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Nova Friburgo
2012
Alessandra Martins Coelho
Nova Friburgo
2012
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/E
CDU 624.131.53:004.932
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
dissertação.
______________________________________ _______________________
Assinatura Data
Alessandra Martins Coelho
__________________________________________________________
Prof. Dr. Joaquim Teixeira de Assis (Orientador)
Instituto Politécnico - UERJ
__________________________________________________________
Prof. Dr. Marcus Peigas Pacheco (Co-Orientador)
Faculdade de Engenharia - UERJ
__________________________________________________________
Prof. Dr. João Flávio Vieira Vasconcellos
Instituto Politécnico - UERJ
__________________________________________________________
Prof. Dr. Nilton Alves Junior
CBPF/MCT
__________________________________________________________
Profª. Dra. Bernadete Ragoni Danziger
Faculdade de Engenharia - UERJ
__________________________________________________________
Profa. Dra. Inayá Corrêa Barbosa Lima
COPPE/UFRJ
Nova Friburgo
2012
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Fábio (Fabinho) Coelho Gomes (sempre presente), minha mãe Rosa Maria, meu
irmão Fabrício, meu marido e companheiro Raimundo e ao meu filho Heitor, dedico.
AGRADECIMENTOS
Ao final desta etapa tenho muito a agradecer a Deus, por ter conseguido superar todos
os obstáculos que surgiram no período de realização deste trabalho.
Agradeço, também, a todos aqueles que de algum modo me auxiliaram para que esta
tese fosse realizada, e, principalmente:
Aos meus pais Fábio (Fabinho) e Rosa Maria pela ajuda e incentivo diário. Cada
conquista minha dedico a vocês.
Ao meu filho Heitor, pelo dom de transformar os meus momentos de tristeza em
alegria.
Ao meu marido, amigo e companheiro Raimundo, pela compreensão, carinho e
incentivos diários. Obrigada pela paciência.
Ao meu irmão Fabrício, principalmente por estar sempre disposto a viajar comigo à
Nova Friburgo.
À minha amiga (irmã) Julliany Sales Brandão, por estar sempre presente.
Aos meus orientadores Joaquim Teixeira de Assis e Marcus Peigas Pacheco pela
confiança depositada em mim na realização deste trabalho.
Ao professor Gil de Carvalho pela amizade e por todo apoio recebido.
A natureza não erra nem acerta, ela é o que é, e permite ser conhecida. Quem erra ou acerta é
o homem em suas relações com a natureza.
Álvaro Rodrigues dos Santos
RESUMO
Esta tese propôs uma metodologia para detecção de áreas susceptíveis a deslizamentos
de terra a partir de imagens aéreas, culminando no desenvolvimento de uma ferramenta
computacional, denominada SASD/T, para testar a metodologia. Para justificar esta pesquisa,
um levantamento sobre os desastres naturais da história brasileira relacionada a deslizamentos
de terra e as metodologias utilizadas para a detecção e análise de áreas susceptíveis a
deslizamentos de terra foi realizado. Estudos preliminares de visualização 3D e conceitos
relacionados ao mapeamento 3D foram realizados. Estereoscopia foi implementada para
visualizar tridimensionalmente a região selecionada. As altitudes foram encontradas através
de paralaxe, a partir dos pontos homólogos encontrados pelo algoritmo SIFT. Os
experimentos foram realizados com imagens da cidade de Nova Friburgo. O experimento
inicial mostrou que o resultado obtido utilizando SIFT em conjunto com o filtro proposto, foi
bastante significativo ao ser comparado com os resultados de Fernandes (2008) e Carmo
(2010), devido ao número de pontos homólogos encontrados e da superfície gerada. Para
detectar os locais susceptíveis a deslizamentos, informações como altitude, declividade,
orientação e curvatura foram extraídas dos pares estéreos e, em conjunto com as variáveis
inseridas pelo usuário, forneceram uma análise de quão uma determinada área é susceptível a
deslizamentos. A metodologia proposta pode ser estendida para a avaliação e previsão de
riscos de deslizamento de terra de qualquer outra região, uma vez que permite a interação com
o usuário, de modo que este especifique as características, os itens e as ponderações
necessárias à análise em questão.
FS Fator de Segurança.
INTRODUÇÃO................................................................................................. 18
1 METODOLOGIAS DE PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE ÁREAS
SUSCEPTÍVEIS A DESLIZAMENTOS......................................................... 22
1.1 Técnicas utilizadas na previsão de áreas susceptíveis a deslizamentos ....... 23
1.2 Aplicações reais relacionadas à previsão de áreas susceptíveis a
deslizamentos no Brasil..................................................................................... 26
1.3 Considerações.................................................................................................... 42
2 VISUALIZAÇÃO TRIDIMENSIONAL......................................................... 43
2.1 Fotogrametria.................................................................................................... 44
2.1.1 Evolução da fotogrametria.................................................................................. 46
2.1.2 Divisões da fotogrametria................................................................................... 46
2.1.2.1 Fotogrametria de curto alcance........................................................................... 47
2.1.2.2 Fotogrametria terrestre........................................................................................ 47
2.1.2.3 Fotogrametria aérea............................................................................................. 48
2.1.2.4 Fotografia espacial.............................................................................................. 48
2.1.3 Vantagens e limitações da fotogrametria............................................................ 49
2.2 Estereoscopia..................................................................................................... 50
2.3 Visão computacional......................................................................................... 52
2.4 Modelagem Digital de Terreno......................................................................... 53
3 CONCEITOS RELACIONADOS AO MAPEAMENTO
TRIDIMENSIONAL DE UMA ÁREA............................................................ 59
3.1 Paralaxe.............................................................................................................. 60
3.2 Geometria básica da fotografia aérea ............................................................. 61
3.3 Restituição fotogramétrica............................................................................... 64
3.3.1 Orientação Interior............................................................................................... 65
3.3.2 Orientação Exterior.............................................................................................. 67
3.4 Interpolação....................................................................................................... 72
3.5 Declividade......................................................................................................... 72
3.6 Cálculo da declividade a partir de uma grade regular.................................. 75
3.6.1 O método Zevenbergen e Thorne........................................................................ 76
3.6.2 O método Horn.................................................................................................... 79
3.6.3 O método Evans-Young...................................................................................... 81
4 EXTRAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS........................................................ 83
4.1 Scale Invariant Feature Transform (SIFT)...................................................... 83
5 ASPECTOS GERAIS DA ÁREA DE ESTUDO............................................ 85
6 IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO PROPOSTO E ANÁLISE
EXPERIMENTAL............................................................................................ 89
6.1 Sistema para análise de susceptibilidade de deslizamento de terra
(SASD/T)............................................................................................................ 89
6.2 Descrição dos experimentos.............................................................................. 90
6.2.1 Detecção de pontos homólogos e geração do MDT............................................ 93
6.2.2 Simulações para detecção de áreas susceptíveis a deslizamentos....................... 111
6.2.3 Problemas encontrados na detecção dos pontos.................................................. 116
CONCLUSÃO................................................................................................... 119
TRABALHOS FUTUROS................................................................................ 120
REFERÊNCIAS................................................................................................ 121
APÊNDICE A - Histórico dos deslizamentos de encostas no Brasil................ 141
APÊNDICE B – Sistema para análise de susceptibilidade de deslizamento de
terra (SAD/T)...................................................................................................... 156
ANEXO A – Legislação referente à ocupação de encostas................................ 168
ANEXO B - Certificado de calibração da câmera aerofotogramétrica...............171
18
INTRODUÇÃO
identificar pessoas em fotos ou cenas e muitas outras aplicações. A visão computacional tenta
descrever o mundo, captado pelos seres humanos em uma ou mais imagens, de modo a
reconstituir suas propriedades (tais como forma, iluminação e distribuição de cores), através
de modelos que são geralmente desenvolvidos em física (radiometria, ótica, sensor e design) e
computação gráfica.
Desde o advento do computador, segundo descrito em Noor (2008), existe o
questionamento se essas máquinas podem ser programadas para imitar processos cognitivos
humanos (percepção visual, processamento de linguagem natural, raciocínio dedutivo etc.).
Imaginava-se, no início, ser um problema de fácil resolução, considerando-se apenas o poder
de processamento e o armazenamento limitado como os maiores obstáculos. Para Richard
Szeliski (2010) é surpreendente que os seres humanos e os animais consigam interpretar uma
imagem com tamanha facilidade, enquanto os algoritmos de visão computacional são tão
propensos a erros. No texto é mencionado que pessoas que não trabalham nesta área, muitas
vezes subestimam a complexidade do problema e a dificuldade de programá-lo. Comenta-se
ainda que, apesar de todos os avanços, o uso do computador para interpretar uma imagem
como uma pessoa permanece ainda distante.
Estudos geológico geotécnicos, devido a sua natureza, possuem um grande potencial
para utilizar-se dos recursos de um aplicativo de visualização tridimensional. Conforme
consta em Lins (2009), a computação gráfica, por exemplo, não é um recurso explorado em
todo o seu potencial, entretanto, a sua aplicação para auxiliar na visualização dos terrenos,
com objetivo de identificar a susceptibilidade de deslizamentos de terra, poderia contribuir
significantemente para o trabalho dos profissionais envolvidos no processo de
monitoramento.
O estudo de susceptibilidade de deslizamento de terra requer, em uma de suas fases,
visitas de campo para reconhecimento da área e coleta de informações, que posteriormente
serão usadas na análise de um determinado local. Muitas vezes torna-se necessário conhecer
detalhes do terreno de regiões de difícil acesso, sendo o trabalho dificultado pela cobertura do
terreno, que pode esconder suas falhas. Além disso, se a área a ser avaliada for extremamente
grande, a seleção, a priori, de alguns locais, de modo a direcionar o trabalho do especialista, é
um procedimento bastante viável.
Quando realizados usando como parâmetro somente a declividade do terreno, os
estudos de susceptibilidade de deslizamento de terra podem chegar a resultados errôneos.
Áreas de menor declividade, descartadas devido a este parâmetro não ser muito significativo,
por exemplo, se consideradas em conjunto com outros fatores, tais como clima, solo e
21
vegetação, também poderiam ser consideradas como um local de risco em potencial, ao final
da análise.
A utilização de uma metodologia capaz de visualizar tridimensionalmente e, ao
mesmo tempo, realizar a análise de declividade, acrescentando outros fatores a esta, seria um
instrumento cuja utilização traria um benefício significativo ao trabalho a ser desenvolvido na
previsão de áreas susceptíveis a deslizamentos de terra.
O objetivo desta tese é o desenvolvimento de uma metodologia, utilizando
estereoscopia e computação gráfica, para análise da susceptibilidade de deslizamentos de
terra, a partir de dados extraídos de pares de fotos aéreas e de outras variáveis fornecidas pelo
especialista responsável por esta investigação, a fim de reduzir o trabalho realizado em
escritório e direcionar os trabalhos de análise de campo. Para tal, será criada uma ferramenta
computacional. Esta, por sua vez, será usada para o encontro de pontos homólogos em
imagens aéreas, via Scale Invariant Feature Transform (SIFT), os quais serão utilizados para
detectar a altitude do relevo, visando, primeiramente, a modelagem do mesmo. A inserção de
dados, como pluviosidade, solo, vegetação e outros, deverão ser analisados em conjunto com
os dados que poderão ser extraídos da modelagem do terreno, como declividade, perfil e
aspecto, dando como resultado final uma interpretação da região analisada, quanto a sua
susceptibilidade de deslizamentos.
O trabalho está estruturado nos seguintes capítulos. O capítulo 1 apresenta
metodologias de previsão de deslizamentos já aplicadas em algumas cidades brasileiras. O
assunto visualização tridimensional é tratado no capítulo 2. Neste capítulo é descrita uma
breve história da fotogrametria, apresentando suas divisões, vantagens e limitações. São
apresentados os conceitos de estereoscopia, visão computacional e Modelagem Digital de
Terreno. No capítulo 3 são apresentados e/ou explicados alguns tópicos, como paralaxe,
geometria básica de uma fotografia aérea, orientação interior e exterior de uma fotografia
aérea e declividade. O capítulo 4 faz uma breve introdução ao tema extração de características
e a técnica SIFT. Os aspectos gerais da região utilizada para teste são apresentados no
capítulo 5. O método proposto e a análise experimental são apresentados no capítulo 6. Por
fim, são apresentadas as conclusões desta pesquisa e apontados os trabalhos futuros.
22
em diversos trabalhos, como Guidicini e Iwasa (1976); Tatizana et al. (1987), Carvalho (1989)
e D’Orsi et al. (1997), visando identificar e estabelecer limites críticos de chuva acumulada
para ocorrência dos escorregamentos.
Os morros das cidades de Santos e São Vicente, estado de São Paulo, foram objetos de
um estudo pioneiro, norteador da primeira carta Geotécnica do Brasil. Esse trabalho foi
concluído pelo IPT, em 1979 (IPT, 1979; PRANDINI, 1980 apud NOGUEIRA, 2002). Uma
década após, um trabalho de controle da ocupação urbana, denominado plano preventivo de
defesa civil, iniciou-se na cidade de Santos. Áreas consideradas de risco passaram a ser
controladas anualmente por uma equipe técnica da Prefeitura Municipal, que realizaram
cadastro de áreas de risco, baseado em estudos geológicos, geomorfológicos, clinométricos,
drenagens, histórico de escorregamentos e em inspeções de campo dos indicadores de
instabilidade, visando adequar a ocupação urbana à dinâmica do relevo local, trazendo como
consequência aos relatos de deslizamentos, um quadro sem vítimas humanas e a redução
considerável da destruição de bens materiais (FREIRE, 1995).
A pesquisa intitulada Estabilidade de taludes naturais em solo nos morros da cidade de
Santos (FREIRE, 1995) teve como início os estudos realizados no Morro do Marapé, e,
posteriormente, outros locais com características menos favoráveis quanto à estabilidade.
Foram realizadas investigações de campo em conjunto com a carta geotécnica da cidade,
seguidos de ensaios de campo e laboratório. Os resultados indicaram, com segurança, que nos
locais onde não foram identificadas descontinuidades no maciço, pelo levantamento lito
estrutural, a implantação de drenos horizontais profundos para impedir o deslizamento de
redes de fluxo foi a intervenção de engenharia mais apropriada. Para os locais onde se
verificou a existência de descontinuidades no maciço, outros tipos de obras foram previstas
em virtude dos movimentos de massa poder acarretar perdas humanas e de bens materiais.
A susceptibilidade à ocorrência de deslizamentos e enchentes na área urbana de
Mariana – MG foi abordada em Sobreira (2001). A pesquisa foi realizada em termos
qualitativos e foi fundamentada em trabalhos de campo, técnica de cruzamento de
informações cartográficas básicas e observações pontuais de campo. A análise da
susceptibilidade envolveu vários processos e, devido às dificuldades em representar uma
hierarquização da susceptibilidade de cada área a cada processo, foram estabelecidos apenas
os locais considerados mais críticos. A avaliação dos riscos geológicos foi realizada a partir da
análise das informações da carta de susceptibilidade, em conjunto com a representação da
malha urbana da cidade. No trabalho, em vez de apresentar uma classificação hierárquica dos
graus de risco, foram apontados os locais considerados mais problemáticos. A situação da área
28
urbana do município de Mariana, quanto aos riscos geológicos, foi considerada um bom
exemplo de como a falta de planejamento e o desconhecimento do meio físico, em
concomitância com o crescimento desordenado, podem acarretar em grandes perdas e perigos
à população. Observou-se que a predisposição do meio físico à ocorrência de deslizamentos e
inundações estava relacionada com a complexidade geológica da região, a morfologia de seus
terrenos e à ocorrência de chuvas no verão. As inundações, inevitáveis pelo fato da cidade ter
sido implantada em uma planície aluvionar, foi considerada a causadora de maiores danos
materiais. Já sobre os deslizamentos, além de ocorrerem com maior freqüência, estavam
associados à ocorrência de perdas de vidas. No entanto, foi mencionada a possibilidade de se
evitar e combater os escorregamentos com mais eficácia. Foi concluído que a observação das
características dos terrenos antes de sua utilização, por si só traria uma redução relativa dos
problemas ligados à instabilidade de terrenos.
Uma carta de zoneamento geotécnico geral para a vertente sudeste da serra de
Maranguape – CE, delimitando áreas cujas feições indicativas de movimentos de massa (solos
e rochas) nas meio encostas da serra foram detectadas, encontra-se em Fonteles, Veríssimo e
Colares (2001). Para a realização da pesquisa foi realizado um conjunto de etapas que incluiu
o levantamento e pesquisa bibliográfica geológico-geotécnica; trabalhos de gabinete, por
exemplo, estudos foto interpretativos tanto geológicos, quanto geomorfológicos e montagem
da base cartográfica; trabalhos de campo preliminares; ensaios laboratoriais; levantamentos de
campo finais com a finalidade de checar informações obtidas na etapa foto interpretativa;
elaboração da carta zoneamento geotécnico geral e dos textos relacionados. Como base
cartográfica foram utilizadas aerofotos e cartas planialtimétricas dos municípios da Região
Metropolitana de Fortaleza. O mapeamento geotécnico foi baseado em Souza (1992), Pejon
(1992), Zuquette (1993) e Colares (1996).
A motivação principal da pesquisa descrita em Ros, Dal Poz e Hasegawa (2002) foi a
integração de fotogrametria e computação gráfica, com o objetivo de apresentar uma
metodologia para visualização 3D de uma imagem digital, avaliação visual, além da
realização de uma breve discussão sobre seu potencial cartográfico.
Em Bandeira (2003) foi adotado um método índice de análise relativa que retorna
resultados qualitativos. O método foi aplicado a setores individualizados de encostas para
realização do mapa de risco de erosão e escorregamento das encostas com ocupações
desordenadas no Município de Camaragibe-PE. Para tal, foi elaborada uma ficha de dados que
permitiu uniformizar e comparar as informações a serem coletadas, considerando o fator
geológico, topográfico e ambiental. No trabalho foram realizadas as seguintes etapas: traçados
29
dos principais contatos entre as unidades geológicas, identificação das redes fluviais e de
acesso e os principais núcleos urbanos a partir de mapa geológico elaborado por
fotointerpretação, trabalho de campo (observação dos parâmetros da topografia das encostas,
atributos geológicos e fatores ambientais, georreferenciamento por meio de GPS e
posteriormente plotagem no mapa como pontos de alto risco), complementação dos dados em
escritório de todas as áreas de ocupação espontânea (definição de quatro faixas de graus de
risco e ponderação dos grupos topográfico, geológico e ambiental) e verificação de coerência
dos resultados com as observações de campo e elaboração de mapa de risco de erosão e
escorregamento, a partir da delimitação cartográfica das diferentes zonas de risco (baixo,
médio, alto e muito alto). Nesse trabalho foi adotada a metodologia de Gusmão Filho, de
Melo e Alheiros. (1992), modificando-a para atender às características da área (Camaragibe) e
para adequar-se ao modelo de avaliação de risco sugerido pelo Programa de Prevenção e
Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários, da Secretaria Nacional de Programas
Urbanos do Ministério das Cidades. Também foram consideradas as sugestões de Gusmão
Filho et al. (1993) e Alheiros (1998), para o cálculo do grau de risco final. Para cada fator de
risco foram considerados os principais grupos de atributos que afetam a estabilidade das
encostas.
No Quadro 2 são apresentados os fatores que foram analisados para identificação dos
graus de risco em Camaragibe. Nessa análise foram acrescentados os atributos de altura e
largura dos cortes, no fator topográfico (BANDEIRA, 2003).
Em Gusmão Filho et al. (1993) ao ser aplicado o modelo nas encostas do Recife,
foram consideradas cinco faixas de grau de risco: muito baixo (1), baixo (2), mediano (3), alto
(4) e muito alto (5). Para Alheiros (1998) o tratamento é um atributo importante para a
redução do grau de risco de uma área. Já Bandeira (2003), em seu estudo, considerou quatro
faixas de grau de risco: baixo (1), médio (2), alto (3) e muito alto (4).
Uma exemplificação para a divisão da faixa de grau de risco pode ser visualizada a
30
X 1 = 10 , 0
X 2 = 70 , 0
X
− X1 2
i =
4
70 − 10
i = = 15 , 0
4
B M A MA
X1 X1 + i X1 + 2i X1 + 3i X2
B M A MA
10 25 40 55 70
fator redutor será zero, e os graus de risco dos atributos: vegetação, drenagem e cortes são
iguais ao grau de risco de um atributo ambiental sem tratamento. No caso de uma área tratada
(nota um), o grau de risco reduz e os valores de vegetação, drenagem e cortes serão iguais a
um. O valor de densidade populacional será sempre igual à nota inicial (tipo de fator que não
se altera com o tratamento). No caso do tratamento com nota intermediária entre um e cinco,
o valor do risco dos atributos ambientais serão proporcionais à nota do tratamento, vide
Equação (1).
GRAi − 1
GRAt = GRAi − × ( 4 − t ) (1)
3
em que:
GRAt é o grau de risco de um atributo ambiental incluindo o tratamento;
GRAi é o grau de risco de um atributo ambiental sem tratamento;
t é a nota do tratamento.
em que:
GRF é o grau de risco final;
GRT é o grau de risco topográfico;
GRG é o grau de risco geológico e
GRAt é o grau de risco ambiental incluindo a nota do tratamento.
concluiu-se em Bandeira (2003), que o fator geológico foi o responsável pelas situações de
risco muito alto e alto, tendo como segunda categoria de importância o fator ambiental. Nos
graus de risco baixo e médio, o fator topográfico prevaleceu sobre o geológico e sobre o
ambiental para os movimentos nas encostas de Camaragibe. O risco muito alto (4) relacionou-
se com a alta densidade demográfica e as condições do solo. No entanto, segundo dados da
pesquisa, o risco pode ser eliminado por intervenções adequadas, de acordo com os fatores
mais importantes. Nas áreas de risco baixo a ocupação mostrou-se ordenada e as
características geológico-geotécnicas foram favoráveis à estabilidade dos setores de encostas
ou já haviam sido realizadas intervenções nessas áreas.
Para Bandeira (2003), o mapa de risco é dinâmico, mudando em função da ação
antrópica, sendo o risco avaliado, o risco atual. Desse ponto de vista, à medida que as
mudanças se processam os fatores de risco são alterados. Assim, a atualização dos dados é
necessária e deve ser constante. Para simplificar as análises de graus de risco, as quatro faixas
foram determinadas através de uma divisão linear entre os valores extremos encontrados em
cada fator de risco. Conforme a pesquisa, uma divisão mais coerente com as respostas dos
movimentos de encostas, seria por meio de análises dos movimentos ocorridos anteriormente.
Como o município não dispunha de dados históricos de escorregamentos, naquela época, não
foi possível realizar essas análises. A importância de se estudar áreas não ocupadas, para a
produção do mapa de susceptibilidade de erosão e escorregamentos também é mencionada no
trabalho, visando dar subsídios para a prefeitura indicar os locais que poderiam ser ocupados
por assentamentos urbanos, com maior segurança, de acordo com as recomendações propostas
Um mapeamento de áreas susceptíveis a escorregamentos no município de
Caraguatatuba - SP, usando técnicas de sensoriamento remoto foi realizado em Marcelino
(2003). Para a obtenção dos mapas hipsométricos, de declividade e de orientação das encostas
foi gerado um Modelo Numérico de Terreno (MNT) dos dados altimétricos (cotas altimétricas
e isolinhas com equidistâncias de 20m) extraídos de cartas topográficas. Devido às amostras
da superfície terem apresentado espaçamentos irregulares, optou-se por utilizar grade regular,
com resolução em x e y de dez metros, em virtude da escala de trabalho (1:100000) e das
curvas de níveis (20m). A média ponderada por cota e por quadrante foi utilizada como
interpolador e, como refinamento, utilizou-se o interpolador bilinear com as mesmas
resoluções x e y utilizadas para a grade regular. Antes da criação do mapa de declividade
foram definidas as classes de declive, com base na legislação que rege o uso e ocupação
territorial e nas características do relevo (Anexo I). Além disso, para o fatiamento das classes,
levou-se em consideração, nessa pesquisa, os trabalhos de De Biasi (1992), Augusto Filho
33
(1994), Francisco (1996), Dias (2000) e Fernandes et al. (2001). Os limites e as características
mais relevantes de cada classe de declividade foram definidos e são apresentados na Tabela 1.
A partir do MNT foi gerado o mapa de declividade em porcentagem e realizado o fatiamento
do mesmo.
Áreas que apresentam pouca restrição de uso e ocupação, exigindo-se práticas simples de 5 – 12
conservação do solo. O limite máximo desta faixa coincide com o limite do emprego da (6,8°)
agricultura mecanizada.
Áreas que devem ser evitadas para fins de ocupação, pois se torna necessário a adoção de 12 – 30
medidas preventivas de riscos geoambientais. A partir dessa faixa é necessário realizar (16,7°)
cortes e aterros para instalação de edificações, Necessita de medidas complexas de
conservação do solo.
Áreas inadequadas à instalação de edificações e uso agrícola, e limite máximo para corte 30 – 47
florestal. Risco de escorregamentos por indução antrópica. (25,2°)
Áreas inadequadas a qualquer forma de uso e ocupação do solo, geralmente definidas 47 – 100
como áreas de preservação florestal. Risco de escorregamentos naturais. (45°)
S=
∑S W ij i
(3)
∑W i
em que:
S é o valor do peso para uma determinada área;
Wi é o peso atribuído ao mapa temático;
Sij é o peso atribuído para cada classe do mapa temático.
34
Com base nas importâncias relativas, consideradas duas a duas, foram calculados os
pesos correspondentes a cada condicionante (soma dos pesos igual a um - Tabela 3),
observando sempre que a razão de consistência, que, quanto mais próxima de zero for, mais
coerente será o modelo.
Segundo a pesquisa Augusto Filho e Cerri (1988 apud CARVALHO; RIEDEL, 2004),
as classes geomorfológicas podem ser associadas às espessuras de solo. No Quadro 3 estão
essas associações.
Vegetação vegetação com forte vegetação com baixa área agrícola, capoeira de
degradação, área de degradação planície, capoeira antiga,
manutenção, campo capoeira nova
Declividade > 30° (classes C e D) 20° < B < 30° A < 20°
Baptista (2005) expõe que a grande variabilidade espacial das características físicas
contidas na Área de Preservação Ambiental (APA) Petrópolis evidencia o uso de dados de
sensoriamento remoto como provedor de uma base de dados através de imagens de satélites.
Na pesquisa, foram usados os softwares GIS Idrisi, versão Kilimanjaro, 2003, Spring, versão
4.1 e ArcGIS 8.1. A partir dos dados levantados foram eaborados: um Modelo Digital de
Elevação Hidrograficamente Consistente (MDEHC) (Modelos Digitais de Elevação, com a
intenção de automatizar o delineamento de bacias hidrográficas e das respectivas redes de
drenagem (RIBEIRO et al., 2002)), a Carta Clinográfica ou de declividade e o Modelo de
Sombreamento Analítico utilizando o TOPOGRID/ArcGRID, o que permitiu a imposição da
hidrografia ao Modelo Digital de Elevação (MDE), com resolução dez metros, tendo em vista
a escala de trabalho e o tempo para sua geração e o mapa de uso do solo versus declividades,
obtido a partir da tabulação cruzada do mapa de uso do solo com a carta de classes de
declividades. Foram selecionadas as áreas com declividades superiores a 30%, que constitui o
limite para a ocupação de encostas, sem a necessidade de projetos especiais. De acordo com
os resultados, a interpretação das imagens orbitais em três datas permitiu a análise
comparativa de alterações ocorridas em características superficiais do terreno. Foram
detectadas alterações em características de uso e ocupação do solo. Além disso, observou-se
que a grande ocorrência de movimentos de massa na APA Petrópolis era agravada, entre
37
em que:
γ s é o peso específico do solo saturado;
γ ω é o peso específico do solo não saturado;
Ψ é a razão entre a poro-pressão e peso específico da água;
h é a profundidade da superfície de ruptura;
β é o ângulo de declividade;
38
φ é o ângulo de atrito; e
c é a coesão do solo.
c tan φ (5)
FS = +
γ ⋅ h ⋅ senβ ⋅ cos β tan β
em que:
γ é o peso específico do solo.
segurança para grandes áreas. Esses dados representam o início do processo de obtenção de
uma carta de identificação de áreas susceptíveis a deslizamento de terra. Além disso, esses
modelos permitem que diversas simulações sejam efetuadas. Isso se dá em função de que sua
implementação está relacionada com uma equação que procura representar as condições de
instabilidade geotécnica. Essa é uma característica importante que o difere de modelos menos
flexíveis para a predição de áreas de risco. Assim, os cenários de susceptibilidade mudam
conforme os parâmetros de simulação utilizados.
O Plano Municipal de Redução de Riscos de Blumenau, Santa Catarina (PMRRB -
etapa 2) (BLUMENAU, 2007) abordou a avaliação de movimentos de massa, tendo como
objetivo principal a identificação e análise dos aspectos físicos e sociais de 17 áreas do
município com ocorrência de escorregamentos registrada, fornecendo subsídios para o
gerenciamento desses riscos. Os trabalhos foram desenvolvidos a partir de pesquisas de
campo e laboratório, como reconhecimento da área de estudo através de visitas, organização
dos dados digitais, como fotografias aéreas e arquivos do mapeamento urbano. As fotografias
aéreas foram georreferenciadas e mosaicadas no ambiente ENVI a partir do mapeamento
urbano ocorrido em 1993. Vários outros aspectos foram analisados, permitindo, além da
descrição da vegetação, a análise do estado de conservação da respectiva área. A metodologia
utilizada no PMRRB – etapa 2 foi desenvolvida embasada na proposta apresentada em
Augusto Filho (1992). Como recurso computacional, para a organização do SIG, foi utilizado
o programa ARCGIS 8.3. A função raster calculator, extensão Spatial Analyst do ARCGIS
8.3, foi utilizada para a definição dos critérios de cruzamento. Essa etapa permitiu determinar
o nível de susceptibilidade a escorregamento (NSE), ponderando cada temática conforme o
seu grau de importância em relação aos escorregamentos, conforme a expressão (6). O
software ArcView foi utilizado para a interpretação das fotografias aéreas. Para os locais de
difícil acesso, a classificação foi realizada por meio da fotointerpretação direta, baseado em
áreas semelhantes visitadas. Como resultado foi constatado pelo PMRRB – etapa 2 que, ao
cruzar as temáticas geotecnia, cobertura vegetal e densidade populacional, as áreas de muito
alta susceptibilidade a escorregamento abrangeram uma parcela maior da área estudada, do
que aquelas delimitadas somente pelo mapa geotécnico, demonstrando que é de fundamental
importância a consideração de diversos aspectos na delimitação das paisagens e classificação
dos graus de susceptibilidade a escorregamento.
sendo:
GEO (Geotecnia): (integração com a geomorfologia, geologia e risco decorrente da ocupação
urbana) - 60% do nível de susceptibilidade total;
VEG (cobertura vegetal): 20%
POP (densidade populacional): 20%.
Em Silva, R., Silva, E. e Tuma (2007) foi realizada uma análise dos movimentos de
massa em encostas na área urbana da cidade de João Pessoa-PB. A metodologia utilizada foi a
sugerida por Cerri (1992). Os autores mencionaram que o método em questão foi escolhido
em devido à praticidade e por possibilitar quantificar os riscos de movimentos de massas em
encostas a partir das observações in situ de indicadores de instabilidade. Foram necessárias
algumas adaptações no método adotado devido à particularidades da área de estudo.
Na pesquisa intitulada Risco a Escorregamento de Encostas do sítio urbano de Ilhéus-
BA como contribuição ao planejamento urbano (FRANCO, 2008) foi realizada inicialmente
pesquisa bibliografia correlata à temática, além do levantamento de bases cartográficas. Nessa
etapa foram adquiridos programas e planos relacionados com as áreas de encostas e registros
de escorregamento com data, local de ocorrência e as perdas relacionadas. A caracterização da
área em estudo foi realizada no sentido de levantar dados sobre localização, características das
ocupações, geologia, declividade, clima, cobertura vegetal e solo. Para algumas dessas
características foram adotados procedimentos para digitalização e/ou elaboração de mapas no
programa ArcGis 9.0. Os mapas de Compartimentos Ambientais e Assentamentos Subnormais
foram georreferenciados. A partir das curvas de nível, com intervalo de um metro,
disponibilizados pela base da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
CONDER (2002), na escala de 1:2000 foi elaborado o mapa hipsométrico, por meio de uma
TIN, adotando-se o tamanho de um metro para o pixel. A modelagem foi realizada por
processos matemáticos, ajustando-se uma superfície que melhor representava o conjunto de
dados pontuais. A partir da TIN elaborou-se o mapa de declividade através da opção SLOPE
da ferramenta de surface analysis da extensão 3D Analyst do ArcGis. Utilizando
conjuntamente os mapas hipsométrico e de declividade foi elaborado o mapa de formas de
relevo, sendo a declividade inferior a 5% em baixas altitudes associadas a fundo de vales
chamadas de planície e em cotas elevadas classificadas como topo. O intervalo entre estas
duas unidades foi classificado como encosta. O mapa das áreas verdes de Ilhéus foi obtido do
trabalho de Silva, Strenzel e Moraes (2006) na escala 1:5000, de onde foi recortada a área de
estudo. O tamanho da área de cada tipo de vegetação foi calculado com o auxílio da extensão
41
XTools do ArcGis.
De acordo com Franco (2008) os pontos visitados foram rotulados conforme a
classificação de risco proposta pelo Ministério das Cidades (BRASIL, 2006). Assim, a
classificação de risco ficou dividida em quatro grupos: baixo ou inexistente (R1); médio (R2);
alto (R3); muito alto (R4), com auxílio de um mapeamento na escala de detalhe (1:2000), de
modo a permitir a observação e o registro de informações mais detalhadas referentes às
moradias e seu entorno. No trabalho é mencionado que a escolha dessa metodologia foi
decorrente de uma homogeneidade na classificação do risco no Brasil, já que a existência de
inúmeras metodologias com enfoques diversos, em função da formação do pesquisador,
provocava a existência, no país, de graus de risco distintos quando comparado os graus
alcançados em outras localidades. Para a hierarquização das áreas de risco foi utilizada a
metodologia proposta por Gusmão Filho, De Melo e Alheiros (1992). Essa metodologia foi a
mesma aplicada por Bandeira (2003), adaptando-a para a cidade de Ilhéus. Levou-se em conta
o fator topográfico e o fator de textura, por terem como atributos os elementos da
susceptibilidade; e o fator ambiental, por envolver os atributos relacionados à vulnerabilidade
da área. O fator climático não foi considerado por ser uniforme considerando-se os mesmos
índices pluviométricos para toda a área, bem como o fator geológico, em razão das encostas
estarem assentes sobre uma geologia única. Foram realizados vários testes com atribuições de
pesos, no sentido de ressaltar a importância relativa dos fatores de risco na deflagração dos
escorregamentos, de modo que se pudesse chegar o mais próximo da realidade vista em
campo. O fator topográfico foi composto pela amplitude, extensão e forma do perfil, os quais
foram obtidos pelos perfis topográficos e dados de declividade definidos a partir de equações
lineares utilizando o Sistema para Análises Estatísticas versão 9.1 SAEG (2007), ajustadas
entre comprimento e altura da encosta. Para a definição do tipo do perfil, as mesmas variáveis
(comprimento e altura da encosta) foram ajustadas a modelos polinomiais e escolhido aquele
que apresentou maior coeficiente de determinação, de modo que, por meio da análise dos
sinais positivos ou negativo dos coeficientes do modelo, fosse possível definir as diferentes
formas de encosta. O fator textura foi caracterizado pelo teor de silte e areia do horizonte C e
o fator ambiental representado pelos atributos pavimentação, esgotamento, coleta de lixo e
tipologia habitacional (madeira) a partir do banco de dados do Plano Estratégico Municipal
para Assentamentos Subnormais de Ilhéus (PEMAS) (2002). Os pontos de risco foram
identificados e classificados por meio da metodologia proposta pelo Ministério das Cidades
(BRASIL, 2006) e pela densidade demográfica, calculada a partir do produto entre o número
de casas dentro dos limites dos polígonos e a população de habitantes por domicílio estimado
42
pelo PEMAS (2002) e, posteriormente, dividido pelo tamanho da área zoneada. A partir
desses fatores foi elaborada uma planilha de cálculo no aplicativo Excel, com os valores
extremos de cada atributo de risco. De posse dos valores, os mesmos foram divididos
linearmente, num intervalo de quatro faixas de graus de risco, atribuindo-lhe seus
equivalentes numéricos (de um a quatro) arbitrariamente adotado, associando-os aos termos
lingüísticos, onde cada atributo recebeu uma avaliação qualitativa para o seu grau de risco.
A evolução da susceptibilidade de deslizamentos no município de Paraty-RJ foi
analisada em Silva et al. (2009), com base em dados de sensoriamento remoto óptico
multitemporal e dados de campo. Os softwares ENVI 4.3 e ARCGIS 9.2 foram usados no
processamento das imagens de sensoriamento remoto e no cruzamento de informações de
diversas origens. Sete classes de uso e cobertura do solo (ocupação humana rural e urbana,
desmatamento sem ocupação, rocha exposta, estradas, praias e costões rochosos, vegetação
natural e vegetação em recuperação) foram consideradas. Foi realizada uma reclassificação de
todos os produtos gerados, de acordo com a possibilidade de interferir no processo de
escorregamento. Com a aplicação do método foi observada uma diminuição progressiva das
áreas de baixa susceptibilidade e um aumento tanto das áreas de média quanto de alta
susceptibilidade à medida que ocorreu o aumento da ocupação humana.
1.3 Considerações
2 VISUALIZAÇÃO TRIDIMENSIONAL
2.1 Fotogrametria
1
Invenção anônima, cujo princípio já era conhecido por Aristóteles (384-322 A. C) (MENDONZA-HARREL,
2005, p.5) e que foi popularizada pelos pintores renascentistas (séculos XV e XVI), como Leonardo Da Vinci, a
fim de melhor produzir a realidade em seus desenhos e pinturas (MARTINS, 2010, p. 48),
2
“Neste processo, uma placa de metal foi exposta e sensibilizada pela luz, com uma porção de iodeto de prata,
45
dando origem ao processo fotográfico dos dias atuais” (SANTOS, 2011, p. 4).
46
3
“Conjunto dos conhecimentos e técnicas utilizadas para determinar as características físicas e biológicas de um
objecto através de medições feitas à distância, sem contacto material com o objecto” (CASIMIRO, 2002)
47
média da vegetação em relação ao solo; erros na colocação das curvas de nível; a necessidade
de inspeção local para determinação de elementos que não são visíveis de maneira satisfatória
e cuja natureza exata não pode ser determinada no estereomodelo; a necessidade de realização
de controle de campo; o investimento considerável em equipe de pessoal especializado, o que
torna o seu custo elevado; e, para realização de novos levantamentos, a necessidade de se
obter novas fotografias.
2.2 Estereoscopia
dada somente pela experiência do observador, como a visão em perspectiva, em que objetos
são vistos em uma posição relativa a um ponto de vista físico. Essa noção de perspectiva “é
resultado da aparente diminuição dos tamanhos e das distâncias entre os objetos, à medida que
o observador se distancia destes” (AZEVEDO; CONCI, 2003, p. 11). Para exemplificar tem-
se a imagem de uma rua na Foto 1. Uma pessoa, posicionada em uma das extremidades da
rua, ao observar o seu leito, poderá notar que, à medida que se distancia do observador, este
vai se afunilando, além das casas, árvores e postes que parecem reduzir de tamanho, ou seja,
os lados da rua, que no terreno são paralelos, convergem para um ponto de fuga no horizonte.
Foi no início do século XIX, após a descoberta de inúmeros métodos e máquinas, que
se descobriu os olhos não vêem em perspectiva, mas por um fenômeno estereoscópico.
Devido ao fato dos olhos estarem posicionados em lugares diferentes, cada um vê uma
imagem de modo diferente, ficando à cargo do cérebro usar essas diferenças, chamadas de
disparidade binocular, a fim de se obter a distância relativa dos objetos (AZEVEDO; CONCI,
2003).
A existência de uma grande diversidade de dispositivos, todos voltados para a
habilidade de perceber a profundidade com pares estereoscópicos é mencionada em Azevedo
e Conci (2003), entretanto, “não está claro o quanto nossa percepção de profundidade depende
puramente das disparidades geométricas ou quanto isso está relacionado à familiaridade de
52
ainda distante.
Os modelos utilizados na visão por computador são geralmente desenvolvidos em
física (radiometria, ótica, sensor e design) e computação gráfica.
Conforme David Lowe (1988)4, visão computacional é a extração automatizada de
informações a partir de imagens. Deste modo, visão computacional difere do conceito de
processamento de imagem, no qual uma imagem é processada para produzir outra imagem.
Para Segundo (2007), a visão computacional estéreo busca reproduzir a maneira como
os seres humanos enxergam o mundo, na qual as imagens visualizadas por cada olho, em
separado, são combinadas, com sucesso, gerando uma imagem tridimensional no cérebro.
A visão computacional tenta descrever o mundo que nós vemos em uma ou mais
imagens e de modo a reconstituir suas propriedades, tais como: forma, iluminação e
distribuição de cores (SZELISKI, 2010). A grande maioria das técnicas usadas em visão
computacional ainda são objetos de pesquisa, pois esta se encontra em seu estágio inicial, ou
seja, o sistema que ‘vê’ está muito distante de ser implementado. “Na prática, os algoritmos
de visão computacional existentes são responsáveis apenas por uma pequena parte do
processo de percepção visual. Desse modo, um conjunto desses algoritmos precisa ser
aplicado em cascata para formar sistemas mais complexos” (FRANÇA, 2003, p. 1).
4
http://www.cs.ubc.ca/~lowe/vision.html
54
esta reprodução é realizada por meios digitais, diz-se que se fez um MDT ou DTM, sendo esta
nomenclatura utilizada quando se refere à superfície topográfica. Em se tratando de superfície
visível, diz-se MDE ou DEM.
Em Galo (2006 apud GALINDO, 2008) é definido MDS ou DSM como o conjunto de
pontos de elevação, que representam uma porção da superfície terrestre, incluindo as feições
(por exemplo, árvores, edificações e rodovias). Já o MDT refere-se à representação da
superfície física, sem as feições antrópicas, árvores etc..
Silva (2009) conceitua MDS como o resultado da extração automática do MDE, pela
computação de similaridades entre imagens sobrepostas devidamente orientadas, sem a
posterior intervenção humana para sua validação. Havendo a validação humana e manual do
mesmo produto em ambiente estéreo, o produto final será o MDT.
A qualidade de um MDS depende diretamente de três principais fatores (SILVA,
2009): a qualidade das imagens aéreas, pois afeta diretamente nas medidas de similaridade
(correlação de imagens), uma que uma imagem pouca definição implica em baixa eficiência
na medição das similaridades; o tipo de cobertura vegetal, pois em áreas com alta densidade
de cobertura vegetal, além da ocorrência de buracos, ocorrem as principais falhas das leituras
de similaridade. Os pontos, quando localizados, ocorrem sobre a parte superior das coberturas
vegetais e não sobre o terreno, daí a denominação MDS; e o tipo de relevo, devido à
dificuldade de medir a semelhança de pontos nas áreas com alta declividade, diminuindo
substancialmente a qualidade da representação do relevo nestas áreas.
A pesquisa inicial sobre MDT data de meados da década de 50 e é creditada ao
professor Charles L. Miller do Massachussets Institute of Technology (MIT). Teve como
objetivo principal a execução de projetos de estradas auxiliados por computador. A partir de
pontos de altitudes, obtidos por métodos fotogramétricos, criavam-se modelos altimétricos do
terreno, com pontos espaçados em intervalos regulares (WEISBERG, 2008). Desde então, os
MDTs vêm sendo usados em vários campos de aplicação, por exemplo, na representação de
informações de ordem econômica e social (como a distribuição da população ou da renda dos
habitantes de uma região) ou na representação de informações acerca do meio físico (dados de
geofísica (sísmica, gravimétrica), dados de sondagens geológicas, poluição, ruído,
temperatura etc.) (SIMÕES, 1993).
Em Souza (2006) é mencionado que a modelagem digital é uma alternativa com
crescente aplicabilidade em diversos campos de trabalho, como em pesquisas destinadas à
execução de projetos de estradas auxiliados por computador para a engenharia civil, geração
de mapeamentos de drenagem, declividade, visibilidade em linhas de transmissão dentre
56
outros.
Para a geração de um MDT são necessárias três etapas: a aquisição de dados, a
preparação e tratamento dos dados e geração do MDT (PERES, 2006).
Os dados sobre o terreno que podem ser obtidos de diversas maneiras, sendo as mais
comuns: fotogrametria, Lidar, interferometria de radar de abertura sintética (Insar),
digitalização de mapas e aquisição direta por meio de levantamentos topográficos. Em um
MDT, os dados são representados pelas coordenadas X, Y, Z, sendo Z o parâmetro a ser
modelado, com Z=f (x, y) (GABOARDI, 2009).
O tratamento dos dados implica em eliminar pontos levantados erroneamente ou
acrescentar pontos onde houver falhas, para a geração correta do MDT e coerência com a
superfície real. Segundo Watson (1992 apud MATOS, 2005) a falta de informação (poucos
dados amostrados) leva à geração de modelos pobres com tendência de suavizar o terreno. Já
o excesso de informação (quantidade de pontos muito grande) sobrecarrega o sistema, com o
uso excessivo de memória, além de encarecer desnecessariamente o levantamento.
Para a geração do MDT faz-se necessária a utilização das técnicas de interpolação.
“Um princípio básico, compartilhado por todos os métodos, é de que pontos mais próximos
tendem a ter características mais semelhantes do que pontos mais distantes” (BURROUGH,
1986 apud MATOS, 2005). As funções interpolantes média das altitudes das amostras
vizinhas, triangulação de Delaunay e vizinho natural, superfície de tendência, série de
Fourier, superfície de mínima curvatura (Spline) e Krigagem são as mais comumente
utilizadas. Detalhes sobre as características destas funções podem ser visualizados em Matos
(2005, p. 67 - 68).
As elevações da superfície podem ser representadas por dois grupos básicos: rede ou
malha triangular irregular (TIN) e rede ou malha quadrada ou regular.
As malhas triangulares irregulares (Figura 1) são estruturas do tipo vetorial, compostas
por vértices de arestas, que representam a superfície através de um conjunto de faces
triangulares interligadas. Para cada um dos vértices dos triângulos, as coordenadas de
localização (X, Y) e o atributo Z (estimado via interpolação) são armazenados, representando
um valor qualquer (elevação ou altitude). Quanto mais as faces triangulares forem equiláteras,
maior será a exatidão com que a superfície será descrita (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO,
2001, p. 2-27).
57
Uma área pode ser mapeada tridimensionalmente a partir de duas fotografias aéreas
tiradas de pontos de vista distintos (O1 e O2), proporcionando uma superposição de parte da
mesma área (Figura 4). Existem muitos conceitos relacionados a esse processo, por exemplo,
a geometria das fotografias e o conceito de paralaxe e restituição. À medida que os conceitos
forem apresentados, as Figuras 3 e 4 serão aplicadas ao longo do texto. Elas apresentam,
respectivamente, as relações geométricas da paralaxe estereoscópica e a representação
hipotética de duas imagens aéreas verticais consecutivas de um terreno.
a b x a b x
H Hv xa xb
linha de voo
xb xa
A
h
b1 b2
a1
a2
PP1 x PP2 x
xa1 xb2
xb1 xa2
Foto1 Foto2
3.1 Paralaxe
pxi = xi 1 − xi 2 (7)
em que:
pxi é a paralaxe absoluta das imagens , com i=a, b, c, ...z;
xi1 é o deslocamento, ao longo da abscissa, do ponto principal ao pé das imagens (ponto-
imagem) na fotografia da esquerda (valores positivos);
xi2 é o deslocamento, ao longo da abscissa, do ponto principal ao pé das imagens (ponto-
imagem) na fotografia da direita (valores negativos);
Uma fotografia faz um registro preciso das posições dos objetos na cena no momento
da exposição. Ao adquirir várias fotografias aéreas ao longo de uma linha de voo, os pontos-
imagens são registrados a partir de diferentes perspectivas. Conforme pode ser observado na
Figura 4, seguindo a linha de voo, representada pelo eixo x, os pontos A e B representados no
terreno, são visualizados de diferentes perspectivas. Em O1 os pontos A e B estão à frente do
observador (avião), enquanto que em O2 eles ficaram atrás.
Das Figuras 4 e 5, alguns conceitos podem ser apresentados: a posição do centro
perspectivo (ótico) no instante da tomada da fotografia é chamado de estação de exposição
(O). A altitude de voo (H) é dada pela distância vertical entre a estação de exposição e o
62
Geóide (nível médio do mar), medida em metros. A distância vertical entre a estação de
exposição e um plano qualquer de referência do terreno é denominada altura de voo (Hv). Sua
medida é o metro. A fotobase ou base fotográfica (b) é representada em milímetros e
correspondente à aerobase na fotografia, ou seja, a distância horizontal medida sobre a
fotografia, entre as projeções de duas estações de exposição consecutivas. A aerobase ou base
aérea (B) é distância horizontal entre o centro de duas tomadas de fotos consecutivas de uma
linha de voo, ou seja, a distância entre as estações de exposição de fotografias consecutivas,
medida em metros. O ponto formado pela projeção ortogonal do centro perspectivo no plano
do filme, do negativo ou da fotografia é o ponto principal da fotografia (PP). Ele é definido
pela interseção das linhas que unem as marcas fiduciais opostas da foto. O ponto do centro de
uma fotografia que aparece na fotografia consecutiva, devido ao efeito de recobrimento é
chamado de centro transferido (PP’). O sistema de coordenadas cartesianas, cujo ponto de
origem coincide com o ponto principal da fotografia é chamado de sistema de coordenadas
fotográficas. A linha que une o ponto principal da fotografia esquerda com o ponto principal
da fotografia direita, projetado sobre a fotografia esquerda define o eixo x e representa a linha
de voo (direção seguida pelo avião, durante a tomada das fotografias). Por fim, o eixo y é
definido pela linha perpendicular ao eixo x, passando pelo centro da fotografia.
Nas fotografias aéreas, a escala (E) depende basicamente de três fatores: distância
focal (f), altura de voo (Hv) e as condições do relevo. Por definição, a escala é a relação entre
um comprimento unitário horizontal de um objeto no mundo real e o seu comprimento
correspondente na imagem (CASACA, MATOS; BAIO, 2000 apud PEREIRA, 2005). É
normalmente determinada durante o planejamento do voo e é o resultado da relação entre a
distância focal da câmara (f) utilizada e a altura de voo (Hv).
Maneiras de se determinar a escala:
a) relações entre a distância entre dois pontos na fotografia (dfAB) e sua
correspondente no terreno (dtAB), dada pela expressão (8).
df AB
E= (8)
dt AB
b) relações entre a base fotográfica (b) e a base aérea (B), representada em (9).
b
E= (9)
B
63
Segundo Pereira (2005) uma fotografia aérea não apresenta uma escala uniforme. Esta
tem uma perspectiva central e a variação de escala que ocorre ao longo do documento está
diretamente relacionada com a variação altimétrica do terreno. Devido à ondulação do
terreno, um conjunto de fotografias aéreas apresenta uma escala média, pois a altura do voo
não é constante. “A variação de relevo do terreno deve ser considerada durante o
planejamento do voo para que não ocorram variações acima da ordem de cinco a dez por
cento da escala planejada” (KUGLER, 2008).
A escala média (Em) da fotografia corresponde à razão entre a distância focal f e a
média das altitudes do terreno coberto pela fotografia (altura do voo). É dada por pela
equação (10):
f (10)
E=
Hv
com
Hv = H − h (11)
A partir da distância focal (f) e da escala da foto (E) pode ser determinada a altura de
voo (Hv) conforme a equação (12).
f (12)
Hv =
E
b = l( 1 − R long ) (13)
em que :
l é o lado da fotografia, em mm.
Rlong é o recobrimento longitudinal da fotografia.
B = b.E (15)
(16)
∆px = px( a) − px(b)
A diferença de nível (∆h) entre esses mesmos dois pontos, para terrenos relativamente
planos, é obtida pela diferença de paralaxe, através da relação (17):
H ∆ px (17)
∆h =
b
H ∆ px (18)
∆h =
( b + ∆ px )
L = A . V
x1 1 coluna1 linha1 0 0 0
y1 0 0 0 1 coluna1 linha1 a 0
x 1
coluna2 linha2 0 0 0 a1
2
y2 0 0 0 1 coluna2 linha2 a 2
x = 1 ⋅
coluna3 linha3 0 0 0 b0 (21)
3
y3 0 0 0 1 coluna3 linha3 b 1
x4 1 coluna4 linha 4 0 0 0 b2
y 0 0 0 1 coluna 4 linha 4
4
V = A. X − Lb (23)
La = Lb + V (24)
67
em que:
X é o vetor dos parâmetros (a0, a1, a2, b0, b1, b2)’ ajustados, ou seja, é o que se deseja
conhecer;
A é a matriz dos coeficientes dos parâmetros, que contém, entre outros, os valores das
coordenadas pixel das marcas fiduciais;
P é a matriz peso das observações. Se todos os pontos tiverem o mesmo peso (por exemplo,
se todas as marcas passaram pela mesma calibração), P é igual à matriz identidade;
Lb é o vetor das observações (x1, y1, x2, y2, x3, y3 , x4, y4)’, que são os valores das coordenadas
em mm das marcas fiduciais constantes do certificado de calibração da câmara;
V é a matriz dos resíduos;
La é o vetor das observações (x1, y1, x2, y2, x3, y3 , x4, y4)’ ajustadas.
em que:
c é a distância focal calibrada;
x', y' são coordenadas do ponto P no sistema fotogramétrico (espaço imagem);
X, Y, Z são coordenadas cartesianas do ponto P (espaço objeto);
X 0, Y 0, Z0 são coordenadas do centro perspectivo da câmara (espaço objeto);
rij são elementos da matriz de rotação R.
A matriz de rotação R, dada pela Equação (27), constitui uma matriz ortonormal para o
espaço tridimensional, de maneira que R-1 = RT.
1 0 0
Rϖ = 0 cosϖ senϖ (28)
0 − senϖ cosϖ
cos ϕ 0 − senϕ
Rϕ = 0 1 0 (29)
senϕ 0 cos ϕ
com:
∂ε 1 ∂ε 1 ∂ε 1 ∂ε 1 ∂ε 1 ∂ε 1
∂X ∂Y0 ∂Z 0 ∂φ 0 ∂ω 0 ∂κ 0
0
∂η 1 ∂η 1 ∂η 1 ∂η 1 ∂η 1 ∂η 1
∂X 0 ∂Y0 ∂Z 0 ∂φ 0 ∂ω 0 ∂κ 0
∂ε ∂ε 2 ∂ε 2 ∂ε 2 ∂ε 2 ∂ε 2
2 (32)
∂X ∂Y0 ∂Z 0 ∂φ 0 ∂ω 0 ∂κ 0
A= 0
∂η 2 ∂η 2 ∂η 2 ∂η 2 ∂η 2 ∂η 2
∂X ∂Y0 ∂Z 0 ∂φ 0 ∂ω 0 ∂κ 0
0
∂ε i ∂ε i ∂ε i ∂ε i ∂ε i ∂ε i
∂X 0 ∂Y0 ∂Z 0 ∂φ 0 ∂ω 0 ∂κ 0
∂η ∂η i ∂η i ∂η i ∂η i ∂η i
i
∂X 0 ∂Y0 ∂Z 0 ∂φ 0 ∂ω 0 ∂κ 0
70
X 00
Y
00
Z00 (33)
X0 =
φ0
ω
0
κ 0
ε 10
η
10
ε 20 (34)
L0 =
η 20
ε
i0
η i 0
ε 1
η
1
ε 2 (35)
Lb =
η 2
ε
i
η i
X 0 2 − Z 0 2 k x 2 + Z 0 1 k x2 − X 0 1 (38)
Z=
k x1 − k x 2
em que:
As Equações (36) e (37) e os valores de kxi e kyi (Equações (39) e (40)) podem ser
desmembrados para a primeira e a segunda imagens (ou para mais imagens) da interseção
espacial, o que levará às equações (41) a (44):
3.4 Interpolação
Pode ocorrer que, em função da aplicação, o número de pontos coletados não seja
suficiente para representar, com qualidade, o terreno, sendo necessário o uso de algum
método de interpolação para aumentar a quantidade dos pontos e, consequentemente, melhor
representar o terreno.
Os métodos de interpolação são funções matemáticas que têm como parâmetros
pontos de controle (dados pontuais) estimados ou medidos sobre uma superfície (LI; ZHU;
GOLD, 2005). Para McCullagh (1988) espera-se que função interpoladora tenha propriedades
matemáticas de interesse para a aplicação, de modo a reproduzira uma superfície contínua, em
um tempo computacional não proibitivo.
Em geral, os métodos de interpolação são globais ou locais. Os métodos globais uma
função deve ser ajustada de modo que considere e passe por todos os pontos amostrados. Os
métodos locais levam em consideração os pontos que estejam em certa vizinhança,
diminuindo sua contribuição à medida que os vizinhos se distanciam do ponto interpolado.
Conforme Barbosa (1999) existe uma variedade muito grande de formas de
interpolação que podem ser utilizadas para a densificação do MDT, como polinômios, splines,
elementos finitos, mínimos quadrados, inverso do quadrado da distância, vizinho mais
próximo, média simples, vizinhança natural e krigagem linear e não-linear.
3.5 Declividade
Talude Natural/Encosta
H = Diferença de Potencial
Gravitacional
O talude natural quando sofre algum tipo de escavação é denominado talude de corte.
Já o talude artificial é originado a partir de aterros diversos (rejeitos, bota-foras etc.) (Figura
6).
Talude natural/encosta
α = inclinação
A inclinação (Figura 7) é formada pelo arco tangente da amplitude (H) dividida pelo
comprimento na horizontal (L). Considera-se declividade, a porcentagem da amplitude (H)
dividida pelo comprimento na horizontal (L). Ela pode ser expressa em graus (0° a 360°) pelo
valor do ângulo de inclinação (α), valor da tangente de α ou por percentual (%), enquanto que
o aspecto é expresso em graus (0° a 360°).
A declividade entre dois pontos, segundo Orth (2008) pode ser calculada seguindo os
seguintes passos: (1) determinar a cota dos dois pontos por interpolação (regra de três); (2)
determinar a diferença de nível entre os dois pontos (DN); (3) determinar a distância
horizontal entre os dois pontos (DH); (4) calcular a declividade usando a Equação (45):
DN
declividad e = ⋅ 100
DH (45)
Uma superfície representada por uma matriz de cotas (tipo raster) pode ser
matematicamente considerada contínua, uma vez que é possível ter-se derivadas em qualquer
ponto da superfície. Na prática, a superfície é discretizada para ser representada via
computador, mas o cálculo da derivada é possível pelo cálculo das diferenças em um filtro
quadrado ou ajustando a superfície usando um polinômio (BURROUGH; MCDONNEL,
1998).
Os algoritmos mais populares são Evans, Shary, Zevenbergen e Thorne, Horm e
Evans-Young. Um filtro 3×3 (Figura 8 (a)) é utilizado para percorrer a grade de pontos.
Todos algoritmos empregam entre quatro e nove células desse filtro, a fim de calcular uma
estimativa do gradiente (declive), aspecto (orientação) e curvatura. No entanto, apenas alguns
desses têm sido implementados em software comercial e esses tendem a ser os algoritmos
mais descritos na literatura. A Figura 8 (b) representa a posição de cada célula do filtro 3×3,
ao varrer a grade.
(a) (b)
Fonte: CADELL, 2002.
2 2 2rx 2 2 ty 2 (46)
Z (x,y) = Ax y + Bx y + Cxy + + sxy + + px + qy + D
2 2
Os nove parâmetros são determinados pelas nove elevações (valores de Z) de uma
janela 3x3. Estão apresentados na Equações (47) a (55):
(Z 1 + Z 3 + Z 7 + Z 9 ) (Z 2 + Z 4 + Z 6 + Z 8 ) (47)
− + Z 5
4 2
A= 4
d
77
(Z 4 + Z 6) (50)
− Z 5
2
r=
d2
(Z 2 + Z 8 ) (51)
− Z 5
2
t =
d2
s=
(-Z1 + Z 3 + Z 7-Z 9) (52)
4d 2
p=
(-Z 4 + Z 6) (53)
2d
q=
(Z 2-Z 8) (54)
2d
D = Z5 (55)
calcular o declive, o modelo é simplificado, usando quatro pontos. Se o valor da curvatura for
positivo, ela é côncava, caso contrário, convexa. As formulações para encontrar a declividade,
aspecto e curvatura são dadas a seguir:
(56)
Declividade = p² + q²
O pixel para o qual está sendo calculada inclinação está em cinza. As elevações dos
pixels são dadas em metros e o tamanho da célula na direção do eixo X e do eixo Y foi fixado
em 10m.
p= (-22+25)/2*10
= 3/20
= 0,15
q= (20-24)/2*10
= -4/20
79
= -0,2
Declividade= sqrt(p2+q2)
= sqrt(0,0225 + 0,04)
= 0,25
p=
[(Z3 + 2Z6 + Z9) − (Z1 + 2Z4 + Z7)] (60)
8d
q =
[(Z1 + 2Z 2 + Z 3) − (Z 7 + 2Z 8 + Z 9)] (61)
8d
As etapas finais para encontrar o aspecto de uma encosta utilizando o método de Horn
é semelhante à etapa final do método de Zevenbergen e Thorne. O aspecto é calculado por:
80
p (62)
Aspecto = a tan ( )
q
Ambos os métodos estão sujeitos ao atan. Isto significa que é preciso ter cuidado ao
calcular o ângulo de aspecto. É importante estar ciente de qual quadrante o ângulo se
encontra.
Pela Equação (63) pode-se calcular os seis componentes do polinômio para todos os
pontos de em grade regular, com exceção de linhas e colunas de fronteira. Eles podem ser
vistos nas equações (64) a (68),
Z 1 + Z 3 + Z 4 + Z 6 + Z 7 + Z 9 − 2(Z 2 + Z 5 + Z 8 ) (64)
r =
3d²
Z1 + Z 2 + Z 3 + Z 7 + Z 8 + Z 9 − 2(Z 4 + Z 5 + Z 6 ) (65)
t =
3d²
Z 3 + Z 7 − Z1 − Z 9 (66)
s =
4d²
Z 3 + Z 6 + Z 9 − Z1 − Z 4 − Z 7 (67)
p =
6d
Z1 + Z 2 + Z 3 − Z 7 − Z 8 − Z 9 (68)
q =
6d
O método faz uma aproximação de valores de elevação nos pontos da janela, em vez
de passar exatamente por eles, levando a uma suavização da função de elevação dentro da
janela. Outro mérito do método é a utilização de medições utilizando os nove valores da
janela para estimar os seis coeficientes do polinômio (FLORINSKY, 2011).
Dos valores encontrados para r, t, s, p e q pode-se encontrar a curvatura. A Equação
82
(70)
p 2 r − 2 pqs + q 2t
PerfilC = −
( p2 + q2 ) 1 + p2 + q2
(1 + q 2 )r − 2 pqs + (1 + p 2 )t (71)
FormaC = −
( p2 + q2 ) 1 + p2 + q2
83
4 EXTRAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS
David Lowe (LOWE, 1999; 2004) propôs o algoritmo SIFT, cujo objetivo é extrair
características distintas de imagens ou cenas, invariantes a escala e rotação, e parcialmente
invariante a mudança de iluminação e de ponto de vista. Os principais estágios algoritmicos
usados para gerar o conjunto de características da imagem são (LOWE, 2004): (1) detecção de
extremos no espaço escala: a primeira etapa realiza busca para todas as escalas e localizações
da imagem. A implementação utiliza uma função diferença-Gaussiana (filtros) para identificar
pontos de interesse em potencial que são invariantes a escala e rotação; (2) localização de
pontos chave (Keypoints): para cada local candidato, um modelo detalhado é apto para
determinar a localização e escala. Keypoints são selecionados com base em medidas de
84
estabilidade; (3) atribuição de orientação: uma ou mais orientações são definidas para cada
ponto chave baseadas em direções dos gradientes locais da imagem. Todas as operações
futuras são realizadas sobre os dados da imagem transformados em relação à orientação
atribuída, escala e localização de cada ponto chave, proporcionando, assim, invariância a
essas transformações; (4) descritor de pontos chave: Os gradientes locais da imagem são
medidos na região em torno de cada ponto chave na escala selecionada. Estas medidas são
transformadas em uma representação que permite a níveis significativos de distorção da forma
local e mudança na iluminação.
O SIFT foi originalmente idealizado para operar em imagens estereoscópicas
sensoriadas a curta distância em aplicações de reconhecimento de objetos, por exemplo,
robótica e reconhecimento facial (SILVEIRA et al., 2011). Também tem sido aplicado em
fotogrametria para modelagem 3D de objetos pequenos (arqueologia) (KALANTARI, 2004),
para a análise espaço-temporal recurso de controle (HEINRICHS; HELLWICH;
RODEHORST, 2008). Suas aplicações em sensoriamento remoto vêm se tornado cada vez
mais comuns (WU et al., 2008; YANG; NEWSAM, 2008; SILVEIRA et al., 2011), dentre as
quais encontra-se a utilização com imagens de satélite e imagens aéreas (ABEDINI;
HAHNB; SAMADZADEGANA, 2008) e dados de radar (LI; ZHANG; YAN, 2008),
mapeamento em tempo real de veículos aéreos não tripulados (STEFFEN; FÖRSTNER,
2008), detecção de objetos (TAO et al., 2010)
Conforme Lingua, Marenchino e Nex (2009) vários métodos semelhantes ao SIFT têm
sido desenvolvidos para superar seu alto custo computacional, no entanto, as implementações
mais rápidas PCA e Speed Up robust Features (SURF) reduzem a precisão da localização
ponto.
Uma descrição completa do SIFT é apresentada em David Lowe (LOWE, 1999;
LOWE, 2004).
85
Figura 9 – Mapa do estado do Rio de Janeiro, com destaque para o município de Nova
Friburgo e seus oito distritos
6
4
3 1
7
8 5
Devido ao seu relevo, essa região apresenta sérias limitações à ocupação humana. A
cidade e as vilas ocupam somente quatro por cento do território. De acordo com o sítio da
87
Prefeitura Municipal, a sede do município possui uma altitude média de 846 metros. Algumas
de suas montanhas possuem mais de 2000 metros de altitude, como o Pico Maior de Friburgo,
uma formação montanhosa com altitude de 2316 metros, considerada o ponto culminante de
toda a Serra do Mar; o Pico Médio de Friburgo com 2285 metros; o Pico Menor de Friburgo
com 2262 metros; o Pico da Caledônia com 2219 metros; a Pedra do Capacete com 2200
metros; o Morro do Ronca-Pedra com 2080 metros e a Pedra Cabeça de Dragão com 2018
metros.
A vegetação é composta pelo conjunto de formas de vida vegetal, como: florestas,
matas ciliares, campos de pastagens, plantações e demais componentes da flora (BRANDÃO
et al, 2009). A vegetação original da área, constituída pela Mata Atlântica, já foi bastante
devastada pela ação antrópica, mesmo assim, o município abriga um dos principais
remanescentes florestais de mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro (BRANDÃO et al.,
2009). Em locais afastados dos núcleos urbanos, como o Parque dos Três Picos, a vegetação
ainda permanece intacta.
O clima do município é o tropical de altitude. A temperatura é amena no verão e fria
no inverno, com as quatro estações bem definidas.
Na hidrografia da região predomina os rios encaixados em vales, cujas nascentes se
encontram situadas em topografias bem elevadas. Dessa forma, o volume e a velocidade das
águas são influenciadas diretamente pelas características do relevo (BRANDÃO et al., 2009).
A precipitação fica em torno dos 2000 mm anuais (mais acentuada na crista da serra),
ocorrendo com mais intensidade nos períodos de dezembro, janeiro e fevereiro, com
alternância entre o regime torrencial e constante, podendo ocasionar enchentes nas margens
do rio principal, o Bengalas, devido às fortes enxurradas.
Sant’ana (2006) menciona que nas escarpas serranas, os solos são geralmente
bastantes lixiviados e pouco espessos, impedindo, por vezes, o desenvolvimento da cobertura
vegetal e apresentando um alto potencial de ocorrência de movimentos de massa. Diante
disto, tais áreas deveriam ser destinadas apenas à preservação ambiental e ao ecoturismo.
Na Figura 11 é apresentada a litologia da região de Nova Friburgo. Como pode ser
observada, a região é composta de granito, gnaisses e migmatitos.
Segundo o plano municipal de redução de riscos de Nova Friburgo, o substrato
rochoso do município é constituído por rochas cristalinas granito-gnáissicas do proterozóico
médio superior, do proterozóico superior e do cambro-ordoviciano, cortadas por diques e
intrusões básicas do Terciário–Cretáceo. Estão capeadas por sedimentos aluvionares e
coluvionares do período Quaternário. Para maiores detalhes leia Nova Friburgo (2011).
88
Img1 Img2
Img3 Img4
Img5 Img6
Fonte: A autora, 2012.
92
O estereopar composto pelas imagens Img1 e Img2 foi o mesmo utilizado nos
trabalhos Fernandes (2008) e Carmo (2010). Conforme consta na documentação (Anexo II),
as aerofotos foram tiradas da região em 13 de abril de 2001. Para facilitar a visualização, os
dados necessários à realização desta pesquisa foram extraídos do documento de Calibração da
Câmera e do voo (Anexo II) e são encontrados nas Tabelas 5 a 8. Na Tabela 5 encontram-se
os dados referentes à calibração e os respectivos valores utilizados. Os parâmetros
determinados na calibração, com seus respectivos valores podem ser vistos na Tabela 6.
De acordo com a representação do plano focal, considerando a câmera sendo vista por
trás (negativo sendo visto com a emulsão para baixo), a posição das marcas fiduciais para as
fotos áreas em questão, estão representadas na Figura 13. Elas possuem como objetivo
principal, a definição do ponto principal c, ou seja, do ponto de interseção do eixo óptico da
câmara com o plano do negativo.
3 2
y
0
x
1 4
Fonte: JENSEN, 2009.
duplicados, entre 6,24% e 7,66%. Para todos os pares de imagens foram efetivamente
utilizados mais de 90% dos pontos.
O MDT foi gerado a partir de uma grade regular com 65536 pontos. A altitude de cada
ponto foi encontrada usando paralaxe. Para completar a grade foi realizada interpolação
usando média simples (valor de cota de cada ponto da grade estimado a partir da média
simples das cotas dos oito vizinhos mais próximos desse ponto). Todos os MDTs
apresentados (Figuras 14 a 18) mostram somente altitudes acima de 850m. O Google Earth
foi utilizado para realização de comparação de altitudes, por ser uma ferramenta gratuita e de
fácil acesso, de grande contribuição para estudos preliminares e devido a esta pesquisa não
prover de outros recursos para a realização desta comparação.
O MDT gerado a partir de E1.1 encontra-se na Figura 14. A média da altitude para
essa região, cuja base é a imagem Img1, ficou em torno de 1024,9m, sendo 1752,8m o maior e
95
888,1m o menor valor encontrado, a partir dos pontos encontrados pelo SIFT. O ponto central
da imagem Img1, de acordo com os cálculos realizados, foi de aproximadamente 1055 m. Este
valor coincide com a altitude dessa mesma área, se observado no Google Earth.
O MDT gerado a partir do par de E1.3 é mostrado na Figura 16. Refere-se à região
central da cidade de Nova Friburgo, cuja altitude fica em torno dos 846m. A média da altitude
para essa região ficou em torno de 961,56m, sendo 1201,1m o maior valor encontrado e
772,7m o menor valor.
Na Figura 17 é exibido o MDT gerado a partir de E1.4. A média da altitude para esta
região ficou em torno de 1135,1m, sendo 1378,8m o maior valor encontrado.
Encontra-se na Figura 18 o MDT gerado a partir de E1.5. A média da altitude para esta
região ficou em torno de 1081,3m, sendo 1246,6m o maior valor encontrado.
Figura 19 – Imagens geradas para o par de imagens Img1 e Img2 nos trabalhos Fernandes
(2008), Carmo (2010) e experimento 1
(a) (b)
(c) (d)
(e)
Legenda:(a) – resultado obtido em Fernandes (2008) a partir de 50 pontos de apoio localizados manualmente.
(b) – resultado obtido em Fernandes (2008) a partir de 100 pontos de apoio localizados manualmente.
(c) – resultado obtido em Carmo (2010) a partir de 50 pontos de apoio localizados automaticamente,
usando SIFT. (d) – resultado obtido em Carmo (2010) a partir de 100 pontos de apoio localizados
automaticamente, usando SIFT. (e) – resultado obtido no experimento 1 para o par de imagens E1.1,
com 3785 pontos efetivamente utilizados.
Fonte: FERNANDES, 2008; CARMO, 2010; COELHO; ASSIS; PACHECO, 2011.
algoritmo SIFT não conseguiu encontrar pontos homólogos em regiões de mata densa, bem
como em rochas (por exemplo, local onde se encontrava as instalações do IPRJ), como pode
ser observado na Figura 20 e o resultado da superfície gerada na Figura 15. O ideal seria
encontrar pontos homólogos também nessas regiões para poder melhor representar o terreno.
1300
1030
860
Outra observação foi quanto à área abrangida pelas fotografias aéreas. Por se tratar de
uma área muito extensa, seria viável a análise de regiões menores, a fim de poder captar mais
detalhes. A seleção de uma área menor para ser visualizada tridimensionalmente, poderia
trazer mais qualidade ao estudo, com resultados mais satisfatórios. Quanto mais pontos forem
encontrados, mais fiel será o resultado apresentado.
Partindo destas observações o próximo passo foi procurar uma maneira de aumentar o
número de pontos encontrados em cada par de imagens. Foram realizados testes selecionando
áreas menores nas imagens originais, sem a realização de redução de pixels, como ocorrido no
na fase anterior. Escolheu-se previamente o tamanho de 1024x1024 pixels para cada recorte,
99
devido a vários fatores, dentre eles, a abrangência de uma área significativa para posterior
análise, a qualidade da imagem e o tempo médio gasto pelo algoritmo para a sua execução
(356 segundos em um computador Intel® Pentium® Dual CPU E2180 @ 2.00GHz, 2GHz de
memória RAM, sistema Operacional Windows XP Professional, MATLAB versão R2007a).
Na Tabela 10 encontra-se a quantidade de recortes gerados e quais as imagens foram usadas
para a extração das áreas, além da posição, nas imagens originais, de onde foram recortadas as
imagens.
Com relação ao SIFT, verificou-se que a variável distRatio tem a função de ditar
como ele irá descartar os pontos-candidatos sem que lhes seja associado um ponto-chave. À
medida que o valor do distRatio cresce, cresce também o número de pontos chave falso-
positivos. Ao usar um valor menor, os falso-positivos são reduzidos, no entanto, reduz-se,
também, o número de falso-negativos e, consequentemente, o número de pontos homólogos
encontrados, como pode ser observado na Figura 21. Na execução cujo resultado está
representado em (a) foram encontrados 502 pontos, sendo um falso-positivo. Na execução
representada em (b) foram encontrados 981 pontos, sendo seis falso-positivos. Em (c) foram
encontrados 1794 pontos, sendo 51 falso-positivos e em (d), cuja execução foi utilizado o
distRatio igual a 0,9, foram encontrados 4026, sendo 1529 falso-positivos. Todos os falso-
positivos foram descartados.
100
(a) (b)
(c) (d)
Legenda: (a) distRatio igual a 0,6, (b) distRatio igual a 0,7, (c) distRatio igual a 0,8 e (d)
distRatio igual a 0,9.
Fonte: A autora, 2012.
Tabela 11 – Resumo dos resultados dos testes realizados com um par de imagens (Figura 21)
no algoritmo SIFT
Acréscimo de pontos confiáveis
Correspondências em relação à fase anterior (%)
distRatio encontradas Descartadas confiáveis 501 975 1743
0,6 502 1 501 - - -
0,7 981 6 975 94,61 - -
0,8 1794 51 1743 247,90 78,77 -
0,9 4026 1529 2497 398,40 156,10 43,26
Fonte: A autora, 2012.
(a) (b)
Fonte: A autora, 2012.
(a) (b)
(c)
Fonte: A autora, 2012.
com a utilização do algoritmo SIFT. Nota-se na Figura 24 que existe uma quantidade muito
grande de pontos a serem preenchidos, uma vez que uma malha de 256x256 pixels possui
65536 pixels.
Figura 24 – Redução dos pontos encontrados representando uma malha de 64x64 pixels e
256x256 pixels
(a) (b)
Fonte: A autora, 2012.
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: A autora, 2012.
105
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: A autora, 2012.
106
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: A autora, 2012.
107
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: A autora, 2012.
Nas Figuras 29 a 32 encontram-se os MDTs gerados para os testes E2.1, E2.2, E2.3,
E2.5, respectivamente. Procurando retratar mais a realidade, utilizou-se como textura, a
primeira foto de cada par estereoscópico. Em todas as figuras, na letra (a) encontra-se a
imagem que foi recortada da primeira imagem de cada par estereoscópico. Nas letras (b) e (c),
a imagem gerada em 3D e na letra (d), o MDT gerado cujas atitudes encontradas estão
representadas por cores. Estes MDTs foram gerados com o software MATLAB.
108
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: A autora, 2012.
109
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: A autora, 2012.
110
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: A autora, 2012.
111
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: A autora, 2012.
Para representar o modelo de elevação foram estabelecidas nove faixas, cujos valores,
em metros, foram alterados conforme a necessidade de cada área a ser analisada. A Legenda
de cores utilizadas no modelo de elevação, bem como um exemplo dos valores das faixas,
encontra-se na Tabela 12. A partir do MDE foram gerados os modelos de declividade,
aspecto e perfil.
(a) (d)
(b) (e)
(c) (f)
Fonte: A autora, 2012
115
Com relação aos mapas de declividade, não se percebe visualmente, diferenças entre
os métodos. Em se tratando do aspecto da área analisada, visualmente, não se percebe
diferença entre a Figura 33(e) e (f), diferente da figura 33(d), que utilizou o método de Horm.
Para a superfície de curvatura foram implementados os métodos Evans-Young e
Zevenbergen e Thorne. Os resultados podem ser observados na Figura 34, em que (a), (b) e
(c) são os resultados obtidos com a utilização do método de Evans-Young, rspectivamente,
perfil de curvatura, plano de curvatura e curvatura. Já as figuras (d), (e) e (f) são os resultados
obtidos com o método Zevenbergen e Thorne.
Os objetos como, árvores, torres dentre outros, interferem na geração da altitude que,
por sua vez podem gerar informações falsas sobre a área analisada. No entanto, o intuito aqui
é a realização de uma seleção preliminar de qual(is) área(s) deverão ter prioridade da visita in
loco.
119
CONCLUSÃO
Foi proposta nesta tese uma metodologia para detecção de áreas susceptíveis a
deslizamentos culminando no desenvolvimento de uma ferramenta computacional,
denominada Sistema para Análise de Susceptibilidade de Deslizamento de Terra (SASD/T),
para a simulação dos testes do modelo proposto.
Para a efetivação desta pesquisa foi realizada uma pesquisa para entendimento dos
conceitos relacionados ao mapeamento tridimensional de uma área, como paralaxe, geometria
básica de uma fotografia aérea, restituição fotogramétrica, interpolação, declividade, aspecto,
perfil, biblioteca gráfica OpenGL e algoritmo SIFT. Além disso, foi realizado um
levantamento dos principais desastres naturais relacionados a deslizamentos que ocorreram no
Brasil, bem como um levantamento das metodologias utilizadas para a detecção e análise de
áreas susceptíveis a deslizamentos e os aspectos gerais da área de estudo.
Nos experimentos realizados, na etapa de detecção dos pontos, o algoritmo SIFT em
conjunto com o filtro proposto mostrou ser mais eficiente, encontrando um número de pontos
bem significativo ao ser comparado com o modelo aplicado em Fernandes (2008) e dos
estudos realizados em Carmo (2010). Não foi possível a realização de testes para a verificação
de erros de altitudes encontradas, no entanto, é visível que eles existem, tanto pela dificuldade
que do SIFT de encontrar pontos homólogos em regiões de mata densa e em rochas, quanto
imperfeições encontradas nas imagens digitalizadas que foram utilizadas nos experimentos.
A declividade de uma encosta é uma variável muito significativa na análise de
susceptibilidade de deslizamentos. É comum a associação de altas declividades a
escorregamentos, desconsiderando declividades de menor grau. Um pensamento errôneo, uma
vez que esse tipo de evento também pode ocorrer em áreas com menor declividade. Desse
modo, outras variáveis devem ser analisadas em conjunto. No entanto, uma variável que possa
desencadear o fenômeno em uma área pode não ser o mesmo em outra. Por exemplo, o tipo de
vegetação e o tipo de solo, dependendo da região analisada possuem características diferentes
que, de certo, levarão a resultados também diferentes.
Observou-se que as variáveis usadas em outras pesquisas, os tipos de item de cada
variável, bem como as ponderações são diferentes, ou seja, cada região possui suas
características e o que foi usado em uma pesquisa, provavelmente não servirá como parâmetro
de outra pesquisa, caso esta seja de outra região. Diante disso, buscou-se a realização de uma
ferramenta de análise de susceptibilidade que fosse dinâmica, de modo que não impusesse as
120
regras para a análise, não estipulando o número de variáveis a serem analisadas em conjunto,
cabendo ao especialista a alimentação da ferramenta computacional com essas informações.
Visando deixar a aplicação que foi desenvolvida para a realização deste estudo mais
abrangente possível, para que não ficasse restrita à região usada como exemplo nesta tese, a
análise de susceptibilidade a deslizamentos de terra foi implementada de maneira dinâmica,
podendo aceitar quaisquer variáveis e parâmetros.
Como o intuito da pesquisa era obter de maneira rápida uma análise preliminar para
nortear as pesquisas de campo, a ferramenta computacional gerada, por se tratar de um
sistema que necessita de poucos recursos para fornecer tais informações, vem contribuir de
maneira significativa para os profissionais que atuam nesta área.
TRABALHOS FUTUROS
Com relação à pesquisa realizada, seria oportuna uma comparação dos resultados
obtidos pelo sistema para determinadas regiões (novas imagens) com resultados de pesquisas
realizadas in loco.
Com relação ao sistema, na sua versão atual, o mesmo usa os resultados do algoritmo
SIFT, que é executado via MATLAB. Seria viável a implementação desse algorítmo e sua
inclusão na ferramenta computacional.
Outro fato que deveria ser revisto está relacionado com a portabilidade, pensando nos
possíveis usuários que poderiam ser beneficiados com a utilização do sistema. Além disso,
outras técnicas de interpolação e ferramentas gráficas poderiam ser implementadas e/ou
testadas, a fim de se fazer uma comparação dos resultados, visando sempre a qualidade do
resultado final.
121
REFERÊNCIAS
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fatais);
− 01/03/1956: deslizamento de solo e rocha no Morro de Santa Terezinha (21
óbitos, mais de 40 feridos e 50 casas destruídas);
− 24/03/1956: mais de 60 deslizamentos, sendo mais significativos os
ocorridos no Monte Serrat, Caneleira/Embaré, Santa Terezinha e Marapé
(43 óbitos, centenas de casas destruídas e feridos);
− 16/02/1959: deslizamento do morro do Bufo (duas vítimas fatais);
− 06/01/1978: deslizamento na Vila Progresso e Morro de Nova Cintra
(quatro vítimas fatais);
− 31/01/1980: deslizamento no acesso ao Moro de Nova Cintra (dez óbitos).
Sousa Junior e Satyamurty (2008) analisaram dois eventos extremos de chuva forte no
litoral do estado. O primeiro em março de 1967 na cidade de Caraguatatuba e outro em
fevereiro de 1994 na cidade de Cubatão, ambas localizadas em regiões da Serra do Mar.
Caraguatatuba registrou uma chuva intensa de 244mm, em 17 de março de 1967, que
culminou em um grande deslizamento de encosta, responsável pela morte de
aproximadamente 400 pessoas.
As chuvas fortes, que ocorreram em 06 de fevereiro de 1994 na região de Cubatão e
Santos, registraram mais de 250mm e tiveram como consequência, um grande deslizamento
de encosta, responsável por perdas materiais e humanas.
Em janeiro de 1985 foram registrados, na Serra do Mar, no município de Cubatão,
cerca de 380mm de chuva em um período de 48 horas, promovendo a deflagração de uma
série de deslizamentos. Apesar da Serra do Mar ser palco de numerosos processos de
movimentos de massa, por apresentar como algumas de suas características, alta pluviosidade
e alta declividade, favoráveis à ocorrência de deslizamentos (BARROS; VIEIRA, 2009),
segundo o IPT (1991 apud BARROS; VIEIRA, 2009), a chuva que caiu naquela região em
1985 não foi o principal agente deflagrador dos processos de deslizamento; outros fatores,
além do índice pluviométrico, poderiam ter contribuído mais efetivamente para a deflagração
generalizada dos deslizamentos. Para Wolle (1986 apud LEMES, 2001), o principal agente
deflagrador foi a violenta agressão da poluição atmosférica sofrida pela vegetação, ocasionada
pelas indústrias locais.
No dia 18 de agosto de 1972, no local denominado Vila Albertina, na cidade de
Campos do Jordão, pólo turístico da região serrana de São Paulo, ocorreu um deslizamento de
cerca de 70.000 metros cúbicos de lama, que causou o soterramento de 60 casas e a morte de
143
No que diz respeito à cidade de Salvador, Gonçalves (1992 apud FARAH, 2003)
reuniu registros de inúmeros episódios de deslizamentos ocorridos desde 1549. Desta data até
1800, já haviam sido registrados pelo menos seis acidentes de maior intensidade. Silva (2005)
cita que em 1671, nas Ladeiras da Montanha e da Misericórdia, ocorreu a primeira tragédia ao
longo de uma história marcada por desastres de origem geológica, com vítimas fatais e
destruição total de vários imóveis.
No levantamento realizado no sítio da Defesa Civil da cidade de Salvador
(SALVADOR, 2010), foi verificada, no período de 1971 a 2009, a ocorrência de 266 óbitos
em virtude de deslizamentos de terra, o pior acidente ocorrendo no mês de abril de 1971, com
deslizamentos em diversos logradouros da cidade, destruindo 1417 imóveis, levando a óbito
104 pessoas, ferindo outras 2200 e deixando 7000 desabrigadas.
ocorressem chuvas fortes na cidade. Três meses depois, uma enxurrada nos morros da região
metropolitana derrubou casas, árvores, postes e trechos inteiros de ruas, ou seja, tudo o que
encontrou pela frente, deixando 2200 pessoas desabrigadas. Cinquenta e um corpos foram
encontrados nos dias posteriores à tragédia. Com a tempestade, o número de áreas
consideradas de risco, naquela época, subiu para 6000 (VEJA, 1996).
Na cidade do Rio de Janeiro, a história registra que as encostas têm sido um problema
desde a época de sua fundação. Desde o início do povoamento, as pessoas procuraram habitar
os morros. Um dos motivos era a segurança que eles proporcionavam contra os piratas, além
das planícies da região ser compostas de pântanos e lagoas, não sendo um local muito
147
convidativo (JONES, 1973). Um desses morros foi o Monte Castelo, povoado na década de
1550. Palco de vários deslizamentos esse morro teve apelidado de Águas do Monte, o
deslizamento ocorrido em dez de fevereiro de 1811. Fala-se de muitas vítimas e grande
prejuízo material, no entanto, é desconhecido o verdadeiro número devido ao jornal da época,
a Gazeta de Notícias, não dar importância a esses acontecimentos (RIO DE JANEIRO, 2011).
Esse episódio foi um dos que contribuíram para a remoção do morro para a segurança da
população (BARROS, 2002). Sua terra e lama foram usadas nos aterros do Flamengo e do
aeroporto Santos Dumont (ISTO É, 2008).
As enchentes e deslizamentos nos estados da Guanabara e Rio de Janeiro, em 06 de
janeiro de 1966, resultaram em 250 óbitos e 50.000 desabrigados (JONES, 1973).
No que diz respeito ao desastre ocorrido na Serra das Araras em 23 de janeiro de 1967,
estima-se que este tenha sido o maior desastre natural ocorrido no Brasil. Os jornais da época
noticiaram 500, 800, até 1500 óbitos. No entanto, este número nunca foi confirmado pelas
autoridades. A localidade de difícil acesso, os poucos recursos da época e o gigantesco
volume de terra deslocada impediram qualquer contagem precisa.
Os danos materiais e os efeitos resultantes sobre a indústria descritos por Jones (1973)
foram inestimáveis. O autor expressou a intensidade e a enormidade desse acidente da
seguinte maneira:
Na noite do dia 22 de janeiro de 1967, por volta das 23 horas, uma tempestade
elétrica, seguida de um grande aguaceiro de três horas e meia de duração, resultou
em um deslizamento de encosta de incrível magnitude que abrangeu cerca de 25 km
de comprimento de 7 a 8 km de largura máxima, ao longo da escarpa da Serra das
Araras, uma subdivisão da Serra do Mar, com uma perda estimada em torno de 1700
pessoas”. A Serra das Araras foi devastada por deslizamentos de terra e erosões; um
movimento de massa tão grande, maior do que qualquer deslizamento registrado na
literatura geológica, até aquele momento. A destruição ocorreu com maior
intensidade nas encostas íngremes da escarpa da Serra. Os inúmeros deslizamentos
de terra transformaram as colinas cobertas de vegetação em terrenos baldios e os
vales foram transformados em mares de lama. Dentro da área onde os deslizamentos
foram mais intensos, estava a companhia de abastecimento de energia Rio Light
S.A., a principal fonte de energia para o Rio de Janeiro, e uma seção da Rodovia
Presidente Dutra, a principal estrada entre os estados de Rio de Janeiro e São Paulo.
(JONES, 1973) (tradução nossa)5.
5
O texto em língua estrangeira é: On the night of January 22 and 23, 1967, a landslide disaster of unbelievable
magnitude struck the Serra das Araras region of Brazil. Beginning at about 11:00 p.m., an electrical storm and
cloudburst of 31/2 hours duration laid waste by landslides and fierce erosion a greater land mass than any ever
recorded in geological literature. The area laid waste was 25 kilometers in length and 7 to o kilometers in
maximum width. A large part of the area of heavy destruction was on the steep slopes of the Serra das Araras
escarpment. Thunderbolts from the lightning and the collapse of the hills shook the region like an earthquake.
Landslides numbering in the tens of thousands turned the green vegetation-covered hills into wastelands and the
valleys into seas of mud. Within the area of most intensive sliding are the Rio Light S. A. generating complex,
the principal power supply for Rio de Janeiro, and a section of the Presidente Dutra Highway, the principal
arterial between Rio de Janeiro and São Paulo (JONES, 1973 p.1).
148
6
Programa Bom Dia Brasil, entrevista com Álvaro Rodrigues dos Santos, no dia quatro de janeiro de 2010, às sete horas,
produzida pela Rede Globo.
150
alta, entretanto, o lixão que existia embaixo das casas construídas agravou a tragédia, que
poderia ter ocorrido em proporções muito menores, caso não existisse a favela (MOTTA,
2010)7 (informação verbal). Na favela dos Prazeres, no bairro Santa Teresa, na capital, a
destruição foi traduzida nos destroços de 12 casebres engolidos por um deslizamento que
causou 30 mortes (informação verbal) (JORNAL NACIONAL, 2010)8.
Castigada por um temporal que fez chover em 24 horas mais do que era esperado para
todo o mês de janeiro de 2011, a Região Serrana enfrentou, desde a noite do dia 11, a pior
catástrofe natural do Brasil (desconsiderando a catástrofe de 1967 na Serra das Araras, por
não haver dados oficiais da mesma). A chuva deflagrou uma série de deslizamentos de
encostas, considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU), como um dos dez
maiores desastres naturais ocorridos no mundo, nos últimos 111 anos. As cidades mais
violentamente atingidas foram Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. Segundo o coronel
Roberto Robadey (RODABEY, 2011)9, coordenador da Defesa Civil de Nova Friburgo, o
nível de chuva que caiu em 2007 e vitimou 11 pessoas, foi de 130mm em 24 horas. A chuva
que caiu em algumas regiões da cidade, em janeiro de 2011, chegou a mais de 300mm em 36
horas; mais que todo o mês de janeiro de 2010, cujo somatório foi de 180mm (informação
verbal).
De acordo com o Centro de Gerenciamento de Crise (CGC) de Teresópolis, até o dia
dez de fevereiro já haviam sido contabilizados 367 óbitos, 6727 desabrigados, 9110
desalojados e 242 pessoas ainda estavam desaparecidas. Já em Nova Friburgo, em 23 de
fevereiro, o número de mortos chegava a 428, haviam 3796 desabrigados e 4528 desalojados.
O número de desaparecidos não foi divulgado neste dia, mas, de acordo com o levantamento
do Ministério Público, o número de desaparecidos na região serrana foi em torno de 470. O
Programa de Identificação de Vítimas (PIV) chegou a cadastrar 675 pessoas em seis
municípios, no entanto, 205 foram encontradas, sendo 162 com vida. A cidade com o maior
número de desaparecidos foi Teresópolis, seguido de Nova Friburgo (138), Petrópolis (49),
Bom Jardim (três), Sumidouro (três) e São José do Vale do Rio Preto (um). Outros 41
desaparecidos não tiveram sua cidade de origem identificada.
7
Telejornal Jornal Nacional. Entrevista de Marcelo Motta. Reportagem: Deslizamento veio do alto do morro, diz
estudo. Exibido em 10 de abril de 2010. Rede Globo.
8
Telejornal Jornal Nacional. Reportagem: Deslizamento veio do alto do morro, diz estudo. Exibido em 10 de
abril de 2010. Rede Globo
9
Telejornal RJTV 1 Edição. Entrevista de Roberto Robadey apresentada na reportagem: Coordenador da Defesa
Civil de Nova Friburgo fala sobre o resgate de vítimas da chuva. Exibida em 12 de janeiro de 2011. RJTV 1ª
Edição. Rede Globo. Rio de Janeiro
151
Além das perdas materiais e humanas, a devastação causada pelas chuvas originou
profundas alterações na geografia e na hidrografia da Região Serrana. Com relação às chuvas,
o quadro foi provocado por uma combinação rara de fatores (COIMBRA, 2011)10: chuva
fraca na região nos dias anteriores à grande tempestade, deixando o solo encharcado e muito
instável; chuva frontal atingindo a serra no dia 11 de janeiro, com nuvens espalhadas pela
região. Por cima delas surgiram nuvens gigantes; uma massa de água que chegou a 14 km de
altitude, atingindo a camada atmosférica conhecida como tropopausa; e massa de ar úmida
vinda da região Norte do Brasil em direção a região Sudeste
Segundo Coimbra (2011), nuvens desse tipo geralmente provocam chuvas fortes e
rápidas, de aproximadamente dez a quinze minutos. No entanto, a chuva que caiu naquele dia
teve uma duração muito maior. O fenômeno de longa duração do temporal foi ocasionado,
conforme Canedo (2011)11, pelo encontro dessas nuvens com a massa de ar, fazendo com que
o fenômeno durasse quatro horas e meia. O volume de terra que desceu em direção ao vale
estreito entupiu o rio e o enorme volume de água arrastou tudo o que viu pela frente. A
ocorrência de um fenômeno igual a este sobrevir nessa região é superior a 500 anos, assegura
o pesquisador (informação verbal).
Moacyr Duarte (2011)12 expôs que a catástrofe foi potencializada pela sua própria
topografia: cidades localizadas em vales, cercadas de morros e cortada por grandes rios. Os
morros desceram em grandes avalanches de terra e os rios transbordaram (informação verbal).
Já Álvaro Rodrigues dos Santos mencionou que:
10
Telejornal Jornal das Dez. Reportagem de Rafael Coimbra: Estudo diz que temporal que destruiu a Região
Serrana do Rio ocorre a cada 500 anos. Exibida em 17 de fevereiro de 2011. Globo News.
11
Telejornal Jornal das Dez. Entrevista com Paulo Canedo concedida a Rafael Coimbra: Estudo diz que
temporal que destruiu a Região Serrana do Rio ocorre a cada 500 anos. Exibida em 17 de fevereiro de 2011.
Globo News.
12
Telejornal Jornal Hoje. Entrevista com Moacyr Duarte. Exibida em 13 de janeiro de 2011. Rede Globo.
13
Programa Fantástico. Entrevista de Álvaro Rodrigues dos Santos. Exibida em 16 de janeiro de 2011. Rede
Globo.
14
Telejornal Jornal das dez. Rodrigo Carvalho em Séries de Reportagens: Tragédias provocadas por temporais
provocaram mais de mil mortes no Rio. Exibida no dia 14 de outubro de 2011. Globo News.
152
pessoas estariam voltando ao local, mesmo sabendo que é uma área de risco. A cidade de
Angra dos Reis e Ilha Grande, quase dois anos após a tragédia do réveillon de 2009,
continuavam ainda sem um mapa de vulnerabilidade da região, como prometido na época da
tragédia. Já a região serrana enfrenta momentos de crise política associada também à tragédia
ocorrida em janeiro de 2011. Situação triste que, segundo Carvalho (2011), continua
acompanhando (informação verbal).
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2010.
156
O menu Dados possui três submenus (Figura 38), que são usados para chamar uma
das três telas: Dados Externos, Marcas Fiduciais e Selecionar Área.
A tela Dados Externos possui o botão Abrir, que carrega um arquivo de dados
externos. Possui também o botão Novo que, ao ser clicado, os campos da tela são habilitados,
possibilitando a inserção dos dados. O botão, ao ser clicado assume a opção Salvar, que salva
um novo arquivo com os dados que constam na tela (Figura 40). Já o botão Alterar
possibilita a alteração de algum campo de um arquivo já existente. Após ser clicado, o botão
assume a opção Salvar.
O objetivo da tela Marcas Fiduciais (Figura 41) é capturar informações das marcas
fiduciais, a fim de encontrar o ponto central das imagens para posterior utilização. As imagens
podem ser carregadas no tamanho original. Para esse procedimento são utilizados os botões
Imagem Esquerda e Imagem Direita. Para facilitar a localização das marcas fiduciais existe
a opção Aplicar Zoom, tanto para reduzir, quanto para ampliar a imagem.
A tela Selecionar Área (Figura 43) tem por objetivo a seleção da área, ou das áreas,
que se deseja analisar. Após carregar o par de imagens, com os respectivos botões Imagem
Esquerda e Imagem Direita, faz-se uma busca nas imagens para localizar a área desejada.
Ao selecionar um ponto qualquer, com o botão esquerdo do mouse, esse corresponderá ao
centro da nova imagem que será gerada. A nova imagem poderá ter o tamanho, em pixel,
selecionado previamente pelo usuário (campo Tamanho da área selecionada).
Imagem A Imagem B
Fonte: A autora, 2012.
Assim, após alguns cálculos matemáticos será possível encontrar as altitudes dos
respectivos pontos que, após interpolação, poderão gerar a superfície. Esta opção é ativada
selecionando-se a opção Superfície, do menu principal (Figura 37).
A tela Superfície é ativada pelo menu de mesmo nome que se encontra na tela inicial.
Esta, quando ativada, possui somente dois botões ativos: Abrir e Sair (Figura 45). O botão
Abrir carrega uma imagem da área que se deseja observar (Figura 46). Assim que a imagem
for carregada, pode-se visualizar as altitudes de cada ponto, bastando, para isso, passar o
mouse em cima de qualquer parte da imagem. O botão 2D fica habilitado. Esse botão possui
duas fases: 2D e 3D. Ao selecionar 2D, aparece na tela, a matriz de pontos, cuja altitude é
representada em cores, partindo do azul escuro (mais baixa), até o marron (mais alto). Tem-se
a opção de girar a imagem na tela.
161
O botão 3D, que pode ser visualizado na Figura 47, ao ser clicado, altera a imagem 2D
para 3D. Do mesmo modo, a imagem também poderá ser girada, caso necessário, conforme
mostrado na Figura 48.
163
O menu Ajuda (Figura 53) possui os submenus Guia do Usuário e Sobre.... O menu
Guia do Usuário abre uma página no formato de hipertexto (Figura 54). O usuário, ao clicar
em Guia do Usuário, é levado para um índice, que possui links de apresentação do sistema e
de uso de todas as telas, com o intuito de familiarizar o usuário com a sua utilização.
Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato
169
Art. 10. Não é permitida a derrubada de florestas, situadas em áreas de inclinação entre 25 a
45 graus, só sendo nelas tolerada a extração de toros, quando em regime de utilização
racional, que vise a rendimentos permanentes.
170
Art. 1º. O parcelamento do solo para fins urbanos será regido por esta Lei.
Parágrafo único - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer normas
complementares relativas ao parcelamento do solo municipal para adequar o previsto nesta
Lei às peculiaridades regionais e locais.
(...)
Art. 3o Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de
expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou
aprovadas por lei municipal.