Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Casos Cirúrgicos
Surgical Cases Reports.
SUMÁRIO / CONTENTS
Relatos Casos Cir. 2017;3(4)
Cláudio Franco do Amaral Kfouri, ACBC-SP1; Maria Clara Ferreira Nonato Romania1; Claudinei da Silva2; Cleibe
Nicácio da Silva2; Guilherme Paulo Carvalho de Amorim2.
RESUMO
Perfurações do trato gastrointestinal por ingestão de corpos estranhos são extremamente raras e, em
aproximadamente 84% dos casos, são causadas por espinhas de peixe. As complicações variam desde
alterações inflamatórias leves até a formação de abscessos, obstrução intestinal e sangramento, e o
diagnóstico costuma ser tardio devido à inespecificidade dos sintomas. Relatamos o caso de uma asso-
ciação incomum de perfuração do trato gastrointestinal e formação de abscesso hepático, secundários à
ingestão de espinha de peixe.
Descritores: Abdome Agudo. Perfuração Intestinal. Abscesso Hepático. Corpos Estranhos.
ABSTRACT
Perforations of the gastrointestinal tract by ingestion of foreign bodies are extremely rare and, in ap-
proximately 84% of cases, are caused by fish bones. Complications range from mild inflammatory
changes to abscess formation, intestinal obstruction and bleeding, and the diagnosis is usually late due
to the non-specific symptoms. We report the case of an unusual association of perforation of the gas-
trointestinal tract and hepatic abscess formation, secondary to the ingestion of a fishbone.
Keywords: Abdomen, Acute. Intestinal Perforation. Liver Abscess. Foreign Bodies.
INTRODUÇÃO
Perfurações do trato gastrointestinal Malzoni, Matão - SP, em pós-operatório de
por ingestão de corpos estranhos são ex- cirurgia ortopédica. No primeiro dia pós-
tremamente raras e representam menos de operatório, relatou dor localizada em epi-
1% dos casos1. Aproximadamente 75% dos gástrio e hipocôndrio direito com irradiação
corpos estranhos ingeridos se impactam ao para o ombro direito, de forte intensidade,
nível do esfíncter cricofaríngeo e, mais de associada a episódios de náuseas e vômitos
90% passam pelo trato gastrointestinal, pós-prandiais. Ao exame físico apresentava-
sendo raras as complicações graves2. A es- se em regular estado geral, acianótica, ani-
pinha de peixe é o corpo estranho mais co- ctérica, febril (39,1°C), hipocorada (+/4+),
mumente ingerido acidentalmente, e repre- taquicárdica (120 bpm), taquipnêica (24
senta 84% dos casos³. As complicações va- irpm), hipotensa (70X35 mmHg). O abdome
riam desde alterações inflamatórias leves mostrava-se globoso, sem retrações ou
até a formação de abscessos, obstrução abaulamentos, com ruídos hidroaéreos hi-
intestinal e sangramento4. A dificuldade na poativos, rígido, doloroso à palpação super-
suspeita diagnóstica e a inespecificidade ficial e profunda, principalmente em epi-
dos sintomas são fatores que levam ao di- gástrio e hipocôndrio direito. O fígado era
agnóstico tardio e consequentemente ao aumentado de volume e palpável a aproxi-
pior prognóstico, o que resulta em elevado madamente 2,5 cm do rebordo costal. À
número de óbitos5. percussão, todo o abdome era timpânico,
Apresentamos o relato de um caso de com sinal de Jobert positivo e presença de
associação incomum de perfuração do trato dor súbita à percussão dígito-digital na
gastrointestinal e formação de abscesso projeção hepática (sinal de Torres-Homem
hepático, secundários à ingestão de espi- positivo).
nha de peixe. Exames laboratoriais revelaram leu-
cocitose (18.320/mm3), sendo 10% de
RELATO DO CASO bastonetes, proteína C reativa elevada (28,8
Paciente de 56 anos, feminina, foi mg/L) e enzimas de função hepática dentro
internada no Hospital Carlos Fernando dos limites normais. A endoscopia digestiva
_____________________________________
1Universidade de Araraquara - UNIARA, Faculdade de Medicina de Araraquara, Araraquara, SP, Brasil.
2Hospital Carlos Fernando Malzoni, Serviço de Cirurgia, Matão, SP, Brasil.
Kfouri
Abscesso hepático secundário à perfuração gástrica por espinha de peixe
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Figura 2. Tomografia computadorizada: lesão hepá- Figura 4. Intra-operatório: leito hepático e perfuração
tica (segmento III) e pneumoperitônio. gástrica.
Kfouri
Abscesso hepático secundário à perfuração gástrica por espinha de peixe
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Bruna do Nascimento Santos Crouzillard1; Bruno de Lúcia Hernani2; Rafael Krieger Martins2; Rodrigo Altenfelder
Silva, TCBC-SP2; Adhemar Monteiro Pacheco Júnior, TCBC-SP2; André de Moricz, TCBC-SP2; Sérgio Roll, TCBC-
SP2.
RESUMO
A hérnia de Amyand consiste na protrusão do apêndice vermiforme, inflamado ou não, no saco herniá-
rio inguinal. Tem baixa incidência, variando de 0,4% a 0,6% das hérnias inguinais, mas seu manejo
pode ser desafiador. Este artigo tem como objetivo relatar a condução de dois casos desta doença pela
equipe de emergência do pronto socorro da Santa Casa de São Paulo, além de fornecer uma revisão de
literatura sobre o seu diagnóstico e tratamento.
Descritores: Hérnia Inguinal. Apêndice. Achados Incidentais. Terapêutica.
ABSTRACT
Amyand’s hernia consists of the protrusion of the vermiform appendix, inflamed or not, in the inguinal
hernia sac. It has a low incidence, varying from 0.4% to 0.6% of inguinal hernias, but its management
can be challenging. This article aims to report the management of two cases of this disease by the
emergency room team of the Santa Casa of São Paulo Hospital, and to provide a review of the literature
on its diagnosis and treatment.
Keywords: Hernia, Inguinal. Appendix. Incidental Findings. Therapeutics.
INTRODUÇÃO
Hérnia de Amyand consiste na pro- houver apendicite aguda, perfurada ou
trusão do apêndice vermiforme, inflamado gangrenosa. O uso de tela para o reparo da
ou não, no saco herniário inguinal1. Foi hérnia deve ser ponderado e a literatura
primeiramente descrita e tratada por Clau- recomenda seu uso somente quando não
dius Amyand, que simultaneamente reali- há sinais de contaminação do sítio cirúrgi-
zou a apendicectomia2. Essa condição é co, pois esses fatores podem causar infec-
rara e apresenta uma prevalência entre ção da ferida operatória e recorrência da
0,4% e 0,6% das hérnias inguinais. Está hérnia7.
associada à apendicite em 0,1% dos casos3. Este relato tem por objetivo demons-
É mais frequente no homem após os 70 trar como dois casos de hérnias de Amyand
anos e tem distribuição bimodal4. Sua foram conduzidos pelo serviço de emergên-
apresentação mais comum é como hérnia cia da Santa Casa de São Paulo, assim co-
indireta, embora já tenham sido relatadas mo apresentar revisão de literatura sobre o
hérnias de Amyand diretas5. Além disto, o diagnóstico e tratamento desta doença.
apêndice pode estar acompanhado do ceco
e do colón direito. Outra apresentação mui- RELATO DO CASO
to incomum desta condição é na hérnia à Homem, 75 anos, hipertenso e asmá-
esquerda, o que pode acontecer quando há tico, em uso de bissulfato de clopidogrel,
ceco móvel, situs inversus e má rotação in- ácido acetil salicílico, atenolol e sinvastati-
testinal4. na, chegou ao pronto atendimento quei-
A apresentação típica de sintomas xando-se de inchaço na região da virilha
inclui inchaço inguinal e sensibilidade nes- direita com piora à evacuação, e dor de in-
ta área, o que pode levar ao diagnóstico tensidade 8 em 10, sem irradiação. À inves-
equivocado de hérnia encarcerada6. O uso tigação negava febre ou parada de elimina-
de exames de imagem pré-operatório é con- ção de fezes, e referia última evacuação 24
troverso, e o ultrassom e a tomografia seri- horas antes. Negava dor abdominal. O paci-
am as opções de escolha. O tratamento in- ente realizou cateterismo, por angina instá-
clui apendicectomia e reparo da hérnia. A vel de alto risco, 14 dias antes do apareci-
apendicectomia deve ser realizada quando mento dos sintomas.
_____________________________________
1Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Internato em Cirurgia, São Paulo, SP, Brasil.
2Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Departamento de Cirurgia, São Paulo, SP, Brasil.
Crouzillard
Hérnia de Amyand: como conduzir um achado incidental?
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
DISCUSSÃO
Os sinais clínicos da hérnia de
Amyand são inespecíficos e dependem da
associação do quadro de apendicite aguda.
Quando não associada a quadro inflamató-
rio agudo, os sinais clínicos correspondem
aos sinais da presença da hérnia, como in-
chaço da região inguinal e dor, principal-
mente aos esforços. Na presença de quadro
inflamatório agudo a dor abdominal é mais
intensa do que a referida na hérnia ingui-
nal não complicada8. Além disso, outros
sinais podem estar presentes como febre,
vômitos e parada na eliminação de gazes e
fezes8. Estes sinais podem ser comuns a
outras afecções, como hérnia estrangulada,
omentocele estrangulada, hérnia de
Richter, adenite inguinal, orquiepididimite,
tumor testicular com hemorragia e hidroce-
le aguda8,9.
O prognóstico deste tipo de hérnia é
favorável não sendo descritos óbitos atribu-
ídos a esta doença e sim a outras comorbi-
dades associadas. Osorio et al.10 descrevem
complicações decorrentes deste quadro,
sendo a mais grave delas a fascite necroti-
Figura 4. Peça cirúrgica. zante. Quando comparado ao prognóstico
da apendicite aguda, o quadro é mais favo-
O segundo caso se deu em consulta rável, pois a inflamação é limitada pelo saco
eletiva ambulatorial. Homem, 64 anos, sem herniário.
comorbidades, queixava-se de dor intermi- O diagnóstico por imagem pode ser
tente em fossa ilíaca direita associada a feito pela tomografia computadorizada e
abaulamento da região inguinal há três pelo ultrassom do abdome11. O uso da radi-
meses. Ao exame físico apresentava-se em ografia de abdome e pelve pode fornecer
bom estado geral, com abaulamento da re- dados quando há o quadro de apendicite
gião inguinal à manobra de Valsalva, sem aguda associado, sinais esses que incluem
sinais flogísticos. Não foi possível adequada íleo sentinela (15 a 55%), aumento da den-
diferenciação entre hérnia direta ou indire- sidade de partes moles no quadrante inferi-
ta pela manobra de Landiva. Todos os exa- or direito (12 a 33%), apendicolito (2 a
mes pré-operatórios estavam dentro dos 22%), escoliose antálgica côncava direita (1
padrões da normalidade. a 14%), borramento da margem do psoas (1
Indicada herniorrafia inguinal, foi a 8%), borramento da faixa adiposa pré-
identificado saco herniário advindo do anel peritoneal (<5%), gás no apêndice (<2%) e
inguinal interno cuja exploração revelou a abcesso12.
presença do apêndice cecal aderido à sua A opinião quanto à conduta intra-
parede, sem evidências de inflamação. Foi operatória é ainda controversa. Muitos de-
optado por realocar o apêndice cecal para a fendem a realização de apendicectomia sis-
cavidade abdominal e, devido à fraqueza da temática, enquanto outros defendem a rea-
parede posterior do canal inguinal, optou- lização da mesma somente quando há um
se por aplicar a tela de polipropileno pela quadro de apendicite aguda associado.
técnica de Liechtenstein. O paciente apre- Aqueles que advogam a favor da retirada
sentou boa recuperação e recebeu alta hos- profilática do apêndice não inflamado,
pitalar no primeiro dia de pós-operatório. afirmam que a não retirada do órgão favo-
No acompanhamento ambulatorial o paci- rece a recidiva herniária e, também, sua
ente mostrou-se assintomático e não houve manipulação pode levar a um posterior
recidiva da hérnia. quadro inflamatório. Sharma et al.13, des-
Crouzillard
Hérnia de Amyand: como conduzir um achado incidental?
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
RESUMO
A despeito dos avanços na cirurgia hepática, com melhora progressiva dos índices de mortali-
dade, as taxas de morbidade continuam elevadas. A fístula biliar é o principal fator de morbi-
dade após ressecções hepáticas, tendo uma incidência em torno de 3% a 10%. Para escolha do
melhor tratamento, o diagnóstico com a localização exata se torna primordial. Apresentamos
um caso em que a ressonância nuclear magnética com contraste hepato-específico se mostrou
uma importante ferramenta no diagnóstico, guiando o tratamento de fístula biliar.
Descritores: Hepatectomia. Fístula Biliar. Diagnóstico por Imagem. Meios de Contraste.
Imagem por Ressonância Magnética.
ABSTRACT
Despite advances in hepatic surgery, with progressive improvement in mortality rates, mor-
bidity rates remain high. The biliary fistula is the main factor of morbidity after liver resec-
tions, with an incidence around 3% to 10%. To choose the best treatment, the diagnosis with
the exact location becomes paramount. We present a case in which nuclear magnetic reso-
nance with hepatospecific contrast proved to be an important diagnostic tool, guiding the
treatment of biliary fistula.
Keywords: Hepatectomy. Biliary Fistula. Diagnostic Imaging. Contrast Media. Magnetic Reso-
nance Imaging.
INTRODUÇÃO
A cirurgia hepática se apresenta em contraste hepato-específico se mostrou
constante evolução com novas técnicas e uma importante ferramenta no diagnóstico,
novos materiais. Apesar da melhora pro- guiando o tratamento de fístula biliar.
gressiva nos índices de mortalidade, que
chegam a menos de 3%1, as taxas de mor- RELATO DO CASO
bidade continuam elevadas. Neste contexto, Mulher de 48 anos, previamente hí-
a fístula biliar se apresenta como um fator gida e sem antecedentes cirúrgicos, foi
significante, sendo a principal complicação, submetida à colectomia esquerda com pan-
com incidência em torno de 3% a 10%2,3 createctomia distal por adenocarcinoma do
nas cirurgias sem reconstrução da via bili- cólon esquerdo localmente avançado. Dois
ar, e podendo atingir até 50% nos casos meses após quimioterapia adjuvante foi
com hepaticojejunostomia1. Esta complica- diagnosticada com metástase hepática bila-
ção apresenta conexão direta com o maior teral, associada a importantes sinais de
tempo de internação, com a necessidade de hipertensão portal. Quatro meses após a
novas intervenções e com piora da qualida- cirurgia do cólon, foi submetida à hepatec-
de de vida do paciente. Para a escolha do tomia em dois tempos pela técnica ALPPS
melhor tratamento, o diagnóstico com a (Associating liver partition and portal vein
localização exata da fístula se torna pri- ligation for staged hepatectomy), além de
mordial. Apresentamos um caso em que a esplenectomia. O tempo entre a cirurgia do
ressonância nuclear magnética (RNM) com primeiro e segundo tempo foi de oito dias e
__________________________________________
1Hospital Federal de Ipanema, Serviço de Cirurgia Geral, Equipe Hepatobiliopancreática, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil.
2Hospital Federal de Bonsucesso, Serviço de Cirurgia Hepática, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
D’Oliveira
Ressonância nuclear magnética com contraste hepato-específico na localização de fístula biliar. Uma
nova indicação para auxílio do cirurgião?
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Camila Horr Zaki, AsCBC-RS1; João Victor Vecchi Ferri1; Lucas Kreutz Rodrigues1; André Ricardo Pereira da Rosa,
TCBC-RS1.
RESUMO
A apendicite aguda é causa comum de abdome agudo, acometendo até 7% da população mundial. No
interior do apêndice podem se formar estruturas calcificadas conhecidas como apendicolitos, compos-
tos de fezes endurecidas e depósito mineral que, quando presentes em casos de apendicite, se associam
a maior índice de perfuração e de formação de abscessos. Os apendicolitos maiores de 2 cm são extre-
mamente raros. Apresentamos o caso de um paciente portador de apendicite aguda com apendicolito
gigante.
Descritores: Apendicite. Abdome Agudo. Apendicectomia. Cálculos Biliares.
ABSTRACT
Acute appendicitis is a common cause of acute abdomen, affecting up to 7% of the world population.
Within the appendix, calcified structures known as appendicoliths, hardened fecal compounds and
mineral deposits, can be formed which, when present in cases of appendicitis, are associated with a
higher rate of perforation and abscess formation. Appendicoliths larger than 2 cm are extremely rare.
We present the case of a patient with acute appendicitis with giant appendicolith.
Keywords: Appendicitis. Abdomen, Acute. Appendectomy. Gallstones.
INTRODUÇÃO
A apendicite aguda é causa comum tese diagnóstica inicial de ureterolitíase
de abdome agudo, acometendo até 7% da foram solicitados exames laboratoriais, eco-
população mundial. No interior do apêndice grafia de aparelho urinário e radiografia de
podem se formar estruturas calcificadas abdome, que revelaram leucocitose (21.870
conhecidas como apendicolitos, compostos leucócitos), sem desvio à esquerda, e eleva-
de fezes endurecidas e depósito mineral, ção significativa da proteína C-reativa. Eco-
que não necessariamente levam à apendici- grafia evidenciou cálculo de 8 mm no polo
te aguda. Todavia, quando presentes em inferior de rim esquerdo, não obstrutivo. Na
casos de apendicite, têm maior relação com radiografia de abdome (Figura 1) foram ob-
perfuração e formação de abscesso. Por sua servadas, na topografia da vesícula biliar,
vez, apendicolitos maiores de 2 cm são ex- estrutura calcificada, medindo 2,7 x 2,0 cm
tremamente raros1, fato que motivou a e na fossa ilíaca direita outra estrutura ra-
apresentação deste caso de apendicite agu- diopaca medindo 2,6 x 2,2 cm. Diante do
da com apendicolito gigante. quadro clínico apresentado e dos resulta-
dos dos exames laboratoriais e de imagem,
RELATO DO CASO foi levantada a hipótese de íleo biliar. Devi-
Paciente de 25 anos de idade, mas- do à dor e à distensão abdominal persisten-
culino, foi atendido no Serviço de Emergên- tes, refratárias às medidas clínicas, foi soli-
cia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre citada tomografia computadorizada do ab-
em março de 2017 com dor epigástrica há dome (TC) para melhor elucidação diagnós-
quatro dias associada a náuseas e vômitos. tica, que demonstrou sinais de apendicite
Negava febre ou hematúria. Apresentava aguda, com presença de processo inflama-
história médica de litíase renal assintomá- tório adjacente ao apêndice cecal determi-
tica e de sequelas motoras e cognitivas de nando sub-oclusão intestinal e, notada-
paralisia cerebral. Ao exame admissional, mente, um volumoso apendicolito (Figura
apresentava taquipneia, taquicardia, ab- 2). Foi realizada apendicectomia através de
dome distendido e doloroso à palpação, incisão de Rockey-Davis e identificada per-
principalmente em flanco esquerdo, sem furação da base do apêndice com volumoso
sinais de irritação peritoneal. Com a hipó- apendicolito em seu interior. O paciente
_____________________________________
1Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Departamento de Cirurgia Geral, Porto Alegre, RS, Brasil.
Zaki
Apendicolito gigante versus íleo biliar: confusão diagnóstica
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
apresentou boa evolução pós-operatória, raros e podem estar relacionados à dor ab-
com alta hospitalar após cinco dias. dominal crônica1,2. Acredita-se que a rela-
ção fisiopatológica entre apendicolito e in-
flamação do apêndice se dê pela obstrução
do seu lúmen, causando secreção continu-
ada de muco, congestão venosa, supercres-
cimento bacteriano, isquemia do órgão e
potencial perfuração3. A obstrução de sua
luz é mais comum em crianças e adultos
jovens, estando possivelmente relacionada
à dieta pobre em fibras.
A identificação de um apendicolito
na radiografia de abdome em paciente com
suspeita de apendicite aguda confirma o
diagnóstico em 70% dos casos. A TC de ab-
dome é mais sensível para o diagnóstico,
detectando inclusive os apendicolitos não
calcificados, aumentando em 90% a proba-
bilidade da doença com 50% de chance de
perfuração2. Esse relato de caso foi motiva-
do não só pelo tamanho incomum do apen-
dicolito, mas também pela potencial difi-
Figura 1. Radiografia de abdome: cálculos de 2,6 cm culdade diagnóstica em pacientes com cole-
em fossa ilíaca direita e de 2,7 cm em hipocôndrio litíase associada e quadro de oclusão intes-
direito.
tinal. A presença do cálculo no interior do
apêndice cecal e sua configuração, obser-
vadas na tomografia, caracterizam um
apendicolito. É importante lembrar que não
havia fístula entre o trato biliar e o trato
gastrointestinal. No entanto, cálculos bilia-
res podem ser causa de apendicite compli-
cada, como no caso de um bloqueio a base
do apêndice cecal. Estes cálculos podem
ser confundidos com apendicolitos4. No en-
tanto, o íleo biliar ocorre predominante-
mente em mulheres e idosos (> 60 anos), na
proporção de 4,5:15. De acordo com a revi-
são retrospectiva de Imran et al.6, a presen-
ça do apendicolito aumenta significativa-
mente a chance de apendicite complicada.
Dessa forma, deve ser lembrado que
os apendicolitos, além de comuns e assin-
tomáticos, podem estar associados à apen-
Figura 2. Tomografia computadorizada de abdome: dicite complicada, com necessidade de con-
inflamação periapendicular e apendicolito de 26 mm. duta célere a fim de evitar complicações
potencialmente graves.
DISCUSSÃO REFERÊNCIAS
A maioria dos pacientes com apendi- 1. Singhal S, Singhal A, Mahajan H, Pra-
colitos, presentes em 3% da população ge- kash B, Kapur S, Arora PK, et al. Gi-
ral, são assintomáticos. Sua presença não é ant appendicolith: rare finding in a
indicativa de apendicite aguda. Porém, common ailment. J Minim Access
quando associados à apendicite aguda Surg. 2016;12(2):170-2.
(10% dos casos), apresentam maior relação 2. Scroggie DL, Al-Whouhayb M. Asymp-
com complicações, como perfuração e for- tomatic giant appendicolith managed
mação de abscesso. Já os apendicolitos gi- conservatively. J Surg Case Rep.
gantes, considerados maiores de 2 cm, são 2015;2015(11): pii: rjv149.
Zaki
Apendicolito gigante versus íleo biliar: confusão diagnóstica
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Fernando Kennedy Pereira Chaves1; Bruno Roberto da Silva Ferreira, AsCBC-CE1; Gotardo Duarte Dumaresq1;
Francisco Julimar Correia de Menezes, ACBC-CE1.
RESUMO
O pseudoaneurisma de artéria esplênica é uma complicação vascular rara, e potencialmente grave, as-
sociada à pancreatite crônica. O dano ocorre como consequência da autodigestão e enfraquecimento da
parede arterial por secreções pancreáticas. Relatamos o caso de um paciente portador de pancreatite
crônica que evoluiu, após episódio agudo, com massa abdominal palpável, pulsátil e dolorosa em região
epigástrica, cujo diagnóstico foi de pseudoaneurisma gigante de artéria esplênica.
Descritores: Artéria Esplênica. Falso Aneurisma. Pancreatite Crônica. Procedimentos Endovasculares.
ABSTRACT
Splenic artery pseudoaneurysm is a rare and potentially serious vascular complication associated with
chronic pancreatitis. The damage occurs as a consequence of autodigestion and weakening of the arte-
rial wall by pancreatic secretions. We report the case of a patient with chronic pancreatitis who devel-
oped, after an acute episode of pancreatitis, a palpable, pulsatile and painful abdominal mass in the
epigastric region, diagnosed as a giant pseudoaneurysm of the splenic artery.
Keywords: Splenic Artery. Aneurysm, False. Pancreatitis, Chronic. Endovascular Procedures.
_____________________________________
1Instituto Doutor José Frota, Serviço de Cirurgia, Fortaleza, CE, Brasil.
Chaves
Pseudoaneurisma gigante de artéria esplênica associado a pancreatite crônica
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Bruno Roberto da Silva Ferreira, AsCBC-CE1; Fernando Kennedy Pereira Chaves1; Vitor Teixeira Holanda, AsCBC-
CE1; Heládio Feitosa de Castro Filho, TCBC-CE1; Paulo Roberto Montezuma Sales1; Raphael Felipe Bezerra de
Aragão1.
RESUMO
Linfangiomas císticos são tumores benignos raros, com diagnóstico mais frequente em cabeça e pesco-
ço e, mais raramente em abdome. A etiologia é incerta, ocorrendo predominantemente em crianças e
adolescentes. Cistos do mesentério representam aproximadamente 1:20.000 internações hospitalares
pediátricas. O diagnóstico é difícil de ser realizado, devido à ausência de manifestações clínicas na
maioria dos casos. Contudo, deve ser considerado como diagnóstico diferencial em qualquer paciente
portador de massa intra-abdominal. Este estudo relata o caso de um paciente portador de linfangioma
cístico do mesentérico diagnosticado durante laparotomia por trauma abdominal.
Descritores: Linfangioma Cístico. Mesentério. Cisto Mesentérico. Traumatismos Abdominais. Laparo-
tomia. Cirurgia Geral.
ABSTRACT
Cystic lymphangiomas are rare benign tumors, with a more frequent diagnosis in the head and neck,
and more rarely in the abdomen. The etiology is uncertain, occurring predominantly in children and
adolescents. Mesenteric cysts represent approximately 1:20.000 pediatric hospital admissions. The
diagnosis is difficult to perform due to the absence of clinical manifestations in most cases. However, it
should be considered as a differential diagnosis in any patient with an intra-abdominal mass. This
study reports the case of a patient with mesenteric cystic lymphangioma diagnosed during laparotomy
for a blunt abdominal trauma.
Keywords: Lymphangioma, Cystic. Mesentery. Mesenteric Cyst. Abdominal Injuries. Laparotomy.
General Surgery.
INTRODUÇÃO
Linfangiomas císticos são tumores nicas na maioria dos casos, contudo, deve
benignos raros, com diagnóstico mais fre- ser considerado como diagnóstico diferen-
quente, em cabeça e pescoço1. A incidência cial em qualquer paciente que apresente
varia de 1:200.000 na população adulta e uma massa intra-abdominal4. O principal
de 1:20.000 em crianças, com uma relação diagnóstico diferencial é com o linfoma me-
homem: mulher de 1:1. No abdome, ocor- senquimal cístico, que, em geral, atinge
rem mais comumente no mesentério, gran- tamanhos maiores e possui comportamento
de omento, mesocólon e retroperitôneo2. A biológico mais agressivo, sendo frequente-
etiopatogenia ainda é incerta, provavelmen- mente sintomático. A propedêutica com-
te relacionada a defeitos congênitos, que plementar, principalmente radiológica, é
levariam à obstrução linfática regional e à ferramenta importante no diagnóstico, po-
formação dos cistos. O termo linfangioma é rém, a confirmação se dá por meio do exa-
utilizado devido à não comunicação com os me histopatológico da peça cirúrgica. Em
sistemas arterial e venoso, sendo totalmen- virtude da incidência relativamente baixa, o
te constituídos por vasos linfáticos. Esses diagnóstico do linfangioma é muitas vezes
tumores representam um dos grandes gru- descartado das hipóteses diagnósticas ini-
pos dos chamados hamartomas vasculares, ciais.
que resultam de falha no desenvolvimento Este estudo relata o caso de linfangi-
evolutivo do sistema vascular, incluindo oma cístico de mesentérico diagnosticado
linfáticos, artérias e veias3. incidentalmente durante laparotomia explo-
O diagnóstico é difícil de ser realiza- radora em um adolescente vítima de trau-
do, devido à ausência de manifestações clí- ma abdominal contuso.
_____________________________________
1Instituto Dr. José Frota, Cirurgia Geral, Fortaleza, CE, Brasil.
Ferreira
Achado incidental de linfangioma cístico de mesentério durante laparotomia por trauma abdominal
contuso
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
João Victor Vecchi Ferri1; Camila Horr Zaki, AsCBC-RS1; Celto Pedro Dalla Vecchia Junior1; Bernardo Silveira
Volkweis, ACBC-RS1; Ignácio Osório Mallmann1.
RESUMO
A síndrome de Bouveret é uma condição clínica rara, de obstrução do estômago distal ou duodeno por
um grande cálculo biliar, após a formação de uma fístula biliar. O tratamento agudo envolve a resolu-
ção da obstrução, seja por endoscopia digestiva, litotripsia extracorpórea, laparoscopia ou cirurgia
aberta. Nos casos submetidos à intervenção cirúrgica, muitas vezes, deve-se optar pelo tratamento
conservador desobstrutivo, deixando a colecistectomia e a resolução da fístula biliar para um segundo
momento, após otimização clínica do paciente. Relatamos um caso de síndrome de Bouveret causada
por um cálculo de 3 cm de diâmetro impactado no bulbo duodenal.
Descritores: Obstrução da Saída Gástrica. Obstrução Intestinal. Cálculos Biliares. Obstrução Duo-
denal. Fístula Intestinal. Endoscopia do Sistema Digestório. Procedimentos Cirúrgicos Operatórios.
ABSTRACT
Bouveret's syndrome is a rare clinical condition of obstruction of the distal stomach or duodenum by
a large biliary calculus, after formation of a biliary fistula. Acute treatment involves the resolution of
obstruction, either by digestive endoscopy, extracorporeal lithotripsy, laparoscopy or open surgery. In
cases submitted to surgical intervention, one should often opt for the unobstructive conservative
treatment, leaving cholecystectomy and resolution of the biliary fistula for a second approach, after
the clinical optimization of the patient. We report a case of Bouveret syndrome caused by a 3 cm gall-
stone blocking the duodenal bulb.
Keywords: Gastric Outlet Obstruction. Intestinal Obstruction. Gallstones. Duodenal Obstruction.
Intestinal Fistula. Endoscopy, Digestive System. Surgical Procedures, Operative.
INTRODUÇÃO
A síndrome de Bouveret contempla o tadorizada (TC) do abdome com contraste e
conjunto de sinais e sintomas decorrentes exames laboratoriais, cuja única alteração
da obstrução do estômago distal ou duode- foi elevação de fosfatase alcalina (195 U/L).
no causada por grandes cálculos biliares TC mostrava cálculo impactado na região
impactados. É uma condição rara, precedi- pilórica com grande dilatação gástrica. En-
da pela formação de uma fístula que permi- caminhado à emergência do Hospital de
te a passagem do cálculo para o trato gas- Clínicas de Porto Alegre, apresentava-se
trointestinal1. A maior causa deste tipo de com sinais de desidratação, regular estado
fístula é a perpetuação da inflamação crô- geral, sem dor abdominal ou vômitos, com
nica da vesícula biliar após a ocorrência de cateter naso-gástrico. Nova TC do abdome
colecistite aguda, por exemplo. Nosso obje- mostrou aerobilia, vesícula biliar com pare-
tivo é contribuir para a literatura com um des espessadas com cálculo de 3,3 cm em
relato de caso de síndrome de Bouveret e seu interior e com comunicação fistulosa
realizar uma revisão sumária do tema. com bulbo duodenal, onde havia outro cál-
culo, de 3 cm de diâmetro, associado a dis-
RELATO DO CASO tensão gástrica a montante (Figuras 1 e 2).
Homem, de 83 anos, apresentou em Com diagnóstico de obstrução
maio de 2017, quadro de dor abdominal e mecânica do trato gastrointestinal
parada de eliminação de flatos e fezes, as- por provável cálculo biliar, e devido
sociado a náuseas e vômitos em grande à indisponibilidade de material ad e-
quantidade. Em atendimento em sua cida- quado para manejo do cá lculo por
de de origem, foi submetido ao cateterismo via endoscópica, optou-se por condu-
naso-gástrico, e realizou tomografia compu- ta ci rúrgica.
_____________________________________
¹Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Serviço de Cirurgia Geral, Porto Alegre, RS, Brasil.
Ferri
Síndrome de Bouveret: abordagem cirúrgica não definitiva
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
RESUMO
O tumor estromal gastrointestinal (GIST) é uma neoplasia rara, originária das células intersticiais de
Cajal, localizadas no plexo mioentérico de Auerbach do tubo digestivo. O GIST se caracteriza pela ex-
pressão do receptor CD 117 (c-Kit) em exame de imuno-histoquímica. São mais comuns no estômago
e, neste caso, possuem bom prognóstico se diagnosticados precocemente e tratados de forma adequa-
da. O presente trabalho relata uma apresentação clínica incomum de GIST, que deve ser considerado
como diagnóstico diferencial em doenças da região íleo-cólica que se apresentam com quadro de oclu-
são intestinal.
Descritores: Tumores do Estroma Gastrointestinal. Neoplasias do Íleo. Intussuscepção. Abdome Agu-
do. Diagnóstico Diferencial.
ABSTRACT
Gastrointestinal stromal tumor (GIST) is a rare neoplasm, originating from the interstitial cells of Cajal,
located in the myenteric plexus of Auerbach's of the digestive tract. GIST is characterized by the ex-
pression of CD 117 receptor (c-Kit) at immunohistochemistry. They are more common in the stomach
and, in this case, have a good prognosis if diagnosed early and treated appropriately. The present
study reports an unusual clinical presentation of GIST, which should be considered as a differential
diagnosis in diseases of the ileocolic region that present with intestinal obstruction.
Keywords: Gastrointestinal Stromal Tumors. Ileal Neoplasms. Intussusception. Abdomen, Acute. Di-
agnosis, Differential.
INTRODUÇÃO
O tumor estromal gastrointestinal ença pode ser controlada com o uso de me-
(GIST) é uma neoplasia rara, que corres- silato de imatinibe, um inibidor da tirosi-
ponde a 1% a 3% de todos os tumores do na-quinase, que também pode ser indicado
trato gastrointestinal (TGI), porém, é o tu- como droga adjuvante ou neoadjuvante, em
mor mesenquimal mais comum desse sis- determinadas situações5.
tema anatômico1. Incidem com maior fre- Relatamos um caso de paciente por-
quência no estômago, mas podem se origi- tadora de GIST de íleo terminal que se
nar em qualquer segmento do tubo digesti- apresentou com quadro de hematoquezia e
vo como o intestino delgado, reto e esôfago, suboclusão intestinal.
onde possuem pior prognóstico2. Em fases
iniciais, costumam ser assintomáticos ou RELATO DO CASO
apresentam sintomas inespecíficos como Paciente do sexo feminino, 35 anos
dor abdominal (43%), hemorragia gastroin- de idade, foi admitida no setor de emergên-
testinal (15%) e massa abdominal palpável cia com quadro recorrente de hematoquezia
(17%), principalmente quando presente no há cerca de um mês, associado à anemia
intestino delgado3. O diagnóstico definitivo microcítica hipocrômica e dor inespecífica
exige análise imuno-histoquímica da peça em flanco direito, de média intensidade.
cirúrgica, com pesquisa da presença dos Apresentava perda ponderal de 4 Kg em
receptores CD117 (c-Kit)4. seis meses. Ao exame clínico, apresentava-
Sua disseminação se dá, em geral, se hipocorada, anictérica e hemodinamica-
por via hematogênica, para o fígado, ou por mente estável. No exame do abdome havia
implantes peritoneais, sendo incomuns as dor à palpação em flanco direito, sem sinais
metástases linfonodais. O tratamento de de irritação peritoneal. Evoluiu com sinto-
escolha é a ressecção cirúrgica R0, sem mas de suboclusão intestinal, quando foi
necessidade de linfadenectomia. Nas recidi- submetida à tomografia de abdome total
vas ou quando o tumor é irressecável, a do- com contraste endovenoso, que evidenciou
_____________________________________
1Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Faculdade de Medicina, Chapecó, SC, Brasil.
Mierzwa
Tumor estromal gastrointestinal de íleo terminal
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
lesão “em alvo”, de cerca de 8 cm, localiza- ente continua em seguimento pelo serviço
da na fossa ilíaca direita e distensão das de oncologia sem sinais de recidiva da do-
alças intestinais à montante, sugestivo de ença.
intussuscepção íleo-cólica (Figura 1).
Cláudio Franco do Amaral Kfouri, AcCBC-SP1; Maria Clara Ferreira Nonato România1; Guilherme Paulo Carvalho
Amorim2; Cleibe Nicácio da Silva2; Claudinei da Silva2; Luís Marcelo Inaco Cirino1.
RESUMO
O esquecimento acidental de corpos estranhos intra-abdominais após cirurgias, especialmente de
compressas e gazes, é uma condição incomum e recebe o nome de gossipiboma. Devido ao quadro clí-
nico inespecífico, o diagnóstico torna-se um desafio e muitas vezes se dá apenas no pós-operatório. A
incidência do gossipiboma é de 1:1.500 laparotomias e possui uma taxa de 18% de mortalidade. Rela-
tamos o caso de uma paciente de 36 anos com quadro de obstrução intestinal e massa abdominal que
mimetizava neoplasia ovariana, que à laparotomia, mostrou tratar-se de gossipiboma deixado na cavi-
dade pélvica após salpingectomia de urgência por gravidez ectópica realizada seis anos antes.
Descritores: Corpos Estranhos. Tampões de Gaze Cirúrgicos Obstrução Intestinal. Neoplasias Ovarianas.
ABSTRACT
Accidental oblivion of intra-abdominal foreign bodies after surgery, especially of compresses and gauz-
es, is an uncommon condition and is called gossypiboma. Due to the nonspecific clinical picture, diag-
nosis becomes a challenge and often occurs only postoperatively. The incidence of gossypiboma is 1:
1.500 laparotomies and has an 18% mortality rate. We report the case of a 36-year-old woman with
intestinal obstruction and abdominal mass that mimicked ovarian neoplasia, which was shown to be
gossypiboma left in the pelvic cavity after emergency salpingectomy due to ectopic pregnancy per-
formed six years earlier.
Keywords: Foreign Bodies. Surgical Sponges. Intestinal Obstruction. Ovarian Neoplasms.
INTRODUÇÃO
O termo gossipiboma refere-se a uma hemorragia intra-operatória7. O tempo en-
neoformação a partir de uma matriz têxtil tre a operação primária e o aparecimento
circundada por uma reação inflamatória, de manifestações clínicas é variável, entre
caracterizada como uma massa tumoral. 10 dias e 43 anos e, muitas vezes, pode ser
Deriva-se do latim gossypium (algodão) e do assintomático1. A principal apresentação
suawhili boma (esconderijo)1, podendo tam- sintomatológica abdominal se dá por com-
bém ser denominado textiloma, gazoma ou pressão das estruturas abdominais5 e pode
compressoma2. O primeiro relato de caso ocasionar dor, tumor palpável, náuseas,
conhecido é datado de 1884, descrito por vômitos, diarreia e febre7. As complicações
Wilson3 e desde então, vários casos de cor- do gossipiboma envolvem perfuração gas-
pos estranhos surgiram na literatura médi- trointestinal, obstrução e suboclusão, peri-
ca. Entretanto, a incidência desse achado é tonite e, raramente, migração intraluminal,
subnotificado, principalmente devido às além de apresentar uma taxa de mortalida-
implicações médico-legais que permeiam tal de que alcança 18%6.
ocorrência4, muito embora, a prevalência O objetivo desse trabalho é demons-
alcance cerca de 1:1500 laparotomias5. trar a importância do diagnóstico diferenci-
Os compressomas foram relatados al, bem como demonstrar a evolução de um
em diversas áreas e em diferentes órgãos, caso de gossipiboma.
porém, o local mais comum de apresenta-
ção é o abdome6. Os principais fatores de RELATO DO CASO
risco são: cirurgia de emergência, mudan- Mulher, 36 anos, foi admitida na
ças inesperadas no ato cirúrgico, duas ou emergência do Hospital Carlos Fernando
mais equipes cirúrgicas, troca de plantão Malzoni em Matão - SP, queixando-se de
de equipe de enfermagem e principalmente, dor abdominal grau 8 (em escala de 0 a 10)
_____________________________________
¹Universidade de Araraquara, Faculdade de Medicina de Araraquara, Araraquara, SP, Brasil.
²Hospital Carlos Fernando Malzoni, Serviço de Cirurgia Geral, Matão, SP, Brasil.
Kfouri
Gossipiboma manifestado por obstrução intestinal e mimetizando neoplasia ovariana
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Luca Soares Grisi1; Marcelo Gonçalves Sousa1; Alexandre Rolim da Paz1; Thyago Duavy Férrer Lima1; Jean Fabrício
de Lima Pereira1; Ana Luiza Melo Cavalcanti de Almeida1.
RESUMO
Paraganglioma gangliocítico é uma neoplasia rara que pode ocorrer no trato gastrointestinal, sobretudo
na segunda porção do duodeno. Caracteriza-se histologicamente pela presença de células fusiformes,
ganglionares e epitelioides. O diagnóstico, muitas vezes, é definido apenas com a análise histológica da
peça ressecada, necessitando de estudo imuno-histoquímico para confirmação. Relatamos o caso de
uma paciente de 53 anos diagnosticada com paraganglioma gangliocítico após realização de gastroduo-
denopancreatectomia por tumor duodenal.
Descritores: Paraganglioma. Hemorragia Gastrointestinal. Imuno-Histoquímica.
ABSTRACT
Gangliocytic paraganglioma is a rare neoplasm that may occur in the gastrointestinal tract, especially
in the second portion of the duodenum. It is characterized histologically by the presence of spindle
cells, ganglion cells and epithelioid cells. Diagnosis is often defined only with the histological analysis of
the resected organ, being necessary immunohistochemical study for confirmation. We report the case of
a 53-year-old patient diagnosed with gangliocytic paraganglioma after completion of gastroduode-
nopancreatectomy for a duodenal tumor.
Keywords: Paraganglioma. Gastrointestinal Hemorrhage. Immunohistochemistry.
INTRODUÇÃO
Paraganglioma gangliocítico é um ra- regular estado geral, hipocorada +2/+4,
ro tumor que pode ser identificado no trato anictérica, afebril e acianótica. Auscultas
gastrointestinal, acometendo principalmen- pulmonar e cardíaca sem alterações, ab-
te o duodeno, na região periampular1. Em dome flácido e indolor, sem massas palpá-
geral, possui comportamento benigno, ain- veis. Laboratorialmente, evidenciava-se
da que, ocasionalmente, haja metástases hemoglobina de 8,6 g/dl, hematócrito de
para linfonodos regionais ou órgãos à dis- 26,2%, fosfatase alcalina de 1652 U/l e
tância2,3. Clinicamente, apresenta-se como gama-GT de 372 U/l; demais dosagens
achado incidental em exames endoscópicos dentro dos limites da normalidade. Endos-
ou autópsias, ou por sintomas de dor ab- copia digestiva alta revelou lesão elevada e
dominal ou evidência de sangramento di- friável em duodeno, sugestiva de neoplasia
gestivo alto3. Em muitos casos, o diagnósti- vegetante da papila duodenal maior, sendo
co é realizado após duodenopancreatecto- realizadas biópsias (Figura 1). A análise
mia, uma vez que há dificuldade de diag- anatomopatológica revelou mucosa duode-
nóstico histológico mediante biópsia endos- nal com edema e discreto infiltrado infla-
cópica, devido à localização submucosa do matório crônico no córion. Exame tomográ-
tumor1,3. fico do abdome superior mostrou dilatação
leve das vias biliares intra-hepáticas e dila-
RELATO DO CASO tação moderada do hepatocolédoco (1 cm),
Paciente do sexo feminino, 53 anos, sem fator obstrutivo identificável, além de
com história de dois meses de astenia in- dilatação discreta do ducto pancreático
tensa e dor abdominal em epigástrio, além principal, com pâncreas de morfologia e
de episódios de melena e queixa de perda contornos preservados. A paciente foi sub-
ponderal de 5 kg no mesmo período. Rela- metida à abordagem cirúrgica, com realiza-
tava atendimentos prévios em outros servi- ção de gastroduodenopancreatectomia e
ços de assistência médica, com necessidade linfadenectomia, sem intercorrências. Evo-
de hemotransfusão e administração de me- luiu sem complicações, recebendo alta hos-
dicação sintomática. Apresentava-se em pitalar no 10º dia após o procedimento.
_____________________________________
1Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Cirurgia, João Pessoa, PB, Brasil.
Grisi
Paraganglioma gangliocítico duodenal: tumor raro como causa de sangramento digestivo
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
são positivas para a proteína S100, NSE e 5. Dahl EV, Waugh JM, Dahlin DC. Gas-
sinaptofisina9. Células ganglionares são trointestinal ganglioneuromas: brief re-
positivas para sinaptofisina, NSE, somatos- view with report of a duodenal gan-
tatina e polipeptídeo pancreático9. glioneuroma. Am J Pathol.
As opções de tratamento para o pa- 1957;33(5):953-65.
raganglioma gangliocítico duodenal incluem 6. Kepes JJ, Zacharias DL. Gangliocytic
ressecção endoscópica, ressecção cirúrgica paraganglioma of the duodenum. A re-
local ou duodenopancreatectomia4. Quando port of two cases with light and electron
considerada possível e segura, a ressecção microscopic examination. Can-
endoscópica é o tratamento de escolha1,3. cer.1971;27(1):61-7.
7. Okubo Y, Wakayama M, Nemoto T,
REFERÊNCIAS Kitahara K, Nakayama H, Shibuya K, et
1. Nuño-Guzmán CM, Arróniz-Jáuregui J, al. Literature survey on epidemiology
Álvarez-López F, Corona JL, Cerda- and pathology of gangliocytic paragan-
Camacho F, Rostro R, et al. Obstructing glioma. BMC Cancer. 2011;11:187.
gangliocytic paraganglioma in the third 8. Feres Junior J, Ramos Filho E, Silveira
portion of the duodenum. Case Reports Porto F, Silveira F, Tubone T. Paragan-
in Gastroenterol. 2012;6(2):489-95. glioma gangliocítico duodenal. Rev Col
2. Wong A, Miller AR, Metter J, Thomas Bras Cir. 2011;38(4): 288-9.
CR Jr. Locally advanced duodenal gan- 9. Boeriu A, Dobru D, Georgescu R,
gliocytic paraganglioma treated with ad- Mocan S, Boeriu C. Gangliocytic para-
juvant radiation therapy: case report ganglioma: a rare cause of gastrointes-
and review of the literature. World J tinal bleeding. J Gastrointestin Liver
Surg Oncol. 2005;3(1):15. Dis. 2015;24(1):109-12.
3. Sánchez-Pérez MA, Luque-de León E,
Muñoz-Juárez M, Moreno-Paquentin E,
Genovés-Gómez H, Torreblanca-Marín
MA. Duodenal gangliocytic paragangli-
oma. Can J Surg. 2009;52(2):E27-E28. Endereço para correspondência:
4. Hadjittofi C, Parisinos CA, Somri M, Luca Soares Grisi
Matter I. Totally laparoscopic resection E-mail: lucagrisi@hotmail.com
of a rare duodenal tumour. BMJ Case lucasoaresgrisi@gmail.com
Rep. 2012;2012. pii:bcr0220125860.
Chaib
Hérnia de Spiegel bilateral volumosa
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Paulo Sérgio Chaib1; Rafael Pereira Coltri1; Manoel Marcelo de Oliveira Castro¹.
RESUMO
A hérnia de Spiegel, raro defeito da parede abdominal, é caracterizada pela protrusão de órgãos, saco
peritoneal ou gordura pré-peritoneal através da aponeurose de Spiegel, que compreende a região da
aponeurose do músculo transverso limitada medialmente pelo reto abdominal e lateralmente pela
linha semilunar. É de grande interesse para o cirurgião, por sua dificuldade diagnóstica, por ser clini-
camente incaracterística e por seu alto índice de estrangulamento, devido ao seu colo estreito e fibro-
so. O tratamento cirúrgico é mandatório, seja por técnica convencional ou por vídeo-laparoscopia.
Apresentamos o caso incomum de um paciente de 66 anos com hérnia de Spiegel bilateral, cujo diag-
nóstico foi realizado com tomografia computadorizada. O paciente foi submetido à cirurgia eletiva
convencional com correção primária do defeito e utilização de tela de polipropileno em posicionamen-
to interaponeurótico.
Descritores: Hérnia Abdominal. Aponeurose. Telas Cirúrgicas. Herniorrafia. Cirurgia.
ABSTRACT
Spiegelian hernia, a rare defect of the abdominal wall, is characterized by protrusion of organs, peri-
toneal sac or pre-peritoneal fat through Spiegel's aponeurosis, which comprises the transverse mus-
cle aponeurosis limited medially by the rectus abdominis and laterally by the semilunar line. It is of
great interest to the surgeon, because of its diagnostic difficulty, because it is clinically uncharacter-
istic and because of its high level of strangulation due to its narrow and fibrous ostium. Surgical
treatment is mandatory, either by conventional technique or video-laparoscopy. We present the unu-
sual case of a 66-year-old patient with bilateral Spiegelian hernia, whose diagnosis was performed by
computed tomography. The patient underwent conventional elective surgery with primary correction
of the defect and use of polypropylene mesh in interaponeurotic positioning.
Keywords: Hernia, Abdominal. Aponeurosis. Surgical Mesh. Herniorrhaphy. Surgery.
INTRODUÇÃO
A hérnia de Spiegel, um raro defeito O pequeno e fibroso colo herniário
da parede abdominal, é definida pela pro- pode levar ao estrangulamento em até 30%
trusão de saco peritoneal, gordura pré- dos casos e os órgãos que se encarceram
peritoneal ou órgãos através da aponeurose mais comumente são intestino delgado,
de Spiegel - região da aponeurose do mús- cólon ou omento7. Seu tratamento é fun-
culo transverso abdominal, limitada pela damentalmente cirúrgico e as técnicas atu-
linha semilunar lateralmente e a borda la- ais envolvem a herniorrafia pré-peritoneal
teral do músculo reto abdominal medial- tension free com colocação de tela, princi-
mente1,2. Representa de 0,1% a 2,4% de palmente na urgência, e cirurgia vídeo-
todas as hérnias de parede abdominal3,4, laparoscópica, transabdominal ou total-
sendo pouco mais incidente em mulheres e mente extra-peritoneal, eletivamente. Pela
com fatores predisponentes relacionados ao dificuldade diagnóstica, potenciais diagnós-
aumento da pressão intra-abdominal ou ticos diferenciais, raridade e elevado risco
fraqueza da parede abdominal2. Como é de complicações, a hérnia de Spiegel é uma
uma entidade rara e apresenta-se de forma entidade de grande interesse para o cirur-
clínica incaracterística, seu diagnóstico é gião geral4.
muitas vezes retardado5. A ultrassonografia Relatamos um caso de hérnia de
(US) é o exame mais indicado para início de Spiegel bilateral abordado no hospital esco-
investigação diagnóstica e a tomografia compu- la da PUC-Campinas (Hospital e Materni-
tadorizada (TC) é a opção quando persiste dade Celso Pierro) com ênfase nos seus as-
dúvida ou existência de complicações como pectos clínicos, diagnósticos, terapêuticos e
encarceramento e estrangulamento6. resultado pós-operatório alcançado.
_____________________________________
¹Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Hospital e Maternidade Celso Pierro, Campinas, SP,
Brasil.
Chaib
Hérnia de Spiegel bilateral volumosa
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Figura 1. Pré-operatório: hérnia de Spiegel bilateral. Figura 3. TC de abdome com contraste, corte axial.
Chaib
Hérnia de Spiegel bilateral volumosa
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Nilson Marquardt Filho¹; Leonardo Rasche¹; Vitor Campos Horbach¹; Ana Paula Seibert1; Diego Reffati2; Daniel
Navarini1,2.
RESUMO
O divertículo de Meckel é a anormalidade congênita mais prevalente do trato gastrointestinal, acome-
tendo cerca de 2% a 4% da população geral. Como principal forma de apresentação clínica observa-se o
sangramento do divertículo, ocorrendo predominantemente em pacientes jovens, sendo raro na popula-
ção adulta. Apresentamos o caso de uma paciente operada por obstrução intestinal, cuja etiologia era
divertículo de Meckel obstruído por fitobezoar, uma rara causa de obstrução do intestino delgado.
Descritores: Divertículo Ileal. Bezoares. Obstrução Intestinal. Intestino Delgado. Laparotomia.
ABSTRACT
Meckel's diverticulum is the most prevalent congenital abnormality of the gastrointestinal tract, affect-
ing about 2% to 4% of the general population. The main form of clinical presentation is bleeding of the
diverticulum, occurring predominantly in young patients, being rare in the adult population. We pre-
sent the case of a patient operated for intestinal obstruction, whose etiology was Meckel’s diverticulum
obstructed by phytobezoar, a rare cause of obstruction of the small intestine.
Keywords: Meckel Diverticulum. Bezoars. Intestinal Obstruction. Intestine, Small. Laparotomy.
de obstrução do intestino delgado e seu 5. Park JJ, Wolff BG, Tollefson MK, Walsh
diagnóstico costuma ser realizado apenas EE, Larson DR. Meckel diverticulum:
durante a laparotomia. Mesmo assim, deve- the Mayo Clinic experience with 1476
se considerar essa possibilidade no diag- patients (1950-2002). Ann Surg. 2005;
nóstico diferencial de obstrução intestinal 241(3):529-33.
aguda de delgado, principalmente quando 6. Ripollés T, García-Aguayo J, Martínez
sinais obstrutivos ao nível do íleo forem MJ, Gil P. Gastrointestinal bezoars: so-
observados em exames radiológicos no pré- nographic and CT characteristics. AJR
operatório. Am J Roentgenol. 2001;177(1):65-9.
7. Sagar J, Kumar V, Shah DK. Meckel's
REFERÊNCIAS diverticulum: a systematic review. J R
1. Brunicardi FC, Schwartz SI. Schwartz's Soc Med. 2006;99(10):501-5. Erratum
principles of surgery. 8th. New York: in: J R Soc Med. 2007;100(2):69.
McGraw-Hill, Health Pub. Division, 8. Sorensen JB, Ghani A. Phytobezoar ob-
2005. xv, 1950. Disponível em: struction of a Meckel's diverticulum.
http://www.loc.gov/catdir/description/ Am Surg. 1992;58(1):61-4.
mh051/2003070716.html 9. Yahchouchy EK, Marano AF, Etienne
2. Dunn W, Jamil LH, Brown LS, Wiesner JC, Fingerhut AL. Meckel's diverticu-
RH, Kim WR, Menon KV, et al. MELD lum. J Am Coll Surg. 2001;192(5):658-
accurately predicts mortality in patients 62.
with alcoholic hepatitis. Hepatology. 10. Yau KK, Siu WT, Law BK, Cheung HY,
2005;41(2):353-8. Ha JP, Li MK. Laparoscopic approach
3. Fagenholz PJ, De Moya MA. Laparo- compared with conventional open ap-
scopic treatment of bowel obstruction proach for bezoar-induced small-bowel
due to a bezoar in a Meckel's diverticu- obstruction. Arch Surg. 2005;140(10):972-5.
lum. JSLS. 2011;15(4):562-4.
4. Frazzini VI Jr1, English WJ, Bashist B,
Moore E. Case report. Small bowel ob-
struction due to phytobezoar formation Endereço para correspondência:
within Meckel diverticulum: CT find- Nilson Marquardt-Filho
ings. J Comput Assist Tomogr. 1996;20(3):390- E-mail: nilson.marquardt@terra.com.br
2.
Almeida
Teratoma cervical congênito gigante
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
Giovana Camargo de Almeida1; Cláudio Schulz1; Hugo Akio Hasegawa1; Jaqueline Surek1; Paula Cristina Corrêa1.
RESUMO
O teratoma cervical entra no diagnóstico diferencial das massas cervicais neonatais. Como pode ser
constituído por mais de uma camada de células germinativas, podem estar presentes componentes
vasculares e císticos que podem simular linfo-hemangioma nos exames de imagem. A ressecção cirúr-
gica é o tratamento de escolha, podendo ou não ser complementado com quimioterapia, dependendo do
subtipo histológico. Relatamos o caso de um recém-nato portador de teratoma cervical congênito gigan-
te, com destaque para a gravidade, as dificuldades diagnósticas e as opções terapêuticas.
Descritores: Teratoma. Anormalidades Congênitas. Diagnóstico Diferencial. Recém-Nascido.
ABSTRACT
Cervical teratoma enters the differential diagnosis of neonatal cervical masses. As it may be composed
of more than one layer germ cell, vascular and cystic components may be present, and that can mimic
lymphohemangioma in imaging examinations. Surgical resection is the treatment of choice, and may or
may not be supplemented with chemotherapy depending on the histological subtype. We report the
case of a newborn with a giant congenital cervical teratoma, with emphasis on severity, diagnostic diffi-
culties and therapeutic options.
Keywords: Teratoma. Congenital Abnormalities. Diagnosis, Differential. Infant, Newborn.
_____________________________________
1Hospital Pequeno Príncipe, Departamento de Cirurgia Pediátrica, Curitiba, PR, Brasil.
Almeida
Teratoma cervical congênito gigante
_______________________________________________________________________________________Relato de caso
rize J GL. [Anesthesia for ex utero in- 16. Johansen LC, Mupanemunda RH,
trapartum treatment of fetus with Danha RF. Managing the newborn in-
prenatal diagnosis of cervical hygro- fant with a difficult airway. Infant.
ma: case report]. Rev Bras Anestesiol. 2012;8(4):116-9.
2006;56(3):278-86. Portuguese. 17. Billmire DF, Grosfeld JL. Teratomas in
13. Nascimento GC, Rolland De Souza AS, childhood: analysis of 142 cases. J
Lima MMS, Guerra GV, Meneses JA, Pediatr Surg. 1986;21(6):548-51.
Cardoso AS, et al. Estratégia de con- 18. Steigman SA, Nemes L, Barnewolt CE,
duta intraparto no teratoma cervical Estroff JA, Valim C, Jennings RW, et
congênito. Procedimento EXIT (Trata- al. Differential risk for neonatal surgi-
mento Extra-Útero Intraparto). Acta cal airway intervention in prenatally
Med Port. 2007;20(3):221-7. diagnosed neck masses. J Pediatr
14. Afolabi IR. Sacrococcygeal teratoma: a Surg. 2009;44(1):76-9.
case report and review of literature. 19. Touran T, Applebaum H, Frost DB,
Pacific Helath Dialog. 2003;10(1):57- Richardson R, Taber P, Rowland J.
61. Congenital metastatic cervical terato-
15. Albino PHC, Souza JA, Araújo EJ, Pe- ma: diagnostic and management con-
reima MJL, Quaresma ER, Stahlsch- siderations. J Pediatr Surg.1989;24(1):
midt C. Teratoma cervical em recém- 21-3.
nascido: relato de três casos. Arq Ca-
tarin Med. 2010;39(2):72-5. Endereço para correspondência:
Giovana Camargo de Almeida
E-mail: gykamargo@gmail.com
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Escopo e política
Informações gerais
Submissão de artigos
Texto:
Referências:
Agradecimentos:
Fica expresso que, com a remessa eletrônica, o(s) autor(es) concorda(m) com as
seguintes premissas: 1) que no relato não há conflito de interesse, cumprindo o
que diz a Resolução do CFM no 1595/2000 que impede a publicação de
trabalhos e matérias com fins promocionais de produtos e/ou equipamentos
médicos; 2) citar a fonte financiadora, se houver; 3) que todos os autores
concedem os direitos autorais e autorizam alterações no texto enviado para que
ele seja padronizado no formato linguístico da Revista de Relatos de Casos
Cirúrgicos, podendo remover redundâncias, retirar figuras que forem
consideradas não necessárias ao bom entendimento do texto, desde que não
altere seu sentido. Caso haja discordâncias dos autores quanto às estas
premissas, deverão eles escrever carta deixando explícito o ponto em que
discordam e a Revista de Relatos de Casos Cirúrgicos analisará se o relato será
encaminhado para publicação ou devolvido aos autores. Caso haja conflito de
interesse, ele deve ser citado com o texto: “O(s) autores (s) (nominá-los)
receberam suporte financeiro da empresa privada (mencionar o nome) para a
realização deste estudo”. Quando houver fonte financiadora de fomento à
pesquisa, citá-la; 4) a responsabilidade de conceitos ou asserções emitidos nos
textos dos Relatos de Casos Cirúrgicos cabe inteiramente ao(s) autor(es). Não
serão aceitos textos já publicados ou simultaneamente enviados para avaliação
em outros periódicos; 5) que cada artigo aprovado terá um custo de R$ 500,00
(quinhentos reais) para os autores. Caso o autor principal seja membro
adimplente do CBC, haverá um desconto de 50% na cobrança do artigo.