Sie sind auf Seite 1von 5

X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 1

EXPERIMENTOS DE BAIXO CUSTO NO ENSINO DE CONCEITOS DE FÍSICA

Riama Coelho Gouveiaa [riamagp@uol.com.br]


Ricardo Roberto Plaza Teixeirab [rteixeira@if.usp.br]
a
Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo - CEFETSP
b
Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo - CEFETSP

RESUMO

Não é recente a preocupação em inserir experimentos nas aulas das disciplinas


científicas com a finalidade de facilitar a compreensão dos fenômenos naturais. Apesar
disso a grande maioria das escolas brasileira não possui laboratórios, os professores não
estão preparados para trabalhar com atividades experimentais e não existem centros ou
museus de ciência que possam dar conta dessa deficiência. É nesse contexto que este
trabalho se insere: a construção de equipamentos, partindo de materiais de baixo custo,
para o estudo da Física em sala de aula, em oficinas e Centros de Ciência, incluindo a
preparação de Apostilas/ Roteiros para auxílio dos professores e o estudo da validade
destes equipamentos enquanto instrumentos didático-pedagógicos no ensino da Física.
A elaboração dos equipamentos, que abordam desde conceitos de mecânica até a Física
Moderna, passando por óptica e eletromagnetismo, levou sempre em consideração a
possibilidade de reprodução em qualquer ambiente, me
infra-estrutura laboratorial. A bibliografia nesse sentido é razoável, incluindo livros de
experimentos e os próprios livros didáticos. A aplicação das atividades em salas de aula
na rede pública estadual de São Paulo, em oficina com alunos de Licenciatura em Física
e em Feiras de Ciências, permitiram algumas observações bastante interessante: os
alunos demonstram grande interesse para o desenvolvimento das atividades
experimentais em sala de aula, facilitando a discussão dos conceitos físicos; nas
atividades experimentais são privilegiadas a criatividade e a imaginação do aluno, que
ajudam a construir conhecimentos sólidos e o sentimento de autoria; os experimentos
servem de motivação não somente para os alunos, mas também para os futuros
professores, que vislumbram novas possibilidades didáticas.

P ALAVRAS CHAVE : EXPERIMENTO , BAIXO CUSTO

INTRODUÇÃO
A Ciência Física compreende teoria e prática, cálculo e observação, lógica e
experimentação. O ensino da Física, portanto, também deve incluir esses dois aspectos, para
permitir ao estudante um contato mais próximo com a verdadeira ci a grande
maioria das escolas, principalmente nas da rede pública, muito pouco se trabalha a prática, a
na sala de aula, em geral com o argumento de que não há estrutura
preparada para essas atividades.
Este trabalho envolve a criação de alternativas à prática experimental nas aulas de Física por
meio da elaboração de materiais de fácil reprodução, alguns deles feitos a partir de matéria prima de
baixo custo, como incentivo aos professores em sua prática docente e no intuito de auxiliar o
processo de ensino-aprendizagem, despertando nos alunos interesse em adquirir conhecimento.
X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 2

DESCRIÇÃO DO TRABALHO

O desenvolvimento deste projeto pode ser dividido em duas etapas


bem distintas. A primeira delas é a construção dos equipamentos, que inclui
a elaboração de apostilas e roteiros para estudo e utilização dos mesmos. A
segunda etapa está relacionada à preparação e aplicação dos equipamentos
na realização de atividades pedagógicas em sala de aula, oficinas e feiras de Achatamento
dos Pólos

Construção

Foram selecionados, a partir de livros didáticos de física e livros de


experimentos, seis equipamentos para reprodução, alguns deles com
pequenas adaptações. Em seu conjunto o material permite o estudo de Telefone com fio
diversos setores da física: movimento circular, ondulatória, óptica,
eletromagnetismo e física moderna.
Para o estudo de força e de conceitos relacionados ao movimento
circular foi escolhido um sistema com duas roldanas, uma grande e outra
pequena, construído em papelão, com local para fixação de objetos na
roldana menor, baseado no livro Física Mais que Divertida (Valadares,
2000). Várias atividades podem ser desenvolvidas a partir desse sistema,
mas o foco deste trabalho será o “Achatamento dos Pólos”. Neste, fixa-se
uma fita de papel em forma circular no local apropriado e faz-se girar o
sistema. Conforme a fita ganha velocidade sua região equatorial é forçada Telefone sem fio
para fora e como conseqüência o círculo transforma-se numa elipse achatada
na região dos pólos, como ocorre com a Terra.
Relacionados ao som, foram elaborados dois materiais: o “Telefone
, também baseados em propostas do livro
Divertida. O primeiro é similar à brincadeira das crianças
com dois copos plásticos ligados por um fio. Foram feitos vários telefones,
Câmara Escura
com diferentes materiais no copo e no fio e com diferentes comprimentos do
fio, permitindo a avaliação dos fatores que podem influenciar na propagação
sonora. O segundo equipamento é composto por duas superfícies
parabólicas, montadas em madeira e papelão, posicionadas uma em frente a
indo analisar a propagação do som através do
ar, assim como discutir a reflexão de ondas nas diferentes superfícies.
Para tratar da óptica foi escolhida a “Câmara Escura”, presente no Motor Elétrico
livro Experiências de Física na Escola (Diez, 1996), cuja elaboração exige
apenas uma lata ou caixa com um pequeno furo e uma folha de papel
vegetal. Com esse material, realmente simples, é possível investigar a
propagação da luz, e ainda relacionar o fenômeno observado com o que
ocorre com o olho humano.
Sobre eletromagnetismo selecionou-se a reprodução de um pequeno
motor elétrico, feito com pilhas, imã e pedaços de fio fino e grosso. Tal
atividade é proposta em muitos livros didáticos de física, e também está
presente em Física Mais que Divertida. A construção do material não
apresenta complicações e o equipamento serve como base pa
interessantes sobre eletroimãs, campo elétrico/ magnético, motores e
geradores. Constante de
Em física moderna o experimento elaborado visa verificar a ordem Planck
X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 3

de grandeza da constante de Planck. Sua montagem, adaptada do livro Física Moderna


Experimental (Cavalcante & Tavolaro, 2003) consiste num circuito elétrico composto por dois
LEDs, um verde e um vermelho, ligados em paralelo; duas chaves liga/desliga, ligadas a cada um
dos LEDs; e um potenciômetro, que faz variar a tensão nos LEDs. Foram adicionados um LED e
uma chave liga/desliga principal, que servem para acionar o conjunto e mostrar que está em
funcionamento.
Como se pode observar pela descrição alguns dos equipamentos são construídos a partir de
matéria prima de baixo custo, como copos plásticos, al tas, barbante, etc. Outros exigem materiais
específicos e alguns conhecimentos adicionais, como noções de eletrônica ou marcenaria. Em
nenhum caso o custo do produto final é elevado..

Aplicações

Depois de elaborados os equipamentos foi possível utilizá-los em atividades pedagógicas,


tanto em sala de aula quanto em oficinas e feiras de ciências, no sentido de investigar o seu valor
enquanto recurso didático, a capacidade de auxiliar na compreensão dos fenômenos físicos
discutidos e a receptividade de alunos e professores em relação ao uso de experimentos no ensino

O “Motor Elétrico” e o “Telefone com Fio” foram trabalhados em sala de aula, com alunos
do terceiro ano do ensino médio, na cidade de São Paulo, em escola da rede pública estadual, na
disciplina de Física. Para uma melhor avaliação do papel pedagógico do experimento a atividade foi
realizada de maneiras distintas em diferentes turmas .
Numa situação foi apresentada, em primeiro lugar, a teoria sobre os assuntos:
eletromagnetismo, geradores e motores e discussão teórica sobre o som e suas propriedades,
respectivamente. Em seguida, para o eletromagnetismo, foi proposta a construção, por parte dos
alunos, de um motor elétrico, segundo modelo apresentado pelo professor, sendo que para tanto os
alunos receberam fios, pilhas, imã e tinham a disposição alicates e lixa. Para o som, um conjunto de
sete telefones foi levado para a sala de aula, para que os alunos, separados em grupos de quatro ou
cinco, testassem cada um dos aparelhos e anotasse num relatório suas características de constituição
e a qualidade do som observado.
Para as outras turmas a proposta partiu da construção dos materiais por parte dos alunos. No
caso do motor elétrico foi apresentado o modelo, fornecido o material, e os alunos deveriam
reproduzi-lo, explicando cada etapa do que estavam fazendo. Para o estudo do som foram
fornecidos copinhos de várias texturas, barbantes grossos e finos, com comprimento a ser definido
pelo grupo. Além de construir os telefones, sendo o objetivo a comunicação mais clara, alta e de de
melhor qualidade, os alunos deviam explicar cada uma de suas escolhas, e no final comparar seus
telefones com os demais produzidos na sala, avaliando os fatores que influenciaram na qualidade de
propagação do som.
A atividade sobre a “Constante de Planck” foi desenvolvida numa oficina com alunos do 5º
semestre do curso de licenciatura em física do CEFETSP. Em primeiro lugar foi exibida uma
apresentação com noções sobre o funcionamento dos LEDs, em especial sobre as bandas de energia
– de valência, proibida e de condução-, e com explicações sobre os cálculos necessários para a
obtenção da constante de Planck a partir da tensão mínima necessária para que os LEDs acendam.
Em seguida, foi mostrado o equipamento que seria utilizado para as medições e explicado o
procedimento experimental a ser adotado. Tratando-se de uma turma pequena, as medições e
cálculos foram desenvolvidos individualmente e anotados num breve relatório, que serviu de base
para as discussões sobre os conceitos envolvidos.
O equipamento sobre “Achatamento dos Pólos” foi levado a uma Feira de Ciências numa
escola estadual de São Paulo, na cidade de Diadema. O público da Feira foi bastante diversificado,
incluindo desde alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental até alunos do ensino médio. A
primeira parte desta atividade era a demonstração do fenômeno por meio do equipamento. Após
despertar a curiosidade é que as explicações teóricas eram então fornecidas. Além disso, para
X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 4

auxiliar a compreensão dos mais interessados um cartaz com algumas informações importantes
acompanhavam a exposição.
Nem todos os equipamentos puderam ser testados até o presente momento enquanto
os, mas novas atividades já estão agendadas, entre elas a utilização, em sala
de aula do ensino médio, na rede estadual de São Paulo, da “Câmara Escura” para discussão sobre
fenômenos ópticos e do experimento sobre a “Constante de Planck”, no segundo semestre de 2004.
Também pretendemos realizar uma oficina para alunos do curso de Licenciatura em Física do
CEFETSP com a utilização do “Telefone com Fio” e participar de uma Feira de Ciência com a
exposição do “Telefone sem Fio”, ambos no mês de setembro de 2004.

RESULTADOS
As atividades desenvolvidas em sala de aula, no caso do “Telefone com Fio” e do “Motor
Elétrico”, mostraram o quanto essas situações podem contribuir para a prática pedagógica e para a
construção do conhecimento por parte dos alunos. Os alunos mostraram grande interesse na
estudantes das turmas.
Em todas as situações onde o motor elétrico foi aplicado, cada grupo queria fazer o motor
girar mais rápido e funcionar de maneira mais adequada que o outro. Nas turmas que já haviam
recebido a teoria sobre eletromagnetismo a construção do material foi bastatne rápida, e a percepção
dos fatores que influenciavam o giro foi geral. Alguns alunos reproduziram o material em casa, em
outros tamanhos, com fios mais grossos, maior corrente, e alteração de outras variáveis, trouzendo
nas semanas seguintes para mostrar e solucionar algumas dúvidas. Para as turmas que não haviam
recebido ainda a teoria sobre o assunto muitas hipóteses foram desenvolvidas: a respeito do
diâmetro da bobina, da distância em relação ao imã, sobre a grossura e o “peso” do fio utilizado, ...
Os grupos que conseguiam fazer funcionar o equipamento primeiro visitavam outros grupos
fornecendo informações e auxiliando o trabalho dos colegas.
No estudo do som com a brincadeira dos telefones, também é possível uma diferenciação
entre as duas abordagens. Quando a teoria já era conhecida e os aparelhos já estavam montados o
grande quantidade de perguntas durante a atividade e a análise dos relatórios
elaborados pelos grupos, que mostra que em todos os casos foram percebidas relações entre a tensão
do fio e a propagação do som e entre o densidade linear do fio e as características do som
transmitido. Para as turmas que começaram pela construção do material foi poss
dos conhecimentos anteriores, neste caso adquiridos nas brincadeiras infantis, que direcionaram
várias escolhas na matéria-prima e auxiliaram a explicação destas escolhas. O que mais se destacou,
porém, foi a criatividade na construção dos materiais e na diversidade de testes realizados para a
constatação das propriedades e da qualidade dos aparelhos.
No trabalho desenvolvido com os alunos de Licenciatura em Física sobre a constante de
Planck, o fato que mais merece destaque foi a reação dos futuros professores ao perceber a
possibilidade de trabalhar a Física Moderna, experimentalmente, em aulas do ensino médio. O
desenrolar da atividade não trouxe surpresas ou complicações e os valores encontrados para a
constante de planck estavam dentro da ordem de grandeza esperada. Os alunos interessaram-se pela
montagem do equipamento, copiaram o esquema elétrico do circuito, discutiram adaptações
s à aplicação no ensino médio e afirmaram acreditar na utilização dessa atividade na
futura prática docente.
Sobre a Feira de Ciências, muitos alunos, de diversas faixas etárias, pararam para conhecer o
experimento. Quase sem exceções, a maior surpresa era perceber como um equipamento tão
simples poderia explicar o fenômeno de achatamento dos pólos terrestres, ou de outros planetas,
fato estudado nos primeiros anos escolares sem a discussão dos . Para os alunos do ensino
fundamental, a análise do fenômeno restrigiu-se praticamente à observação, acrescidas de algumas
noções sobre o conceito de força. Para os alunos do ensino médio, que já haviam estudado força,
vetores e, em alguns casos, até o movimento circular, as discussões puderam ser mais aprofundadas,
com o aparecimento de questões muito interessantes.
X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 5

CONSIDERAÇÕES F INAIS
As atividades desenvolvidas neste trabalho são uma pequena amostra do que pode ser feito
no sentido de concretizar a inclusão de experimentos nas aulas de Física do ensino fundamental e
-estrutura apropriada e com a utilização de poucos recursos.
Os resultados atingidos - a participação e interesse dos alunos, o estabelecimento de relações
a partir da observação e da experiência, os questionamentos, a pesquisa, a reprodução de
equipamentos fora da sala de aula, etc. - não deixam margem à dúvida. O experimento faz parte da
Física e do ensino da Física, e deve-se fazer presente no cotidiano do aluno e do professor.

REFERÊNCIAS

DIEZ, Arribas Santos. Experiências de Física na Escola. Passo Fundo: EDIUPF, 1996.

TAVOLARO, Cristiane R. C. e CAVALCANTE, Marisa A. Física Moderna Experimental .


Barueri, SP: Manole, 2003.

VALADARES, Eduardo de Campos. Física mais que divertida: inventos eletrizantes baseados
em materiais reciclados e de baixo custo. Belo Horizonte: UFMG, 2000.

Das könnte Ihnen auch gefallen