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AGG0206 “Introdução aos Fenômenos de Transporte em Meios Porosos”

Fernando Brenha Ribeiro

Notas de aula 02

Sinopse

Nestas notas de aula é feito um resumo das principais propriedades dos


fluídos que serão importantes para a descrição do fluxo em meios
porosos. As notas tratam das propriedades volumétricas dos fluidos, da
capacidade calorífica e do calor específico e das propriedades de
transporte, condutividade térmica e viscosidade. Fenômenos que ocorrem
na superfície de separação de um líquido e de outros corpos formam um
capítulo muito importante para o estudo de processos de transporte em
meios porosos e, por isso, foram deixados para serem tratados em
separado nas próximas notas de aula.

Propriedades dos fluidos

Propriedades volumétricas

A densidade de um fluido (ρ) é definida como sendo a


quantidade de matéria, ou massa, contida em uma unidade de volume
do fluido. A densidade depende da temperatura (T) e da pressão (p) e
essa dependência é expressa por uma equação de estado na forma

   
    (1)

As equações de estado podem ter um aspecto muito complicado.


No caso dos gases, a expressão é mais simples e tem a forma

     (2)

onde, R é a constante universal dos gases e Z(p,T) é conhecido como


fator de compressibilidade ou fator Z. O fator Z pode ser expandido na
forma

              (3)

A expansão acima é conhecida como expansão do virial de Z, onde cada


termo determinado experimentalmente, representa as interações que
forçam o gás a se comportar na forma observada. O nome “virial”, que
vem da palavra grega para força, decorre dessa característica da
expansão.

No caso de um gás ideal

   

e

            
 

No caso dos gases reais Z(p,T)RT se aproxima de 1 quando a


temperatura é baixa. Isso não significa, no entanto, que para pressões
suficientemente baixas o gás real se comporta como um gás ideal uma
vez que, para os gases reais, a derivada do fator Z é uma função não
nula da temperatura. Para a maioria dos gases reais, existe uma
temperatura, conhecida como temperatura de Boyle (TB) para a qual o
segundo coeficiente da expansão do virial é nula. Nesse caso, o gás real
se comporta de forma aproximada a um gás ideal, quando a pressão é
suficientemente baixa.

Existem algumas propriedades dos fluidos que são obtidas


diretamente da equação de estado. A compressibilidade isotérmica, ou
o módulo de compressibilidade isotérmica (βT, por exemplo, é
definida como
- . - /
+  ,      (4)
.   /  

onde V é o volume do fluido. O recíproco de βT é conhecido como


elástico isotérmico ET
 
  ,0       (5)
.  / 

O módulo de compressibilidade indica como o volume ou a densidade


de um fluido varia como função da pressão, mantendo-se a outra
variável de estado, a temperatura no caso, constante. No caso de um
gás ideal, a compressibilidade isotérmica é
-
+  (6)


O valor módulo de compressibilidade depende da forma com que


o fluido é comprimido. Na equação acima, a compressão ocorreu de
forma isotérmica, ou seja, mantendo a temperatura constante. Se, por
exemplo, que o processo de compressão do fluido ocorre de forma
adiabática, ou seja sem que o fluido troque calor com o meio
circundante, a compressibilidade passa a ser adiabática (βS) e a
derivada do volume ou da densidade do fluido deve ser calculada
mantendo-se a entropia (S) constante.

A compressibilidade dos líquidos é muito diferente da


compressibilidade dos gases. Enquanto os gases apresentam grandes
variações de volume em reposta a variações de pressão, os líquidos
apresentam uma variação muito pequena. A compressibilidade dos
gases é, de uma forma geral alta, da ordem que seria esperada para um
gás real. Os líquidos, por outro lado, são muito menos compressíveis. A
tabela 1 apresenta valores típicos de compressibilidade para diferentes
líquidos. Os líquidos, por sua vez são mais compressíveis que os
sólidos. Para uma comparação, compressibilidade dos sólidos varia
entre 0.5 10-11 Pa-1 e 2.0 10-11 Pa-1.

Tabela 1. Compressibilidade a temperatura constante de alguns


líquidos (os dados são de N. I. Kochkin e M. G. Chirkevitch, “Prontuário
de física elementar”, Editorial Mir, Moscou, 1982).

Líquido Temperatura Intervalo de Compressibilidade


(oC) pressão (MPa) 10-11 Pa-1
Acetona 14,2 0,9 – 3,6 112
0 0,1 – 50 83
0 100 – 200 43
Ácido acético 25 9,3 82,2
Ácido sulfúrico 0 0,1 – 1,6 305,3
Água 20 0,1 – 10 47
20 50 – 100 38
100 10 – 20 74
100 50 – 100 61
Azeite 20 0,1 – 1 64
Álcool etílico 20 0,1 – 5 113
20 20 – 40 84
100 90 – 100 74
Glicerina 14,8 0,1 – 1 22,3
Mercúrio 20 0,1 – 1 3,96
Querosene 1 0,1 - 1 47,7

Outra propriedade derivável da equação de estado de um fluido é


o coeficiente de dilatação (α), definido por
- .
1   (7)
.  

que corresponde à relação entre a variação de volume em função da


variação de temperatura em relação ao volume, mantida a pressão
constante.

O coeficiente de dilatação e o módulo de compressibilidade não


são independentes. Considerando que a equação de estado do fluido
seja escrita na forma

   0 (8)

a diferencial total da pressão é


 
2    2    20 (9)
 . . 

Considerando uma transformação na qual a variação total da pressão


seja nula, ou seja dp=0,
 
  2    20  (10)
 . . 

ou
45
3. 46
,  45
7
(11)
3  
47 6

Como a pressão no processo é constante

3. .
  (12)
3  
e
45
.  
46 7
,   45 (13)
  47
6

ou
  .
 .    , (14)
.  

relação que é conhecida com uma regra da derivação cíclica.


Lembrando das definições de α e βT tem-se
; 
  5
<6  .

Essa relação mostra que quando se varia a temperatura de um


fluido na realidade de qualquer material mantendo o volume
constante a variação de pressão por unidade de temperatura é igual a
razão entre o coeficiente de dilatação e o módulo de compressibilidade
isotérmica.

De uma forma geral os fluidos e também os sólidos possuem a


propriedade de se expandir com o aumento da temperatura
diminuindo a sua densidade. A água no entanto apresenta um
comportamento anômalo. Entre oC e 4oC a água contrai com o
aumento da temperatura aumentando a sua densidade até um valor
máximo no extremo superior desse intervalo. Para temperaturas
maiores de que 4oC a água passa a ter um comportamento normal. A
explicação desse fenômeno consiste no fato de que as moléculas de
água podem se associar formando moléculas maiores H2O2 e H2O3
com volumes específicos diferentes. A proporção dessas moléculas
varia com a temperatura.

Capacidade calorífica e calor específico

A capacidade calorífica é definida como sendo a quantidade de


calor que deve ser fornecida ou removida de um corpo para que a sua
temperatura varie de uma unidade
2Z  2 (16)

Calor específico de um corpo homogêneo é a capacidade calorífica por


unidade de massa.

O valor da capacidade calorífica depende de como o calor é


trocado. Considerando inicialmente um gás e lembrando do princípio
de conservação de energia, a quantidade de calor trocado (dQ) é dada
por

2[  2Z , 20 (17)

onde (dV) é a variação de volume e (dU) é a variação da energia


interna do gás. Se a troca de calor ocorrer com o volume constante

2Z  2[  . 2 (18)

onde o índice V indica que o volume se mantém constante e


3\ ]
.    (19)
3  .

Em um processo em que se mantém o volume constante, a


capacidade calorífica é igual à variação da energia interna. Por outro
lado, se o calor for trocado com a pressão constante, nem todo o calor
fornecido ao gás se transforma em variação de energia interna, uma
vez que parte desse calor é transformada em trabalho. Lembrando que

2Z  2[  20

e que a energia interna pode ser escrita na forma U=U(V,T)


] ]
2[    2    20
 .. 

tem-se
] ]
2Z  2    2    20  20
 . . 

ou, se a pressão for mantida constante


] ] . ] .
            .        (20)
 .
.   .    
A capacidade calorífica a pressão constante é maior do que a
capacidade calorífica a volume constante uma vez que, em comparação
com o processo a volume constante, é necessário fornecer uma
quantidade maior de calor para produzir a mesma variação de
temperatura.

A capacidade calorífica dos gases ideais pode ser calculada de


forma simples utilizando-se as leis da teoria cinética1. Por exemplo,
lembrando que a energia interna de um mol de um gás ideal
monoatômico é dada por

[  


tem-se que

.  


e
^
  .    


No caso dos gases reais e dos líquidos as relações são mais complexas
uma vez que a sua energia interna não depende apenas da energia
cinética das moléculas, mas dependem também da energia potencial de
interação entre elas. A tabela 2 apresenta o calor específico de alguns
gases.

Tabela 2. Calor específico de alguns gases, em kJ/kgK, a diferentes


temperaturas (os dados são de N. I. Kochkin e M. G. Chirkevitch,
“Prontuário de física elementar”, Editorial Mir, Moscou, 1982).

Gás Temperatura Calor específico Razão cp/cV


a pressão
constante (cp)
Oxigênio 0 0.9149 1,397
100 0,935 1,385
200 0,964 1,37
300 0,9948 1,353
600 1,069 1,321

1
D. W. Ball, Físico-Química, volumes 1 e 2, Thomson, São Paulo
Ar 0 1,006 1,40
100 1,010 1,397
200 1,027 1,390
300 1,048 1,378
600 1,115 1,345
Gás 0 0,8148 1,301
carbônico 100 0,9136 1,260
200 0,9927 1,235
300 1,057 1,217
600 1,192 1,188
Vapor de 0
água 100 1,103 1,28
200 1,978 1,30
300 2.015 1,29
600 2,208 1,26
Álcool 0
etílico 100 1,689 1,12
(vapor) 200 2,011 1,10
300 2,321 1,08
600 3,168 1,06

Na maioria dos líquidos, a capacidade calorífica aumenta com a


temperatura, embora em alguns casos, como, por exemplo, o mercúrio,
a capacidade calorífica diminua com o aumento da temperatura. A
água, por sua vez, tem uma capacidade calorífica que diminui com a
temperatura até atingir um valor mínimo de 4,18 kJ/kgK em 35,3o C e
aumenta a partir dessa temperatura.

Propriedades de transporte dos líquidos

Condutibilidade térmica

O calor é transmitido ao longo dos corpos materiais por três


processos: condução de calor, advecção ou condução e radiação. No
processo de transferência de calor por condução, o calor se propaga ao
longo do corpo das regiões mais quentes para as regiões mais frias,
sem que haja transporte de massa associado. A condução de calor
ocorre em todos os materiais, independentemente do estado físico. Nos
sólidos a condução é o processo de transferência dominante a baixas
temperaturas.
A quantidade de calor que atravessa uma unidade de área por
unidade de tempo, ou fluxo de calor (_`), é um vetor que depende do
gradiente de temperatura na forma

_`  ,ab (21)

onde o coeficiente k é conhecido como condutibilidade térmica2. De


uma forma geral, a condutibilidade térmica é uma grandeza de caráter
tensorial que pode depender da temperatura. Nos materiais
homogêneos e isotrópicos a condutibilidade é um escalar. A
dependência com a temperatura é frequentemente muito pequena e
pode ser considerada constante em uma faixa extensa de
temperaturas. A equação (21), conhecida como lei de Fourier, tem
validade geral.

A condução de calor nos gases deriva do fato que a velocidade


média das moléculas de um gás (cd) depende da temperatura. Quanto
maior a temperatura, maior a velocidade média. Quando existe um
gradiente de temperatura em um volume de gás, a velocidade média
das moléculas na região de maior temperatura é maior do que a
velocidade média da região mais fria. Como as moléculas colidem
continuamente, as moléculas de maior energia transferem parte da sua
energia cinética para as demais e, com isso, energia na forma de calor
flui da região quente para a região fria. A condutibilidade térmica dos
gases pode ser escrita na forma
-
a  cdec. (22)


onde ρ é a densidade do gás, λ é o caminho livre médio das moléculas


do gás (distância média percorrida entre duas colisões sucessivas) e cV
é o calor específico a volume constante.

A condutibilidade térmica dos gases varia muito pouco com a


pressão, uma vez que ela depende da densidade, que aumenta
proporcionalmente com a pressão e do caminho livre médio das
moléculas, que é inversamente proporcional à pressão. Por outro lado,
a condutibilidade térmica dos gases varia como função da raiz

2
Aqui no Brasil se usa o termo condutividade térmica. No entanto, condutibilidade térmica é o mais
correto do ponto de vista da linguagem.
quadrada da temperatura absoluta, uma vez que é proporcional à
velocidade média das moléculas do gás. A tabela 3 apresenta a
condutibilidade térmica de alguns gases na pressão normal. A
condutibilidade térmica dos gases é tipicamente baixa, uma vez que
depende de um processo de transferência de e energia pouco eficiente
(colisão molecular).

Tabela 3. Coeficiente de condutibilidade térmica de alguns gases (os


dados são de N. I. Kochkin e M. G. Chirkevitch, “Prontuário de física
elementar”, Editorial Mir, Moscou, 1982).

Gás Temperatura (oC) Condutibilidade


térmica (10-4 W/mK)
Ar 20 257
Argônio 41 187
Nitrogênio 15 251
Gás carbônico 20 162
Hélio 43 1558
Hidrogênio 15 1754
Metano 0 307
Oxigênio 20 262

A condução de calor nos líquidos se dá de forma semelhante à


dos gases, com a exceção de que a amplitude do movimento das
moléculas é muito mais limitada, com as moléculas se movendo de
forma desordenada em torno de uma posição média. Devido à
diferença de densidade, no entanto, a condutibilidade térmica dos
líquidos é tipicamente maior do que a dos gases. A tabela 4 apresenta a
condutibilidade térmica de alguns líquidos. Embora maior do que nos
gases, a condução de calor nos líquidos também não é, de uma forma
geral, um processo eficiente de transferência de energia. As exceções
ocorrem para os metais líquidos como o mercúrio, que possuem
condutibilidade térmica semelhante à dos metais sólidos, que são
excelentes condutores de calor.

Tabela 4. Coeficiente de condutibilidade térmica de alguns líquidos (os


dados são de N. I. Kochkin e M. G. Chirkevitch, “Prontuário de física
elementar”, Editorial Mir, Moscou, 1982).
Líquido Temperatura (oC) Condutibilidade
térmica (10-4 W/mK)
Acetona 0 0,17
50 0,16
100 0,15
Água 0 0,551
50 0,648
100 0,683
Álcool etílico 0 0,188
50 0,177
100
Benzeno 0
50 0,138
100 0,126
Glicerina 0
50 0,283
100 0,288

Viscosidade

Quando um corpo sólido, uma esfera por exemplo, se move


através de um fluido, surge sobre a superfície do corpo uma força de
resistência, conhecida como força de atrito viscoso, que se opõe ao
movimento. A origem da força de atrito viscoso se deve o fato do fluido
se aderir à superfície do sólido de forma a se mover com a mesma
velocidade da superfície e, com isso, quantidade de movimento é
transmitida para o fluido imediatamente vizinho à superfície. A
camada que adquire a quantidade de movimento também transfere
parte do momento para uma camada um pouco mais afastada e o
processo prossegue até uma distância na qual o fluido não sente a
presença do corpo em movimento. A camada de fluído afetada pelo
movimento do sólido recebe o nome de camada limite ou camada de
contorno. Nos fluidos mais simples a força que age entre as camadas é
dada pela equação de Newton para a viscosidade
3h
2f  ,g 2j (23)
3i

onde dF é a força que age sobre um elemento de superfície dentro do


fluido (dS) paralelo à placa em movimento, dv/dx é a variação da
velocidade do fluido na direção perpendicular á superfície da placa em
movimento e η é um coeficiente conhecido como viscosidade dinâmica.
A viscosidade dinâmica representa a capacidade do fluido transferir
quantidade de movimento no interior do seu volume.

A equação (23) não tem validade geral e se limita aos casos em


que o movimento do fluido na camada limite corresponde a uma série
de planos paralelos à superfície do sólido que se deslocam uns em
relação aos outros. Essa situação é conhecida como fluxo laminar. À
medida que a velocidade aumenta, o movimento próximo à placa perde
esse caráter e surgem vórtices no volume do fluido. Nessa situação, a
equação deixa de ser válida. A equação (23) também se limita aos
fluidos em que a viscosidade não depende da taxa de variação da
velocidade como função da superfície. Esses fluidos são
convencionalmente chamados de fluidos newtonianos. Nos fluidos
não-newtonianos, a viscosidade é definida de forma semelhante à
equação (23): a viscosidade é definida como sendo a relação entre a
força de cisalhamento que surge sobre o fluido em movimento e a taxa
de deformação do fluido.

A viscosidade dos gases pode ser expressa a partir da teoria


cinética na forma
-
g  cde (24)


onde (cd) é a velocidade média do gás e λ é o caminho livre médio das


moléculas do gás. A viscosidade dos gases varia com a raiz quadrada da
temperatura absoluta e, depende muito pouco da pressão. A tabela (5)
apresenta a viscosidade de alguns gases.

Tabela 5. Viscosidade dos gases a 0oC (os dados são de N. I. Kochkin e


M. G. Chirkevitch, “Prontuário de física elementar”, Editorial Mir,
Moscou, 1982).

Gás Viscosidade (10-6 Pa.s)


Amoníaco 0,93
Ar (livre de gás carbônico) 1,72
Nitrogênio 1,67
Cloro 1,29
Gás carbônico 1,40
Hélio 1,89
Hidrogênio 0,84
Metano 1,04
Oxigênio 1,92

A principal diferença entre a viscosidade dos gases e a


viscosidade dos líquidos, além do seu valor, os líquidos são muito mais
viscosos que os gases com viscosidades em geral maiores do que 10-4
Pa.s, é a dependência com a temperatura. Enquanto que a viscosidade
dos gases cresce com a temperatura, a dos líquidos decresce, em alguns
casos muito fortemente, com a temperatura. A viscosidade dos líquidos
só passa a depender significativamente da pressão para pressões
maiores do que 102 MPa.

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