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Antes de Lutero,

onde estava a Igreja de Cristo?

Se a Igreja Católica foi em algum tempo a verdadeira Igreja, então ela nunca cessou,
nunca cessará de o ser, até o fim dos tempos. Do contrário, Jesus Cristo nos enganou.
Após 15 séculos de cristianismo levante-se um monge no coração da Alemanha e lança ao
mundo o pregão de uma reforma. Simples regeneração dos costumes?

Não, reforma doutrinal.

Se a Igreja caiu no erro, as portas do inferno prevaleceram contra ela

e Cristo não manteve a sua promessa.

A Igreja se havia apartado da verdadeira fé: era mister reconduzi-la às fontes genuínas do
Evangelho.

Cristo errara a mão. Fundara uma sociedade fadada a destinos imortais. Plantara-a no mundo
como cidade visível para acolher os eleitos. Mas apenas saída das suas mãos divinas, apenas o
mundo pagão, com a paz de Constantino, viera buscar à sombra da cruz a verdade e a vida, a
Igreja desfalece, corrompe-se, paganiza-se. Onze séculos de ignorância, de trevas e de
superstições ensombraram a obra do Salvador.

Se Cristo é Deus, se Cristo fundou uma Igreja, essa é indefectível e imortal como as obras divinas.
Mas se a Igreja caiu no erro, as portas do inferno prevaleceram contra ela e Cristo não manteve
a sua promessa. Cristo enganou-nos, Cristo não é Deus, e o cristianismo é uma grande
impostura. É tão forte a consequência que muitos protestantes por este motivo abjuraram o
cristianismo. É o exemplo de Staudlin, que dizia:

Se na religião partimos de um princípio sobrenatural (como uma revelação, a Bíblia, por


exemplo ou o Corão), cumpre necessariamente admitir que a Divindade, comunicando uma
revelação ao homem, deve prover outrossim o modo de impedir que o sentido desta revelação
não seja abandonado às arbitrariedades do juízo subjetivo. Esta inconsequência de Jesus Cristo
não me permite considerá-lo senão como um sábio benfeitor. [1]

Ochin, outro protestante, que no dizer de Calvino, era mais sábio ele só que a Itália inteira,
chegava pelo mesmo caminho à mesma conclusão. “Considerando, de um lado, como poderia
a Igreja haver sido fundada por Jesus Cristo e regada com o seu sangue, e, do outro, como
poderia ela ser fundamentalmente adulterada pelo catolicismo, como estamos vendo, conclui
que aquele que a estabeleceu não podia ser o Filho de Deus; faltou-lhe evidentemente a
Providência” [2]. E Ochin, renunciando ao protestantismo, fez-se judeu.

Se a Igreja Católica foi em algum tempo a verdadeira Igreja, então ela nunca cessou, nunca
cessará de o ser, até o fim dos tempos. Do contrário, Jesus Cristo nos enganou. [3]
Por uma feliz incoerência, porém, muitos protestantes não resvalaram até ao fundo do
abismo. Parando à meia encosta, esforçam-se por conservar alguns restos de cristianismo.
Mas nem estes deixaram de sentir o fio cortante do argumento: onde estava a Igreja antes de
Lutero?

Pergunta capciosa? Não, pergunta molesta, pergunta irrespondível, pergunta que vale por si
uma apologia inteira, pergunta inexoravelmente fatal ao protestantismo.

Referências

1. Magazin de l’histoire de la religion, 3e. partie, p. 83.

2. Citado na obra Dialogues sur le protestantisme, p. 55.

3. Bem dizia aquele filósofo: Se o Messias já veio, devemos ser católicos; se não veio,
judeus; em nenhuma hipótese, protestantes.

Notas

o Transcrito e adaptado da obra do Pe. Leonel Franca, “A Igreja, a Reforma e a


Civilização”, 5.ª ed., Rio de Janeiro, Agir, 1948, pp. 143-151.

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