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3- TECNOLOGIA E ENVELHECIMENTO ATIVO NA POPULAÇÃO

O complexo fenómeno do envelhecimento, analisado ao longo desta revisão

bibliográfica acarreta como vimos inúmeras mudanças. Ao nível das sociedades, ele

produz impacto nas instituições políticas, sociais e económicas, ao nível individual o

envelhecimento altera mecanismos, comportamentos, papéis sociais, status e atitudes

(Saranummi, et al., 1996).

Todas estas mudanças que temos vindo a assistir, sobretudo, ao longo das últimas

décadas, representam desafios significativos que, tanto governos, organizações

internacionais como os próprios cidadãos terão de enfrentar, e encontrar uma

estratégia global (Comissão das Comunidades Europeias, 2006).

No seguimento do actual paradigma do envelhecimento (envelhecimento activo),

definido de forma mais clara após a II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento,

em 2002, prevê-se que a recuperação de conhecimentos prévios e a utilização de

tecnologias e recursos externos sejam capazes de minimizar o impacto do processo do

envelhecimento sobre o indivíduo e a sociedade (Gonçalves, et al. 2006, p. 138). O

potencial oferecido pelas novas tecnologias, sobretudo, pelas Tecnologias da

Informação e Comunicação(TIC) é, cada vez mais, encarado pelos decisores, como

um caminho possível e viável na resolução destes desafios, que merece cada vez mais

a sua atenção (Comissão Europeia, 20101).

Tal como foi sugerido pela União Europeia no seu programa “Envelhecer bem na

sociedade da informação” integrado na iniciativa i20102 (2007), “as TIC podem ajudar

os idosos a melhorar a sua qualidade de vida, a manterem-se mais saudáveis e a

viverem autonomamente por mais tempo (…) as TIC também permitem que os idosos

se mantenham ativos no trabalho ou na comunidade a que pertencem. A sua experiência e


competências acumuladas são uma mais-valia, especialmente na sociedade do conhecimento”.

1
ICT & Ageing, European Study on Users, Markets and Technologies, Compilation Report on Ethical
Issues, Empirica, 2010;

2
Esta iniciativa desenvolvida pela União Europeia, é acompanhado de um novo programa de
investigação sobre tecnologias de informação e comunicação, destinadas a melhorar a vida das pessoas
idosas em casa, no local de trabalho e na sociedade em geral. Estas novas iniciativas da União Europeia
ajudarão os europeus mais idosos a manterem-se ativos e a viverem com autonomia durante mais
tempo (Comissão das Comunidades Europeias, 2007).
Esta iniciativa sugere que as necessidades dos mais velhos devam ser abordadas

relativamente à tecnologia, em três aspectos essenciais:

1) “Envelhecer bem no trabalho: permanecer activo e produtivo por mais tempo, com

melhor qualidade de trabalho e equilíbrio entre o trabalho e a vida privada com a

ajuda de TIC de fácil acesso, de práticas inovadoras para locais de trabalho

adaptáveis e flexíveis, de aptidões e competências TIC (competências digitais) e de

uma aprendizagem assistida pelas TIC (aprendizagem em linha)”;

2) “Envelhecer bem na comunidade: permanecer socialmente activo e criativo,

através de soluções tecnológicas para a criação de redes sociais, bem como do

acesso aos serviços públicos e comerciais, melhorando assim a qualidade de vida e

reduzindo o isolamento social (um dos principais problemas dos idosos nas zonas

rurais, nas zonas com pequena densidade populacional e ainda nas zonas urbanas

em que o apoio familiar é limitado)”;

3) “Envelhecer bem em casa: gozar de uma vida mais saudável e de uma qualidade de

vida quotidiana mais elevada por mais tempo, assistida pela tecnologia, mantendo

simultaneamente um grau elevado de independência, autonomia e dignidade”.


Figura 1.Gama de Tecnologias que podem ajudar a satisfazer as necessidades dos idosos em diferentes aspetos das
suas vidas

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
 Comissão das Comunidades Europeias (2006). “O futuro demográfico da Europa: transformar um
desafio em oportunidade”. Comunicação da Comissão. Bruxelas.
 Comissão Europeia (2010). “ICT & Ageing, European Study on Users, Markets and Technologies”.
Compilation Report on Ethical Issues, Empirica.
 Gonçalves, D., et al. (2006). “Promoção da qualidade de vida dos idosos portugueses através da
continuidade de tarefas produtivas”. Psicologia, Saúde e Doenças. 7 (1), 137-143
 Saranummi, N., Kivisaari, S., Sarkikosk, T., Graafmans, J. (1996). “Ageing & Technology State of
Art”. VTT Group of Technology Studies Filand. Prepared for the Institute for Prospective
Technological Studies. Europeen Commision – JRC
3.1 – Gerontecnologia
Ao longo dos últimos anos, muitos tem sido os interessados em aplicar os seus

conhecimentos na problemática do envelhecimento, no sentido de resolver problemas

graves, como por exemplo, de habitação e cuidados de saúde com idosos. Contudo,

durante muito tempo não existiu um movimento concertado, com o objectivo de

pensar a tecnologia como suporte para este tipo de problemas (Graafmans e Taipale,

1998).

Em 1989 surge, por fim, na Holanda, pela mão de Jan Graafmans a base formal da

Gerontecnologia. Esta nova disciplina veio colmatar esta lacuna, representando o


estudo do processo e necessidades provenientes do envelhecimento, através da

procura de soluções na tecnologia para melhorar a vida quotidiana dos idosos (Op.

Cit).

O termo gerontecnologia é composto por duas palavras: a “Gerontologia” que significa

estudo científico do envelhecimento, e “tecnologia” que consiste na pesquisa e


desenvolvimento de técnicas, sistemas e produtos (Saranummi, et al., 1996, p. 8).

Esta nova disciplina compreende assim, o estudo multidisciplinar do envelhecimento e da

tecnologia, com o objectivo de adaptar os ambientes nos quais vivem e trabalham os

idosos, de forma a garantir que estes tenham saúde, participação social plena e uma

vida independente durante o máximo de tempo possível (Harrington e Harrington,

2000).

O principal fundamento desta disciplina é estudar a interacção entre estas duas

realidades. O envelhecimento é estudado sob o ponto de vista da sua vivência numa

sociedade tecnologicamente dinâmica, sendo que para os mais velhos a tecnologia não

é um fim em si mesma, mas um meio para alcançar uma vida melhor. A tecnologia, por

seu lado, é estudada do ponto de vista das suas potencialidades para melhorar a vida

das pessoas idosas, e facilitar a sua participação social como cidadãos de pleno direito

(Bouma, et al. 2007).

De acordo com Saranummi, et al. (1996) a Gerontecnologia compreende três grandes

questões:

 Quais os objectivos da utilização de determinada tecnologia? Poderá ser para

prevenção, aperfeiçoamento, compensação, aquisição de serviços, pesquisa sobre o

envelhecimento;

 Que necessidades essa tecnologia está a satisfazer? Poderão ser necessidades

relativas à mobilidade e capacidades físicas, necessidades mentais e de

comunicação, protecção e segurança, cuidados de saúde e nutrição, educação e

recreação;
 Quais as soluções tecnológicas desenvolvidas para satisfazer as necessidades acima

descritas? Soluções ligadas ao desenvolvimento dos transportes e robótica,

tecnologias da informação e comunicação, construção, móveis e electrodomésticos,

saúde e bem-estar, tecnologias alimentares, tecnologias ligadas às actividades de

lazer/hobbies e tecnologias de assistência.

A actividade da Gerontecnologia tem como principais objectivo:

 A prevenção dos efeitos da idade, causados pelas limitações funcionais naturais


(prevenir antes do iniciar das dificuldades);
 A compensação da diminuição das dificuldades, através de mudanças no ambiente onde
o idoso está inserido;
 Redefinição de tarefas a curto e longo prazo;
 A criação de mais e novas oportunidades decorrentes durante a idade da velhice;
 Mais e melhor investigação sobre a temática do envelhecimento como, por exemplo, a
monitorização das funções exercidas e análise de tarefas e, o apoio aos prestadores de
cuidados aos idosos, através da criação de produtos e ambientes que favoreçam a
prestação da assistência necessária (Fozard e Heikkinen, 1998).

Os efeitos do passar da idade reflectem-se naturalmente na percepção, cognição,

desempenho motor, e nas formas e dimensões do próprio corpo do ser humano.

Conhecer e perceber estas alterações é importante para a pesquisa, desenvolvimento

e design de tecnologias, para que posteriormente possam ser utilizadas e proporcionar

melhor qualidade de vida aos idosos (Rogers, et al. 2005).

Os mesmos autores referem que, o desenvolvimento de tecnologias direccionadas

para este segmento da população deve ter em atenção que estas alterações variam de

indivíduo para indivíduo (ocorrem a ritmos diferentes), levando à necessidade de

execução de teste de utilização no seu público-alvo; que a maioria destas mudanças é

gradual (muitos idosos desenvolvem estratégias compensatórias destas perdas); que

muitas destas capacidades permanecem intactas, ou inclusive melhoram com a idade,

como pode ser o caso da memória semântica; e que, com formação adequada, os

idosos podem mesmo aprender novos comportamentos.


É fundamental, incluir no desenvolvimento de tecnologia, para além de técnicas e

métodos de design, o estudo dos factores humanos, bem como no desenvolvimento

de material didáctico e programas de formação para ensinar os idosos a trabalhar com

os sistemas desenvolvidos (Op. Cit).

Para que esta ligação entre envelhecimento e tecnologia seja efectivamente bem

sucedida, ela deve ser encarada como um esforço colaborativo entre o ser humano e o

sistema tecnológico, pois tanto as características humanas como o design e

características técnicas do sistema influenciam o sucesso desta interacção.

Da perspectiva do ser humano ter em consideração factores, como o conhecimento,

capacidades, e outras características como crenças, auto-confiança, experiência com

determinada tecnologia, necessidades percebidas e reais, é fundamental (Figura 2 ). Da

perspectiva do sistema tecnológico é crucial ter em linha de conta factores inerentes

ao próprio sistema, como os seus interfaces de interacção, a fiabilidade, capacidade de

resposta e feedback (Rogers, et al., 2005).


Figura 2. Factores humanos e técnicos que contribuem para o sucesso do sistema colaborativo entre

O estudo dos factores humanos na concepção da tecnologia constitui uma abordagem

multidisciplinar que coloca o utilizador no centro do processo, com o objectivo de

desenvolver interacções seguras e eficazes entre o sistema tecnológico e o utilizador.

Esta abordagem contém ferramentas e técnicas que contribuem para o aumento da

probabilidade dos sistemas tecnológicos projectados serem efectivamente utilizados e,

atenderem às necessidades dos utilizadores. Do lado dos utilizadores, estes devem ser

capazes de utilizar a tecnologia eficazmente (com recurso a sistemas de ajuda como

manuais e instruções). Estas técnicas interactivas com o foco no utilizador fornecem

garantias de que os sistemas tecnológicos possam ser efectivamente utilizados (Pew e

Van Hemel, 2003).


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

 Graafmans, J., Taipale, V. (1998). “Gerontechnology, A Sustainable Investment in the


Future”, (in Graafmans, J., Taipale, V., Charness, N. (Ed.): Gerontechnology, A
Sustainable Investment in the Future). Studies in Health Technology and Informatics,
IOS Press, Vol. 48.
 Harrington, T. L., Harrington, M. R. (2000). “Gerontechnology, Why and How”. Shaker
Publishing B.V. Eindhoven, Netherlands
 Fozard, J. L., Heikkinen, E. (1998). “Maintaining Movement Ability in Old Age:
Challenges for Gerontechnology” (in Graafmans, J.; Taipale, V.; Charness, N. (Ed.):
Gerontechnology, A Sustainable Investment in the Future). Studies in Health
Technology and Informatics, IOS Press, Vol. 48.
 Saranummi, N., Kivisaari, S., Sarkikosk, T., Graafmans, J. (1996). “Ageing & Technology
State of Art”. VTT Group of Technology Studies Filand. Prepared for the Institute for
Prospective Technological Studies. Europeen Commision – JRC.
 Rogers, W. A., Stronge, A. J., Fisk, A. D. (2005). “Technology and Aging” (in Raymond S.
Nickerson (Ed.) Reviews of Human Factors and Ergonomics). Vol. 1, 130-171
 Bouma, H., et al. (2007). “Gerontechnology in perspective”. Review Gerontechnology,
Vol. 6, N. 4, 190-216.
 Pew, R. W., Van Hemel S. B., (Ed.) (2003). “Technology for adaptive aging”. Committee
for the Workshop on Technology for Adaptive Aging. Board on Behavioral, Cognitive,
and Sensory Sciences Division of Behavioral and Social Sciences and Education. The
National Academies Press, Washington, D.C.

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