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Motrivivência v. 26, n. 43, p.

198-211, dezembro/2014

http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2014v26n43p198

FOTOGRAFIA NA ERA DIGITAL: produção,


protagonismo e performance – problemas
para a Educação Física/Ciências do Esporte

Fernando Gonçalves Bitencourt1

RESUMO

Este texto, fruto das observações oriundas de “micro” etnografias realizadas durante
estágio de doutorado em Madri, reflete sobre a fotografia, tomada por agentes sociais
distintos, de desportistas e espaços desportivos na era digital. Considerando a profusão
de imagens e a facilidade de difusão via internet, questiona implicações ético-morais da
captura destas e os sentidos da produção, protagonismo e performances. Sugiro haver
‘gosto de classe’ e ‘habitus’ a orientar estas práticas. A apropriação da imagem alheia
(de ídolos e anônimos) e a exacerbação do individualismo caracterizam este ‘ethos’,
cujo perigo reside no uso privado e na publicização inconsequente da vida alheia.

Palavras-chave: Educação Física/Ciências do Esporte; Mídia; Fotografia; Ética

1 Doutor em Antropologia Social. Docente de Educação Física do IFSC/Campus São José. São José/Santa
Catarina, Brasil.
E-mail: ferbit@ifsc.edu.br
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Abrindo o Obturador quanto ao plano da recepção, mas também


da produção de imagens.
O trabalho como pesquisador sobre Na mesma perspectiva, pesquisas
os meios de comunicação tem nos obrigado realizadas no âmbito da relação educação
a refletir sobre os inúmeros problemas que física, esporte e mídia mergulham, já há
a “sociedade do espetáculo” (DEBORD, algum tempo, na complexidade do fenôme-
1997) suscita no âmbito da Educação Física/ no: o trabalho de Oliveira (2005a; 2005b)
Ciências do Esporte. A “Indústria Cultural” que levou a filmadora para a escola e refle-
(ADORNO & HORKHEIMER, 1985) e o tiu, juntamente com os alunos investigados,
tema de sua estrutura, os modos de recep- sobre as possibilidades abertas pela captura,
ção das mensagens, a produção do discurso decupagem e edição de imagens soma-se ao
midiático – imagem-texto, os usos das de Mendes (2008a; 2008b), que movimen-
TICs na educação (física), as metodologias tou professores e alunos na direção do co-
de pesquisa e análise representam alguns nhecimento técnico e crítico reflexivo sobre
destes problemas. Este texto, por sua vez, a mídia a partir do trabalho com vídeo na
é fruto de diálogos em diferentes instâncias, escola. Mais recentemente, Bianchi (2009)
de insights de vários pesquisadores e, ainda, realizou estudos com a criação de blogs por
fruto da experiência que a tecnologia digital, alunos e professores da escola pública. Em
especificamente da máquina fotográfica, todos estes casos, aprender sobre a mídia
me proporcionou durante meu estágio de estava no cerne da questão, tendo sempre
doutoramento no exterior2. no horizonte, como imposição mesmo de
Por um lado, uma palestra preferida quem trabalha com educação, as implica-
pelo professor italiano Pier Cesare Rivoltella ções éticas desta produção.
(especialista em Mídia e Educação da Uni- De minha parte – junto a outros
versidade Católica de Milão) durante sua pesquisadores – (BITENCOURT, 2005a;
visita ao CED/UFSC no primeiro semestre de 2005b), tenho tentado pensar a mídia a
2008, alertou para o problema da produção partir de sua estrutura, refletindo sobre as
das imagens e sua divulgação na internet. possibilidades de, no interior do campo mi-
Vídeos feitos por estudantes, mostrando alu- diático, produzir um discurso crítico sobre o
nos sendo surrados, professores mal tratados humano, em geral, e sobre a educação física
e outras espécies de bizarrices pululam nos e o esporte, em particular. Mas o tema desta
sites especializados e tem sua gênese no investigação surge de uma banalidade: a
ambiente escolar3. O efeito, no plano da compra ou não de uma máquina fotográfica.
pesquisa, é o de provocar questionamentos A aquisição do equipamento teve como
aos pesquisadores e educadores não apenas efeito uma modificação de minha relação

2 Agradeço a CAPES a concessão de uma bolsa para a realização deste estágio.


3 Claro que, por princípio, já está posto o problema da violência física ou moral contra as pessoas. Mas há, em
vários casos, talvez como um agravante, a premeditação da imagem como suporte para tal violência. Ou seja,
o bater está associado à captura imagética do evento. Há, assim, uma ampliação da violência pela publiciza-
ção das práticas violentas.
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com a cidade e os eventos (uma vez misto Contexto - “micro” etnografias: Tênis,
de pesquisador no exterior e turista). De Futebol e Corrida de Touros.
flâneur (BENJAMIN, 2006) a voyeur talvez,
na transposição da relação sensível e direta A tecnologia digital abriu possibilida-
(fenomenal?) com pessoas e objetos para des inúmeras para a produção de imagens,
uma relação mediada pela tela de poucas reorganizando o campo no qual os diversos
polegadas, uma modalidade distinta de estar atores sociais partilham do circuito imagéti-
no mundo se impôs. co. Por um lado, com imagens realizadas a
Este texto trata da captura de ima- partir de celulares ou pequenas máquinas
gens de um objeto amplo mas específico, fotográficas, hoje é possível registrar a vida
a saber, as de atletas, arenas, ginásios e cotidiana em seus instantes mais inespera-
estádios em eventos esportivos, bem como, dos. A tecnologia informacional, por outro
numa modalidade de excurso, de museus lado, permite modos de manipulação da ima-
e obras de arte. Como questão, os riscos gem bastante ímpares (MACHADO, 2005).
de se viver sob – e a consequente respon- Na mesma medida, a virtualidade a que as
sabilidade de exercer sobre – o domínio imagens são lançadas, criando um universo
da câmera quando “todos”, mais do que sem referentes, através da imaginação e ca-
“apenas” espectadores, passamos a ser pacidade técnica de artistas e técnicos, gera
atores/autores das imagens circulantes do modos diversos de encenação, representação
universo midiático-digital. Para embasar e interpretação destas. Importante, em ambos
meus argumentos realizei o que chamo de os casos, é a ampliação dos protagonismos,
micro-etnogrfia multi-situada – pois não performances e produções a que os agentes
tratou-se de um estudo de campo longo
têm acesso.
ou exaustivo ao mesmo em que estive em
Acompanhando este horizonte tec-
estádios, arenas e museus (em Madri e Paris)
nológico, sites especializados e/ ou privados
– entre outubro e fevereiro de 2008/09. A
(blogs, Orkut, páginas pessoais) na rede
metodologia é fundamentada pela Antro-
mundial de computadores organizam,
pologia Interpretativa (Geertz, 1989) que
informam, distribuem e reproduzem as
toma a cultura como uma trama de signi-
fotos e filmes que os diversos atores/auto-
ficados e propõe que fazer antropologia é
interpretar tais significados. res espalhados pelo globo enviam de suas
O texto está organizado, para além casas. Álbuns de família, festas, encontros,
desta introdução em três partes mais as equívocos, acidentes, esquetes, jogos,
considerações finais. Nas segunda e ter- morte, diversão, pessoas e animais circu-
ceira parte descrevo os dados de campo lam num mundo cujas fronteiras são mais
e apresento os primeiros argumentos. Na técnicas, econômicas e culturais do que as
quarta parte discuto a fotografia bem como rígidas (geo)grafias dos mapas políticos e
o caráter performático daqueles que hoje dos Estados Nacionais.
capturam imagens em espaços públicos, e Ao que parece, filmes e fotos de
reflito sobre o individualismo contemporâ- famosos acabam por ter um apelo especial
neo. Nas considerações discuto o caráter quando se trata de sua circulação e repro-
ético da fotografia de/em pessoas/locais dução. Foram muito divulgadas as cenas de
públicos e os riscos de seus usos “privados”. Ronaldinho chutando a bola na trave por
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três ou quatro vezes sem deixar a mesma de ir ao Palácio de Cristal, em Casa de Cam-
cair, assim como o romance explícito de po, região sudoeste de Madri, para acom-
famosa modelo/apresentadora em praia panhar a primeira rodada do Master Series
espanhola. Entretanto, os casos são dis- de Madrid: torneio de tênis realizado em
tintos: no primeiro, dúvidas quanto a sua piso duro e quadra coberta, num centro de
veracidade, abrindo a discussão sobre eventos de dimensões razoáveis. A estrutura
montagem e edição; o segundo, um debate espacial tem a seguinte ordem: chega-se por
ético-moral sobre a captura de imagens: um corredor onde estão expostas imagens
furtiva e invasiva, a visão ciclópica da em tamanho ampliado dos/das principais
câmera desnuda a privacidade, expõe as tenistas da atualidade. Logo à esquerda,
pessoas, “vigia e pune”, numa ampliação um complexo de três andares trata de abri-
multifocal do panóptico (FOUCAULT, gar as feiras e exposições que envolvem
1997), ou seja, criando um quadro agora
o torneio. No fundo deste complexo, no
sinóptico (BAUMAN, 1999).
piso baixo, três quadras para aquecimento
O que pretendo explorar um pouco
dos jogadores. Naquele mesmo corredor, o
é o sentido espetacular que um evento toma
de acesso, seguindo em frente, chega-se a
não apenas a partir da óbvia participação
midiática na organização, execução e trans- quadra principal. Ali tiveram lugar os jogos
missão – ou publicização – de um torneio de simples e os principais jogos de duplas.
esportivo, senão o modo como aficionados Num canto improvisado ao qual se chega
pelo esporte, fãs de um ou outro jogador, por caminho tortuoso, a quadra de duplas.
além de interessados em geral tomam a Num evento como estes a explo-
imagem como base da sua relação com o ração da imagem é evidente. Na quadra
vivido. Não basta estar presente, é preciso central é possível ver as câmeras de TV em
levar a presença consigo. É preciso arrastar pontos estratégicos, ou mesmo inesperados,
a memória através das imagens; mas não e as gruas e seus movimentos especulares.
qualquer imagem, mas sim aquela que A publicidade está em todo canto, perfeita-
anuncia – ou denuncia – uma prova, a de se mente alinhada com os ângulos de câmera e
ter estado lá. E ainda, sob outra perspectiva, as movimentações dos jogadores. Um telão,
talvez como pano de fundo, esteja a ideia no intervalo dos games e sets, apresenta
de participar da (para depois “a”) produção
mais publicidade, além de ora ou outra
das imagens das quais, a profusão, os atletas
buscar no público a imagem da torcida, da
e o evento são objetos.
pessoa importante, da beleza, da infância...
Os atletas, para além do mundo
As imagens estão em profusão também nos
público que os meios de comunica-
ção e o esporte os enviam, são objetos estandes de marcas famosas: atletas, lugares,
da/de consagração privada. Seguem as objetos... O espetáculo do tênis é quase
micro-etnografias. maior do que o próprio tênis.
Nesta profusão de imagens, os
• Master Series aficionados, com suas câmeras de todos
os tipos, não perdem a oportunidade de
Treze de outubro de 2008. Depois clicar. Foto com a foto dos atletas, foto do
de esperar por dez dias, chega o momento jogo, foto da torcida, foto do local, dos
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amigos, foto do fotógrafo... Um momento Enquanto a vida real se desenrola na disputa


especial merece registro: separando as dos lances e na hora do gol, a co-presença
quadras de aquecimento e treino dos tor- é mediada pela visão ciclópica da câmera, re-
cedores havia apenas uma mureta e alguns cortando o entorno, substituindo as asperezas
metros. Enquanto estive por lá, jogadores que objeto e horizonte infundem pelo plano
como Roger Federer, Andy Rodick, Nicolai chato da tela. É assim que é possível ver as
Davidenko, entre os mais importantes luzes piscando em momentos cruciais do
do torneio, batiam bola. Amontoados na jogo – ou mesmo na “banalidade” de um
mureta, disputando espaço, fotografando arremesso lateral – numa ampliação dos
pontos de vista da captura das imagens.
freneticamente ou filmando, os aficionados
A digitalização da imagem, além
do torneio produziam sua própria oferta de
disso, facilita a produção em série. Fotos
imagens. Atletas, treinadores, dirigentes,
sobre fotos eram, no caso do Bernabeu,
fotógrafos e seus amigos, além de des-
insistentemente tiradas. Talvez como uma
conhecidos entravam no arquivo digital
forma de prolongar o estar lá, uma prova de
privado dos diversos agentes. Imagens sem
ter estado lá ou a busca de alguma recom-
fim de pessoas que já tem suas imagens pensa – um sublime – aquele que possui
difundidas a profusão. a máquina é, mais do que torcedor ou tu-
rista, expectante de sua própria produção,
• Santiago Bernabeu voyeur de suas próprias imagens – quem
sabe Narciso. Ver um jogo do Real Madrid
Nas duas oportunidades que tive é correr o risco de virar imagem digital
de estar no estádio para assistir a um jogo mundializada, pois, na multidão, não há
do Real Madrid, a experiência ainda inci- como se esquivar: alvos anônimos (e invo-
piente do Máster Series começou a tomar luntários?) da mirada alheia (involuntária?).
contorno. Além dos torcedores habituais,
eventuais e turistas misturavam-se nas cer- • Las Ventas
canias do estádio e depois em seu interior.
Não havia como não perceber o desejo de Talvez o mais enigmático e espe-
registro de grande parte dos assistentes. tacular evento que eu tenha apreciado em
Nas ruas, fotos dos bares, do estádio, de Madri foi a tourada (ou, corrida de touros,
monumentos, das pessoas em profusão. como falam os espanhóis). Algumas vezes
tive oportunidade de assistir pelo canal
No interior do campo, o espocar do flash
espanhol da TV por assinatura, no Brasil,
quando o Real entrou em campo, nos lances
aos touros, toureiros e cavalos, lanças, es-
de perigo, quando um atleta se aproximava
padas e movimentos de capa. Confesso um
da lateral...
paradoxo, quiçá absurdo. Sempre carreguei
Vale ressaltar que, em muitas oca- comigo dois sentimentos, quais sejam, o de
siões, a presença física do campo, dos joga- apreciar – no sentido de gostar – os movi-
dores e de suas movimentações é reduzida mentos, o perigo e a morte nas touradas.
às pequenas polegadas da tela digital que Na contra face, um sentido de barbárie na
oferece ao fotógrafo o simulacro da ação. morte espetacularizada e cruel do touro – e
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por vezes do toureiro – tornava o espetáculo tangência do touro no corpo a corpo com
inquietante4. A corrida de touros, ainda o toureiro... o lance mortal. Conduzido para
assim, ou com tudo isso, a mim me parece o locus onde tudo possa ser bem visto, e
um espetáculo bárbaro5: esteticamente belo; devidamente registrado, o touro sofre a
barbárie impassível. estocada final. A espada perfura o corpo
Mais uma vez, as máquinas foto- até o coração. Sua natureza feroz faz com
gráficas clicavam a profusão. A entrada do que o mesmo ainda lute, já de joelhos,
touro na arena, sua força e intensidade, suas cansado. Feliz é o aficionado/turista que
magníficas postura e ferocidade já faziam conseguiu a melhor foto, do melhor ângulo
os agentes sociais, que tanto dizem sobre a da morte: substituiu a experiência direta
própria fotografia que realizam, conforme pela imagem em miniatura e eufêmica da
Bourdieu (1964)6, iniciar o registro. Os câmera. A tauromaquia é um espetáculo, e
primeiros lances de capa dos toureiros na sociedade do espetáculo nada escapa ao
antecipavam a disputa por vir. A entrada olho das câmeras.
dos cavaleiros e suas lanças, a investida do
touro contra o cavalo vendado enquanto o ***
lanceiro crava sua arma no animal (marco
da passagem ao segundo terço da corrida) Estes eventos nos ensinam aspectos
aumentavam a tensão, tornando mais frené- fundamentais da sociedade digital sobre
tico o clicar das câmeras. Mais toureio. O os quais pretendo discorrer em seguida.
último terço é marcado pelos homens que Apenas destaco aqui que, para além deste
enfrentam o touro apenas com o corpo e caráter espetacular dos eventos esportivos
suas bandeirilhas, que devem ser cravadas (mas o que será a tauromaquia?)7, um modo
no costado do animal, entre o pescoço e de tornar particular tal espetacularização
dorso. Muitas fotos. se acentua através da captura privada de
O último terço é finalizado com imagens “públicas”, colhidas como uma
o enfrentamento derradeiro entre homem prova, uma memória, um ganho de capital
e fera. Toureiro e touro, frente a frente, (no sentido de Bourdieu, 1982; 1998), um
encerram a “peleia” de vida e morte. Os prêmio e/ou uma nova maneira de relação
fotógrafos profissionais se alinham, a mul- com os eventos e o mundo. Quem são os
tidão também. Todos de câmera em punho, protagonistas e que performances se estabe-
tentando apreender os lances de capa, a lecem são os problemas a discutir.

4 Tal ambiguidade, esta quase antinomia das sensações, tornou-se maior quando li Michel Leiris e Roland Barthes.
Em ambos, pensadores importantes, formados pelo humanismo Francês do “breve séc. XX”, por e com Mauss,
Batalle, Grioule e Saussurre (para dizer um mínimo) pela Antropologia e a Linguística, o Existencialismo, a
Fenomenologia, o Marxismo e o Estruturalismo, pela compreensão do que é o humano, mas também pelas
Grandes Guerras, nenhuma palavra sobre o sofrimento do animal, nenhum tipo de piedade ou valor a vida,
nada sobre o excesso ou desnecessário. Com “requintes de crueldade”, apenas teses sobre a estética, a natureza,
o humano, o combate, o esporte, o risco...
5 No duplo sentido que a palavra profere: fantástico e cruel.
6 Uma versão em espanhol pode ser encontrada em: <http://sociologiac.net/biblio/Bourdieu_LaFotografia.pdf>
7 Para uma reflexão sobre a tauromaquia ver Leiris (2001).
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Antes, porém, e de fato não posso Ainda que tenha ido a Madrid para
me furtar a esta digressão, um pequeno estudar a Antropologia do Esporte por
excurso sobre as fotografias e filmagens lá, a primeira coisa que me moveu foi a
realizadas nos museus de arte. Neste pon- visita aos museus. E foi assim que logo
to, sem dúvida, uma complementaridade que cheguei, ainda na primeira semana,
singular – uma mesma lógica ou razão (ou tive oportunidade de visitar o Museu do
ideologia/cultura) – entre os modos de apre- Prado. Meu objetivo: ver o quadro “Las
ciação do esporte, dos espetáculos artísticos Meninas” de Velásquez, tratado como uma
mais performáticos (dança, música, teatro) revolução perspectiva (epistêmica) por
e as artes plásticas ajudam a traçar ainda Foucault na introdução de “As palavras e
melhor os contornos do problema. as Coisas” (FOUCAULT, 1992). A medida
que o visitante mergulha no museu, novas
descobertas: Caravaggio, Ribera, Goya, El
Excurso: a obra de arte na época de sua Greco, Rubens... vão nos afetando, como é
reprodutibilidade técnica8 - digital próprio à esthesis. Impossível não lembrar
de Walter Benjamin.
Chamo esta pequena digressão Tendo visto em fotografias – em
etnográfica de excurso mais pela fuga em livros ou na internet – algumas das obras
relação ao objeto – do esporte para a arte dos grandes mestres, ressoava o problema
(ainda que se possa pensar que o esporte da reprodutibilidade técnica e a ausência
seja uma forma de arte ou carregue ele- de aura (BENJAMIN, 1994). Realmente,
mentos performáticos que tocam o campo em meu caso específico, a experiência
artístico) – do que pelo problema coloca- estética produzida na relação homem-
do. Em verdade, minhas reflexões sobre a -obra de arte é incomparável ao simulacro
fotografia (principalmente), iniciam com da reprodução das imagens9. Fruir desta
minha visita aos museus, menos do que aos experiência é, ao menos para minhas ca-
espaços esportivos. Tem origem no Museu pacidades, indescritível. Foi assim quando
do Prado, no Museu Reina Sofia em Madrid me deparei com a obra máxima de Pablo
e se aprofunda em Paris, especificamente no Picasso, Guernica, no Museu Reina Sofia,
Museu D’Orsay e no Louvre. Mais do que com o cubismo e, por certo, o surrealismo
primeiras reflexões, indignação. de Dalí. A cada museu10 o alargamento da

8 Espero que me perdoem o abuso de utilizar o título de um texto seminal da Benjamin para discutir este breve
tema, mas rendendo homenagem ao pensador alemão (ainda que o mesmo não necessite e eu não esteja a
altura de tanto) foram suas ideias que provocaram as primeiras reflexões sobre o que ora exponho.
9 Não pretendo ser purista e defender a não reprodução imagética das obras. Não tenho certeza sobre a validade
de uma ou outra coisa. Pois, o que aconteceria se eu jamais tivesse tido a formação que tenho e visto imagens
de algumas obras de arte? Em que nível elas me tocariam? Aqui estas reflexões não têm espaço suficiente.
Deixo este problema aos especialistas.
10 No caso dos museus de antropologia e arqueologia (Museu da América, por exemplo), de história, da guerra
e da marinha, ou mesmo nos monumentos erguidos nas praças, outra frase de Benjamin se avivava, a saber, a
de que todo monumento de cultura é também um monumento de barbárie.
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experiência estética, a descoberta do belo, Monet, Renoir, Van Gohg, Cézanne, Pissaro...
do trágico, do infame, do inefável. O importante, para nosso caso, não é isto,
Os museus de Madri proíbem fo- mas o fato de, em Paris, as fotografias serem
tografar ou filmar as obras. Ainda assim, permitidas – ainda que sem o uso do flash,
“desavisados” insistiam em entrar com suas o que nem sempre é respeitado. Assim, já
máquinas e seus celulares funcionavam com a porta do museu e em seu interior tudo é
alguma frequência. Pior, furtivamente, pes- fotografado ou filmado. O fato que tomou
soas esclarecidas das restrições driblavam destaque foi o de as pessoas, como se
a vigilância dos inúmeros funcionários e estivessem posando ao lado de um ídolo,
sacavam suas fotos. Nestas horas, confesso, esportivo ou não, eram clicadas tendo como
uma certa irritação tomava conta de mim: fundo um dos autorretratos de Van Gogh.
primeiro porque já há imagens suficientes Neste instante, percebi que o museu, para
destas obras (ainda que os livros de arte
grande parte dos visitantes, era um pano de
sejam realmente caros); segundo pela forma
fundo de sua própria passagem por Paris e
furtiva; terceiro porque me parecia uma
pelo próprio museu.
traição a obra de arte, pois ali exposta, nua
No Louvre as coisas tomaram pro-
diante do espectador, tinha sua imagem
porção inacreditável, evidentemente diante
roubada para admiração privada, tardia;
da Monalisa de Da Vinci. A Gioconda,
por último, a esperança de encontrar na
único quadro protegido por um vidro e
arte um caminho para o conhecimento da
guardado a distância segura dos especta-
humanidade se desfazia na substituição da
dores, era fotografada como um ícone pop.
experiência estética pelo “roubo da aura”.
Estas eram as sensações ainda não elabora- Sozinha ou acompanhada pelos turistas, a
das deste modo de estar no museu. imagem mundialmente conhecida devido
Mas Paris guardaria ainda mais a sua reprodução, era, insistentemente, a
provocações e foi no Museu D’Orsay que companheira futura da vida privada dos
as coisas se tornaram mais interessantes do agentes sociais através de sua digitaliza-
ponto de vista deste observador. Localizado ção 11. Fotografar as obras de arte, mas
num prédio muito bonito às margens do também deixar-se fotografar diante da obra
Senna, entre a Torre Eiffel e o Louvre, o de arte são formas de apreensão do con-
museu é caracterizado por ter um acervo teúdo do museu e sugerem, com certeza,
bastante importante de arte impressionista. reflexões sobre a fotografia e os agentes
Fases e artistas ganham sala própria: Manet, sociais na contemporaneidade.

11 A Gioconda, ao contrário de Las Meninas (grande) e Guernica (muito grande), é um quadro de dimensões
pequenas. Já tive a oportunidade de ouvir sobre a decepção de pessoas com a obra devido ao seu “tamanho
reduzido”, à distância em que se permanece e/ou ao vidro protetor. Tal vidro, vale destacar, é uma proteção
contra as possíveis agressões, a mais comum a do flash das máquinas fotográficas, que deteriora a obra de
arte – não do mesmo modo, mas assim como cega o tenista na hora do saque.
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Sobre a Fotografia (e a imagem digital) – estes humanos/obras/horizontes são apro-


reflexões sobre o campo priados pelo mundo privado daqueles que
criam uma composição da produção foto/
As discussões sobre a fotografia al- performance. Ainda que seja a presença des-
cançam inúmeras áreas. A reprodutibilidade tes que dê ao registro seu poder de aumentar
técnica benjaminiana, a “dor dos outros” – o capital simbólico daquele que comprova
sobre as fotografias de guerra – pensada por sua presença, é a confirmação do poder
Sontag (2003; 2004), ou mesmo seu caráter dos agentes de efetivar uma posse e de,
mimético ou artístico. Não é este o percurso portanto, individualizar-se, radicalizando
que pretendo, ainda que não se possa es- os sistemas que sustentam o individualismo
capar destas asserções. O que intento neste contemporâneo que chamam a atenção.
texto é, ao modo de Bourdieu (1964), pensar Este protagonismo diante e por trás
o que a fotografia fala de quem é o autor/ da câmera tem efeito sobre a vida coletiva
produtor da imagem, seja como aquele de forma muito direta. Se, num primeiro
que manipula a câmera ou, do outro lado, aspecto, destaca-se a substituição da ex-
cria uma performance para ser registrada. periência do evento pela mediação da tela
Além destes aspectos, retomo os atletas, de poucas polegadas e a transformação da
cujas vidas “heróicas” preenchem o álbum memória em um arquivo anexo dependente
de fotografias do “indivíduo” moderno. Por das imagens capturadas, em segundo aspec-
fim, refletirei sobre os riscos de, na socie- to está um modelo performático de partici-
dade da imagem, tornar-se um protagonista pação no mundo feito de poses estudadas,
involuntário da cena arquitetada por outros olhares medidos, recortes discretos do
e das responsabilidades éticas aí implicadas. espaço contínuo e aberto, além, é claro, da
Quando Bourdieu (1964) escreve certeza da posse e do domínio daquilo que,
sobre a fotografia tem em perspectiva, uma vez registrado, vai, no processo de so-
além dos sentidos constitutivos da imagem ciação (SIMMEL, 2006) confirmar relações
produzida, o fato de a imagem denotar algo e reforçar laços, ao mesmo tempo em que,
para além dela. Significativamente, importa através dos atributos do capital adquirido,
para o autor refletir sobre o quanto a foto- estabelecerá hierarquias e individualizará.
grafia fala do fotógrafo e de seu conjunto A performance (TURNER, 1974;
prático-simbólico de atuação e percepção 2008), esta forma singular de ordenar o
do mundo, assim como do(s) fotografado(s), mundo e garantir a ordem aparece então,
que em suas performances individuais e sob um caráter bastante restrito, como um
coletivas revelam seus gostos de classe, rito de confirmação do poder do agente de
habitus e o espaço que ocupam no campo se apropriar das coisas, de manifestar suas
social. É nesta linha de reflexão que inicio idiossincrasias, apontar seu pertencimento.
estas análises. As imagens produzidas estreitam os laços
As fotografias (as imagens em geral) coletivos, pois a presença – transformada
tomadas dos atletas e espaços desportivos em co-presença pela relação simpática
– e museus e obras de arte – sugerem um entre pessoas e pessoas e “objetos”, pois
protagonismo de quem fotografa e cria as compartilham os mesmos sentidos do
performances diante da tela. Pano de fundo, mundo que habitam – que a produção/
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performance fotográfica permite, conecta performática, que protagoniza e produz, é


os ausentes da experiência ao vivido pelos um “objeto móvel” a compor o pano de
agentes protagonistas. fundo da cena dos outros. O risco: ver sua
Entretanto, colhido pelo poder da imagem apropriada por um voyeurismo que
imagem, aquele que fotografa não perde a nada perde e tudo registra. Se aos atletas e
oportunidade de registrar o espetacular. Se outros ídolos uma aura pode protegê-los
o espetáculo se imiscuiu como ideologia dos excessos da imagem (o que em geral
da produção imagética – ainda que um não têm acontecido), ao anônimo fica a
sentido estético (no sentido do bom, belo e impaciência de contar com o bom senso
verdadeiro) partilhe deste ambiente incerto dos outros.
– suas características são dispersas. Assim, É neste sentido que cresce a preo-
o belo ou o gesto perfeito – equilibrado, cupação quanto a responsabilidade daquele
ritmado e sinuoso – dividem espaço com o que, com sua câmera, captura imagens da
grotesco, o violento, o bizarro ou o jocoso. vida alheia. Os sentidos éticos aí implicados
No protagonismo que a imagem reivindica, são bastante profundos, principalmente
qualquer objeto pode ser o ícone de uma quando vivemos no tempo em que a ima-
posse vitoriosa. gem acaba por coincidir com o objeto,
Na mesma esteira, os atletas, cujas como um índice que resume tudo que uma
imagens já são profundamente exploradas pessoa pode ser. Para nosso campo, acos-
através das mídias “oficiais” e preenchem tumado a discutir a técnica e a tecnologia
as TVs – da publicidade ao telejornalis- midiática em sua estrutura, os modos de
mo – e as páginas da internet, tem sua recepção e os modelos de produção dos
privacidade invadida pela profusão de meios “tradicionais” – ou institucionais
câmeras a buscar o melhor ângulo, a maior (TV, jornal, rádio, revistas, internet...) –
proximidade (procurando uma intimidade nova preocupação vêm complexificar o
na co-presença) ou a pior cena. Incapazes problema, a saber, o da produção privada
de controlar o outro que registra, os atletas de imagens públicas (ou do público, ou,
parecem ser obrigados a desenvolver, eles ainda, do que está em público).
mesmos, um modo de performance que os Retomando Bourdieu (1964), é pre-
proteja; resguarde dos riscos da exposição ciso estar atento para o fato de que norma
exagerada. Como ambigüidade, o fato de estética e norma social estão em relação.
a razão de ser da produção deste tipo de Assim, a fotografia está esteticamente sujeita
imagem, os atletas, transformarem-se em ao ethos de classe, ao habitus, aos sistemas
protagonistas secundários, pois, no espírito prático-simbólicos dos grupos de agentes
do individualismo contemporâneo, mesmo sociais e suas funções e significações. O
aquele – ou aquilo – que suporia uma aura que as micro-etnografias parecem apontar
deve tornar-se objeto de posse. é uma certeza dos agentes sobre o caráter
Por fim, assim como os atletas, tautológico da fotografia, que a represen-
agentes sociais amontoados em torno destes tação da objetividade é verdadeiramente
“monumentos” acabam por tornarem-se objetiva, denotando em seu caráter o apro-
presas de sua lógica. Em todos os eventos fundamento do individualismo “burguês”
que acabo de “micro-etnografar”, a multidão (ou pequeno burguês?) e sua ânsia pelo
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acúmulo de capital e bens (materiais e recebesse a ajuda desejada13. Mas, como


simbólicos) através da captura das imagens afirma Merleau-Ponty (1991, p. 349), “o
e sua difusão. gosto pelas notícias do cotidiano é o desejo
de ver, ver é adivinhar numa ruga do rosto
um mundo inteiro igual ao nosso”.
Consideração Finais – ética, imagem e Infelizmente, exemplos como estes
Educação Física se ampliam. As “vídeo-cacetadas” e as
“pegadinhas” institucionalizaram – nor-
Enquanto estive em Madri acom- malizaram? – a produção e veiculação de
panhei uma polêmica criada a partir da imagens fundamentadas no abuso, intole-
captura de imagens no interior da escola. rância, preconceito... barbárie. Assim, no
Nada de atletas ou feitos heroicos, ao con- plano privado as coisas parecem andar na
trário, a reprodução do problema apontado mesma direção. Não são poucas as imagens
por Rivoltella apresentado no início deste disponíveis na internet que tem como pro-
texto. Meninos de 11 e 12 anos filmaram tagonistas pessoas não conscientes (muitas
um de seus “colegas” sendo maltratado por vezes realmente inconscientes, como os
um pequeno grupo, numa triste forma de casos de alcoolizados ou entorpecidos)
produção, protagonismo e performance. O de estarem protagonizando cenas que as
filme” tornou-se público e as autoridades inferiorizam ou comprometem.
educacionais tiveram que intervir12. Estes eventos sugerem a ideia de que,
Do mesmo modo, no campo pro- ao indivíduo (clássico: burguês), aquilo que
fissional, há poucos anos um fotógrafo está disponível como objeto ou paisagem
ganhou um prêmio importante por suas pode ser apropriado. A posse, a prova da
imagens de uma mãe salvando o filho que presença ou a performance confirmam a
se afogava em um fosso. “Diante da dor ampliação de capitais de diferentes tipos no
dos outros” (SONTAG, 2003), a glória. campo social. Por outro lado, uma vez que
Da mesma forma, anos antes, um repórter aquilo que foi apropriado como imagem se
televisivo de uma emissora de Santa Cata- torna objeto de apreciação em espaços pú-
rina, fazendo uma reportagem sobre um blicos – como a internet -, espaços estes que
menino que precisava de ajuda devido a na sociedade da propriedade privada acabam
uma grave doença, esforçou-se por “criar por não pertencer a ninguém, ninguém mais
uma atmosfera de tristeza” ao insistir com é responsável ou moralmente implicado. O
a criança sobre o que aconteceria caso não público torna-se o lugar de ninguém.

12 Em verdade, já havia registro na diretoria da escola de que o menino era frequentemente mal tratado pelos
colegas, mas nenhuma providência havia sido tomada. As autoridades educacionais, de posse das imagens –
assim como as TVs, que a reproduziram em quantidade – entraram em ação para apuração de responsáveis.
Os pais do menino mal tratado entraram com ação na justiça contra a escola e o Estado. O fato ainda repercute
e está na justiça.
13 Este caso, de pouca repercussão, foi uma das mais repugnantes reportagens que já vi, pois encerrava com o
menino chorando, dizendo que morreria caso não encontrasse ajuda para o tratamento.
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Volto a Merleau-Ponty (1991, ensaios sobre literatura e história da


p. 349) para acrescentar o perigo da anomia cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
na profusão de imagens, pois: – (Obras Escolhidas).
_______. “O Flâneur”. In: Passagens. Belo
(...) ver é também aprender que os pra- Horizonte: Editora UFMG; São Paulo:
zeres, que as dores sem limites que se
acumulam em nós não passam de uma Imprensa Oficial do estado de São
pobre careta para o espectador estra- Paulo, 2006.
nho. Pode-se ver tudo, e viver depois BIANCHI, Paula. Formação Continuada
de tudo isto. Ver é essa estranha ma-
neira de tornar-se presente mantendo e Mídia-Educação (Física): Ações
as distâncias, e, sem participar, transfor- Colaborativas na Rede Municipal de
mar os outros em coisas visíveis. Aque- Florianópolis/SC. Programa de Pós-
le que vê se julga invisível: seus atos
permanecem para ele na companhia Graduação em Educação Física da
lisonjeira de suas intenções, e ele pri- UFSC, 2009. – Dissertação de Mestrado.
va os outros desse álibi, reduzindo-os BITENCOURT, Fernando Gonçalves.
a algumas palavras, a alguns gestos. O
espectador é sádico. “Metáforas do Esporte - Imagens e
Narrativas de Guerra: o uso da linguagem
Por fim, os aspectos aqui levantados, esportiva na cobertura jornalística
que envolvem a produção de imagens de da guerra entre os Estados Unidos e
modo geral – e por certo um modo de ver Iraque”. Revista Brasileira de Ciências
– e as que têm como protagonistas atletas e do Esporte. Campinas, v. 26, n. 2,
espaços públicos esportivos, performances p. 09-20, janeiro/2005a.
e protagonismos de diferentes tipos, confir- BITENCOURT, Fernando Gonçalves,
mam a pertinência dos esforços realizados et al. “Ritual Olímpico e os Mitos da
no campo da Educação Física, por diferentes Modernidade: Implicações Midiáticas
grupos de pesquisa sobre mídia, além de na Dialética Universal/Local”. Revista
professores de diferentes instituições, no Pensar a Prática Goiânia, v. 8, n. 1,
sentido de se compreender a mídia em p. 21-36, jan./jun 2005b.
suas diferentes formas de manifestação e as BOURDIEU, Pierre et. al. Un art moyen.
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PHOTOGRAPHY IN THE DIGITAL ERA: production, protagonism and performance -


problems to Physical Education/Science of Sports

ABSTRACT

This text, the result of observations arising from “micro-ethnographies” performed


during a Doctorate’s training in Madrid, reflects about photography, taken by different
social agents, of athletes and sportive areas in the digital era. Considering the wealth
of images and easiness of dissemination through Internet, it questions the moral-ethical
implications of taking these images and the meanings of production, protagonism and
performance. I suggest there is ‘class taste’ and ‘habitus’ guiding these practices. The
ownership of someone else’s imagine (of idols and anonymous) and the exacerbation
of individualism characterize this’ ethos’, which danger lies in the private use and in
the inconsequential advertising of other people’s lives.

Keywords: Physical Education/ Science of Sports; Media; Photography; Ethics


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FOTOGRAFÍA EN LA ERA DIGITAL: producción, protagonismo y performance – problemas


para la Educación Física/Ciencias del Deporte

RESUMEN

Este texto, fruto de las observaciones oriundas de “micro” etnografías realizadas durante
la práctica de doctorado en Madrid, refleja sobre la fotografía, toma por agentes sociales
distinguidos de deportistas y espacios de deportivos en la era digital. Considerando la
profusión de imágenes y la facilidad de difusión por Internet, cuestiona implicaciones
ético-morales de la captura de estas y los sentidos de la producción, protagonismo
y performances. Sugiero haber ‘gusto de class’ y ‘habitus’ a orientar estas prácticas.
La apropiación de la imagen ajena (de ídolos y anónimos) y la exacerbación del
individualismo caracterizan este ‘ethos’, cuyo peligro reside en el uso privado y en la
publicación inconsecuente de la vida ajena.

Palabras clave: Educación Física/Ciencias del Deporte; Media; Fotografía; Ética

Recebido em: abril/2014


Aprovado em: outubro/2014

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