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JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
Gab Des Rosana Salim Villela Travesedo
Av. Presidente Antonio Carlos, 251 6o. andar
Castelo RIO DE JANEIRO 20020-010 RJ
Acórdão
10a Turma
ACÓRDÃO
10ª T U R M A
Mérito:
Das diferenças salariais:
Bate-se o trabalhador pela reforma do julgado que
indeferiu as diferenças pleiteadas, ao argumento de que teria sofrido
indevida redução salarial decorrente da supressão, em janeiro de 2009, do
reajuste de 10% concedido no mês anterior (dezembro de 2008).
Razão não lhe assiste.
Exsurge do panorama processual que a ré – Agência de
Saneamento Básico do Município de Resende - constitui-se agência
reguladora de natureza autárquica, instituída pela Lei Municipal nº
2.725/2009, e que o reajuste vindicado restou inicialmente concedido ao
trabalhador, por meio da Portaria 171/2008, cerca de um mês antes do
término do mandato do então Prefeito.
É fato que, verificada a ilegalidade do ato administrativo
que, em dezembro de 2008 - a despeito das eleições municipais
ocorridas em outubro -, concedeu ao obreiro progressão horizontal,
restou editada a Portaria 002/2009, declarando a invalidade do
indigitado ato, pelos seguintes motivos:
a) “não obedecido o interstício de 2 (dois) anos da
última progressão, ocorrida em 01/11/2007,
estabelecida na Portaria nº 055/2007 (...) ferindo,
pois, o previsto no art. 20, do Plano de Cargos e
Salários da Sanear, e art. 22, da Lei Municipal
2335/2002 (Estatuto dos Servidores Públicos de
Resende), que importa em nulidade do ato, a tero do
art. 166, incisos II, V e VI, do Código Civil“;
b) “é nulo de pleno direito o ato de que resulte
aumento da despesa com pessoal expedido nos
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato,
bem como sem a devida previsão orçamentária para
o exercício seguinte, conforme disposição contida
nos arts. 21 e 15, da Lei Complementar nº 101/2000”;
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c) “é dever dos gestores públicos, não mera
faculdade, primar pelo princípio da legalidade (art.
37, da CF) e, que, ao tomar conhecimento da
indicada nulidade, deve proceder ex officio,
invalidando o ato através do princípio da autotutela,
sanando a irregularidade, conforme consagrado
pelas Súmulas 346 e 473, do STF, sob pena de
responder pela omissão”;
d) “um ato nulo não gera direitos, devendo ser
restabelecido o status a quo ante, qual seja a
situação original antes da edição da inquinada
portaria 171/2008, bem como é dever dos
beneficiados pela ilegalidade restituírem ao Erário
Público os valores indevidamente percebidos”;
e) “a ilegalidade perpetrada possui contornos de ato
de improbidade administrativa, eis que causou lesão
ao erário público e violou os deveres de legalidade e
lealdade às instituições” (fls. 213).
Conclusão:
Conheço do recurso ordinário e, no mérito, nego-lhe
provimento.
RSVT/Ce/D.c
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