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RESUMO: Para garantir a integridade e evitar que, em determinada situação grave ou urgente,
ocorra algum dano irreparável para as partes ou objeto, a Comissão de Interamericana de Direitos
Humanos se utiliza de medidas cautelares. Assim, conhece-lo é de fundamental relevância para a
sociedade, pois, representam instrumentos efetivos para a proteção dos direitos humanos ante a
inação de um Estado. Para tanto, este artigo se propõe a dar a conhecer acerca do mecanismo das
medidas cautelares, seus objetivos e requisitos, a quem se destinam, possibilidades de ampliações e
modificações das referidas medidas e sua efetividade no Sistema Interamericano de Direitos
Humanos.
ABSTRACT: Its function this paper provide a clear and objective way, the functioning of the
protective measures at the disposal of the Inter-American Commission on Human Rights, the
applicability of the mechanism of precautionary measures, how to exercise, how the procedure
before bundled up for injunctive as well as the consequences for those responsible for implementing
precautionary measure. It is also intention of this work show what the approval requirements of the
precautionary measures, their modifications and the reality of the precautionary measures in our
1
Discente do 3º ano do curso de graduação em Direito da Universidade Estadual de Londrina e membro do Programa
de Formação Complementar em Direito Internacional dos Direitos Humanos e Mecanismos de Solução de Conflitos.
2
Mestre em Direito. Professora Assistente. Coordenadora do Programa de Formação Complementar DIDH/UEL.
times in the world. Precautionary measures are a mechanism for the Inter-American Commission on
Human Rights may have with the scope to protect part or situation that is on the Commission's
analysis or even safeguard law. They are an effective tool for ensuring rights and fair treatment to
humans.
KEY WORDS: PREVENTIVE MEASURES; INTER-AMERICAN COMMISSION; HUMAN
RIGHTS.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
3
BRASIL. DECRETO No 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992. Promulga a Convenção sobre Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm> Acesso em: 12 nov de 2015.
Denota-se do referido item que a Comissão pode, através de formulação aos governos,
solicitar a aplicabilidade de medidas cautelares para determinados casos a fim de salvaguardar
direito e proteger determinada parte ou objeto do processo.
“La razón de ser de las medidas cautelares es proteger a individuos o grupos de personas
que se encuentran en inminente daño y que incluso los propios Estados afirman ‘han sido
mecanismos de tutela muy importante para garantizar la efectiva vigencia de los derechos
humanos en situaciones de altísima gravedad y urgência” 5
Assim, medidas cautelares têm aplicação nos casos graves e urgentes, onde há algum risco
iminente de danos, e podem ser solicitadas de forma a garantir e afastar qualquer risco que possa
comprometer de forma irreparável a parte ou objeto que demande a medida cautelar. É permitido
que a Comissão, por ela própria ou a pedido da parte, solicite ao Estado que as adote para evitar que
ocorra dano irreparável a parte ou objeto que estejam sob supervisão da CIDH.
“[...] a Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedido de parte, solicitar que um
Estado adote medidas cautelares. Essas medidas, tenham elas ou não conexão com uma
petição ou caso, deverão estar relacionadas a situações de gravidade e urgência que
4
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Carta da Organização dos Estados Americanos. 1967.
Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OEA-Organiza%C3%A7%C3%A3o-dos-Estados-
Americanos/carta-da-organizacao-dos-estados-americanos.html> Acesso em 15 nov de 2015.
5
SÁNCHEZ, Nicole Galindo. La reforma al mecanismo de medidas cautelares de la Comisión Interamericana de
Derechos Humanos: Repercusiones en el marco de protección de derechos humanos del sistema interamericano. [S.l.:
s.n., 20--].
apresentem risco de dano irreparável às pessoas ou ao objeto de uma petição ou caso
pendente nos órgãos do Sistema Interamericano. ” 6
Note-se, ainda que, pelo dispositivo acima, é facultado à Comissão solicitar a aplicação de
medida cautelar a qualquer tempo, desde que seja constatado que se trata de uma situação grave e
urgente e que apresente risco de dano irreparável a parte ou objeto de petição ou qualquer caso
pendente no Sistema Interamericano.
Vale ressaltar conforme o próprio artigo 25 em seu item 1 que “Essas medidas, tenham elas
ou não conexão com uma petição ou caso, deverão estar relacionadas a situação de gravidade e
urgência [...]”7. Ou seja, não se faz necessária a relação entre a medida cautelar outorgada e um caso
ou petição que esteja sob análise da própria Comissão ou da Corte Interamericana de Direitos
Humanos.
Assim, a aplicação de determinada medida cautelar pode também ser solicitada pela
Comissão ao Estado, seja pelo seu próprio entendimento da necessidade de aplicação para o caso
concreto ou por solicitação da parte interessada diretamente à Comissão. Porém, ainda que a
Comissão ou o próprio interessado solicite as medidas cautelares ao Estado, sua execução caberá
tão somente a ele que, no exercício de sua soberania, poderá (ou não) acatar a solicitação.
“As medidas às quais se referem os incisos 1 e 2 anteriores poderão ser de natureza coletiva
a fim de prevenir um dano irreparável às pessoas em virtude do seu vínculo com uma
organização, grupo ou comunidade de pessoas determinadas ou determináveis. ” 8
6
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Reglamento de la Comisión Interamericana de
Derechos Humanos. 2013. Disponível em: <http://www.oas.org/es/cidh/mandato/Basicos/reglamentoCIDH.asp>.
Acesso em: 12 nov de 2015.
7
Ibdem.
8
Ibdem.
atentar a determinados requisitos que estão também estabelecidos no Regulamento Interno da
Comissão Interamericana de Direitos Humanos em seu Art. 25, item “4”, quais sejam: a) dados das
pessoas beneficiárias da medida ou informações suficientes que permitam identifica-las, b)
descrição detalhada e cronológica dos fatos que embasam a solicitação ou qualquer outra
informação disponível e, c) descrição das medidas de proteção já solicitadas às autoridades
competentes ou os motivos pelos quais não pode formalizá-los.
As decisões que outorguem medidas cautelares pela CIDH devem ser fundamentadas e
atenderem requisitos estabelecidos no artigo 25 item 2 e 6:
9
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.
Assevera o item 6 do artigo 25:
Da análise do item 6 do artigo 25, pode-se concluir que a Comissão atua como um sistema
superior, devendo haver antes da requisição da medida cautelar, a denúncia da situação de perigo
aos órgãos competentes. Não sendo possível a levar a conhecimento das autoridades competentes a
situação de perigo, haverá, ainda, a necessidade de esclarecimento dos motivos que não permitiram
o ato.
Como dito, as medidas cautelares podem ser individuais, e também, coletivas (item 3,
art.25) e, em sendo destinadas a uma pluralidade de indivíduos, o item 6 alínea “b” do artigo 25
determina que para instrumentalizar a medida cautelar, imprescindível se faz a individualização dos
beneficiários ou a determinação do grupo que a medida cautelar concedida se destinará.
Também, mister se faz a concordância dos potenciais beneficiários com a medida cautelar
que poderá ser concedida pela CIDH, conforme o artigo 25 em seu item 6 alínea “c”. Como se
pode observar, a requisição de medida cautelar é um direito disponível do próprio beneficiário da
medida, visando a garantia da proteção do beneficiário, da situação e do próprio direito, bem como
a possiblidade de requerimento de medidas cautelares por terceiros.
10
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.
favor, a concessão da medida cautelar seja deferida, evitando-se o perecimento do direito ou que
ocorra dano a pessoa do beneficiário ou a situação.
“La Comisión evaluará con periodicidad, de oficio o a solicitud de parte, las medidas
cautelares vigentes, con el fin de mantenerlas, modificarlas o levantarlas. En cualquier
momento, el Estado podrá presentar una petición debidamente fundada a fin de que la
Comisión deje sin efecto las medidas cautelares vigentes. La Comisión solicitará
observaciones a los beneficiarios antes de decidir sobre la petición del Estado. La
presentación de tal solicitud no suspenderá la vigencia de las medidas cautelares
otorgadas.”11
11
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op cit.
Assim, antes de realizar modificações de qualquer ordem, deve a Comissão observar o que
assevera o item 7 do artigo 25 do Regulamento da CIDH que diz:
As regras dispostas no item 7 do artigo 25 não são exaustivas, mas, são os requisitos
mínimos e essenciais que devem existir na decisão de modificação de determinada medida cautelar.
Esses requisitos são de essencial importância visto que garantem aos beneficiários e ao próprio
Sistema Interamericano de Direitos Humanos, segurança e garantias de respeito à medida cautelar
outorgada pela CIDH.
Destaque-se, ainda, que as medidas cautelares podem sofrer dois tipos de modificação, a
primeira de ordem subjetiva, referindo-se aos beneficiários. Essa forma de modificação não é uma
alteração da medida, mas sim dos participantes das medidas. A Resolução 6/2016, emitida em 02 de
março de 2016, referente a medida cautelar nº 5-11 no caso Gery Resil e outros versus Estados
Unidos da América determinou: “On February 1, 2016, the applicants requested extension of the
precautionary measures, in favor of R.[...]”13. A medida outorgada pela Comissão ampliou o
12
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.
13
INTER-AMERICAN COMMISSION ON HUMAN RIGHTS. Resolution 6/2016. 2016. Disponível em: <
http://www.oas.org/en/iachr/decisions/pdf/2016/MC5-11-En.pdf>. Acesso em: 18 de março de 2016.
número de beneficiários da medida cautelar, a ampliação passou a incluir “R.” no rol de
beneficiários da medida cautelar. Essa medida tem por objetivo evitar a deportação dos
beneficiários, resistentes nos Estados Unidos da América para o Haiti, onde há grande possibilidade
de serem recolhidos a prisão, sem que haja o respeito à dignidade da a pessoa e a violação de outros
direitos inerentes a pessoa humana.
As mutações das medidas cautelares, de ordem subjetiva ou objetiva, podem ser negativas
ou positivas. A primeira forma altera de modo a delimitar a medida cautelar, podendo haver uma
delimitação dos protagonistas da medida cautelar (modificação subjetiva negativa) ou do cerne da
medida (modificação objetiva negativa). A segunda amplia a medida cautelar, pode referir-se a uma
ampliação de seus participantes (modificação subjetiva positiva) ou das providências da medida
cautelar original (modificação objetiva positiva).
14
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Resolução 43/15. 2015. Disponível em:
<http://www.oas.org/es/cidh/decisiones/pdf/2015/MC43-2015-es.pdf>. Acessado em 16 nov 2015.
ampliación, modificación y levantamiento de medidas cautelares serán emitidas mediante
resoluciones fundamentadas […]”15.
15
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.
16
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, op. cit.
Gráfico 1- Medidas Cautelares recebidas e outorgadas pela CIDH.17
Gráfico 2- Medidas Cautelares recebidas e outorgadas para os integrantes da CIDH no ano de 2015.18
Destarte, é possível, ainda, extrair do exame dos gráficos que o maior número de
solicitações advém de países em situações que colocam o respeito e proteção dos direitos humanos
17
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Estatísticas. Disponível em:
<http://www.oas.org/es/cidh/multimedia/estadisticas/estadisticas.html>. Acesso em: 14 nov de 2015.
18
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Estatísticas. Disponível em:
<http://www.oas.org/es/cidh/multimedia/estadisticas/estadisticas.html>. Acesso em: 14 nov de 2015.
em risco. As maiores solicitações são de países cujo regime democrático está em risco ou ainda não
consolidado, que enfrentam problemas com a liberdade de expressão, governos que não respeitam
os direitos políticos, que passam por problemas econômicos e financeiros devido a desastres
naturais ou ainda, que enfrentam problemas com o tráfico de drogas e que tem alto índice de
violência.
Resta claro que existe uma íntima relação entre a proteção e respeito aos direitos humanos
com um Estado democrático consolidado, ou seja, forma de governo, economia, educação e a
própria segurança pública do país. Também, se faz mister que o Estado em suas leis, em sua forma
de governo promova os direitos humanos, garantindo que sejam parte da sociedade e dos valores do
Estado.
CONCLUSÃO