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20 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE HILBERT
iii) 0 e 1 ∈ K.
(c1 + c2 )f = c1 f + c2 f
c1 (f + g) = c1 f + c1 g
Como, para todo o x ∈ [−1, 1], não é possı́vel escrever a função xp como
uma combinação linear de potências de x diferentes de p, podemos dizer que
C ω ([−1, 1]) não tem dimensão finita, mas sim, dimensão infinita numerável1 .
Isto é, podemos tomar o conjunto de funções {xn }n≥0 como um candidato a
uma base do espaço vectorial C ω ([−1, 1]).
Vejamos agora como definir produto interno no espaço vectorial H sobre
o corpo K(= C).
Um produto interno ou produto escalar é uma função, < ·, · > : H × H →
K, que verifica:
a) Para todo o f, g ∈ H , < f, g >=< g, f >∗ (simetria ou hermiticidade).
b) Se f �= 0 , < f, f > ≥ 0 e se < f, f >= 0, então f = 0 (positividade).
c) Se f, g, h ∈ H e a1 , a2 ∈ K, então,
< a1 f, g >= a∗1 < f, g >, e,
< a1 f + a2 g, h >= a∗1 < f, h > +a∗2 < g, h > (K-linearidade).
Um espaço vectorial H sobre um corpo K com um produto interno é um
espaço pré-Hilbertiano, eventualmente de dimensão infinita.
Das propriedades do produto interno decorre que,
< f, ag > = a < f, g >
< f, a1 g + a2 h > = a1 < f, g > +a2 < f, h >
em que a, a1 , a2 ∈ K e f, g ∈ H.
As funções,
n
�
R :
n
< x, y >= xn yn
i=1
�n
Cn : < z, w >= zn∗ wn
i=1
1
O facto de a dimensão ser infinita numerável depende da álgebra-σ e da medida
definida no intervalo [−1, 1]. C ω ([−1, 1]) tem dimensão infinita numerável para a medida
de Lebesgue dx ou para medidas absolutamente contı́nuas em relação à medida de Lebesgue
— medidas da forma dµ = p(x)dx.
22 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE HILBERT
As relações entre produto interno e norma são dadas pelo seguinte teorema:
Teorema 2.1. Seja H é um espaço vectorial sobre um corpo K com um
produto interno, < ·, · > : H × H → K. Então, têm-se as desigualdades:
2.1. ESPAÇOS PRÉ-HILBERTIANOS 23
e portanto
||f + g|| ≤ ||f || + ||g||
Demonstre-se agora a desigualdade, Real < f, g >≤ ||f ||.||g||. Ora,
1
a2 ||f ||2 + ||g|2 − 2Real < f, g > ≥ 0
a2
24 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE HILBERT
Claro que a norma definida à custa do produto interno obedece às condições
a), b) e c). Está assim estabelecida a relação entre espaços métricos e espaços
com produto interno. Todo o espaço vectorial sobre um corpo K com produto
interno é um espaço normado.
2.2. ESPAÇOS DE HILBERT 25
Uma sucessão {fn } é de Cauchy no sentido da norma se, para todo o ε > 0,
existe um inteiro Nε tal que, para todo o n, m > Nε ,
||fn − fm || < ε .
(n) (m)
Assim, |ci − ci | < ε para todo n, m > Nε . Daqui conclui-se que para cada
(n)
i, a sucessão {ci }n é de Cauchy em C e portanto é uma sucessão convergente.
(n)
Seja ci = limn→∞ ci e c = (c1 , c2 , . . .). Queremos agora mostrar que c(n) → c
e que c ∈ �2 . Da desigualdade anterior decorre que,
k
� (n) (m)
|ci − ci |2 < ε2
i=1
(m)
para todo o inteiro positivo k e n, m > Nε . No limite m → ∞, ci → ci , e
como ε não depende de k,
∞
� (n)
|ci − ci |2 < ε2
i=1
g
!!f!g!!
!!g!!
!!f"g!!
!!f!! f
||f + g||2 − ||f − g||2 = 2 < f, g > +2 < g, f >= 4 Real < f, g >
e portanto,
1 � �
Real < f, g >= ||f + g||2 − ||f − g||2
4
2.3. ESPAÇOS DE LEBESGUE 27
Com,
||f + ig||2 − ||f − ig||2 = 2 < f, ig > +2 < ig, f >
= 2i(< f, g > − < f, g >∗ )
= −4 Im < f, g >
vem que,
1 � �
Im < f, g >= − ||f + ig||2 − ||f − ig||2
4
Obtendo-se assim a igualdade de polarização
1 1 i i
< f, g >= ||f + g||2 − ||f − g||2 − ||f + ig||2 + ||f − ig||2
4 4 4 4
que permite determinar o produto interno através da definição de norma.
Da definição de norma à custa do produto interno e da desigualdade de
Minkovski, decorre que todo o espaço de Hilbert é um espaço de Banach. No
entanto, se assumirmos a igualdade do paralelogramo para qualquer espaço
de Banach, conclui-se facilmente que nem todo o espaço de Banach é um
espaço de Hilbert. Vejamos um exemplo de um espaço de Banach que não é
um espaço de Hilbert. Seja �p , com p ≥ 1, o conjunto de todas as sucessões
(c1 , c2 , . . .) tais que,
�∞
|ci |p < ∞
i=1
p
Seja a norma em � ,
�∞ �1/p
�
||c|| = |ci |p (2.2)
i=1
p
O espaço � assim construı́do é um espaço de Banach para 1 ≤ p < ∞. Sejam
os elementos de �p , x = (1, 1, 0, 0, . . .) e y = (1, −1, 0, . . .). Por (2.2), vem
que,
||x + y|| = ||x − y|| = 2 ; ||x|| = ||y|| = 21/p
||x + y||2 + ||x − y||2 = 8
2||x||2 + 2||y||2 = 4.22/p
e, 8 �= 4.22/p para p �= 2, ou seja, a igualdade do paralelogramo só é verificada
para p = 2. Então �p , com p �= 2, não é um espaço de Hilbert embora seja
um espaço de Banach. Assim, para p �= 2, a norma (2.2) não está associada
a um produto interno.
com p ≥ 1. Este espaço é designado por Lpµ (X) e tem naturalmente a norma,
�� �1/p
p
||f ||p = |f | dµ (2.2)
X
O espaço de Lebesgue Lpµ (X) é o espaço que resulta de Lpµ (X) por in-
trodução da relação de equivalência ” ∼ ”, isto é, Lpµ (X) = Lpµ (X)/ ∼.
Assim, os elementos dos espaços de Lebesgue são classes de equivalência de
funções que diferem por conjuntos de µ-medida nula. Em geral, representa-se
cada classe de equivalência por um elemento da classe.
2
Por exemplo, a função f (x) = e−x é de quadrado somável em relação à
medida de Lebesgue dx — f (x) ∈ L21 (R) = L2 (R) — pois,
� +∞ � +∞ �
−x2 2 2
|e | dx = e−2x dx = π/2 < ∞
−∞ −∞
2.4. OPERADORES 29
então L∞ (X) é ainda um espaço de Banach com a norma ||f ||∞ . No entanto,
L∞ (X) não é separável. Nesta norma, |f (x)| ≤ ||f ||∞ (q.t.l.).
A caracterização funcional dos elementos de um espaço de Banach pode
ser feita através de funções contı́nuas. Seja C r (X) o conjunto das funções
com r derivadas contı́nuas no espaço mensurável X. O conjunto das funções
contı́nuas em X é C 0 (X). Como a continuidade é fechada para a multi-
plicação por números reais ou complexos e para a adição de funções contı́nuas,
C 0 (X) é um espaço vectorial. Uma função f ∈ C r (X) tem suporte compacto
r
se o fecho do conjunto {x : f (x) �= 0} é compacto. O espaço Cloc (X) é o
r ∞
espaço das funções de suporte compacto contidas em C (X) e C (X) =
∩∞ r
r=0 C (X).
r ∞
Teorema 2.3. Cloc (X) com r ≥ 0 e Cloc (X) são densos em Lpµ (X), com
1 ≤ p < ∞.
2.4 Operadores
No que se segue vamos abordar o problema da representação dos elementos
de um espaço de Hilbert. Isto é, em que condições se pode construir uma
30 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE HILBERT
αn = 2πn
φn (x) = e2πinx
Exercı́cios
Mostre que L2e−x2 /√π (R, C) é um espaço vectorial sobre o corpo dos comple-
xos. Mostre ainda que,
� +∞
1 2
< f, g >= √ f ∗ (x)g(x)e−x dx
π −∞