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Pessoal,
Grande abraço!
Paulo Guimarães
Direito Penal Militar para MPU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães – Aula 01
SUMÁRIO PÁGINA
1. Do Crime 2
2. Da Imputabilidade penal 19
3. Do Concurso de agentes 25
4. Questões comentadas 29
5. Questões sem comentários 36
Olá amigo concurseiro! Fico feliz por saber que você optou por
preparar-se conosco para o concurso do Ministério Público da União. A
escolha do material e dos professores é decisiva na sua jornada rumo à
aprovação. Obrigado pela oportunidade de contribuir na sua busca pelo
sucesso.
Hoje daremos continuidade ao nosso estudo do Direito Penal
Militar. Repito que a nossa matéria é de fundamental importância no seu
concurso. Digo isso porque, apesar de o curso ser relativamente curto,
acertar essas questões certamente será o seu diferencial em relação aos
demais candidatos.
Os exercícios certamente serão sua principal ferramenta na
preparação para a prova. Na maioria das aulas será difícil encontrar
muitas questões sobre os assuntos, e talvez eu tenha que usar de
criatividade e inventá-las. Mantenha o foco nas explanações teóricas e
não perca tempo com as discussões jurídicas que não são relevantes para
o concurso, ok?
Ao longo do curso estarei disponível tanto no fórum quanto no
e-mail. Se você tiver qualquer dúvida ou precisar de alguma orientação,
basta me procurar.
CRIME CONSUMADO
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal;
TENTATIVA
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
PENA DE TENTATIVA
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente
ao crime, diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de
excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado.
As regras quanto ao crime consumado e à tentativa são as
mesmas do CP. Quero chamar sua atenção para o parágrafo único, que
trata da pena aplicável em caso de crime tentado.
A redução da pena em razão da sua não consumação deve
ser, em regra, operada em função da extensão do iter criminis, ou seja,
do caminho percorrido pelo agente entre o início da execução e a
consumação. Esta é a teoria objetiva.
Se a pessoa estava apenas iniciando a sua conduta, o juiz
pode aplicar a diminuição no seu grau máximo, mas se a pessoa já estava
“quase terminando”, a pena não deve ser tão diminuída assim.
Há também no parágrafo único uma manifestação da teoria
subjetiva, pois o juiz pode, considerando a gravidade da conduta, aplicar
à tentativa a pena do crime consumado. Jorge César de Assis entende
que essa regra perdeu totalmente sua eficácia, não sendo mais aplicável
CRIME IMPOSSÍVEL
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime,
nenhuma pena é aplicável.
Aqui temos a mesma redação do Código Penal comum. A
ineficácia absoluta do meio ocorre, por exemplo, quando uma pessoa
tenta cometer homicídio utilizando arma de brinquedo. A absoluta
impropriedade do objeto ocorre quando uma pessoa utiliza arma de
fogo para atirar num cadáver.
Lembre-se da Súmula 145 do STF, que trata do “flagrante
preparado”.
CULPABILIDADE
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo;
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela,
atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em
face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou,
prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia
evitá-lo.
ERRO DE FATO
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por
erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o
constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima.
ERRO CULPOSO
§1º Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o
fato é punível como crime culposo.
ERRO PROVOCADO
§2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime,
a título de dolo ou culpa, conforme o caso.
O erro pode ser conceituado como a falsa compreensão da
realidade. O completo desconhecimento da realidade geralmente é
chamado pelos doutrinadores de ignorância.
Este erro pode estar sob os elementos do fato real (erro de
fato) ou sob a ilicitude do fato (erro de direito). O erro de fato ocorre,
por exemplo, quando o sentinela dispara contra o colega de farda que
estrava tentando “pregar uma peça”. O erro de fato ocorre quando uma
pessoa se apropria de objeto de outro, acreditando ser seu.
DUPLICIDADE DO RESULTADO
§2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no
caso do parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se
a regra do art. 79.
Quando há erro sobre a pessoa, o agente termina
praticando a conduta contra pessoa diferente daquela que tinha a
intenção de atingir. Neste caso o agente responderá como se tivesse
conseguido seu verdadeiro intento.
O erro sobre a pessoa pode se dar por erro de percepção
(erro in persona) ou por erro no uso dos meios de execução (aberratio
ictus). O primeiro caso é o do agente que realmente confunde a vítima
com outra pessoa e contra ela pratica a conduta. A aberratio ictus resulta
da inabilidade do agente em alvejar sua verdadeira vítima.
Um exemplo de erro quanto ao bem jurídico (aberratio
criminis) é o da pessoa que atira uma pedra contra veículo na intenção de
COAÇÃO IRRESISTÍVEL
a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo
a própria vontade;
OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em
matéria de serviços.
§1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem.
§2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato
manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da
execução, é punível também o inferior.
Este dispositivo trata da inexigibilidade de conduta
diversa, que é uma excludente de culpabilidade. Nosso problema é que o
CPM não traz apenas estas hipóteses, mas também o estado de
necessidade exculpante.
O Código Penal adota a teoria unitária, encarando o estado
de necessidade apenas como uma excludente de antijuridicidade. O CPM,
por outro lado, adota a teoria diferenciadora alemã, com o estado de
necessidade justificante (art. 42) e o estado de necessidade exculpante
(art. 39).
Há ainda duas outras hipótese de inexigibilidade de conduta
diversa no CPM: o excesso exculpante previsto no art. 45, parágrafo
EXCESSO CULPOSO
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime,
excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se
este é punível, a título de culpa.
EXCESSO ESCUSÁVEL
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de
escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação.
ATENUAÇÃO DA PENA
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à
coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art.
39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz,
tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena.
As hipóteses do art. 38 são exatamente a coação e a
obediência hierárquica. O art. 39 trata do estado de defesa exculpante.
LEGÍTIMA DEFESA
Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem.
EXCESSO ESCUSÁVEL
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de
escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação
A legítima defesa segue os mesmos ditames do Código Penal
comum. Acerca do excesso, também já conversamos anteriormente. O
excesso culposo segue a mesma regra do Direito Penal comum, mas há
também a figura do excesso escusável, prevista no parágrafo único do
art. 45, que comentei quando tratamos das excludentes de culpabilidade.
EXCESSO DOLOSO
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por
excesso doloso.
Ainda quando o sujeito pratica o excesso de forma dolosa, o
juiz pode atenuar a pena. A Doutrina entende que essa situação somente
poderia ser aplicada em caso de erro de direito, quando a pessoa
acreditava que seu excesso não era conduta criminosa.
É o caso de alguém que sofre agressão, reage em legítima
defesa, mas intencionalmente se excede na defesa e atinge o agressor de
maneira desarrazoada.
QUESITOS PERTINENTES
Art. 159. Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes
forem oferecidos, e dos esclarecimentos que julgarem necessários, os
peritos deverão responder aos seguintes:
QUESITOS OBRIGATÓRIOS
a) se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental, de
desenvolvimento mental incompleto ou retardado;
b) se no momento da ação ou omissão, o indiciado, ou acusado, se
achava em algum dos estados referidos na alínea anterior;
c) se, em virtude das circunstâncias referidas nas alíneas
antecedentes, possuía o indiciado, ou acusado, capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo com esse
entendimento;
d) se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou acusado, não
lhe suprimindo, diminuiu-lhe, entretanto, consideravelmente, a
capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de
autodeterminação, quando o praticou.
Perceba que essas questões explicitam o critério
biopsicológico. Se a resposta às questões das alíneas A ou B for negativa,
o acusado será considerado imputável. Se a resposta da alínea C for
positiva, ele será considerado inimputável. Caso a resposta da C seja
negativa, será feita a questão da alínea D para verificar se o acusado
poderá ser considerado semi-imputável.
INIMPUTÁVEIS
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da
omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de
doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
MENORES
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo
completado dezesseis anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico
para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com este
entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a
metade.
Podemos ver que este dispositivo não foi inteiramente
recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A regra geral é de
que o menor de dezoito anos seja inimputável, mas o CPM abria a
possibilidade de o menor entre dezesseis e dezoito anos poderia ser
considerado imputável em razão de perícia médica.
Esta era mais uma manifestação do critério biopsicológico,
e a regra era de que haveria diminuição de pena se houvesse suficiente
desenvolvimento psíquico.
EQUIPARAÇÃO A MAIORES
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não
tenham atingido essa idade:
a) os militares;
3. CONCURSO DE AGENTES
COAUTORIA
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas.
Esta é a regra geral. Apesar de o nome da regra tratar apenas
de coautoria, quem concorrer para o crime, responde pela pena,
independentemente de ser coautor ou partícipe.
Vamos continuar analisando o restante do art. 53 para
compreender as características apenas aplicáveis ao Direito Penal Militar.
AGRAVAÇÃO DE PENA
§ 2° A pena é agravada em relação ao agente que:
I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade
dos demais agentes;
II - coage outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
autoridade, ou não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa
de recompensa.
ATENUAÇÃO DA PENA
CABEÇAS
§4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se
cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.
§5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais,
são estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem
função de oficial.
Esta regra é campeã de prova! Ela é própria do CPM, que
relaciona os cabeças com os crimes de concurso de pessoas
necessário, ou seja, aqueles que não podem ser praticados por apenas
uma pessoa, a exemplo do crime de motim.
Os cabeças são aqueles que coordenam, promovem,
organizam a ação. Os cabeças em geral são pessoas que têm algum
poder de decisão, e por essa razão, quando estamos diante de um crime
perpetrado por oficiais e praças, os oficiais serão considerados os
cabeças.
Imagine, por exemplo, um motim envolvendo vários praças e
um só tenente, tendo sido a ação promovida e organizada por um
sargento. Este sargento e o tenente serão considerados cabeças, ainda
que o tenente tenha participado apenas minimamente. Esta é a regra do
§2°.
CASOS DE INIMPUNIBILIDADE
Grande abraço!
Paulo Guimarães
pauloguimaraes@estrategiaconcursos.com.br
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GABARITO: E
GABARITO: C
GABARITO: E
GABARITO: C
GABARITO: E
GABARITO: C
GABARITO: C
GABARITO: E
GABARITO: C
GABARITO: E
GABARITO: C
GABARITO: C
GABARITO: C
GABARITO
1. E
2. C
3. E
4. C
5. E
6. C
7. C
8. E
9. C
10. E
11. C
12. C
13. C