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Educação e Desenvolvimento

Rodrigo R. Soares

Escola de Economia de São Paulo – FGV

Desafios para o Crescimento Econômico


Seminário Inaugural: Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico – FGV

Abril 2015

R.R. Soares (EESP-FGV) Educação e Desenvolvimento FGV Crescimento & Desenvolvimento 1 / 24


Introdução

Educação como tópico recorrente no debate sobre polı́ticas públicas e


desenvolvimento no Brasil.
I Percepção que educação é, de algum modo, relevante para o crescimento
econômico no longo-prazo.

Presença da educação no debate público talvez não seja muito surpreendente,


dadas as estatı́sticas nacionais.
I Mas nem sempre foi assim: enorme descaso histórico em relação ao tema.

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Introdução

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Introdução

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Introdução

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Introdução

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Introdução

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Introdução
Evidência: educação é essencial para explicar estatisticamente diferenças de
renda entre regiões (Acemoglu and Dell, 2010, Gennaioli et al., 2012).
Mas educação é, de fato, um determinante do desenvolvimento de
longo-prazo?

Literatura acadêmica tenta responder a questões desse tipo olhando para


“experimentos naturais” históricos.
Episódios onde uma variável é afetada de maneira mais ou menos arbitrária
por circunstâncias históricas particulares.
I Padrões de colonização e desenvolvimento institucional: Engerman and
Sokolof (1997), Acemoglu et al. (2001), Putterman and Weil (2010).
I Persistência de efeitos de composição educacional inicial: Huillery (2009),
Nunn (2011), Wantchekon et al. (2013).
I Educação e mudanças tecnológicas: Becker et al. (2011), Hornung (2014),
Fourie and von Fintel (2014).
R.R. Soares (EESP-FGV) Educação e Desenvolvimento FGV Crescimento & Desenvolvimento 8 / 24
Introdução
Evidência: educação é essencial para explicar estatisticamente diferenças de
renda entre regiões (Acemoglu and Dell, 2010, Gennaioli et al., 2012).
Mas educação é, de fato, um determinante do desenvolvimento de
longo-prazo?

Literatura acadêmica tenta responder a questões desse tipo olhando para


“experimentos naturais” históricos.
Episódios onde uma variável é afetada de maneira mais ou menos arbitrária
por circunstâncias históricas particulares.
I Padrões de colonização e desenvolvimento institucional: Engerman and
Sokolof (1997), Acemoglu et al. (2001), Putterman and Weil (2010).
I Persistência de efeitos de composição educacional inicial: Huillery (2009),
Nunn (2011), Wantchekon et al. (2013).
I Educação e mudanças tecnológicas: Becker et al. (2011), Hornung (2014),
Fourie and von Fintel (2014).
R.R. Soares (EESP-FGV) Educação e Desenvolvimento FGV Crescimento & Desenvolvimento 8 / 24
Um Experimento Natural em Educação e Desenvolvimento

Resultados do estudo “Human Capital Persistence and Development”;


co-autorado com Rudi Rocha e Claudio Ferraz.
I Analisamos o efeito da educação sobre desenvolvimento olhando para a
experiência dos núcleos coloniais estabelecidos em São Paulo no final do século
XIX e inı́cio do século XX.

Em meio à entrada massiva de imigrantes europeus em São Paulo, aqueles


relativamente mais educados foram direcionados para certas áreas.
I Objetivos iniciais envolvendo eugenia e ocupação, decididos centralizadamente.
I Arcabouço de ocupação semelhante estabelecido em áreas diversas.

Foco no estado de São Paulo: núcleos coloniais fundados entre 1877 e 1911.

R.R. Soares (EESP-FGV) Educação e Desenvolvimento FGV Crescimento & Desenvolvimento 9 / 24


Um Experimento Natural em Educação e Desenvolvimento

Resultados do estudo “Human Capital Persistence and Development”;


co-autorado com Rudi Rocha e Claudio Ferraz.
I Analisamos o efeito da educação sobre desenvolvimento olhando para a
experiência dos núcleos coloniais estabelecidos em São Paulo no final do século
XIX e inı́cio do século XX.

Em meio à entrada massiva de imigrantes europeus em São Paulo, aqueles


relativamente mais educados foram direcionados para certas áreas.
I Objetivos iniciais envolvendo eugenia e ocupação, decididos centralizadamente.
I Arcabouço de ocupação semelhante estabelecido em áreas diversas.

Foco no estado de São Paulo: núcleos coloniais fundados entre 1877 e 1911.

R.R. Soares (EESP-FGV) Educação e Desenvolvimento FGV Crescimento & Desenvolvimento 9 / 24


Um Experimento Natural em Educação e Desenvolvimento

Três caracterı́sticas desse episódio nos ajudam a isolar o efeito da educação:


I Núcleos coloniais foram ocupados por imigrantes relativamente mais educados;
I Imigrantes também estavam chegando espontaneamente ao resto do estado; e
I Localização dos núcleos foi quase aleatória, num contexto de instituições
macro constantes e pouca variabilidade geográfica.

Seguimos 128 anos de história: censos de 1872, 1920, 1940 e 2000.


I Documentamos impacto do estabelecimento dos núcleos e a dinâmica das
respectivas localidades ao longo do tempo.
F Em 1872, áreas que receberiam núcleos no futuro eram indistingı́veis de outras
áreas no estado.
F Em 1920, depois do estabelecimentos dos núcleos, diferenças perceptı́veis
apenas na taxa de alfabetização.
F Em 1940 e 2000, muito tempo depois dos núcleos terem sido oficialmente
extintos, localidades continuaram tendo nı́veis mais altos de educação.

R.R. Soares (EESP-FGV) Educação e Desenvolvimento FGV Crescimento & Desenvolvimento 10 / 24


Um Experimento Natural em Educação e Desenvolvimento

Três caracterı́sticas desse episódio nos ajudam a isolar o efeito da educação:


I Núcleos coloniais foram ocupados por imigrantes relativamente mais educados;
I Imigrantes também estavam chegando espontaneamente ao resto do estado; e
I Localização dos núcleos foi quase aleatória, num contexto de instituições
macro constantes e pouca variabilidade geográfica.

Seguimos 128 anos de história: censos de 1872, 1920, 1940 e 2000.


I Documentamos impacto do estabelecimento dos núcleos e a dinâmica das
respectivas localidades ao longo do tempo.
F Em 1872, áreas que receberiam núcleos no futuro eram indistingı́veis de outras
áreas no estado.
F Em 1920, depois do estabelecimentos dos núcleos, diferenças perceptı́veis
apenas na taxa de alfabetização.
F Em 1940 e 2000, muito tempo depois dos núcleos terem sido oficialmente
extintos, localidades continuaram tendo nı́veis mais altos de educação.

R.R. Soares (EESP-FGV) Educação e Desenvolvimento FGV Crescimento & Desenvolvimento 10 / 24


Um Experimento Natural em Educação e Desenvolvimento

Em 2000, municı́pios associados aos núcleos tinham, em média, renda per


capita 15% maior do que outros municı́pios no estado.
I Mecanismo especificamente através de educação: condicionando ao nı́vel de
escolaridade, efeito dos núcleos tende a zero e deixa de ser significante.
I Efeito não associado a uma etnicidade especı́fica, cultura, estrutura de
propriedade de terra, tipo de produção agrı́cola ou caracterı́stica geográfica.

Como nı́vel inicial de educação persistiu ao longo do tempo?


I Municı́pios associados aos núcleos investiram mais em educação (1920-2000).
F Maior uso de insumos educacionais (professores) e maiores taxas de matrı́cula.

Como maior nı́vel de educação impactou renda per capita?


I Emprego se deslocou do setor agrı́cola para manufatura e serviços.
F Municı́pios tiraram melhor proveito do processo de industrialização pós-1920.

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Um Experimento Natural em Educação e Desenvolvimento

Em 2000, municı́pios associados aos núcleos tinham, em média, renda per


capita 15% maior do que outros municı́pios no estado.
I Mecanismo especificamente através de educação: condicionando ao nı́vel de
escolaridade, efeito dos núcleos tende a zero e deixa de ser significante.
I Efeito não associado a uma etnicidade especı́fica, cultura, estrutura de
propriedade de terra, tipo de produção agrı́cola ou caracterı́stica geográfica.

Como nı́vel inicial de educação persistiu ao longo do tempo?


I Municı́pios associados aos núcleos investiram mais em educação (1920-2000).
F Maior uso de insumos educacionais (professores) e maiores taxas de matrı́cula.

Como maior nı́vel de educação impactou renda per capita?


I Emprego se deslocou do setor agrı́cola para manufatura e serviços.
F Municı́pios tiraram melhor proveito do processo de industrialização pós-1920.

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Um Experimento Natural em Educação e Desenvolvimento

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Um Experimento Natural em Educação e Desenvolvimento

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Estratégia Empı́rica
Comparação das áreas que receberam núcleos e outras áreas do estado ao
longo do tempo: MQO e painel.
I 1872: caracterı́sicas das áreas antes do estabelecimento dos núcleos.
I 1920: impacto inicial dos núcleos.
I 1940 and 2000: impactos de médio e longo-prazo.

Especificação básica controla para caracterı́sticas iniciais (1872):

0
Sit = β0 + β1 dummy núcleo + Xi1872 δ + εit .

Para o efeito sobre renda no longo-prazo, adotamos também estratégia de


variáveis instrumentais: núcleos ⇒ educação em 1920 ⇒ renda em 2000.

0
2o Estágio: Yi2000 = α0 + α1 Ŝi1920 + α2 Si2000 + Xi1872 θ + υit .

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Resultados: Condições Pré-existentes

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Resultados: Educação

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Resultados: Educação

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Resultados: Educação

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Resultados: Educação

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Resultados: Desenvolvimento de Longo-prazo

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Resultados: Mecanismos Alternativos

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Resultados: Mecanismos Alternativos

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Resultados: Estrutura Produtiva no Longo-prazo

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Comentários Finais

Aumento no nı́vel educacional devido aos núcleos coloniais persistiu até o ano
2000.
I Maior uso de insumos educacionais e maior taxa de matrı́cula ao longo do
século XX.

No longo-prazo, se traduziu em aumento relativo do emprego nos setores de


manufaturas e serviços e maior renda per capita.
Evidência adicional: localidades associadas aos núcleos também passaram a
atrair imigrantes brasileiros mais qualificados ao longo do século XX.
Composição educacional inicial como determinante do desenvolvimento de
longo-prazo das regiões paulistas.

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