Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
AULA
Matriz extracelular:
as proteínas da matriz
objetivos
Pré-requisitos
Aulas 7, 8, 16 e 17
de Biologia Celular I
e Aulas 6 e 7 de
Biologia Celular II.
BIOLOGIA CELULAR II | Matriz extracelular: as proteínas da matriz
INTRODUÇÃO Vimos na aula anterior que, longe de ser uma gelatina de preenchimento, a
matriz extracelular é uma estrutura complexa, capaz de conferir resistência
e elasticidade aos tecidos. Enquanto o gel formado pela hidratação das
GAGs e das proteoglicanas é extremamente resistente à compressão, as
proteínas fibrosas de sua composição são responsáveis pela elasticidade
e resistência à tensão da matriz. As principais proteínas fibrosas da matriz
são os colágenos e a elastina.
OS COLÁGENOS
Figura 8.1: (a) Cada uma das três cadeias a Cadeia peptídica
alfa de colágeno possui moléculas de glicina alfa de colágeno
regularmente distribuídas. A conformação
dessas cadeias alfa favorece o encaixe,
de modo a formar a tripla hélice (b) Tripla hélice de cadeias
120 C E D E R J
MÓDULO 2
8
10-300nm Fibrila colágena
AULA
1,5nm Molécula de colágeno
C E D E R J 121
BIOLOGIA CELULAR II | Matriz extracelular: as proteínas da matriz
!
RECORDAR E COMPARAR
122 C E D E R J
MÓDULO 2
A Tabela 8.1 sintetiza as principais características dos
8
colágenos mais conhecidos. Mutações que afetem qualquer um
AULA
dos tipos de colágeno causam graves malformações em seus
portadores (veja o boxe).
Tabela 8.1: Tipos de colágenos, suas propriedades e localização.
C E D E R J 123
BIOLOGIA CELULAR II | Matriz extracelular: as proteínas da matriz
AS DOENÇAS DO COLÁGENO
124 C E D E R J
MÓDULO 2
COMO OS COLÁGENOS SÃO SINTETIZADOS
8
E SECRETADOS?
AULA
As cadeias polipeptídicas que formam o colágeno são chamadas
cadeias pró-α e são sintetizadas separadamente umas das outras no
retículo endoplasmático rugoso. Cada cadeia pró-α combina-se com
outras duas, formando uma molécula helicoidal chamada pró-colágeno.
As moléculas de pró-colágeno possuem uma seqüência chamada pró-
peptídeo, que impede que as fibrilas se formem ainda dentro da célula,
o que seria desastroso. O pró-colágeno é transportado em vesículas
secretoras para o meio extracelular, onde os pró-peptídeos serão clivados.
O colágeno é uma proteína hidrofóbica, o que facilita a sua agregação
espontânea, dando origem a fibrilas e fibras colágenas.
Parece complicado? Realmente a síntese de colágeno é um
pouco complexa e utiliza uma série de enzimas, mas não é nada muito
diferente do que você aprendeu nas aulas de retículo endoplasmático e
complexo de Golgi, de Biologia Celular I. O processo está todo resumido
e esquematizado na Figura 8.6.
2
COOH
3
0.5-3µm
10-300
6 nm
5
Figura 8.6: O colágeno é formado por três cadeias polipeptídicas que se entrelaçam e formam uma
estrutura em tripla hélice no interior do RE. Contudo, a célula não forma essa estrutura de uma vez,
ela sintetiza por partes: (1) a célula sintetiza cada cadeia separadamente no RE; (2) cada cadeia recebe
hidroxilas e resíduos de oligossacarídeos; (3) ainda no RE essas cadeias se entrelaçam, formando a tripla hélice
de pró-colágenos; (4) esse pró-colágeno é transportado em vesículas secretoras para o complexo de Golgi;
(5) os pró-colágenos são liberados para o meio extracelular, tendo os pró-peptídeos clivados; (6) passando a
se associar uns aos outros, formando as fibrilas de colágenos, que, por sua vez (7), agregam-se e formam as
fibras de colágenos. O empacotamento das moléculas apresenta estriações a intervalos regulares de 67nm.
C E D E R J 125
BIOLOGIA CELULAR II | Matriz extracelular: as proteínas da matriz
126 C E D E R J
MÓDULO 2
As fibras elásticas não são compostas somente por elastina.
8
O cerne de elastina é coberto por uma bainha de microfibrilas. As
AULA
microfibrilas são compostas por glicoproteínas diferentes, incluindo a
fibrilina. Mutações na fibrilina acarretam a síndrome de Marfan, que
é relativamente comum em humanos e afeta o tecido conjuntivo. Nos
casos mais graves a aorta chega a romper-se, pois a parede da aorta é
cheia de elastina. As microfibrilas parecem ser importantes na montagem
das fibras elásticas.
Auto associação
Ligação de
colágeno
Ligação a
células
C E D E R J 127
BIOLOGIA CELULAR II | Matriz extracelular: as proteínas da matriz
LÂMINA BASAL
128 C E D E R J
MÓDULO 2
O papel das lâminas basais não se limita ao revestimento da
8
superfície basal dos epitélios e dos outros tipos celulares mencionados.
AULA
A lâmina basal determina a polaridade celular, influencia o metabolismo
celular e organiza proteínas em membranas plasmáticas adjacentes,
atuando na migração e diferenciação celular.
Lâmina basal Matriz
Músculo
Epitélio
É comum nos referirmos aos rins como os órgãos que filtram o sangue, retirando
dele moléculas que serão eliminadas através da urina. Essa filtração ocorre em estruturas
chamadas glomérulos renais, nos quais verdadeiros novelos de capilares e o epitélio do
glomérulo ficam em íntimo contato, separados apenas pela lâmina basal (Figura 8.10).
As células do epitélio renal, assim como a desses vasos, são relativamente espaçadas, e é
justo pelos espaços entre elas que o sangue é filtrado. Até aí, talvez não tenhamos contado
nenhuma novidade, mas o que apostamos que você não imaginava é que essa lâmina basal
é que atua como filtro, selecionando as moléculas que passarão para a urina e as que
continuarão no sangue.
Capilares Sangue
Célula endotelial
Célula epitelial
Lâmina basal
Epitélio
a b Urina
Figura 8.10: No glomérulo renal (a), a membrana basal é compartilhada pelo endotélio do vaso
capilar e pelo epitélio glomerular (b).
C E D E R J 129
BIOLOGIA CELULAR II | Matriz extracelular: as proteínas da matriz
Laminina
Colágeno IV
130 C E D E R J
MÓDULO 2
A MEC INFLUENCIA A FORMA CELULAR
8
AULA
Quando fibroblastos são cultivados sobre um gel de
colágeno, em poucos dias eles são capazes de orientar as moléculas
de colágeno em fibras sobre as quais eles mesmos
se orientarão (Figura 8.13).
1mm
C E D E R J 131
BIOLOGIA CELULAR II | Matriz extracelular: as proteínas da matriz
Figura 8.14: O esquema ilustra como a matriz pode propagar a orientação de uma
célula para as demais a fim de formar uma estrutura orientada, como os tendões.
CONCLUSÃO
132 C E D E R J
MÓDULO 2
8
RESUMO
AULA
• Além das proteoglicanas e glicosaminoglicanas, a matriz extracelular possui
proteínas fibrosas, os colágenos e a elastina; e proteínas adesivas, a fibronectina
e a laminina, esta última na lâmina basal.
• O colágeno é formado por três hélices de um polipeptídeo rico em
prolina e glicina.
• Existem diversas formas de colágeno, que podem ser classificadas em: fibrilares,
associados a fibrilas e formadores de rede.
• O colágeno é sintetizado pelas células e secretado na forma de pró-colágeno.
Depois de clivada a extremidade da cadeia, formam-se espontaneamente
as fibrilas.
• A elastina é outra proteína fibrilar que forma redes que podem se distender
pelo maior ou menor enrolamento das moléculas de elastina.
• O colágeno confere ao tecido resistência à tensão e a elastina confere
ao tecido elasticidade, isto é, após sofrer a tensão ele pode se distender
e voltar à forma original.
• A fibronectina é uma proteína dimérica que possui sítios de reconhecimento
para várias moléculas: colágeno, integrinas, outras fibronectinas, heparina.
• A lâmina basal é um tipo especial de matriz, secretada pelas células que
sobre ela se apóiam. As proteínas mais características da membrana basal são
o colágeno tipo IV, formador de redes, a laminina, proteína trimérica que se
liga a integrinas, e o colágeno do tipo VII, que faz pontes entre a lâmina basal
e a matriz abaixo dela.
• A lâmina basal determina a polaridade celular, influencia o metabolismo
celular e organiza proteínas em membranas plasmáticas adjacentes, atuando na
migração e diferenciação celular.
C E D E R J 133
BIOLOGIA CELULAR II | Matriz extracelular: as proteínas da matriz
EXERCÍCIOS
134 C E D E R J