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INTRODUÇÃO
A corrente alternada surgiu quando Nikola Tesla foi contratado por J.
Westinghouse para construir uma linha de transmissão entre Niágara e Buffalo, em NY.
Thomas Edison fez o possível para desacreditar Tesla, mas o sistema polifásico de Tesla
foi adotado. A Corrente Alternada é a forma mais eficaz de se transmitir uma corrente
elétrica por longas distâncias.
Dai, podemos perceber a importância do uso de transformadores na distribuição
e transmissão de energia, com estes equipamentos podemos aumentar e diminuir as
tensões de fornecimento, poupando energia diminuindo as perdas nas linhas de
transmissão.
Com ao aumento da precisão e confiabilidade dos sistemas elétricos ao longo
dos últimos anos, além do surgimento de ferramentas computacionais facilitadoras do
estudo desses, o transitório dos transformadores tem se tornado um fenômeno cada vez
mais estudado por engenheiros e profissionais da área. A análise do comportamento dos
transformadores fora de seu regime permanente é de suma importância para uma
caracterização mais realística desses dispositivos. A partir dessa caracterização, é
possível projetar os circuitos de chaveamento de transformadores e proteção deste. Já
que, algumas alterações nas relações entre corrente e tensão por um curto período de
tempo devem ser incluída nos complexos projetos de sistemas elétricos atuais. Isso
porque essas correntes devem ser levadas em conta para o cálculo do máximo stress
mecânico que os enrolamentos devem suportar. Além de ter grande destaque no projeto
de circuitos de proteção, onde, devemos diferenciar uma corrente de falha de uma
corrente que surge ao ligar um transformador.
A análise do transitório de transformadores leva em consideração basicamente
dois parâmetros: a corrente transitória de magnetização (ou corrente de inrush) e a
corrente de falta (ou corrente de curto-circuito). A primeira delas diz respeito ao
momento em que o transformador é acionado, ou seja, é a corrente de magnetização que
aparece na partida do equipamento. Já a corrente da falta está condicionada a existência
de um curto-circuito na rede. Essa corrente advém de uma circunstância em que o
transformador trabalha em condições nominais e é submetido a um curto-circuito entre
os terminais de seu enrolamento secundário. Além disso, em ambos os casos é possível
verificar que essas correntes chegam a ser de 10 a 20 vezes o valor da corrente nominal
do transformador.
Nesse trabalho serão abordadas as principais características associados ao aparecimento
das correntes de inrush e das correntes de falta, além de, podermos diferenciar essas
correntes a partir da sua forma de onda, mesmo que suas amplitudes sejam próximas.
Utilizaremos o Simulink® a fim de explicitar as diferenças entre as correntes de inrush
e de falta, além de diferenciar, o que acontece com o transformador linear e um
transformador saturado.
2.DESENVOLVIMENTO
𝑑𝜆
+ 𝑅𝑖 = 𝑈𝑚 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 (1)
𝑑𝑡
𝑑𝜆 𝑅
+ ∗ 𝜆 = 𝑈𝑚 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 (2)
𝑑𝑡 𝐿𝑚
Para simplificar, supõe-se que λ(0) = 0; assim, esta equação tem por solução:
𝜔𝐿𝑚2 𝑈𝑚 𝑅
−( )𝑡 𝜔𝐿𝑚2 𝑈𝑚 𝑅
𝜆(𝑡) = 2 2
∗ 𝑒 𝐿𝑚 +
2 2
∗{ ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 − 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡} (3)
𝑅 + (𝜔𝐿𝑚) 𝑅 + (𝜔𝐿𝑚) 𝜔𝐿𝑚
𝑑𝜆
= 𝑈𝑚 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃) (5)
𝑑𝑡
Regime Saturado:
Durante os primeiros instantes da energização de um transformador, os elevados valores
de fluxo atingem a região de saturação do laço de histerese do núcleo. Assim, para
pequenas variações de λ, podem ocorrer variações muito elevadas de i, de modo a se
estabelecer um surto de corrente. Isto pode ser entendido mediante análise da Fig. 3.
No caso anterior, a característica λ versus i do núcleo foi representada pela curva de
saturação (relação biunívoca correspondente a uma curva que passa pela origem), o que
não permite considerar a existência de fluxo residual ou remanescente. Para avaliar a
influência do fluxo residual λR nos valores de i, considera-se o núcleo com histerese.
Como a excitação é assimétrica, a trajetória descrita no plano λ - i apresenta laços
menores também assimétricos. Como λ acha-se limitado pelo nível de saturação, λS, o
valor λm não é alcançado. Observa-se que, se o fluxo residual no núcleo apresentar
mesmo sinal do fluxo imposto pela fonte, a região de saturação pode ser atingida mais
rapidamente, com maior intensidade, resultando em maior assimetria da onda de fluxo e
em valores de pico de corrente de inrush mais elevados. Por outro lado, se os citados
fluxos apresentarem sinais contrários, a corrente de inrush será atenuada. As correntes
de inrush podem fazer com que relés de proteção de operação rápida atuem de modo
indevido durante a energização do transformador. Para evitar que isto ocorra, os relés
diferenciais utilizam um critério capaz de distinguir uma corrente de inrush de uma
corrente de curto-circuito. O critério tradicionalmente utilizado se baseia na avaliação
do conteúdo de harmônicos da corrente. Uma corrente de inrush típica apresenta uma
composição de harmônicas onde predomina a harmônica de segunda ordem, que pode
representar mais de 60% do valor da componente fundamental. Assim, quando o
transformador é energizado em condições normais, essas harmônicas são filtradas,
exercendo uma ação de bloqueio que evita a operação do relé. Por outro lado, as
correntes de curto-circuito típicas são normalmente compostas por uma componente
fundamental acrescida de uma componente contínua com decremento exponencial,
sendo o conteúdo de harmônicos insignificante em comparação com os observados nas
correntes de inrush. Assim, não se verifica a ação de bloqueio no sentido de
impedir a operação do relé.
Lcc
Onde: C=constante de integração; e cc
Rcc
Associando as equações acima, obtemos:
C 2 I1 falta cos( cc )
A corrente de curto circuito é obtida através das equações acima.
A corrente de curto-circuito de regime permanente é nula, quando ( cc ) vale
/ 2 ou 3 / 2 . Quando a constante C é igual à zero, não existe a i1trans . Este caso é a
melhor condição de operação do transformador, pois a corrente de curto circuito entra
diretamente em regime permanente, e não existe o transitório onde a corrente pode
alcançar valores muito altos.
Ao contrário a corrente de curto-circuito atinge altos valores durante o regime
transitório quando ( cc ) vale 0 ou , ou seja, o curto-circuito se dá quando a
corrente permanente de curto-circuito está em seu valor máximo positivo ou negativo.
As correntes de curto-circuito têm valores bem superiores aos das correntes de
sobrecarga, e devem ser eliminadas instantaneamente, pois são perigosas para o
transformador. Os dispositivos de proteção devem ser dimensionados em função da
capacidade máxima admissível pelos condutores. Para isso deve-se conhecer o valor
máximo da corrente de curto circuito.
A corrente máxima de curto-circuito é o valor instantâneo máximo da corrente
que pode circular no primário do transformador quando o curto-circuito acontece na
condição mais desfavorável. A corrente de curto-circuito atinge o valor máximo quando
T
o tempo t .Então:
2
T /2
I 1 max 2 I 1 falta (1 e cc )
Admitindo que o valor de cc seja muito grande, a corrente máxima de curto-
circuito pode ser calculada por:
I1 max 2 I1 falta
Entretanto, o valor de cc não é tão alto assim, dessa forma o valor de I1 max
apresenta os seguintes limites:
Para transformadores pequenos:
I1 max (1,2 1,3) 2 I1 falta
Para transformadores grades:
I1 max (1,7 1,85) 2 I1 falta
Na prática o valor da corrente máxima de curto-circuito é calculado por:
I1 max 1,8. 2 I1 falta 2,5I1 falta
2.2 Simulação
Como salientamos anteriormente, o fato do material seguir uma curva de magnetização, e não
seguir uma relação totalmente linear, afeta o transformador. O que faz com que a existência de um fluxo
residual possa mudar o ponto de operação do transformador por um instante de tempo, até que este atinja
o ponto em que foi projetado a sua operação.
O Matlab® nos fornece, através da ferramenta, powergui, a curva de histerese do transformador
a ser estudado. Podemos ver a curva na Figura 2 que se segue:
1000
500
Fluxo (V.s)
-500
-1000
-10 -5 0 5 10
Corrente (A)