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ATENÇÃO

Pessoal,

Uma colega muito atenciosa me alertou sobre um equívoco que eu cometi


na Aula 00 quando comentei o art. 28 do CPM. Na realidade apenas os
crimes contra a segurança externa do país não são mais considerados
militares, sendo julgados pela Justiça Federal. Já corrigi o PDF que está
disponível no site, por favor entrem lá e baixem novamente a aula, ok?

Grande abraço!

Paulo Guimarães
Direito Penal Militar para MPU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães – Aula 01

AULA 01: Do crime, da imputabilidade penal, do


concurso de agentes.

SUMÁRIO PÁGINA
1. Do Crime 2
2. Da Imputabilidade penal 19
3. Do Concurso de agentes 25
4. Questões comentadas 29
5. Questões sem comentários 36

Olá amigo concurseiro! Fico feliz por saber que você optou por
preparar-se conosco para o concurso do Ministério Público da União. A
escolha do material e dos professores é decisiva na sua jornada rumo à
aprovação. Obrigado pela oportunidade de contribuir na sua busca pelo
sucesso.
Hoje daremos continuidade ao nosso estudo do Direito Penal
Militar. Repito que a nossa matéria é de fundamental importância no seu
concurso. Digo isso porque, apesar de o curso ser relativamente curto,
acertar essas questões certamente será o seu diferencial em relação aos
demais candidatos.
Os exercícios certamente serão sua principal ferramenta na
preparação para a prova. Na maioria das aulas será difícil encontrar
muitas questões sobre os assuntos, e talvez eu tenha que usar de
criatividade e inventá-las. Mantenha o foco nas explanações teóricas e
não perca tempo com as discussões jurídicas que não são relevantes para
o concurso, ok?
Ao longo do curso estarei disponível tanto no fórum quanto no
e-mail. Se você tiver qualquer dúvida ou precisar de alguma orientação,
basta me procurar.

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Teoria e exercícios comentados
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1. DO CRIME

Existem várias maneiras de definir o crime. Para nós importa


a definição analítica (dogmática), e para tal devemos lembrar de duas
das teorias mais famosas: a teoria tripartite, segundo a qual o crime é
fato típico, antijurídico e culpável; e a teoria bipartite, que exclui a
culpabilidade da definição analítica de crime. Para os adeptos desta
teoria, portanto, crime é apenas fato típico e antijurídico, e a
culpabilidade é condição de aplicação da pena.
Há duas principais doutrinas sobre os elementos do fato
típico: o causalismo e o finalismo.
A doutrina causalista compreende a conduta como o
comportamento humano capaz de causar uma alteração no mundo
exterior. Alguns autores dizem que os causalistas diziam que a conduta
era restrita ao “movimento corporal”.
Seguindo esta doutrina, o dolo faz parte da culpabilidade.
Bastaria, portanto, verificar se a conduta do agente levou ao resultado, e
isso seria suficiente para que o crime estivesse configurado.
Veja aí a complicação... imagine que você chega a algum local
e dá de cara com uma pessoa atirando em outra com uma arma de fogo.
Segundo a teoria causal, você estaria diante de um crime de homicídio,
sem que se discuta qual era a intenção do sujeito que atirou no outro.
Hoje, porém, essa questão é encarada pela Doutrina de forma diferente.
A doutrina finalista de Hans Welzel (mais aceita hoje)
entende a conduta como o comportamento humano, voluntário e
consciente, direcionado para determinado fim. Estes doutrinadores,
portanto, retiraram o dolo do âmbito da culpabilidade e
deslocaram-no para a tipicidade. A maior parte dos finalistas adota a
teoria bipartite, mas há também quem adote a tripartite.
Agora a análise do evento presenciado por você precisaria ser
mais detalhada. É preciso saber o que levou o agente a atirar na vítima. É
preciso entrar na mente do agente e saber o que o motivou a adotar

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aquela conduta. Se ele reagiu imediatamente a uma agressão injusta, por
exemplo, não haverá crime. A teoria causalista não dava atenção a essas
questões.

TEORIA Dolo e culpa fazem Era suficiente analisar a


CAUSALISTA parte da culpabilidade conduta e o resultado.
TEORIA Dolo e culpa fazem É necessário analisar a
FINALISTA parte da conduta, que intenção do agente.
integra o fato típico.

Nosso problema é que o Código Penal adota a teoria finalista,


mais moderna, mas o Código Penal Militar adota a teoria clássica
causalista. Vejamos, portanto, os dispositivos do CPM:

Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente


é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 1º A superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado. Os fatos
anteriores, imputam-se, entretanto, a quem os praticou.
§ 2º A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha
por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; a quem, de outra
forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a quem, com
seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência.
Vamos agora estudar as teorias que tratam da relação de
causalidade.

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Segundo a teoria da equivalência dos antecedentes
(teoria da conditio sine qua non), causa será todo fato humano sem o
qual o resultado não teria ocorrido. Num primeiro olhar, o CPM parece ter
adotado esta teoria, por força da parte final do caput do art. 29.
Essa teoria, entretanto, tem um grave problema. A maneira
como é feita a análise impõe que você vá retirando do fato possíveis
causas e verifique se o crime ainda ocorreria, e aí a identificação de
causas tende ao infinito.
Imagine a seguinte hipótese: “Mévio dispara arma de fogo
contra Caio, que vem a falecer em decorrência do ferimento”. Segundo o
raciocínio da equivalência dos antecedentes, o vendedor da arma e o seu
fabricante também teriam dado causa ao crime, não é mesmo?
A teoria da imputação objetiva se contrapõe à equivalência
dos antecedentes, dizendo que apenas haverá a relação de causalidade
quando o sujeito tiver agido de forma a assumir o risco de produzir o
resultado.
De acordo com a teoria da causalidade adequada, causa é
o antecedente mais adequado, ou mais eficaz, para a produção do
resultado. Não basta qualquer conduta sem a qual o resultado não teria
ocorrido. A causa é o antecedente mais provável.
O §1º é uma limitação à adoção da teoria da equivalência dos
antecedentes. Este dispositivo trata da causa relativamente
independente, que exclui a imputação quando produz o resultado por si
mesma. Aqui o legislador está adotando a teoria da causalidade
adequada. Explicarei a seguir.
Concausa é a convergência de uma determinada conduta a
uma causa inicial, contribuindo para a consecução do resultado. Essas
causas podem ser dependentes, absolutamente independentes ou
relativamente independentes da conduta do agente.
As causas dependentes estão previstas no caput do art. 29:
uma pessoa amarrou a vítima, e outra disparou a arma de fogo. Todos os

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agentes responderão pela mesma conduta, pois as causas são
dependentes. Sem as duas não teria ocorrido o crime.
Dizemos que uma causa é absolutamente independente
de outra quando ela não se origina da conduta do agente. É caso da
pessoa que ingere veneno e posteriormente é alvejada por disparo de
arma de fogo, vindo a falecer em razão do envenenamento. Estas causas
podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes, e rompem o
nexo causal. O agente, portanto, apenas responderá pelo resultado ao
qual de causa.
Nas causas relativamente independentes, a que mais nos
interessa é a superveniente. No caso da superveniência, para saber se o
agente responderá pelo resultado, é necessário saber se a causa
relativamente independente é suficiente para produzir, por si só, o
resultado.
Imagine, por exemplo, que uma pessoa é alvejada por disparo
de arma de fogo e é socorrida em ambulância. No trajeto até o hospital, o
veículo bate num muro, levando a vítima a óbito. Neste caso, estamos
diante de uma causa relativamente independente da conduta do agente.
De acordo com o §1º, diante de uma causa relativamente
independente o agente apenas responderá pela conduta adotada até a
superveniência. No nosso exemplo o agente responderia por tentativa de
homicídio. Esta é uma manifestação da teoria da causalidade
adequada.
Se a causa relativamente independente não produziu por si só
o resultado, será aplicável a teoria da equivalência dos antecedentes
causais, de acordo com o caput do art. 29.
Quanto à omissão, temos no §2º a mesma regra adotada
pelo Direito Penal comum. A omissão é considerada causa quando o
omisso tinha o dever e a possibilidade de agir para evitar o resultado
danoso.

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Esse dever pode ser estabelecido por lei ou pela assunção da
responsabilidade. Também é responsável aquele que criou o risco da
ocorrência do resultado.

Art. 30. Diz-se o crime:

CRIME CONSUMADO
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal;

TENTATIVA
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

PENA DE TENTATIVA
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente
ao crime, diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de
excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado.
As regras quanto ao crime consumado e à tentativa são as
mesmas do CP. Quero chamar sua atenção para o parágrafo único, que
trata da pena aplicável em caso de crime tentado.
A redução da pena em razão da sua não consumação deve
ser, em regra, operada em função da extensão do iter criminis, ou seja,
do caminho percorrido pelo agente entre o início da execução e a
consumação. Esta é a teoria objetiva.
Se a pessoa estava apenas iniciando a sua conduta, o juiz
pode aplicar a diminuição no seu grau máximo, mas se a pessoa já estava
“quase terminando”, a pena não deve ser tão diminuída assim.
Há também no parágrafo único uma manifestação da teoria
subjetiva, pois o juiz pode, considerando a gravidade da conduta, aplicar
à tentativa a pena do crime consumado. Jorge César de Assis entende
que essa regra perdeu totalmente sua eficácia, não sendo mais aplicável

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hoje, apesar de o dispositivo nunca ter sido declarado inconstitucional e
nem revogado.

O Código Penal Militar autoriza que, nos casos de tentativa, o


juiz aplique a pena do crime consumado, quando a conduta for
excepcionalmente grave.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ


Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos
já praticados.
A desistência voluntária ocorre quando o agente desiste de
prosseguir com a execução. Aquele que impede que o resultado seja
produzido pratica o arrependimento eficaz.
Cuidado para não confundir estes dois institutos com a
tentativa, que ocorre quando o agente não consegue atingir o resultado
por circunstâncias alheias à sua vontade.
Na parte geral do CPM não existe a figura do
arrependimento posterior. Na parte especial há alguns dispositivos que
preveem o arrependimento posterior de forma específica, a exemplo do
crime de furto (art. 240 do CPM).
O STM também entende pela inaplicabilidade do princípio da
insignificância no Direito Penal Militar. O STF entendeu no passado que
o princípio era cabível em algumas hipóteses, a exemplo de casos em que
o militar foi surpreendido em posse de pequenas quantidades de tóxicos.

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Hoje, porém o STF que o princípio da bagatela não se aplica no Direito
Penal Militar.

CRIME IMPOSSÍVEL
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime,
nenhuma pena é aplicável.
Aqui temos a mesma redação do Código Penal comum. A
ineficácia absoluta do meio ocorre, por exemplo, quando uma pessoa
tenta cometer homicídio utilizando arma de brinquedo. A absoluta
impropriedade do objeto ocorre quando uma pessoa utiliza arma de
fogo para atirar num cadáver.
Lembre-se da Súmula 145 do STF, que trata do “flagrante
preparado”.

SÚMULA 145 – STF


Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação.
Não confunda o flagrante preparado com o flagrante
esperado. Este é perfeitamente possível e lícito.

Art. 33. Diz-se o crime:

CULPABILIDADE
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo;
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela,
atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em
face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou,
prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia
evitá-lo.

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EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode
ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.
Perceba que o dolo e a culpa, no CPM, são tratadas sob os
termos da culpabilidade. Mais uma vez o CPM demonstra que adota a
teoria causal.
O dolo é a soma da consciência com a vontade. Quando o
agente deseja o resultado, há dolo direto. Quando ele assume o risco de
produzi-lo, há o dolo eventual.
A culpa inconsciente está relacionada ao agente que não
presta atenção da maneira que deveria e com isso provoca o resultado.
Há também, na segunda parte do inciso II, a culpa consciente, em que
o agente prevê o resultado, mas acredita que ele não ocorrerá.
O parágrafo único determina que a modalidade culposa só é
aplicável quando a lei trouxer previsão expressa para crimes
determinados. Em alguns dos dispositivos que tipificam os crimes há a
menção expressa à existência da modalidade culposa.

NENHUMA PENA SEM CULPABILIDADE


Art. 34. Pelos resultados que agravam especialmente as penas só
responde o agente quando os houver causado, pelo menos,
culposamente.
Aqui estamos diante das mesmas disposições trazidas pelo
CP. O legislador vetou a responsabilidade penal objetiva. O agente só
responde pela circunstância qualificadora se a ela tiver dado causa.

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ERRO DE DIREITO
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos
grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra
o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de interpretação
da lei, se escusáveis.

ERRO DE FATO
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por
erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o
constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima.

ERRO CULPOSO
§1º Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o
fato é punível como crime culposo.

ERRO PROVOCADO
§2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime,
a título de dolo ou culpa, conforme o caso.
O erro pode ser conceituado como a falsa compreensão da
realidade. O completo desconhecimento da realidade geralmente é
chamado pelos doutrinadores de ignorância.
Este erro pode estar sob os elementos do fato real (erro de
fato) ou sob a ilicitude do fato (erro de direito). O erro de fato ocorre,
por exemplo, quando o sentinela dispara contra o colega de farda que
estrava tentando “pregar uma peça”. O erro de fato ocorre quando uma
pessoa se apropria de objeto de outro, acreditando ser seu.

Atenção! O CP já trata essa questão de maneira mais


moderna, nos termos do esquema abaixo:

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Erro sobre os Erro sobre a ilicitude do


elementos que fato
compõem o tipo
CÓDIGO PENAL Erro de tipo Erro de proibição
COMUM (exclui o dolo)
CÓDIGO PENAL Erro de fato Erro de direito
MILITAR (a pena pode ser atenuada
de acordo com o art. 73)

É interessante saber que o STM já aplicou por analogia a


exclusão do dolo decorrente do erro de proibição numa situação em que o
erro cometido pelo réu se referia a matéria extrapenal.
Perceba que o art. 35 traz uma exceção quanto à
aplicabilidade da atenuação de pena na situação de erro de direito. O
agente não pode alegar erro de direito quando cometer crimes contra o
dever militar.
Isso ocorre porque nesses crimes há uma especial afronta à
hierarquia e à disciplina, e por isso o agente não pode alegar erro de
direito. No CPM há um título específico tratando dos crimes contra o
serviço e o dever militar (arts. 183 a 204). Todavia, Romeiro entende que
os crimes que atentam contra o dever militar são todos os crimes
propriamente militares.
O Cespe já formulou questão dizendo que não é possível ao
militar alegar erro de direito no crime de deserção. O gabarito da
questão, neste caso, seria correto. A deserção está no art. 187.
Para efeitos de prova objetiva, eu recomendo que você confie
“na força da lei”, pois dificilmente a banca formulará questões que tratem
profundamente de questões puramente doutrinárias.

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O agente que comete erro sobre a ilicitude do fato de fato
acredita piamente que sua conduta não constitui crime, ou que existe
situação que tornaria sua ação legítima.

ERRO SOBRE A PESSOA


Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de
execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra,
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente
pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e qualidades
da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou
exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena.

ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO


§1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico
diverso do visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo.

DUPLICIDADE DO RESULTADO
§2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no
caso do parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se
a regra do art. 79.
Quando há erro sobre a pessoa, o agente termina
praticando a conduta contra pessoa diferente daquela que tinha a
intenção de atingir. Neste caso o agente responderá como se tivesse
conseguido seu verdadeiro intento.
O erro sobre a pessoa pode se dar por erro de percepção
(erro in persona) ou por erro no uso dos meios de execução (aberratio
ictus). O primeiro caso é o do agente que realmente confunde a vítima
com outra pessoa e contra ela pratica a conduta. A aberratio ictus resulta
da inabilidade do agente em alvejar sua verdadeira vítima.
Um exemplo de erro quanto ao bem jurídico (aberratio
criminis) é o da pessoa que atira uma pedra contra veículo na intenção de

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depredar o patrimônio, mas termina atingindo a pessoa que estava dentro
do carro, causando-lhe lesão corporal. Neste caso, responderá por lesão
corporal culposa.
Se o agente, mesmo cometendo erro, atinge também a vítima
ou o bem jurídico que realmente intentava, deve ser aplicada a regra do
art. 79 do CPM, que diz respeito ao concurso de crimes.

Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:

COAÇÃO IRRESISTÍVEL
a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo
a própria vontade;

OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em
matéria de serviços.
§1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem.
§2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato
manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da
execução, é punível também o inferior.
Este dispositivo trata da inexigibilidade de conduta
diversa, que é uma excludente de culpabilidade. Nosso problema é que o
CPM não traz apenas estas hipóteses, mas também o estado de
necessidade exculpante.
O Código Penal adota a teoria unitária, encarando o estado
de necessidade apenas como uma excludente de antijuridicidade. O CPM,
por outro lado, adota a teoria diferenciadora alemã, com o estado de
necessidade justificante (art. 42) e o estado de necessidade exculpante
(art. 39).
Há ainda duas outras hipótese de inexigibilidade de conduta
diversa no CPM: o excesso exculpante previsto no art. 45, parágrafo

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único; e o excesso escusável, previsto no art. 45, parágrafo único. Vamos
ver logo estes dois dispositivos e então voltaremos às demais hipóteses.

ESTADO DE NECESSIDADE, COM EXCLUDENTE DE


CULPABILIDADE
Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito
próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de
parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou,
nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda
quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era
razoavelmente exigível conduta diversa.

Esta hipótese de inexigibilidade de conduta diversa é muito


utilizada para justificar a conduta do militar desertor, quando o réu alega
que incorreu no crime de deserção para atender necessidades próprias ou
de sua família.

EXCESSO CULPOSO
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime,
excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se
este é punível, a título de culpa.

EXCESSO ESCUSÁVEL
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de
escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação.

O excesso é cometido nas situações em que seriam


aplicáveis as excludentes de antijuridicidade. É o caso, por exemplo, do
sujeito que se excede na legítima defesa e, diante de um soco, defende-
se atirando diversas vezes no agressor com arma de fogo.

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A regra do parágrafo único permite que o agente cometa um
excesso sem que o fato seja punível, quando o agente foi “pego de
surpresa”.

Voltemos então à análise das hipóteses de inexigibilidade de


conduta diversa que são trazidas tanto pelo CP quanto pelo CPM: coação
irresistível e obediência hierárquica.
A Doutrina ensina que há a coação física (absoluta), em
que o coator utiliza-se da violência; e também a coação moral
(relativa).
Veja bem, a coação física suprime por completo o dolo e,
portanto, a conduta do sujeito. Ela, portanto, exclui o próprio crime.
O legislador não explicita, no art. 38, o tipo de coação que
exclui a culpabilidade. O art. 40 do CPM, por outro lado, proíbe que o
militar invoque a coação moral irresistível nos crimes em que há violação
do dever militar. A maior parte da Doutrina relaciona essa hipótese aos
crimes previstos dos arts. 183 ao 204.
A Doutrina critica muito a regra do art. 40, dizendo que o
legislador exige do militar uma “conduta de super-herói”, já que a coação
moral irresistível é... irresistível!
O Cespe já formulou questão, de gabarito falso, dizendo que o
agente pode alegar, no crime de deserção, coação moral, desde que
irresistível.
A hipótese de obediência hierárquica é especialmente
importante para a vida militar, não é mesmo? Já falamos mil vezes que a
hierarquia e a disciplina são valores muito importantes para as
organizações militares.
Por esta razão, a obediência a ordem direta de superior
hierárquico em matéria de serviço também exclui a culpabilidade. A
desobediência é inclusive considerada crime, previsto no art. 163.
Por outro lado, Romeiro traz à discussão o que ele chama de
princípio das baionetas inteligentes. Este princípio se corporifica no

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§2°: se o superior ordena a prática de um ato manifestamente criminoso
ou com excessos, o inferior também será punido, pois neste caso ele teria
o dever de não cumprir a ordem.

ATENUAÇÃO DA PENA
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à
coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art.
39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz,
tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena.
As hipóteses do art. 38 são exatamente a coação e a
obediência hierárquica. O art. 39 trata do estado de defesa exculpante.

Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento do dever legal;
IV - em exercício regular de direito.
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante
de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave
calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar
serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o
desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.
Só há duas diferenças do Direito Penal comum para o Direito
Penal Militar em relação às excludentes de antijuridicidade: a primeira
está na diferenciação que é feita entre o estado de necessidade
justificante, previsto nos arts. 42 e 43, e o estado de necessidade
exculpante, previsto no art. 39, sobre o qual já falamos.
Para que você entenda bem as diferenças, preparei a tabela
abaixo diferenciando os arts 39 e 43. Estes detalhes já foram cobrados
algumas vezes em provas anteriores, hein?

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ESTADO DE NECESSIDADE NO CPM


Teoria Diferenciadora (alemã)
Exculpante (art. 39) Justificante (art. 42, I e 43)
Exclui a culpabilidade Exclui o crime
Direito próprio ou de pessoa ligada Direito próprio ou alheio
por laços de parentesco ou afeição
Contra perigo certo e atual que não Idêntico!
provocou nem poderia evitar
Direito alheio igual ou superior ao Direito alheio é inferior ao direito
direito defendido defendido

A segunda diferença nas excludentes da antijuridicidade está


no parágrafo único do art. 42: a excludente do comandante. Aqui
estamos diante de uma situação limite, em que a tropa se encontra na
iminência de perigo ou calamidade, e o comandante utiliza condutas
violentas para forçar a tropa a agir diante da urgência.
É importante que você saiba que se o comandante não agir
diante dessas situações ele mesmo pode incorrer em alguns crimes, a
exemplo dos arts. 199 e 200 do CPM.

LEGÍTIMA DEFESA
Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem.

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EXCESSO CULPOSO
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime,
excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se
êste é punível, a título de culpa.

EXCESSO ESCUSÁVEL
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de
escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação
A legítima defesa segue os mesmos ditames do Código Penal
comum. Acerca do excesso, também já conversamos anteriormente. O
excesso culposo segue a mesma regra do Direito Penal comum, mas há
também a figura do excesso escusável, prevista no parágrafo único do
art. 45, que comentei quando tratamos das excludentes de culpabilidade.

EXCESSO DOLOSO
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por
excesso doloso.
Ainda quando o sujeito pratica o excesso de forma dolosa, o
juiz pode atenuar a pena. A Doutrina entende que essa situação somente
poderia ser aplicada em caso de erro de direito, quando a pessoa
acreditava que seu excesso não era conduta criminosa.
É o caso de alguém que sofre agressão, reage em legítima
defesa, mas intencionalmente se excede na defesa e atinge o agressor de
maneira desarrazoada.

ELEMENTOS NÃO CONSTITUTIVOS DO CRIME


Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime:
I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do
agente;

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II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de
serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação
é praticada em repulsa a agressão.
Há alguns crimes em que a condição de superior e a de
inferior são elementos constitutivos do crime. O art. 47 traz uma regra
bastante importante para compreendermos estes crimes, que serão
estudados mais adiante em nosso curso: de acordo com o inciso I, a
qualidade de superior ou de inferior não constitui crime quando o agente
não a conhecia.
A regra do inciso II também diz respeito a certos crimes
específicos, que estudaremos em detalhes nas próximas aulas. Nestes
crimes, a condição de superior, inferior, oficial de dia, de serviço ou de
quarto, de sentinela, vigia ou plantão faz parte do tipo penal. Estas
condições especiais deixam de compor o crime quando a conduta é
praticada pelo agente para defender-se de agressão por ele sofrida.

2. IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR

A imputabilidade incide sobre a culpabilidade. Ser imputável é


ter o discernimento necessário para compreender a prática de um ato
ilícito. As pessoas que não tem nenhum discernimento são consideradas
inimputáveis.
Os inimputáveis em geral não se submetem a penas, mas
somente a medidas de segurança. No Direito Penal Militar, contudo, há
medidas de segurança que também são aplicáveis aos imputáveis.
O legislador não define a imputabilidade, mas apenas
determina quem é inimputável, adotando um critério biopsicológico:
não basta que a pessoa sofra de uma doença mental, mas também é
preciso que esta doença seja suficiente para que a pessoa não tenha o
discernimento necessário acerca da conduta praticada.

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Existem regras acerca do incidente de insanidade mental do
acusado. Em geral é convocada uma perícia médica, e as questões que
devem ser respondidas pelos peritos estão no art. 159 do Código de
Processo Penal Militar.

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR

QUESITOS PERTINENTES
Art. 159. Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes
forem oferecidos, e dos esclarecimentos que julgarem necessários, os
peritos deverão responder aos seguintes:

QUESITOS OBRIGATÓRIOS
a) se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental, de
desenvolvimento mental incompleto ou retardado;
b) se no momento da ação ou omissão, o indiciado, ou acusado, se
achava em algum dos estados referidos na alínea anterior;
c) se, em virtude das circunstâncias referidas nas alíneas
antecedentes, possuía o indiciado, ou acusado, capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo com esse
entendimento;
d) se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou acusado, não
lhe suprimindo, diminuiu-lhe, entretanto, consideravelmente, a
capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de
autodeterminação, quando o praticou.
Perceba que essas questões explicitam o critério
biopsicológico. Se a resposta às questões das alíneas A ou B for negativa,
o acusado será considerado imputável. Se a resposta da alínea C for
positiva, ele será considerado inimputável. Caso a resposta da C seja
negativa, será feita a questão da alínea D para verificar se o acusado
poderá ser considerado semi-imputável.

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Voltemos ao estudo dos dispositivos do Código Penal Militar.

INIMPUTÁVEIS
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da
omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de
doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA


Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime,
mas diminui consideravelmente a capacidade de entendimento da ilicitude
do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade,
mas a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113.
Perceba que não importa, para fins de imputabilidade penal,
se o sujeito é civilmente capaz ou incapaz, ou se é interdito. O que
importa é o entendimento do agente no momento da prática da conduta
típica.
A sentença por meio da qual o acusado é absolvido, mas
submetido a medida de segurança é chamada de sentença absolutória
imprópria. É interessante saber que, mesmo diante da inimputabilidade,
o processo penal militar deve seguir até as alegações finais, pois a
conclusão do processo pode ser, por exemplo, pela negativa de autoria ou
pela inexistência da conduta típica.
O parágrafo único trata de uma redução facultativa da pena,
aplicável no caso em que o acusado não é considerado inimputável, mas
tem sua capacidade de compreensão da conduta criminosa reduzida. Este
é o caso do semi-imputável, com resposta positiva na questão da alínea
D do art. 159 do CPPM.
Mais uma vez o dispositivo trata de redução de pena, mas não
determina o quantum. Aplica-se, portanto, a regra geral do art. 73.

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EMBRIAGUEZ
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez
completa proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
o agente por embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior, não
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
A embriaguez é vista no Código Penal de diversas maneiras.
Ela pode ser agravante, atenuante ou excluir a imputabilidade.
A embriaguez voluntária (não acidental) não isenta o
agente de responsabilidade sobre a conduta, pois ele fez a opção de
embriagar-se. Na realidade, em alguns casos a embriaguez voluntária é
até elementar do tipo, como no caso da “lei seca” por exemplo.
É possível também que haja a embriaguez patológica,
decorrente do alcoolismo, que é tratada pela Doutrina como doença, e por
isso pode conduzir o agente à inimputabilidade, nos termos do art. 48 do
CPM e do art. 159 do CPPM.
Já a embriaguez habitual é tratada pelo Direito Penal
comum como uma contravenção penal, e não um crime. O CPM, por outro
lado, tipifica a conduta de o militar apresentar-se para o serviço
embriagado (art. 202).
A embriaguez preordenada é a situação em que o agente
decide embriagar-se para “tomar coragem” de cometer o crime. Nesta
situação a embriaguez se torna um agravante.
A espécie do art. 49 é a embriaguez acidental, ou seja, é
resultado de caso fortuito ou força maior. Não é necessário, para a sua
prova, diferenciar essas duas situações. O importante é que você saiba
que este tipo de embriaguez pode levar o agente à inimputabilidade, se

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impedir que o agente tenha o discernimento necessário para compreender
sua própria conduta.
Um bom exemplo é o de um militar que, tendo sido ferido em
serviço, na fala de medicamentos adequados é anestesiado por meio da
ingestão de grandes quantidades de bebida alcoólica.
O parágrafo único traz mais uma situação de semi-
imputabilidade, a ser aplicável quando o agente, por força de
embriaguez acidental, não estava em sua plena capacidade mas tinha
alguma compreensão do fato. Interessante que aqui não se aplica a regra
do art. 73, pois o próprio parágrafo único determina os limites de
redução.

MENORES
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo
completado dezesseis anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico
para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com este
entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a
metade.
Podemos ver que este dispositivo não foi inteiramente
recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A regra geral é de
que o menor de dezoito anos seja inimputável, mas o CPM abria a
possibilidade de o menor entre dezesseis e dezoito anos poderia ser
considerado imputável em razão de perícia médica.
Esta era mais uma manifestação do critério biopsicológico,
e a regra era de que haveria diminuição de pena se houvesse suficiente
desenvolvimento psíquico.

EQUIPARAÇÃO A MAIORES
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não
tenham atingido essa idade:
a) os militares;

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b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que,
dispensados temporariamente desta, deixam de se apresentar, decorrido
o prazo de licenciamento;
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob
direção e disciplina militares, que já tenham completado dezessete anos.
Este dispositivo também não foi recepcionado pela
Constituição. Não há regra constitucional que estabeleça a maioridade
para os convocados e nem para os alunos das escolas militares.
Apenas uma observação acerca dos estabelecimentos de
ensino. As forças armadas mantêm diversas escolas, entre elas os
famosos colégios militares. Há, entretanto, escolas que tem a função
específica de preparar jovens para a carreira militar, a exemplo da Escola
Preparatória de Cadetes do Exército (ESPCex), Ecola Preparatória de
Cadetes do Ar (EPCar), e o Colégio Naval.
Os alunos dessas escolas não são hoje considerados maiores
de idade, exceto quando efetivamente completarem dezoito anos.

Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de


dezoito e maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas
educativas, curativas ou disciplinares determinadas em legislação
especial.
Esta é a regra geral, segundo a qual os menores infratores
estão sujeitos ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

3. CONCURSO DE AGENTES

Estudaremos agora as regras acerca do cometimento de


crimes por mais de uma pessoa.
De acordo com a teoria pluralista, haverá tantos crimes
quantas forem as pessoas que dele participam. Assim, se houver dez
agentes, haverá dez crimes diferentes.

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Para a teoria dualista, é possível haver a coautoria ou a
participação. O coautor é aquele que efetivamente pratica a conduta,
enquanto o partícipe contribui para o resultado, mas sem praticar
diretamente a conduta típica. Haveria, portanto, um crime específico para
os autores, e outro para os partícipes.
Pela teoria monista, por mais que haja a participação de
várias pessoas, existe um único crime. O CPM, assim como o CP, adota
esta teoria, mas de forma temperada.

TEORIA PLURALISTA Haverá tantos crimes quantos forem os


agentes.
TEORIA PLURALISTA Há dois crimes: um cometido pelos coautores, e
outro cometido pelos partícipes
TEORIA MONISTA Há apenas um crime, por mais que dele
(UNITÁRIA) participem várias pessoas.

COAUTORIA
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas.
Esta é a regra geral. Apesar de o nome da regra tratar apenas
de coautoria, quem concorrer para o crime, responde pela pena,
independentemente de ser coautor ou partícipe.
Vamos continuar analisando o restante do art. 53 para
compreender as características apenas aplicáveis ao Direito Penal Militar.

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CONDIÇÕES OU CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS
§ 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da
dos outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se
comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime.
Esta é a razão de dizermos que o CPM adota a teoria monista
temperada. Apesar de haver apenas um crime, cada envolvido
responde na medida de sua culpabilidade.
Se houver entre os partícipes, por exemplo, uma pessoa que
sofria de doença mental e no momento não gozava de discernimento
suficiente para compreender a conduta, ele, e apenas ele, será
considerado inimputável.
Se a circunstância de caráter pessoal for elementar do crime,
ela pode se comunicar entre os concorrentes. Este é o caso dos crimes
propriamente militares, que, em regra, podem ser praticados por civil,
desde que em concurso de pessoas com militar.
Neste caso, portanto, a circunstância de ser militar faz parte
do tipo legal, e por isso se comunica entre os coautores ou partícipes. O
STM, por outro lado, já decidiu pela impossibilidade de comunicação da
circunstância de ser militar.

AGRAVAÇÃO DE PENA
§ 2° A pena é agravada em relação ao agente que:
I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade
dos demais agentes;
II - coage outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
autoridade, ou não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa
de recompensa.

ATENUAÇÃO DA PENA

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§3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no
crime é de somenos importância.
A adoção da teoria monista temperada permite que a pena
seja individualizada, aplicando-se a cada um dos agentes a agravação ou
atenuação da pena, dependendo das circunstâncias observadas.
Estes dispositivos não são tão importantes para fim de prova,
mas é necessária sua compreensão para facilitar sua vida quando
estudarmos os crimes militares em espécie.

CABEÇAS
§4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se
cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.
§5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais,
são estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem
função de oficial.
Esta regra é campeã de prova! Ela é própria do CPM, que
relaciona os cabeças com os crimes de concurso de pessoas
necessário, ou seja, aqueles que não podem ser praticados por apenas
uma pessoa, a exemplo do crime de motim.
Os cabeças são aqueles que coordenam, promovem,
organizam a ação. Os cabeças em geral são pessoas que têm algum
poder de decisão, e por essa razão, quando estamos diante de um crime
perpetrado por oficiais e praças, os oficiais serão considerados os
cabeças.
Imagine, por exemplo, um motim envolvendo vários praças e
um só tenente, tendo sido a ação promovida e organizada por um
sargento. Este sargento e o tenente serão considerados cabeças, ainda
que o tenente tenha participado apenas minimamente. Esta é a regra do
§2°.

CASOS DE INIMPUNIBILIDADE

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Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
disposição em contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo
menos, a ser tentado.
Este é o princípio da acessoriedade da participação. A
participação em crime só pode ser punida se a autoria também for
punida. Lembre-se de que, para que haja punição pela tentativa, é
necessário que o agente pratique a conduta, mas não atinja a finalidade
pretendida por razões alheias à sua vontade.

Caro amigo, encerro aqui a parte teórica da nossa aula. A


seguir estão as questões comentadas e logo após as mesmas questões
sem os comentários, seguidas do gabarito. Recomendo fortemente que
você comece agora a pensar na sua revisão. Nos dias que antecederem a
prova você deve se organizar para resolver novamente todas as questões
do nosso curso. Isso te ajudará a identificar quais assuntos você precisa
relembrar. Se tiver dúvidas, utilize nosso fórum. Estou disponível também
no email.

Grande abraço!

Paulo Guimarães
pauloguimaraes@estrategiaconcursos.com.br
www.facebook.com/pauloguimaraesfilho

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4. QUESTÕES COMENTADAS

1. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O Código Penal Militar


(CPM), ao estabelecer a relação de causalidade no crime, adotou o
princípio da equivalência dos antecedentes causais, ou da conditio sine
qua non, o qual se contrapõe à teoria monista adotada pelo mesmo
código quanto ao concurso de pessoas.

COMENTÁRIOS: Vimos na aula de hoje que o CPM, assim como o CP,


adota a teoria monista temperada no que tange ao concurso de pessoas:
haverá apenas um crime, ainda que haja vários coautores e partícipes,
mas a pena será aplicada individualmente. Também é verdade que o CPM
adota a teoria dos equivalentes causais, ainda que haja também algumas
manifestações da teoria da causalidade adequada (concausa
relativamente independente). O erro da questão está em dizer que uma
teoria se contrapõe à outra, pois cada uma trata de um assunto diferente.

GABARITO: E

2. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A legislação penal


militar admite o uso, em situação especial, de meios violentos por parte
do comandante para compelir os subalternos a executar serviços e
manobras urgentes, para evitar o desânimo, a desordem ou o saque.

COMENTÁRIOS: Esta é exatamente a causa excludente de


antijuridicidade inominada, prevista no parágrafo único do art. 42 do
CPM, chamada por alguns de excludente do comandante.

GABARITO: C

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3. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. Um adolescente com
dezessete anos de idade que, convocado ao serviço militar, após ser
incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de
insubordinação praticado contra superior será alcançável pela lei penal
militar, a qual adotou, para os menores de dezoito e maiores de dezesseis
anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o reconhecimento da
imputabilidade fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico.

COMENTÁRIOS: É verdade que o CPM adotou o critério biopsicológico no


art. 51, mas vimos também que este dispositivo não foi recepcionado pela
Constituição de 1988. Qualquer menor de dezoito anos,
independentemente de ter sido incorporado ao serviço militar, responde
por infrações nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente.

GABARITO: E

4. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. É inimputável o agente


que pratica o fato criminoso sem capacidade de entendimento e sem
determinação, em razão de doença mental, desenvolvimento mental
incompleto ou retardado.

COMENTÁRIOS: Estes são exatamente os termos do art. 48 do CPM.


Lembre-se das regras que vimos a respeito do procedimento para
declaração de inimputabilidade, previstos no art. 159 do CPPM. Além
disso, é possível também que a pessoa seja considerada semi-imputável,
devendo a pena ser aplicada de forma atenuada.

GABARITO: C

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5. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A embriaguez patológica
recebe o mesmo tratamento que a embriaguez voluntária ou culposa no
CPM, segundo o qual ambas isentam de pena o agente, por não possuir
este consciência no momento da prática do crime.

COMENTÁRIOS: A embriaguez patológica decorre do alcoolismo, e é


tratada como doença, podendo levar o agente à inimputabilidade, nos
termos do art. 48 do CPM. Lembre-se de que o art. 49 trata da
embriaguez acidental, decorrente de caso fortuito ou força maior, que
exclui a culpabilidade do agente ou o torna semi-imputável.

GABARITO: E

6. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. Considerando-se que,


em relação ao concurso de agentes, o CPM possui disciplinamento
singular, entendendo o “cabeça” como o líder na prática de determinados
crimes, é correto afirmar que, havendo participação de oficiais em crime
militar, ainda que de menor importância, para todos os efeitos penais,
eles devem ser considerados como “cabeças”.

COMENTÁRIOS: Lembre-se! O oficial que participar em crime de


concurso de pessoas necessário junto com praças será considerado
cabeça em razão de sua posição de comando, ainda que tenha contribuído
pouco para a consecução do crime, nos termos do art. 53, §5° do CPM.

GABARITO: C

7. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM, ao adotar o


princípio da participação de menor importância, estabeleceu uma exceção
à teoria monista do concurso de agentes.

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COMENTÁRIOS: Essa questão é um pouco polêmica, mas é verdadeira.


O princípio da participação de menor importância determina que a
individualização da pena leve em consideração a medida em que cada
agente participou da conduta típica. Por essa razão dizemos que o CPM
adota a teoria monista temperada.

GABARITO: C

8. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM estabelece que


não se comunicam as condições ou circunstâncias de caráter pessoal,
exceto quando elementares do crime, o que significa dizer que responde
por crime comum a pessoa civil que, juntamente com um militar, cometa,
por exemplo, crime de peculato tipificado no CPM.

COMENTÁRIOS: É justamente o contrário, não é mesmo? O civil que


comete crime propriamente militar juntamente com o militar responde
por crime militar. A circunstância especial (ser militar) é elementar do
tipo e, por isso, comunica-se ao civil. Lembre-se de que, como falamos na
aula passada, esta regra apenas se aplica desta maneira à Justiça Militar
da União, uma vez que a competência estabelecida pela Constituição para
a Justiça Militar Estadual não abrange o julgamento de civis.

GABARITO: E

9. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM, ao estabelecer


que aquele que, de qualquer modo, concorrer para o crime incidirá nas
penas a este cominadas, adotou, em matéria de concurso de agentes, a
teoria monista.

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COMENTÁRIOS: Ficou fácil né? Não esqueça! O CPM adota a teoria
monista temperada, pois há exceções.

GABARITO: C

10. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. No CPM, as


circunstâncias que atenuam a pena incluem a prática de crime sob coação
a que poderia ter resistido ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior.

COMENTÁRIOS: Haverá atenuação de pena, nos termos do art. 41, se a


ordem emitida pelo superior hierárquico não era manifestamente ilegal,
ou se houve coação à qual era possível resistir. A estrita obediência a
ordem de superior hierárquico, bem como a coação irresistível, isentam o
agente de pena, de acordo com o art. 38. A banca tentou confundir o
candidato misturando o conteúdo dos dois dispositivos.

GABARITO: E

11. CBM-DF – Oficial Bombeiro Militar – 2011 – Cespe. A posse, por


militar, de substância entorpecente, independentemente da quantidade e
do tipo, em lugar sujeito à administração castrense, não autoriza a
aplicação do princípio da insignificância.

COMENTÁRIOS: Lembre-se da nossa discussão sobre a inaplicabilidade


do princípio da bagatela no Direito Penal Militar. O entendimento mais
recente do STF é no sentido da inaplicabilidade do princípio, ainda que ele
já tenha sido aceito no passado.

GABARITO: C

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12. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. Embora o CPM tenha se


filiado à teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine
qua non), consideram-se cabeça, nos crimes de autoria coletiva
necessária, os oficiais ou inferiores que exercem função de oficial

COMENTÁRIOS: Os oficiais que cometerem crime juntamente com


praças serão considerados cabeças juntamente com os praças que
tiverem efetivamente exercido o comando da ação criminosa.

GABARITO: C

13. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe (adaptada). No


sistema penal militar, o estado de necessidade segue a teoria
diferenciadora do direito penal alemão, que faz o balanço dos bens e
interesses em conflito. O estado de necessidade pode ser exculpante ou
justificante. O primeiro é causa de exclusão da culpabilidade e o segundo,
de exclusão de ilicitude.

COMENTÁRIOS: Diferentemente do Direito Penal comum, o Direito Penal


Militar adotou a teoria diferenciadora alemã no que tange ao estado de
necessidade. Lembre-se da tabela que montei para ajudar você a
compreender as diferenças 

ESTADO DE NECESSIDADE NO CPM


Teoria Diferenciadora (alemã)
Exculpante (art. 39) Justificante (art. 42, I e 43)
Exclui a culpabilidade Exclui o crime
Direito próprio ou de pessoa ligada Direito próprio ou alheio

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por laços de parentesco ou afeição
Contra perigo certo e atual que não Idêntico!
provocou nem poderia evitar
Direito alheio igual ou superior ao Direito alheio é inferior ao direito
direito defendido defendido

GABARITO: C

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5. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

1. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O Código Penal Militar


(CPM), ao estabelecer a relação de causalidade no crime, adotou o
princípio da equivalência dos antecedentes causais, ou da conditio sine
qua non, o qual se contrapõe à teoria monista adotada pelo mesmo
código quanto ao concurso de pessoas.

2. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A legislação penal


militar admite o uso, em situação especial, de meios violentos por parte
do comandante para compelir os subalternos a executar serviços e
manobras urgentes, para evitar o desânimo, a desordem ou o saque.

3. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. Um adolescente com


dezessete anos de idade que, convocado ao serviço militar, após ser
incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de
insubordinação praticado contra superior será alcançável pela lei penal
militar, a qual adotou, para os menores de dezoito e maiores de dezesseis
anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o reconhecimento da
imputabilidade fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico.

4. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. É inimputável o agente


que pratica o fato criminoso sem capacidade de entendimento e sem
determinação, em razão de doença mental, desenvolvimento mental
incompleto ou retardado.

5. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. A embriaguez patológica


recebe o mesmo tratamento que a embriaguez voluntária ou culposa no
CPM, segundo o qual ambas isentam de pena o agente, por não possuir
este consciência no momento da prática do crime.

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6. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. Considerando-se que,
em relação ao concurso de agentes, o CPM possui disciplinamento
singular, entendendo o “cabeça” como o líder na prática de determinados
crimes, é correto afirmar que, havendo participação de oficiais em crime
militar, ainda que de menor importância, para todos os efeitos penais,
eles devem ser considerados como “cabeças”.

7. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM, ao adotar o


princípio da participação de menor importância, estabeleceu uma exceção
à teoria monista do concurso de agentes.

8. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM estabelece que


não se comunicam as condições ou circunstâncias de caráter pessoal,
exceto quando elementares do crime, o que significa dizer que responde
por crime comum a pessoa civil que, juntamente com um militar, cometa,
por exemplo, crime de peculato tipificado no CPM.

9. STM – Analista Judiciário – 2004 – Cespe. O CPM, ao estabelecer


que aquele que, de qualquer modo, concorrer para o crime incidirá nas
penas a este cominadas, adotou, em matéria de concurso de agentes, a
teoria monista.

10. STM – Analista Judiciário – 2011 – Cespe. No CPM, as


circunstâncias que atenuam a pena incluem a prática de crime sob coação
a que poderia ter resistido ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior.

11. CBM-DF – Oficial Bombeiro Militar – 2011 – Cespe. A posse, por


militar, de substância entorpecente, independentemente da quantidade e
do tipo, em lugar sujeito à administração castrense, não autoriza a
aplicação do princípio da insignificância.

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Direito Penal Militar para MPU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães – Aula 01
12. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. Embora o CPM tenha se
filiado à teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine
qua non), consideram-se cabeça, nos crimes de autoria coletiva
necessária, os oficiais ou inferiores que exercem função de oficial

13. MPE-ES – Promotor de Justiça – 2010 – Cespe (adaptada). No


sistema penal militar, o estado de necessidade segue a teoria
diferenciadora do direito penal alemão, que faz o balanço dos bens e
interesses em conflito. O estado de necessidade pode ser exculpante ou
justificante. O primeiro é causa de exclusão da culpabilidade e o segundo,
de exclusão de ilicitude.

GABARITO
1. E
2. C
3. E
4. C
5. E
6. C
7. C
8. E
9. C
10. E
11. C
12. C
13. C

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