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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA

ARQUEOLOGIA TUPI NO NORDESTE DE SÃO PAULO:


um estudo de variabilidade artefatual

Camila Azevedo de Moraes

São Paulo
2007
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Museu de Arqueologia e Etnologia
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA

ARQUEOLOGIA TUPI NO NORDESTE DE SÃO PAULO:


um estudo de variabilidade artefatual

Camila Azevedo de Moraes

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Arqueologia, do
Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo, para
obtenção do título de Mestre em
Arqueologia.

Orientador: Profa. Dra.Marisa Coutinho Afonso

São Paulo
2007
Foto da capa:
Prato com decoração pintada coletado no sítio
Franco de Godoy, município de Mogi Guaçu.
Dedico esse trabalho aos meus pais, Heleno e
Geudice, e ao meu irmão Hugo que, apesar de
distantes, iluminam o meu caminho.
I
AGRADECIMENTOS

À Fapesp pelo financiamento da pesquisa.


À Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso pela orientação consistente ao longo desses
anos.
Ao Dr. Paulo Eduardo Zanettini pelo aprendizado e apoio cotidiano.
Ao Prof. Dr. José Luiz de Morais, por fornecer os acervos e documentações
provenientes das pesquisas efetuadas nos municípios de Mogi Guaçu e Mogi Mirim.
À Dra. Denise Cavalcante Gomes pelas observações e incentivo constante.
À Profa. Dra. Fabiola Andréa Silva pelas discussões em aula, que tanto colaboraram
para o desenvolvimento desse trabalho.
À Profa. Dra. Maria Cristina de Oliveira Bruno por despertar meu interesse para os
processos museológicos, imprescindíveis a qualquer pesquisa arqueológica.
Ao Prof. Dr. André Prous, da Universidade Federal de Minas Gerais, pela
oportunidade de participar do Catálogo de Grafismos Tupiguarani.
Ao Prof. Saul Milder, da UFSM, Rio Grande do Sul, pelas discussões sobre fronteiras
culturais.
À Profa. Ms. Angela Buarque pelas sugestões e comparações realizadas do material da
pesquisa com o material Tupinambá do litoral do Rio de Janeiro, além do envio de
bibliografia.
À Dra. Solange Caldarelli pelas informações sobre os sítios pesquisados no médio
Mogi-Guaçu, município de Luis Antônio.
Ao Prof. Dr. Igor Chymz, do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da UFPR,
pelos comentários sobre o material cerâmico do sítio Franco de Godoy e pelo envio de
material.
À Profa. Dra. Gislene Monticelli, da PUC do Rio Grande do Sul, pelo envio de
bibliografia.
À Profa. Dra. Ruth Kunzli, da Unesp de Presidente Prudente, pelas informações sobre
as pesquisas realizadas na região.
Ao Dr. Luiz Claúdio Pereira Symanski, pelos comentários e sugestões bibliográficas.
Ao Sr. Edson Franco de Godoy e família pelo apoio durante as visitas da ao município
de Mogi Guaçu.
Ao Sr. Marcos Antônio de Godoy pelo acesso à coleção deixada por seu pai, Manuel
Pereira de Godoy, o que possibilitou o trabalho com um conjunto significativo de fragmentos
e vasilhas Tupiguarani.
II
À Prefeitura Municipal de Pirassununga pelo apoio nas pesquisas em Cachoeira de
Emas e pelo auxílio constante de Maurício Furlam, que viabilizou a parceria com a Prefeitura.
Ao pessoal da Secretaria Acadêmica e da Biblioteca do Museu de Arqueologia e
Etnologia da USP, em especial a Eleuza Gouveia, pela atenção e carinho.
Ao fotógrafo Wagner Souza e Silva, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP,
pelas fotos do material cerâmico e lítico.
Ao responsável pela Seção de Conservação e Restauro do Museu de Arqueologia e
Etnologia da USP, Gedley Belchior Braga, pelo auxílio na recuperação dos grafismos pintados
do material.
Aos amigos Luiz Fernando Erig Lima (doutorando MAE/USP), Iberê Fernando de
Oliveira Martins e Paulo José de Lima (Zanettini Arqueologia) pelo auxílio nas atividades de
campo.
Ao colega Ângelo, pelo envio de texto e discussões.
À Dulcelaine Lopes pelo apoio em campo e pelas informações sobre o rio Mogi
Guaçu.
À Lilian Panachuck e a Camila Jácome pelas indicações sobre a documentação e
análise dos grafismos pintados.
A Elisângela, que me ensinou os primeiros passos da análise cerâmica, pelas
observações indispensáveis.
Ao amigo Rafael de Abreu e Souza, pelo companheirismo e inteligência contagiante
em todas as horas.
Ao amigo Robson Rodrigues pelas indicações bibliográficas, apoio nas atividades de
campo e discussões sobre os povos indígenas que ocuparam, e ainda ocupam, o interior
paulista.
À arquiteta e amiga Gabriela Farias pela produção e arte final no mapas, muito
obrigado!
Aos companheiros que conheci no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP por
tantas lições de arqueologia e de vida: Nami, Silvinha, Paulinho, Dária e Lú.
Ao meu amor Michiel pelo apoio incondicional, sem o qual esse trabalho não teria sido
possível.
III

“...a arqueologia do Leste da América do Sul deve ser vista como a


pré-história das populações indígenas históricas e atuais. Se não
forem estabelecidas relações entre as manifestações arqueológicas e
as populações que os produziram, o mais importante terá se perdido.
Assim, as conotações etnográficas das tradições e estilos cerâmicos
não devem ser evitadas mas, pelo contrário, deliberadamente
perseguidas”
José Proença Brochado,
An ecological model of spread of pottery and agriculture
into eastern South América

“Um ‘não arqueólogo’ ficaria, provavelmente, espantado com a


quantidade de tempo que os pré-historiadores gastam estudando
pedaços quebrados de cerâmica. Nós analisamos fragmentos
individuais até mesmo num nível molecular e preenchemos páginas e
mais páginas com medidas detalhadas que pareceriam sem interesse
para a maioria das pessoas. Mas o que as pessoas não entendem
imediatamente é que os arqueólogos descobriram, há muito tempo,
que esses detalhes coletados em cada pedaço de argila queimada são
a nossa janela de entrada para a vida daqueles que fizeram e
utilizaram essas vasilhas. O que comiam? Quantas pessoas viviam em
uma casa? Como se organizavam? Com quem praticavam trocas?
Essas são algumas das questões que encaminhamos por meio de
análises detalhadas da cerâmica pré-histórica”.
James Skibo,
Pottery and People
IV

Resumo

Nessa dissertação empreendemos um estudo sistemático de contextos arqueológicos


associados à tradição Tupiguarani no nordeste do estado de São Paulo, mais precisamente no
médio e alto vale do rio Mogi Guaçu. A ênfase no estudo da variabilidade artefatual dos
conjuntos selecionados revelou processos culturais e sociais que possibilitam a construção de
um primeiro quadro interpretativo sobre essas ocupações. Metodologicamente, a pesquisa foi
desenvolvida por meio da síntese das informações disponíveis para a região, da realização de
prospecções e intervenções nos sítios arqueológicos abordados e da análise do material
cerâmico – onde foi aplicado o conceito de Estilo Tecnológico. Nesse sentido, os conjuntos
artefatuais abordados advêm tanto de pesquisas sistemáticas quanto de coleções particulares e
museus locais, possibilitando uma abordagem ampla da ocupação Tupi nessa porção do
estado. Os dados obtidos foram interpretados à luz dos processos de formação do registro
arqueológico, uma vez que esses processos dão conta da explanação da variabilidade
artefatual identificada. Por fim, a pesquisa discute os resultados relacionando-os às
informações disponíveis acerca da presença Tupi no estado de São Paulo.

Palavras-chave: Arqueologia Tupi - Tradição Tupiguarani – Estilo tecnológico –


Variabilidade artefatual – Arqueologia paulista
V

Abstract

This dissertation presents a systematic study of archaeological contexts related to the


Tupiguarani tradition in the middle and upper Mogi Guaçu river valley, northeastern region of
the São Paulo State. The artifactual variability of the studied assemblages indicated cultural
and social processes leading to the construction of an initial interpretative scheme about these
ceramic groups. In terms of methodology, this research included the review of available
information about this region, the development of archaeological surveys and excavations in
archaeological sites, and the study of the pottery, based on the concept of technological style.
Thus, the analysis of a diversity of pottery assemblages, recovered in systematic
archaeological research and present in archaeological collections from museums and private
owners, allowed a wide characterization of Tupi occupation on this region of São Paulo state.
Data interpretation took into account the formation processes of the archaeological record,
since these processes explain the identified artifactual variability. Finally, the dissertation
discusses the results of the analysis, relating them to the available information on the Tupi
presence in the São Paulo state.

Key-words: Tupi archaeology – Tupiguarani tradition – Technological style – Artifactual


variability – Archaeology of São Paulo State.
VI
SUMÁRIO

Lista de pranchas.................................................................................................................... VIII


Lista de figuras .......................................................................................................................... IX
Lista de tabelas .......................................................................................................................... XI
Lista de gráficos ........................................................................................................................XV
Lista de anexos ..........................................................................................................................XV
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................1
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................4
1. DELIMITANDO O TERRENO: AS PESQUISAS SOBRE POVOS TUPI .......................5
1.1. Centros de origem e rotas de dispersão..................................................................... 5
1.2. A construção de uma Arqueologia Tupi.................................................................. 13
CAPÍTULO 2 ..............................................................................................................................18
2. A OCUPAÇÃO TUPI NO ESTADO DE SÃO PAULO: CRUZANDO FONTES ...........19
2.1. A descrição do outro.................................................................................................. 19
2.2. A descrição das coisas ............................................................................................... 20
2.3. Olhares estrangeiros.................................................................................................. 23
2.4. Caleidoscópio de imagens ......................................................................................... 26
2.5. São Paulo: terra de fronteiras? ................................................................................ 29
CAPÍTULO 3 ..............................................................................................................................41
3. ARQUEOLOGIA TUPI: UMA ABORDAGEM REGIONAL ..........................................42
3.1. O nordeste de São Paulo sob o foco da Arqueologia .............................................. 42
3.2. Painel Etnohistórico para o nordeste de São Paulo................................................ 49
3.3. O meio físico e os padrões de distribuição dos sítios abordados ........................... 55
3.4. As intervenções arqueológicas nos sítios abordados .............................................. 66
3.4.1 Sítio Arqueológico Franco de Godoy (FGD).......................................................66
3.4.2 Sítio Arqueológico Franco de Campos (FCD) ....................................................73
3.4.3 Sítio Arqueológico Barragem (Brr) .....................................................................79
3.4.4 Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba (JI) ..............................................................81
3.4.5 Sítio Arqueológico Ipê (Ip) ...................................................................................82
3.4.6 Sítio Arqueológico Ponte Preta (PPT) .................................................................85
3.4.7 Sítio Arqueológico Lambari II (LabII)................................................................86
3.4.8 Complexo Cachoeira de Emas..............................................................................90
3.4.8.1 Sítio Arqueológico Cachoeira de Emas 2 (CE2) ....................................... 95
VII
3.4.9 Sítio Arqueológico Ribeira (Ri) ............................................................................98
3.4.10 Sítio Arqueológico Monjolo (Mj) .....................................................................101
3.4.11 Sítio Arqueológico Córrego do Canavial (CC) ...............................................104
3.4.12 Sítio Arqueológico Bom Retiro (BR) ...............................................................107
CAPÍTULO 4 ............................................................................................................................110
4. ESTUDO DOS CONJUNTOS ARTEFATUAIS ...............................................................111
4.1. O Estilo Tecnológico................................................................................................ 111
4.2. As formas de classificação cerâmica: a artesã e suas escolhas ............................ 119
4.3. Resultados obtidos ................................................................................................... 132
4.3.1 Conjunto Artefatual do Sítio Franco de Godoy (FGD) ...................................132
4.3.2 Conjunto Artefatual do Sítio Franco de Campos (FCD) .................................146
4.3.3 Conjunto Artefatual do Sítio Barragem (BRR)................................................160
4.3.4 Conjunto artefatual do Sítio Ipê (Ip) .................................................................167
4.3.5 Conjunto artefatual do Sítio Lambari II (LabII).............................................175
4.3.6 Conjunto Artefatual do Sítio Cachoeira de Emas 2 (CE2) ............................ 187
4.3.7. Conjunto Artefatual do Sítio Ribeira (Ri)....................................................... 200
4.3.8 Conjunto Artefatual do Sítio Monjolo (Mj) ......................................................210
4.3.9 Conjunto Artefatual do Sítio Córrego do Canavial (CC) ................................217
4.3.10 Conjunto Artefatual do Sítio Bom Retiro (BR) ..............................................226
4.4. A formação de um catálogo de referência ............................................................. 235
CAPÍTULO 5 ............................................................................................................................248
5. OS PROCESSOS DE FORMAÇÃO E A VARIABILIDADE ARTEFATUAL DOS
SÍTIOS ABORDADOS ............................................................................................................249
5.1. Variabilidade formal ............................................................................................... 254
5.2. Variabilidade quantitativa...................................................................................... 267
5.3. Variabilidade espacial e relacional ........................................................................ 269
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................283
BIBLIOGRAFIA GERAL .......................................................................................................289
VIII
LISTA DE PRANCHAS

CAPÍTULO 2
1 Pesquisas em sítios associados à tradição Tupiguarani no estado de São Paulo

CAPÍTULO 3
2 Mapa hidrográfico do estado de São Paulo com a localização das áreas abordadas na
pesquisa
3 Área 1: sítios arqueológicos pesquisados
4 Área 2: sítios arqueológicos pesquisados
5 Área 3: sítios arqueológicos pesquisados
6 Área 4: sítios arqueológicos pesquisados
7 Sítio Franco de Godoy: material coletado em 1979/80
8 Sítio Franco de Godoy: Plano de Escavação
9 Sítio Franco de Campos: Plano de Escavação
10 Sítio Franco de Campos: Perfil Unidade de Escavação 03
11 Sítio Barragem: Plano de Escavação
12 Sítio Ipê: Material Arqueológico em Superfície
13 Sítio Lambari II: Plano de Escavação
14 Complexo Cachoeira de Emas: Localização dos Vestígios Arqueológicos
15 Sítio Cachoeira de Emas 2: Plano de Escavação
16 Sítio Ribeira: Croqui Geral
17 Sítio Monjolo: Croqui Geral
18 Sítio Córrego do Canavial: Croqui Geral
19 Sítio Bom Retiro: Croqui Geral

CAPÍTULO 4
20 Cadeia de Produção dos Artefatos Cerâmicos
21 Sítio Franco de Godoy: Estrutura Funerária 1
22 Sítio Franco de Godoy: Estrutura Funerária 5
23 Sítio Franco de Godoy: Grupos
24 Sítio Franco de Campos: Decorações Acromáticas
25 Sítio Franco de Campos: Grupos
26 Sítio Barragem: Grupos
27 Sítio Ipê - Grupos
28 Sítio Lambari II: Decorações Pintadas
29 Sítio Lambari II: Lâminas de Machado
30 Sítio Lambari II: Grupos
31 Sítio Cachoeira de Emas 2: Decorações Acromáticas
32 Sítio Cachoeira de Emas 2: Grupos
33 Sítio Ribeira: Grupos
34 Sítio Monjolo: Grupos
35 Sítio Córrego do Canavial: Grupos
36 Sítio Bom Retiro: Grupos
37 Coleção Manuel Pereira de Godoy
38 Coleção Manuel Pereira de Godoy
39 Coleção Manuel Pereira de Godoy
40 Coleção Manuel Pereira de Godoy
41 Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira – Coleção Jardim Igaçaba
42 Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira – Coleção Jardim Igaçaba
43 Museu Histórico Alaur da Matta
IX
44 Museu Histórico Alaur da Matta
45 Museu Municipal Elisabeth Atyai

CAPÍTULO 5
46 Síntese Grafismos
47 Formas completas na região
48 Sítio Franco de Godoy: Mancha 2
49 Sítio Franco de Campos: Distribuição das diferentes categorias de artefatos
50 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição do material lítico e cerâmico
51 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição do material cerâmico: técnicas de construção
52 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição do material cerâmico: decorações
53 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição do material cerâmico: vasilhas e suas funções
presumidas

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1
1 Origem e expansão Tupi segundo Urban (1992) e Rodrigues (2000).
2 Origem e expansão Tupi segundo Brochado (1984).

CAPÍTULO 3
3 Material cerâmico do município de Guairá
4 Material cerâmico do município de Peruíbe
5 Material cerâmico do bairro do Morumbi, município de São Paulo
6 Sub-bacias do rio Mogi Guaçu e localização das áreas de pesquisa
7 Sítio Franco de Godoy: Decapagem na Mancha 02
8 Sítio Franco de Godoy: Visão da porção sul (Maio 2005)
9 Sítio Franco de Godoy: Vestígios arqueológicos em superfície (Maio 2005)
10 Sítio Franco de Campos: Escavações realizadas por Morais (1992)
11 Localização do sítio Franco de Campos, em área de mata residual às margens do rio
Mogi-Guaçu
12 Sítio Franco de Campos: Demarcação das linhas de sondagem com auxílio de bússola
13 Sítio Franco de Campos: abertura de poço-teste com cavadeira e peneiramento do
sedimento
14 Sítio Franco de Campos: Unidade de Escavação 01
15 Sítio Franco de Campos: Unidade de Escavação 02
16 Sítio Franco de Campos: Borda encontrada na Unidade de Escavação 04
17 Sítio Franco de Campos: Unidade de Escavação 03
18 Coleta assistemática de peças no sítio Jardim Igaçaba
19 Sítio Ipê: Visão sudoeste do sítio em área de atual plantio de mandioca
20 Sítio Ipê: Borda com decoração
21 Sítio Ipê: Visão noroeste do sítio
22 Sítio Ipê: fragmentos em superfície
23 Sítio Ponte Preta: Visão geral do sítio arqueológico inserido na média encosta do
terraço estrutural da margem direita do rio Mogi
24 Sítio Ponte Preta: Fragmento cerâmico em superfície.
25 Sítio Lambari II: Vista geral
26 Sítio Lambari II: Material cerâmico in loco na Sondagem 5.
27 Sítio Lambari II: Vista geral do sítio após a colheita do algodão.
X
28 Caminhamento na área de Ocorrência 4, na margem esquerda do córrego da
reconquista.
29 Visão Geral na área de Ocorrência 8 em terreno pertencente ao Cepta – Ibama, na
margem direita do rio Mogi-Guaçu.
30 Localização do sítio Cachoeira de Emas 3
31 Sítio Cachoeira de Emas 3: Documentação dos vestígios evidenciados.
32 Sítio Cachoeira de Emas 2: Caminhamento sistemático para localização das peças em
superfície
33 Sítio Cachoeira de Emas 2: Material demarcado com auxílio de bandeiras.
34 Sítio Ribeira: Caminhamento na área de pasto onde ocorrem fragmentos cerâmicos de
modo esparso
35 Sítio Ribeira: Fragmento cerâmico corrugado, encontrado na superfície do sítio.
36 Sítio Monjolo: Indicação da área de localização do sítio (visão tomada a partir do sítio
Ribeira)
37 Sítio Monjolo: Fragmentos cerâmicos em superfície
38 Sítio Córrego do Canavial: Vista geral do sítio
39 Sítio Córrego do Canavial: Fragmento cerâmico em superfície
40 Sítio Bom Retiro: Caminhamento na área do sítio
41 Sítio Bom Retiro: Fragmentos cerâmicos em superfície.

CAPÍTULO 4
42 Esquema geral da Teoria do Design
43 Tipos de queima
44 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Prato com decoração cromática
45 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Tigela com base em pedestal
46 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Fragmento com pintura
47 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Borda pertencente ao Grupo 3
48 Conjunto Artefatual Franco de Godoy: Borda pertencente ao Grupo 3
49 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Calibrador
50 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Fragmento com pintura
51 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Fragmento com pintura
52 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Fragmento com pintura
53 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Tipos de paredes com ponto angular
54 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Base com fuligem
55 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Suporte/batedor em quartzito
56 Conjunto Artefatual Franco de Campos: Lasca em silexito
57 Conjunto Artefatual Barragem: Fragmento com pintura
58 Conjunto Artefatual Barragem: Fragmento corrugado
59 Conjunto Artefatual Barragem: Fragmento corrugado
60 Conjunto Artefatual Barragem: Fragmento corrugado
61 Conjunto Artefatual Ipê: Borda com decoração pintada
62 Conjunto Artefatual Ipê: Borda com vestígios de engobo branco
63 Conjunto Artefatual Ipê: Borda com decoração pintada
64 Conjunto Artefatual Ipê: Fragmento com decoração corrugada
65 Conjunto Artefatual Ipê: Fragmento com decoração corrugada
66 Conjunto Artefatual Ipê: Fragmento com decoração ungulada
67 Conjunto Artefatual Ipê: Tembetá fragmentado
68 Conjunto Artefatual Ipê: Tembetá fragmentado
69 Conjunto Artefatual Ipê: Tembetá inacabado
70 Conjunto Artefatual Lambari II: Borda com vestígios de bastonetes verticais
71 Conjunto Artefatual Lambari II: Borda com vestígios de bastonetes verticais
72 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações corrugadas
XI
73 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações corrugadas
74 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações pseudo-unguladas
75 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações pseudo-unguladas
76 Conjunto Artefatual Lambari II: Decorações pseudo-unguladas
77 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Técnicas construtivas
78 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Borda com decoração pintada
79 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Borda com decoração pintada
80 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Borda com decoração pintada
81 Conjunto Artefatual Cachoeira de Emas 2: Fragmento com decoração pintada
82 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento com engobo vermelho interno e polimento
83 Conjunto Artefatual Ribeira: Borda com vestígios de engobo branco
84 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento corrugado
85 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento corrugado
86 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento ungulado
87 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento ungulado
88 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento ungulado
89 Conjunto Artefatual Ribeira: Fragmento ungulado
90 Conjunto Artefatual Monjolo: Fragmentos com engobo branco
91 Conjunto Artefatual Monjolo: Borda com ponto angular e decoração corrugada
92 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento com decoração pintada
93 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento com ponto angular e linhas
incisas verticais
94 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmentos escovados
95 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Borda com pseudo-ungulado
96 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento corrugado
97 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento corrugado
98 Conjunto Artefatual Córrego do Canavial: Fragmento corrugado
99 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmentos com banda e motivos retilíneos na face
externa (Grupo 2)
100 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmento com ponto angular e decoração pintada
101 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmento com banda vermelha e vestígios de
pintura.
102 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmentos escovados
103 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Parede com aplique
104 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmento corrugado
105 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Fragmento corrugado
106 Conjunto Artefatual Bom Retiro:Borda com superfície externa brunida
107 Conjunto Artefatual Bom Retiro:Fragmento com decoração ungulada sobreposta ao
escovado
108 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Parede com decoração pseudo-ungulada
109 Conjunto Artefatual Bom Retiro: Borda com decoração pseudo-ungulada

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2
1 Cronologia de sítios Tupiguarani no estado de São Paulo
2 Cronologia de sítios cerâmicos no nordeste estado de São Paulo

CAPÍTULO 3
3 Padrões de distribuição dos sítios abordados na pesquisa
4 Sítio Franco de Godoy: Urnas coletadas na primeira etapa segundo Alves (1988)
XII
5 Intervenções efetuadas no sítio Franco de Godoy
6 Intervenções efetuadas no sítio Franco de Campos (MORAIS 1995)
7 Unidades de escavação abertas no sítio Franco de Campos (Julho 2006)
8 Intervenções efetuadas e estruturas evidenciadas no sítio Lambari II
9 Sítios e ocorrências arqueológicas na área de Cachoeira de Emas
10 Unidades de escavação no sítio Cachoeira de Emas 2
11 Sítio Ribeira: Coordenadas e uso e ocupação do solo (Abril de 2006)
12 Sítio Monjolo: Coordenadas e uso e ocupação do solo (Abril de 2006)
13 Sítio Córrego do Canavial: Coordenadas e uso e ocupação do solo (Abril de 2006)
14 Sítio Bom Retiro: Coordenadas e uso e ocupação do solo (Abril de 2006)

CAPÍTULO 4
15 Possíveis associações entre grupos hipotéticos e classificações êmicas das vasilhas
16 Sítio Franco de Godoy: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
17 Sítio Franco de Godoy: Atributo Tipo de peça
18 Sítio Franco de Godoy: Atributo Tipo de Antiplástico
19 Sítio Franco de Godoy: Espessura do Antiplástico Mineral
20 Sítio Franco de Godoy: Espessura do Antiplástico Caco moído
21 Sítio Franco de Godoy: Atributo Frequência do Antiplástico
22 Sítio Franco de Godoy: Atributo Queima
23 Sítio Franco de Godoy: Atributo Acabamento de Superfície Interna
24 Sítio Franco de Godoy: Atributo Acabamento de Superfície Interna
25 Sítio Franco de Godoy: Atributo Técnica Decorativa
26 Sítio Franco de Godoy: Atributo Tipo do Engobo
27 Sítio Franco de Godoy: Decorações Cromáticas
28 Sítio Franco de Godoy: Decorações Acromáticas
29 Sítio Franco de Godoy: Atributo Espessura da Peça
30 Sítio Franco de Godoy: Atributo Forma da Borda
31 Sítio Franco de Godoy: Analise Qualitativa Grupos
32 Sítio Franco de Campos: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
33 Sítio Franco de Campos: Atributo Tipo de Peça
34 Sítio Franco de Campos: Atributo Tipo de Antiplástico
35 Sítio Franco de Campos: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
36 Sítio Franco de Campos: Atributo Freqüência do Antiplástico
37 Sítio Franco de Campos: Atributo Queima
38 Sítio Franco de Campos: Atributo Acabamento de Superfície Interna
39 Sítio Franco de Campos: Atributo Acabamento de Superfície Externa
40 Sítio Franco de Campos: Atributo Técnica Decorativa
41 Sítio Franco de Campos: Atributo Tipo do Engobo
42 Sítio Franco de Campos: Decorações Cromáticas
43 Sítio Franco de Campos: Decorações Acromáticas
44 Sítio Franco de Campos: Atributo Espessura da Peça
45 Sítio Franco de Campos: Atributo Forma da Borda
46 Sítio Franco de Campos: Analise Qualitativa Grupos
47 Sítio Barragem: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
48 Sítio Barragem: Atributo Tipo de peça
49 Sítio Barragem: Atributo Tipo de Antiplástico
50 Sítio Barragem: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
51 Sítio Barragem: Atributo Freqüência do Antiplástico
52 Sítio Barragem: Atributo Queima
53 Sítio Barragem: Atributo Acabamento de Superfície Interna
54 Sítio Barragem: Atributo Acabamento de Superfície Externa
XIII
55 Sítio Barragem: Atributo Técnica Decorativa
56 Sítio Barragem: Atributo Tipo do Engobo
57 Sítio Barragem: Decorações Cromáticas
58 Sítio Barragem: Decorações Acromáticas
59 Sítio Barragem: Atributo Espessura da Peça
60 Sítio Barragem: Atributo Forma da Borda
61 Sítio Barragem: Analise Qualitativa Grupos
62 Sítio Ipê: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
63 Sítio Ipê: Atributo Tipo de peça
64 Sítio Ipê: Atributo Tipo de Antiplástico
65 Sítio Ipê: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
66 Sítio Ipê: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moído
67 Sítio Ipê: Atributo Freqüência do Antiplástico
68 Sítio Ipê: Atributo Queima
69 Sítio Ipê: Atributo Acabamento de Superfície Interna
70 Sítio Ipê: Atributo Acabamento de Superfície Externa
71 Sítio Ipê: Atributo Técnica Decorativa
72 Sítio Ipê: Atributo Tipo do Engobo
73 Sítio Ipê: Decorações Acromáticas
74 Sítio Ipê: Atributo Espessura da Peça
75 Sítio Ipê: Atributo Forma da Borda
76 Sítio Ipê: Analise Qualitativa Grupos
77 Sítio Lambari II: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
78 Sítio Lambari II: Atributo Tipo de peça
79 Sítio Lambari II: Atributo Tipo de Antiplástico
80 Sítio Lambari II: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
81 Sítio Lambari II: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moído
82 Sítio Lambari II: Atributo Freqüência do Antiplástico
83 Sítio Lambari II: Atributo Queima
84 Sítio Lambari II: Atributo Acabamento de Superfície Interna
85 Sítio Lambari II: Atributo Acabamento de Superfície Externa
86 Sítio Lambari II: Atributo Técnica Decorativa
87 Sítio Lambari II: Atributo Tipo do Engobo
88 Sítio Lambari II: Decorações Cromáticas
89 Sítio Lambari II: Decorações Acromáticas
90 Sítio Lambari II: Atributo Espessura da Peça
91 Sítio Lambari II: Atributo Forma da Borda
92 Sítio Lambari II: Analise Qualitativa Grupos
93 Sítio Cachoeira de Emas II: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
94 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Tipo de peça
95 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Tipo de Antiplástico
96 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
97 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moído
98 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Freqüência do Antiplástico
99 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Queima
100 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Acabamento de Superfície Interna
101 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Acabamento de Superfície Externa
102 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Técnica Decorativa
103 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Tipo do Engobo
104 Sítio Cachoeira de Emas II: Decorações Cromáticas
105 Sítio Cachoeira de Emas II: Decorações Acromáticas
106 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Espessura da Peça
XIV
107 Sítio Cachoeira de Emas II: Atributo Forma da Borda
108 Sítio Cachoeira de Emas II: Análise Qualitativa Grupos
109 Sítio Ribeira: Atributo Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
110 Sítio Ribeira: Atributo Tipo de Peça
111 Sítio Ribeira: Atributo Tipo de Antiplástico
112 Sítio Ribeira: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
113 Sítio Ribeira: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-Moído
114 Sítio Ribeira: Atributo Frequência do Antiplástico
115 Sítio Ribeira: Atributo Queima
116 Sítio Ribeira: Atributo Acabamento de Superfície Interna
117 Sítio Ribeira: Atributo Acabamento de Superfície Externa
118 Sítio Ribeira: Atributo Técnica Decorativa
119 Sítio Ribeira: Atributo Tipo do Engobo
120 Sítio Ribeira: Tipo de Decorações Plásticas
121 Sítio Ribeira: Atributo Espessura da Peça
122 Sítio Ribeira: Tipos de Borda
123 Sítio Ribeira: Análise Qualitativa Grupos
124 Sítio Monjolo: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
125 Sítio Monjolo: Atributo Tipo de peça
126 Sítio Monjolo: Atributo Tipo de Antiplástico
127 Sítio Monjolo: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
128 Sítio Monjolo: Atributo Frequência do Antiplástico
129 Sítio Monjolo: Atributo Queima
130 Sítio Monjolo: Atributo Acabamento de Superfície Interna
131 Sítio Monjolo: Atributo Acabamento de Superfície Externa
132 Sítio Monjolo: Atributo Técnica Decorativa
133 Sítio Monjolo: Tipo de Engobo
134 Sítio Monjolo: Atributo Espessura da Peça
135 Sítio Monjolo: Atributo Forma da Borda
136 Sítio Monjolo: Análise Qualitativa Grupos
137 Sítio Córrego do Canavial: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
138 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Tipo de Peça
139 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Tipo de Antiplástico
140 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
141 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-moído
142 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Freqüência do Antiplástico
143 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Queima
144 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Acabamento de Superfície Interna
145 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Acabamento de Superfície Externa
146 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Técnica Decorativa
147 Sítio Córrego do Canavial: Tipo de Engobo
148 Sítio Córrego do Canavial: Decorações Acromáticas
149 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Espessura da Peça
150 Sítio Córrego do Canavial: Atributo Forma da Borda
151 Sítio Córrego do Canavial: Análise Qualitativa Grupos
152 Sítio Bom Retiro: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise
153 Sítio Bom Retiro: Atributo Tipo de peça
154 Sítio Bom Retiro: Atributo Tipo de Antiplástico
155 Sítio Bom Retiro: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral
156 Sítio Bom Retiro: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-moído
157 Sítio Bom Retiro: Atributo Freqüência do Antiplástico
158 Sítio Bom Retiro: Atributo Queima
XV
159 Sítio Bom Retiro: Atributo Acabamento de Superfície Interna
160 Sítio Bom Retiro: Atributo Acabamento de Superfície Externa
161 Sítio Bom Retiro: Atributo Técnica Decorativa
162 Sítio Bom Retiro: Tipo de Engobo
163 Sítio Bom Retiro: Decorações Cromáticas
164 Sítio Bom Retiro: Decorações Acromáticas
165 Sítio Bom Retiro: Atributo Espessura da Peça
166 Sítio Bom Retiro: Atributo Forma da Borda
167 Sítio Bom Retiro: Análise Qualitativa Grupos
168 Coleções Tupiguarani depositadas em Museus Locais e Acervos Particulares

CAPÍTULO 5
169 Evidências arqueológicas e prováveis tipos de refugo
170 Dimensões das possíveis estruturas habitacionais
171 Dimensões das Estruturas Habitacionais Tupinambá (FERNANDES 1949)

LISTA DE GRÁFICOS

CAPÍTULO 2
1 Cronologia dos sítios associados à tradição Tupiguarani no estado de São Paulo

CAPÍTULO 4
2 Sítio Franco de Godoy: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
3 Sítio Franco de Campos: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
4 Sítio Barragem: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
5 Sítio Ipê: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
6 Sítio Lambari II: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
7 Sítio Cachoeira de Emas 2: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
8 Sítio Ribeira: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
9 Sítio Monjolo: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
10 Sítio Córrego do Canavial: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas
11 Sítio Bom Retiro: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas

CAPÍTULO 5
12 Percentual de tipos de Antiplástico x Conjuntos Artefatuais
13 Percentual de Freqüência do antiplástico x Conjuntos Artefatuais
14 Percentual de Peças Decoradas x Conjuntos Artefatuais
15 Percentual de Peças com Decoração Acromática x Conjuntos Artefatuais
16 Número de Peças x Tipos de Grafismos Pintados
17 Percentual de Tipos de Bordas x Conjuntos Artefatuais
18 Percentual de Peças por Grupos x Conjuntos Artefatuais
19 Vasilhas por funções presumidas x Conjuntos Artefatuais

LISTA DE ANEXOS

1 Sítios associados à Tradição Tupiguarani no estado de São Paulo


2 Atributos e Variáveis para Análise do Material Cerâmico
3 Catálogo de Acervos Tupiguarani no Nordeste do estado de São Paulo
1

INTRODUÇÃO

Nessa dissertação fornecemos um primeiro quadro interpretativo sobre a ocupação Tupi do


nordeste do estado de São Paulo. O recorte espacial adotado foi a região do médio e alto vale
do rio Mogi Guaçu, dado o número considerável de sítios relacionados à tradição Tupiguarani
reconhecidos na área que, até o momento, não foram alvo de análises sistemáticas.

A tradição Tupiguarani foi considerada como uma unidade classificatória, estabelecida a partir
de características estruturais da indústria cerâmica, não implicando em uma homogeneidade
cultural de seus portadores (PROUS 2006: 96). Nesse sentido, partimos do pressuposto de que
a análise da variabilidade artefatual dos conjuntos abordados evidenciaria as peculiaridades
dos processos sócio-culturais envolvidos, extrapolando a simples associação desses conjuntos
à referida tradição arqueológica.

Uma vez que aceitamos a associação entre a tradição arqueólogica Tupiguarani com grupos de
matriz cultural Tupi, mais especificamente vinculados aos povos Tupi-Guarani, acreditamos
que estamos empreendendo uma Arqueologia Tupi. A referida associação oferece insumos
que podem enriquecer a discussão aqui proposta, uma vez que existe uma ampla bibliografia
abordando esses grupos, dispersa em fontes etno-históricas - crônicas, relatos de viagem,
cartas jesuíticas (FERNANDES 1949; SCATAMACCHIA 1981, 1990; FERNANDES 1997),
lingüísticas (URBAN 1992, 1996; MELLO; KNEIP 2005) e etnológicas (VIVEIROS DE
CASTRO 1984-1985, 1986), assim como ricas abordagens etnoarqueológicas (NOELLI 1993;
LANDA 1995; MONTICELLI 1995; ASSIS 1996; SILVA 2000).

Não obstante, o foco principal do presente trabalho incide sobre o estudo da variabilidade
formal dos artefatos cerâmicos por meio do conceito de Estilo Tecnológico, entendendo estilo
como uma maneira de fazer algo em determinado tempo e lugar (SACKETT 1977).

Cabe definirmos os vários níveis de análise dessa pesquisa, os quais consistem também na
estrutura geral do texto. Num primeiro momento partimos de um nível macro, no qual faremos
considerações gerais acerca de trabalhos de antropólogos, lingüistas e arqueólogos que se
debruçaram sobre o estudo de grupos Tupi (Capítulo 1). As principais hipóteses sobre o centro
2

de origem e rotas de dispersão desses grupos foram sumarizadas, sendo fundamentais para o
enquadramento do estudo aqui desenvolvido dentro de problemáticas mais amplas. Nesse
primeiro capítulo também procuramos estruturar a definição do que denominamos de
Arqueologia Tupi.

O Capítulo 2 oferece uma revisão dos diversos trabalhos que abordaram a ocupação Tupi no
estado de São Paulo, cruzando diferentes olhares sobre esses grupos indígenas.
Arqueologicamente, o estado de São Paulo, principalmente no que concerne à ocupação por
grupos ceramistas, tem sido caracterizado como “terra de fronteiras” (ROBRAHN-
GONZÁLEZ 2000) e, no caso da tradição Tupiguarani, o estado representaria uma área limite
das divisões internas dessa unidade classificatória, ou seja, a fronteira entre as subtradições
Guarani e Tupinambá (BROCHADO 1984).

Enquanto o sul do estado de São Paulo, precisamente a região compreendida pelo Vale do
Paranapanema, conta com um número maior de pesquisas sobre as ocupações de grupos
ceramistas associados à tradição Tupiguarani, as regiões nordeste, noroeste, central e o próprio
litoral do estado ainda não foram alvo de análises sobre variações ocorridas no tempo e no
espaço acerca destes grupos.

Não obstante, as datações obtidas para o território paulista apontam para ocupações de grupos
associados a essa tradição por aproximadamente 1500 anos1, ou seja, indicam um largo
período de ocupação, fato que demonstra a necessidade da mesma ser analisada em termos
mais dinâmicos. Nesse sentido, finalizamos esse capítulo com uma atualização dos dados
disponíveis sobre as pesquisas arqueológicas em sítios Tupiguarani no estado (sumarizamos as
informações de mais de 230 sítios arqueológicos) e com uma análise crítica onde destacamos
a necessidade de uma abordagem regional no estudo das fronteiras culturais.

Buscando esse enfoque regional, selecionamos todos os conjuntos artefatuais associados à


tradição Tupiguarani provenientes de contextos arqueológicos da região pesquisada. De um
total de 8 conjuntos localizados no início da pesquisa, passamos a abordar 13 conjuntos
artefatuais, sendo que 3 deles procedem apenas de coletas assistemáticas. O estudo foi

1
Para São Paulo a datação mais recuada para a tradição Tupiguarani está localizada no baixo Tietê , no sítio Ary Carneiro, 2200 anos AP
(MARANCA; SILVA; SCABELLO 1994)
3

desenvolvido por meio da retomada das informações e documentações disponíveis e da


análise dos acervos coletados, tanto aqueles provenientes de pesquisas sistemáticas, quanto
àqueles advindos de coletas assistemáticas que compõem acervos de coleções particulares e
museus locais. Não obstante, verificamos a necessidade da realização de intervenções em
alguns desses sítios para atualização dos dados disponíveis, assim como para coleta de
material para datação.

O Capítulo 3 caracteriza a área de estudo tanto no que diz respeito aos dados arqueológicos e
etnohistóricos, quanto às características ambientais da região. Nesse capítulo também
apresentamos as atividades realizadas em cada um dos sítios arqueológicos abordados.

O Capítulo 4 mostra os resultados da análise de cerca de 6000 fragmentos cerâmicos a partir


do conceito de estilo tecnológico. Para mapear os estilos tecnológicos foi necessário
compreender as escolhas realizadas durante toda a cadeia operatória dos artefatos cerâmicos,
para tanto foi utilizada uma metodologia de análise sistemática baseada em SHEPARD 1956;
RYE 1981; ARNOLD 1985; RICE 1987; WÜST 1990; SINOPOLI 1991; SKIBO 1992;
ROBRAHN-GONZÁLEZ 1996 e GOMES 2005. O objetivo principal da análise foi
identificar a relação entre estabilidade e variação nos conjuntos artefatuais. Optamos
metodologicamente pelo trabalho também com coleções advindas de coletas assistemáticas, as
quais apresentam um material mais íntegro e que permitiu insights interessantes para a análise
dos fragmentos que compõe as coleções arqueológicas. Este capítulo está organizado em
quatro partes: a explanação do conceito de estilo tecnológico, a apresentação dos atributos
observados nos artefatos cerâmicos, os resultados quantitativos e qualitativos para cada um
dos conjuntos analisados e, por fim, a montagem de um catálogo de referência para a região.

O Capítulo 5 retoma os dados apresentados nos capítulos anteriores, relacionando-os aos


processos de formação do registro arqueológico, uma vez que esses processos dão conta da
explanação da variabilidade artefatual identificada (SCHIFFER 1991), objetivando a
construção de um quadro interpretativo e crítico sobre a ocupação Tupi do nordeste do estado
de São Paulo.
4

CAPÍTULO 1
5

1. DELIMITANDO O TERRENO: AS PESQUISAS SOBRE POVOS TUPI

Uma vez que o foco dessa pesquisa incide sobre sítios arqueológicos associados à tradição
Tupiguarani, algumas considerações acerca de trabalhos de antropólogos, lingüistas e
arqueólogos que se debruçaram sobre o estudo de grupos do tronco Tupi2 tornam-se
necessárias, assim como a discussão crítica das questões que tal filiação suscita para o
desenvolvimento do presente trabalho. Primeiramente, cabe explicitarmos os principais
centros de origem e rotas de expansão definidos para esses grupos.

1.1. Centros de origem e rotas de dispersão

A questão mais freqüente sobre os grupos Tupi diz respeito à existência de um possível centro
de origem e das prováveis rotas de expansão. Noelli (1996) realizou uma extensa revisão
desses modelos indicando dois pontos em comum nesses trabalhos: a existência de um centro
de origem e de diferentes rotas de expansão dessas populações. Esse seria o único consenso
uma vez que hipóteses diferenciadas se multiplicaram ao longo dos trabalhos. Apresentaremos
apenas alguns desses modelos, destacando as hipóteses que têm dominado o cenário das
pesquisas arqueológicas que abordam o assunto.

Para compreender as origens dessas hipóteses temos que recuar ao século XIX, quando em
1838 Von Martius propôs, pela primeira vez, um centro de origem Tupi entre o Paraguai e o
Sul da Bolívia (NOELLI 1994: 111). Já em 1839, Alcides D’Orbigny propôs um centro de
origem dos Tupi entre o Paraguai e o Brasil. Em 1886, Karl von den Steinen, baseado na
distribuição de traços da cultura material, propôs que as cabeceiras do rio Xingu seriam o
ponto de irradiação central Tupi (BROCHADO 1984: 42). Em 1891, Paul Ehrenreich
forneceria como hipótese para as rotas de dispersão o médio Paraná, alto Uruguai e Bolívia,
centro de irradiação de onde teriam saído os Tupi para todas as direções, através dos grandes
cursos fluviais, assim “Em Ehrenreich nota-se a continuidade das hipóteses sobre o local do
2
Lingüisticamente, o tronco Tupi é formado por aproximadamente 45 línguas que há alguns milênios se expandiram pelo Brasil, Peru,
Paraguai, Argentina e Uruguai, sendo o Tupi-Guarani uma das sete famílias que compõem este tronco (NOELLI 1996: 9). Utilizaremos os
termos Tupi e Tupi-guarani (com hífen) - o primeiro que no nomeia o tronco e o último que nomeia a família linguística, para nos referirmos
aos trabalhos desenvolvidos em outras áreas do conhecimento, reservando o termo Tupiguarani (com hífen) para os trabalhos desenvolvidos
por arqueólogos após o estabelecimento da referida tradição.
6

centro de origem de D’Orbigny e Martius, e sobre a irradiação central de Von den Steinen. Foi
nesses quatro cientistas que a maior parte dos pesquisadores embasou suas
preposições”(NOELLI 1996: 12).

Métraux foi o primeiro a sistematizar as informações dos cronistas quinhentistas e


seiscentistas sobre os Tupinambá e Guarani, articulando estes dados com materiais
etnográficos contemporâneos à produção de sua obra (VIVEIROS DE CASTRO 1986: 83).
Em 1928, Métraux publicou “La Civilization Matérielle dês Tribus Tupi-Guarani”, obra
marcada pelo difusionismo, na qual, comparando elementos materiais e tecnológicos, deduz
que o centro original de dispersão estaria em uma “região suficientemente vizinha da
Amazônia, porque os Tupi apresentam influências setentrionais e Amazônicas” (NOELLI
1994: 112). De acordo com Noelli, a obra de Métraux foi um divisor de águas na medida em
que se estruturou com elementos organizados de maneira sistemática, no entanto essas idéias
teriam se tornado obsoletas com o incremento dos dados arqueológicos, estes últimos
comprovariam outro modelo – nesse sentido, Noelli (1993) segue a proposta elaborada por
Brochado (1984).

Outro estudo importante acerca do centro de origem e rotas de dispersão foi o empreendido
por Branislava Susnik (1975), que sugeriu as planícies colombianas como centro de origem. O
modelo da autora tentava estabelecer as motivações da expansão desses grupos, chamando
atenção para elementos até então pouco considerados: o crescimento demográfico e a
subseqüente divisão das aldeias, o esgotamento dos terrenos que ocupavam e a conseqüente
busca de novas terras para agricultura, as guerras aos grupos que dominavam territórios de seu
interesse e, por fim, as divisões geradas pelas diferenças de prestígio e poder dentro do
sistema de parentesco (SUSNIK 1975).

Curt Nimuendaju também teve uma influência significativa no meio acadêmico, pois em sua
obra “As Lendas da Criação e Destruição do Mundo como Fundamento da Religião dos
Apapocuva-Guarani”, propôs que a migração Tupi teria tido uma motivação a religiosa
(NOELLI 1993). Segundo Noelli, o equívoco nessa interpretação foi que o autor “partindo do
postulado de que os Guarani e os Tupinambá tem origem na mesma cultura e deduzindo que
eles tinham os mesmos motivos para se deslocarem, tentou explicar a ocupação da costa
brasileira pelos Tupinambá, através das mesmas razões que moviam os Guarani no século
7

XX” (NOELLI 1993: 43). Desse modo, além de ignorar as diferenças entre os Tupinambá e os
Guarani, Nimuendaju propôs uma ocupação rápida e recente do litoral. Essa migração recente
também explicaria a similaridade entre os grupos Tupi localizados na região costeira. Com
relação aos motivos religiosos da expansão, estes foram baseados em depoimentos de xamãs
de pequenos grupos em fuga para o litoral no início do século XX, época em que esses grupos
fortemente impactados pela sociedade ocidental, estão à procura da “terra onde não mais se
morre”(NOELLI 1993: 47).

Outro grupo que tratou a questão do centro de origem e rotas de difusão, o qual não será
tratado em profundidade, é formado por lingüistas (ver BROCHADO 1984; NOELLI 1993,
1994, 1996), também fortemente influenciados por Martius, Steinen e Ehrenreich, entre eles
Aryon Rodrigues (1964; 1985) e Greg Urban (1992; 1996). Vale a pena destacar que os
autores citados, baseados na Teoria da Migração Lingüística, concordam no que diz respeito à
área de origem - na região das cabeceiras dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé onde hoje está
o estado de Rondônia, e quanto as principais rotas dos grupos Tupi-Guarani, tendo os grupos
Guaranis e Tupinambás seguido o sentido sul, descendo as bacias do Paraguai e Prata, e
depois para o leste sentido litoral, e os grupos Tupi-Guarani amazônicos seguido sentido leste
até o meio norte (MELLO; KNEIP 2005).

Recentemente, Mello aplicou a Teoria da Migração Lingüística não para o tronco Tupi, mas
para a família Tupi-Guarani. Nessa proposta a região de maior diversidade lingüística estaria
mais próxima ao leste amazônico, onde está concentrado o maior número de línguas3 da
família Tupi-Guarani, concordando em parte com a hipótese de Brochado, que será
explicitada adiante (MELLO; KNEIP 2005).

As pesquisas etnográficas entre grupos Tupi da Amazônia Central tiveram início nas décadas
de 1930 e 1940 com os trabalhos de Herbert Baldus sobre os Tapirapé, assim como as
pesquisas de Charles Wagley e Galvão entre os Tenetehara e Tapirapé, pois até então os
trabalhos antropológicos baseavam-se em documentações textuais (VIVEIROS DE CASTRO
1986). De acordo com Viveiros de Castro essas pesquisas, também influenciadas pela idéia da
exitência de um centro comum desses grupos, foram marcadas pela busca da origem histórica

3
Os autores apontam um total de 14 linguas da família Tupi-Guarani nessa região, a saber: Asurini do Trocará,
Parakanã, Tembé, Tapirapé, Guajajara, Guajá, Urubu-Kaapór, Aurê e Aurá, Anambé, Wayampé, Emerillon,
Asurini do Xingu, Araweté e Kamayurá (MELLO; KNEIP 2005: 5)
8

ideal dessas sociedades, ou seja, os “Tupinambá perdidos”, intensamente descritos pelos


cronistas. No caso Guarani o problema que nortearia os trabalhos de campo seria o
estabelecimento da relação entre as parcialidades atuais e os índios das missões jesuíticas e/ou
aqueles que nunca foram aldeados (VIVEIROS DE CASTRO 1986: 86).

Na obra de Florestan Fernandes as informações deixadas pelos cronistas foram sistematizadas


de maneira exaustiva. Associado ao quadro teórico do funcionalismo generalizado, Florestan
publicou dois grandes estudos sobre a sociedade tupinambá: “Organização Social dos
Tupinambá” e “Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá”, o primeiro concebido
como uma introdução geral ao segundo (VIVEIROS DE CASTRO 1986: 87). Como se verá
adiante, o primeiro estudo pode contribuir de maneira interessante para uma melhor
interpretação das estruturas arqueológicas evidenciadas nas escavações.

O estudo dos povos Tupi e, por conseguinte, a questão do centro de origem e rotas de
dispersão desses povos, ganhou destaque na arqueologia com a implantação do Pronapa, uma
vez que o mesmo tinha como objetivo elaborar seqüências culturais e reconhecer direções de
migração e difusão. Desse modo, ficam claras as similaridades com as propostas de
D’Orbigny e Von Martius, embora nunca tenham sido citadas diretamente (NOELLI 1996:
15). Foram os pesquisadores do Pronapa que estabeleceram o termo Tupiguarani, definindo
uma cultura arqueológica caracterizada por uma cerâmica amplamente difundida.

Nas palavras de Chmyz, essa tradição seria caracterizada pela presença de “cerâmica
policrômica (vermelho ou preto sobre engobo branco e ou vermelho), corrugada e escovada,
por enterramentos secundários em urnas, machados de pedra polida, e, pelo uso de tembetás"
(CHMYZ 1976: 146).

Meggers e Evans (1973) propuseram um modelo que corroborava a idéia de um centro de


origem numa região periférica da Amazônia (de acordo com a Figura 1), na fronteira do Brasil
com a Bolívia, onde se concentrava o maior número de famílias lingüísticas do tronco Tupi.
Teríamos uma onda migratória em direção norte descendo o rio Guaporé e outros afluentes do
rio Amazonas, chegando até seu médio e baixo curso e outra onda direção sul, descendo rio
abaixo até o Alto Paraná e daí subdividindo-se para leste até chegar ao litoral e posteriormente
subindo para o norte e, para o sul, passando do Rio Paraná aos rios Uruguai, Jacuí, Prata e
9

litoral contíguo (ROGGE 1996: 20). Esse modelo oferecido por Meggers e Evans, de
distribuição cultural nas terras baixas sul-americanas, utiliza como referência dados
arqueológicos, lingüísticos e paleo-ambientais (ROGGE 1996: 19-20). Essas migrações
seriam respostas a mudanças climáticas muito intensas, que teriam reduzido as áreas
florestadas e levado ao processo de dispersão. Vale destacar que no cenário atual, o modelo
proposto por Meggers foi perpetuado nos trabalhos de Schmitz (1991), sendo este um dos
arqueólogos que mais de dedicou ao estudo da tradição Tupiguarani.

Em 1970 Lathrap elaborou modelo contrário ao de Meggers, indicando a Amazônia Central


como o ponto de origem das cerâmicas policromas, além disso, tentou estabelecer uma
correlação entre a cerâmica policroma amazônica com as populações falantes do Tupi. As
pressões populacionais no centro amazônico teriam resultado num movimento de colonização
dos principais afluentes do rio Amazonas. Assim, o centro Tupi estaria na confluência entre o
Rio Amazonas e o Madeira e as rotas de expansão seguiriam um modelo radial, denominado
de “modelo cardíaco” (HECKENBERGER; NEVES; PETERSEN 1998).

Em 1973 Brochado desenvolveu trabalho no qual, localizando geograficamente os sítios e


interpretando os resultados das datações obtidas pelo Pronapa, admitiu o centro de origem de
Métraux. Estabeleceu, ainda, as diferenças culturais da tradição Tupiguarani, definindo uma
subtradição da região Leste e Nordeste e uma subtradição da Região Sul (BROCHADO
1973).

Partindo do modelo cardíaco de Lathrap e de estudos lingüísticos, Brochado abandonou seu


modelo anterior, propondo o desenvolvimento paralelo de duas culturas que ele considera
distintas: o Guarani e o Tupinambá, ambos derivados da tradição Policrômica Amazônica
(BROCHADO 1984). Após sua expansão, os povos “proto-tupi” e “proto-guarani” teriam se
fixado em duas regiões: a primeira na bacia do Paraná e do Uruguai, entre os rios
Paranapanema e Jacuí, formando uma concentração das tribos Guarani; e segunda na faixa
litorânea que vai do Rio de Janeiro até o Maranhão, ao norte, correspondendo à região
ocupada pelos Tupinambá (Figura 2).
10

Figura 1: Origem e expansão Tupi segundo Urban


(1996) e Rodrigues (2000 Apud MELLO; KNEIP
2005). O local de origem está marcado em roxo, a rota
de expansão Tupinambá está em azul e a Guarani em
Vermelho. Em verde as rotas de dispersão de outros
grupos da família Tupi-Guarani. (Fonte: MELLO;
KNEIP 2005)

Figura 2: Origem e expansão Tupi segundo Brochado


(1984). O centro da cerâmica Tupi está marcado em
lilás e a área hachurada possuiria antecedentes
relacionados à cerâmica Tupiguarani. Em azul está a
área com informações históricas e arqueológicas sobre
os Tupinambá e em vermelho sobre os Guarani (Fonte:
MELLO; KNEIP 2005)

Brochado também recuperou, neste modelo, a singularidade das cerâmicas Guarani e


Tupinambá, com formas e acabamentos de superfície específicos. Para a cerâmica Guarani
indicou uma variabilidade formal em sentido amplo, marcada por um princípio de
segmentação, e para cerâmica Tupinambá percebeu uma maior diversidade de motivos
pintados e a existência de um número maior de vasilhas abertas. As diferenciações
morfológicas estariam ligadas aos alimentos ingeridos, predominando o milho entre os
Guarani e a mandioca entre os Tupinambá (diferenciação que o autor já havia estabelecido em
trabalho anterior, BROCHADO 1977). Desse modo, Brochado definiu uma subtradição
Guarani associada aos Guarani do Sul e uma subtradição Tupinambá para os Tupinambá do
litoral. Vale ressaltar que, as idéias de Brochado para os Guarani foram baseadas em trabalhos
11

e coleções nos quais o autor teve acesso direto enquanto que, para os Tupinambá, o autor
baseou-se apenas nos dados publicados. Esse fato será fundamental para a compreensão do
contexto das pesquisas paulistas atuais sobre a tradicão Tupiguarani, conforme será exposto
adiante.

O trabalho de Brochado, bem como o incremento das perspectivas etnoarqueológicas,


possibilitaram o desenvolvimento de importantes trabalhos sobre os Guarani, como por
exemplo NOELLI (1993), MONTICELLI (1995), LANDA (1995) e SOARES (1997), assim
como sobre os Tupinambá (ASSIS 1996).

Seguindo a linha de Lathrap e Brochado, Noelli advogou o abandono de um modelo de


migração para um modelo de expansão, pois o avanço Tupi não representaria, em condições
normais, o abandono da área anteriormente ocupada, mas sim o avanço contínuo dentro de
áreas manejadas. O Tekohá guarani - Tecoaba no termo Tupinambá, “seria o território
correspondente a uma aldeia, com sua área de caça, pesca, cultivo, coleta e fontes de matérias-
primas, delimitado por recursos geográficos e explorado predominantemente pelo grupo ali
instalado” (NOELLI 1996: 35). Este autor elaborou um denso modelo etnoarqueológico em
sua dissertação de mestrado (1993), modelo este utilizado como ferramenta interpretativa em
sítios arqueológicos Guarani, onde a prescritividade aparece como elemento chave para a
compreensão da continuidade cultural desses grupos.

Viveiros de Castro, ao comentar as idéias apresentadas por Noelli (1996), pondera a


correlação entre diferenciação material (no registro arqueológico) e diferenciação lingüística,
assim como a validade geral dos métodos e resultados da glotocronologia (VIVEIROS DE
CASTRO 1996: 57-58).

Outras hipóteses têm sido defendidas, como por exemplo, a apresentada por Heckenberger,
Neves e Petersen (1998), que levantam restrições às premissas arqueológicas do modelo
cardíaco de Lathrap, uma vez que tanto Lathrap quanto Brochado e Noelli não fizeram
trabalhos de campo na Amazônia Central. Os autores supracitados refutam a associação das
cerâmicas da tradição Policrômica Amazônica com os grupos falantes de línguas da família
Tupi-Guarani na Amazônia, assim como indicam a falta de justificação empírica para a
escolha da Amazônia Central como centro de desenvolvimento da tradição Policrômica
12

Amazônica. As pesquisas arqueológicas desenvolvidas pelos autores no baixo rio Negro e


Solimões têm trazido evidências de que essa tradição não é mais antiga na Amazônia Central
do que em outras partes da bacia Amazônica (HECKENBERGER; NEVES; PETERSEN
1998: 72). Além do mais, Heckenberger, Neves e Petersen indicam que as cerâmicas
policrômas da Amazônia parecem ser manifestações regionais mais ou menos contemporâneas
e não uma grande tradição regional (HECKENBERGER; NEVES; PETERSEN 1998: 82).

De acordo com Urban, embora a origem Amazônica deva ser tomada como um fato e não
como hipótese, a origem às margens dos cursos principais do médio Amazonas não é
corroborada por dados arqueológicos, lingüísticos ou etnológicos (URBAN 1996: 63).
Ademais, Heckenberger, Neves e Petersen afirmam que as hipóteses sobre o centro de origem
e rotas de expansão Tupi possuem evidências lingüísticas e etnológicas mais seguras do que as
reconstituições baseadas em evidências arqueológicas (1998: 79)

Alguns pesquisadores chegaram a um consenso quanto à origem das línguas do tronco Tupi ao
sul da Amazônia (MIGLIAZZA 1982; RODRIGUES 1964; URBAN 1996 Apud
HECKENBERGER; NEVES; PETERSEN 1998: 79), bem como que as línguas da família
Tupi-Guarani teriam se desenvolvido rapidamente a partir de um centro também localizado ao
sul da Amazônia (URBAN 1992; VIVEIROS DE CASTRO 1996).

Dias (1994-1995) baseado nas datações disponíveis - 19 datas para a subtradição Pintada e 59
para a subtradição Corrugada, propôs uma “área ‘core’ de definição cultural Tupi(nambá)”
que teria se dado por volta do ano 600 entre o rio Paranapanema (SP) e Guaratiba (RJ) (DIAS
1994-1995: 121-126). Algumas colocações do autor merecem destaque: 1) a falta de
evidências de uma expansão do norte para o sul da Subtradição Pintada, uma vez que as datas
mais antigas estão no sudeste; 2) os dados arqueológicos, apontariam, no momento, para uma
ocupação da Subtradição Tupi(nambá) mais concentrada no sudeste do que no nordeste; 3) a
presença desses grupos quando da colonização do sudeste do Brasil corroboraria o fato de que
o deslocamento dessas populações não implicou no abandono das áreas anteriormente
conquistadas; 4) no que tange aos modelos formulados por arqueólogos, tanto aquele proposto
por Brochado (1984) quanto o modelo seguido por Schmitz (1991) concluem que a área
ocupada pelo atual estado de São Paulo seria ou o foco de dispersão ou o ponto convergente
dos dois conjuntos; 5) quanto a origem o autor corrobora a idéia de Schmitz, excetuando-se o
13

povoamento do sul por portadores da mesma Subtradição Pintada, que teria dado origem as
ocupações conhecidas historicamente (Corrugada e Pintada); 6) por fim, o autor chama
atenção para a necessidade do estudo contextual da cerâmica, associando tecnologia de
construção, atributos morfológicos e decoração (DIAS 1994-1995: 126-130).

Concluindo, as pesquisas sobre os grupos Tupi, no que se refere a estudos lingüísticos,


antropológicos, etno-históricos e arqueológicos têm gerado uma imensa bibliografia -
impossível de ser tratada nesse breve histórico. Essas informações proporcionam um constante
repensar dos modelos, extremamente salutar para a praxis arqueológica.

1.2. A construção de uma Arqueologia Tupi

A tradição Tupiguarani tem sido associada a grupos indígenas pertencentes, de modo geral, à
família lingüística Tupi-Guarani. Essa correlação foi postulada por diversos pesquisadores,
sendo inclusive, mencionada quando do estabelecimento da referida tradição:
“Após as considerações de possíveis alternativas, não obstante suas conotações
lingüísticas foi decidido rotular como Tupiguarani (escrito numa só palavra) esta
tradição ceramista tardia amplamente difundida, considerando já ter sido o termo
consagrado pela bibliografia e também a informação Etno-histórica estabelecer
correlações entre as evidências arqueológicas e os falantes de línguas Tupi e
Guarani ao longo de quase todo território brasileiro” (PRONAPA 1969 Apud
SCATAMACCHIA 1981: 36, grifo nosso).

Por outro lado, vários autores indicam que a associação entre a tradição arqueológica
Tupiguarani e família lingüística homônima engloba questões mais complexas, advogando
uma postura crítica com relação à referida correlação (SCATAMACCHIA 1981;
SCHIAVETTO 2003; SOARES 2005).

Noelli, por sua vez, considera plausível o estabelecimento de ligações diretas entre grupos
Tupi pré-históricos e históricos, indicando a necessidade de pesquisas que envolvam o estudo
de suas origens, continuidades e mudanças (NOELLI 1996: 8).

Meggers e Evans (1973) reforçaram essa relação, segundo os autores condições excepcionais
teriam possibilitado a associação entre a tradição ceramista e a família lingüística, sendo essa
correlação respaldada por três fontes:
14

“i) documentos etno-históricos, que registram a presença de grupos falando essas


línguas nas áreas onde se localizam os sítios arqueológicos; ii) associação de
objetos europeus com sítios contendo cerâmica ‘Tupiguarani’; iii) datações por C-
14, indicando que a última variante dessa tradição ceramista era ainda manufaturada
em alguns locais nos séculos XVII e XVIII. Embora não se justifique concluir que
todos os produtores de cerâmica Tupiguarani fossem falantes do Tupi-Guarani, ou
ainda, que todos os sítios com outros tipos de cerâmica tivessem sido habitados por
falantes de outras línguas, parece relativamente seguro concluir que a correlação, de
maneira geral, é perfeitamente válida” (MEGGERS; EVANS 1973: 54)

Contudo, as pesquisas realizadas sob a influência do Pronapa foram marcadas por um


distanciamento entre o dircurso arqueológico e as demais ciências humanas, o que veio
influenciar também as pesquisas em sítios associados à tradição Tupiguarani. Ou seja, na
prática, as informações etnohistóricas, etnológicas e lingüísticas não foram consideradas na
formulação das interpretações arqueológicas (como indica NOELLI 1993: 35).

Ao mesmo tempo em que as pesquisas impulsionadas pelo Pronapa permitiram o


reconhecimento de sítios arqueológicos da chamada tradição Tupiguarani por todo o país,
também generalizaram as especificidades regionais e locais desses grupos, uma vez que “(...)
definir fases e tradições transformou-se em paradigma para um determinado grupo de
arqueólogos brasileiros, condenando-os a um contra-senso científico, na medida que os meios
para atingir o conhecimento (os conceitos) transformaram-se na finalidade última de sua
pesquisa" (DIAS 1994).

Assim foram estabelecidas 52 fases arqueológicas para a tradição Tupiguarani – das quais 34
encontravam-se na região sul do Brasil. Os sítios localizados no estado de São Paulo estariam
associados apenas a uma fase (fase Cambará da subtradição Pintada) (SIMÕES 1972: 7-11).
Brochado indica, alguns anos mais tarde, a divisão da tradição em 71 fases arqueológicas, que
representariam mais diferenças regionais que temporais (BROCHADO 1990: 55).

Os grupos Tupinambá e Guarani aparecem na literatura quinhentista e seiscentista divididos


em várias castas, nações, gerações ou parcialidades, algumas aliadas e outras inimigas. As
designações desses grupos também são variadas:
“de sul para norte, teríamos os Carijó (Guarani) entre Lagoa dos Patos e Cananéia;
os Tupiniquins daí até Bertioga – incluindo o planalto paulista; os Tupinambá
(também chamados, nessa região, Tamoio) do norte de São Paulo até o Cabo Frio,
dominando inclusive o Vale do Paraíba; os Temomino, em áreas da Bahia de
Guanabara. Entre o Espírito Santo e o Sul da Bahia aparecem novamente os
Tupiniquins; mais ao norte, os Tupinambá, que dominam o Recôncavo Baiano e se
estendem daí até a foz do São Francisco – em cujo sertão vivem os Tupinaé. Daí até
15

o Paraíba era território kaeté e os numerosos Potiguar espalhavam-se do extremo


nordeste da costa até o Ceará” (FAUSTO 1992: 383).

Ou seja, as fontes etnohistóricas apontam para uma enorme diversidade social e cultural entre
esses grupos. Desse modo, cabe apontarmos que as pesquisas em sítios associados à tradição
Tupiguarani têm que lidar com dois componentes: a continuidade e a diversidade. Mesmo
com amplitudes temporais que chegam a 2000 anos e uma dispersão espacial que toma grande
parte do território hoje brasileiro, essa tradição permaneceu reconhecível como tal, ou seja,
estamos lidando com processos que envolvem uma considerável continuidade. Já a
diversidade, apontada nas fontes etnohistóricas, ficou relegada a um segundo plano quando do
estabelecimento da tradição Tupiguarani.

Um avanço interpretativo foi evidenciado com a tese de Brochado (1984), onde o autor
estabelece um modelo ecológico para a difusão da cerâmica e da agricultura no Leste da
América do Sul, correlacionando as Subtradições Guarani e Tupinambá aos grupos Guarani e
Tupinambá, conhecidos historicamente. Não obstante, Brochado propôs, anos mais tarde, que
o conceito de Subtradição Tupinambá fosse aplicado exclusivamente aos falantes do
Tupinambá - diferenciando-os dos demais Tupi (não-Tupinambá) (NOELLI 1996: 24).

Atualmente, algumas pesquisas que abordam sítios associados à tradição Tupiguarani têm
adotado um caráter mais regional “não em um sentido de analisar o material sem comparações
com outras localidades. Mas, regional no sentido de buscar características específicas de cada
ocorrência que possam caracterizar cada área dentro do quadro nacional” (CÔRREA; TAMIA
2006). Desse modo, as subtradições propostas por Brochado (1984) poderão ser detalhadas,
sendo possível estabelecer subdivisões estilísticas que reflitam a extensão de parcialidades
(PROUS 2005a: 25).

Morais (1999-2000: 207), trabalhando regionalmente no Vale do Paranapanema, propôs o


termo Sistema Regional Guarani para denominar os sítios arqueológicos associados à
“Subtradição Guarani” tentando correlacionar dados etnográficos, históricos, padrões de
assentamento e cultura material, sem abandonar as particularidades regionais.

Dialogando com essas referências pudemos estabelecer alguns pressupostos que tornam
explícita a abordagem aqui intentada.
16

Adotamos o conceito de Arqueologia Tupi, o qual significa que estamos abordando sítios
arqueológicos associados à tradição Tupiguarani, sítios estes ocupados por grupos de matriz
cultural Tupi – relacionados ao tronco lingüístico homônimo. Nesse sentido, a “Arqueologia
Guarani” realizada no sul do Brasil, assim como a “Arqueologia Tupinambá”, realizada no
litoral do Rio de Janeiro, também podem ser enquadradas nessa Arqueologia Tupi, embora
seja interessante, quando possível, manter essas especificidades. Conforme demonstraremos
no decorrer desse trabalho, a designação de uma Arqueologia Guarani ou Tupinambá para a
região em estudo não é viável.

Empreender uma Arqueologia Tupi significa, necessariamente, estabelecer um diálogo com


informações históricas, etnográficas e lingüísticas dos grupos do tronco Tupi, as quais podem
enriquecer a discussão. A colocação do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro demonstra as
generalidades e os problemas inerentes ao estudo de grupos Tupi-Guarani:
“A primeira coisa a chamar a atenção de quem quer que examine a bibliografia
referente aos povos de língua Tupi-Guarani é a associação entre uma diferenciação
mínima ao nível lingüístico, uma dispersão máxima em termos geográficos, e uma
não menos elevada heterogeneidade no que tange a morfologia social (...), a
variabilidade das formas organizacionais TG dever-se-ia a adaptações diferenciais a
meio-ambientes específicos, e a influências culturais diversas” (VIVEIROS DE
CASTRO 1986: 106)

Ou seja, a Arqueologia Tupi nos coloca diante de questões muito distintas daquelas
vivenciadas no estudo de sítios associados a outras tradições ceramistas, ao mesmo tempo em
que nos fornece uma bibliografia imensa, passível de críticas, mas também norteadora de
muitas questões.

Ademais, não estamos advogando o abandono da utilização da tradição arqueológica, mas sim
a sua inserção em uma problemática maior. Vale lembrar, que a palavra tradição vem do latim
tradere que significa transmitir algo a alguém para que o guarde (GIDDENS 2000 Apud
THERRIEN 2006), uma vez que essa transmissão ocorre em contextos sociais diversos,
relacionados a um tempo, lugar e a códigos simbólicos, esse significado devolve o caráter
dinâmico do conceito de tradição.

A extraordinária continuidade vislumbrada na tradição arqueológica Tupiguarani, evidenciada


em uma enorme área geográfica e com uma longa duração temporal, não extingue as
17

diferenças, nem as particularidades regionais e locais, mas, nos coloca diante de um horizonte
cultural extremamente coerente. Desse modo, tomamos como hipótese que, a despeito dessa
continuidade espacial e temporal, o aprofundamento na análise e interpretação da cultura
material desses grupos, numa abordagem eminentemente arqueológica, poderia desvelar
processos sócio-culturais específicos que ficariam silenciados com a simples associação a
referida tradição.

O capítulo seguinte apresenta o estado d´arte da Arqueologia Tupi paulista, trazendo um breve
histórico das pesquisas realizadas, assim como da cronologia disponível.
18

CAPÍTULO 2
19

2. A OCUPAÇÃO TUPI NO ESTADO DE SÃO PAULO: CRUZANDO FONTES

Nesse capítulo apresentamos desde as descrições desses grupos por cronistas, viajantes e
missionários até os recentes trabalhos no âmbito da arqueologia de contrato. Mesmo a partir
de olhares diferenciados, o cruzamento desses trabalhos pode auxiliar na reconstrução da
trajetória histórica dessas ocupações.

Ademais, o acesso ao que têm contribuído para o incremento do conhecimento sobre o tema,
assim como o que têm funcionado como obstáculo, trouxe à tona as possibilidades e
limitações da presente pesquisa. Nesse sentido foi efetuada uma periodização dessa produção
em quatro grandes períodos, explicitados a seguir.

2.1 A descrição do outro

A título de comparação essa primeira fase corresponde aos dois primeiros períodos colocados
por Mendonça (1991), em sua avaliação crítica da história da arqueologia brasileira: “Dos
cronistas da conquista aos naturalistas viajantes (1500-1858)” e “Dos primeiros arqueólogos
brasileiros à busca das cidades perdidas (1858-1889)”.

As primeiras informações acerca da ocupação do território paulista por grupos Tupi estão
presentes nos diversas fontes etno-históricas elaboradas nos primeiros anos de colonização.
Nesse quadro pode-se citar o relato de Hans Staden, “O Tratado Descritivo do Brasil” de
Gabriel Soares de Souza e a obra de Fernão Cardim, entre outros. No entanto, essa
bibliografia não será tratada aqui, uma vez que já foi extensamente apresentada nos trabalhos
de Scatamacchia (1981, 1990).

Como bem colocou Barreto, as crônicas e relatos de descobrimento não revelam um olhar
arqueológico, embora façam muitas alusões à cultura material indígena (BARRETO 1999-
2000: 35), tornando imprescindível uma avaliação crítica do uso dessas fontes. Vale destacar
que as informações presentes nos documentos textuais referem-se apenas a algumas regiões
do estado – principalmente litoral, que permanecem praticamente inexploradas do ponto de
vista arqueológico.
20

Nesse período, os primeiros trabalhos em sítios arqueológicos voltaram-se, sobretudo, para a


questão do homem de Lagoa Santa (com as pesquisas de Lund), para os sítios da região
amazônica e para os sambaquis do litoral, não ocorrendo pesquisas em sítios relacionados às
ocupações Tupi.

2.2. A descrição das coisas

A criação do Museu Paulista e o papel de seu diretor fundador, Hermann Von Ihering viriam
transformar bastante a arqueologia paulista. Este zoólogo, fortemente influenciado pelo
naturalismo alemão, publicou diversas obras sobre a arqueologia brasileira, fazendo
investigações arqueológicas e adquirindo coleções para o Museu Paulista, algumas destas
associadas aos grupos Tupi-Guarani (IHERING 1908).

Também podemos citar para esse período os achados e coletas assistemáticas realizados por
Krone no Vale Ribeira do Iguape, as referências de cerâmicas encontradas em São José dos
Campos por Ruy Tibiriçá, algumas peças advindas de Praia Grande e, por fim, fragmentos
cerâmicos encontrados no município de Santo Anastácio (SCATAMACCHIA 1981). Tibiriçá
(1935) também menciona a coleta de “cerâmica pré-colombiana paulista”, no município de
Pirassununga, em uma “excursão feita pelo Prof. Levy Strauss e Senhora” (TIBIRIÇÁ 1935:
213).

Essas referências se limitam à descrição das peças encontradas e, em algumas delas, existe a
tentativa em comparar essas peças com dados similares de outros locais. Entretanto, em todos
os trabalhos, pode-se notar uma correlação entre material arqueológico e grupos Tupi-
Guarani, correlação esta sempre estabelecida com base nos atributos decorativos do material
cerâmico.

Vale destacar o papel de José Anthero Pereira Junior que a partir de 1941, começou a publicar
os resultados de suas observações, chegando a mais de 60 artigos ou livros (MENDONÇA
1991: 89). Com relação ao material associado a grupos Tupi-Guarani este pesquisador atuou
principalmente no norte paulista, onde percebeu a existência de uma cerâmica de origem
21

diferente em áreas adjacentes à ocupação Tupi-Guarani4 (PEREIRA JÚNIOR 1957). Essa


associação foi evidenciada em contextos arqueológicos do muncípio de Franca. Na Fazenda
Mandu (município de Guairá), esse pesquisador detectou a presença de material cerâmico
enquadrado, anos mais tarde por Brochado (1984), na Subtradição Guarani.

Figura 3: Peças cerâmicas coletadas por Pereira Júnior (1957) no município de Guairá,
associadas por Brochado (1984) à Subradição Guarani.

Pereira Júnior também publicou notícias sobre achados realizados em Itapeva, Peruíbe e na
própria capital paulista (PEREIRA JÚNIOR 1964a, 1964b, 1965).

Figura 4: Peças provenientes do litoral do estado de São Paulo, município de Peruíbe (PEREIRA JÚNIOR 1964b). Formas e grafismos
semelhantes foram detectados no nordeste do estado de São Paulo

4
“Devemos fazer notar, entretanto, que em dados casos, entre restos abundantes dessa cerâmica preciosa tida como de origem tupi-guarani,
ocorre um ou outro fragmento de material que, pela sua apresentação sugere origem diferente, enquanto em outros locais ocorre o
contrário, ou seja o encontro dessa cerâmica melhor entre restos de outra mais grosseira acentuadamente diversa” (PEREIRA JÚNIOR
1957: 314). Essa cerâmica diversa apresentada pelo autor é hoje associada à Tradição Aratu, restando às pesquisas futuras abordar melhor a
interação entre os grupos Tupi-Guarani e esses grupos diversificados.
22

Para o município de São Paulo, Pereira Júnior indicou a localização de vestígios


arqueológicos na área metropolitana ainda no final do século XIX. As observações são de
autoria do General Couto de Magalhães que registrou a coleta de artefatos – líticos lascados,
polidos e cerâmicas, encontrados durante a
desmontagem do morro dos Lázaros, no atual
bairro da Luz, em 1885 (PEREIRA JÚNIOR
1964a). Outro achado fortuito se deu no bairro do
Brás, em 1896, quando funcionários do cemitério
ali existente, ao efetuarem a abertura de uma cova,
localizaram uma “igaçaba”. De acordo com o
relato do delegado da repartição sanitária, esta não
era a primeira vez que uma “panela de barro’’ tinha
sido encontrada no terreno do cemitério (PEREIRA
JÚNIOR 1964a).
Figura 5: Cerâmica do bairro do Morumbi, município de
São Paulo (PEREIRA JÚNIOR 1964a)

Em 1959, Paulo Duarte entregou a Pereira Júnior caixas com cerâmicas encontradas no bairro
do Morumbi. As peças consistiam, segundo as imagens fornecidas pelo autor, em: uma urna
de contorno complexo e pintura externa; uma tigela semi restrita sem decoração; uma tigela
semi restrita com pintura visível na parte externa da borda e uma borda com pintura. Também
foram encontrados vestígios de ossos e dentes (PEREIRA JÚNIOR 1964a).

A obra de Manuel Pereira de Godoy5, na área de Cachoeira de Emas, município de


Pirassununga, apresenta uma extensa descrição do material encontrado - onde se destaca o
desenho de grafismos pintados (GODOY 1946, 1974). O pesquisador também efetuou as
primeiras análises químicas dos pigmentos utilizados na pintura dos artefatos cerâmicos
(GODOY 1974). Destacamos que Godoy também realizou incursões no município de Rio
Claro (GODOY 1946). No Capítulo 4 apresentamos a análise da coleção reunida pelo
pesquisador.

5
A coleção reunida por Manuel Pereira de Godoy foi reanalisada nessa pesquisa, onde verificou-se a exatidão de suas descrições e desenhos.
Além disso, devemos destacar o ótimo estado de conservação da coleção, assim como da documentação das peças coletadas.
23

Nesse período temos a tendência à descrição dos artefatos, sem correlação com o sítio
arqueológico, uma vez que a maioria das peças é proveniente de coletas assistemáticas ou de
achados fortuitos. Teoricamente esses trabalhos foram marcados pelo positivismo e
evolucionismo.

Vale lembrar que, a atuação de pesquisadores como Pereira Júnior e Manuel Pereira de
Godoy, foi importantíssima ao proporcionar um aumento considerável de coleções e de artigos
sobre o tema, além de apresentar interpretações inovadoras, seja propondo áreas onde teriam
ocorrido contatos entre grupos ceramistas diferenciados (Pereira Júnior) ou colocando novas
abordagens analíticas da cultura material (Godoy).

2.3 Olhares estrangeiros

Primeiramente, será tratada a influência norte-americana com a atuação do casal Betty


Meggers e Clifford Evans e a implantação do Pronapa. A atuação direta do Pronapa na
Arqueologia Tupi do estado de São Paulo não foi tão forte como em outras porções do país,
estando restrita a atuação de alguns pesquisadores: Fernando Altenfelder Silva (1961-62,
1967), Igor Chmyz (CHMYZ el al. 1968; CHMYZ 1977) e Silvia Maranca (MARANCA
1968-1969, 1969, 1974, 1978; MARANCA et al. 1994).

Fernando Altenfelder Silva analisou coleções de fragmentos cerâmicos advindos de coletas


superficiais nos municípios de Piracicaba e São Carlos, numa tentativa de compará-los ao
material obtido em escavações realizadas em Estirão Cumprido, interior do Paraná
(ALTENFELDER SILVA 1961-62). As análises efetuadas por meio do método da seriação
teriam demonstrado que os sítios do Paraná seriam mais antigos, sugerindo uma migração sul
norte. O mesmo autor realizou levantamentos de sítios com cerâmica Tupi-guarani no
município de Rio Claro, onde trabalhou com Tom Miller. Quanto à atuação desse último,
podemos detacar que, mesmo enfatizando determinantes ecológicos, Tom Miller teve o mérito
de apresentar questões relacionadas ao uso da analogia etnográfica, quanto ao conceito de
cultura e o diálogo com as Ciências da Terra (ARAÚJO 2001b: 130). No entanto os trabalhos
de Miller em sítios cerâmicos não foram extensos, limitando-se a algumas descrições do
material de Rio Claro, Marília e Tupã (MILLER 1972).
24

Já os trabalhos desenvolvidos por Chmyz estão associados ao “Programa de salvamento do rio


Itararé” (CHMYZ et al. 1968). Não obstante, a influência de suas pesquisas foi marcante,
tanto no que se refere à uniformização dos termos para análise cerâmica (CHMYZ 1976),
quanto à correlação feita, pelos arqueólogos paulistas, do material aqui encontrado com o
material da Fase Cambará.

A Fase Cambará foi estabelecida com base em 55 sítios, pesquisados entre 1964 e 1966, todos
encontrados nas margens do Médio Paranapanema, ou em seus afluentes, tanto na margem
paulista, quanto na paranaense (CHMYZ 1977). Todos os sítios vinculados à referida fase
estavam localizados em encostas ou no topo de suaves elevações, muitos deles, próximos à
corredeiras e ilhas. As dimensões dos sítios da Fase Cambará são bastante variadas, de 100 a
90000 m², predominando os sítios com 900 a 1400 m². Dentre os 55 sítios, 22 seriam de
habitação, 22 acampamentos e uma oficina lítica (Sítio Polidores, ver Anexo 1). Em 3 sítios
foram identificadas estruturas funerárias, todas caracterizadas por enterramentos secundários.
Também foram localizados, no município de Itaberá, cemitérios caracterizados pela presença
de aterros (CHMYZ 1968). Com relação ao material cerâmico dessa fase temos uma grande
variabilidade de formas (37) e o predomínio de decorações pintadas (que oscilam entre 18 e
47%) e corrugadas (que oscilam de 1 a 38%). Vale salientar a presença de colheres de barro,
polidores sulcados, fragmentos perfurados e bases em pedestal (CHMYZ 1977: 154-160).

Silvia Maranca realizou diversos trabalhos em diferentes porções do estado. No Vale do


Paraíba a autora efetuou algumas incursões em sítios nos arredores de Aparecida do Norte,
Roseira e Guaratinguetá, onde teria visto material da tradição Tupiguarani. (MARANCA
1969). No Alto Vale do Paranapanema a pesquisadora encontrou sítios cemitérios, com
predomínio de urnas corrugadas (MARANCA 1969). Também realizou pesquisas no Vale do
Rio Itararé, onde encontrou sete sítios cerâmicos - 05 foram associados à Fase Cambará e 2
foram associados à Fase Ibiti (MARANCA 1974). No entanto, o trabalho de maior amplitude
da autora foi realizado no Baixo Vale do Rio Tietê, onde foram cadastrados oito sítios
Tupiguarani6 (MARANCA 1978) com datações entre 2200 e 1040 AP (MARANCA et al.
1994: 225). Os dados desses trabalhos ainda não foram publicados de maneira pormenorizada,
dificultando a realização de análises comparativas.

6
SP-TA-1: Sítio Kondo; SP-TA-2: Sítio Trentin; SP-TA-3: Sítio Três Lagoas; SP-TA-5: Sítio Boa Esperança; SP-PD-1: Sítio Ary Carneiro;
SP-TA-4: Cinco Ilhas; SP-PD-2: Konno; SP-PD-2: São José da Barra.
25

Com relação à influência da Escola Francesa na Arqueologia Tupi do estado de São Paulo,
destaca-se a atuação de Luciana Pallestrini, principalmente no Vale do Paranapanema. Pode-
se caracterizar a atuação da pesquisadora traçando dois pontos fundamentais do seu trabalho:
1) atuação de longa duração, desenvolvendo pesquisas desde o final da década de 1960 até
início da década de 1980; 2) escavações em superfícies amplas, promovendo um
deslocamento do enfoque na cerâmica - fóssil-guia da tradição Tupiguarani, para a escavação
de grandes áreas, tentando configurar as estruturas das aldeias.

A autora defendia, com relação à tradição Tupiguarani, que seria melhor abolir esta
terminologia e fazer a descrição dos tipos cerâmicos procurando evidenciar as analogias e
diferenças (PALLESTRINI 1975). A tese de livre docência de Pallestrini (1975) foi um marco
na arqueologia paulista, ao promover a análise espacial de diversos sítios. Manchas de solo
antropogênico, estruturas funerárias e fogueiras passaram a ser cuidadosamente
documentadas, revelando o uso do espaço intra-sítio.

Os sítios ceramistas escavados por Pallestrini, em décadas de pesquisa, revelaram similitudes


no padrão de implantação, sempre em colinas baixas e médias. As dimensões variavam de
10000 m² (Ramos e Fazenda Guarapiranga, PALLESTRINI 1975) a 80000 m² (Sítio
Prassévichus, PALLESTRINI; MORAIS 1983-1984). O número de manchas de solo
antropogênico indentificadas também variava – de 7 no sítio Alves a 15 no sítio Prassévichus,
assim como a quantidade de estruturas funerárias, as quais sempre se localizavam fora das
referidas manchas.

Ao criar um amplo projeto de pesquisa no Vale do Paranapanema e ao formar arqueólogos


que continuaram a desenvolver trabalhos com a mesma perspectiva teórico-metodológica,
Pallestrini contribuiu de maneira decisiva para o incremento da pesquisa arqueológica no
estado de São Paulo e, consequentemente, para um melhor conhecimento da tradição
Tupiguarani.

Desse modo, esse terceiro período esteve caracterizado pelas atuações dessas duas correntes,
que influenciaram o desenvolvimento da arqueologia brasileira como um todo:
26

- uma “norte-americana” que priorizou o reconhecimento do maior número de sítios no


menor tempo possível – o que por si só indica um método específico, e a prevalência da
descrição do fóssil-guia – cerâmica, para reconhecimento de tradições e fases. Nesse sentido,
embora exista uma descrição do meio ambiente, o sítio e suas estruturas não aparecem;
- uma corrente “francesa” que priorizou uma arqueologia de sítio, com detalhamento
das estruturas. Nesse sentido, o refinamento da correlação entre a análise dos artefatos e os
mapas de distribuição possibilita o reconhecimento de possíveis áreas de atividade intra-sítio.
Essa abordagem adquiriu um enfoque regional com a continuidade do Projeto Paranapanema,
sob a coordenação de José Luiz de Morais.

2.4 Caleidoscópio de imagens

Esse período está associado à continuidade dos enfoques anteriormente adotados, somados à
pluralidade de abordagens. Destaca-se a dissertação de mestrado elaborada por Scatamacchia
“Tentativa de Caracterização da Tradição Tupiguarani” (1981), onde a autora realiza uma
síntese dos dados arqueológicos e etno-históricos disponíveis. Em sua tese de doutorado,
Scatamacchia reproduziu algumas idéias formuladas por Brochado (1984) e realizou uma
nova síntese bibliográfica, apontando algumas propostas terminológicas para classificação do
material cerâmico (1990).

O enfoque que abordou de maneira mais aprofundada os dados arqueológicos foi aquele
associado à Pallestrini. Assim, foi elaborada a tese de doutorado de Goulart (1982), onde a
autora analisou o material cerâmico de alguns sítios do Paranapanema – sítios Almeida,
Camargo, Jango Luiz, Alves e Fonseca, realizando inclusive testes arqueométricos. Já o
trabalho desenvolvido por Alves, envolveu escavações em superfícies amplas em sítios de São
Paulo e Minas Gerais, realizando também testes arqueométricos (ALVES 1988). No entanto,
essas pesquisas adotaram enfoques pontuais, não realizando nenhuma correlação ou
comparação com outras pesquisas realizadas no estado.

Outro pesquisador importante no cenário da arqueologia Tupi paulista foi Desidério Aytai.
Realizando escavações em Monte-Mor (MYASAKI; AYTAI 1974) e sendo pioneiro na
interpretação dos motivos pintados (AYTAI 1991), Aytai seguiu um caminho diverso e
27

original em seus estudos. O sítio Rage Maluf, o qual também revelou manchas de solo
antropogênico, teve uma área de 22500 m² escavados, sendo datado de 800 anos atrás
(MYASAKI; AYTAI 1974).

Caldarelli também efetuou pesquisas em sítios associados à tradição Tupiguarani, estes


localizados no nordeste do estado de São Paulo, município de Luis Antônio – sítios Monjolo,
Ribeira, Bom Retiro e Córrego do Canavial, retomados na presente pesquisa. Neste trabalho a
autora aponta algumas hipóteses acerca da organização espacial das aldeias e fornece os
resultados das análises do material cerâmico (CALDARELLI 1983).

O início da década de 1990 trouxe um incremento das pesquisas arqueológicas de salvamento.


De certa forma, esse período apresenta-se contraditório, uma vez que muitos sítios
Tupiguarani têm sido cadastrados, mas, ao mesmo tempo, temos um avanço modesto das
questões interpretativas.

Nesse sentido, o Vale do Paranapanema, tem sido a área melhor conhecida, com o
desenvolvimento de pesquisas acadêmicas associadas ao Projeto Paranapanema. Os trabalhos
de Faccio (1992, 1998), seguem a linha proposta por Pallestrini. A autora alia às escavações
sistemáticas uma análise pormenorizada do material cerâmico, seguindo os pressupostos
metodológicos propostos por Robrahn-González (1996).

Araújo (2001a) realizou pesquisas no Alto Taquari, tendo identificado sete sítios associados à
tradição Tupiguarani. O autor deu espacial ênfase no estudo do sítio Bianco, no qual realizou a
demarcação individual das peças em superfície, tendo coletado mais de 2500 fragmentos,
nenhum deles com decoração plástica. Essa ausência de decorações plásticas também foi
verificada nos sítios Moura, Porteira, Cedro e Pinha. Para Araújo (2001a) a povoação da
região envolve processos diversificados, ora com grupos mais próximos ao “Guarani” ora por
grupos eminentemente “Tupi”.

No Alto Paraná encontram-se em desenvolvimento trabalhos sob a coordenação de Ruth


Kunzli (1987). Cerca de 175 sítios foram cadastrados, tendo sido escavados 18 sítios, a
maioria lito-cerâmicos associados à ocupação Guarani da região (KUNZLI com. pessoal.
2005). Nessa área também foi realizada a dissertação de mestrado de Rodrigues (2001).
28

Entre os trabalhos de salvamento, vale destacar as escavações realizadas no Vale do Paraíba


por Robrahn-González e Zanettini (1999), com o trabalho no sítio Santa Marina, que
apresentou 18 manchas de solo antropogênico, das quais 4 foram escavadas. Foram coletados
cerca de 11000 fragmentos cerâmicos, material litíco lascado (raspadores, lascas e
microlascas) e polido (20 lâminas de machado). Ademais, foram identificadas algumas
estruturas de combustão destinadas à queima de vasilhas7 (ROBRAHN-GONZÁLEZ;
ZANETTINI 1999).

Nesse período temos também a elaboração de um trabalho teórico sobre a Arqueologia


Guarani, desenvolvido por Schiavetto (2003). A pesquisadora realizou sua pesquisa de
doutorado em duas áreas adjacentes à região abordada na presente pesquisa: no Médio Jacaré-
Guaçu e no Médio Mogi Superior. Foram identificados cinco sítios com características da
tradição Tupiguarani: Anhumas I e São José no município de Rincão, Mandagari e Barrinha
em Boa Esperança do Sul e Itauarama em São Carlos. A pesquisadora também efetuou o
cadastro da Fazenda Bom Retiro, onde Pallestrini (1975) realizou a coleta de uma urna
funerária pintada, esse local foi denominado de Sítio Rapatoni (SCHIAVETTO 2007: 117).

Nessa etapa da Arqueologia Tupi paulista, o desenvolvimento de trabalhos científicos em


continuidade às pesquisas realizadas no âmbito da arqueologia de contrato, exigidas por lei,
torna-se fundamental para a síntese desses dados esparsos e o encaminhamento de questões
mais específicas.

Realizamos o inventário das referências a sítios arqueológicos associados à tradição


Tupiguarani no estado de São Paulo - apresentado no Anexo 1. Esse inventário reúne dados
coletados na bibliografia, assim como informações acessadas no Iphan (IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007).

No início da década de 1980, Scatamacchia apresentou um total de 45 referências de sítios


arqueológicos ou achados fortuitos Tupiguarani para o estado (SCATAMACCHIA 1981).
Nosso levantamento constatou 237 referências, evidenciando um aumento significativo de

7
Esses trabalhos mereceriam continuidade visto estas serem as únicas referências que contamos sobre a presença de “fornos” para a queima
de vasilhames cerâmicos, restando compreender se essas estruturas seriam anteriores ou posteriores ao contato com o europeu (Zanettini,
2005, com.pessoal)
29

informações sobre essas ocupações ao longo de duas décadas. Mesmo assim, a arqueologia
Tupi paulista ainda revela áreas pouco conhecidas e avanços interpretativos pontuais.

Sabemos que para a região do Vale do Paranapanema, Vale do Itararé e Vale do Paraná temos
um número maior de sítios do que os indicados no Anexo 1, mas os dados acessados já
revelam o predomínio das pesquisas nessa região, uma vez que 53% das indicações mapeadas
estão localizadas nas referidas áreas. Também é nessa região que contamos com um avanço
interpretativo maior. O restante do estado continua sem estudos regionais que abordem as
ocupações Tupi. Essa deficiência nos aponta para a impossibilidade no manejo de certas
questões que apresentamos a seguir.

2.5 São Paulo: terra de fronteiras?

O estado de São Paulo, principalmente no que concerne à ocupação por grupos ceramistas,
tem sido caracterizado como “terra de fronteiras”, onde a presença de contextos arqueológicos
extra-regionais estaria ligada às especificidades locais (ROBRAHN-GONZÁLEZ 2000,
2003). Pretendemos nesse item dialogar com essa idéia, demonstrando, porém, que a simples
adoção do conceito não caracteriza os movimentos dessas populações e as interações culturais
entre esses grupos.

Com relação à tradição Tupiguarani, diversos autores já postularam a existência, em São


Paulo, de uma fronteira entre os grupos Guarani e Tupinambá.

Uma das primeiras referências a essa fronteira apareceu no trabalho de Métraux:


“The Guarani were especially numerous in the Paraná and in the Province on
Guairá. There were also countless settlements along the tributaries of Paraná
River, the boundary between the Tupanakin and Guarani being
approximately the Tiete river.” (MÉTRAUX 1949: 70).

Essa fronteira aparece também na obra de Brochado (1984). No modelo proposto pelo autor,
já mencionado anteriormente, as Subtradições Guarani e Tupinambá teriam uma origem
comum: a Tradição Policrôma Amazônica, a qual teria originado dois ramos de uma cultura
amazônica ainda no início da Era Cristã:
30

“Pelo ano 100, a cultura ou subcultura Guarani já se encontrava bem estabelecida


no sul do Brasil a o redor do ano 500 a cultura ou subcultura Tupinambá, uma
versão atenuada da cultura Marajoara, chegou ao nordeste do Brasil. A expansão
para leste da cultura Guarani no sul do Brasil foi lenta e se desenvolveu em vagas
sucessivas, de cada vez cobrindo áreas maiores do território. A expansão da cultura
Tupinambá para o sul foi pelo contrário, rápida e linear, movendo-se ao longo da
estreita faixa costeira. Cerca de quinhentos anos antes da chegada dos europeus as
duas mandíbulas da frente de expansão Guarani e Tupinambá se chocaram
finalmente numa fronteira situada ao sul do curso do Tietê” (BROCHADO 1990:
85, grifo nosso)

Não cabe expor as discussões já desenvolvidas sobre o modelo do autor (já pontuadas
anteriormente com base em NOELLI 1993, 1996; VIVEIROS DE CASTRO 1996; URBAN
1996; HECKENBERGER; NEVES; PETERSEN 1998), mas sim retomar alguns dados
presentes em sua tese (BROCHADO 1984) no que se refere à ocupação do interior paulista
por grupos vinculados à tradição Tupiguarani.

Para o autor, os sítios localizados no Vale do Paranapanema, Vale do Itararé, Vale do Rio
Paraná e extremo norte paulista estariam associados à Subtradição Guarani, enquanto os sítios
localizados no Médio Tietê e Mogi-Guaçu estariam associados à Subtradição Tupinambá
(BROCHADO 1984). Desse modo, os sítios abordados na presente pesquisa foram vinculados
à Subtradição Tupinambá. Vale destacar a ocorrência da ocupação Guarani no norte do estado,
mais especificamente no limite dos atuais Estado de São Paulo e Minas Gerais – as
ilustrações fornecidas por Pereira Júnior (1957) nos remetem realmente às formas e grafismos
da Subtradição Guarani. Desse modo, à época de seu trabalho, Brochado notou a presença de
material associado à Subtradição Guarani em uma área onde haveria o predomínio de sítios da
Subtradição Tupinambá.

Noelli indica que Brochado teria mudado a classificação feita para o Paranapanema, chegando
a conclusão de que essa área estaria mais próxima da Subtradição Tupinambá:

“No final dos anos 60, Pallestrini (1968-1969, 1969) publicou os primeiros planos
topográficos de sítios com os locais de enterramento secundário contextualizados.
A arqueóloga filiou os sítios à Tradição "Tupiguarani". Brochado (1984:410 e 412)
concluiu que os sítios de Pallestrini deveriam ser filiados à Tradição Guarani. (…)
Posteriormente Brochado (com. pessoal, 1992), redefiniu suas conclusões filiando
os sítios em questão à Tradição Tupinambá, tanto pela forma e pelo acabamento de
superfície das vasilhas quanto pela sua localização geográfica dentro de uma região
característica de domínio dos Tupinambá.” (NOELLI 1993: 103).
31

Entretanto, Morais tem trabalhado sistematicamente no vale do Paranapanema e não coloca


esta área como fronteira, deslocando esse limite mais para norte, onde a região nordeste do
estado se apresentaria como uma faixa de atrito e interação entre grupos do Planalto
Meridional (guaranis), do Planalto Atlântico (tupinambás) e Planalto Central (jês) (MORAIS
2002a: 25). Vale destacar que, Morais não utiliza o conceito de tradição Tupiguarani,
utilizando para a ocupação Guarani do Paranapanema o termo Sistema Regional Guarani.

Outro pesquisador que influenciou a arqueologia Tupiguarani paulista foi Schmitz. Para este
autor, o Vale do Paranapanema seria uma possível fronteira: “Passados alguns séculos de sua
instalação nas matas do Sul, nos damos conta de duas populações: uma do Paranapanema para
o norte e ao longo da costa leste brasileira, que fala Tupi; a outra, no Paraguay, nos três
estados meridionais do Brasil e em partes do nordeste argentino, falando Guarani” (SCHMITZ
1991: 37, grifo nosso).

Scatamacchia trabalha com o conceito de fronteira e indica que o rio Paranapanema, no


sudoeste do estado de São Paulo, poderia constituir o limite norte da ocupação guarani. No
entanto, a falta de pesquisas sistemáticas em muitos trechos ao norte dessa linha, impediria
uma definição segura (SCATAMACCHIA 2005a).

Na área do litoral, Chmyz propôs recentemente uma mudança no panorama tradicionalmente


aceito: “Com os dados provenientes de Paranaguá e Antonina, a fronteira sul dos Tupi deve
ser considerada, pelo menos, até a baía de Paranaguá. É provável que a sua dispersão desde
Cananéia até a baía de Paranaguá limite-se a faixa litorânea” (CHMYZ 2002: 92). Uma das
características utilizadas por Chmyz para indicar que essa área não seria ocupada pelos Carijós
(Guarani) seria a presença de urnas piriformes - freqüentes na região da presente pesquisa (ver
Capítulo 4). Chmyz também indica a presença de formas relacionadas aos Tupi nas
proximidades de Curitiba, assim como na área do Projeto Arqueológico de Itaipu – nesse
último caso relacionado a deslocamentos em tempos históricos, revelando a necessidade de
revisão de fases estabelecidas no primeiro e segundo planaltos paranaenses (CHMYZ 2002:
92).

Como apontado anteriormente, Dias afirma que teríamos entre São Paulo e Rio de Janeiro
uma área central da cultura Tupinambá (1994-1995). De fato, os modelos propostos por
Brochado e por Schmitz concluem, respectivamente, que a área ocupada pelo atual estado de
32

São Paulo seria ou o ponto convergente das Subtradições Guarani e Tupinambá ou sua área de
dispersão (DIAS 1994-1995: 121-126). Ou seja, uma área fundamental para o incremento das
questões relacionadas a esses grupos.

Diante de quadro tão diverso, o avanço nessa discussão torna necessária uma pequena
digressão sobre alguns conceitos chave para abordagem de fronteiras em arqueologia.

Green e Pearlman (1985) apresentam alguns conceitos e problemas inerentes à questão das
fronteiras culturais. Primeiro, diferenciam fronteira e zona de fronteira: “Frontier studies
direct their attention to the peripheries or edges of particular societies, and the characteristics
of the groups occupying that space. As a complement, boundary studies examine the
interactions that occur at these societal edges” (GREEN; PEARLMAN 1985: 04).

O reconhecimento dos territórios e sistemas de assentamentos dos grupos em questão também


aparece como fundamental para o estudo dos fenômenos de fronteira. Desse modo, a
utilização de tradições e fases arqueológicas, determinadas por fósseis-guias, em áreas que
não foram alvo de estudos sistemáticos não é suficiente para determinar fronteiras. Não cabe
ao escopo desse trabalho a enumeração de todos os problemas inerentes ao estudo das
fronteiras ou zonas de fronteiras, esses estudos são viáveis, mas requerem métodos próprios,
ou seja, a simples adoção de uma teoria não poderá solucionar a falta de dados arqueológicos
para manejar a questão (MILDER 2000).

Também devemos apontar a questão das fronteiras étnicas. Barth (1997) realizou uma extensa
revisão do conceito de fronteiras étnicas, trazendo à tona diversas questões de suma
importância como a persistência das fronteiras apesar do fluxo de pessoas que as atravessam e
a permanência de relações sociais estáveis através de fronteiras, por vezes baseadas nos
estatutos étnicos dicotomizados (BARTH 1997: 188). Neste trabalho adotamos a idéia de que
a etnicidade é uma auto-afirmação (para o conceito de etnicidade adotado ver JONES 1997),
motivo pelo qual não utilizamos esse conceito. Cabe destacar que, construímos nossas
interpretações com base em vestígios materiais, os quais não refletem mecanicamente
etnicidade.
33

Entendemos que devemos centrar nossa atenção nas fronteiras sociais, as quais podem ter ou
não contrapartidas territoriais.

A idéia de São Paulo como “terra de fronteiras”, no que concerne a grupos Tupinambá e
Guarani, está associada também à influência da obra de Brochado na arqueologia paulista. No
entanto, deve ser lembrado que à época da formulação de seu modelo, Brochado contava com
dados apenas no litoral e no sul do país, ademais, os dados do sul eram mais consistentes
devido a um número maior de pesquisas realizadas e a participação ativa do próprio autor na
análise e interpretação dos dados. O interior paulista era e continua sendo uma área pouco
conhecida, exceto pelo Vale do Paranapanema, que graças à influência de Pallestrini, possui
dados mais concretos. Não obstante, a própria definição do Vale do Paranapanema como
Sistema Regional Guarani deve levar em consideração os dados levantados por Chmyz (2002)
para o estado do Paraná, assim como por Araújo (2001a) no Alto Taquari, pois eles mostram
concretamente que podemos nos deparar na área com sítios diferenciados cujas características
remetam à Subtradição Tupinambá.

Outra questão a ser levantada é a tendência em abordar a questão da fronteira como algo
estável, quando temos grupos que apresentam uma considerável profundidade cronológica –
em São Paulo as datas vão de pelo menos 400 d.C até o contato com o europeu, fato que
requer que essas fronteiras sejam vistas como dotadas de maior mobilidade.

No estado de São Paulo temos poucos sítios escavados, a maior parte localizada no Vale do
Paranapanema (PALLESTRINI 1968/1969, 1975, 1977, 1988; ALVES 1988; FACCIO 1992,
1998). No Vale do Paraíba temos a escavação do sítio Santa Marina (ROBRAHN-
GONZÁLEZ; ZANETTINI 1999), no nordeste do estado os sítios Franco de Godoy e Rage
Maluf (PALLESTRINI 1981-1982; MYASAKI; AYTAI 1974), um sítio no Litoral – sítio
Brastubos (MYASAKI 1977), e o sítio Mineração no Vale do Ribeira (SCATAMACCHIA
2005a).

Quanto ao reconhecimento dos territórios ocupados não foram efetuadas prospecções


sistemáticas em grandes áreas. O mapa apresentado na Prancha 01 mostra a localização das
pesquisas de longo termo que abordaram os sítios Tupiguarani no estado, vale destacar que,
essas pesquisas estão longe de representar o número de sítios reconhecidos para o estado, uma
34

vez que o problema não reside na carência de sítios cadastrados – nesse sentido há uma
carência de publicações dos resultados das pesquisas de contrato e de trabalhos que abordem
esses sítios de maneira contextual. Com relação à cronologia dessas ocupações, também foi
realizada uma síntese dos dados disponíveis, apresentados na Tabela 1, a seguir:
Tabela 1: Cronologia de sítios Tupiguarani no estado de São Paulo
Sítio Cronologia
Município Bibliografia
(AP)*
Gramado Brotas GOULART; AFONSO 1998 190+20 (TL)
Três Lagoas (SP TA3) Itapura MARANCA 1994 1400 (NM)
Rage Maluf Monte Mor MYASAKI; AYTAI 1974 800 (TL)
Vale do Tietê Boa Esperança (SP TA5) Pereira Barreto MARANCA 1994 1040 (TL)
Kondo (SP TA1) Pereira Barreto MARANCA 1994 1320 (TL)
Trentin (SP TA2) Pereira Barreto MARANCA 1994 1070 (TL)
Pereira Barreto/
Ary Carneiro (SP PD1) São José dos MARANCA 1994 2200 (TL)
Dourados
Lambari II Casa Branca MORAES 2007 1085+130 (TL)
Bom Retiro Luiz Antônio CALDARELLI 1983 924 (TL)
Vale do Pardo
Franco de Godoy Mogi-Guaçu PALLESTRINI 1981/82 1550 (C14)
e Mogi Guaçu Franco de Campos Mogi-Mirim MORAES 2007 780+110 (TL)
ZANETTINI
Cachoeira de Emas2 Pirassununga 450+60 (TL)
ARQUEOLOGIA 2005
980+100 (AP)
Jango Luís Angatuba PALLESTRINI 1975 1260 (NM)
1540+150 (TL)
São Roque Angatuba MORAIS 2000 1100+100 (TL)
Campina do
Campina MORAIS 2000 540+50 (TL)
Monte Alegre
Campina do 290+40 (C14)
Panema MORAIS 2000
Monte Alegre 2030+200 (TL)
Campos Novos
Martins MORAIS 2000 580+60 (TL)
Paulista
428+50 (TL)
Figueira Cândido Mota MORAIS 2000 624 (NM)
Vale do 820+80 (TL)
Paranapanema Marolo Cândido Mota MORAIS 2000 594+60 (TL)
Mata Figueira Cândido Mota MORAIS 2000 340+35 (TL)
e do Itararé 340+35 AP (TL)
Pajeú Cândido Mota MORAIS 2000 607 (NM)
875+90 (TL)
Peroba Cândido Mota MORAIS 2000 917+100 (TL)
Indaiá Ibirarema MORAIS 2000 340+35 (TL)
Neves Iepê FACCIO 1998 755+80 (TL)
Porto Casanova 2 (SP 980+100 (C14)
Iepê CHMYZ 1977
AS14) 1130+150 (C14)
Ragil Iepê FACCIO 1998 1660+170 (TL)
Ragil II Iepê FACCIO 1998 1093+100 (TL)
Caçador Itaí MORAIS 2000 220+20 AP (TL)
970+100 (TL)
1010+100 (TL)
1076 (NM)
PALLESTRINI 1975;
Fonseca Itapeva 1100+100 (TL)
MORAIS 2000
1110+110 (TL)
1190+120 (TL)
35

1870+100 (C14)
SP BA7 Itaporanga BROCHADO 1973 1195+80 (C14)
850+150 (C14)
955+100 (TL)
PALLESTRINI 1975; 960+100 (TL)
Alves Piraju
MORAIS 2000 1021+100 (NM)
1150+100 (TL)
450+40 (TL)
Camargo Piraju MORAIS 2000
1030+100 (C14)
Camargo II Piraju MORAIS 2000 1070+100 (TL)
Colina Piraju MORAIS 2000 870+90 (TL)
Nunes Piraju MORAIS 2000 880+90 (TL)
Piapara Piraju MORAIS 2000 710+70 (TL)
Vale do 480+50 (TL)
500+60 (TL)
Paranapanema 580+70 (TL)
MORAIS 2001; AFONSO et
e do Itararé Piracanjuba Piraju 530+60 (TL)
al 2005
360+40 (TL)
470+55(TL)
610+50 (C14)
906+90 (TL)
Alvim Pirapozinho FACCIO 1992 942 (NM)
978+100 (TL)
ROBRAHN-GONZÁLEZ;
Domingos II Sandovalina IPHAN; ZANETTINI 480+60 (C14)
ARQUEOLOGIA 2007
Pirajibu Sorocaba DOCUMENTO 2003 415+105 (C14)
Alpargatas Tatuí PALLESTRINI 1984 758+50 (TL)
470+50 (TL)
515 (NM)
PALLESTRINI 1975; 560+60 (TL)
Almeida Tejupá
MORAIS 2000 930+100 (C14)
1500+150 (TL)
1600 (NM).
Bersi Tejupá MORAIS 2000 520+60 (TL)
SCATAMACCHIA Apud
Vale do Mineração Iguape IPHAN; ZANETTINI 560 (C14)
ARQUEOLOGIA 2007
Paraíba,
ROBRAHN-GONZÁLEZ;
Santa Marina Jacareí 490+50 (C14)
Iguape e ZANETTINI 1999
Litoral UCHOA 1992 Apud IPHAN;
Itaguá Ubatuba ZANETTINI 660+80 (C14)
ARQUEOLOGIA 2007
* TL: Termoluminescência C14: Radiocarbomo NM: Não Menciona
Datação (anos AP)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1400
1500
1600
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
2400

Ary Carneiro (SP PD1)


Três Lagoas (SP TA3)
Kondo (SP TA1)
Trentin (SP TA2)
Boa Esperança (SP TA5)
Vale do Tietê

Rage Maluf
Gramado
Franco de Godoy
Lambari II
Bom Retiro
Franco de Campos
Cachoeira de Emas2
Ragil
SP BA7
Jango Luís
Panema
São Roque
Ragil II
Fonseca

V ale do Pardo e Mogi-Guaçu


Camargo II
Porto Casanova 2 (SP AS 14)
Alves
Alvim
Almeida
Peroba
Nunes
Colina
Alpargatas
36

Neves
Camargo
Piapara
Figueira
Pajeú

V ale do Paranapanema e do Itararé


Gráfico 1: Cronologia dos sítios associados à tradição Tupiguarani no estado de São Paulo

Marolo
Martins
Campina
Bersi
Piracanjuba
Domingos II
Pirajibu
Indaiá
Mata Figueira
Caçador
Itaguá
Mineração

V ale do Paraíba, Iguape e Litoral


Santa Marina
PRANCHA 01

LEGENDA
Década de 1950: Coletas realizadas por JoséAnthero Pereira Junior;
1
Décadas 1940-60: Coletas efetuadas por Manuel Pereira de Godoy na
2 área de Cachoeira de Emas, município de Pirassununga;

Décadas de 60-70: Pesquisas realizadas por Fernando Altenfelder


1
Silva nos municípios de Piracicaba, São Carlos e Rio Claro. Neste
último o pesquisador atuou com Tom Miller;
3
Décadas de 1960-70: Pesquisas efetuadas por Chymz e Maranca no
4 Vale do rio Itararé. Neste local foi definida a fase Cambará, que ocorre
também na margem paranaense;
6
Década de 1960: Maranca prospecta sítios nos arredores de Aparecida
do Norte, Roseira e Guaratinguetá. Década de 1990: Salvamento
5 arqueológico dos sítios Santa Marina e Vila Branca, realizado por
Robrahn-González & Zanettini;

Década de 1970-90: “Projeto Oeste Paulista de Arqueologia”


6 desenvolvido por Maranca no Baixo e Médio Vale do rio Tietê;

13 9 Década de 1960 até a atualidade: “Projeto Paranapanema”


7 coordenado pelo Prof. Dr. José Luiz de Morais. Faccio e Kunzli
realizam pesquisas na área de Presidente Prudente;
12 Década de 1970: Pesquisas realizadas no município de Monte Mor
2 8 por DesidérioAytai;
Década de 1980: Caldarelli realiza pesquisas no médio Vale do rio
9 Mogi-Guaçu, Município de LuisAntônio;
Década de 1980-90: Pallestrini realiza as primeiras escavações no
3 10 sítio Franco de Godoy no início da década de 1980. Morais retoma as
10 pesquisas na área com o Salvamento Arqueológico da PCH Mogi-
Guaçu;
7 de 1980 até a atualidade: Scatamacchia realiza pesquisas no
Vale Ribeira do Iguape;
11 Década
Salvamento arqueológico realizado por Afonso no
município de Casa Branca;
8 5 12 2000/2001:
Schiavetto desenvolve pesquisa de doutoramento no Médio
Jacaré-Guaçu e no Médio Mogi Superior.
13 2005:
4
Áreas com pesquisas em sítios Tupiguarani

Áreas com pesquisas em sítios Tupiguarani retomadas nesse trabalho

PESQUISAS EM SÍTIOS ASSOCIADOS À TRADIÇÃO


11 TUPIGUARANI NO ESTADO DE SÃO PAULO

ESCALA

Base Cartográfica: Mapa com a Rede Hidrográfica do Brasil. Escala


1:500.000, IBGE
(www.dpi.inpe.br/spring. Acessado em Julho/2005)

Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso
38

Quando as datações absolutas são organizadas8 por áreas fica nítido que o Vale do
Paranapanema e do Itararé têm o maior número de sítios datados, além de apresentar uma
considerável amplitude temporal com datas que vão desde 30 a.C. até 1780 d.C. (sítio Panema
e Caçador, respectivamente). Faccio (2005), que tem trabalhado desde a década de 1980 na
área do Paranapanema, considera aceitável o período circunscrito entre as datas de 410 d.C. e
1480 d.C9. Ademais, a autora toma com ponderação a data de 205 d.C. para o sítio Neves, não
considerando a datação do sítio SP-BA-07 apresentada por Brochado (1973) e a data do sítio
Panema (MORAIS 2000).

Na área do Vale do rio Paraná, na confluência com o Baixo Tietê, existe a data de 250 a.C.
para o sítio Ary Carneiro, a mais antiga do estado. No entanto, essa data deve ser tomada com
cuidado uma vez que não dispomos de maiores informações sobre seu contexto. Além disso,
as outras datações disponíveis para a região indicam sua ocupação entre os anos de 500 d.C. e
900 d.C.

As datações disponíveis para região em estudo também apresentam algumas questões. A


datação do sítio Franco de Godoy (1550 anos AP), efetuada pelo método do Carbono 14 no
Instituto de Geociências da USP, também requer cautela por ser uma data única. De qualquer
modo, as outras datas apontam o período de 450 a 1000 anos como o mais seguro, sendo,
portanto uma ocupação posterior àquela verificada no Vale do rio Paraná/ Tietê.

Conforme demonstrado, as datações disponíveis corroboram a idéia de que no século IX já


havia uma ocupação significativa do atual estado de São Paulo por grupos Tupi. As datas mais
recuadas indicam, por sua vez, uma antiguidade maior dessa ocupação, propondo também
novas questões acerca das rotas de expansão desses grupos.

Vale destacar que, se por um lado o modelo teórico de Brochado foi largamente adotado, o
mesmo não ocorreu com suas propostas para análise do material cerâmico. As análises
efetuadas em São Paulo foram, durante muito tempo, descritivas, sem o emprego de
abordagens que visem, por exemplo, o reconhecimento do processo produtivo da cerâmica e
quais as variáveis ambientais e culturais que influenciam esse processo. Conta-se com os

8
O Gráfico 1 consiste em uma representação visual das datas disponíveis, quando temos mais de uma datação para o mesmo sítio indicamos
na mesma barra: a data mais recuada, a mais recente e a média entre elas.
9
Evidências de contato com os jesuítas atestam a permanência dos grupos guarani até os séculos XVI e XVII.
39

trabalhos de Goulart (1982) e Faccio (1992, 1998), assim como a análises magistrais feitas por
Desidério Aytai (1991).

Desse modo, associar os vestígios univocamente à Subtradição Guarani ou Tupinambá, nos


parece temerário e pode levar ao estabelecimento prematuro de fronteiras em áreas ainda
pouco estudadas. Desse modo, como aponta Araújo (2001)

“deve-se tomar cuidado para não reificar os conceitos de Subtradição Guarani e


Subtradição Tupinambá de modo que os sítios sejam forçosamente colocados em
um ou outro grupo. Se os atributos não forem levados em conta, mas sim uma
noção genérica baseada na “experiência” dos pesquisadores a respeito do que é
“guarani” ou “tupinambá”, correremos o risco de termos os mesmos problemas já
existentes com as fases e tradições do PRONAPA; não perceberemos possíveis
diferenciações que podem ter ocorrido ao longo do tempo e espaço. (...)Qualquer
filiação do gênero deve estar respaldada em uma listagem de atributos (e aqui
tornam-se extremamente importantes trabalhos como o de Brochado), ou
correremos o risco de cairmos em um raciocínio circular.”(ARAÚJO 2001a)

Concordamos com Schiavetto quando a autora indica que não há razões para atribuir a São
Paulo, em detrimento de outros territórios, a designação de terra de fronteiras, “Sítios
‘híbridos’ existem em outras áreas, até mesmo naquelas consideradas ‘arqueologicamente
homogêneas’”(2007: 80), embora a autora não tenha apresentado dados arqueológicos que
atestem suas hipóteses para as áreas do Médio Jacaré Guaçu e Médio Mogi Superior
(SCHIAVETTO 2007).

Em suma, as informações evidenciadas até o momento mostram que o atual estado de São
Paulo seria “um território para onde confluíram populações indígenas diversificadas, vindas
de diversos pontos do atual território nacional, cujas inter-relações não percebemos porque
não nos aprofundamos o suficiente sobre a arqueologia paulista” (CALDARELLI 2001-
2002).

A ponderação de Caldarelli é de suma importância, pois de certo modo, aponta para a


necessidade de estudos mais aprofundados, pois a simples caracterização de São Paulo como
“terra de fronteiras” pode ser colocada como hipótese de trabalho, mas não como conclusão.
De qualquer modo, a ocupação de um mesmo território por populações diferenciadas é um
fenômeno freqüente e deve ser manejado, pois certamente envolveu, no passado, a delimitação
de espaços por confrontos e/ou interação cultural. A abordagem regional intentada nesse
trabalho, mesmo que limitada, possibilitou a construção de algumas hipóteses sobre as
ocupações Tupi no nordeste do estado de São Paulo. Assim, a retomada de acervos coletados
40

na área abordada, mesmo aqueles provenientes de coletas assistemáticas, apontaram para


questões interessantes, como veremos adiante. Passemos agora a caracterização da região em
apreço.
41

CAPÍTULO 3
42

3. ARQUEOLOGIA TUPI: UMA ABORDAGEM REGIONAL

Este capítulo fornece uma revisão bibliográfica das pesquisas realizadas na região, os dados
etnohistóricos disponíveis, assim como o meio físico e os padrões de distribuição dos sítios
arqueológicos selecionados, objetivando uma comparação intersítios. Nesse sentido, a bacia
do rio Mogi Guaçu foi tomada como região envoltória, na qual realizamos, necessariamente, o
levantamento de sítios e coleções associadas à tradição Tupiguarani. O capítulo também expõe
as atividades realizadas em cada um dos sítios selecionados, apresentando as prospecções e
intervenções desenvolvidas no âmbito dessa pesquisa.

3.1. O nordeste de São Paulo sob o foco da arqueologia

O levantamento dos trabalhos arqueológicos na região também abordou pesquisas realizadas


em sítios litícos e em sítios cerâmicos cujo material não está associado à tradição Tupiguarani,
uma vez que o incremento do conhecimento sobre as diversas ocupações da região pode
fornecer insumos relativos à interação cultural entre grupos diferenciados, seja pelo fluxo de
objetos, pessoas e/ou informações (ROBRAHN-GONZÁLEZ 1996).

A referência mais recuada sobre a ocupação pré-colonial da região remete ao ano de 1935,
com a menção feita por Ruy Tibiriçá ao material cerâmico de Cachoeira de Emas,
Pirassununga (TIBIRIÇÁ 1935), referência já pontada no capítulo anterior.

Em 1946 temos a publicação de “Los extinguidos painguá de la Cascada de Emas” de Manuel


Pereira de Godoy. Nesse texto o autor correlaciona os vestígios coletados (artefatos em pedra
polida, pedra lascada e vasilhas cerâmicas) em Cachoeira de Emas com dados etnohistóricos e
etnográficos de grupos Tupi-Guarani, numa tentativa de reconstruir o passado indígena da
região (GODOY 1946). O autor indica também a existência de vestígios arqueológicos no
município de Rio Claro, mencionando a presença de material cerâmico e lítico em dez pontos
diferenciados, ao longo dos cursos dos rios Corumbataí, rio Claro e rio da Cabeça. Godoy
aponta a existência de uma coleção de mais de 2300 peças coletadas na região pelo Coronel
Gualter Martins e doadas ao Museu Nacional (GODOY 1974: 152).
43

Cabe ressaltar a importância do patrimônio identificado na região de Rio Claro, já mencionada


nos trabalhos de Godoy (1946) mas que, a partir do final da década de 1960 passa a ser alvo
de pesquisas realizadas sob as diretrizes do Pronapa. Altenfelder indicou a presença de sítios
líticos e cerâmicos na região - esses últimos em número menor, afirmando que essa região
teria funcionado como área de passagem e confluência de caminhos naturais (ARAÚJO
2001b: 128). Com relação ao material cerâmico Tupiguarani, a coleção de São Carlos
correspondia a coleta assistemática de 23 fragmentos cerâmicos em superfície
(ALTENFELDER SILVA 1961-62). No município de Rio Claro foram detectados 06 sítios
arqueológicos Tupiguarani, 05 deles localizados no bairro Vila Paulista e um localizado no
bairro Prema, sendo este último alvo de cortes estratigráficos. Em Rio Claro também foram
recuperadas 03 urnas fragmentadas. Em ambos os casos o autor chama atenção para o
predomínio das decorações pintadas (ALTENFELDER SILVA 1961-62: 82). Altenfelder
também aponta a coleta assistemática de 02 urnas no município de Itirapina, localizado a sul
da região ora abordada (1961-62).

No entanto, a região de Rio Claro foi alvo de um trabalho mais sistemático a partir da atuação
de Tom Miller Jr, que foi aluno de Altenfelder. As prospecções do pesquisador entre os anos
de 1965 e 1967 nos municípios de Rio Claro, Ipeúna, Charqueada, Itirapina, Cordeirópolis e
Piracicaba resultaram na identificação de 97 sítios arqueológicos (ARAUJO 2001b: 128). Na
mesma região, a atuação de Beltrão no sítio Alice Boër, resultou em datações de 14000 a 2000
anos para assentamento, suscitando muitas discussões quanto a antigüidade da ocupação
humana na região (ARAÚJO 2001b: 131).

Nos anos de 1979/80 a equipe do Museu Paulista/USP, liderada por Luciana Pallestrini,
trabalhou na sub-bacia do Mogi-Guaçu, no sítio Franco de Godoy. O material cerâmico filiado
à tradição Tupiguarani foi datado em 1550 anos AP (PALLESTRINI 1981-1982). Esse sítio
integrou parte de uma tese de doutorado (ALVES 1988), foi trabalhado novamente em 1992
por meio do resgate arqueológico da PCH-Mogi-Guaçu (MORAIS 1995), sendo retomado na
presente pesquisa.

Durante a década de 1980, foi desenvolvido o Programa de Pesquisas Arqueológicas no Vale


Médio do Rio Pardo, pelo Instituto de Pré-História da USP, sob a coordenação de Solange
44

Bezerra Caldarelli e Walter Alves Neves (CALDARELLI; NEVES 1981). Esse programa
abrangeu os municípios de Serra Azul, São Simão, Serrana, Luís Antônio e Cravinhos,
identificando 14 sítios líticos a céu aberto, 04 cerâmicos e 03 com gravuras rupestres – um
destes, o Abrigo de Furnas, apresenta também vestígios lascados em subsuperfície. Os sítios
associados às ocupações de caçadores-coletores podem ser divididos em dois conjuntos
distintos: um dispondo de artefatos líticos plano-convexos e outro de artefatos líticos bifaciais
(pontas).

Nesse projeto foram identificados os seguintes sítios cerâmicos: Lagoa Preta I e II, localizados
no município de Serra Azul, com material cerâmico datado em 280 AP; Bebedouro da Pedra,
localizado no município de Cajuru, com incidência de material cerâmico associado à
denominada “Tradição Neobrasileira” (CALDARELLI; NEVES 1981: 20-22);
Tamanduazinho, no município de São Simão, onde foi coletado material apenas para datação,
cujo resultado foi de 990+70 BP (AFONSO 1989). Os sítios Lagoa Preta I e II foram
retomados recentemente, sendo identificado que o material não apresentava características que
denotassem influência européia na indústria cerâmica, apesar da datação em tempos coloniais,
tratando-se na realidade de uma ocupação indígena diversa daquela associada à tradição
Tupiguarani. O contato pode ter ocorrido, mas não afetou o modo de produção dos artefatos
cerâmicos (AFONSO; MORAES 2005-2006).

Em continuidade ao programa de pesquisas no Vale do Rio Pardo, trabalhos foram realizados


no Médio Vale do Mogi-Guaçu, resultando na descoberta de quatro sítios cerâmicos filiados a
tradição Tupiguarani: Monjolo, Bom Retiro, Ribeira e Córrego do Canavial, todos localizados
no município de Luis Antônio (CALDARELLI 1983) e retomados neste trabalho.

As pesquisas realizadas na região a partir da década de 1990 encontram-se ligadas ao


licenciamento ambiental de empreendimentos de natureza diversa, conduzindo ao aumento
considerável do número de sítios.

Nos anos de 1992-1994, foi realizado o salvamento arqueológico da PCH Mogi-Guaçu, sob
coordenação de José Luiz de Morais, ampliando a rede de pesquisas na região, com a
retomada dos trabalhos no sítio Franco de Godoy e o reconhecimento de mais cinco sítios
cerâmicos: Franco de Campos, Barragem, Ponte Preta e Jardim Igaçaba – sítios cerâmicos pré-
45

coloniais, e o sítio Porto de Areia com cerâmica pós-contato (MORAIS 1995). Os sítios pré-
coloniais cadastrados no âmbito desse trabalho também foram retomados nessa pesquisa.

O trecho Paulínia/rio Paraná do Gasoduto Bolívia – Brasil (Gasbol) identificou alguns sítios
arqueológicos ao sul da região pesquisada, a saber: o sítio lítico Limeira, localizado no
municipio homônimo; os sítios Corumbataí e Jacaré, associados à tradição Tupiguarani, nos
municípios de Rio Claro e Ibitinga e os sítios históricos Monte Alegre e Santa Helena,
localizados nos municípios de Ribeirão Bonito e Ibaté (BLASIS 1998).

A presença de sítios líticos pré-ceramistas nessa região também foi resgistrada em 1997,
quando foi cadastrado o sítio Bela Vista 1 no município de Mogi Mirim, caracterizado por
pontas de projéteis de sílex, estando o mesmo data em cerca de 8000 anos AP
(DOCUMENTO 2003). Recentemente foram identificados mais dois sítios líticos na área,
sítios Bela Vista 2 e Bela Vista 3 (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2005a).

Em 2001, na cidade de Casa Branca, durante as obras de duplicação da rodovia SP-340, foram
resgatados três sítios arqueológicos: Água Branca, Lambari I e Lambari II. O resgate desses
sítios foi realizado pela equipe liderada por Afonso (AFONSO 2001). Enquanto o sítio
Lambari I está relacionado à ocupação da região por grupos caçadores-coletores, os demais
sítios estão associados a ocupações de grupos agricultores ceramistas. Os sítios lito-cerâmicos
apresentaram indústrias cerâmicas com características distintas e a proximidade dos sítios,
cerca de 1 km, mostra a escolha do mesmo espaço por grupos agricultores ceramistas
diferenciados. Na análise desse material constatamos uma complexidade interessante para a
ocupação do sítio Água Branca, datado em 205 anos A.P. O material cerâmico desse sítio
apresentou características de tradições cerâmicas distintas – Tupiguarani, Aratu e Uru10. Esse
fato aliado à datação, morfologia circular do sítio e pesquisa etnohistórica, demonstrou que o
grupo que ocupou o sítio Água Branca pode estar associado à ocupação de grupos de matriz
cultural Macro-Gê. Não obstante, essa associação não pode prescindir da compreensão da
variabilidade artefatual presente no material cerâmico e dos processos de interação envolvidos
na ocupação da região (AFONSO; MORAES 2003; AFONSO; MORAES 2006). O sítio

10
A cerâmica do sítio Água Branca pode ser assim sumarizada: vasilhas com paredes de espessuras refinadas onde predominam espessuras
de até 9 mm, pasta com antiplástico vegetal (cariapé), queimas caracterizadas por secção transversal completamente preta, bordas diretas com
reforço externo ou expandidas, lábios planos, bases com ângulos fechados (90º), ocorrência de apêndices, ombros indicando vasilhas de
contorno composto e baixa incidência de decoração, que está restrita a algumas peças com engobo.
46

Lambari II, por sua vez, apresentou material nitidamente associado à tradição Tupiguarani, a
análise desse sítio tem sido aprofundada nessa pesquisa.

Outro sítio localizado durante empreendimentos ligados à duplicação de estradas foi o sítio
Ipê, situado também no município de Mogi Guaçu. Esse sítio foi alvo de resgate arqueológico
durante obras de duplicação de rodovia SP-346, em 2001. Apresentou material cerâmico
associado à tradição Tupiguarani, assim como artefatos líticos lascados (MORAIS 2002),
sendo reanalisado no âmbito desse trabalho.

Em vistoria arqueológica efetuada no município de Itapira e adjacências, foi cadastrado um


sítio arqueológico relacionado à ocupação da região por caçadores-coletores portadores de
tecnologia lítica, genericamente conhecida na bibliografia como "Tradição Umbu". Também
foram encontrados assentamentos pré-coloniais ligados à ocupação ceramista Tupiguarani: os
sítios Rio do Peixe e Virgolino. Ambos os sítios apresentaram fragmentos cerâmicos e
artefatos líticos lascados e polidos. Esses sítios não foram alvos de resgate arqueológico até o
presente (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2003).

Estudos conduzidos entre 2003 e 2004 no Gasoduto Araraquara Norte, no trecho circunscrito
entre Boa Esperança e Araraquara foram identificados e estudados três sítios líticos (Boa
Esperança I, Boa Esperança II, Boa Esperança III) implantados em unidades topográficas da
paisagem relacionada ao vale do rio Jacaré-Guaçu (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2004a).
Recentemente, temos o resgate de mais um sítio lítico na região, o sítio Rincão 1, localizado
no município homônimo e caracterizado pela presença de lascas, estilhas e artefatos em
arenito silicificado, quartzo e silexito, tendo sido constatado material arqueológico até cerca
de 1,40m (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006c).

Durante as obras de duplicação da rodovia SP-255, no trecho que liga Sertãozinho à


Jaboticabal, foi localizado o sítio Suzuki. Este sítio, implantado em alta vertente, apresentou
vestígios líticos e cerâmicos típicos da tradição Tupiguarani, mas por estar fora da área do
empreendimento não foi alvo de regate arqueológico (CALDARELLI 2001-2002). O sítio
Suzuki foi reavaliado pela equipe que efetuou o Programa de Diagnóstico Arqueológico do
Gasoduto Luís Antônio - Ribeirão Preto, pois o mesmo encontra-se na área adjacente ao dito
empreendimento. Durante o referido diagnóstico também foram evidenciados vestígios
47

arqueológicos na margem esquerda do Ribeirão da Onça, consistindo em mais um sítio


Tupiguarani na área (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2004b).

Na bacia do Mogi-Guaçu, no município de Pitangueiras, foram encontrados pela Scientia


Consultoria Científica, na prospecção arqueológica na faixa de duplicação da rodovia
Armando Sales de Oliveira (SP 322), dois sítios arqueológicos cerâmicos (SCHIAVETTO
2007: 67). Posteriormente, a equipe da empresa Documento realizou as escavações
arqueológicas dos sítios, com a localização de mais três sítios cerâmicos nas adjacências. O
acervo coletado nos sítios Pitangueiras I e II11 revela características diversificadas: bases
planas, antiplástico de cariapé, decorações modeladas, incisas e ponteadas. Esse fato corrobora
a hipótese de que a região onde o rio Mogi Guaçu deságua no Pardo poderia trazer insumos
interessantes para o estudo da ocupação do estado por grupos ceramistas, conforme pontuaram
Caldarelli e Neves (1983).

O diagnóstico arqueológico realizado no gasoduto Matão-Luis Antônio, que intercepta os


territórios municipais de Matão, Araraquara, Rincão, Guatapará e Luiz Antônio, identificou
mais quatro sítios arqueológicos: três lito-cerâmicos e um lítico. Os sítios cerâmicos
forneceram material associado à tradição Tupiguarani, assim como fragmentos cerâmicos com
características diferenciadas, semelhantes aos sítios Água Branca, Lagoa Preta I e Lagoa Preta
II (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2005b).

Em área alvo de licenciamento, destinada à implantação de uma ponte sobre o Rio Mogi-
Guaçu, em Cachoeira de Emas, município de Pirassununga, foram cadastrados quatro sítios
arqueológicos: Cachoeira de Emas 1, 2, 3 e 4. O resgate do sítio Cachoeira de Emas 1 revelou
uma indústria cerâmica semelhante àquela proveniente dos sítios Água Branca e Lagoa Preta I
e II, além de apresentar uma quantidade significativa de artefatos líticos lascados em silexito,
não estando associado à tradição Tupiguarani (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006b). O sítio
Cachoeira de Emas 2 apresentou, por sua vez, material cerâmico relacionado à tradição
Tupiguarani, sendo incorporado a essa pesquisa, conforme explicitado adiante. Os dados dessa
pesquisa serão detalhados adiante.

11
O material encontra-se no acervo Museu Voluntários da Pátria, em Araraquara, onde pudemos acessá-lo.
48

Por fim, vale destacar a tese de doutoramento levada a cabo por Schiavetto (2007). A autora
realizou prospecções no Médio Jacaré-Guaçu e Mogi-Guaçu, tendo sido encontrados doze
sítios arqueológicos, sendo dez sítios associados a ocupações ceramistas agricultoras
(SCHIAVETTO 2007). Desses sítios, seis apresentam características da tradição Tupiguarani,
um tem características da tradição Aratu, um é “mesclado” e dois não podem ser relacionados
a nenhuma tradição (SCHIAVETTO 2007, com. pessoal). O sítio São João, classificado como
“mesclado” foi datado em 975+120 e 840+110 AP (SCHIAVETTO 2007: 141). No entanto, a
pesquisa realizada pela autora carece de dados arqueológicos aprofundados, ficando restrita às
críticas quanto ao uso das tradições arqueológicas, não apresentando alternativas a essas
categorias analíticas.

Por fim, apresentamos as datas obtidas em sítios cerâmicos localizados na região de pesquisa e
adjacências, ressaltando que esses resultados mostram, além de uma variabilidade no que diz
respeito à tradição Tupiguarani, a qual detalharemos nos capítulos 4 e 5, a presença de
ocupações ceramistas diferenciadas, as quais necessitam de um aprofundamento analítico.

Tabela 2: Cronologia de sítios cerâmicos no nordeste estado de São Paulo


Sítio Tradições
Município Cronologia (AP)
Arqueológicas
Franco de Godoy Mogi Guaçu 1550
Lambari II Casa Branca 1085+130
Bom Retiro Luis Antônio 924 Tradição Tupiguarani
Franco de Campos Mogi Mirim 780+110
Cachoeira de Emas 2 Pirassununga 450+60
São João Ribeirão Bonito 975+120; 840+110
Cachoeira de Emas 1 Pirassununga 510+70 Tradições Ceramistas
Lagoa Preta I Serra Azul 280 Diversificadas
Água Branca Casa Branca 205+20

Essas tradições ceramistas diversificadas têm sido associadas à ocupação do nordeste do


estado de São Paulo por grupos relacionados à matriz cultural Macro-Gê, os quais aparecem
citados em diversos documentos textuais, como veremos no painel etnohistórico esboçado a
seguir.
49

3.2 Painel etnohistórico para o nordeste de São Paulo

A construção de um painel etnohistórico da região em estudo, ainda que sucinto, torna-se


fundamental nesse trabalho, uma vez que a análise da variabilidade dos contextos
arqueológicos associados à tradição Tupiguarani tem como um objetivo trazer insumos para a
construção da história indígena regional. Ademais, como veremos adiante, constatamos por
meio da análise cerâmica a existência de contextos de contato com o elemento luso-brasileiro.
Nessa síntese apontaremos as informações indicadas na documentação textual salientando a
questão da diversidade cultural apontada nessas fontes, diversidade esta corroborada nas
análises das fontes materiais analisadas, conforme apontaremos no Capítulo 5.

No início do século XVIII, expedições oriundas de Piratininga cruzaram o nordeste de São


Paulo, sendo realizada em 1723 a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o segundo
Anhanguera. Entretanto, sabemos da anterioridade desse caminho dada à relativa rapidez com
que os trechos são percorridos e a descrição exígua das características do ambiente, como
vemos no relato deixado pelo alferes José da Silva Braga:

“Passado o rio Theaté fomos pousar nesse dia junto ao mato de Jundiaí, quatro
léguas distante da Cidade de S.Paulo; na manhã seguinte entramos no mato, e
gastamos nele quatro dias. Saídos do Mato passamos ao rio Mogi, que é rio de canoa,
e muito peixe tem, e dá mostras de ouro mas com pouca conta...” (TAUNAY 1953:
121).

Saindo de São Paulo a expedição atravessou os rios Atibaia, Jaquari, Mogi, Pardo e Sapucaí,
até o Grande, segundo a descrição do alferes (TAUNAY 1953). Esse caminho deve ter sido
utilizado como via de comunicação em épocas bastante recuadas, possibilitando a interação –
belicosa ou não, entre grupos indígenas diferenciados (BRIOSCHI 1991; MANO 2006).

A anterioridade do caminho traçado pelo Segundo Anhanguera, além de estar clara no modo
como a expedição avança com segurança até o rio Grande, pode ser comprovada também,
pelo menos até a região de Batatais, por uma carta de sesmaria datada de 1668, passada pelo
vice-rei do Brasil em favor de religiosos de São Bento, da então Capitania de São Vicente.
Nessa doação, temos a descrição de que o terceiro lote da dita sesmaria, acabaria ao longo do
rio Mogi Guaçu (NEME 1969a: 62).
50

Os “Batatais” indicados, localizados adiante do rio Mogi Guaçu, seria um núcleo indígena
com os quais os luso-brasileiros mantinham relações amistosas, existindo inclusive, um
caminho de ligação entre o referido núcleo e São Paulo (NEME 1969a).

Outra carta de sesmaria, datada de 1678, descreve uma propriedade de dezoito léguas no rio
Mogi Guaçu “no caminho para Batatais, que tinha sido alojamento dos gentios...” (TAQUES
1953: 130). Essa indicação nos leva a crer que o alojamento de índios, indicado no documento
de 1668, não existiria mais em 1678.

As cartas de sesmarias supracitadas apontam para a existência de um caminho em condições


de tráfego para os necessários transportes, se assim não fosse, os requerentes não pensariam
em povoar áreas tão distantes e nelas desenvolver atividades produtivas.

Além disso, em 1707, o sertanista Amador Bueno requeria três léguas no sertão de Mogi,
essas terras foram concedidas “na paragem do Rio Mogi (...), entrando o caminho que foi do
sertão, confrontando com outras terras que já possui” (NEME 1969a: 64). A referência ao
“caminho que foi do sertão” é rica em implicações no que se refere ao real papel das bandeiras
no povoamento do interior, pois indica o uso anterior do dito caminho por entradistas e
varadores do sertão, mas que agora figurava como caminho de viajantes e roceiros. Roceiros
estabelecidos ao longo do seu traçado - como por exemplo a paragem que deu origem a cidade
de Casa Branca, e viajantes que demandavam paragens situadas até e para além da área do
Mogi Guaçu.

Com a rota do Segundo Anhanguera o interesse nessas paragens só veio aumentar, inclusive
por parte do governo, que em 1726 publica um Bando para que todos os proprietários de terras
no Caminho de Goiás apresentassem seus títulos de posse (BRIOSCHI 1991). Entre 1726 e
1736 existe a concessão de grandes lotes de sesmarias ao longo desse caminho, distribuídas de
acordo com os planos geopolíticos da Coroa, no sentido de garantir um agrupamento de terras
que facilitasse a regularização, normatização e fiscalização das principais fontes de riqueza da
colônia (BRIOSCHI 1991: 11). Por volta de 1736, essa primeira fase de concessão de
sesmarias findou, com um largo período de tempo onde os registros de sesmarias
desapareceram, por motivos não muito claros. Um fator relevante é que as rendas das minas
de Goiás começaram a decair, o que retirou o atrativo pela obtenção de terras ao longo do
trajeto da estrada (BRIOSCHI 1991).
51

As documentações textuais associadas às primeiras incursões de luso-brasileiros na região


abordada, assim como ao processo de fixação de colonos que se deu posteriormente, trazem
informações dispersas sobre as populações indígenas que aí se encontravam, onde se destacam
as referências aos índios Caiapós. O documento do alferes citado acima não faz menção à
presença de índios até o Rio Grande, mas já em 1725 o requerimento de Bartolomeu Bueno da
Silva indica o confronto com os indígenas habitantes daqueles sertões (FRANCO 1953: 368).

Mano (2006) realiza uma análise minuciosa da ocupação dos chamados “Campos de
Araraquara”, baseado em informações textuais, as quais foram relacionadas a variáveis
ambientais e informações arqueológicas. A porção oeste de nossa pesquisa está inserida
(Áreas 3 e 4) na região pesquisada pelo autor, fato pelo qual apontaremos algumas das
informações presentes no referido trabalho, a fim de pontuarmos algumas hipóteses sobre a
ocupação do nordeste do estado.

Para Mano, a região delimitada pelos rios Tietê, Mogi-Guaçu, Grande e Paraná seria uma
“unidade passível de investigação em virtude do seu modo de aparecimento na documentação
e na cartografia paulista dos séculos XVII ao XIX” (MANO 2006: 3), sob a denominação de
“Campos de Araraquara”. O autor pondera a aceitação dos “etnônimos” presentes na
documentação, assim como indica a importância da transferência cada vez maior de índios
escravos de diferentes regiões para os sítios paulistas desde o século XVII, mas ressalta o fato
de que nas fontes históricas a ocupação da área em questão aparece associada a populações de
filiação cultural Tupi e Gê.

Faremos primeiramente, algumas observações sobre as ocupações Tupi. Embora tenhamos


diversas referências documentais sobre a presença de grupos Tupi no interior do estado de São
Paulo no período colonial, essas dizem respeito, sobretudo, ao médio Tietê e Vale do
Paranapanema. Anchieta narra que a 300 milhas portuguesas (660 km) vivia um principal
Tupi que tinha vindo procurar os padres para ser batizado (PREZIA 2000: 171), apesar do
caráter ideológico da afirmação fica comprovada a presença desses grupos no médio curso do
Tietê. Na realidade, como aponta Mano (2006: 240) os Tupi12 do médio Tietê estavam em
conflito com os Guarani da região Paraná-Paraguaia. As documentações textuais apontam que

12
Aqui o termo Tupi foi utilizado pelo autor para nomear grupos de matriz cultural Tupi que não eram Guarani.
52

a presença Guarani ou Carijó na bacia do Tietê seria posterior a esses conflitos do século XVI
(MANO 2006: 241).

Cabe pontuar que além desse avanço “espontâneo” dos Guarani para o norte, também temos
uma movimentação forçada desses grupos. Entre 1628-41 o surto sertanista oriundo de São
Paulo iria se voltar justamente para os Guarani das missões espanholas no Guairá, Itatim e
Tape. Tornados escravos, esses guaranis foram transferidos para as diferentes regiões do
planalto e interior de São Paulo (MANO 2000: 242).

Cabe destacar a descrição feita em 1751, por Antonio Rolim, para a presença carijó na vila de
Mogi: “[...] a vila é pequena, como todas as que vi na Comarca de São Paulo, porque a
maior parte de seus moradores assistem nos seus sítios [...] mandando os seus carijós
adquiridos pelo sertão com grandes trabalhos [...]” (MANO 2006: 247). A constatação de
que parte dos guaranis e carijós mencionados nas fontes documentais do interior paulista
esteja associada aos movimentos recentes e forçados não pode desconsiderar a existência de
migrações voluntárias de guaranis desde a região Paraná-Paraguaia em direção ao médio
Tietê, como vimos acima.

Mano indica que ao longo de todo período que abrange do século XVI ao XX, as fontes
documentais revelam a constante ocupação de grupos Tupi e Guarani no trecho do médio
Tietê e nos Campos de Araraquara. Os Tupi estão nas fontes quinhentistas, desaparecendo das
fontes textuais após a notícia do combate que tiveram com os Guarani, ainda no século XVI,
nas imediações do Tietê. Por sua vez, os Guarani que se locomoviam forçosa ou
voluntariamente no sentido sul-norte aparecem documentados desde o século XVI aparecendo
de forma esparsa até o século XIX (MANO 2006).

Manuel Pereira de Godoy (1946, 1974) utiliza o etnônimo Painguá para se referir ao povo que
habitou a região de Pirassununga, colocando esse grupo como Tupi-Guarani, assim:
“...toda a região compreendida entre Piracicaba, Rio Claro, Porto Ferreira,
Pirassununga e até Mogy-Mirim e Mogi-Guassu foi ocupada por volta de 1625,
como grande território de caça, de pesca, de obtenção de recursos naturais para o
citado grupo Tupi-Guarani, pois, todos os materiais líticos (machados, martelos,
raspadores, pilões, pontas de lança e de flechas, etc.), a cerâmica, os desenhos e os
rituais funerários são semelhantes entre si em toda a mencionada região”(GODOY
1974: 151).
53

“Os primeiros humanos foram índios da grande família Tupi-Guarani que aqui
chegaram por volta de 1625 e aqui permaneceram até o ano de 1880 (cerca de 255
anos de ocupação)(...). Provavelmente, um grupo Tupi-Guarani que entrou pelo sul
do Estado, continuou na sua marcha, atingiu a região do atual Rio Piracicaba,
continuou até chegar ao vale do Mogi-Guassu” (GODOY 1974: 149 e 151)

Mano (2006: 205) indica que ao invés de Painguá é mais provável que Godoy tenha se
referido aos Guarani-Kaiowá. De qualquer forma, as pesquisas arqueológicas em Cachoeira de
Emas revelaram, já à época, a presença de artefatos associados à tradição Tupiguarani,
definida posteriormente (cerâmicas policrômas, corrugadas e unguladas), assim como peças
de grupos não Tupi, como por exemplo, os machados semilunares, designados por Godoy
machados-âncora (GODOY 1974: 200). Esses instrumentos estão associados aos grupos Jê
centrais. O próprio Godoy (1974: 201), faz essa correlação ao mencionar que “entre as tribos
Jê do nordeste do Brasil um pequeno machado âncora era trazido pelos chefes de guerra,
como um símbolo de mando”. As pesquisas ora realizadas em Cachoeira de Emas
corroboraram a existência de grupos Tupi e não-Tupi (Jê) nessa região por volta dos séculos
XV-XVI.

Outra questão relevante é o contato direto ou indireto que esses grupos mantiveram com os
luso-brasileiros. Em 1940, na fazenda Cachoeira às margens do rio Mogi-Guaçu, um velho e
gasto machado de ferro foi encontrado dentro de uma urna Tupi, junto com restos de ossos
humanos (GODOY 1974: 203). Além disso, o sítio Cachoeira de Emas 2 foi datado 450 anos
antes do presente. Em Cachoeira de Cima, foram localizados indícios de contato no material
cerâmico do sítio Franco de Godoy, assim como no sítio Franco de Campos, assunto a ser
detalhado adiante. Essas referências demonstram o potencial do diálogo entre a arqueologia e
a etnohistória na construção de uma história indígena regional.

Passemos às informações etnohistóricas a respeito das ocupações não Tupi. Na região em


apreço, sobretudo em sua porção norte, temos a presença dos chamados Bilreiros, nome
genérico dado aos grupos Jê, assim identificados pelo hábito de lutar com um cacete, na época
chamado de bilro (NEME 1969b). A documentação textual passou a denominar esses grupos
apenas como Caiapó, sendo este um termo construído pelos Tupi ou Guarani que significa,
literalmente, “como macaco” (TURNER Apud MANO 2006: 252). Desse modo, o termo
Caiapó parece ter sido aplicado a uma série de grupos ou subgrupos que não compartilhavam
características Tupi ou Guarani e, como aponta Mano:
54

“não há como retirar das letras fossilizadas a particularidade de subgrupos ou


dialetos. O que de fato se enxerga ao tratar os documentos é, como já se disse, a
construção de termos homogeneizadores feitos por um olhar estrangeiro. Assim, ao
invés das autodenominações grupais aparece quase que invariavelmente o termo
genérico Cayapó” (MANO 2006 253).

O etnônimo Bilreiro aparece no interior do atual estado de São Paulo já no início do século
XVII:“os Kayapó meridionais –bilreiros -, grupo Jê ocupavam uma extensa faixa territorial a
noroeste da vila de São Paulo” (MONTEIRO 1994: 63). Desse modo, temos uma ampla
distribuição dos Caiapó no interior do atual estado de São Paulo desde pelo menos o início do
XVII. Nos documentos posteriores, quando já se fazem referências explícitas ao termo
Caiapó, desde essa área mais meridional, sua localização se estendia ao triângulo mineiro, sul
de Mato Grosso e sul de Goiás.

A documentação associada à rota do Segundo Anhanguera ou ao Caminho de Goiás,


anteriormente mencionado, responsável pela efetiva colonização de nossa região de estudo,
apresenta diversas menções aos índios Caiapó.

Os primeiros documentos são de 1766 e tratam de uma bandeira que foi organizada em Mogi-
Mirim para a conquista do indío Caiapó. Entre 1767 e 1772 pelo menos mais duas bandeiras
partiram por ordem de Morgado de Mateus. Em 1772 expediram-se ordens explícitas para que
em Jundiaí, Mogi-Mirim e Mogi-Guaçu se formassem companhias de mulatos, bastardos e
carijós para atacar o “Gentio Cayapó q’ enfesta as campanhas de Mogiguassú”, elas partiam
de Mogi-Mirim ou Mogi-Guaçu e percorriam a região localizada entre os rios Pardo e Grande
no caminho de Goiás (MANO 2006: 264-265).

A associação entre esses grupos genericamente denominados de Caiapó com alguns sítios
arqueológicos onde têm sido encontradas cerâmicas com características bastante distintas
daquelas relacionadas à ocupação Tupi (tradição Tupiguarani), pode ser colocada como
hipótese a ser solucionada com o avanço da arqueologia regional, mas não deve prescindir de
dados arqueológicos concretos. A variabilidade artefatual atestada na análise de conjuntos
associados à tradição Tupiguarani demonstra que estamos lidando com ocupações
diferenciadas, a mesma variabilidade deve ocorrer nos conjuntos não associados à tradição
Tupiguarani. Nesse sentido, embora as informações etnohistóricas sejam de fundamental
importância para a reconstrução da história indígena regional, as mesmas apontam, assim
55

como as classificações em tradições arqueológicas, para uma homogeneidade na realidade


inexistente. Essas classificações são pontos de partida e de diálogo, mas somente a análise
cuidadosa da cultura material e da implantação dos sítios arqueológicos na paisagem poderá
trazer um incremento à questão.

3.3 O meio fisico e os padrões de distribuição dos sítios abordados

Os grupos humanos não escolhem aleatoriamente o espaço para se estabelecerem, assim, o


meio físico deve ser entendido como parte do contexto arqueológico, oferecendo à sociedade
várias fontes materiais, que podem ou não ser utilizadas, dependendo dos meios técnicos e das
necessidades que a sociedade possui. Desse modo, optamos pela análise interrelacionada do
meio físico com informações disponíveis acerca da implantação dos sítios arqueológicos na
paisagem.

A escassez de informações sobre a região torna difícil a abordagem dos padrões de


assentamento desses grupos, pois requer um conhecimento amplo que reúna dados ambientais
com prospecções sistemáticas em áreas delimitadas. Ou seja, para compreender os padrões de
assentamento desses grupos seria necessário percorrer de modo intensivo a região abordada
com o auxílio de uma equipe interdisciplinar. Assim, no estágio atual da pesquisa, foi adotado
o conceito de Padrão de Distribuição, proposto por Araújo:
“Padrão de distribuição é a descrição das relações espaciais que os vestígios
arqueológicos apresentam entre si e com a paisagem. Este conceito, portanto é
operacional; a partir dos padrões de distribuição pode-se chegar às respostas de
outras questões. Os padrões de distribuição supostamente refletem o sistema de
subsistência, organização comunitária e o sistema de assentamento de uma dada
comunidade” (ARAÚJO 2001a: 89).

Com relação ao conceito de Sistema de Assentamento, sabemos que o mesmo requer um


melhor controle cronológico dos sítios em estudo, uma vez que procura compreender a relação
funcional entre um grupo contemporâneo de sítios, associados ao padrão de assentamento de
uma mesma cultura (DIAS 2003).

Outro ponto importante a ser destacado é que as morfologias dos sítios arqueológicos não
podem ser consideradas a priori como morfologia dos assentamentos originais, mas como
parte integrante deles, apresentando hoje uma configuração específica acarretada pelos
56

processos de formação do registro arqueológico. Essa postura leva em consideração o fato de


que alguns sítios podem não ter sido integralmente delimitados, devido aos processos de
formação do resgitro arqueológico (naturais ou culturais) ou mesmo pela falta de visibilidade
em algumas porções do sítio.

Passemos aos dados relativos ao meio fisíco da região em apreço. O rio Mogi-Guaçu é o
principal afluente do rio Pardo, nasce no município de Bom Repouso, Minas Gerais, e chega a
sua foz, no município de Pontal, estado de São Paulo, após percorrer 473 km (BRIGANTE;
ESPÍNDOLA 2003: 11). A localização dos sítios arqueológicos abordados na bacia desse rio é
delimitada pelas coordenadas geográficas: 46°30’00’’/ 47°30’00’’; 21°30’00’’/ 22°30’00’,
estando os sítios inseridos em quatro áreas (Prancha 02):

Área 1 - localizada na área arqueológica denominada Cachoeira de Cima, entre os municípios


de Mogi-Guaçu e Mogi-Mirim, com os sítios Francos de Godoy (PALLESTRINI 1981-82),
Barragem e Franco de Campos. Nas proximidades dessa região estão inseridos também os
sítios Ipê, Ponte Preta (na área de Cachoeira de Baixo) e Jardim Igaçaba (na área de
Cachoeira do Meio) (MORAIS 1995; MORAIS 2002).

Área 2 - localizada no município de Casa Branca, no médio vale do rio Pardo, representada
pelo sítio Lambari II (AFONSO 2001);

Área 3 – localizada em Cachoeira de Emas, município de Pirassununga. Esta área é


caracterizada por um complexo de sítios, ainda pouco delimitados, uma vez que se conta com
coletas assistemáticas efetuadas nas décadas de 1940 e 1950 em diversos pontos da área, que
compõe a Coleção Manuel Pereira de Godoy, analisada no âmbito dessa pesquisa (GODOY
1974). Nessa área contamos com o estudo detalhado do sítio Cachoeira de Emas 2, alvo de um
recente trabalho de resgate arqueológico (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006c);

Área 4 - localizada no município de Luis Antônio, no médio vale do Mogi-Guaçu,


representada pelos sítios Monjolo, Bom Retiro, Ribeira e Córrego do Canavial
(CALDARELLI 1983).
PRANCHA 02

21°30’
LEGENDA
Sítios Francos de Godoy, Franco de Campos e
Barragem nas proximidades da Cachoeira de Cima;
1 Sítio Ponte Preta nas imediações da Cachoeira de
Baixo; Sítio Jardim Igaçaba e Sítio Ipê (Municípios
4
de Mogi-Guaçu e Moji-Mirim);
2
Sítio Lambari II (Município de Casa Branca);
2
Sítio Cachoeira de Emas 02 (Município de
3 Pirassununga);

Sítios Monjolo, Bom Retiro, Ribeira e Córrego do


3
4 Canavial (Município de LuisAntônio).

22°

MAPA HIDROGRÁFICO DO ESTADO DE SÃO PAULO COM A


LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS ABORDADAS NA PESQUISA

ESCALA
0 5 10 15 20 25 km
1 Base Cartográfica: Rede Hidrográfica do Estado de São Paulo, IGC-SP,
1985 - Escala 1:1.000.000
Projeção Cônica conforme de Lambert

Dissertação de Mestrado
22°30’ Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso

48° 47°30’ 47° 46°30’


58

Vale destacar que a seleção desses sítios partiu de um fator bastante pragmático: a retomada
de todos os sítios arqueológicos - na bacia do médio e alto Mogi Guaçu, que tivessem sido
alvo de intervenções e gerado coleções associadas à tradição Tupiguarani. Não obstante,
pudemos selecionar apenas os sítios nos quais as coleções arqueológicas fossem acessíveis, a
fim de retomarmos o material a partir de uma metodologia de análise unificada.

Enquanto os municípios de Mogi Guaçu, Mogi Mirim e Pirassununga localizam-se na sub-


bacia do Alto Mogi, o município de Luis Antônio está inserido no Médio Mogi Superior
(CBH-MOGI; CREUPI 1999). O município de Casa Branca, por sua vez, localiza-se na bacia
do Pardo, na Sub-bacia Rio Tambaú/ Rio Verde (CPTI; IPT 2003), mas tem áreas dentro da
bacia do Mogi Guaçu.

2
3

Figura 6: Sub-bacias do rio Mogi Guaçu e localização das áreas de pesquisa (Fonte
CBH-MOGI; CREUPI 1999)

O vale fluvial do rio Mogi Guaçu é constituído por leito basáltico, aflorado em derrames nas
corredeiras em Salto do Pinhal, Cachoeira de Cima em Mogi Mirim e Mogi Guaçu, Cachoeira
de Baixo em Mogi Guaçu, Cachoeira de Emas em Pirassununga, Corredeira da Escaramuça
59

em Santa Rita do Passa Quatro e Corredeira dos Três Cordões em Guariba (CBH-MOGI;
CREUPI 1999: 17).

Vale destacar que três dessas corredeiras (Cachoeira de Cima, de Baixo e de Emas) foram
alvo de pesquisas arqueológicas, tendo sido identificados sítios associados à tradição
Tupiguarani em todas elas. Essas áreas de cachoeira estão relacionadas a um importante dado
sobre a hidrografia da região: na Bacia Superior do rio Grande, no Pardo e no Mogi-Guaçu
ocorre o “fenômeno do funil”, que consiste na concentração e dispersão dos cardumes em
função do ciclo migratório anual. Em Cachoeira de Cima, no município de Mogi-Guaçu,
acontece o início da desova, que ocorre em várias áreas onde o rio apresenta desníveis. Esses
cardumes se deslocariam então para o Pardo, em direção ao Rio Grande. Godoy (1974)
registrou na área de Pirassununga um total de 106 espécies de peixes, mostrando a riqueza dos
recursos da área, fato que certamente favoreceu o estabelecimento das populações indígenas.

A bacia do rio Mogi Guaçu se estende por várias províncias geomorfológicas caracterizadas,
de leste a oeste, pelo Planalto Atlântico, Depressão Periférica, Cuestas Basálticas e Planalto
Ocidental Paulista, segundo a subdivisão geomorfológica do estado de São Paulo proposta por
Almeida (1964) e adotada no Mapa Geomorfológico do estado de São Paulo (IPT 1981). Para
caracterização geomorfológica das áreas em apreço adotamos a classificação proposta por
Ross e Moroz (1997), o qual não considera as Cuestas basálticas como província
geomorfológica.

As Áreas 1, 2 e 3 estão inseridas na unidade morfológica denominada Depressão Mogi Guaçu


- uma das unidades da Depressão Periférica Paulista, onde predominam formas de relevo cujo
modelado consitui-se basicamente por colinas de topos tabulares amplos, onde os vales são
entalhados até 20 metros. As altimetrias predominantes estão entre 500 e 650 metros, as
declividades predominantes entre 5 e 10% (ROSS; MOROZ 1997: 46).

A Área 4, representada pelos sítios localizados no município de Luiz Antônio, encontra-se


inserida na unidade morfoescultural designada Patamares Estruturais de Ribeirão Preto,
pertencente ao Planalto Ocidental Paulista. As formas de relevo são caracterizadas por colinas
amplas e baixas com topos tabulares, os vales também apresentam entalhamento médio de 20
60

metros. As altimetrias predominantes estão entre 500 e 700 metros, as declividades


predominantes entre 2 e 10% (ROSS; MOROZ 1997: 42).

Os tipos de solos estão relacionados ao relevo original e ao substrato rochoso e, a influência


do relevo na formação dos solos manifesta-se pela interação entre as formas de relevo e a
dinâmica da água. Desse modo, em relevos de colinas e planícies há uma tendência a
infiltração de água que, ao entrar em contato com o substrato, favorecerá o surgimento de
solos mais profundos (latossolos), os quais predominam na região em apreço, enquanto em
relevos de alta declividade, a ação do escoamento superficial sobrepõe-se à infiltração,
levando a formação de solos rasos (litólicos e cambissolos) (CPTI; IPT 2003). A pedologia
das áreas 1, 2 e 3 é caracterizada basicamente por Latossolo vermelho-amarelo, Latossolo
vermelho-escuro e Podzólico vermelho-amarelo. A pedologia da área 4, por sua vez, é
caracterizada por Latossolo roxo, nos setores mais aplanados e Terra roxa estruturada nas
vertentes mais inclinadas (EMBRAPA 1999).

Quanto às formações vegetais a região é caracterizada por florestas (floresta estacional


semidecidual e floresta ombrófila densa), matas ciliares, cerrados e cerradão (BRIGANTE;
ESPÍNDOLA 2003: 9). As condições climáticas são determinadas a partir da associação de
fatores como temperatura, precipitação, umidade e evaporação. Os sítios abordados estão
inseridos na mesma classificação climática – Cwa, caracterizada por clima mesotérmico de
inverno seco em que a temperatura média do mês mais frio é inferior a 18º C e do mês mais
quente ultrapassa 22ºC. A temperatura do mês mais quente oscila entre 22ºC e 24ºC. O total
das chuvas do mês mais seco não ultrapassa 30mm e a estação seca nessa região ocorre nos
meses de abril a setembro e em julho atinge a máxima intensidade (BRIGANTE;
ESPÍNDOLA 2003: 7).

Com base no trabalho desenvolvido por Wüst (1990) elaboramos uma síntese nas qual estão
apresentadas algumas das variáveis pontuadas pela autora para a análise dos padrões de
implantação de grupos ceramistas agricultores. Deve ficar claro que esta caracterização
ambiental não pretende ser uma “reconstrução paleoambiental” da área, mas tão somente
ilustrar sua variabilidade interna e características transicionais (conforme aponta ARAÚJO
2001a: 08). Os sítios foram plotados em bases cartográficas do IBGE (escala 1:50.000), sendo
apresentados nas Pranchas 03 a 06.
Tabela 2: Padrões de distribuição dos Sítios Abordados na Pesquisa

Espessura da
Distância Água mais Distância Tamanho camada
Área Sitio Município Coordenadas Bacia Sub Bacia Margem Altitude Geomorfologia Pedologia Implantação Morfologia/ Anéis/ Concentrações
(m) Próxima (m) (m) arqueológica
(cm)

03 Manchas de Solo Antropogênico


Franco de 23K 0304450/ Rio Mogi Depressão de Podzólico Colina baixa e
1 Mogi Guaçu Mogi Guaçu Alto Mogi Direita 50 50 620-640 100x200 Não acessado 05 Estruturas Funerárias
Godoy 7524270 Guaçu Mogi Guaçu vermelho-amarelo média
05 Estruturas de Combustão

Franco de 23K 0304254/ Rio Mogi- Depressão de Podzólico 02 Manchas de Solo Antropogênico
1 Mogi Mirim Mogi Guaçu Alto Mogi Esquerda 20 20 600 Terraço amplo 90x160 50
Campos 7524283 Guaçu Mogi Guaçu vermelho-amarelo 01 Área de refugo secundário de alta intensidade

23K 0304200/ Rio Mogi- Depressão de Podzólico


1 Barragem Mogi Mirim Mogi Guaçu Alto Mogi Esquerda 150 150 687 Terraço amplo 150x230 Não acessado 05 Manchas de Solo Antropogênico
7524150 Guaçu Mogi Guaçu vermelho-amarelo

23K 0281500/ Rio Mogi- Depressão de Latossolo Terraço marginal Não


1 Ponte Preta Mogi Guaçu Mogi Guaçu Alto Mogi Direita 250 250 598 Não acessado
7533875 Guaçu Mogi Guaçu vermelho-amarelo extenso acessado

23K 0300450/ Depressão de Latossolo 02 Concentrações de material cerâmico (uma delas


1 Ipê Mogi Guaçu Mogi Guaçu Alto Mogi Direita 4600 Ribeirão do Ipê 500 713-721 Pequeno espigão 260x340 Não acessado
7528850 Mogi Guaçu vermelho-amarelo formando meia elipse)

Jardim 23K 298500/ Rio Mogi- Depressão de Latossolo Vertente de Não 04 Estruturas Funerárias (Urnas no Museu
1 Mogi Guaçu Mogi Guaçu Alto Mogi Direita 1700 1700 631 Não acessado
Igaçaba 7526566 Guaçu Mogi Guaçu vermelho-amarelo colina ampla acessado Municipal)

23K 0287232/ Rio Tambaú/ Ribeirão Depressão de


2 Lambari II Casa Branca Pardo Esquerda 4900 80 640 Latossolo vermelho Alta vertente 160x180 50 01 Estrutura Funerária
7602268 Rio Verde Lambari Mogi Guaçu

Cachoeira 23K 0254991/ Rio Mogi- Depressão de Topo de colina


3 Pirassununga Mogi Guaçu Alto Mogi Direita 400 400 583 Latossolo vermelho 180x280 40 02 Concentrações de material cerâmico
de Emas 2 7573924 Guaçu Mogi Guaçu suave

Patamares
23K 0213254/ Médio Mogi Córrego da Média vertente
4 Bom Retiro Luiz Antônio Mogi Guaçu Direita 800 130 600 Estruturais de Latossolo vermelho 130x180 20
7599565 Superior Divisa suave
Ribeirão preto

Entre dois Patamares


Córrego do 23K 0211648/ Médio Mogi Média vertente
4 Luiz Antônio Mogi Guaçu Direita 1300 riachos sem 250 600 Estruturais de Latossolo vermelho 160x180 50 04 Concentrações de material cerâmico
Canavial 7600004 Superior suave
nome Ribeirão preto

Patamares
23K 0214431/ Médio Mogi Córrego do Média vertente
4 Monjolo Luiz Antônio Mogi Guaçu Direita 1000 280 600 Estruturais de Latossolo vermelho 100x150 Não acessado
7599547 Superior Monjolo suave
Ribeirão preto

Patamares
23K 0214165/ Médio Mogi Córrego da Topo de colina
4 Ribeira Luiz Antônio Mogi Guaçu Direita 1800 250 640 Estruturais de Latossolo vermelho 200x200 25 02 Estruras Funerárias
7600466 Superior Divisa suave
Ribeirão preto
PRANCHA 03

296 000 298 000 300 000 302 000 304 000

7 530 000

7 528 000
LEGENDA

1. Sítio Franco de Godoy


4 2. Sítio Franco de Campos
3. Sítio Barragem
4. Sítio Jardim Igaçaba
5. Sítio Ipê
7 526 000

Escala (m)

Base Cartográfica: IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística, Carta do Brasil, Folha Mogi-Guaçu, Escala 1: 50.000,
Primeira Edição 1972

ÁREA 1:
2 1 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
PESQUISADOS
7 524 000
3 Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso

296 000 298 000 300 000 302 000 304 000
PRANCHA 04
284 000 286 000 288 000 290 000 292 000

7 608 000

7 606 000

7 604 000
LEGENDA

1. Sítio Lambari II

Escala (m)

1 7 602 000 Base Cartográfica: IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística, Carta do Brasil, Folha Rio Tambaú, Escala 1: 50.000,
Primeira Edição 1971.

ÁREA 2:
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
PESQUISADOS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
7 600 000 Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
284 000 286 000 288 000 290 000 292 000
PRANCHA 05

252 000 254 000 256 000 258 000

7 576 000

0
LEGENDA

Áreas alvo de coletas


7 574 000 assistemáticas efetuadas por
Godoy (1974)

Sítio Cachoeira de Emas 2

Escala (m)

7 572 000 Base Cartográfica: IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística, Carta do Brasil, Folha Pirassununga, Escala 1:50.000,
Segunda Edição 1983.
252 000 254 000 256 000 258 000
ÁREA 3:
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
PESQUISADOS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 06

210 000 212 000 214 000

3
1 7 600 000

2 4

LEGENDA

1. Sítio Córrego do Canavial


7 598 000
2. Sítio Bom Retiro

3. Sítio Ribeira

4. Sítio Monjolo

Escala (m)

Base Cartográfica: IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística, Carta do Brasil, Folha Porto Pulador, Escala 1: 50.00,
7 596 000 Primeira Edição 1971.

ÁREA 4:
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
210 000 212 000 214 000 PESQUISADOS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
66

3.4 As intervenções arqueológicas nos sítios abordados

3.4.1 Sítio Arqueológico Franco de Godoy (FGD)

O sítio Franco de Godoy localiza-se na área de Cachoeira de Cima, município de Mogi


Guaçu, em compartimento topomorfológico de 620 a 640 metros, caracterizado por
colinas baixas e médias, próximas à várzea. A vegetação na área do sítio corresponde a
cerrado já degradado, associado às manchas de mata galeria às margens do rio Mogi
Guaçu (ALVES 1988: 45-46).

Os primeiros trabalhos realizados nesse sítio remontam ao ano de 1979 quando o Setor
de Arqueologia do Museu Paulista da Universidade de São Paulo foi contatado pelo
proprietário do terreno, Edson Franco de Godoy, que havia achado uma urna funerária
ao fazer o embasamento de sua casa.

A área com dispersão dos artefatos cerâmicos revelou-se ampla, ocupando também
terreno pertencente à Prefeitura Municipal de Mogi Guaçu. Naquela ocasião, Pallestrini
estabeleceu “as bases de uma pesquisa a ser realizada no local, tendo em vista a notável
fertilidade arqueológica representada pelos inúmeros fragmentos cerâmicos espalhados
no solo do sítio em questão” (PALLESTRINI 1981-1982: 116). O sítio foi escavado no
decorrer de dois anos consecutivos, quando foram evidenciadas estruturas habitacionais,
funerárias e de combustão. A datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da
USP, em 1550 anos antes do presente (método do Carbono 14) tornou esse assentamento
de peculiar interesse para o estudo da ocupação do estado de São Paulo por grupos
ceramistas.

Neste sítio Luciana Pallestrini adotou a mesma abordagem já utilizada para os sítios do
Paranapanema, o método de escavação em “superfícies amplas”. Os trabalhos foram
realizados numa área de 100x100 metros, embora a autora indique uma provável
extensão de 200x100 metros para o assentamento, de acordo com o exame superficial da
dispersão dos vestígios (PALLESTRINI 1981-1982: 117). A abertura de dois perfis
67

estratigráficos13 e sete trincheiras possibilitou a evidenciação de duas manchas escuras,


interpretadas como indícios de estruturas habitacionais.

Figura 7: A decapagem na Mancha 02 revelou marcas de esteios, material


cerâmico e estruturas de fogueiras (Foto: PALLESTRINI 1981-1982).

O material coletado na primeira etapa de campo correspondia a 308 fragmentos


cerâmicos e quatro urnas. Esse material não foi acessado na pesquisa ora efetuada, uma
vez que foi roubado quando de sua transferência do Museu Paulista para o Museu de
Arqueologia e Etnologia14.

Alves (1988) classificou esses fragmentos em 159 peças sem decoração, 62 peças
corrugadas, 16 peças unguladas, 70 peças com decoração pintada e 1 rolete (Prancha
07). As dimensões das urnas estão indicadas na tabela abaixo:

Tabela 4 - Urnas Coletadas na Primeira Etapa Segundo Alves (1988)


Urna Altura Diâmetro
Urna 1 - Pintada 80 60
Urna 2 – Corrugada 78 57
Urna 3 - Lisa 70 70
Urna pequena – Corrugada 35 30
(coleta em estrada vicinal próxima ao sítio)

13
Vale destacar que a amostra de carvão datada foi coletada no Perfil 1, em área adjacente a mancha 1.
14
Informações atestadas pela Profa. Dra. Márcia Angelina Alves.
68

Piedade (1994) realizou o tratamento dos restos esqueletais das urnas 1, 2 e 315, que
corresponderiam respectivamente, a um adulto jovem, um adulto e uma criança. A
autora também sugere que esses enterramentos teriam sido primários. Vale destacar que
o sepultamento primário em urnas aparece indicado na documentação etnográfica
quinhentista, sendo identificado em pesquisas arqueológicas realizadas em Araruama,
Rio de Janeiro (BUARQUE; RODRIGUES-CARVALHO; SILVA 2003).

15
O material esqueletal foi deixado, à época, com o Sr.Edson Franco de Godoy.
PRANCHA 07
1 2

LEGENDA

Urna 1 1. Urnas coletadas quando o Sr.


Urna 2 Edson Franco de Godoy fazia as
fundações de sua casa (1979).
Apenas a Urna 1 foi acessada na
presente pesquisa.

2. Fragmentos cerâmicos e
artefatos líticos coletados na
Urna 3 primeira etapa das pesquisas
realizadas no sítio. Em destaque
fragmento que fazia parte,
provavelmente, de uma vasilha de
contorno complexo destinada ao

Fonte: Arquivo Pessoal Edson Franco de Godoy

Fonte: Arquivo Pessoal Edson Franco de Godoy


armazenamento e fermentação de
bebidas. Nesse caso, essa peça
3 4
apresenta uma decoração
diferenciada com associação de
linhas vermelhas oblíquas.

3. Fragmentos cerâmicos
coletados na primeira etapa de
pesquisas.

4. Vasilha pequena corrugada.

SÍTIO FRANCO DE GODOY:


MATERIAL COLETADO EM 1979/1980

Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Fonte: PALLESTRINI 1983

Fonte: Arquivo Pessoal Profa.Dra. Márcia Angelina Alves


Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
70

As pesquisas arqueológicas no sítio foram retomadas apenas em 1992 no âmbito do


Programa de Salvamento Arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu, sob a
coordenação de José Luiz de Morais. Foi mapeada mais uma estrutura habitacional (H3),
além de novas concentrações de material cerâmico. Também foram abertas várias
sondagens em pontos aleatórios do sítio, no intuito de proporcionar a varredura do
mesmo em toda sua extensão.

A Tabela 05 apresenta uma síntese dos trabalhos efetuados nas duas pesquisas e a planta
apresentada na Prancha 08 mostra as evidências detectadas em ambas as pesquisas. A
área da Mancha 2 ou Estrutura Habitacional 2, mapeada quando dos trabalhos realizados
por Pallestrini, mostrou-se particularmente interessante ao apresentar quatro fogueiras
sendo, uma interna e três externas à mancha. Nesta mesma mancha foram detectados em
seu interior os chamados “buracos de esteio”.

Foi efetuado um diagnóstico do estado atual de conservação do sítio arqueológico, sem a


realizacao de intervenções arqueológicas. Verificamos a presença de fragmentos
cerâmicos esparsos em superfície.

Figuras 8 e 9: Visão da porção sul do sítio arqueológico e dos fragmentos cerâmicos em superfície (Maio
de 2005). As urnas 1, 2 e 3 foram coletadas durante a construção das fundações da casa evidenciada na
foto.
71

Tabela 5 – Intervenções efetuadas no Sítio Franco de Godoy


Intervenção Dimensões Evidências Etapa Observações
associadas
Trincheira 1 15 metros 1979/1980
Trincheira 2 15 metros 1979/1980
Trincheira 3 20 metros 1979/1980
Trincheira 4 40 metros 1979/1980
Trincheira 5 05 metros 1979/1980
Trincheira 6 25 metros 1979/1980
Trincheira 7 05 metros 1979/1980
Evidenciação da Aprox. 8 x 10 Estrutura de 1979/1980
Estrutura metros Fogueira
Habitacional 1
Evidenciação da 12 x 10 metros Estruturas de 1979/1980
Estrutura Fogueira/
Habitacional 2 Buracos de
Esteio
Evidenciação da Aprox. 12 x 8 Material 1992 N=7.524.047m E= 304.506m
Estrutura metros cerâmico
Habitacional 3 (coletado nas S9
e 10)
Sondagem 1 1 x 1 metro Nenhuma 1992 N=7.524.241m E= 304.410m
Sondagem 2 1 x 1 metro Material 1992 N=7.524.234m E= 304.444m
cerâmico
Sondagem 3 1 x 1 metro Nenhuma 1992 N=7.524.230m E= 304.464m
Sondagem 5 1 x 1 metro Nenhuma 1992 N=7.524.303m E= 304.481m
Sondagem 6 1 x 1 metro Nenhuma 1992 N=7.524.308m E= 304.481m
Sondagem 7 1 x 1 metro Nenhuma 1992 N=7.524.311m E= 304.484m
Sondagem 8 1 x 1 metro Nenhuma 1992 N=7.524.309m E= 304.484m
Sondagem 9 1 x 1 metro Material 1992 N=7.524.045m E= 304.493m
cerâmico
Sondagem 10 1 x 1 metro Material 1992 N=7.524.047m E= 304.506m
cerâmico
Sondagem 11 1 x 1 metro Nenhuma 1992 N=7.524.248m E= 304.684m
73

3.4.2 Sítio Arqueológico Franco de Campos (FCD)

O sítio situa-se na área arqueológica de Cachoeira de Cima, na margem esquerda do rio


Mogi Guaçu, município de Mogi Mirim. As primeiras intervenções realizadas no sítio
estiveram relacionadas ao resgate arqueológico da PCH Mogi Guaçu, realizado por
Morais (1995). Segundo o autor o sítio “Franco de Campos representa, juntamente com
Franco de Godoy, o melhor potencial de respostas no nível de interpretação
arqueológica” na área (MORAIS 1995: 89). Esses sítios encontram-se situados um
frente ao outro, porém separados pelo rio e com feições topomorfológicas bastante
diferenciadas. Enquanto o sítio Franco de Godoy encontra-se implantado em flanco
suave de uma colina, o Franco de Campos está situado junto ao rio Mogi-Guaçu, em
amplo terraço, atualmente transformado em “ilha” pelo canal da antiga usina.

Apresentaremos primeiramente os trabalhos desenvolvidos na década de 1990 por


Morais, passando a seguir às informações obtidas com as intervenções efetuadas no
âmbito dessa pesquisa. A dispersão dos vestígios arqueológicos não foi integralmente
delimitada durante os trabalhos de Morais, pois a maior parte do mesmo continuaria
preservada (MORAIS 1995), mas uma área de aproximadamente 60 x 80 metros,
apresentou alta densidade de fragmentos cerâmicos. Nesta área teriam sido mapeadas
duas estruturas habitacionais, H1 e H2, com as seguintes dimensões: 16 x 25m e 13 x
16m, respectivamente.

Figura 10: Escavações realizadas por Morais (1992)


74

Tabela 6: Intervenções efetuadas no Sítio Franco de Campos (MORAIS 1995)


Intervenção Dimensões Evidências Coordenadas UTM
associadas
Sondagem 1 1x1metro Material Cerâmico N= 7.524.283 / E= 304.254
Sondagem 2 1x1metro - N= 7.524.261/ E= 304.279
Sondagem 3 1x1metro Material Cerâmico N= 7.524.266/ E= 304.288
Sondagem 4 1x1metro Material Cerâmico N= 7.524.230/ E= 304.253
Sondagem 5 1x1metro Material Cerâmico N= 7.524.242 E= 304.260
Sondagem 6 1x1metro Material Cerâmico N= 7.524.260/ E= 304.275
Evidenciação da Estrutura Aproximadamente Material Cerâmico N= 7.524.283 / E= 304.254
Habitacional 1 (Sondagem 1) 16 x 25 metros
Evidenciação da Estrutura 13 x 16 metros Material Cerâmico N= 7.524.266/ E= 304.288
Habitacional 2 (Sondagem 3)

A situação de implantação junto ao rio faz com que o sítio arqueológico esteja sujeito,
com grande freqüência, à dinâmica erosiva deposional do rio Mogi Guaçu. À época do
resgate arqueológico foram observados muitos fragmentos cerâmicos depositados em
meio às pedras do rio, fenômeno ainda verificado durante nossos trabalhos.

Figura 11: Localização do sítio Franco de Campos, em área de


mata às margens do rio Mogi-Guaçu.

As novas intervenções realizadas no âmbito dessa pesquisa tiveram dois objetivos


principais, a saber: a delimitação integral do sítio e a coleta de amostras para datação.

Como grande parte do sítio encontra-se em área de mata tornou-se imperativa a adoção
de um método apropriado para a delimitação de sítios em áreas de baixa visibilidade e
acessibilidade. Desse modo, estabelecemos dois eixos orientados N-S e L-W, a partir do
75

quais abrimos poços testes a cada 10 metros. Essas intervenções consistiam em furos
feitos com cavadeira “boca de lobo”, alcançando cerca de 30 cm de diâmetro e 50 cm de
profundidade. Vale destacar que todo o sedimento era cuidadosamente peneirado em
níveis artificiais de 10 cm, dando confiabilidade aos resultados alcançados (conforme
proposto por ARAÚJO 2001a).

Figuras 12 e 13: Demarcação das linhas de sondagem com auxílio de bússola, abertura de poço teste com
cavadeira e peneiramento do sedimento.

Os resultados obtidos revelaram 41 eventos de detecção para 89 unidades perfuradas, ou


seja, uma porcentagem de 46% de sondagens positivas. Assim, o tamanho do
assentamento passou de 60x80m (4800 m²) para 90X160m (14400m²).

Vale destacar que, como mostra a Prancha 9, processos pós-deposicionais (culturais e


naturais) de formação do registro arqueológico afetaram a morfologia do assentamento.
A porção oeste do sítio foi afetada pela construção do canal da Usina Velha - evento
ocorrido na primeira metade do século XX, uma vez que temos sondagens positivas na
proximidade dessa construção. Por outro lado, as porções norte, sul e leste do sítio foram
afetadas pela dinâmica erosiva do rio Mogi Guaçu, tendo sido encontrados abundantes
fragmentos cerâmicos depositados entre as pedras na margem do rio. Desse modo, vale
salientar que o material arqueológico coletado por Morais (1995) nas sondagens 4, 5 e 6
advém de áreas atingidas por essas inundações.

Além das sondagens sistemáticas, foram abertas 04 unidades de escavação em locais


com concentrações de vestígios, abaixo descritas:
77

Tabela 7: Unidades de escavação abertas no sítio Franco de Campos (Julho 2006)


Dimensões Profundidade Evidências Coordenadas
Intervenção
(m) (m) associadas UTM
23K 304285/
Unidade de Escavação 01 1,00 x 1,50 1,00 Material Cerâmico
7524338
Material Cerâmico e 23K 304309/
Unidade de Escavação 02 1,00 x 1,00 1,00
Faunístico 7524366
23K 304329/
Unidade de Escavação 03 1,00 x 1,00 0,90 Material Cerâmico
7524393
23K 304259/
Unidade de Escavação 04 1,00 x 1,00 1,00 Material Cerâmico
7524383

O sedimento da área onde se encontra implantado o sítio varia entre argila silto-arenosa
(coluvião) e aluvião (areia fina e média) e os vestígios arqueológicos estão sempre
associados a camadas de solo antropogênico, com coloração escura. Na Unidade de
Escavação 03 foi identificada uma possível área de lixeira caracterizada pela presença de
terra preta associada a grande quantidade de fragmentos cerâmicos e vestígios
faunísticos (Prancha 10). Esses vestígios faunísticos estão bastante fragmentados,
tratando-se, em geral, de ossos de aves e mamíferos, predominando os últimos.

Figuras 14 e 15: Unidade de Escavação 01 e Unidade de Escavação 02

Figuras 16 e 17: Borda in loco na Unidade de Escavação 04 e Unidade de Escavação 03


79

3.4.3 Sítio Arqueológico Barragem (Brr)

O sítio Barragem, descoberto em 1994, também está localizado na área arqueológica de


Cachoeira de Cima, no município de Mogi Guaçu (Área 1).

Situado a cerca de 150 metros do rio Mogi Guaçu, em amplo terraço, este sítio
apresentou uma área de 230x150m de dispersão dos vestígios arqueológicos. Cinco áreas
mapeadas foram interpretadas como vestígios de estruturas habitacionais, o que denota
uma importância significativa desse sítio no cenário das ocupações agricultoras
ceramistas na área de Cachoeira de Cima. Cabe ressaltar que esses possíveis vestígios de
estruturas habitacionais estavam associados aos chamados solos antropogênicos
(MORAIS 1995).

Os trabalhos efetuados abordaram uma parcela do sítio, visto que parte do sítio
continuaria preservada no interior da mata vizinha (MORAIS 1995). As técnicas
arqueológicas utilizadas foram a varredura superficial - aproveitando-se da raspagem do
solo feita pelas máquinas de terraplanagem, e a abertura de 7 sondagens para verificação
em sub-superfície (MORAIS 1995). As intervenções efetuadas, assim como das
possíveis estruturas habitacionais estão apresentadas na Prancha 11.
81

3.4.4 Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba (JI)

O sítio Jardim Igaçaba está localizado na área de expansão do município de Mogi-


Guaçu, a cerca de 1700m do rio homônimo, tendo sido totalmente impactado pela
construção de um loteamento que recebeu o nome da evidência arqueológica mais
abundante na área, as igaçabas. O assentamento foi implantado em vertente de colina
ampla com depósitos aluvionais, a 50 metros sobre o nível de base local representado
pelo rio Mogi-Guaçu (MORAIS 1995).

Em 1992 a equipe do Prof. José Luiz de Morais efetuou uma visita técnica na área do
antigo sítio arqueológico, coletando informações orais com a população e efetuando o
registro do local onde os vestígios haviam sido encontrados. Verificou-se que as obras
de terraplanagem destruíram totalmente as evidências (MORAIS 1995: 86).

O levantamento do material arqueológico depositado no Museu Municipal de Mogi-


Guaçu possibilitou o acesso aos vasilhames cerâmicos coletados no sítio Jardim Igaçaba,
fato que levou a inserção do referido sítio na pesquisa, embora não contemos com
informações contextuais sobre o mesmo.

Figura 18: Coleta assistemática de peças no sítio Jardim Igaçaba, (Fonte:


Jornal Gazeta Guaçuana 1987).
82

3.4.5 Sítio Arqueológico Ipê (Ip)

O sítio Ipê, localizado no município de Mogi-Guaçu a cerca de 4600 metros do rio


homônimo, foi alvo de resgate arqueológico durante obras de duplicação de rodovia SP-
346 em 2001 (MORAIS 2002). Segundo Morais, o assentamento deu-se em um pequeno
espigão que termina no sentido noroeste, na direção geral do interflúvio entre os
córregos do Ipê e do Pantanal, tributários da micro-bacia do Oricanga, este afluente do
Mogi-Guaçu pela margem direita (MORAIS 2002).

Os trabalhos de campo efetuados por Morais (2002) possibilitaram a delimitação da área


do sítio e a coleta de vestígios arqueológicos superficiais.

Efetuamos o diagnóstico do referido sítio, no intuito de avaliarmos seu estado de


conservação e o potencial do mesmo para futuros estudos. Foram detectados vestígios
cerâmicos em superfície, evidenciando algumas concentrações de material. Uma delas
tem sido alvo de coletas assistemáticas realizadas pelo proprietário do terreno, segundo
informações orais obtidas no local. A Prancha 12 apresenta o material arqueológico
coletado em superfície, assim como as peças ora registradas.

Figuras 19 e 20: Visão sudoeste do sítio em área de atual plantio de mandioca e borda com decoração
83

Figuras 21 e 22: Visão noroeste do sítio e material arqueológico em superfície em área na qual foram
realizadas coletas assistemáticas pelo proprietário do terreno.

Araújo (2001a) chama atenção para o potencial analítico dos sítios arqueológicos em
superfície, desde que empregados métodos adequados. O autor indica que a coleta peça a
peça com auxílio de uma Estação Total possibilita um incremento significativo dos
resultados obtidos (ARAÚJO 2001a), fator observado na pequisa efetuada no sítio
Cachoeira de Emas 2, apresentado adiante. Desse modo, embora tenhamos observado
fragmentos cerâmicos na superfície do sítio Ipê, não efetuamos nenhuma coleta, pois
julgamos prudente realizar, no futuro, um trabalho sistemático com coleta ponto a ponto,
o qual proporcionará dados mais detalhados.
85

3.4.6. Sítio Arqueológico Ponte Preta (PPT)

O sítio Ponte Preta foi cadastrado por Morais (1995) também durante o Salvamento
Arqueológico na área de influencia da PCH Mogi-Guaçu. Não obstante, o sítio está
localizado a 26 km da área de Cachoeira de Cima, no Distrito de Martinho Prado. Esse
assentamento está situado a poucos metros da calha do rio Mogi-Guaçu, junto a uma
seção do canal bastante acidentada, conhecida como Cachoeira de Baixo ou Itupava-
Mirim, sendo que, entre a cachoeira e o sítio se desenvolve uma ampla área de várzea
(MORAIS, 1995: 86). O sítio está implantado a 23 metros sobre o nível de base local
representado pelo rio.

Os trabalhos de campo identificaram poucos vestígios arqueológicos espalhados em


superfície, sem estruturas arqueológicas conservadas, dado o grau de degradação da
área. Foram coletados apenas 14 fragmentos cerâmicos e 01 lítico. Realizamos uma
avaliação do sítio, que apresentou esparsos vestígios em superfície – um total de 6
fragmentos cerâmicos, configurando um sítio de baixíssima densidade, altamente
impactado pela ação antrópica, porém com informações de material arqueológico íntegro
no passado. Dado o número pouco expressivo de fragmentos que compõe o conjunto
artefatual desse sítio, o mesmo não foi alvo de análise, ficando nossas atividades restritas
a documentação das evidências.

Figuras 23 e 24: Visão geral do sítio arqueológico inserido na média encosta do terraço estrutural da
margem direita do rio Mogi e fragmento cerâmico em superfície.
86

3.4.7 Sítio Arqueológico Lambari II (LabII)

A escolha de um sítio localizado na bacia do rio Pardo16, mesmo que sob influência da
bacia do Mogi Guaçu, teve como objetivo detectar ou não uma variabilidade maior entre
os artefatos cerâmicos desse conjunto em relação aos demais conjuntos evidenciados na
bacia do Mogi. Ademais, esse sítio pode fornecer dados diferenciados sobre o padrão de
estabelecimento dessas populações na bacia do Pardo. Outro fator decisivo na escolha
desse sítio foi que ele já vem sendo abordado desde nossa pesquisa de iniciação
cientifica, revelando uma problemática interessante ao estar a cerca de 1 km de uma
ocupação de um grupo ceramista diferenciado (AFONSO; MORAES 2003, 2006).

O sítio Lambari II está implantado em uma alta vertente até uma ruptura brusca na
declividade da encosta que apresenta o ribeirão Lambari na sua base, ocupando posição
privilegiada, pois se encontra em uma das vertentes que formam o interflúvio do ribeirão
Congonhas e do Lambari, ambos afluentes do rio Pardo. Os vestígios arqueológicos
ocupavam uma área de aproximadamente 160 x 180 m, estes se encontravam espalhados
tanto na faixa de domínio, que seria impactada pela duplicação da estrada, quanto na
área de cultivo de algodão.

Figura 25: Vista geral do sítio Lambari II

Procedeu-se primeiramente, em campo, a uma limpeza da cobertura vegetal na faixa de


domínio da Rodovia SP-340, para uma melhor visualização dos vestígios, marcados com

16
Esse sítio foi pesquisado durante o “Resgate Arqueológico dos Sítios Água Branca, Lambari I e
Lambari II, Municípios de Casa Branca e Mococa - SP”, desenvolvido por Afonso (2001), no âmbito da
duplicação da Rodovia SP-340.
87

o auxílio de bandeiras. O fator tempo impediu a realização da coleta da totalidade do


material arqueológico do sítio, assim o trabalho na faixa de domínio foi privilegiado,
pois a maior parcela do sítio continua na área cultivada e não na faixa de domínio,
permitindo que, mesmo com as obras de duplicação, outras informações possam ser
obtidas com o detalhamento necessário.

Foi utilizada a estação total para mapear o perímetro do sítio, os pontos importantes para
os trabalhos topográficos e uma área de coleta de 5 metros por 5 metros. As oito
sondagens confeccionadas também foram demarcadas com a estação total (Prancha 13)
e permitiram o controle da estratigrafia do sítio.

Tabela 8: Intervenções efetuadas e Estruturas evidenciadas no Sítio Lambari II


Intervenção Dimensões Evidências associadas Coordenadas UTM (23K)
Sondagem 1 1x1m Material Cerâmico/ Lítico N= 7.602.286 / E= 287.291
Sondagem 2 1x1m Material Cerâmico N= 7.602.238 / E= 287.261
Sondagem 3 1x1m Material Cerâmico N= 7.602.286 / E= 287.291
Sondagem 4 1x1m - N= 7.602.309 / E= 287.208
Sondagem 5 2 x 1,5 m Vasilha cerâmico de grandes N= 7.602.267 / E= 287.304
proporções in loco
Sondagem 6 1x1m Material Cerâmico N= 7.602.216 / E= 287.253
Sondagem 7 1x1m -
Sondagem 8 1x1m - N= 7.602.215 / E= 287.351
Área de Coleta 5x5m Material Cerâmico/ Lítico N= 7.602.207 / E= 287.246
Superficial

Figura 26: Material cerâmico in loco na Sondagem 5.

Vale ressaltar que mais de 3000 peças foram marcadas na superfície no sítio quando do
resgate arqueológico, mas as mesmas não foram coletadas devido ao fator tempo.
Contudo, em etapa de campo subseqüente, quando a equipe se direcionava para o resgate
88

do sítio Lambari I – sítio lítico encontrado também nos trabalhos de resgate na SP-340,
mas que não compõe a problemática do presente projeto, foi feita uma visita ao sítio
Lambari II. O algodão havia sido colhido e o terreno apresentava-se totalmente arado, no
entanto, não foi localizada a mesma densidade de material arqueológico em superfície. O
soterramento das peças em superfície confirma o fato de que a atuação do arado
provoca, sobretudo, a movimentação vertical das peças (para maiores detalhes ver
ARAÚJO 2001a).

Figura 27: Vista geral do sítio após a colheita do algodão.

As sondagens 4, 7 e 8 não apresentaram material arqueológico, enquanto as sondagens 5


e 6 foram as que proporcionaram maior quantidade de material. O material arqueológico
ocorreu até 50 cm de profundidade.

Durante os trabalhos de prospecção arqueológica17 foi realizada uma coleta seletiva de


superfície, assim como sondagens na faixa de domínio, entretanto estas coletas não
aparecem indicadas no mapa do sítio apresentado a seguir.

17
Trabalho realizado pela empresa Scientia Consultoria Científica S/C Ltda
90

3.4.8 Complexo Cachoeira de Emas

A análise da Coleção Manuel Pereira de Godoy coletada em Cachoeira de Emas,


Pirassununga - apresentada no Capítulo 4, aponta para uma densa ocupação dessa área
por grupos associados à tradição Tupiguarani e a localização dos vestígios nas
proximidades de uma área de uma cachoeira mostra o mesmo padrão de estabelecimento
verificado na área de Cachoeira de Cima, município de Mogi Guaçu.

A referência de Tibiriçá (1935) aos vestígios arqueológicos de Cachoeira de Emas, nos


leva a crer que a área foi alvo de diversas coletas assistemáticas. A obra de Manuel
Pereira de Godoy, com pesquisas realizadas ainda na década de 1940, também em
caráter assistemático, oferece importantes informações acerca da ocupação indígena da
região. Godoy indica cinco áreas de ocorrências arqueológicas, assim descritas:
“Como áreas permanentes (tabas) e de importância, dentro de Pirassununga,
tínhamos 5 aldeamentos: 4 em ‘Pirá sununga’ (atual Cachoeira de Emas)
sendo 2 localizados à esquerda do Mogi Guassu, respectivamente, um onde
está a EEBP-Pirassununga e outro onde está a Fazenda da Aeronáutica, na
área ocupada pelas Casas dos Oficiais inferiores, antes de ser atingida a
estrada de ferro da FEPASA; e 2 à direita do Mogi Guassu, respectivamente,
um onde está a área de cultivo da Fazenda dos Furlan, atrás da Fábrica de
Papelão e além da estrada que conduz aos ‘pesqueiros’ entre Cachoeira de
Emas e o Funil Grande; e outro na área da atual Fazenda Mandureba, da
família Marcinelli e que, antigamente, pertencera à família Fontanari. Um
quinto aldeamento estava localizado perto da foz do Rio Jaguari Mirim, na
área do atual bairro de Santa Teresa...” (GODOY 1974: 153, grifo nosso)

Essas áreas podem ter correspondido a cinco sítios arqueológicos, no entanto, o material
acessado na Coleção Particular de Godoy apresenta peças coletadas em apenas três
pontos: Fazenda Elói Chaves, Estação Experimental de Biologia e Piscicultura (EEBP) e
Vila de Oficiais da Aeronáutica, o que leva a crer que ainda não foi acessada toda a
coleção formada pelo pesquisador18.

No presente trabalho optamos por denominar essa área como “Complexo Cachoeira de
Emas”, uma vez que estamos lidando com uma área com alto potencial arqueológico,
que requer necessariamente, trabalhos de prospecção sistemática que avaliem a
dispersão dos sítios arqueológicos e seu estado de conservação, dentro de um programa
de gestão do patrimônio arqueológico. Vale destacar que, além dos sítios associados à

18
Parte dessa coleção estaria, conforme indicações do autor (GODOY 1974), no Museu da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, mas não identificamos a presença dessa coleção nessa instituição.
91

tradição Tupiguarani, temos na área sítios com indústrias cerâmicas diferenciadas e


sítios líticos.

Objetivando uma visão regional da ocupação indígena nessa micro-região realizamos as


primeiras prospecções na área, além de colaborarmos no resgate de dois sítios
arqueológicos no âmbito da construção da Ponte de Concreto sobre o rio Mogi Guaçu
(ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006b). Os sítios Cachoeira de Emas 1 e 2 estão
localizados na margem direita do rio Mogi-Guaçu, onde Manuel Pereira de Godoy
também realizou coletas, correspondendo a pontos próximos ao local indicado como
“Fazenda dos Furlan” (GODOY 1974: 153).

Enquanto o sítio Cachoeira de Emas 2 apresentou material associado à tradição


Tupiguarani – sendo incorporado a essa pesquisa e detalhado a seguir, o sítio Cachoeira
de Emas 1 apresentou uma indústria cerâmica diferenciada, caracterizada por paredes de
espessuras refinadas, pastas com antiplástico vegetal (cariapé), queima redutora, bordas
reforçadas com lábio plano e ausência de decorações, semelhante ao material
evidenciado no sítio Água Branca, município de Casa Branca (AFONSO; MORAES
2006)

Vale destacar que, exceto os sítios Cachoeira de Emas 1 e 2, identificados no âmbito de


um resgate arqueológico, os demais sítios e ocorrências apresentados foram localizados
a partir de prospecções que se valeram apenas de caminhamentos superficiais em áreas
selecionadas, para as quais contávamos com informações orais a respeito da existência
de vestígios arqueológicos. Ademais, todas as evidências arqueológicas localizadas
correspondem às áreas indicadas por Godoy (1974), como locais de antigas aldeias.

Os dados advindos desse trabalho de resgate, aliados às prospecções realizadas revelam


um quadro interessante para ocupação dessa área, conforme mostra a Tabela a seguir:
92

Tabela 9: Sítios e ocorrências arqueológicas na área de Cachoeira de Emas


Sítio/ Ocorrência Evidências associadas Uso/ Ocupação atual do Coordenadas UTM (23K)
solo
Sítio Cachoeira de Material cerâmico e Plantio de cana-de-açúcar 23K 0255430/ 7574311
Emas 1 litíco (não associado à
Tradição Tupiguarani)
Sítio Cachoeira de Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0254991/ 7573924
Emas 2 associado à Tradição
Tupiguarani
Sítio Cachoeira de Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23 K 256210 7574383
Emas 3 associado à Tradição
Tupiguarani
Sítio Cachoeira de Material lítico lascado Terreno da Pousada da 23K 0255477/ 7573709
Emas 4 Cachoeira
Ocorrência 1 Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0254748/ 7574661
Ocorrência 2 Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0254041/ 7574534
Ocorrência 3 Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0254004/ 7574376
Ocorrência 4 Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0254132/ 7574106
Ocorrência 5 Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0256388/ 7574386
Ocorrência 6 Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0256636 7574429
Ocorrência 7 Material cerâmico e Plantio de cana-de-açúcar 23K 0256774 7574114
lítico
Ocorrência 8 Material cerâmico e Área pertencente ao Ibama 23K 0254405 7573164
lítico
Ocorrência 9 Material cerâmico Plantação de Laranja 23K 0252114 7573822
Ocorrência 10 Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0254674 7573987
Ocorrência 11 Material cerâmico Plantio de cana-de-açúcar 23K 0254740 7573920

Figuras 28 e 29: Caminhamento na área de Ocorrência 4, na margem esquerda do Córrego da Reconquita.


Visão Geral na área de Ocorrência 8 em terreno pertencente ao CEPTA – Ibama, na margem esquerda do
rio Mogi-Guaçu.

A Prancha 14 mostra a localização das ocorrências e sítios arqueológicos, evidenciando


que algumas ocorrências podem estar relacionadas a áreas periféricas dos referidos
93

assentamentos, a saber: Ocorrência 5 associada ao sítio Cachoeira de Emas 3;


Ocorrências 10 e 11 associadas ao sítio Cachoeira de Emas 2.

Trabalhos futuros poderão averiguar se as demais ocorrências ora apresentadas


configuram novos sítios arqueológicos, tarefa impossibilitada pela falta de visibilidade
nas referidas áreas onde só pudemos constatar a presença de vestígios arqueológicos nos
carreadores de cana. Ademais, optamos por não associá-las a priori à tradição
Tupiguarani, uma vez que contamos com ocupações diferenciadas nessa micro-região. O
sítio Cachoeira de Emas 1, por exemplo, havia sido enquadrado como pertencente à
tradição Tupiguarani, fato não corroborado pelo resgate arqueológico que evidenciou
uma indústria cerâmica bastante diversa daquela comumente relacionada àquela tradição
(ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006b).

O sítio Cachoeira de Emas 3, por sua vez, forneceu vestígios indubitavelmente


associados à tradição Tupiguarani, com presença de bordas carenadas e fragmentos com
decoração pintada, corrugada e ungulada.

Figuras 30 e 31: Localização do sítio Cachoeira de Emas 3 e documentação dos vestígios evidenciados.

O sítio Cachoeira de Emas 4 forneceu apenas material lítico lascado em superfície, com
o predomínio de lascas de silexito. Uma vez que não se insere na problemática dessa
pesquisa, foi realizado apenas seu cadastro. Nesse sentido, dos sítios ora cadastrados
nessa micro-região, o sítio Cachoeira de Emas 2 foi alvo de um estudo mais
aprofundado, detalhado a seguir.
PRANCHA 14

7575000

1
2
3 3 5 6
1
4 7
10 7574000
11 2
9
4 LEGENDA

n SítioArqueológico;

n Ocorrência arqueológica.

8
7573000 COMPLEXO CACHOEIRA DE EMAS:
LOCALIAÇÃO DOS VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS

ESCALA
0 200 400 600 800 1000 km

Base Cartográfica: Google Maps


Http://maps.google.com/ (acessado em 01/05/07)
252000 253000 254000 255000 256000 257000

Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso
95

3.4.8.1. Sítio Arqueológico Cachoeira de Emas 2 (CE2)

O sítio Cachoeira de Emas 2 encontra-se implantado em um topo de colina suave, a


cerca de 600 m do sítio Cachoeira de Emas 1, e a 400 metros do rio Mogi Guaçu.
Metodologicamente, procedemos à demarcação das peças na superfície por meio de
caminhamento sistemático. Esse procedimento permitiu a identificação de duas
concentrações de material arqueológico e revelou uma grande área de dispersão de
vestígios (280x180m). A concentração 1 apresentou dimensões de 40m x 80m, enquanto
a concentração 2 revelou uma dimensão 60m x 40m (Prancha 15). Foi realizada a coleta
peça a peça com auxílio do Teodolito Ótico, totalizando mais de 1500 peças em
superfície.

Figuras 32 e 33: Caminhamento sistemático para localização das peças em superfície e material
demarcado com auxílio de bandeiras.

A área do sítio sofreu durante décadas atividades de aração, relacionada nos últimos
anos ao plantio de cana-de-açúcar. Pesquisas têm indicado que o arado não tem uma
ação tão destrutiva, como se acreditava anteriormente. Segundo Araújo (2001a) a
definição de sítios pertubados ou destruídos passa pelo fato dos mesmos estarem
próximos à superfície, partindo de uma idéia errônea de que apenas sítios enterrados
apresentam potencial interpretativo. No entanto, todo sítio enterrado já esteve exposto
em superfície e, em relação ao arado sabe-se que “o principio de funcionamento do
arado e implementos agrícolas consiste basicamente em revolver a terra, não em
transportá-la” (ARAÚJO 2001a: 118).
96

O mesmo autor, ao fazer uma síntese de trabalhos que realizaram experimenções sobre a
atuação do arado em materiais arqueológicos superficiais, conclui que a movimentação
vertical pode chegar a uma média de 40 cm, enquanto a horizontal varia de 2 a 3 metros
(ARAÚJO 2001: 118-124). Assim, as peças maiores tendem à superfície e há uma perda
de resolução, mas que não torna a disposição dos objetos aleatória. Os resultados serão
mais precisos quanto melhor a sistematização da coleta dos objetos, sendo que coletas
sucessivas podem fornecer parâmetros mais seguros a respeito da composição do
registro arqueológico em estudo. Desse modo, o sítio Cachoeira de Emas 2, apesar de ter
sofrido a atuação constante do arado, forneceu informações relevantes uma vez que
contamos com o mapeamento de duas áreas de concentração de vestígios.

Foram abertas 99 sondagens para aferição da extensão do sítio em subsuperfície, tendo


sido detectadas 08 sondagens positivas (8,08%). Dentre as sondagens positivas 04 estão
associadas à concentração 01; 01 à concentração 02; 02 estão na parte central do sítio
(fora das concentrações) e 01 na porção sul do sítio. Ademais foram abertas 04 Unidades
de Escavação, abaixo descritas, para verificação estratigráfica e coleta de material para
datação.

Tabela 10: Unidades de escavação no sítio Cachoeira de Emas 2


Dimensões Profundidade Material
Unidade Observações
(cm) (cm) Arqueológico
UE na área de concentração de
01 100 x 100 100 Sim
vestígios
UE na área de concentração de
02 100 x 100 100 Sim
vestígios
03 100 x 100 100 Sim UE no eixo do empreendimento
04 100 x 100 100 Não UE no eixo do empreendimento

Cabe destacar que as atividades ora efetuadas tiveram como objetivo a salvaguarda do
patrimônio no âmbito do empreendimento projetado, motivo pelo qual as sondagens não
avançaram na porção noroeste do sítio, embora tenhamos nessa área peças em superfície
(Concentração 2). A realização de outras etapas nesse sítio poderá complementar os
dados ora apresentados. As unidades de escavação também revelaram uma única camada
estratigráfica caracterizada por sedimento argilo-arenoso de coloração avermelhada.
98

3.4.9 Sítio Arqueológico Ribeira (Ri)

O sítio arqueológico Ribeira localiza-se na fazenda de nome homônimo, no município


de Luis Antônio, estando inserido, portanto, na Área 4 da presente pesquisa. Esse sítio
revelou uma dimensão de aproximadamente 200x200 metros, não sendo observadas,
quando da realização dos trabalhos de campo, concentrações distintas de vestígios em
superfície (CALDARELLI 1983).

Vale ressaltar que, antes do desenvolvimento da pesquisa arqueológica, esse sítio foi
alvo de coletas assistemáticas por parte do Alaur da Matta, professor local e arqueólogo
amador. Caldarelli (1983) chegou a exumar parte desse acervo, assim como registrou a
presença de duas urnas na coleção particular do referido senhor. Atualmente, esse acervo
encontra-se reunido no Museu de São Simão, estando apresentado no Capítulo 4.

O assentamento encontra-se implantado a 250 metros de um córrego que deságua


diretamente no rio Mogi Guaçu, que dista cerca de 1800 metros do referido sítio. O
relevo da região caracteriza-se por elevações suaves, entalhadas por córregos,
apresentando platôs extensos. O sítio arqueológico Ribeira encontra-se inserido em
colina suave e extensa. Apresenta-se em cota altimétrica de 640 metros e o sedimento é
o do tipo areno-argiloso avermelhado.

Quando dos trabalhos de campo, o sítio estava associado a áreas de pasto e plantação de
milho, sendo que uma estrada não pavimentada havia cortado o sítio, afetando a
disposição dos vestígios arqueológicos. Foram delimitadas aleatoriamente três áreas de
30x30m para coleta de vestígios em superfície nas concentrações de peças. Também foi
efetuada uma sondagem para verificação da estratigrafia do sítio, a mesma revelou uma
camada arqueológica com 25 cm de espessura, a partir da superfície (CALDARELLI,
1983). A Prancha 16 mostra o croqui com as respectivas áreas de coleta de material,
assim como o ponto onde uma das urnas teria sido coletada.
PRANCHA 16

córrego

arado

Rio Mogi Guaçu


ESTRADA
LEGENDA

mata primária Delimitação do sítio

Cerca
B C
milho Estrada
Córrego
pasto
Áreas de coleta

Urna
ESTRADA p/ Luís Antônio

A
ESCALA
urna ESCALA
milho 0 20 40 60m
0 20 40 60m
Fonte: Croqui de campo adaptado de Caldarelli (1983)

sete da Fazenda Ribeira


SÍTIO RIBEIRA:
CROQUI GERAL
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
100

O mapeamento é o procedimento básico inicial para compreender os padrões de


distribuição dos sítios arqueológicos, assim, para a Área 4 a localização de cada um dos
sítios tornou-se imperativa, uma vez que dispunhamos apenas de coordenadas
geográficas aproximadas dos contextos abordados. Desse modo, efetuamos uma visita ao
sítio Ribeira, tendo sido localizados apenas alguns fragmentos cerâmicos dispersos em
superfície, principalmente na área da estrada adjacente ao pasto. Parte do sítio
encontrava-se ocupada por cana alta quando das atividades de campo, dificultando a
visualização das peças em superfície.

Tabela 11: Coordenadas e Uso e Ocupação do Solo (Abril de 2006)


Coordenadas Uso e Ocupação Coordenadas Uso e Ocupação do
Sítio geográficas - do Solo - Década UTM - Abril de Solo - Abril de
Década de 1980 de 1980 2006 2006
21º 41’S 23 K 7600466/
Ribeira Pasto/ Milho Pasto/ Cana
47º 45’W 0214165

Figuras 34 e 35: Caminhamento na área de pasto onde ocorrem fragmentos cerâmicos de modo esparso e
fragmento cerâmico corrugado, encontrado na superfície do sítio.
101

3.4.10 Sítio Arqueológico Monjolo (Mj)

O sítio Monjolo está localizado Fazenda Ribeira, município de Luis Antônio. Na mesma
fazenda foi encontrado o sítio arqueológico Ribeira, anteriormente explicitado. Embora
tenha apresentado uma densidade baixa de vestígios cerâmicos, a equipe de Caldarelli
(1983) conseguiu delimitar uma área de dispersão dos fragmentos em 100 x 150 metros.

O sítio arqueológico encontra-se a 280 metros do Córrego do Monjolo e a


aproximadamente 1 km do rio Moji-Guaçu. O relevo da área é representado por
vertentes longas e suaves e o sítio encontrava-se implantado em média vertente. O sítio
apresenta-se em cota altimétrica de 600 metros. O sedimento apresentou-se marrom-
avermelhado argiloso e a vegetação pode ser caracterizada por cerrado adjacente a mata
galeria.

Este sítio estava próximo à olaria da fazenda Ribeira, conforme indicado no croqui de
campo (Prancha 17), junto a uma fonte de argila no leito do Córrego do Monjolo. Essa
fonte de matéria-prima foi, certamente, um fator atrativo para instalação do grupo
agricultor ceramista na área em tempos pretéritos.

Segundo Caldarelli (1983) foram delimitadas duas áreas de 8x8m para coleta de
vestígios em superfície. Também foi efetuada uma coleta aleatória de bordas com intuito
da realização de reconstituições morfológicas, uma vez que as coletas efetuadas nas
áreas determinadas não ofereceu um número significativo de peças diagnósticas.
PRANCHA 17

olaria
N

LEGENDA

Delimitação do sítio
B Cerca

Áreas de coleta

pequena concentração ESCALA


ESCALA
0 5 10 15m
0 5 10 15m
Fonte: Croqui de campo adaptado de Caldarelli (1983)

SÍTIO MONJOLO:
CROQUI GERAL
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
103

Durante atividade de reconhecimento da sítio verificamos que o mesmo encontra-se


atualmente em área destinda ao plantio de cana-de-açúcar, sendo detectados inúmeros
fragmentos cerâmicos em um dos carreadores de cana. Do mesmo modo, procedeu-se ao
registro das coordenadas UTM de localização dos vestígios.

Tabela 12: Coordenadas e Uso e Ocupação do Solo (Abril de 2006)


Sítio Coordenadas Uso e Ocupação Coordenadas UTM Uso e Ocupação
geográficas Atual do Solo (Abril de 2006) Atual do Solo
(Década de 1980) (Década de 1980) (Abril de 2006)
Monjolo 21º 42’S Arado 23 K 7599547/ Cana
47º 45’W 0214431

Figuras 36 e 37: Indicação da área de localização do sítio (visão tomada a partir do sítio Ribeira) e fragmentos
cerâmicos em superfície.
104

3.4.11 Sítio Arqueológico Córrego do Canavial (CC)

O sítio localiza-se na Fazenda Cabeceira do Córrego do Canavial, município de Luis


Antônio. A área de dispersão dos vestígios arqueológicos foi delimitada em 180x160
metros, entretanto, ao contrário dos sítios Ribeira e Monjolo, o sítio Córrego do Canavial
apresentou concentrações de material arqueológico bem delimitadas. Caldarelli (1983:
70) indica que essas concentrações podem corresponder às antigas localizações das
estruturas habitacionais. Os limites e as disposições dessas prováveis cabanas estão
representados na Prancha 18, no entanto, a morfologia da cabana associada à
Concentração A não foi reconstituída devido a maior dispersão dos fragmentos nessa
porção do sítio – fenômeno interpretado à época como resultado da ação do arado.

O sítio arqueológico encontra-se implantado entre riachos e minas laterais localizados a


cerca de 250m do sítio e a aproximadamente 1300 metros do rio Mogi Guaçu. O relevo
da área é representado por vertentes longas e suaves e o sítio encontra-se implantado em
média vertente de colina suave e extensa. O sítio apresenta-se em cota altimétrica de
600m. O sedimento apresentou-se argiloso marrom-avermelhado e a vegetação pode ser
caracterizada por ex-cerrado, em transição para mata. Também foi verificada abundância
de fontes de argila na área.

Foram realizadas coletas superficiais nos quatro pontos de concentração cerâmica. No


entanto, apenas na coleta D foi realizada a coleta de todo material em superfície, nas
demais foi feita coletas por amostragem em quadras de 5x5 metros. Também foi
efetuada uma sondagem para verificação da estratigrafia do sítio, revelando uma
espessura de 50 cm para a camada arqueológica. Caldarelli indica ainda a possibilidade
da aldeia se estender para a área sul da estrada que perpassa o sítio, uma vez que a
mesma não foi prospectada devido à existência de pasto nessa porção da área.
PRANCHA 18

3
Limites das c
cerâmica LEGENDA

Prováveis lim Limites das


das estrutura concentrações cerâmicas

Áreas de cole Prováveis limites e


orientações das estruturas
habitacionais

2 Áreas de coleta
ESCALA
0 5 10 15m

ESCALA
0 5 10 15m
1 Fonte: Croqui de campo adaptado de Caldarelli (1983)

SÍTIO CÓRREGO DO
ESTRADA CANAVIAL: CROQUI GERAL

Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
106

Atualmente o sítio encontra-se implantado em área de plantio de cana-de-açúcar, tendo


sido registrado poucos fragmentos em superfície. Foi realizado o registro das
coordenadas UTM de localização dos vestígios e a documentação fotográfica do local. .

Tabela 13: Coordenadas e Uso e Ocupação do Solo (Abril de 2006)


Sítio Coordenadas Uso e Ocupação Coordenadas UTM Uso e Ocupação Atual
geográficas Atual do Solo (Abril de 2006) do Solo (Abril de
(Década de 1980) (Década de 1980) 2006)
Córrego do 21º 41’S Ex-cerrado em 23 K 7600004/ Cana
Canavial 47º 47’ W transição para a 0211648
mata

Figuras 38 e 39: Vista geral do sítio e fragmento cerâmico em superfície.


107

3.4.12 Sítio Arqueológico Bom Retiro (BR)

O sítio situa-se na Fazenda Bom Retiro, município de Luis Antônio. Apresentando uma
área de dispersão dos vestígios arqueológicos de 180x130 metros, o sítio arqueológico
também forneceu pontos de maior densidade de fragmentos cerâmicos, no entanto, esses
pontos não tiveram seus limites bem definidos, impedindo a possível reconstituição de
prováveis áreas de estruturas habitacionais.

Dos sítios localizados na Área 4, o Sítio Bom Retiro é o único datado até o momento. A
datação em 924 anos BP, efetuada pelo método da termoluminescência no Instituto de
Física da USP, aponta para uma ocupação bastante recuada dessa área por grupos
ceramistas associados à tradição Tupiguarani.

Esse sítio tem como água mais próxima o Córrego da Divisa, distando cerca de 800
metros do rio Mogi Guaçu. O relevo da área é ondulado com vertentes suaves e o sítio
encontra-se implantado em meia vertente. O sítio apresenta-se em cota altimétrica de
600m. O sedimento apresentou-se argiloso marrom-avermelhado e argiloso. A vegetação
original era caracterizada por um cerrado adjacente à mata galeria, mas quando dos
trabalhos de campo, a área era usada para pasto e plantação de cana.

Foram realizadas coletas superficiais totais nas áreas de maior densidade de peças,
procedimento diferenciado daquele adotado nos outros sítios da mesma área. A
documentação de campo indica uma espessura de 20cm da camada arqueológica. A
Prancha 19 apresenta um croqui com as respectivas áreas de coleta.
PRANCHA 19

es
tr a
da
C

LEGENDA

Delimitação do sítio

Cerca

pas Estrada
to A
Áreas de coleta

ESCALA
0 10 20 30m

Fonte: Croqui de campo adaptado de Caldarelli (1983)

ESCALA
Delimitação do sítio SÍTIO BOM RETIRO:
0 10 20 30m
CROQUI GERAL
C Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
109

Dentre os sítios da Área 4, todos submetidos à reavaliação, o sítio Bom Retiro foi o que
apresentou uma maior densidade de fragmentos cerâmicos em superfície. Atualmente o
sítio encontra-se implantado em área destinada ao plantio de laranja, sendo efetuado o
registro das coordenadas UTM de localização dos vestígios e a documentação
fotográfica do local. .

Tabela 14: Coordenadas e Uso e Ocupação do Solo (Abril de 2006)


Sítio Coordenadas Uso e Ocupação Coordenadas UTM Uso e Ocupação
geográficas Atual do Solo (Abril de 2006) Atual do Solo
(Década de 1980) (Década de 1980) (Abril de 2006)
Bom Retiro 21º 41’S Pasto/ Cana 23 K 7599565/ Laranja
47º 46’ W 0213254

Figuras 40 e 41: Caminhamento na área do sítio e fragmentos cerâmicos em superfície.


110

CAPÍTULO 4
111

4. ESTUDO DOS CONJUNTOS ARTEFATUAIS

4.1 O Estilo Tecnológico

Na análise da variabilidade formal dos conjuntos selecionados utilizamos o conceito de


Estilo Tecnológico, considerando o mesmo como uma maneira de fazer algo em um
determinado tempo e lugar (SACKETT 1977). Esse conceito revelou-se extremamente
profícuo, uma vez que nos levou a um questionamento constante sobre o porquê das
escolhas tecnológicas evidenciadas durante o estudo da cadeia operatória dos artefatos
cerâmicos. Nesse sentido, esse item discorre sobre algumas das perspectivas teórico
metodológicas adotadas na análise da variabilidade formal dos artefatos.

O conceito de estilo foi tratado por diversos autores, não existindo um consenso quanto a
sua definição ou natureza. Desse modo, pretendemos pontuar algumas visões sobre o
conceito, explicitando quais idéias influenciaram no desenvolvimento desse trabalho.

Para Martin Wobst o “estilo tem função” (WOBST Apud HEGMON 1998: 264), sendo
a parte da variabilidade formal que participa de processos de troca de informação. Ou
seja, o estilo seria sempre ativo, residindo em aspectos da variabilidade formal nas quais
o (a) artesão (ã) coloca intencionalmente sinais (WOBST Apud DAVID; KRAMER
2001: 170). Nesse sentido, vale destacar que o autor está associado à Teoria da Troca de
Informação, na qual o estilo é tido como uma decisão consciente, sendo uma resposta
adaptativa em relação a uma condição social, ecológica ou individual, assim, a emissão
de mensagens por meio da cultura material seria interessante para idéias que mudam
lentamente, exigindo pouca manutenção, além disso, os objetos portáteis e visíveis
seriam os mais adequados (DAVID; KRAMER 2001).

Por outro lado, a Teoria da Interação Social - na qual podem ser incluídos os trabalhos
de Plog e Deetz, postula que o estilo é resultante de processos de enculturação, onde
determinadas redes de ensino-aprendizagem geram uma homogeneidade, ou seja, o
estilo é passivo, resultado de normas sociais (CARR 1995: 153). A teoria da interação
112

social pode ser associada à escola histórico-cultural, mas a ênfase na interação como
geradora de variabilidade aparece em trabalhos mais recentes, que tornaram a discussão
mais complexa.

Arnold (1994), por exemplo, ao testar os padrões de residência/ descendência na


fabricação de potes em Ticul, México, demonstrou que a similaridade estilística não
significa sempre que a sociedade é matrilocal. Para o autor a proximidade espacial seria
a chave para entender a variabilidade artefatual, pois ela facilita e/ou dificulta a interação
social entre os (as) ceramistas. Ademais, o autor mostra que o estilo, construído nas
redes de ensino-aprendizagem, é mais marcado nas técnicas de construção, nas quais o
hábito motor é ensinado, do que em atributos visíveis, como por exemplo, a decoração
(ARNOLD 1994)

No mesmo ano do trabalho de Wobst, temos o artigo de James Sackett (1977) no qual o
autor lança as bases de um modelo para a compreensão do significado do estilo na
arqueologia. Ao contrário de Wobst, Sackett aponta que o estilo pode ser passivo ou
ativo, criando os conceitos de estilo isocréstico e iconológico, os quais refletem,
respectivamente, enculturação versus comunicação como determinantes do estilo.

Sackett apresenta algumas idéias de suma importância: a primeira é que o estilo diz
respeito a uma maneira de fazer algo em um determinado tempo e lugar, a segunda é que
estilo e função são aspectos indissociáveis e, por fim, que a análise do estilo e função dá
conta da explanação acerca da variabilidade artefatual (SACKETT 1977: 370), postura
que adotamos nesse trabalho.

Se o estilo e a função são aspectos complementares, o estilo reside justamente nas


escolhas na qual se dá uma determinada forma, destinada a uma função específica, essas
escolhas vão além dos atributos decorativos, configurando o conceito de variação
isocréstica. Por exemplo, na produção de um pote cerâmico para um determinado fim
utilitário, o artesão(ã) tem que escolher, conscientemente ou não, entre uma variedade
considerável de alternativas isocrésticas, no que diz respeito às argilas, temperos,
formas, espessuras, técnicas de construção e queima, algumas ou, possivelmente todas,
etnicamente, e por isso, estilisticamente, significativas. O autor rejeita uma abordagem
113

apenas iconológica uma vez que ela estaria em aliança com um “adjunctism” – vale
destacar a diferença entre forma adjunta e “adjunctism”, sendo este último aliado à idéia
de que o estilo reside apenas na decoração (SACKETT 1991: 42).

Vale destacar que, no estudo da cerâmica associada a tradição Tupiguarani, objeto dessa
pesquisa, o risco reside na supervalorização dos atributos decorativos. Como aponta
Sackett, nenhum elemento oferece uma gama de escolhas tão ampla como a decoração,
mas a escolha está envolvida em todo processo de produção dos artefatos, sendo
determinada culturalmente (SACKETT 1991: 34).

A relação entre estilo, função e etnicidade foi tratada de modo mais aprofundado no
debate travado entre Sackett e Wiessner. A autora trabalhou com o conceito de
organização tecnológica (que enfatiza estratégias econômicas para lidar com o
ambiente), mas, ao mesmo tempo, pensou em estratégias nas quais as variações
estilísticas das pontas de projétil San, do deserto do Kalahari, estão associadas aos laços
de reciprocidade entre os diversos grupos lingüísticos que ocupavam a região
(WIESSNER 1983). Para a autora o estilo é utilizado como instrumento para transmitir
mensagens a respeito da identidade social (estilo emblemático associado a uma
linguagem simbólica coletiva) e individual (estilo assertivo associado a uma visão
pragmática e idiossincrática), apresentando, de certa forma, idéias bastante próximas à
visão já pontuada por Wobst (Teoria da Troca de Informação). Esse trabalho sofreu
duras críticas de Sackett, uma relacionada à idéia de que estilo simboliza etnicidade a
partir de uma auto-denominação dos indivíduos – para Sackett essa diferenciação
também decorre das tradições artesanais e das redes de ensino-aprendizagem, e a outra é
que para a autora o estilo estaria presente em apenas algumas características formais,
resultando no que Sackett entende como uma dicotomia entre estilo e função.

Embora exista uma infinidade de definições de estilo, ainda são poucas as tentativas em
se criar uma metodologia de como abordar o fenômeno estilístico na cultura material.
Para alguns autores, como David e Kramer (2001) seria impossível formular uma teoria
geral do estilo, já para Carr (1995) e Hegmon (1998) é possível pontuar alguns
princípios gerais que norteiam o debate.
114

Carr chama atenção para os múltiplos estilos do artefato, apontando algumas


considerações na criação de uma teoria de alcance médio para o estudo do estilo, no qual
pontua a necessidade da ampliação do conjunto de atributos “formais” que são
considerados na análise, assim como a ampliação do conjunto de processos causais e
coerções correspondentes. O autor também coloca como imperativa a adoção de uma
perspectiva hierárquica na organização dos atributos e seus determinantes, onde o estilo
deve ser analisado dentro de uma perspectiva tecnológica (CARR 1995: 157).

Para Carr o estilo é um resultado, uma marca e não um processo, por outro lado, ao
propor uma hierarquia de atributos, Carr se aproxima do conceito de performance
primária e secundária colocado por Schiffer e Skibo (1997). Outro ponto a ser ressaltado
é que o conceito de design proposto por Carr vem de encontro ao conceito de
variabilidade formal de Schiffer. Já Hegmon chama atenção para o fato de que o estilo é
uma construção teórica, concordando com a idéia de que este tem muitos significados,
pressupondo unidades analíticas e hierarquia de atributos (HEGMON 1998).

Wiessner afirma que, a despeito das múltiplas definições de estilo, o ponto comum é que
este consiste em uma comunicação não-verbal, ou seja, todo estilo tem um referente
social e histórico. Outra questão importante levantada pela autora é que, ao invés de
pensar onde o estilo reside, pode-se tentar compreender que tipos de informações estão
presentes no estilo, como por exemplo, as fronteiras sociais, os processos de interação
social, a relação entre estilo, indivíduo e sociedade e, ainda as relações de status e poder
(WIESSNER 1991). Na presente pesquisa, se por um lado consideramos a
multiplicidade de informações que residem no estilo cerâmico, por outro lado levamos
em conta os limites da análise ora efetuada, bastante voltada à variabilidade formal dos
artefatos.

Na análise do material relacionado à tradição Tupiguarani, onde se tem uma


continuidade considerável de certos traços, o conceito de estilo vernacular é bastante
interessante para explanação dessas continuidades:
“Inculcated as much by insinuation as by instruction, and therefore all the
more unquestioned, these design notions thus constitute a kind of substratum
to the group’s style, the heavy sediment that lies at the bottom of its reservoir
of stylistic production. They even might be viewed as a kind of stylistic
115

genotype of which its actual material products can be viewed as contextually


dependent phenotypic expressions” (SACKETT 1991: 39, grifo nosso)

Desse modo, o estilo vernacular Tupi está relacionado aos atributos que se repetem
dentro de um largo espectro temporal, como por exemplo, a recorrência de bandas
vermelhas que organizam os campos decorativos e até mesmo a repetição de alguns
motivos, como as séries de bastonetes nos campos secundários, conforme veremos
adiante. O refinamento das análises pode evidenciar, por sua vez, os atributos que
particularizam mais o objeto, associados aos estilos regionais, fenômenos de interação
cultural e expressão de relações sociais e políticas.

Dietler e Herbich (1989) apontam que os micro-estilos, identificados no estudo


etnoarqueológico da cerâmica Luo, são produtos de padrões de ensino-aprendizagem e
de processos de interação, fornecendo assim insights interessantes para o estudo de
estilos particulares dentro de uma grande tradição cultural como, por ex., a Tupiguarani.

O estilo - ou estilos, que se pretende identificar comunica informações diversas, desde a


própria trajetória histórica do grupo (no caso dos povos Tupi e de suas rotas de
expansão), passando por identidades individuais, familiares, grupais, sociais e culturais,
assim como suas relações de poder e prestígio, cosmologia, embora essas últimas esferas
não sejam abordadas a priori.

Nesse estudo não adotamos a dicotomia entre estilo e função e consideramos que o estilo
tem diversos níveis de análise,
“Style may be expressed at several different levels of ethnic resolution,
ranging from individual kin groups within individual settlements (...) to great
culture-historical complexes that occupy considerable blocks of space and
time” (SACKETT 1991: 33)

O trabalho desenvolvido por Roe (1995) apresenta uma opção metodológica interessante
para o estudo do estilo, ao pontuar que esse tem várias escalas de análise. Para Roe o
estilo é definido por alguns elementos básicos: é reconhecível por atributos visíveis em
termos éticos; é caracterizado por uma virtuosidade, ou seja, tem um investimento em
sua produção o que não significa que exista uma dicotomia entre estilo e função; é um
veículo de significado, mas ao mesmo tempo constrói significado; é contextualizado
historicamente; o estilo reside na escolha; o estilo envolve também emoções, estética e
116

cosmologia e, por fim, o estilo é entendido como um processo, como uma criação. Por
ser um fenômeno hierárquico, o estilo não pode ser estudado apenas com um método,
assim o autor pontua cinco níveis de análise do estilo: psicológico, formal, social, mítico
e estrutural (ROE 1995: 38).

Ao se deter na análise do contexto social e cultural do estilo o autor apresenta algumas


estruturas que afetam esse estilo, começando pelo ambiente físico e social. Esse
ambiente vai determinar as possíveis interações entre os indivíduos. Outro ponto a ser
considerado seriam as coerções do meio, como por exemplo, as propriedades intrínsecas
da técnica em estudo, nesse sentido, como apresentado mais adiante, o trabalho de
Schiffer e Skibo (1987, 1997) lança algumas opções metodológicas de importância
crucial, pois assumem uma ênfase eminentemente arqueológica.

Roe também chama atenção para a relação entre tradição cultural versus criatividade
individual, arquivo versus amnésia cultural, relações de ensino-aprendizagem e status
social e econômico do artista (ROE 1995: 45-55). O autor pontua alguns esquemas que
correlacionam as principais variáveis sociais que irão determinar uma continuidade
cultural (arquivo) ou uma amnésia cultural.

Refletindo sobre a expansão dos grupos Tupi e a continuidade de certos traços


tecnológicos vislumbrados nos conjuntos cerâmicos, podemos aventar que o conceito de
arquivo cultural proposto por Roe seja bastante adequado. Esse arquivo ou estilo
vernacular, segundo conceito de Sackett (1991), tornou possível a continuidade de certos
traços, a despeito da mobilidade dos artesões, do espaço geográfico pouco definido e da
instabilidade demográfica.

Por outro lado, existiu certamente, um esforço ativo de criação dos artesãos (ãs): “This
illusion of temporally shallow, traditional production, coupled with its subtle variability,
masks the active struggles of individual artists” (ROE 1995:48), essa criatividade
individual só pode ser evidenciada por meio de formas de classificação mais detalhadas,
conforme pontuado adiante.
117

Por sua vez, a noção de escolha surge como fundamental para o desenvolvimento desse
trabalho, pois, a despeito da idéia de que os sistemas tecnológicos são resultado de
estratégias adaptativas onde a cultura seria um meio extra-somático de adaptação, a
tecnologia é carregada de significados sociais e culturais (SILVA 2000), que
determinam a escolha do artesão (ã) dentro das opções existentes, consistindo em um
determinado estilo tecnológico.

Como apontam Dias e Silva, o estilo tecnológico:


“permite compreender o estilo não apenas como um padrão material que se
manifesta na morfologia e decoração dos artefatos, mas, também, como algo
que é inerente e subjacente aos processos de produção a partir dos quais
estes aspectos visuais são uma resultante” (DIAS; SILVA 2001: 96)

Nesse sentido na análise e interpretação da variabilidade formal dos artefatos cerâmicos


temos associado o conceito de estilo tecnológico à proposta de Schiffer e Skibo (1987,
1997), onde os autores enfatizam as razões e motivos das escolhas do artesão (ã) como
ponto principal da geração da variabilidade formal. Mesmo não trabalhando com o
conceito de estilo e função, essa teoria torna-se interessante para o desenvolvimento de
nosso trabalho, pois dá uma importância fundamental às escolhas efetuadas durante toda
a cadeia de produção dos artefatos, que por sua vez, evidenciam estilos, essas escolhas
podem estar ligadas tanto a termos adaptativos como a questões sociais e culturais.
Ademais, os autores oferecem como opção metodológica interessante quando o
arqueólogo não tem um controle acurado do contexto arqueológico, caso no qual essa
pesquisa pode ser inserida.

De acordo com os autores (SCHIFFER; SKIBO 1997), a variabilidade formal diz


respeito às propriedades físicas do artefato, resultantes de escolhas técnicas
determinadas por questões ordens práticas/ funcionais, ambientais, sociais, ideológicas,
pelo sistema de assentamento e mobilidade e por coerções.
118

Variabilidade Formal Skibo e Schiffer (2001) ao


formularem a Teoria do Design,
Escolhas Técnicas
afirmam que as propriedades do
Características de Conhecimento e Fatores Situacionais
Performance Experiência do ( Procura de Matéria-Prima, artefato são direcionadas por suas
Primárias e Artesão Manufatura, Transporte,
Secundárias * Tradição Distribuição, Uso,
* Compromisso Cultural Armazenamento, Manutenção/
características de performance
no design do Reparo, Reuso,
artefato Comportamento de Curadoria, (mecânicas, térmicas, químicas,
* Feedback Descarte)
sensoriais e visuais), por fatores
situacionais e pelo conhecimento
Fatores ambientais, sociais, ideológicos, sistema de assentamento e
mobilidade, coerções e questões de ordem prática/ funcional
e experiência do artesão. (SKIBO;
Figura 42. Esquema Geral da Teoria do Design
SCHIFFER 2001).
As relações entre escolhas tecnológicas, propriedades formais e características de
performance são compreendidas como princípios correlatos, intimamente relacionados
com os fatores situacionais (SKIBO; SCHIFFER 2001).

Concluindo, o sistema classificatório desenvolvido adota alguns pressupostos básicos:


- Estilo e função são considerados como aspectos indissociáveis;
- O estilo reside na escolha tecnológica;
- Para mapear as escolhas, o arqueólogo deve estar ciente das possibilidades existentes e,
essa reflexão só pode ser desenvolvida por meio do conceito de cadeia operatória.
119

4.2 As formas de classificação cerâmica: a artesã e suas escolhas

No Brasil, a análise cerâmica esteve vinculada, durante um largo período de tempo, a


abordagens tipológicas que tinham como objetivo o reconhecimento das tradições e
fases cerâmicas. Atualmente, o legado dessa classificação tipológica já foi relativizado e
outras abordagens foram desenvolvidas em contextos arqueológicos diversificados,
conforme demonstraram os trabalhos de Brochado (1984), La Salvia e Brochado (1989),
Wüst (1990), Robrahn-González (1996), Migliaccio (2000) e Gomes (2005).

Nesse sentido, a tradição Tupiguarani é certamente a mais discutida e tratada no


território nacional e se por um lado, isso possibilita uma extensa bibliografia a ser
discutida, por outro envolve um certo perigo, pois o pesquisador corre o risco de
simplesmente adotar os tipos “herdados”. Esse fato também coloca a necessidade de um
diálogo constante com as tipologias anteriormente definidas.

Os conjuntos artefatuais abordados na presente pesquisa são formados basicamente por


fragmentos cerâmicos, no entanto, a análise empreendida não se restringiu ao caco
cerâmico em si, mas busca compreender a vasilha como um todo, produzida, utilizada e
descartada em um determinado contexto social, político, econômico e simbólico. Nesse
sentido, seguimos as orientaçoes teórico metodológicas propostas por Robrahn-González
(1989, 1996). A autora salienta que nessa abordagem não são “os atributos individuais
que interessam, mas sim a maneira como se relacionam ou se combinam no produto
final, compondo um artefato inteiro e único, o vasilhame cerâmico” (ROBRAHN 1989).
Essa vasilha foi produzida segundo um estilo tecnológico determinado, o qual permite
diversos níveis de interpretação.

Desse modo, o objetivo da análise dos fragmentos, principais vestígios dos sítios em
estudo, é acessar os vasilhames cerâmicos enquanto ferramentas projetadas para
determinada função, fato que direciona as escolhas tecnológicas do artesão (ã). Nesse
sentido, o objetivo da análise será primeiramente o reconhecimento da tecno-função dos
vasilhames cerâmicos, pois “the most appropriate method for exploring the functions of
a technology may be first to investigate and understand the technofunctional
relationships before assigning socio- ou ideofunctions” (SKIBO 1992: 34).
120

A metodologia de análise efetuou uma abordagem tanto quantitativa quanto quanlitativa,


sem hierarquização dessas duas esferas de análise, as quais seguiram os passos abaixo
indicados:

- Formação dos lotes: Os fragmentos são separados de acordo com o acabamento de


superfície e local de coleta, aqueles que apresentam características que sugerem terem
pertencido a uma mesma vasilha são agregados em lotes: “a group of potsherds
determined to be minimally from the same vessel” (CHILTON 1998: 146), alguma
vezes esses lotes possibilitam remontagens;

- Segregação das unidades de análise: todos os fragmentos isolados e lotes de peças


compõe as unidades de análise. As micro-cerâmicas – fragmentos menores que 15 mm, e
as bolotas de argila não são consideradas como unidades de análise. Cabe ressaltar que
as bolotas de argila, as quais correspondem a resíduos do processo produtivo, são alvo
de uma análise diferenciada que aborda a presença/ ausência de antiplásticos e eventuais
marcas do processo de fabricação. Uma vez que o objetivo da análise era abordar a
variabilidade dos conjuntos artefatuais selecionados, a análise minuciosa de todos os
fragmentos pareceu-nos a melhor opção metodológica, pois não sabíamos em qual (is)
atributos seriam identificadas as mudanças tecnológicas;

- Análise quantitativa: As unidades de análise passaram por um estudo detalhado,


envolvendo 30 atributos. Essa análise quantitativa, onde as tipologias são "constructed
and evaluated using statistical techniques in the analysis of two or more variables"
(SINOPOLI 1991: 55), permitiram o reconhecimento da variabilidade presente na
indústria cerâmica (o Anexo 2 mostra os atributos e variáveis estabelecidas);

- Análise qualitativa: Por fim, formamos grupos hipotéticos onde os fragmentos são
divididos de acordo com a função presumida da vasilha da qual faziam parte. As funções
presumidas são estabelecidas com base nas características formais das peças
relacionadas aos acabamentos de superfície, a partir de informações existentes para
cerâmica Guarani e Tupinambá, configurando uma abordagem etnoarqueológica.
121

Para os conjuntos artefatuais analisados em museus e coleções particulares foi adotada


uma ficha que apresenta os mesmos atributos elencados na análise quantitativa dos
fragmentos, possibilitando alguns ensaios comparativos. Não obstante, no estudo das
coleções demos ênfase na análise qualitativa, uma vez que essas peças advêm de coletas
assistemáticas. O acesso a peças mais íntegras nos possibilita testar algumas hipóteses,
como por exemplo, de vasilhames maiores apresentarem uma maior padronização dos
atributos - essa característica poderia estar associada à produção por oleiras mais
experientes, como apontaram Hardin e Mills (2000) no estudo da cerâmica Zuni.

Embora tenhamos considerado o conceito de cadeia operatória - que aborda toda a


seqüência produtiva possibilitando o acesso as escolhas feitas pela artesão (ã), o método
de análise consistiu na separação das etapas de produção, analisando atributos técnicos,
formais e decorativos e suas correspondentes variáveis. Não obstante, o processo
interpretativo vinculou os elementos, procurando compreender os princípios estruturais
que regem o estilo tecnológico.

Quanto ao processo produtivo consideramos as matérias-primas envolvidas (argilas,


pigmentos), bem como as técnicas de produção (manufatura, acabamento de superfície,
processo de queima), fazendo eventuais observações acerca dos instrumentos envolvidos
nesse processo.

As matérias-primas disponíveis influenciam as escolhas tecnológicas, ou seja, são


fatores que limitam as escolhas, daí a importância da correlação entre matérias-primas
observadas e o meio ambiente associado ao contexto arqueológico em questão. Nesse
sentido, em um primeiro momento, foram efetuadas análises macroscópicas das pastas.
Essas análises foram realizadas com auxílio de uma lupa binocular com até 40 vezes de
aumento.

Todo artefato cerâmico parte de uma argila transformada em pasta, essa pasta é definida
a partir da relação argila19 x antiplástico (LA SALVIA; BROCHADO 1989: 17). Os
atributos antiplástico, espessura e frequência do antiplástico buscam evidenciar quais as
19
Suguio coloca duas definições de argila (1980: 84). A primeira não possui sentido mineralógico e corresponde a todas as partículas
com granulação fina encontradas nos sedimentos e solos (partículas com diâmetros inferiores a 0,004 mm). A outra definição baseia-
se na composição química, onde as argilas compreendem os silicatos de alumínios hidratados pertencentes aos grupos da caulinita,
montmorillonita, illita, clorita, vermiculita.
122

diferenças produtivas nessa relação e, se elas estão associadas a fatores ambientais, a


características de performance - ligadas à funcionalidade dos vasilhames, ou ainda, à
mudanças tecnológicas de ordem cronológica.

A questão do antiplástico tem sido objeto de diversas discussões (ver RYE 1981;
GOMES 2002), no entanto, mais que um problema de nomenclatura, a definição do
antiplástico possui uma complexidade maior, uma vez que sua classificação é tomada
muitas vezes como produto de diferenças culturais. Essa postura é, em grande parte,
herança das pesquisas realizadas, na década de 1950, pelo Programa Nacional de
Pesquisas Arqueológicas, que enfatizava os antiplásticos nas definições das tradições e
fases.

Na realidade, a variabilidade dos antiplásticos presentes e a associação freqüente de mais


de um tipo de antiplástico na mesma peça revelam a atenção do grupo ceramista em
controlar a resistência e permeabilidade da argila, uma vez que o antiplástico é a matéria
adicionada para “neutralizar a plasticidade da argila, dar condições para boa secagem e
queima, aumentar ou diminuir a resistência do choque térmico ou mecânico, diminuir ou
aumentar a porosidade ou permeabilidade” (FACCIO 1992: 134).

Cada tipo de antiplástico presente na pasta cerâmica foi mensurado, ou seja, tem-se para
cada fragmento a espessura máxima de cada um dos tipos de antiplásticos identificados,
evitando perdas de informação sobre o processo produtivo (segundo proposto por
CHILTON 1998).

O atributo Freqüência do Antiplástico está baseado na relação Argila-antiplástico


proposta por La Salvia e Brochado: “As diferenças de antiplástico e sua adição em
percentuais ou números absolutos poderão ser definidas e fixadas quando da análise da
pasta em fragmentos colhidos e considerados de um mesmo grupo e contemporâneos”
(1989, 15). A análise desse atributo, bem como as variáveis adotadas estão baseadas em
Orton, Tyers e Vince (1997), pois os mesmos oferecem uma tabela de referência para a
mensuração da porcentagem de antiplástico na pasta. Existe uma grande variedade da
inter-relação entre argila e antiplástico, mas a adoção desse critério de análise tem como
123

objetivo compreender quais ao antiplásticos são adicionados em maior quantidade e em


que tipo de vasilha.

Outras matérias-primas utilizadas na confecção dos artefatos cerâmicos Tupiguarani são


as resinas e os pigmentos, as quais foram devidamente documentadas.

As técnicas de produção referem-se às ações das artesãs no processo de construção das


vasilhas, bem como os instrumentos utilizados nessas ações. Essas técnicas foram
dividas em três momentos técnicas de manufatura – aquelas que se referem à
construção da vasilha a partir da pasta cerâmica, as técnicas de acabamento – ou seja, o
tratamento aplicado às superfícies das paredes dos recipientes cerâmicos e finalmente, as
denominadas técnicas decorativas. Quanto às últimas vale ressaltar que nem sempre
estão associadas apenas a fatores de cunho artístico. Na realidade optamos por
compreender os fatores de cunho prático e os de cunho artístico como complementares e
muitas vezes, difíceis de distinguir, pois uma vasilha de uso utilitário pode ter sido
utilizada, em um dado momento, em uma esfera ritual e/ou simbólica.

As técnicas de manufatura foram classificadas em acordeladas e modeladas (CHMYZ


1976). A bibliografia existente sobre a cerâmica da tradição Tupiguarani indica a
escolha da técnica de construção acordelada por excelência, sendo as bases
confeccionadas por modelagem ou acordelamento. Desse modo, as peças nas quais as
técnicas de construção não se apresentaram evidentes são na verdade aquelas nas quais
temos uma boa junção dos roletes, geralmente obliterados. Por outro lado, as peças nas
quais notamos uma tendência de fratura entre os roletes – que permitiram a clara
classificação da técnica acordelada, tiveram uma junção dos roletes menos apurada
(ALBUQUERQUE; ALVES 1983).

As técnicas de acabamento foram observadas tanto para superfície externa quanto na


superfície interna da peça, as mesmas estão descritas a seguir:
- Banho: revestimento superficial com espessura menor que 1 mm (LA SALVIA;
BROCHADO 1989: 18).
- Engobo: Consideramos o engobo como um banho com coloração diferenciada da
pasta, tendo sido diagnosticados o engobo branco e o vermelho;
124

- Alisado: O alisamento é executado após a confecção do vaso com a argila ainda úmida,
servindo-se de variados instrumentos, tais como: seixos rolados, sabugos de milho,
taquaras e mesmo as mãos.
- Polimento: Pode estar associado à Brunidura ou ao Lustro. A técnica da brunidura
resulta em superfícies escuras com brilho intenso chegando ao vítreo (ROBRAHN 1989:
67). Essa técnica de tratamento de superfície está associada a diferentes técnicas de
execução, conforme a bibliografia sobre o tema, baseada em dados etnoarqueológicos.
Uma delas envolve diferentes etapas de execução: durante a secagem as peças são
polidas e após a queima são impregnadas com certos tipos de vegetais e diretamente
aquecidas em banhos de fumaça para atingir a cor preta (MILLER 1978 Apud
OLIVEIRA 2000: 163). Outra está associada à aplicação de uma resina, passada na
superfície da peça quando está ainda está quente o suficiente para provocar a combustão
dessa resina, e “após o resfriamento a superfície apresenta aspecto vitrificado” (KERN;
COSTA 1997: 122). Robrahn (1989: 67) indica que as superficies vítreas, com coloração
laranja, vermelha ou marrom não foram submetidas a um ambiente redutor, sendo então
denominadas de lustro.
- Tratamento Plástico: Esse tipo de acabamento consiste na modificação tridimensional
da superfície da vasilha com a argila ainda moldável, antes da queima. Quando esse
tratamento apresenta-se em toda superfície externa do fragmento, o atributo acabamento
de superfície será apenas classificado como plástico, por outro lado, quando se apresenta
apenas em uma porção do fragmento, será classificado também de acordo com o tipo de
acabamento utilizado como suporte para o tratamento plástico. Um bom exemplo é
quando existe a presença da decoração corrugada, a qual não é, na maioria das vezes,
precedida por outro acabamento de superfície.
- Tratamento plástico ou alisado mal acabado: Adotou-se essa classificação quando
não foi possível determinar se foi efetuado um péssimo alisamento ou um tratamento
plástico bastante irregular. Nesse ponto convém lembrar que a simples citação da
impossibilidade de classificação não nos dá possibilidade de conhecer as razões que
impediram a classificação, neste caso, a dimensão do fragmento foi o fator limitante da
análise, não apresentando elementos suficientes para o reconhecimento da expressão
decorativa, caso ela tenha existido.
125

O processo de queima da argila define e altera as características de cor, dureza e textura


da pasta (ROBRAHN 1989). A identificação do processo de queima é um aspecto
complexo da análise, pois está baseado em uma simples observação direta dos vestígios.
“O problema principal é que os elementos indicadores do processo de queima e que
podem ser observados não são suficientemente seguros, pois um mesmo traço pode ter
sido originado por procedimentos diferentes” (OLIVEIRA 2000: 148). Outro problema
decorre do fato de uma mesma vasilha cerâmica possuir tipos de queima diferentes, de
acordo com a posição em relação ao fogo durante o processo da queima. Na presente
análise foi considerada primeiramente, a presença/ ausência de núcleos, o que indicará
uma queima completa ou incompleta (RYE 1981). A figura abaixo mostra os tipos de
queima identificados.

Figura 43: Tipos de queima

Passemos às técnicas decorativas. Consideramos como técnica de decoração “A maneira


como um ação se exerce sobre um instrumento (um objeto físico, as mãos, os dedos)
para alterar a superfície de um objeto cerâmico, com o fim de criar efeitos visuais de
acordo com um padrão mental estabelecido” (MAROIS; SCATAMACCHIA 1987 Apud
SCATAMACCHIA 2005b: 9). Desse modo, toda decoração advém de uma ação
específica, associada a um determinado instrumento, que dá como produto final uma
composição decorativa. As análises dessas ações, instrumentos e resultados englobam a
compreensão do gestual associado a cada uma das etapas.
126

A análise da decoração visou o reconhecimento da técnica decorativa utilizada


(acromática ou cromática), a localização da decoração na vasilha e a análise dos modos
de decoração presentes na peça, ou seja, a verificação da associação de técnicas
decorativas em uma mesma peça (segundo LA SALVIA; BROCHADO 1989). Também
foram realizadas observações acerca das ações e instrumentos utilizados e das
composições decorativas resultantes dessas ações.

Foi dada especial atenção à análise dos grafismos pintados, com a reprodução de todos
os tipos de unidades decorativas, permitindo assim comparações dentro do conjunto
selecionado e com os motivos identificados em outras pesquisas. As escolhas
tecnológicas têm razões de ordens práticas e simbólicas e, no caso dos grafismos, sabe-
se que esses objetos ricamente decorados participam ativamente de complexas relações
sociais, econômicas e políticas. No entanto, a análise empreendida não tem como
objetivo principal o significado simbólico desses grafismos, mas a identificação ou não
de padronizações regionais dos mesmos, assim como busca desenvolver uma reflexão
sobre a performance visual desses grafismos, que passam mensagens diversificadas no
contexto social desses grupos.

Metodologicamente, partimos da proposta de Scatamacchia (1990), ampliando as


designações dos grafismos e considerando os diferentes campos decorativos da cerâmica
Tupiguarani. A organização do universo pictórico na vasilha obedece a certas
regularidades, também vislumbradas por Buarque nas cerâmicas Tupinambá no Litoral
do Rio de Janeiro:
“Nas peças abertas, em que os desenhos são feitos, em sua
grande maioria, na parte interna, eles são delimitados por três
regiões, com elementos marcadamente diferenciados pelo corpo,
pela borda e pelo lábio, sendo o motivo principal, naturalmente,
desenvolvido no corpo da peça” (BUARQUE 2007: 18)
.
Desse modo, temos um atributo destinado à análise das bandas vermelhas que
organizam os campos decorativos; um atributo para a classificação dos grafismos
presentes no campo primário e outro atributo destinado aos campos secundários.
Consideramos como campo primário os fundos das tigelas abertas e os ombros das
vasilhas de contorno complexo, os quais são caracterizados por uma grande
127

variabilidade, sobretudo nas tigelas abertas. Por campo secundário entendemos os


grafismos presentes nas bordas das tigelas abertas, sobretudos as bordas carenadas,
sendo caracterizados, no nordeste do estado de São Paulo, por séries de bastonetes.

Com relação as decoração plásticas (acromáticas) adotamos uma classificação genérica


para os corrugados, embora tenhamos notado organizações, orientações e profundidades
bastante diferenciadas. Assim, fazemos eventualmente observações sobre a presença de
corrugados telhados (SCHMITZ 2003), corrrugados espatulados, corrugados
complicados (CHMYZ 1976) e corrugados assimétricos.

Com relação ao ungulado, Jácome et al (2003) indicam que em poucos casos analisados
em Minas Gerais a decoração ungulada teria sido feita com a unha, tendo sido utilizado
algum outro tipo de instrumento. Chegaram a esta conclusão observando a profundidade,
largura e curvatura das incisões, além da ausência absoluta de indício da ‘polpa do
dedo’. Esse tipo de ungulado foi denominado “pseudo-ungulado”, terminologia que
adotamos nesse trabalho. Desse modo, os ungulados estão classificados em ungulados e
pseudo-ungulados.

Consideramos o corrugado ungulado e o digitado ungulado como um mesmo tipo,


cabendo destacar que os ungulados observados nessas peças são na maioria das vezes
pseudo-ungulados.

Os atributos morfológicos dos vasilhames cerâmicos tem especial interesse quando da


análise dos processos sociais envolvidos na produção, armazenamento e consumo de
alimentos e bebidas. O uso pretendido pode ser avaliado por meio da análise das
propriedades físicas e morfológicas dos artefatos enquanto o acesso ao uso real envolve
a análise das alterações causadas pelo uso (marcas abrasivas e marcas fisico-quimícas,
segundo SKIBO 1992). A determinação do uso real tem seu alcance limitado na presente
pesquisa, dada a fragmentação do material, que também se apresenta bastante alterado
por processos pós-deposicionais (erosão fluvial, por exemplo), que dificultam a leitura
das marcas de uso. Do mesmo modo, a fragmentação excessiva do material também
limitou a reconstituição morfológica dos vasilhames, fato pelo qual optamos pela análise
128

de atributos formais associados aos decorativos como indicadores de funções


hipotéticas das vasilhas.

Por outro lado, os vasilhames inteiros presentes nos museus e coleções particulares da
região têm possibilitado insights interessantes acerca do uso pretendido e do uso real,
assim como dos limites e possibilidades interpretativas das análises de fragmentos.

De acordo com La Salvia e Brochado (1989) a funcionalidade da vasilha está associada


ao seu acabamento de superfície, assim vasilhas que receberam banho e/ou pintura não
seriam usadas sobre o fogo, ou seja, o acabamento de superfície seria uma característica
de suma importância no processo de inferência da funcionalidade dos potes Tupiguarani.

Ademais, para as vasilhas associadas à tradição Tupiguarani temos uma extensa


bibliografia que determina a função dessas vasilhas a partir da analogia etnográfica
correlacionada a extensos estudos de coleções de vasilhas inteiras. Baseados nas análises
desenvolvidas por Brochado (1984, 1991), Brochado e Monticelli (1994) e Brochado et
al (1990) formamos quatro Grupos de vasilhas que apresentam similaridade estrutural e
de técnicas de acabamento e/ou decorativas. Vale destacar que, em geral, as funções aqui
estabelecidas são presumidas, ou seja, elas não excluem os aspectos multifuncionais dos
vasilhames cerâmicos.

O Grupo 1 é composto por bordas, freqüentemente reforçadas, que indicam formas


abertas ou levemente restritas. A superfície interna sempre apresenta pintura e/ou
engobo. Essas peças têm como função presumida o serviço e/ou consumo de alimentos e
bebidas. Aquelas de dimensões maiores podem ter sido utilizadas no processamento
sem, no entanto, terem ido ao fogo, dada sua superfície pintada. Podem corresponder aos
pratos para comer ou tigelas para beber, de difícil distinção entre os fragmentos,
conforme apontam Brochado e Monticelli (1994).

Segundo Rice (1987), vasilhas destinadas ao preparo (sem fogo) e/ou serviço devem ser
abertas para facilitar o acesso, as últimas apresentariam tratamento de superficie bem
elaborado, também como função simbólica.
129

Um detalhe interessante é que os fragmentos de parede e base que apresentam grafismos


pintados na superfície interna podem ser associados a esse grupo pois indicam formas
abertas o suficiente para visualização dos motivos. As bordas reforçadas desse grupo
apresentam freqüentemente, além da pintura interna, uma faixa vermelha no lábio e um
campo decorativo secundário na face externa.

O Grupo 2 é composto por bordas diretas inclinadas internamente que indicam formas
fechadas e sempre apresentam pintura externa. Essas peças corresponderiam às jarras
destinadas o preparo (fermentação) e/ou armazenamento de bebidas. Os ombros com
presença de banda e grafismos na superficie externa também foram considerados como
pertencentes a esse grupo.

O Grupo 3 é composto por bordas que indicam formas fechadas com superfície externa
alisada e/ou decoração plástica. As peças com dimensões medianas/ grandes
corresponderiam às panelas, tendo como função presumida o preparo (cocção) de
alimentos e/ ou bebidas, dada suas formas arredondadas e/ou piriformes.

De acordo com Rice (1987) vasilhas com formas arredondadas e/ou cônicas, ausência de
ângulos e pouco tratamento de superfície - que geralmente é mais áspera facilitando
manuseio, estariam relacionadas a atividades de cocção. Por outro lado, as miniaturas e
peças pequenas desse grupo podem ter sido utilizadas tanto no consumo de alimentos
e/ou bebidas quanto no preparo de pequenas quantidades. DeBoer e Lathrap apontam
que, entre os Shipibo-Conibo, as panelas pequenas são destinadas ao preparo de
remédios (1979: 105).

O Grupo 4 é composto por vasilhas e bordas que indicam formas abertas ou levemente
restritas com superfície externa lisa e/ou acabamento plástico. De um modo geral, esse
grupo de vasilhas teria como função presumida o preparo e/ou serviço de alimentos e
bebidas, podendo ter sido utilizadas sobre o fogo. Contudo, as vasilhas lisas podem estar
relacionadas às tigelas do Grupo 1 que não conservaram a pintura e/ou engobo. Assim, é
difícil determinar com exatidão os usos presumidos desse grupo, uma vez que suas
formas estariam aptas a uma gama variada de funções.
130

Os grupos hipotéticos estabelecidos foram divididos de acordo com os diâmetros de


boca das peças, assim temos as seguintes variáveis de vasilhas: miniaturas, pequenas,
médias, grandes, extragrandes e sem medidas, esta última quando é possível acessar a
forma da borda, mas não seu diâmetro de boca.

Sabemos da limitação da inferência do tamanho de uma vasilha com base apenas no seu
diâmetro de boca, uma vez que o volume seria o indicador mais adequado para essa
classificação (como sugere GOMES 2005), mas o tamanho diminuto dos fragmentos
impossibilitou as reconstituições morfológicas. Outrossim, tomamos os diâmetros de
boca fornecidos por Brochado et al. (1990) e Brochado e Monticelli (1994) como base
para o estabelecimento dos subgrupos, adequando-os, quando nescessário, às medidas
obtidas em nossos conjuntos artefatuais.

Não adotamos as classificações êmicas das vasilhas, uma vez que não temos peças com
a integridade necessária para a realização de reconstituições morfológicas seguras.
Contudo, relacionamos os grupos hipotéticos aqui estabelecidos - com base nas
características formais e de acabamento das bordas, com a classificação êmica das
vasilhas Guarani e Tupinambá:

Tabela 15: Possíveis associações entre grupos hipotéticos e classificações êmicas das vasilhas
Classificação Classificação êmica Classificação êmica
ética Guarani (NOELLI 1999/2000) Tupinambá (NOELLI 1999/2000)
Grupo 1 Ñaembé (pratos para comer) Naeen
Grupo 4 Cambuchí caguabá (tigelas/copos para beber) Caguaba
Grupo 2 Cambuchí (jarras) Camuci
Grupo 3 Yapepó (panelas) Nhaêpepô
Grupo 4 Ñaetá (caçarolas) -

A Prancha 20 mostra um esquema geral da cadeia operatória evidenciada nos conjuntos


analisados, assim como os grupos estabelecidos e suas funções hipotéticas.
PRANCHA 20
O PROJETO: as escolhas da oleira são direcionadas pela Tradição Cultural, por Fatores Situacionais que incluem a disponibilidade de recursos (matérias-primas e
implementos) e pelas Características de Performance Primárias e Secundárias, associadas ao compromisso no design do artefato ( forma/função da vasilha a ser construída). Produção da pasta: relação
argila x antiplástico
COLETA E PREPARO DA MATÉRIA-PRIMA: análises arqueométricas podem indicar possíveis fontes de argilas, antiplásticos (aqueles adicionados) e pigmentos. Os Freqüência do Antiplástico
resultados dessas análises podem demonstrar a área de captação de recursos e o investimento do grupo para obtenção dos mesmos. 1-10% / 10-30% / Mais que 30%

PROCURA
Antiplástico Mineral Sim Espessura

Não Antiplástico Caco-Moído Sim Espessura

Bom: roletes completamente


Modo de produção: acordelado ou modelado obliterados

Modo de junção dos roletes


Ruim: padrão de quebra
Vasilhas dos Grupos 3 e 4 Decoração Não Junção dos roletes Sim Corrugado Incisão ou Ranhuras Sem leitura acompanha roletes
Roletada
Instrumentos para alisamento

Vasilhas dos Grupos 3 e 4 Decoração Não Alisamento da superfície Sim Sabugo Seixo Cabaça Mão Outros
Corrugada
Decoração Vasilhas dos Grupos 3 e 4 Decoração Escovada Suspende Continua
Espatulada Acabamento de Superfície bom
Acabamento de Acabamento de Superfície regular
Superfície ruim
Decora sobre o processo Decoração Vasilhas dos Grupos 3 e 4
Passa a outra etapa
produtivo Ungulada

MANUFATURA
Aplica nova camada de argila sobre
Refina alisamento Acabamento de Superfície Bom Vasilhas dos Grupos 3 e 4
alisamento
Acabamento de Superfície Polida

Banho/ Engobo Barbotina


Vasilhas dos Grupos 1 ou 2

Acabamento de Superfície: Finaliza Decora sobre o liso produtivo Decoração Ungulada


Banho ou Engobo Finaliza Decora sobre Decoração Incisa
o liso produtivo Vasilhas dos Grupos 3 e 4 Acabamento de Superfície Barbotina
Vasilhas dos Grupos 3 e 4
Decoração Ungulada
Vasilhas dos Grupos 1 ou 2 Decoração Pintada Decoração Incisa Vasilhas dos Grupos 3 e 4

Grupos de
Vasilhas e suas Grupo 1 Grupo 3 Grupo 4
Funções Grupo 2

USO
Vasilhas com formas abertas ou levemente restritas. Superfícies lisas ou com
Presumidas Vasilhas com formas abertas ou levemente restritas e Vasilhas com formas fechadas e superfície externa acabamentos plásticos na superfície externa.
superfícies internas com engobo e/ou pintura Vasilhas com formas fechadas com alisada ou com acabamento plástico.
pintura externa
TIGELAS E/OU CAÇAROLAS
TIGELAS PANELAS
JARRAS

9Ação de mexer e servir alimentos: estrias isoladas, grossas, longas e 9Ação de mexer e servir alimentos: estrias isoladas, grossas, longas e contínuas. Freqüente nas bordas 9Ação de mexer e servir alimentos: estrias isoladas, grossas, longas e contínuas. Freqüente
LEGENDA
contínuas. Freqüente nas bordas das peças maiores. das peças maiores. nas bordas das peças maiores.
9Ação de limpeza: estrias agrupadas, finas, curtas e Escolha
Marcas 9Ação de limpeza: estrias agrupadas, finas, curtas e repetitivas. repetitivas. 9Ação de limpeza: estrias agrupadas, finas, curtas e repetitivas. 9Ação de limpeza: estrias agrupadas, finas, curtas e repetitivas.
Abrasivas
9Extração do antiplástico: buracos 9Extração do antiplástico: buracos 9Extração do antiplástico: buracos 9Extração do antiplástico: buracos Atributos
9Extração da argila ao redor do antiplástico: pedestais do tempero 9Extração da argila ao redor do antiplástico: pedestais do 9Extração da argila ao redor do antiplástico: pedestais do tempero 9Extração da argila ao redor do antiplástico: pedestais do tempero
tempero

9Acidente de cozimento: depósitos de carbono (adesão de matéria carbonizada na superfície interna 9Acidente de cozimento: depósitos de carbono (adesão de matéria carbonizada na superfície Variáveis de atributos
9Fermentação de Líquidos: descamação na parte interna da
da vasilha) interna da vasilha)
Marcas Fisico- vasilha. Bastante comum nas peças maiores, com bojo
pronunciado, freqüentes nas estruturas funerárias

MARCAS DE USO
Quimícas 9Fuligem: deposição de carbono na superfície externa da vasilha durante o cozimento. 9Fuligem: deposição de carbono na superfície externa da vasilha durante o cozimento.
Grupo de vasilhas

CADEIA OPERATÓRIA DOS


Vasilhas encontradas em estruturas funerárias As vasilhas com formato piriforme são encontradas em estruturas funerárias ARTEFATOS CERÂMICOS
Circulação lateral
Alguns grafismos que parecem ter sido “corrigidos” com instrumentos
Manutenção diferenciados Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Uso secundário

REUSO
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Podem ter sido utilizadas como caco-moído; fragmento Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
Reciclagem Podem ter sido utilizadas como caco-moído Podem ter sido utilizadas como caco-moído Podem ter sido utilizadas como caco-moído
utilizado como calibrador
132

4.3 Resultados obtidos

A análise da variabilidade artefatual presente em sítios associado à tadição Tupiguarani


no nordeste de São Paulo partiu da seleção de 13 conjuntos artefatuais localizados na
bacia do médio e alto Mogi Guaçu. No entanto, as coleções Manuel Pereira de Godoy,
Alaur da Mata e Jardim Igaçaba foram alvo apenas de análises qualitativas, compondo o
catálogo apresentado no item 4.4, uma vez que esses contextos passaram apenas por
coletas assistemáticas com ênfase em peças inteiras e/ou decoradas. Assim, passemos
aos resultados das análises quantitativas e qualitativas dos conjuntos artefatuais
provenientes de coletas sistemáticas na região selecionada.

4.3.1 Conjunto Artefatual do Sítio Franco de Godoy (FGD)

Conforme mencionado no Capítulo 3, o sítio Franco de Godoy foi alvo de pesquisas


sistemáticas conduzidas por Pallestrini (1981-982) e do resgate arqueológico levado a
cabo por Morais (1995). Nossa análise está pautada nas peças advindas desse segundo
trabalho, uma vez que as peças coletadas na década de 1980 não podem ser acessadas.
Do material coletado por Pallestrini (1981/1982) restaram apenas 7 peças que foram
deixadas à época dos trabalhos com o Sr. Edson Franco de Godoy, sendo as mesmas
analisadas no presente estudo, conforme mostra a Tabela 16.

Tabela 16: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Proveniência Fragmentos ≥15 mm Unidades de análise*
Sondagem 2 42 39
Sondagem 9 26 25
Sondagem 10 17 17
Estrutura Funerária 5 126 14
Coleta Aleatória de Superfície 2 1
Coletas 1ºEtapa de Campo 7 7
TOTAL 220 103
* após a formação dos lotes de peças pertencentes a mesma vasilha

Cabe ressaltar que não contamos, nesse conjunto, com artefatos líticos. Também não
foram encontrados resíduos do processo produtivo (bolotas de argila). A caracterização
dos tipos de unidades de análise está apresentada a seguir:
133

Tabela 17: Atributo Tipo de Peça


Variáveis Total %
Paredes 73 70,87
Bordas 17 16,50
Bases 1 0,97
Paredes com ponto angular 4 3,88
Paredes com ponto de inflexão 3 2,91
Formas completas 5 4,85
TOTAL 103 100,00

Classificamos como Formas Completas as peças que apresentam grau de integridade


acima de 50%, permitindo reconstituições seguras de suas formas, são elas: duas
vasilhas com contorno complexo reutilizadas como urnas, uma vasilha reutilizada como
tampa de uma das urnas, um prato e uma tigela com base em pedestal. Passemos aos
atributos tecnológicos, começando pelos antiplásticos identificados.

Tabela 18: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 67 65,05
Mineral e Caco Moído 36 33,01
TOTAL 103 100,00

Tabela 19: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 54 52,43
0-2mm 34 33,01
>2mm 15 14,56
TOTAL 103 100,00

Tabela 20: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-moído


Variáveis Total %
0-1mm 19 52,78
0-2mm 9 25,00
>2mm 8 22,22
TOTAL 36 100,00
134

O antiplástico mineral é composto por areia, fragmentos sub-arredondados e angulosos


de quartzo e, eventualmente, grãos de hematita. Como indicado na Tabela 18 o
antiplástico mineral foi o mais freqüente, embora tenhamos um percentual significativo
de peças nas quais foi diagnosticada a adição do caco-moído, proveniente da reciclagem
de artefatos cerâmicos.

A presença de partículas de quartzo na pasta pode acarretar na redução da vida útil da


vasilha, uma vez que o coeficiente de expansão do quartzo é mais elevado que os demais
componentes da argila (ORTON et al 1997: 220). Por outro lado, a adição do caco-
moído - que tem o mesmo coeficiente de expansão da argila, em aproximadamente 30%
das peças deve ter acarretado a diminuição do stress térmico acarretado pelo quartzo. A
Tabela 21 apresenta o resultado das freqüências dos antiplásticos, mostrando o
predomínio de pastas bastante plásticas. Cabe ressaltar que os antiplásticos estão, em
geral, distribuídos de modo homogêneo na pasta.

Tabela 21: Atributo Frequência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 59 57,28
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 37 35,92
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 7 6,80
TOTAL 103 100,00

Com relação às técnicas de construção 66,99% das peças apresentaram roletes bastante
obliterados indicando uma boa junção dos mesmos que são evidentes em apenas 33,01%
dos fragmentos analisados. Não foram identificadas peças construídas por modelagem.

A única base evidenciada foi produzida pela técnica acordelada, mas, uma vez que as
formas completas também apresentaram bases acordeladas, podemos sugerir que nesse
contexto as artesãs tenham escolhido preferencialmente a confecção das bases por meio
dessa técnica.

O atributo tipo queima revelou o predomínio da queima incompleta (88%):


135

Tabela 22: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 4 3,88
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 3 2,91
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 39 37,86
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 2 1,94
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 10 9,71
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 0 0,00

7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
42 40,78
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.

8- Apresenta partes reduzidas e oxidadas de modo alternado. 0 0,00


Sem leitura 3 2,91
TOTAL 103 100,00

A leitura do atributo acabamento de superfície (interna e externa) considerou o aspecto


final da superfície da peça. Desse modo, algumas vezes o acabamento de superfície
resulta em um banho - o qual pode configurar um engobo, ou uma decoração plástica,
conforme mostram as tabelas a seguir:

Tabela 23: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 46 44,66
Alisamento 55 53,40
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 0 0,00
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0,00
Sem leitura 2 1,94
TOTAL 103 100,00
Tabela 24: Atributo Acabamento de Superfície Externa
Variáveis Total %
Banho 32 31,07
Alisamento 53 51,46
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 6 5,83
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 9 8,74
Sem leitura 3 2,91
TOTAL 103 100,00

Tanto na superfície interna quanto na externa temos a preponderância da técnica de


acabamento alisada, seguida da aplicação do banho que ocorreu mais freqüentemente na
face interna (44,4%) que na face externa (31,07%). Dentre as peças alisadas foi
verificada a ocorrência de superfícies desgastadas em 14 peças, processo este que pode
136

estar associado ao desgaste mecânico (abrasão) provocado pelo uso ou aos próprios
processos pós-deposicionais.

A análise das técnicas decorativas revelou o predomínio do engobo e/ou pintura


(cromáticas) sobre as decorações plásticas (acromáticas), conforme mostra a tabela
abaixo:

Tabela 25: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 34 33,01
Acromáticas 11 10,68
Cromáticas e Acromáticas 0 0,00
Ausente 58 56,31
TOTAL 103 100,00

Embora o engobo tenha sido considerado um atributo independente, para fins de


classificação, devemos considerar que o mesmo está associado às decorações pintadas,
funcionando freqüentemente, no caso do engobo branco - que ocorreu em 32 das 34
peças engobadas, como suporte para execução de grafismos. Nesse sentido, temos o
predomínio das decorações cromáticas na superfície interna das vasilhas abertas ou
levemente restritas.

Tabela 26: Atributo Tipo do Engobo


Variáveis Total %
Interno Branco 15 44,12
Externo Branco 6 17,65
Interno Branco e Externo Vermelho 6 17,65
Externo Branco (parte superior) e Vermelho (parte inferior) 3 8,82
Interno e Externo Branco 2 5,88
Interno Vermelho 1 2,94
Interno e Externo Vermelho 1 2,94
TOTAL 34 100,00

Conforme explicitamos anteriormente, as decorações cromáticas foram classificadas de


acordo com o campo decorativo: primário e secundário. As bandas vermelhas que
organizam os campos decorativos formam um atributo à parte. Desse modo,
apresentamos a seguir uma síntese das decorações cromáticas.
137

Tabela 27: Decorações Cromáticas

Bandas Campo Primário Campo Secundário

Restos não
6 Restos não classificáveis 5 Composição de linhas verticais 1
classificáveis
Faixas Estreitas
4 Composição vestigial de linhas retas 1 Composição de linhas oblíquas 1 1
(10-19mm)
Faixas Finas
4 Composição de linhas retas escalonadas 2 Composição de linhas oblíquas 1 1
(0-9mm)
Faixas Médias Composição de linhas retas entrecruzadas
0 1
(20-49mm) preenchidas (xadrez)
Faixas Largas Composição de linhas curvas preenchidas
0 1
(superior a 50m) por traços
Composição de linhas curvas preenchidas
1
por linhas entrecruzadas
Composição livre de linhas retas e curvas:
1
Representação figurativa

TOTAL 14 TOTAL 12 TOTAL 3

Vale destacar que, condições diferenciadas de preservação dos grafismos pintados


impõem uma abordagem qualitativa dos mesmos: das 32 peças com engobo branco
apenas 19 revelaram vestígios de pintura (bandas, composições em campos primários ou
secundários) e somente 7 peças apresentaram vestígios que permitem o acesso, mesmo
que parcial, aos motivos pintados no campo primário. Quanto à cor utilizada temos nos
campos primários a utilização do preto em 8 peças, do vermelho em 3 e em apenas uma
peça a associação do vermelho com o preto. Nos campos secundários foi utilizado o
vermelho em 2 peças e o preto em 1 peça. Com relação às decorações plásticas, temos:

Tabela 28: Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 6 54,55
Ungulado 4 36,36
Corrugado e Entalhe no Lábio 1 9,09
TOTAL 11 100,00

Os corrugados mais freqüentes foram os corrugados complicados e os espatulados,


enquanto que os ungulados clássicos e pseudo-ungulados tiveram percentuais
semelhantes.

Os atributos morfológicos envolvem a medição da espessura dos fragmentos e a análise


das características formais das bordas, bases e paredes com pontos angulares. A análise
138

da espessura dos fragmentos revelou que 75% das peças têm espessuras medianas, entre
11 e 16 mm.

Tabela 29: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
15-16 24 23,30
11-12 22 21,36
13-14 21 20,39
9-10 10 9,71
17-18 9 8,74
7-8 6 5,83
21-26 4 3,88
19-20 3 2,91
99 3 2,91
4-6 1 0,97
27-34 0 0,00
TOTAL 103 100,00

A classificação morfológica das bordas foi baseada em 17 fragmentos de borda e 04


bordas pertencentes às formas completas, totalizando um conjunto de 21 bordas. Com
relação à morfologia do lábio temos 16 arredondados, 04 planos e 01 apontado.

Tabela 30: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %
Direta Inclinada Externa 5 29,41
Direta Inclinada Externa com Reforço Externo 2 11,76
Direta Inclinada Interna 2 11,76
Carenada 2 11,76
Direta Vertical 1 5,88
Direta Inclinada Externa com Reforço Interno 1 5,88
Direta Inclinada Externa com Reforço Interno Longo 1 5,88
Extrovertida com Ponto Angular 1 5,88
Cambada 1 5,88
Contraída 1 5,88
TOTAL 17 100,00

Conforme mostra a tabela acima temos um predomínio de bordas associadas a orifícios


abertos. Os diâmetros de boca revelam o predomínio de vasilhas médias – 18 a 28 cm.

Temos um total de 06 bases – 05 pertencentes a formas completas, distribuídas nos


seguintes tipos: 03 convexas, 02 plano-convexas e 01 plana em pedestal.
139

Como pontuado anteriormente optamos pela análise dos atributos morfológicos (tipo de
orifício) relacionados aos acabamentos de superfície para formação de grupos de
vasilhas com funções hipotéticas, não recorrendo no momento à reconstituição
morfológica dos mesmos, devido à fragmentação do material. Esses grupos são
formados também por fragmentos de paredes com grafismos pintados na face interna e
externa, assim como ombros com bandas e grafismos na face externa. Essa análise
qualitativa foi aplicada em 20 peças do conjunto artefatual do sítio Franco de Godoy, as
quais estão apresentadas na Tabela 31:

Tabela 31: Análise Qualitiva - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 9
Grupo 1 – Paredes com pintura interna 2
Grupo 2 - Bordas 2
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 1
Grupo 3 - Bordas 2
Grupo 4 - Bordas 4
TOTAL 20

Embora tenhamos um pequeno número de peças, o que nos restringe a interpretação dos
padrões de uso da cerâmica (conforme proposta de GOMES 2005), podemos notar que
os resultados obtidos com a análise qualitativa por grupos de vasilhas demonstram o
predomínio de vasilhas destinadas ao serviço e processamento de alimentos (Grupos 1 e
4). As bordas classificadas nos grupos hipotéticos estão apresentadas na Prancha 23.

Ao cruzarmos os grupos estabelecidos com o tipo e percentual de antiplástico adicionado


constatamos que as peças do Grupo 4 estão relacionadas apenas à antiplásticos minerais,
enquanto os demais grupos apresentam também o caco-moído. Esse fato pode estar
relacionado à utilização das peças do Grupo 4 em atividades de cocção, sobretudo
quando consideramos que nesse conjunto as bordas apresentam dimensões
predominantemente grandes e extragrandes. O percentual de antiplástico na pasta
manteve-se constante, com o predomínio de pastas bastante plásticas.
140

Gráfico 02: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas

3
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Sem medidas

Sem medidas
Pequena (12-16cm)

Média (18-26cm)

Pequena (18-24cm)

Média (26-30cm)

Pequena (12-16cm)

Média (18-30cm)

Pequena (12-16cm)

Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)

Grande (>40cm)

Grande ( (>30cm)

Grande (28-38cm)
Sem leitura
Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Temos a seguinte distribuição das funções presumidas a partir da associação dos grupos
de bordas estabelecidos com suas respectivas dimensões:
- Vasilhas para servir de uso individual (3): miniaturas e peças pequenas do Grupo 1;
- Vasilhas para servir (6): peças médias, grandes e extragrandes do Grupo 1;
- Vasilhas para serviço e processamento (4): peças médias, grandes e extragrandes do
Grupo 4. Nesse caso, os contornos indicam tigelas fundas que também seriam aptas às
atividades de cocção;
- Vasilhas para armazenamento e cocção (2): vasilhas médias do Grupo 3;
- Vasilhas para armazemaneto e fermentação (2): vasilhas do Grupo 2, as quais
apresentam marcas de abrasivas associadas à fermentação de líquidos e foram
reutilizadas em contextos funerários.

No Grupo 1 podemos destacar a presença de um prato com a seguinte decoração: banda


vermelha com cerca de 11 mm de espessura, a parte inferior dessa banda vem delimitada
por linha preta (com 0.2-0.4mm). A uma distância que varia de 3-5 mm dessa linha preta
há outra linha com as mesmas características. O campo principal é formado por linhas
pretas (efetuadas com o mesmo instrumento utilizado para as linhas que acompanham a
banda) que se entrecruzam formando retângulos irregulares (4-12 mm x 2-8 mm) que
141

são preenchidos em vermelho formando uma


espécie de “xadrez”. Esse vermelho foi aplicado
após o desenho das linhas pretas e algumas vezes
se sobrepõem a essas linhas, tendo sido executado
com os dedos. As características morfológicas e
estilísticas dessa peça parecem remeter a um
contexto de interação com o elemento luso-
Figura 44: Prato com decoração cromática
brasileiro, mesmo que essa interação tenha
envolvido apenas o fluxo de informações e objetos, que podem ter inspirado a criação
dessa peça. Ademais, outras peças desse sítio, como veremos a seguir, também apontam
essa possibilidade, exigindo uma revisão das interpretações colocadas até o momento
para o sítio Franco de Godoy, dada sua datação em 1550 anos AP20. Essa peça
apresentou marcas de abrasão (estrias finas) na parte interna.

Outra peça que merece destaque é a tigela com base em pedestal com 15 cm de diâmetro
e 7 cm de altura, cuja decoração pode ser assim sumarizada: o campo secundário é
formado por linhas vermelhas oblíquas à borda
sendo delimitado na parte superior por uma faixa
vermelha que corre no lábio da peça e na parte
inferior por uma banda vermelha de 13 mm. O
motivo principal é composto por uma
representação figurativa com uma linha
concêntrica, bastonetes ocorrem de modo não
padronizado nessa linha, que finaliza em uma

figura central que lembra vísceras. As linhas


Figura 45: Tigela com base em pedestal
vermelhas foram efetuadas com dois
instrumentos diferenciados e verificou-se a descontinuidade nas emendas da linha
concêntrica.

20
Pesquisadores que têm se debruçado sobre acervos Tupiguarani, como o Prof. Dr.André Prous da Universidade Federal de Minas
Gerais, o Prof. Dr. Igor Chmyz do CEPA (UFPR) e a arqueóloga Ms. Angela Buarque corroboraram o caráter incomum dessa peça
(comunicação pessoal, 2006).
142

Uma das bordas do Grupo 01 revelou uma composição de


linhas curvilíneas preenchidas por linhas entrecruzadas,
bastante peculiar (ao lado), que também fornece insumos
para a hipótese de estarmos lidando com um contexto de
contato.
Figura 46: Fragmento com pintura

O Grupo 2 é representado por vasilhas que tiveram uso secundário em enterramentos,


ambas as peças apresentam marcas de uso caracterizadas por descamamento na parte
interna. Vale destacar que os grafismos pintados presentes nessas peças são
caracterizados por composições de linhas retilíneas escalonadas (Pranchas 21 e 22).

Figuras 47 e 48: Bordas pertencentes ao Grupo 3

O Grupo 3 é formado nesse sítio apenas por duas peças, ambas com 18 cm de diâmetro
de boca e decoração pseudo-ungulada na superfície externa. Um detalhe interessante é
que uma das bordas apresenta um apêndice, que formava provavelmente uma asa ou
alça, característica que também corrobora o fato de estarmos lidando com um contexto
de contato.

Por fim, temos quatro peças que podem ser incluídas no Grupo 4. Uma das peças, com
57 cm de diâmetro de boca, possui decoração corrugada e foi reutilizada como tampa na
Estrutura Funerária 5. As demais peças do grupo apresentam superfícies alisadas.
PRANCHA 21

LEGENDA

Diâmetro de boca: 28 cm
Diâmetro máximo: 72 cm
Altura: 68 cm
Decoração: grafismos pintados no
ombro compostos por bandas
vermelhas e motivos retilíneos
escalonados.
Vestígios associados: A peça teve
uso secundário para enterramento
de adulto jovem, caracterizado
por ossos gráceis, suturas sagitais
não soldadas e molares com baixo
grau de desgaste (PIEDADE
1992).

SÍTIO FRANCO DE GODOY:


ESTRUTURA FUNERÁRIA 1
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 22

LEGENDA

Urna
Diâmetro de boca: 18 cm
Diâmetro máximo: 46 cm
Decoração: grafismos pintados
no ombro compostos por bandas
vermelhas e motivos retilíneos
escalonados.
Vestígios associados: provável
uso secundário para
enterramento, embora não
tenham sido recuperados
vestígios ósseos. Ao ser
encontrada a peça apresentava-se
coberta por uma vasilha com
decoração corrugada.
Observações: A peça passou por
procedimentos de curadoria e
restauro no MAE/USP, a cargo
do conservador Gedley Belchior
Braga.

Tampa
Vasilha com decoração
corrugada, destinada à cocção e
serviço de alimentos com 57 cm
de diâmetro de boca.

SÍTIO FRANCO DE GODOY:


ESTRUTURA FUNERÁRIA 5
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
146

4.3.2 Conjunto Artefatual do Sítio Franco de Campos (FCD)

A coleção do sítio Franco de Campos provém das intervenções realizadas durante o


resgate arqueológico da PCH Mogi Guaçu, levado a cabo por Morais (1995) e do
material arqueológico coletado durante os trabalhos de campo efetuados no âmbito dessa
pesquisa. Temos um total de 1519 fragmentos cerâmicos, 6 bolotas de argila e 27 líticos,
conforme mostra a tabela a seguir.

Tabela 32: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Fragmentos Fragmentos Unidades de Bolotas de
Proveniência Líticos
≤15mm ≥15mm Análise argila
Coletas seletivas margem do rio 1991 0 12 12 0 1
Coletas seletivas margem do rio 2005 0 18 18 0 0
Coletas seletivas margem do rio 2006 0 28 25 0 2
Sondagem 1 (Etapa 1991) 0 142 138 0 1
Sondagem 3 (Etapa 1991) 0 20 19 0 0
Sondagem 4 (Etapa 1991) 0 36 34 0 1
Sondagem 5 (Etapa 1991) 0 25 24 0 0
Sondagem 6 (Etapa 1991) 0 164 157 0 0
Poços-Testes (Etapa 2006) 138 121 106 0 6
Unidade de Escavação 1 (Etapa 2006) 236 124 118 0 0
Unidade de Escavação 2 (Etapa 2006) 12 28 21 0 0
Unidade de Escavação 3 (Etapa 2006) 178 188 176 6 16
Unidade de Escavação 4 (Etapa 2006) 20 29 21 0 0
TOTAL 584 935 869 6 27

Temos nesse conjunto 42 peças que apresentam características tecnológicas e estilísticas


que nos remetem as cerâmicas históricas de produção local/ regional (conforme conceito
proposto por ZANETTINI 2005). Os tipos de unidades de análise estão apresentados a
seguir:
Tabela 33: Atributo Tipo de Peça
Variáveis Total %
Paredes 696 80,09
Bordas 90 10,36
Bases 23 2,65
Paredes com ponto angular 39 4,49
Paredes com ponto de inflexão 16 1,84
Formas completas 1 0,12
Outros 4 0,46
TOTAL 869 100,00
147

Os fragmentos classificados como outros correspondem a três calibradores, sendo dois


deles fragmentados, e uma peça modelada não identificada. O calibrador mais íntegro
apresenta engobo branco e pintura na superfície externa, sendo que o sulco foi executado
na parte interna da peça. O fragmento reutilizado pertenceu, provavelmente, a uma
vasilha de contorno complexo destinada ao
armazenamento/ fermentação de líquidos (Grupo 2).
A escolha desse fragmento deveu-se provavelmente
ao fato do mesmo ser bastante aplanado, adequado
assim ao reuso pretendido.

Figura 49: Calibrador

Com relação à técnica de construção temos 63,51% de peças com padrão de quebra
evidenciando os roletes, 36,02% de peças onde os roletes apresentaram-se obliterados e
0,46% de peças construídas pela técnica modelada.

Tabela 34: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 816 93,94
Mineral e Caco Moído 43 4,96
Mineral, Caco Moído e Saibro 11 1,08
TOTAL 869 100,00

Uma característica marcante desse conjunto artefatual é o predomínio do antiplástico


mineral, sendo que em apenas cerca de 5% das peças foi verificada a ocorrência do caco-
moído. Esses antiplásticos minerais são, preponderantemente, partículas de quartzo
angulosas, algumas vezes leitosas e friáveis. Esses minerais apresentam-se distribuídos
de maneira heterogênea na pasta, que apresenta má orientação das partículas. Também
notamos nesse conjunto um incremento das espessuras desses antiplásticos minerais,
conforme mostra a Tabela a seguir:

Tabela 35: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 271 31,21
0-2mm 391 45,03
>2mm 206 23,76
TOTAL 869 100,00
148

Ademais, na relação argila x antiplástico temos um percentual maior de pastas mais


grosseiras:
Tabela 36: Atributo Freqüência do Antiplástico
Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 233 26,86
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 525 60,4
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 111 12,73
TOTAL 869 100,00

Como explicitamos anteriormente, a presença de partículas de quartzo provoca a redução


da vida útil das vasilhas, dado o aumento do stress térmico e menor resistência ao
impacto, por outro lado, temos um incremento da efetividade térmica, característica
desejável em potes destinados à cocção. No caso do conjunto artefatual do sítio Franco
de Campos essa escolha não se restringiu aos potes para cocção, apontando para
motivações que vão além das características de perfomance de “cooking pots” (SKIBO
1992).

Quanto ao predomínio de pastas com um percentual maior de elementos minerais,


sabemos que “they reduce the proportion of water that can be held in the clay mix and
hence the shrinkage is reduced” (JACOBS Apud ORTON et al 1997: 115), facilitando,
portanto, o processo de secagem. Por outro lado, a plasticidade dessas pastas é
prejudicada, dificultando o processo de construção dos potes.

Tabela 37: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 9 1,09
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 26 2,95
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 289 33,23
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 89 10,25
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 47 5,43
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 5 0,62
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
393 45,19
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
8- Apresenta partes reduzidas e oxidadas de modo alternado. 1 0,16
Sem leitura 9 1,09
TOTAL 869 100,00
149

O atributo queima revelou a preponderância da queima incompleta, embora tenhamos


para esse conjunto um incremento da Queima 4, caracterizada por uma secção
transversal preta e sem a presença de núcleos, verificada em 10,25% das peças. Essa
diferença sutil no processo de queima pode estar relacionada ao fato de estarmos lidando
com um contexto de contato com elemento luso-brasileiro (ZANETTINI 2005).

Nesse conjunto a análise do acabamento de superfície esteve muitas vezes limitada pelas
alterações tafonômicas – que dizem respeito a processos pós-deposicionais que afetam
os artefatos –, uma vez que estas alterações vêm muitas vezes impedir uma leitura
segura do acabamento efetuado. Identificamos basicamente dois tipos de alteração nas
superfícies das peças: uma causada por processos erosivos (ação de radículas, arraste
hídrico e eólico) e outra relacionada a processos químicos (presença de pátina). Schiffer
define pátina como “a generic term used to describe the chemically altered surface of
stone (and other artifact materials)” (SCHIFFER 1991: 152). Assim, empregamos o
termo pátina para definir a camada superficial agregada à superfície da cerâmica
provocada por processos pós-deposicionais. Cabe lembrar que esse sítio está sujeito,
freqüentemente, a dinâmica deposicional do rio Mogi Guaçu, fato que certamente
incrementou as alterações tafonômicas indicadas. As tabelas 38 e 39 apresentam os
acabamentos de superfície evidenciados:

Tabela 38: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 273 31,42
Alisamento 590 67,89
Polimento 4 0,46
Tratamento Plástico 0 0
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0
Sem leitura 2 0,23
TOTAL 869 100,00
Tabela 39: Atributo Acabamento de Superfície Externa
Variáveis Total %
Banho 276 31,76
Alisamento 454 52,24
Polimento 2 0,23
Tratamento Plástico 106 12,2
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 25 2,877
Sem leitura 6 0,69
TOTAL 869 100,00
150

Temos um percentual semelhante de aplicação de um acabamento esmerado (banho) nas


superfícies internas e externas. Ademais, conseguimos caracterizar a aplicação de
barbotina na superfície interna de 31 peças e na superfície externa de 11 peças, antes da
execução do engobo. As peças nas quais foi verificada a aplicação de barbotina são
caracterizadas pela adição de uma pasta refinada de coloração alaranjada. O polimento
está associado à aplicação de brunidura na superfície interna e do lustro na superfície
externa. Uma dessas peças com lustro externo apresenta uma camada de resina ainda
bem conservada. Vale destacar que temos para esse conjunto um número considerável
de peças com desgaste da superfície interna (11,27%). Ademais, podemos verificar o
enegrecimento da superfície externa de 9 peças, característica bastante comum na
cerâmica de produção local/ regional (ZANETTINI 2005).

A análise das técnicas decorativas revelou o predomínio do engobo e/ou pintura sobre as
decorações plásticas, conforme mostra a tabela abaixo:

Tabela 40: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 222 25,55
Acromáticas 115 13,23
Cromáticas e Acromáticas 2 0,23
Ausente 530 60,99
TOTAL 869 100,00

Tabela 41: Atributo Tipo do Engobo


Variáveis Total %
Externo Branco 68 30,36
Externo Vermelho 37 16,52
Interno Branco 36 16,07
Interno Branco e Externo Vermelho 25 11,16
Interno Vermelho 18 8,036
Interno e Externo Branco 16 7,143
Externo Branco (parte superior) e Vermelho (parte inferior) 10 4,464
Interno Vermelho e Externo Branco 5 2,232
Interno e Externo Vermelho 4 1,786
Externo Alaranjado 3 1,339
Interno Alaranjado 2 0,893
TOTAL 224 100,00

Temos a presença significativa de peças com engobo na superfície externa. Dentre o


conjunto de peças engobadas, 160 apresentaram engobo branco em pelo menos uma das
151

superfícies, o qual deve ter servido de suporte para a aplicação da decoração pintada. No
entanto, apenas peças 41 permitiram o acesso, mesmo que parcial, às composições dos
motivos pintados nos campos primários e/ou secundários. Vale destacar que duas peças
apresentaram faixas vermelhas pintadas em campo primário, sem a aplicação prévia de
engobo branco como suporte.

Tabela 42: Decorações Cromáticas

Bandas Campo Primário Campo Secundário

Restos não
53 Restos não classificáveis 13 Restos não classificáveis 1
classificáveis
Faixas Estreitas Composição de linhas
12 Composição vestigial de linhas retas 11 5
(10-19mm) verticais
Faixas Finas Composição de linhas
8 Composição vestigial de linhas curvas 10 3
(0-9mm) oblíquas 1
Faixas Médias Composição de linhas
2 Composição vestigial de linhas retas e curvas 2 1
(20-49mm) oblíquas 2
Faixas Largas
0 Composição de linhas ortogonais assimétricas 1
(superior a 50m)

Composição de linhas retas escalonadas 3

Composição de linhas retas entrecruzadas 1

Composição livre de linhas retas e curvas -


1
preenchidas por pontos
Composição livre de linhas retas e curvas:
3
Representação Figurativa

TOTAL 75 TOTAL 45 TOTAL 10

Figuras 50 a 52: Fragmentos com decorações pintadas


152

Nos campos primários temos a escolha da cor marrom/preta em 24 peças, a vermelha em


14 peças e a associação preta/ vermelha em 7 peças. Nessas últimas temos,
preponderantemente, a utilização da cor preta em elementos de reforço das linhas
vermelhas. Nos campos secundários temos 7 peças com bastonetes na cor preta e 3 peças
com a cor vermelha. Cabe destacar a presença de partes de representações figurativas
(ver fotos 50 a 52), com a presença inclusive de “membros” e uma “rosácea”, os quais
têm sido identificados em outras coleções Tupiguarani (BUARQUE 2007; PROUS
2005a, 2005b).

Apenas 02 peças apresentaram decorações engobadas e plásticas associadas, uma delas


caracterizada por engobo interno branco com ungulado externo e outra por engobo
interno vermelho com corrugado complicado externo.

Com relação às decorações plásticas (acromáticas) vemos o predomínio dos corrugados


conforme explicitado na Tabela 43. Os tipos de decorações corrugadas mais freqüentes
são o corrugado complicado (33 peças), o corrugado telhado (14 peças), o corrugado não
padronizado (10 peças) e o corrugado espatulado (8 peças).

Tabela 43: Tipo de Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 78 65,00
Corrugado Ungulado 13 10,83
Ungulado 11 9,17
Escovado 5 4,17
Inciso 5 4,17
Entalhe 5 4,17
Acanelado 1 0,83
Escovado e Entalhe no Lábio 1 0,83
Corrugado e Entalhe no Lábio 1 0,83
TOTAL 120 100,00

Cabe ressalvar que as decorações incisas estão relacionadas às peças com características
que nos remetem a um contexto de contato.
1 2 PRANCHA 24

LEGENDA

4 1. Decorações plásticas com


presença de ungulados ou
pseudo-ungulados, algumas vezes
associados a corrugados e
roletados.

2. Decoração plástica escovada

3. Decoração plástica com


entalhe na borda

4. Decorações plásticas
corrugadas, onde visualizamos
corrugados espatulados,
corrugados digitados e
corrugados telhados.

SÍTIO FRANCO DE CAMPOS:


DECORAÇÕES PLÁSTICAS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
154

Como mostra a Tabela 44, a espessura das peças está entre 13 e 16 mm em cerca de 40%
dos fragmentos, sendo raras as peças com menos de 8 mm de espessura, fato
vislumbrado com mais freqüência nos outros conjuntos analisados.

Tabela 44: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
15-16 166 19,10
13-14 163 18,79
17-18 131 15,06
11-12 111 12,73
9-10 86 9,94
19-20 78 9,01
21-26 61 6,99
7-8 39 4,50
Sem Leitura 16 1,86
4-6 12 1,40
27-34 5 0,62
TOTAL 869 100,00

O número significativo de paredes com ponto angular (39), assim como as diferenças
morfológicas entre os mesmos, levou sua
Tipo 1 classificação em 4 tipos, ilustrada ao lado. O
Tipo 01 é o mais freqüente associado ao
maior diâmetro da vasilha, onde temos o
ponto angular que divide a parte superior
Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 carenada e a parte inferior. Os ombros do
Tipo 1 apresentam freqüentemente ângulos
internos de 90° à 120º. O ombro Tipo 2,
restrito a uma peça, apresenta um colo bem
marcado no qual temos uma faixa vermelha
Figura 53: Tipos de paredes com ponto angular bastante espessa. O ombro do Tipo 3 está
s
associado à parte da vasilha na qual temos a junção de dois ombros pertencentes a um
corpo complexo segmentado, sendo caracterizado por uma faixa vermelha externa que
marca o ponto angular. O ombro do Tipo 4 assemelha-se morfologicamente ao Tipo 3,
no entanto apresenta uma ondulação interna que pode ter funcionado como suporte para
tampa.
155

As bases identificadas estão classificadas em: 13 bases convexas e 10 bases plano-


convexas. Essas últimas são caracterizadas por apresentar a parte central do fundo
aplanada, dando estabilidade à vasilha, os ângulos dessas bases medem entre 150° e
180°. Quanto à morfologia dos lábios temos 4 planos, 79 arredondados, 5 apontados e 3
sem leitura. Das 91 bordas coletadas, 66 permitiram a classificação morfológica.

Tabela 45: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %
Direta Inclinada Interna 17 25,76
Carenada 16 24,24
Direta Inclinada Externa 13 19,7
Direta Inclinada Interna com Lábio Extrovertido 8 12,12
Direta Inclinada Externa com Reforço Interno 4 6,061
Contraída 3 4,545
Direta Vertical 2 3,03
Extrovertida 2 3,03
Carenada com Reforço Interno Longo 1 1,515
TOTAL 66 100

Passemos à análise qualitativa com base na formação dos grupos hipotéticos. Temos um
total de 121 peças com características morfológicas e/ou decorativas que permitem o
enquadramento em um dos grupos estabelecidos. Dentre essas peças contamos com 51
bordas que permitem o acesso aos diâmetros de boca das vasilhas.

Tabela 46: Análise Qualitativa - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 19
Grupo 1 – P’aredes com pintura interna 25
Grupo 2 - Bordas 9
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 32
Grupo 3 - Bordas 17
Grupo 4 - Bordas 19
TOTAL 121
156

Gráfico 03: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas

10

6
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Sem medidas

Sem medidas
Pequena (12-16cm)

Média (18-26cm)

Pequena (18-24cm)

Média (26-30cm)

Pequena (12-16cm)

Média (18-30cm)

Pequena (12-16cm)

Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)

Grande (>40cm)

Grande ( (>30cm)

Grande (28-38cm)
Sem medidas

Sem leitura
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Como mostra o gráfico acima temos um número significativo de vasilhas medianas do


Grupo 3. Ademais, como mostra a Prancha 25, temos nesse caso um incremento da
decoração corrugada nesse grupo. No entanto, bordas pertencentes a formas abertas ou
levemente restritas (Grupo 1 e 4), destinadas ao preparo e/ou serviço de alimentos e
bebidas, são as mais numerosas, as quais tendem a ser repostas com mais freqüência.
Quando associamos os diâmetros de boca aos grupos estabelecidos podemos indicar os
seguintes usos presumidos:
- Vasilhas para servir de uso individual (3): miniaturas e peças pequenas do Grupo 4;
- Vasilhas para servir (13): peças médias, grandes e extragrandes do Grupo1;
- Vasilhas para serviço e processamento (12): peças médias, grandes e extragrandes do
Grupo 4;
- Vasilhas para armazenamento e cocção (12): vasilhas médias e grandes do Grupo 3;
- Vasilhas para armazenamento e cocção de pequenas quantidades (3): miniaturas e
peças pequenas do Grupo 3;
- Vasilhas para armazemaneto e fermentação (8): vasilhas do Grupo 2.

Observamos que nesse conjunto, a escolha dos tipos e tamanhos dos antiplásticos
adicionados não mudou de acordo com o tipo de vasilha construída, acarretando, de um
157

modo geral, em vasilhas com boa capacidade de aquecimento, mas com vida-útil
reduzida, dada a presença significativa de elementos minerais nas pastas, os quais
correspondem, freqüentemente, à 10-30% das pastas em 60% das peças.

Por outro lado, foi possível verificar o incremento da utilização do saibro (argila seca
triturada) como antiplástico em peças com características que nos remetem ao contato,
sobretudo, em peças com decoração incisa.

Nesse sítio conseguimos evidenciar algumas marcas de uso. Em 8 bordas do Grupo 4


temos marcas de abrasão relacionadas à ação de mexer e servir alimentos, estas estrias
apresentam-se isoladas, grossas e longas (SKIBO 1992). Constatamos a descamação da
parte interna de 7 paredes com ponto angular pertencentes ao Grupo 2. Ademais,
verificamos a presença de depósitos de carbono em 4 bases, as quais não puderam ser
enquadradas em nenhum grupo. Em uma dessas bases a camada apresenta-se bastante
espessa (ver foto). Também identificamos a presença de fuligem em 4 paredes simples.

Figura 54: Base com fuligem


159

Passemos a uma caracterização geral do material lítico coletado no sítio Franco de


Campos (para uma descrição das categorias analíticas adotadas ver LIMA 2003).

Figuras 55 e 56: Suporte/batedor em quartzito e lasca em silexito

Com relação à técnica temos 17 peças lascadas, 6 brutas e 4 transporfatos. Enquanto as


peças denominadas “brutas” consistem em artefatos com marcas de utilização que não
tiveram sua forma original modificada para tal fim, os transporfatos são fragmentos de
rochas sem sinais de utilização, mas cuja presença no contexto arqueológico pode
indicar uma coleta de matéria prima para atividades cotidianas (PROUS 2004).

Dentre o material lascado contamos com 14 estilhas, 1 lasca, 1 lasca com marca de uso e
1 raspadeira com marca de uso. A matéria prima escolhida para a produção dos artefatos
lascados foi preferencialmente o silexito (15 peças), embora contemos com uma peça em
basalto e uma em quartzito.

Quanto ao material bruto temos 1 calibrador, 3 abrasadores, 1 suporte/batedor e 1


percutor. Nessa categoria de material temos o predomínio do quartzito, seguido pelo
arenito.
160

4.3.3 Conjunto artefatual do Sítio Barragem (BRR)

O acervo arqueológico proveniente do sítio Barragem provêem das pesquisas realizadas


por Morais (1995) durante o resgate arqueológico da PCH Mogi Guaçu. A análise
realizada está restrita a variabilidade formal dos artefatos evidenciados, principalmente
no que concerne a comparação com as outras coleções aqui apresentadas. Foi coletado
um total de 198 fragmentos cerâmicos que, após remontagens, resultaram em 189
unidades de análise, divididas nas seguintes classes:

Tabela 47: Sítio Barragem: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Fragmentos Fragmentos Unidades de Bolotas de
Proveniência Líticos
≤15mm ≥15mm Análise argila
Sondagens 0 198 189 0 4
TOTAL 0 198 189 0 4

Tabela 48: Atributo Tipo de peça


Variáveis Total %
Paredes 161 85,19
Bordas 14 7,41
Bases 4 2,12
Paredes com ponto angular 7 3,70
Paredes com ponto de inflexão 3 1,59
TOTAL 189 100,00

Em apenas 37% das peças foi possível verificar o padrão de quebra evidenciando os
roletes, revelando a atenção dispensada na junção dos mesmos. Das 04 bases
identificadas, 03 foram certamente produzidas por meio da técnica acordelada.

Tabela 49: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 186 98,40
Mineral e Caco Moído 3 1,60
TOTAL 189 100,00

Assim como no sítio Franco de Campos, o sítio Barragem apresentou o predomínio


absoluto do antiplástico mineral, composto majoritariamente por grãos de quartzo
angulosos, distribuídos de modo heterogêneo na pasta. No entanto, nesse sítio a
espessura das partículas de quartzo, também caracterizadas por arestas angulosas, são
mais refinadas, conforme vemos na Tabela 50:
161

Tabela 50: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 90 47,60
0-2mm 85 45,00
>2mm 14 7,40
TOTAL 403 100,00

Tabela 51: Atributo Frequência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 83 43,90
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 98 51,90
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 8 4,20
TOTAL 189 100,00

A análise do atributo queima também revelou o predomínio de processos de queima


pouco controlados, caracterizados pela presença de planos de fratura com núcleos
escuros e margens oxidadas.

Tabela 52: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 0 0,00
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 4 2,12
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 72 38,10
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 11 5,82
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 9 4,76
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 0 0,00
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
92 48,68
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
8- Apresenta partes reduzidas e oxidadas de modo alternado. 1 0,53
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 189 100,00

A análise dos acabamentos de superfície também revelou o predomínio de superfícies


alisadas, seguidas das superfícies com banho. Contudo, o banho foi aplicado em um
percentual menor que nos conjuntos anteriormente apresentados. Dentre os fragmentos
alisados foi identificada a aplicação de barbotina na superfície interna de 6 peças e na
superfície externa de 8 peças. Foi detectado o enegrecimento da superfície externa de 8
peças alisadas.
162

Tabela 53: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 38 20,11
Alisamento 151 79,89
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 0 0,00
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0,00
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 189 100,00
Tabela 54: Atributo Acabamento de Superfície Externa
Variáveis Total %
Banho 48 25,40
Alisamento 121 64,02
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 15 7,94
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 5 2,65
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 189 100,00

A análise das técnicas decorativas revelou o predomínio do engobo e/ou pintura sobre as
decorações plásticas, conforme mostra a tabela abaixo:

Tabela 55: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 41 21,69
Acromáticas 17 8,99
Ausente 131 69,31
TOTAL 189 100,00

Tabela 56: Atributo Tipo do Engobo


Variáveis Total %
Externo Branco 14 34,15
Interno Branco e Externo Vermelho 10 24,39
Externo Vermelho 8 19,51
Interno Branco 6 14,63
Interno Vermelho 2 4,88
Interno e Externo Branco 1 2,44
TOTAL 41 100,00

Mais uma vez obtivemos resultados semelhantes ao conjunto Franco de Campos, nesse
caso também temos o predomínio das peças com engobo branco externo. De um total de
163

41 peças com engobo, 31 apresentaram engobo branco em uma das superfícies, tendo
servido como suporte para a aplicação de grafismos pintados.

Tabela 57: Decorações Cromáticas

Bandas Campo Primário Campo Secundário

Restos não Composição de linhas


16 Restos não classificáveis 2 1
classificáveis oblíquas
Faixas Estreitas
2 Composição de linhas verticais 1
(10-19mm)
Composição de incompleta de linhas
1
retas e curvas

TOTAL 18 TOTAL 4 TOTAL 1

Figura 57: Fragmento com pintura

As decorações plásticas estão distribuídas nos tipos corrugados, escovados e ungulados.


Dentre os corrugados, se sobressaem os corrugados complicados e telhados.

Tabela 58: Tipo de Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 13 76,47
Ungulado 2 11,76
Escovado 2 11,76
TOTAL 17 100,00
164

Figuras 58 a 60: Fragmentos corrugados

No que diz respeito às espessuras das peças temos o predomínio das espessuras
medianas, sendo raras peças com menos de 8 mm.

Tabela 59: Atributo Espessura da Peça


Variáveis (mm) Total %
15-16 48 25,4
17-18 38 20,1
13-14 33 17,5
11-12 26 13,8
19-20 21 11,1
9-10 14 7,4
21-26 8 4,2
7-8 1 0,5
TOTAL 189 100,00

O conjunto artefatual do sítio Barragem forneceu apenas 15 bordas, das quais apenas 9
forneceram elementos para classificação morfológica, apresentada na tabela a seguir. Os
lábios foram classificados em 01 plano, 01 apontado e 14 arredondados, revelando,
assim como nos conjuntos anteriormente descritos, o predomínio das bordas com lábios
arredondados. Todas as bases identificadas foram classificadas como plano-convexas.
Dos 07 ombros coletados temos 06 do Tipo 01 e apenas uma peça do Tipo 4, com
suporte para tampa.

Tabela 60: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %
Carenada 4 44,44
Direta Inclinada Interna 2 22,22
Direta Inclinada Interna com Lábio Extrovertido 2 22,22
Direta Inclinada Interna 2 22,22
Carenada com Reforço Interno Longo 1 11,11
TOTAL 9 100,00

A seguir apresentamos a distribuição das peças nos grupos estabelecidos:


165

Tabela 61: Análise Qualitiva - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 3
Grupo 1 – Paredes com pintura interna 2
Grupo 2 - Bordas 2
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 1
Grupo 3 - Bordas 1
Grupo 4 - Bordas 3
TOTAL 12

Gráfico 04: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas


3

2
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Sem medidas

Sem medidas
Pequena (12-16cm)

Média (18-26cm)

Pequena (18-24cm)

Média (26-30cm)

Pequena (12-16cm)

Média (18-30cm)

Pequena (12-16cm)

Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)

Grande (>40cm)

Grande ( (>30cm)

Grande (28-38cm)
Sem leitura
Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Embora tenhamos um pequeno número de bordas, vale destacar o predomínio de peças


com dimensões medianas e grandes, estando ausentes peças com dimensões pequenas. A
Prancha 26 mostra as bordas classificadas e seus respectivos grupos, as quais podem
ser associadas as seguintes funções presumidas:
- Vasilhas para servir (3): peças médias e grandes do Grupo1;
- Vasilhas para serviço e processamento (3): peças médias e grandes do Grupo 4.
Nesse caso temos a presença exclusiva de bordas carenadas nesse conjunto;
- Vasilhas para armazenamento e cocção (1): vasilha grande do Grupo 3;
- Vasilhas para armazemaneto e fermentação (2): vasilhas do Grupo 2.

O material lítico é composto por 1 estilha de quartzo, 1 abrasador de quartzito e 2


batedores de quartzo.
167

4.3.4 Conjunto artefatual do Sítio Ipê (Ip)

O acervo arqueológico proveniente do sítio Ipê provém dos estudos realizados no âmbito
da duplicação da SP-346 (MORAIS 2002). Cabe ressalvar que a análise aqui realizada
tem por objetivo caracterizar, de modo geral, o conjunto artefatual em questão, uma vez
que as pesquisas realizadas limitaram-se à coleta de material em superfície, não tendo
sido realizados trabalhos mais aprofundados que permitam uma caracterização mais
acurada dos processos sociais e culturais envolvidos na produção e utilização dos
artefatos. Desse modo, assim como no sítio Barragem, a análise aqui proposta está
restrita a variabilidade formal dos artefatos evidenciados, principalmente no que
concerne a comparação com as outras coleções aqui apresentadas.

Tabela 62: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Fragmentos Fragmentos Unidades de Bolotas de
Proveniência Líticos
≤15mm ≥15mm Análise argila
Coletas Seletivas de Superfície 0 114 114 0 10
TOTAL 0 114 114 0 10

Tabela 63: Atributo Tipo de Peça


Variáveis Total %
Paredes 96 84,21
Bordas 14 12,28
Bases 0 0,00
Paredes com ponto angular 2 1,75
Paredes com ponto de inflexão 2 1,75
TOTAL 114 100,00

Em 81,58% das peças foi possível verificar o padrão de quebra evidenciando os roletes,
raramente obliterados, o que mostra a escolha por uma junção menos aprimorada dos
mesmos, característica diferenciada dos outros conjuntos anteriormente apresentados.
Não contamos com peças modeladas nesse conjunto.

Tabela 64: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 34 29,82
Mineral e Caco Moído 80 70,18
TOTAL 114 100,00
168

Dentre os sítios localizados na Área 1, apresentados anteriormente, o sítio Ipê foi o que
apresentou um percentual maior de peças nas quais foi identificada à adição do caco
moído como antiplástico, o qual foi identificado em 70% das peças. Assim,
apresentamos a seguir as espessuras dos antiplásticos minerais e do caco-moído:

Tabela 65: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 64 56,14
0-2mm 36 31,58
>2mm 14 12,28
TOTAL 114 100,00

Tabela 66: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-moído


Variáveis Total %
0-1mm 11 13,75
0-2mm 40 50,00
>2mm 29 36,25
TOTAL 80 100,00

Enquanto os antiplásticos minerais apresentam dimensões maiores de 1 mm em cerca de


12% das peças, o caco-moído tende a apresentar espessuras maiores de 1 mm em 86%
das peças. Os antiplásticos estão distribuídos de maneira heterogênea na pasta,
caracterizando algumas vezes concentrações. Não obstante, as pastas revelaram-se
bastante plásticas em 75% das peças, conforme apresentamos a seguir.

Tabela 67: Atributo Frequência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 85 74,56
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 26 22,81
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 3 2,632
TOTAL 114 100,00

A análise do atributo queima também revelou o predomínio de processos de queima


incompletos, onde 76% das peças apresentam núcleos escuros.
169

Tabela 68: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 3 2,63
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 3 2,63
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 25 21,93
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 6 5,26
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 15 13,16
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 0 0,00
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
62 54,39
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
TOTAL 114 100,00

A análise dos acabamentos de superfície também revelou o predomínio absoluto de


superfícies alisadas. A peça que apresenta polimento interno trata-se de uma superfície
brunida e a peça que apresenta polimento externo está associada à aplicação de lustro.
Foi verificada que dentre as peças alisadas temos 10 com desgaste interno e 3 com
desgaste externo.

Tabela 69: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 17 14,91
Alisamento 94 82,46
Polimento 1 0,88
Tratamento Plástico 0 0,00
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0,00
Sem leitura 2 1,75
TOTAL 114 100,00
Tabela 70: Atributo Acabamento de Superfície Externa
Variáveis Total %
Banho 16 14,04
Alisamento 80 70,18
Polimento 1 0,88
Tratamento Plástico 8 7,02
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 6 5,26
Sem leitura 3 2,63
TOTAL 114 100,00

Tabela 71: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 13 11,40
Acromáticas 16 14,04
Ausente 85 74,56
TOTAL 114 100,00
170

Tabela 72: Atributo Tipo do Engobo


Variáveis Total %
Interno Branco 3 23,08
Interno e Externo Branco 3 23,08
Externo Vermelho 2 15,38
Externo Branco 2 15,38
Interno Branco e Externo Vermelho 2 15,38
Externo Branco (parte superior) e Vermelho (parte inferior) 1 7,69
TOTAL 13 100,00

Outra particularidade desse conjunto é que, na amostra analisada, temos um percentual


ligeiramente maior de decorações plásticas (acromáticas) sobre as decorações
cromáticas.

O engobo branco é predominante nas tigelas, sendo aplicado na superfície interna e


externa (parte superior). Foram identificados vestígios de bandas vermelhas em 3 peças
e, em apenas 1 peça foi possível identificar vestígios de pintura no campo secundário,
caracterizado por linhas oblíquas.

Figuras 61 a 63: Bordas com decorações pintadas. Notar a variabilidade dos avermelhados. A peça
do meio apresenta apenas vestígios de engobo branco.

As decorações plásticas estão distribuídas nos tipos corrugados (complicados e


espatulados) escovados e ungulados.

Tabela 73: Tipo de Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 9 56,25
Ungulado 3 18,75
Escovado 1 6,25
TOTAL 17 7,94
171

Figuras 64 a 66: Peças com decorações plásticas (acromáticas) corrugadas e ungulada.

Passemos às características formais das peças. As espessuras estão indicadas na Tabela


74 e demonstram o predomínio de peças com espessuras de 15 a 16 mm:

Tabela 74: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
15-16 32 28,07
13-14 20 17,54
11-12 15 13,16
17-18 13 11,40
9-10 12 10,53
19-20 9 7,89
Sem leitura 6 5,26
21-26 4 3,51
7-8 3 2,63
27-34 0 0,00
TOTAL 114 100,00

Contamos com a presença de apenas 14 bordas, das quais 10 puderam ser classificadas
conforme mostra a Tabela 75. Cabe ressaltar que todos os lábios são do tipo
arredondado. As paredes com ponto angular (ombros) são do Tipo 1.

Tabela 75: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %

Direta Inclinada Externa 2 20,00


Carenada 2 20,00
Contraída 2 20,00
Direta Inclinada Externa com Reforço Externo 1 10,00
Direta Inclinada Externa com Reforço Interno 1 10,00
Direta Inclinada Interna com Lábio Extrovertido 1 10,00
Extrovertida 1 10,00
TOTAL 10 100,00
172

A seguir apresentamos a distribuição das peças nos grupos estabelecidos, onde fica
nítido o predomínio das peças inseridas no Grupo 4.

Tabela 76: Análise Qualitativa - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 2
Grupo 1 – Paredes com pintura interna 0
Grupo 2 - Bordas 0
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 0
Grupo 3 - Bordas 1
Grupo 4 - Bordas 7
TOTAL 10

A análise dos antiplásticos por grupos de peças revelou que a adição de caco moído
ocorre, na amostra analisada, preponderantemente nas vasilhas dos Grupos 3 e 4.
Podemos apontar a hipótese de que esse antiplástico foi utilizado em vasilhas destinadas
também a cocção de alimentos, visando uma maior durabilidade dessas vasilhas expostas
constantemente ao stress térmico. Nesse caso, a característica de durabilidade foi
previlegiada em detrimento da efetividade de aquecimento, revelando escolhas
difrenciadas daquelas que evidenciamos nos sítios Franco de Campos e Barragem.

Gráfico 05: Distribuição das pbordas por grupos de vasilhas


4

3
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Sem medidas

Sem medidas
Pequena (12-16cm)

Média (18-26cm)

Pequena (18-24cm)

Média (26-30cm)

Pequena (12-16cm)

Média (18-30cm)

Pequena (12-16cm)

Média (18-26cm)
Grande (28-38cm)

Grande (>40cm)

Grande ( (>30cm)

Grande (28-38cm)
Sem leitura
Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4


173

Nesse caso a amostra reduzida de peças coletadas limita o avanço das hipóteses acerca
dos padrões de produção e uso das vasilhas cerâmicas, não obstante, podemos indicar
algumas funções presumidas das 6 peças com diâmetro mensurado:
- Vasilhas para servir de uso individual (1): peça pequena do Grupo 4;
- Vasilhas para serviço e processamento (6): peças médias e grandes do Grupo 4.

A representatividade quantitativa do material lítico nesse conjunto artefatual é de 8,7%


do material coletado. Assim, temos: 5 artefatos lascados, 3 brutos e 2 polidos. O material
lascado é representado por 3 lascas de aspecto nucleiforme, uma lasca e uma raspadeira,
essas últimas com marcas de uso. Nesse tipo de material constatamos a utilização do
silexito e do basalto. Cabe destacar que uma das lascas nucleiformes é de quartzo
esverdeado, matéria prima utilizada para elaboração dos dois tembetás coletados. Com
relação ao material bruto temos 3 batedores/percutores. No conjunto de peças polidas
temos a presença de tembetás de quartzo esverdeado, um deles fragmentado e outro
inacabado.

Figuras 67 e 68: Tembetá fragmentado

Figura 69: Tembetá inacabado


175

4.3.5 Conjunto artefatual do Sítio Lambari II (LabII)

O acervo arqueológico do sítio Lambari II foi coletado durante os trabalhos de resgate


arqueológico realizados no âmbito da duplicação da rodovia SP-340 (AFONSO 2001),
cujas proveniências estão assinaladas na tabela a seguir:

Tabela 77: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Fragmentos Fragmentos Unidades de Bolotas de
Proveniência Líticos
≤15mm ≥15mm Análise argila
Coleta de Superfície 5X5m 23 95 95 1 2
Coletas Seletivas de Superfície 3 25 24 0 8
Sondagem 1 15 41 38 1 0
Sondagem 2 1 7 6 0 0
Sondagem 5 85 602 1 0 0
Sondagem 6 70 145 144 0 0
Sondagens Etapa Prospecção 1 7 6 0 0
TOTAL 198 922 314 2 10

Como mostra a tabela acima temos na Sondagem 5 uma quantidade significativa de


fragmentos pertencentes a uma mesma vasilha, caracterizada por um contorno complexo
e pintura na superfície externa (Grupo 2).

Tabela 78: Atributo Tipo de Peça


Variáveis Total %
Paredes 272 86,62
Bordas 25 7,96
Bases 3 0,96
Paredes com ponto angular 8 2,55
Paredes com ponto de inflexão 5 1,59
Formas Completas 1 0,32
TOTAL 314 100,00

Os resíduos de produção identificados são caracterizados por bolotas de argila


queimadas, nas quais não foi identificada a presença de antiplástico.

A técnica de construção acordelada foi evidenciada em 79,10% das peças, sendo


caracterizada por um padrão de quebra que segue os roletes.
176

As pastas são extremamente homogêneas, com partículas minerais bem distribuídas.


Como antiplástico predominante temos o caco moído associado a partículas de quartzo
subarredondadas, identificado em mais de 90% das peças.

Tabela 79: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 19 5,97
Mineral e Caco Moído 292 93,03
Mineral, Caco Moído e Saibro 3 0,995
TOTAL 314 100,00

A quantidade inexpressiva de saibro pode estar relacionada à não intencionalidade na


adição desse tipo de antiplástico. As tabelas 80 e 81 mostram as espessuras dos
antiplásticos.

Tabela 80: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 287 91,54

0-2mm 19 5,97

>2mm 8 2,48

TOTAL 314 100,00

Tabela 81: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-moído


Variáveis Total %
0-1mm 64 21,69

0-2mm 139 47,09

>2mm 92 31,22

TOTAL 295 100,00

Nesse conjunto fica evidente uma tendência já verificada nos conjuntos dos sítios Franco
de Godoy e Ipê, a qual está associada ao fato do antiplástico mineral ter espessuras mais
refinadas que o antiplásticos de caco-moído. Essa tendência pode ser explicada por dois
fatores: primeiro temos que considerar o investimento de tempo e energia no processo de
moagem dos fragmentos cerâmicos e segundo, a necessidade de antiplásticos minerais
mais refinados uma vez que os mesmos tendem a diminuir a vida útil das vasilhas
quando essas são submetidas ao calor excessivo.
177

Tabela 82: Atributo Freqüência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 197 62,69
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 117 37,31
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 0 0
TOTAL 314 100,0

No que tange a relação entre argila e antiplástico, temos o predomínio de pastas muito
plásticas, característica visualizada também nos sítios Cachoeira de Emas 2 e Ribeira,
apresentados adiante. A análise do atributo queima também revelou o predomínio de
processos de queima incompletos, com a presença de núcleos escuros bem delimitados
em 41% e com margens difusas em 41%.

Tabela 83: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 11 3,48
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 3 0,99
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 131 41,79
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 12 3,98
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 27 8,45
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 0 0
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
130 41,29
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
TOTAL 314 100,00

A análise dos acabamentos de superfície também revelou o predomínio absoluto de


superfícies alisadas.

Tabela 84: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 143 45,54
Alisamento 159 50,64
Polimento 7 2,229
Tratamento Plástico 0 0
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0
Sem leitura 5 1,592
TOTAL 314 100,00
178

Tabela 85: Atributo Acabamento de Superfície Externa


Variáveis Total %
Banho 81 25,8
Alisamento 162 51,59
Polimento 1 0,318
Tratamento Plástico 59 18,79
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 5 1,592
Sem leitura 6 1,911
TOTAL 314 100,00

Nesse conjunto temos um número maior de peças nas quais foi verificada a aplicação de
tratamentos esmerados das superfícies, sobretudo as internas, a saber: 4 peças com
brunidura interna; 3 peças com lustro interno e 1 peça com lustro externo. Mais uma vez,
verificamos que as superfícies internas apresentam mais marcas de abrasão (desgaste)
que as externas.

Tabela 86: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 80 25,48
Acromáticas 69 21,97
Cromáticas e Acromáticas 4 1,274
Ausente 161 51,27
TOTAL 314 100,00

Outra particularidade desse conjunto é que na amostra analisada as decorações


acromáticas representam um percentual mais significativo - cerca de 20%, do material
coletado. Não obstante, o engobo branco interno continua sendo muito representativo,
sendo aplicado nas tigelas abertas e levemente restritas.

Tabela 87: Atributo Tipo do Engobo


Variáveis Total %
Interno Branco 36 42,86
Externo Branco 21 25,00
Interno Branco e Externo Vermelho 10 11,90
Externo Vermelho 6 7,14
Interno e Externo Branco 6 7,14
Interno Vermelho 3 3,57
Interno Vermelho e Externo Branco 1 1,19
Externo Branco (parte superior) e Vermelho (parte inferior) 1 1,19
TOTAL 84 100,00
179

Tabela 88: Decorações Cromáticas

Bandas Campo Primário Campo Secundário


Restos não
17 Restos não classificáveis 8 Composição de linhas verticais 2
classificáveis
Faixas Médias (20-
1 Composição vestigial de linhas retas 2
49mm)
Composição ortogonal assimétrica 1
Composição livre de linhas sinuosas
1
serpentiformes
TOTAL 18 TOTAL 12 TOTAL 2

As decorações cromáticas aplicadas nos campos primários são caracterizadas pela cor
preta/ marrom em 9 peças, vermelha em 1 peça e vermelha/ preta em 1 peça. Os campos
secundários são formados por bastonetes verticais na cor preta.

Figuras 70 e 71: Bordas com vestígios de bastonetes verticais

Nesse conjunto temos um número maior de corrugados espatulados (10). Quanto aos
ungulados temos 6 peças com ungulados clássicos e 5 com pseudo-ungulados.

Tabela 89: Tipo de Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 58 79,45
Ungulado 11 15,07
Escovado 1 1,37
Corrugado Ungulado 1 1,37
Entalhe 2 2,74
TOTAL 73 100
180

Figuras 72 e 73: Decorações corrugadas

Figuras 74 a 76: Decorações pseudo-unguladas. Na peça à esquerda vermos a remoção das arestas da
decoração

Passemos às características morfológicas do conjunto em questão. Mais uma vez temos


o predomínio de espessuras medianas, embora contemos, nesse caso, com espessuras
menores que 10 mm em 15% das peças. Um número significativo de peças perdeu
integralmente uma das superfícies, motivo pelo qual temos um incremento da
classificação Sem Leitura da espessura.
181

Tabela 90: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
15-16 75 23,88
13-14 53 16,92
17-18 53 16,92
11-12 39 12,44
9-10 28 8,95
19-20 19 5,97
Sem Leitura 19 5,97
7-8 17 5,47
21-26 6 1,99
4-6 5 1,49
TOTAL 314 100,00

Tabela 91: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %

Carenada 7 38,89
Direta Inclinada Interna 5 27,78
Direta Vertical 1 5,55
Direta Inclinada Externa 1 5,55

Direta Inclinada Externa com Refoço Interno 1 5,55

Direta Inclinada Interna Expandida 1 5,55

Extrovertida 1 5,55

Contraída 1 5,55
TOTAL 18 100

Das 26 bordas que compõem o conjunto, 18 possibilitaram a classificação de tipo


apresentada na tabela anterior. Quanto aos lábios temos: 23 arredondados, 2 apontados e
1 plano. As bases são convexas (2) e plano-convexas (2). Todas as paredes com ponto
angular pertencem ao Tipo 1.A seguir apresentamos a distribuição das peças nos grupos
estabelecidos:

Tabela 92: Análise Qualitiva - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 2
Grupo 1 – Paredes com pintura interna 3
Grupo 2 - Bordas 1
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 4
Grupo 3 - Bordas 4
Grupo 4 - Bordas 8
TOTAL 22
182

Das peças enquadradas em grupos, 13 bordas permitiram a mensuração de seus


diâmetros, os quais estão apresentados no Gráfico 6. Os tipos de antiplásticos não
variaram de acordo com os grupos de vasilhas, contudo, a frequência dos antiplásticos
minerais revelou que peças classificadas no grupo 2 possuem um incremento
significativo na adição desses antiplásticos, gerando pastas com mais de 30% de
elementos não plásticos.

Gráfico 06: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas


4

3
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Pequena (12-16cm)

Pequena (18-24cm)

Pequena (12-16cm)

Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)

Grande (28-38cm)

Média (26-30cm)

Grande (>40cm)

Média (18-30cm)

Grande ( (>30cm)

Média (18-26cm)

Grande (28-38cm)
Sem medidas

Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura
Sem leitura
Sem medidas

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

A seguir indicamos as funções presumidas das bordas mensuradas:


- Vasilhas para servir de uso individual (4): miniaturas e peças pequenas do Grupo 4.
Cabe ressaltar, no conjunto do sítio Lambari II, a presença significativa da decoração
ungulada nessas peças;
- Vasilhas para servir (1): vasilha grande do Grupo1;
- Vasilhas para serviço e processamento (3): peças médias e grandes do Grupo 4.
Nesse caso, uma dessas peças é funda, sendo apta as atividades de cocção;
- Vasilhas para armazenamento e cocção (3): vasilhas médias e grandes do Grupo 3;
- Vasilhas para armazenamento e cocção de pequenas quantidades (1): vasilha pequena
Grupo 3, nesse caso com decoração ungulada;
- Vasilhas para armazenamento e fermentação (1): vasilha do Grupo 2, a qual
apresenta contorno complexo com forma não identificada. Essa peça tem marcas de
183

abrasão na superfície interna, indicando uso nas atividades de fermentação, tendo sido
reutilizada possivelmente em contexto funerário.

Foi coletado no Lambari II um conjunto de 16 peças líticas, sendo quatro lâminas de


machado polido. Todas as lâminas de machado apresentaram marcas de uso no gume,
até mesmo uma peça de dimensões diminutas. Foram detectados sinais de picoteamento
nas partes proximal e mesial e o polimento esteve restrito a alguns pontos da parte
mesial e por toda parte distal. A única matéria-prima identificada nas lâminas de
machado foi o diabásio.

Foi identificado apenas um artefato em material bruto, um seixo de quartzito com


marcas de utilização como batedor. O material lascado está restrito a duas lascas em
sílex, ambas sem marcas de uso. O restante do material (8 peças) é composto por
transporfatos que consistem em fragmentos e blocos de arenito e quartzito sem sinais de
lascamento, picoteamento ou polimento.
PRANCHA 28

LEGENDA

1. Peça coletada à 50 cm de
profundidade, tratando-se
possivelmente de uma estrutura
funerária. O lote de peças que
compõe a vasilha é formado por
687 fragmentos e o processo de
remontagem ainda está em
andamento, sendo que a
reconstituição ao lado é uma das
possibilidades da forma original.
A decoração é caracterizada por
composição de linhas retas pretas,
e nos pontos de encontro dessas
linhas temos o acúmulo de tinta
preta aplicada.

2. Base com decoração na


superfície interna, pertencente à
vasilha do Grupo 1.

SÍTIO LAMBARI II
DECORAÇÕES PINTADAS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 29
1

3
2

LEGENDA

1. Lâmina de machado
polido com dimensões
diminutas e sem sinais de
uso.

2. Lâmina de machado com


bom polimento na parte
distal.
Dimensões Comprimento Máx: 61mm Dimensões Comprimento Máx: 122mm Dimensões Comprimento Máx: 105mm

Largura Máx: 35mm Largura Máx: 62mm Largura Máx: 53mm


3. Lâmina de machado
polido exibindo gume com
Espessura Máx: 18mm Espessura Máx: 32mm Espessura Máx: 30mm sinais de uso.
Gume Comprimento: 33 mm Gume Comprimento: 55 mm Gume Comprimento: 49 mm

Ângulo: 50 graus Ângulo: 80 graus Ângulo: 90 graus SÍTIO LAMBARI II


Talão Tipo: Convexo Talão Tipo: Retilíneo Talão Tipo: Retilíneo
LÂMINAS DE MACHADO
Dissertação de Mestrado
Espessura: 11mm Espessura: 16mm Espessura: 16mm Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Peso 60 gramas Peso 395 gramas Peso 302 gramas Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
187

4.3.6 Conjunto Artefatual do Sítio Cachoeira de Emas 2 (CE2)

A coleção do sítio Cachoeira de Emas 2 é a mais representativa, em termos


quantitativos, dos conjuntos aqui abordados, totalizando mais de 2500 peças. Embora o
material se apresente extremamente fragmentado – 28% dos fragmentos coletados são
menores que 15 mm, a opção metodológica adotada em campo permitiu o avanço de
algumas das análises aqui propostas. Vale destacar que a presença significativa de
micro-cerâmicas está relacionada ao contexto deposicional dessas peças, as quais
estiveram mais sujeitas ao impacto das atividades de plantio intensivo e pisoteamento.

Optamos pela análise integral dos fragmentos coletados em superfície, excetuando-se as


micro-cerâmicas, conforme mostra a tabela a seguir. Essa opção permitiu o
desenvolvimento de algumas hipóteses por meio da análise intra sítio apresentada no
Capítulo 5.

Tabela 93: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Fragmentos Fragmentos Unidades de Bolotas de
Proveniência Líticos
≤15mm ≥15mm Análise argila
Superfície 125 1381 1377 0 20
Unidade de Escavação 1 358 138 138 0 0
Unidade de Escavação 2 203 84 84 3 0
Unidade de Escavação 3 32 2 2 0 0
Unidade de Escavação 4 0 1 1 0 0
Poços Teste 15 6 6 0 0
TOTAL 718 1834 1602 3 20

As bolotas de argila coletadas na Unidade de Escavação 2 não apresentaram


antiplásticos adicionados e revelam a atividade de produção cerâmica em uma das áreas
de maior densidade cerâmica do assentamento. Os tipos de fragmentos analisados são
apresentados a seguir:
188

Tabela 94: Atributo Tipo de Peça


Variáveis Total %
Paredes 1204 87,44
Bordas 100 7,26
Bases 10 0,73
Paredes com ponto angular 38 2,76
Paredes com ponto de inflexão 21 1,53
Formas completas 0 0,00
Outros 4 0,29
TOTAL 1377 100, 00

Passemos à análise das técnicas construtivas empregadas. Em 69% das peças foi
possível visualizar um padrão de quedra que acompanhava os roletes, enquanto que em
31% os mesmos apareceram obliterados. A técnica de modelagem foi verificada em uma
peça (aplique). Uma especificidade desse conjunto foi a presença, em algumas peças, de
uma “linha incisa” em alguns negativos de rolete. Essa ação foi empregada em apenas 7
peças, todas localizadas em um mesmo espaço do sítio (Concentração 2), como mostra o
Capítulo 5. Ademais identificamos a aplicação de ranhuras em um negativo de rolete em
uma peça esta localizada também na Concentração 2.

Cabe ressalvar que, diferentemente dos outros conjuntos analisados, grande parte das
paredes com ponto angular não correspondem a ombros de vasilhas de contorno
complexo (Grupo 2), mas sim a parte de bordas carenadas, cujo processo produtivo
acarretou esse padrão de quebra. Constatamos dois processos de construção dessas
bordas, os quais estão sumarizados a seguir.

1. A finalização da borda carenada se dá com a adição de apenas um


rolete. Temos muitas peças com esse padrão de quebra onde a parte superior se
despreende da inferior.

2. A finalização da borda se dá com a adição de dois roletes, um maior


que dá origem ao reforço da borda e um menor que finaliza o lábio. O número de
peças com essa seqüência construtiva é menor e, nesse caso, a parte que fica entre
a parede e o lábio foi classificada como parede com ponto angular pois, embora
1 2 saibamos que pertenceu a uma borda carenada não podemos reconhecer seu ângulo
de inclinação e diâmetro.

Figura 77. Técnicas construtivas

Passemos à análise da composição das pastas.


189

Tabela 95: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 184 13,30
Mineral e Caco Moído 1062 77,11
Mineral, Caco Moído e Carvão 32 2,29
Mineral e Cariapé 1 0,14
Mineral e Saibro 14 1,00
Mineral, Caco Moído e Saibro 85 6,15
TOTAL 1377 100,00

Embora possamos notar o predomínio do antiplástico mineral associado à adição do


caco-moído, temos nesse sítio uma variabilidade maior de tipos de antiplásticos, quando
comparado aos sítios da Área 1 (Franco de Godoy, Franco de Campos, Barragem, Ipê) e
Área 2 (Lambari II) apresentados anteriormente. Nesse caso também verificamos a
presença de carvão, saibro e cariapé.

Segundo Wüst (1990) a intencionalidade da adição do carvão como tempero é um dado


discutível, podendo estar relacionado a qualquer elemento vegetal carbonizado na
queima. O saibro, por sua vez, trata-se de argila seca triturada e, em termos de
performance técnica, teria resultados similares ao caco-moído, uma vez que ambos tem
coeficientes de expansão similares às argilas (GOMES 2005: 153). O cariapé foi
evidenciado em apenas uma peça, nesse caso uma borda expandida com lábio plano,
características que nos remetem ao conjunto artefatual do sítio Cachoeira de Emas 1
(ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006b), relacionado, quiçá, processos de troca de
objetos entre grupos diferenciados.

Tabela 96: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 798 57,94
0-2mm 453 32,90
>2mm 126 9,16
TOTAL 1377 100,00

Tabela 97: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moido


Variáveis Total %
0-1mm 337 28,60
0-2mm 619 52,51
>2mm 223 18,90
TOTAL 1178 100,00
190

Assim como em outros conjuntos os antiplásticos minerais tendem a ter espessuras


menores que 1 mm - no caso desse sítio apresentam-se sub-arredondados, enquanto o
caco-moído apresenta espessuras maiores. A relação argila x antiplástico revela o
predomínio de pastas refinadas.

Tabela 98: Atributo Frequência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 997 72,39
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 370 26,90
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 10 0,72
TOTAL 1377 100,00

O atributo queima revelou também o predomínio da queima incompleta, embora


tenhamos para esse conjunto um incremento da Queima 7, caracterizada pela presença
de um núcleo que corresponde 90% da fratura, sendo o mesmo delimitado por camadas
oxidadas bem definidas.

Tabela 99: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 14 1,00
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 18 1,29
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 461 33,48
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 51 3,72
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 30 2,15
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 4 0,29
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
800 58,08
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
8- Apresenta partes reduzidas e oxidadas de modo alternado. 0 0,00
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 1377 100,00

As tabelas 100 e 101 apresentam os acabamentos de superfície evidenciados:

Tabela 100: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 350 25,42
Alisamento 1004 72,91
Polimento 2 0,15
Tratamento Plástico 1 0,07
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0,00
Sem leitura 20 1,45
TOTAL 1377 100,00
191

Tabela 101: Atributo Acabamento de Superfície Externa


Variáveis Total %
Banho 255 18,52
Alisamento 936 67,97
Polimento 3 0,22
Tratamento Plástico 136 9,88
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 30 2,18
Sem leitura 17 1,23
TOTAL 1377 100,00

O alisamento é o acabamento predominante em ambas as superfícies. Na superfície


interna temos o incremento da presença do banho. A barbotina só foi diagnosticada em 6
peças, sempre associada ao alisamento. O polimento está relacionado à presença de
lustro na superfície interna - incrementando a impermeabilização dessas peças, e a
aplicação de brunidura na superfície externa.

Vale destacar que temos um número considerável de peças que não permitiram a leitura
desse atributo, uma vez que as mesmas perderam completamente as superfícies expondo
o núcleo da peça. Uma peça peculiar apresentou o acabamento plástico escovado na
superfície interna. As decorações cromáticas são as mais freqüentes atingindo cerca de
30% das peças coletadas, percentual semelhante ao obtido no conjunto Franco de
Godoy.

Tabela 102: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 412 29,92
Acromáticas 159 11,55
Cromáticas e Acromáticas 7 0,51
Ausente 799 58,02
TOTAL 1377 100,00

A associação de decorações plásticas e pintadas, classificadas por La Salvia e Brochado


(1989: 41) como acabamento misto ocorreu em 7 peças, sendo caracterizada pela
presença de corrugado ou escovado na face externa e engobo vermelho na face interna.
Cabe ressaltar que em 2 peças temos o engobo vermelho aplicado também sobre a
decoração escovada.
192

Tabela 103: Atributo Tipo do Engobo


Variáveis Total %
Interno Branco 193 46,06
Externo Branco 103 24,58
Interno Branco e Externo Vermelho 37 8,83
Interno e Externo Branco 31 7,40
Externo Vermelho 25 5,97
Interno Vermelho 16 3,82
Externo Branco (parte superior) e Vermelho (parte inferior) 6 1,43
Interno e Externo Vermelho 5 1,19
Externo Alaranjado 2 0,48
Interno Vermelho e Externo Branco 1 0,24
TOTAL 419 100,00

O engobo vermelho presente nesse sítio apresenta tons de rosa, sendo essa uma
característica marcante desse conjunto. Esses tons rosados também foram utilizados nas
bandas. Em 371 peças foi identificada a aplicação de engobo branco ao menos em uma
das faces, o qual deve ter servido de suporte para a aplicação de decorações pintadas,
não obstante, em apenas 40 peças foi possível reconhecer parte dos motivos pintados -
28 no campo primário e 12 no secundário, cuja classificação está apresentada na
Tabela 104.

Tabela 104: Decorações Cromáticas

Bandas Campo Primário Campo Secundário

Restos não
71 Restos não classificáveis 23 Restos não classificáveis 3
classificáveis
Faixas Finas (0-
1 Composição vestigial de linhas retas 7 Composição de linhas verticais 7
9mm)
Faixas Estreitas Composição de linhas verticais
1 Composição vestigial de linhas curvas 7 1
(10-19mm) e horizontais
Faixas Médias (20- Composição vestigial de linhas retas e Composição de linhas oblíquas
5 8 2
49mm) curvas 1
Faixa no lábio
Composição de linhas curvas Composição de linhas oblíquas
associada a restos 8 5 1
preenchidas por traços 2
não classificáveis
Composição de linhas sinuosas Composição de linhas curvas
1 1
serpentiformes preenchidas por traços

TOTAL 86 TOTAL 51 TOTAL 15

Nos campos primários temos a primazia das cores avermelhadas, aplicadas em 24 peças,
enquanto 16 apresentaram linhas pretas e 11 linhas vermelhas reforçadas pelas pretas.
Nos campos secundários temos apenas a presença de linhas pretas, onde predominam os
193

bastonetes verticais. Um detalhe interessante é a presença de uma peça na qual foi


aplicado no campo secundário um motivo característico de campo primário –
composição de linhas curvas preenchidas por traços.

Figuras 78 a 80: Bordas com decorações pintadas pertencentes ao Grupo 1

Figura 81: Fragmento com decoração pintada

Com relação às decorações plásticas temos o predomínio dos corrugados conforme


explicitado na Tabela 105. Os tipos de decorações corrugadas mais freqüentes são o
corrugado complicado (105 peças) e o corrugado espatulado (09 peças) (ver
Prancha 31).

Tabela 105: Tipo de Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 122 73,49
Ungulado 20 12,05
Escovado 9 5,42
Corrugado Ungulado 5 3,01
Entalhe 5 3,01
Corrugado e Entalhe no Lábio 2 1,20
Acanelado 1 0,60
Aplique 1 0,60
Ungulado e Entalhada 1 0,60
TOTAL 166 100,00
1
PRANCHA 31

2 3

LEGENDA

1. Decorações plásticas
corrugadas.

2. Decorações plásticas
unguladas ,ou pseudo-unguladas
e corrugadas-unguladas.

3. Parede com ponto angular e


decoração incisa.

4. Decoração incisa na face


externa de borda reforçada.

5. Decoração entalhada no lábio.

6. Decoração escovada.

4 5 6 7 7. Aplique.

SÍTIO CACHOEIRA DE EMAS 2:


DECORAÇÕES PLÁSTICAS
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
195

A seguir apresentamos os atributos morfológicos analisados. Como mostra a Tabela 106,


cerca de 45% das peças tem espesssuras entre 13 e 16 mm, característica bastante
semelhante aos demais conjuntos analisados, não obstante, temos no conjunto do sítio
Cachoeira de Emas 2 – assim como no sítio Lambari II, um incremento das peças com
menos de 10 mm de espessura (cerca de 10% do total), como veremos a seguir, esse fato
está relacionado às dimensões menores dos vasilhames desse contexto.

Tabela 106: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
15-16 349 25,32
13-14 284 20,60
17-18 179 13,02
11-12 152 11,02
9-10 104 7,58
19-20 93 6,72
21-26 91 6,58
Sem Leitura 77 5,58
7-8 33 2,43
4-6 8 0,57
27-34 8 0,57
TOTAL 1377 100

Como já salientado anteriormente das paredes com ponto angular (38 peças) apenas 5
podem ser enquadradas no Ombro Tipo 1, relacionado às vasilhas de contorno complexo
destinadas ao armazenamento e fermentação de bebidas.

As bases identificadas estão classificadas em: 2 bases convexas, 8 bases plano-convexas


e 1 plana com ângulo de 90º, esta última com características que nos remetem a um
contexto de interação com grupos ceramistas diferenciados, cuja ocupação foi verificada
no sítio Cachoeira de Emas 1 (ZANETTINI ARQUEOLOGIA 2006b).

Quanto à morfologia dos lábios temos 89 arredondados, 3 apontados e 3 planos e 6 sem


leitura. Das 100 bordas coletadas, 75 permitiram a classificação morfológica conforme
indica a tabela abaixo:
196

Tabela 107: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %
Carenada 38 50,67
Direta Inclinada Interna 18 24,00
Direta Inclinada Externa 7 9,33
Direta Vertical 4 5,33
Direta Inclinada Externa com Refoço Externo 3 4,00
Direta Inclinada Externa com Refoço Interno 2 2,67
Contraída 2 2,67
Extrovertida 1 1,33
TOTAL 75 100,00

Dentre os conjuntos analisados esse foi o que apresentou um percentual maior de bordas
carenadas associadas às tigelas destinadas ao serviço/ processamento de alimentos. Cabe
ressalvar que embora tenha sido possível classificar o tipo de 75 bordas, apenas 39
permitiram o acesso exato a seus ângulos de inclinação e diâmetros.

Passemos à análise qualitativa com base na formação dos grupos hipotéticos. Temos um
total de 90 peças com características morfológicas e/ou decorativas que permitem o
enquadramento em um dos grupos estabelecidos conforme mostra a tabela a seguir:

Tabela 108: Análise Qualitiva - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 19
Grupo 1 – Paredes e bordas com pintura interna 31
Grupo 2 - Bordas 3
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 7
Grupo 3 - Bordas 14
Grupo 4 - Bordas 16
TOTAL 90
197

Gráfico 07: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas

6
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Pequena (12-16cm)

Pequena (18-24cm)

Pequena (12-16cm)

Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)

Grande (28-38cm)

Média (26-30cm)

Grande (>40cm)

Média (18-30cm)

Grande ( (>30cm)

Média (18-26cm)

Grande (28-38cm)
Sem medidas

Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura
Sem leitura
Sem medidas

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Contudo, dentre as 90 peças enquadradas nos grupos hipotéticos apenas 39 são


relacionadas a bordas com possibilidade de aferição de diâmetro de boca, as quais estão
sumarizadas no gráfico acima. A freqüência dos diferentes tipos de vasilhas mostra o
predomínio de vasilhas destinadas ao serviço (Grupos 1 e 4), seguidas pelas vasilhas
aptas às atividades de cocção (Grupo 3) e, por último, as vasilhas destinadas ao
armazenamento e fermentação de líquidos (Grupo 2). Ademais, temos o incremento de
recipientes miniaturizados e pequenos, fato que particulariza esse conjunto artefatual no
que se refere às dimensões dos artefatos cerâmicos, conforme vemos a seguir:
- Vasilhas para servir de uso individual (9): miniaturas e peças pequenas dos Grupos 1
e 4;
- Vasilhas para servir (12): peças médias, grandes e extragrandes do Grupo1;
- Vasilhas para serviço e processamento (4): peças médias, grandes e extragrandes do
Grupo 4.
- Vasilhas para armazenamento e cocção (3): vasilhas médias e grandes do Grupo 3;
- Vasilhas para armazenamento e cocção de pequenas quantidades (9): vasilhas
miniaturizadas e pequenas do Grupo 3;
- Vasilhas para armazemaneto e fermentação (2): vasilhas do Grupo 2.
198

Vale destacar que a escolha do tipo e espessura do antiplástico não apresentou


variabilidade nos grupos acima sumarizados. A relação argila x antiplástico também não
apresentou variação de acordo com a função presumida das vasilhas.

O material lítico desse conjunto é caracterizado por 20 peças coletadas em superfície,


sendo 8 brutas, 7 lascadas, 2 polidas, 2 transporfatos e 1 térmica. Dentre o material
lascado temos o predomínio de lascas em silexito sem marca de uso. Com relação aos
artefatos brutos, representados por bigornas, batedores e trituradores temos matérias
primas diversificadas: arenito silicificado, quartzo e diabásio. Os dois artefatos polidos
consistem em uma mão de pilão em basalto e uma lâmina de machado em diabásio.
200

4.3.7. Conjunto Artefatual do Sítio Ribeira (Ri)

O acervo arqueológico proveniente do sítio Ribeira provém dos trabalhos realizados por
Caldarelli (1983). É composto por 264 fragmentos advindos de coletas superficiais em
áreas de concentração de vestígios, conforme apontado na tabela abaixo:

Tabela 109: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Fragmentos Fragmentos Unidades de Bolotas de
Proveniência Líticos
≤15mm ≥15mm Análise argila
Coleta A 0 83 82 0 0
Coleta B 0 26 26 0 0
Coleta C 7 139 126 0 1
TOTAL 7 248 234 0 1

Tabela 110: Atributo Tipo da Peça


Variáveis Total %
Paredes 192 82,05
Bordas 20 8,55
Bases 5 2,14
Paredes com ponto angular 6 2,56
Paredes com ponto de inflexão 10 4,27
Formas completas 0 0,00
Outros 1 0,43
TOTAL 234 100,00

A peça que aparece como não identificada refere-se a um fragmento que pode estar
associado a uma base ou suporte. Em La Salvia e Brochado (1989: 127) encontramos
uma peça morfologicamente semelhante a este fragmento, essa peça, denominada de
Patagûi, serviria como suporte para vasilhas de fundo cônico ou redondo21.

Com relação às técnicas de manufatura dos vasilhames, foi possível verificar a técnica
acordelada em 146 fragmentos (62,4% da amostra), enquanto que, as demais peças
apresentaram boa junção dos roletes. As bases foram confeccionadas por modelagem (3
peças) e acordelamento (2 peças).

21
Esse suporte era ordinariamente confeccionado em palha pelos Guarani, mas os autores encontraram um exemplar em cerâmica,
pintado, o qual por semelhança foi nomeado com o mesmo nome do referido suporte de palha (LA SALVIA; BROCHADO, 1989,
127).
201

A pasta revelou-se, na maior parte das vezes, mal compactada e bastante porosa e os
antiplásticos aparecem distribuídos de maneira homogênea. Eventualmente, verificou-se
a presença de hematita, mas os antiplásticos minerais mais abundantes foram grãos
arredondados de quartzo, com menos de 1 mm. Como mostra a Tabela 111, houve a
adição de caco-moído - proveniente da reciclagem de vasilhames cerâmicos, na maioria
dos fragmentos analisados (96,2%), sendo que, algumas vezes esse caco moído aparece
associado a partículas de carvão.

Tabela 111: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 8 3,4
Mineral e Caco Moído 181 77,4
Mineral, Caco Moído e Carvão 44 18,8
Mineral e Cariapé 1 0,4
TOTAL 234 100,00

A presença de apenas um fragmento com antiplástico cariapé remete a um possível


contexto de interação, onde teria ocorrido um fluxo de informações, objetos e/ou
pessoas, uma vez que esse antiplástico não é freqüentemente encontrado na cerâmica
associada à tradição Tupiguarani22 A tabela 112 mostra que as espessuras dos
antiplásticos minerais tendem a ser menores que 1 mm, evidenciado pastas de
granulometrias finas:

Tabela 112: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 216 92,30
0-2mm 15 6,40
>2mm 3 1,30
TOTAL 234 100,00

22
Conforme explorado na pesquisa de iniciação científica desenvolvida pela autora, o nordeste do Estado de São Paulo foi painel de
ocupações de grupos ceramistas diferenciados dos grupos Tupi. Os sítios que revelam essas ocupações apresentam cerâmicas sem
decoração, com antiplástico vegetal e queima redutora (Sítios Água Branca e Lagoa Preta I e II). As datações disponíveis indicam
que os Tupi ocuparam essa porção do Estado antes da chegada desses grupos diferenciados, talvez associados a grupos Gê.
(MORAES 2004; AFONSO; MORAES 2006)
202

Tabela 113: Atributo Espessura do Antiplástico Caco-Moído


Variáveis Total %
0-1mm 88 39,11
0-2mm 106 47,11
>2mm 31 13,78
TOTAL 225 100,00

O caco-moído ocorre com espessuras de 0-1 mm em 40% das peças; de 0-2 mm em 47%
das peças e mais raramente (13%) com mais de 2 mm. O carvão aparece de forma menos
evidente, estando associado a fragmentos com alto grau de porosidade e sempre
relacionado à presença de caco moído. O tamanho das partículas de carvão foi de 0-1
mm em 65% das peças; 0-2mm em 34,5% das peças e, em apenas 0,5% da amostra
observou-se à presença de carvão com mais de 2 mm.

Em termos de relação Argila-Antiplástico, a maior parte dos fragmentos apresentou


pastas plásticas:

Tabela 114: Atributo Frequência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 162 69,2
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 58 24,8
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 14 6,0
TOTAL 234 100,00

A tabela abaixo mostra a distribuição dos tipos de queima de acordo com a observação
dos planos de fratura dos fragmentos cerâmicos, onde 73,9% das peças revelaram
queima incompleta, evidenciada pela presença de núcleos. Outro aspecto a ser ressaltado
foi a recorrência de fragmentos cerâmicos com planos de fratura oxidados, o que indica
uma possível ação de queima desses fragmentos em processos pós-deposicionais. Em
alguns casos, a oxidação pareceu estar associada a uma queima intencional do
fragmento, pois a oxidação da fratura apresentou-se extremamente padronizada em três
planos de fratura de uma mesma peça.
203

Tabela 115: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 20 8,5
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 8 3,4
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 64 27,4
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 33 14,1
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 44 18,8
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 1 0,4
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
62 26,5
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
8- Apresenta partes reduzidas e oxidadas de modo alternado. 2 0,9
Sem leitura 0 0
TOTAL 234 100,00

As análises dos acabamentos de superfície tentaram abordar, como colocado


anteriormente, os aspectos produtivos e decorativos das superfícies dos vasilhames.

Tabela 116: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 36 15,38
Alisamento 198 84,62
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 0 0,00
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0,00
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 234 100,00

Tabela 117: Atributo Acabamento de Superfície Externa


Variáveis Total %
Banho 22 9,40
Alisamento 160 68,38
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 38 16,24
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 13 5,56
Sem leitura 1 0,43
TOTAL 234 100,00

O acabamento alisado predomina em ambas as superficies, sendo associado a aplicação


de uma camada de barbotina em 12 peças. Neste sítio as marcas de desgaste também
apareceram de maneira mais freqüente na face interna, fato que remete a um possível
contexto de uso que teria ocasionado marcas abrasivas. Vale ressaltar que, definir se esse
desgaste está associado à processos de uso ou pós-deposicionais é algo extremamente
complicado em fragmentos diminutos.
204

Na amostra de 74 fragmentos que apresentaram algum tipo de decoração - que


representam cerca de 31% das peças coletadas, houve o predomínio das decorações
plásticas, fato não verificado nos conjuntos anteriormente apresentados.

Tabela 118: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 26 11,11
Acromáticas 45 19,23
Cromáticas e Acromáticas 3 1,28
Ausente 160 68,38
TOTAL 234 100,00

Tabela 119: Atributo Tipo do Engobo


Variáveis Total %
Interno Branco 12 46,15
Externo Branco 11 42,31
Interno e Externo Branco 2 7,69
Interno Vermelho 1 3,85
TOTAL 26 100,00

Figuras 82 e 83: Fragmento com engobo vermelho interno e polimento e borda com
vestígios de engobo branco

Houve um predomínio nítido das peças com engobo branco, como esse tipo de engobo
era utilizado como suporte para aplicação de faixas e/ou linhas pintadas pode-se afirmar
que essas peças possuíam algum tipo de pintura sobre o engobo. Desse modo, das 25
peças com engobo branco em pelo menos uma das superfícies, em apenas uma peça foi
possível evidenciar e existência de uma faixa vermelha sobre engobo branco, essa faixa
tem largura de aproximadamente 30 mm e está localizada no “colo” da vasilha, ou seja,
essa faixa marcava uma área de inflexão organizando também a estrutura decorativa.
Uma peça apresentou linhas polidas sobre engobo vermelho na face interna, esse tipo de
205

decoração não foi verificada em nenhuma das publicações acessadas sobre material
Tupiguarani. As decorações acromáticas (plásticas) estão sumarizadas a seguir:

Tabela 120: Tipo de Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 38 79,17
Ungulado 8 16,67
Escovado 1 2,08
Entalhe 1 2,08
TOTAL 48 100,00

Como mostra a tabela 120, dentre as decorações plásticas, temos, mais uma vez o
predomínio dos corrugados que se apresentaram bastante variados em tamanho,
profundidade e organização rítmica, sendo que em 16 peças verificou-se o corrugado
complicado. Em 7 fragmentos não foi possível verificar o tipo de corrugado devido à
erosão da superfície da peça devido aos processos pós-deposicionais. Com relação aos
ungulados, verificamos 04 peças com ungulado clássico, 01 com ungulado tangente e
por fim, 02 peças que parecem apresentar pseudo-ungulados.

Figuras 84 e 85: Decorações corrugadas

Figuras 86 a 89: Decorações unguladas


206

As peças que apresentaram técnicas decorativas associadas (engobo e/ou pintura e


decoração plástica) são: 01 peça com engobo interno branco e corrugado complicado
externo; 01 peça com engobo interno vermelho e corrugado espatulado externo e, por
fim, 01 peça com vestígios de engobo branco na superfície interna e escovado na
superfície externa.

Passemos aos atributos morfológicos desse conjunto. Como se pode verificar na Tabela
121, há um predomínio de fragmentos com espessuras finas e medianas, que conforme
será visto nas análises das formas e funções presumidas, pode estar associado ao uso
desses vasilhames em processos de cocção, uma vez que paredes finas conduzem melhor
o calor (SKIBO 1992).

Tabela 121: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
4-6 6 2,6
7-8 19 8,1
9-10 27 11,5
11-12 38 16,2
13-14 40 17,1
15-16 46 19,7
17-18 28 12,0
19-20 24 10,3
21-26 6 2,6
27-34 0 0,0
TOTAL 234 100,00

Foram identificadas 05 bases: 03 convexas e 02 plano-convexas. Os 06 ombros


evidenciados são do Tipo 01 e desses, 03 apresentaram engobo branco na superfície
externa, indicando sua associação a vasilhas destinadas ao armazenamento e/ou preparo
de bebidas (Grupo 2). Os tipos de lábio identificados foram: planos (4), apontados (1) e
arredondados (15). De um total de 20 bordas, 15 permitiram a classificação de suas
formas como exposto na tabela a seguir:
207

Tabela 122: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %
Direta Inclinada Interna 6 40,00
Carenada 3 20,00
Extrovertida 2 13,33
Direta Inclinada Externa 1 6,67
Direta Inclinada Externa com Reforço Externo Duplo 1 6,67
Direta Inclinada Interna Expandida 1 6,67
Contraída 1 6,67
TOTAL 15 100,00

Além das 15 bordas classificadas, as quais permitiram a definição do ângulo de


inclinação e diâmetro de boca, temos mais 3 peças que podem ser enquadradas nos
grupos hipotéticos, totalizando 18 peças alvo de análises qualitativas.

Tabela 123: Análise Qualitiva - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 3
Grupo 1 – Paredes com pintura interna 0
Grupo 2 - Bordas 0
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 3
Grupo 3 - Bordas 9
Grupo 4 - Bordas 3
TOTAL 18

As vasilhas de médio porte com estruturas fechadas (Grupo 3), destinadas à cocção de
alimentos e/ou bebidas, predominam no conjunto artefatual do sítio Ribeira (60% das
bordas classificadas), fato possivelmente associado à reposição desses tipos de
vasilhames com maior freqüência, dada a menor vida-útil dos mesmos. As peças do
Grupo 01 foram certamente usadas para o serviço de alimentos, dada suas estruturas
abertas e a existência de engobo branco na face interna da vasilha, característica que
denota que essas vasilhas não iriam ao fogo. As dimensões seriam grandes uma vez que
os diâmetros de boca estão entre 32 e 42 cm. Todas as peças do Grupo 4 apresentaram
decoração ungulada.
208

Gráfico 08: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas


8

5
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Pequena (12-16cm)

Pequena (18-24cm)

Pequena (12-16cm)

Pequena (12-16cm)
Grande (28-38cm)
Média (18-26cm)

Média (26-30cm)

Grande (>40cm)

Média (18-30cm)

Grande ( (>30cm)

Grande (28-38cm)
Média (18-26cm)
Sem medidas

Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura
Sem leitura
Sem medidas

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Embora não tenhamos bordas classificadas no Grupo 2, os ombros do Tipo 1 com


engobo branco externo podem ser enquadrados nesse Grupo. Nesse sentido, podemos
identificar que, assim como no sítio Lambari II, as peças destinadas ao armazenamento e
fermentação de líquidos apresentam um percentual maior de antiplástico mineral na
pasta. Os demais grupos revelaram escolhas semelhantes no que tange ao tipo, espessura
e quantidade de antiplástico na pasta.
210

4.3.8. Conjunto Artefatual do Sítio Monjolo (Mj)

O sítio Monjolo foi o que apresentou o conjunto artefatual menos significativo em


termos quantitativos, estando restrito a 65 fragmentos cerâmicos, ou seja, as análises
intra-sítio estão totalmente comprometidas, dada a amostra restrita de peças. Desse
modo, as análises empreendidas objetivaram uma descrição geral do material aliada às
observações sobre características tecno-morfológicas que não se repetem em outros
conjuntos artefatuais abordados. Apenas dois fragmentos foram identificados como
pertencentes a um mesmo pote, assim, dentre os 65 fragmentos coletados temos um
número mínimo de 64 unidades analíticas.

Tabela 124: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Proveniência Fragmentos ≥15mm Unidades de Análise

Coleta A 31 31
Coleta B 25 24
Coleta esparsa de bordas 9 9
TOTAL 65 64

Tabela 125: Atributo Tipo de peça


Variáveis Total %
Paredes 51 79,69
Bordas 11 15,63
Bases 0 0,00
Ombros 1 3,13
Paredes Infletidas 1 1,56
Totais 64 100,00

Com relação às técnicas de manufatura dos vasilhames, foi possível verificar a técnica
acordelada em 44% dos fragmentos, nos quais o padrão de quebra acompanha os roletes.

A pasta revelou-se, a exemplo do Sítio Ribeira, pouco compactada e com presença de


“bolhas de ar”, no entanto aqui os antiplásticos não aparecem distribuídos de maneira tão
homogênea como no sítio anterior. A Tabela 126 mostra a distribuição dos antiplásticos,
onde predomina a associação de antiplástico mineral associado ao caco-moído.
211

Tabela 126: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 17 26,6
Mineral e Caco Moído 36 56,3
Mineral, Caco Moído e Carvão 8 12,5
Mineral, Caco-Moído e Cariapé 1 1,6
Mineral e Saibro 2 3,1
TOTAL 64 100,00

O antiplástico vegetal (cariapé) foi observado em apenas um fragmento, a exemplo do


sítio Ribeira, mas desta vez parecendo associado ao caco-moído23. Enquanto os
antiplásticos minerais (grãos arredondados de quartzo, grãos minerais alongados de cor
leitosa e grãos de hematita) e as partículas de carvão raramente ultrapassaram 1 mm de
espessura, o antiplástico de caco-moído apresentou espessuras entre 2 e 3 mm em 60%
das peças nas quais foi identificada sua presença.

Tabela 127: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 59 92,2
0-2mm 4 6,3
>2mm 1 1,6
TOTAL 64 100,00

Tabela 128: Atributo Frequência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 39 60,9
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 22 34,4
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 3 4,7
TOTAL 64 100,00

A relação Argila-Antiplástico mais freqüentemente observada foi a que gera pastas


plásticas ou muito plásticas, como mostra a tabela anterior. A tabela a seguir mostra a
distribuição dos tipos de queima de acordo com a observação dos planos de fratura dos
fragmentos cerâmicos; 26,6% das peças não apresentaram núcleo, indicando queima
completa.

23
O sítio Água Branca, analisado durante a pesquisa de iniciação científica da autora, apresentou algumas peças com a associação do
antiplástico cariapé e o caco-moído. (MORAES 2004)
212

Tabela 129: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 1 1,56
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 4 6,25
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 20 31,25
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 12 18,75
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 7 10,94
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 2 3,13
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
17 26,56
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
8- Apresenta partes reduzidas e oxidadas de modo alternado. 1 1,56
Sem leitura 0 0,0
TOTAL 64 100,00

As análises dos acabamentos de superfície evidenciaram processos esmerados de


acabamento, tanto na superfície externa quanto na interna, como pode ser verificado nas
Tabelas 130 e 131. A técnica da brunidura, que permite uma melhor impermeabilização
do pote, foi verificada na superfície interna de duas peças.

Tabela 130: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 26 40,63
Alisamento 36 56,25
Polimento 2 3,13
Tratamento Plástico 0 0,00
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0,00
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 64 100,00

Tabela 131: Atributo Acabamento de Superfície Externa


Variáveis Total %
Banho 11 17,19
Alisamento 49 76,56
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 0 0,00
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 4 6,25
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 64 100,00

Mais uma vez ocorreu um desgaste mais acentuado na superfície interna das peças,
processo este que pode estar associado ao desgaste mecânico (abrasão) provocado pelo
uso ou aos próprios processos pós-deposicionais.
213

Houve um predomínio nítido do engobo branco na face interna das peças, esse engobo
apresenta-se de maneira bastante acentuada na superfície interna de alguns fragmentos,
que estariam destinadas serviço/ consumo de alimentos.

Tabela 132: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 17 26,56
Acromáticas 1 1,56
Sem decoração 46 71,88
TOTAL 64 100,00

Tabela 133: Tipo de Engobo


Varíaveis Total %
Interno Vermelho 2 11,76
Interno e Externo Vermelho 1 5,88
Interno Branco 11 64,71
Externo Branco 3 17,65
Total 17 100,00

Dentre as peças engobadas, 14 apresentaram engobo branco em uma das superfícies, o


qual pode estar relacionado à ocorrência de grafismos pintados. No entanto em apenas
uma peça foi possível visualizar vestígios de pintura vermelha (banda). A única
decoração plástica evidenciada foi um corrugado-espatulado presente apenas na área
adjacente ao lábio de uma borda com ponto angular bem marcado, essa mesma peça
merece destaque devido o tratamento de superfície interno aprimorado (brunidura).

Figuras 90 e 91: Fragmentos com engobo branco e borda com ponto angular e decoração corrugada
214

Com relação à espessura dos fragmentos (Tabela 134), podemos notar uma maior
freqüência de paredes com espessuras refinadas de 7 a 8 mm.

Tabela 134: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
9-10 17 26,6
13-14 10 15,6
17-18 10 15,6
7-8 9 14,1
15-16 8 12,5
11-12 4 6,3
19-20 3 4,7
21-26 2 3,1
4-6 1 1,6
27-34 0 0,0
TOTAL 64 100,00

A análise dos atributos morfológicos desse conjunto está bastante limitada, pois
contamos apenas com 11 bordas, as quais apresentaram os seguintes tipos de lábio: 02
planos, 08 arredondados e 01 lábio sem leitura. Dessas bordas apenas 07 permitiram
classificação, exposta a seguir:

Tabela 135: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %
Direta Inclinada Externa 4 57,14
Direta Inclinada Interna 1 14,29
Extrovertida 1 14,29
Extrovertida com Ponto Angular 1 14,29
TOTAL 7 100,00

Tabela 136: Análise Qualitiva - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 2
Grupo 1 – Paredes com pintura interna 0
Grupo 2 - Bordas 2
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 1
Grupo 3 - Bordas 1
Grupo 4 - Bordas 2
TOTAL 8
215

Gráfico 09: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas

2
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Pequena (12-16cm)

Pequena (18-24cm)

Pequena (12-16cm)

Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)

Grande (28-38cm)

Média (26-30cm)

Grande (>40cm)

Média (18-30cm)

Grande ( (>30cm)

Média (18-26cm)

Grande (28-38cm)
Sem medidas

Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura
Sem leitura
Sem medidas

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Podemos classificar 02 bordas como pertencentes ao Grupo 01, uma de dimensão


pequena e outra grande. O Grupo 4 apresentou também 02 peças de dimensões
medianas, associadas a bordas diretas inclinadas externamente. Por fim, o Grupo 3 é
representado por 1 borda e o Grupo 2 por 2 peças. A amostra quantitativamente pequena
reduz as possibilidades de interpretação acerca dos processos de produção e uso das
vasilhas de acordo com os grupos estabelecidos qualitativamente, a análise das pastas,
por exemplo, não revelou variabilidade entre os grupos supracitados.
217

4.3.9. Conjunto Artefatual do Sítio Córrego do Canavial (CC)

Dentre os sítios da Área 4, pesquisados por Caldarelli (1983), o sítio Córrego do


Canavial foi o que apresentou a maior quantidade de vestígios cerâmicos em superfície,
quando da realização dos trabalhos de campo. No entanto, foi realizada a coleta integral
de peças em apenas em uma das concentrações (Coleta D), fato que determinou a
seguinte distribuição das peças de acordo com o local de coleta:

Tabela 137: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Proveniência Fragmentos Fragmentos Unidades de Bolotas de Líticos
≤15mm ≥15mm Análise argila
Coleta A 0 29 29 0 0
Coleta B 0 19 17 0 0
Coleta C 0 18 18 0 0
Coleta D 0 149 141 0 0
Sondagem 1 0 11 11 0 0
TOTAL 7 226 216 0 0

Como foi efetuada a coleta total na área de uma possível estrutura habitacional, seria
possível estabelecer uma análise que teria como resultado grande parte dos artefatos da
mesma estrutura habitada por núcleos familiares aparentados.

Tabela 138: Atributo Tipo de Peça


Variáveis Total %
Paredes 174 80,56
Bordas 20 9,26
Bases 8 3,70
Paredes com ponto angular 9 4,17
Paredes com ponto de inflexão 5 2,31
TOTAL 216 100%

Dentre o material analisado, 113 peças possibilitaram a identificação segura da técnica


de construção acordelada, enquanto que 103 peças apresentaram quebras que não
acompanharam a junção dos roletes.

A observação das superfícies dos fragmentos cerâmicos indicou que esse sítio apresenta
pasta de coloração cinza claro ao marrom claro, sendo raros aqueles fragmentos com
tons avermelhados ou alaranjados (ao contrário dos sítios Ribeira, Monjolo e Bom
Retiro, pertencentes à mesma área). Vale lembrar que os sítios Córrego do Canavial,
218

Monjolo, Ribeira e Bom Retiro encontram-se bastante próximos, sendo o raio máximo
entre eles de 3 km, ou seja, fontes bem similares de matérias-primas podem ter sido
utilizadas. Também neste sítio verifica-se uma pasta mal compactada e a distribuição
dos antiplásticos apresentou-se pouco homogênea.

Tabela 139: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 5 2,31
Mineral e Caco Moído 161 74,54
Mineral, Caco Moído e Carvão 39 18,06
Mineral e Saibro 11 5,09
TOTAL 216 100,00

Tabela 140: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 194 89,8
0-2mm 21 9,7
>2mm 1 0,5
TOTAL 216 100,00

Tabela 141: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moido


Variáveis Total %
0-1mm 42 20,00

0-2mm 93 44,29

>2mm 65 30,95

TOTAL 200 100,00

Enquanto a espessura dos antiplásticos minerais apresenta-se, na maior parte da amostra,


menor que 1 mm, a espessura do caco-moído é mais grosseira - sendo maior que 1 mm
em cerca de 75% das peças. O carvão evidenciado também foi freqüentemente maior
que 2 mm (64%).

Outro antiplástico evidenciado foi à argila seca triturada, denominada de saibro. No


entanto, a baixa freqüência com que esse antiplástico ocorreu parece associada à não
intencionalidade dessa adição, que pode ter ocorrido de modo acidental durante a
preparação da pasta, pois o “endurecimento” do bloco de argila armazenado pode
ocasionar esse efeito, uma vez que um resquício dessa superfície de argila seca pode
ficar incorporado dentro dos roletes.
219

A relação Argila-Antiplástico está apresentada na Tabela 142:

Tabela 142: Atributo Frequência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 125 57,9
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 81 37,5
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 10 4,6
TOTAL 216 100,0

A tabela abaixo mostra a distribuição dos tipos de queima de acordo com a observação
dos planos de fratura dos fragmentos cerâmicos. Vale destacar o predomínio de peças
(40,3%) com queima caracterizada por núcleo escuro espesso e margens oxidadas bem
definidas.

Tabela 143: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 1 0,5
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 5 2,3
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 57 26,4
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 44 20,4
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 18 8,3
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 0 0,0
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
87 40,3
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
8- Apresenta partes reduzidas e oxidadas de modo alternado. 4 1,9
Sem leitura 1 0,5
TOTAL 216 100,00

As análises dos acabamentos de superfície evidenciaram um predomínio acentuado de


um bom alisamento das superfícies internas e externas, como vemos a seguir:
220

Tabela 144: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 25 11,57
Alisamento 191 88,43
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 0 0,00
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0,00
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 216 100,00

Tabela 145: Atributo Acabamento de Superfície Externa


Variáveis Total %
Banho 18 8,33
Alisamento 176 81,48
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 11 5,09
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 9 4,17
Sem leitura 2 0,93
TOTAL 216 100,00

No conjunto artefatual do sítio Córrego do Canavial temos um equilíbrio no percentual


de peças com decoração engobada/ pintura e plásticas, como vemos na Tabela 146:

Tabela 146: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 17 7,87
Acromáticas 18 8,33
Cromáticas e Acromáticas 1 0,46
Ausente 180 83,33
TOTAL 216 100,00
,

Tabela 147: Tipo de Engobo


Varíaveis Total %
Engobo Interno Branco 8 3,70
Engobo Externo Branco 5 2,31
Engobo Interno e Externo Branco 2 0,93
Engobo Interno Vermelho 1 0,46
Engobo Interno Branco e Externo Vermelho 1 0,46
Total 17 7,87

No conjunto de peças engobadas, 16 apresentaram engobo branco em pelo menos uma


das superfícies, mas em apenas 07 peças foi possível identificar vestígios de pintura,
sendo que 5 dessas peças apresentam apenas vestígios de bandas. Assim, em apenas 2
peças foi possível identificar os motivos, ambos no campo primário, um caracterizado
221

por linhas pretas verticais e outros por uma composição livre de linhas retas e curvas
preenchidas por traços.

Figura 92: Fragmento com decoração pintada

A Tabela 148 mostra a classificação das decorações acromáticas, onde temos um


incremento do percentual de peças unguladas:

Tabela 148: Tipo de Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 10 52,63
Ungulado 7 36,84
Escovado 1 5,26
Inciso 1 5,26
TOTAL 19 100,00

Figuras 93 a 95: Fragmento com ponto angular e linhas incisas verticais, fragmentos escovados e borda
com pseudo-ungulado.

Figuras 96 a 98: Fragmentos corrugados.


222

As peças apresentaram espessuras variadas, predominando fragmentos com espessuras


medianas de 13 a 18 mm (54% das peças), conforme exposto na tabela abaixo:

Tabela 149: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
15-16 43 19,9
13-14 42 19,4
17-18 32 14,8
11-12 27 12,5
9-10 23 10,6
19-20 17 7,9
21-26 17 7,9
7-8 10 4,6
4-6 3 1,4
27-34 2 0,9
TOTAL 216 100,00

O conjunto do sítio Córrego do Canavial ofereceu um total de 08 bases, todas plano-


convexas. Mais uma vez os lábios apresentam-se predominantemente arredondados (17
peças), ocorrendo lábios planos em apenas 03 peças. Embora contemos com 20 bordas,
apenas 12 permitiram a classificação morfológica:

Tabela 150: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %
Direta Inclinada Externa 4 33,33
Carenada 4 33,33
Direta Inclinada Interna 2 16,67
Direta Inclinada Externa com Refoço Interno e Externo 1 8,33
Extrovertida 1 8,33
TOTAL 12 100,00

A análise qualitativa por grupos hipotéticos foi aplicada a um conjunto de 17 peças, nas
quais podemos verificar uma variabilidade significativa na escolha dos antiplásticos. As
peças dos Grupos 1 e 4 apresentam semelhanças, com o predomínio de pastas refinadas
com caco-moído e carvão. O Grupo 2 apresentou apenas partículas minerais e caco-
moído, também em baixa freqüência (pastas muito plásticas). Já o Grupo 3 é
caracterizado pela presença de caco-moído e saibro, nesse caso a freqüência do
antiplástico está entre 10 e 30 %.
223

Tabela 151: Análise Qualitiva - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 2
Grupo 1 – Paredes com pintura interna 4
Grupo 2 - Bordas 1
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 1
Grupo 3 - Bordas 2
Grupo 4 - Bordas 7
TOTAL 17

Gráfico 10: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas

3
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Pequena (12-16cm)

Pequena (18-24cm)

Pequena (12-16cm)

Pequena (12-16cm)
Média (18-26cm)

Grande (28-38cm)

Média (26-30cm)

Grande (>40cm)

Média (18-30cm)

Grande ( (>30cm)

Média (18-26cm)

Grande (28-38cm)
Sem medidas

Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura
Sem leitura
Sem medidas

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Com relação aos padrões de uso temos o predomínio das vasilhas destinadas ao serviço e
processamento (Grupo 4), conforme vemos a seguir:
- Vasilhas para servir de uso individual (1): peça pequena do Grupo1;
- Vasilhas para serviço e processamento (7): peças médias, grandes e extragrandes do
Grupo 4. Cabe destacar que nesse caso temos uma presença significativa de bordas
carenadas que não apresentaram vestígios de engobo e/ou pintura, fato que pode
revelar uma escolha cultural ou a ação de processos pós deposicionais;
- Vasilhas para armazenamento e cocção (1): vasilha média do Grupo 3;
- Vasilhas para armazenamento e fermentação (1): vasilha do Grupo 2.
224

Desse modo, uma peculiaridade desse conjunto artefatual é que quando associamos as
características morfológicas das bordas aos acabamentos de superfície temos um
percentual menor de peças que podem ser enquadradas nos Grupos 1, 2 e 3, diretamente
relacionados às formas com funções presumidas melhor enquadradas nas tipologias
disponíveis sobre a cerâmica Tupiguarani (tigelas para comer/beber; jarra para bebida e
panela, respectivamente). Assim, das bordas classificadas, 75% estão associadas ao
Grupo 4, caracterizado por uma maior ambigüidade no que diz respeito às funções
presumidas, quiçá relacionadas aos contextos onde vasilhas multifuncionais tenham sido
mais apreciadas.
226

4.3.10 Conjunto Artefatual do Sítio Bom Retiro (BR)

O material coletado no sítio Bom Retiro é o que permite maiores avanços nas análises de
variabilidade espacial e relacional dos sítios da Área 4, uma vez contamos com a coleta
integral do material de todas as concentrações identificadas, resultando num total de 251
unidades analíticas conforme mostra a Tabela 152:

Tabela 152: Totais de fragmentos analisados x unidades de análise


Proveniência Fragmentos Fragmentos Unidades de Bolotas de Líticos
≤15mm ≥15mm Análise argila
Coleta A 0 51 46 0 1
Coleta B 0 133 123 0 0
Coleta C 0 84 82 0 0
TOTAL 0 268 251 0 1

Tabela 153: Atributo Tipo de Peça


Variáveis Total %
Paredes 197 78,49
Bordas 27 10,76
Bases 3 1,20
Paredes com ponto angular 13 5,18
Paredes com ponto de inflexão 10 3,98
TOTAL 251 100,00

Vale destacar a presença de uma parede com aplique, característica pouco recorrente na
cerâmica da tradição Tupiguarani.

Em termos de técnicas de manufatura, 137 peças que possibilitaram a identificação


segura da técnica de construção acordelada, enquanto que 113 peças não apresentam
marcas evidentes do processo de construção. As bases também foram confeccionadas
por meio da técnica acordelada. A parede com aplique apresentou a junção das técnicas
acordelada na construção da parede e modelada no aplique.

Quanto às características das pastas, este sítio revelou uma diversidade maior de
coloração em relação aos outros sítios da Área 4, do alaranjado24 ao avermelhado,
passando pelo cinza claro e marrom.

24
Verificou-se que a pasta de cor alaranjada vêm freqüentemente acompanhada de grande quantidade de caco-moído.
227

Conforme apresentado na Tabela 154 o antiplástico mais freqüentemente adicionado foi


o caco-moído. Outra característica dos antiplásticos evidenciados nesse sítio foi que
estes apresentaram dimensões maiores daquelas verificadas nos sítios da mesma área
(Ribeira, Monjolo e Córrego do Canavial). Não obstante, assim como nos outros sítios,
os antiplásticos minerais raramente ultrapassam 1 mm, sendo caracterizados por grãos
arredondados de quartzo, areia e mais raramente, grãos de hematita.

Tabela 154: Atributo Tipo de Antiplástico


Variáveis Total %
Mineral 6 2,39
Mineral e Caco Moído 209 83,27
Mineral, Caco Moído e Carvão 36 14,34
TOTAL 251 100,00

Tabela 155: Atributo Espessura do Antiplástico Mineral


Variáveis Total %
0-1mm 233 92,83

0-2mm 15 5,98

>2mm 3 1,20

TOTAL 251 100,00

Tabela 156: Atributo Espessura do Antiplástico Caco moido


Variáveis Total %
0-1mm 75 30,61

0-2mm 104 42,45

>2mm 66 26,94

TOTAL 245 100,0

Não obstante, a proporção entre argila e antiplástico foi semelhante à evidenciada nos
outros sítios:

Tabela 157: Atributo Frequência do Antiplástico


Variáveis Total %
Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico) 139 55,38
Pasta Plástica (10-30% de antiplástico) 100 39,84
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico) 12 4,78
TOTAL 251 100,00
228

Mais uma vez detectamos o predomínio das queimas incompletas com margens
oxidadas, onde os tipos 03 e 07 foram os mais recorrentes.

Tabela 158: Atributo Queima


Variáveis Total %
1- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do laranja tijolo ao amarelo. 9 3,59
2- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza claro ao pardo 4 1,59
3- Presença de núcleo central, escuro e camadas interna e externa oxidadas e difusas 109 43,43
4- Sem presença de núcleos, com cor uniforme variando do cinza ao preto. 18 7,17
5-Camada clara na parte externa e camada escura na parte interna. 17 6,77
6- Camada escura na parte externa e uma camada clara na parte interna. 1 0,40
7- Presença de núcleo central e espesso e camadas oxidadas finas e bem definidas. Neste caso a
88 35,06
cor da superfície é freqüentemente amarela ou parda.
8- Apresenta partes reduzidas e oxidadas de modo alternado. 5 1,99
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 251 100,00

As tabelas a seguir mostram os diferentes tipos de acabamento identificados:

Tabela 159: Atributo Acabamento de Superfície Interna


Variáveis Total %
Banho 115 45,82
Alisamento 136 54,18
Polimento 0 0,00
Tratamento Plástico 0 0,00
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 0 0,00
Sem leitura 0 0,00
TOTAL 251 100,00

Tabela 160: Atributo Acabamento de Superfície Externa


Variáveis Total %
Banho 70 27,89
Alisamento 133 52,99
Polimento 1 0,40
Tratamento Plástico 39 15,54
Tratamento Plástico ou Alisado mal acabado 6 2,39
Sem leitura 2 0,80
TOTAL 251 100,00

Como nos conjunto anteriormente apresentados, as superfícies internas apresentaram


tratamentos de superfície mais aprimorados (banho, engobo ou alisamento bom) que as
superfícies externas, fato que pode estar associado à necessidade de se produzir vasilhas
com maior grau de impermeabilidade da superfície interna. Cabe ressaltar que foi
229

identificada a aplicação da barbotina em 17 peças (7 na superfície interna/ 10 na


superfície externa).

Tabela 161: Atributo Técnica Decorativa


Variáveis Total %
Cromáticas 59 23,51
Acromáticas 45 17,93
Cromáticas e Acromáticas 2 0,80
Ausente 145 57,77
TOTAL 251 100,00

Tabela 162: Tipo de Engobo


Varíaveis Total %
Interno Branco 23 37,70
Externo Branco 20 32,79
Interno e Externo Branco 11 18,03
Interno Vermelho 2 3,28
Externo Vermelho 2 3,28
Interno Branco e Externo Vermelho 2 3,28
Interno Vermelho e Externo Branco 1 1,64
Total 61 100,00

O número elevado de peças com engobo branco em pelo menos uma das superfícies (57
peças) indica uma alta incidência de decorações pintadas, uma vez que sabemos que esse
engobo era utilizado como suporte para aplicação da pintura. No entanto, parte dessas
peças perdeu a pintura devido aos processos pós-deposicionais, uma vez que apenas 30
peças revelaram vestígios de pintura:

Tabela 163: Decorações Cromáticas


Bandas Campo Primário
Restos não classificáveis 18 Restos não classificáveis 1
Faixas Finas (0-9mm) 1 Composição vestigial de linhas retas 1
Faixas Estreitas (10-19mm) 4 Composição vestigial de linhas curvas 1
Faixas Médias (20-49mm) 4 Composição ortogonal assimétrica 3
Composição de linhas oblíquas 1
TOTAL 27 TOTAL 7

Os grafismos nos campos primários foram executados em preto em 6 peças e vermelho


em 1 peça. As composições de linhas pretas retílineas e curvílineas na superfície interna
revelam a utilização de intrumentos diferenciados que produzem linhas de 0.1 a 0.8 mm.
Por outro lado, as linhas pretas retílineas aplicadas na superfície externa dos ombros de
230

vasilhas do Grupo 2 tem espessuras de 1mm. Não foram identificados grafismos nos
campos secundários.

Figuras 99 a 101: Fragmentos com banda e motivos retilíneos na face externa (Grupo 2);
fragmento com ponto angular e decoração pintada na superfície externa;e fragmento com banda
vermelha e vestígios de pintura.

Quanto às decorações plásticas, verifica-se o predomínio das decorações corrugadas, que


também se apresentaram em tipos, profundidades e organizações rítmicas diferenciadas.
Quanto às decorações unguladas ou pseudo-unguladas, essas estão sempre localizadas
nos pontos de inflexão dos vasilhames e, em uma das peças o ungulado foi aplicado
sobre superfície escovada.

Tabela 164: Tipo de Decorações Acromáticas


Variáveis Total %
Corrugado 31 65,96
Ungulado 8 17,02
Escovado 5 10,64
Corrugado e Entalhe no Lábio 2 4,26
Ungulado e Escovada 1 2,13
TOTAL 47 100,00
231

Figuras 102 e 103: Fragmentos escovados e parede com aplique

Figuras 104e 105: Fragmentos corrugados

Figuras 106: Borda com superfície externa brunida

Figuras 107 e 109: Fragmento com decoração ungulada sobreposta ao escovado, parede e borda
com decorações pseudo-unguladas
232

Mais uma vez há um predomínio de paredes com espessuras medianas. Contudo, temos
uma representatividade significativa de paredes com menos de 10 mm de espessura.

Tabela 165: Atributo Espessura da Peça


Varíaveis (mm) Total %
15-16 54 21,51
17-18 45 17,93
11-12 39 15,54
13-14 34 13,55
9-10 26 10,36
19-20 26 10,36
21-26 14 5,58
7-8 10 3,98
4-6 2 0,80
27-34 1 0,40
TOTAL 251 100,00

No conjunto desse sítio foram diagnosticadas apenas 03 bases, todas convexas. Foi
possível classificar 24 das 27 bordas coletadas, conforme demonstra a Tabela 166.
Quanto aos lábios temos 01 apontado; 05 planos e 21 arredondados. Os ombros
identificados são do Tipo 01 e apresentam freqüentemente engobo branco na superfície
externa.

Tabela 166: Atributo Forma da Borda


Variáveis Total %
Direta Inclinada Externa com Refoço Externo 8 33,33
Direta Inclinada Externa 5 20,83
Contraída 4 16,67
Direta Inclinada Interna 3 12,50
Carenada 3 12,50
Direta Inclinada Externa Expandida 1 4,17
TOTAL 24 100,00

Tabela 167: Análise Qualitiva - Grupos


Variáveis Total
Grupo 1 – Bordas 15
Grupo 1 – Paredes com pintura interna 3
Grupo 2 - Bordas 1
Grupo 2 – Ombros e paredes com pintura externa 6
Grupo 3 - Bordas 2
Grupo 4 - Bordas 6
TOTAL 33
233

Gráfico 11: Distribuição das bordas por grupos de vasilhas


7

5
Número de peças

0
Extra Grande (42-54cm)

Extra Grande (>40cm)


Pequena (12-16cm)

Pequena (18-24cm)

Pequena (12-16cm)

Pequena (12-16cm)
Grande (28-38cm)

Grande (28-38cm)
Média (18-26cm)

Média (26-30cm)

Grande (>40cm)

Média (18-30cm)

Grande ( (>30cm)

Média (18-26cm)
Sem medidas

Sem medidas
Miniatura

Miniatura

Miniatura

Miniatura
Sem leitura
Sem medidas

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Das bordas classificadas cerca de 65% estão associadas ao Grupo 1, sendo


caracterizadas por formas abertas ou levemente restritas com engobo e/ou pintura
interna, destinadas ao serviço de alimentos e bebidas, conforme apontamos a seguir:
- Vasilhas para servir de uso individual (2): miniaturas e peças pequenas do Grupo 1;
- Vasilhas para servir (10): peças médias, grandes e extragrandes do Grupo1;
- Vasilhas para serviço e processamento (4): peças médias, grandes e extragrandes do
Grupo 4. Nesse conjunto essas peças são caracterizadas pela presença de bordas com
reforço ou contraídas;
- Vasilhas para armazenamento e cocção (2): vasilhas médias e grandes do Grupo 3;
- Vasilhas para armazemaneto e fermentação (1): vasilha média do Grupo 2.

Dentre as peças sem possibilidade de aferição de diâmetro, 03 parecem estar


relacionadas a vasilhas medianas associadas ao processamento/ cocção de alimentos
(peças corrugadas do Grupo 4) e 01 pode estar relacionada a uma miniatura com pintura
vermelha na superfície externa.
235

4.4 A formação de um catálogo de referência

Buscando um olhar amplo acerca das ocupações de grupos ceramistas associados à


tradição Tupiguarani no nordeste paulista, foi incorporado como objetivo a produção de
um catálogo de artefatos cerâmicos associados à referida tradição. No início da pesquisa
esse catálogo havia sido compreendido como método, mas ao passo que foi sendo
construído revelou-se de suma importância para o estudo da ocupação Tupi no estado,
fato que o transformou em objetivo, dadas às possibilidades interpretativas que ele
suscita.

A análise dos artefatos cerâmicos e a formulação de fichas padronizadas é de suma


importância, pois possibilita comparações com os dados das ocupações Tupi das regiões
adjacentes, podendo “estabelecer divisões estilísticas que acreditamos refletirem a
extensão de parcialidades de cunho político ou étnico” (PROUS 2005a: 24). Além disso,
a documentação dessas peças tem como objetivo a montagem de uma base de dados que
ofereça parâmetros para o estudo dos vestígios encontrados em sítios arqueológicos da
região, fornecendo insights a respeito das possibilidades e limitações da análise de
fragmentos cerâmicos em laboratório25. Ademais, essas coleções revelam um pouco da
trajetória histórica da pesquisa sobre a ocupação Tupi no estado.

Vale destacar que, embora todas as coleções tenham sido contabilizadas e fotografadas
na íntegra, tem sido efetuada a documentação individual apenas de formas completas e
de fragmentos com grafismos pintados.

O levantamento foi efetuado em qualtro coleções, a saber: a Coleção Manuel Pereira de


Godoy, que se trata do material coletado pelo pesquisador na área de Cachoeira de
Emas, Pirassununga, coleção que se encontra com a família do pesquisador; a Coleção
Edson Franco de Godoy, pertencente ao dono da propriedade onde se localizada o sítio
Franco de Godoy, composta por peças provenientes deste mesmo sítio; o acervo do
Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira, localizado no município de

25
Algumas peças com grafismos pintados farão parte de um catálogo mais amplo, cuja publicação tem sido coordenada pelo Prof.
Dr. André Prous, da Universidade Federal de Minas Gerais, e pela Profa. Dra. Tania Andrade Lima, do Museu Nacional do Rio de
Janeiro, no qual vasilhas com decorações pintadas de diversos pontos do Brasil serão apresentadas, permitindo correlações e
comparações por parte dos interessados no tema.
236

Mogi Guaçu, que guarda peças coletadas no sítio Jardim Igaçaba, e, por fim, o Museu
Histórico Alaur da Matta, que apresenta peças advindas das coletas assistemáticas
realizadas por Alaur da Mata no município de Luís Antônio, assim como peças coletadas
em Pirassununga e São Simão.

Tabela 168 – Coleções Tupiguarani depositadas em Museus Locais e Acervos Particulares do Nordeste do Estado
Total de peças
Museu/ Coleção Particular Proveniência do Acervo
documentadas

Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira, Coleção Sítio Jardim Igaçaba, Mogi
05
Mogi Guaçu Guaçu

Acervo do Sítio Franco de Godoy,


Coleção Particular Edson Franco de Godoy, Mogi Guaçu 07
Mogi Guaçu

Acervo coletado em Cachoeira de


Coleção Particular Manuel Pereira de Godoy, Pirassununga 43
Emas, Pirassununga
Coleção Alaur da Mata, municípios de
Museu Histórico Alaur da Matta, São Simão Pirassununga, Luiz Antônio e São 66
Simão

O Anexo 03 apresenta uma versão sintetizada do catálogo com as formas completas


documentadas, totalizando 28 peças. As demais peças consistem em fragmentos de
paredes e bordas cuja documentação teve como objetivo a análise dos grafismos
pintados, cuja síntese será apresentada adiante. Vale destacar que as peças que
compunham estruturas funerárias receberam o mesmo número de Catálogo, sendo
adicionada a letra “a” para as vasilhas utilizadas como tampas.

A Coleção Manuel Pereira de Godoy é a que ofereceu um maior número de peças,


grande parte proveniente da área de Cachoeira de Emas, Pirassununga. Coletada entre os
anos de 1944 e 1963, essa coleção é formada, sobretudo, por fragmentos com grafismos
pintados bastante conservados.

Manuel Pereira de Godoy publicou algumas das peças ora documentadas (GODOY
1946; 1974) associando-as diretamente aos povos Tupi-Guarani. As peças registradas
estão assim distribuídas nos Grupos estabelecidos: 26 peças que podem ser enquadradas
no Grupo 01 (Prancha 37) ; 08 no Grupo 02 (Prancha 38); 06 no Grupo 03 (Pranchas
39 e 40); 01 no Grupo 04. Vale destacar a presença de seis urnas, sendo cinco com
decorações plásticas (Grupo 03) e uma com decoração pintada (Grupo 02).
237

Cabe ressaltar que todas as urnas com decorações plásticas foram coletadas na margem
esquerda do rio Mogi Guaçu, na Estação Experimental de Biologia e Piscicultura (área
atualmente ocupada pelo CEPTA – IBAMA) e na Vila dos Oficiais, enquanto as demais
peças estão associadas, sobretudo, a Fazenda Elói Chaves, situada na margem direita do
rio Mogi Guaçu. A estrutura funerária composta por uma vasilha pintada (Prancha 38)
foi coletada no município de Porto Ferreira, vizinho de Mogi Guaçu.

A Coleção Particular Edson Franco de Godoy é formada por 07 peças encontradas


quando o Sr. Edson fazia as fundações de sua casa, tendo o mesmo entrado em contato
com o Museu Paulista para a realização de escavações no local (PALLESTRINI
1981/1982). A coleção é formada por 01 urna pintada (Grupo 1), 05 vasilhas do Grupo
01 e 01 do Grupo 03, as quais estão apresentadas na análise do conjunto artefatual do
referido sítio, exposta no item anterior. No catálogo também inserimos as vasilhas
correspondentes à estrutura funerária 05, resgatada por Morais (1995).

O acervo do Sítio Jardim Igaçaba é formado por apenas 05 peças, mas sabemos pela
imprensa da época que o referido sítio arqueológico (cadastrado por MORAIS 1995)
possuiu uma alta densidade de vestígios cerâmicos, tanto que o bairro onde foram
encontradas as vasilhas recebeu o nome de Igaçaba. As peças que se conservaram estão
expostas no Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira, município de
Mogi Guaçu e estão assim distribuídas nos tipos definidos: 01 vasilha do Grupo 01, 02
peças no Grupo 02 e 02 peças no Grupo 03. Vale destacar que todas as peças exibiram
marcas de uso (marcas abrasivas, depósitos de carbono e fuligem) (Pranchas 41 e 42).

A Coleção Alaur da Mata é composta por 66 peças, a maior parte associada a fragmentos
com decorações plásticas. Cabe ressaltar que o “Museu” Alaur da Mata não corresponde
a um museu propriamente dito, inaugurado por iniciativa privada da Fundação
Simonense. O local encontra-se abandonado e apenas uma pessoa, Sr. Luis Antônio
Nogueira, tem acesso às peças (MORAES 2005a).

O referido acervo advém das coletas assistemáticas realizadas por Alaur da Mata na área
dos sítios Ribeira, Monjolo, Córrego do Canavial e Bom Retiro. Não foram encontradas
238

documentações primárias das peças para que pudéssemos associar ao sítio


correspondente, uma vez que o cadastro dos referidos sítios se deu por conta das
indicações de Alaur da Mata (CALDARELLI 1983). Segundo a documentação
consultada, proveniente dos trabalhos de Caldarelli, o sítio Ribeira teria fornecido duas
urnas, mas não podemos determinar quais das três urnas registradas estão associadas a
esse sítio. Desse modo, foi efetuado o cadastro individual das referidas urnas, coletadas
em Luis Antônio e de uma vasilha com borda cambada, proveniente do município de
São Simão (Pranchas 43 e 44).26 Entre os referidos fragmentos destacam-se os com
decoração ungulada. Vale destacar que nessa coleção, constatamos a presença de peças
coletadas em Cachoeira de Emas, Pirassununga, contudo, as mesmas não podem ser
associadas à tradição Tupiguarani.

A Coleção Desidério Aytai foi incorporada ao Catálogo apesar de estar relacionada ao


Município de Monte Mor, ao sul da área diretamente abrangida por esse projeto, dada à
relevância desse pesquisador para a arqueologia paulista, sobretudo a quem se dedica ao
estudo das ocupações Tupi. No entanto, documentamos, no momento, apenas peças
inteiras ou formas completas, totalizando 03 peças (Prancha 45).

26
O atual responsável pelo museu, Luis Antonio Nogueira, impediu a documentação individual dos
fragmentos, autorizando apenas a realização da documentação fotográfica.
PRANCHA 37
1 2 3

4 LEGENDA

1. Vasilha do Grupo 1 com


estrutura levemente restrita e
campo principal formado por
linhas curvílineas preenchidas por
traços e, eventualmente, por
pontos.

2. Vasilha do Grupo 1 com base


em pedestal, remetendo
possivelmente a contextos de
5 6 contato.

3. Vasilha do Grupo 1 com


contorno simples. O grafismo
caracterizado por linhas
vermelhas perpendiculares à
borda pode compor toda a peça ou
possuir um motivo central.

4. Vasilhas do Grupo 1 com


7 formas de pratos. A finalização da
construção dessas peças é
caracterizada pela adição de um
rolete que forma a borda
extrovertida.

5. Vasilha do Grupo 1 com


contorno simples.

6. Vasilha do Grupo 1 com


contorno infletido.

7. Vasilhas médias e grandes do


Grupo 1 com estruturas abertas ou
levemente restritas, decoração
pintada na superfície interna e
bordas carenadas. A presença do
ponto angular que forma a carena
levou a classificação do contorno
dessas peças como composto. Os
motivos dos campos primários
exibem grande variabilidade com
composições de linhas retas,
curvas e associações de linhas
retas e curvas.

COLEÇÃO MANUEL PEREIRA


DE GODOY
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 38

LEGENDA

A coleção Manuel Pereira de


Godoy também apresentou peças
associadas a uma estrutura
funerária proveniente do
município de Porto Ferreira,
vizinho de Pirassununga. A
referida estrutura era composta
de urna, tampa e ossos.

A vasilha utilizada como urna


(Grupo 2) tem 66 cm de diâmetro
máximo e sua decoração é
caracterizada por composição
livre de linhas retilíneas pretas. A
tampa tem diâmetro de boca de
54 cm.

Ambas as peças foram


reutilizadas para o sepultamento,
pois possuem marcas de uso. A
urna apresenta descamação
acentuada na parte interna e a
tampa marcas abrasivas e
depósitos de carbono na parte
interna e fuligem na parte
externa.

COLEÇÃO MANUEL
PEREIRA DE GODOY
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 39
1 2

LEGENDA
1.
Diâmetro de boca: 26 cm
Diâmetro máximo:41 cm
Altura total: 52 cm
Decoração: A parte superior
apresenta decoração corrugada e
escovada, na parte mesial
decoração escovada e acanelada
associada a áreas apenas alisadas
e a parte inferior decoração
corrugada.
Vestígios associados: Ossos
humanos e vasilha reutilizada
como tampa.
2.
Diâmetro máximo:55 cm
Altura do maior diâmetro: 41 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de produção: Manchas
negras do processo de queima.
Vestígios associados: Ossos
humanos e dentes.
3 4 3.
Diâmetro de boca: 24 cm
Diâmetro máximo: 34 cm
Altura total: 42 cm
Decoração: Acanelada.
Marcas de produção: Manchas
negras do processo de queima.
4.
Diâmetro máximo:46 cm
Altura do maior diâmetro: 32 cm
Decoração: Corrugada.
Vestígios associados: Ossos
humanos e dentes.

COLEÇÃO MANUEL
PEREIRA DE GODOY
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 40

1 2

LEGENDA

1. Estrutura funerária com urna,


tampa e ossos humanos.

Urna
Vasilha do Grupo 3
Diâmetro de boca: 38 cm
Diâmetro máximo:74 cm
Altura total: 81 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de produção: Manchas
negras do processo de queima.

Tampa
Vasilha do Grupo 5
Diâmetro de boca: 70 cm
Altura total: 35 cm

2. Vasilha com boca elíptica (240 x


360 cm, medida tirada da inflexão
e não da borda que encontra-se
incompleta).
Altura total: 18 cm
Decoração: Ungulada.

COLEÇÃO MANUEL
PEREIRA DE GODOY
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 41
1

LEGENDA

Vasilhas do Grupo 2 coletadas no


Sítio Jardim Igaçaba, ambas com
traços de uso caracterizados por
descamação na parte interna,
sobretudo na área dos ombros.

1.
Diâmetro máximo: 72 cm
Altura do maior diâmetro: 28 cm
Decoração: Composição livre de linhas
2 retilíneas pretas.

2.
Diâmetro máximo: cerca de 65 cm
Decoração: Banda vermelha com 25
mm e demais vestígios pintados
apagados.

COLEÇÃO JARDIM
IGAÇABA
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 42
1

LEGENDA

1. Vasilha do Grupo 5
Diâmetro de boca: 58 cm
Altura total: 13 cm
Decoração: Lisa.
Marca de Produção: Manchas negras
na parte externa da base.
Marcas de Uso: Essa peça apresenta
estrias isoladas, grossas, longas e
contínuas na borda, evidenciando a
ação de mexer e servir alimentos.

2 3
- As vasilhas do Grupo 3
apresentaram marcas de uso
caracterizadas por fuligem na
superfície externa e depósitos de
carbono na superfície interna
evidenciando utilização em
atividades de cocção.

2.
Diâmetro máximo: 550 cm
Altura do maior diâmetro: 290 cm
Decoração: Corrugada.

3.
Diâmetro máximo: 70 cm
Altura do maior diâmetro: 42 cm
Decoração: Corrugada.

COLEÇÃO JARDIM
IGAÇABA
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 43
1

LEGENDA

1. Vasilha do Grupo 3
Diâmetro de Boca: 32cm
Diâmetro máximo: 58 cm
Altura do maior diâmetro: 60 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de Uso: Deposição de
carbono na superfície externa da
vasilha durante o cozimento
(fuligem); depósitos de carbono na
superfície interna da vasilha
associada a descamamento.

2. Vasilha do Grupo 3
Diâmetro máximo: 45 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de produção: manchas
negras.
Vestígios associados: ossos e
2 3 dentes humanos.

3. Vasilha do Grupo 3
Diâmetro máximo: 55 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de Uso: depósitos de
carbono na superfície interna.
Vestígios associados: ossos e
dentes humanos.

COLEÇÃO ALAUR DA MATA

Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 44

1 2 1

LEGENDA

1. Peça encontrada e coletada


por moradores (não
identificados) do município de
São Simão.
Diâmetro de boca: 15 cm
Altura total: 9 cm
Decoração: Ungulada.

3 4
2. Um número considerável de
fragmentos apresenta decoração
ungulada. O único conjunto
arfefatual dos sítios em apreço
que apresentou um percentual
significativo de peças unguladas
foi o sítio Córrego do Canavial.

3. Bordas com decoração


pseudo-ungulada e ungulada.

4. Borda e bojo com decoração


ungulada

COLEÇÃO ALAUR DA MATA

Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
PRANCHA 45
1 2
LEGENDA
1. Vasilhas do Grupo 3
Peça Fragmentada:
Diâmetro máximo: 55 cm
Decoração: Corrugado.
Peça Completa:
Diâmetro de boca: 29 cm
Diâmetro máximo: 66 cm
Altura Total: 65 cm
Decoração: Corrugada.
Marcas de Uso: Depósitos de
carbono e descamamento na
superfície interna.
Vestígios associados: 05 dentes
humanos e tampa.
2. Vasilha do Grupo 1
Diâmetro de boca: 55 cm
Altura total: 17 cm
Decoração: Campo secundário
composto por bastonetes pretos
verticais com 1mm de espessura e
3 distância entre 4 e 7 mm. O campo
principal encontra-se apagado mas
é possível notar vestígios de
composição de linhas curvílineas
pretas de 0,1mm.
Vestígios Associados: Peça
utilizada como tampa de urna
funerária.
3. Fragmentos com decorações
pintadas, coletados no sítio Rage
Maluf, Monte Mor.

COLEÇÃO DESIDÉRIO
AYTAI
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
248

CAPÍTULO 5
249

5. OS PROCESSOS DE FORMAÇÃO E A VARIABILIDADE ARTEFATUAL


DOS SÍTIOS ABORDADOS

Os processos de formação podem ser classificados em dois tipos: os processos culturais,


associados aos comportamentos humanos que afetam ou transformam a configuração do
registro arqueológico e os processos naturais, associados à ação do meio ambiente
(SCHIFFER 1972). Neste capítulo pretendemos retomar os dados apresentados nos
capítulos anteriores, relacionando-os aos processos culturais que atuaram na formação
dos registros arqueológicos em apreço.

Seguindo os pressupostos colocados por Schiffer (1972), os processos relacionados à


deposição cultural dos artefatos (S-A) incidem sobre o que fica marcado no registro
arqueológico, uma vez que nem todas as atividades geram registro material. Essa
deposição está relacionada às atividades de descarte (refugo primário e refugo
secundário), sepultamento ou perda, ou pode estar ligada a processos de abandono,
gerando o que Schiffer denominou de refugo de fato.

O refugo primário está associado ao descarte do artefato no local do uso. Já o refugo


secundário pode ser de baixa densidade quando associado a áreas residenciais; discreto
quando associado às áreas de descarte no entorno das unidades residenciais ou ainda, em
lixeiras comunitárias, apresentando maior densidade de materiais, resultantes do
transporte de vestígios vindos de diferentes áreas de atividade (SCHIFFER 1991). Já o
refugo de fato caracteriza-se por artefatos que não foram descartados estando geralmente
associado a processos de abandono rápido e não planejado.

As dimensões e estruturas evidenciadas nos sítios em estudo (ver Tabela 169)


demonstram que estes funcionaram, muito provavelmente, como assentamentos
habitacionais. Schiffer indica que em sítios base ou habitação o refugo secundário tende
a predominar (SCHIFFER 1991), informação também atestada por Assis para
assentamentos Tupinambá27: “A maneira como os Tupinambá se instalavam,

27
Uma vez que estamos lidando com assentamentos associados à Tradição Tupiguarani temos utilizado trabalhos etnohistóricos e
etnoarqueológicos associados aos Guarani (Noelli 1983) e aos Tupinambá (Assis 1996).
250

organizavam, usavam, abandonavam e reutilizavam seus espaços de vida, evidenciados


pelos dados etno-históricos, permitiu inferir que os testemunhos arqueológicos
decorrentes desses processos, em sua maioria, se constituirão em refugos secundários.”
(ASSIS 1996: 116). A retomada das documentações dos trabalhos anteriores, o
encaminhamento de intervenções de campo e a análise dos acervos arqueológicos
coletados possibilitam algumas considerações acerca de alguns dos contextos em
análise, as quais estão apresentadas na Tabela 169:

Tabela 169: Evidências arqueológicas e prováveis tipos de refugo

Sítio Evidências/ Concentrações/ Estruturas Prováveis tipos de refugo

03 Manchas de Solo Antropogênico Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto


05 Estruturas Funerárias Refugo de fato
Franco de Godoy
05 Estruturas de Combustão Sepultamento
Evidências de Esteios
Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto
02 Manchas de Solo Antropogênico Refugo secundário de alta intensidade (lixeiras
Franco de Campos
01 Área com alta densidade de peças comunitárias)

Barragem 05 Manchas de Solo Antropogênico Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto

Ipê 02 Concentrações de material cerâmico (uma Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto
delas formando meia elipse)

Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto


Ribeira 02 Estruturas Funerárias Sepultamento

04 Concentrações de material cerâmico Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto


Córrego do Canavial

03 Concentrações de material cerâmico Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto


Bom Retiro

Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto


Lambari II 01 Possível Estrutura Funerária
Sepultamento

Refugo secundário de baixa intensidade ou discreto


Cachoeira de Emas 2 02 Concentrações de material cerâmico

De acordo com Schiffer (1976) quanto maiores a densidade demográfica do


assentamento e a intensidade da ocupação, maior a produção de refugo secundário,
sobretudo nas áreas de lixeiras comunitárias. No entanto, como vislumbramos na Tabela
169, em apenas um sítio constatamos a existência de uma área com maior densidade de
251

refugo secundário, esse fato também pode estar relacionado às condições de preservação
desse sítio, conforme pontuaremos adiante.

Schiffer indica que pequenos artefatos, especialmente microartefatos, são indicadores de


refugos primários (Schiffer 1991: 267). As atividades pós-deposicionais (A-A)
verificadas em grande parte dos sítios em estudo, sobretudo a utilização do arado,
também ocasionam a fragmentacão do material, dificultando o reconhecimento das áreas
de refugo primário.

Além do tamanho, outras propriedades dos artefatos - densidade, forma, orientação e


profundidade, fatores da vida útil, deteriorações e agregados - podem nos indicar os
processos de formação que atuaram no registro, “Burials, caches, other ritual deposits
and floors of structures, for example, often contain complete or restorable items with
much of their uselife remaining. This contrasts markedly with many deposits of
secondary refuse, where scarcely no intact item is found” (SCHIFFER 1991: 271, grifo
nosso). Essas propriedades puderam ser constatadas nos contextos arqueológicos
analisados, onde a escassez de artefatos completos parece indicar a ocorrência de refugo
secundário. As poucas peças completas estão sempre associadas a contextos de
sepultamento, revelando também, na maioria das vezes, processos de uso secundário,
comentados a seguir.

Os processos relativos à retenção dos artefatos no contexto sistêmico através do reuso


(S-S) também devem ser considerados como geradores de variabilidade, sobretudo da
variabilidade quantitativa. As categorias de reuso estão associadas à história de vida do
artefato, podendo ser identificadas pelas análises empreendidas, assim temos: a
reciclagem, quando há modificação formal do objeto para adequá-lo a uma nova função,
a qual pôde ser visualizada no uso de caco-moído como tempero da pasta e na presença
de calibradores de cerâmica no sítio Franco de Campos; a circulação lateral, quando
ocorre uma mudança de usuário do artefato sem alterar a forma/função, ou seja, uma
espécie de empréstimo, difícil de ser identificada no registro arqueológico; a
conservação ou manutenção, quando há uma “reforma” do artefato, que continuará
exercendo a mesma função, como, por exemplo, a “correção” dos grafismos pintados
verificada em algumas peças (com a superposição de faixas vermelhas sobre linhas
252

pretas), que pode ter ocorrido tanto no processo produtivo como pode estar ligada a uma
atividade de manutenção; por fim, o uso secundário, evidenciado nas urnas funerárias
analisadas28, as quais apresentaram marcas de uso. Nas análises empreendidadas até o
momento, também foram verificadas marcas de uso sobre o fogo em alguns fragmentos
pintados, revelando um uso secundário, uma vez que os dados etno-históricos mostram
que as vasilhas pintadas não seriam destinadas originalmente para atividades de cocção
(BROCHADO; MONTICELLI 1994). Em alguns contextos etnoarqueológicos, como o
apresentado por DeBoer e Lathrap (1979), as vasilhas pintadas também não seriam
destinadas às atividades de cocção.

A identificação dos fenômenos de retenção dos artefatos no contexto sistêmico através


do reuso está determinada e, em muitos casos, limitada pelo processo de passagem dos
artefatos do contexto arqueológico para o contexto sistêmico (A-S), ou seja, que
vestígios materiais são coletados e de que maneira.

A Área 01 foi alvo de pesquisas arqueológicas desde as escavações em superfícies


amplas realizadas por Pallestrini (1981-82) no sítio Franco de Godoy, passando por
trabalhos associados a projetos de resgate arqueológico que recuperaram apenas
vestígios localizados nas áreas de impacto das obras (MORAIS 1995; 2002) até a
retomada do sítio Franco de Campos no âmbito de nossa pesquisa, vislumbrando um
maior detalhamento das estruturas do sítio. Assim, para o sítio Franco de Godoy
contamos com mapas e croquis de solos antropogênicos, estruturas de combustão e
sepultamentos (PALLESTRINI 1981/1982). Já para o sítio Franco de Campos a
aplicação de transects perpendiculares possibilitou a revisão do tamanho do
assentamento, assim como a identificação de uma possível área de lixeira.

O sítio Lambari II (Área 2) também foi alvo de trabalhos associados a salvamento, sendo
privilegiado o resgate na área que seria impactada pelas obras de duplicação da rodovia.
No entanto, uma parte considerável do sítio permaneceu conservada para futuros
trabalhos, ademais se conta com uma delimitação detalhada do sítio e com uma área
onde foi encontrada uma grande vasilha in loco, possivelmente relacionada a

28
Sítio Ribeira: 02 urnas; Sítio Franco de Godoy: 05 urnas (apenas 02 puderam ser acessadas); Complexo Cachoeira de Emas: 05
urnas; Sítio Lambari II: 01 urna.
253

sepultamento, dado seu contexto deposicional. Contudo, não foram encontrados


vestígios de restos esqueletais nessa vasilha, talvez pela má preservação de evidências
orgânicas, uma vez que o solo trata-se de terra roxa com alto grau de acidez (AFONSO
2001).

O Complexo Cachoeira de Emas (Área 3) foi alvo de coletas assistemáticas realizadas


por Godoy (1974) em quatro pontos diferenciados, não existindo maiores informações
quanto aos contextos de deposição desses artefatos. Essas coletas privilegiaram vasilhas
inteiras ou fragmentos com grafismos pintados, acarretando uma configuração específica
a esse conjunto artefatual. Os trabalhos de campo realizados no Sítio Cachoeira de Emas
229 privilegiariam a confecção de uma planta de distribuição de peças em superfície,
permitindo o encaminhamento de análises intra-sítio.

Para os sítios da Área 04 - Monjolo, Ribeira, Bom Retiro e Córrego do Canavial, a


documentação primária demonstra que as pesquisas realizadas tiveram como objetivo a
identificação e delimitação dos sítios, sendo coletadas amostras superficiais de material
cerâmico em locais arbitrariamente estabelecidos (Sítio Ribeira e Monjolo) ou em área
de maior concentração de vestígios (Sítio Córrego do Canavial e Bom Retiro).

As atividades destrutivas da sociedade moderna e das sociedades pré-históricas também


afetam o registro arqueológico (processos A-A). Nos contextos em estudo a atividade
que mais afetou esse processo foi a utilização do arado, que fragmenta os artefatos e
modifica seus contextos espaciais. Quanto à ação do arado, estudos recentes demonstram
que essa ação tende a movimentar as peças muito mais no sentido vertical que na direção
horizontal (conforme bibliografia apresentada por ARAÚJO 2001). A pesquisa no sítio
Cachoeira de Emas 2 demonstra que a aplicação do método adequado em campo – coleta
ponto a ponto, possibilita o incremento dos resultados nesses contextos.

Ao contrário da maioria dos contextos pesquisados, localizados em áreas de intensa


mecanização agrícola (principalmente de cultura de cana-de-açúcar), o sítio Franco de
Campos está inserido em área de mata residual, fato que possibilitou a identificação de

29
Esse sítio está localizado em uma das áreas apontadas por Godoy (1974) como pontos de coleta do acervo de sua coleção
particular. Vimos fazendo prospecções sistemáticas na área de Cachoeira de Emas no intuito de reconhecer com mais propriedade a
distribuição e configuração de sítios Tupiguarani na área.
254

uma provável área de lixeira durante nossas intervenções de campo. Segundo Schiffer
(1991), em todo A-A devem ser considerados também os fatores não-culturais, assim
implantação desse sítio junto ao rio faz com que esteja sujeito, com grande freqüência,
às dinâmicas erosivas e deposicionais do rio Mogi Guaçu, determinando algumas das
características da variabilidade formal desse conjunto30.

5.1. Variabilidade formal

A variabilidade formal diz respeito às propriedades físicas do artefato, resultantes de


escolhas tecnológicas. O refinamento dos atributos classificatórios, ou seja, das
tipologias, é fundamental na identificação dessa variabilidade.

A análise das características formais dos artefatos cerâmicos tomou como pressuposto a
idéia de que “os componentes cerâmicos não representam algo homogêneo e estático”
(WÜST 1990: 439). Desse modo, o estilo cerâmico não é tomado como algo
cristalizado, nem tampouco passivo, mas que comunica mensagens das mais diversas,
presentes em qualquer estágio da seqüência operatória (SILVA 2000: 192).

Vale retomar que o sistema classificatório adotado nessa pesquisa parte da premissa de
que estilo e função são aspectos indissociáveis (SACKETT 1977: 370) e que o estilo
reside na escolha tecnológica. Para mapear as escolhas, o arqueólogo deve estar ciente
das possibilidades existentes e, essa reflexão só pode ser desenvolvida por meio do
conceito de cadeia operatória. Como pontuou Wiessner, ao invés de pensar onde o estilo
reside, pretendemos compreender que tipos de informações estão presentes no estilo
(WIESSNER 1991). Nesse sentido, vislumbramos, sobretudo, processos de
diversificação e interação social.

A análise dos aspectos tecnológicos torna acessíveis os modos de produção do grupo,


assim como atividades de manutenção dos artefatos. Vale ressaltar que as matérias-
primas disponíveis vão influenciar as escolhas tecnológicas, ou seja, as matérias-primas

30
Por exemplo, na sondagem realizada a 15 metros do rio, temos o predomínio de fragmentos cerâmicos maiores, sendo raros os que
apresentam menos de 5 cm no eixo maior, fato relacionado às inundações que ocorrem nessa porção do sítio, que devem ter
carregado os fragmentos menores.
255

são fatores que limitam as escolhas. Apresentamos no Gráfico 12 a variabilidade dos


antiplásticos evidenciados:

Gráfico 12: Percentual de tipos de antiplástico x Conjuntos artefatuais


100,00

90,00

80,00

70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom
Godoy Campos de Emas 2 do Retiro
Canavial

Mineral Mineral e Caco Moído Mineral, Caco Moído e Carvão

Mineral e Cariapé Mineral e Saibro Mineral, Caco Moído e Saibro

Os sítios das Áreas 3 (Cachoeira de Emas 2) e Área 4 (Ribeira, Monjolo, Córrego do


Canavial e Bom Retiro) apresentam uma variabilidade maior na escolha dos
antiplásticos, apresentando pastas refinadas e com a adição de caco-moído em grande
parte das peças, assim como a presença de carvão e saibro.

Já os sítios da Área 1 (Franco de Godoy, Franco de Campos, Barragem e Ipê)


circunscritos a uma micro-área com disponibilidades de matérias primas semelhantes,
revelaram escolhas diferenciadas. Enquanto temos a presença de caco-moído em 34%
dos fragmentos do sítio Franco de Godoy, as artesãs dos sítios Franco de Campos e
Barragem optaram por pastas com granulometrias mais grosseiras e com antiplástico
mineral, onde a adição do caco-moído foi rara (menos que 3%). O sítio Ipê, localizado a
cerca de 4600 metros dos outros 3 sítios, mostra o predomínio do caco-moído.

De acordo com Orton et al (1997) o quartzo apresenta um coeficiente de expansão mais


elevado do que outros componentes da argila, aumentando o stress térmico e reduzindo a
256

vida útil da vasilha, caso esta esteja submetida constantemente à atividades de cocção.
Por outro lado, sabe-se que os antiplásticos minerais são mais adequados para atividades
de cocção, pois permitem uma eficiência maior no aquecimento da vasilha (SKIBO
1992). Desse modo, temos nos conjuntos dos sítios Franco de Campos e Barragem a
valorização de algumas características de performance (capacidade de aquecimento) em
detrimento de outras (resistência ao impacto) (SCHIFFER; SKIBO 1987).

Brochado (1984) associa a adição do caco-moído a uma “marca cultural” presente em


grupos associados à Subtradição Guarani, pois às vezes esse caco-moído aparece em
porcentagens tão baixas que não teria sentido funcional. De fato, o caco-moído aparece
sempre em quantidades menores na pasta, sendo mais freqüente nos sítios Lambari II e
Bom Retiro.

Os conjuntos dos sítios Franco de Campos e Barragem também revelam pastas nas quais
o percentual de antiplástico é maior (10-30%), conforme mostra o Gráfico a seguir.

Gráfico 13: Freqüência do antiplástico x Conjuntos artefatuais


80,00

70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 do
Canavial

Pasta muito Plástica (0-10% ou menos de antiplástico)


Pasta Plástica (10-30% de antiplástico)
Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico)
257

Quanto aos aspectos decorativos detectamos algumas diferenças entre os sítios


estudados, conforme mostra o Gráfico 14. De um modo geral, nos conjuntos da Área 1 e
3 temos uma representatividade maior das decorações cromáticas enquanto que, nas
Áreas 2 e 4 as decorações plásticas são quantitativamente mais expressivas.

Gráfico 14: Percentual de peças decoradas x Conjuntos Artefatuais


35,00

30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 do
Canavial

Cromáticas A cromáticas Cromáticas e Acromáticas

Embora as técnicas de decoração estejam associadas à forma e função presumida da


vasilha, o percentual e a variabilidade dos tipos também podem refletir fatores culturais,
que podem ou não, estar associadas a diferenças cronológicas (BROCHADO 1984).

Com relação às decorações acromáticas (plásticas) temos o predomínio do tipo


corrugado em todos os conjuntos e uma variabilidade maior de tipos (corrugados,
incisos, acanalados, entre outros) nos conjuntos dos sítios Franco de Campos e
Cachoeira de Emas 2 (ver Gráfico 15). Nesse caso, podemos aventar a hipótese dessa
variabilidade estar relacionada a fatores cronológicos, uma vez que o sítio Franco de
Campos apresentou fragmentos com características de contato e o sítio Cachoeira de
Emas 2, embora não tenha fornecido artefatos claramente de contato, está datado em 450
anos antes do presente.
258

Cabe ressalvar que o predomínio do corrugado em todos os conjuntos analisados está


associado também ao fato desse acabamento ser aplicado, geralmente, na totalidade da
superfície da vasilha, acarretando após a quebra dessa, uma freqüência maior no registro
arqueológico. O ungulado, por sua vez, é preferivelmente aplicado nos pontos angulares
e parte superior da vasilha, que depois de quebrada vai apresentar diversos fragmentos
que serão classificados como alisados.

Gráfico 15: Percentual de peças com Decoração Acromática x Conjuntos Artefatuais


80,00

70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Córrego do Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 Canavial

Corrugado Ungulado Escovado Corrugado Ungulado Acanelado

Inciso Impresso Entalhe A plique Escovado e Entalhe no Lábio

Corrugado e Entalhe no Lábio Ungulado e Entalhada Ungulado e Escovada

Na análise das técnicas decorativas, especial atenção foi dada aos grafismos pintados,
com a reprodução de todos os tipos de unidades decorativas associadas à localização
desses grafismos na vasilha, permitindo assim comparações entre os conjuntos
selecionados.

Optamos, assim, pelo detalhamento dos motivos dos campos primários, localizados na
parte inferior das vasilhas abertas ou levemente restritas ou na parte externa dos ombros
das vasilhas carenadas, uma vez que apresentam uma variabilidade maior que os
259

motivos associados aos campos secundários – relacionados à parte interna e/ou externa
dos lábios das bordas reforçadas, carenadas ou contraídas.

O gráfico a seguir mostra a distribuição dos tipos definidos (ver Prancha 46) nos
conjuntos advindos de coletas sistemáticas.

Gráfico 16: Número de peças x Tipos de Grafismos Pintados (Campo Primário)


25

20

15

10

0
1 2 3 4 5 7 8 9 12 13 20 22 23 24 a 29

Franco de Godoy Barragem Franco de Campos Cachoeira de Emas 2 Bom Retiro Lambari II

Enquanto as composições de linhas retílineas estão relacionadas à superfície externa de


vasilhas do Grupo 2 (Tipos 8 e 9), todos os demais estão associados à parte inferior de
tigelas abertas ou levemente restritas do Grupo 1, as quais apresentam maior
variabilidade, sobretudo nos conjuntos artefatuais dos sítios Franco de Godoy e Franco
de Campos.

As vasilhas do Grupo 1 da Coleção Manuel Pereira de Godoy apresentaram, por sua vez,
uma variabilidade de grafismos ainda maior, com presença de 20 tipos, do mesmo modo,
visualizamos nessa coleção a rigidez formal nas Vasilhas do Grupo 2, que apresentaram
apenas 04 tipos de grafismos.

Estudos etnoarqueológicos mostram que quanto maior o refinamento das análises da


decoração, maiores serão as possibilidades interpretativas do arqueólogo. Bowser
260

(2000), por exemplo, desenvolveu um estudo no qual o dado etnoarqueológico


estabelece uma ligação entre o comportamento feminino ativo na política e o estilo
cerâmico no contexto doméstico, onde algumas variáveis na decoração demonstram
mais a identidade política que a étnica, a saber: a simetria, as linhas estruturais do
interior e do exterior da vasilha, a cor e elementos de design (BOWSER 2000: 236).
Nesse sentido, a diversidade de motivos nos campos primários das vasilhas abertas pode
estar relacionada ao fato dessas vasilhas – destinadas ao serviço e consumo, serem
portáteis e visíveis, adequadas, portanto, para a transmissão de mensagens diversificadas
no contexto social desses grupos. Para a Teoria da Troca de Informação (WOBST Apud
DAVID; KRAMER 2001: 170), na qual o estilo seria sempre ativo, residindo em
aspectos da variabilidade formal nas quais o artesão(ã) coloca intencionalmente sinais, a
escolha desses grafismos seria uma decisão consciente da ceramista.

A pintura dos ombros de vasilhas carenadas utilizadas para a fermentação de bebidas


alcoólicas (BROCHADO 1984; 1991), caracterizada por uma maior rigidez formal,
poderia estar relacionada ao fato dessas vasilhas serem utilizadas em contextos nos quais
não fosse permitida uma maior variabilidade, ou ainda, ao fato dessas vasilhas não serem
portáteis, apresentando menor visibilidade.

Carvalho (1999) apontou a importância das vasilhas cerâmicas pintadas nos rituais
antropofágicos, também sugeriu que o próprio enterramento de membros da aldeia em
urnas cerâmicas poderia estar relacionado à crença de que os deuses devoram as almas
justamente para a tornarem imortais. Recentemente, alguns arqueólogos têm apontado a
importância das vasilhas pintadas nesses rituais, ressaltando o significado mítico do
universo pictórico Tupi. (PROUS 2005a. 2005b; BUARQUE 2007).

Faremos apenas algumas colocações gerais quanto ao significado dos grafismos. Em


algumas peças da Coleção Manuel Pereira de Godoy temos motivos curvilíneos no
campo primário, que podem estar relacionados à representação da cobra, animal que
teria poluído a cruz de madeira sob a qual o herói civilizador sustentou a Terra, de
acordo com mito Guarani de origem do mundo (PROUS 2005a).
261

As composições de linhas pretas escalonadas presentes nos ombros das vasilhas de


contorno composto, embora semelhantes aos motivos Guarani - onde linhas escalonadas
criam motivos onde a cruz “escora da terra” aparece ao centro (TOCHETTO 1996), não
revelaram nenhuma cruz no centro desses motivos. Ainda com relação à comparação
entre os grafismos e informações etnoarqueológicas, vale destacar a presença, nos
campos secundários das vasilhas do Grupo 01, de linhas retilíneas verticais ou oblíquas.
Essas linhas são reconhecidas pelos índios Mbyá-Guarani como ipará rysy. Segundo os
Mbyá, de acordo com o mito das ipará (cestaria atual), somente este tipo de desenho foi
“ensinado” diretamente por Ñanderu, um dos “gêmeos” ancestrais, estando ligado à
origem da Terra (SILVA 2001).

Mesmo que não seja possível determinar os significados dos grafismos, é interessante
estudá-los como um sistema de comunicação. Produtos de uma tradição cultural e
veículos de transmissão e construção de significados, esses grafismos têm uma
importância crucial no estudo da variabilidade artefatual dos conjuntos em estudo.

Essa importância dos grafismos pode ser verificada também no esforço despendido na
obtenção dos pigmentos minerais usados no engobo e pintura, localizados a grandes
distâncias do assentamento base, como demonstrou os trabalhos de DeBoer e Lathrap
(1979) e Arnold (1985). Esse esforço proporcionaria uma melhor performance visual
após a manufatura dos vasilhames cerâmicos.
263

Outra questão é o acesso visual a pequenas modificações no padrão; freqüentemente


identificadas em algumas vasilhas, esses desvios do padrão decorativo poderiam nos
indicar marcas do estilo assertivo dentro do estilo emblemático (WIESSNER 1988).

Passemos à variabilidade das características estruturais e de contorno dos conjuntos


analisados. O gráfico a seguir mostra os tipos de bordas evidenciados:

Gráfico 17: Percentual de Tipos de Bordas x Conjuntos Artefatuais


60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
Franco de Barragem Franco de Ipê Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 do
Canavial

Diretas Inclinadas Externa Extrovertidas

Carenadas, Cambadas e Contraídas Diretas Inclinadas Interna

As características formais das bordas não apresentam uma variabilidade acentuada, as


bordas diretas inclinadas externamente (com ou sem reforços), diretas inclinadas
internas e carenadas estão presentes em quase todos os conjuntos, enquanto as bordas
contraídas e cambadas estão restritas a conjuntos específicos. Quanto à morfologia dos
lábios temos em todos os conjuntos o predomínio dos tipos arredondados, seguidos dos
planos. As morfologias das bases também evidenciam características homogêneas,
prevalecendo bases plano-convexas (aplanadas), seguidas das convexas.

A distribuição de peças nos grupos hipotéticos está apresentada a seguir:


264

Gráfico 18: Percentual de peças por grupo x Conjuntos Artefatuais


70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
Franco de Franco de Barragem Ipe Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 do
Canavial

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4

Gráfico 19: Vasilhas por funções presumidas x Conjuntos Artefatuais


13

12

11

10

0
Franco de Franco de Barragem Ipe Lambari II Cachoeira Ribeira Monjolo Córrego do Bom Retiro
Godoy Campos de Emas 2 Canavial

V asilhas para servir de uso individual V asilhas para servir V asilhas para serviço e processamento
V asilhas para armazenamento e cocção V asilhas para armazenamento de pequenas quantidades V asilhas para armazenamento
265

Vale retomar que no momento, optamos pela criação de um banco de dados com
vasilhas mais íntegras, que possam servir de base para futuras reconstituições
morfológicas a partir do desenho dos perfis de borda, as quais não estão sendo realizadas
no presente estudo. Comparando as formas evidenciadas na região (ver Prancha 47)
àquelas apresentadas por Brochado para a Subtradições Guarani e Tupinambá (1984:
541-545), detectamos uma maior similaridade com as formas da Subtradição
Tupinambá. Embora algumas das formas identificadas ocorram em ambas subtradições,
o predomínio das bases aplanadas e convexas sobre as conoidais é uma característica da
Subtradição Tupinambá.

Brochado (1984) dividiu os sítios Tupinambá em dois grupos: um primeiro, com 140
sítios, seria caracterizado pelo predomínio de decorações pintadas e um segundo grupo,
composto por cerca de 20 sítios, apresentaria um percentual maior de vasilhas com
decorações plásticas unguladas, incisas e entalhadas na borda, entre outras
(BROCHADO 1984: 287). Vale destacar que, em ambos os grupos o corrugado seria
menos expressivo.

Apontamos como hipótese que essa região foi ocupada por grupos Tupi do interior, cujas
características nos remetem mais a Subtradição Tupinambá, mas não aceitamos uma
relação unívoca com os grupos do litoral conhecidos historicamente, sobretudo, porque
os Tupinambás ocupavam densamente a costa e não a região em apreço. A variabilidade
formal evidenciada mostra que estamos lidando com ocupações diversificadas daquelas
do litoral, mas que pertencem, indubitavelmente, à mesma matriz cultural Tupi.

Enquanto os sítios Franco de Godoy, Franco de Campos, Barragem, Cachoeira de Emas


2 e Bom Retiro poderiam estar associados ao primeiro grupo, os sítios Ribeira, Córrego
do Canavial e Lambari II podem corresponder ao segundo grupo apresentado por
Brochado (1984), no entanto, apresentariam um percentual maior de corrugados. Essa
característica pode estar relacionada à interação com grupos cuja indústria cerâmica
apresenta maiores similaridades com a Subtradição Guarani. Ao norte da região em
apreço temos a presença de conjuntos com características que remontam mais a
Subtradição Guarani, como vemos no material publicado por Pereira Júnior (1957).
PRANCHA 47

FORMAS COMPLETAS NA REGIÃO

ESCALA GRÁFICA:

0 10 20 30 40 50 cm

Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Coutinho Afonso
267

No que diz respeito às características formais da cerâmica associada aos grupos


Tupinambá da costa, não identificamos a presença, por exemplo, de vasilhas ovais ou
retangulares. No entanto, Pallestrini (1981/1982: 122) faz menção à existência de
travessas retangulares no acervo coletado no sítio Franco de Godoy, o qual foi roubado.

A variabilidade formal identificada tem demonstrado que os conjuntos analisados


correspondem à ocupação Tupi dessa região, não implicando, entretanto, na
homogeneidade cultural desses grupos, até mesmo porque estamos lidando com
populações que ocuparam a região durante séculos. A análise também mostra que os
conjuntos refletem a inserção dos assentamentos em uma zona de fronteira entre Guarani
e Tupinambá, e quiçá, grupos não-Tupi. Essa zona de fronteira seria caracterizada pela
mescla de elementos e não pela mudança brusca no arsenal cerâmico, uma vez que os
conjuntos analisados também revelaram uma significativa variabilidade intersítios.

5.2 Variabilidade quantitativa

Com relação à variabilidade quantitativa, vale destacar a variabilidade dos conjuntos


artefatuais selecionados que possuem de 05 a mais de 1200 fragmentos. Embora essa
variabilidade tenha sido ocasionada pelos próprios procedimentos de coleta, as análises
têm revelado que a mesma está relacionada também à diferenciação no tamanho de
alguns dos assentamentos abordados, pois áreas submetidas a pesquisas realizadas pela
mesma equipe com aplicação do mesmo método revelaram disparidades quantitativas
(com por exemplo a Área 4).

Quando relacionamos a variabilidade formal e quantitativa temos também um dado


interessante: alguns sítios com uma densidade menor de vestígios (por exemplo, sítio
Monjolo e Ipê) apresentaram uma variabilidade artefatual intra-sítio mais acentuada que
sítios com conjuntos artefatuais mais numerosos.

Com relação ao uso, algumas variáveis que atuam sobre a variabilidade quantitativa: a
freqüência do uso, a portabilidade e a fragilidade/durabilidade da vasilha. Os artefatos
utilizados nas atividades de transporte e processamento de alimentos, expostos a um
268

constante manuseio precisam ser repostos com maior frequência do que artefatos
destinados à armazenagem. Esse fato também foi corroborado em nossas análises:
vasilhas pertencentes aos Grupos 1 e 4, que tem como função presumida o preparo (com
ou sem fogo) e o serviço/consumo (individual ou coletivo) de alimentos e/ou bebidas,
foram as mais freqüentes em todos os conjuntos analisados. Também há que ser
considerado o investimento de energia para a produção de determinado tipo de vasilha,
explicando as atividades de manutenção e curadoria de vasilhames maiores, repostos
com menor freqüência. Assim as vasilhas do Grupo 2, claramente relacionadas ao
armazenamento e/ou fermentação de líquidos foram freqüentes apenas no sítio Franco de
Campos, no entanto não chegam a ultrapassar as vasilhas dos Grupos 01 e 04, conforme
mostrou o Gráfico 18.

Mills (1989: 137) indica que vasilhas destinadas à cocção tendem a ter uma vida útil
ligeiramente maior que vasilhas destinadas ao serviço, fenômeno também visualizado
nos conjuntos artefatuais analisados, pois Vasilhas dos Grupos 3, mais aptas às
atividades de cocção, são menos freqüentes que vasilhas destinadas ao serviço/
consumo.

No entanto devemos considerar que a relação entre intensidade de uso e freqüência no


registro arqueológico não é diretamente proporcional. Ou seja, o uso pretendido/real, a
freqüência desse uso e o contexto de utilização da vasilha são variáveis que devem ser
consideradas de modo inter-relacionado.

Com relação à armazenagem, as atividades de acumulação de novas vasilhas para


eventuais usos ou de retenção de vasilhas após a vida-útil esgotada (dead storage),
demonstram que o número de vasilhas não é uma variável segura para determinação do
número de indivíduos da unidade, assim como uma vasilha mais freqüente no registro
arqueológico não é necessariamente a mais usada (NELSON 1991). Ou seja, a
freqüência de vasilhas no registro não é motivada apenas por necessidades de ordem
prática (SILVA 2000).
269

5.3 Variabilidade espacial e relacional

A variabilidade espacial está relacionada à localização dos registros arqueológicos,


revelando a dinâmica comportamental dos grupos em termos de uso do espaço intra e
inter-sítios. Já a variabilidade relacional diz respeito à maneira como os artefatos estão
relacionados dentro do registro arqueológico. Ambas as dimensões devem considerar os
processos de deposição cultural dos artefatos (S-A).

A relação entre os sítios abordados deve considerar alguns fatores. Os grupos ceramistas
também vivem em sistemas de sítios onde a aldeia cumpre a função de assentamento
base e os acampamentos de roça, pesca, caça e demais áreas de busca de matérias-primas
correspondem a sítios de atividade específica.

Os estudos sobre os padrões de assentamento, estratégias de mobilidade e captação de


recursos de grupos ceramistas indicam um território de domínio de amplitudes
significativas. Para os Tupinambá, Fernandes (1949) indica um território de domínio de
aproximadamente 45 km², mesmo espaço indicado por Maestri para a sobrevivência de
uma comunidade de centenas de membros (MAESTRI Apud RODRIGUES e AFONSO
2002:163). Para os Assuriní as roças chegam a distar até 3 km da aldeia (SILVA 2000).
Já para os Guarani, Noelli (1993) propõe um raio máximo de domínio de 50 km Em
alguns casos, modelos de grupos caçadores-coletores foram utilizados, como por
exemplo, no trabalho de Wüst (1983), onda a autora, tomando como base a área de
captação daqueles grupos, propôs um número máximo de cinco aldeias concomitantes
em um espaço de 30x30 km.

Com base nessas informações, algumas reflexões já podem ser colocadas quanto a inter-
relação dos sítios abordados. A pesquisa analisa um conjunto de dez sítios cerâmicos
localizados em quatro áreas (para essa análise consideramos apenas os contextos alvo de
pesquisas sistemáticas). Vale destacar que parte das áreas selecionadas foi configurada
por parâmetros bem atuais, ou seja, pelo fator risco causado pelos empreendimentos,
desse modo, a definição desses micro-territórios pode não ser significativa para a
270

compreensão da ocupação pré-histórica regional, pois a mesma requer prospecções


sistemáticas em área delimitadas31.

A Área 1 possui 03 sítios em um espaço de 300 x 700 metros, sugerindo uma


concentração de assentamentos em um espaço limitado. A Área 4 apresenta
aproximadamente 4 x 2 km, espaço no qual estão localizados 04 sítios arqueológicos.
Parece pouco provável a idéia de ocupação concomitante dos sítios, uma vez que a área
de captação de recursos seria insuficiente.

Para a Área 1 e Área 3 devemos considerar que os locais de assentamento desses grupos,
hoje denominados de Cachoeira de Cima e Cachoeira de Emas, ambos no rio Mogi-
Guaçu, seriam altamente atrativo para as atividades de pesca, pois o desnivelamento do
rio seria uma barragem natural (pari).

O território de domínio dos grupos ceramistas possuía diferentes ecozonas. Os


Tupinambá, por exemplo, habitavam o território necessário para execução de atividades
nos assentamentos de roça, pesca e caça. Ora, nos acampamentos de pesca, por exemplo,
podem ser identificados vestígios de locais de habitação e locais de atividades
específicas, assim como os artefatos associados a essas atividades (ASSIS 1996: 97). Os
territórios de Cachoeira de Cima e Cachoeira de Emas devem ter sido atrativos para o
estabelecimento desses acampamentos. Os sítios analisados até o momento estão
relacionados a aldeias, dada suas dimensões e densidades de vestígios arqueológicos. No
entanto, prospecções sistemáticas nessas áreas poderão localizar sítios de atividade
específica, sobretudo, acampamentos de pesca.

As análises espaciais e relacionais intra-sítio estão comprometidas devido aos


procedimentos de campo utilizados, restringindo a compreensão sobre áreas de atividade
dentro dos sítios, pois para tanto seriam necessários uma boa amostragem e um melhor
controle dos dados locacionais dos artefatos. Quanto às possíveis estruturas
habitacionais evidenciadas nos sítios Córrego do Canavial, Franco de Godoy, Franco de
Campos e Barragem, foi elaborada uma tabela com suas respectivas dimensões a serem

31
A única área que tem sido alvo de prospecções sistemáticas no âmbito dessa pesquisa é a Área 3, em Cachoeira de Emas.
271

comparadas com as informações apresentadas na Tabela 171, feita com base nos dados
compilados por Fernandes (1949) para a sociedade Tupinambá:

Tabela 170: Dimensões das possíveis estruturas habitacionais


Sítio Estrutura Dimensões (m)
2 10,8 x 22,0
Córrego do Canavial 3 9,6 x 23,4
4 11,0 x 16,0
1 8,0 x 10,0
Franco de Godoy 2 10,0 x 12,0
3 8,0 x 12,0
1 16 x 25
Franco de Campos
2 13 x 16
1 11,2 x 14,7
2 10,3 x 14,6
Barragem 3 9 x 12
4 11,7 x 15,7
5 10,2 x 17,0

Tabela 171: Dimensões das Estrututas Habitacionais Tupinambá (FERNANDES 1949)


Autor Largura (m) Comprimento (m)
Staden 4,62 49,50
Thevet 6,60 66 a 99
Lery - 20, 27, 40
Cardim 11,0 44, 66, 88
Abbeville 8,59 a 9,9 66 a 165
Knivet - 242

Assis (1996) apresentou em seu trabalho sobre a espacialidade Tupinambá dados para a
interpretação de registros arqueológicos relacionados aos povos Tupi. A autora propõe, a
partir da correlação dos dados sistematizados por Fernandes (1949) com descrições
históricas e representações etnográficas, as medidas indicadas por Cardim (11 x 44)
como um possível padrão das casas Tupinambá, ressaltando a proporcionalidade dessas
medidas. Ademais, a autora indica que os grupos Tupi mantiveram, até a atualidade, a
forma retangular associada à proporcionalidade das dimensões das casas, como por
exemplo, os Tapirapé, os Suruí e os Assuriní (ASSIS 1996: 49).

Desse modo, as manchas pretas evidenciadas nos sítios em estudo, interpretadas como
estruturas habitacionais, não corresponderiam à totalidade das plantas baixas das casas
272

descritas historicamente, fato que remete aos processos deposicionais e pós-


deposicionais que atuam no registro arqueológico. Diferentes formas de abandono,
destruição e colapso das estruturas devem ter afetado as plantas baixas dos sítios e, os
ângulos das estruturas, originalmente quadrados ou retangulares, tendem a tomar formas
arredondadas. Outro fato a ser considerado, acerca das manchas evidenciadas nos sítios,
diz respeito a possível existência de estruturas anexas às casas (como cozinhas e/ou
galpões de trabalho) que dificilmente podem ser distinguidas, formando um testemunho
único e modificando a estrutura original da planta da casa (ASSIS 1996: 51).

Para o sítio Franco de Godoy dispõe-se de croquis das duas manchas escuras mapeadas
pela equipe de Pallestrini (1981/82). As dimensões dessas manchas indicam tratar-se de
apenas parte das estruturas habitacionais originais. Não obstante, elas também podem
evidenciar estruturas anexas. O sítio também apresentou áreas de fogueiras, marcas de
esteio e sepultamentos, sugerindo uma questão interessante: apenas esse sítio possuía
esses contextos ou eles só foram diagnosticados nesse contexto arqueológico uma vez
que apenas nele foram realizadas escavações detalhadas, sendo esse resultado derivado
diretamente dos processos de passagem dos artefatos do contexto arqueológico para o
sistêmico.
PRANCHA 48

LEGENDA

Latossolo Vermelho

Solo Antropogênico
(Terra Preta)

Buracos de Esteio

Concentrações de
Cerâmica

Carvão e Cinzas

Pedras

Escala (m)

Fonte: Croquis de Campo: Luciana Pallestrini e José Luiz de


Morais (1979-1980); Adaptação dos Originais e Desenho: Daisy de
Morais (1992)

SÍTIO FRANCO DE GODOY:


MANCHA 02
Dissertação de Mestrado
Arqueologia Tupi no Nordeste de São Paulo:
Um Estudo de Variabilidade Arterfatual
Aluna: Camila Azevedo de Moraes
Orientadora: Marisa Coutinho Afonso
274

Assis classificou as fogueiras Tupinambá em dois tipos: uma fogueira menor e sem
rochas ao redor, que era mantida acesa constantemente para o aquecimento das pessoas;
uma fogueira maior, que ficaria próxima ao corredor central da casa, circundada por
seixos ou pequenos blocos de pedra para apoiar as vasilhas cerâmicas, indicando áreas
de cozinha (ASSIS 1996: 65-68). No sítio Franco de Godoy foram encontradas, no
interior das manchas associadas às possíveis estruturas habitacionais 1 e 2, duas
fogueiras sem seixos ou blocos líticos, uma em cada mancha, destinadas então ao
aquecimento das pessoas. Em local adjacente à mancha 2 foram localizadas três
fogueiras circundadas por pedras, essas possivelmente ligadas a áreas de cozinha. Vale
ressaltar que as fogueiras estão localizadas em áreas que podem ter servido
anteriormente a outras atividades, pois as áreas de atividade intra-sítio são muito
dinâmicas, correspondendo ao que Binford denominou de “palimpsesto de atividades”
(BINFORD 1981).

Os croquis do sítio também indicam um número significativo de marcas de esteio, de


tamanhos diferenciados, ou seja, estes esteios podem estar associados à própria estrutura
da casa ou a redes e jiraus - que certamente existiram nesses espaços, sejam esses esteios
relacionados apenas a casa ou a possíveis estruturas anexas. Quanto aos sepultamentos
verificados, todos estão fora das manchas escuras evidenciadas.

Na Área 4 a análise do material revelou um grau maior de similaridade entre os


conjuntos dos sítios Ribeira e Córrego do Canavial, assim como ocorreu entre os sítios
Franco de Campos e Barragem na Área 1. Desse modo, esses sítios podem ser
relacionados ao deslocamento de um mesmo grupo dentro do território de domínio (o
tekoá guarani ou tecoaba tupinambá), envolvendo processos de abandono planejado,
com o novo assentamento localizado em áreas bem próximas.

Nelson (2000) chama atenção para o fato de que o abandono deve ser considerado como
um processo. Esse processo varia de acordo com a escala ( abandono de uma área, de um
sítio ou de uma região) e o modo de abandono (movimentos temporários ou
permanentes, residenciais ou não, rápidos ou graduais, planejados ou não planejados).
275

Outro fato de suma importância é que o processo de abandono do sítio altera a relação
entre vestígios materiais e comportamento pré-abandono (NELSON 2000: 57).

Desse modo, a hipótese do abandono deve levar em consideração algumas características


do processo de abandono, como por exemplo, o modo como o sítio foi abandonado
(gradual/planejado ou rápido/não planejado), a estação do abandono, os meios de
transporte e a distância até o próximo assentamento (JOYCE; JOHANNESSEN 1993).
Quando o abandono é gradual e planejado, tem-se menos refugo de fato associado às
áreas de atividade, menor quantidade de itens curados e o refugo de fato tende a estar
escondido para possíveis retornos do grupo. Pelo contrário, quando o abandono é
rápido/não planejado, tem-se uma maior concentração de refugo de fato nas próprias
áreas de atividade e maior quantidade de itens curados (JOYCE; JOHANNESSEN
1993).

Com base nessas discussões, podemos supor que os contextos analisados passaram por
processos de abandonos graduais e planejados, exceto para o sítio Franco de Godoy que
apresentou também evidências de refugo de fato (fogueiras associadas a vestígios
cerâmicos) em duas áreas de atividade podendo indicar o abandono rápido e não
planejado pelo menos de áreas do sítio.

Passemos à análise da distribuição dos artefatos nos sítios Franco de Campos e


Cachoeira de Emas 2.

No sítio Franco de Campos temos o predomínio quantitativo de peças coletadas nas


Sondagens 1 e 6 (Etapa 1991) e nas Unidades de Escavação 1 e 3. A Sondagem 1
estaria relacionada a uma estrutura habitacional conforme sugeriu Morais (1995), a
Sondagem 6 corresponderia a uma área mais periférica do assentamento, que distava, na
época das escavações, apenas 15 metros do rio Mogi Guaçu e, a Unidade de Escavação 3
corresponde a uma área de descarte secundário de alta densidade - lixeira. A Prancha 49
mostra a distribuição das categorias de materiais na área do sítio.
277

Faremos algumas considerações quanto à distribuição dos vestígios coletados na


segunda etapa de campo. Temos quatro concentrações de material cerâmico, indicadas
pelas Unidades de Escavação. Dessas, três correspondem ao descarte de lixo no entorno
das unidades domésticas e uma está associada, possivelmente, a uma lixeira comunitária.
Apenas nesta última concentração detectamos vestígios faunísticos. Cabe destacar que
foram os poços-teste que delimitaram a extensão do assentamento e indicaram os locais
com maior densidade de vestígios. Em todas as concentrações temos peças com
características que nos remetem ao contexto de contato com o elemento luso-brasileiro.
Outra informação importante é que essas peças estão associadas em profundidade com
as demais peças. O material lítico foi encontrado apenas em três pontos do sítio,
indicados na planta.

Passemos a algumas considerações acerca da distribuição das peças no sítio Cachoeira


de Emas 2. A localização exata das peças em superfície aumenta o potencial de análises
intra-sítio, sob a perspectiva da household archaeology (HIETALA 1984), onde as
diferenças espaciais da cultura material podem identificar áreas de atividade específica e,
mais que isso a presença de hierarquias internas. Dentro de uma análise espacial
contextualizada esses aspectos são fundamentais, assim como as características
morfológicas dos artefatos, seus aspectos funcionais e seus atributos decorativos, que
podem sinalizar alguns aspectos ideacionais (WÜST; CARVALHO 1996: 49).

Primeiramente, os artefatos líticos lascados estão distribuídos de maneira uniforme no


sítio. Contudo, temos um número maior de artefatos líticos brutos na Concentração 2 e
os dois únicos artefatos polidos estão fora das concentrações. Caso essas concentrações
tenham correspondido a áreas de descarte, podemos aventar a hipótese de que esses
artefatos líticos polidos podem estar associados a contextos primários, pois não teriam
sido descartados (Prancha 50).

A distribuição das técnicas construtivas relevou possibilidades interessantes. As peças


que apresentam uma técnica construtiva diferenciada, caracterizada pela presença de
incisões nos roletes estão localizadas apenas na Concentração 2, estando associadas a
“uma ceramista” ou “grupo de ceramistas”. Ou estamos diante de uma inovação que não
se fixou ou a relações de ensino-aprendizagem específicas. As peças com indícios de
278

troca de informações, objetos ou pessoas (ROBRAHN-GONZÁLEZ 1996) dizem


respeito às peças com características que nos remetem à indústria cerâmica do sítio
Cachoeira de Emas 2 (não associado à tradição Tupiguarani), a saber: aplique modelado,
borda direta expandida com antiplástico de cariapé e base plana com ângulo de 90º e
antiplástico de cariapé. Nesse caso, as duas primeiras peças estão na Concentração 2 e a
última na Concentração 1(Prancha 51).

A distribuição das decorações não revelou nenhum arranjo específico, estando as


mesmas distribuídas de maneira “homogênea” no sítio (Prancha 52).

A Prancha 53 mostra a distribuição das bordas de acordo com suas funções presumidas.
Vasilhas destinadas ao consumo individual e serviço aparecem tanto nas áreas das
concentrações quanto nas demais porções do sítio. Vasilhas destinadas ao
armazenamento e quiçá, à cocção de quantidades pequenas estão localizadas na
Concentração 1 e arredores. Por outro lado, vasilhas relacionadas ao armazenamento de
líquidos aparecem apenas na Concentração 1. Sabemos da limitação das interpretações
dessas distribuições, dado o pequeno número de peças, mas coletas sucessivas no local
poderão corroborar ou refutar as idéias aqui apresentadas.
283

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho está alicerçado em dois olhares que se entrecruzam, um mais amplo, que
procura estabelecer um diálogo com as informações disponíveis para a ocupação Tupi no
estado de São Paulo, sobretudo de sua porção nordeste, e outro mais específico, que
busca compreender a variabilidade artefatual presente em 13 conjuntos32 relacionados à
bacia do Alto e Médio Mogi Guaçu.

A escolha desses conjuntos para o desenvolvimento da pesquisa partiu da constatação de


que a região nordeste do estado de São Paulo nunca fora alvo de trabalhos que
objetivassem a síntese e o aprofundamento analítico de um volume considerável de
dados produzidos por pesquisas anteriores.

Não obstante, verificamos a necessidade de um estudo que visasse compreender a


inserção dessa região em uma problemática maior acerca das rotas de migração dos
grupos Tupi no território brasileiro, especialmente a associação dos grupos que
ocuparam essa porção nordeste do estado de São Paulo com grupos da Subtradição
Tupinambá e Guarani, assim como o fato do estado apresentar uma zona de fronteira
entre esses grupos (Capítulos 1 e 2).

Embora algumas questões levantadas necessitem de um tempo considerável de pesquisa,


assim como a ampliação dos trabalhos de campo em algumas áreas, nossa proposta foi
fornecer uma abordagem analítica que proporcionasse o incremento do conhecimento da
ocupação Tupi dessa porção do estado.

Consideramos os artefatos cerâmicos como marcadores culturais e, nesse sentido, a


metodologia de análise cerâmica foi fundamental para a compreensão da variabilidade
dos conjuntos artefatuais abordados, assim como do significado social dessa
variabilidade.

32
11 sítios arqueológicos - 10 associados a coletas sistemáticas e 01 apenas com coleta assistemática (Sítio Jardim Igaçaba), e 02
coleções advindas de coletas assistemáticas (Coleção Manuel Pereira de Godoy e Coleção Alaur da Mata).
284

O modelo de Sackett, ao afirmar que estilo e função são aspectos indissociáveis, foi
fundamental, embora não aceitemos a idéia de que o estilo reflita mecanicamente
etnicidade, sendo esta última uma auto-afirmação (JONES 1997). Nossa preocupação foi
vislumbrar os processos sociais ocorridos no tempo e no espaço, uma vez que o estilo é
uma expressão social, recriado cotidianamente (HEGMON 1998).

Deve-se lembrar que o conceito de Tradição se refere a um modo específico de fazer


algo, não sendo uma cultura, mas sim um aspecto técnico do grupo, assim a tradição
Tupiguarani foi tomada apenas como grande unidade classificatória. Ademais, a
aceitação da associação entre os vestígios arqueológicos e os grupos historicamente
conhecidos possibilitou a crítica e o aprimoramento dos dados arqueológicos, como por
exemplo, nas interpretações do uso do espaço inter e intra-sítios. Essa postura configura,
a nosso ver, a realização de uma Arqueologia Tupi.

Podemos elencar algumas reflexões vislumbradas por meio da análise da variabilidade


artefatual dos conjuntos selecionados.

O nordeste de São Paulo como zona de fronteira entre as subtradições Guarani e


Tupinambá

Para os conjuntos em apreço temos certamente uma ocupação com características


associadas a grupos Tupi do interior que não podem ser associados nem a Subtradição
Tupinambá, nem a Subtradição Guarani, embora vejamos o predomínio de
características relacionadas à primeira. O avanço nessa discussão requer,
necessariamente, o encaminhamento de pesquisas regionais em diversas porções do
estado. O histórico das pesquisas sobre o tema mostra que a arqueologia de contrato
aumentou o número de sítios reconhecidos, mas falta ainda a síntese dos dados
disponíveis aliada a escavações em áreas amplas. O painel recentemente proposto por
Chmyz (2002) deslocando a fronteira Tupi no Litoral, para o Paraná, mostra que
modelos anteriormente colocados devem ser revistos.

Devemos salientar que não temos uma homogeneidade de traços, pelo contrário a
variabilidade artefatual identificada aponta para uma diversidade cultural. Além disso,
285

esses grupos ocuparam a região durante um largo espectro temporal, posto que contamos
com dados que indicam sua permanência na área até a chegada do elemento europeu
(GODOY 1974; MANO 2006), o que requer necessariamente um olhar mais dinâmico
para essas ocupações. Essa constatação nos remete a mais algumas reflexões: a questão
cronológica, a interação com grupos indígenas não-Tupis e com a ocupação luso-
européia.

Questão cronológica

No início da pesquisa, o nordeste de São Paulo contava com duas datações para sítios
associados à tradição Tupiguarani, uma em 1550 anos AP para o sítio Franco de Godoy
(PALLESTRINI 1981-1982), e uma em 924 anos AP para o sítio Bom Retiro
(CALDARELLI 1983). Realizamos mais três datações para a área: 1085 + 130 anos BP
para o sítio Lambari II, 780 + 110 anos para o Sítio Franco de Campos e 450 + 60 para o
sítio Cachoeira de Emas 2, possibilitando um incremento da cronologia disponível para
essas ocupações.

Para o sítio Franco de Godoy temos peças que evidenciam contextos de interação com o
elemento europeu – prato com grafismo no motivo “xadrez”, tigela com base em
pedestal e presença de asas. Esse fato aponta a duas questões, uma vez que sua data gira
em torno de 400 d.C: ou temos uma reocupação do sítio ou estamos lidando com uma
data errônea, hipótese que não fica afastada pois temos uma data única para o sítio.
Ademais, esse contexto de contato, marcado por pressões e epidemias, pode ter
pressionado o grupo ao abandono rápido evidenciado nas estruturas do sítio.

Mesmo que não consideremos a data de 1550 anos, conforme pontuaremos a seguir, os
dados obtidos apontam para uma ocupação Tupi relativamente antiga (1000 anos) e
contínua no nordeste do estado, com grupos Tupi nessa região pelo menos por 500 anos.
Estas datas evidenciam a necessidade de se tratar a questão das fronteiras culturais entre
esses grupos de maneira mais dinâmica, talvez o conceito de zona de fronteira seja mais
adequado ao abordar de maneira mais enfática a interação cultural. De qualquer modo a
aplicação do conceito não pode prescindir de dados arqueológicos concretos.
286

A interação com grupos indígenas não Tupi

Os sítios Lambari II e Cachoeira de Emas 2 estão associados a contextos, onde temos, a


menos de 1 km, ocupações ceramistas não-Tupi com características similares – sítios
Água Branca e Cachoeira de Emas 1, respectivamente (para uma síntese da questão ver
AFONSO; MORAES 2006) e datações tardias. Enquanto no primeiro caso não
encontramos elementos de interação, no segundo, temos algumas peças que nos remetem
à troca de objetos. A descoberta de sítios associados às tradições Aratu e Uru no
nordeste do estado de São Paulo e as informações etnográficas que apontam que esse
território era dominado por índios Caiapós nos séculos XVII-XVIII nos mostra a
necessidade de avaliarmos melhor a interação entre os grupos Tupi e não-Tupi que
ocuparam o nordeste do estado.

A interação com os luso-brasileiros

Como os paulistas já se encontravam no Mogi pelo menos na segunda metade dos


setecentos (MANO 2006), é bem provável então que deste período até o século XIX
tenham entrado em contato com as populações indígenas aí instaladas. No entanto, a
documentação etnohistórica traz poucas informações com relação à presença Tupi na
região quando da colonização européia.

Pudemos visualizar em três sítios (Franco de Godoy, Franco de Campos e Cachoeira de


Emas 2) a presença Tupi durante as primeiras incursões da colonização européia. O
primeiro com a presença de grafismos e características morfológicas (asas e bases em
pedestal) que nos remetem a esse contato, mesmo que indireto; o segundo com uma
diversificação das decorações plásticas, técnicas de queima e formas diferenciadas e por
fim, o terceiro com uma datação recente, associada à diminuição dos tamanhos dos
recipientes e à diversificação das decorações plásticas. Nesse sentido, a arqueologia
permite a compreensão mais acurada da relação entre grupos indígenas e colonizador
europeu.
287

Tradição: Continuidade e Mudança

Ao trabalhar em uma escala regional foi privilegiada a questão do significado da


variabilidade formal. Nesse sentido, o estilo pode marcar diferenças, separando os
sistemas socioculturais, ou por outro lado, integrar ambos os sistemas, apresentando
características mais maleáveis e sujeitas à mudança. A análise dos artefatos da Área 3 e
Área 4 revelou uma homogeneidade de traços na escolha das matérias-primas e técnicas
de confecção ao mesmo tempo em que mostrou diferenças decorativas e nos atributos
morfológicos. Vale destacar que peças com características “exóticas” são mais
freqüentes nesses contextos. Assim, embora tenhamos o predomínio de elementos
associados ao Tupi, vemos nesses sítios uma menor rigidez formal que nos sítios Franco
de Campos, Barragem e Lambari II, apontando uma maior interação com grupos Tupi e,
quiçá, não-Tupi.

A variabilidade acentuada do sítio Cachoeira de Emas 2 (Área 3) está relacionada a dois


fenômenos distintos: interação com grupos indígenas não-Tupi e interação com o
elemento europeu.

Cabe ressaltar a significativa similaridade dos sítios Franco de Campos e Barragem(Área


1): antiplásticos minerais, espessuras maiores das paredes, predomínio de decorações
pintadas e semelhanças nas características estruturais e de contorno das bordas. Podemos
aventar a hipótese de deslocamento de um mesmo grupo entre esses sítios, nesse caso a
última ocupação do sítio Franco de Campos já estaria relacionada à colonização
européia.

Os artefatos cerâmicos encontrados nas várias coleções visitadas têm apontado para uma
ocupação densa do nordeste do estado de São Paulo por grupos agricultores ceramistas
associados à tradição Tupiguarani, ocupação esta expressa na variabilidade artefatual
encontrada, restando aprofundar quais os processos culturais responsáveis por essa
variabilidade. Nesse sentido, a variabilidade identificada nos grafismos da Coleção
Manuel Pereira de Godoy, onde temos mais de duas dezenas de motivos diferenciados,
mostra que esses artefatos participaram ativamente de relações sociais e políticas (como
288

demonstrou BOWSER 2000). Os campos primários das tigelas do Grupo 1 exibem toda
a virtuosidade e maestria das artesãs tupi.

Pensar a variabilidade artefatual não quer dizer esquecer a continuidade, assim,


identificar permanências de longa-duração dentro da tradição tecnológica também é
fundamental. Se por um lado identifica-se uma variabilidade, expressa em formas e
decorações, por outro, a continuidade de traços, perceptíveis na tradição Tupiguarani
como um todo, mostra certa rigidez tecnológica, caracterizada pela permanência de
certas prioridades nas escolhas efetuadas ao longo do ciclo de vida dos artefatos,
possível apenas em redes de ensino-aprendizagem bastante eficientes. As bandas
vermelhas que organizam os campos decorativos, as decorações corrugadas, as bordas
carenadas, os lábios arredondados, o predomínio quantitativo de vasilhas para serviço e
preparo são características que se repetem de modo geral nos conjuntos analisados.

Por outro lado, embora essa tradição tenha similaridades em termos estruturais, as
sutilezas das escolhas e as nuances dos gestos podem trazer novos dados acerca dos
processos de interação social, troca de informações, relações de ensino-aprendizagem,
possibilitando também a identificação de regionalismos ou micro-estilos. Dentro de uma
matriz cultural, os processos de invenção (quando a mudança não persiste) e de inovação
(quando a mudança se fixa) ao lado dos fenômenos de interação social, podem ter sido
responsáveis pela presença de peças “exóticas” que se fixaram, ou não. Ou seja, a
mudança deve ser vista como processo, que deve passar pelo crivo da cultura,
envolvendo fenômenos de longa-duração.

Como pontuou Brochado (1984), a arqueologia do leste da América do Sul deve ser
vista como a pré-história das populações indígenas históricas e atuais. Assim
compreender a variabilidade artefatual da tradição Tupiguarani é identificar elementos
que refletem uma continuidade cultural, assim como recuperar características que
revelam mudanças e estilos regionais, escrevendo um pouco da história dessas
populações que ocuparam o nordeste do estado de São Paulo e boa parte do país que
chamamos de Brasil.
289

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A N EX O 1
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Porto Menezes (SP AT6) Araçatuba Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Porto Sargeb. (SP AT 9) Araçatuba Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Fazenda São José (SP TA 10) Birigui Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Implantado na parte mais alta de amplo terraço, que corre paralelo ao rio Paraná. Presença de
200 metros no
Castilho Castilho Araçatuba fragmentos cerãmicos com decorações pintadas, corrugadas e entalhadas. O material lítico em BLASIS 1998
eixo maior
arenito silicificado predomina, sendo encontradas apenas algumas peças em silex.

Porto Indep. (SP AT 8) Castilho Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Córrego Buriti (SP AT7) Gal.Salgado Araçatuba Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Gal.Salgado/
Fazenda Talhada (SP PD4) São José dos Araçatuba Não acessada MARANCAet al 1994
Dourados

Implantado em topo de colina às margensdo rio Paraná e próximo ao Córrego da Onça. Material
Três Lagoas (SP TA3) Itapura Araçatuba 250x250 cerâmico (corrugado, ungulado, serrungulado,e escovado e pintado) e litíco (percutores, MARANCAet al 1994 1400 (NM)
machados e lascas). Parte do sítio foi inundado pela represa de Jupiá.

Beira Rio (SP PF1) Luisiânia Araçatuba Implantado a cerca de 1000 metros do Rio Feio. Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Implantado na parte mais baixa de uma colina de declive suave, entre os córregos Julio Augustae
Boa Esperança (SP TA5) Pereira Barreto Araçatuba Paraíso, a 300 metros do rio Tietê. Material cerâmico (pintado, corrugado, ungulado, raspado e MARANCAet al 1994 1040 (TL)
inciso) e litíco (polidores com sulcos, lascas e objetos alongados polidos de função desconhecida)

Cinco Ilhas (SP TA 4) Pereira Barreto Araçatuba Não acessada MARANCAet al 1994

Implantado entre os córregos Anhumas e Barra Bonita, cerca de 2Km do rio Tietê. Material
Kondo (SP TA1) Pereira Barreto Araçatuba 150x180 cerâmico (predomínio dos fragmentospintados, também aparece o corrugado e o serrungulado) e MARANCAet al 1994 1320 (TL)
lítico (percutores e lascas)
Implantado em vertente suave de colina, entre os córregos Barra Bonita e Júlio Augusta, cerca de
Trentin (SP TA2) Pereira Barreto Araçatuba 200x200 800 metros do rio Tietê. Material cerâmico (predomínio de fragmentos pintados, presença do MARANCAet al 1994 1070 (TL)
inciso-ponteado) e litíco (machados e lascas)

Pereira Barreto/ Implantado a cerca de 800 metros do rio São José dos Dourados. Material cerâmico (predomínio
Ary Carneiro (SP PD1) São José dos Araçatuba 200x200 da decoração pintada, presença de corrugado e ungulado; polidores com sulco) e litíco MARANCAet al 1994 2200 (TL)
Dourados (percutores, machados polidos e lascas)

São José dos MARANCA Apud


Konno (SP PD2) Dourados Araçatuba Salvamento de pequeno número de fragmentos SCATAMACCHIA
(Localidade) 1981
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
São José dos MARANCA Apud
SP PD3 Dourados Araçatuba Salvamento de pequeno número de fragmentos SCATAMACCHIA
(Localidade) 1981
MAXIMINO 2004 Apud
Localizado em área de restinga, apresnetou estruturas funerárias (sepultamento primário) e 23J 7314685/
Taniguá Peruíbe Baixada Santista ZANETTINI & IPHAN
material malacológico, assim como material histórico (faiança fina) 304050
2007.

Coleta Assistemática 1 - Urna Localização de uma vasilha de contorno complexo, segmentado, com decoração pintada externa PEREIRA JÚNIOR
Peruíbe Baixada Santista
de Peruíbe associada a tigela com pintura interna, que parece ter servido como tampa. 1965

Sítio localizado sobre dunas, circundado pelo rio Branco e localizado a cerca de 8km da linha da
praia. Foram identificados os seguintes tipos decorativos: ungulado, entalhado, corrugado
250 mestros de complicado, corrugado espatulado, corrugado simples, inciso, ponteado e escovado. Dentre as
Brastubos Praia Grande Baixada Santista MYASAKI 1977 23 55'S 46 25'W
extensão decorações pintadas se sobressaemas linhas vermelhas,tendo sido notados motivos característicos
que remetem a um contexto de contato. Ademais, temos a presença de outros materiais históricos,
tais como, louças, vidros, cachimbos e moeda.

Sítio lito-cerâmico com duas concentrações de material cerâmico e lítico. A Concentração 1


apresenta 180 x 40 metros estando a 80 metros de córrego sem nome, contributário do córrego do 22 K 699065
Paiolinho. A Concentração 2 apresenta uma densidade maior de artefatos numa área de 250x200 ZANETTINI 7716409
Olímpia 4 Olimpia Barretos
metros, a qual dista 140 metros do córrego do Paiolinho. Vale destacar a localização estratégica ARQUEOLOGIA 2007
do sítio em área onde se dá o encaixe de um córrego menor no córrego do Paiolinho, este com
volume de água significativo até os dias atuais.

Presença de material cerâmico com características da Subtradição Guarani, a saber: urna com
contorno complexo, fragmentos pedominantemente pintados e presença de peça espatulada e
PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Mandu Guaíra Barretos ungulada. Cabe destacar a presença de peça geminada, fragmentos perfurados e colher de barro.
1957
Não temos a indicação do contexto dos vestígios, podendo ser mais de um sítio arqueológico
dentro da mesma fazenda.

ZANETTINI
Efetuado apenas o cadastro da presença de vestígios cerâmicos em superfície, na mesma área ARQUEOLOGIA 2004 22K 7733287/
Jardim do Bosque Guaraci Barretos 4800 m²
ocorrem materiais históricos. Apud ZANETTINI & 715015
IPHAN 2007.

Cardoso (SP TJ1) Arealva Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Chácara Boa Vista (SP TJ2) Arealva Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Faz.Matão (SP TJ6) Arealva Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

São Bento (SP TJ3) Arealva Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Piataraca (SP TC2) Barra Bonita Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Rio Turvo (SP TC3) Dois Córregos Bauru Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

Material cerâmico (5.038 fragmentoscerâmicos, alguns com decoração lisa, corrugada, ungulada GOULART; AFONSO
Gramado Brotas Campinas 190+20 (TL)
e pintada), material lítico lascado e material faunístico. 1998

Coleta Assistemática 1 - Urna com tampa e restos esqueletais. A peça exibe contorno complexo, carenado, com a presença
Capivari Campinas PAZINATTO 1983
Primeira igaçaba de Capivari de deocração pintada (motivo ortogonal assimétrico) na parte superior externa.

Urna com tampa e restos esqueletais. A peça exibe contorno complexo, carenado, com a presença
Coleta Assistemática 2 -
Capivari Campinas de deocração pintada (motivo ortogonal assimétrico) na parte superior externa. Encontrada no PEREIRA et al 1982
Segunda Igaçaba de Capivari
sítio Santo Antônio, Bairro das Palmeiras

Localizado em alta vertente, distando 80 metros do Rio Lambari. Presença de estrutura funerária,
Lambari II Casa Branca Campinas 160x180 fragmentos cerâmicos pintados, corrugados e ungulados; material lítico lascado e lâminas de AFONSO 2001 1085+130 (TL)
machado. Sítio abordado no âmbito dessa pesquisa.

Sítio formado por duas concentrações cerâmicas sobre topo de colina e na plánicie fluvial
ZANETTINI 23K 312760 /
Rio do peixe Itapira Campinas 300x600 adjacente ao Rio do Peixe. Foram verificados fragmentos cerâmicos e litícos espalhados pela
ARQUEOLOGIA 2003 7524146
superfície. Efetuado apenas cadastro.

Sítio em topo de colina de vertentes suaves, a cerca de 900 metros da margem esquerda do Rio
do peixe. Presença de lascas de silex e material cerâmico em superfície. A dimensão real do sítio ZANETTINI 23K 318340 /
Virgolino Itapira Campinas 30x20
pode chegar a 600 x 1000 metros, a julgar pela dispersão do material, sendo necessária a ARQUEOLOGIA 2003 7521552
realização de uma pesquisa detalhada no local, efetuado apenas o registro.

Coleta Assistemática 1- ALTENFELDER


Itirapina Campinas Coleta de duas urnas com vestígios esqueletais bastante danificados
Itirapina SILVA 1967

MILLER 1969 Apud


Sítio lito-cerâmico com vestígios cerâmicos associados à ocupação Guarani, também são
Água Ronca Itirapina Campinas IPHAN; ZANETTINI
observados vestígios lascados de grupos caçadore-coletores.
ARQUEOLOGIA 2007.

Localizado a cerca de 100 metros do rio Mogi Guaçu, implantado em colina baixa e média.
Presença de manchas de solo antropogênico, estruturas funerárias e de combustão. O material PALLESTRINI 23K 304450/
Franco de Godoy Mogi-Guaçu Campinas 100x200 1550 (C14)
cerâmico revela indícios de contato, a despeito da data recuada que deve ser revista. Sítio 1981/82; MORAIS 1995 7524270
retomado no âmbito dessa pesquisa.

Implantado em pequeno espigão, cerca de 500 metros do Ribeirão do Ipê. Apresentou duas
concentrações de material cerâmico, uma formando meia elipse. Foram coletados fragmentos 23K 300450/
Ipê Mogi-Guaçu Campinas 260x340 MORAIS 2000
cerâmicos, litico lascado e dois fragmentos de tembetá em superfície. A avaliação do sítio no 7528850
âmbito dessa pesquisa demonstrou que o mesmo tem potencial para ser retomado.

Localizado em vertente de colina ampla a cerca de 1700 metros do rio Mogi Guaçu. Esse sítio foi
23K 298500/
Jardim Igaçaba Mogi-Guaçu Campinas destruído pela implantação do loteamento de nome homônimo, restaram apenas 5 urnas, MORAIS 1995
7526566
análisadas no âmbito dessa pesquisa.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Localizado em terraço marginal extenso a 250 metros do rio Mogi Guaçu, apresentava material
23k 281500/
Ponte Preta Mogi-Guaçu Campinas disperso em superfície, não apresentando integridade para retomada de trabalhos, conforme MORAIS 1995
7533875
mostrou a avaliação realizada no ambito dessa pesquisa.

Localizado em terraço amplo a 150 metros do rio Mogi Guaçu. Apresentou 5 manchas de solo 23K 304200/
Barragem Mogi-Mirim Campinas 150x230 MORAIS 1995
antropogênico, sendo retomado no âmbito dessa pesquisa. 7524150

Localizado em terraço amplo a 20 metros do rio Mogi Guaçu, estando sujeito à dinâmica
deposicional do mesmo. Apresentou 2 manchas de solo antropogênico e uma área de refugo
23K 304254/
Franco de Campos Mogi-Mirim Campinas 100x160 secundário de alta densidade (material litíco, cerâmico e faunístico), sendo retomado no âmbito MORAIS 1995 780+110 (TL)
7524283
dessa pesquisa. Cabe ressaltar a presença de material cerâmico de contato no mesmo conetxto
deposicional.

Localizado em propriedade vizinha a do Sítio Tapajós, presença de material cerâmico (pintado,


corrugado e ungulado), material litico lascado e polido. Foi constatada a presença de pontas de MYASAKI; AYTAI
Rage Maluf Monte Mor Campinas 150x150 800 (TL)
projétil associadas a ocupação anterior por grupos caçadores-coletores. Presença de manchas de 1974
terra escura.

Implantado na margem esquerda do rio capivari-Mirim, presença de urna funarária com tampa e MYASAKI; AYTAI
Tapajós Monte Mor Campinas
vestígios esqueletais 1974

Coleta assistemáticade 201 fragmentos cerâmicos no na de 1962. Há o predomínio da cerâmica


Coleta Assistemática 1 - ALTENFELDER
Piracicaba Campinas pintada, seguida da corrugada. Ocorrem também as decorações unguladas, incisas e escovadas, as
Piracicaba SILVA 1961/62; 1967
duas últimas pouco representativas.

O sítio Cachoeira de Emas 2 encontra-se implantado em um topo de colina suave, a cerca de 60


ZANETTINI 23 K 256210 /
Cachoeira de Emas 3 Pirassununga Campinas 100x50 m de um córrego. Apresentou dispersão de vestígios numa área de 100x50 metros, no entanto, foi
ARQUEOLOGIA 2006b 7574383
efetuado apenas seu cadastro, sendo necessário o aprofundamento das pesquisas na área.

O sítio Cachoeira de Emas 2 encontra-se implantado em um topo de colina suave, a cerca de 600
m do sítio Cachoeira de Emas 1, e a 400 metros do rio Mogi Guaçu. A concentração 1 ZANETTINI 23K 0254991 /
Cachoeira de Emas2 Pirassununga Campinas 280x180 450+60 (TL)
apresentou dimensões de 30 m x 70 m, enquanto a concentração 2 revelou uma dimensão 30 m x ARQUEOLOGIA 2006b 7573924
30 m. Este sítio foi analisado no âmbito dessa pesquisa.

Manuel Pereira de Godoy indica a área à esquerda do rio Mogi Guaçu onde funcionava a Estação
Coleta Assistemática 1 - EEBP Experimental de Biologia e Psicultura, atual Cepta/ Ibama, como um dos aldeamentos de
Pirassununga Campinas GODOY 1974
Pirassununga Cachoeira de Emas, peças com essa procedência em sua Coleção Particular mostram o potencial
da área.

Manuel Pereira de Godoy indica a área à esquerda do rio Mogi Guaçu onde ficava a Vila dos
Coleta Assistemática 2 - Vila
Pirassununga Campinas Oficiais (Fazenda da Aeronautica) como um dos aldeamentos de Cachoeira de Emas, algumas GODOY 1974
dos Oficiais
peças da coleção particular do pesquisador foram retiradas no local.

Manuel Pereira de Godoy indica a área à direita do rio Mogi Guaçu na área de cultivo da
Coleta Assistemática 3 -
Pirassununga Campinas Fazenda dos Furlam como um dos aldeamentos de Cachoeira de Emas, algumas peças da coleção GODOY 1974
Fazenda dos Furlam
particular do pesquisador foram retiradas no local.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Manuel Pereira de Godoy indica a área à direita do rio Mogi Guaçu na área de cultivo da
Coleta Assistemática 4 -
Pirassununga Campinas Fazenda Mandureba como um dos aldeamentos de Cachoeira de Emas, algumas peças da coleção GODOY 1974
Fazenda Mandureba
particular do pesquisador foram retiradas no local.
Coleta Assistemática 5 - Bairro Manuel Pereira de Godoy indica a presença de aldeiamentostambém perto da Foz do Rio Jaguari
Pirassununga Campinas GODOY 1974
Sta Teresa Mirim.

Localizado a cerca de 250 metros da margem direita do rio Corumbataí, vestígios lascados em 23K 233147 /
Corumbataí Rio Claro Campinas BLASIS 1998
silex, seixos e raros fragmentos cerâmicos possivelmente associados à Tradição Tupiguarani. 7513048

Implantado em ampla colina de vertente suave em frente ao rio Jacaré. Presença de decorações
Jacaré Ibitinga Central 200x100 pintadas, unguladas e entalhadas. O material litíco composto por lascas em silex, arenito BLASIS 1998
silicificado e quartzo. Material bruto e polito em rochas básicas.

Sítio localizado no Horto Florestal há cerca de 1km do sítio Vila Paulista, em área hoje ocupada ALTENFELDER
Prema Rio Claro Campinas
por moradias. Foi encontrada uma urna. SILVA 1967

Sítio localizado no Bairro Vila Paulista composto de quatro concentrações cerâmicas.


ALTENFELDER
Vila Paulista Rio Claro Campinas Fragmentos de cerâmica e 02 urnas fragmentadas (quanto aos fragmentos haveria uma presença
SILVA 1967
frequente de alguns recipientes rasos e pequenos, muitos no estilo policromo)

O sítio está a 150 metros do córrego que originou seu nome e cerca de 3,5 km do Jacaré-Guaçu.
Boa Esperança Com pouca declividade para o Córrego Mandaguari, observados alguns cacos finos e espessos 22K 769200 /
Mandaguari Central SCHIAVETTO 2007
do Sul sem decoração, uma parte da carena de um pote (com pintura vermelha), um fragmento pintado 7577400
(com decoração em preto, branco e vermelho) e alguns blocos de arenito vermelho.

Balesteiro Ibitinga Central Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

De Rosa Ibitinga Central Material cerâmico e litíco MARANCAet al 1994

COLEÇÃO
Coleta de uma urna com tampa e restos esqueletais na rua São Sebastião (centro da cidade) em PARTICULAR
Coleta Assistemática 1 - Rua
Porto Ferreira Central 1957. Informação coletada na documentação da Coleção Manuel pereira de Godoy no âmbito MANUEL PEREIRA
São Sebastião
dessa pesquisa. DE GODOY -
PIRASSUNUNGA

Implantado em área de declividade média para o Ribeirão Anhumas,quase no topo de colina. O PALLESTRINI 1975; 23K 7606825 /
Rapatoni/ Fazenda Bom Retiro Rincão Central
ribeirão está 650 metros e o rio Mogi Guaçu a 2100 metros. SCHIAVETTO 2007 190828

Localizado a 450 metros do Ribeirão Anhumas e a 1700 metros da confluência deste com o rio 22K 0192254 /
Anhumas I Rincão Central 110x70 SCHIAVETTO 2007
Mogi-Guaçu, imnplantado em terraço. 7607925

Implantado em área de pouca declividade, no início do terraço em direção ao rio Mogi Guaçu. A 22K 0808286 /
São José Rincão Central 100x50 SCHIAVETTO 2007
distância entre o sítio e o referido rio é de 1750 metros. 7612004
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Santa Rita do A ficha de cadastro do iphan indica tratar-se de um sítio multicomponencial, implantado em NATHER JR. Apud
Usina Sta Rita S/A Central
Passa Quatro planície de inundação do ribeirão Vaçununga SCHIAVETTO 2007

Coleta Assistemática 1 - São ALTENFENDER


São Carlos Central Coleta de 23 fragmentos cerâmicos, predomínio da decoração pintada
Carlos SILVA 1961/62; 1967

Localizado na bacia do médio Mogi-Guaçu, em terraço de pouca declividade, à 1.500m do Rio 23K 0207192 /
Itauarama São Carlos Central SCHIAVETTO 2007
Mogi-Guaçu. Presença de fragmentos cerâmicos lisos e decorados em estilo corrugado. 7605823

Coleta de peças com características Tupi, assim como com característica diferenciadas, as quais PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Santa Rita Franca Franca
foram associadas posteriormente à Tradição Aratu 1957

Coleta de peças com características Tupi, assim como com característica diferenciadas, as quais PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Santa Lúcia Franca Franca
foram associadas posteriormente à Tradição Aratu 1957

Coleta de peças com características Tupi, assim como com característica diferenciadas, as quais PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Bebedouro Franca Franca
foram associadas posteriormente à Tradição Arartu 1957

Coleta de peças com características Tupi, assim como com característica diferenciadas, as quais PEREIRA JÚNIOR
Fazenda Boa Esperança Franca Franca
foram associadas posteriormente à Tradição Aratu 1957

Campos Novos Material cerâmico e lítico, camada única de ocupação. A cerâmica e o material lítico são N7495300
Martins Marília 200x200 MORAIS 1995; 2000 580+60 (TL)
Paulista escassos.Denominacao anterior OAQI-MTA E601100

Localizacao imprecisa, indicação de machados de pedra polida Denominação anterior OAQI-


Água do Fogo Cândido Mota Marília MORAIS 1995
MLL

N7460830
Barranco Vermelho Cândido Mota Marília Sítio lito cerâmico. Denominação anterior OAQI-MTA MORAIS 1995
E550850

Barranquinho Cândido Mota Marília Localizacao imprecisa. Denominação anterior OAQI-VCN MORAIS 1995

428+50 (TL) 624


Figueira Cândido Mota Marília Não acessada MORAIS 2000
(NM) 820+80 (TL)

Sítio lito cerâmico com duas camadas arqueológicas, implantado em colina suave. Corresponde
Foz das Cinzas (SP AS aos sítios SP AS 8,9,10,11 e 12 pesquisados por Chymz (1977). Os núcleos de solo N7463500
Cândido Mota Marília 30000 m² MORAIS 1995; 1996
8,9,10,11,12) antropogênico foram interpretados por Morais (1996) com um único sítio. Há evidências de E549250
cerâmica de contato, certamente guarani de influencia jesuitica na camada superficial.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Marolo Cândido Mota Marília Não acessada MORAIS 2000 594+60 (TL)

Mata Figueira Cândido Mota Marília Não acessada MORAIS 2000 340+35 (TL)

Sítio lito cerâmico com uma camada arqueológica, a concentração de material corresponde N7464920
Mota Cândido Mota Marília 100 m² MORAIS 1995; 1997
provavelmente a uma estrutura habitacional. E549250

N7465500
Mota 2 Cândido Mota Marília Sítio lito cerâmico com uma camada arqueológica MORAIS 1995; 1997
E550800

340+35 AP (TL) 607


Pajeú Cândido Mota Marília Não acessada MORAIS 2000 0550000 / 7464780
(NM) 875+90 (TL)

Peroba Cândido Mota Marília Não acessada MORAIS 2000 917+100 (TL) 0597508 / 7467560

N7460625
Porto Almeida Cândido Mota Marília Informação oral sobre potes e machados, verificada ocorrência de líticos junto à cascalheira MORAIS 1995
E550980
Sítio lito cerâmico com evidências numerosasem uma única camada arqueológica, implantado em
Porto Galvão 1 (SP AS 4,5,6,7 N7463750
Cândido Mota Marília 100x85 colina suave a 60 metros do rio. Corresponde aos sítios SP AS 4,5,6 e 7 pesquisados por Chymz MORAIS 1995; 1997
) E552000
(1977).
Situado a cerca de 100 metros da margem do rio, ocupando flanco de elevação suave. Sítio lito
cerâmico com duas camadas arqueológicas. Corresponde aos sítios SP AS 1 E 2 pesquisadospor N7462750
Porto Galvão 2 ( SP AS 1, 2) Cândido Mota Marília 60 x 45 MORAIS 1995; 1997
Chymz (1977) Há evidencias de ceramica de contato, certamente guarani de influencia jesuitica, E550500
na camada superficial.
Água do Pantano Florínea Marília Local impreciso, informações orais MORAIS 1995

Barra do Campinho Florínea Marília Sítio lito-cerâmico unicomponencial, localizado em colina ampla e suave MORAIS 1995 0520250 / 7462050

Sítio lito cerâmica, nessa avaliação não foram encontrados vestígios no local indicado. N7460790
Barreirinho Florínea Marília MORAIS 1995
Denominação anterior OAQI-PVA E540380

Implantado em meia encosta com o rio Paranapanema na base. Foram evidenciados no local 3
Campinho Florínea Marília FACCIO 1998 7461185/ 518170
fragmentos cerâmicos e um número maior de peças litícas lascadas.

Sítio lito-cerâmico, não foram encontrados vestígios no local indicado. Denominação anterior N7470070
Paca Florínea Marília MORAIS 1995
OAQI-SNT E540130

Implantado em colina suave sobre o rio Paranapanema, vestígios representados por fragmentos MORAIS 1995; 1996; N7466350
Porto Quebra Canoa Florínea Marília 200x200
cerâmicos e liticos, manchas de terra preta. Sitio submerso pelo represamento da UHE Capivara. 1999 E542700

Sítio lito-cerâmico, inundado pelo reservatório capivara em 1976. Denominação anterior OAQI- N7460550
Porto Quebra Canoa 2 Florínea Marília MORAIS 1995
SDN E540050
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Sítio lito-cerâmico, inundado pelo reservatorio capivara em 1977. Denominação anterior OAQI- N7460750
Porto Quebra Canoa 3 Florínea Marília MORAIS 1995
MMO E530660

Indaiá Ibirarema Marília Não acessada MORAIS 2000 340+35 (TL)

Implantado a cerca de 1200 metros da margem do Paranapanema, ocupava um pequeno 'altiplano'


Porto do Cedro 1 (SP SC 10, 2 Concentrações CHMYZ 1977; N7465720
Ibirarema Marília alçado cerca de 100 metros acima da lâmina d'agua. Sítio lito-cerâmico com uma camada
11) 40x30 e 12x12 MORAIS 1995 E592720
arqueológica. Corresponde aos sítios SP SC 10 e SP SC 11 pesquisados por Chymz (1977)

Localizado a cerca de 1km da margem do Paranapanema, ocupava topo de elevação com 80 m de


25 metros de CHMYZ 1977; N7463460
Porto do Cedro 2 (SP SC13) Ibirarema Marília altura, quase abrupta em direção ao rio. Sítio lito-cerâmico com uma camada arqueológica.
diâmetro MORAIS 1995; 1997 E590600
Corresponde ao sítio SP SC 13 pesquisado por Chymz (1977)

Fazenda Ipiranga Marília Marília Observado apenas decoração pintada MILLER 1972
Fazenda Santa Terezinha (SP Localizado a 10 metros da margem esquerda do Rio Pardo, ocupava o flanco de uma suave
Ourinhos Marília 100x80 CHMYZ 1977
SC7) elevação.

Implantado sobre colina de pequena elevação, na confluência do rio do Peixe com o rio Futuro.
As escavações em superfícies amplas revelaram a existência de 17 manchas de solo
Regadas Garcia Pompéia Marília 180x120 PALLESTRINI 1975
antropogênico. O material cerâmico apresentou decorações corrugadas, unguladas, pintadas,
pinçadas e serrunguladas. A indústria lítica se resume a percutores, núcleos e lascas.

ZANETTINI
Na área do sítio, além dos vestígios lito-cerâmicos, foi encontrada concentração de refugo ARQUEOLOGIA 2004
22K 0608523 /
Córrego Capim Ribeirão do Sul Marília doméstico, caracterizando ocupação histórica. Encontrada ocorrência caracterizada por lasca em Apud IPHAN;
7483580
silexito, próximo ao sítio. Efetuado apenas cadastro. ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

Localizado à margem direita do rio Paranapanema, 200 metros abaixo da foz do rio Pardo,
Água do Lajeado (SP SC8) Salto Grande Marília 300x100 distanto cerca de 25 metros do primeiro rio e ocupando flanco de uma suave elevação. Presença CHMYZ 1977
de urna funerária de comtorno complexo e com tampa.
Localizado na margemdireita do rio Pardo, cerca de 200 metros abaixo da foz do rio Turvo e 2,5
20 metros de
Fazenda Ferrazolli (SP SC5) Salto Grande Marília km acima da foz do primeiro no rio Paranapanema. O rio Pardo encontra-se a cerca de 350 CHMYZ 1977
diâmetro
metros. Vestígios arqueológicos escassos.
300m de Sítio lito-cerâmico com uma camada, inundado pelo reservatório capivara em 1958. Trata-se do CHMYZ 1977; N7467150
Hotel Uselpa 1 (SP SC2) Salto Grande Marília
diâmetro sítio SP SC 2 cadastrado por Chymz (1977) MORAIS 1995 E602700

Sítio cadastrado a partir de depoimento, trata-se de evidências cerâmicas, inclusive uma urna
CHMYZ 1977;
Hotel Uselpa 2 (SP SC9) Salto Grande Marília funeraria, situadas cerca de 50 metros do Rio Paranapanema. O local foi inundado pelo
MORAIS 1995
reservatório de Salto Grande. Trata-se do sítio SP SC 9 cadastrado por Chymz (1977).

Sitio de atividade especifica caracterizado pela presença de marcas de abrasão resultantes das
CHMYZ 1977; N7466590
Polidores (SP SC3 ) Salto Grande Marília diversas fases do polimento de lâminas de machado. Trata-se de dois matacões de arenito
MORAIS 1995 E602700
silicificado. Corresponde ao sitio SP SC 3 cadastrado por Chymz (1977)
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Implantado em terraço areno-argiloso de superficie extensa, na margem direita do Rio


Paranapanema. Fragmentos cerâmicos, corantes, conchas (foi evidenciada concha de origem
MORAIS 1995; 1996;
marinha da espécie Tona galea) Recuperada urna funerária in situ com restos esqueletais humanos E 604097
Salto Grande do Paranapanema Salto Grande Marília 200x200 MORAIS & PIEDADE
desconectados em seu interior. Ainda sem datação absoluta, as caracteristicas de seu design e a N7465837
1994
tipologia de seu equipamento colocam-na, todavia, em similaridade temporal com as aldeias
descobertas e estudadas por luciana Pallestrini no Paranapanema Médio Superior

Localizado no pátio de uma pequena estação da Estrada de Ferro Sorocabana, distando 30 metros
Sorocabana (SP SC 6) Salto Grande Marília CHMYZ 1977
da margem direita do rio Pardo

São Pedro do IPHAN; ZANETTINI 22K 0635586 /


Água do Saltinho 1 Marília 200x150 Sítio lito cerâmico. Presença de lâmina de machado e mão-de-pilão
Turvo ARQUEOLOGIA 2007 7484317

Implantado em topo de colina suave, base do rio pirapozinho. presentando estrutura de IPHAN; ZANETTINI 22 0405639 /
Pirapozinho Estrela do Norte Presidente Prudente 32x32
lascamento, com cerâmica lisa com decoração plástica. ARQUEOLOGIA 2007 7513421

Sítio submerso pelo rio Paranapanema. Um conjunto de 614 peças cerâmicas e 3 litícos foi
Capisa Iepê Presidente Prudente FACCIO 1998 7482078 / 495087
coletado por proprietários antes da formação do lago da UHE Capivara.
Implantado em meia encosta, próxima do Ribeirão Água da Fábula com a presença de material
Graças Iepê Presidente Prudente 60x100 FACCIO 1998 7501677 / 504242
cerâmico em baixa densidade (32 fragmentos)

Localizado em área sujeita a inundações sazonais pelo rio Paranapanema. Foram coletados, ao
Lagoa Seca Iepê Presidente Prudente FACCIO 1998 7481574 / 487099
longo da faixa de depleção, 26 fragmentos cerâmicos, 52 litícos lascados e 1 polido.

Implantado em meia encosta, próxima do Ribeirão Água da Fábula. Presença de 72 fragmentos


Lima Iepê Presidente Prudente 40x60 FACCIO 1998 7501580 / 503538
cerâmicos e 1 lâmina de machado.
Implantado em meia encosta, próximo ao Ribeirão do Capivari. Presença de 142 fragmentos e 1
Neves Iepê Presidente Prudente 180x180 FACCIO 1998 755+80 (TL) 7508365 / 509761
bolota cerâmica.

Ocupava topo de uma pequena elevação alongada, a 60 metros da margem direita do rio 980+100 (C14);
Porto Casanova 2 (SP AS 14) Iepê Presidente Prudente 35x30 CHMYZ 1977
Paranapanema. As evidências estavam espalhadas numa área eliptíca 1130+150 (C14)

10 metros de Implantado em flanco de uma elevação a 180 metros da margem direita do rio Paranapanema.
Porto Casanova 1 (SP AS 13) Iepê Presidente Prudente CHMYZ 1977
diâmetro Evidências arqueológicas escassas
Ocupava flando de elevação suave a 50 metros da margem direita do rio Paranapanema e 60
Porto Casanova 3 (SP AS 15) Iepê Presidente Prudente 70x40 CHMYZ 1977
metros de um riacho.

Ocupava flando de elevação suave a 50 metros da margem direita do rio Paranapanema e a 250
Porto Casanova 4 (SP AS 16) Iepê Presidente Prudente 30x20 CHMYZ 1977
metros do sítio Porto Casanova 3. Vestígios arqueológicos escassos numa área eliptica.

Ocupava flando de elevação suave a 100 metros da margem direita do rio Paranapanema e 20
Porto Casanova 5 (SP AS 17) Iepê Presidente Prudente 40x30 CHMYZ 1977
metros de um riacho. Vestígios arqueológicos escassos numa área eliptica.

Localizado nas proximidades da nascente do Córrego do Caracol, com presença de material nas
Ragil Iepê Presidente Prudente 690x480 margens esquerda e direita. Material cerâmico e litíco (lascado e polido). Predomínio da FACCIO 1998 1660+170 (TL) 7483967 / 496309
cerâmica lisa, dentre os tipos decorativos destacam-se quantitativamente os pintados.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Localizado em meio encosta, em área sob interferência do rio Paranapanema. Apresenta material
Ragil II Iepê Presidente Prudente 570x120 cerâmico, litíco polido e lascado. Apresentou uma varibilidade bem maior de tipos decorativos, FACCIO 1998 1093+100 (TL) 7482373 / 496612
se comparado ao Ragil, sendo o corrugado o mais frequente.

Localizado no baico curso do rio Paranapanema, próximo a foz da Ága do Caracolzinho.


Ragil III Iepê Presidente Prudente FACCIO 1998 7482393 / 494778
Apresentou material cerâmico, litíco lascado e polido. Não foi efetuada coleta de material.

Sítio submerso pelo rio Paranapanema. Um conjunto de 354 peças cerâmicas e 1 litíco foi
Terra do Sol Nascente Iepê Presidente Prudente FACCIO 1998 7480939 / 492347
coletado por proprietários antes da formação do lago da UHE Capivara.

SCIENTIA 2004 Apud


Sítio cerâmico com presença de fragmentos carenados, suporte para tampa, bolotas de argila. 22K 0463228 /
Alvorada I Junqueirópolis Presidente Prudente IPHAN; ZANETTINI
Observado antiplástico de cariapé. 7643301 SAD 69
ARQUEOLOGIA 2007

SCIENTIA 2004 Apud


Localizado na margem direita do córrego afluente do Rio Aguapeí. Sítio em profundidade, 22K 0463342 /
Alvorada II Junqueirópolis Presidente Prudente IPHAN; ZANETTINI
cerâmica com decoração plástica e pintada. Observado antiplástico de cariapé. 7644458 SAD 69
ARQUEOLOGIA 2007

Sítio lito-cerâmico em superficie. O material cerâmico é composto or fragmentos (um com SCIENTIA 2004 Apud
22K 0462572 /
Alvorada III Junqueirópolis Presidente Prudente marcad de cestaria) e bolota de argila. Observado também a presneça de antiplástico de cariapé. IPHAN; ZANETTINI
7645453 SAD 69
O material lítico é predominantemente em silex. ARQUEOLOGIA 2007

Sítio lito cerâmico em profundidade, apresentando duas grandes concentrações de material SCIENTIA 2004 Apud
22K 0459834 /
Alvorada IV Junqueirópolis Presidente Prudente arqueológico. Fragmentos cerâmicos com decorações plásticas e pintadas. Observado antiplástico IPHAN; ZANETTINI
7645482 SAD 69
de cariapé. Material lítico em sílex. ARQUEOLOGIA 2007

Santo Antônio (SP PA1) Monte Castelo Presidente Prudente Material cerâmico e litíco MARANCA el al 1994

Sítio lito-cerâmico implantado em vertente média de colina. Análise detalhada de 2526 906+90 (TL); 942
Alvim Pirapozinho Presidente Prudente FACCIO 1992 422350 / 7499240
fragmentos cerâmicos coletados. (NM); 978+100 (TL)

Implantado sobre terraço do ribeirão dos Bandeirantes com três estratos arqueológicos: dois
Presidente níveis litícos e um nível lito-cerâmico. Os trabalhos revelaram a presença de 13 manchasescuras, 21º41'15''S /
Lagoa São Paulo Presidente Prudente ALVES 1988
Epitácio ovaladas, e a presença de 7 fogueiras externas. O material é composto por fragmentoscerâmicos 52º58'20''W
(lisos, pintados, corrugados, ungulados, incisos e serrungulados) e litícos lascados e polidos.

Identificado 12 manchas escuras; foram encontradas mandíbulas e dentes de macaco, conchas, KUNZLY Apud
Presidente 0391640 / 7597939
Lagoa São Paulo 2 Presidente Prudente vértebras e espinhas de peixe; líticos lascados, núcleos, lascas e muitas estilhas; cerâmica IPHAN; ZANETTINI
Epitácio SAD 69
decorada (plástica e pintada) e lisa; Urnas com ossos humanos. Sítio fora da cota de inundação ARQUEOLOGIA 2007
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Implantado em meia encosta, próxima a duas nascentes de água que formam o Ribeirão Água da
Figueiredo Rancharia Presidente Prudente Floresta. Não foram localizados vestígios dada a baixa visibilidade. O proprietário do terreno fez FACCIO 1998 7507334 / 514287
a doação de uma lâmina de machado coletada no local.

Implantadoem encosta próxima ao Rio Marabaia. Material escasso composto por 11 fragmentos
Marambaia Rancharia Presidente Prudente 50x80 FACCIO 1998 7513946 / 504464
de cerâmica.

KUNZLY Apud
22º 28' 33,3" 52º
Gavião Rosana Presidente Prudente Vasilhas inteiras; partes do sítio estava sob a água (parcialmente submerso) IPHAN; ZANETTINI
55' 01,3"
ARQUEOLOGIA 2007

Localizado em base de colina, a 20m do ribeirão.Fragmentos cerâmicos indicam variedades na


IPHAN; ZANETTINI 22K 0399823 /
Domingos II Sandovalina Presidente Prudente decoração. 480+60 (C14)
ARQUEOLOGIA 2007 7509934

Localizado entre topo e média vertente de colina, a 130m de rio. Maior concentração de vestígios
IPHAN; ZANETTINI 22K 0405639 /
Pirapozinho Sandovalina Presidente Prudente em superfície. Coletado 360 peças, 353 cerâmicos, e 7 líticos.
ARQUEOLOGIA 2007 7513421

SILVA 1953 Apud


Coleta Assistemática 1- Santo
Santo Anastácio Presidente Prudente Fragmentos de cerâmica SCATAMACCHIA
Anastácio
1981
Implantado em meia encosta próximo à Água da Formiga e a Água do Amargoso. Foram
Silva Taciba Presidente Prudente 95x100 coletados apenas 56 fragmentos cerâmicos (lisos, ungulados e com engobo vermelho), sendo o FACCIO 1998 7524504 / 468600
sítio classificado como destruído.
KRONE 1914 Apud
Coleta Assistemática 1 Iguape Registro Achado casula de cerâmica, litíco e 3 igaçabas. SCATAMACCHIA
1981
SIMONS 1967 Apud
Jaire Iguape Registro Prospecção com coleta de material cerâmico SCATAMACCHIA
1981

SCATAMACCHIA et al
1991;
Implantado sobre terraço próximo a barra de Icapara. Encontrado: material cerâmico de origem SCATAMACCHIA
Mineração Iguape Registro 560 (C14) 24º41'S 47º28'
européia e indígena (de contato); material lítico insignificante; resina de jatobá. Apud IPHAN;
ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

SCATAMACCHIA
Dados referentes à material recolhido antes do calçamento da cidade. Encontrado: urna, Apud IPHAN;
Estação Experimental Iguape Registro
fragmentos cerâmicos com decorações corrugada, ungulado e escovado. Haviam lagoas no local. ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Este sítio implantado em alta vertente, apresentou vestígios líticos e cerâmicos típicos da tradição
CALDARELLI
Tupiguarani, mas por estar fora da área do empreendimento não foi alvo de regate arqueológico
2001/2002; IPHAN; 23K 0195260 /
Suzuki Guatapará Ribeirão Preto (CALDARELLI 2001/2002). O sítio Suzuki foi reavaliado pela equipe que efetuou o Programa
ZANETTINI 7612588
de Diagnóstico Arqueológico do Gasoduto Luís Antônio - Ribeirão Preto, pois o mesmoencontra
ARQUEOLOGIA 2007
se na área adjacente ao dito empreendimento.

O sítio situa-se na Fazenda Bom Retiro, município de Luis Antônio. Forneceu pontos de maior
densidade de fragmentos cerâmicos, no entanto, esses pontos não tiveram seus limites bem
definidos, impedindo a possível reconstituição de prováveis áreas de estruturas habitacionais. Esse 23K 0213254 /
Bom Retiro Luiz Antônio Ribeirão Preto 180x130 CALDARELLI 1983 924 (TL)
sítio tem como água mais próxima o Córrego da Divisa, distando cerca de 800 metros do rio 7599565
Mogi Guaçu. O relevo da área é ondulado com vertentes suaves e o sítio encontra-se implantado
em meia vertente.

O sítio localiza-se na Fazenda Cabeceira do Córrego do Canavial, município de Luis Antônio. A


área de dispersão dos vestígios arqueológicos foi delimitada em 180x160 metros. Apresentou
concentrações de material arqueológico bem delimitadas. Caldarelli (1983: 70) indica que essas
23K 0211648 /
Córrego do Canavial Luiz Antônio Ribeirão Preto 180x160 concentrações podem corresponder às antigas localizações das cabanas. O sítio arqueológico CALDARELLI 1983
7600004
encontra-se implantado entre riachos e minas laterais localizados a cerca de 250m do sítio e a
aproximadamente1300 metros do rio Mogi Guaçu. O relevo da área é representado por vertentes
longas e suaves e, o sítio encontra-se implantado em média vertente de colina suave e extensa.

Embora tenha apresentado uma densidade baixa de vestígios cerâmicos, a equipe de Caldarelli
(1983) conseguiu delimitar uma área de dispersão dos fragmentos em 100 x 150 metros. O sítio
23K 0214431 /
Monjolo Luiz Antônio Ribeirão Preto 100x150 arqueológico encontra-se a 280 metros do Córrego do Monjolo e a aproximadamente1 km do rio CALDARELLI 1983
7599547
Moji-Guaçu. O relevo da área é representado por vertentes longas e suaves e, o sítio encontrava-
se implantado em média vertente.

Não foram observadas, quando da realização dos trabalhos de campo, concentrações distintas de
vestígios em superfície. O assentamentoencontra-se implantado a 250 metros de um córrego que
deságua diretamente no rio Mogi Guaçu, que dista cerca de 1800 metros do referido sítio. O 23K 0214165 /
Ribeira Luiz Antônio Ribeirão Preto 200x200 CALDARELLI 1983
relevo da região caracteriza-se por elevações suaves,entalhadas por córregos, apresentando platôs 7600466
extensos e, o sítio arqueológico em questão, encontra-se inserido em colina suave e extensa.
Urnas foram coletadas anteriormente à pesquisa na área.

Ribeirão da Onça Luiz Antônio Ribeirão Preto Presença de fragmentos escovados ZANETTINI 2003

MUSEU HISTÓRICO
Foram verificadas centenas de fragmentos cerâmicos que são entregues ao responsável pelo
Coleta Assistemática 1 São Simão Ribeirão Preto ALAUR DA MATA -
Museu pela população local. Esses fragmentos são coletados em uma das propriedades da região.
SÃO SIMÃO

CESAR 1970 Apud


Coleta Assistemática 1 - São José dos
Aparecida Achados casuais de 20 igabaças, fragmentos cerâmicos e líticos. SCATAMACCHIA
Aparecida Campos
1981
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
SCHEUER 1957 Apud
Coleta Assistemática 2 - São José dos ROBRAHN-
Aparecida Informação da destruição de dezenas de vasilhas cerâmicas
Aparecida Campos GONZÁLEZ &
ZANETTINI 1999
Caracterizado como aldeia indígena pré-colonial com área de aproximadamente 64.80m².
Presença de quatro manchaspretas, estruturas de fogueira e combustão e estruturas funerárias fora BORNAL & QUEIROZ
São José dos das áreas das manchas. Urna funerária (corrugada) com 5 tigelas pintadas dentro, urna 2003 Apud IPHAN; 23K 0495194 /
Caninhas Canas
Campos (corrugada) com tigelas no interior (2). Presença de cerâmica decorada plástica (corrugada e ZANETTINI 7490041
ungulada) e pintada com motivos geométricos (pretos, vermelho e branco). Material lítico lascado ARQUEOLOGIA 2007
(sílex) e polido.

SCATAMACCHIA
Sítio cerâmico (com decoração simples, corrugada, ungulado, pintado) e resíduos de lascamento.
São José dos 1998 Apud IPHAN; 23º16'34" /
Pedregulho Jacareí Localizado em um amplo platô por volta de 618 m de altitude. Apresenta manchas pretas. Foram
Campos ZANETTINI 45º56'05"
coletados 7626 fragmentos cerâmicos e 19 líticos.
ARQUEOLOGIA 2007

CALI 1999 Apud


São José dos Sítio arqueológico com cerâmica de tradição tupi-guarani. Destruído pela movimentaçãode terra
Rio Comprido I Jacareí IPHAN; ZANETTINI
Campos no local.
ARQUEOLOGIA 2007

Sítio com 18 manchas de solo antropogênico. Foram coletados cerca de 11000 fragmentos ROBRAHN-
São José dos 23º29'01" /
Santa Marina Jacareí 400000 m² cerâmicos, material litíco lascado (raspadores, lascas e microlascas).e polido (20 lâminas de GONZÁLEZ & 490+50 (C14)
Campos 40º44'58"
machado). ZANETTINI 1999

CALI 2002 Apud


São José dos
Sítio sem denominação 1 Jacareí Cerâmica pintada e plástica (ungulado e corrugado) IPHAN; ZANETTINI
Campos
ARQUEOLOGIA 2007

Cerâmica com decoração plástica: ungulado, corrugado,escovado, roletado, espatulado, ponteado


na borda, modulado repuxado, serrungulado, corrugado pintado (no corrugado); inciso, impresso CALI Apud IPHAN;
São José dos
Sítio sem denominação 1 Jacareí 70 m² e decoração pintada (vermelha, preta e geométrica). Cachimbos, bolotas de argila, líticos polidos ZANETTINI
Campos
(tembetá em quartzo verde), lítico lascado (lascas e estilhas) em sílex, possíveis corantes. ARQUEOLOGIA 2007
Estruturas de combustão (fogueira).

ROBRAHN-
Sítio pré-histórico cerâmico inserido na tradição tupi-guarani, localizado em um amplo platô por
GONZÁLEZ &
São José dos volta de 617 metros de altitude. Apresentando também estruturas de combustão, manchas pretas, 23º16’1797” /
Villa Branca (SP-JA-04) Jacareí 900 m² ZANETTINI 2001 Apud
Campos líticos lascados e polido. Multicomponencial com concentração de cerâmica, louças nacionais 45º56’0437”
IPHAN; ZANETTINI
(faiança fina) e porcelanas.
ARQUEOLOGIA 2007

TIBIRIÇÁ 1935; 1939


Coleta Assistemática 1 - São São José dos São José dos Apud
Achado casual de cerâmica
José dos Campos Campos Campos SCATAMACCHIA
1981
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

CHOPANI 1949 Apud


Coleta Assistemática 2 - São São José dos São José dos
Acahdo casual de duas igaçabas e estrutura peculiar, sem material arqueológico. SCATAMACCHIA
José dos Campos Campos Campos
1981

DOCUMENTO 2005
São José dos São José dos Apud IPHAN; 23K 0416136 /
Sítio sem denominação 1 100x100 Presença de cerâmica com decoração plástica (corrugada) e pintura. Efetuado apenas cadastro
Campos Campos ZANETTINI 7432168
ARQUEOLOGIA 2007

Consta apenas a retirada de uma urna funerária indígena com tampa e esqueleto humano. A QUEIROZ 2004 Apud
São José dos São José dos 23K 0414445 /
Sítio sem denominação 2 arqueológa responsável diz que "até o momento contemplou somente uma pequena porção do IPHAN; ZANETTINI
Campos Campos 7429280
sítio arqueológico." ARQUEOLOGIA 2007

UCHOA 1992 Apud


São José dos Sítio lito-cerâmico com presença de fogueiras, buracos de estacas e restos de um sepultamento. 22º26'38" /
Itaguá Ubatuba IPHAN; ZANETTINI 660+80 (C14)
Campos Sítio totalmente esgotado pela escavação. Contendo constas de vidro e disco de cobre. 45º05'04"
ARQUEOLOGIA 2007

AMENOMORI 2003
São José dos Sítio localizado na Ilha Anchieta, no âmbito do doutorado da pesquisadora. Presença de material Apud IPHAN;
Restinga Ubatuba
Campos Tupi guarani e de cerâmica neobrasileira ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

DOCUMENTO 2002
Fragmentos cerâmicos lisos, alguns com pintura vermelha, outros com incisões circulares nas
Apud IPHAN; 23K 0370502 /
Taboão 3 Mogi das Cruzes São Paulo paredes e, ainda, bordas com incisões digitadas. O material litico ficou restrito a uma única lasca
ZANETTINI 7408090
retocada em quartzo. Não foi realizado intervenções no solo.
ARQUEOLOGIA 2007

Coleta Assistemática 1- Morro O General Couto de Magalhães registrou a coleta de artefatos – líticos lascados, polidos e PEREIRA JÚNIOR
São Paulo São Paulo
dos Lazáros cerâmicas – durante a desmontagem do Morro dos Lázaros, no atual bairro da Luz, em 1885 1964

Achado fortuito no bairro do Brás, em 1896, quando funcionários do cemitério ali existente, hoje
Quarta Parada, ao efetuarem a abertura de uma cova, localizam uma igaçaba que é, no ano
Coleta Assistemática 2 - PEREIRA JÚNIOR
São Paulo São Paulo seguinte, enviada ao Museu do Estado, hoje Museu Paulista. De acordo com o relato do delegado
Cemitério do Brás 1964
da repartição sanitária, esta não havia sido a primeira vez que uma “panela de barro’’ tinha sido
encontrada no terreno do cemitério

Funcionário do Departamento de Água e Esgotos entrega ao autor uma fragmento de uma urna PEREIRA JÚNIOR
Coleta Assistemática 3 - Mooca São Paulo São Paulo
corrugada, que teria sido destruída quando da abertuta de uma vala. 1964

Coleta Assistemática 7 - Penha São Paulo São Paulo Achado fortuito, em 2004, de outra urna funerária no Bairro da Penha ZANETTINI 2005
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Em agosto de 1959, Paulo Duarte entregou ao autor caixas com cerâmicas provenientes de
trabalhos de movimentaçãode terra no bairro do Morumbi. Uma das peças consiste em uma urna
Coleta Assistemática 4 - PEREIRA JÚNIOR
São Paulo São Paulo de contorno complexo e pintura externa; uma tigela semi restrita sem decoração; uma tigela semi
Morumbi 1964
restrita com pintura visível na parte externa da borda carenada; uma borda com pintura. Também
foram encontrados vestígios de ossos e dentes.

Coleta Assistemática 5 - Penha São Paulo São Paulo Recuperada em 1920 mais uma urna funerária de cerâmica, no bairro da Penha ARAÚJO 1994/1995

Coleta Assistemática 6 - Vila


São Paulo São Paulo Achado fortuito, na década de 1960, de urna funerária ARAÚJO 1994/1995
Maria

Sitio lito-cerâmico implantado em um ápice de colina de pequena elevação. Predompinio de


Barreiro dos Italianos Angatuba Sorocaba 150x150 fragmentos pintados, seguidos dos lisos e corrugados. É abundante o sílex lascado que se espalha PALLESTRINI 1975 23º33' / 48º30'
por toda área do sítio. Sitio alvo apenas de prospecção.

Implantado em relevo colinar com o ribeirao do Barreiro na base. Foram detectadas 10 manchas
980+100 (AP); 1260
de solo escuro correspondentes as antigas habitações, alta densidade de fragmentos finos
Jango Luís Angatuba Sorocaba 250x250 PALLESTRINI 1975 (NM); 1540+150 23º33' / 48º30'
correspondentes a vasilhas de uso cotidiano. Semelhanças com Prassévichus. Presença de 3
(TL)
estruturas funerárias.
São Roque Angatuba Sorocaba Não acessada MORAIS 2000 1100+100 (TL)

Campina do Localizado em colina a cerca de 250 metros do córrego da Cruz. Próimo a área urbana do N7389000
Campina Sorocaba 250x200 MORAIS 1999; 2000 540+50 (TL)
Monte Alegre municipio de campina do Monte Alegre. Presença de estrutura funerária. E757500

Campina do 290+40 (C14)


Panema Sorocaba Não acessada MORAIS 2000
Monte Alegre 2030+200 (TL)

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 90m da margemdireita do Rio Itararé, e a 380m a esquerda
Barra do Rio Verde 2 (SP BA) Fartura Sorocaba 225 m² IPHAN; ZANETTINI
do rio Verde. Sítio lito-cerâmico, superficial, tradição Tupiguarani.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Barra do Rio Verde 1 (SP BA Localizado no Salto das Corredeiras, 40m da margemdireita do Rio Itararé, e a 300m a esquerda
Fartura Sorocaba 150 m² IPHAN; ZANETTINI
63) do rio Verde. Sítio lito-cerâmico, superficial, tradição Tupiguarani.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 400m da margem direita do Rio Itararé. Sítio lito-cerâmico,
Caminhão (SP BA 52) Fartura Sorocaba 120 m² IPHAN; ZANETTINI
superficial.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Cerâmica do Amendoim (SP Localizado no Salto das Corredeiras, 500m da margem direita do Rio Itararé. Sítio lito-cerâmico,
Fartura Sorocaba 750 m² IPHAN; ZANETTINI
BA 42) superficial, tradição Tupiguarani.
ARQUEOLOGIA 2007
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 30m da margem direita do Rio Itararé. Sítio lito-cerâmico,
Corredeira Grande (SP BA 56) Fartura Sorocaba 100 m² IPHAN; ZANETTINI
superficial, tradição Tupiguarani. Presença de sepultamento.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Localizado na Corredeira das Ilhas, 300m da margem direita do Rio Verde e 9 km de sua foz.
Fazenda Rizzo 3 (SP BA 57) Fartura Sorocaba 400 m² IPHAN; ZANETTINI
Evidência de aterro.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


José Rizzo (SP BA 57) Fartura Sorocaba Sítio lito-cerâmico, superficial, apresentando estruturas de aterros. IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 10m da margem direita do Rio Itararé e 3,50Km da foz do
Laranjal 1 (SP BA 31) Fartura Sorocaba 500 m² IPHAN; ZANETTINI
Rio Verde. Sítio lito-cerâmico, superficial.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 20m da margem direita do Rio Itararé. Sítio lito-cerâmico,
Laranjal 2 (SP BA 32) Fartura Sorocaba 750 m² IPHAN; ZANETTINI
superficial.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 250m da margem direita do Rio Itararé. Sítio lito-cerâmico,
Laranjal 4 (SP BA 50) Fartura Sorocaba 300 m² IPHAN; ZANETTINI
superficial.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 200m da margem direita do Rio Itararé e 100m da esquerda
Laranjal 5 (SP BA 51) Fartura Sorocaba 750 m² IPHAN; ZANETTINI
de um riacho. Sítio lito-cerâmico, superficial
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 200m da margem direita do Rio Itararé. Sítio lito-cerâmico,
Primeira Volta 1 (SP BA 43) Fartura Sorocaba 1050 m² IPHAN; ZANETTINI
superficial. Ocorrência de sepultamento secundário em urna.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 200m da margem direita do Rio Itararé.Sítio lito-cerâmico,
Primeira Volta 2 (SP BA 44) Fartura Sorocaba 1050 m² IPHAN; ZANETTINI
superficial. Ocorrência de sepultamento secundário em urna.
ARQUEOLOGIA 2007
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

CHMYZ 1968 Apud


Localizado no Salto das Corredeiras, 400m da margem direita do Rio Itararé, 30m do Sìtio
Primeira Volta 4 (SP BA 46) Fartura Sorocaba 300 m² IPHAN; ZANETTINI
Primeira Volta 3. Sítio lito-cerâmico, superficial.
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Salto das Corredeiras (SP BA Salto das Corredeiras, 500m da margem direita do Rio Itararé. Sítio lito-cerâmico, sendo
Fartura Sorocaba 750 m² IPHAN; ZANETTINI
42) realizado coleta superficial.
ARQUEOLOGIA 2007

Sítio cemitério caracterizado pela presença de aterro. Em um dos lados do aterro foi encontrada
Cemitério do Espanhol (SP IP9) Itaberá Sorocaba CHMYZ 1968
uma urna funerária simples
N7356508
ITB 22 743565 Itaberá Sorocaba Material cerâmico. Área havia sido nomeada antareiormente como ocorrência C264 MORAIS 2002
E674307

O sítio encontra-se localizado em ápice de colina, com o Ribeirão do Caçador correndo pela sua
base. Ao todo, temos 9 manchasovaladas de solo enegrecido, com diâmetro variável de 10 metros
PALLESTRINI &
Prassévichus Itaberá Sorocaba 400x200 com alta frequência de ceramica. Presença de urnas com sepultamentos em posições externa aos 24º S 48º W
MORAIS 1983/ 1984
espaços de habitação (8 Urnas). Cerâmica diversificada decorada com motivos geométricos, lisa,
corrugada e ungulada.

MARANCA 1968/1969
Apud
José Fernandes Itaberá Sorocaba Escavação parcial onde foram coletados 12 vasos cerâmicos e 13 litícos
SCATAMACCHIA
1981
Sítio cemitério caracterizado pela presença de aterro. O proprietário do terreno havia coletado
SP IP8 Itaberá Sorocaba CHMYZ 1968
uma urna de contorno complexo pintada no local.
Implantado em colina suave. Trata-se de evidências correlacionáveis ao sítio Prassévichus,
escavado por Pallestrini e Morais em 1981/1982. A vistoria revelou a existência de novos núcleos MORAIS 1996; N7381692
Caçador Itaí Sorocaba 77000 m² 220+20 AP (TL)
de solo antropogênico, recebendo nova denominação dada a complexidade do registro que MORAIS 2000 E694098
envolve.
Implantado em colina suave no interfluvio de dois canais menores. Evidencias relacionadas ao N 7380903 E
Caçador 2 Itaí Sorocaba MORAIS 1996
sitio Prassévichus e Caçador. 693910
Coleta Assistemática 1 - Coleta assistemáticade uma urna corrugada, uma tigela sem pintura que teria servido de tampa e PEREIRA JÚNIOR
Itapeva Sorocaba
Fazenda Caputera restos esqueletais de um sepultamento secundário. 1964

970+100 (TL);
Situado em vertente de colina cujo ápice está a pouco mais de 40 metros acima do córrego do 1010+100 (TL);
Agrião. Presença de 8 manchas de solo antropogênico, 6 urnas (uma delas a 80 metros das PALLESTRINI 1975; 1076 (NM);
Fonseca Itapeva Sorocaba 200x200 23 45' S 48 55'W
manchas), fragmentos ceramicos ungulados, corrugados e pintados e material litico em gnaisse e MORAIS 2000 1100+100 (TL);
quartzito. Semelhanças com o sítio Prassévichus. 1110+110 (TL);
1190+120 (TL)
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

CHMYZ 1968 Apud


Aqueduto Itararé Sorocaba Sítio lito-cerâmico a céu aberto. IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Barragem Maringá Itararé Sorocaba Sítio lito-cerâmico a céu aberto. IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Campo de futebol da Usina Itararé Sorocaba Sítio lito-cerâmico a céu aberto. Ocorrência de aterros funerários IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Fazenda Classe 1 Itararé Sorocaba Sítio lito-cerâmico a céu aberto. IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Fazenda Classe 2 Itararé Sorocaba Sítio lito-cerâmico a céu aberto. IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Ponta Estreita 1 Itararé Sorocaba Sítio lito-cerâmico a céu aberto. IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

CHMYZ 1968 Apud


Ponta Estreita 2 Itararé Sorocaba Sítio lito-cerâmico a céu aberto. IPHAN; ZANETTINI
ARQUEOLOGIA 2007

Semelhançascom Prassévichus,presença de sete manchasde solo antropogênico dispersas por um 955+100 (TL);
declive colinar. Foram encontradas 5 estruturas funerárias. Cerâmica predominantemente PALLESTRINI 1975; 960+100 (TL);
Alves Piraju Sorocaba 200x200 23 15'S 49 19'W
corrugada e pintada e indústria litica incipiente em silex, arenito silicificado e quartzito. Sitio lito- MORAIS 2000 1021+100 (NM);
cerâmico colinar do interior. 1150+100 (TL)

Quase totalmente encoberto pelas águas da represa de Jurumirim, cerâmica lisa e grossa,
Brasil Piraju Sorocaba PALLESTRINI 1975 23 10's 49 20'w
possivelmente associada a urnas.
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)

Localizado na confluência do rio Paranapanema com o Riberão das Araras, apresenta uma
MORAIS 1999; 450+40 (TL);
Camargo Piraju Sorocaba 150x150 sucessão de ocupações liticas culminadas por uma instalação lito-ceramista. Sítio identificado p 23º10'S 49°25'W
MORAIS 2000 1030+100 (C14)
Luciana Pallestrini na década de 1970. Manchas de solo antropogênico.

Localizado em terraço da margem direita do Paranapanema, apresenta material litico aprimorado MORAIS 1999;
Camargo II Piraju Sorocaba 1070+100 (TL)
na camada inferior e alguns fragmentos cerãmicos espalhados sobre a superficie MORAIS 2000

Colina Piraju Sorocaba Não acessada MORAIS 2000 870+90 (TL)


Apresentavamaterial cerâmico em abundância em situação topomorfológica semelhantea do sitio
PALLESTRINI 1988;
Nunes Piraju Sorocaba Almeida, ou seja, coloca-se parte na vertente colinar e parte no depósito sedimentar aluvial da 880+90 (TL)
MORAIS 2000
confluência Monte Alegre Araporanga
Localizado a 2km da represa de Jurumirim, poucos fragmentos de cerâmica lisa. A erosão anula
Pereira Piraju Sorocaba MORAIS 1999 23 17'S 43 20'W
perspectivas de escavações futuras.
Piapara Piraju Sorocaba Não acessada MORAIS 2000 710+70 (TL)
480+50 (TL);
500+60 (TL);
Localizado na margem esquerda do Rio Paranapanema, esse sítio apresenta quatro manchas de 580+70 (TL);
MORAIS 2001; N7438600;
Piracanjuba Piraju Sorocaba solo antropogênico. Revela uma grande densidade de material cerâmico, artefatos litícos lascados 530+60 (TL);
AFONSO et al 2005 E666750
e polidos, vestígios faunísticos e estruturas de combustão 360+40 (TL);
470+55(TL); 610+50
(C14)
Margem direita do rio Paranapanema, restos arqueológicos distribuídos em declive suave,
Ramos Piraju Sorocaba 100x100 PALLESTRINI 1975 23 10's 49 20'w
chegando até a margem do rio.

Este sítio Tupiguarani é o mais meridional detectado dentro do Alto Taquari. Situa-se no topo de
um divisor de águas, a uma altura de 70 m s.n.b., altitude de 808 m e dista 500 m do Ribeirão do 22J 0710710
Região do Alto
Moura (MRA) Sorocaba Faxinal, que é a drenagem mais próxima. O terreno é arado anualmente, e os fragmentos são de ARAÚJO 2001 7338334
Taquari
tamanho reduzido.Foi realizada uma coleta de superfície de 26 fragmentos cerâmicos para fins
comparativos.

Implantado em um divisor de águas. O sítio se encontra a 350 m de um afluente do Rio Taquari


Guaçu, 90 m acima do nível de base local e a uma altitude de 730 m. A implantação do sítio não
segue o padrão “típico” ocorrente no Médio Paranapanema, uma vez que não se encontra
Região do Alto
implantado em encosta de vertente suave, muito embora estas feições geomorfológicasocorram na 22J 0708918
Taquari - Área
Bianco (BNC) Sorocaba 200x80 área em apreço. A importância do Sítio Bianco reside principalmente em sua posição geográfica; ARAÚJO 2001 7340525
Piloto Taquari
é um dos sítios Tupiguarani mais meridionais do Alto Taquari, estando bastante próximo de
Guaçu – TQG
alguns sítios atribuíveis à Tradição Itararé-Taquara. Foram registrados 2738 fragmentos,nenhum
deles apresentando decoração plástica (corrugada, escovada, incisa etc), à exceção de algumas
bordas unguladas.

Região do Alto
Implantado em topo de um divisor de águas que cai suavementepara SE, com declividade de 3 , 22J 0708994
Taquari - Área
Cedro (CDR) Sorocaba um tanto distante da água (500m), a uma altura de 200 m sobre o nível de base e altitude de 850 ARAÚJO 2001 7336094
Piloto Taquari
m. As dimensões do sítio não podem ser estimadas dadas as atuais condições de visibilidade.
Guaçu – TQG
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Localiza-se em um divisor de águas com declividade suave de 4 , orientado para NE, a uma
Região do Alto
distância de 320 m de um afluente do Taquari Guaçu. A altura sobre o nível de base é de 65 m, a 22J 0708135
Taquari - Área
Porteira (PTR) Sorocaba uma altitude de 705 m. A cerâmica é grossa de modo geral, com fragmentos de até 14 mm de ARAÚJO 2001 7341103
Piloto Taquari
espessura. Dos 14 fragmentos coletados, dois apresentam carena e um constitui porção de uma
Guaçu – TQG
borda

O Sítio Pinha é bastante importante dentro do contexto arqueológico regional por caracterizar
uma outra instância de limite entre as tradições Tupiguarani e Itararé-Taquara. Neste caso, em um
Região do Alto mesmo terraço fluvial foram encontradas concentrações de material cerâmico de ambas tradições.
22J 0723701
Taquari - Área A cerâmica Tupiguarani está representada em duas concentrações distintas, cujos centros distam
Pinha (PNH) Sorocaba ARAÚJO 2001 7339881
Piloto Ribeirão em torno de 70 m entre si, e a cerâmica Itararé ocupa uma terceira concentração, isolada das duas
Fundo - RFD primeiras por uma distância de 80 m. Está situado em fundo de vale, em terreno voltado para E, a
aproximadamente 70 m do Ribeirão Fundo, e alçado 4 m sobre o referido curso d’água. A
altitude do sítio é de 700 m acima do nível do mar.

O sítio está localizado em fundo de vale, em terraço fluvial voltado para WNW, alçado 5 m em
relação ao Ribeirão Fundo e distante 50 m em relação ao mesmo, a uma altitude de 700 m acima
do nível do mar (Foto 18). Foram detectados materiais relacionados ao período histórico, à
Região do Alto
Tradição Tupiguarani e à Tradição Itararé-Taquara. O material cerâmico e lítico estava na parte 22J 0723568
Taquari - Área
Rancho Caído (RCD) Sorocaba mais baixa e plana do terreno, em uma única concentração de aproximadamente 28 x 30 m. A ARAÚJO 2001 7337356
Piloto Ribeirão
cerâmica apresenta fragmentosfinos, em torno de 5mm e alguns mais grossos com engobo branco
Fundo - RFD
na porção interna. Foram coletados 43 fragmentos.O material lítico, compreendendo 22 peças, é
bastante simples, não tendo sido observadas peças com sinal de uso. O material histórico engloba
louça, faiança, cerâmica, ferro e vidro, perfazendo 62 peças.

Trata-se de um sítio Tupiguarani localizado no topo de uma colina suave, onde o proprietário
encontrou uma urna funerária e grande quantidade de fragmentos cerâmicos com decoração
pintada e plástica (corrugado, ungulado). A urna é totalmente corrugada, muito semelhante às 22K 0709016
Região do
Silveira (SVR) Sorocaba urnas do Sítio Fonseca. Montículos muito tênues ainda são visíveis em um pasto adjacente, ARAÚJO 2001 7373856
Médio Taquari
também associados a cerâmica. Ainda existem montículos intactos dentro de uma mata do outro
lado de uma estrada de terra, adjacente ao pasto. Este sítio, com a presença de montículos,parece
semelhante ao que Chmyz et al. (1968) identificou em Itaberá.

N7354827
RVS 22 474548 Riversul Sorocaba Material cerâmico, área denominada anteriormente como ocorrência C248 MORAIS 2002
E647459

N7355480
RVS 22 483554 Riversul Sorocaba Material cerâmico, área denominada anteriormente como ocorrência C249 MORAIS 2002
E648314
N7355740
RVS 22 513557 Riversul Sorocaba Material cerâmico , área denominada anteriormente como ocorrência C252 MORAIS 2002
E651356
N7355901
RVS 22 524559 Riversul Sorocaba Material cerâmico , área denominada anteriormente como ocorrência C254 MORAIS 2002
E652403
ANEXO 1: Sítios Tupiguarani no Estado de São Paulo

Região CRONOLOGIA
Sítio Município Tamanho Descrição Referência Coordenadas
Administrativa (AP)
Coleta Assistemática 1 - Urna
Salto Sorocaba Urna com vestígios esqueletais encontrados na área urbana da cidade. GODOY 1947
de Salto

DOCUMENTO 2003
Apud IPHAN; 23K 0256415 /
Pirajibu Sorocaba Sorocaba Apresentou estruturas de combustão 415+105 (C14)
ZANETTINI 7404462
ARQUEOLOGIA 2007

Coleta de urna funerária contendo material ósseo (em profundidade), a mesma havia sido 23 0295008 /
Alpargatas Tatuí Sorocaba PALLESTRINI 1984 758+50 (TL)
danificada pelas obras de construção da Fábrica da Alpargatas. 7455082

Trata-se de duas áreas arqueológicas com ampla distribuição de fragmentos ceramicos em


Fazenda Guarapiranga Tatuí Sorocaba 100x100 superfície, localizada em ápice de colina, com o rio Iperó na base. A prospecção foi realizada em PALLESTRINI 1975
1972 por Pallestrini, enquadra-se no tipo colinar de interior.

470+50 (TL); 515


Localizado em meia encosta de declive suave com o Ribeirão da Corredeira na base. A espessura (NM); 560+60 (TL);
PALLESTRINI 1975;
Almeida Tejupá Sorocaba 180 x 100 da camada arqueológica que envolve qratro níveis arqueológicas chega a 1,50 metros. Presença 930+100 (C14); 23 17'S 49 21'W
MORAIS 2000
de 8 manchas de solo antropogênico. 1500+150 (TL);
1600 (NM).

Bersi Tejupá Sorocaba Não acessada MORAIS 2000 520+60 (TL)

1870+100 (C14)
SP BA7 Itaporanga Sorocaba Não acessada BROCHADO 1973 1195+80 (C14)
850+150 (C14)
A N EX O 2
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

Número da peça

Número do lote (caso o fragmento seja parte de uma remontagem ou conjunto de peças de uma mesma vasilha)

Proveniência

Nível

1. Tipos de peças básicas que formam o vasilhame.


1. Fragmento de parede
2. Fragmento de borda
3. Fragmento de base
4. Parede com ponto angular
5. Parede com ponto de inflexão
6. Parede com aplique
7. Borda e base
8. Forma completa (mais de 50% de integridade)
9. Calibrador
10. Micro-cerâmica (menos de 1,5 cm)
11. Bolota
99. Sem leitura

2. Espessura da peça: Medida da espessura da porção mais espessa da peça com o auxílio do paquímetro

3. Antiplástico
1. Mineral
2. Mineral e Caco Moído
3. Mineral, Caco Moído e Carvão
4. Mineral e Cariapé
5. Mineral e Saibro
6. Mineral e Carvão
7. Mineral, Caco-Moído e Saibro
99. Sem leitura

4. Tamanho do antiplástico (mm): Anotar o tamanho máximo de cada tipo de antiplástico identificado.
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

5. Freqüência do antiplástico

1. Pouco Antiplástico: Pasta muito Plástica (10% ou menos de antiplástico)

2. Presença Mediana: Pasta Plástica (10-30% de antiplástico)

3. Antiplástico Abundante: Pasta Seca (mais de 30% de antiplástico)

Fonte Figura: Orton et alli (1993)

6. Técnica de construção
1. Acordelada
2. Modelada
3. Acordelada/ Modelada
99. Sem leitura

7. Queima
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

8. Tratamento de superfície interno


9. Tratamento de superfície externo
1. Banho
2. Alisado
3. Polimento (Brunidura/ Lustro)
4. Tratamento Plástico
5. Tratamento plástico ou alisado mal acabado
99. Sem leitura

10. Tipo de Engobo


0. Ausente
1. Interno Vermelho
2. Externo Vermelho
3. Interno e Externo Vermelho
4. Interno Branco
5. Externo Branco
6. Interno e Externo Branco
7. Interno Vermelho e Externo Branco
8. Interno Branco e Externo Vermelho
9. Externo Branco e Externo Vermelho
10. Alaranjado Externo
11. Alaranjado Interno

11. Técnica Decorativa


0. Ausente
1. Cromática (Pintada)
2. Acromática (Plástica)
3. Cromática e Acromática

12. Tipo de Bandas


0. Ausente
1. Não completas
2. Faixas Largas (=ou superior à 50mm)
3. Faixas Médias (20-49mm)
4. Faixas Estreitas (10-19mm)
5. Faixas Finas (0-9mm)
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

13. Campo Primário


0. Ausente
Vestígios
1. Restos não classificáveis
2. Composição vestigial de linhas retas
3. Composição vestigial de linhas curvas
4. Composição vestigial de linhas retas e curvas
Linhas retilíneas
5. Composição de linhas retas verticais
6. Composição incompleta de linhas retas horizontais, verticais e oblíquas
7. Composição de linhas retas oblíquas
8. Composição de linhas retas escalonadas
9. Composição de linhas retas assimétricas
10. Composição de linhas retas ortogonais assimétricas
11. Composição de linhas retas oblíquas
12. Composição de linhas retas entrecruzadas
13. Composição de linhas retas entrecruzadas preenchidas (xadrez)
Linhas curvilíneas
14. Composição de linhas curvas simples
15. Composição de linhas meândricas
16. Composição com associação de semi-elipses
17. Composição de figuras curvas isoladas
Linhas retilíneas e curvilíneas
18. Composição incompleta de linhas retas e curvas 1
19. Composição de incompleta de linhas retas e curvas 2
20. Composição de linhas curvas preenchidas por linhas entrecruzadas
Linhas curvilíneas preenchidas
21. Composição de linhas curvas preenchidas por traços
22. Composição de linhas curvas preenchidas por pontos
23. Composição de linhas sinuosas serpentiformes
Linhas retilíneas e curvilíneas formando motivos figurativos
24. Composição de linhas retas e curvas: Representação figurativa 1
25. Composição de linhas retas e curvas: Representação figurativa 2
26. Composição de linhas retas e curvas: Representação figurativa 3
27. Composição de linhas retas e curvas: Representação figurativa 4
28. Composição de linhas retas e curvas: Representação figurativa 5
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

29. Composição de linhas retas e curvas: Representação figurativa 6


Preenchimento do fundo
23. Composição de linhas retas e curvas com preenchimento total do fundo

14. Campo Secundário


0. Ausente
1. Restos não classificáveis
2. Composição de linhas retas verticais
3. Composição de linhas retas verticais e horizontais 1
4. Composição de linhas retas verticais e horizontais 2
5. Composição de linhas retas oblíquas 1
6. Composição de linhas retas oblíquas 2
7. Composição de linhas retas oblíquas em ziguezague
8. Composição de linhas retas verticais e oblíquas
9. Composição de linhas retas entrecruzadas
10.Composição de linhas retas ortogonais assimétricas
11. Composição de linhas curvas preenchidas por traços

15. Cor da Pintura do Campo Primário


0. Ausente
1. Vermelha
2. Preta
3. Vermelha e Preta

16. Cor da Pintura do Campo Secundário


0. Ausente
1. Vermelha
2. Preta
3. Vermelha e Preta

17. Tipo da Decoração Plástica (Acromática):


0. Ausente
1. Corrugada
2.1 Ungulada
2.2 Pseudo-ungulada
3. Corrugada-Ungulada
4. Escovada
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

5. Acanelada
6. Incisa
7. Impressa
8. Entalhada na borda
9. Aplicada
10. Escovada e Entalhada na borda
11. Corrugada e Entalhada na borda
12. Ungulada e Entalhada na borda
13. Ungulada e Escovada

18. Forma da borda


1. Direta Vertical
2. Direta Inclinada Externa
3. Direta Inclinada Externa com Reforço Externo
4. Direta Inclinada Externa com Reforço Externo Duplo
5. Direta Inclinada Externa com Reforço Interno
6. Direta Inclinada Externa com Reforço Interno Longo
7. Direta Inclinada Externa com Reforço Interno e Externo
8. Direta Inclinada Externa Expandida
9. Direta Inclinada Interna
10. Direta Inclinada Interna com Lábio Extrovertido
11. Direta Inclinada Interna Expandida
12. Extrovertida
13. Extrovertida Vertical
14. Extrovertida com Ponto Angular
15. Carenada
16. Carenada com Reforço Interno Longo
17. Cambada
18. Contraída

19. Espessura Máxima da Borda: Medida com auxílio do paquímetro

20. Diâmetro da Borda: Medido com o auxilio de um ábaco

21. Porcentagem existente da Borda: De acordo com Rice (1987) tem como objetivo calcular o grau de confiabilidade
da medida do diâmetro e deve estar marcado no ábaco em intervalos de 5%.
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

22. Ângulo da borda


1. 0-30º
2. 30-60º
3. 60-90º
4. 90-120º
5. 120-150º
6. 150-180º

23. Tipo de lábio


1. Plano
2, Arredondado
3. Apontado
4. Biselado

24. Espessura do lábio: Medida com auxílio do paquímetro

25. Tipo da Base


1. Convexa
2. Côncava
3. Plana
4. Plano convexa (aplanada mas com ângulo entre 150 e 180º )
5. Em pedestal

26. Diâmetro da Base: tomado também com o auxilio do ábaco

27. Porcentagem existente da base: Também de acordo com Rice (1987)

28. Ângulo da Base


1. 0-30º
2. 30-60º
3. 60-90º
4. 90-120º
5. 120-150º
6. 150-180º
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

29. Estrutura Geral da Vasilha: definida como a orientação básica da vasilha, que pode ser:
1. Aberta: quando o diâmetro for igual ou maior que o diâmetro máximo;
2. Levemente restrita: quando o diâmetro da boca for um pouco menor que o diâmetro máximo. Nesse caso o acesso ao
interior da peca não é dificultado;
3. Fechada: quando o diâmetro da boca for menor que o diâmetro máximo, dificultando o acesso ao interior da vasilha.

30. Marcas de uso


1. Marcas abrasivas
2. Depósitos de carbono na superfície interna
3. Fuligem na superfície externa
4. Descamação da parte interna

Análise Qualitativa

Grupo Hipotético
1. Grupo 1: Bordas frequentemente reforçadas e que indicam formas abertas ou levemente restritas. A superfície interna
sempre apresenta pintura e/ou engobo branco. Os fragmentos com grafismos na superfície interna também podem ser
enquadrados nesse grupo.
2. Grupo 2: Bordas diretas inclinadas internamente que indicam formas fechadas e sempre apresentam pintura e/ou
engobo branco na superfície externa. Os ombros com grafismos e/ ou engobo branco na superfície externa podem estar
relacionados a esse grupo.
3. Grupo 3: Bordas que indicam formas fechadas com superfície externa alisada ou com decoração plástica
4. Grupo 4: Bordas que indicam formas abertas ou levemente restritas com superfície externa lisa ou, mais raramente,
com acabamento plástico.

Dimensões das vasilhas: de acordo com o Grupo Hipotético e com o Diâmetro da Boca
Grupo 1
1.1 Miniatura (Menor que 12cm)
1.2 Pequena (12-16cm)
1.3 Média (18-26cm)
1.4 Grande (28-38cm)
1.5 Extra Grande (42-54cm)
Grupo 2
2.1 Pequena (18-24cm)
2.2 Média (26-30cm)
2.3 Grande (Maior que 40cm)
Anexo 2: Atributos e Variáveis para Análise Cerâmica

Grupo 3
3.1 Miniatura (Menor que 12cm)
3.2 Pequena (12-16cm)
3.3 Média (18-30cm)
3.4 Grande (Maior que 30cm)
Grupo 4
4.1 Miniatura (Menor que 12cm)
4.2 Pequena (12-16cm)
4.3 Média (18-26cm)
4.4 Grande (28-38cm)
4.5 Extra Grande (Maior que 40cm)
A N EX O 3
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 34 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 342 Engobo

Local de Origem Área da antiga Estação Experimental de Biologia e Psicultura, Cachoeira de Emas Data da Coleta 1961. Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos) Localização da Decoração (Parte) Integral
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Sim Associação de decorações Decoração Mista

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugado, Acanelado e Escovado

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (3)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração

Traços de Manufatura A parte superior apresentou decoração corrugada e escovada, na parte mesial temos a
decoração escovada e canelada associada a áreas apenas alisadas e, a parte inferior
Superfície Interna: Alisado regular que deixou roletesbastante perceptíveis novamente o corrugado.
Superfície Externa: Acabamento plástico, marcas de queima

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 11-14

Morfologia da Borda Direta Inclinada Interna

Espessura Máx.Borda (mm) 14

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 11

Diâmetro da Boca (mm) 260

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletido

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 410

Altura total (mm) 520

Altura do maior diâmetro (mm) 310

Proporção (D;H) 0,5

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm) 150

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 34a ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 342 Engobo

Local de Origem Área da antiga Estação Experimental de Biologia e Psicultura, Cachoeira de Emas Data da Coleta 1961. Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos). Essa peça era a tampa da urna cujo número de catálogo é 34. Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugado

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugado espatulado

Superfície Interna: Alisado (?), desgaste acentuado

Superfície Externa: Acabamento Plástico

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 14-17

Morfologia da Borda Contraída

Espessura Máx.Borda (mm) 14

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 13

Diâmetro da Boca (mm) 600

Estrutura Geral Aberta

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 650

Altura total (mm) 315

Altura do maior diâmetro (mm) 270

Proporção (D;H) 1,90

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm) 150

Porcentagem existente base (%) 50

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 35 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 337 Engobo Externo branco e vermelho

Local de Origem Rua São Sebastião, Município de Porto Ferreira Data da Coleta 19/9/1957 Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos) Localização da Decoração (Parte) Ombros
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada Composição de linhas retas

Natureza da peça Parte inferior de vasilha Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Preta

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Banda vermelha com largura de 16 a 18 mm. Os campos primários são caracterizados
por composição de linhas retílineas que não conformam um motivo padronizado, essas
Superfície Interna: Barbotina linhas as vezes formam motivos escalonados. A espessura das linhas pretas varia entre
0.7 a 1.6 mm.
Superfície Externa: Engobo branco no ombro e vermelho na parte inferior, mais abaixo apenas alisamento ruim e marcas de queima

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 15

Morfologia da Borda

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 694

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm) 350

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm) 200

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Descamação
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 35a ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 337 Engobo

Local de Origem Rua São Sebastião, Município de Porto ferreira Data da Coleta 19/9/1957 Técnica Decorativa

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície)
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos). Essa peça era a tampa da urna cujo número de catálogo é 35. Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Sim Associação de decorações

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura

Superfície Interna: Barbotina

Superfície Externa: Alisamento

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 12-13

Morfologia da Borda Inclinada Interna

Espessura Máx.Borda (mm) 13

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 12

Diâmetro da Boca (mm) 540

Estrutura Geral Levemente restrita

Contorno do Corpo Infletido

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 600

Altura total (mm) 180

Altura do maior diâmetro (mm) 110

Proporção (D;H) 3

Morfologia da Base Aplanada

Diâmetro da Base (mm) 220

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Marcas abrasivas na borda ocasionadas pela ação de mexer alimentos. Depósitos de carbono no fundo.
Superfície Externa: Fuligem
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 36 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 343 Engobo Interno vermelho

Local de Origem Faz.Barra, Alicerce de uma vila de oficiais, Pirassununga Data da Coleta 1963. Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Ossos e dentes ) Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Sim Associação de decorações

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Parte inferior de vasilha Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (3)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugado complicado e digitado.

Superfície Interna: Engobo Vermelho

Superfície Externa: Acabamento Plástico

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 16-18

Morfologia da Borda

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletido

Contorno da Boca

Diämetro máximo (mm) 460

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm) 320

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm) 80

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa: Fuligem
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 37 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 344 Engobo

Local de Origem Estação Experimental de Biologia e Psicultura, Cachoeira de Emas Data da Coleta 1951 Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Ossos e dentes ) Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Sim Associação de decorações

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Parte inferior de vasilha Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (3)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugado Complicado

Superfície Interna: Banho

Superfície Externa: Acabamento plástico e manchas de queima

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 14

Morfologia da Borda

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletido

Contorno da Boca

Diämetro máximo (mm) 550

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm) 410

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Cônica

Diâmetro da Base (mm) 100

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 38 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 345 Engobo

Local de Origem Estação Experimental de Biologia e Psicultura, Cachoeira de Emas Data da Coleta 1951 Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (?) Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Não Associação de decorações

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Acanelada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (3)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura

Superfície Interna: Barbotina

Superfície Externa: Acabamento plástico, manchas de queima. A construção da vasilha apresenta morfologia bastante irregular.

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 12

Morfologia da Borda Direta Inclinada Interna

Espessura Máx.Borda (mm) 14

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 12

Diâmetro da Boca (mm) 240

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletido

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 345

Altura total (mm) 420

Altura do maior diâmetro (mm) 300

Proporção (D;H) 0,57

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm) 70

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 39 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 113 Engobo

Local de Origem EEBP - Pirassununga, distante uns 50 cm da casa onde mora Orlando Sinotti Data da Coleta 1944. Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos). Encontrada a 40 cm abaixo do solo, terrenos adjacentes sem vestígios. Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Sim Associação de decorações

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugado

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Em algumas partes temos corregado complicado e em outras corrugado espatulado

Superfície Interna: Alisada

Superfície Externa: Acabamento plástico, manchas de queima

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 15

Morfologia da Borda Direta Inclinada Interna

Espessura Máx.Borda (mm) 14

Morfologia do Lábio Arredondada

Espessura Lábio (mm) 12

Diâmetro da Boca (mm) 380

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletido

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 740

Altura total (mm) 810

Altura do maior diâmetro (mm) 520

Proporção (D;H) 0,46

Morfologia da Base Cônica

Diâmetro da Base (mm) 100

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 39a ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 113a Engobo

Local de Origem EEBP - Pirassununga, distante uns 50 cm da casa onde mora Orlando Sinotti Data da Coleta 1944. Técnica Decorativa

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície)
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Estrutura Funerária (Urna, Tampa e Ossos). Essa peça era a tampa da urna cujo número de catálogo é 39. Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Sim Associação de decorações

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1); Carvão (1)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura

Superfície Interna: Alisada

Superfície Externa: Alisada

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 10-15

Morfologia da Borda Contraída

Espessura Máx.Borda (mm) 15

Morfologia do Lábio Arredondada

Espessura Lábio (mm) 10

Diâmetro da Boca (mm) 700

Estrutura Geral Aberta

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 750

Altura total (mm) 350

Altura do maior diâmetro (mm) 305

Proporção (D;H) 2

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm) 110

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 40 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Manuel Pereira de Godoy No de Registro Local 25 Engobo

Local de Origem Cachoeira de Emas, Fazenda Elói Chaves Data da Coleta 09/1943. Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Manuel Pereira de Godoy Data do Registro dez/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Desconhecido Localização da Decoração (Parte) Borda
vestígios associados

Elementos de Cronologia Desconhecido Restauração Não Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia GODOY, M.P., Contribuição à História Natural de Pirassununga. Vol.1, Pirassununga, 1974. Tipo da Decoração Plástica Ungulado

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (3)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Ungulado não padronizado.

Superfície Interna: Alisada

Superfície Externa: Alisada , manchas pretas

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 9

Morfologia da Borda Contraída

Espessura Máx.Borda (mm) 10

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 9

Diâmetro da Boca (mm) 240 x 360

Estrutura Geral Levemente restrita

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Eliptíca

Diämetro máximo (mm) 420

Altura total (mm) 188

Altura do maior diâmetro (mm) 65

Proporção (D;H) 1,9

Morfologia da Base Plana

Diâmetro da Base (mm) 240 x 320

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Desgaste e depósito de carbono
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 41 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Edson Franco de Godoy No de Registro Local Sem registro Engobo Branco Interno/ Vermelho Externo

Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1979/80. Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador Luciana Pallestrini Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Interna
Coleta assistemática feita quando da construção da casa do Sr Edson Franco de Godoy, que contatou a pesquisadora Luciana Palestrini. A pesquisadora efetuou
Contexto Arqueológico/ Eventuais
escavações no local nos anos de 1979/80 e algumas peças foram deixadas com o proprietário. Posteriormente, na década de 1990, Morais também efetuou Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados pesquisas de salvamento no referido sítio.
Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do
Elementos de Cronologia presente (método do Carbono 14)
Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L.
Bibliografia Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica

Associação de linhas verticais e


DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada
horizontais

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Vermelha e Preta

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (2)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Banda vermelha com mais de 11mm de espessura, a parte inferior dessa banda vem
delimitada por linha preta (com 0.1-0.3mm de espessura). A uma distância que varia de
Superfície Interna: Engobo Branco 3-5mm dessa linha preta há outra linha, com mesmas características. Desse modo, a
banda e as respectivas linhas pretas assemelham-se a um “friso” de prato composto por
Superfície Externa: Aplicação de reboco e vestígios de engobo vermelho. Verifica-se alisamento por meio de seixo que deixou estrias evidentes de cerca de 7mm de espessura
uma faixa vermelha e duas linhas pretas.O campo principal é formado por linhas pretas
(efetuadas com o mesmo instrumento utilizado para as linhas que acompanham a
banda) que se entrecruzam formando retângulos irregulares (4-12mm x 2x8mm) que
INSERIR FIGURA C18 são preenchidos em vermelho formando um “xadrez”. Esse vermelho foi aplicado após o
desenho das linhas pretas e, algumas vezes, se sobrepõem a essas linhas, de modo que
Espessura da peça (mm) 9-12
parece ter sido executado com os dedos. Vale destacar que esse "xadrez" não é
padronizado.

Morfologia da Borda ausente

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm) 220 (incompleto)

Estrutura Geral Aberta

Contorno do Corpo Simples

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 220 (incompleto)

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm)

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Plana

Diâmetro da Base (mm) 90

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°) 150-180


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: É possível notar um desgaste por atrito na parte central da peça
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 42 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Edson Franco de Godoy No de Registro Local Sem registro Engobo Branco Interno/ Externo Vermelho

Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1979/80. Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador Luciana Pallestrini Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Interna
Coleta assistemática feita quando da construção da casa do Sr Edson Franco de Godoy, que contatou a pesquisadora Luciana Palestrini. A pesquisadora efetuou
Contexto Arqueológico/ Eventuais
escavações no local nos anos de 1979/80 e algumas peças foram deixadas com o proprietário. Posteriormente, na década de 1990, Morais também efetuou Localização da Decoração (Parte) Integral
vestígios associados pesquisas de salvamento no referido sítio.
Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do
Elementos de Cronologia presente (método do Carbono 14)
Restauração Não Associação de decorações Decoração Simples
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L.
Bibliografia Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica

Composição de linhas retas e


DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada
curvas

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Vermelha

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura O campo secundário é formado por linhas vermelhas oblíquas à borda sendo delimitado
na parte superior por uma faixa vermelha que corre no lábio da peça e na parte inferior
Superfície Interna: Engobo Branco por uma banda vermelha com cerca de 13 mm. O motivo principal é composto por uma
linha concêntrica, bastonetes ocorrem de modo não padronizado nessas linhas, que
Superfície Externa: Engobo Vermelho, manchas da queima
finalizam em uma figura central. As linhas vermelhas foram efetuadas com dois
instrumentos diferenciados e verificou-se a descontinuidade nas emendas da linha
concêntrica.
INSERIR FIGURA C18
Espessura da peça (mm) 7-9

Morfologia da Borda Direta Inclinada Externa

Espessura Máx.Borda (mm) 9

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 7

Diâmetro da Boca (mm) 150

Estrutura Geral Aberta

Contorno do Corpo Simples

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 150

Altura total (mm) 69

Altura do maior diâmetro (mm) 69

Proporção (D;H) 2,17

Morfologia da Base Plana em pedestal

Diâmetro da Base (mm) 86

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°) 150-180


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 43 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Coleção Edson Franco de Godoy No de Registro Local Sem registro Engobo Branco externo

Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1979/80. Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador Luciana Pallestrini Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa
Urna com sepultamento primário de adulto jovem. Coleta assistemática feita quando da construção da casa do Sr Edson Franco de Godoy, que contatou a
Contexto Arqueológico/ Eventuais
pesquisadora Luciana Palestrini. A pesquisadora efetuou escavações no local nos anos de 1979/80 e algumas peças foram deixadas com o proprietário. Localização da Decoração (Parte) Ombros
vestígios associados Posteriormente, na década de 1990, Morais também efetuou pesquisas de salvamento no referido sítio.
Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do
Elementos de Cronologia presente (método do Carbono 14)
Restauração Não Associação de decorações Decoração Simples
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L.
Bibliografia Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada Composição de linhas retílineas

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral Cor da Pintura: Preta

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Faixa vermelha sobre o lábio. As bandas que organizam os campos decorativos tem
largura de 18-20 mm, sendo possível notar que uma delas, pelo menos, apresenta-se
Superfície Interna: Alisado delimitada por linhas pretas. Os campos primários nos ombros são formados por motivos
retílineos escalonados com linhas entre 0.7 a 1.1 mm, chegando a 2mm nos pontos com
Superfície Externa: Engobo branco nos ombros e alisado na parte inferior, na qual é possível distinguir os roletes, manchas de queima.
acúmulo de tinta. É possível notar a continuidade das linhas entre os campos primários
de ombros diferenciados.

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 13-19

Morfologia da Borda Direta Inclinada Interna

Espessura Máx.Borda (mm) 13

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 11

Diâmetro da Boca (mm) 280

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 720

Altura total (mm) 680

Altura do maior diâmetro (mm) 320

Proporção (D;H) 0,41

Morfologia da Base Plano convexa

Diâmetro da Base (mm) 180

Porcentagem existente base (%) 70

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Desgaste acentuado na parte inferior (fermentação)
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 48 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo No de Registro Local Nº149 a 200; 204 Engobo Branco e Vermelho Externo

Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1992 Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador José Luiz de Morais Data do Registro jun/06 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais Estrutura funerária resgatada na Sondagem 5, durante os trabalhos de Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Mogi-guaçu , no início da década de
1990 (Morais 1995). Não foram encontrados vestígios ósseos preservados. A peça estava associada a uma tampa corrugada (ver peça 48a do Catálogo).
Localização da Decoração (Parte) Ombros
vestígios associados

Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do


Restauração: Sim. Remontagem e limpeza dos grafismos realizada
Elementos de Cronologia na Seção de Conservação e Restauro do Museu de Arqueologia e Associação de decorações Decoração Simples
presente (método do Carbono 14)
Etnologia da USP(Resp.:Gedley Belchior Braga)
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L. Salvamento
Bibliografia arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada Composição de linhas retílineas

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Preta

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Composição de linhas retilíneas escalonadas (falta terminar o calque para respectivo
detalhamento da decoração)
Superfície Interna: Barbotina

Superfície Externa: Engobo Branco no Ombro; Vermelho no início parte inferior

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 8-14

Morfologia da Borda Direta Inclinada Interna

Espessura Máx.Borda (mm) 13

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 8

Diâmetro da Boca (mm) 180 Foto: Wagner Souza e Silva (MAE/USP)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Composto


Foto: Wagner Souza e Silva (MAE/USP)

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 460 x 470

Altura total (mm) 398

Altura do maior diâmetro (mm) 204

Proporção (D;H) 0,45

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm) 200

Porcentagem existente base (%) 30


OBSERVAÇÃO: O lote de peças que compõe a vasilha é formado por 52
Ângulo base (°) fragmentos, alguns como a borda, não remontam.
TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Descamação
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 48a ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo No de Registro Local Ver Observação Engobo

Local de Origem Sítio Arqueológico Franco de Godoy Data da Coleta 1992 Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador José Luiz de Morais Data do Registro jun/06 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais Tampa da Estrutura funerária resgatada na Sondagem 5 (ver Peça 48 do Catálogo), durante os trabalhos de Salvamento arqueológico na área de influência da PCH
Mogi-guaçu , no início da década de 1990 (Morais 1995). Não foram encontrados vestígios ósseos preservados.
Localização da Decoração (Parte) Parte inferior do corpo
vestígios associados
Datação do sítio, efetuada no Instituto de Geociências da USP, em 1550 anos antes do
Elementos de Cronologia Restauração: Sim. Associação de decorações Decoração Dupla
presente (método do Carbono 14)
PALLESTRINI, L. Cerâmica há 1500 anos, Moji-Guaçu, São Paulo. Revista do Museu Paulista, MP/USP, São Paulo, 28: 1981/82, 115-129./ MORAIS, J. L.
Bibliografia Salvamento arqueológico na área de influência da PCH Moji-Guaçu. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, MAE-USP, São Paulo, 5: 1995, 77-98.
Tipo da Decoração Plástica Corrugada/ Nodulada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)

Queima 7 na parte superior; 5 na inferior Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugados assimétricos (complicados e espatulados) associados a nodulados -
pequenos núcleos de argila aplicados ou repuxados da parede da vasilha.
Superfície Interna: Alisado, verifica-se o alisamento com seixo que deixou estrias largas

Superfície Externa: Alisado na borda e na parte inferior acabamento plástico

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 13-15

Morfologia da Borda Contraída

Espessura Máx.Borda (mm) 16

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 11

Diâmetro da Boca (mm) 570


Foto: Wagner Souza e Silva (MAE/USP)
Foto: Wagner Souza e Silva (MAE/USP)

Estrutura Geral Levemente restrita

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm)

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm)

Proporção (D;H)

Morfologia da Base

Diâmetro da Base (mm)


OBSERVAÇÃO: O lote de peças que compõe a vasilha é formado por 62 peças
Porcentagem existente base (%) (Números de registro: 87 a 126; 128 a 130; 132 a 144; 145 a 148), algumas não
possibilitam remontagem.
Ângulo base (°)
TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 49 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo Interno Branco

Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa

Pesquisador Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície)

Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Restauração Sim Associação de decorações

Bibliografia Inédita Tipo da Decoração Plástica

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (3)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura

Superfície Interna: Engobo Branco

Superfície Externa: Alisado regular , manchas de queima

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 10-22

Morfologia da Borda Carenada

Espessura Máx.Borda (mm) 22

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 10

Diâmetro da Boca (mm) 580

Estrutura Geral Aberta

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 580

Altura total (mm) 130

Altura do maior diâmetro (mm) 130

Proporção (D;H) 4,46

Morfologia da Base Plano Convexa

Diâmetro da Base (mm) 180

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Marcas abrasivas na borda ocasionadas pela ação de mexer alimentos.
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 50 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo

Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia Peça Inédita Tipo da Decoração Plástica Corrugado

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (2)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugado complicado, corrugado espatulado e corrugado assimétrico

Superfície Interna: Alisado, sendo possível ver marcas da construção com roletes

Superfície Externa: Acabamento plástico e alisado regular

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 12-14

Morfologia da Borda Ausente

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletida

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 550

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm) 290

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm)

Porcentagem existente base (%)

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Depósitos de carbono associados à desgaste, principalmente na parte inferior
Superfície Externa: Fuligem
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 51 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo

Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia Peça Inédita Tipo da Decoração Plástica Corrugado

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (2); Caco-moído (3)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugado espatulado

Superfície Interna: Alisado regular, possível identificar roletes de 4cm de largura

Superfície Externa: Acabamento Plástico

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 10-17

Morfologia da Borda Ausente

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletida

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 700

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm) 420

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Convexa

Diâmetro da Base (mm) 140

Porcentagem existente base (%)

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Depósitos de carbono na parte superior e na altura do maior diâmetro associadas à descamação.
Superfície Externa: Fuligem padronizada em toda extensão da peça, parte exterior da base com coloração clara
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 52 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo Externo Branco/ Externo Vermelho

Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia Peça Inédita Tipo da Decoração Plástica

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Ombro e parte inferior de corpo Antiplástico Mineral Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Apenas vestígio da banda com cerca de 24 mm de largura.

Superfície Interna: Alisado regular

Superfície Externa: Engobo branco no ombro, barbotina na parte inferior associada a vestígios de engobo vermelho.

Espessura da peça (mm) 14

Morfologia da Borda Ausente

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Composta

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm)

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm)

Proporção (D;H)

Morfologia da Base

Diâmetro da Base (mm)

Porcentagem existente base (%)

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Descamação
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 53 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico e Pedagógico Dr. Sebastião José Pereira No de Registro Local Sem registro Engobo Externo Branco/ Externo Vermelho

Local de Origem Sítio Arqueológico Jardim Igaçaba Data da Coleta 1987 Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador Data do Registro mai/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita quando da implantação de um loteamento, em área de expansão urbana do município de Mogi-Guaçu. O referido sítio foi cadastrado
apenas em 1992, já completamente destruído (Morais 1995)
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados

Elementos de Cronologia Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia Peça Inédita Tipo da Decoração Plástica

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada Composição de motivos retílineos

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Preta

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (3); Caco-moído (2)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 2 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura As bandas vermelhas que organizam os campos decorativos e marcam os pontos de
inflexão tem entre 14 e 22 mm. Os campos primários apresentam composições de linhas
Superfície Interna: Alisado retílineas pretas com espessuras entre 0.8 e 1.1 mm. Essas composições apresnetam
em algumas partes motivos escalonados e, em outras, linhas oblíquas.
Superfície Externa: Engobo branco nos ombros e engobo vermelho na parte inferior, manchas negras

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 19-23

Morfologia da Borda Ausente

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 720

Altura total (mm) Maior que 610

Altura do maior diâmetro (mm) 280

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Plano convexa

Diâmetro da Base (mm) 200

Porcentagem existente base (%) 60

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Descamação
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 54 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico Alaur da Mata - São Simão No de Registro Local JC 1 Engobo

Local de Origem Município de Luis Antônio, São Paulo Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Data do Registro mar/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa


Estrutura funerária ( ossos associados). Peça encontrada por Alaur da Mata no município de Luis Antônio. Posteriormente Alaur da Mata comunicou seus achados à
Contexto Arqueológico/ Eventuais
Solange Caldarelli, que cadastrou 4 sítios no referido município: Córrego do Canavial, Monjolo, Bom Retiro e Ribeira. Alaur indicou que dentre as urnas por ele Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados coletadas, duas pertenciam ao local registrado como sítio Ribeira, mas não sabemos quais das urnas estão diretamente relacionadas a esse sítio.
Dos sítios localizados em Luis Antônio, o Sítio Bom Retiro é o único datado até o momento, a
Elementos de Cronologia datação efetuada pelo método da termoluminescência, em 924 anos BP (Instituto de Física da Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples
USP)

Bibliografia CALDARELLI, S.B. Aldeias tupiguarani no vale do rio Mogi-Guaçu, Estado de São Paulo. Revista de Pré-História, IPH-USP, São Paulo, 5: 1983, 37-124. Tipo da Decoração Plástica Corrugada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugado espatulado

Superfície Interna: Alisado, roletes bastante nitídos, com 2cm de largura desde a base

Superfície Externa: Acabamento plástico

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 15

Morfologia da Borda Ausente

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletida

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 550

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm)

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Cônica

Diâmetro da Base (mm)

Porcentagem existente base (%)

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Depósitos de carbono
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 55 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico Alaur da Mata - São Simão No de Registro Local JC 3 Engobo

Local de Origem Município de Luis Antônio, São Paulo Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Data do Registro mar/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa


Estrutura funerária. Peça encontrada por Alaur da Mata no município de Luis Antônio. Posteriormente Alaur da Mata comunicou seus achados à Solange Caldarelli,
Contexto Arqueológico/ Eventuais
que cadastrou 4 sítios no referido município: Córrego do Canavial, Monjolo, Bom Retiro e Ribeira. Alaur indicou que dentre as urnas por ele coletadas, duas Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados pertenciam ao local registrado como sítio Ribeira, mas não sabemos quais das urnas estão diretamente relacionadas a esse sítio.
Dos sítios localizados em Luis Antônio, o Sítio Bom Retiro é o único datado até o momento, a
Elementos de Cronologia datação efetuada pelo método da termoluminescência, em 924 anos BP (Instituto de Física da Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples
USP)

Bibliografia CALDARELLI, S.B. Aldeias tupiguarani no vale do rio Mogi-Guaçu, Estado de São Paulo. Revista de Pré-História, IPH-USP, São Paulo, 5: 1983, 37-124. Tipo da Decoração Plástica Corrugada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugado complicado

Superfície Interna: Alisado com desgaste acentuado

Superfície Externa: Acabamento plástico

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 14

Morfologia da Borda Direta inclinada interna

Espessura Máx.Borda (mm) 14

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 12

Diâmetro da Boca (mm) 320

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletida

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 580

Altura total (mm) 600

Altura do maior diâmetro (mm) 400

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Côncava

Diâmetro da Base (mm) 80

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Depósitos de carbono e descamação acentuada (fermentação)
Superfície Externa: Fuligem padronizada na altura do maior diâmetro
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 56 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico Alaur da Mata - São Simão No de Registro Local JC 2 Engobo

Local de Origem Município de Luis Antônio, São Paulo Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Data do Registro mar/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa


Estrutura funerária ( ossos e dentes associados). Peça encontrada por Alaur da Mata no município de Luis Antônio. Posteriormente Alaur da Mata comunicou seus
Contexto Arqueológico/ Eventuais
achados à Solange Caldarelli, que cadastrou 4 sítios no referido município: Córrego do Canavial, Monjolo, Bom Retiro e Ribeira. Alaur indicou que dentre as urnas por Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados ele coletadas, duas pertenciam ao local registrado como sítio Ribeira, mas não sabemos quais das urnas estão diretamente relacionadas a esse sítio.
Dos sítios localizados em Luis Antônio, o Sítio Bom Retiro é o único datado até o momento, a
Elementos de Cronologia datação efetuada pelo método da termoluminescência, em 924 anos BP (Instituto de Física da Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples
USP)

Bibliografia CALDARELLI, S.B. Aldeias tupiguarani no vale do rio Mogi-Guaçu, Estado de São Paulo. Revista de Pré-História, IPH-USP, São Paulo, 5: 1983, 37-124. Tipo da Decoração Plástica Corrugada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Corrugado Complicado

Superfície Interna: Alisado, marcas de roletes e de alisamento por seixos

Superfície Externa: Acabamento plástico, manchas de queima

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 11

Morfologia da Borda Ausente

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletida

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 450

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm)

Proporção (D;H)

Morfologia da Base Côncava

Diâmetro da Base (mm) 80

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 57 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Histórico Alaur da Mata - São Simão No de Registro Local Sem registro Engobo

Local de Origem Município de São Simão, São Paulo Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Data do Registro mar/05 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais Coleta assistemática feita por moradores da região. Segundo o Luis Antônio Nogueira, atual diretor do museu, essa peça (assim como outros
Localização da Decoração (Parte)
vestígios associados fragmentos associados a ele) foram coletados em "uma fazenda do município".

Elementos de Cronologia Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia Peça Inédita Tipo da Decoração Plástica Ungulada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)

Queima 1 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Ungulado não padronizado

Superfície Interna: Banho

Superfície Externa: Alisado e acabamento plástico na parte superior

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 4-10

Morfologia da Borda Cambada

Espessura Máx.Borda (mm) 9

Morfologia do Lábio Apontado

Espessura Lábio (mm) 5

Diâmetro da Boca (mm) 130

Estrutura Geral Aberta

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 140

Altura total (mm) 85

Altura do maior diâmetro (mm) 40

Proporção (D;H) 1,53

Morfologia da Base Plana

Diâmetro da Base (mm) 68

Porcentagem existente base (%) 100

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa: Fuligem padronizada
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 58 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo No de Registro Local Ver Observação Engobo Branco Externo/ Vermelho Externo

Local de Origem Sítio Lambari II, Município de Casa Branca Data da Coleta 2002 Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador Marisa Coutinho Afonso Data do Registro jun/06 Localização da Decoração (Superfície) Externa
O sítio Lambari II foi pesquisado durante o “Resgate Arqueológico dos Sítios Água Branca, Lambari I e Lambari II, Municípios de Casa Branca e Mococa - SP”,
Contexto Arqueológico/ Eventuais
desenvolvido por Afonso (2002), no âmbito da duplicação da Rodovia SP-340. Essa peça foi coletada em uma área de escavação de 2,00 x 1,50 m, chegando a 50 Localização da Decoração (Parte) Borda, Ombro e Colo
vestígios associados cm de profundidade.
Foi efetuada, até o momento, uma datação para o sítio, apresentando o resultado de
Elementos de Cronologia 1085+130 anos AP (termoluminescência)
Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples
AFONSO, M.C. Resgate arqueológico dos sítios Água Branca, Lambari I e Lambari II (Municípios de Casa Branca e Mococa, SP). Relatório Final. Museu de
Bibliografia Arqueologia e Etnologia /USP, São Paulo, SP: 2001./ MORAES, C.A. Reexaminando a “Tradição Tupiguarani” no Nordeste do Estado de São Paulo. Anais do XIII Tipo da Decoração Plástica
Congresso de Arqueologia Brasileira Anais do XIII Congresso de Arqueologia Brasileira, Campo Grande, 2005.

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada Composição de linhas retílineas

Natureza da peça Borda, Ombro e Colo Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (2)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura As linhas pretas tem espessuras de 0.4 a 0.8 mm, formam motivos retílineos, mas não
se soprepõe. Nos pontos de encontro dessas linhas temos tintas pretas aplicadas, essas
Superfície Interna: Barbotina são mais espessas que as linhas (elementos de reforço?), formando até mesmo um alto
relevo na superfície da peça. Não conseguimos distinguir se esses "elementos de
Superfície Externa: Engobo Branco e Vermelho
reforço" foram aplicados quando da construção da peça ou posteriormnete, revelando
uma atividade de manutenção.

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 13-27

Direta Inclinada Interna


Morfologia da Borda
Expandida
Espessura Máx.Borda (mm) 25

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 13

Diâmetro da Boca (mm) 460

Foto: Wagner Souza e Silva (MAE/USP)


Foto: Wagner Souza e Silva (MAE/USP)

Estrutura Geral Fechada Reconstituição hipotética


Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm)

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm)

Proporção (D;H)

Morfologia da Base

Diâmetro da Base (mm)


OBSERVAÇÃO: O lote de peças que compõe a vasilha é formado por 687
Porcentagem existente base (%) fragmentos, o processo de remontagem ainda está em andamento. A forma da peça
é ainda desconhecida, a reconstituição ao lado é uma das possibilidades da forma
Ângulo base (°) original.
TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Descamação
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 60 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Municipal Elisabeth Aytai - Monte Mor No de Registro Local Mum 286-1989 Engobo

Local de Origem Sítio Rage Maluf, Monte Mor Data da Coleta 1973 Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Desidério Aytai Data do Registro nov/04 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais Peça coletada durante escavações realizadas pelo pesquisador no sítio Rage Maluf. Documentação aponta que essa urna era acompanhada
Localização da Decoração (Parte) Integral
vestígios associados por tampa pintada e apresentou 5 dentes humanos em seu interior.
Cerca de 800 anos antes do presente (Método da Termoluminescência, executada pelo
Elementos de Cronologia Instituto de Fisíca da USP)
Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia MYASAKI, N. & AYTAI, D. A aldeia pré-histórica de Monte Mor. Publicação Avulsa da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas: 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico ____ Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) ____

Queima Frequência Antiplástico (%) ____ Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura

Superfície Interna: Alisado

Superfície Externa: Acabamento Plástico

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 13-15

Morfologia da Borda Direta Inclinada Interna

Espessura Máx.Borda (mm) 14

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 13

Diâmetro da Boca (mm) 290

Estrutura Geral Fechada

Contorno do Corpo Infletido

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 530

Altura total (mm) 650

Altura do maior diâmetro (mm) 350

Proporção (D;H) 0,45

Morfologia da Base Cônica

Diâmetro da Base (mm)

Porcentagem existente base (%)

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Descamação
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 61 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Municipal Elisabeth Aytai - Monte Mor No de Registro Local Mum 621 Engobo Branco Interno

Local de Origem Sítio Rage Maluf, Monte Mor Data da Coleta Técnica Decorativa Pintada

Pesquisador Desidério Aytai Data do Registro nov/04 Localização da Decoração (Superfície) Interna

Contexto Arqueológico/ Eventuais


Peça coletada durante escavações realizadas pelo pesquisador no sítio Rage Maluf como tampa de urna funerária. Localização da Decoração (Parte) Integral
vestígios associados
Cerca de 800 anos antes do presente (Método da Termoluminescência, executada pelo
Elementos de Cronologia Instituto de Fisíca da USP)
Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia MYASAKI, N. & AYTAI, D. A aldeia pré-histórica de Monte Mor. Publicação Avulsa da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas: 1974. Tipo da Decoração Plástica

Composição de linhas retas e


DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada
curvas

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura: Preta

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)

Queima 3 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura Campo secundário: bastonetes de 1 mm de espessura, feitos de baixo para cima, a
distância entre os bastonetes é de 4 a 7 mm. Banda: vermelha com 17 a 19 mm de
Superfície Interna: Engobo Branco largura delimitada na parte inferior por linha preta com 0.1mm Campo Primário: Pouco
visível, formado por associação de linhas curvas muito refinadas (0.1mm)
Superfície Externa: Alisado com seixo (estrias largas de 4mm).

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 16-35

Morfologia da Borda Carenada

Espessura Máx.Borda (mm) 35

Morfologia do Lábio Arredondado

Espessura Lábio (mm) 12

Diâmetro da Boca (mm) 520

Estrutura Geral Aberta

Contorno do Corpo Composto

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 520

Altura total (mm) 165

Altura do maior diâmetro (mm) 165

Proporção (D;H) 3,15

Morfologia da Base

Diâmetro da Base (mm)

Porcentagem existente base (%)

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna: Marcas abrasivas no lábio e na parte central da peça
Superfície Externa:
Anexo 3: Catálogo de Coleções Tupiguarani no Nordeste do Estado de São Paulo

DADOS CADASTRAIS No CATALOGO 62 ASPECTOS DECORATIVOS

Instituição Museu Municipal Elisabeth Aytai - Monte Mor No de Registro Local Sem registro Engobo

Local de Origem Sítio Rage Maluf, Monte Mor Data da Coleta Técnica Decorativa Plástica

Pesquisador Desidério Aytai Data do Registro nov/04 Localização da Decoração (Superfície) Externa

Contexto Arqueológico/ Eventuais


Peça coletada durante escavações realizadas pelo pesquisador no sítio Rage Maluf. Localização da Decoração (Parte) Integral
vestígios associados
Cerca de 800 anos antes do presente (Método da Termoluminescência, executada pelo
Elementos de Cronologia Instituto de Fisíca da USP)
Restauração Sim Associação de decorações Decoração Simples

Bibliografia MYASAKI, N. & AYTAI, D. A aldeia pré-histórica de Monte Mor. Publicação Avulsa da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas: 1974. Tipo da Decoração Plástica Corrugada

DADOS TECNO-MORFOLÓGICOS Tipo da Decoração Pintada

Natureza da peça Forma Completa Antiplástico Mineral; Caco-moído Cor da Pintura:

Técnica de Manufatura Acordelada Espessura Antiplástico (mm) Mineral (1); Caco-moído (1)

Queima 7 Frequência Antiplástico (%) 1 Detalhamento da Decoração


Traços de Manufatura

Superfície Interna: Alisado

Superfície Externa: Acabamento Plástico

INSERIR FIGURA C18


Espessura da peça (mm) 14

Morfologia da Borda Ausente

Espessura Máx.Borda (mm)

Morfologia do Lábio

Espessura Lábio (mm)

Diâmetro da Boca (mm)

Estrutura Geral Fechada (?)

Contorno do Corpo Infletido (?)

Contorno da Boca Circular

Diämetro máximo (mm) 440

Altura total (mm)

Altura do maior diâmetro (mm)

Proporção (D;H)

Morfologia da Base

Diâmetro da Base (mm)

Porcentagem existente base (%)

Ângulo base (°)


TRAÇOS DE USO
Superfície Interna:
Superfície Externa:

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