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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

690564, PROCESSO ADMINISTRATIVO decorrente de inspeção realizada na Prefeitura


de Córrego do Bom Jesus. Período inspecionado: janeiro/2003 a janeiro/2004.
Parte(s): Laércio do Carmo da Silva (Prefeito à época), Jésus Aparecido da Rosa, Marcelo
Nascimento e Maurício José Finamor (Membros da Comissão de Licitação à época).
Procurador(es) constituído(s): Abrahão Elias Neto – OAB/MG 55164 e outros.

MPTC: Sara Meinberg

Relator: Conselheiro Substituto Hamilton Coelho

EMENTA: PROCESSO ADMINISTRATIVO – PRESCRIÇÃO – RECOMENDAÇÃO.


Reconhece-se a prescrição da pretensão punitiva deste Tribunal e fazem-se recomendação aos
integrantes do Sistema de Controle Interno e determinações a órgãos desta Casa.

NOTAS TAQUIGRÁFICAS
Primeira Câmara - Sessão do dia 11/02/2014

CONSELHEIRO SUBSTITUTO HAMILTON COELHO:

PROCESSO N.o 690.564


NATUREZA: PROCESSO ADMINISTRATIVO
ORGÃO:
PREFEITURA MUNICIPAL DE CÓRREGO DO
BOM JESUS
RESPONSÁVEIS: LAÉRCIO DO CARMO DA SILVA (Prefeito à época),
JÉSUS APARECIDO DA ROSA, MAURÍCIO JOSÉ
FINAMOR e MARCELO NASCIMENTO (membros da
Comissão Permanente de Licitação – CPL à época).
PERÍODO:
JANEIRO DE 2003 a JANEIRO DE 2004

I – RELATÓRIO
Tratam os autos de processo administrativo decorrente de inspeção ordinária na Prefeitura
Municipal de Córrego do Bom Jesus com a finalidade de comprovar a legalidade dos atos
administrativos praticados e o cumprimento das disposições legais a que o órgão está sujeito,
especialmente quanto à Lei n.º 8.666/93.
A inspeção tinha como meta, inicialmente, o exame das despesas sujeitas a procedimentos
licitatórios, realizadas no período de janeiro de 2003 a janeiro de 2004. No entanto, os
trabalhos abrangeram, também, os dispêndios nos exercícios de 2001 e 2002, precedidos da
inexigibilidade, uma vez que não foram objeto de análise em processos desta Corte de Contas.
O órgão técnico elaborou o relatório de fls. 06/15 e juntou os demonstrativos de fls. 17/26.
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Diante das falhas apontadas, o relator determinou a abertura de vista aos responsáveis para
que acostassem defesa, fl. 1.038.
Devidamente citados, os interessados, Srs. Laércio do Carmo da Silva (prefeito à época),
Jésus Aparecido da Rosa, Maurício José Finamor e Marcelo Nascimento (membros da CPL),
juntaram defesa conjunta acompanhada de documentos, fls. 1.053/1.110.
A unidade técnica analisou as justificativas e elaborou o relatório de fls. 1.114/1.128.
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas manifestou-se, fls. 1.132/1.133.
É o relatório.

II – FUNDAMENTAÇÃO
a) Prejudicial de mérito quanto à pretensão punitiva
Compulsando os autos, verifiquei que, por ordem do então Presidente, Conselheiro Simão
Pedro Toledo, foi determinada, mediante Portaria DAE n.º 114, de 18/02/04, inspeção na
Prefeitura de Córrego do Bom Jesus, fato que interrompeu a contagem do prazo prescricional,
a teor do disposto no inciso I do § 1º do art. 110-C da Lei Complementar n.º 102/08.
Ademais, em consulta ao “Relatório das Tramitações do Processo”, extraído do Sistema de
Gestão e Administração de Processos – SGAP, cujo espelho faço anexar aos autos, verifiquei
que o processo iniciou sua tramitação nesta Corte de Contas em 25/3/04 (guia n.º 488.909),
portanto, antes de decorridos 05 (cinco) anos dos fatos aqui examinados, que se deram nos
exercícios de 2001 a 2004.
Não obstante, verifico que, desde a primeira interrupção do prazo prescricional, já transcorreu
intervalo de tempo superior a oito anos, circunstância que configura a hipótese de prescrição
da pretensão punitiva do Tribunal – para feitos autuados até 15/12/11 – fixada no art. 118-A,
II, da Lei Orgânica desta Corte de Contas, com a redação dada pela Lei Complementar n.º
140/14.
Assim, reconheço a prescrição da pretensão punitiva do Tribunal, inviabilizando-se a
aplicação de sanções no presente feito.

b) Mérito
Passo a apreciar as diversas irregularidades apontadas no relatório de inspeção, cotejando-as
com as razões de defesa e com os exames técnicos da unidade competente.
1. Falhas na gestão do órgão - fls. 08/09 e 14:
1.1 Ausência de atuação do controle interno para orientar, acompanhar e fiscalizar os
procedimentos licitatórios.
1.2 Desorganização no arquivamento da documentação relativa à licitação, dispensa e
inexigibilidade. Os editais não foram assinados e rubricados pela autoridade
competente.
1.3 O município não divulgava mensalmente as compras realizadas, em
desconformidade com o disposto no art. 16 da Lei n.º 8.666/93.
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1.4 Os processos licitatórios não foram instruídos com as notas de empenho e seus
respectivos comprovantes legais, contrariando o disposto no art. 3º, III, da Instrução
Normativa TC n.º 05/99 e art. 6º, VIII, da INTC n.º 08/03.
1.5 Ausência de planejamento das compras realizadas.
1.6 Não foram apresentadas as cotações de preços.
1.7 Não houve designação de servidores para a comissão de licitação para o período de
agosto/2003 até a data de término da inspeção.
1.8 Os prazos de vigência dos contratos analisados não estavam adstritos ao respectivo
crédito orçamentário.
Os defendentes, fls. 1.055/1.060, alegaram que o controle interno é exercido de acordo com as
possibilidades financeiras do município e não existe técnico especializado para a função,
devendo ser aplicado o princípio da reserva do possível.
O órgão técnico ratificou as irregularidades argumentando que o município deveria manter, de
forma integrada, independentemente de aporte de recursos federais ou estaduais, sistema de
controle interno, conforme disposto no art. 74 da Constituição da República.
Ao consultar os autos, depreende-se que, apesar de ter sido formalmente instituído e
constituído, não havia efetivo sistema de controle interno no órgão, pois as falhas apontadas
pela equipe de inspeção demonstraram, de maneira inequívoca, a insuficiência do alegado
controle.
As impropriedades apontadas revelaram fragilidade dos mecanismos que viabilizariam o
controle interno eficaz, ferramenta de que o administrador público dispõe para rever seus
próprios atos, cumprir o disposto no art. 74 da Lei Maior da República, e, com isso, auxiliar
efetivamente o controle externo.
Tais fatos não podem ser tolerados. As instruções normativas editadas por esta Corte de
Contas, em especial a IN n.º 05/99, estabelecem regras que devem ser observadas pelos
jurisdicionados no cumprimento de suas funções e se prestam também a facilitar o exercício
do controle externo dos atos dos administradores públicos. Sem embargo, conforme exposto
em prejudicial de mérito, a prescrição da pretensão punitiva do Tribunal no presente feito, nos
termos do art. 118-A, II, da Lei Complementar n.º 102/08, inviabiliza a imposição de multa.
Registro que, no Contrato n.º 013/2001, firmado com a empresa SIM – Sistemas de
Informação de Municípios Ltda., fls. 68/74, item 2, especificou-se, como objeto, dentre outros
serviços, a assessoria e treinamento multidisciplinares voltados à Administração, Fazenda,
Planejamento e Controle Interno.
Em que pese o grande dispêndio comprovado, infere-se que a empresa contratada pouco
implementou ou instruiu os servidores para o desenvolvimento de aptidões para o
acompanhamento das atividades do órgão. Também não se comprovou a realização de
treinamentos.
Ressalvo que os controles internos administrativos instituídos em um órgão devem estar
permanentemente voltados para a correção de eventuais desvios dos parâmetros estabelecidos,
pois, quanto maior for o seu grau de adequação, menor será a vulnerabilidade dos riscos
inerentes à gestão propriamente dita.
Todavia, conforme exposto em prejudicial de mérito, a prescrição da pretensão punitiva do
Tribunal no presente feito, nos termos do art. 118-A, II, da Lei Complementar n.º 102/08,
inviabiliza a imposição de multa.
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Por todo o exposto, propugno que seja recomendada aos atuais integrantes do sistema de
controle interno do Executivo a adoção de todas as providências necessárias para coibir a
ocorrência de tais irregularidades. O art. 81, parágrafo único, da Constituição do Estado de
Minas Gerais, impõe aos responsáveis pelo controle interno, diante da constatação de
qualquer falha ou ilegalidade, dar imediata ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de
responsabilidade solidária.
2 Despesas, no montante de R$254.464,71, efetuadas com preterição à instauração de
procedimento licitatório, diante da utilização indevida de inexigibilidade – fls. 09/11 e
14/15.
2.1 Favorecido: SIM – Sistema de Informação de Municípios Ltda.
Objeto: prestação de serviços de contabilidade pública, assessoria e treinamento
multidisciplinares voltados à Administração, Fazenda, Planejamento e Controle Interno (fl.
68).

Exercício de 2001
Valor estimado contratado: R$20.000,00
Valor pago: R$17.910,00.

Exercício de 2002
Valor estimado contratado: R$15.000,00
Valor pago: R$21.100,00.

Exercício de 2003
Valor estimado contratado: R$16.500,00
Valor pago: R$27.050,00.

Exercício de 2004 (mês de janeiro)


Valor estimado contratado: R$12.000,00
Valor pago: R$2.905,00.
A equipe de inspeção ponderou que houve equívoco ao se utilizar como fundamento para a
inexigibilidade o art. 25, II, c/c o art. 13, II e III, da Lei n.º 8.666/93, uma vez ausente na
contratação a singularidade do objeto.
Os defendentes, fls. 1.060/1.062, expuseram que o Grupo SIM é de notória especialização,
atendendo ao disposto no § 1º do art. 25 da mencionada lei e ressaltaram que os serviços
foram plenamente prestados, não havendo que se falar em restituição ao erário.
A unidade técnica, em sede de exame de defesa, refutou os argumentos expendidos,
fls. 1.117/1.118, pois, para a ocorrência de inexigibilidade, além da inviabilidade de
competição, seria necessário que o serviço fosse singular e realizado por empresa ou
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profissional de notória especialização. Ponderou que o procedimento licitatório seria


obrigatório na ausência de quaisquer desses requisitos.
A equipe técnica ressaltou que a singularidade é atributo do serviço e não do executor, e a
notória especialização implica o desenvolvimento de atividade diferenciada e de maior
complexidade e, por isso, deve ser demonstrada.
Ab initio, reporto-me ao Incidente de Uniformização de Jurisprudência n.º 684.973, suscitado
pelo Instituto de Gestão Fiscal, sucessor da empresa SIM – Sistemas de Informação de
Municípios Ltda., com fundamento em supostas decisões divergentes relativas a matéria
licitatória.
O Tribunal Pleno, na sessão de 14/4/04, pacificou entendimento pela:
“ausência de singularidade dos serviços, singularidade esta exigida pelo art. 25, II, da Lei
8.666/93, e que justifica a inviabilidade de competição, fundamento básico de todas as
hipóteses de inexigibilidade de licitação”.
Inconformado com a decisão, o Grupo SIM interpôs Recurso de Revisão, Processo n.º
694.965. O Tribunal Pleno, na sessão de 23/11/05, negou provimento, por unanimidade,
pondo, assim, fim aos questionamentos pertinentes à contratação daquele grupo por meio de
inexigibilidade de licitação.
Quanto à alegação de não ter ocorrido dano ao erário, afirmo que o administrador público tem
a obrigação de fielmente cumprir os preceitos legais, independentemente do potencial lesivo
do ato praticado, e somente haveria garantia de que foi realizado o melhor negócio para a
Administração com a execução do devido procedimento licitatório, o que não ocorreu.
O procedimento em exame fundamentou-se nos termos do art. 13, III, c/c o art. 25, II, do
Estatuto Nacional de Licitações e Contratos, litteris:
“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
(...)
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza
singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação”.
A completa irregularidade da contratação do Grupo SIM por inexigibilidade de licitação
sobressai à primeira leitura do dispositivo transcrito: não se observam a natureza singular dos
serviços e a inviabilidade de competição. Destaco que é objeto da avença a prestação de
serviços contínuos e rotineiros, para cuja execução existem, no mercado, inúmeros
profissionais, empresas e outras instituições capacitadas.
Esta Corte de Contas já se posicionou no sentido de que compete ao município estruturar,
organizar, implantar e executar todos os serviços que se relacionam com atividades dos
controles orçamentário, financeiro, contábil, operacional e patrimonial, que se caracterizam
por serem contínuas, permanentes e próprias do controle interno, ipso facto, de competência
exclusiva do Poder Público, a teor do disposto no art. 73, § 1º, I, da Constituição do Estado, e
impassíveis, portanto, de terceirização.
Ressalvam-se, porém, situações excepcionais, nas quais a Administração Municipal não
dispõe de meios necessários ou adequados à elaboração ou execução de projetos e serviços
específicos, desde que o objeto contratado não se inclua entre as atividades de sua
competência exclusiva. Nem mesmo condições extraordinárias autorizam à Administração a
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renovação contínua dos ajustes, visto que cada prorrogação estará sempre adstrita às
exigências fixadas no art. 57 da Lei n.º 8.666/93.
O Tribunal de Contas da União entende que, para invocar o art. 25, II, da Lei Nacional de
Licitações e Contratos, o gestor deverá comprovar a inexistência de outras empresas ou
entidades em condições de atendê-lo, ou seja, a inviabilidade de competição, e, ainda,
observar a razoabilidade do preço cotado.
Compulsando os autos, constatei que a contratação não encontra amparo nas hipóteses legais
de exceção ao dever geral de licitar, assim como não há comprovação da singularidade dos
serviços ou da inviabilidade de competição que ensejasse a inexigibilidade do procedimento
licitatório, evidenciando afronta ao previsto no art. 2º do Estatuto de Licitações e Contratos.
Em outras palavras, a evocação de situação de inexigibilidade quando a prestação de serviços
almejada é ordinária e continuada e quando há diferentes prestadores aptos a executar os
serviços, equivale à contratação sem licitação.
Ora, o dever de licitar tutela a integridade patrimonial do Estado, contempla os princípios da
economicidade e da isonomia e inibe o enfrentamento de riscos nos atos negociais da
Administração. Ao assegurar a celebração do contrato mais vantajoso ao órgão licitante,
resguarda também os princípios de impessoalidade e moralidade que norteiam a ação pública.
Por todo o exposto, considero inadmissível a contratação de consultoria externa para a
prestação de serviços contínuos e vinculados às atividades próprias da Administração Pública.
Ao terceirizar atividades permanentes, relacionadas ao controle orçamentário, financeiro,
contábil, operacional e patrimonial, o órgão abstém-se do exercício da competência exclusiva
do Poder Público, inserta no art. 73, § 1º, I, da Constituição Estadual:
“Art. 73. A sociedade tem direito a governo honesto, obediente à lei e eficaz.
§1º Os atos das unidades administrativas dos Poderes do Estado e de entidade da
administração indireta se sujeitarão a:
I - controles internos, exercidos, de forma integrada, pelo próprio Poder e a entidade
envolvida.”
O referido diploma prescreve, no seu art. 20, que:
“Art. 20. A atividade administrativa permanente é exercida:
I – na administração direta de qualquer dos Poderes, por servidor público ocupante de cargo
público em caráter efetivo ou em comissão, por empregado público detentor de emprego
público ou designado para função de confiança ou por detentor de função pública, na forma do
regime jurídico previsto em lei”.
Como visto, a atividade fim, permanente, rotineira e contínua, contratada com o Grupo SIM, é
de competência exclusiva do Poder Executivo local e deve ser desempenhada por seus
servidores, não podendo ser delegada a outrem, seja por meio de dispensa, inexigibilidade ou
qualquer outro procedimento licitatório.
A terceirização, convém não olvidar, é lícita se somente alcançar a atividade-meio, ou seja,
aquele serviço complementar da Administração Pública, exempli gratia, atividade de
conservação, limpeza, copeiragem, recepção, reprografia, segurança, vigilância, transportes,
informática etc.
Em que pese a reconhecida notória especialização do Grupo SIM, que não é objeto de
questionamento, restou evidenciado que, in casu, era viável a competição e os serviços
prestados pela empresa, independentemente de sua situação jurídica, não se revestiam do
caráter de especificidade.
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2.2 Favorecido: Auto Posto Bom Jesus do Córrego Ltda.


Inexigibilidade n.º 01/2003
Objeto: Aquisição de combustível
Ordenador de despesa: Laércio do Carmo da Silva
Exercício de 2003
Valor pago: R$158.873,94
Exercício de 2004
Valor pago: R$26.625,77

A equipe de inspeção relatou que o processo de inexigibilidade se pautou no fato de haver


somente um fornecedor no município, mas ressaltou que a cidade mais próxima fica a 05 Km
de distância (mapa de fl. 301), o que viabilizaria a possibilidade de competição e a realização
de procedimento licitatório.
Os defendentes alegaram que a contratação foi realizada sem o referido procedimento tendo
em vista que o contratado era o único estabelecimento do gênero no município. Informaram
que o posto de combustível mais próximo está a quase 15 Km (ida e volta) de distância, o que
geraria custos para o erário. Apontaram que na licitação realizada em 2004, Tomada de
Preços n.º 1/2004, apenas um concorrente compareceu, coincidentemente o Auto Posto
Córrego do Bom Jesus.
Esta Corte de Contas, em resposta à Consulta n.º 675.252, de relatoria do Conselheiro José
Ferraz, confirmou o seguinte entendimento:
“Somente será possível dar-se como inexigível a licitação, se o fornecimento do combustível
por outros postos localizados em municípios circunvizinhos implicar gastos excessivos prévia
e devidamente comprovados, os quais não justificam economicamente a licitação,
inviabilizando a competição.”
A área técnica asseverou que outras empresas poderiam participar de eventual certame, nos
termos do art. 20, parágrafo único, da Lei n.º 8.666/93.
E, se fosse a hipótese de exceção legal ao dever de licitar, não teria sido obedecido o comando
disposto no art. 26 da Lei de Licitações e Contratos, uma vez que a contratação direta não foi
precedida de motivação nem de justificativa.
Ante os fatos, considero que houve preterição à instauração de procedimento licitatório para
contratação de serviços no qual a singularidade do objeto não foi configurada, pelo contrário,
evidenciou-se a prestação de serviços rotineiros de contabilidade, passíveis de competição no
mercado próprio, e também para aquisição de combustível, em afronta aos comandos dos arts.
37, XXI, da Lei Maior republicana e 2º da Lei Nacional de Licitações e Contratos. Sem
embargo, conforme exposto em prejudicial de mérito, a prescrição da pretensão punitiva do
Tribunal no presente feito, nos termos do art. 118-A, II, da Lei Complementar n.º 102/08,
inviabiliza a imposição de multa.
Por todo o exposto, propugno que, em futura inspeção no município, seja verificado se os
pagamentos continuaram ocorrendo nos exercícios seguintes, além de apurar os valores
despendidos e, se porventura existir contrato em vigor, também fundamentado em
inexigibilidade de licitação, determinar sua rescisão imediata, no prazo de 15 (quinze) dias, e
comunicar o fato à Câmara Municipal, haja vista o objeto constituir-se atividade rotineira e
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própria da Administração Pública (serviços atinentes à área de contabilidade), que deveria ser
desempenhada por servidores municipais no resguardo de informações privilegiadas.
Nesse particular, merece ser trazido à baila entendimento esposado pelo Supremo Tribunal
Federal no qual o Tribunal de Contas, “embora não tenha poder para anular ou sustar
contratos administrativos – tem competência, conforme o art. 71, IX, para determinar à
autoridade administrativa que promova a anulação do contrato e, se for o caso, da licitação de
que se originou.” (MS 23.550 –1/DF Min.Red. Sepúlveda Pertence. DJ de 31/10/01).

3. Despesas realizadas mediante procedimentos licitatórios sem observância de


formalidades legais, no valor de R$25.506,82, fls. 11/15.
3.1. Convite n.º 15/03 (fls. 571/741)
Objeto: fornecimento de produtos destinados à merenda escolar, materiais de limpeza, gás de
cozinha e água mineral.
Favorecido: Supermercado Braizinho Ltda.
Valor pago: R$13.224,97

3.2 Convite n.º 04/04 (fls. 745/1.030)


Objeto: aquisição de medicamentos e materiais de curativos para uso e distribuição no
ambulatório médico.
Favorecidos: Dileni Aparecida Mota - ME, Med Center Comercial Ltda., Vale Comercial
Ltda., Mantiqueira Distribuidora de Produtos Hospitalares e União Química e Farmacêutica
Nacional S/A.
Valor pago: R$12.281,85
a) Os procedimentos não foram precedidos de coleta de preços de mercado – arts. 43,
IV, e 38, XII (todos os itens).
O órgão técnico observou que não foram juntadas aos autos cópias de documentos que
comprovassem a aferição dos preços de mercado. Desse modo, o município não teria
cumprido sua obrigação de transparência e lisura nos procedimentos averiguados.
Conforme preceitua Marçal Justen Filho, in verbis:
“A validade da Contratação depende da verificação da razoabilidade do preço a ser
desembolsado pela Administração Pública. A regra não se vincula precipuamente à
contratação direta; afinal, não se admite, em hipótese alguma, que a Administração Pública
efetive contratação por valor desarrazoado. Ainda quando exista uma licitação, deve-se
verificar se a proposta classificada em primeiro lugar apresenta valor compatível com a
realização dos interesses protegidos pelo Direito. Proposta de valor excessivo deverá ser
desclassificada (Lei n.º 8.666, art. 48)” (In Comentários à Lei das Licitações e Contratos
Administrativos. 11ª edição, São Paulo: Dialética, 2005, pág. 295)
Concluo, portanto, pela pertinência do apontamento técnico inicial, por considerar a omissão
do gestor em relação à exigência da INTC n.º 07/03 que, em seu art. 1º, inciso I, alíneas “c” e
“d”, prevê expressamente que a pesquisa e a planilha de preços devem estar integradas aos
respectivos procedimentos.
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b) Ausência da estimativa do impacto orçamentário-financeiro, art. 16, I, da Lei


Complementar n.º 101/00, e inexistência de declaração do ordenador de despesas de que
o aumento de gastos tem adequação orçamentária e financeira com a Lei Orçamentária
Anual, com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias,
art. 16, II, da LC n.º 101/00 (todos os itens).
O defendente, fls. 1.065/1.067, alegou que não foi necessária a estimativa do impacto
orçamentário-financeiro, uma vez que existiam dotações orçamentárias previstas no Plano
Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária Anual.
A unidade técnica, na análise da defesa, fl. 1.121, ressaltou, com base no disposto no caput do
art. 16 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que a estimativa e a declaração do ordenador são
necessárias quando se tratar de criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental
que acarretem aumento da despesa.
As situações em tela referem-se a despesas que ocorrem anualmente, quais sejam, aquisição de material
escolar e gastos com festividades de carnaval, bastando, para esses dispêndios, somente a dotação
orçamentária, razão pela qual desconsidero as impropriedades apontadas.
c) Descumprimento do disposto no art. 15, § 7º, II, que determina a definição das
unidades e quantidades estimadas em função do consumo (todos os itens);
O defendente argumentou que, pelo fato de o município não possuir grande demanda, a
quantificação dos produtos a serem adquiridos foi elaborada considerando a realidade local e
que usou a “experiência comum” para estimar as unidades e quantidades em função do
consumo. Afirmou tratar-se de mera irregularidade formal.
Houve o descumprimento do estatuído no art. 15, § 7º, da Lei n.º 8666/93, por não constar a
definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas. O referido dispositivo é
taxativo:
“Art. 15 As compras, sempre que possível, deverão:
(...)
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda:
(...)
II - a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função do consumo e
utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante adequadas
técnicas quantitativas de estimação;
As despesas em exame são passíveis de programação, nos termos do referenciado dispositivo,
pois é plenamente possível estimar a quantidade dos materiais adquiridos.
Portanto, considero irregular a matéria descrita neste subitem.
d) Informações incorretas na publicação do edital, em desacordo com o disposto no § 3º
do art. 22 da Lei n.º 8.666/93 (item 3.1).
Os defendentes alegaram que a publicidade ocorreu com a simples remessa dos convites aos
interessados e que as impropriedades apuradas na publicação do edital não viciaram o
procedimento.
A equipe técnica ponderou que o edital deve conter as informações corretas, especialmente
quanto aos prazos mencionados.
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Tal irregularidade não pode ser tolerada por esta Casa de Contas. O erro na publicação e
divulgação referente às compras realizadas pela Administração Municipal constitui omissão
que contraria comando da Lei Nacional de Licitações e Contratos.
e) O edital não foi rubricado em todas as folhas, nem assinado pela autoridade
competente, art. 40, § 1º.
f) Não foi anexado ao processo licitatório o ato de designação da comissão de licitação –
art. 38, III, da Lei n.º 8.666/93.
g) Os documentos não se encontravam em ordem cronológica (todos os itens).
Os responsáveis, fl. 1.073, argumentaram que as falhas em tela não viciaram o procedimento
licitatório.
A alegação não procede, pois as determinações legais relativas à formalidade do ato são de
observância obrigatória. As mencionadas imposições legais não podem ser dispensadas,
garantidoras que são da lisura dos atos administrativos negociais, restando, assim, mantidas as
impropriedades.
h) Irregularidades quanto ao prazo de entrega dos envelopes de documentos e propostas
– art. 21, § 2º, IV, da Lei de Licitações e Contratos (todos os itens).
Com relação ao subitem 3.1, a equipe de inspeção observou que o comprovante de entrega do
edital para o licitante vencedor apresentou data posterior à homologação do certame, fl. 584.
Quanto ao subitem 3.2, ponderou que os comprovantes de entrega do edital para dois
licitantes estavam datados sem observância do lapso temporal de 05 (cinco) dias úteis,
previsto no referido artigo, fls. 765/766.
Os defendentes alegaram que eventuais erros não geraram qualquer nulidade.
A área técnica constatou que as irregularidades apontadas viciaram a lisura do certame,
principalmente no que tange à inexatidão e ausência de datas do procedimento.
Com razão o órgão técnico, tendo em vista que o comprovante de entrega do edital para o
licitante vencedor apresentou data posterior à homologação do certame e, ainda, não constou a
data de entrega do outro comprovante, fl. 585 (subitem 3.1).
Quanto ao subitem 3.2, no edital definiu-se o dia 22/01/04 para entrega dos envelopes de
documentos e proposta, porém a entrega para dois licitantes ocorreu no dia 19/01/04, fls.
765/766. Portanto, não foi observado o lapso temporal de cinco dias úteis previsto no inciso
IV do § 2º do art. 21 da Lei de Licitações e Contratos.
A alegação dos defendentes não procede, pois as determinações legais relativas à formalidade
do ato são de observância obrigatória. Desse modo, como não foi observado o prazo fixado no
artigo referenciado, entendo irregular o apontamento descrito neste subitem.
i) Ausência de critérios para julgamento, de condições de pagamento e de instruções e
normas para os recursos – art. 40, VII; XIV e XV (todos os itens).
Os defendentes se limitaram a informar que o critério adotado só poderia ser o de menor
preço, por se tratar de aquisição de produtos comuns em supermercados.
Jessé Torres, ao comentar o art. 40 e seus incisos, assinala que:
“O corpo do edital conterá os elementos arrolados nos incisos I a XVI, além de „outras
indicações específicas ou peculiares da licitação‟ (inciso XVII). Pelo menos dois desses itens
têm sido desobedecidos com freqüência, impondo-se fiscalização mais severa:
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a) (...)
b) o do critério para o julgamento (VII), indispensável para que a Comissão não se afaste do
princípio do julgamento objetivo (v. art. 3º), ocorrendo, com desconfortável assiduidade, que
editais enunciem critérios amplos ou evasivos, ou limitem-se a reproduzir o texto da lei, o que
expõe a Comissão a julgamento subjetivo.”(In Comentários à Lei das Licitações e
Contratações da Administração Pública, 7ª ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 487).
Realmente, ao verificar os tópicos dos editais, não se denotam os critérios de julgamento das
propostas, tampouco as condições de pagamento e as instruções e normas para os recursos,
não sendo possível considerar elididas as falhas.
j) Não foi celebrado o contrato previsto no subitem 4.1 do edital, ferindo assim,
determinação contida no art. 62, § 4º (subitem 3.1).
Os defendentes sustentaram que o instrumento de contrato foi substituído pelas notas de
empenho, em conformidade com os termos do art. 62 da Lei n.º 8.666/93.
O órgão técnico afirmou que o instrumento contratual seria dispensável nos casos de compras
com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, sem obrigações futuras, inclusive
assistência técnica, de acordo com o disposto no art. 62, § 4º, da Lei de Licitações e
Contratos.
Portanto, como o cumprimento do objeto contratado prolongou-se entre os meses de agosto a
dezembro de 2003, não consistindo em compra com entrega imediata, entendo que persiste a
falha apontada.
k) Não foram observados os prazos recursais determinados para o julgamento das
propostas (subitem 3.1) e para a fase de habilitação (subitem 3.2) - art. 109, I, c/c art. 110
da Lei n.º 8.666/93.
Os interessados ponderaram que não haveria necessidade de prazos recursais para as fases de
habilitação e julgamento das propostas, em razão de somente uma empresa ter demonstrado
interesse em participar do certame.
A área técnica desconsiderou a irregularidade ao verificar que somente um licitante participou
do procedimento.
Acorde com a unidade técnica, desacolho a impropriedade descrita neste item (subitens 3.1 e
3.2).
l) Ausência do mapa comparativo de preços e do resultado final no processo licitatório
(item 3.1).
Quanto ao mapa comparativo de preços, pelo mesmo motivo descrito na alínea “k” acima,
desconsidero a falha.
m) Não consta publicação do resultado do julgamento na imprensa oficial (todos os
itens).
Não houve manifestação específica dos defendentes quanto à irregularidade apontada.
Como os responsáveis não se manifestaram, o órgão técnico manteve a impropriedade.
A previsão da publicação do resultado do julgamento está disposta no § 1º do art. 109 da Lei
de Licitações e Contratos. A falha em comento não pode ser tolerada por esta Casa de Contas,
pois a ausência de publicação constitui omissão que contraria comando da referida lei e o
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princípio da publicidade inserto no caput do art. 37 da Constituição da República, imposto à


Administração Pública.
n) Ausência, no edital, da documentação exigida pela Portaria Ministerial n.º 2.814/GM,
de 29/5/98 (subitem 3.2).
Os defendentes admitiram a irregularidade e informaram que passarão a exigir os documentos
previstos na Portaria, tais como: licença sanitária estadual ou municipal, certificado de boas
práticas de fabricação e controle por linha de produção emitido pela Secretaria de Vigilância
Sanitária do Ministério da Saúde, comprovação da autorização de funcionamento da empresa
participante da licitação, certificado de registro de produtos emitido pela Secretaria de
Vigilância Sanitária ou cópia da publicação no Diário Oficial da União - D.O.U.
Diante do reconhecimento de que não houve acatamento das exigências constantes na Portaria
Ministerial n.º 2.814/GM, mantenho a falha descrita neste subitem.
o) Não constam do contrato o crédito pelo qual correria a despesa (art. 55, V), os direitos e
responsabilidades das partes (55, VII), o preço (55, III), os casos de rescisão (55, VIII), o
reconhecimento dos direitos da administração em caso de rescisão administrativa (55, IX),
e a obrigação de manter as condições de habilitação (55, XIII) - subitem 3.2.
Os defendentes alegaram que a ausência de cláusula contratual mencionando crédito
orçamentário trata de irregularidade meramente formal.
Em relação à indicação do preço no contrato, ponderaram que o critério de julgamento foi o
de menor preço e, portanto, estaria implícito que ele seria estipulado na proposta da empresa
vencedora.
Quanto às demais cláusulas, informaram que não houve impropriedade, pois decorrem
automaticamente da lei.
O órgão técnico, ao examinar as ponderações da defesa, manteve as ocorrências.
Acorde com a unidade técnica, ressalto que o agente público deve pautar todas as suas ações
obedecendo ao princípio da legalidade, consagrado no caput do art. 37 da Constituição da
República. Saliento que no art. 55, caput, da Lei n.º 8.666/93, dispõe-se que as cláusulas
listadas em seus incisos são necessárias em todo contrato.
Segundo entendimento desta Corte de Contas, por meio das Súmulas n. os 16 e 23, in verbis:
“Súmula n.º 16. É exigência legal, e medida essencial para se promover a reserva de recursos
orçamentários, que, nos instrumentos de contrato, convênio e acordo, em que figurem como
partes pessoas jurídicas de direito público interno, seja indicado, ainda que por estimativa, o
valor respectivo” (Publicado no “MG” de 14/10/87
- Pág. 16 – Ratificada no “MG” de 03/06/97 - Pág. 21 – Mantida no “MG” de 26/11/08 – Pág.
72 – Mantida no D.O.C. de 05/05/11 – Pág. 08).
“Súmula n.º 23. A indicação da dotação orçamentária, que irá comportar os gastos públicos
decorrentes da execução de convênios, contratos, acordos ou ajustes firmados pelo Estado, é
exigência legal que não pode ser desprezada, eis que visa a demonstrar e promover,
respectivamente, a existência e a reserva de recursos e acompanhar a execução do plano
plurianual, o cumprimento das diretrizes orçamentárias, bem como do respectivo orçamento”.
(Alterada no Diário Oficial de MG de 08/07/97 - pág. 22 – Mantida no Diário Oficial de MG
de 26/11/08 - pág. 72- Mantida no D.O.C de 05/05/11 – PÁG. 08).
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Portanto, por serem dados que deveriam estar inseridos, obrigatoriamente, como cláusulas do
contrato (art. 55 da Lei de Licitações e Contratos), mantenho a falha. Sem embargo, conforme
exposto em prejudicial de mérito, a prescrição da pretensão punitiva do Tribunal no presente
feito, nos termos do art. 118-A, II, da Lei Complementar n.º 102/08, inviabiliza a imposição
de multa. Não obstante, faço recomendações para que, quando da elaboração de contratos,
seja obedecida a legislação de regência, evitando-se a reincidência das falhas verificadas.
III – CONCLUSÃO
À luz do exposto, em prejudicial meritória, tendo em vista que desde a primeira interrupção
do prazo prescricional já transcorreu intervalo de tempo superior a oito anos, circunstância
que configura a hipótese fixada no art. 118-A, II, da Lei Orgânica desta Corte de Contas, com
redação dada pela Lei Complementar n.º 140/14, reconheço a prescrição da pretensão punitiva
do Tribunal, inviabilizando-se a aplicação de sanções no presente feito.
Assim, propugno que seja recomendada aos atuais integrantes do sistema de controle interno
do Executivo a adoção de todas as providências necessárias para coibir a ocorrência de
irregularidades e que o disposto no art. 81, parágrafo único, da Constituição do Estado de
Minas Gerais impõe aos responsáveis pelo controle interno, diante da constatação de qualquer
falha ou ilegalidade, dar imediata ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade
solidária (item 1), bem como para que, na elaboração de contratos, seja obedecida a legislação
de regência, evitando-se a reincidência de falhas (item 3).
Proponho também que, na primeira inspeção designada para o município, seja verificada in
totum a proposição inserta no item 2, enfatizando que, uma vez apurada a existência de
contrato em vigor, fundamentado em idêntica hipótese de inexigibilidade de licitação, deverá
ser determinada sua rescisão imediata, no prazo de 15 (quinze) dias, e o fato comunicado à
Câmara Municipal, haja vista constituir-se o objeto atividade rotineira e própria da
Administração Pública (serviços atinentes à área de contabilidade), embasado no
entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal, de que o Tribunal de Contas,
“embora não tenha poder para anular ou sustar contratos administrativos – tem competência,
conforme o art. 71, IX, para determinar à autoridade administrativa que promova a anulação
do contrato e, se for o caso, da licitação de que se originou.” (MS 23.550 –1/DF Min.Red.
Sepúlveda Pertence. DJ de 31/10/01).
Na ocasião, também deverá ser averiguado se os equipamentos especificados na cláusula nona
do instrumento contratual, fl. 73, foram doados ao município e devidamente inscritos no
patrimônio municipal.
Findos os procedimentos pertinentes à espécie, proponho, com amparo no comando do inciso
I do art. 176, regimental, o arquivamento do presente processo.

CONSELHEIRO WANDERLEY ÁVILA:


De acordo.

CONSELHEIRO JOSÉ ALVES VIANA:


De acordo.

CONSELHEIRO PRESIDENTE SEBASTIÃO HELVECIO:


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Também estou de acordo.


ACOLHIDA A PROPOSTA DE VOTO DO RELATOR, POR UNANIMIDADE.

(PRESENTE À SESSÃO A PROCURADORA MARIA CECÍLIA BORGES.)

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos julgados em bloco, ACORDAM os


Exmos. Srs. Conselheiros da Primeira Câmara do Tribunal de Contas, por unanimidade, na
conformidade da Ata de Julgamento e diante das razões expendidas na proposta de voto do
Relator e nos termos da legislação vigente, em reconhecer a prescrição da pretensão punitiva
deste Tribunal, com a recomendação e as determinações propostas pelo Relator. Determinam
o arquivamento dos autos.
Plenário Governador Milton Campos, 11 de fevereiro de 2014.

SEBASTIÃO HELVECIO HAMILTON COELHO


Presidente Relator

(Assinado eletronicamente)

RRMA/dri

Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n. 02/2012 e na Decisão
Normativa n. 05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br , código verificador n. 928135

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