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O legislador não deu uma definição legal de comerciante, mas sim, indica quais sãos as categorias legais de
comerciantes (art. 13º CCom).
Tem-se segundo o entendimento tradicional do art. 13º CCom, por um lado os comerciantes que são
pessoas singulares – geralmente designados por comerciantes em nome individual – e os comerciantes
que são pessoas colectivas – as sociedades comerciais.
No domínio do Direito Comercial, deve prevalecer, em geral, a noção de comerciante que resulta do art.
13º CCom: comerciante é quem, enquadrando-se numa das duas categorias do art. 13º CCom, seja titular
de uma empresa que exerça uma das actividades comerciais, tais como as qualificam o art. 230º CCom, e
as demais disposições no avulsas que caracterizam e englobam no Direito Comercial certas actividades
económicas.
A aquisição da qualidade de comerciante é sempre originária, não podendo transmitir-se nem inter vivos,
nem mortis causa.
Portanto, quem organizar ou adquirir uma empresa comercial terá de preencher, em si mesmo, os
requisitos necessários para obter de si a qualidade de comerciante.
O art. 13º/1 CCom, refere-se a pessoas. Em geral, entende-se que aquele n.º 1, só abrange pessoas
singulares: os chamados comerciantes em nome individual. Mas pode questionar-se se ali se abrangerão
também pessoas colectivas.
Há, três casos especiais quanto ao problema do art. 13º/1 CCom:
a) As sociedades civis em forma comercial: a solução tradicional, que sustenta que não são
comerciantes, foi posta em dúvida face ao art. 42º/1 DL 42645, de 14 de Novembro de 1959, tal
como pode sê-lo hoje perante o art. 3º CRC, que sujeita tais sociedades à matrícula. Ora, a matricula
no registo comercial é um acto apenas aplicável aos comerciantes e às demais entidades
expressamente mencionadas no CRC. As sociedades civis em forma comercial não são, pois
comerciantes, já que apenas estão sujeitas, por equiparação, ao regime das sociedades comerciais,
mas não lhes és genericamente aplicável o regime dos comerciantes.
b) Empresas públicas: serão comerciantes, face ao art. 13º/1 CCom? E se o não forem, deverão
ser qualificadas como comerciantes, mercê do respectivo regime estatutário geral (DL 260/76, de
8 de Março)? Em face destas duas normas, entre si conjugadas, afigura-se que, se as empresas
públicas não são rigorosamente qualificáveis como comerciantes, no entanto estão pela lei a eles
equiparadas, no que toca à capacidade jurídica e às normas aplicáveis às suas actividades; e uma
dessas normas será precisamente, a 2ª parte do art. 2º CCom.
c) Agrupamentos Complementares de Empresas (ACE): pessoas colectivas cujo regime jurídico
consta da Lei 4/73, e do DL 430/73, de 25 de Agosto. O objectivo geral destes agrupamentos
consiste em melhorar as condições de exercício ou os resultados das actividades económicas das
pessoas (singulares ou colectivas) nelas agrupadas. Devem pois, os ACE ter um escopo concreto,
relacionado com as actividades agrupadas. E podem ter um fim principal e fim ou fins acessórios.
Mas os ACE não podem ter por fim principal a realização e partilha de lucros, muito embora possam
ter esse fim como acessório, se o contrato constitutivo expressamente o autorizar. As ACE por
princípio, não são necessariamente comerciantes.
Art. 29º a 44º, C.Com. - todo o comerciante é obrigado a ter um livro ou + que dêem a conhecer as
suas operações comerciais e fortuna.
Art. 31º, C.Com. - São indispensáveis a qq comerciante os seguintes livros:
- inventário e balanço, diário, razão, copiador
Os comerciantes em nome individual. A matrícula
O art. 13º/1 CCom, só abrange pessoas físicas: os usualmente denominados comerciantes em nome
individual.
Quando é que uma pessoas física se diz comerciante?
Em face do CRC, constata-se que a matrícula não é uma condição nem necessária, nem suficiente, para a
aquisição da qualidade de comerciante.
Não basta estar matriculado como comerciante mesmo sem matrícula. Esta não é, portanto, condição nem
suficiente nem necessária da aquisição da qualidade de comerciante em nome individual.
Requisitos de acesso à qualidade de comerciante
a) Personalidade jurídica
Quanto a este requisito, não há aqui a considerar quaisquer especialidades face ao regime geral do Direito
Civil.
Assim, além de assumir a personalidade jurídica das pessoas singulares (art. 66º CC), a lei comercial atribui-
a às sociedades comerciais (art. 5º CSC) e às sociedades civis em forma comercial (art. 1º/4 CSC).
b) Capacidade comercial
A capacidade jurídica constitui a medida dos direitos e obrigações de que uma pessoa é susceptível de ser
sujeito (art. 67º CC) e que a doutrina distingue entre a capacidade de gozo e a capacidade de exercício. Dos
arts. 14º/1 e 17º CCom, resultam restrições à capacidade comercial sem fim lucrativo e de Direito Público.
Quanto à capacidade de exercício, deverá ter-se em conta o art. 7º CCom, que enuncia dois princípios
fundamentais: o da liberdade de comércio e o da coincidência entre a capacidade civil e a capacidade
comercial.
A plena capacidade comercial depende de uma pessoa – singular ou colectiva – ter capacidade civil e não
estar abrangida por alguma norma que estabeleça uma restrição ao exercício do comércio.
Podem os menores e os demais incapazes ser comerciantes?
O art. 13º/1 CCom, ao exigir capacidade para a prática de actos de comércio, pretende referir-se à
capacidade jurídica de exercício, tanto mais que alude ao carácter profissional do comércio, o que
pressupõe uma prática habitual de actos geradores, mediadores ou extintivos de direitos e obrigações.
Assim, parece que não pode conceber-se o exercício de uma profissão deste jaez por um incapaz: o próprio
conceito de profissão e, no caso, a circunstância de ela se traduzir numa contínua e habitual prática de
actos e negócios jurídicos, sendo, portanto, absorvente e responsabilizante, afigura-se incompatível com a
situação jurídica de incapacidade.
A inclusão dos menores e interditos no art. 13º/1 CCom, deve entender-se cumgrano salis quanto ao
exercício profissional do comércio: considera-se que tal exercício será a prática habitual de actos
comerciais, não directa e pessoalmente pelos incapazes, mas pelos seus representantes em nome e por
conta daqueles. Isto, evidentemente, desde que os representantes obtenham a autorização judicial
eventualmente necessária, face aos arts. 1889º e 1938º CC.
c) Exercício profissional do comércio
Pressupõe e concretiza-se através da prática de actos de comércio. Mas não qualquer prática: só a prática
em termos de profissão.
a) Não basta a prática de actos de comércio isolados ou ocasionais: para se adquirir a qualidade
de comerciante é indispensável a prática regular, habitual, sistemática, de actos de comércio;
b) Não basta a prática, mesmo que habitual de quaisquer actos de comércio: nem todos estes
actos têm a mesma potencialidade de atribuir a quem os pratique a qualidade de comerciante;
c) É indispensável para que haja profissionalidade que o indivíduo pratique os actos de comércio
de forma a exercer como modo de vida uma das actividades económicas que a lei enquadra no
âmbito do direito mercantil;
d) Deve entender-se como indispensável que a profissão de comerciante seja exercida de modo
pessoal, independente e autónomo, isto é, em nome próprio, sem subordinação a outrem;
e) É indispensável que o comerciante organize factores de produção com vista à produção das
utilidades económicas resultantes de uma daquelas utilidades económicas que a lei considera como
comerciais.
Portanto, é comerciante quem possui e exerce uma empresa comercial: quem é titular de uma organização
daquelas que a lei qualifica como empresas comerciais para através dela exercer uma actividade comercial.
EIRL
Não envolve a criação de uma nova pessoa jurídica, pelo que o mecanismo jurídico utilizado é o da
constituição de um património autónomo dentro do património geral do sujeito (exemplo típico da
herança)
Assim, o sujeito tem de afectar bens (coisas ou direitos susceptíveis de avaliação monetária e apreensão
judicial) para utilização exclusiva na actividade do EIRL
Se não respeitar a regra da afectação e utilização exclusiva é como se o património autónomo não existisse.
Responsabilidade do EIRL
TIPOS de RESPONSABILIDADE:
I - responsabilidade do património por dívidas do exercício da actividade (artº10º, nº1; 11º, nº1 e 2)
II - responsabilidade do património por dívidas anteriores à constituição do EIRL (artº10, nº2)
III- responsabilidade por dívidas do titular quando o seu restante património é insuficiente (artº22º)
I - responsabilidade do património por dívidas do exercício da actividade (artº10º, nº1; 11º, nº1 e 2)
Artigo 10
Nº1 – “Sem prejuízo do disposto no artigo 22.º, o património do estabelecimento individual de
responsabilidade limitada responde unicamente pelas dívidas contraídas no desenvolvimento das
actividades compreendidas no âmbito da respectiva empresa” (REGRA)
Artigo 11
Nº1 – “Pelas dívidas resultantes de actividades compreendidas no objecto do estabelecimento individual
de responsabilidade limitada respondem apenas os bens a este afectados” (REGRA)
Nº2 – “No entanto, em caso de falência do titular por causa relacionada com a actividade exercida naquele
estabelecimento, o falido responde com todo o seu património pelas dívidas contraídas nesse exercício,
contanto que se prove que o princípio da separação patrimonial não foi devidamente observado na gestão
do estabelecimento” (EXCEPÇÂO)
II - responsabilidade do património por dívidas anteriores à constituição do EIRL (artº10, nº2)
Artigo 10
Nº2 – “Se os restantes bens do titular forem insuficientes e sem prejuízo da parte final do artigo 6.º, aquele
património responde unicamente pelas dívidas que este tenha contraído antes de efectuada a publicação
a que se refere o n.º 2 do artigo 5.º”
- requisito de insuficiência do restante património
- dívidas contraídas antes do EIRL estar registado e com publicações
III- responsabilidade por dívidas (posteriores) do titular quando o seu restante património é insuficiente
(artº22º)
Artigo 22. Penhora do estabelecimento individual de responsabilidade limitada.
Na execução movida contra o titular do estabelecimento individual de responsabilidade limitada por dívidas
alheias à respectiva exploração, os credores só poderão penhorar o estabelecimento provando a
insuficiência dos restantes bens do devedor.
- requisito de insuficiência do restante património do sujeito
- dívidas posteriores à constituição, que nada tenham a ver com o negócio do EIRL
O objectivo da criação deste instituto é o de permitir ao comerciante um nome individual limitando a sua
responsabilidade; até então verificou-se que se o comerciante em nome individual tivesse dívidas
resultantes do seu comércio, todos os seus bens iriam responder por eles, podendo o comerciante ficar na
maior miséria (sem bens). Para evitar essa situação, pensou-se num esquema de acordo com o qual o
comerciante pudesse afectar apenas a parte do seu património, ao exercício do comércio. Foi assim criada
em 1986 a figura do EIRL.
De acordo com o art. 1º, só uma pessoa singular pode constituir um EIRL e apenas pode ter um único EIRL.
Essa pessoa singular tem que ser comerciante ou pretender vir a sê-lo. O interessado afectará ao EIRL uma
parte do seu património, cujo valor representará o capital inicial do estabelecimento.
Constituição - quanto à forma de se constituir um EIRL, desde que houve a alteração, introduzida pelo DL
nº 36/2000, de 14 Março, passou a admitir-se que esta figura pudesse constituir-se através de documento
particular, a não ser quando o capital do EIRL seja constituído por bens para cuja transmissão se exija
escritura pública (bens imóveis) (art. 2º).
Capital - quanto ao capital do EIRL, determina o art. 3º, nº2 que não pode ser inferior a 5000€.
O EIRL está sujeito a registo na Conservatória do Registo Comercial e a publicação no Diário da República.
Administração – quanto à adm., determina o art. 8º que a mesma cabe sempre ao respectivo titular ainda
que ele seja casado e que por força do regime de bens, o EIRL seja um bem comum do casal.
Admite-se que o EIRL possa ser transmitido por acto gratuito ou oneroso ou pode mesmo ser locado,
admitindo-se ainda que seja objecto de usufruto ou penhor (art. 21º, deste DL). Também se admite que o
EIRL seja objecto de penhora nos casos previstos no art. 22º.
Natureza jurídica do EIRL: a este propósito, o EIRL não tem personalidade jurídica, ao contrário do que
acontece com a soc. unipessoal por quotas. Há é uma separação do património afecto ao EIRL, para ser
destinado pelo comerciante à sua actividade mercantil, e que, simultaneamente, asseguram a protecção
dos interesses dos 3ºs.
A sua natureza jurídica é a de um património autónomo, ie, um património com uma especial
responsabilidade jurídica.
O património da EIRL responde unicamente pelas dívidas contraídas no desenvolvimento das
actividades compreendidas no âmbito da respectiva empresa (art. 10º).
Se resultarem dívidas de actividades compreendidas no objecto do EIRL, respondem apenas os
bens a estes afectos (art. 11º).
Remuneração do titular do EIRL: segundo o art. 13º, o salário que pode atribuir-se ao administrador não
pode exceder o triplo do salário mínimo.
Redução do capital: segundo o art. 19º, pode efectuar-se por escritura pública, se o titular obtiver
autorização judicial.
Art. 20º - dispensa de autorização judicial se a redução for destinada unicamente à compensação de perdas.
Art. 22º - os credores só poderão penhorar o estabelecimento provando a insuficiência dos restantes bens
do devedor.
Art. 23º - morte do titular não implica a entrada da liquidação.
Estabelecimento comercial
Organização do empresário mercantil, conjunto de elementos do comerciante que estão organizados pelo
comerciante para exercer a sua actividade comercial, de produção ou circulação de bens ou prestação de
serviços. Pressupõe
Um titular: ele é um conjunto de meios predestinados por um empresário, titular de um determinado
direito sobre ele, para exercer a sua actividade;
Um acervo patrimonial: engloba um conjunto de bens e direitos, das mais variadas categorias e naturezas,
que têm em comum a afectação à finalidade coerente a que o comerciante os destina;
Um conjunto de pessoas: pode reduzir-se à pessoa do empresário o seu suporte humano, nas formas mais
embrionárias da estrutura empresarial;
É uma organização: os seus elementos não são meramente reunidos, mas sim entre si conjugados,
interrelacionados, hierarquizados, segundo as suas específicas naturezas e funções específicas, para que
do seu conjunto possa emergir um resultado global: a actividade mercantil visada;
Organização funcional: a sua estrutura e configuração e a sua identidade advêm-lhe de um determinado
objecto, que é uma actividade de um determinado ramo da economia.
28. Elementos do estabelecimento comercial
a) Elementos corpóreos
Nesta categoria devem considerar-se as mercadorias que são bens móveis destinados a ser vendidos,
compreendendo as matérias-primas, os produtos semi-acabados e os produtos acabados.
Faz também parte do imóvel onde se situem as instalações, quando o seu dono seja o comerciante, pois se
o não for, apenas integrará o estabelecimento o direito ao respectivo uso.
b) Elementos incorpóreos
Aqui deve-se considerar os direitos, resultantes de contrato ou outras fontes, que dizem respeito à vida do
estabelecimento: o direito ao arrendamento; direitos reais de gozo, etc.
c) Clientela
O nosso ordenamento consagra o direito à clientela, direito do estabelecimento, abrangendo a clientela
certa e clientela potencial, pode ser deferido por acções de concorrência desleal que tutelam elementos
gerais da empresa.
d) O aviamento
A capacidade lucrativa da empresa, a aptidão para gerar lucros resultantes do conjunto de factores nela
reunidos. Exprime pois, uma capacidade lucrativa e esta confere ao estabelecimento uma mais-valia em
relação aos elementos patrimoniais que o integram, a qual é tida em conta na determinação do montante
do respectivo valor global.
Conceito de Empresa
Empresa civil e empresa comercial (artº230º do Ccom)
• Em sentido lato, a empresa é a organização autónoma e intencional de meios (humanos e
materiais) apta à realização de uma finalidade útil.
• mas não há um conceito jurídico uniforme de empresa, mas alguns ramos do Direito (por ex.
Direito do Trabalho, da Insolvência, Fiscal)ocupam-se da ideia de empresa, destacando os factores na sua
perspectiva melhor a caracterizam
• Olhando para o artigo 5º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), vemos
que este procura conceptualizar a empresa com base num critério de unidade institucional: «(…) considera-
se empresa toda a organização de capital e de trabalho destinada ao exercício de qualquer actividade
económica»
• Na Lei da Concorrência (Lei 18/2003, de 11 de Junho) encontramos também, no art. 2º, um
conceito de empresa:
«Considera-se empresa, para efeitos da presente lei, qualquer entidade que exerça uma
actividade económica que consista na oferta de bens ou serviços num determinado mercado,
independentemente do seu estatuto jurídico e do modo de funcionamento» (nº 1)
E no seu nº2, há um alargamento do conceito:
«Considera-se como uma única empresa o conjunto de empresas que, embora juridicamente distintas,
constituem uma unidade económica ou que mantêm entre si laços de interdependência ou subordinação
decorrentes dos direitos ou poderes enumerados no n.º 1 do artigo 10º»
Diversas acepções de empresa
Assim, uma primeira ideia que podemos acentuar traduz-se no facto de juridicamente a noção de empresa
não ser unívoca, mas polifacetada, pelo que se pode falar de empresa em 4 acepções:
1. concepção subjectiva - a empresa confunde-se com o empresário
2. concepção objectiva - a empresa reporta-se à actividade económica exercida pelo empresário (A
empresa é uma actividade económica organizada, exercida profissionalmente, isto é, de forma
sistematizada e com carácter de estabilidade, com a finalidade de produção de bens e serviços para o
mercado, distinguindo-se das actividades puramente artísticas e intelectuais)
3. concepção material ou patrimonial - a empresa reconduz-se a um conjunto de bens ou direitos:
ao estabelecimento, criado pelo empresário, abrangendo os diversos elementos materiais que concorrem
para a produção.
4. concepção institucional - a empresa é uma organização de pessoas, que em diversas posições
hierárquicas prosseguem uma actividade económica: uma comunidade de trabalho.
Sentido da empresa
• Todas as perspectivas apresentadas sugerem aspectos parciais da empresa, não sendo completas
• O verdadeiro sentido de empresa reporta-se a uma organização produtiva ou mediadora de
riqueza que exerce, de forma estável, a sua actividade económica em função do mercado a que se dirige,
e que conjuga dois factores
a) Um, pessoal, no qual, para além do trabalho de uma comunidade de pessoas que, na direcção e na
produção asseguram o seu funcionamento, releva a concepção própria do empresário na sua estruturação,
ou seja, na organização dos diferentes factores produtivos de modo a integrá-los numa mesma finalidade
funcional; e
b) outro, patrimonial, constituído por todos os bens e elementos com valor económico (bens imóveis e
móveis, direitos, situações jurídicas e elementos imateriais) unificados (conjugados) pela função unitária a
que estão adstritos.
Segundo esta ideia a empresa é algo mais que a simples soma dos seus componentes, e por isso tem um
valor superior à soma daqueles quando avaliados separadamente. Ou seja, devido à organização a empresa
tem um aviamento (possibilidade de sucesso)
A empresa é regulada especificamente pelo artº230º do C. Com, do qual resultam algumas ideias a reter:
1ª A empresa tem como pressuposto um empresário (pessoa física ou jurídica)
2ª A empresa pode ser civil ou comercial
3ª a empresa comercial é mais relevante, em termos jurídico-económicos e sociais, do que a empresa civil
4ª As empresas civis são apenas as que a lei qualifica como tais:
- a empresa agrícola;
- a empresa acessória da agrícola
- a pequena empresa
5ª As demais empresas são comerciais.
6ª Há actividades não empresariais, como as profissões liberais e intelectuais
Empresa comercial
No centro do DEE está o conceito de empresa comercial, como organização produtiva de riqueza, voltada
para o mercado, dotada de profissionalidade e assente no risco de capital (próprio e alheio, como risco
predominante)
E esta noção é importante porque as empresas comerciais que tenham à cabeça um empresário que não
é uma pessoa física têm, em regra, de se organizar criando uma sociedade comercial:
3. Elemento pessoal
Nele compreendem-se, quer o empresário e outros investidores de capitais, quer os trabalhadores.
Qualquer destas entidades tem, de uma forma ou de outra, interesse no desenvolvimento e êxito da
empresa, seja para rentabilização dos capitais investidos, seja para promoção pessoal, estabilidade e
retribuição do trabalho.
Em princípio, e porque a lei o define como um contrato, o acto gerador da sociedade deve ser celebrado
por pelo menos duas partes, dois sujeitos de direito. É o que expressamente refere o art. 7º/2, 1ª parte
CSC. Todavia esta norma, in fine, abre uma brecha em tal princípio, ao admitir que a lei “permita que a
sociedade seja constituída por uma só pessoa”.
A regra da pluripessoalidade vale tanto para a sociedade – contrato como para a sociedade – instituição.
E, do mesmo modo, deverá pôr-se a questão da admissibilidade de excepções àquela regra, ou seja, de
sociedade com um só sócio (sociedades unipessoais), tanto no que toca ao momento da constituição da
sociedade, como no que toca à subsistência com um só sócio de uma sociedade já existente.
4. Elemento patrimonial
O art. 980º CC, consagra um segundo elemento do conceito de sociedade, consiste na chamada obrigação
de entrada, através da qual os sócios efectuam contribuições que irão formar o património inicial da
sociedade.
Esta norma limita-se a exigir, para que surja a sociedade, que os sócios se obriguem a contribuir com bens
ou serviços, mas não exige a efectivação dessas contribuições logo no momento inicial, podendo ser
deixada para mais tarde, ao menos em parte.
As contribuições dos sócios podem revestir, a natureza de bens ou serviços.
As contribuições ou entradas dos sócios desempenham três funções da máxima importância para a
sociedade.
a) Formam no seu conjunto, o fundo comum ou património com o qual a sociedade vai iniciar a sua
actividade;
b) Definem a proporção da participação de cada sócio na sociedade;
c) Fixam o capital social.
5. Elemento finalístico (fim imediato ou objectivo): a actividade social
No que diz respeito às sociedades em geral, a referência do art. 980º CC, ao exercício de uma actividade
económica visa abranger todas as actividades destinadas à produção de bens ou utilidades de qualquer
natureza, materiais ou imateriais, enquadráveis em qualquer dos sectores da economia.
No que respeita às sociedades comerciais, é evidente que as actividades económicas a que se dediquem
terão se ser aquelas que se enquadrem no âmbito do comércio em sentido jurídico-formal.
Por outro lado, o art. 980º CC, exige que a actividade económica seja certa, o que significa, obviamente,
que ela deverá ser definida, determinada de forma concreta e específica, de modo a não se adquirirem
indicações tão vagas do escopo social que acabem por se traduzir numa incerteza da actividade ou
actividades a que a sociedade se destine.
6. Elemento teleológico: o fim lucrativo
O fim último da reunião dos sócios, com os respectivos contributos para o exercício da actividade comum,
terá de consistir na obtenção de um enriquecimento patrimonial, de um lucro, e não de outras vantagens
ideais ou mesmo materiais.
A fórmula do art. 980º CC, parece incutir uma noção muito estrita de lucro: tratar-se-ia de um aumento de
património gerado na própria sociedade, para ser depois repartido entre os sócios, seja periodicamente,
seja no final da existência da sociedade.
O elemento teleológico não consiste apenas no intuito de que a sociedade reduza lucros: é necessário que
ela vise também a repartição destes pelos sócios (art. 980º CC).
· Direito (abstracto) aos lucros, que é inerente ao conceito de sociedade;
· Direito (concreto) aos dividendos, isto é, à distribuição periódica de lucros, o qual resulta da
deliberação que os sócios tomem de os distribuir.
Este direito dos sócios aos dividendos goza de protecção, que se cifra em três aspectos:
1) O crédito dos dividendos vence-se, em regra, decorridos 30 dias após a deliberação de atribuição de
lucros (arts. 217º/3 e 294º CSC);
2) É proibido o pagamento aos titulares dos órgãos sociais de participação nos lucros que o estatuto
social preveja, antes de estarem postos a pagamento os dividendos aos accionistas (art. 217º/4 e 294º3
CSC);
3) É anulável a deliberação que porventura negar a distribuição do dividendo mínimo obrigatório, ou
mandar distribuir montante inferior ao legal, fora dos casos ressalvados nos arts. 217º/1, 294º/3 CSC.
7. Objecto comercial
Para que uma sociedade seja comercial, ela deverá ter “por objecto a prática de actos de comércio” (art.
1º/2 CSC). Assim, o primeiro elemento conceitual específico das sociedades comerciais consiste no objecto
comercial. No que toca às sociedades comerciais, portanto, o elemento finalístico, também designado, por
fim imediato ou objectivo da sociedade, tem uma conotação própria: ele deve ter carácter comercial.
O objecto da sociedade consiste nos actos ou actividades que, segundo a vontade dos sócios, ela deverá
praticar e prosseguir. Por conseguinte, é o carácter comercial desses actos e actividades que atribui às
sociedades o carácter de comerciantes (art. 13º/2 CCom).
Deverá tratar-se, pois, de actos de comércio objectivos (art. 2º, 1ª parte CCom) e de actividades
qualificadas de comerciais pelo art. 230º CCom, ou por outras normas qualificadoras.
8. Forma comercial
Para que uma sociedade seja comercial é ainda necessário que revista forma comercial, comporta dois
sentidos:
1) Primeiro, ela significa que a sociedade deverá revestir um dos tipos caracterizados e regulados na lei
comercial;
2) Num outro sentido, ela exprime a obrigatoriedade de a sociedade respeitar, na sua constituição, os
requisitos formais estabelecidos na lei comercial.
A primeira das acepções reporta-se ao princípio da tipicidade ou numerus clausus, que o legislador adoptou
quanto às sociedades comerciais.
Ainda por motivos de ordem pública, o legislador admite um número muito restrito de tipos sociais. Estes
distinguem-se, através de três características:
1) Responsabilidade dos sócios pela obrigação de entrada: trata-se de característica fundamental, pois
identifica a responsabilidade dos sócios para com a sociedade no que toca à formação do património inicial
desta;
2) Responsabilidade dos sócios pelas dívidas da sociedade: é outro aspecto de suma importância, pois
por ele se fica a saber se os sócios são ou não responsáveis, perante os credores da sociedade pelas dívidas
desta;
3) Modalidades de composição e titulação das participações na sociedade: trata-se de um aspecto que,
embora secundário, reveste muitas vezes importância assinalável, pois permite caracterizar a natureza e a
forma de cada parte do sócio na sociedade.
9. Princípio da tipicidade
As sociedades que tenham por objecto a prática de actos de comércio devem adoptar um dos tipos
previstos no Código das Sociedades Comerciais (art. 1º/3). A esta obrigatoriedade de adopção de um dos
tipos previstos na lei, a doutrina chama princípio da tipicidade das sociedades comerciais.
Este princípio constitui uma restrição ao princípio da autonomia privada, em especial na sua vertente de
liberdade contratual. Ao invés do estatuído no art. 405º/1 CC, as partes não têm a faculdade de celebrar
contratos de sociedade comercial diferentes dos previstos na lei.
O princípio da tipicidade só restringe, contudo uma das facetas da autonomia privada. As partes no
contrato não podendo embora adoptar um tipo diferente dos previstos no Código das Sociedades
Comerciais – o que traduz uma restrição à liberdade de fixação do conteúdo do contrato – já podem decidir
livremente se contratam – liberdade de contratar em sentido estrito – assim como podem escolher
também livremente com quem contratam – liberdade de escolha dos outros contraentes. O art. 1º/3 CSC
deixa pois intacta a liberdade de contratar em sentido estrito e a liberdade de escolha da contraparte no
contrato.
O princípio da tipicidade só abrange as sociedades que tenham por fonte um negócio jurídico – as
sociedades criadas ope legis podem desviar-se dos tipos previstos no Código das Sociedades Comerciais,
uma vez que tais sociedades provêm de instrumentos normativos de valor hierárquico idêntico ao do
próprio Código das Sociedades Comerciais onde o princípio da tipicidade se estabelece.
A sociedade civil, comercial e civil sob forma comercial
Contrato de sociedade é o modelo de organização para as pessoas que pretendem exercer em comum uma
actividade económica para o mercado. Existem três tipos de sociedade; sendo que esta repartição existe
devido ao objecto: a) Sociedade civil: quando o seu objecto é uma actividade económica de natureza civil.
São exemplos: a actividade agrícola, pecuário artesanal, profissões liberais. Estas podem-se organizar
livremente. b) Sociedades civis sob forma comercial: os sócios de uma sociedade civil podem ter
exclusivamente por objecto a prática de actos não comercias, mas no entanto adoptam uma organização
sob a forma de sociedade em nome colectivo c) Sociedades comercias: sociedade que tenham por objecto
a prática de actos e comercio e que adoptem o tipo de sociedade em nome colectivo. Isto significa que as
sociedades comerciais caracterizam-se por terem um objecto e forma comercial. Estas adquirem
personalidade jurídica desde a sua inscrição no registo comercial e são comerciantes.
Sociedade Unipessoal por Quotas (DL nº 257/96 de 31/12)
Art. 270º-A a 270º-E,C.Soc.Com.
Característica fundamental: existência de um único sócio.
Pode ser sócio de uma sociedade anónima – art. 270º, nº2; art. 246º, nº2
Singular ou colectiva – art. 270º -A
A pessoa singular só pode ser sócia de uma única sociedade unipessoal por quotas – art.
270º- E
A soc. por quotas não pode ser sócia de uma soc. unipessoal por quotas – art. 270º - E
Qq violação destas disposições (nº3) qq interessado pode levar à dissolução/ liquidação.
A firma deve ser constituída além de “limitada” a expressão sociedade unipessoal (art.
270º-B)
Assembleia Geral – cabe ao único sócio as competências da A.Geral (art. 270º-E)
Protecção de 3ºs – pode ser sócio de uma S.A. (art.270º C, nº2)
Sociedade Unipessoal Anónima (Art. 488º, C.S.C.)
A criação de uma soc. pessoal anónima só é possível se o sócio único for uma outra sociedade.
Art. 980º : os sócios são obrigados a contribuir com bens ou serviços (não é necessário que seja logo à
partida)
Art. 408º: as contribuições dos sócios podem revestir a natureza de bens ou serviços.
(Bens – dinheiro, bens materiais. Ex.: crédito, arrendamento)
(Serviços – prestação de serviços; actividades exercidas pelos próprios sócios (sócios de
indústria…)).
Os sócios de indústria apenas são admitidos em soc. em nome colectivo (art. 17º) e nas soc. em comandita
(art. 468º).
As contribuições ou entradas dos sócios, têm 3 funções:
1. formam o fundo com o qual a soc. vai iniciar a sua actividade
2. definem a participação de cada sócio na soc., ie, em que medida os sócios participam nos
lucros e nas perdas da soc., já que de acordo com o art. 22º, C.S.C., se nada for estabelecido em
contrário, essa participação será feita tendo em conta a participação no capital social.
3. fixam o cap.social, que podemos definir precisamente como a soma das entradas dos
sócios. obrigatoriedade de entrada (art. 97º)
Ficam excluídas do objecto das sociedades, aquelas de carácter cultural, político, religioso e outras.
Sociedade Comercial
Para que uma sociedade seja comercial, ela deverá conjugar 2 requisitos: (art. 1º)
A - tenha por objecto a prática de actos de comércio – objecto comercial;
B - tenha uma forma comercial que não é livre. A forma é adoptar um dos 4 tipos de sociedades
(em comandita, por quotas, anónima ou em nome colectivo).
A - O objecto da sociedade consiste nos actos ou actividades que a soc. deverá praticar e prossegui. Deverão
tratar-se de actos de comércio objectivos (art. 2º) e de actividades qualificadas de comerciais (art. 230º).
Basta que o objecto seja comercial para que a soc. também o seja.
O contrato de sociedade: deve indicar quais são as actividades que os sócios se propõem
exercer na soc., devendo também o sócio deliberar quais das actividades compreendidas no
objecto social, ela vai exercer efectivamente (art.11º).
Sociedades comerciais Sociedades civis
constituem-se para a prática de actos ou actividades civis.
Uma sociedade comercial pode, no entanto, praticar actos civis, desde que se tratem de actos inerentes à
prossecução dos seus fins – PRINCIPIO DA ESPECIALIDADE (art. 160º)
A prática de actos comerciais, por uma soc. civil, só não lhe modifica a natureza se se tratar de uma prática
ocasional. No entanto, pode suceder que uma soc. se constitua com um objecto misto (soc. civis e
comerciais) – soc. comercial.
B - Para que uma sociedade seja comercial, é ainda necessário que revista forma comercial.
As soc. comerciais deverão ser:
- em nome colectivo;- por quotas;- anónima;- em comandita simple ;ou acções.
Nos termos do art. 1º CSC, as sociedades que tenham por objecto o exercício de uma actividade comercial
têm de adoptar um dos tipos previstos no Código das Sociedades Comerciais. Este prevê quatro tipos de
sociedades comerciais:
Sociedades em nome colectivo: são as chamadas sociedades de responsabilidade ilimitada, por os sócios
poderem responderem pessoalmente com todo o seu património pelas dívidas da sociedade, depois de
esgotado o património desta
(Art. 175º e 176º, C.S.C.)
O que as caracteriza é o facto de cada sócio ter uma responsabilidade solidária, subsidiária e ilimitada pelas
dívidas da sociedade, inclusivamente pelas dívidas que já existiam antes da sua entrada na sociedade.
Cada sócio é responsável para com a sociedade pela prestação da sua entrada. Cada sócio responde
solidariamente com os restantes sócios e sem limite (ilimitadamente) perante os credores da sociedade e
pelas dívidas desta (art. 175º - 2, C.S.C.)
Responsabilidade solidária – a soc. A tem uma dívida de 40.000 € para com a soc. T. A soc. T tem o direito
de pedir o pagamento da dívida por inteiro a apenas um dos sócios. Após o pagamento da parte do sócio,
este tem direito de regresso em relação aos restantes sócios, ie, pode pedir aos sócios, nas suas proporções
de participação no capital, o retorno da divida que pagou.
Responsabilidade subsidiária – significa que o credor só pode procurar o património pessoal dos sócios
apenas após esgotar todo o património da sociedade. Primeiro respondem os bens da soc., se continuar a
haver dívida, terão de responder os bens pessoais dos sócios. (art. 175º, nº1 (a meio))
Responsabilidade ilimitada – o sócio é responsável por tudo, respondem por qq dívida da soc.
Tudo isto tem uma excepção, que está relacionada com os sócios de indústria. O art. 178º, nº2 diz
que a não ser que o contrato da sociedade diga outra coisa, os sócios de indústria não respondem nas
relações internas pelas dívidas da soc. Perante dívidas externas para com 3ºs, se lhe pedirem o pagamento
da dívida da soc., o sócio de indústria é obrigado a pagar, mas tem o direito à restrição total da parte dos
sócios. Paga ao credor mas recebe na totalidade o que pagou, a não ser que o contrato de soc. estabeleça
que os sócios de indústria também são responsáveis pelas dividas; neste caso o art. 178º, nº3 determina
que ele passa a ter direito a uma parte do capital social correspondente àquilo que pagou. Para isso vai ter
que existir uma redução proporcional das partes sociais dos outros sócio, o que irá levar a uma alteração
do contrato de soc.
A participação dos sócios de soc. em nome colectivo, segundo o art. 176º, recebe a designação de
parte social e não podem ser emitidos títulos representativos da parte social. O art. 176º, nº1 b) obriga a
que num contrato de soc. figure o valor atribuído à indústria para o efeito de repartição de lucros e
eventualmente perdas.
Contrato: admite a entrada de sócios de indústria (art. 176º)
Firma: é uma firma-nome que tem o nome de pelo menos um dos sócios + & C.ª
(companhia) (art. 177º)
Concorrência: PROIBIDA – nenhum sócio pode exercer actividade concorrente com o da
soc., nem ser sócio noutra soc. (art. 180º)
Direito dos sócios:
- À informação: direito a inf. verdadeira, completa, elucidativa sobre a gestão da soc., bem como o direito
à consulta da escrituração, livros e documentos (art. 181º) + à frente estão as obrigações e direitos dos
sócios
Transmissão da parte social: a transmissão da parte de um sócio efectua-se por escritura
pública e entre vivos (art. 182º) e com o consentimento dos outros sócios.
Voto: a cada sócio pertence um voto (art. 182º) e cada sócio tem direito a um voto (art.
190º)
Gerência: são gerentes todos os sócios (podem ser estranhos à soc., se os sócios assim o deliberarem)
(art. 191º a 193º)
Alterações no contrato: só por unanimidade podem ser introduzidas alterações no
contrato. Também só por unanimidade pode ser deliberada a admissão de um novo sócio.
Capital: não obriga a existência de um capital mínimo.
A morte de um sócio pode originar a dissolução da sociedade, caso os restantes assim o
entendam (art. 184º)
Sociedades por quotas: são de longe, o tipo societário mais utilizado na prática por corresponder à
estrutura típica da pequena e média empresa. A sua característica principal é a elasticidade do regime
jurídico constituído por grande número de disposições supletivas, que podem ser afastadas pelos estatutos,
ajustando a sociedade às necessidades concretas de cada empresa, nomeadamente aproximando-a das
sociedades de pessoa dificultando ou mesmo impedindo a transmissão das quotas ou optando por um
modelo mais próximo das sociedades de capitais com livre transmissibilidade das quotas.
Nº min. de sócios: 2.
O que caracteriza as soc. por quotas é o facto dos sócios não responderem pelas dívidas da soc. Resulta do
art. 197º, nº3 (só o património da sociedade é que irá responder às dívidas desta).
Há, no entanto, uma possibilidade dos sócios responderem pelas dívidas da sociedade, situação prevista
no art. 198º. Admite-se neste artigo que o contrato de soc. estipula que um ou + sócios respondam pelas
dívidas da soc. até um determinado montante. Daqui resulta que esta responsabilidade nunca poderá ser
ilimitada. Mesmo neste caso, determina o nº3 do art. 198º que, salvo disposição em contrário, o sócio que
pagar dívidas da soc. goza de direito de regresso perante a soc., mas já não contra os demais sócios.
Assim, os sócios não respondem com os seus próprios bens pelas dívidas da soc., a menos que o pacto
social estabeleça que um ou + sócios serão responsáveis pelas dívidas daquela. (art. 197º e 198º)
A outra característica deste tipo de soc., no que respeita à responsabilidade, é o facto de os sócios
responderem solidariamente pelas entradas dos outros sócios. Cada sócio responde perante a sociedade
e perante os credores sociais pela sua entrada e os sócios são solidariamente responsáveis por todas as
entradas previstas no contrato de sociedade (art. 197º, nº1).
Ex.: se um sócio vai pagar à soc. a sua entrada, pode ser excluído, sendo então os demais solidariamente
responsáveis perante a sociedade pelo pagamento da parte da entrada do excluído que estiver em dívida.
(art. 197º)
Firma: pode ser uma firma-nome, firma-denominaçao ou uma firma-mista. O aditamento
é “Lda” ou “Limitada” (art. 200º)
Capital: o capital está dividido em quotas; a sociedade não pode ser constituída com um
capital inferior a 5000€, não podendo ser reduzido a importância inferior (art. 201º). Não é
representado por títulos (art. 219º). É possível prever prestações complementares (art. 210º). A
participação de cada sócio recebe a denominação de quota, e não pode ser em princípio inferior
a 100€, de acordo com o (art. 219º, nº3).
Entradas: não são admitidas contribuições de indústria (art. 202º).
Lucros: não pode deixar de ser distribuído aos sócios metade do lucro do exercício (a não
ser que o contrato de soc. estabeleça o contrário ou por deliberação por maioria de ¾ dos votos
(art. 217º).
Se o sócio não efectuar a prestação a que está obrigado (no prazo fixado na
interpretação) deve a soc. avisá-lo por carta registada de que a partir do 30º dia à recepção da
carta, fica sujeito a exclusão e perda total ou parcial da quota (art. 204º).
A sociedade deve comunicar ao sócio por carta registada a sua exclusão e a consequente perda a favor da
soc. da respectiva quota (art. 204º - 2).
A sociedade pode fazer vender em hasta pública a quota perdida a seu favor. Ela pode ainda ser dividida
proporcionalmente às dos restantes sócios (art. 205º).
Excluído um sócio, são os outros sócios obrigados solidariamente a pagar a parte da entrada que estiver
em divida, quer a quota tenha sido ou não vendida (art. 207º). Cada sócio responde pela realização de todo
o capital social.
As quantias provenientes da venda da quota do sócio excluído pertencem à sociedade. Se houver
excedentes, deverá a soc. restituir aos sócios as quantias por eles desembolsadas; o restante será entregue
ao sócio excluído até ao limite da parte da entrada por ele prestado (art. 208º).
Reserva: é obrigatória a constituição de uma reserva legal (art. 218º). – ver + à frente
direitos e obrigações dos sócios.
Direitos dos sócios: - à informação (art. 214º a 216º).
- aos lucros (art. 217º a 218º). – ver + à frente direitos e obrigações dos sócios.
O sócio que usar indevidamente as informações obtidas é responsável pelos prejuízos que causar
e fica sujeito a exclusão (art. 215º).
Quotas: a cada sócio pertence apenas 1 quota; não podem ser inferiores a 100 € (excepto
quando a lei o permitir) (art. 219º).
Assembleia: a convocação de Assembleias Gerais compete a qq dos gerentes e deve ser
feita por meio de carta registada, expedida com antecedência mínima de 15 dias, a não ser que a
lei ou o contrato da sociedade exijam outras formalidades ou estabeleçam prazo + longo (art.
248º). – ver + à frente assembleia geral
Votos: um voto por cada cêntimo do valor nominal da quota (art. 250º). Maioria dos votos
emitidos
Os sócios podem tomar deliberações por voto escrito e em Assembleia Geral (art. 246º e 247º).
Nenhum sócio pode ser privado de participar na Assembleia, ainda que esteja impedido de exercer direito
de voto (art. 248º - 5).
as actas das A.G. devem ser assinadas por todos os sócios que nela participem
O sócio não pode votar nem por si, nem por representante, nem em representação de outrem, quando,
relativamente à matéria de deliberação, se encontre em situação de conflito de interesses (art. 251º).
Administração: a soc. é administrada e representada por um ou + gerentes, que podem
ser escolhidos de entre estranhos à sociedade, e devem ser pessoas singulares com capacidade
jurídica plena não pode fazer representar-se no exercício do seu cargo (art. 252º).
Concorrência: PROIBIDA. Os gerentes não podem, sem consentimento dos sócios,
exercer actividade concorrente com a da sociedade (art. 254º).
Gerência: um ou + gerentes (podem ser estranhos à soc.). Os sócios podem deliberar a
todo o tempo a destituição (demissão) dos gerentes (art. 252º e 257º). Os gerentes são designados
no contrato ou eleitos posteriormente por deliberação dos sócios. Salvo disposição do contrato
da soc. em contrário, o gerente tem direito a remuneração a fixar pelos sócios (art. 255º, nº1).
Os gerentes devem praticar os actos que forem necessários ou convenientes para a realização do objecto
social, com respeito pelas deliberações dos sócios (art. 259º) competência dos gerentes.
Os actos praticados pelos gerentes vinculam-na para com 3ºs, não obstante as limitações constantes do
contrato social ou resultantes de deliberações dos sócios (art. 260º).
vinculam a soc., opondo a sua assinatura com indicações dessa qualidade
No caso de haver vários gerentes, os respectivos poderes são exercidos conjuntamente
considerando-se válidas as deliberações que reúnam os votos da maioria e a sociedade vinculada pelos
negócios jurídicos concluídos pela maioria dos gerentes (art. 261º) (art. 252º) assinatura do gerente.
Os gerentes são designados no contrato de soc. ou eleitos posteriormente por deliberação dos
sócios se no contrato social se previr outra forma de designação (art. 252º).
Fiscalização: o contrato de soc. pode determinar que a soc. tenha um conselho fiscal. As
soc. que não tiverem conselho fiscal devem designar um ROC (art. 262º). Não é obrigatório ter
órgão de fiscalização (art. 252º - 262º).
Os actos de gerência não têm de ter autorização do C.F., excepto se for estabelecido no contrato estrutura
orgânica:
Impõe um órgão deliberativo (A.G. – art. 248º), um órgão executivo e de gestão (gerência – art. 252º) e
facultativamente, em fiscal único ou conselho fiscal, sendo obrigatória a nomeação de um ROC ou SROC
nos casos previstos no art. 262, nº2.
A cessão (abdicação) de quotas a não sócios depende do consentimento unânime dos
sócios (art. 246º) *; ou, é proibida a cessão de quotas a não sócios logo que lhe for comunicado
por escrito.
*segundo o artº 228, só se torna eficaz a cessão para com a soc.
A soc. pode amortizar quotas ou adquirir quotas próprias. Contudo, é necessário que as
reservas e lucros não sejam inferiores à soma do capital e da situação líquida.
Alteração no contrato: a alteração tem que ser aprovada para maioria de ¾ dos votos
correspondentes ao capital social (art. 265º).
A simples vontade dos sócios, quando não manifestada na deliberação, não pode constituir causa
contratual de dissolução.
Dissolução da sociedade: deve ser tomada por maioria de ¾ dos votos correspondentes
ao capital social (art. 270º).
Exclusão de um sócio com actividade concorrente: a sociedade pode amortizar a(s)
quota(s) nos seguintes casos:
- falecimento do sócio, penhora, arresto ou apreensão judicial de quota e se se verificar adjudicação judicial
de quota a não-sócio;
- exercício pelo sócio de actividade concorrente com a sociedade.
Qq membro da administração tem o dever de outorgar (concordar/aprovar) a escritura
referente ao aumento do capital social.
Vendas de imóveis: (art. 246º e 406º)
Fixação dos próprios salários: (art. 255º e 399º)
Pagamento de salários a trabalhadores: (art. 259º e 405º)
Art. 229º - proíbe a cessão de quotas, determinando-se apenas o direito dos sócios à
exoneração (demissão) uma vez decorridos 10 anos sem o seu ingresso na soc. (são válidas as
clausulas que proíbam a cessão de quotas)
Sociedades anónimas: são o tipo característico da empresa de maior dimensão. O seu capital mínimo é de
50 000€, e deverão ser pelo menos, cinco accionistas. Os accionistas respondem apenas pela realização
das acções de que são titulares.
Sociedades Anónimas
Resulta do art. 271º que cada sócio só é responsável pela respectiva entrada na soc., ou seja,
apenas a soc. responde pelas suas dívidas.
As participações dos sócios recebem a designação de acções que devem ter todas o mesmo valor
nominal, sendo que nestas soc. o cap. social mínimo é de 50.000€ (art. 271º e 276º).
As acções são representadas por títulos e podem ser transmitidas de acordo com o regime previsto no art.
328º do C.S.C.
Caracteriza ainda estas sociedades o facto dos seus sócios se designarem accionistas e não poder o seu nº
ser, em principio, inferior a 5 como dispõe o art. 273º, nº1.
Responsabilidade: a responsabilidade de cada sócio é limitada ao valor das acções que
subscrevem. Só a sociedade com o seu património é responsável, perante os seus credores, pelas
suas dívidas (art. 271º).
Sócios: a sociedade anónima não pode ser constituída por um nº inferior a 5 (como já
tinha sido referido), excepto quando a lei o dispense (art. 273º). No caso do estado deter a maioria
do capital, a soc. pode constituir-se com 2 sócios (art. 273º).
Firma: firma-nome, firma-denominação ou firma-mista. O aditamento é “soc. anónima”
ou “S.A.” (art. 275º).
Acções: todas têm o mm valor nominal e são indivisíveis (art. 276º).
Entradas: não são admitidas contribuições de indústria (art. 277º). Para além da
obrigação de entrada, obrigação de prestações acessórias (art. 287º).
Administração e fiscalização: está a cargo do:
- conselho de administração e concelho fiscal; ou
- direcção, conselho geral, ROC (art. 278º).
Conselho de administração: competência conselho administração (art. 405º).
É composto por um nº impar de membros, fixado no contrato de soc. (art. 390º).
Os administradores podem não ser accionistas, mas devem ser pessoas singulares com capacidade jurídica
plena (art. 390º).
Pode o conselho encarregar especialmente algum ou alguns dos administradores de se ocuparem de certas
matérias de administração.
A soc. fica vinculada pelos negócios jurídicos concluídos pela maioria dos administradores ou por um nº
menor fixado no contrato de soc. (art. 408º - 409º).
os administradores obrigam a soc., opondo a sua assinatura, com a indicação dessa qualidade.
Compete ao conselho de administração deliberar sobre a alienação de bens imóveis (entre outras coisas)
(art. 406º ).
O conselho de adm. reúne sempre que for convocado pelo presidente ou por outros 2 administradores
(art. 410º).
o conselho não pode deliberar sem que esteja presente ou representada a maioria dos seus membros (art.
410º).
Invalidade de deliberações: (art. 411º).
Segundo o art. 72º, os administradores são responsáveis pelos prejuízos da soc. salvo se provarem que
procederam sem culpa.
QUESTÃO:
O que é necessário para destituir (demitir) os administradores?
Resp.: segundo o art. 403º, é necessário que seja em A.G.:
- se existir causa justa – requer ao tribunal a suspensão dos administradores e a sua destituição
(nº3);
- sem causa justa - nº2, remete ao art. 392º, nº6.
Remuneração: a remuneração de cada e dos administradores, tendo em conta as suas
funções e a situação económica da soc., compete à A.G. dos accionistas ou comissões de
accionistas por aquela nomeada (art. 399º, nº1).
Conselho fiscal: composição (art. 413º) – é composto por 3 membros efectivos (podem
vir a ser 5)
as deliberações do C.F. são tomadas por maioria, devendo os membros que com elas não concordarem,
fazer inserir na acta os motivos da sua discordância (art. 423º).
Fiscalização da soc.: compete a um fiscal único (art. 420º) que deve ser o ROC (art. 420º
- A).
Não se pode atribuir ao sócio a tarefa de designar a maioria dos membros do conselho geral, esta é feita
no contrato de soc., ou por eleição nos termos do nº1, art.º 435.
As sociedades cotadas em bolsa de valores devem designar um secretário da soc. e um suplente (art. 446º
- B).
Destituição: (art. 419º).
Direitos dos sócios: – ver + à frente direitos e obrigações dos sócios
- à informação: qq accionista desde que possua pelo menos 1% do capital social, pode consultar, desde que
alegue motivos justificados, dados referentes à soc. (art. 288º); + de 10%, direito à informação escrita (art.
291º).
Assembleia Geral: na A.G., o accionista pode requerer que lhe sejam prestadas
informações verdadeiras, completas e elucidativas que lhe permitam formar opinião sem os
assuntos sujeitos a deliberação (art. 290º).
As A.G. são convocadas pelo presidente da mesa, nos casos especiais previstos na lei; pelo conselho geral,
fiscal ou tribunal (art. 377º). Convocação: por carta registada (21 dias); publicações (1 mês).
Os administradores /gerentes não têm poder para convocar assembleias, somente para deliberar sem a
convocação (art. 406º, c) ).
A mesa da A.G. é constituída, pelo menos, por 1 presidente e 1 secretário (art. 374º).
As A.G. de accionistas devem ser convocadas sempre que a lei o determine ou o conselho de administração,
a direcção, o conselho fiscal ou o conselho geral o entenda (art. 375º).
a A.G. deve ser convocada quando o requererem 1 ou + accionistas que possuem acções que correspondam
a 5% do capital social.
O presidente da mesa da A.G. quando não defira (conceda) o requerimento dos accionistas ou não
convoque a assembleia, deve justificar por escrito a sua decisão dentro de 15 dias.
O presidente da mesa da A.G. deve mandar organizar a lista dos accionistas que estiveram presentes e
representados no início da reunião (art. 382º).
os accionistas presentes e os representantes devem rubricar a lista (que fica arquivada)
Os accionistas têm o direito de estar presentes na A.G. e aí votar (têm direito a pelo menos 1 voto)
os accionistas sem direito de voto e os obrigacionistas podem assistir às A.G. e participar
na discussão (art. 379º).
Segundo o art. 380º, o contrato de soc. não pode proibir que 1 accionista se faça representar na A.G., desde
que o representante seja membro do conselho de administração ou direcção da soc.
A A.G. delibera por maioria dos votos emitidos, seja qual for a % do capital nela representado (art. 384º e
386º).
Votos: a cada acção corresponde 1 voto (a não ser que o contrato da soc. diga algo em
contrário) (art. 384º).
um accionista não pode votar, nem por si, nem por representante, nem em representação de outrem,
quando a lei o expressa/ proíbe e ainda quando a deliberação incida sobre: … (art. 384º - 6).
Um accionista que disponha de + de 1 voto, não pode votar em sentidos diversos sem a mesma proposta
(art. 385º).
Lucros: não pode deixar de ser distribuído aos accionistas metade do lucro do exercício
(excepto se o contrato disser o contrário ou por deliberação tomada por maioria de ¾ dos votos
correspondente ao cap. social) (art. 294º).
Reserva legal: uma % não inferior à vigésima parte dos lucros da soc. é destinada à
constituição de reserva legal (art. 295º e 296º).
Acções: as acções não podem ser emitidas por valor inferior ao seu valor nominal. Podem
ser nominativas ou ao portador (art. 298º).
As acções ao portador podem ser sempre convertidas em acções nominativas; as acções nominativas
podem ser convertidas em acções ao portador (isto se a lei não proibir a conversão e o contrato de soc.
permitir acções ao portador).
Não é possível estipular a intransmissibilidade absoluta das acções: o art. 328º proíbe as chamadas
cláusulas de proibição.
A transmissão de acções nominativas a não sócios depende do consentimento da soc. a prestar com os
votos correspondentes a 95% do cap. social. O consentimento será prestado em A.G. no prazo de 60 dias
a contar do seu pedido, tornando-se livre a transmissão se a soc. não cumprir o disposto nesta cláusula.
No caso da soc. recusar prestar consentimento, deverá fazer adquirir as acções por outra pessoa nos
termos do disposto no art. 329º, nº2 c); art. 299º, nº2 b); art. 328º, nº2 b) e art. 329º.
Entrada e saída de sócios: depende de pura e simplesmente da alienação das suas
participações.
Concorrência: a soc. pode amortizar acções do sócio que exercer actividade concorrente,
nos termos do art. 347º.
Aquisição de bens a accionistas: art. 29º
Não é possível atribuir direitos especiais a sócios, mas apenas a categorias de acções (art. 24º e 302º), o
que constitui índice de despersonalização.
Estrutura orgânica: A.G., conselho de administração/ administrador único e fiscal único –
ROC ou SROC; conselho fiscal ou A.G., conselho geral, direcção/director único, ROC ou SROC (art.
278º, art. 373º a 389º, art. 390º a 412º, art. 403º a 423º - A, art. 424º a 445º e art. 446º).
Subscrição de uma letra: - representação (art. 408º).
- vinculação da soc. (art. 409º).
Alterações no contrato social: tem que ser deliberado em A.G., em 1ª convocação com a
presença ou representação de accionistas que detenham pelo menos 1/3 das acções
correspondentes ao capital social (art. 383º, nº2), ou em 2ª convocação, seja qual for o nº ou o
capital representado pelos accionistas presentes (art. 383º, nº3) e a deliberação terá de ser por
maioria de 2/3 dos votos presentes (art. 386º, nº2).
Aumento e redução do capital: (art. 456º) tanto nas soc. por quotas como na anónimas,
qq membro da administração tem o dever de outorgar a escritura referente ao aumento de
capitais sociais, com a maior brevidade, sem dependência de especial designação pelos sócios (art.
85º, nº4) ver + à frente aumento e redução do cap.social.
Gerência: os sócios não fazem parte necessariamente da gerência.
Dissolução da soc.: (art. 464º).
Sociedades em comandita: são um tipo misto em que existem sócios de responsabilidade ilimitada – os
comanditados e os sócios de responsabilidade limitada – os comanditários.
O que caracteriza estas soc. é a existência de 2 tipos de sócios: comanditários e comanditados.
Responsabilidade: os sócios comanditários têm uma responsabilidade em tudo idêntica à dos
sócios accionistas (só são responsáveis pela respectiva entrada) – não respondem por qq dívida da soc.
Já os sócios comanditados têm uma responsabilidade igual à dos sócios das soc. em nome colectivo, logo,
uma responsabilidade solidária, subsidiária e ilimitada, o que resulta do (art. 465º, nº1), ie, respondem
pelas dívidas da soc.
Firma: as sociedades podem ser em comandita simples ou por acções. É uma firma-nome.
Art. 467º - no caso de ser simples, o aditamento é “em Comandita” ou “& Comandita”; no caso de
ser por acções, o aditamento é “em Comandita por acções” ou “& Comandita por acções”.
Entradas: não são admitidas contribuições de indústria; só os sócios comanditados
podem ser sócios de indústria, como resulta do art. 468º, “a contrario”.
Gerência: só os sócios comanditados podem ser gerentes (excepto se o contrato da soc.
disser algo em contrário) (art. 470º).
Sócios: as deliberações são tomadas unanimemente (art. 472º).
Sociedades em Comandita simples:
Aplica-se o disposto nos art. 474º a 477º, o que significa que o seu regime é semelhante ao das soc. em
nome colectivo. Nestas soc. as contribuições dos sócios são partes sociais não representadas por quaisquer
títulos /acções.
Sociedades em Comandita por acções:
Aplicam-se subsidiariamente as disposições relativas às soc. anónimas, como nos diz o art. 478º exigindo-
se um nº mínimo de 5 sócios comanditários. Nestas soc. as participações dos sócios comanditários são
representadas por acções, como nos diz o art. 465º, nº3. - (art. 478º a 480º).
TRANSMISSÃO DO ESTABELECIMENTO.
Aferida a existência de um verdadeiro estabelecimento comercial, o mesmo pode ser transmitido no seu
todo nos termos seguintes:
• Transmissão definitiva: trespasse, regime excepcional
• Transmissão temporária: cessão de exploração, regime geral
A regra geral é, contrariamente a estas que aqui observamos, a regra da especialidade: cada uma das
situações jurídicas distintas a transmitir exigiria, em princípio, um negócio autónomo.
TRESPASSE.
Transmissão do estabelecimento
O estabelecimento comercial é uma realidade jurídica complexa, unitária, o que releva em matéria de
transmissão…
O titular do estabelecimento pode transmiti-lo, na sua globalidade (unidade funcional), obtendo assim um
valor superior à simples soma das partes – realizando, consequentemente, o trespasse –, ou separar os
elementos que o compõem, fragmentando-o e transmiti-los isoladamente, na sua unidade (funcional)
O trespasse é o termo que designa a transmissão do estabelecimento comercial ou industrial na sua
unidade (tendencial)
O trespasse pode resultar de diversos negócios (como a compra e venda, a troca, a doação) e também, em
caso de morte, da herança ou até da partilha de sócios.
O trespasse é um acto de transmissão global e a título definitivo
O trespasse consiste na transmissão definitiva da titularidade do estabelecimento comercial, no seu todo,
sem perda de aptidão funcional [do aviamento, enfim]: trata-se de um único negócio jurídico, mediante
uma única escritura. Segundo MENEZES CORDEIRO e OLIVEIRA ASCENSÃO, a transmissão de um
“estabelecimento” com perda do aviamento, consiste na transmissão de um “estabelecimento
incompleto”.
Pode ser celebrado mediante qualquer contrato com eficácia translativa da titularidade do direito [vg
compra e venda, doação, troca ou dação em cumprimento]. O principal efeito resulta da transmissão da
propriedade relativamente a esse estabelecimento, ou do direito pessoal de gozo do arrendatário, mais
frequentemente. Eis os traços gerais do regime do trespasse, de natureza excepcional face ao regime geral
da cessão de exploração:
• Está regulado no CC [art. 1112º CC] mas é considerado legislação comercial, maxime acto
comercial em sentido objectivo, por razões históricas e pela sua natureza: protecção do interesse e do
desenvolvimento comercial.
• Não há qualquer necessidade de consentimento do senhorio [art. 1112º-1a CC], bastando a mera
comunicação [art. 1112º-3 CC] pelo locatário originário, no prazo de quinze dias [art. 1038º g) CC]: facto
que sustenta a sua natureza de protecção do interesse comercial.
• Forma: escrita [art. 1112º-3 CC]. Problema da simplificação formal do trespasse: essa norma
aplica-se também ao proprietário do prédio? COUTINHO DE ABREU considera que se afasta o art. 875º CC
e o art. 80º do Código do Notariado, relativamente à necessidade da escritura pública na transmissão do
direito de propriedade sobre imóveis em caso de trespasse.
• A violação do dever de comunicação constitui fundamento do direito de resolução do contrato
[art. 1083º-2 e) CC] e de indemnização por responsabilidade obrigacional [art. 798º CC].
• O senhorio tem direito de preferência no trespasse por venda ou dação em cumprimento [art.
1112º-4 CC], permitindo-lhe uma vantagem potencial. Se preferir, extingue-se o contrato por confusão de
esferas jurídicas: o senhorio não pode ser simultaneamente senhorio e locatário.
• Dever de não concorrência do trespassante com o trespassário: dever que decorre da boa fé,
maxime, do dever de lealdade. Quando violado, gera responsabilidade pós-contratual nos termos dos
princípios da culpa post pactum finitum, segundo MENEZES CORDEIRO. Se as partes afastarem o dever de
não concorrência, convencionam, geralmente, uma remuneração proporcional. Evidencia a importância da
clientela enquanto elemento activo do estabelecimento. Preconiza a observância de limites:
o Materiais: a nova actividade do trespassante não pode ser semelhante
o Espaciais: com respeito com a circunscrição geográfica da actividade
o Temporais: observância do prazo de consolidação do novo estabelecimento, geralmente de três
ou dois anos [jurisprudência]
• Havendo perda do aviamento do estabelecimento, com o trespasse, aplicar-se-á o regime geral
da cessão de exploração infra: o contrato celebrado transmite meramente o direito pessoal de gozo sobre
o prédio, e não o estabelecimento no seu todo, por desmantelamento, vg. Nestes termos, há que
interpretar restritivamente o disposto no art. 1112º-2 a) CC, considerando que o limite que traça a distinção
entre trespasse e mera cessão de exploração reside na perda de aviamento, e não na mera transmissão de
utensílios e de mercadorias. Cabe ao senhorio fundamento de resolução do contrato pelo exercício, no
prédio, de outro ramo de comércio sem o seu consentimento [art. 1112º-2 b) CC], norma que pretende
obstar à simulação de trespasse, nos casos de transmissão do espaço e não do estabelecimento.
• Se existe verdadeiro trespasse, mas outro destino foi dado ao prédio, há fundamento do direito
de resolução do contrato nos termos dos arts. 1038º c), 1083º-1c) e 1112º-5 CC e consequente
indemnização por responsabilidade obrigacional [art. 798º CC].
§5: ELEMENTOS TRANSMITIDOS. Caracterizado o trespasse nos seus traços gerais, cumpre determinar
quais os elementos do estabelecimento que devem considerar-se transmitidos com o trespasse do mesmo.
OLIVEIRA ASCENSÃO, neste âmbito, estabelece a distinção entre:
• Situações jurídicas exploracionais: não fazem sentido sem o estabelecimento a que respeitam,
pelo que se transmitem com este.
• Situações jurídicas comuns
Assim, transmitem-se, num plano interno [entre o trespassante e o trespassário]:
Elementos activos:
• Direito de propriedade sobre móveis e imóveis, em princípio [mesmo sem acordo expresso, por
estar implícito na vontade hipotética das partes que celebram o trespasse].
• Direito pessoal de gozo relativo ao arrendamento.
• Direito à firma, com consentimento escrito do titular [art. 44º RNPC].
• O nome do estabelecimento, logótipo e insígnias [art. 31º-4 Código de Propriedade Industrial].
• Posições contratuais:
o Contrato de trabalho: por mero efeito da lei, com vista à protecção do trabalhador, a parte mais
fraca – as dívidas transmitem-se à segurança social.
o Contrato de fornecimento: as situações jurídicas exploracionais transmitem-se tacitamente,
segundo OLIVEIRA ASCENSÃO.
• Direitos de crédito, sem consentimento do devedor [art. 577º CC].
• Aviamento e clientela: factores que influenciam decisivamente o valor do estabelecimento e que,
sendo este transmitido, vão com ele.
Elementos passivos:
• Dívidas, com consentimento do credor [art. 595º CC], excepto quando se trate de dívidas
exploracionais, indissociáveis do estabelecimento [segundo OLIVEIRA ASCENSÃO transmitem-se
tacitamente]. A solução adoptada deve ser intermédia: nem pela transmissão em bloco das mesmas, pela
difícil especificação de todas, nem pela transmissão das dívidas uma a uma, pela exigência que importaria.
Transmitem-se, num plano externo [entre o trespassário e terceiros]:
Elementos activos:
• Cessão da posição contratual [art. 424º CC]: com consentimento
• Cessão de créditos [art. 577º CC]: sem consentimento
Elementos passivos:
• Dívidas [art. 595º CC]:
o Com consentimento do credor: exonera o trespassante, o devedor originário.
o Sem consentimento do credor: não exonera o trespassante, o devedor originário, que, pagando a
dívida em causa, pode exercer direito de regresso sobre o trespassário, o novo devedor.
CESSÃO DE EXPLORAÇÃO.
• Designa-se cessão de exploração o negócio que consiste na transferência temporária e onerosa
do estabelecimento, em que o cedente conserva a titularidade do estabelecimento, limitando-se a permitir
que o cessionário o explore (correspondendo à cedência do gozo do estabelecimento como um todo e
pressupõe que o mesmo já se encontre constituído e apto a funcionar
A cessão de exploração do estabelecimento consiste na transmissão temporária do gozo do
estabelecimento como um todo, a título oneroso [locação de estabelecimento] ou gratuito [“comodato”
de estabelecimento]. Trata-se do regime geral previsto no art. 424º CC, a aplicar quando se considere
afastada a possibilidade de trespasse, a título excepcional, ou quando este, a existir, resulte em perda do
aviamento do estabelecimento: a cessão de exploração afasta o regime restritivo do arrendamento.
Estudaremos a cessão de exploração a título oneroso, dita locação do estabelecimento, com maior
pormenor. Eis os traços gerais do regime da locação do estabelecimento:
Necessidade de consentimento [art. 424º CC e art. 1059º]. Não existindo qualquer consentimento, há
fundamento de resolução do contrato e indemnização por responsabilidade obrigacional [arts 1047º e
1083º e 798º CC].
• Existência de um estabelecimento comercial [ou tratar-se-á de puro arrendamento]: a falta de um
dos elementos estruturais do estabelecimento, aquando da cessão, determina a sua conversão legal em
arrendamento.
• Forma: escrita [art. 1112º-3, por remissão do art. 1109º CC].
• Observância das obrigações do locatário [art. 1038º CC].
• O não consentimento do senhorio e a inobservância das obrigações do locatário constituem
fundamento do direito de resolução do contrato pelo senhorio: vg pelo exercício, no prédio, de outro ramo
do comércio sem o seu consentimento [art. 1112º-2 b)]: norma que pretende obstar à simulação de
trespasse.
• O direito à resolução do contrato e consequente indemnização por responsabilidade obrigacional
encontra-se consagrado nos arts 1047º, 1083º e 798º CC.
• Quando o estabelecimento se encontre instalado em local arrendado a locação não carece de
autorização do senhorio, mas deve ser-lhe comunicada no prazo de um mês [art. 1109º-2 CC].
Quando o locatário não transmita a titularidade do direito pessoal de gozo sobre o estabelecimento, mas
tão-só faculte o seu gozo a um terceiro, deparamo-nos com a denominada sublocação do estabelecimento,
nos termos seguintes [art. 1060º CC]:
• Não há cessão da posição contratual do locatário original, a favor do sublocatário [o locatário
mantém o seu direito pessoal de gozo, neste caso, embora faculte o gozo da coisa ao sublocatário].
O regime da sublocação [art. 1060º] caracteriza-se por:
• Dever de comunicação [art. 1038º g) e 1061º CC]
• Violação do dever de comunicação constitui causa de resolução do contrato e de indemnização
por responsabilidade obrigacional [arts 1083º e 798º CC].
Quando a sublocação verse sobre imóveis, dispõe o regime do subarrendamento [art. 1088º CC]:
• Necessidade de autorização do senhorio, por escrito [art. 1038º f) e 1088º CC]
b) Usufruto
Tem o estabelecimento por objecto, um direito real limitado de gozo constituído sobre coisa alheia e
também tem de ser realizado por escritura pública (arts. 1439 segs. CC).
O usufrutuário adquire o direito à exploração do estabelecimento, além dos poderes que lhe são atribuídos
de uso directo (exploração) do estabelecimento. Adquire também poderes de utilização indirecta,
contrariamente de alguém que tenha o mero direito de uso, quem tenha usufruto pode locar também.
REGISTO COMERCIAL. Os princípios orientadores do registo comercial são os seguintes:
Legalidade [arts 47º e 48º CR Comercial]
Instância [art. 28º CR Comercial]
Obrigatoriedade [art. 15º-1 CR Comercial]
Competência
O principal efeito do registo comercial é o efeito presuntivo [art. 11º CR Comercial], ainda que ilidível nos
termos gerais do art. 350º-2 CC. Não tem qualquer efeito constitutivo, nem no caso das sociedades
comerciais, para MENEZES CORDEIRO [vs art. 5º CSC], excepto no registo do penhor, na medida em que há
já personalidade colectiva antes do registo.
Segundo o art. 18º-3, os comerciantes são obrigados a fazer inscrever no registo comercial os actos a ele
sujeitos. Os factos relativos a comerciantes individuais que estejam sujeitos a registo são elencados no art.
2º CR Comercial, numa tipicidade fechada. O início da actividade do comerciante individual está previsto
no art. 2º a) CR Comercial. Será, todavia, esse registo obrigatório? Não, na medida em que essa alínea não
se encontra prevista na tipicidade fechada que consta do art. 15º CR Comercial. Conclui-se: o registo
comercial não tem efeito constitutivo, mas sim meramente presuntivo, dada a função de conferir fé pública
aos actos registados [art. 11º CR Comercial]. Há, todavia, mecanismos de obrigatoriedade indirecta, como
aqueles enunciados no art. 14º CR Comercial.
FIRMA.
Firma: é apenas o nome comercial do comerciante; nome sobre o qual o comerciante exerce o comércio;
nome pelo qual o comerciante individual ou colectivo exerce a sua actividade.
A firma permite individualizar a personalidade comercial do comerciante e é obrigatória, ou seja, todos os
comerciantes são obrigados a adoptar uma firma.
Firma nome: é formada pelo nome de 1 ou + sócios. EX: Reis & Pinto, Lda.
Firma denominação: é formada por uma expressão relativa ao ramo de actividade comercial. EX:
Electrodomésticos, Lda.
Firma mista: é formada por ambos os elementos (nomes e actividades). EX: Abel Soares – material de vídeo.
A firma é o nome do comerciante no comércio. Apesar da crescente simplificação do seu regime [cfr.
“empresa na hora”], a constituição da firma deve ser conforme com os princípios seguintes:
Unidade [art. 38º RNPC]
Autonomia privada
Obrigatoriedade e normalização [art. 18º]
Verdade [art. 32º RNPC]
Estabilidade
Novidade e exclusividade [art. 33º RNPC]
A firma, ou o nome do comerciante no comércio, é sempre obrigatória [art. 18º-1º e 38º-1 RNPC]. Se não
for adoptada uma firma fica impossibilitada a inscrição de actos com registo obrigatório.
A transmissão da firma é possível mediante autorização escrita do titular da mesma [art. 44º e 38º-2 RNPC].
O comércio é executado sob uma designação nominativa, que constitui a firma. Há, porém, no direito
comparado duas concepções diversas de firma:
Para o conceito objectivo, a firma é um sinal distintivo do estabelecimento comercial. Daí decorrem, como
corolários, a possibilidade de tal designação ser composta livremente e ser transmitida com o
estabelecimento, independentemente de acordo expresso.
Para o conceito subjectivo, a firma é um sinal distintivo do comerciante – o nome que ele usa no exercício
da sua empresa: é o nome comercial do comerciante. Daí que, em relação ao comerciante individual, nesta
concepção, a firma deva ser formada, a partir do seu nome civil e, em princípio intransmissível.
O art. 18º CCom], está relacionado com o estatuto de comerciante. Considera-se a firma o nome comercial
do comerciante, sinal que os identifica ou individualiza também o faz para alguns não comerciantes –
sociedades civis não comerciais.
24. Constituição da firma
A firma consoante os casos, pode ser formada com o nome de uma ou mais pessoas (firma-nome), com
uma expressão relativa ao ramo de actividade, aditada ou não de elementos de fantasia (firma-
denominação ou simplesmente denominação), ou englobar uns e outros desses elementos (firma mista).
Em todo o caso, ele será um sinal nominativo e nunca emblemático: sempre uma expressão verbal, com
exclusão de qualquer elemento figurativo.
Sinais distintivos das diversas pessoas colectivas:
d) Firmas dos comerciantes individuais (art. 38º/1 e 3 RNPC):
Tem de ser composta pelo seu nome completo ou abreviado para identificação, não podendo colocar em
regra a abreviação de um só vocábulo; pode ter expressões ou siglas; pode aditar uma alcunha ou
expressão alusiva à actividade comercial. O art. 40º RNPC, estabelece o estabelecimento individual de
responsabilidade limitada.
e) Sociedades comerciais
Poderão ter a alusão à actividade comercial (art. 177º/1 CSC). O art. 200º CSC, a firma que as sociedades
por cotas devem ser formadas com ou sem sigla, nome completo ou abreviado de todos ou alguns dos
sócios, tem de quer sempre o aditamento Lda.
Tem de dar a conhecer quanto possível o objecto da sociedade (art. 10º/3 CSC). Deve aludir ao objecto
social. Vale integralmente para as Sociedades Anónimas (art. 275º CSA) e para as sociedades em comandita,
a firma tem de ser composta pelo nome completo ou abreviado por todos os sócios comanditados (art.
467º CSC).
25. Princípios gerais (informadores) da constituição de firmas
a) Princípio da verdade (art. 32º RNPC)
A firma deve corresponder à situação real do comerciante a quem pertence, não podendo conter
elementos susceptíveis de a falsear ou de provocar confusão, quer quanto à identidade do comerciante
em nome individual e ao objecto do seu comércio, quer, no tocante às sociedades, quanto à identificação
dos sócios, ao tipo e natureza da sociedade, à (s) actividade (s) objecto do seu comércio e outros aspectos
a ele relativos.
b) Princípio da distintividade ou capacidade distintiva
A firma deve possuir distintividade, esta não se limita a ser uma designação genérica.
O art. 32º/3 RNPC, exclui os vocábulos de uso corrente. Quanto às firmas dos comerciantes individuais e às
firmas nome, mistas das sociedades e dos ACE’s, são compostos por nomes de pessoas ou pelos sócios dos
associados, têm a capacidade distintiva.
As firmas de denominação por quotas das Sociedades Anónimas, dos ACE’s, das Empresas Públicas, das
Cooperativas e dos AEIE, as denominações devem dar a conhecer o respectivo objecto, sob pena de
incapacidade distintiva, a referência ao objecto não se basta com designações genéricas (como sociedade
de seguros) nem com vocábulos de uso corrente ou de proveniência.
c) Princípio da novidade (art. 33º RNPC)
Marca a prioridade da firma já registada ou licenciada procurando evitar surgir outra firma com a mesma
denominação da existente.
É aferida no âmbito da exclusividade, podendo haver firmas semelhantes se tiver âmbito de exclusividade
diferente, a racio legis, é não haver firmas iguais.
O juízo de confundabilidade (fundamentação de recurso) tem que ser de fundamentação global, tem que
atender aos elementos fundamentais da firma. É o nome da firma que o juízo de valor tem-se de
fundamentar.
d) Princípio da exclusividade (art. 35º RNPC)
A firma goza dum âmbito territorial de protecção, não é necessariamente o âmbito nacional.
No comerciante individual, se ele usar o seu nome, o âmbito de protecção é correspondente territorial da
conservatória onde está registado (art. 38º/4 RNPC).
Se ele aditar ao nome uma expressão distintiva já pode ser reconhecida extensão em todo o território
nacional.
A firma das Sociedades Comerciais goza de um âmbito nacional de protecção (art. 37º/2 RNPC). Os arts.
39º e 40º RNPC, estendem a outros empresários individuais a responsabilidade limitada as regras
fundamentais relativas ao comerciante individual.
As associações e fundações, o âmbito de protecção se não for local tem protecção nacional, se nos
estatutos referir que é local, então só têm protecção local.
e) Princípio da unidade
O comerciante deve gerir a sua actividade sob uma única firma. O empresário individual não pode usar
mais do que uma firma (art. 38º/1 RNPC).
Este princípio tem de ser confrontado com o fenómeno da transmissão da firma, se houver transmissão de
firma, afecta os princípios que a lei refere?
Poria-se em causa o princípio da novidade se o alienante continuar a usar a firma alienada. Pressupõe-se
que o alienante perde a firma anterior, para continuar, tem que formar uma nova firma – princípio da
novidade.
O princípio da unidade é atingido se o alienante puder continuar a utilizar a firma anterior? Resposta
negativa, se alguém quiser adquirir a firma do alienante, deve criar nova firma. Pode continuar a firma que
tem, tendo que exercer simultaneamente a exploração da firma adquirida. Só pode utilizar a firma do
alienante se continuar a explorar a firma do alienante (art. 38º/2 RNPC), não se permitindo a subsistência
de firmas independentes. A lei permite a transmissão da firma (art. 44º RNPC), mas para isso à que
preencher determinados requisitos:
· Transmissão tem que ocorrer em conexão com a transmissão do estabelecimento (art. 44º/4
RNPC);
· Acordo das partes nesse sentido (negócio entre vivos);
· A indicação tem que ser dada ao novo titular de que sucedeu ao antigo titular;
· A subsistência do estabelecimento adquirido, exigindo-se a indicação da transmissão (art.
38º/2 RNPC).
Por transmissão “mortis causa” (art. 38º/2 RNPC), os sucessores também devem continuar gerir o
estabelecimento. A lei exige que haja/impõe uma conexão da firma ao estabelecimento para que a
continuidade na identificação não se torne enganosa.
Preocupação de defesa de terceiros, porque eles recebem a garantia de que se trata do exercício do mesmo
estabelecimento.