tradição Tupiguarani, uma em 1550 anos AP para o sítio Franco de Godoy
(PALLESTRINI 1981-1982), e uma em 924 anos AP para o sítio Bom Retiro
(CALDARELLI 1983). Realizamos mais três datações para a área: 1085 + 130 anos BP
para o sítio Lambari II, 780 + 110 anos para o Sítio Franco de Campos e 450 + 60 para o
sítio Cachoeira de Emas 2, possibilitando um incremento da cronologia disponível para
essas ocupações.
Para o sítio Franco de Godoy temos peças que evidenciam contextos de interação com o
elemento europeu – prato com grafismo no motivo “xadrez”, tigela com base em
pedestal e presença de asas. Esse fato aponta a duas questões, uma vez que sua data gira
em torno de 400 d.C: ou temos uma reocupação do sítio ou estamos lidando com uma
data errônea, hipótese que não fica afastada pois temos uma data única para o sítio.
Ademais, esse contexto de contato, marcado por pressões e epidemias, pode ter
pressionado o grupo ao abandono rápido evidenciado nas estruturas do sítio.
Mesmo que não consideremos a data de 1550 anos, conforme pontuaremos a seguir, os
dados obtidos apontam para uma ocupação Tupi relativamente antiga (1000 anos) e
contínua no nordeste do estado, com grupos Tupi nessa região pelo menos por 500 anos.
Estas datas evidenciam a necessidade de se tratar a questão das fronteiras culturais entre
esses grupos de maneira mais dinâmica, talvez o conceito de zona de fronteira seja mais
adequado ao abordar de maneira mais enfática a interação cultural. De qualquer modo a
aplicação do conceito não pode prescindir de dados arqueológicos concretos.
286
Os artefatos cerâmicos encontrados nas várias coleções visitadas têm apontado para uma
ocupação densa do nordeste do estado de São Paulo por grupos agricultores ceramistas
associados à tradição Tupiguarani, ocupação esta expressa na variabilidade artefatual
encontrada, restando aprofundar quais os processos culturais responsáveis por essa
variabilidade. Nesse sentido, a variabilidade identificada nos grafismos da Coleção
Manuel Pereira de Godoy, onde temos mais de duas dezenas de motivos diferenciados,
mostra que esses artefatos participaram ativamente de relações sociais e políticas (como
288
demonstrou BOWSER 2000). Os campos primários das tigelas do Grupo 1 exibem toda
a virtuosidade e maestria das artesãs tupi.
Por outro lado, embora essa tradição tenha similaridades em termos estruturais, as
sutilezas das escolhas e as nuances dos gestos podem trazer novos dados acerca dos
processos de interação social, troca de informações, relações de ensino-aprendizagem,
possibilitando também a identificação de regionalismos ou micro-estilos. Dentro de uma
matriz cultural, os processos de invenção (quando a mudança não persiste) e de inovação
(quando a mudança se fixa) ao lado dos fenômenos de interação social, podem ter sido
responsáveis pela presença de peças “exóticas” que se fixaram, ou não. Ou seja, a
mudança deve ser vista como processo, que deve passar pelo crivo da cultura,
envolvendo fenômenos de longa-duração.
Como pontuou Brochado (1984), a arqueologia do leste da América do Sul deve ser
vista como a pré-história das populações indígenas históricas e atuais. Assim
compreender a variabilidade artefatual da tradição Tupiguarani é identificar elementos
que refletem uma continuidade cultural, assim como recuperar características que
revelam mudanças e estilos regionais, escrevendo um pouco da história dessas
populações que ocuparam o nordeste do estado de São Paulo e boa parte do país que
chamamos de Brasil.
289
BIBLIOGRAFIA GERAL
1. Fontes Primárias
2. Fontes Secundárias
WÜST, I.; CARVALHO, H.B. Novas perspectivas para o estudo dos ceramistas pré-
coloniais do Centro-Oeste brasileiro: a análise espacial do sítio Guará 1 (GO-NI-
100), Goiás. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE/USP, São
Paulo, 6 : 47-81, 1996.
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Itapira. Relatório Final, São Paulo, 2003.
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Gasoduto Luís Antônio - Ribeirão Preto. Relatório Final, São Paulo, 2004b.
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Arqueológico em terreno de propriedade da DAB Usinadora – Distrito
Industrial Luiz Torrani, Município de Mogi Mirim, São Paulo. Relatório Final,
São Paulo, 2005a.
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distribuição de gás natural. Eixo Matão – Luiz Antônio. Relatório Final,
Relatório Final, São Paulo, 2005b.
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Monitoramento Arqueológico – Eurofarma Laboratórios Ltda. (Etapa 2),
Município de Itapevi, São Paulo, 2006a.
ZANETTINI ARQUEOLOGIA. Programa de Resgate Arqueológico –
Empreendimento Ponte de Concreto sobre o rio Mogi-Guaçú – Cachoeira de
Emas, Município de Pirassununga, São Paulo. Relatório Final, São Paulo,
2006b.
ZANETTINI ARQUEOLOGIA. Programa de Diagnóstico Arqueológico do Sistema
de Distribuição de Gás Natural – Trecho Araraquara – Guatapará, São Paulo.
Relatório Final, 2006c.
ZANETTINI ARQUEOLOGIA. Programa de Diagnóstico Arqueológico Usina
Guarani S/A – Açúcar e Álcool (Usina Cruz Alta – Unidade III), Municípios
de São José do Rio Preto e Olímpia, Estado de São Paulo. Relatório Final, 2007.
311
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Porto Menezes (SP AT6) Araçatuba Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Porto Sargeb. (SP AT 9) Araçatuba Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Fazenda São José (SP TA 10) Birigui Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Implantado na parte mais alta de amplo terraço, que corre paralelo ao rio Paraná. Presença de
200 metros no
Castilho Castilho Araçatuba fragmentos cerãmicos com decorações pintadas, corrugadas e entalhadas. O material lítico em BLASIS 1998
eixo maior
arenito silicificado predomina, sendo encontradas apenas algumas peças em silex.
Porto Indep. (SP AT 8) Castilho Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Córrego Buriti (SP AT7) Gal.Salgado Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Gal.Salgado/
Fazenda Talhada (SP PD4) São José dos Araçatuba Não acessada MARANCAet al 1994
Dourados
Implantado em topo de colina às margensdo rio Paraná e próximo ao Córrego da Onça. Material
Três Lagoas (SP TA3) Itapura Araçatuba 250x250 cerâmico (corrugado, ungulado, serrungulado,e escovado e pintado) e litíco (percutores, MARANCAet al 1994 1400 (NM)
machados e lascas). Parte do sítio foi inundado pela represa de Jupiá.
Beira Rio (SP PF1) Luisiânia Araçatuba Implantado a cerca de 1000 metros do Rio Feio. Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Implantado na parte mais baixa de uma colina de declive suave, entre os córregos Julio Augustae
Boa Esperança (SP TA5) Pereira Barreto Araçatuba Paraíso, a 300 metros do rio Tietê. Material cerâmico (pintado, corrugado, ungulado, raspado e MARANCAet al 1994 1040 (TL)
inciso) e litíco (polidores com sulcos, lascas e objetos alongados polidos de função desconhecida)
Cinco Ilhas (SP TA 4) Pereira Barreto Araçatuba Não acessada MARANCAet al 1994
Implantado entre os córregos Anhumas e Barra Bonita, cerca de 2Km do rio Tietê. Material
Kondo (SP TA1) Pereira Barreto Araçatuba 150x180 cerâmico (predomínio dos fragmentospintados, também aparece o corrugado e o serrungulado) e MARANCAet al 1994 1320 (TL)
lítico (percutores e lascas)
Implantado em vertente suave de colina, entre os córregos Barra Bonita e Júlio Augusta, cerca de
Trentin (SP TA2) Pereira Barreto Araçatuba 200x200 800 metros do rio Tietê. Material cerâmico (predomínio de fragmentos pintados, presença do MARANCAet al 1994 1070 (TL)
inciso-ponteado) e litíco (machados e lascas)
Pereira Barreto/ Implantado a cerca de 800 metros do rio São José dos Dourados. Material cerâmico (predomínio
Ary Carneiro (SP PD1) São José dos Araçatuba 200x200 da decoração pintada, presença de corrugado e ungulado; polidores com sulco) e litíco MARANCAet al 1994 2200 (TL)
Dourados (percutores, machados polidos e lascas)
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
São José dos MARANCA Apud
SP PD3 Dourados Araçatuba Salvamento de pequeno número de fragmentos SCATAMACCHIA
(Localidade) 1981
MAXIMINO 2004 Apud
Localizado em área de restinga, apresnetou estruturas funerárias (sepultamento primário) e 23J 7314685/
Taniguá Peruíbe Baixada Santista ZANETTINI & IPHAN
material malacológico, assim como material histórico (faiança fina) 304050
2007.
Coleta Assistemática 1 - Urna Localização de uma vasilha de contorno complexo, segmentado, com decoração pintada externa PEREIRA JÚNIOR
Peruíbe Baixada Santista
de Peruíbe associada a tigela com pintura interna, que parece ter servido como tampa. 1965
Sítio localizado sobre dunas, circundado pelo rio Branco e localizado a cerca de 8km da linha da
praia. Foram identificados os seguintes tipos decorativos: ungulado, entalhado, corrugado
250 mestros de complicado, corrugado espatulado, corrugado simples, inciso, ponteado e escovado. Dentre as
Brastubos Praia Grande Baixada Santista MYASAKI 1977 23 55'S 46 25'W
extensão decorações pintadas se sobressaemas linhas vermelhas,tendo sido notados motivos característicos
que remetem a um contexto de contato. Ademais, temos a presença de outros materiais históricos,
tais como, louças, vidros, cachimbos e moeda.
Presença de material cerâmico com características da Subtradição Guarani, a saber: urna com
contorno complexo, fragmentos pedominantemente pintados e presença de peça espatulada e
PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Mandu Guaíra Barretos ungulada. Cabe destacar a presença de peça geminada, fragmentos perfurados e colher de barro.
1957
Não temos a indicação do contexto dos vestígios, podendo ser mais de um sítio arqueológico
dentro da mesma fazenda.
ZANETTINI
Efetuado apenas o cadastro da presença de vestígios cerâmicos em superfície, na mesma área ARQUEOLOGIA 2004 22K 7733287/
Jardim do Bosque Guaraci Barretos 4800 m²
ocorrem materiais históricos. Apud ZANETTINI & 715015
IPHAN 2007.
Cardoso (SP TJ1) Arealva Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Chácara Boa Vista (SP TJ2) Arealva Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Faz.Matão (SP TJ6) Arealva Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
São Bento (SP TJ3) Arealva Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Piataraca (SP TC2) Barra Bonita Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Rio Turvo (SP TC3) Dois Córregos Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
Material cerâmico (5.038 fragmentoscerâmicos, alguns com decoração lisa, corrugada, ungulada GOULART; AFONSO
Gramado Brotas Campinas 190+20 (TL)
e pintada), material lítico lascado e material faunístico. 1998
Coleta Assistemática 1 - Urna com tampa e restos esqueletais. A peça exibe contorno complexo, carenado, com a presença
Capivari Campinas PAZINATTO 1983
Primeira igaçaba de Capivari de deocração pintada (motivo ortogonal assimétrico) na parte superior externa.
Urna com tampa e restos esqueletais. A peça exibe contorno complexo, carenado, com a presença
Coleta Assistemática 2 -
Capivari Campinas de deocração pintada (motivo ortogonal assimétrico) na parte superior externa. Encontrada no PEREIRA et al 1982
Segunda Igaçaba de Capivari
sítio Santo Antônio, Bairro das Palmeiras
Localizado em alta vertente, distando 80 metros do Rio Lambari. Presença de estrutura funerária,
Lambari II Casa Branca Campinas 160x180 fragmentos cerâmicos pintados, corrugados e ungulados; material lítico lascado e lâminas de AFONSO 2001 1085+130 (TL)
machado. Sítio abordado no âmbito dessa pesquisa.
Sítio formado por duas concentrações cerâmicas sobre topo de colina e na plánicie fluvial
ZANETTINI 23K 312760 /
Rio do peixe Itapira Campinas 300x600 adjacente ao Rio do Peixe. Foram verificados fragmentos cerâmicos e litícos espalhados pela
ARQUEOLOGIA 2003 7524146
superfície. Efetuado apenas cadastro.
Sítio em topo de colina de vertentes suaves, a cerca de 900 metros da margem esquerda do Rio
do peixe. Presença de lascas de silex e material cerâmico em superfície. A dimensão real do sítio ZANETTINI 23K 318340 /
Virgolino Itapira Campinas 30x20
pode chegar a 600 x 1000 metros, a julgar pela dispersão do material, sendo necessária a ARQUEOLOGIA 2003 7521552
realização de uma pesquisa detalhada no local, efetuado apenas o registro.
Localizado a cerca de 100 metros do rio Mogi Guaçu, implantado em colina baixa e média.
Presença de manchas de solo antropogênico, estruturas funerárias e de combustão. O material PALLESTRINI 23K 304450/
Franco de Godoy Mogi-Guaçu Campinas 100x200 1550 (C14)
cerâmico revela indícios de contato, a despeito da data recuada que deve ser revista. Sítio 1981/82; MORAIS 1995 7524270
retomado no âmbito dessa pesquisa.
Implantado em pequeno espigão, cerca de 500 metros do Ribeirão do Ipê. Apresentou duas
concentrações de material cerâmico, uma formando meia elipse. Foram coletados fragmentos 23K 300450/
Ipê Mogi-Guaçu Campinas 260x340 MORAIS 2000
cerâmicos, litico lascado e dois fragmentos de tembetá em superfície. A avaliação do sítio no 7528850
âmbito dessa pesquisa demonstrou que o mesmo tem potencial para ser retomado.
Localizado em vertente de colina ampla a cerca de 1700 metros do rio Mogi Guaçu. Esse sítio foi
23K 298500/
Jardim Igaçaba Mogi-Guaçu Campinas destruído pela implantação do loteamento de nome homônimo, restaram apenas 5 urnas, MORAIS 1995
7526566
análisadas no âmbito dessa pesquisa.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Localizado em terraço marginal extenso a 250 metros do rio Mogi Guaçu, apresentava material
23k 281500/
Ponte Preta Mogi-Guaçu Campinas disperso em superfície, não apresentando integridade para retomada de trabalhos, conforme MORAIS 1995
7533875
mostrou a avaliação realizada no ambito dessa pesquisa.
Localizado em terraço amplo a 150 metros do rio Mogi Guaçu. Apresentou 5 manchas de solo 23K 304200/
Barragem Mogi-Mirim Campinas 150x230 MORAIS 1995
antropogênico, sendo retomado no âmbito dessa pesquisa. 7524150
Localizado em terraço amplo a 20 metros do rio Mogi Guaçu, estando sujeito à dinâmica
deposicional do mesmo. Apresentou 2 manchas de solo antropogênico e uma área de refugo
23K 304254/
Franco de Campos Mogi-Mirim Campinas 100x160 secundário de alta densidade (material litíco, cerâmico e faunístico), sendo retomado no âmbito MORAIS 1995 780+110 (TL)
7524283
dessa pesquisa. Cabe ressaltar a presença de material cerâmico de contato no mesmo conetxto
deposicional.
Implantado na margem esquerda do rio capivari-Mirim, presença de urna funarária com tampa e MYASAKI; AYTAI
Tapajós Monte Mor Campinas
vestígios esqueletais 1974
O sítio Cachoeira de Emas 2 encontra-se implantado em um topo de colina suave, a cerca de 600
m do sítio Cachoeira de Emas 1, e a 400 metros do rio Mogi Guaçu. A concentração 1 ZANETTINI 23K 0254991 /
Cachoeira de Emas2 Pirassununga Campinas 280x180 450+60 (TL)
apresentou dimensões de 30 m x 70 m, enquanto a concentração 2 revelou uma dimensão 30 m x ARQUEOLOGIA 2006b 7573924
30 m. Este sítio foi analisado no âmbito dessa pesquisa.
Manuel Pereira de Godoy indica a área à esquerda do rio Mogi Guaçu onde funcionava a Estação
Coleta Assistemática 1 - EEBP Experimental de Biologia e Psicultura, atual Cepta/ Ibama, como um dos aldeamentos de
Pirassununga Campinas GODOY 1974
Pirassununga Cachoeira de Emas, peças com essa procedência em sua Coleção Particular mostram o potencial
da área.
Manuel Pereira de Godoy indica a área à esquerda do rio Mogi Guaçu onde ficava a Vila dos
Coleta Assistemática 2 - Vila
Pirassununga Campinas Oficiais (Fazenda da Aeronautica) como um dos aldeamentos de Cachoeira de Emas, algumas GODOY 1974
dos Oficiais
peças da coleção particular do pesquisador foram retiradas no local.
Manuel Pereira de Godoy indica a área à direita do rio Mogi Guaçu na área de cultivo da
Coleta Assistemática 3 -
Pirassununga Campinas Fazenda dos Furlam como um dos aldeamentos de Cachoeira de Emas, algumas peças da coleção GODOY 1974
Fazenda dos Furlam
particular do pesquisador foram retiradas no local.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Manuel Pereira de Godoy indica a área à direita do rio Mogi Guaçu na área de cultivo da
Coleta Assistemática 4 -
Pirassununga Campinas Fazenda Mandureba como um dos aldeamentos de Cachoeira de Emas, algumas peças da coleção GODOY 1974
Fazenda Mandureba
particular do pesquisador foram retiradas no local.
Coleta Assistemática 5 - Bairro Manuel Pereira de Godoy indica a presença de aldeiamentostambém perto da Foz do Rio Jaguari
Pirassununga Campinas GODOY 1974
Sta Teresa Mirim.
Localizado a cerca de 250 metros da margem direita do rio Corumbataí, vestígios lascados em 23K 233147 /
Corumbataí Rio Claro Campinas BLASIS 1998
silex, seixos e raros fragmentos cerâmicos possivelmente associados à Tradição Tupiguarani. 7513048
Implantado em ampla colina de vertente suave em frente ao rio Jacaré. Presença de decorações
Jacaré Ibitinga Central 200x100 pintadas, unguladas e entalhadas. O material litíco composto por lascas em silex, arenito BLASIS 1998
silicificado e quartzo. Material bruto e polito em rochas básicas.
Sítio localizado no Horto Florestal há cerca de 1km do sítio Vila Paulista, em área hoje ocupada ALTENFELDER
Prema Rio Claro Campinas
por moradias. Foi encontrada uma urna. SILVA 1967
O sítio está a 150 metros do córrego que originou seu nome e cerca de 3,5 km do Jacaré-Guaçu.
Boa Esperança Com pouca declividade para o Córrego Mandaguari, observados alguns cacos finos e espessos 22K 769200 /
Mandaguari Central SCHIAVETTO 2007
do Sul sem decoração, uma parte da carena de um pote (com pintura vermelha), um fragmento pintado 7577400
(com decoração em preto, branco e vermelho) e alguns blocos de arenito vermelho.
COLEÇÃO
Coleta de uma urna com tampa e restos esqueletais na rua São Sebastião (centro da cidade) em PARTICULAR
Coleta Assistemática 1 - Rua
Porto Ferreira Central 1957. Informação coletada na documentação da Coleção Manuel pereira de Godoy no âmbito MANUEL PEREIRA
São Sebastião
dessa pesquisa. DE GODOY -
PIRASSUNUNGA
Implantado em área de declividade média para o Ribeirão Anhumas,quase no topo de colina. O PALLESTRINI 1975; 23K 7606825 /
Rapatoni/ Fazenda Bom Retiro Rincão Central
ribeirão está 650 metros e o rio Mogi Guaçu a 2100 metros. SCHIAVETTO 2007 190828
Localizado a 450 metros do Ribeirão Anhumas e a 1700 metros da confluência deste com o rio 22K 0192254 /
Anhumas I Rincão Central 110x70 SCHIAVETTO 2007
Mogi-Guaçu, imnplantado em terraço. 7607925
Implantado em área de pouca declividade, no início do terraço em direção ao rio Mogi Guaçu. A 22K 0808286 /
São José Rincão Central 100x50 SCHIAVETTO 2007
distância entre o sítio e o referido rio é de 1750 metros. 7612004
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Santa Rita do A ficha de cadastro do iphan indica tratar-se de um sítio multicomponencial, implantado em NATHER JR. Apud
Usina Sta Rita S/A Central
Passa Quatro planície de inundação do ribeirão Vaçununga SCHIAVETTO 2007
Localizado na bacia do médio Mogi-Guaçu, em terraço de pouca declividade, à 1.500m do Rio 23K 0207192 /
Itauarama São Carlos Central SCHIAVETTO 2007
Mogi-Guaçu. Presença de fragmentos cerâmicos lisos e decorados em estilo corrugado. 7605823
Coleta de peças com características Tupi, assim como com característica diferenciadas, as quais PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Santa Rita Franca Franca
foram associadas posteriormente à Tradição Aratu 1957
Coleta de peças com características Tupi, assim como com característica diferenciadas, as quais PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Santa Lúcia Franca Franca
foram associadas posteriormente à Tradição Aratu 1957
Coleta de peças com características Tupi, assim como com característica diferenciadas, as quais PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Bebedouro Franca Franca
foram associadas posteriormente à Tradição Arartu 1957
Coleta de peças com características Tupi, assim como com característica diferenciadas, as quais PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Boa Esperança Franca Franca
foram associadas posteriormente à Tradição Aratu 1957
Campos Novos Material cerâmico e lítico, camada única de ocupação. A cerâmica e o material lítico são N7495300
Martins Marília 200x200 MORAIS 1995; 2000 580+60 (TL)
Paulista escassos.Denominacao anterior OAQI-MTA E601100
N7460830
Barranco Vermelho Cândido Mota Marília Sítio lito cerâmico. Denominação anterior OAQI-MTA MORAIS 1995
E550850
Barranquinho Cândido Mota Marília Localizacao imprecisa. Denominação anterior OAQI-VCN MORAIS 1995
Sítio lito cerâmico com duas camadas arqueológicas, implantado em colina suave. Corresponde
Foz das Cinzas (SP AS aos sítios SP AS 8,9,10,11 e 12 pesquisados por Chymz (1977). Os núcleos de solo N7463500
Cândido Mota Marília 30000 m² MORAIS 1995; 1996
8,9,10,11,12) antropogênico foram interpretados por Morais (1996) com um único sítio. Há evidências de E549250
cerâmica de contato, certamente guarani de influencia jesuitica na camada superficial.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Marolo Cândido Mota Marília Não acessada MORAIS 2000 594+60 (TL)
Mata Figueira Cândido Mota Marília Não acessada MORAIS 2000 340+35 (TL)
Sítio lito cerâmico com uma camada arqueológica, a concentração de material corresponde N7464920
Mota Cândido Mota Marília 100 m² MORAIS 1995; 1997
provavelmente a uma estrutura habitacional. E549250
N7465500
Mota 2 Cândido Mota Marília Sítio lito cerâmico com uma camada arqueológica MORAIS 1995; 1997
E550800
Peroba Cândido Mota Marília Não acessada MORAIS 2000 917+100 (TL) 0597508 / 7467560
N7460625
Porto Almeida Cândido Mota Marília Informação oral sobre potes e machados, verificada ocorrência de líticos junto à cascalheira MORAIS 1995
E550980
Sítio lito cerâmico com evidências numerosasem uma única camada arqueológica, implantado em
Porto Galvão 1 (SP AS 4,5,6,7 N7463750
Cândido Mota Marília 100x85 colina suave a 60 metros do rio. Corresponde aos sítios SP AS 4,5,6 e 7 pesquisados por Chymz MORAIS 1995; 1997
) E552000
(1977).
Situado a cerca de 100 metros da margem do rio, ocupando flanco de elevação suave. Sítio lito
cerâmico com duas camadas arqueológicas. Corresponde aos sítios SP AS 1 E 2 pesquisadospor N7462750
Porto Galvão 2 ( SP AS 1, 2) Cândido Mota Marília 60 x 45 MORAIS 1995; 1997
Chymz (1977) Há evidencias de ceramica de contato, certamente guarani de influencia jesuitica, E550500
na camada superficial.
Água do Pantano Florínea Marília Local impreciso, informações orais MORAIS 1995
Barra do Campinho Florínea Marília Sítio lito-cerâmico unicomponencial, localizado em colina ampla e suave MORAIS 1995 0520250 / 7462050
Sítio lito cerâmica, nessa avaliação não foram encontrados vestígios no local indicado. N7460790
Barreirinho Florínea Marília MORAIS 1995
Denominação anterior OAQI-PVA E540380
Implantado em meia encosta com o rio Paranapanema na base. Foram evidenciados no local 3
Campinho Florínea Marília FACCIO 1998 7461185/ 518170
fragmentos cerâmicos e um número maior de peças litícas lascadas.
Sítio lito-cerâmico, não foram encontrados vestígios no local indicado. Denominação anterior N7470070
Paca Florínea Marília MORAIS 1995
OAQI-SNT E540130
Implantado em colina suave sobre o rio Paranapanema, vestígios representados por fragmentos MORAIS 1995; 1996; N7466350
Porto Quebra Canoa Florínea Marília 200x200
cerâmicos e liticos, manchas de terra preta. Sitio submerso pelo represamento da UHE Capivara. 1999 E542700
Sítio lito-cerâmico, inundado pelo reservatório capivara em 1976. Denominação anterior OAQI- N7460550
Porto Quebra Canoa 2 Florínea Marília MORAIS 1995
SDN E540050
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Sítio lito-cerâmico, inundado pelo reservatorio capivara em 1977. Denominação anterior OAQI- N7460750
Porto Quebra Canoa 3 Florínea Marília MORAIS 1995
MMO E530660
Fazenda Ipiranga Marília Marília Observado apenas decoração pintada MILLER 1972
Fazenda Santa Terezinha (SP Localizado a 10 metros da margem esquerda do Rio Pardo, ocupava o flanco de uma suave
Ourinhos Marília 100x80 CHMYZ 1977
SC7) elevação.
Implantado sobre colina de pequena elevação, na confluência do rio do Peixe com o rio Futuro.
As escavações em superfícies amplas revelaram a existência de 17 manchas de solo
Regadas Garcia Pompéia Marília 180x120 PALLESTRINI 1975
antropogênico. O material cerâmico apresentou decorações corrugadas, unguladas, pintadas,
pinçadas e serrunguladas. A indústria lítica se resume a percutores, núcleos e lascas.
ZANETTINI
Na área do sítio, além dos vestígios lito-cerâmicos, foi encontrada concentração de refugo ARQUEOLOGIA 2004
22K 0608523 /
Córrego Capim Ribeirão do Sul Marília doméstico, caracterizando ocupação histórica. Encontrada ocorrência caracterizada por lasca em Apud IPHAN;
7483580
silexito, próximo ao sítio. Efetuado apenas cadastro. ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007
Localizado à margem direita do rio Paranapanema, 200 metros abaixo da foz do rio Pardo,
Água do Lajeado (SP SC8) Salto Grande Marília 300x100 distanto cerca de 25 metros do primeiro rio e ocupando flanco de uma suave elevação. Presença CHMYZ 1977
de urna funerária de comtorno complexo e com tampa.
Localizado na margemdireita do rio Pardo, cerca de 200 metros abaixo da foz do rio Turvo e 2,5
20 metros de
Fazenda Ferrazolli (SP SC5) Salto Grande Marília km acima da foz do primeiro no rio Paranapanema. O rio Pardo encontra-se a cerca de 350 CHMYZ 1977
diâmetro
metros. Vestígios arqueológicos escassos.
300m de Sítio lito-cerâmico com uma camada, inundado pelo reservatório capivara em 1958. Trata-se do CHMYZ 1977; N7467150
Hotel Uselpa 1 (SP SC2) Salto Grande Marília
diâmetro sítio SP SC 2 cadastrado por Chymz (1977) MORAIS 1995 E602700
Sítio cadastrado a partir de depoimento, trata-se de evidências cerâmicas, inclusive uma urna
CHMYZ 1977;
Hotel Uselpa 2 (SP SC9) Salto Grande Marília funeraria, situadas cerca de 50 metros do Rio Paranapanema. O local foi inundado pelo
MORAIS 1995
reservatório de Salto Grande. Trata-se do sítio SP SC 9 cadastrado por Chymz (1977).
Sitio de atividade especifica caracterizado pela presença de marcas de abrasão resultantes das
CHMYZ 1977; N7466590
Polidores (SP SC3 ) Salto Grande Marília diversas fases do polimento de lâminas de machado. Trata-se de dois matacões de arenito
MORAIS 1995 E602700
silicificado. Corresponde ao sitio SP SC 3 cadastrado por Chymz (1977)
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Localizado no pátio de uma pequena estação da Estrada de Ferro Sorocabana, distando 30 metros
Sorocabana (SP SC 6) Salto Grande Marília CHMYZ 1977
da margem direita do rio Pardo
Implantado em topo de colina suave, base do rio pirapozinho. presentando estrutura de IPHAN; ZANETTINI 22 0405639 /
Pirapozinho Estrela do Norte Presidente Prudente 32x32
lascamento, com cerâmica lisa com decoração plástica. ARQUEOLOGIA 2007 7513421
Sítio submerso pelo rio Paranapanema. Um conjunto de 614 peças cerâmicas e 3 litícos foi
Capisa Iepê Presidente Prudente FACCIO 1998 7482078 / 495087
coletado por proprietários antes da formação do lago da UHE Capivara.
Implantado em meia encosta, próxima do Ribeirão Água da Fábula com a presença de material
Graças Iepê Presidente Prudente 60x100 FACCIO 1998 7501677 / 504242
cerâmico em baixa densidade (32 fragmentos)
Localizado em área sujeita a inundações sazonais pelo rio Paranapanema. Foram coletados, ao
Lagoa Seca Iepê Presidente Prudente FACCIO 1998 7481574 / 487099
longo da faixa de depleção, 26 fragmentos cerâmicos, 52 litícos lascados e 1 polido.
Ocupava topo de uma pequena elevação alongada, a 60 metros da margem direita do rio 980+100 (C14);
Porto Casanova 2 (SP AS 14) Iepê Presidente Prudente 35x30 CHMYZ 1977
Paranapanema. As evidências estavam espalhadas numa área eliptíca 1130+150 (C14)
10 metros de Implantado em flanco de uma elevação a 180 metros da margem direita do rio Paranapanema.
Porto Casanova 1 (SP AS 13) Iepê Presidente Prudente CHMYZ 1977
diâmetro Evidências arqueológicas escassas
Ocupava flando de elevação suave a 50 metros da margem direita do rio Paranapanema e 60
Porto Casanova 3 (SP AS 15) Iepê Presidente Prudente 70x40 CHMYZ 1977
metros de um riacho.
Ocupava flando de elevação suave a 50 metros da margem direita do rio Paranapanema e a 250
Porto Casanova 4 (SP AS 16) Iepê Presidente Prudente 30x20 CHMYZ 1977
metros do sítio Porto Casanova 3. Vestígios arqueológicos escassos numa área eliptica.
Ocupava flando de elevação suave a 100 metros da margem direita do rio Paranapanema e 20
Porto Casanova 5 (SP AS 17) Iepê Presidente Prudente 40x30 CHMYZ 1977
metros de um riacho. Vestígios arqueológicos escassos numa área eliptica.
Localizado nas proximidades da nascente do Córrego do Caracol, com presença de material nas
Ragil Iepê Presidente Prudente 690x480 margens esquerda e direita. Material cerâmico e litíco (lascado e polido). Predomínio da FACCIO 1998 1660+170 (TL) 7483967 / 496309
cerâmica lisa, dentre os tipos decorativos destacam-se quantitativamente os pintados.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Localizado em meio encosta, em área sob interferência do rio Paranapanema. Apresenta material
Ragil II Iepê Presidente Prudente 570x120 cerâmico, litíco polido e lascado. Apresentou uma varibilidade bem maior de tipos decorativos, FACCIO 1998 1093+100 (TL) 7482373 / 496612
se comparado ao Ragil, sendo o corrugado o mais frequente.
Sítio submerso pelo rio Paranapanema. Um conjunto de 354 peças cerâmicas e 1 litíco foi
Terra do Sol Nascente Iepê Presidente Prudente FACCIO 1998 7480939 / 492347
coletado por proprietários antes da formação do lago da UHE Capivara.
Sítio lito-cerâmico em superficie. O material cerâmico é composto or fragmentos (um com SCIENTIA 2004 Apud
22K 0462572 /
Alvorada III Junqueirópolis Presidente Prudente marcad de cestaria) e bolota de argila. Observado também a presneça de antiplástico de cariapé. IPHAN; ZANETTINI
7645453 SAD 69
O material lítico é predominantemente em silex. ARQUEOLOGIA 2007
Sítio lito cerâmico em profundidade, apresentando duas grandes concentrações de material SCIENTIA 2004 Apud
22K 0459834 /
Alvorada IV Junqueirópolis Presidente Prudente arqueológico. Fragmentos cerâmicos com decorações plásticas e pintadas. Observado antiplástico IPHAN; ZANETTINI
7645482 SAD 69
de cariapé. Material lítico em sílex. ARQUEOLOGIA 2007
Santo Antônio (SP PA1) Monte Castelo Presidente Prudente Material cerâmico e litíco MARANCA el al 1994
Sítio lito-cerâmico implantado em vertente média de colina. Análise detalhada de 2526 906+90 (TL); 942
Alvim Pirapozinho Presidente Prudente FACCIO 1992 422350 / 7499240
fragmentos cerâmicos coletados. (NM); 978+100 (TL)
Implantado sobre terraço do ribeirão dos Bandeirantes com três estratos arqueológicos: dois
Presidente níveis litícos e um nível lito-cerâmico. Os trabalhos revelaram a presença de 13 manchasescuras, 21º41'15''S /
Lagoa São Paulo Presidente Prudente ALVES 1988
Epitácio ovaladas, e a presença de 7 fogueiras externas. O material é composto por fragmentoscerâmicos 52º58'20''W
(lisos, pintados, corrugados, ungulados, incisos e serrungulados) e litícos lascados e polidos.
Identificado 12 manchas escuras; foram encontradas mandíbulas e dentes de macaco, conchas, KUNZLY Apud
Presidente 0391640 / 7597939
Lagoa São Paulo 2 Presidente Prudente vértebras e espinhas de peixe; líticos lascados, núcleos, lascas e muitas estilhas; cerâmica IPHAN; ZANETTINI
Epitácio SAD 69
decorada (plástica e pintada) e lisa; Urnas com ossos humanos. Sítio fora da cota de inundação ARQUEOLOGIA 2007
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Implantado em meia encosta, próxima a duas nascentes de água que formam o Ribeirão Água da
Figueiredo Rancharia Presidente Prudente Floresta. Não foram localizados vestígios dada a baixa visibilidade. O proprietário do terreno fez FACCIO 1998 7507334 / 514287
a doação de uma lâmina de machado coletada no local.
Implantadoem encosta próxima ao Rio Marabaia. Material escasso composto por 11 fragmentos
Marambaia Rancharia Presidente Prudente 50x80 FACCIO 1998 7513946 / 504464
de cerâmica.
KUNZLY Apud
22º 28' 33,3" 52º
Gavião Rosana Presidente Prudente Vasilhas inteiras; partes do sítio estava sob a água (parcialmente submerso) IPHAN; ZANETTINI
55' 01,3"
ARQUEOLOGIA 2007
Localizado entre topo e média vertente de colina, a 130m de rio. Maior concentração de vestígios
IPHAN; ZANETTINI 22K 0405639 /
Pirapozinho Sandovalina Presidente Prudente em superfície. Coletado 360 peças, 353 cerâmicos, e 7 líticos.
ARQUEOLOGIA 2007 7513421
SCATAMACCHIA et al
1991;
Implantado sobre terraço próximo a barra de Icapara. Encontrado: material cerâmico de origem SCATAMACCHIA
Mineração Iguape Registro 560 (C14) 24º41'S 47º28'
européia e indígena (de contato); material lítico insignificante; resina de jatobá. Apud IPHAN;
ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007
SCATAMACCHIA
Dados referentes à material recolhido antes do calçamento da cidade. Encontrado: urna, Apud IPHAN;
Estação Experimental Iguape Registro
fragmentos cerâmicos com decorações corrugada, ungulado e escovado. Haviam lagoas no local. ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Este sítio implantado em alta vertente, apresentou vestígios líticos e cerâmicos típicos da tradição
CALDARELLI
Tupiguarani, mas por estar fora da área do empreendimento não foi alvo de regate arqueológico
2001/2002; IPHAN; 23K 0195260 /
Suzuki Guatapará Ribeirão Preto (CALDARELLI 2001/2002). O sítio Suzuki foi reavaliado pela equipe que efetuou o Programa
ZANETTINI 7612588
de Diagnóstico Arqueológico do Gasoduto Luís Antônio - Ribeirão Preto, pois o mesmoencontra
ARQUEOLOGIA 2007
se na área adjacente ao dito empreendimento.
O sítio situa-se na Fazenda Bom Retiro, município de Luis Antônio. Forneceu pontos de maior
densidade de fragmentos cerâmicos, no entanto, esses pontos não tiveram seus limites bem
definidos, impedindo a possível reconstituição de prováveis áreas de estruturas habitacionais. Esse 23K 0213254 /
Bom Retiro Luiz Antônio Ribeirão Preto 180x130 CALDARELLI 1983 924 (TL)
sítio tem como água mais próxima o Córrego da Divisa, distando cerca de 800 metros do rio 7599565
Mogi Guaçu. O relevo da área é ondulado com vertentes suaves e o sítio encontra-se implantado
em meia vertente.
Embora tenha apresentado uma densidade baixa de vestígios cerâmicos, a equipe de Caldarelli
(1983) conseguiu delimitar uma área de dispersão dos fragmentos em 100 x 150 metros. O sítio
23K 0214431 /
Monjolo Luiz Antônio Ribeirão Preto 100x150 arqueológico encontra-se a 280 metros do Córrego do Monjolo e a aproximadamente1 km do rio CALDARELLI 1983
7599547
Moji-Guaçu. O relevo da área é representado por vertentes longas e suaves e, o sítio encontrava-
se implantado em média vertente.
Não foram observadas, quando da realização dos trabalhos de campo, concentrações distintas de
vestígios em superfície. O assentamentoencontra-se implantado a 250 metros de um córrego que
deságua diretamente no rio Mogi Guaçu, que dista cerca de 1800 metros do referido sítio. O 23K 0214165 /
Ribeira Luiz Antônio Ribeirão Preto 200x200 CALDARELLI 1983
relevo da região caracteriza-se por elevações suaves,entalhadas por córregos, apresentando platôs 7600466
extensos e, o sítio arqueológico em questão, encontra-se inserido em colina suave e extensa.
Urnas foram coletadas anteriormente à pesquisa na área.
Ribeirão da Onça Luiz Antônio Ribeirão Preto Presença de fragmentos escovados ZANETTINI 2003
MUSEU HISTÓRICO
Foram verificadas centenas de fragmentos cerâmicos que são entregues ao responsável pelo
Coleta Assistemática 1 São Simão Ribeirão Preto ALAUR DA MATA -
Museu pela população local. Esses fragmentos são coletados em uma das propriedades da região.
SÃO SIMÃO
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
SCHEUER 1957 Apud
Coleta Assistemática 2 - São José dos ROBRAHN-
Aparecida Informação da destruição de dezenas de vasilhas cerâmicas
Aparecida Campos GONZÁLEZ &
ZANETTINI 1999
Caracterizado como aldeia indígena pré-colonial com área de aproximadamente 64.80m².
Presença de quatro manchaspretas, estruturas de fogueira e combustão e estruturas funerárias fora BORNAL & QUEIROZ
São José dos das áreas das manchas. Urna funerária (corrugada) com 5 tigelas pintadas dentro, urna 2003 Apud IPHAN; 23K 0495194 /
Caninhas Canas
Campos (corrugada) com tigelas no interior (2). Presença de cerâmica decorada plástica (corrugada e ZANETTINI 7490041
ungulada) e pintada com motivos geométricos (pretos, vermelho e branco). Material lítico lascado ARQUEOLOGIA 2007
(sílex) e polido.
SCATAMACCHIA
Sítio cerâmico (com decoração simples, corrugada, ungulado, pintado) e resíduos de lascamento.
São José dos 1998 Apud IPHAN; 23º16'34" /
Pedregulho Jacareí Localizado em um amplo platô por volta de 618 m de altitude. Apresenta manchas pretas. Foram
Campos ZANETTINI 45º56'05"
coletados 7626 fragmentos cerâmicos e 19 líticos.
ARQUEOLOGIA 2007
Sítio com 18 manchas de solo antropogênico. Foram coletados cerca de 11000 fragmentos ROBRAHN-
São José dos 23º29'01" /
Santa Marina Jacareí 400000 m² cerâmicos, material litíco lascado (raspadores, lascas e microlascas).e polido (20 lâminas de GONZÁLEZ & 490+50 (C14)
Campos 40º44'58"
machado). ZANETTINI 1999
ROBRAHN-
Sítio pré-histórico cerâmico inserido na tradição tupi-guarani, localizado em um amplo platô por
GONZÁLEZ &
São José dos volta de 617 metros de altitude. Apresentando também estruturas de combustão, manchas pretas, 23º16’1797” /
Villa Branca (SP-JA-04) Jacareí 900 m² ZANETTINI 2001 Apud
Campos líticos lascados e polido. Multicomponencial com concentração de cerâmica, louças nacionais 45º56’0437”
IPHAN; ZANETTINI
(faiança fina) e porcelanas.
ARQUEOLOGIA 2007
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
DOCUMENTO 2005
São José dos São José dos Apud IPHAN; 23K 0416136 /
Sítio sem denominação 1 100x100 Presença de cerâmica com decoração plástica (corrugada) e pintura. Efetuado apenas cadastro
Campos Campos ZANETTINI 7432168
ARQUEOLOGIA 2007
Consta apenas a retirada de uma urna funerária indígena com tampa e esqueleto humano. A QUEIROZ 2004 Apud
São José dos São José dos 23K 0414445 /
Sítio sem denominação 2 arqueológa responsável diz que "até o momento contemplou somente uma pequena porção do IPHAN; ZANETTINI
Campos Campos 7429280
sítio arqueológico." ARQUEOLOGIA 2007
AMENOMORI 2003
São José dos Sítio localizado na Ilha Anchieta, no âmbito do doutorado da pesquisadora. Presença de material Apud IPHAN;
Restinga Ubatuba
Campos Tupi guarani e de cerâmica neobrasileira ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007
DOCUMENTO 2002
Fragmentos cerâmicos lisos, alguns com pintura vermelha, outros com incisões circulares nas
Apud IPHAN; 23K 0370502 /
Taboão 3 Mogi das Cruzes São Paulo paredes e, ainda, bordas com incisões digitadas. O material litico ficou restrito a uma única lasca
ZANETTINI 7408090
retocada em quartzo. Não foi realizado intervenções no solo.
ARQUEOLOGIA 2007
Coleta Assistemática 1- Morro O General Couto de Magalhães registrou a coleta de artefatos – líticos lascados, polidos e PEREIRA JÚNIOR
São Paulo São Paulo
dos Lazáros cerâmicas – durante a desmontagem do Morro dos Lázaros, no atual bairro da Luz, em 1885 1964
Achado fortuito no bairro do Brás, em 1896, quando funcionários do cemitério ali existente, hoje
Quarta Parada, ao efetuarem a abertura de uma cova, localizam uma igaçaba que é, no ano
Coleta Assistemática 2 - PEREIRA JÚNIOR
São Paulo São Paulo seguinte, enviada ao Museu do Estado, hoje Museu Paulista. De acordo com o relato do delegado
Cemitério do Brás 1964
da repartição sanitária, esta não havia sido a primeira vez que uma “panela de barro’’ tinha sido
encontrada no terreno do cemitério
Funcionário do Departamento de Água e Esgotos entrega ao autor uma fragmento de uma urna PEREIRA JÚNIOR
Coleta Assistemática 3 - Mooca São Paulo São Paulo
corrugada, que teria sido destruída quando da abertuta de uma vala. 1964
Coleta Assistemática 7 - Penha São Paulo São Paulo Achado fortuito, em 2004, de outra urna funerária no Bairro da Penha ZANETTINI 2005
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Em agosto de 1959, Paulo Duarte entregou ao autor caixas com cerâmicas provenientes de
trabalhos de movimentaçãode terra no bairro do Morumbi. Uma das peças consiste em uma urna
Coleta Assistemática 4 - PEREIRA JÚNIOR
São Paulo São Paulo de contorno complexo e pintura externa; uma tigela semi restrita sem decoração; uma tigela semi
Morumbi 1964
restrita com pintura visível na parte externa da borda carenada; uma borda com pintura. Também
foram encontrados vestígios de ossos e dentes.
Coleta Assistemática 5 - Penha São Paulo São Paulo Recuperada em 1920 mais uma urna funerária de cerâmica, no bairro da Penha ARAÚJO 1994/1995
Implantado em relevo colinar com o ribeirao do Barreiro na base. Foram detectadas 10 manchas
980+100 (AP); 1260
de solo escuro correspondentes as antigas habitações, alta densidade de fragmentos finos
Jango Luís Angatuba Sorocaba 250x250 PALLESTRINI 1975 (NM); 1540+150 23º33' / 48º30'
correspondentes a vasilhas de uso cotidiano. Semelhanças com Prassévichus. Presença de 3
(TL)
estruturas funerárias.
São Roque Angatuba Sorocaba Não acessada MORAIS 2000 1100+100 (TL)
Campina do Localizado em colina a cerca de 250 metros do córrego da Cruz. Próimo a área urbana do N7389000
Campina Sorocaba 250x200 MORAIS 1999; 2000 540+50 (TL)
Monte Alegre municipio de campina do Monte Alegre. Presença de estrutura funerária. E757500
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Sítio cemitério caracterizado pela presença de aterro. Em um dos lados do aterro foi encontrada
Cemitério do Espanhol (SP IP9) Itaberá Sorocaba CHMYZ 1968
uma urna funerária simples
N7356508
ITB 22 743565 Itaberá Sorocaba Material cerâmico. Área havia sido nomeada antareiormente como ocorrência C264 MORAIS 2002
E674307
O sítio encontra-se localizado em ápice de colina, com o Ribeirão do Caçador correndo pela sua
base. Ao todo, temos 9 manchasovaladas de solo enegrecido, com diâmetro variável de 10 metros
PALLESTRINI &
Prassévichus Itaberá Sorocaba 400x200 com alta frequência de ceramica. Presença de urnas com sepultamentos em posições externa aos 24º S 48º W
MORAIS 1983/ 1984
espaços de habitação (8 Urnas). Cerâmica diversificada decorada com motivos geométricos, lisa,
corrugada e ungulada.
MARANCA 1968/1969
Apud
José Fernandes Itaberá Sorocaba Escavação parcial onde foram coletados 12 vasos cerâmicos e 13 litícos
SCATAMACCHIA
1981
Sítio cemitério caracterizado pela presença de aterro. O proprietário do terreno havia coletado
SP IP8 Itaberá Sorocaba CHMYZ 1968
uma urna de contorno complexo pintada no local.
Implantado em colina suave. Trata-se de evidências correlacionáveis ao sítio Prassévichus,
escavado por Pallestrini e Morais em 1981/1982. A vistoria revelou a existência de novos núcleos MORAIS 1996; N7381692
Caçador Itaí Sorocaba 77000 m² 220+20 AP (TL)
de solo antropogênico, recebendo nova denominação dada a complexidade do registro que MORAIS 2000 E694098
envolve.
Implantado em colina suave no interfluvio de dois canais menores. Evidencias relacionadas ao N 7380903 E
Caçador 2 Itaí Sorocaba MORAIS 1996
sitio Prassévichus e Caçador. 693910
Coleta Assistemática 1 - Coleta assistemáticade uma urna corrugada, uma tigela sem pintura que teria servido de tampa e PEREIRA JÚNIOR
Itapeva Sorocaba
Fazenda Caputera restos esqueletais de um sepultamento secundário. 1964
970+100 (TL);
Situado em vertente de colina cujo ápice está a pouco mais de 40 metros acima do córrego do 1010+100 (TL);
Agrião. Presença de 8 manchas de solo antropogênico, 6 urnas (uma delas a 80 metros das PALLESTRINI 1975; 1076 (NM);
Fonseca Itapeva Sorocaba 200x200 23 45' S 48 55'W
manchas), fragmentos ceramicos ungulados, corrugados e pintados e material litico em gnaisse e MORAIS 2000 1100+100 (TL);
quartzito. Semelhanças com o sítio Prassévichus. 1110+110 (TL);
1190+120 (TL)
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Semelhançascom Prassévichus,presença de sete manchasde solo antropogênico dispersas por um 955+100 (TL);
declive colinar. Foram encontradas 5 estruturas funerárias. Cerâmica predominantemente PALLESTRINI 1975; 960+100 (TL);
Alves Piraju Sorocaba 200x200 23 15'S 49 19'W
corrugada e pintada e indústria litica incipiente em silex, arenito silicificado e quartzito. Sitio lito- MORAIS 2000 1021+100 (NM);
cerâmico colinar do interior. 1150+100 (TL)
Quase totalmente encoberto pelas águas da represa de Jurumirim, cerâmica lisa e grossa,
Brasil Piraju Sorocaba PALLESTRINI 1975 23 10's 49 20'w
possivelmente associada a urnas.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Localizado na confluência do rio Paranapanema com o Riberão das Araras, apresenta uma
MORAIS 1999; 450+40 (TL);
Camargo Piraju Sorocaba 150x150 sucessão de ocupações liticas culminadas por uma instalação lito-ceramista. Sítio identificado p 23º10'S 49°25'W
MORAIS 2000 1030+100 (C14)
Luciana Pallestrini na década de 1970. Manchas de solo antropogênico.
Localizado em terraço da margem direita do Paranapanema, apresenta material litico aprimorado MORAIS 1999;
Camargo II Piraju Sorocaba 1070+100 (TL)
na camada inferior e alguns fragmentos cerãmicos espalhados sobre a superficie MORAIS 2000
Este sítio Tupiguarani é o mais meridional detectado dentro do Alto Taquari. Situa-se no topo de
um divisor de águas, a uma altura de 70 m s.n.b., altitude de 808 m e dista 500 m do Ribeirão do 22J 0710710
Região do Alto
Moura (MRA) Sorocaba Faxinal, que é a drenagem mais próxima. O terreno é arado anualmente, e os fragmentos são de ARAÚJO 2001 7338334
Taquari
tamanho reduzido.Foi realizada uma coleta de superfície de 26 fragmentos cerâmicos para fins
comparativos.
Região do Alto
Implantado em topo de um divisor de águas que cai suavementepara SE, com declividade de 3 , 22J 0708994
Taquari - Área
Cedro (CDR) Sorocaba um tanto distante da água (500m), a uma altura de 200 m sobre o nível de base e altitude de 850 ARAÚJO 2001 7336094
Piloto Taquari
m. As dimensões do sítio não podem ser estimadas dadas as atuais condições de visibilidade.
Guaçu – TQG
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Localiza-se em um divisor de águas com declividade suave de 4 , orientado para NE, a uma
Região do Alto
distância de 320 m de um afluente do Taquari Guaçu. A altura sobre o nível de base é de 65 m, a 22J 0708135
Taquari - Área
Porteira (PTR) Sorocaba uma altitude de 705 m. A cerâmica é grossa de modo geral, com fragmentos de até 14 mm de ARAÚJO 2001 7341103
Piloto Taquari
espessura. Dos 14 fragmentos coletados, dois apresentam carena e um constitui porção de uma
Guaçu – TQG
borda
O Sítio Pinha é bastante importante dentro do contexto arqueológico regional por caracterizar
uma outra instância de limite entre as tradições Tupiguarani e Itararé-Taquara. Neste caso, em um
Região do Alto mesmo terraço fluvial foram encontradas concentrações de material cerâmico de ambas tradições.
22J 0723701
Taquari - Área A cerâmica Tupiguarani está representada em duas concentrações distintas, cujos centros distam
Pinha (PNH) Sorocaba ARAÚJO 2001 7339881
Piloto Ribeirão em torno de 70 m entre si, e a cerâmica Itararé ocupa uma terceira concentração, isolada das duas
Fundo - RFD primeiras por uma distância de 80 m. Está situado em fundo de vale, em terreno voltado para E, a
aproximadamente 70 m do Ribeirão Fundo, e alçado 4 m sobre o referido curso d’água. A
altitude do sítio é de 700 m acima do nível do mar.
O sítio está localizado em fundo de vale, em terraço fluvial voltado para WNW, alçado 5 m em
relação ao Ribeirão Fundo e distante 50 m em relação ao mesmo, a uma altitude de 700 m acima
do nível do mar (Foto 18). Foram detectados materiais relacionados ao período histórico, à
Região do Alto
Tradição Tupiguarani e à Tradição Itararé-Taquara. O material cerâmico e lítico estava na parte 22J 0723568
Taquari - Área
Rancho Caído (RCD) Sorocaba mais baixa e plana do terreno, em uma única concentração de aproximadamente 28 x 30 m. A ARAÚJO 2001 7337356
Piloto Ribeirão
cerâmica apresenta fragmentosfinos, em torno de 5mm e alguns mais grossos com engobo branco
Fundo - RFD
na porção interna. Foram coletados 43 fragmentos.O material lítico, compreendendo 22 peças, é
bastante simples, não tendo sido observadas peças com sinal de uso. O material histórico engloba
louça, faiança, cerâmica, ferro e vidro, perfazendo 62 peças.
Trata-se de um sítio Tupiguarani localizado no topo de uma colina suave, onde o proprietário
encontrou uma urna funerária e grande quantidade de fragmentos cerâmicos com decoração
pintada e plástica (corrugado, ungulado). A urna é totalmente corrugada, muito semelhante às 22K 0709016
Região do
Silveira (SVR) Sorocaba urnas do Sítio Fonseca. Montículos muito tênues ainda são visíveis em um pasto adjacente, ARAÚJO 2001 7373856
Médio Taquari
também associados a cerâmica. Ainda existem montículos intactos dentro de uma mata do outro
lado de uma estrada de terra, adjacente ao pasto. Este sítio, com a presença de montículos,parece
semelhante ao que Chmyz et al. (1968) identificou em Itaberá.
N7354827
RVS 22 474548 Riversul Sorocaba Material cerâmico, área denominada anteriormente como ocorrência C248 MORAIS 2002
E647459
N7355480
RVS 22 483554 Riversul Sorocaba Material cerâmico, área denominada anteriormente como ocorrência C249 MORAIS 2002
E648314
N7355740
RVS 22 513557 Riversul Sorocaba Material cerâmico , área denominada anteriormente como ocorrência C252 MORAIS 2002
E651356
N7355901
RVS 22 524559 Riversul Sorocaba Material cerâmico , área denominada anteriormente como ocorrência C254 MORAIS 2002
E652403
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo
Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Coleta Assistemática 1 - Urna
Salto Sorocaba Urna com vestígios esqueletais encontrados na área urbana da cidade. GODOY 1947
de Salto
DOCUMENTO 2003
Apud IPHAN; 23K 0256415 /
Pirajibu Sorocaba Sorocaba Apresentou estruturas de combustão 415+105 (C14)
ZANETTINI 7404462
ARQUEOLOGIA 2007
Coleta de urna funerária contendo material ósseo (em profundidade), a mesma havia sido 23 0295008 /
Alpargatas Tatuí Sorocaba PALLESTRINI 1984 758+50 (TL)
danificada pelas obras de construção da Fábrica da Alpargatas. 7455082
1870+100 (C14)
SP BA7 Itaporanga Sorocaba Não acessada BROCHADO 1973 1195+80 (C14)
850+150 (C14)
A N EX O 2
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica
Número da peça
Número do lote (caso o fragmento seja parte de uma remontagem ou conjunto de peças de uma mesma vasilha)
Proveniência
Nível
2. Espessura da peça: Medida da espessura da porção mais espessa da peça com o auxílio do paquímetro
3. Antiplástico
1. Mineral
2. Mineral e Caco Moído
3. Mineral, Caco Moído e Carvão
4. Mineral e Cariapé
5. Mineral e Saibro
6. Mineral e Carvão
7. Mineral, Caco-Moído e Saibro
99. Sem leitura
4. Tamanho do antiplástico (mm): Anotar o tamanho máximo de cada tipo de antiplástico identificado.
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica
5. Freqüência do antiplástico
6. Técnica de construção
1. Acordelada
2. Modelada
3. Acordelada/ Modelada
99. Sem leitura
7. Queima
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica
5. Acanelada
6. Incisa
7. Impressa
8. Entalhada na borda
9. Aplicada
10. Escovada e Entalhada na borda
11. Corrugada e Entalhada na borda
12. Ungulada e Entalhada na borda
13. Ungulada e Escovada
21. Porcentagem existente da Borda: De acordo com Rice (1987) tem como objetivo calcular o grau de confiabilidade
da medida do diâmetro e deve estar marcado no ábaco em intervalos de 5%.
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica
29. Estrutura Geral da Vasilha: definida como a orientação básica da vasilha, que pode ser:
1. Aberta: quando o diâmetro for igual ou maior que o diâmetro máximo;
2. Levemente restrita: quando o diâmetro da boca for um pouco menor que o diâmetro máximo. Nesse caso o acesso ao
interior da peca não é dificultado;
3. Fechada: quando o diâmetro da boca for menor que o diâmetro máximo, dificultando o acesso ao interior da vasilha.
Análise Qualitativa
Grupo Hipotético
1. Grupo 1: Bordas frequentemente reforçadas e que indicam formas abertas ou levemente restritas. A superfície interna
sempre apresenta pintura e/ou engobo branco. Os fragmentos com grafismos na superfície interna também podem ser
enquadrados nesse grupo.
2. Grupo 2: Bordas diretas inclinadas internamente que indicam formas fechadas e sempre apresentam pintura e/ou
engobo branco na superfície externa. Os ombros com grafismos e/ ou engobo branco na superfície externa podem estar
relacionados a esse grupo.
3. Grupo 3: Bordas que indicam formas fechadas com superfície externa alisada ou com decoração plástica
4. Grupo 4: Bordas que indicam formas abertas ou levemente restritas com superfície externa lisa ou, mais raramente,
com acabamento plástico.
Dimensões das vasilhas: de acordo com o Grupo Hipotético e com o Diâmetro da Boca
Grupo 1
1.1 Miniatura (Menor que 12cm)
1.2 Pequena (12-16cm)
1.3 Média (18-26cm)
1.4 Grande (28-38cm)
1.5 Extra Grande (42-54cm)
Grupo 2
2.1 Pequena (18-24cm)
2.2 Média (26-30cm)
2.3 Grande (Maior que 40cm)
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica
Grupo 3
3.1 Miniatura (Menor que 12cm)
3.2 Pequena (12-16cm)
3.3 Média (18-30cm)
3.4 Grande (Maior que 30cm)
Grupo 4
4.1 Miniatura (Menor que 12cm)
4.2 Pequena (12-16cm)
4.3 Média (18-26cm)
4.4 Grande (28-38cm)
4.5 Extra Grande (Maior que 40cm)
A N EX O 3
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo
Local de Origem Área da antiga Estação Experimental de Biologia e Psicultura, Cachoeira de Emas Data da Coleta 1961. Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos) Localização da Decoração (Parte) Integral
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugado, Acanelado e Escovado
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (3)
Traços de Manufatura A parte superior apresentou decoração corrugada e escovada, na parte mesial temos a
decoração escovada e canelada associada a áreas apenas alisadas e, a parte inferior
Superfície Interna: Alisado regular que deixou roletesbastante perceptíveis novamente o corrugado.
Superfície Externa: Acabamento plástico, marcas de queima
Local de Origem Área da antiga Estação Experimental de Biologia e Psicultura, Cachoeira de Emas Data da Coleta 1961. Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos). Essa peça era a tampa da urna cujo número de catálogo é 34. Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugado
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)
Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 337 Engobo Externo branco e vermelho
Local de Origem Rua São Sebastião, Município de Porto Ferreira Data da Coleta 19/9/1957 Técnica Decorativa Pintada
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos) Localização da Decoração (Parte) Ombros
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica
Natureza da peça Parte inferior de vasilha Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Preta
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)
Morfologia da Borda
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Local de Origem Rua São Sebastião, Município de Porto ferreira Data da Coleta 19/9/1957 Técnica Decorativa
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície)
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos). Essa peça era a tampa da urna cujo número de catálogo é 35. Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)
Proporção (D;H) 3
Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 343 Engobo Interno vermelho
Local de Origem Faz.Barra, Alicerce de uma vila de oficiais, Pirassununga Data da Coleta 1963. Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Ossos e dentes ) Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugada
Natureza da peça Parte inferior de vasilha Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (3)
Morfologia da Borda
Morfologia do Lábio
Contorno da Boca
Proporção (D;H)
Local de Origem Estação Experimental de Biologia e Psicultura, Cachoeira de Emas Data da Coleta 1951 Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Ossos e dentes ) Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugada
Natureza da peça Parte inferior de vasilha Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (3)
Morfologia da Borda
Morfologia do Lábio
Contorno da Boca
Proporção (D;H)
Local de Origem Estação Experimental de Biologia e Psicultura, Cachoeira de Emas Data da Coleta 1951 Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (?) Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Acanelada
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (3)
Superfície Externa: Acabamento plástico, manchas de queima. A construção da vasilha apresenta morfologia bastante irregular.
Local de Origem EEBP - Pirassununga, distante uns 50 cm da casa onde mora Orlando Sinotti Data da Coleta 1944. Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos). Encontrada a 40 cm abaixo do solo, terrenos adjacentes sem vestígios. Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugado
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)
Local de Origem EEBP - Pirassununga, distante uns 50 cm da casa onde mora Orlando Sinotti Data da Coleta 1944. Técnica Decorativa
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície)
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos). Essa peça era a tampa da urna cujo número de catálogo é 39. Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1); Carvão (1)
Proporção (D;H) 2
Local de Origem Cachoeira de Emas, Fazenda Elói Chaves Data da Coleta 09/1943. Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Desconhecido Localização da Decoração (Parte) Borda
vestígios associados
Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Ungulado
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (3)
Instituição Coleção Edson Franco de Godoy No de Registro Local Sem registro Engobo Branco Interno/ Vermelho Externo
Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1979/80. Técnica Decorativa Pintada
Pesquisador Luciana Pallestrini Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Interna
Coleta assistemática feita quando da construção da casa do Sr Edson Franco de Godoy, que contatou a pesquisadora Luciana Palestrini. A pesquisadora efetuou
Contexto Arqueológico/ Eventuais
escavações no local nos anos de 1979/80 e algumas peças foram deixadas com o proprietário. Posteriormente, na década de 1990, Morais também efetuou Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados pesquisas de salvamento no referido sítio.
Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do
Elementos de Cronologia presente (método do Carbono 14)
Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L.
Bibliografia Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica
Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Vermelha e Preta
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (2)
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Instituição Coleção Edson Franco de Godoy No de Registro Local Sem registro Engobo Branco Interno/ Externo Vermelho
Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1979/80. Técnica Decorativa Pintada
Pesquisador Luciana Pallestrini Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Interna
Coleta assistemática feita quando da construção da casa do Sr Edson Franco de Godoy, que contatou a pesquisadora Luciana Palestrini. A pesquisadora efetuou
Contexto Arqueológico/ Eventuais
escavações no local nos anos de 1979/80 e algumas peças foram deixadas com o proprietário. Posteriormente, na década de 1990, Morais também efetuou Localização da Decoração (Parte) Integral
vestígios associados pesquisas de salvamento no referido sítio.
Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do
Elementos de Cronologia presente (método do Carbono 14)
Restauração Não Associação de decorações Decoração Simples
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L.
Bibliografia Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica
Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Vermelha
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)
Instituição Coleção Edson Franco de Godoy No de Registro Local Sem registro Engobo Branco externo
Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1979/80. Técnica Decorativa Pintada
Pesquisador Luciana Pallestrini Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Urna com sepultamento primário de adulto jovem. Coleta assistemática feita quando da construção da casa do Sr Edson Franco de Godoy, que contatou a
Contexto Arqueológico/ Eventuais
pesquisadora Luciana Palestrini. A pesquisadora efetuou escavações no local nos anos de 1979/80 e algumas peças foram deixadas com o proprietário. Localização da Decoração (Parte) Ombros
vestígios associados Posteriormente, na década de 1990, Morais também efetuou pesquisas de salvamento no referido sítio.
Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do
Elementos de Cronologia presente (método do Carbono 14)
Restauração Não Associação de decorações Decoração Simples
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L.
Bibliografia Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica
Instituição Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo No de Registro Local Nº149 a 200; 204 Engobo Branco e Vermelho Externo
Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1992 Técnica Decorativa Pintada
Pesquisador José Luiz de Morais Data do Registro jun/06 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais Estrutura funerária resgatada na Sondagem 5, durante os trabalhos de Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Mogi-guaçu , no início da década de
1990 (Morais 1995). Não foram encontrados vestígios ósseos preservados. A peça estava associada a uma tampa corrugada (ver peça 48a do Catálogo).
Localização da Decoração (Parte) Ombros
vestígios associados
Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Preta
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)
Instituição Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo No de Registro Local Ver Observação Engobo
Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1992 Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador José Luiz de Morais Data do Registro jun/06 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais Tampa da Estrutura funerária resgatada na Sondagem 5 (ver Peça 48 do Catálogo), durante os trabalhos de Salvamento arqueológico na área de influência da PCH
Mogi-guaçu , no início da década de 1990 (Morais 1995). Não foram encontrados vestígios ósseos preservados.
Localização da Decoração (Parte) Parte inferior do corpo
vestígios associados
Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do
Elementos de Cronologia Restauração: Sim. Associação de decorações Decoração Dupla
presente (método do Carbono 14)
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L.
Bibliografia Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica Corrugada/ Nodulada
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)
Proporção (D;H)
Morfologia da Base
Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo Interno Branco
Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa
Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (3)
Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo
Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa Plástica
Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (2)
Superfície Interna: Alisado, sendo possível ver marcas da construção com roletes
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo
Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa Plástica
Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (2); Caco-moído (3)
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo Externo Branco/ Externo Vermelho
Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa Pintada
Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Natureza da peça Ombro e parte inferior de corpo Antiplástico Mineral Cor da Pintura:
Superfície Externa: Engobo branco no ombro, barbotina na parte inferior associada a vestígios de engobo vermelho.
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Morfologia da Base
Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo Externo Branco/ Externo Vermelho
Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa Pintada
Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados
Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Preta
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (2)
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Instituição Museu Histórico Alaur da Mata - São Simão No de Registro Local JC 1 Engobo
Local de Origem Município de Luis Antônio, São Paulo Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica
Bibliografia CALDARELLI, S.B. Aldeias tupiguarani no vale do rio Mogi-Guaçu, Estado de São Paulo. Revista de Pré-História, IPH-USP, São Paulo, 5: 1983, 37-124. Tipo da Decoração Plástica Corrugada
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)
Superfície Interna: Alisado, roletes bastante nitídos, com 2cm de largura desde a base
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Instituição Museu Histórico Alaur da Mata - São Simão No de Registro Local JC 3 Engobo
Local de Origem Município de Luis Antônio, São Paulo Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica
Bibliografia CALDARELLI, S.B. Aldeias tupiguarani no vale do rio Mogi-Guaçu, Estado de São Paulo. Revista de Pré-História, IPH-USP, São Paulo, 5: 1983, 37-124. Tipo da Decoração Plástica Corrugada
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)
Proporção (D;H)
Instituição Museu Histórico Alaur da Mata - São Simão No de Registro Local JC 2 Engobo
Local de Origem Município de Luis Antônio, São Paulo Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica
Bibliografia CALDARELLI, S.B. Aldeias tupiguarani no vale do rio Mogi-Guaçu, Estado de São Paulo. Revista de Pré-História, IPH-USP, São Paulo, 5: 1983, 37-124. Tipo da Decoração Plástica Corrugada
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Instituição Museu Histórico Alaur da Mata - São Simão No de Registro Local Sem registro Engobo
Local de Origem Município de São Simão, São Paulo Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica
Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita por moradores da região. Segundo o Luis Antônio Nogueira, atual diretor do museu, essa peça (assim como outros
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados fragmentos associados a ele) foram coletados em "uma fazenda do município".
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)
Instituição Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo No de Registro Local Ver Observação Engobo Branco Externo/ Vermelho Externo
Local de Origem Sítio Lambari II, Município de Casa Branca Data da Coleta 2002 Técnica Decorativa Pintada
Pesquisador Marisa Coutinho Afonso Data do Registro jun/06 Localização da Decoração (Superfície) Externa
O sítio Lambari II foi pesquisado durante o “Resgate Arqueológico dos Sítios Água Branca, Lambari I e Lambari II, Municípios de Casa Branca e Mococa - SP”,
Contexto Arqueológico/ Eventuais
desenvolvido por Afonso (2002), no âmbito da duplicação da Rodovia SP-340. Essa peça foi coletada em uma área de escavação de 2,00 x 1,50 m, chegando a 50 Localização da Decoração (Parte) Borda, Ombro e Colo
vestígios associados cm de profundidade.
Foi efetuada, até o momento, uma datação para o sítio, apresentando o resultado de
Elementos de Cronologia 1085+130 anos AP (termoluminescência)
Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples
AFONSO, M.C. Resgate arqueológico dos sítios Água Branca, Lambari I e Lambari II (Municípios de Casa Branca e Mococa, SP). Relatório Final. Museu de
Bibliografia Arqueologia e Etnologia /USP, São Paulo, SP: 2001./ MORAES, C.A. Reexaminando a “Tradição Tupiguarani” no Nordeste do Estado de São Paulo. Anais do XIII Tipo da Decoração Plástica
Congresso de Arqueologia Brasileira Anais do XIII Congresso de Arqueologia Brasileira, Campo Grande, 2005.
Natureza da peça Borda, Ombro e Colo Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)
Proporção (D;H)
Morfologia da Base
Instituição Museu Municipal Elisabeth Aytai - Monte Mor No de Registro Local Mum 286-1989 Engobo
Local de Origem Sítio Rage Maluf, Monte Mor Data da Coleta 1973 Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Desidério Aytai Data do Registro nov/04 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais Peça coletada durante escavações realizadas pelo pesquisador no sítio Rage Maluf. Documentação aponta que essa urna era acompanhada
Localização da Decoração (Parte) Integral
vestígios associados por tampa pintada e apresentou 5 dentes humanos em seu interior.
Cerca de 800 anos antes do presente (Método da Termoluminescência, executada pelo
Elementos de Cronologia Instituto de Fisíca da USP)
Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples
Bibliografia MYASAKI, N. & AYTAI, D. A aldeia pré-histórica de Monte Mor. Publicação Avulsa da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas: 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugada
Instituição Museu Municipal Elisabeth Aytai - Monte Mor No de Registro Local Mum 621 Engobo Branco Interno
Local de Origem Sítio Rage Maluf, Monte Mor Data da Coleta Técnica Decorativa Pintada
Pesquisador Desidério Aytai Data do Registro nov/04 Localização da Decoração (Superfície) Interna
Bibliografia MYASAKI, N. & AYTAI, D. A aldeia pré-histórica de Monte Mor. Publicação Avulsa da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas: 1974. Tipo da Decoração Plástica
Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Preta
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)
Morfologia da Base
Instituição Museu Municipal Elisabeth Aytai - Monte Mor No de Registro Local Sem registro Engobo
Local de Origem Sítio Rage Maluf, Monte Mor Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica
Pesquisador Desidério Aytai Data do Registro nov/04 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Bibliografia MYASAKI, N. & AYTAI, D. A aldeia pré-histórica de Monte Mor. Publicação Avulsa da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas: 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugada
Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)
Morfologia do Lábio
Proporção (D;H)
Morfologia da Base