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Bárbara Amâncio
MICROSCOPIA
Lâmina 77 – Bócio
Se trata de uma tireoide. É possível ver uma nodulação cercada por faixas de fibrose; folículos
da tireoide aumentados em tamanho.
Obs.1: Por haver indícios de um hiperfuncionamento, pode-se se arriscar dizer que se trata de
um bócio tóxico.
Obs.3: A fibrose não está diretamente ligada ao hipertireoidismo, ela ocorre pois há um
crescimento da glândula que vai comprimindo o tecido normal em sua volta e faz com que esse
tecido vá fibrosando
Patologia Sistêmica I - A2 2
Bárbara Amâncio
Lâmina 78 – Hashimoto
Contexto clínico: Paciente do sexo feminino, 15 anos, apresenta aumento difuso da tireoide (não
muito grande, mas aumentada), indolor e quadro clínico laboratorial de hipotireoidismo (leve,
mas instalado), ausência de nódulo à palpação.
Exames solicitados: anti TPO, anti tireoglobulina, T3 eT4 livre e TSH
Resultados: anti TPO e anti tireoglobulina positivos com alta titulação, T3/T4 baixos
Diagnóstico: tireoidite de Hashimoto
Planejamento a seguir: reposição hormonal e acompanhamento.
Ao longo da evolução a paciente apresentou um nódulo, no qual foi feito PAAF com diagnóstico
de bethesda 3 (que traduz atipia celular sem significado estabelecido). Tendo em conta também
o estado da tireoide, que já era acometida por uma tireoidite, optou-se por fazer a retirada da
glândula.
Obs.1: Chammas é uma classificação de nódulos tireoideanos que vai de 1 (nódulo benigno) até
4 (nódulo suspeito para neoplasia).
comum), depois carcinoma medular (terceira mais comum), ou ainda outra doença qualquer
(como linfoma, metástase... menos comuns)
Bethesda 6: afirmativo de neoplasia maligno – chance de acerto de 99%; mais comumente,
em primeiro lugar, papilífero, seguido por medular e, em terceiro lugar uma neoplasia
secundária (linfoma, metástase ou outra neoplasia mais rara)
Obs.2: Por que o PAAF é uma ferramenta ambulatorial tão eficaz para avaliação da presença ou
não de carcinoma papilar na tireoide? De forma geral: por ser fácil de fazer, barato, relativamente
acessível e define a conduta do paciente. Mas especificamente em relação ao papilífero há uma
chance altíssima de acerto devido ao fato de as alterações presentes no PAAF de um carcinoma
papilífero serem muito específicas – exame possui alta especificidade e, se bem executado,
sensibilidade para esse tipo de neoplasia. Diferente do carcinoma folicular, que possui alterações
mais arquiteturais, as alterações do carcinoma papilar são nucleares, citológicas algo que o
PAAF vê com maestria.
Obs.3: Diferença de adenoma e carcinoma folicular: carcinoma invade a cápsula e vaso. Duas
alterações que não são possíveis de ver pelo PAAF, exame que traz “apenas” elementos
celulares da lesão, mas não dispõe de informações sobre a cápsula e os vasos que estão em
volta da lesão; logo não é possível diferenciar esses dois tumores através do PAAF.
É possível ver na periferia a tireoide normal, comprimida pelo nódulo. A parte normal da glândula
está com folículos pequenos devido a compressão feita pelo nódulo.
fenda
B
Pseudoinc. eosinofílica
pseudoinclusão
A fenda e a pseudoinclusão surgem da dobra do citoplasma. O carcinoma papilar só faz com que
a membrana fique irregular, ela então pode se invaginar pra dentro formando uma fenda ou,
quando essa invaginação é maior, uma pseudoinclusão (é a mesma alteração, apenas com
aspecto diferente: fenda ou psdeudoinclusão). Essa invaginação torna possível ver um pedaço
do citoplasma “dentro” do núcleo (se o citoplasma estiver claro, a inclusão fica clara, se ele estiver
eosinofílico – que é o mais comum/típica do carcinoma papilar – a inclusão fica eosinofílica).
Nesse caso há predomínio de fendas.
A cromatina das células do carcinoma papilífero
é fina e regularmente dispersa, dando ao
núcleo um aspecto claro e relativamente
homogêneo. A isto se denomina aspecto em
vidro fosco. Há também um reforço na periferia
do núcleo (a cromatina é mais densa abaixo da
membrana nuclear).
Patologia Sistêmica I - A2 6
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Obs.5: A pessoa que descreveu o carcinoma papilar viu primeiramente um caso que formava
papila, entretanto depois foi constatado que as alterações nucleares estão presentes em diversos
outros tipos de neoplasias (não só as que formam papilas) e todas, geneticamente, são a mesma
coisa todos enquadrados como carcinoma papilar.
No laudo dado pelo patologista haverá uma informação muito importante para definir a conduta
a ser tomada com o paciente, que é o estadiamento. O estadiamento na tireoide tem basicamente
os seguintes informes: tamanho do tumor, se eles está dentro ou fora da tireoide, se tem invasão
angiolinfática e/ou perineural, tipo histológico do tumor. De acordo com todos esses dados
compilados é que será avaliado se o paciente precisa ou não de uma terapia complementar, que
no caso seria de iodo radioativo (o paciente recebe uma dose de iodo radioativo marcado com
tecnésio 99, o iodo é captado pelas células neoplásicas - que são bem diferenciadas - e então
faz-se uma radioterapia localizada, matando essas células).
O prognóstico desse tumor é de 98% de cura em 10 anos, é indolente, normalmente de baixo
grau; em casos nos quais ele se encontra avançado, a iodoterapia consegue “resolver bem” a
situação.
O padrão de disseminação desse tumor tem como locais mais esperados de metástase: linfática
-> primeiro linfonodos cervicais, depois pleura e pulmão e por fim, mais raramente, osso, fígado
e etc. Já o carcinoma folicular, tem como um dos critérios de malignidade a invasão vascular, ele
tende a ter uma disseminação mais hematogênica: indo pra osso (úmero) -> fígado -> vísceras
à distância.
Obs.1: Após a USG o PAAF é sempre a ferramenta utilizada logo após a USG para investigação
laboratorial de nódulo tireoideano. O USG é o screaming, vai decidir quais nódulos serão
puncionados.
No caso, o PAAF teve como resultado um diagnóstico de Bethesda 4 paciente com nódulo na
tireoide com características suspeitas (radio e citologicamente): a chance não é muito alta (mas
existe e é considerável) de que seja neoplásico, sendo que pode ser uma neoplasia benigna ou
maligna próximo passo para verificar (e possivelmente tratar) o caso: retirar a lesão
(nodulectomia ou lobectomia) e fazer imuno-histoquímica.
Patologia Sistêmica I - A2 7
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A- Nódulo
B- Cápsula
A C- Tireoide normal
C
Patologia Sistêmica I - A2 8
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B
A
Também se trata de um carcinoma tireoideano bem diferenciado e que responde bem a terapia
do iodo. Em relação ao papilar, o carcinoma folicular é mais agressivo: tem maior chance de
metástase e maior nível de mortalidade.
Obs.1: alterações nucleares são típicas dos papilares, o restante tem predomínio de alterações
arquiteturais.
AULA 2
Lâmina 67 - Seminona
Contexto clínico: Paciente de 20 anos com quadro de dispneia em que foi evidenciado nódulo
em mediastino anterior ao exame de raio X. O crescimento do nódulo comprimiu as vias aéreas
levando ao aparecimento do sintoma respiratório.
Deve-se formular hipóteses que guiaram a conduta a ser tomada com objetivo de
confirmar/excluir as hipóteses traçadas.
Hipóteses diagnósticas:
1) Linfoma – “primeiro colocado” nas neoplasias de mediastino, sobretudo nessa topografia
LINFOMA É A NEOPLASIA MAIS COMUM DE MEDIASTINO ANTERIOR (tanto em idade
pediátrica, quanto adulta – sempre uma hipótese muito provável)
Patologia Sistêmica I - A2 2
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Obs: Tanto no seminoma quanto no carcinoma embrionário pode haver aumento de beta-hcg;
já alfa-fetoproteína só aumenta no carcinoma embrionário. Um coriocarcinoma (tipo de tumor
de cél. germinativas), por exemplo, leva a um aumento muito intenso de beta-hcg, maior do que
gravidez.
Se tivesse sido constatada elevação de alfa-fetoproteína nesse caso seria necessário procurar
um foco de carcinoma embrionário no tumor, porque o seminoma não promove elevação dessa
glicoproteína.
Lâmina 4 – Schwannoma
Contexto clínico: Paciente de 2 anos com tomografia evidenciando nódulo de 1,5cm em
mediastino posterior.
Hipótese diagnóstica: tumor neurogênico (nascido de linhagem neural)
Um tumor neurogênico pode ser tanto benigno, quanto maligno. Normalmente tumores
neurogênicos em adultos são benignos, como Schwannoma, neurofibroma ou ganglioneuromas,
que são maduros. Em crianças há uma probabilidade de serem tumores primitivos e, portanto,
mais agressivo.
Patologia Sistêmica I - A2 5
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Tendo em conta a probabilidade de ser agressivo, decidiu-se fazer a remoção do tumor e fazer
sua análise.
O Schwannoma é um tumor neurogênico benigno (em 99,99% dos casos – há uma chance
infinitesimal de ser maligno em casos de pacientes sindromicos, como na neurofibromatose, mas
mesmo nesses casos são raros).
Obs.: a localização do tumor é muito importante de ser levada em conta no pulmão! Tumores
centrais têm chance maior de ser carcinoma epidermóide ou tumor neuroendócrino, enquanto
tumores periféricos possuem chance maior de ser adenocarcinoma ou carcinoma de grandes
células.
À biópsia viu-se o seguinte extensa área de necrose, além de células pequenas, redondas e
“azuis”.
Patologia Sistêmica I - A2 7
Bárbara Amâncio
Tumor neuroendócrino diz respeito a uma família. Há desde o carcinóide, que possui
comportamento indolente, que dispensa tratamento adicional, até a “outra ponta”, que seria o
carcinoma de pequenas células, que é extremamente agressivo, letal (ao diagnóstico o paciente
já cai em estadio 4 – doença sistêmica avançada). Os principais critérios para diferenciação dos
tumores dessa família são: atipia e, o mais importante, mitose. Normalmente para se ter uma
certeza maior, essa avaliação da mitose é feita por IHQ, até porque as células são muito
“esmagadas” na biópsia, de forma que não é possível contar o núcleo. Além da avaliação da
mitose, a IHQ é usada para diferenciar o tumor de um linfoma.
A necrose também é uma pista para diferenciação
entre os tumores neuroendócrinos, é mais comum nos
mais agressivos.
Lâmina 84 – Tuberculose
Contexto clínico: Paciente de 22 anos, estudante de medicina, procura o atendimento médico
com tosse, febre e perda de peso. No exame clínico foi visto linfadenomegalia axilar e no exame
de raio x, linfadenomegalia nos hilos pulmonares bilateralmente e um nódulo único na região
apicoposterior do pulmão direito.
Hipótese: Tuberculose
Obs.: deve-se prestar atenção que o paciente apresenta um fator de risco pra doença, que é ser
estudante de medicina, está inserido na área da saúde.
Patologia Sistêmica I - A2 8
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Confirmação da hipótese:
Pesquisa de BAAR em escarro: fácil, rápido e barato, porém tem como problema uma
baixíssima sensibilidade (3%), apesar da grande especificidade, geralmente relacionado a
coleta mal feita. Como é possível avaliar, ao pegar o laudo do laboratório no ambulatório, se
o exame foi bem coletado ou não? Através do padrão celular: cavidade oral é revestida por
células escamosas, pulmão é revestido por pneumócitos, (célula cilíndrica, ciliada) e os
alvéolos têm macrófagos em seu interior. Logo no cuspe haverá células escamosas e no
escarro pneumócitos e macrófagos.
No caso de o exame de BAAR der negativo não se exclui o diagnóstico (lembrar da baixa
sensibilidade), procede com realizaçãod e PPD.
PPD é um exame rápido, fácil, barato e de altíssima sensibilidade e especificidade; porém
PPD encontra-se em falta na saúde pública.
No caso, não havia derrame pleural e foi feita a biópsia do linfonodo axilar e encontrado o
seguinte padrão:
Linfonodo axilar com área rosa, amorfa = necrose de padrão
caseoso (aspecto de quejo cottage na macroscopia).
Necrose
Necrose
Granuloma
Fibrose
O padrão histológico reforça a hipótese inicial, de tuberculose. Pode/deve ainda ser feito o teste
de BAAR na amostra para confirmar o diagnóstico, isso é feito na biópsia através de uma
coloração especial, que busca corar o bacilo e o tecido.
(lâmina 24)
Patologia Sistêmica I - A2 10
Bárbara Amâncio
Qual a necessidade de se fazer essa pesquisa? Porque existem outras doenças que possuem
padrões similares: granuloma, área de necrose e que acometem o aparelho respiratório.
Lâmina 84 – Paracoccidioidomicose
Dá impressão que está “nascendo uma bolinha, de outra bolinha”, um brotamento de uma bolinha
menor, das bolinhas maiores.
Esses brotamentos podem adquirir a formação da “orelha de Mickey” ou ainda, de uma “roda de
leme”
Brotamento
em roda de leme
Patologia Sistêmica I - A2 11
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Ou seja, a doença granulomatosa pode ser com ou sem necrose. Paciente com doença
granulomatosa e presença de necrose, no Brasil, incialmente deve-se sempre pensar em
tuberculose e fazer a pesquisa do bacilo para confirmação. O diagnóstico diferencial é para
outras doenças granulomatosas como sacoidose, que é uma doença que forma granulomas e
normalmente não apresenta necrose; fungo também é granulomatoso e pode apresentar
necrose, entretanto será de padrão liquefativo (e não o padrão caseoso, como na tuberculos),
além de ser possível, na maioria das vezes, ver o microrganismo e/ou indícios dele.
Obs.: as biópsias são sempre feitas retirando material de onde for mais fácil. Por exemplo,
haviam casos acima com presença de massa em linfonodo e pulmão, a pesquisa foi feita em
linfonodo pela acessibilidade/facilidade.