Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
(07/08/17)
Normalmente essas pessoas são magras, claro, porque elas não tem esse tecido adiposo, mas elas
também tem outra característica: elas apresentam muita fome. A leptina, então aqui também
tem outro fator que a gente tem que levar em consideração que é o hormônio da saciedade, a
leptina. Então aqui oh, eu tenho três situações, eu tenho: uma quantidade insuficiente,
diminuição ou aumento da quantidade de gordura; eu tenho: o cérebro da ordem para parar de
comer; eu tenho: saciedade, aumento ou diminuição do apetite. E tem esse equilíbrio entre
aumento e diminuição do apetite, dependendo de contar os níveis de leptina eu consigo manter o
meu peso ideal.
Ou então eu tenho outro viés, quando eu tenho excesso de gordura e um excesso da quantidade
de leptina na circulação, o que acontece? A leptina informa ao cérebro que ele tem que continuar
a comer, come, come, come, come, e tem aumento de peso. Quando eu tenho, que é o que
acontece muitas vezes nas dietas, principalmente naquelas dietas loucas, quando eu tenho um
regime de valor calórico reduzido, principalmente aquelas dietas de proteína e tal que não entra
muito carboidrato, eu tenho um desequilíbrio de nutrientes e o nível da leptina está alterado, o
cérebro percebe a falta dos nutrientes essenciais, dando ordens para continuar a comer, mas essa
fome é pior porque ainda tem a irritabilidade, sabe aquela fome eu preciso de um chocolate?
Então eu tenho um aumento contínuo de peso.
Só que no caso da bernardinelli, eu não tenho aumento de peso porque na verdade eles não estão
fazendo depósito de lipídios, não tem adipócito, só que ao mesmo tempo, eles tendo uma fome
sem ter uma dieta controlada, eles tão colocando lipídio para dentro, só que é a diferença que
eles não têm onde de estocar, mas em compensação eles estão ferrando cada vez mais o fígado,
então por isso que mesmo ele sendo magrinhos tenho que controlar a dieta deles para que eu não
ferre mais o fígado, para que eu não leve mais uma resistência à insulina porque eu estou
aumentando a quantidade de líquido circulante.
André: Os níveis normais de leptina levam a saciedade, só que os níveis um pouco abaixo ou um
pouco acima levam você a querer comer mais?
É que a leptina ela não vai tá atuando sozinha tudo vai depender do que ta na circulação, se eu
tenho um excesso de gordura, eu vou levar uma resistência à leptina, porque ela impede que o
cérebro recebe uma mensagem de que existe uma quantidade adequada de gordura armazenada,
porque na verdade essa quantidade de gordura armazenada não existe. Então por isso que eu levo
uma resistência à leptina.
MP: A leptina não é produzido o tecido adiposo?
Prof: Sim, aí ela age no hipotálamo
MP: mas se nao tem tecido adiposo não é para ele ter leptina?
Prof: E aí que que acontece se não tem leptina?
MP:certo eu entendi mas eu entendi você falar que eles tem leptina
Prof: não, eles têm alterações nos níveis de hormônios, não falei de quantidade para mais ou para
menos eu falei que eles têm alterações na LDL, HDL, leptina...
MP: certo, mas eles tem leptina?
Prof: tem, porque eles também tem outras células adiposas, eles não têm a gordura subcutânea
MP: Aí no caso a resistência à leptina ela é uma coisa que vem com tempo né?
Prof: claro, não é da noite para o dia
Prof: Então na verdade o pico da berardinelli é ali naquela fase em que estão saindo da infância
entrando na puberdade, aí é quando eu realmente a coisa
Roham: Se eles têm pouca leptina no caso, ao longo do tempo é para você aumentar o número de
receptores para aumentar esse efeito né só que aí começa a ter resistência né
Prof: Essa resistência vem em virtude de que impede que o cérebro recebo a mensagem que
existe uma quantidade adequada de gordura armazenada
Existe uma quantidade adequada de gordura armazenada porque é quase como se eu burlasse
meu cérebro.
Dúvida de Eduardo
Prof: não. É o seguinte: é o excesso de gordura no sangue, a circulante, não a subcutânea que vai
levar essa resistência à insulina. Porque essa sinalização para a fome continuar vem da gordura
que está armazenada. Mas eles não têm essa gordura armazenada e, então, eles acabam levando
essa resistência à leptina.
Dúvida de Luiz. Não ouvi direito.
Prof: venham comigo! Como a gente já falou aqui, eles não apresentam leptina em níveis
normais, ou seja, eles possuem leptina baixa por conta dos adipócitos das vísceras. Que que
acontece? A leptina vai dar um sinal para o hipotálamo em relação à quantidade de gordura
armazenada. Se eu possuo muita, o que a leptina vai dizer? Segura! Se eu tenho pouco, o que ela
diz? Continua a comer! Mas o que acontece nesse caso: há baixa leptina, mas não há gordura
armazenada no adipócito, ainda que haja muito lipídio circulante. E aí vai acabar enganando o
cérebro, dizendo o que? Come!
Maria Fernanda: professora, a leptina diz ao cérebro que você tem que parar de comer ou que
tem que continuar comendo?
Prof: isso!
Gente, olha aqui, numa pessoa normal, há baixa leptina porque, no adipócito dela, há pouco
lipídio. A leptina vai levar o sinal para o hipotálamo dizendo o quê? Coma!
O nível de leptina se regula com o nível de lipídios dentro dos meus adipócitos, gerando a
saciedade. A situação agora é o paciente com berardinelli: baixa leptina com o lipídio circulante,
pois ele não possui o adipócito, então, é como se eu enganasse o hipotálamo, pois é como se não
houvesse lipídio, pois ele está vagando por aí no corpo. Então...
Ele atendia famílias... (E naquela época também tinha muita consanguinidade) que tinham
alcaptonúria, e também era favorecido porque as famílias tinham 10/15 filhos. Eram famílias
numerosas e com alto grau de consanguinidade, na Inglaterra, no início do século passado.
Ele começou a sintetizar o que ele via no consultório e construiu esse heredograma. Esse é o
exemplo de uma família com pais normais e 7 filhos, dos quais 3 tinham alcaptonúria. Na época
não haviam muitos conhecimentos concretos de DNA, somente uma leve noção de
hereditariedade pautada nos estudos de Mendel, com conceitos de dominante e recessivo, mas
sem nem pensar em como funciona a base molecular disso.
Através dos seus estudos ele fala e descreve algumas doenças... E realmente, todos os erros
inatos do metabolismo seguem o padrão Mendeliano, e a sua extensa maioria é de herança
mendeliana recessiva
Ele tinha noção de que a questão da urina ficar preta era um problema bioquímico. Hoje se sabe
que é porque a urina desses pacientes possui alta concentração do ácido homogentísico, que ao
reagir com o oxigênio do ar tem uma reação que escurece a coloração da urina. Então, esses
pacientes excretam grande quantidade de ácido homogentísico, daí a coloração da urina.
Esse é um exemplo típico de erro inato. Por quê? Porque esses indivíduos têm alteração num
gene, que leva a uma alteração numa certa enzima, que justamente leva a metabolização
desse ácido. A carência da enzima faz acumular o ácido, e por isso ele é secretado na urina.
Mas é prejudicial em algum momento o acúmulo desse ácido? Não tem grandes prejuízos, pois a
maior parte é eliminada pela urina. Porém, vê-se em alguns casos em idosos de grandes manchas
pretas, que justamente é do acúmulo desse ácido em alguns tecidos.
Na década de 40, então, foi quando a genética metabólica foi o divisor de água, pois esses dois
caras (devem estar no slide) elaboraram uma hipótese que modificou e radicalizou a Genética ao
uni-la com a Bioquímica. Eles foram os fundadores desse grande conceito: um gene à uma
enzima.
Hoje, em 2017, vocês refutariam ou não o conceito deles? ~pessoas respondem, mas não dá
muito para ouvir~ Mas basicamente é porque um gene pode formar vários RNAs, que não
necessariamente formarão enzimas.
E também já sabemos hoje que lá no fígado desses pacientes, a enzima HGO está ausente, e ela é
a responsável por quebrar o ácido homogentísico em ácido male..acético. Assim, as pessoas
acabam concentrando esse primeiro e o eliminam, em sua maioria, pela urina.
Então, a alcaptonúria tem uma importância histórica, pois foi o primeiro erro inato a ser
estudado.
O conceito de erro inato está relacionado à falta de atividade de uma ou mais enzimas, ou
então defeitos no transporte de proteínas. Aqui vem um ponto importante, pois se vocês estão
lembrados lá da [Biologia] Celular, muitas vezes eu produzo a proteína, mas tenho problemas no
transporte dessa proteína, no armazenamento do Golgi, no endereçamento... E aí é como se nem
tivesse produzido a proteína.
No envio dessa proteína para o seu local de ação, então é como se eu nunca tivesse produzido
essa enzima, assim, observa-se que existem erros inatos no qual o indivíduo tem o DNA intacto
para a produção daquela enzima, mas quando eu vou fazer uma análise bioquímica eu não
encontro substrato, isso ocorre pois não está conseguindo transportar o substrato por
consequência no erro do transporte dessas enzimas. Aí pode ser vários motivos, um dos mais
comuns está relacionado ao complexo de golgi, mas podem ser vários outros motivos também.
Pergunta...
Resposta: Eu tenho transportadores específicos e alguns nem tanto, então esses casos são
mais específicos para aquelas enzimas.
Todo o controle metabólico é exercido por genes, então se eu estiver com um defeito aqui, eu
vou estar com tudo isso comprometido.
Agora eu quero que vocês prestem atenção pois vou falar de um assunto de importância
clínica, pois vou estar falando de erro inato. Aqui é uma situação normal onde eu tenho um
determinado substrato degradado (acho) por uma enzima que vai dar origem a um
determinado produto, e isso é o que nós esperamos.
Quando eu tenho um defeito enzimático essa minha enzima pode não estar ausente ou pode
estar ausente e eu ter acumulo de substrato e não produzir nada de produto, ou então,
dependendo da mutação, eu posso ter essa minha enzima, mas ela pode estar funcionando
muito pouco, em um percentual muito baixo e está produzindo muito pouco produto, de
qualquer forma eu vou ter uma acumulo muito grande de substrato, e muitas vezes esse
acumulo de substrato não para por aí, ele é enviado para vias alternativas, outras enzimas tem
a capacidade de degradar esse substrato e tentar resolver esse problema, e com isso, como é
uma enzima diferente, eu não produzo mais esse produto, agora eu vou produzir um outro
produto alternativo, que é uma outra enzima que está tentando suprir o que essa outra enzima
não está conseguindo, e o grande problema é que muitas vezes esse produto alternativo é
toxico, e isso é o que ocorre com a fenilcetonúria, então o grande problema dessa doença está
aqui, pois eu tenho acúmulo de substrato que é desviado por uma via alternativa para se livrar
daquele substrato, e acaba produzindo um produto extremamente tóxico. Assim, as vezes é
melhor ficar sem produto do que gerar um produto tóxico. Claro que em ambos os casos eu
vou ter uma doença genética, mas eu posso ter quadros diferentes de doença, da mesma
forma, produzir pouco do produto ameniza a minha sintomatologia clínica.
Então eu obedeço a esse quadro, os erros inatos são verdadeiras doenças metabólicas
hereditárias que são consequência da deficiência de enzimas ou no transporte dessas
enzimas que vai gerar ou acúmulo de um substrato ou a falta de um substrato e por isso tem
o caso clínico, muitas vezes meu quadro clínico pode ser fruto da toxicidade do acúmulo
daquele substrato, ou as vezes o quadro clínico é resultado da ausência do substrato seguinte,
e isso é muito particular dependendo da via envolvida, ou muitas vezes esse acúmulo é
desviado por uma rota que leva a um produto tóxico, então, tudo vai depender da via.
Agora eu vou falar m pouquinho do ponto de vista molecular para nós entendermos como
ocorre. Então, aqui eu tenho o famoso indivíduo que vocês conhecem como AA, que nós
utilizamos uma outra simbologia que é o sinal de mais, e mais significa que o indivíduo é
selvagem , ou seja, o DNA dele não tem aquela alteração.
E então ele recebe um cromossomo que vem dá mãe outro que vem do pai, ambos sao selvagens,
ambos produzem um produto funcional. No outro exemplo eu tenho um indivíduo “aa” que nada
mais é que eu possuir dois alelos com mutação, e que essa mutação pode ser diferente dessa, sao
alelos mutantes. E esses dois alelos, tanto o que veio dá mãe quanto o que veio do pai, não
produzem os alelos funcionais. E no meio eu tenho um heterozigoto, um “Aa”, eu tenho um alelo
selvagem que produz o produto funcional e outro alelo mutante que não produz. Mas, eu digo pra
vocês, que em termos de manifestação clinica, não ha diferença desse indivíduo para esse
indivíduo. Como, se esse aqui tem um alelo que não ta produzindo um produto funcional? Aqui,
entra o conceito de dominância completa que vocês ja ouviram falar de mendel. Na verdade, aqui
nós vamos focar em outro termo, Aplossuficiente. Nesse caso aqui, o heterozigoto é
aplossuficiente, porque só precisa ter um alelo funcional para produzir a quantidade suficiente de
produto que eu necessito. Vocês concordam que aqui ele ta produzindo 100% do produto e aqui
ele produz 50%? Esse 50% não é deletério, por que? Porque elas com 40% de funcionalidade já
tá tudo ok, então um heterozigoto que produz 50% já é normal, e o homozigoto selvagem é
normal, ele tem enzima a mais e não acontece nada. Agora esse aqui sim, esse eu tenho 0% de
produção, ou mesmo que alguma dessas mutações produzisse um pouquinho de produto, 1%,
2%, nós vamos ter um indivíduo doente.
P: O que é deletério?
R: Deletério é o alelo que vai produzir algo ruim.
P: O termo aplossuficiente também pode ser usado para manifestações dá doença também
e não só dá produção normal? Se for uma doença dominante ela pode ser chamada
aplossuficiente?
R: Sim, se for dominante ela é aplossuficiente pra causar a doença.
P: Aplossuficiencia é pra doença recessiva?
R: Não pensa na doença, pensa no alelo. Você tem um alelo que veio dá mae ou do pai
que é suficiente pra produzir um produto na quantidade necessária pra alguma coisa, seja pra
causar uma doença ou impedir que ela se manifeste.
A maioria das enzimas precisa só de 40%. Agora vejam, esse indivíduo heterozigoto aqui eu fiz
uma dosagem bioquímica e vi que ele produz 75% dá enzima. Me expliquem.
R: O alelo mutado pode produzir 25%. Uma mutação não é necessariamente tudo ou
nada, ela pode permitir que você produza pouco produto. Se isso fosse nesse caso aqui,
homozigoto, tava ferrado, porque com 25% eu tenho a doença igual.
Jorge Henrique (01:21:30-Fim do áudio 01)
[...] eu tenho a doença igual. Mas aí, nesse caso, como ele tá junto do alelo dominante, ele
produz… esse de cima produz 50% e esse aqui produz 25%, um total de 75%, então, por isso que
eu posso ter dosagens bioquímicas distintas porque vai ter menor repercussão nos pacientes
(teve muita tosse nesse momento).
Pergunta: Se ele produz só 25%?
Professora: Mas aí ele vai ter a doença, mas com um quadro não tão grave quanto o que
não produz nada. Vai ter algumas amenidades aí, por isso que nos erros inatos do metabolismo
eu vejo uma variação no quadro clínico, por causa do tipo de mutação, a qual reflete no
percentual de enzima.
Pergunta: Se fosse homozigoto recessivo… ?
Professora: Não tem… homozigoto ???, se ele não tiver mutação, ele será selvagem,
portanto AA.
[...] Então, é impossível a gente ver aqui todas elas. Teria que ter uma disciplina
pra bordar exclusivamente. Então, eu escolhi algumas que eu acho que são mais
relevantes para a prática médica de vocês, e aí o restante vocês vão descobrindo pela
vida, dentro do próprio curso ou, às vezes, até dentro do próprio hospital, que às vez
aparece um caso novo, tá?
Bom, os erros inatos do metabolismo são divididas em três grandes grupos: o
grupo 1, que é um defeito de síntese ou catabolismo de moléculas complexas; o grupo
2, que são defeitos de metabolismo intermediário; e o grupo 3, que é defeito na
produção e utilização (acho) de energia. O grupo três, eu tenho uma aula que é
exclusiva para doença mitocondrial, então, por isso que eu acabo não falando na aula
de erro inato do metabolismo, pois vou falar exclusivamente desse grupo depois.
Então, eu vou trabalhar com vocês o grupo 1 e o grupo 2, mas, como eu disse, com
alguns do grupo 1 e outras do grupo 2, porque a gente não dá conta de tudo.
Bom, dentro do grupo 1 eu tenho as doenças lisossomais e as mulipidosas.
Então, vejam quantas nós temos aqui, isso apenas dentro do grupo 1. Dentro das
lisossomais, elas são divididas em mucopolissacaridoses e esfingolipidoses. As muco,
nós vamos ver todas porque nós temos uma grande incidência de mucopoli aqui no
estado e por que vocês, provavelmente, dentro do rodízio da monitoria, vocês vão
acompanhar algum paciente com mucopoli. Nas esfingolipidoses, nós não vamos ver
todas, iremos ver a Nieman-Pick e a Tay-Sachs, ok? Nas mulipidoses, a gente vai ver a
doença de Pompe, a qual eu trabalhava em sala de aula, só que eu comecei a ver
muitos casos dela no HUOL, então decidi incluir essa doença. Por isso que essa
disciplina é dinâmica, porque, dependendo do que vai aparecendo, se começa a ter
muitos casos no hospital, eu trago pra sala de aula. Vocês já ouviram falar em
adenoleucodistrofia? Óleo de Lorenzo, né? É justamente o retratado no filme Óleo de
Lorenzo, mas aqui eu só trabalho com a doença de Pompe dentro das esfingolipidoses.
Bom, então vamos lá! Começando pelas doenças lisossomais: é um grupo de
cerca de 41 doenças, com prevalência de 1:7700, então, lembra quando eu falei pra
vocês que as doenças de erro inato como um todo tem uma prevalência de 1:5000? A
exclusiva do lisossomo é mais rara, pois ela já tem prevalência de 1:7700.
Por que será que a gente tem um grupo de 41 doenças envolvendo o lisossomo? Isso
acontece pela presença de muitas enzimas em seu compartimento. Tanto é que é responsável pela
digestão celular.
Caso clínico: MBM, 6 anos, avaliada inicialmente em 14 de dezembro de 1989 devido à
baixa estatura. Segundo informações fornecida pela mãe, nascera de parto normal com 3kg e
50cm. Se desenvolveu normalmente até 2 anos e 6 meses quando desacelerou o crescimento e
começou a ter dificuldade de fazer movimentos de flexão nos dedos das mãos associado à
coordenação motora. Paulatinamente surgiu uma obstrução nasal com respiração bucal e
modificações graduais da face, que se tornava cada vez mais grosseira. A criança, contudo,
sempre foi comunicativa e inteligente e não foi observada deficiência de aprendizado - pra esse
grupo aqui é super importante essa condição de não ter defeito cognitivo. Ela tinha antecedentes
familiares de baixa estatura: a mãe de 1,53m e o pai de 1,55m. Mas não eram consanguíneos e
tinha 4 irmãos normais com estatura normal.
Ao exame físico foi observada uma desproporção cranio-facial, uma face grosseira com
proptose ocular (que é aquele olho saltado), hipertrofia de lábios, dentes mal implantados. Os
dedos das mãos e dos pés em posição de semi-flexão, prega palmar única - ou seja, não tinha o
“M” completo -, hipertricose generalizada - não é aquele caso de hipertricose lobisomem, mas
essa pessoa tinha pelos no corpo - e o pescoço curto.
Ela chegou aos 6 anos de idade com 92cm de altura e 14,6kg. Para vocês terem uma
ideia, meu filho tem 2 anos e meio, tem 99cm e 15kg. Tórax em formato de quilha de navio, com
afastamento lateral dos mamilos, coração com sopro sistólico mitral. O abdômen era globoso, o
fígado era palpável a 5cm do bordo costal direito, o baço também era palpável.
Agora, imagine se eu não tenho esse papel de lubrificação correto, eu vou ter dificuldade
em fazer o movimento. Bom, e quais são as complicações então? Quando os GAG'S não
são digeridos corretamente, devido a inexistência de alguma enzima, eles vão ficar lá
dentro dos lisossomos e muitos deles são eliminados pela urina, tanto que é possível
detectar exame de erro inato do metabolismo por exame de urina e esses depósitos vão
levar a uma sintomatologia que são dão origem as mucopolissacaridoses. Dependendo do
tipo de GAG eu vou ter manifestações diferentes, e é possível afirmar que existem três
tipos de mucopoli, tá.
Então eu falo pra vocês de sete, mas na verdade eu tenho algumas com subdivisões e o
caso específico do tipo nove que só foi diagnosticada até hoje em um único paciente, em
que o paciente não consegue quebrar o ácido hialurônico, mas como isso é bem raro eu
nem chego a mostrar esse tipo pra vocês. Também não vão ser explorados os subtipos,
até porque o subtipo é informado por exames mais detalhados.Bom, então vamos
começar. Eu sugiro que vocês não se atentem ao nome, e começando pela primeira
mucopoli descrita, que é a tipo 1.
→ Mucopoli (Tipo 1)
- Descoberto em 1919 por uma médica alemã, sendo denominada Síndrome de Hurler.
- Primeira a ser identificada.
- Gargulismo: Denominação pejorativa e antiga, devido a face apresentada pelas crianças.
- Autossômica recessiva.
- Fácil diagnóstico precoce.
- Tendência a óbito até os 10 anos de idade (varia com o tratamento).
- Base genética: Mutação no gene que leva a um defeito em uma enzima responsável pela
degradação dos GAG'S, de modo que este acaba acumulando-se no lisossomo.
Viviane diz que para as provas ela prefere que foquemos na patologia e na sintomatologia, ou seja,
não é necessário saber o nome da enzima e sim o processo que levou a essa doença. André
pergunta algo sobre os casos clínicos na prova e ela diz que procura a base genética. E que é
necessário saber detalhadamente os sintomas
Retardo mental, micrognatia (mandíbula pra dentro: não tem queixo), degeneração retiniana
(degeneração da retina pode, futuramente, levar ao comprometimento da visão porque há uma
turvação da córnea, quase como se fosse uma catarata já que a visão é embaçada) não são
exclusivos.
Macroglossia (como na síndrome de down) e macroglossia (qualquer alteração cardíaca, desde
um sopro até um maior comprometimento cardíaco) são exclusivos da mps I.
[Ela explica o porquê de ter colocado “Síndrome de Hurler, Hurler-Scheie e Scheie” e diz:
“não é o Chay Suede, aquele gostoso” G_G kkkk. Diz que esses nomes são subtipos da MPS I,
mas que vão ser tratados por ela como sinônimos - o que importa mesmo é o número:
mucopolissacaridose tipo um!]
Essas características são comuns a muitas mucopoli:
· hérnia umbilical e inguinal (região da virilia);
· aumento do perímetro do crânio (macrocefalia);
· desaceleração do crescimento (não baixinhos, vão realmente ter problemas de crescimento);
· hipertricose (na realidade, o termo correto é HIRSUTISMO, uma criança bem peludinha e
Resposta dá professora: “Sim. Quando ela chegou para mim. Mas eu tava contando a
historinha dela desde que ela nasceu, entendeu? Aí eu contei que ela nasceu com 2 kg...”
Roham interpela chamando atenção sobre o “sopro”... (tá impossível de ouvir Roham
kkk Dsclp, glr)
Resposta: “Mas ela já tinha. O sopro era quando eu já estava contando a história de
quando ela nasceu. Mas na prova eu sempre sou bem clara, dizendo que ela tem uma cardiopatia
congênita, para não gerar nenhuma confusão, ok?”
André pergunta: “Mas como a sra falou, se a garota não tem retardo mental, então ela não
tem o tipo 1, certo?”
Professora : na 1? Piora! Lembra que na 1 é sempre pior que o quadro da 2?
Kaio : Professora, então até o retardo na 1 é mais severo, não é?
Professora: Não. Aí o retardo mental nas duas são semelhantes. Tanto é, que eu destaco retardo
mental apenas na tipo 2 ( Ela disse exatamente assim, com esse “apenas”).
Larissa: Professora, as queixas de dor são muito grandes? Porque eles acabam tendo luxação nas
articulações...
Professora: Aí que tá. Eu posso ter um paciente que foi diagnóstico muito cedo que está tendo
acompanhamento e tratamento e não tem tantas queixas quanto a do tipo 1 ou 2 que foi
diagnosticado tardiamente e que ainda não tem um bom tratamento e, por isso, tá sofrendo mais.
Assim, por isso, que um tratamento diagnóstico precoce é muito relacionado com a evolução
clínica. Entendeu? Bom, então, olhem só! Fotografem esse rostinho aí. Eu pergunto: o caso que
eu passei poderia ser tipo 2?
Turma: Não.
Professora: Exatamente!
Professora: Bem lembrado! Olha, como a tipo 2 ela é mais branda, é uma tendência, então,
dificilmente eu vou encontrar cardiopatia, mas eu, talvez, encontre, porque a dois é a 1 só que
mais branda. É que os sintomas da 2 são compartilhados. Então não é bem um critério de
exclusão...
Pedro: É que você falou que é um fator exclusivo...
Professora: É que a 2 e a 1 têm sintomas compartilhados.
Jorge: inaudível porque o som ficou fragmentado, devido a outros barulhos ( algo sobre isso não
se aplicar ao conceito de expressividade).
Professora: Por causa de uma questão conceitual, visto que expressividade é para uma doença
dominante, mas a expressividade nada mais é do que uma variação clínica. Todavia, eles não
usam porque são essas coisas de conceito. Então, prestem bem atenção neste rosto!( Apontando
para a figura). Aí, tem o terceiro tipo que apresenta três subtipos, mas, como eu falei, para vocês
não nos interessam subtipos. Essa mucopolissacaridose é conhecida como síndrome de
Sanfilippo, ou tipo 3. Nesse caso aqui, ela não é ligada ao sexo. Ela é autossômica recessiva, e
olha que o paciente apresenta atraso de desenvolvimento e hiperatividade severa, disfunção
motora e morte na segunda década de vida. Olhem a diferença de feição. Por isso que eu falei
para vocês memorizem aquelas fotos daquelas duas crianças. Olhem esse. Vocês diriam que esse
menino tem mucopólio tipo 3? É um dos grandes abacaxis por que a gente pode confundir a tipo
3 com outras patologias. Inclusive eu adoro colocar em prova e misturar a tipo 3 com a síndrome
de X frágil, que a gente vai ainda ver.
Olhem a diferença de feição. Por isso, eu falei para vocês: memorizem a foto daquelas duas
crianças. olhem esse. vocês diriam que esse menino tem mucopoli? A tipo 3 é um dos grandes
abacaxis, porque a gente pode confundir a tipo 3 com outras patologias. Inclusive, eu adoro
colocar em prova: misturar a tipo 3 com síndrome de X frágil, porque ela é muito fácil de
confundir.
Que que acontece nessa mucopoli? Mas se vocês prestarem atenção, o menino já está de cadeira
de rodas. Essa criança nasce normal, tem desenvolvimento normal, mas lá nos primeiros anos,
quando ela já está na escola, ela começa a ter hiperatividade e aí surge aquela velha história de
déficit de atenção ou então desconfia-se do X frágil. Mas há como eliminar a hipótese de X frágil
e fica pensando o que é que essa criatura tem que não passa pela "cabeça erro inato" (Eu escutei
que só essa parte, e não consigo entender diferente disso aí. Está entre 42:30 e 42:34 do segundo
aúdio). Até que essa criança da hiperatividade fica sendo tratada com psiquiatra e tal e começa a
ter condição severa. Porque o hiperativo não necessariamente vai ter doença cognitiva, mas junto
com essa hiperatividade começa a haver uma doença cognitiva severa acompanhada de uma
deficiência motora. aí por volta dos 6 ou 7 anos de idade ele está em uma cadeira de rodas. Aí
todo aquele diagnóstico de TPH foi por água abaixo. Por isso que lá no início, como ele não tem
as feições grosseiras e ele surge em um momento de hiperatividade, pode confundir com outras
doenças e aí pode dar confusão. Mas qual é o grande diferencial? hiperatividade, severo
comprometimento cognitivo e disfunção motora que vai levar ele para a cadeira de rodas.
Aluno: Há tratamento?
Prof: Não. alguns tipos de polimuco têm tratamento eficaz, mas nessa 3 o tratamento é só
paliativo.
Aluno: liste os sintomas, por favor
Prof: atraso de desenvolvimento, hiperatividade severa, disfunção motora e morte na segunda
década de vida.
Aqui, então, a aparência e o desenvolvimento são normais nos primeiros anos de vida, iniciando
com alterações de comportamento entre os 2 e 6 anos de vida ou mais precocemente,evoluindo
com perda da capacidade mental.
Entretanto, existem os subtipos de sanfilippo e em alguns subtipos o sanfilippo vai apresentar
face grosseira, mas mesmo com a face grosseira, vocês percebem que ela é muito mais sutil que
a outra. Olha a diferença na arcada dentária. Claro, ele tá rindo. se ele estive sério, talvez seria
mais sutil. Mas são raros os casos de sanfilippo com essas alterações, mas claro que quando
aparece essas características ajudam no diagnóstico, porque quando eu tenho esse rostinho eu
posso até não saber qual é a mucopoli, mas eu já consigo filtrar e basta só descobrir qual é o tipo.
Aluno: Quando tem essas alterações da face mais expressivas, é um caso mais leve?
Prof: comparando com os outros tipos? É o seguinte, esse aqui é um subtipo de 3 quando ele
apresenta feição grosseira. mas mesmo a face grosseira dele, quando eu comparo com a 1 e com
a 2, ela é mais util. A face. Não o restante dos sintomas.
Então, alterações faciais, articulares e ósseas também podem existir que são esses subtipos de
sanfilippo, mas em grau muito mais leve do que os outros tipos de mucopoli.
Aluno: Isso relacionado à face né, professora?
Então, se eu colocar em prova uma questão de uma menina ou menino, já que é
autossômico recessivo, que começou com hiperatividade e seguido de comprometimento
cognitivo e foi a cadeira de rodas, é sanfilippo. Ok? Fechado?
E foi para a cadeira de rodas é Sanfilippo, ok? Fechado? Fechou a 3.
Bom, aí existe a tipo 4. A TIPO 4 eu chamo a atenção para dois sintomas apenas, mas
podem ver que eles não estão em azul porque não são sintomas exclusivos, que são: baixa
estatura e disfunção motora. Mas a tipo 4, também conhecida como a Síndrome de Morquio, ela
pode ser confundida com a acondroplasia, com os anões, eles são semelhantes aos anões. E aqui
tem um ponto que eu quero chamar atenção, é a primeira mucopoli que eu falo para vocês que
NÃO TEM DÉFICIT COGNITIVO. Hummmmmm. Suspeito. Então até a 1, a 2 e a 3 tem déficit
cognitivo, a 4 não tem. E como os produtos são queratina e condroitina realmente esse indivíduo
vai ter muitos problemas ósseos, mas não tem comprometimento neuronal, é mais problema
ósseo realmente. Olha aqui ó, estão vendo? Então, esses indivíduos podem passar por vocês na
rua e vocês confundirem com acondroplastas. Então, o grande problema aqui é ósseo, eles vão
ter baixa estatura, a cifose que é o corcunda de notre dame, a hiperolordose e a escoliose, os
grandes problemas deles vão ser de vértebra, eles vão ter pescoço curto (vocês observam que
praticamente eles não tem pescoço, né), o tronco curto e vão ter essa protuberância do peito que
é o que a gente chama de pectus carinatum, eu tenho o escavatum quando é o peito para dentro e
o pectus carinatum é aquela quilha de navio, é o peito para fora porque o esterno é formado
assim. E eles tem encurtamento dos ossos longos.
Felipe: Professora, tem como diferenciar fisicamente o acondroplata para o mucopoli tipo 4.
Professora: Boa pergunta. Ele perguntou o seguinte: se eu consigo diferenciar o acondroplasico
do com morquio. Para quem não tem conhecimento pode passar batido, mas para quem conhece.
Primeiro, o acondroplasico é um nanismo desproporcional, porque existe dois tipos de nanismo,
o proporcional e o desproporcional, o anão se enquadra nesse segundo tipo, já o morquio é
proporcional. O morquio, ele é baixinho, mas ele é todo proporcional, o anão é desproporcional,
entre outras características, mas esse aí é o divisor de águas.
Maria Pula: Mas não existem anões proporcionais que é outra deficiência não?
Professora: Mas aí você não tem a acondroplasia, você tem a hipocondroplasia. Aí é outra
história. A gente vai ver isso nos distúrbios musculoesqueléticos. Mas o grande divisor de águas
é isso, proporcional e desproporcional.
Ítalo C.: Essa protuberância no peito a menina tinha também né.
Professora: Ela era inteligente, tinha pectus, era baixinha, pescoço curto.
Professora: todas as mucupoli tem uma tendência, só que dependendo algumas vão ter mais
grave, outras menos grave, mas todo quadro de mucopoli tem, é quase como um sintoma
generalizado.
Professora: Isso, na verdade é o hisurtismo .....(muito barulho, não entendi). Tanto que os
bebezinhos nascem muito peludos aqui e já nascem com aquela sinofris, com aquela
sobrancelhas já bem grossas.
Pessoal, vocês concordam que a gente tem tudo para encaixar o nosso caso em Morqui?
Sim. Sim.
(...) Acne severa, que é a de grau 4. Nem todos, mas alguns podem ter. Podem apresentar uma
doença cardíaca… lembra que eu falei que a cardiopatia congênita é exclusiva da tipo I? A
CONGÊNITA! A criatura nasce com isso! Eles aqui podem desenvolver doença cardíaca. Isso
em genética é crucial! Podem apresentar diarreia crônica, hepato e esplenomegalia, alterações
nos ossos e por aí vai?
- André: professora, a tipo II pode ser congênita, a cardiopatia?
- Professora: sim, mas como ele é mais leve dificIlmente vou ver o tipo II com cardiopatia,
mas pode ter.
- Ítalo: professora, esse aí mantém o padrão de não ter retardo mental, né?
- Professora: sim! Esse aqui é aquele padrão feijão-com-arroz, sem retardo… É a mucopoli
clássico, sem o retardo.
Por fim, a VII. Eu quero chamar atenção que ela é a mais rara. Ela perdeu o posto pra a tipo IX
(não me perguntem porque não tem o VIII), aquela que só tem um paciente no mundo todo,
raríssima. Mas como a gente não vai trabalhar com a IX, a VII é a mais rara, conhecida como
Sly. Tão vendo que eu pintei de azul a hepatomegalia? Mas eu posso encontrar hepatomegalia
em outras mucopoli… Por que essa está em azul? Porque todo paciente com Sly vai ter
hepatomegalia. Nas outras, não é um sintoma obrigatório (inclusive o tipo IV também pode ter,
embora difícil), mas na tipo VII, é um sintoma obrigatório! Eles também têm déficit cognitivo e
ela é autossômica recessiva. Aqui tá mostrando a tremenda de uma hérnia… Vai ter todas
aquelas outras características: a macrocefalia, as hérnias, deformidade no tórax, problema nas
articulações… Mas a hepatomegalia é obrigatória. Lembrando que essa síndrome é a mais rara.
Aqui, ó: esse é o tamanho do baço desse bebê, e esse é o fígado. Esse paciente é obrigado a fazer
uma esplenectomia (remoção do baço), do fígado já não dá pra fazer, somente tratamentos para
reduzir seu tamanho. A remoção do baço provavelmente vai acarretar consequência
imunológicas, entre outras. Mas é o que pode ser feito para aumentar a expectativa de vida dele!
- André: na muco tipo I, ele necessariamente vai ter retardo mental?
- Professora: sim, é obrigatório! O retardo mental é obrigatório para I, II, III e VII.
Somente a IV e a VI que não têm.