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IMPORTâNCIA DA BIOTECNOLOGIA PARA A PRODUçãO DE CARNE BOVINA

ANA KARINA DIAS SALMAN


Pesquisadora - EMBRAPA/CPAFRO

A notícia sobre os focos de febre aftosa nos Estados do Mato Grosso do Sul e do
Paraná, responsável pela queda nos preços da arroba do boi e nas exportações de
carne bovina levou por água as expectativas dos exportadores que almejavam
melhorar a remuneração da carne bovina brasileira, a qual vinha liderando os
embarques mundiais. As estimativas preliminares do setor privado apontam para
perdas de US$ 1,7 bilhão em exportações de carne com os embargos impostos por
49 países aos produtos brasileiros por causa da febre aftosa.

As especulações sobre as causas do reaparecimento da febre aftosa no Brasil


reacenderam as discussões sobre a eficácia dos programas de imunização. A falta
de eficiência das vacinas utilizadas atualmente baseia-se no fato das mesmas
apresentarem janela imunológica longa (período em que o animal vacinado
permanece desprotegido) ou ainda por apresentarem problemas de biossegurança
na sua produção e na estocagem. As vacinas produzidas a partir das técnicas
disponíveis nos laboratórios de biotecnologia, as quais permitem alterar as
moléculas (ácido dexorribonucléico ou DNA e ácido ribonucléico ou RNA) que
contém todas as informações genéticas de um indivíduo, podem substituir com
vantagem as vacinas tradicionais, já havendo diversos exemplos em
desenvolvimento ou comerciais. Essas vacinas são conhecidas como vacinas
recombinantes. Existe ainda a possibilidade de produção de vacina contra aftosa
em plantas geneticamente modificadas (transgênicas). Ao se alimentar com a planta
modificada os animais podem produzir anticorpos contra a aftosa que os deixarão
“protegidos”, o que significa que ao entrarem em contato com o vírus não irão
manifestar os sintomas da doença. Dentre as vantagens dessas vacinas pode-se
citar a não necessidade de refrigeração ou armazenamento em baixas
temperaturas, a estabilidade e sua aplicabilidade para uso em países
subdesenvolvidos.

Além disso, o uso da biotecnologia pode fornecer subsídios para o desenvolvimento


de testes laboratoriais para o diagnóstico mais preciso, barato e precoce da febre
aftosa. Novos métodos de diagnósticos mais rápidos e seguros podem ser
realizados utilizando a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), uma das
ferramentas mais utilizadas nos laboratórios de biotecnologia para sintetizar e
multiplicar in vitro regiões específicas do DNA ou RNA de qualquer organismo.

Outro problema que afeta diretamente a rentabilidade da produção de carne bovina


é a infestação com carrapatos e bernes, também conhecidos como ectoparasitos,
que causam reduções drásticas na produção de carne bovina. Estima-se que o
Brasil deixa de produzir em torno de 26 milhões de arrobas de carne bovina por ano
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levando a um prejuízo próximo a 2 bilhões de reais por causa das infestações com
o carrapato do boi (Boophilus microplus). Atualmente, o controle desse carrapato
pode ser realizado com a utilização de produtos químicos (acaricidas), vacinas e
animais de raças resistentes. O controle baseado no uso exclusivo de acaricidas
enfrenta os problemas da resistência adquirida pelos carrapatos num curto espaço
de tempo, ao elevado custo econômico e ao impacto ambiental negativo. Por isso,
muita importância está sendo dada às novas alternativas, como o uso de vacinas
recombinantes e de animais geneticamente resistentes. E, nesses casos, as
ferramentas de biologia molecular auxiliam nas buscas por antígenos (matéria prima
das vacinas) e por animais que apresentem genes ou conjunto de genes que
estejam relacionados com a resistência aos carrapatos. As técnicas de clonagem
(reprodução de indivíduos geneticamente idênticos) auxiliam na produção em
escala comercial dessas vacinas.

Mas, os ganhos que podem ser alcançados com o uso da biotecnologia vão além
da sanidade do rebanho. O manejo reprodutivo e, conseqüentemente, o
melhoramento genético do rebanho ganharam grandes aliados a partir do
surgimento da inseminação artificial na década de 50 e com o advento do
congelamento do sêmen que propiciou a rápida multiplicação do número de
descendentes geneticamente superiores. Na década de 70 surgiu a transferência de
embriões, a qual tornou possível escolher também a melhor fêmea a ser fecundada.
O avanço seguinte veio com a fecundação in vitro, no laboratório, que acelerou o
aproveitamento dos muitos "óvulos" (oócitos) da fêmea doadora e colocou muito
mais vacas para multiplicar descendentes. No final do século 20, a engenharia
genética na área animal surpreendeu o mundo através do desenvolvimento de
técnicas de clonagem de animais adultos, trazendo à tona a possibilidade de se
multiplicar em laboratório animais de elevado valor genético e econômico. Através
das técnicas de manipulação do DNA pode-se vislumbrar a possibilidade de
produção de animais com maior velocidade de ganho de peso e capacidade de
produção de carne mais saborosa e com menos gordura.

Nos últimos 30 anos através dos conceitos da genética de populações, várias metas
foram alcançadas em relação às várias características de interesse econômico,
como crescimento mais rápido, reprodução e carne de melhor qualidade. Apesar de
todo esse ganho, a pecuária nacional ainda está em busca de melhores índices em
termos de precocidade sexual e de terminação de carcaça. Enquanto nos Estados
Unidos e na Europa o gado de corte está pronto para o abate com menos de dois
anos de idade, no Brasil a média ainda é de 3,5 anos para que os animais atinjam o
peso vivo ideal para abate, entre 240 e 330 kg. Isto porque 80% do rebanho
brasileiro é composto por animais zebuínos, notavelmente menos precoces que os
de origem européia. As fêmeas das raças zebu, em média, entram em reprodução
em torno de 24 meses de idade enquanto as de origem européia o fazem com idade
em torno de 14 meses. A oportunidade de utilização de fêmeas sexualmente mais
precoces tem reflexo direto na eficiência, rentabilidade e competitividade da
pecuária bovina nacional. Rebanhos detentores de elevada precocidade sexual e
fertilidade possuem maior disponibilidade de animais, tanto para venda como para
seleção, o que permite progressos genéticos mais elevados, maior quantidade de
carne produzida e, conseqüentemente, maior lucratividade. No entanto, a redução
da idade ao primeiro parto, resultante do aumento da precocidade sexual das
fêmeas, parece ser o maior desafio para os criadores de gado zebu brasileiro. A
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grande esperança para o melhoramento mais eficaz e mais rápido das raças
zebuínas, em especial a Nelore, está aliada aos resultados obtidos com a genética
molecular, a qual vem se tornando cada vez mais comum nos centros de pesquisas.

Apesar de toda a polêmica envolvendo as técnicas de clonagem e de transferência


de genes para a produção de indivíduos transgênicos, não devemos deixar de
considerar todos os ganhos que já foram alcançados e, principalmente, aqueles que
ainda podem ser alcançados com uso da biotecnologia na produção animal. A
Embrapa, maior empresa de pesquisa agropecuária no Brasil, é pioneira nas
pesquisas com plantas transgênicas e foi a primeira a lançar através da Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia, em 1986, uma planta modificada
geneticamente. A Embrapa Gado de Corte está testando uma vacina recombinante
contra o carrapato Boophilus microplus e na Embrapa Pecuária Sudeste estão
sendo desenvolvidos inúmeros projetos com marcadores moleculares associados
com características de interesse econômico para a bovinocultura de corte. Na
região norte, a Embrapa Rondônia está montando um laboratório de biotecnologia
onde serão desenvolvidos estudo com diagnóstico molecular da tristeza parasitária
bovina (TBP), principal doença transmitida pelo carrapato do boi, e também sobre
marcadores moleculares em raças zebuínas. Logo, o Brasil já possui recursos
humanos e tecnológicos suficientes para melhorar os seus índices de produção de
carne bovina, bem como resolver problemas graves de sanidade do rebanho e as
ferramentas da biotecnologia podem ser grandes aliados para que esse objetivo
seja alcançado o mais breve possível.

COMO CITAR ESTE ARTIGO

SALMAN, A. K. D. Importância da Biotecnologia para a produção de carne bovina.


Agronline.com.br. Disponível em: <http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=297>. Acesso em:
19 de dezembro de 2017.

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