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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

ARQUITETURA E URBANISMO
HISTÓRIA DA ARQUITETURA, URBANISMO E PAISAGISMO 7

O PAPEL DO TRANSPORTE SOBRE TRILHOS NO PROCESSO DE


OCUPAÇÃO E URBANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO DO RECIFE NO SÉCULO XIX

ALUNO: RODRIGO CÂNDIDO DE OLIVEIRA

PROFESSOR: TOMÁS LAPA

RECIFE
NOVEMBRO, 2017
Introdução

O Recife desenvolveu-se sobre as águas e por muito tempo dependeu dos seus rios para escoar a
produção açucareira que foi responsável pelo seu crescimento e o enriquecimento. Com o aumento populacional
e desenvolvimento da atividade agrícola se fez necessário um aprimoramento da infraestrutura a fim de permitir
um melhor fluxo de bens, serviços e pessoas. O presente trabalho aborda o papel das estradas de ferro e do
transporte público sobre trilhos no desenvolvimento do Recife e da região no século XIX e seus efeitos no
processo de ocupação e urbanização da cidade. A partir do estudo da bibliografia disponível, trabalhos
acadêmicos e artigos, foram identificados os principais momentos que permitiram uma compreensão da evolução
desse modal e como podemos entender melhor as feições que a cidade nos apresenta hoje como consequência.

O início do planejamento urbano no Recife continental

Francisco do Rego Barros (1802-1870), o Conde da Boa Vista, governou a província de Pernambuco em
meados do século XIX (1837 a 1844, com pequenas interrupções), quando o Brasil ainda estava no período
imperial, e o Recife havia sido alçado a pouco (1823) da condição de vila à cidade e logo em seguida (1827) a de
capital. Rego Barros, que havia sido detido após participação no movimento conhecido como Revolução de
Goiana e enviado para cumprir pena em Portugal. Ao ser solto seguiu para França, onde graduou-se em
matemática. Ao retornar para o Recife, assume aos 35 anos a presidência da província de Pernambuco.

A fim de por em ação seus planos, Rego Barros contrata engenheiros franceses, que, liderados por Louis
Léger Vaulthier, tem como objetivo modernizar o Recife, trazendo ares do desenvolvimento europeu à capital da
província. Seguindo uma visão higienista de planejamento urbano, realizou grandes obras, transformando a cara
da cidade com a construção de grandes equipamentos, hoje emblemáticos, como a Casa de Detenção, Teatro
Santa Isabel, Assembleia Legislativa, Cemitério de S. Amaro, entre outros.

A partir de sua iniciativa são reconstruídas ainda as pontes Santa Isabel, Maurício de Nassau e a da Boa
Vista. Constroi também estradas com o objetivo de escoar a produção crescente dos engenhos de açúcar e do
algodão, decorrente de alta demanda desde a abertura dos portos às Nações Amigas, que ocorreu com a chegada
da família real ao Brasil em 1808.
Primórdios dos transportes sobre trilho

É nessa época que surgem as primeiras diligências de transporte coletivo por tração animal, implantadas
pelo inglês Tomás Sayle, e que passou a operar a partir de 1841 fazendo a ligação dos bairros do Recife, Santo
Antônio, São José até Casa Forte, sendo ampliado em 1852 para Olinda e Jaboatão. Eram duas diligências, uma
pela manhã e outra a tarde. Só havia o transporte à noite quando eram realizados espetáculos teatrais e nos finais
de semanas haviam viagens extra para Apipucos, local preferido para o veraneio e banhos no Rio Capibaribe na
cidade.

Em 1858 tem início a operação da segunda linha férrea do Brasil, com 31km, indo da estação São
Francisco (em frente ao Forte das Cinco Pontas) até o Cabo de Santo Agostinho. Em 1914 esse percurso chegou
a ter 215km, chegando as áreas agrícolas mais ao sul. (MARTINS, 1979, em REYNALDO, 2017)

Mapa da estrada de ferro Recife – São Francisco (1853)


Autor: Alfred de Mornay – Acervo: Museu da Cidade do Recife
Os bondes de burro, em 1871, da Ferrovia Pernambuco, posteriormente Ferro Carril de Pernambuco, e o
uso pioneiro de locomotivas a vapor projetadas especificamente para uso urbano, chamadas “maxambombas”,
termo derivado da expressão inglesa machine pump, construídas em 1866 pela Manning Wardle & Co. e
inaudurada em 1867 com a linha que ia de Apipucos ao Porto, substituiram as diligências e ampliaram o número
de linhas existentes.

Foto de uma Maxambomba, 1870


Fonte: Whitcombe Collection, Science Museum, London

O desenho urbano e a malha ferroviária

O primeiro percurso do trem urbano ia da praça da República a do Entroncamento, onde se dividia em 3


linhas: a oeste para Apipucos (1863), seguindo ao longo do Rio Capibaribe, a Caxangá (1870) e a Casa Amarela.
Havia ainda outra linha que saia da atual Rua da Aurora indo ao norte até a Encruzilhada, onde se dividia em
duas linhas, Beberibe e o Caminho de Ferro de Olinda (1871), e a linha sul que seguia para Afogados e Jiquiá
(SILVA, 2011).

O trajeto das primeiras linhas seguiam o curso dos rios em direção ao porto e foram desenvolvendo-se
de forma radial. A cidade cresceu criando vias amplas e levemente curvadas, adaptadas ao bonde a vapor, como
as avenidas Conde da Boa Vista, Caxangá, Rui Barbosa, Rosa e Silva, João de Barros, Beberibe e Estrada de
Belém.
Mapa da rede de transportes com indicação de rotas de transporte coletivo por tração anima (verde), trem de
cercanias (vermelho) e trem urbano (azul)
Fonte: REYNALDO, 2017

A linha Recife-Limoeiro entra em operação em 1881, partindo da estação do Brum percorria


inicialmente 60 km, tendo alcançado 163 km em 1914. Nessa época a malha ferroviária de Pernambuco chegava
a 647 km, interligando o território num raio de 163 km. O sistema ferroviário formava uma rede que abrangia,
além da região metropolitana, a mata sul, mata norte, agreste setentrional e agreste central, ligando-as com o
porto do Recife. (REYNALDO, 2017)
A facilidade de mobilidade proporcionada pelos trens permitia que muitas pessoas se deslocassem não
apenas com fins comerciais, mas passaram a visitar mais a cidade e o interior seja para acompanhar alguma
festividade religiosa, como a popular festa de N. Sra. da Saúde, no Poço da Panela, “passar o dia” na casa de
parentes que moravam nos engenhos, regiões próximas ou mesmo aproveitar para passar o final de semana em
um hotel no Cabo (SILVA, 2011). Assim o transporte ferroviário deu, além das novas feições do território,
introduziu novos hábitos na vida da população de Pernambuco.

Mapa do Recife (1878) Autor: Não Identificado.


Acervo: Arquivo Público Jordão Emerenciano.
Conclusão

O escoamento da produção dos engenhos por via férrea permitiu-nos aumentar nossas as safras,
promover o desenvolvimento econômico da região e levar o cidadão comum a explorar o território, conhecendo
o interior da província. O espírito pioneiro da capital pernambucana trouxe as primeiras locomotivas urbanas do
mundo para nossas terras. O Recife cresceu nos trilhos, seu traçado é testemunha da história que deixou grafada
em suas vias os caminhos para que talvez possamos encontrar, num futuro próximo, as alternativas ao trânsito
caótico e saturado de veículos, que impede o livre fluxo na cidade, deixando a população limitada em seu direito
de ir e vir.

Referências

SETTE, Mário. Arruar – história pitoresca do Recife Antigo. RIO DE JANEIRO, 1948

SILVA, Sandro Vasconcelos da. O Costume da praça vai à Casa: As transformações urbanas e suas
influências sobre os costumes da classe burguesa do Recife oitocentista (1830-1880). RECIFE, 2011

REYNALDO, Amélia. As catedrais continuam brancas RECIFE, 2017

https://www.ebiografia.com/francisco_do_rego_barros/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Maxambomba

https://chicomiranda.wordpress.com/2011/11/14/a-historia-do-recife-contada-atraves-dos-bondes/

http://www.tramz.com/tw/p.html

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