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Antologia

7 Pecados

www.7pecados.blogtok.com
Antologia

7 Pecados

www.7pecados.blogtok.com

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Antologia
Dos 7 Pecados
de Diversos Autores
de países Lusófonos
Edição BlogTok, 2010 - Barcelos
xxx p. Il.- 14,8 X 21 cm.
ISBN: 978-989-8365-07-1

1. Poesia Lusófona. I. Título.

CDD-869.91

Índice para catálogo sistemático:


Poesias: Literatura Brasileira - CDD-869.91
www.BlogTok.com

TITULO: Antologia dos 7 Pecados

AUTORIA: Diversos Autores


www.7pecados.blogtok.com
www.casadapoesia.org
poesia@blogtok.com

Revisão: Equipa da Antologia


Capa: Amabilidade: Givec
Designer: Paulo Neiva

Impressão e Acabamentos:
ESAG – Barcelos
1ª Edição – Julho 2010
Depósito Legal nº: xxx
ISBN: 978-989-8365-07-1

Copyright © - BlogTok.com
Direitos reservados segundo legislação em vigor
Proibida a reprodução total ou parcial
sem a autorização da editora.
DEDICATÓRIA

In memoriam

Ao amigo João Vasconcelos

O PECADO

Somos todos indesejáveis


No acto de viver.
A inveja será assim um pecado mortal
A inveja será assim uma faca de dois gumes.
Seremos todos perdoados na vida eterna.
Dos pecados que cometemos
Alguns serão carne para canhão
A tentação será mais forte até ao dia da morte
Os pecados serão uma fonte de segredos
Até ao dia em que nos libertarmos.
Creio num só Deus, Senhor que é a vida.
A maldade é a fonte dos pecados mortais a luz que me alumia
Será salvação, grito e dor
Ser e ter um destino
Num mar de imenso amor.

Poema e desenho de
João Vasconcelos – Barcelos – Portugal
www.jv.blogtok.com
AGRADECIMENTOS/PARCERIAS

BlogTok - Portugal
www.blogtok.com
www.poesia.blogtok.com

Casa da Poesia - Brasil


www.casadapoesia.org
www.ibernise.com

Mil – Mov. Int. Lusófono - Lusofonia


www.movimentolusofono.org
www.movimentolusofono.blogtok.com

Movimento Lev´Arte - Angola


www.levarteangola.blogspot.com
www.levarte.blogtok.com

Luso-Poemas - Portugal
www.luso-poemas.net
www.lusopoemas.blogtok.com

Grupo Conto e Cena – Brasil


www.dianabalis.blogtok.com
www.grupocontoecena.blogtok.com

De Moura Alcina
www.whispers.blogtok.com

Jaber
www.jaber.blogtok.com

Estúdio Raposa + Às-Artes - Portugal


www.estudioraposa.com
www.as-artes.com

Amigos de Abril - Portugal


www.amigosdeabril.blogtok.com

Givec – França
www.givec.pt

A todos os autores, que tão pacientemente nos acompanharam, e em especial a


todos aqueles que divulgaram este singular projecto.
APRESENTAÇÃO

A antologia virtual é uma proposta dos 'Ciclos de Poesia


BlogTok', que reúne poetas, artistas plásticos, e de outras
áreas tais como música, canto, etc. Um trabalho cuja temática
filosófica gira em torno da abordagem. Os 7 Elementos. A
idéia retorna ao início da filosofia, utilizando pequenos
recortes, noções, sem adentrar fundo aos conceitos.

Entretanto, figuram na composição dos ciclos de poesia as


ideias do cosmos e dos mistérios contidos nas filosofias dos
sete filósofos, estabelecendo a relação entre os 7 elementos,
os 7 pecados e as 7 virtudes. Dessa forma foi aberto o
caminho para a nomeação dos pecados, que são no
contraponto das virtudes, a sua antítese. Assim nasceu a
temática deste primeiro ciclo, a partir deste fundamento, o
qual ganhou concretude à medida que o tema envolvendo a
'magia' do '7' era trabalhado.

Estabelecida a relação entre os 7 Sábios, os 7 elementos


(referencia ao estágio primitivo do espírito), os 7 pecados e as
7 virtudes, estaria aberto o caminho para a nomeação dos
pecados, e o primeiro ciclo foi nomeado ' Os 7 Pecados
Capitais', daí porquê o inicio dos Ciclos de Poesia BlogTok
iniciam pelos 7 pecados.

Esta antologia virtual foi sendo construída à medida que os


poemas temáticos foram sendo publicados, dando a este
formato representativo, não uma forma pronta, acabada, mas
um processo dinâmico em construção permanente: A
Antologia Virtual dos Ciclos de Poesia BlogTok. Portanto magia
do sete, está contida nos sete elementos e está relacionada
aos mistérios.
Após o primeiro ciclo 'Os 7 Pecados Capitais', teremos o
segundo ciclo considerando as 'As 7 Virtudes' humanas. O
pecado requer remissão, assim após o perdão, recupera-se a
força do espírito, este estágio reintegrado, justifica na
sequência: 'As 7 Virtudes'.

Conforme a mesma sistemática de ação, poetas aderentes dos


7 pecados, poderão publicar seus poemas no ciclo dos
pecados e no ciclo da virtudes. Assim, desenvolverão um
trabalho agregador rico, com espaço para a modernidade, e
fácil de transpor a barreira do dogma para o mistério e vice-
versa.

A base teórica, dos ciclos de poesia, é o censo comum, lógica


intuitiva remetendo-a ao imaginário popular.Todos os temas
dos ciclos são interrelacionados, e a via do censo comum é a
mais simples. Os poetas tiveram e terão ampla liberdade para
transitarem nas temáticas, nas mais diversas vertentes,
incluindo a crítica sociológica.

Durante a composição da antologia impressa, as pontas soltas,


foram amarradas, num arremate em prol da poesia, do
alcance desejado e do objetivo a ser alcançado. Assim a forma
de abordagem das temáticas ganha universalidade na
integração, envolvendo cada grupo de 7 temáticas e
abarcando todas as grandezas dos elementos, que os sábios
enfocaram, no inicio da Filosofia ocidental. O ponto de partida
foi a composição no campo das idéias chegando ao
sentimento de construção, e descoberta, do que significa 'ser
humano', considerando a linha de transição entre o sagrado e
o profano e vice-versa. Assim foram concebidos 'Os Ciclos de
Poesia BlogTok' que sempre agregarão todos os
sites/antologias referentes aos ciclos poéticos, num laborar
interativo e em construção permanente.
SUMÁRIO
PREFÁCIO/INTRODUÇÃO

CAPÍTULO - 0
- Pecados -

1 Alexandre Durães

2 Carlos Américo

3 Delgado

4 Elisabete Fialho

6 Fernando Júlio

7 Flávio L. Silva

8 João Matos

9 João Negreiros

10 LuisF

11 Marinho

12 Mira Clock

13 Paulo Ferreira

15 Poeta Clandestino

16 Sem Nome

17 Silvia A. Mota

18 Zeizolde Sangama

19 Zélia Nicolodi
CAPÍTULO - 1
- Vaidade -

21 Conceição B

22 Delmar Gonçalves

23 Francisco Coimbra

24 Graciela Cunha

25 Henrique Cachetas

26 Kiokamba Cassua

28 Lucia Constantino

29 Madalena Barranco

30 Márcia S. Luz

31 Marcílio Torres

32 Mena Azevedo

33 Rogério Manzolillo

34 Rosângela

36 Sandra Almeida

37 São Gonçalves

38 Silvia Regina

39 Valdevinoxis

40 Vera Silva
CAPÍTULO - 2
- Avareza -

41 António Martins

42 Arlindo Mota

43 Betha Costa

44 BlackBird

46 Candido

47 CaoPoeta

49 Carla Ribeiro

50 Catarina Camacho

51 Diana Balis

52 Edileia Santos

53 Euclides Cavaco

54 M. Inês Simões

55 Manoel Virgílio

56 Mukanda

57 Pedro Batista

58 Silvério Calçada
CAPÍTULO - 3
- Ira -

59 António Paiva

60 Carlos Silva

62 Carlos Tronco

63 Cidox

64 Fernanda Esteves

65 Francisco Boaventura

66 José Lourenço

67 Kardo Bestilo

68 Kryss Fourakis

69 Liliana Laranjo

70 Namibiano Ferreira

71 Paulo Cesar Coelho

72 Regina Kreft

73 Roque Silveira

74 Rosa Maria Fernandes

75 Sonia Nogueira
CAPÍTULO - 4
- Preguiça -

76 Alexandra Mendes

77 De Moura Alcina

78 Eduarda Mendes

79 Gladys F. Kogl

80 Henrique Pedro

81 Herlander Carvalho

82 José Honório

83 Lucinda Silva

84 Luiz Felipe Coelho

86 Maria Lopes

87 Maria Lurdes Dias

88 Marisa Rosa

89 Regiane Folter

90 Tere Penhabe
CAPÍTULO - 5
- Luxúria -

91 António Casado

93 Carla Bordalo

94 Dolores Marques

95 Domingos Alicata

96 Gabriel Pedro

97 Gladis Deble

98 Ibernise Silva

99 Júlio Saraiva

100 Karla Bardanza

102 L.M.Rap

103 Lecy Sousa

104 Massudidi

105 Ricardo Reis

106 Sandra Fonseca

108 Sly Jordan

109 Tânia M. Camargo

110 Ulysses Laluce

111 Wagner Jardim


CAPÍTULO - 6
- Inveja -

112 Anabela Braga

113 António Cambeta

114 Candido Correia

115 Cláudia Gonçalves

116 Delasnieve Daspet

117 Fatinha Mussato

118 HorrorisCausa

119 Jaber

120 Jandira

121 Mário Osny Rosa

122 Paulo Cardoso

123 Rosangela Colares

125 TrabisDeMentia

126 Vanda Ferreira

127 Vânia Lopez

128 Vóny Ferreira


CAPÍTULO - 7
- Gula -

129 Adriana Costa

130 Antónia Ruivo

132 Domingos da Mota

133 Frederico Salvo

134 Gil Moura

136 Helen de Rose

137 Homo Sapiens

138 Jorge Humberto

139 José Caravana

140 José Silveira

141 Margarete Silva

142 Ranxhs

143 Raul Cordeiro

144 Ribeiro Couto

145 Sterea
146 Pósfacios

Sinopses das Edições BlogTok

148 - Sinopse do Livro:


Paixão Arde, Desejo Trai

149 - Sinopse do Livro:


Caminhos E Descaminhos Do Ser

150 - Sinopse do Livro:


Ser Fraterno

151 - Sinopse do Livro:


Uma Prosa... Um Verso

152 - Sinopse do Livro:


Só Rondel

153 - Sinopse do Livro:


Sonetos

154 - Sinopse do Livro:


Sonho Meu

155 - Sinopse do Livro:


Memórias De Um Tempo Só

156 - Sinopse do Livro:


Rodinha 26
PREFÁCIO

SERÁ O PECADO, CAPITAL?

Antologia é partilha... Compartilhar escrita, poesia, sentimentos em


torno de uma só temática onde poetas numa terna aliança entre
Portugal e Brasil, reúnem-se através de um ponto de intercâmbio
cultural que é esta iniciativa de BlogTok.com, como portal de
excelência e utilidade pública, em prol da cultura lusófona. Nas
linhas da literatura e da poesia, um instrumento que transforma
leitor e escritor.

José Santos Lourenço (JSL), lança esta edição da Antologia Poético-


Literária 'Os Sete Pecados Capitais', com significado de intercâmbio e
afluxo de energias através do milagre da Internet.

Aqui se consolida a ideia de que através da economia solidária, é


possível trazer autores do mundo virtual para o mundo real,
atendendo, portanto, ao requisito da palavra impressa a qual a
academia requer para legitimar, as composições dos escritores.

Esta é uma edição que marca época, e se torna possível através de


alianças históricas, entre vários pontos de cultura, entre novos
autores que se aliam em acão cooperada.

'Os Sete Pecados Capitais' no bojo de sua temática carrega assento


crítico social, num caminho de ensino e aprendizado. Mostra, ainda,
através da linguagem dos poetas e escritores, as pessoas, suas
vidas, seus sentimentos, ideais e... Trabalho, enquanto histórica
construção humana.

O ser humano que vive na miséria, é alguém fora no tempo, mas


não se opõe ao progresso, pelo contrário ele deseja o sucesso, a
ascensão social, tanto quanto outro qualquer. Entretanto, muitos
séculos de vicissitudes históricas, o oprime com exigências
desporcionais que o deixam pairar entre a sua condição de ser e a
possibilidade de ter. E neste sentido a sociedade quer, antes, que ele
tenha, assim, é necessário que ele tenha para que possa ser...
Todavia, aquelas 'exigências desproporcionais' são de uma cultura
de empréstimo que lhe permite se preparar para conquistar um dia,
de cada vez... Não pensa a vida com uma visão meta, 'além de', mas
uma visão sitiada que o prende ao seu redor... Um cárcere
sociológico e emocional invisível e permanente.

A miséria esteve abandonada a sua própria sorte por todo o curso da


história... E todas as suas lutas, seu legado de resistência, apontam
apenas para a conquista de cada dia... Homens e mulheres,
formiguinhas cidadãs que transportam sua cultura, e resistem
bravamente para não desertarem.

Neste estado de semi letargia social, a miséria e todas as situações


que lhe são peculiares, ainda não foram erradicadas no mundo, e
pior tendem a se alastrar rumo ao caos no infinito de um buraco
negro...

Nesse mister suas amarras se sustentam na unanimidade das teias


do poder (VAIDADE, soberba, orgulho), no fausto do consumismo
(LUXÚRIA), nas raias da ganância (AVAREZA). Cobiça de quem
nunca dá, mas sempre rouba, porque no exercício do poder público,
alguém sempre está a enriquecer ilicitamente, quando muitos estão
a precisar...

A voracidade (GULA), do poder é compulsiva e aniquila todas as


possibilidades de atenuar as desigualdades agudas nas
estratificações sociais. Diferenças abrem espaço a INVEJA, através
do desejo de ser o que não são: Iguais... Porque para a sociedade
representativa e organizada, estar pobre é não ser e não sendo, são
diferentes.

E segue-se a falácia da necessidade de inclusão social... Mas os


mecanismos de inclusão' são ainda mais alienadores, mais
excedentes ao admitir que aqueles nomeados 'diferentes' precisam
ser incluídos. Incluídos em que? Se já são parte de... Já eram
mesmo antes de serem... Mas para tanto agora precisam de
certificado e reconhecimento burocrático... O da inclusão. Isto, para
receberem um apoio clientelístico e engordarem as urnas, numa
'gratidão' programada para muitos ganharem eleições...
Para impedirem pessoas de usarem a razão e pensarem com a
barriga...

Neste contexto a PREGUIÇA, se instala nos feudos de poder que não


têm pressa de mudar a situação. E esse ócio alimenta a indigência
de uma cidadania latente, que nem chega a saber que é, mesmo já
sendo...

E o homem ganha denominação de 'carente' e resiste ao conquistar


o pão de cada dia... O pão suficiente para um só dia... Isto não é
preguiça, não é ser retrógrado, isto não é indolência, isto é antes de
tudo ser um forte, ter coragem...

Mas os PECADOS da humanidade, em relação a miséria do homem,


não ficam circunscritos a estas paragens... Historicamente os
miseráveis de corpo e alma, já foram libertados numa fase
delicadíssima de sua formação... A exemplo da Revolução Francesa,
a grande marca de inversão hegemónica. Estavam abandonados há
séculos… Mas passada aquela euforia, de certa forma ainda
continuam em estágio de abandono…

O mais importante é terem acreditado na sua própria ascensão, na


conquista da hegemonia do poder, mas durante o efémero exercício
deste poder, não organizaram sua identidade representativa, não
conseguiram, no seu tempo histórico eliminar a estratificação social.

O Estado contemporâneo não garante mais o trabalho, pois o


contrato social, não comporta mais garantias, não tem elasticidade,
fora dos gordos acordos que emperram a máquina administrativa,
instalada para gerir as coisas do mundo...

Todavia sempre restou ao homem a iniciativa própria, a auto gestão


de seu laborar, o comércio, onde foi possível construir a sua
história.Economia fundada nas trocas genuínas e equalizadoras,
diferente da forma como está sendo executada…

Mas nem este espaço lhe restou... Tudo está nas mãos do poder, e
os requisitos do fisco, as obrigações fiscais, lhes tiram tudo, o que já
seriam restos, no subnível da informalidade do trabalho, nas
pequenas iniciativas de comércio, prestação de serviços, etc.

Mas ainda assim resta 'ser humano', resta a poesia do verbo, que
tem o poder de mudar, revolucionar. Resta o seu sentimento que
chora e grita, esperneia e luta, porque vida é poesia. E na poesia
tudo se torna possível, tudo encontra razão de ser e estar, porque a
vida é o sonho, tanto quanto sonhar é viver.

Sonhar é prenúncio de conquistas e de fundações humanizadoras,


idealizadas, virtuais, mas pertencendo aos princípios da física passa
ser mais real, nos limites onde o sonho se confunde com a realidade,
mesmo quando esta reclama e aclama... Sempre na hora certa, um
convite ao ser humano ser mais humano...

E num clima poético quase devastador... Luiz Gonzaga Jr, lembra em


seu cantar de resistência captado no imaginário popular '...Um
homem se humilha se castram seus sonhos. E sonho é sua vida, e
vida é trabalho. E sem o seu trabalho, o homem não tem honra e
sem a sua honra, se morre se mata...

Afinal, os focos de resistência persistem na marginalidade, e ganham


instituições especiais, educação especial, reeducação de detentos,
tantos nomes que não saciam não atendem, porque todos eles
ainda, assim, continuam com fomes, muitas fomes... E estão com
muita pressa, porque alimento é sobrevivência, e neste caso falta-
lhes todo tipo de alimento, para o corpo e para a alma... E assim não
dá para ser feliz...

Esta antologia poético-literária, tratando de pecados, abre um leque


de vertentes a esta abordagem, aos 7 pecados capitais. Estes, estão
em toda parte, dentro e fora do homem, porque o que está fora do
homem é o sócio-cultural, um grande outro ser humano carregado
de história e força, que ele também tem dentro de si. Assim sendo,
aqui a reflexão básica está lançada na questão, posta por José
Santos Lourenço: Será o pecado, Capital?

Ibernise Goiânia (Goiás/Brasil), 20.03.2010


Escritora e Poeta Brasileira.
INTRODUÇÃO

Os pecados são considerados desvios de conduta, atitudes que no convívio


social criam situações nefastas, danosas aos seres humanos entre si e em
relação a si próprio. Entretanto, na via do dogma cristão, o pecado também
é considerado uma ofensa a Deus.

O papa Gregório Magno no século VI instituiu os sete pecados capitais.

1) Gula: consiste em comer além do necessário e a toda hora (aqui


considerado na sua forma mais ampla: uma compulsão voraz, na relação
desejo/prazer );

2) Avareza: é a cobiça de bens materiais e dinheiro (aqui cobiça em


relação a coisas, sentimentos e ações sociais, na sua forma mais radical);

3) Inveja: desejar atributos, status, posse e habilidades de outra pessoa


(aqui envolvendo ciúme, enquanto desejo compulsivo em tomar o lugar de
outrem, receber a atenção a outro destinada, etc);

4) Ira: é a junção dos sentimentos de raiva, ódio, rancor que às vezes é


incontrolável (aqui colocando a raiva numa perispectiva de perda da
sanidade que pode ser controlada através do conceito de inteligência
emocional;

5) Soberba: é caracterizado pela falta de humildade de uma pessoa, alguém


que se acha auto-suficiente (aqui emoção levada as ultimas consequências
na tentativa de sempre se mostrar melhor que o outro, humilhando, etc);

6) Luxúria: apego aos prazeres carnais (Compulsividade pelos prazeres);

7) Preguiça: aversão a qualquer tipo de trabalho ou esforço físico (aqui


uma baixa energia que impede o individuo de conseguir finalizar e
empreender seus projetos).
A sociedade moderna, enquanto ideia que representa todos os cidadãos e
cidadãs, se constitui unidade na diversidade, se transforma num grande
outro e também peca, e mais que isto, exibe pecados capitais. Daí a
abordagem possível do perfil social do pecado.'Pecados Capitais', são
inerentes a todas as acções humanas, são formadores de personalidade,
marcantes traços de carácter. Tão comuns que é preciso vigiar, sempre
estar atento, para que os excessos não resvalem para a marginalidade dos
'pecados' mortais, estes sim, são possíveis de serem evitados, embora hajam
também susceptibilidades.

Esta antologia inicia justo situando o pecado num âmbito mais geral, para
a seguir adentrar no mérito, ou demérito, de cada pecado capital.
É o que poderá ser apreciado a seguir no 'Capítulo Zero'.
CAPÍTULO 0 – PECADOS
"Ela pensava que a ocasião fazia o pecado e ignorava que o pecado
forja a ocasião. "Marguerite Valois

O drama dos historiadores é conseguir fontes o mais aproximado possível


da realidade histórica dos fatos. No entanto a História tem sua própria
história, e o homem faz sua história... Esta, por sua vez, transita por veios
de projeções diferentes. Situação que através do tempo, age como
estranguladora dos registros historiográficos. M. Foucault considera que
os registros históricos podem ser feitos pela observação dos poderes que
atuaram como sujeição em cada sociedade estudada.

Uma visão que extrapola a verdade da linguagem escrita, das fontes


consultadas, e das personagens agentes. Uma vez conseguindo
contextualizar a coesão de forças que atuaram na projeção dos fatos, o
historiador estaria mais próximo da realidade.

A linguagem em si, só, não bastaria. O dicionário seria um diluidor


deletério de palavras, no caso do 'pecado' a idéia passada pela religião
conseguiu situar carne e sexo como sinônimos. Por outro lado, as palavras
não apontam para seu significado, até o momento da contextualização das
forças que atuaram. Assim estes significantes linguísticos se perpetuam
através de milênios como iguais e subordinados a agravantes de
julgamento, oriundo do poder e da fé cristã.

Para Foucault vivemos apenas num universo discursivo tentamos nos


apoiar em certas “verdades” que não passam de respingos do próprio
discurso, aí a verdade se dispersa. Só podendo ser captada num contexto
mais amplo que o do próprio discurso. Sob essa óptica de multiplicidade
não será necessário colocar a concepção de pecado, na camisa de força
que a religiosidade das almas sempre, em confronto com o corpo, colocou
nos liames da história universal, ou seja o 'Pecado' seria um termo usado
dentro de um contexto religioso para designar qualquer desobediência à
vontade de Deus. No hebraico e no grego comum, as formas verbais (em
hebr. hhatá; em gr. hamartáno) significam "errar", no sentido de errar ou
não atingir um alvo, ideal ou padrão. Em latim, o termo é vertido por
peccátu.

Ibernise in
'Caminhos e Descaminhos do Ser'
DAEMONS

Os Demónios da vaidade
Em luxúria e violação sexual
De quem gula sem piedade
Pecam na avareza total
E em monumental sarcasmo
Saciam invejosos sua cobiça
E destilam ódio em orgasmo
Para os prazeres da preguiça…

Restam-nos os Daemons divinos;


Anjos guardiões e peregrinos

Alexandre Durães / J. Santos


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-1-
SOLIDÃO

Sinto o mundo a bombardear


Sinto clarões no ar
Sinto anjos a gritar
Sinto vendavais a arrastá-los.
Logo eu sinto uma amnistia
A transformar este mundo
Em paz, amor e alegria.
E o mundo jamais poderá ver
Esses anjos a gritar
As carroças a voar
Os comboios suspensos no ar
Os aviões a nadar
As formigas a fumar.
- E eu?
Eu, carregado de ouro e amor para dar,
Já estava fatigado de gritar,
De gritar deste buraco,
Já sem esperança de ver o mundo
Se transformar para amar.
Quase morria no buraco esquecido
Com a fortuna que trazia comigo
Sem o mundo me deixar dar.

Carlos Américo
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-2-
NÚMERO SETE

Sete pares de versos outra vez


Lembram sete pecados capitais
Do homem, sete notas musicais
E as Sete Maravilhas que ele fez

Em sete quedas, porém ele desfez


Fez de sete mares dias semanais
Sete grandes potências mundiais,
Em sete vidas de um gato siamês...

Pintando o sete num soneto estreito


Entrega as sete chaves do seu peito
Um escritor... Que no arco-íris vê...

As sete cores vivas da alegria


Escreve sete palmos de fantasia,
Poesia de bom fim de semana a você!

Delgado
Portalegre – Portugal
mfcdelgado@sapo.pt
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-3-
FUGIR

Correr atrás de mim ???


De nada vale!!!
A mim ninguém consegue agarrar
Sou o vento fresco em forma de carícia que marca pela diferença
Se agora estou… Depressa deixo de estar
A gargalhar falo sério
Fixo os olhos bem fundo e leio as almas
Prevejo os infortúnios
Adivinho as marcas
E num baixar de olhos fujo
Correr atrás de mim???
De nada vale!!!
A mim ninguém consegue agarrar
Gosto de ser somente o momento
Na lembrança dos olhares com quem me cruzo
Se agora estou…depressa deixo de estar
Fujo sem nunca cansar
Realidade é coisa que não me assusta
Realidade… Dela não tenho medo
Nos seus olhos mergulho e leio-a sem engasgos … Sem erros
Humanos esses… Pobres coitados… Cansam e causam-me pena
Atropelam-se, maldizem e iludem-se
Para eles olho com desprezo
A morte essa trato por tu… Somos velhas amigas
Parceiras donas de uma cumplicidade sem igual
Onde ela estiver estou EU e… EU não fico sem ELA


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-4-

Eu confesso
Fujo sem nunca cansar
Num constante impulso… Fujo de mim
Fujo daquilo que sei ser capaz
Porque… Porque não quero saber
Fujo do que tenho
Porque… Porque não quero manter
Fujo do que perco
Porque… Porque não quero sentir
Correr atrás de mim???
De nada vale!!!
A mim ninguém consegue agarrar
COBARDIA é meu nome
Fugir é minha necessidade

Elisabete Fialho
Alcobaça – Portugal
elisabetefialho@hotmail.com
www.palavrascomespirito.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-5-
VIVER E MORRER EM PECADO

Viver é um pecado
Porque os outros são mortais
Mesmo sem pecado morres
Porque vive em ti
O pecado capital
E vivendo a minha morte
Eu sobrevivo morrendo
Porque morrendo vivo
Pecando por defeito

Fernando Júlio / J. Santos


Barcelos - Portugal
nouraladen@blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-6-
POEMA DE PEDRA E FLOR

Oh não, sou um velho malcriado


Não pago a conta da luz
Não cheiro como devia cheirar
Não planto nem semeio nada
Tenho inveja a quem não tenha inveja
A quem não peca nem deixa pecar
Tenho gula de nada querer, nada enfeitiçar
Nem uma mulher de muletas para que caminhe
Nem tão pouco daquele homem a cuspir a dor
Sou um velho sem bússola e sem caminhos
De vez em quando dá-me uma dor no peito
Mas isso é dos livros que ando a ler entre marés
Desço na vida, subo na morte
A fantasia é um bosque no meio de um bosque
Ai de mim se conseguisse partir o sol em três
E cantasse orgiasticamente ao luar do luar
Ó desejo, és tudo o que olho e não vejo!
Ó Deus, tanta saudade e nenhuma lembrança!

Não publico livros desde 1997


Assassinei vinte mil leitores com a palavra amor
E a outros tantos faço corar
Pedindo que amem e que sejam felizes nessa ganância
Levaram-me o coração para provar que sou bandido
Espetaram-lhe a noite mais noite que a noite
Compararam o sangue ao leite materno
Adiaram-me o desejo de ser pedra
Mas, como só acharam poemas e cigarros,
Fecharam-me num livro
Agora, neste quinto andar da maresia,
Repouso a cabeça num poema,
E adormeço sem estar agarrado a nada.
Excepto a cabeça no poema,
A ganhar flor.

Flávio L. Silva - Barcelos – Portugal


flaviolopesdasilva@sapo.pt - www.flavio.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-7-
PECADOS

Vejo-me em soberba na preguiça


E invejo a gula.
Sou ávaro na ira
E pródigo luxúria.

João Matos
Barcelos - Portugal
lisura@blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-8-
QUE VOS CAIA O CÉU EM CIMA

Quando os pássaros voam para sul


Deixam caminhos e piruetas desenhados no ar.

O homem não gosta de ver seus céus riscados,


Por isso dizima as aves com espingardas de dois canos.

As aves atingidas caem semimortas


E enterram os bicos na terra.

Os cadáveres embalsamados, ficam nos céus apagados.


As aves já não pululam os ares.

Taparam as asas com sobretudos cinzentos e andam por aí,


Com espingardas de dois canos, a abater aviões.

João Negreiros
Matosinhos - Portugal
joao.ae@iol.pt
www.joaonegreiros.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
-9-
HAITI

Lavam-se os olhos entre rios que escorrem


No silêncio da alma
Um cais deserto,
Sangram os corpos deitados na terra crua
Onde o leito adormeceu a voz.
Gente sem morada…
Caminha com a morte estampada no rosto
Ardores que engolem o sol
Da terra quente, trágica que roubou o sorriso
Entre a lança que trespassou o coração.
Casas de lego em migalhas de pedra
Jazem, varridas sem perdão
Labirintos que se encolhem ao mar que chama
Onde gente sem rosto ondula sem destino
Sofre… Anda e morre lentamente
Entre os poços negros que as engolem.
O veneno da terra adormecida
Ceifou seus filhos… Naquele breve segundo
Neste tempo imortal…
Que não apaga a cruel memória
Lambe agora as suas feridas
Entre farrapos que vestem o seu corpo.
Escuta ao longe…
Os choros da voz vazia,
Os ecos que o mar traz e leva…
Neste profanado silêncio, que adormece a vida.
Nobres são aqueles que estendem as mãos
Mil gestos serão poucos,
Mil dialectos serão um só
Para que a nação moribunda
Seja Fénix renascida,
E um dia… Volte a sorrir.

LuisF
Alcochete - Portugal
luissailing@hotmail.com
www.marsonhos.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 10 -
POSITIVA ANSIEDADE

Positiva ansiedade
Se reclama na ausência
Satisfeita de verdade
Se presente sem carência

Marinho
Barcelos - Portugal
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 11 -
VIDA

Vida
Oh! Injusta vida
Que vida é essa
Onde o lema é sofrer e sempre sofrer
Sou um poço de incerteza
Vejo-me a um passo da decadência
Estou com a felicidade à beira da falência
Meu coração está mais partido e destroçado
Do que uma cidade em guerra
O meu orgulho está mais ferido e fracassado
Do que um soldado derrotado e cheio de culpas
A minha auto-estima?
Dessa já nem falo
Minha mente está vazia e suja
Minha alma está impura
Porque nesta altura
Nada tem censura
Oh! Injusta vida
Porque és tão má para os bons
E para os maus tão justa
E ao mesmo tempo
És mais bela e curta
Do que alguém pode imaginar

Mira Clock
Luanda - Angola
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 12 -
NÃO CREIO

Não creio nas palavras que homens escrevem acerca de Deus.


As obras humanas parecem-me a maior das vaidades.

Não creio em padres, políticos, conselheiros, psicólogos, pais ou


outras ferramentas dum passado moribundo.
As suas palavras cheiram a medo e o meu Amor chega para
afugentá-las.

Não creio em cruzes, imagens ou fados. São para mim podres


símbolos dum poder que quero morto.

Não creio em lei, moral ou justiça escolhendo viver apenas de


acordo com aquilo que sou, não com aquilo que os outros esperam
que eu seja.

Não creio no pecado sinal para mim do nosso pequeno e desmedido


humanismo.
Pecam os rios, as pedras ou as árvores? Não creio...

Creio num espirito humano que deseja a santificação sem questionar


de onde vem esse desejo.
Num espirito santo não creio...

Não creio no ego como ferramenta do Ser nem no ter para parecer.

Não creio em arrependimentos ou meas culpas que nos impedem de


ver quem realmente somos.

Creio sim no assumir de toda a nossa Humanidade doa ela a quem


doer.


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 13 -

Não creio em sociedades sejam elas quais forem mas acredito mais
que nunca na família que vamos criando neste processo que é viver.

Não creio na morte pois ela não precisa da minha crença para ser.

Não creio na estabilidade, segurança ou harmonia pois sinto que


tudo isso nos faz passar ao lado do que é estar Vivo.

Creio em mim e em ti sabendo o quanto ambos estamos limitados á


nossa pequena parcela de realidade.

Não é por muito querer ou crer que mais vou ser.

Paulo Ferreira
Norfolk - Reino Unido
psbzu@iol.pt
www.palavrascoladas.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 14 -
FILHO DO VENTO

Eu sou filho do vento


Esquecido nos bolsos do tempo
Atirado nas traseiras do relento
Encravado na pele de um contratempo
Sou eu, o rosto do resto da tristeza
Nascido no curral do rebanho da pobreza
Fruto da biologia de dois seres
Mas sem reacção química de amores
Numa matemática resultada em eternas dores
Carrego nos sacos do rosto
Lágrimas enferrujadas
Nas mágoas escritas nas folhas do meu absurdo
Lidas pelos olhares acorrentados
Nos carimbos do meu sofrimento
Ignorado por todos e ouvido por nada
Quando meu nada fala tudo
Sem dúvidas:
Eu sou a dúvida da dívida do nada
Com juros de lamento
Mãe afogou-se nos mares do parto
Pai foragido da assunção do meu aparato
Leiloou-me na desgraça sem graça
Zungou-me nas bacias do desalento
Vivo debaixo dos calcanhares da sociedade
Um humano desumanizado
No silêncio da impiedade
Mas os céus farão o que os homens não fizeram
Algemarão o âmago da culpa
Dos que assim procederam

Poeta Clandestino
Luanda - Angola
wilsonf.silva@gmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 15 -
ASSIM NOVAMENTE

Assim Novamente
Custa crer, mas sinto-me assim novamente
Um novo encanto, Uma nova emoção
Onde ficam apenas as vontades
E os desejos, nada mais do que isso
Por não se concretizar aquilo que se quer realmente
Desfrutar sem medo das opiniões
Dos olhares maldosos
Desfrutar sem olhar para atrás
Concretizar os sonhos sem medo nem receio
Com a certeza que serás feliz nem que for
Por alguns minutos, mas com alívio por dentro
E uma felicidade enorme por fora
E dizer a todos fiz porque me deu vontade
Porque desejava e aproveitei o máximo,
Senão seria mais uma oportunidade perdida
As vezes a vida tem dessas coisas,
Como olhar para tudo e imaginar o nada
Sentir e mentir a si próprio que nada está a acontecer
Andar sem saber para aonde
Querer chorar sem saber porquê
Ter fome e não querer comer
Ser um vencedor e sentir-se um fracassado
Procurar o que pensar
Sentir-se aflito à procura de um colo
De alguém que o ampare sem questionar
É querer conversar e não ter assunto
Dormir sem sentir sono
É querer conversar e não ter assunto
Ter tudo e sentir–se completamente vazia
Querer cantar e não ter voz
Custa crer, mas sinto-me assim novamente!

Sem Nome
Luanda - Angola
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 16 -
VÍCIOS - SETE PECADOS CAPITAIS

V-Vícios Capitais são: soberba, avareza,


Í-Ira, Gula, inveja, luxúria, preguiça,
C-Como algo contrário à natureza racional,
I-Imperfeições que levam ao mal, à tristeza.
O-Os vícios são oposições à Virtude e ao Bem.

S-Sabe-se que os Sete Pecados Capitais


E-Embora escritos na Idade Média,
T-Traduzem questões atuais fundamentais:
E-Ética, Ação, Ensino-Aprendizagem.

P-Primeiro ponto: a dimensão corporal


E-Faz parte da natureza humana,
C-Certa, conduz o conhecimento interior,
A-Apoiado nas faculdades espirituais
D-Da alma humana: Vontade e Inteligência.
O-Os pecados são considerados capitais
S-Se deles, outros erros forem derivados.

C-Cérebro comanda ações e reações, com razão:


A-A inveja desfaz a unidade, dilacera o amor.
P-Pode-se dizer: a avareza gera dor e desunião.
I-Itens de Temas Transversais, pecados capitais
T-Têm explicitado preocupações mundiais:
A-A razão é o elemento que nos torna humanos.
I-Ira, avareza, preguiça, luxúria, gula, vaidade,
S-São ações que a sabedoria faz refletir mais.

Silvia A. Mota
Belo Horizonte - Brasil
silumotta@hotmail.com
www.recantodasletras.uol.com.br
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 17 -
O RASGO QUE A NOITE NÃO DEU

Quando o arco-íris soou naquela noite,


O barulho dos raios.
Uma cobra fez voz ao silêncio da tempestade.
Quando a voz silenciou o nada
Uma voz fez curva no silêncio e
Deu vidas às flores de S. Ninguém.
E o mato que prosperava a tristeza de mim
Sorriu chorando com lágrimas de areia
Branca, mas suja também.
Assim contam os céus, por ironia de um destino perverso,
Na linguagem de mais uma voz,
Ninguém nasce de repente um barulho feito gente
Do mato ou da aldeia
Grande ou pequena
Rica ou pobre
Mas gente de espírito virgem
E que barulho é este que vem em minha direcção
Rasgando de repente as nuvens
Ou finalmente é o rasgo da que me viu parir?!

Zeizolde Sangama
Benguela - Angola
wilsonf.silva@gmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 18 -
O VÍCIO NOSSO DE CADA DIA...

O orgulho canta tão alto


Que é pra não querer ouvir...
A voz que vem lá do alto,
Censurando esse sentir...

Inveja bem baixo canta


No mais escuro do ser...
Tristemente ela espanta,
Alegria e bem querer!

A ira é um fogo ardente


Que queima a casa por dentro.
Como uma onda inclemente,
Arrasa de fora ao centro...

A cobiça aos pouco mina


Nossa generosidade...
Sem perceber extermina
Qualquer traço de bondade.


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 19 -

A preguiça, Deus acuda,


É uma tristeza também...
Pois jamais dará ajuda,
Nem pra si, nem pra ninguém!

Dentre todos esses vícios,


Há um que parece pior,
Pois é nele sempre o início
De toda tristeza maior...

A mentira é a rainha
Do sentimento menor...
É feito erva daninha
Que destrói ao seu redor...

Mas, tem a maledicência


Que é também um bicho atroz
Ela é pura violência
Que Deus livre a todos nós!

Zélia Nicolodi
Curitiba - Brasil
zelia_nicolodi@hotmail.com
www.emmimumsonhoazul.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 20 -
CAPÍTULO I – VAIDADE

Para a Igreja Católica, a soberba é um dos sete pecados capitais, sendo o


mesmo pecado associado à orgulho excessivo, arrogância e vaidade.
Segundo o filósofo Tomás de Aquino, a soberba era um pecado tão
grandioso que era fora da categoria, devendo ser tratado em separado do
resto e merecendo uma atenção especial.
Aquino tratava em separado a questão da vaidade, como sendo também um
pecado, no entanto a Igreja Católica decidiu unir a vaidade à soberba,
acreditando que neles havia um mesmo componente de vanglória, devendo
ser então estudados e tratados conjuntamente.

A percepção da realidade bloqueada pelo orgulho, impede os olhos da


alma de verem a malícia do outro que ao se revelar, decepciona. A vaidade
e a soberba, escondem as idéias claras e distintas que Descartes, tanto
lutou para detalhar e provar que o ser humano as tem. Aqueles sentimentos
levam alguém a pensar ser melhor que o outro. Se este outro for seu
subordinado, “a vaca vai pro brejo...” As decisões se tornam imperativas,
doa em quem doer. Esta auto- imagem inflada, não corresponde à
realidade, mas a necessidade de ser visto, de aparecer se torna cada vez
maior. Padrões éticos são desconsiderados e as relações interpessoais se
tornam cada vez mais deterioradas, difíceis.

O grau de isolamento, de carência afetiva, o modo como cada pessoa


experienciou carícias positivas ou negativas na infância, e até a forma de
cultura de um povo podem definir o grau de soberba nas relações das
pessoas. Existem testes que detectam o grau de soberba na personalidade,
impedindo a admissão funcional ou até mesmo influenciando demissões... A
única forma de deter esta emoção é monitorá-la observando não a si
mesmo, mas aos outros, suas reações, suas críticas... Rever também fatos
passados, seus aspectos negativos ajuda a descobrir o elemento detonante
da crise, ajudando a evitá-la ou repeti-la, pelo menos sistematicamente, por
isso, a vaidade ( considerando-se aqui, também, soberba e orgulho) é
pecado capital...

Ibernise in
'Caminhos e Descaminhos do Ser'
AMÊNCIA LIBIDINOSA

As labaredas queimam esta amência,


Que já não me pertence.
As chamas apossam-se da minha libidinosa
Vontade de querer ser cinza

Desse teu olhar negro, astucioso,


Que chamam pelo meu corpo
Sem o conhecer, corro.

(Fujo de mim, onde estou?...)

A minha mente repudia


O que o meu corpo deseja,
Arder, arder até ao fim...

Censuro-me
Não te quero!
Quero-te!

(Olha-me, beija-me...)

As chamas da cumplicidade,
Cedem sobre nós poderes voluptuosos
Ensandecemos o assopro em ardor sem nos tocarmos

Conceição B
Gaia - Portugal
conceicao.mami@sapo.pt
www.palavras-soltas.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 21 -
E EU SOU EU

Aqui estou eu
Mestiço de negro e branco
Severo e brando
Obstinado e ocioso
Modesto e orgulhoso
Obsessivo e sereno
Manso e prudente
Agradável e egocêntrico
Talvez a lei dos contrários
Impere em mim
Ou talvez haja apenas
Uma simbiose de antíteses
O que faz de mim indivíduo
Pois é…
Eu sou eu.

Delmar Gonçalves
Quelimane - Moçambique
delmar_gonc@hotmail.com
www.delmarmaiagoncalves.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 22 -
A VAIDADE

Sou um galo de Barcelos


Emigrado por mão amiga
De levar uma recordação

Viajei de avião e já poisei


Faz anos sobre o frigorifico
Também ele novo na altura

Esta noite algo se passou


Está a vibrar mais e deu-me
Um pesadelo de humano

Comecei a sentir os sete


Pecados capitais e é este
O primeiro vai-me manter

Vaidoso colorido implante!


(Nós galos nos damos conta
Da virtude de_ter pecados!)

Francisco Coimbra
Coimbra - Portugal
franciscocoimbra@hotmail.com
www.recantodasletras.com.br
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 23 -
VAIDADE

Desejo de admiração
Imagem negativa
Refletida no espelho
Como Narciso

Aplausos é ídolo da vaidade


As lentes do glamour
Chegam a refletir
Como luz fosforescente

O vício praticado ocultamente


Dominada como império
Paixão como ímpeto
Em total desordem

Cega para o amor


Ela não quer saber da
Verdade e tão pouco
Da dura realidade
Corroendo lentamente
A alma

Graciela Cunha
Santa Maria - Brasil
cunha.graciela@gmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 24 -
VAIDADE

Será que me olham agora?


Vou esperar até estar certo
Que não me vêem atento
Áquilo que me ignora.

Não me olhes sem estar pronto.


Enquanto aguardas preparo
Sem que notes que reparo
O que mostro no que conto.

Pareço bem deste lado?


Esquece que o outro existe
P'ra que eu seja no que viste
Apenas imaculado.

Gosto de me ver assim.


Que tudo de mal que eu tenha
E aquilo que me desdenha
Fique escondido de mim.

Henrique Cachetas
Vila Verde - Portugal
hcachetas@gmail.com
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- 25 -
SORRISOS MUNDIAIS

Sorrisos Mundiais
Buscarei no além todos os sorrisos
Os sorrisos escuros
As flores sarcásticas
No amanhecer das pedras
As rosas embriagadas
No partir das vozes
Nas terras escuras
Onde pedras preciosas
Vejo substituindo vidas
Aí, buscarei os sorrisos escuros
Buscarei no além
Os sorrisos encostados nos tambores
Percorridos na estrada deitada
De florestas sem árvores
Na miscelânea desconhecida de quatro pés
Buscarei no além
Os sorrisos plantados em terras que germinam ferros
Os sorrisos ingratos
Dos homens honestos
Que contam mentiras
Os sorrisos das crianças
Chamadas culpadas
Erguendo taças de feiticeiros inocentes
Aí, buscarei os sorrisos inocentes
Buscarei na manhã florescida
As mulheres
Com os restos dos sorrisos
Dos homens
Na noite alcoólatra
Os homens com os excessos
Das mulheres
Vendo pedras transformando
Lágrimas em sorrisos cimentados


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 26 -

N´alegria das três letras convalescentes


168
Buscarei no além
Todos os sorrisos
Os sorrisos mundiais encontrados em Bagdade
Madrid
Luxemburgo
Joanesburgo
Os sorrisos sem cores
Buscados em Los Angeles
Amsterdão
Beijing
Berlim
Os sorrisos do amanhã
Resgatados em Bucareste
Hong Kong
Bogotá
Todos os sorrisos para conglomerar
Com os sorrisos negros ultrapassando desespero
Sorrisos brancos crispando incerteza
Sorrisos verdes na esperança de morte
Sorrisos vermelhos regados com lágrimas doces
No amarfanhar dos dias
Todos os sorrisos
Para conglomerar
Com os cânticos da minh´alma

Kiokamba Cassua
Luanda - Angola
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- 27 -
OLHAI OS LÍRIOS

Não se pode ver o bem no horizonte


Nem os frutos das árvores,
Nem os lírios dos campos,
Nem as águas silenciosas das espumas vivas
Que caem dos céus sobre as margaridas...
Se somente nos querermos
Demasiado, tanto e tanto que só nos enxerguemos
Como sábios, como deuses, como santos.

De que é feita a vida, senão dessa terra


Mãe da paz, do amor, da alegria?
Aquele que somente enaltece a si mesmo
Isola-se por conta própria para consumir-se
Na solidão de sua cidadela vazia.

Não há a pequena côrte de nós mesmos.


Não há uma estrela sozinha brilhando no céu.
Somos também planetas, galáxias.
Todos, sem exceção, somos iguais.
Não é melhor o meu, nem o teu.
A perfeição somente é inerente
A uma Consciência Maior.
Chame como quiser.
Ou Deus.

Lucia Constantino
Paraná - Brasil
lucia_constantino1@hotmail.com
www.cantaresepoesia.blogspot.com
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- 28 -
JUSTA VAIDADE

Surge
Um olhar
Das brumas
Da juventude
E os ombros
Da anciã
Sem
Alças
De sutiã
Não se vergam
Aos colares
E seduzem
O tempo das pérolas.

Uma mulher
Conta sua justa
Vaidade
Ao luar
E desfia
Desfiles
De estrelas
Desde seu melhor lugar.

Madalena Barranco
Santa Catarina - Brasil
mmbarranco@yahoo.com.br
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- 29 -
DE CARA LAVADA

Não passo base no rosto,


Nem ponho rímel nos cílios;
Batom guardado e deposto
Não serve nem para brilho.

Não sei se falta vaidade


Ou se é de fato preguiça;
Para dizer a verdade,
Maquiagem não me atiça.

Ainda escuto Caymmi


Cantando sua Marina
Singelamente sublime

Do jeito que Deus a fez.


E por que não ser amada
Mesmo sem ruge na tez?

Márcia S. Luz
S. Paulo - Brasil
marciasl2001@yahoo.com.br
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- 30 -
VAIDADE

Vaidade,
Alta estima exacerbada,
Orgulho de si próprio,
Soberba, altivez!
Quem te condenou?

Exaltação tola
De valores tão fugazes!
A quem prejudicas?

A quem ofendo ou engano,


A não ser a mim mesmo,
Quando presunçoso,
Penso que sou o que não sou,
Sonhando acordado?!

Vaidade!
Quem, pseudo-humilde,
Vaidoso da própria humildade,
Sob autoritários paramentos,
Orgulhoso,
Te chamou de pecado?

Marcílio Torres
Paquetá - Brasil
poetamarciliofreire@yahoo.com.br
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- 31 -
VAIDADE

Corrigir-se da vaidade
É imperativo cristão
Não se levar por veleidade
Nem negligenciar o coração.

Pecado capital mais frequente


A vaidade corrói alma e espírito
Confunde pessoas inconsequentes
Cuja advertência provoca conflito.

Quem persiste adotar esse ato


Consciente está da sua provação
A verdade não atinge o insensato
Que só pensa em ganhar perdão.

Mena Azevedo
Bahia - Brasil
mena.azevedo@hotmail.com
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- 32 -
VAIDADE

…O espelho trincado
A minha frente
Oposto!
Acabou o perfume
Meu olor
É suor!
O tênis de marca
Furado na sola da soleira no asfalto
No barro dos meus pés...
Os desejos?
São ilusões submersas
No cabelo desgrenhado
Na sobrepujança do ego
Em si menor
Lágrimas
Cicatrizes de verdades
Marcadas
No rosto rasgado
Por uma gilete cega
E enferrujada
Sob máscaras
Sobre plásticas
Inevitavelmente
Na alma...

Rogério Manzolillo
Rio De Janeiro - Brasil
rmanzolillopoesia@hotmail.com
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- 33 -
VAIDADE

Trinta e nove anos e meio


Me pego diante do espelho
A olhar meu corpo de esgueio
Marcas do tempo eu receio

Um corpo bonito ainda...


Nessa visão contemplo a tudo
Percebo mudanças repentinas
O espectro da velhice. Mudo!

Tenho que do corpo cuidar


Fazer dieta, hidroginástica
Aeróbica, yoga, caminhar.
Bem que ajudaria uma plástica

E a medicina?
Que do rejuvenescimento é oficina
Cálcio, ferro, potássio, vitaminas
Contra os radicais livres e outras toxinas.

A cada dia que se vai


Meu corpo antes aliado constante
Revoluciona-se e me diz “to nem ai!”
Desisto da beleza escravizante!

Meu ego se exalta flamejante


Sentindo-me jovem e ainda bela
Quero ainda despertar olhares picantes
Com a sensualidade de anos antes

Pelas ruas quando passava


Olhares atraia e suspiros arrancava
Hoje, quando me chamam de senhora
Lembro-me que sou madura agora


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- 34 -

Ter suas curvas admiradas


É o sonho de toda mulher
Mas o tempo é inclemente
Amadurece o corpo da gente

A beleza madura trás a diferença


Destaca-se no olhar, no sorrir
É a experiência que marca presença
Na mulher que usa o tempo a evoluir

A beleza da mulher madura


Que da vida bebeu o fel e colheu luzes
Experiências que a tornaram segura.
Trás a marca de suas lutas e de suas cruzes

Rosângela
S. Paulo – Brasil
rosangela_43@hotmail.com
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- 35 -
EU...

Eu não sou a que na vida anda perdida, *.


Sou a que na vida tem direção consentida,
Sou a que faço de meu sonho realidade.
Sou uma andante no tempo... Meu lema é felicidade.

Sombra de névoa tênue e esvanecida.


Transformando as adversidades em animosidade.
Caminhando esguia pela cidade,
Minha alma vibra e... Nunca adormecida!

Não sou aquela que passa e ninguém vê,


Sou antítese, não dou esse prazer.
Entro em meus devaneios e sei por quê.

Sou as minhas razões e minhas emoções,


Rasgo-me, reconheço-me mesmo em silêncio.
Entro no meu mundo e ensaio canções.

*Eu de Florbela Espanca

Sandra Almeida
Rondônia - Brasil
sandralmeida2006@hotmail.com
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- 36 -
VESTIDO DE BROCADO

A vaidade saiu á rua


Toda vestida de brocado
Iluminou-se com a luz da lua
Para se entregar ao seu amado.

Toda ela era presunção


No seu porte ostentava
No peito trazia a solidão
Da pretensão que imaginava.

Do ouro todo que trazia


De humildade nada entendia
Sobre o vestido de brocado

Nunca entendeu que tudo é vão


Que a riqueza só traz solidão
Quando o mais importante é ser amado.

São Gonçalves
Bertrange L - Luxemburgo
saozinha_68@hotmail.com
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- 37 -
NA ESCURIDÃO (A VAIDADE)

Olhou-se ao espelho,
No móvel em forma de cruz.
Disse para o que viu:
"Sou, na alta madrugada,
O perfeito reflexo
De uma noite estrelada
Que a todos seduz"
Sorriu,
E, só então, acendeu a luz...

Silvia Regina
S. Paulo . Brasil
marianamaia3337@yahoo.com.br
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- 38 -
VAIDADE

Estagnei na magreza da palavra comum


E estarreci por não encorpar caderno nenhum,
Nem o meu, nem o de outro qualquer
Que não quero conhecer, sequer.

Entronizo-me à laia de quem já sabe tudo


E disfarça o vazio com um linguajar mudo,
Feito de meias coisas incorrectas
A desenhar esboços de certezas incertas.

Aguardo por movimento,


Aguardo por força que me dê alento
Para rebolar da letargia de altar
Que me acanha a vontade de saber estar.

Valdevinoxis
Viana Do Alentejo - Portugal
valdevinoxis@sapo.pt
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- 39 -
CIÚMES

Impiedosamente lanças o grito


E destróis-me com a vaidade
Do teu ego desmedido,
Lançando olhares e gentilezas,
Palavras e graças
Que m’atraiçoam.

Enquanto ardo na fogueira


Que ateei com despeito,
Rogo para que as chamas
Te queimem o orgulho
E que os desvios dos caminhos
Te tragam tão somente a mim.

A cegueira que m’atinge


Levanta o punhal
E crava-to no peito!

Vera Silva
Amadora - Portugal
svera.silva@gmail.com
www.palavras-soltas.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 40 -
CAPÍTULO I I – AVAREZA

Em termos administrativos em qualquer esfera, até em âmbito nacional, a


AVAREZA, pode ser reconhecida na tendência à centralização como gesto
avarento nas organizações, e até na vida pessoal. Pode significar
centralização do poder, e até falta de confiança. O sentimento ávaro, pela
desconfiança, leva a centralizar decisões, informações influenciando
negativamente os resultados almejados nas tarefas, assim como impedem
que os relacionamentos fluam num clima saudável.

Este pecado pode levar pessoas a economizar pensamentos, idéias, que


podem impedir o envolvimento em projetos importantes para o
desenvolvimento nacional, vida pessoal, etc. Esta emoção cria dificuldade
de lidar com a diversidade e participação popular, com transparência
entrando num clima defensivo, estagnando oportunidades reais de
desenvolvimento. A avareza quer seja no grupo, ou individual, também tem
a ver com a auto-estima, o medo da perda e retém, retém... Como um
usurário… Sendo esta retenção de dinheiro ou afectos, os resultados são
concorrentes. Assim o ser humano não se valoriza, não investe em si ou no
bem estar, comum.

A virtude está no meio, ensinou Aristóteles na Grécia Antiga, então já que


não se pode evitar, a avareza (por ser um pecado capital), vale a pena
tentar mediações e sublimações no comportamento.

Participar mais nos debates dos grandes temas nacionais, pessoais,


familiares, etc, ensinando as pessoas mais simples a escolherem melhor, se
organizarem, para serem bem representados. Portanto, a vareza não se
limita apenas a questões financeiras, diz respeito a relacionamento,
generosidade, capacidade de doação humanitária, fraternal, podendo
impedir a solidariedade entre homens e até com relação aos cuidados com
a natureza.

Ibernise in
'Caminhos e Descaminhos do Ser'
MAIS TRABALHO, MENOS SALÁRIO

Hoje te dou mais trabalho


Que me dará mais dinheiro...
De certeza não atrapalho
Teu labor do mês inteiro.

Com trabalho extraordinário


Cumpriste o teu objectivo;
Tenho de encurtar teu salário,
Mesmo que não haja motivo.

Com grande rigor e mais valia


Consegues manter o emprego,
Se aos sábados vieres, seria

Muito melhor, eu não nego...


E demonstraste valentia,
Não dou dinheiro, dou um prego!...

António Martins
Ansião - Portugal
antonio.martins1955@gmail.com
http://poesia-avulsa.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 41 -
NAS LEVADAS

Demiurga, a água
Transborda
Por sobre o próprio
Corpo,
Submergindo os dedos
Que buscam
Alento,
À medida que a torrente
Se lhes escapa.

Sorrateira, num ímpeto


De cantata,
Penetra fundo,
Como uma adaga
Em peito aberto,
Pela dor.

Nas levadas,
Os pássaros já não cantam
Nas suas margens,
Apenas ressoam
Ecos, pouco audíveis,
Da tragédia.

Arlindo Mota
Setúbal - Portugal
arfemo@gmail.com
www.asedadaspalavras.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 42 -
AVAREZA

Guardar a chaves no peito


Todo o amor do mundo
Para não perder o coração

Betha Costa
Belém - Brasil
bethamendonca@ig.com.br
www.blig.ig.com.br/poeticaspalavras
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 43 -
PERFUME

Naquela loucura
De estar só...
De não existir
Nem ser cheirado...
Corrompeste na insanidade...
Nesta tua infantilidade...
De não esqueceres nunca o passado...
Tornas-te refugiado
De ti próprio...
Nesta enfadonha sensação...
Neste sentimento estrangeiro...
De quereres saber quem és...
E na tua vontade assassina
De te destruíres...
Procuras algo...
Aquele cheiro insaciável...
Dos corpos desnudos de amor...
E na tua perdição...
Choras um cheiro desconhecido...
Não dominas o teu próprio sentimento...
O teu amor...
O teu pecado corpóreo
De simples mortal...
Pobre anjo oculto
Vestido de pastor...
Que passeia o cheiros que ambiciona...
Nas armadilhas do corpo de uma ninfa...


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 44 -

Perdes-te...
Na loucura do cheiro imortal...
De uma beleza quase angelical...
Na sensualidade que te é estrangeira
De um corpo de rameira...
E sonhas na lua
Possuir as curvas do teu pecado...
Ficas enfeitiçado
E choras pois prendeste no teu mistério...
O mistério do teu propósito
Da tua existência...
Desconhecida...
Escondida...
Numa armadilha...
Do teu inexistente...
Perfume...

BlackBird
Cacém - PORTUGAL
tiago.freitas_@hotmail.com
www.wwwblackwings.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 45 -
A AVAREZA

É mais que uma doença, é uma paixão.


É uma obsessão louca por dinheiro.
E passa frio e fome o tempo inteiro
Para por uma nota no colchão.

Alimenta-se de água e seco pão…


Não perde da visão o mealheiro,
Até ao dia em que o cangalheiro
Lhe traga as quatro tábuas do caixão.

Vive numa pobreza franciscana,


Entre as tábuas velhas da choupana
Que lhe serve de cofre e é o seu lar.

Não teve sonhos nem tem ilusões…


Vive presa ao amor dos seus tostões
Até, um dia, a morte os separar.

Candido
Lisboa - Portugal
paivamatos@netcabo.pt
www.contos.poesias.nom.br
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 46 -
A SINUOSIDADE DA USURA NO BURACO

Lavo a mão que se esgota


E saio na barca para a aurora junto da cabeça
Cantando a tarefa dos homens desesperados
Afogando o passo em cada volta de agua
Órfão do verde em sono
E baloiçando deus no leito
Nu, leito da rua selado
Angustia ou desejo tanto faz
Desde que arranhemos a pele no relento
E gritamos a sinuosidade da usura no buraco
Contamos os dias duas vezes
A noite clara e o dia sol
Duas vezes inocente esta hora
Este espaço de hora que se move na sua própria vontade
A passagem bate nos olhos do poeta no coração
E nos pulmões das costas curvadas
Somos o café
Congestionamos a idade neste momento
E espancamos a lentidão do tempo
Batemos na fertilidade do ar
Nas folhas do morrer hoje
Neste anel de fogo exorbitamos a padeira de coisa alguma
Temos o sexo branco no meandro do sangue
Como escavasse-mos o firme dos nossos remos
Saberemos mais tarde
Que a queimadura na parte exterior da perna esquerda
Vive fragmentos de granito constantes
Em bocados sentimentais
E da existência
Partimos as danças ao meio e da garganta dos sapatos
Libertamos as plantas dos pés
A mulher deu-me um livro infantil para a moer
A mão que tocou o seu marfim quente
E a língua que beijou a sua uva canta
Canta as palavras do mar criança


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 47 -

Do velho que coleccionava objectos redondos


O corpo é um peso circular e a ponte é fresca
E prende-se na menina de cabelo amarelo
Amamos a eternidade do vento sul
E a pimenta dos confins da África moderna
Nomeamos as árvores em nosso redor
Bebemos calos do pensamento neste degrau
Transfigura-se a espuma das flores
É o que nos resta na memória saltitar
E por agora somos inacabados
Continuação do encanto jovial
Estamos bem mais gordos quando saímos da rua deitados.

Caopoeta
Fradelos - Portugal
jimjobim@hotmail.com
www.naentradadoabismo.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 48 -
MÃOS DE MÁGOA

Choram, magoadas, horas incompletas


Estendidas sobre as mãos de um só olhar,
Fantasma vulto de horas sem lugar
Na compleição de misérias secretas.

Erguem-se à luz de estrelas predilectas,


Suplicantes de mágoas por contar,
E há um sino nos ecos do sonhar
Gritando entre fragores de completas.

Há uns olhos de morte e de loucura


Suplicando um refúgio na amargura
De uma alma submersa sob o Calvário.

Mas, avaro da luz e da magia,


Encerra o mundo a sua fantasia
Sob as soturnas penas de um sudário.

Carla Ribeiro
S. Martinho De Mouros - Portugal
carianmoonlight@gmail.com
www.freewebs.com/carlaribeiro
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 49 -
AVAREZA

A manhã despontou,
E dentro do seu quarto, sente um prazer imenso,
Por mais um acordar rodeado dos seus prémios.
Olha em volta,
Tudo está no seu lugar,
Nada mudou de sitio.
As suas pequenas fortunas,
Como lhe chama,
As suas pequenas maravilhas,
Brilham num sol de primavera.
Pensa então,
Como sua vida é perfeita,
Ou quase perfeita,
Se apenas pudesse ter dinheiro para comprar os mundo,
E todos o que nele contem.
Deitado em sua poltrona, feita quase de ouro,
Sente a paz dominar a sua vida.
Um sentimento que sempre o acompanhou,
Desde que se conhece como homem.
Mas um dia, uma tempestade assola a sua vida,
Domina seu coração e sua alma,
E atira-o para um poço fundo e escuro.
E ele, perdido em si,
Deixa-se afundar, no medo
Suas maravilhas, suas riquezas,
Permanecem intactas sobre sua mesa,
Mas seus sonhos estão a morrer,
Seus bens mais preciosos,
Estão embutidos na parede de seu quarto,
Mas sua mente, perde-se cada vez mais, a cada dia que passa,
Ele sente-se a desfalecer perante a vida,
Mas seu amado dinheiro, permanece intocável.
Até que ele se vai para um outro mundo,
E suas riquezas, permaneceram neste mundo para sempre!

Catarina Camacho | Madeira - Portugal


deusaii@hotmail.com | www.catarinacamacho.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 50 -
GANA

O desejo bate a porta


Atropela a parede que conforta
Invade a nua paisagem
Perder tempo, jamais.
Sair correndo ao pensar, ela quis.
O transporte preparado recém
As malas já postas na sala de jantar
O homem remexe desesperado
Implora para ela ficar acalorado
O olhar é de interesse abafado
O corpo é escultural abastado

A vontade da água na boca


A ganância é muita na beijoca
O relógio vigia, ela que apresse.
A viagem ao mundo exaspera
Os lugares a sua espera
O avião já partirá, o almeja.
O cheiro entranhado, é peleja
Cede ao destino e veleja
Na maçaroca do amor
A avidez brilha do alto ardor.

Diana Balis
Rio De Janeiro - Brasil
dianabalis@gmail.com
www.dianabalis.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 51 -
AVAREZA

Eu, tornada chuva,


Ambiciono o cerne da terra,
Íngua em pústula que sorverei
Sob os olhos famintos dos que nada tem.
Proclamarei o tempo
Terreno expiatório e desarticulado
Onde a minha dor - e somente a minha –
Terá descendência, amplitude e eco.
A ninguém farei partilha
Dos rosais funestos que me nascem
E serei soberana senhora
De todos os pecados do mundo...

Edileia Santos
Brasília - Portugal
clave-de-lua@hotmail.com
www.desequilibrio.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 52 -
AVAREZA

Nunca vê o avarento
Nos outros um seu irmão
Tem falta de sentimento
E de humana compaixão.

Vive bem e com fartura


Em opulenta riqueza
Mas não sente a desventura
De quem não tem pão na mesa.

Há muitos necessitados
Que mendigam com tristeza
Quantas vezes confrontados
P’la pertinaz avareza.

Esta injusta indiferença


Que não faz nenhum sentido
É quase como doença
Sem remédio conhecido.

Quem tem a barriga cheia


E muitos banquetes come
Quase nunca liga meia
Aos pobres que passam fome.

O avarento egoísta
Na vida não tem amigos
Nada tem de altruísta
É mais pobre que os mendigos !...

Euclides Cavaco
Ontário - Canada
cavaco@sympatico.ca
www.euclidescavaco.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 53 -
SÓ.VI.NICE

E vi... Contando as notas para si.


Queria do mundo a riqueza,
Para guardá-la escondida,
Daqueles que vivem em pobreza.

Mesquinhez na maneira de agir,


Guardar tudo aquilo que não se usa.
Enquanto pessoas sem terem o que vestir
Passam frio, vergonha intrusa.

Apego excessivo ao dinheiro,


Traz ao ser estreiteza de espírito.
Ser avarento é viver sem conflito.
Porém, pobre do amor verdadeiro.

M. Inês Simões
S. Paulo - Brasil
avblbr@gmail.com
www.mis.art.br
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 54 -
A AVAREZA

São sete os pecados capitais,


Difícil destacar os principais.
Começo co’a letra “a”, a avareza,
Puxada por ambição de haver riqueza.

Embora boa rima co’a avareza,


Não há morada, ali, para a pobreza,
O pobre é que é vítima maior
Porque, se o ouro não corre, lhe é pior.

Assim, deve o dinheiro circular


E nunca que num cofre ser fechado.
Fazer, a quem precisa, trabalhar

Porém o que nos causa mais tristeza


É o avaro, tanto a cuidar de seus guardados,
Que tenha sua alma em pobreza.

Manoel Virgílio
Rio De Janeiro - Brasil
mvirgiliopc@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 55 -
COBIÇA

Silêncio
Quero ouvir apenas o teu coração
Que descorda da teimosia do teu cérebro
Silêncio
Quero perceber o que ele me diz
Se entender-lho vou querer compreender
Quando compreender terei de perceber
Silêncio pois tu es minha e de mais ninguém

Mukanda
Luanda - Angola
wilsonf.silva@gmail.com
www.fazemosacontecer.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 56 -
A CHEGADA DOS PECADORES

Honoráveis convidados deste juízo final


Sejam bem-vindos ao monumento da verdade
Abrem as portas aos nossos ilustres acusados
Ostentam, a meia haste, virtudes e pecados.

Mendigam por tostões aos pobres diabos


Tartamudeando o verso ao cifrão alheio
Avaliam o momento para não gastar o que é vosso
Engolindo o saber de Midas como se água se fosse.

Reais, diamantes, oiros, fortunas,


Revogam, por quaisquer trinta metais, o espírito do certo.
Tesura a quem mais precisa cuja fome é mãe podida *1.
Imploram clemência aos impostos exigidos
A chorar de miséria, com abundância bem escondida.
Obscurecendo o sal ao trabalhador escravizado.

Nem Santo, nem Sorte, os puderam salvar


Sois avareza em tons aglutinados
Os ricos senhores da soberba mendicidade.

Nota: No *1 era para ser f***da, mas não quero entrar no calão.

Pedro Batista
Setúbal - Portugal
demanjo@hotmail.com
www.demanjo.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 57 -
AVAREZA

Não quero dividir-te com ninguém


Nem mesmo partilhar o teu sorriso.
Eu quero ter-te sempre que preciso
Flor entre as demais do meu harém.

E como um marajá pecaminoso


Eu vou guardar-te sempre mil zelos.
Perder-te é o maior dos pesadelos,
Tesouro cobiçado e precioso.

Tu ficas prisioneira inocente


Dum sádico carrasco decadente
Que quer só para si tua beleza.

Somítico te guardo e te escondo.


Num gesto de ciúme hediondo
És vítima de insana avareza.

Silvério Calçada
Ermesinde - Portugal
silveriocalcada@gmail.com
www.eusilverio.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 58 -
CAPÍTULO III - IRA
Thomas Hobbes (1588-1650), matemático,teórico político e filósofo inglês,
em sua obra Leviatã(1651) falou sobre a natureza humana e sobre as
necessidades de governos e sociedades, pois considera " o homem lobo do
homem", mas este homem deseja acabar com a guerra, e para isso precisa
formar sociedades entrando num contrato social... A natureza humana é
temperamental (império dos sentidos). Mas as relações em sociedade
evoluíram e as noções primitivas do convivío humano, sobre as quais
Hobbes reflete, mudaram.

Temos Estado constituído, conhecemos a Lei Natural, mas temos o Direito


avançado da modernidade. Criou-se, então uma trilha ética de normas de
conduta. Mais atuais ainda, são as noções sobre o controle das emoções,
baseadas na inteligência emociomal (Golemam, 2005). Sim. A emoção pode
ser taticamente treinada como uma habilidade... Esta descoberta libertará
homens e mulheres das ações passionais... Aí
muito mal poderá ser evitado... O sentimento da raiva toma o indivíduo de
assalto. Este, quase sempre, não está preparado mentalmente, para não
entrar naquele circuito neurótico, que para o surtado é mentira, negação,
fantasia... Latente, não expressa...

O fomento da ira é o medo de errar. Ao invés de temer, vem o ataque para


defender os próprios fantasmas. Freud ao elaborar sua Teoria da
Psicanálise expôs sobre estas questões. Justifica o mestre da psicanálise
que é necessário saber o fundamento do seu próprio recalque, conversando
ou escrevendo sobre sonhos, pesadelos e sonhos recorrentes, aqueles que se
repetem... Tais procedimentos podem ser justificados nos textos: [Histeria
(Freud, 1888); Sobre o mecanismo Psíquico dos Fenômenos Histéricos:
Comunicação Preliminar (Freud, 1893/1986 b); Neuropsicoses de Defesa
(Freud, 1894/1986 c); Psicoterapia da Histeria ( Freud , 1895/1986 d)].

A Inteligência Emocional (1990), definida por Daniel Goleman (1995),


John D. Mayer e Peter Saloney (2005), permite desenvolver habilidades
para descobrir e reconhecer atitudes em si mesmo e nos outros, que
provocam descontroles momentâneos, que afetam seu humor
negativamente. Treinar memorizar, decodificar esses enigmas, quase
sempre surtem resultados otimistas, promissores.

Ibernise in
'Caminhos e Descaminhos do Ser'
PENSAMENTO PRÓ FUNDO

O cão que morde o cão como se fosse o dono.

António Paiva
Madeira - Portugal
antoniopaiva21@sapo.pt
www.antoniopaiva.net
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 59 -
AMOR/ÓDIO/RAIVA

Já não sei o que sinto


Já nem sei se sinto.

Dói me não te ver.


Dói me não estar contigo,
Dói me não saber de ti.

Mas pior que tudo isto


Dói-me estar contigo e não te tocar
Dói-me a tua distância,
O teu desprezo.

Ainda sinto amor por ti,


Mas sinto ódio por mim.
Raiva pelas minhas atitudes.

Raiva
Por ter sido eu a deixar-te fazer tudo.
Por nunca ter batido o pé e dizer então e eu?
Estou aqui?
Não tens tempo para mim?
Não queres estar comigo?

Sinto que te perdi por minha culpa.


Dei-te asas e tu voaste.
Não voltaste,
Nem muito menos olhaste para trás e pensaste em mim.

Seguiste o teu caminho.


E eu fiquei...
Fiquei sozinho...
A pensar...
A chorar...


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 60 -

Choro só de me lembrar de ti.


Choro...
De raiva de mim
De ódio de mim
Mas no fundo de amor por ti.

Carlos Silva
Sintra - Portugal
carlao_ramirez@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 61 -
CARAPUÇA

Ódio
Tu que rois a alma
Corrompes o espírito
Tem piedade dos tristes

Ódio
Tu que gritas dizendo pensar
Mas apenas mostras a tua impotência
Tem piedade dos mesquinhos

Ódio
Tu que pretendes ver
Em tudo e em todos
O mal,
O pecado,
O crime
Tem piedade dos tolos

Ódio
Aprende a humildade
Lembra-te da historia
Do burro com pele de Leão
E assim
Talvez possas ouvir
As gargalhadas
De todos aqueles
Sãos de espírito
Que pretendes
Aterrorizar

Carlos Tronco
Caen - França
carlos.tronco@gmail.com
www.troncocarlos.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 62 -
ÓDIO SEM LIMITES...

Submundo, por ele caminho sem rumo, sem destino...


Triste, detonado, irado, espere;

Já vem a chuva... Espere um pouco a chuva acabar...

Ódio
Minha alma se destrói por amor à vingança…
Nela quero festejar, minha vitória antes arrancada, por detrás de
minhas certezas consideradas boas …
Talvez cem por cento isso comento ...

Assim louco enfim…

Era isso que todos queriam;

Vestido de trapos deitado no chão pedindo esmolas


Sem nenhum amor no coração
Enfim enfim assim chegara vossos fins.

Cidox
S. Paulo - Brasil
feniques_chaves@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 63 -
VENTOS IRADOS

Adentram-se mágoas
Enzimam-se ódios
Que azedam a alma.

Possuem-nos ecos
Das forças do mal
Levantam-se ventos
Irados de raiva
Mesquinhas tormentas
Revoltas de nada.

Insurgem-se armas
Fuzilam-se sonhos
São vidas ceifadas
Pelo preconceito
Mulheres artilhadas
Fazem-se explodir
Por crenças insanas.

Fernanda Esteves
Setúbal - Portugal
nandaesteves@sapo.pt
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 64 -
NA VÍRGULA DO GATILHO

Violência sem igual dor de sentir


Toda essência do mal, um sopro
Esmagando a lei contrariando o devir.
Descarrega as munições o cano
Fumegante, quente tambor estéril,
Almas livres cadavérico projéctil,
Pontaria afinada dedo insano.
Esquemas cruéis, fortes torturas,
Camisas-de-forças, doce sanatório
Dardos envenenados, punhais sem lisuras,
Sem marcha fúnebre, antecipado velório.
Junta-se o lixo, acende-se a fogueira
Muito fumo enterra o estrume
A água passa e limpa a eira,
Na mente um tornado no chão verdum.
Ferve o sangue, alastra o vício
Consomem pragas gente doente
Em estado de sitio o suicídio,
É absolvição do paciente.
Desespera, cega, irado escrito
Inconscientemente guardado
Não há aviso...

Francisco Boaventura
Guimarães - Portugal
andre.j@live.com.pt
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 65 -
ÓDIO É !…

Ódio é água que molha sem molhar


É cegueira que enxerga mas não se vê
É uma felicidade de um infeliz porquê
É prazer em dor por não poder amar

É um querer muito o que não se quer


É ficar só por não ganhar o coração
É negar o bater sentido do querer
É ganhar nada por perder a razão

É desejar um desejo indesejado


É servir um prato frio de sal e sódio
É ser odioso por não ter amado

Mas como pode causar lugar no pódio


De um fado tão triste e malfadado
Se tão semelhante a si é esse ódio?

José Lourenço
Barcelos - Portugal
www.poemas.blogtok.com
jsl@blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 66 -
POEMA DE JOVEM

Meu Poema de Jovem


Tem frases ditas com ódio
Que soam exageradas
Ou infantis
Coisa de Jovem
Desapontado com o Mundo
Tem paixões
Que só se vive enquanto Jovem
Ao escrever e descrever
Momentos e coisas que
Só um Jovem acha engraçado
Só um Jovem concorda
Enforca-se
Assim exijo que
O Mundo seja perfeito
Acredito que os homens podem ser honestos
Escrevo por um Mundo justo
E vivo uma alma pura
Coisas de Jovem, hem!
Quando eu for Velho
A única solução
Vai ser rasgar cada folha
Deste meu lindo Poema
É o que dizem os Kotas
Ao criticarem
Meu dilema
Que eu chamo de Poema!

Kardo Bestilo
Luanda - Angola
wilsonf.silva@gmail.com
www.minhasoutrasvidas.blogspot.com
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- 67 -
LOUCURA DE MULHER

Perdoa essa desvairada


Que te faz espumar de raiva
E consegue te tirar do eixo.
Tratando-se de fêmea é normal
Tamanha excentricidade,
Afinal com tantos hormónios,
Seria ingenuidade esperar normalidade.
Hormônios são nossos demônios.
Pobre dos machos que buscam
Nos braços de uma mulher
Descanso e tranquilidade.
Fêmeas lhes dão o regaço,
Sexo, filhos e alguma satisfação.
Agora, por caridade,
Não lamentes a insanidade
Que a costuma acompanhar.
Aproveita a oportunidade,
Usufrui o que vida te dá:
Uma mulher a te enlouquecer,
Uma mãe para teus filhos parir,
Uma insana que te faz irar,
Uma fêmea que te faz gozar.

Kryss Fourakis
Cataguases - Brasil
k4akis@gmail.com
www.tragada.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 68 -
A GUERRA

A guerra feia e fria…


Com quem sempre convivi…
Que me ensinou a viver…
Que me ensinou a crescer…
Que me marcou…
E que me deu…
Maior aconchego dos meus pais…
Maior protecção…
Maior preocupação…

Onde aprendi a ver…


Os medos e os conflitos…

Como os homens se odiavam


E … Como se amavam…
E nesta angustia de dor…
De maldade… De sofrimento…
E… De união…

Aprendi a amar…
Aprendi a sofrer…
A descobrir… E a dar valor…
Ao que de melhor há…
Ao nosso redor…
E saber afinal…
Que a vida, é o melhor que há!...

Liliana Laranjo
Aveiro - Portugal
cidalialaranjo@yahoo.com.br
www.africaempoesia.blogspot.com
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- 69 -
MAIO PALUSTRE

A lagoa do meu kimbo


Não reflecte a lua
Mas a mágoa dos homens de maio.

À prata morta das águas


Mordo as pitangas de maio
Frutos túrgidos de sangue
Sabor lacustre disforme palustre
De morte e esquecimento...

A lagoa do meu kimbo


Não reflecte a lua
Mas as máscaras gota a gota caindo
Lágrimas no corpo morcego da noite
E dos ramos calcinados das árvores
Libertam-se fantasmas ásperos de veludo
Amortalhando os meus olhos de maio
Vestindo ébano coalhado de cadáveres
E perfumadas ptomaínas.

Namibiano Ferreira
Tombwa - Angola
namibianodetombua@yahoo.co.uk
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 70 -
IRA

Na ira dos desejos, lá vou eu


Entre o céu e o mar, procurando
Com meus beijos a Pirata do meu mar

Rainha dos sete mares, toda linda!


Toda má, me deixa a ver navios
Nas lembranças do meu gostar...

Na ira dos meus desejos, grito


Seu nome mar a fora... Pirata
Se te acho, vou de encontro
Ao seu abraço e até te faço sorrir...

Pirata não se iluda, só estou te dando


Corda, pra depois beijar-te pelas bordas
E mostrar quanto irado é o meu sentir.

Paulo César Coelho


Rio De Janeiro - Brasil
pcoelho05@hotmail.com
www.pcoelho.prosaeverso.net
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 71 -
IRA

Sentimento que despedaça a alma


Desatino sem fulgor, uma sombra
Que arrasa o coração e caminha
Sorrateira atacando a qualquer momento.
A alma impura agride abruptamente
Descarrega todo desamor
Naquele ser indefeso, e quantos
São os que padecem nas mãos
De monstros que têm no peito
Este sentimento pequeno como um
Dragão a queimar todos
Com suas labaredas de fogo
Fazendo vítimas
Deixando marcas profundas,
São as cicatrizes deixadas
Como tatuagens marcantes no
Corpo e na alma!

Regina Kreft
Paraná - Brasil
reginakreft@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 72 -
A IRA

Arrancou as vestes, rasgou as carnes


Beijou os ossos da lividez em esgares
Exibiu as peles, os dentes, a lixivia
E nas rugas salgou o ódio e a pífia
Masturbou o olhar no sangue da ferida
Que recortou a frio e em desmedida
Sorveu os impropérios da lingual
E os cuspiu altiva na barriga
Guardou o rancor debaixo do sovaco
Para o destilar em qualquer buraco
O cão da cólera besuntou os ouvidos
E a cera criada invadiu os convertidos
A vingança assestou um calo sarnento
Na boca aberta que cedeu ao bafo denso
No desvio da razão e da decência.
Sobrou o trauma de uma incontinência…

Roque Silveira
Vila Verde - Portugal
mcsilveira-6324l@adv.oa.pt
www.roquesilveira.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 73 -
CALO A RAIVA

Calo a raiva
Que tolda os sentidos
Grito
Um grito dilacerante
Que me dói
Tão fundo
Tão profundo!

As palavras são nenhumas,


Gelam-se
Na saliva inexistente,
Seca-se a boca
Qual fonte quebrada…

São cardos
São espinhos,
Fragmentos mutilados
Que rasgam a carne
Em sangue vivo.

Ai, dor dorida…


Tivesse morrido ontem
Que a luz hoje
Não a enxergo!

Ceguei tragicamente.

Rosa Maria Fernandes


Quelimane - Moçambique
rosaafernandes@gmail.com
www.ocantodarosa.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 74 -
A IRA

Mesmo que voltes para casa


Não há perdão ao teu regresso
A rua será teu lar na praça
Eu habitat, teu insucesso

Foi-se o menino para a rua


Seu lençol a chuva, o sereno
A droga era a realidade crua
Por anos no mundo obsceno

A ira cobriu aquele lar


Em vez do perdão e amor
Perdeu o poder do abraçar

A vida não conheceu a paz


A dor rondava em desamor
A vingança serviu de capataz

Sonia Nogueira
Fortaleza - Brasil
sogueira@yahoo.com.br
www.sonymai.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 75 -
CAPÍTULO IV- PREGUIÇA

A preguiça é de todos. É prazeroso entregar-se a preguiça. O desequilíbrio


acontece quando o indivíduo inicia um ciclo vicioso que o impede de
realizar-se, estabelecer-se, em função da inércia ( nesse caso, continuidade
da ausência de ação, um “movimento” que detém os processos de auto
realização).

Este comportamento pode se apresentar como falta de coragem para


trabalhar, de realizar as tarefas do cotidiano, desinteresse em aprender
coisas novas. A preguiça adia a realização dos projetos, e a pessoa acaba
deixando tudo para depois.

Neste caso não fica apenas na atitude física, mas uma atitude mental que
desqualifica os problemas e as possibilidades de solução. Para fugir da
preguiça neurótica, faça uma lista de prioridades e as execute. Trabalhe
mais do que planeje. Viva mais do que sonhe, pois como diz Luiz Fernando
Veríssimo: “...Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já
morreu.”

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'Caminhos e Descaminhos do Ser'
QUERO DORMIR

Deixa-me,
Não dormirei mais amanhã
Deixa-me agora que vivo
Dormir então mais um pouco.
Dos meus olhos em buracos
Não sairão mais mofas penas
Em pedaços, como agora,
Feitas trapos enrolados
Em anestesias de sono.
Deixa-me então mais um pouco
Cansar emoções de mil passos
Não vividas por cobardes
Ou falta de circunstâncias.
Não vês em mim um só corpo
Que precisa de sossego?
Deixa-me então em silêncios.
Em ondas de dor abafadas
Em almofadas dobradas
Torcidas por pesadelos.
De meus olhos em buracos
Não sairão mais amanhã
Nem gotas de sal saturadas
Nem imagens de luz projectadas
Nem sombras de meu ser poente.
Deixa-me então, lentamente
Viver meu sonho doente
Ser livre, ser só, ser sofrente
Pois não dormirei mais amanhã.

Alexandra Mendes
Guimarães - Portugal
alexcruzmendes@sapo.pt
www.alexcruzmendes.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 76 -
PREGUIÇA NA CAMA

Espraio na cama o sonho da outra noite.


Espreguiço-me no teu corpo em massagens mansinhas,
Delineio as tuas coxas adormecidas
Em segredo bocejo os meus ais ao teu inconsciente.

O sonho foi um prazer infernal.


Acordo teu desejo carnal,
Esta alvorada promete a realidade
Suo sensualidade.

Espreguiço provocantemente meu corpo


Despertando teus sensores ainda adormecidos.
Acolhes-me entre teus braços,

Fazemos perfeitos laços,


Acalentando meus desejos ardentes,
Sufocando as convulsões existentes.

De Moura Alcina
New Jersey - Usa
asweetlook@hotmail.com
www.whispers.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 77 -
A REDE DA ENCOSTA

Ar e sombra se unem e fogem,


Apartando-se como lei de órbita
Que gira a rede da encosta,
Reflexo de um qualquer estado
Que pode ou não ser alma errante.

Caem as cores de sons,


Discurso anacrónico de todos os tempos,
Como arma infligida de areia,
No corpo cansado,
Deslizando a voz obscura do deserto.

Entram nas cavernas os tons da terra,


Emergindo as madeiras moldadas de falsos Invernos,
Água coalhada de penas que foram essência,
Hoje poema riscado de abutres
Com palavras de lamentos.

Sem disfarces na escrita,


Desarmam as gavetas e as lanternas
Sem profundidade de escolha,
Que se ironiza a cada tendência
No velho moinho, que roda a planície de todos os tempos.

Eduarda Mendes
Algés - Portugal
mendeseduarda58@gmail.com
www.sol.sapo.pt/blogs/Meduarda/default.aspx
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
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TUDO PARADO

Céu azul...
Portão azul...

Despetalando devagar
O marasmo,
O bem querer
Que mal me quer.

A mão desliza na testa


É hora da sesta
Balaio vazio
Ocre,
Oco.
À espera de cores

Que preguiça!

Tudo parado,
Parado e morto.

Gladys F. Kogl
S. Paulo - Brasil
gladysmoliva@yahoo.com.br
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 79 -
CAVALGANDO A SORTE

Cada passo
É um pensamento
Um apartar do vento

Cismado
Compassado

Com o coração a bater


A trote
A sofrer
De má sorte

Como se um cavalo fosse


E voasse
Sem asas
À deriva
No tempo

E pisasse a mágoa
Que me remói
Por dentro

Henrique Pedro
Mirandela - Portugal
hacpedro@hotmail.com
www.henriquepedro.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
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PREGUICITE AGUDA

Deitar tarde
Para levantar-me cedo não há vontade

E tarde erguer
Há trabalhos urgentes para se fazer

No sofá a relaxar
Em vez de estar no quarto a estudar

Na esplanada com os amigos a beber


Em casa há tanto trabalho para se fazer

Não me apetece ler


Da roupa suja não quero saber

O chão não quero varrer


Até este poema vou parar de escrever…

Herlander Carvalho
Lisboa - Portugal
lander1107@hotmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
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POEIRAS FRUSTRADAS

O chão está ferido de máquinas


Provindas do Ocidente ou do Oriente
Que criam cá um tsunami inconsciente
E devoram zungueiras nas esquinas

Lacrimejam passeios coloniais


Por debaixo dessa árvore podada
Por buracos na avenida do nada
Em cujos suores precipitados andais…

Nas folhas de acácias sepultadas


Onde o tempo refresca meu medo
Já não pousa o amarelo do sol ledo
Pois as bolhas desses olhos há atadas…

Pouco era o engarrafamento de horas


Para nele haver perfurações bruscas
Em meio a avenida frondosa de moscas
Que apressadas à colerizar iam a oras

Nos calcários incrivelmente derrubados


Dos solos que sustentam a nossa esperança
Se esqueceram de desenhar a crença
Para nesse coração jamais haver fardos…

José Honório
Benguela - Angola
mandongue_8@hotmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 82 -
PECADO PREGUIÇOSO

Sinto vaidade na preguiça


Que me sacia toda a gula
Em luxúria ira e inveja;
Qual avareza pecaminosa

Lucinda Silva / J. Santos


Moçãmedes - Angola
lucinda@blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 83 -
PREGUIÇA

Escrever um poema eu ia,


A poesia chamava, juro que ia,
Mas que trabalho daria!

Um poema encomendado...

Ai, ai, ai
Cadê a inspiração?

E se eu disser
Que o leite ferveu
E derramou...
Que a vida cresceu
E desandou...
Que o dia nasceu
E a noite demorou...

Será que isso


É um poema?

Será que o tempo surgiu do desejo


E o mundo brotou do tempo,
O espaço criando seus labirintos
E galáxias?

Ou será que o mundo surgiu


Do caos e do vazio?


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 84 -

Ou terá sido a palavra,


Filha de uma Vontade primordial
Para sempre oculta,
Que gerou galáxias
E os teus olhos?

As respostas
Se fazem de sonsas
E vão ao cinema.

Luiz Felipe Coelho


Rio Janeiro - Brasil
coelhocoelho@yahoo.com.br
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- 85 -
QUE PREGUIÇA BOA!!

Ah! Como é bom


Estar aqui sentada neste banco
A observar-te chegando ao longe
Devagar clareando o céu
Dando brilho as nuvens que passam
Ah! Como é bom
Um pouco de preguiça
Para sentir essa brisa
Que bate em minha face
Leva pra longe os males
Como levam as nuvens que passam
Ah! Como é bom
Esta preguiça
Que toda manhã espreguiça
Estira o corpo descansado
De mais uma noite deitado
Sobre um preguiçoso alcochoado

Maria Lopes
Rio De Janeiro - Brasil
maria_lopes79@yahoo.com
www.recantodasletras.uol.com.br
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 86 -
COPO SEM FUNDO

Afogo as mágoas
Neste copo
Sem fundo
Que me engole
A alma
Até à última gota...

Como águia
Ferida de morte
Desço a pique
Num mergulho
Vertiginoso

Rasando a vida
Por um fio...
E tudo o que quero
É tão simples

Simplesmente
Esquecer...

Esquecer
Que existo!

Maria Lurdes Dias


Queluz - Portugal
medusalinda@gmail.com
www.impulsosdalma.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 87 -
PREGUIÇA

Segunda-feira, cara feia e lá vem a senhora preguiça


Com mãos de carícias em luvas de pelica!
Preguiça tem prosa dengosa e é dama de má fama!
Senhora de muitas façanhas, te amarra na cama
E ainda aponta a aranha que se assanha
E tece lentamente sua teia de desdém,
Mas diga amém e vamos pra lida
Que o sol já entrou
E ocupou o lugar da escuridão!
Tem essa não!
Espanta preguiça!
Se estica, se agita e grita:
Sai!
A vida te chama!
Vida que não dorme e nem cochila.
Pegue a mochila seu moço...
E vai!

Marisa Rosa
Rio De Janeiro - Brasil
zuruck.marisa@gmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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O SONHO DOS PREGUIÇOSOS

A vida passou,
Passou de repente.
Ele, inconsequente,
Viu ela passar.

Não se mexeu.
Assistiu de camarote:
Viu seu nascimento, seu crescimento,
E sua morte.

Ficou sentado, acabado,


Encontrou o abandono.
Disse estar cansado,
Muito cansado, com muito sono.

Era mentira,
Era errado,
Mas ele fez.

Desperdiçou
A sua vida
De uma vez.

Viveu trancado,
Privado, só a dormir.
O que vai ser desse homem
Que vive nos sonhos dos preguiçosos
Que sempre dormem?

Regiane Folter
Caraguatatuba - Brasil
regianefolter@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
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A PREGUIÇA

A Preguiça é a mãe da displicência,


Do desleixo, e abona a covardia,
De quem não pode ser como queria,
Porque cedo se entrega à indolência.

E vai em frente a proclamar carência,


Por mais que tenha, ao lado, companhia,
Pois o que busca mesmo é freguesia,
Para a moeda falsa da indigência.

O preguiçoso é perdedor de fato,


E de direito, desde que nasceu,
Porque cultiva a perda na conduta.

A reclamar que tem vazio o prato,


Não vê que é tudo que ele mereceu,
Colheita justa para quem não luta.

Tere Penhabe
S. Vicente - Brasil
tere@amoremversoeprosa.com
www.amoremversoeprosa.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 90 -
CAPÍTULO V - LUXÚRIA

“A teoria socrática do bom e do útil, da prudência, entendida pela índole


voluptuária de Aristipo, o hedonismo, ou a filosofia, em que toda a humana
bem-aventurança se resolve no prazer” (Latino Coelho, A Oração da
Coroa, pp. CCXXXVI-CCXXXVII).

A luxúria deveria estar, em princípio, associada ao luxo, ou seja o


supérfluo 'indispensável' que a igreja relaciona directamente aos prazeres
da carne, onde 'a carne' se impõe como sinónimo de sexo.

Mas é ou não o sexo uma criação divina.? Há duvidas que tenha sido uma
criação não divina, porque era algo inacessível, o fruto proibido que a
serpente, tentando Eva, acabou por desalojar a si e o seu Adão do paraíso.

Mas se a sexualidade é humana, deve ser obra divina. Algo que ele
concebeu, não para que os homens e mulheres se julgassem entre si, mas
para que se permitissem e se perdoassem quando estes níveis de
comportamento exacerbassem os limites. Tais cercanias uma vez
ultrapassadas, poderia caracterizar o pecado da Luxúria.

Contudo para o exercício plena da sexualidade humana, não se sabe qual é


o limite. Cada ser humano, o constroe, segundo suas experiências e sua
libido. Ser luxuriante não é ser pecador, é ser alegre, divertido, ser
'cabeça', arrojado.

Assim quem sabe viver com certeza sabe ser luxuriante, ainda que isto
possa, para alguns ser significado de 'pecado'. No entanto sendo capital é,
e sempre será, facultado a todos, sem nenhuma excepção.

Ibernise in
'Caminhos e Descaminhos do Ser'
VATICANO

Tu
Que dominas as consciências
Com capa bordada a ouro e prata
Subjugas a cultura
O trabalho, a liberdade, o culto, a vida
Como um perfeito agiota
Em nome de um deus pretensiosamente vingativo
Com o ceptro de um rei sem império
Tendo como horizonte o mundo
E palavras místicas e serenas
És o senhor absoluto de todos os desígnios!

Desenhas a sombra de todos os medos com um sorriso


Abusas da crendice como um mendigo da fé
Buscas na imposição de dogmas e preconceitos ignorantes
O poder e a força para exercer o poder
Ditas a sabedoria do absurdo aos incultos
Apregoas paciência à fome
Nos manjares à mesa do desperdício
Ensinas a tolerância à miséria
Dos que morrem vitimas
Dos que pagam a tua ostentação e luxo!
Falas em repartir pela pobreza colectiva a pobreza individual
Alimentar quem tem fome com panelas vazias
Saciar a sede de água aos que morrem sedentos de amor
Vestir o nu com as roupas rasgadas dos miseráveis
Amparar o amparado nas casas em ruínas
Os outros… Os outros…

Mas como podias dividir a ostentação


Se é na miséria que buscas o pão da tua riqueza
E é a incultura que tece o chicote
Com que os capatazes os maltratam!

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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 91 -

Prometes um mundo de paz, apregoas a paz


Com o holocausto do irreal debaixo da batina de pedras preciosas
Armagedom e Lucifer, trombetas divinas e purgatórios
Para os pobres pecadores
Para os duvidosos
Excomunhão
Para os que ferem e maltratam o teu rebanho
Terras fartas de leite, rios abundantes de pão!

Para os que devotos


Promessas de um paraíso irreal –
Crendices e engano!
Para os que ficam
A miséria continua…

Vaticano! Vaticano!
Reúne os despojos de Cristo
A coroa de espinhos ainda ensanguentada
A túnica branca manchada de suor
A cruz de madeira desgastada pelo tempo
E parte por esse mundo fora
Nu de luxúria
Para apregoar a verdadeira paz
Para falar do verdadeiro amor.

António Casado
Setúbal - Portugal
acasadinho@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 92 -
LUXÚRIA REPARTIDA

Anoitece a esperança em teu rosto


Ao tombar na ilusão… da ladainha.
Já impera a tristeza como monstro
Se te vejo expirar assim sozinha!

Irrequieta na esquina, uma menina!


A beleza com que enfeitiça o sono:
Sorri por fora como uma abelhinha;
Chora por dentro até ao sol-posto.

Um dia, passarás a ser rainha


Dum prazer carnal de libelinha,
Repartidos em luxúria de desgosto.

O tempo, escasseia na mocinha


E nem se trocam anos de velhinha,
P’las rugas desenhadas em teu rosto.

Carla Bordalo
Coimbra - Portugal
carla.bordalo@gmail.com
www.mariacarlapoesia.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 93 -
E NÓS TOMAREMOS MEIO POR MEIO

O amor é como uma urze estendida ao sol


Ama-se logo ali...

E se das flores silvestres


Fizermos um manto singelo
A afagar-nos as partes mais íntimas
Onde o prazer se descobre
Nas suas pétalas coloridas
Chegaremos de mansinho
E nos tomaremos
Meio por meio

À tua boca me ofertarei


E serei céu virgem
Cativo de um olhar rotineiro

Há uma flor no entremeio


Que me aparta os seios
Sempre que te sinto inteiro
A beijar-me
Os contornos cheios

Há um doce embalar
Numa corrente
Que se acaba
No meu corpo
Mas que irá desembocar
No rio crescente
Dos teus beijos

Dolores Marques
Lisboa - Portugal
doloresmarques@gmail.com
www.novoolharomeu.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 94 -
CONFISSÃO

Nesta madrugada me peguei


A recordar da expressão grave do temido padre da infância,
Pronto para meus pecados punir...
De joelhos, encabulado
E com voz trêmula,
Inocentemente confessando:

- Pequei contra a castidade...


Beijei Maria...
Possui Marília...
Alisei as coxas da Marlene...
Masturbei-me pelas mãos da Martinha...

Com o seu mau hálito e olhos atônitos,


Ia o reverendo, aflito, logo me condenando ao terço rezar...
Não sem antes ouvir o meu hesitante arrepender ...

- Nunca mais repita isto, menino!


- É pecado grave!

Finalizava ele, deixando em mim a certeza do impossível...


Até hoje me recordo da sua fanhosa voz...

E agora,
Com a irreverência senhoril,
Tenho receio de reencontrá-lo
E confessar-lhe que ainda não me esqueci das coxas da Marlene...
Nem dos beijos de Maria, da ajuda da Martinha...
Muito menos, do corpo de Marília...
E, contrito, confessar-lhe:

- Como eram doces os meus pecados...

Domingos Alicata
Rui De Janeiro - Brasil
domingos.alicata@globo.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 95 -
LUXÚRIA

"Luxúria? "
Não cresci.
Sou devasso de cisnes
Na aurora do parque.
Encostado ao talude dela
Simulo orgasmos de pouca dura.
Ah! Mulher de um raio,
Sem cabana a aparar o freio
Inventado pela literatura.

Gabriel Pedro
Barcelos - Portugal
gabriel.pedrop@gmail.com
www.rufia.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 96 -
PRAZERES

Na leve gaze do manto,


Corpo
Onde flutuam os seres.
Te ofereço meu canto,
Minto.
Te ofereço prazeres.
Só possíveis para a alma
Dos que sonharem no
Corpo.

Gladis Deble
R.G. Sul - Brasil
nikbrandon@hotmail.com
www.gladisdeblepoesia.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 97 -
AMOR E SAMBA

Teu corpo em minhas mãos


É ritmo de samba e refrão...
É bateria, no compasso,
Avanço e recuo no espaço...

Teu corpo em minhas mãos


É desfile, é pura afinação...
É gingado que realça harmonia,
É sonho, cores e fantasia...

Teu corpo em minhas mãos


É comissão de frente, exibição,
Coreografia de primeira,
Mestre sala e porta bandeira...

Teu corpo em minhas mãos


É vitória, é enredo campeão...
É paz na avenida, alegoria,
É alegria, encanto e parceria...

Ibernise
Indiara - Brasil
ibernise@hotmail.com
www.ibernise.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 98 -
PEGAR OU LARGAR

Amo-te mais ainda quando


Me dizes palavras sujas
Por sermos dois pervertidos
É que nos queremos tanto
Minha vaca adorada
Dou-te leite dás-me mel
Ternura & bosta
Tudo a mesma coisa
Somos dois pervertidos que se merecem

Gosto também quando


Me desprezas e me mostras
A porta da rua: Alma safada que és
Sei que me resgatarás no outro
Dia de uma sarjeta qualquer depois
De me negares três vezes

E eu como um cão faminto volto


Obediente volto e deito-me
Do lado direito da cama mas antes
De começarmos tudo de novo
Repito agora nos teus ouvidos
Que te amo furiosamente te amo
Com todas as cores do meu desespero

Júlio Saraiva
Rio De Janeiro - Brasil
julio_saraiva01@hotmail.com
www.currupiao.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 99 -
GOTAS DE DESEJO

Quando ela fecha os olhos,


O céu multiplica o infinito e
Ela sente o além da flor.

Mãos descendo,
Beijos fluindo,
Ela sumindo,
Virando mar,
Gotas de desejo.

O amor arrastando
Seu corpo e suas mãos
Para as estrelas, para
Um caleidoscópio de
Cores e matizes.
Ela sente... Apenas
Sente os olhos felizes.

Um alvoroço de passarinhos,
Revoada de prazer, asas
Abertas ao entardecer.
Aquela entrega de amante,
Os sonhos tão perto,
O peito aberto e distante.


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 100 -

De repente, ela se perde,


Às cegas, brincadeira no escuro.
Nada pode ver
Salvo o que a faz transbordar
Para além dos limites do ser.

E ela vai, é brinquedo, é som


E sussurro, é suspiro e sabor,
É o próprio esplendor.

Por entre as dobras dos espelhos,


Seios e joelhos, peles e poros,
Bocas a procura do tempo. Por
Entre os vãos dos sentimentos,
Apenas ela e o seu sublime
Momento... Gotas de desejo,
Gotas de amor por entre pernas
E mãos, por entre seus beijos de flor.

Karla Bardanza
Rio De Janeiro - Brasil
amantiluna@hotmail.com
www.karlabardanza.blogspot.com
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- 101 -
O BEIJO VERMELHO!

Voz em sussurro...
O dia é macho,
De mastro a pino!
Luxúria, minha prece.
Entrega do sentido!...
O beijo vermelho,
Na ousadia do teu gemido!...
Roça-me nos lábios,
Essa tua polpa grossa,
De pele macia,
A carne saborosa,
De leito rosa.
Que na lingua, enrosca, sacia!
Acidez da fruta, saliva.
Tragos... Doces e amargos!
Brotam do calor,
Da tua carne viva!
O licor,
Minha boca suga...
Secreto nó do teu espasmo!
Seguro na lambidela,
Inesperadamente...
Escorrer o sumo desse orgasmo!...

L.M.Rap
Portalegre - Portugal
lmrap_2008@hotmail.com
www.lmrap-momentosdepoesia.blogspot.com
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- 102 -
FLASHES

Começa nos lábios


Luxúria carnuda
Dispensa elixir
No limite dos sentidos
Demasiado humano
Céu cabe em taça de champanhe
Roupa de fio sintético
Que a noite estenda o red carpet
A vida é um tomara-que-caia rosa choque
Prazer é passarela costa nua
O céu é limite de veludo azul
Sinta o luxo
Delete o lixo
Para brilhar na foto com moldura sinuosa
Diga X com base na face
Tudo é vaidade
O resto é luxúria.

Lecy Sousa
Minas Gerais - Brasil
lecysousa@gmail.com
www.lecypereira.blogtok.com
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- 103 -
CORAÇÃO EM CHAMAS

E restam cinzas da dor que agora inflama


No meu pensamento ainda lento
Por isso faz-me beijar as saias da lavadeira...
Em horas isoladas eu só, pensando em mim
Visita-me uma visão com o teu olhar
Colorindo meu ser com imagens sem fim
E faz este meu cansado ser andar
Pôr os pés no asfalto, no barro, na lama
Para entrar no labirinto do teu ser
E lá ficar deitado contigo na cama
Até a vida nos desenterrar, nos ver
E nesta altura um vento
Bate nas costas da minha cadeira
E apaga meu coração em chama

Massundidi
Uíge - Angola
wilsonf.silva@gmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 104 -
SELVAGEM LUXÚRIA

A rede já não balançava.


É sexo selvagem de fato:
O índio dormiu no ato.

E a índia, que estava animada


Ficou há ver navios no longe.
Esperava os marujos louros.

E enquanto não chegavam


Aqueles tais holandeses
Dava-se, assim mesmo
Aos portugueses, mas
Só pensava nos mouros.

Olhando ao longe o navio


Sentiu-se bem excitada.
Avistou um mastro enorme.
Nadou pelo mar, a galope.
Fogoso é o tempo que urge
E se fartou com o marujo.

Agora, a pobre indiazinha


Só vive na praia acenando
Para todo barquinho que surge!

Ricardo Reis
Rio De Janeiro - Brasil
ric.santanna.reis@gmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 105 -
AS TENTAÇÕES DA PALAVRA

Encontro-te
Em todos os azules
Recortado nas distâncias,
Nos abismos,
Bailam faunos lunares,
Em mil formas,
Tentações,
Abraçam-me.

As velas ardem
Ao redor do leito,
E nesse corpo ,catre,
Onde me deito,
Uma veia pulsa forte
E constante.
Secreta a rota
De um rio desaguando
Suores,
Meu sangue doce
Percorre os sentidos
Do pescoço ao ventre.

É tarde,
E um sol arde
Por dentro,
E ninguém mais sabe.
Tenta-me a carne,
Escamas, pêlos
Reviram as mil lâmpadas
Dos meus olhos de vidro,
Vermelhos.


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 106 -

Flechas alçando os muros


O meu refúgio em chamas,
Muros, flechas,
Chamas,
Palavras voam,
Confessam,
Atravessam mares,
Montanhas
E nos interstícios da carne,
E na alma,
Tentam-me.

Sandra Fonseca
Belo Horizonte - Brasil
sandypsi@gmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 107 -
EU QUERO

Eu Quero....
Eu quero beijar, beijar muito
Deliciar-me no tempero da tua saliva
Eu quero cheirar
Sentir o teu aroma cru e nu
Sem adicionantes
Snifar o teu perfume natural
E deixar-me levar no meu supernatural
Eu quero
Eu quero amar-te
Tocar-te
Afogar-te em meus lençóis de cetim e seda
E cobrir-me de organza
Para me proteger
Das tuas picadas aliciantes
Eu quero
Escrever, apenas escrever
E deixar o teclado
Dançar o seu próprio sapateado
E não seguir regras, mas voar e querer
E voar e querer...
Eu quero...
Eu quero
Um Poema!

Sly Jordan
Luanda - Angola
wilsonf.silva@gmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 108 -
SEXO x SEXO

Da boca escorria
Um líquido viscoso, líquen
De alga e cogumelo na simbiose
De corpos pressionados no muro,
Que não era o de Berlim.
Liberdade explícita em gestos
Meticulosos, jamais ergueriam
A bandeira branca. A guerra
De apertos compulsivos,
Detonando desejos
Guardados no íntimo.
E explodiam beijos aleatoriamente.
Entrementes, já em surto
De prazer, falavam num idioma
Desconhecido e para
Entende-los haveria que praticar
O amasso em noite alta onde
Podemos experimentar da paz
Somente após os riscos da aventura.
Emoções inusitadas...

Tânia M. Camargo
S. Paulo - Brasil
taniapoeta@hotmail.com
www.taniamarapoesias.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 109 -
LIBERDADE SEM FIM

Onde mesmo? Não importa.


Talvez num motel, talvez de pé
Junto ao portão da rua, talvez
Num quarto sob o olhar contrariado dos pais.
Talvez perdendo a virgindade
Ganhe a liberdade, ou vice-versa!
Talvez por prazer
Ou não tivera como
E que aos amigos justificar.
O modernismo impede de ter liberdade de pensar
E de caminhar nos próprios desejos.
De resto, que importa filhos sem pais
Se o desprezo cria pais sem filhos!

Ulysses Laluce
S. Paulo - Brasil
ulysses_laluce@uol.com.br
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 110 -
TU ÉS A DELÍCIA QUE SINTO!!

Tu és uma delicia que sinto,


Mesmo longe no espaço do tempo,
Mas, que com o tempo sentirei em mim,
Amei você por fora e por dentro,
Te quero pra mim...
Sem sentir o tempo,
Embora saiba que ele vai passar,
Mas, isso não importa,
Pois nós não passaremos e não sentiremos o tempo,
Pois, só sentiremos nossos corpos a amar,
Sentiras meu calor e eu o teu,
Terá a minha energia e eu a tua.
Não haverá culpa pelo amor despejado um no outro,
Só o prazer por fazer o desejo iluminado,
No prazer concretizado de dois corpos a se inteirar,
Num único movimento,
A nos deixar extasiados de um prazer desejado e,
A felicidade deste momento jamais esqueceremos,
Mesmo que perdure num um único momento,
Estes dois corpos a amar.

Wagner Jardim
S. Paulo - Brasil
souzajardim@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 111 -
CAPÍTULO VI - INVEJA

A inveja é desfazer do bem alheio desejando tê-lo. A estorinha da rapoza e


as uvas ilustra bem este sentimento. Há nesta emoção uma dificuldade em
admirar o outro, o sentimento de injustiça, perseguição, “ele tem por que
eu não? Se não consegue ter, deprecia.”Segundo Lúcia G.
Monteiro(Psicóloga Pós-Graduada pela FGV, em Gestão Estratégica), O
slogan que define a inveja é : “ Êle é mais do que eu também quero.”

A inveja desabilita o ser humano a exercer suas potencialidades, não é só


desejo mas também execução. Alguém pode desejar e tudo fazer para que o
outro não consiga realizar o que ele estar a invejar. Tentando apagar o
brilho do outro, administrativamente, “fritando” o outro.

Há que se tomar cuidado para não se confundir com uma situação de


competição. A inveja transforma a competição num processo destrutivo, ou
seja no seu inverso. Este pecado é transparente, mas não é declarado.
Percebe-se no olhar, principalmente. É o mais simples de ser controlado e
percebido, mas precisa haver disposição para haver reversão, senão não
haverá perdão, nem do conflito conciliação...

Ibernise in
'Caminhos e Descaminhos do Ser'
CRIATURAS DO MAL!

Mentes sujas
Lançam a mentira,
Levantam suas asas
E partem...
Deixando p'ra sempre
Um rastro de dúvidas...

Difamam …
Enquanto ocultam seus crimes
Sob o seu manto vermelho,
Conspurcando nossa
Sociedade...

São pobres de alma,


Criaturas do Mal!

Anabela Braga
Porto - Portugal
anabelabraga@gmail.com
www.anabelabraga.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 112 -
INVEJA

A inveja é um sentimento de aversão,


Um dos 7 pecados capitais
É uma reactiva formação
Contra os mais fortes e os demais

É um sentimento gerado
Pela soberba e pelo egocentrismo
Com um fim acovardado
De disputa do poder pelo canalhismo

Os atributos dos outros almejando


Já que só por si não o conseguem
Por sua intelectualidade os está limitando
E a inveja para eles convergem

É uma vontade frustrada


De possuir as qualidades de um outro ser,
Sendo cobiçada e muitas vezes tirada
Inveja é invidere, não ver

O invejoso, não suporta


Que outrem seja melhor,
E então assim se comporta
Mostrando sua índole no seu pior

Temos que ser talvez medíocres


Visto que, cada bela impressão que causamos
Perdemos as nossas virtudes,
E novos inimigos conquistamos.

António Cambeta
Macau - Tailandia
toicambeta@hotmail.com
www.mardopoeta.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 113 -
SINTO-ME ENGANADO COM A INVEJA

Estou enganado com a inveja


Como uma ilusão alucinada
Sinto o vento e a morte cintilar
Petardos desfigurados pela potencia
Da inveja cujo desejo invisível
É a sátira desfigurada e massacrada
Que rebenta uma chama adormecida
Num leito de amor e tolerância.
Para melhor perceber tentei compreender
Como tanta inveja num mundo de paz
Transforma quem da frente para trás
Diz que faz o que não fez
Para fazer o que não faz...

Por vezes chego a invejar


Quem com um simples pestanejar
Consegue num ápice compilar
Um poema para o mundo recordar
Para ser poeta cheguei a pensar
Que bastava escrever sempre a rimar
Com frases direitas e sem me enganar
Uma obra escreveria se calhar
Porem, esse sonho de desdém
Essa leviandade superficial
Gorou-se quando li alguém
Como o Fernando Pessoa tão genial...
Consigo tolerar a intolerância da fertilidade alterada
Da genética que produz choques de sabores
De prantos semeados de divergências intelectuais
Verdes fluorescentes que encandeiam mentes contaminadas

Candido Correia
Nantes - França
candido@givec.pt
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 114 -
SO_TURNO

pra
zombar
do
crepúsculo

sol_
vejo
cravejado
de
estrelas

sol_
R
......I
..........N
...............D
....................O

Cláudia Gonçalves
Porto Alegre - Brasil
cacau_sls@hotmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 115 -
DISSIMULADA

Sorris.
Nem ergues o sobrolho.
Tens a voz suave.
Nem arrogante és.

Impressionas a todos com


Tua doçura.
Mas é isto que te torna perigosa,
Pois és falsa.
Uma vilã!

Tens cara e jeito de anjo,


Trejeito de boa pessoa.
Mas és diabólica,
Ages na surdina,
Tramas na escolha.

Teu ferrão é quem te derrota


Dia a dia aprofundas
O destino que cavas:
Tua sozinhez!

Delasnieve Daspet
Campo Grande - Brasil
daspet@uol.com.br
www.delasnievedaspet.com.br
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 116 -
DEBAIXO DA FARINHEIRA!

- Princesa, aonde você vai?


- Eu? Vou à escola, vou estudar!
- Estudar pra quê?
- Para ser alguém quando eu crescer!
- Princesa precisa ser alguém?
- Princesa já é alguém... Já é princesa!
- Eu quero ser famosa!
- E princesa não é famosa?
- É, se seu pai for o rei...
- Princesa não precisa de rei para ser famosa!
- É? E do que precisa então?
- Precisa ser graciosa, risonha e meiga!
- E tudo isso você já é... Só falta uma coisa!
- O que falta então?
- Um Príncipe!
- E onde tem um Príncipe?
- O Príncipe sou eu! Seu Príncipe!
- Ah! Que nada! Você é o Dito Preto!
- Sei que sou preto de cor e bêbado por opção,
- Mas sou seu príncipe de coração!
- Não tenha medo, princesa, quando você crescer,
- Vou me casar com você e ser o seu Rei!
Toca o sinal da escola...
A menina sai correndo e o pobre bêbado
Quebrador de pedras, continua o seu trabalho!

Fatinha Mussato
S. Paulo - Brasil
fatimuss@terra.com.br
www.fatinhamussato.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 117 -
IMPORTAM-SE DE ME DEIXAREM EM PAZ?

E logo hoje mais que nunca os versos atropelam-se e amontoam-se


como pilhas de prato quase a cair no chão. Escalavram esta vontade
como quem apanha vento salgado na cara e grita com lábios
gretados.

Li tanta coisa até hoje. Recebi tantos abraços. Quase que me


conheciam e eu ia-me conhecendo a cada abraço a cada verso
pronunciado. Às vezes há surpresas assim, como esta à minha frente
a contar-me a história da morte de uma garça. Em criança sonhava
muitas vezes que era uma garça, de repente deixei de voar, de
repente, sem que nada fizesse prever, afastava-me do meio da
algazarra familiar e, de repente abria os braços e planava por cima
das suas cabeças e caiam versos, mas devo ter crescido de pressa
de mais para perder a graça de sonhar.

Hoje, de repente senti que a garça voltou e com ela essa vontade
quase sacramental chamada a tentação dos versos, mas fitei-os
durante horas até ficarem tontos, até que desistiram, até que se
foram embora. Não sei para onde, mas também não quero saber, é
que o ar está tempestuoso demais para versos e os ventos sem
direcção desorientam as garças, quebram ainda mais os nós dos
dedos que entrelaçam a inspiração e, é assim que eu quero que
continue e, que os versos me deixem em paz.

Pois é, é que os versos arrepiam a alma ao fazer-nos perder o chão,


pregam-me rasteiras e ainda se riem de nós, dos nossos voos
rasantes, sim, porque mesmo quando eu sonhava que era garça,
nunca tive aquela graça de planar nos céus, por isso, vou
simplesmente deixar o vento entre num outro tom, pedir-lhe o lenço
branco de volta, embora possa, entretanto, tropeçar nos cacos da
loiça.

Horroriscausa
Porto - Portugal
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- 118 -
INVEJA

Trinca em falso
Parte o dente
Rói tíbia e perónio
Sem dente para o trincar
Congestão de ego
Diarreia de egoísmo
Verborreia de incompetência
Termómetro anal,
Quarenta graus á sombra
Mente capta outros feitos
Que queria seus
Mas vomita o esmalte dos dentes
Gastos no roer do osso
Que não é seu…

Jaber
Braga - Portugal
josealberto_valente@msn.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 119 -
MINHA BONECA

Minha boneca
Olhos tens, boca também
Mas não vês e nem falas
Mesmo assim ainda te quero bem
Por seres minha e não delas
Obra da mão do artesão
Minha boneca de porcelana
Terás de dia e à noite atenção
Porque és rara e angolana
Mais cedo ou mais tarde
Substituir-te-ei por um bebé
E não como outras por desdém
Minha boneca de porcelana
Delicada e frágil
Aprecio-te por seres angolana

Jandira
Luanda - Angola
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- 120 -
INVEJA

Esta tal da inveja


De olho grande chamada.
Em tudo que lateja
Num olhar fica queimada.

Morre se saber do que


De um pobre invejoso.
Que remédio vai se te
Daquele já desejoso.

No seu intimo latente


De sua inveja arraigada.
Nada mesmo o pobre sente
Desta inveja a malfadada.

Mário Osny Rosa


Santa Catarina - Brasil
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- 121 -
INVEJA

In(glória) sedução
Ventura que se deseja
Janela in(discreta)

In(útil) solidão
Vestalino sempre
Já(mais) serei tua

Inunda pensamentos
Vê humanos mundanos
Jáz ali, até ao longe

In(verdade) não te quero


Verbo invejar
Jaculo-te fora

Paulo Cardoso
Elvas - Portugal
roma@sapo.pt
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- 122 -
INVEJA

Será que sabemos o que ela é?


"Estava recentemente nos EUA, pregando em uma serie de
conferencia, quando pela manha, durante um preâmbulo ao tema
principal que seria desenvolvido, de costume, naquela Igreja, uma
ilustre doutora em NT assumiu o púlpito e fez a sua preleção:

"Não devemos ter ciúmes dos outros irmãos (1Co 12:14-25);"


Em um inglês clássico, bem articulado e teologicamente impecável,
discorrendo soberanamente para uma platéia de alta cultura e
profunda reverencia, sobre a Inveja, exatamente como São Paulo
coloca no verso infracitado.

Eu bebi aquela mensagem como mel e me envolvia naquela


preleção, grata a Deus por ter ouvido tão sublime nota. Depois,
saímos ate o vestíbulo para tomar um "Branch" servido sempre após
as reuniões nas igrejas norte-americanas, quando conversamos
sobre a palavra que ela trouxe. Eu nunca ouvi alguém discorrer com
tanta profundidade sobre o tema :

"Inveja," como naquela manhã.

Eu acho que imaginamos que ela não existe em nossos corações de


"cristãos".

Bem, ela é real e precisa ser tratada em nós, de modo que ela corrói
os relacionamentos interpessoais e profissionais e até eclesiásticos,
mais precisamente sobre nós todos, e precisa ser assumida como
algo que tem um poder de corrosão extremamente nefasto.

Poderíamos estar realizando mais, se não fôssemos invejosos. Sabe,


como eu defino o que e ser invejoso?

Para mim, e pode parecer estranho para você, ser invejoso e querer
tudo somente para si!!! Seja enquanto grupo, panela, cartel ou nós
mesmos:


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 123 -

EU!

Não pense que o que digo tem a ver com egoísmo. Não falo disso.
Falo de inveja, por mais paradoxal que a minha definição pareça.

O Invejoso não sente alegria no outro pelo que ele é, ou representa.


O invejoso é egocêntrico e egoísta. O querer reservar só para si
denuncia que ele não deseja incluir, agrupar, trazer para dentro do
círculos elementos que não lhe pertençam por definição de sua
própria partilha. Por mais incrível que pareça, a inveja em nosso
meio é uma desgraça que tem emperrado a marcha
verdadeiramente cristã".

A inveja... É uma visão de si através do outro. O brilho do outro,


parece, vai ofuscar a minha pessoa, meu brilho. Ora, isso não é
olhar para si, não é refletir. É olhar-se que nega olhar-se pelos seus
próprios olhos, mas como que uma tomada por empréstimo do olho
do outro. Só que o conteúdo desse olhar é posto no olho do outro
enquanto nós mesmos tentamos nos olhar.

A inveja é fruto do egoísmo dos nossos dias, que pensamos que só


nós temos a verdade. A inveja endurece os corações, embrutece a
alma. A inveja é a auto diminuição pela tentativa da diminuição do
outro.

A inveja revela a nossa insegurança psicológica (ciência maldita,


execrável... Ela tende a nos revelar para nós mesmos e para os
outros). Pensamos que vamos sumir, desaparecer, que seremos
menos crido e crível. Incrível!!!!

Rosangela Colares
Ceará – Brasil
rosadosanjos1@yahoo.com.br
www.rosadosanjos.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 124 -
INIMIGOS

Eu não tenho inimigos


Tenho sim amigos que me odeiam
Você sabe
A inveja joga na primeira liga
E eu sempre à baliza
Não entra nem um
Adora dar bola para caramba

É mesmo! Inimigos não tenho


Não assim, de garfo e faca
Tenho sim amigos de fato e gravata
Sempre ligo e tal
Convido para jantar
Pago a conta claro
Sou muito grato pela companhia

E você?
Jura?!
Aperta aí!
Vai um joguinho?
Ah! Tudo bem, eu deixo você pagar!

Trabisdementia
Bombarral- Portugal
trabisdementia@msn.com
www.luso-poemas.net (webmaster)
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 125 -
INVEJA

Há um tipo de lepra que come,


Outra q bebe, outra que rasga;

Lepra que alfineta os roteiros de paz


Funga a plantação de flores, mofa a fertilidade da terra.

Há o mal instalado em retorcido corpo


Convulsivo de ira espionando o bem.

O mau sonda o bom


Portando em ambas mãos escancarado desejo de saquear;

Punhais, facões, tridentes;


Rajadas sopradas de venenosas goelas

Labaredas,
Punhais, facões, tridentes;
Rajadas sopradas de venenosas goelas
Labaredas de irises de incandescidos fornos

Tecem alastradas armadilhas


Costuradas com perigosa linha de inveja,

Lepra munida de sede, fome e outras incontidas ardências.


Quilométrica língua cravada na garganta
De famintos vermes comendo vivas carnes;

Inveja lambe santas sangrias,


Deposita venenos
Para manter as alargadas chagas

Vanda Ferreira
Campo Grande - Brasil
vandabugra@hotmail.com
www.fundacaovandaferreira.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 126 -
SAUDAÇÕES A INVEJA

Gestos delicados
Suavidade nas palavras
Afinada
Sempre deixa uma dúvida
Busca algo em nós
Se se esconde
Fica maior
A inveja é um teatro

Vânia Lopez
Pouso Alegre - Brasil
vvaninhas2@gmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 127 -
OS INVEJOSOS

Há os que se pavoneiam
Os que menosprezam
Os que se arrogam...
De falsa modéstia!

Os que se causticam
Com o êxito alheio...
Os que se comprometem
Apenas...
Com os que estão num pedestal!

Há os que se esquecem
Que a inveja
É a arma, dos incompetentes!

Vóny Ferreira
Leiria - Portugal
vony_ferreira@hotmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 128 -
CAPÍTULO VII - GULA

A gula literalmente é voracidade, desejar compulsivo...Tal sentimento


parece ser uma diversão, porque a gula é concessão, entrega compulsiva a
um prazer muito grande está associada a digerir algo, cujo significado não
é homônimo, mas é similar...

Este pecado pode assumir socialmente uma conotação intelectual. Nesta, o


sentido está permeado da idéia de que a funcionalidade desejada está
abaixo das potencialidades máximas. Daí a idéia de não saciedade, de
querer mais e mais...

Se este desejar voraz não atinge o limiar, sublima o desejo desviando-o


para outras áreas em busca do prazer (Freud/Para Além do Princípio do
Prazer), como exemplo: Compulsividade para comprar, beber, conquistar,
etc... A sensação geradora é de que não se está fazendo tudo que se é
capaz, ou pensa ser capaz.

Em todas as gulas a atitude mental básica (fantasia) é: necessito apreender


tudo. O seu contraponto é a fome, a carência extremada... A fome. A fome
como problemática mundial, escassez de alimentos, etc. Contudo a fome
metaforizada enquanto pulsão, instintual humana, que motiva, dá força e
encoraja aos desafios passionais, a fome no seu sentido mais primitivo e ao
mesmo tempo, emocional, psicológico como um convite imperativo na
busca de dois tipos de alimentos :Um para o corpo outro para a alma. ...

Ibernise in
'Caminhos e Descaminhos do Ser'
GULA

Gula
O meu olhar
Te engole e te bebe
Desde tua sombra
Até o que respiras

Adriana Costa
Taguatinga - Brasil
srta.adrianacosta@gmail.com
www.versosbarbaros.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 129 -
CLARO QUE É GULA POIS ENTÃO

É comer até mais não


Primeiro lá vem o pão
Traz a reboque acepipes

Um pires de azeitonas
E não me chateies a mona
Outro com umas manteigas
Um chouriço ás rodelas
Um bocado de mortadela
Mais a orelha de coentrada
Claro que não falta a salada
De polvo pois então
Um bacalhau desfiado
Mais um queijo de Azeitão

A seguir a refeição

Primeiro…
Uma sopa à maneira
De entulho pode ser
E convém não esquecer
Qualquer bom vinho pra beber

De seguida encho o bandulho

Com um cozido à portuguesa


Com linguiça e farinheira
Um naco de boa carne
Não falta o chispe e o toucinho
Tudo regado com o tal vinho
E tragam também um arrozinho
Que é para atamancar
Este singelo cozidinho


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 130 -

Mas como ainda não estou bem


Um prato de peixe aí vem
Pode ser linguado, sim senhor
Ou então, pargo de bom sabor
talvez, uma postita de imperador

Mas ainda tenho um buraco


Aqui no fundo do estômago

Peço logo ao empregado


Uma mousse de chocolate
Um pudim de abacate
E entorno mais uns copitos
A seguir um cafezito
Um licor de absinto
E não pode faltar… o cigarrito

Assim se come por cá


Comem tudo ao Deus dará
E a miséria onde está
A crise não chegou cá
Ou já…

Antónia Ruivo
Montemor-O-Novo - Portugal
antonia_ruivo@hotmail.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 131 -
BESTIÁRIO 1

Grandes tubarões:
Fervilham, fervem nas águas
Amassadas: Exploram.

Agitam os cardumes
Que perseguem, e apavoram
O peixe miúdo.

Tantas, tão hiantes as piranhas:


Eléctricas, vorazes, espectrais,
No mundo feroz dos canibais.

Infestam. Abocanham-(se).
Alardeiam. Arreganham os dentes.
Banqueteiam-se.

Domingos da Mota
Gaia - Portugal
domingosmdamota@gmail.com
www.fogomaduro.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 132 -
GULA

Que Deus do céu a todos livre do incômodo,


Da infâmia que habita o bojo do pecado
De possuir o olho maior do que o estômago,
De ter esse apetite afoito, exacerbado.

Que dê misericórdia aos que passam fome,


Mas tenha mais ainda dos que, não a tendo,
Enquanto há comida a vista vão comendo,
Perdidos na madrasta ânsia que consome.

Que possa dar ajuda a tais impenitentes,


Pois mesmo sem ter nada encontram-se doentes,
Avançam no remédio e esquecem-se da bula.

Enfim, que possa dar-lhes a cura bendita


Cedendo a cada um a graça infinita.
Livrando-os do pecado vil chamado gula.

Frederico Salvo
Belo Horizonte - Brasil
fredsalvo@hotmail.com
www.pistasdemimmesmo.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 133 -
HÁS-DE MORRER EMPANTORRADA!

A sala estava cheia


A mesa repleta das melhores iguarias
Uma mesa farta.
A Gula se instalou
Assentou arraiais
Comeu, comeu, comeu…
Até não poder mais.

Não satisfeita ainda


Mandou vir mais uns petiscos
E mais uma boa pinga.

Não parou de se saciar


Até cair para o lado
E adormecer
De tanto o estômago
Empanturrar.

Lá fora…
Famintos e ao frio
Pobres almas morriam de fome
Sem ter um pão sequer… Para comer
A Gula, porém
Pouco se importa!
Que almas famintas
Desesperem
Morram
Enquanto esbanja
Se empanturra
Deite fora
O pão…
Que aquelas almas famintas
Podiam matar a fome.


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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 134 -

Maldita Gula!
Hás-de morrer
Empanturrada
Sozinha
E espezinhada!

Gil Moura
Gondomar - Portugal
gilmoura@live.com.pt
www.nos-as-palavras.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 135 -
DELICIOSO PECADO!

Satânico é o meu desejo


De despir seu corpo
Naquela manhã ensolarada
Tirar da minha boca a fome
Dos seus sabores
Olhando p´ra você
Enquanto te desejo
Desfaço da sua pele
Em suaves descidas
Até que se mostre
Eu te mordo a ponta
Até chegar o fim
Do meu prazer
Saciando o mel
Da forma em riste
Da banana que comi
Até o fim!!

Helen De Rose
S. Paulo - Brasil
helen.de.rose@hotmail.com
www.helenderose.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 136 -
ELES COMEM TUDO…

Ó povo, burro, sofrido


Deixa-te de lamúrias
De mesuras
De clubes, de partidos
De segredinhos ao ouvido
Grita bem alto!
Com toda a força dos pulmões
Senão
Enterram-te vivo

Políticos e senhores do capital


Corruptos comilões
“Eles comem tudo
E não deixam nada”
E quando mais não houver
Que comer
Até os ossos acabam por te roer

Depois põem-se a salvo


Num qualquer paraíso fiscal
Ficamos nós, povo burro, sofrido
Entretidos
A dançar a lambada
Mascarados de Entrudo
E armados em tolos

Melhor é ir votar, sim


Convictos
Devotos
Mas anular os votos
Como nunca se viu
Fazer manguitos
E gritar: «Puta que os pariu!
«...A todos!”

Homo Sapiens - Valongo - Portugal


celphius@hotmail.com - www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 137 -
OS MEUS PECADOS CAPITAIS

A comiseração é o pior dos sentimentos,


Esventra o mais íntimo de cada um de nós.

A indiferença, para como os outros, é algo malquisto,


Roubando a integridade das pessoas.

O egoísmo é puro servilismo, narcisismo exacerbado,


Onde não cabe mais ninguém, senão o próprio doente.

A soberba não carrega sozinha os mais infames crimes da sociedade,


Pois que leva com ela, quem se atravessa, no seu ímpio caminho.

A luxúria está para uns, como a vaidade está para outros, numa
Aberração permanente, que os faz seres transtornados, cobiçosos.

A cobiça é cega e não suporta o bem-estar de ninguém,


Até alcançar o objecto de sua cobiça.

A vaidade é como uma puta, que se serve de seus atributos,


Destituída de razão, comprável a qualquer custo.

A gulodice é ávara e desmedida, tem a barriga nos olhos


E não reparte com mais ninguém.

A avareza é a pior das doenças, vive do desdém,


Para com os demais, e fecha-se entre quatro paredes.

O sexo desmedido é o próprio não respeito,


Para com o corpo e a sanidade mental.

Jorge Humberto
Sta Iria De Azóia - Portugal
jorgehumberto.h@netcabo.pt
www.jorgehumbertopoesia.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 138 -
ALIMENTOS À SOLTA

Na loja da senhora Maria,


Houve grande revolução,
O colorau e a pimenta,
Os cominhos e o açafrão
O atum a estrebuchar
Quiz bater na aletria
O arroz a apitar
Acomodem-se: dizia
Ó que grande zaragata
Na loja da senhora Maria
Já mataram a batata
Ó que grande berraria
O chá pôs-se de pé
Cheio de desesperação
O açúcar com um pau
Esborrachou o sabão
Olhe lá como bate
Ouvi dizer ao café
Nisto vem o chocolate
Meus senhores isto que é!
Zanga-se o miosótis
Com grosseiro macarrão
No fim fizeram-se as pazes
E acabou a Revolução

José Caravana
Barcelos - Portugal
caravana@blogtok.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 139 -
BEIJO, GOIBADA E QUEIJO

Um beijo é muito bom...


A dois;
Melhor ainda esse beijo.
A não ser;
Quem nunca experimentou...
'Goiabada cascão
Com queijo'
Hum!...

José Silveira
Niterói - Brasil
jcsrio@superig.com.br
www.palavrasdepoeta.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 140 -
MALDITO CORAÇÃO

era quase o tempo perfeito de te amar. abrir o céu da boca, pleno


de nuvens. levar a língua aos dentes, morder só quando tiver de ser,
se não tiver de ser fazê-lo mais tarde. quando as árvores caírem com
a saliva garganta abaixo. esta paisagem presa é a mais bela que
guardo. tencionava dar-ta quando o mar adormecesse para te ser
mais fácil comer terra seca. hoje, cedo, regresso ao horizonte, como
o monte alto que socalca a linha. ali quero morrer. talvez nunca
tenhas compreendido o verdadeiro sentido do mundo, que mundo é
onde estão dois corações para sempre. o meu cai-me de quando em
vez pelo corpo abaixo. gostava de to dar no mesmo dia que estas
palavras. quando o mar adormecesse e a terra seca te prendesse os
pés. nenhum movimento dentro da ausência sobrevive. bem sabes.
talvez um dia venhas a compreender o movimento circular do corpo
que abraça a solidão. noites aflitas que cortam os braços, como
facas. é possível que morra melhor sem braços. não ter como
abraçar-me. chorar por baixo. olha: dói-me um bocadinho o coração.

Margarete Silva
Cabeceiras De Basto - Portugal
margarete.silva@live.com.pt
margaretedasilva.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 141 -
ÚLTIMO FRUTO

O que faz a noite se despir pro luar, não sei.


Sinto uma fragrância que me transborda os sentidos
Algo que me testa por um momento
E meu fôlego pede por mais

Meu corpo parece ao menos farto


Suculento e saboroso, de deixar cheios os lábios
É você que me alimenta doce prazer
E te espero rasgar a casca, meu gosto raro

Sejamos o certo ou errado


Que seja gula ou luxuria
Agora conheço o sumo que habita em mim

Ranxhs
Alagoa - Brasil
flaviofm16@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 142 -
CURTAS DE VERÃO (VII): RAIVAR

Quase, quase, me apetecia raivar


Gritar e sucumbir
Às vezes canso-me até de me ouvir calado
De discursar contra a vontade
De ser estátua do silêncio da idade

Raul Cordeiro
Portalegre - Portugal
raul.cordeiro@hotmail.com
http://www.avidadaspalavras.net
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 143 -
AS CADEIRAS DO PODER

“ Muitos libertadores do povo “,


Das manhas vis executores,
Assestam-se perspicazes
Em lúdicas orgias , fomes canibais ,
Quando transposta é a margem
E se sentam nas cadeiras do poder .

“ Prometedores de mundos e fundos ,


Por sinal até os ardis
Lhes sobram , o irmão vendem ,
Mas é sumamente quieto
No seu recôndito sacana ,
Que guardam o punhal traiçoeiro “.

E depois ? “ Depois, muitos basbaques


Do povo e bate – palmas , contentados
Ao óptimo abecedário das inverdades
Partidárias , mas municiadas
De nutridas e charmosas patacoadas ,
Votam de novo “!
O povo tem a sorte escolhida,
O fim imerecido!

“” MUITOS LIBERTADORES DO POVO “

AMAM À EXAUSTÃO E A BEL – PRAZER

AS HÍPER – MAGNETIZANTES CADEIRAS DO PODER “”

E B A S T A !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ribeiro Couto
Maputo - Moçambique
ribeirocouto@sapo.pt
www.rcpinturaepoesia.blogspot.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 144 -
PARAÍSO

Percorres todo o meu pomar


À procura da melhor fruta.

Do pecado original, do puro deleite,


Do colorido enfeite...

Vais provando tudo,


Afagando texturas,

Experimentando firmezas,
Testando maturidades,

Lambendo sucos...
Abres uma romã,

Tensa de dádiva incontida,


E mordiscas, bago a bago, com luxúria...

Embrenhas-te na frondosidade acolhedora


Das minhas árvores mais jucundas,

Fechas os olhos e delicias-te,


Saboreando o bem que a fruta te faz,

Doce, polposa, firme, sumarenta...


... E eu, teu paraíso, condescendo, dou-te todos os meus frutos...

... Sem pecado original... Quero-o duplicado, triplicado,


quadruplicado...

Sterea
Peso da Régua - Portugal
tera_sa@hotmail.com
www.7pecados.blogtok.com
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“7 Pecados” – Diversos Autores Lusófonos
- 145 -
Posfácio

É preciso seguir acreditando na pureza da alma, posto que ela não


se corrompe, independe de educação e sociedade. O bem é um bom
e exitoso empreendimento que produziu bons resultados, até
porque, o bem sempre está prenhe de boas intenções... O mal não
vence o bem, ele é exceção, não é regra.

Mas se o ser humano é tomado pela ira, ainda assim ele sabe a
quem e porque odeia, mas o espírito domina a alma e a reconduz a
escolha do bem, pois a alma é amorosa. Ela gosta de amar, mas não
gosta de odiar. Quando odeia, porque odeia? Porque está impedida
de amar. E se no amor também sofre, mais ela quer amar. Quer
continuar nesta condição porque odiar não é a base, enquanto o
amor, é estrutural da vida.

Aliás é graças ao ato mais supremo de amar que surge a vida. Para
isto também há exceções, mas não são regras... O padrão de amar e
fecundar é essencialmente amoroso. Despojado. Dois seres
inebriados pela emoção, em especial afecto se entregam ao ato de
se amarem. Um ato tão importante, que todos vivem em função
dele, e só se resolvem através dele.

Como supremacia da existência, o curso do amor é... Amar. Amar,


necessitar amar e ser amado, é censo comum na vida de todos os
seres humanos. Vale realçar que a natureza fala muito de amor e
equilíbrio, é o grande exemplo que esta a nossa volta... Mas esta é
uma outra história.

Mesmo quem não ama quer aparentar que ama. Por que? Por que o
amor é um grande atrativo, é belo, sedutor e é ascendente. O amor
vem sempre em primeiro, ainda que, às vezes mascarado no bojo de
outros sentimentos, inclusive o ódio. É paradoxal, mas é sentido e
pode ser compreendido, porque o objeto do amor é acima de tudo o
movimento narcísico, sempre visa o outro no suprassumir de si, e
logo volta fortalecido e reluzente, para cada alma que o impulsionou
a este sair, que é mais uma entrada que uma saída.

Não é à toa que Jesus, esta grande personalidade ética, disse que o
amor é tudo. E por isto foi crucificado, na experiência do oposto do
que pregava, foi crucificado justamente pelo ódio, mas o ódio
significa as trevas do amor, e o ser iluminado, transcende as trevas
e chega sempre a luz. Este é o grande lance do amor, sua
capacidade de ser o grande luzeiro da humanidade.

Quando Cristo viveu na cruz a situação entre a condenação e a


redenção das almas dos homens crucificados, junto consigo, um se
redimiu e o outro não. Isto demonstra a mediação da luz
(significando Cristo no caso) entre as trevas. E Ele disse, ao homem
bom, ainda hoje estarás comigo.

Sempre há espaço para escolhas, sempre. Assim o ser não estará


predestinado a uma miséria espiritual, porque o ser é fraterno. Um
homem quando volta ao lar ele tem abrigo no corpo e na alma. Se
assim não fosse, ele não voltaria... Todos têm espaço para
escolhas...

Uma mulher, sofre ao da-à-luz, ajudando um novo ser a chegar ao


mundo, e logo a seguir é tocada pelo amor, e a este novo ser dedica
todos os momentos e sua vida, o mesmo acontecendo com o pai... É
muito belo o que se vê no olhar deles naquele momento, que vêem
o filho pela primeira vez... Este sentimento aperta os laços da
família, os encoraja, os faz seguir adiante, há exceções, mais isto
via de regra, é a base. Não é o ódio que habita os lares e sim o
amor. As crianças, os namorados, os irmãos, os amantes, os amigos,
todos esses corações palpitam no amor. Este é o bem maior e a
maior de todas as certezas. Quando se ama, não se sabe porquê,
mas sabe-se que se ama. Por que? O amor não impõe condições,
simplesmente, ama. Amar é simples, porque é primordial.

O amor é a grande virtude, entre as 7, que são: Esperança,


Fortaleza, Prudência, Amor, Justiça, Temperança e Fe. As 7 Virtudes
serão tema do próximo Ciclo de Poesias BlogTok, uma nova
antologia virtual, que terá exemplar impresso, neste projecto de
economia solidária, que visa o incentivo aos novos autores.

Ibernise
Barcelos, 10.07.2010.
SINOPSE DO LIVRO: PAIXÃO ARDE, DESEJO TRAI

A delicadeza da poesia
centrada na ótica do
objeto do prazer...

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Autora: Ibernise Maria


150 páginas
1a. Edição – 2009
ISBN: 978-85-98219-21-9
Formato: 14 X 21
Edição: BlogTok

Desejar para sentir, sentir para desejar? Esta poética tem forte
acento na Teoria da Metapsicanálise Freudiana. Trata do prazer, em
qualquer instância como objetivo primordial do ser humano, é como
se fosse sua estrela guia, seu norte.

E sob a égide do desejo os poemas se aglutinam abordando o amor


inocente, o amor jovem, o amor maduro, o amor proibido, tudo isso
com ar de sutil erotismo.

Dualismos irreconciliáveis (como: alegria/tristeza; amor/ódio;


verdade/mentira; vida/morte etc.), transitam entre o sagrado e o
profano, expõem a alma em sua capacidade de sentir prazer mesmo
em situações adversas como saudade, tristeza e solidão... Até,
mesmo, na espera de um evento que se acredita que será feliz... É a
fantasia que alimenta o desejo, está em sua base... É o sonho.
Por um sonho se vive, se morre. Mas um sonho, que é puro desejo,
muitas vezes trai o amador, que deve estar sempre atento, ter
cuidado com o que deseja porque... Paixão Arde, Desejo Trai...
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Sinopses das Edições BlogTok
SINOPSE DO LIVRO: CAMINHOS E DESCAMINHOS DO SER

Histórias e sentimentos...
Uma poética diferente
com sutil acento psicanalítico
em várias vertentes da
filosofia política.
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Autora: Ibernise Maria


150 páginas
1a. Edição – 2009
ISBN: 978-85-98219-19-6
Formato: 14 X 21
Edição: BlogTok

Este trabalho apresenta uma mostra de poemas sob a forma de


artigos em prosa e versos. Várias temáticas estão situadas na via de
grandes mestres como Sócrates ,Platão, Aristóteles, Descartes, Karl
Marx, Heráclito, Santo Agostinho, Hobbes, Kierkegaard, Friedrich
Nietzsche ), W. Dilthey, Heidegger, Ferdinand Saussure, Jean Paul
Sartre, Johann Wolfgang Von Goethe, W. Shakespeare, F.M.
Dostoievski, entre outros.

O destaque da narrativa recai sobre o simples do quotidiano. Na


práxis, construída, o argumento da rotina que a vida exibe sob a
forma de poesia e que, muitas vezes, passa despercebido ao olhar
desatento do observador.

Esta proposta literária possibilita esta visão, esta descoberta do


sensível, da emoção ao instigar a libido, mostrando que ela está
presente, mas se esconde no romance de cada dia.

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Sinopses das Edições BlogTok
SINOPSE DO LIVRO: SER FRATERNO

Os mores numa mostra


literária de doze formas
poéticas, para alunos
e educadores.
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Autora: Ibernise Maria


136 páginas
1a. Edição - 2009
ISBN: 978-85-98219-20-2
Formato: 14 X 21
Edição: BlogTok

Este livro pertence ao núcleo temático educativo da poética didática


de Ibernise. Apresenta doze formas poéticas tais como: soneto,
rondel, poemas rimados, prosa poética, crônica, conto, carta,
poemas livres, trovas, poetrix, duetos e quadras.

Poemas que exibem uma chamada de atenção aos valores morais.


Poesia a sugerir que as normas de condutas na sociedade precisam
ser objeto de prioridade, na família e nas escolas, enquanto núcleos
de sustentação da educação.

Uma mentalidade basilar que deve trabalhar unida, e assim deve


estar inserida no currículo escolar e consequentemente na didática
em sala de aula. Tudo isto tendo a poética como veículo condutor
que desperta interesses, educa e forma crianças, seres humanos
ainda em tenra idade, mais sensíveis e atentos aos arrufos de
desumanidade que proliferam tão enfáticos na mídia como se fossem
regras e não exceções.
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Sinopses das Edições BlogTok
SINOPSE DO LIVRO: UMA PROSA... UM VERSO

Não é complicado entender cenas,


objetos e sonhos... As cenas que nos
ensinam a sonhar são sempre
poéticas e emocionantes.
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Autora: Ibernise Maria


144 páginas
1a. Edição - 2009
ISBN: 978-989-8365-06-4
Formato: 14 X 21
Edição: BlogTok

Ao longo das páginas de “Uma Prosa… Um Verso”, a autora vai-se


metamorfoseando e pontificando emoções. Para mim é claro que,
nesta e noutras obras da sua autoria, o amor é assumido como a
sua filosofia de vida. Na consciência de si e dos outros, baseada na
razão e na sabedoria. Exercendo sobre o leitor o fascínio pelo
autêntico e genuíno.Assim no-lo diz Ibernise Maria nos seus versos,
retratos a ilustrar o tempo, a nudez do desejo, cavernas submersas
de emoção, entre coxas pelo e pele.

Cristais de murmúrios em verso a cada passo, nuances a espicaçar


todo o desejo, corpos em pauta dedilhados, elegia ao amor,
surfando em altas ondas magistrais, deslizando no mar. O ocaso a
reeditar o tempo, o encontro nos astros, o cavalgar o Universo, o
desfalecer luxurioso na leveza das dunas. Sensações aos cardumes,
constelações de espasmos. E, viver, sim viver, viver intensamente,
porque afinal de contas, ser feliz depende de nós. Tal como nos é
sugerido pela autora; sejamos viciados em
ser felizes!

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Sinopses das Edições BlogTok
SINOPSE DO LIVRO: SÓ RONDEL

A impressão que nos fica ao ler este


livro é de que o Amanhã não é
apenas mais um dia, mas sim uma
construção de afetos sobre o dorso do
Tempo.
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Autora: Ibernise Maria


118 páginas
1a. Edição - 2009
ISBN: ISBN: 978-989-8365-05-7
Formato: 14 X 21
Edição: BlogTok

A posição de um idioma é definida não só pelo seu caráter


de língua materna, mas também pelo seu uso veicular...

A literatura lusófona é um desses veículos... A poesia, uma


dessas vias... Este é um livro de poemas... Só Rondel...

Aqui, através do Rondel, a autora Ibernise Maria brinda à poética e


realça a Língua Portuguesa, nas nuances de seu requinte, que é arte
literária cuja matemática é o ritmo que faz bater mais forte
os nossos corações.

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Sinopses das Edições BlogTok
SINOPSE DO LIVRO: SONETOS

Em 'Sonetos...' assistimos o apelo de


união ao espírito lusófono na Épica
Coroa de Sonetos 'Lusofonia é Meta
Alegoria' onde quinze sonetos
reunidos, dão força à união da pátria
língua.
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Autora: Ibernise Maria


122 páginas
1a. Edição - 2009
ISBN: 978-85-98219-60-8
Formato: 14 X 21
Edição: BlogTok

A forma do soneto se mantém inalterada até a contemporaneidade.


Este livro trata de sonetos, um artesanato de palavras...

Para conseguir resultados de enquadramento poético, que obedeça a


sua forma básica e que emocione, informe, conte histórias... Sob a
égide de sua excelência – A Palavra... Nesta obra, a autora Ibernise
Maria faz com que cada palavra se transforme num selo da alma no
espaço do ser. Seu destino, sem carteiro, deságua...

Quando a mensagem é liberada não tem código, nem é cifrada.


Espalha-se... E se multiplica em forma de estrelas... Aqui estrelas
que brilham sob a forma de Sonetos... Na poesia da vida.

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Sinopses das Edições BlogTok
SINOPSE DO LIVRO: SONHO MEU

Como no princípio dos tempos,


vamo-nos acercando de algo,
inaudito, que nos transporta para
além de nós mesmos. Há algo
que nos rodeia, e que não nos
deixa fugir, mesmo que
empurremos até nos doer o corpo
e as mãos. Estamos cercados por
todos os lados: não podemos
fugir...até ao dia da suprema
libertação.
_______________________
Autor: João Vasconcelos
80 páginas
1a. Edição - 2009
Formato: 14 X 21
Edição BlogTok

Neste livro, o autor assume vários estados de alma, vários papéis,


como que uma bipolaridade interferisse nos seus moldes racionais,
um poeta que inventa o seu real e que acarreta na imaginação a
responsabilidade de colocar o Homem fora de preconceitos e regras
pré-concebidas.

O seu tom confessional transporta-nos para uma melhor


compreensão das suas vozes interiores, com jogos de palavras a
colocar dúvidas ao próprio leitor - que o tenta puxar para dentro do
texto – e por que não ser ele a chave da descoberta do Ser: Ao que
Viemos e o que Fazemos aqui na Terra.

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Sinopses das Edições BlogTok
SINOPSE DO LIVRO: MEMÓRIAS DE UM TEMPO SÓ

Memórias de um tempo só, é a


concepção de um interior sentimental
que se parte em vários pedaços, e
que desses pedaços, depois de
restaurados, formam os ossos a carne
e o sangue de: João Vasconcelos!.
_______________________

Autor: João Vasconcelos


80 páginas
1a. Edição - 2009
Formato: 14 X 21
Edição: BlogTok

Neste livro, o autor assume vários estados de alma, vários papéis,


como que uma bipolaridade interferisse nos seus moldes racionais,
um poeta que inventa o seu real e que acarreta na imaginação a
responsabilidade de colocar o Homem fora de preconceitos e regras
pré-concebidas.

Memórias De Um Tempo Só, é de facto um cordão umbilical entre o


real e o imaginário, é um criar de caminhos que nos levem a outros
caminhos, é uma provocação para o Homem meditar sobre a sua
Inteligência.

E, João Vasconcelos consegue uma base onde é possível cada um de


nós construir a sua pirâmide, desde que tenhamos em mente que
todos sejamos Um, desde que acreditemos que um simples olhar
pode dar flor, dentro de uma narrativa que dá margem para o leitor
se interrogar e sentir o peso de alguém quando diz: “Amo-te com o
amor de cem mil estrelas”.

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Sinopses das Edições BlogTok
SINOPSE DO LIVRO: RODINHA 26

O Homem antes de ser o ente do ser é


o ser do-ente.

VIESTE AO MUNDO SEM SABER,


SE TALVEZ TU QUERIAS VIR;
E SE MORRES VAIS SEM QUERER,
PARA ONDE TU QUERES IR!...
_______________________

Autor: José Lourenço


88 páginas
1a. Edição - 2009
ISBN: 978-989-8365-04-0
Formato: 14 X 21
Edição: BlogTok

Este livro justaposto em título tríplice, contém a dimensão popular


(Rodinha 26 - Origem interactiva do livro na frase ‘ O homem antes
de ser o ente do ser é o ser do ente - adimensão filosófica (que é a
utopia, sentida quando considera as ideias disposta em poesia como
‘Fragmentos de um Sonho’ e a dimensão que é una e múltipla o ‘OX
Pó’ um reencontro, um retorno a uma verdade onde se é, e onde se
descobre no verdadeiro homem, onde se aloja o poeta... A poesia é
a única ligação homem/deus. O Homem que morre porque nasce em
si a sua divindade.

Uma mensagem para os cépticos que culpam Deus por nos ter
abandonado e que nos querem fazer entender as mensagens
simbólicas e absurdas dos livros religiosos. Nada mais errado esse
axioma: Deus somos nós com as limitações próprias de um ser em
construção.

Deus és tu.

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Sinopses das Edições BlogTok

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