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A relação entre emendas orçamentárias e desempenho eleitoral

Sergio Firpo Vladimir Ponczek Viviane Sanfelice


Escola de Economia de São Paulo – Fundação Getúlio Vargas

Resumo
Neste trabalho procurou-se investigar como as estratégias eleitorais e de atuação parlamentar dos deputados federais
moldam-se conforme as preferências dos eleitores em relação à provisão de bens públicos locais. Nesse sentido, foi
estudada a relação entre desempenho eleitoral de deputados federais e a autoria de emendas passadas e futuras ao
orçamento que tragam recursos a determinados municípios brasileiros. Mais especificamente, analisou-se primeiro
se o fato de o município ter sido importante na eleição de um candidato a deputado faz com que esse município seja
beneficiado com mais emendas na legislatura. Segundo, investigou-se se deputados que tentam a reeleição são
favorecidos eleitoralmente em municípios que foram agraciados por suas emendas na legislatura anterior. Os
resultados indicam que os políticos tendem a adotar estratégias de beneficiamento aos municípios que foram
importantes na suas eleições e que eleitores votam mais em candidatos que trouxeram recursos as suas localidades.
Contudo, dado que o distrito eleitoral relevante para eleição de deputados é o estado tal comportamento dos eleitores
não é suficiente para aumentar as chances de reeleição desses deputados.
Palavras-chave: voto, emenda orçamentária, deputado federal

Abstract
This article aims to investigate the strategies of politicians seeking to maintain and expand their political capital,
and the voter’s preferences over the strategies used by the politicians. In this sense, we study the relationship
between electoral performance of Brazilian congressmen and authorship of past and future amendments to the
federal budget. More specifically, we first analyze whether municipalities that were important in the election
of a candidate are benefited with more amendments in the legislature. Second, if deputies seeking reelection are
supported by municipalities that were benefited by amendments in the previous legislature. Our results indicate that
politicians tend to favor municipalities that were important in their elections and that voters vote for candidates who
have brought more resources to their localities, but such a behavior of voters is not enough to increase the chances of
re-election.
Keywords: voter’s preference, pork barrel, politician’s strategies.

JEL code: D72, H61


1 Introdução

É bem estabelecido pela literatura empírica em economia política que políticos


incumbentes têm vantagens em disputas eleitorais (ver, por exemplo, GELMAN, E KING, G,
1990 E LEE, 2008). Uma questão ainda em aberto é quais os mecanismos públicos que os
incumbentes podem utilizar para influenciar os eleitores. Neste sentido, o principal objetivo deste
trabalho é investigar um possível canal por onde políticos incumbentes aliciam eleitores no
Brasil. Em particular, estuda-se a relação entre as emendas parlamentares ao orçamento federal e
os resultados eleitorais dos deputados autores das emendas.
Um possível mecanismo investigado pela literatura é o da política fiscal, o que levaria a
ciclos eleitorais do gasto público. Contudo, Brender & Drazen (2005), analisando um período de
43 anos e uma amostra de 74 países, não encontram evidências de que o déficit público no ano
eleitoral ou no período não eleitoral aumente a probabilidade de reeleição dos chefes do poder
Executivo. Na verdade, os resultados mostram que em democracias mais desenvolvidas o efeito
é negativo, ou seja, os eleitores punem os políticos que elevam o déficit orçamentário. Já para o
Brasil, Sakurai e Menezes Filho (2007) mostram que despesas especificamente no ano eleitoral
tendem a reduzir a probabilidade de reeleição ao cargo executivo municipal, enquanto que as
despesas nos demais anos do mandato parecem favorecer ao incumbente. Deste modo, o
crescimento dos gastos fiscais não parece ser um mecanismo efetivo.
No entanto, os eleitores podem apresentar preferências sobre a composição dos gastos e
não necessariamente sobre a quantidade total empenhada. Em muitos países, encontra-se efeito
da composição fiscal positivo para a expansão de gastos em investimento e a redução de
despesas correntes (ver KHEMANI, 2004; PELTZMAN, 1992). Meneguin, Bugarin e Carvalho
(2005) mostram que os eleitores dos municípios brasileiros tendem a penalizar as despesas de
custeio e premiar as despesas com investimento. Sendo assim, a manipulação fiscal pode
acontecer de modos alternativos, de forma a não gerar déficit no orçamento público. Por
exemplo, é possível que a escolha do eleitor esteja baseada na composição e/ou distribuição dos
recursos orçamentários.
No âmbito do poder Legislativo, uma vez que não há a mesma flexibilidade em
determinar o montante de gastos como no poder Executivo, o uso da política fiscal para fins
eleitorais geralmente acontece por meio da distribuição dos recursos via emendas ao orçamento.
Os congressistas podem focar em um grupo específico de eleitores, beneficiando este grupo em
detrimento aos demais. Na literatura norte-americana esta prática é denominada pork barrel, a
qual se entende como programas governamentais que visam beneficiar um grupo específico em
troca de apoio político a um candidato, tanto por meio de contribuições de campanha, como por
meio de voto. Enquanto os benefícios se restringem a uma localização em particular, os custos
são pagos por todos os contribuintes (para mais detalhes, ver BICKERS et alii, 2007).
Nos Estados Unidos, a política de pork barrel acontece mais comumente por meio de
subsídios agrícolas e projetos de engenharias, como por exemplo, a construção de estradas. A
maior parte dos estudos naquele país evidencia uma conexão entre os benefícios direcionados
para uma região e suporte para o congressista durante a eleição (FIORINA, 1981; CAIN,
FEREJOHN e FIORINA, 1987; STEIN e BICKERS, 1994). Fenômeno parecido também é
observado na Austrália, (LEIGH, 2008), país que apresenta sistema de representação similar ao
norte-americano, no qual é escolhido apenas um membro para cada distrito eleitoral. Neste
sistema, a ligação do parlamentar com uma determinada região é direta, uma vez que cada
localidade elege seu representante.
Contudo, esta conexão não está bem documentada em países cuja eleição para o
Legislativo ocorre em distritos eleitorais de grandes dimensões geográficas e com diversos
partidos/candidatos sendo eleitos em um único distrito. Não é claro que neste caso os
parlamentares ainda tenham incentivos para usar a política fiscal focada em um grupo específico
de eleitores. No entanto, é possível que ocorra a formação de distritos eleitorais informais,
menores do que o distrito formal, nos quais o político concentra seus esforços e os eleitores o
reconhecem por isto (ver AMES, 1995). Segundo Latner e McGann (2004), há dois principais
motivos para que os candidatos busquem a representação regional em um sistema de múltiplos
representantes por distrito. Em termos de competição eleitoral pode ser bem vantajoso para um
partido ter candidatos concorrendo em diferentes regiões, no sentido de maximizar a votação
total do partido. Adicionalmente, a competição partidária interna pode estimular a regionalização
dos candidatos, evitando que dois candidatos de um mesmo partido concorram pelos mesmos
eleitores.
No Brasil, a eleição para o Congresso é regida pelo sistema de representação
proporcional com lista aberta. Os eleitores, por meio do voto individual em um candidato,
determinam a ordem da lista partidária. Os distritos eleitorais são formados pelas unidades
federativas do país, que elegem representantes de acordo com o tamanho populacional do estado.
Nesse contexto, as emendas orçamentárias seriam uma maneira de usar a política fiscal
para prática distributiva junto ao eleitorado. As emendas propostas pelos congressistas são
mudanças ao Projeto de Lei Orçamentária (PLO) elaborado pelo Executivo.
Pode-se questionar por que eleitores teriam um comportamento backward looking, ou
seja, se preocupando com o que o candidato fez em um mandato anterior ao invés de serem
forward looking em que a preocupação seria em relação aos projetos futuros do candidato na
próxima legislatura. Nesse sentido, Drazen e Eslava (2006) fundamentam um modelo teórico, no
qual os eleitores tentam inferir quais serão os benefícios futuros baseados nos valores repassados
durante a legislatura do político. A hipótese do modelo é de que os políticos apresentam
preferências não observáveis por localidades e estas persistem ao longo do tempo. Portanto, um
eleitor que acredita ter sido favorecido durante o mandato do incumbente espera alguma
similaridade na composição dos gastos depois da reeleição. Os resultados apontam que, sob
assimetria de informação, se os eleitores são afetados pelos recursos públicos, estes gastos
passados aumentam a quantidade de votos do incumbente, mesmo que o eleitorado reconheça o
interesse eleitoral do político. Adicionalmente, os resultados mostram que o incumbente deveria
focar no grupo de eleitores mais influenciável no período pré-eleitoral.
Alguns trabalhos tentam relacionar a constituição do orçamento brasileiro com o
interesse político dos parlamentares. Mais precisamente, estes estudos procuram explorar a
ligação entre emendas e resultado eleitoral (AMES, 1995, PEREIRA E RENNÓ, 2003,
SAMUELS, 2002, MESQUITA, 2008). Entretanto, não há um consenso entre os resultados de
que a proposição de emendas contribui para aumentar as chances de reeleição do deputado. Além
disso, estes trabalhos, com exceção de Ames (1995), observam o resultado agregado do
candidato no distrito eleitoral. Por conseguinte, não é possível medir diretamente o impacto dos
recursos destinados regionalmente sobre o retorno político para o deputado.
Utilizando resultados eleitorais e municipais da atuação parlamentar dos deputados
federais, este trabalho investiga a relação entre emendas orçamentárias e a votação dos
candidatos ao cargo de deputado federal no Brasil. Analisa-se a relação entre a aplicação destes
recursos por parte dos candidatos eleitos e a competição eleitoral nos municípios.
Adicionalmente, procura-se investigar se as emendas beneficiam eleitoralmente o congressista,
aumentando sua votação na localizada em que o recurso foi empregado.
Este estudo abrange a 50a, 51a, 52a e 53a legislaturas e cinco eleições para a Câmara
Nacional, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010.1 Duas questões são investigadas nesse trabalho.
Primeiro, se políticos tendem a favorecer com emendas, municípios que lhe deram mais apoio
eleitoral. Nesse sentido, são feitas regressões utilizando as emendas parlamentares individuais
com destino municipal como variável dependente. Uma importante preocupação em relação à
estratégia empírica é a existência de características não observáveis relacionadas aos candidatos
e aos municípios que estejam relacionadas tanto com o desempenho eleitoral tanto quanto com a
capacidade de fazer (do candidato) e receber (do município) emendas. Sendo assim utilizam-se
dados desagregados dos parlamentares nos municípios do estado pelo qual eles se candidataram
à eleição ao longo do tempo no intuito de captar efeitos fixos individuais dos candidatos e
municipais. Uma segunda estratégia explora a aleatoriedade que surge pelo sistema de
representação proporcional. Utiliza-se o método de regressão descontínua para investigar a
aplicação de emendas nos municípios. A segunda pergunta analisada neste estudo é se os
eleitores beneficiam eleitoralmente candidatos incumbentes que sejam autores de emendas
executadas na sua região. Similarmente à primeira estratégia utilizada na pergunta anterior,
explora-se dados longitudinais a fim de capturar características fixas não observadas dos
candidatos e dos municípios.
Resumidamente, os resultados indicam que deputados tendem a favorecer em termos de
apresentação de emendas aqueles municípios que lhes deram mais votos, especialmente em
municípios com alta concentração de votos em poucos candidatos. Além disso, encontram-se
efeitos positivos, dentro dos municípios beneficiados, da execução de emendas na votação dos
candidatos autores. Contudo, dado o tamanho do distrito eleitoral, tal efeito local não é suficiente
ao ponto de aumentar a probabilidade de reeleição desses deputados.
A seguir são descritos os dados utilizados. Na terceira seção é explicada a metodologia
adotada. Na seção 4 são divulgados os resultados e na última, a conclusão.

1
As 50a, 51a, 52a e 53a legislaturas correspondem aos períodos 1995-98, 1999-2002 e 2003-06 e 2007-10
respectivamente.
2 Dados

Os dados utilizados neste trabalho são de duas fontes distintas. Os dados de votos,
eleitorado e informações dos candidatos foram obtidos junto ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral). Dados referentes ao orçamento federal, especificamente a execução de emendas
orçamentárias, foram obtidos por meio da Câmara dos Deputados, da onde também foram
coletadas informações a respeito da história política do parlamentar.
O estudo abrange quatro ciclos orçamentários, 1995-1999, 1999-2003, 2003-2007 e
2007-20112 e as eleições brasileiras para o cargo de deputado federal de 1994, 1998, 2002, 2006
e 2010. Foram coletados dados referentes à execução das emendas orçamentárias individuais
propostas pelo parlamentar. O destino destes recursos podem ser programas nacionais, regionais,
estaduais ou municipais. Atenção especial foi dada às emendas em que o destino geográfico é um
município do distrito eleitoral do deputado.
Ao longo deste trabalho será considerada como medida para o valor monetário executado
da emenda a conta registrada nos dados orçamentários como liquidado, corrigido para que o total
executado não ultrapasse o limite de cada deputado segundo as regras para proposição de
emendas.

Deputados Federais

A cada eleição 513 vagas são preenchidas na Câmara Nacional. Dos parlamentares
eleitos nas eleições 1994, 1998, 2002 e 2006, 75, 73, 77% e 73% concorreram novamente ao
cargo na eleição seguinte, respectivamente3. Na tabela a seguir estão ilustradas características
dos deputados federais que serão alvo de estudo neste trabalho.

[Inserir Tabela 1]

Como se pode observar, em torno de três quartos dos deputados eleitos concorrem
novamente ao cargo na eleição seguinte. Este grupo de parlamentares se difere dos deputados

2
A execução orçamentária de 2011 não foi utilizada.
3
Taxa de reeleição calculada pelos autores com base nos dados do TSE.
que não tentam a reeleição em alguns aspectos, como porcentagem de votos nominais adquiridos
no distrito eleitoral e valores executados de emendas. Os deputados que não apresentam
candidatura para a próxima eleição são aqueles que, em média, obtiveram maior votação no
distrito eleitoral. Este resultado é observado em todos os períodos considerados. Com exceção da
legislatura 2007-2011, os deputados que se candidatam à reeleição apresentam maior valor
executado em emendas municipais. Possivelmente, deputados que optam por não participar da
eleição seguinte também são aqueles que se ausentam com mais frequência da Câmara para
assumir outros cargos na esfera política, sendo assim, têm menos possibilidade de emendar o
orçamento. Uma segunda hipótese é que por não terem interesse em se reeleger, estes
parlamentares abrem mão de utilizar este tipo de política pública para fins eleitorais.

Emendas Orçamentárias

Os parlamentares demonstram interesse nos recursos disponibilizados por meio das


emendas e empregam grande tempo em busca da aprovação das mesmas (SAMUELS, 1998).
Contudo, embora as despesas do PLO sejam autorizadas, isso não necessariamente implica em
execução. Tal decisão cabe ao Executivo, sendo assim, os deputados não têm a segurança de que
suas emendas serão efetivamente atendidas. Após 1995, mudanças institucionais permitiram uma
maior descentralização do poder dos relatores do PLO. Nesse mesmo ano, restringiu-se o número
e valor máximo por parlamentar em 20 emendas e 1,5 milhões de reais4. Com isto, uma
distribuição mais uniforme de recursos entre os deputados pôde ser garantida (LIMONGI,
FIGUEIREDO, 2002). Em 2010, o limite era de 12,5 milhões de reais e número máximo de 25
emendas por mandato parlamentar.
A seguir, investiga-se o destino geográfico das emendas individuais sugerido pelos
deputados federais, os quais podem fornecer recursos para projetos de abrangência nacional,
regional, estadual ou municipal. Na Figura 1 está disposta a porcentagem por valor e número das
emendas executadas segundo o destino geográfico.

[Inserir Figura 1]

4
Tal regra passou a ser seguida em 1996 na elaboração do orçamento com execução em 1997.
No primeiro período de execução orçamentária analisado observa-se acentuada
preferência dos deputados em executar projetos com foco municipal. Os recursos repassados
para programas de domínio nacional, regional e estadual não apresentam valores significantes
neste período. De 1999 a 2003 cresce a quantidade e valor de recursos direcionados aos estados.
Nos quatros anos orçamentários seguintes, as emendas individuais com destino estadual
ultrapassaram as emendas municipais em valor total executado. Na 53a legislatura, as emendas
estaduais representam 77% do valor total executado, enquanto que as emendas com foco nos
municípios ficam com menos de 20% do total executado. Contudo, devido ao aumento ao longo
dos anos do valor total disponível por parlamentar, embora a porcentagem em emendas
municipais tenha diminuído da 50a a 53a legislatura, o valor executado com destino para os
municípios apresenta crescimento, no ciclo 1995-1999 foi de 2,2 milhões em reais de 2010 e no
último período orçamentário o total em emendas parlamentares individuais municipais chegou de
3,14 milhões em reais de 2010.
Emendas individuais para projetos de abrangência nacional apresentam crescimento na
última legislatura, atingindo 8% do total executado. Emendas com destino regional apresentam
baixo número e valor nos quatro ciclos orçamentário analisados. Naturalmente, espera-se que o
político direcione recursos para sua área de influência ou interesse. Dado que para a eleição de
representantes na Câmara Federal os distritos eleitorais são as unidades federativas do país, a
constatação de que os parlamentares têm preferido direcionar emendas pontualmente, escolhendo
programas com atuação em um município ou em um estado, contribui para o argumento de que
eles consideram a alocação de recursos importante para a obtenção de votos junto ao eleitorado.
Considerando as emendas com destino municipal propriamente, sabe-se que o
parlamentar tem liberdade para alocá-las em qualquer município do país, mesmo que este seja
localizado fora de seu distrito eleitoral. Contudo, se o objetivo do político é maximizar sua
votação, seria razoável observar os congressistas alocando emendas nos municípios do estado
pelo qual eles concorrem à eleição. De fato, do total de emendas individuais municipais
executadas de 1996 a 2007 apenas 1,29% foram direcionadas a municípios fora do estado pelo
qual o deputado autor da emenda foi eleito. Neste mesmo período, considerando somente as
emendas municipais de deputados que concorrem à reeleição, verifica-se que apenas 1,02% são
executadas em municípios fora dos estados pelos quais os parlamentares se candidataram a
reeleição. Estes dados reforçam a idéia de que os parlamentares consideram os recursos
orçamentários importantes para acessar seus eleitores e, portanto, direcionam a grande maioria
das emendas para municípios do estado que representa seu distrito eleitoral.

[Inserir Figura 2]
[Inserir Tabela 2]

Na Figura 2 está ilustrada a distribuição do valor total executado em emendas individuais


municipais por parlamentar segundo a legislatura. A variação nas duas primeiras legislaturas é
menor comparada a 52ª e 53ª legislatura. Nos dois últimos ciclos orçamentários a concentração
de valores abaixo de cinco milhões é maior. Assim, enquanto a execução das emendas
parlamentares se mostra mais uniforme nos ciclos 1995-1999 e 1999-2003, nas últimas duas
legislaturas a diferença entre os valores executados por deputado aumentou.
Na Tabela 2 estão ilustrados valores por município de emendas repassadas. Apesar da
média por município ser por volta de 450 mil reais, o desvio padrão revela que há grande
discrepância no direcionamento de emendas entre os municípios. Nota-se que o valor médio
recebido por município em emendas individuais permanece estável nos quatro períodos
orçamentários analisados. No entanto, a distribuição dos recursos é menos uniforme na 52ª e 53ª
legislatura. A mediana apresenta metade do valor observado nas legislaturas anteriores no ciclo
2003-2007 e é igual a zero na legislatura 2007-2011.

3 Estratégia Empírica

Duas variáveis são empregadas para mensurar a competição eleitoral em um município e


a dispersão da votação de um candidato. Tais variáveis foram formuladas com base no índice
Herfindahl-Hirschman (HHI) e são definidas a seguir
em que i refere-se ao candidato ao cargo de deputado federal, m indica município, t é um índice
de tempo que representa a eleição, é o número total de candidatos no distrito eleitoral na
eleição t e é o número total de município no distrito eleitoral na eleição t. v denota votos
nominais.
A equação (1) corresponde ao número de candidatos efetivos que concorrem em um
município, já a segunda equação representa o número de municípios efetivos em que o candidato
apresentou votação. O índice HHI é utilizado na literatura de Organização Industrial para
mensurar principalmente o número efetivo de firmas. Na literatura de Ciência Política, Crisp e
Desposato (2004) utilizam uma variação deste índice para medir o padrão de votos de senadores
colombianos. O número efetivo de municípios que o candidato concorre é uma variável do
candidato e o número efetivo de candidatos em um município é uma variável do município.

Alocação de emendas orçamentárias individuais

A primeira proposta deste trabalho é analisar como funciona a alocação dos recursos
orçamentários nos municípios do distrito eleitoral do deputado. Para tanto, é considerada a
seguinte equação:

em que i, neste caso, refere-se ao deputado federal, m indica município, t é um índice de tempo
que representa temporalmente tanto a eleição em que o deputado foi eleito, quanto o período da
legislatura do parlamentar, p refere-se ao partido do eleito, c denota efeito fixo e , o erro. A
variável dependente, y, será o valor por eleitor de emendas executadas no município m de autoria
individual do político i ou, posteriormente, uma variável indicadora igual a um, se o deputado
executou emendas no município e zero, caso contrário.
A matriz X contém variáveis explicativas que variam conjuntamente para deputado e para
município. Entretanto, algumas variáveis mudam ao longo do tempo, sendo estas, porcentagem
de votos nominais obtidos no município e igualdade entre os partidos do deputado e do prefeito
do município. Enquanto outras não variam ao longo das legislaturas e referem-se à história
política prévia local do parlamentar no município. A matriz D representa variáveis dos
parlamentares, tais como número de município efetivos que o deputado concorreu e quantidade
de legislaturas anteriores e também características do deputado fixas ao longo do tempo, como
sexo e experiência política anterior em outros cargos. A matriz M retrata variáveis dos
municípios, tais como número de candidatos efetivos no município.
A equação acima é estimada utilizando o método de Mínimos Quadrados Ordinários
(MQO), Modelo de Efeito Fixo (FE) e o modelo Tobit, assumindo que o valor de emenda por
eleitor é censurado em zero. Para investigar os fatores que afetam a probabilidade de o
parlamentar propor emenda a um município será empregado o modelo Probit. Para ver detalhes
da especificação desses modelos, consulte Wooldrige (2002).

Regressão Descontinua

Para estudar especificamente como a competição intramunicipal afeta a oferta de


emendas, explora-se a descontinuidade originária do sistema de representação proporcional em
que candidatos de uma mesma coligação ganham ou perdem por uma pequena diferença de votos
devido às regras eleitorais para cargos no Legislativo. Lee (2008) aplicou a metodologia de
regressão descontinua a fim de determinar as vantagens eleitorais dos incumbentes nas eleições
norte-americanas para o Congresso.
Antes de explicar a estratégia utilizada para explorar a descontinuidade, duas medidas
importantes são definidas. Pela votação nominal no candidato, pode-se definir um ranking dos
concorrentes em um município.
O candidato que conquistou o maior número de votos no município será o primeiro do
ranking e assim sucessivamente.
Adicionalmente, define-se associação ao município como uma variável dicotômica que
indica se o candidato i é um dos candidatos efetivos do município m.

O objetivo é identificar separadamente o impacto da competição eleitoral no município e


do fato de ter um candidato associado ao município eleito sobre a oferta de emendas individuais.
Acredita-se que quanto maior o número de candidatos associados ao município eleitos, maior
deve ser o repasse de recursos orçamentários.
Ao considerar apenas municípios que tiveram candidatos associados que ganharam ou
perderam5 por uma pequena margem de votos, tem-se praticamente a aleatoriedade para
determinar qual município apresenta mais candidatos associados eleitos e quais não possuem ou
possuem menos. Deste modo, a ideia é comparar municípios com mesmo número de candidatos
efetivos, sendo que um dos municípios teve um candidato associado na margem que foi eleito,
enquanto o outro município apresentou um candidato associado na margem, mas não foi eleito.
Assim, procura-se observar se por apresentar este candidato associado eleito, o município
receberá maiores repasses por meio de emendas orçamentárias, isto é, se um candidato eleito
associado ao município contribui para a vinda de recursos orçamentários.
Para determinar qual a margem de votos em um sistema de representação proporcional
em que cada candidato é eleito ou não devido à votação total do partido/coligação ao invés da
quantidade total de seus votos, foi estabelecido o seguinte mecanismo: para cada
partido/coligação em cada distrito eleitoral foi considerado o total de votos nominais do
candidato eleito com menor número de votos e os votos do candidato não eleito com maior
número de votos. Utiliza-se a média entre os votos destes dois candidatos como ponto de
referência. Se a diferença entre os votos do candidato e a média é menor, em módulo, que uma
porcentagem da média, por exemplo, 5%, diz-se que este candidato está na margem, caso
contrário, não.

5
Os suplentes são considerados como não eleitos, mesmo sabendo que existe a possibilidade de que estes candidatos
tenham assumido o cargo de deputado federal em momentos posteriores.
Sendo assim, tem-se um experimento quase-natural que determina quais municípios terão
candidatos associados eleitos ou não.

Retorno eleitoral das emendas orçamentárias individuais

O segundo modelo a ser testado neste trabalho traz as emendas como variável explicativa.
Procurando investigar se a política de pork barrel no Brasil, através da distribuição aos
municípios de recursos orçamentários, é um meio de atrair votos. O modelo a ser testado será,

em que i, agora, refere-se ao deputado federal que concorre à reeleição. y representa votos
nominais adquiridos pelo deputado i no município m.
Note que os votos em t+1 são observados apenas para os deputados que se candidatam
novamente a eleição seguinte e que a quantidade de recursos orçamentários aplicados no
município pelo parlamentar durante sua legislatura será uma das variáveis explicativas.

4 Resultados

Alocação de emendas orçamentárias individuais

Pelos resultados abaixo, a votação obtida no município tem forte impacto sobre a decisão
do parlamentar em direcionar emendas. Aumentar a participação na votação total do município
em um ponto percentual eleva os recursos recebidos por meio de emendas parlamentares
individuais em aproximadamente 38 reais por eleitor. Isso comprova que os parlamentares
tendem a recompensar seus eleitores pelos votos adquiridos, direcionando emendas para os
municípios em que apresentaram forte presença política.
Pela Tabela 3 percebe-se que considerando as emendas direcionadas pelos parlamentares
aos municípios com valor executado maior que zero, a maior parte é executada em municípios
em que o deputado é associado (ver definição do conceito acima), ou seja, foi um dos candidatos
efetivos no município. Entretanto, também se observa alocação de emendas em cidades em que o
parlamentar não está entre os mais votados. Assim, adicionalmente a estratégia de favorecer os
municípios em que o deputado obteve suporte eleitoral, também existe uma buscar por novos
eleitores.

[Inserir Tabela 3]

Quanto maior o número de municípios efetivos que o deputado concorre, menor o valor
executado de emendas no município, ou seja, deputados que apresentaram votação mais dispersa,
em geral, direcionam menores quantias os municípios. A estratégia destes políticos pode ser de
pulverizar os recursos entre um maior número de cidades e como consequência, o valor alocado
em cada município se reduz. De fato, o gráfico abaixo mostra que, considerando as emendas
municipais executadas pelos deputados, o valor médio por município tem relação inversa com o
número de municípios efetivos que o deputado apresentou votação. Parlamentares com valor
médio distribuído por município mais elevado são aqueles que obtiveram votação concentrada
em um número menor de localidades.

[Inserir Figura 3]

O número de candidatos efetivos concorrendo em um município parece reduzir o repasse


de recursos pelos dois primeiros modelos. Entretanto, ao considerar o efeito fixo do município, o
coeficiente desta variável não é significativo e na estimação pelo modelo Tobit, ele se mostra
positivo e significante. Deste modo, optou-se por estudar melhor o efeito da competição eleitoral
no município utilizando o método de regressão descontinua.
Interessantemente, variáveis que refletem o histórico político do parlamentar no
município não se mostram muito importantes para a decisão do congressista. Já ter sido prefeito
do município aparece favorecer a execução de emendas, embora a significância do coeficiente
seja baixa. O efeito deste tipo de variáveis deve ter sido reduzido pela inclusão no modelo da
porcentagem de votos obtidos no município, isto porque se espera que os candidatos, em geral,
obtenham mais votos em cidade onde já exerceram outros cargos políticos.

[Inserir Tabela 4]
Ser do mesmo partido do prefeito eleito na eleição intermediária contribui para a
proposição de emendas. Resultado semelhante foi encontrado por Silva (2009), contudo, aqui o
impacto não é muito elevado. Pertencer ao partido do governador não apresenta coeficiente
favorável. Por outro lado, pertencer ao partido do presidente contribui para a execução de
emendas, resultado esperado, uma vez que a execução de emendas depende da aprovação do
Executivo.
Além da relevância das variáveis para escolha do deputado sobre a quantidade de
recursos a serem direcionados para uma região, também mensura-se como elas influenciam na
decisão de investir ou não recursos em um município, independente das quantidades repassadas.

[Inserir Tabela 5]

O percentual de votos adquiridos no município ainda exerce grande impacto sobre a


alocação de emendas. Novamente quanto maior o número de municípios que o deputado
concorre menor a chance dele propor emenda para um município específico. Isto significa que
não só o parlamentar reduz o valor médio por município, conforme verificado acima, como
também tende a alocar menos emendas. Uma vez que existe restrição quanto ao número de
emendas e o valor total que cada parlamentar tem disponível para propor ao orçamento,
parlamentares que apresentam votação mais dispersa no distrito eleitoral terão mais municípios
para retribuir o apoio nas urnas.
Aqui, a competição intramunicipal, mensurada pelo número de candidatos efetivos que
concorreram no município, parece favorecer a alocação de emendas, ou seja, quanto mais
candidatos concorrendo em município, maiores as chances deste município receber emendas.
Anteriormente, ao utilizar o valor executado como variável dependente, os resultados variam de
acordo com o modelo de estimação empregado.
As variáveis referentes à história política do parlamentar no município têm impacto
positivo sobre a alocação de emendas. Tanto o número de vez que o deputado já foi vereador na
cidade, quanto o número de vez que exerceu o cargo de prefeito elevam as chances de o
deputado direcionar emendas para o município.
Os resultados dão suporte à ideia de que, em geral, os candidatos optam por favorecer
localidades em que obtiveram alta participação na votação e que apresentam algum vínculo,
como ter exercido outros cargos políticos anteriormente ou o prefeito ser do seu partido. Apesar
deste não ser o único comportamento dos parlamentares conforme Tabela 3.
O fato de que deputados tendem a beneficiar municípios em que apresentam maior
participação, juntamente com o resultado de que parlamentares com votação mais dispersa
reduzem o valor e a probabilidade de repasse de emendas para um município específico implica
que, devido ao problema de alocação enfrentado pelo parlamentar, uma estratégia vantajosa para
os eleitores de um município seria votar em candidatos com tradição local e que se restringe a
uma menor região de influência. Assim, a formação de distritos informais traria vantagens para
os eleitores.

Regressão Descontinua

A regressão descontinua é empregada para estudar melhor a alocação de emendas


parlamentares individuais nos municípios do distrito eleitoral pelo qual o deputado federal foi
eleito. Primeiramente, são selecionados candidatos que ganharam ou perderam por uma pequena
quantidade de votos. Sendo assim, os municípios que têm estes candidatos como associados
terão representantes na Câmara ou não devido a uma aleatoriedade, propriamente. O objetivo é
observar se os municípios que por sorte tiveram mais candidatos associados eleitos receberão
maiores quantidades em emendas parlamentares.
A seguir tem-se a descrição da amostra utilizada para regressão descontinua. Se os
candidatos na margem ganharam ou perderam devido à aleatoriedade, não se devem observar
diferenças em suas características. De fato, os concorrentes selecionados eleitos e não eleitos não
se distinguem muito, sendo que a diferença entre as médias não é significativa para a grande
maioria das variáveis (ver Figuras 4 a 7).

[Inserir Tabela 6]
[Inserir Tabela 7]
Os resultados ao explorar a descontinuidade do sistema de representação proporcional
corroboram os encontrados anteriormente. Quanto maior o número de candidatos associados ao
município eleitos, maior a vinda de projetos para a cidade. Esta evidência é comprovada em
municípios com menor número de candidatos efetivos. Em localidade com grande competição
eleitoral, a adição de um associado eleito não contribui para a vinda de recursos, já em
localidades em que a concorrência é reduzida, ter um candidato associado eleito tem forte
influência para determinar a alocação de emendas. Neste caso, um candidato eleito associado ao
município aumenta em torno de R$14,00 o valor por eleitor recebido por meio de emendas
individuais.
Pelos modelos testados anteriormente não ficou claro como a competição eleitoral no
município afeta a quantidade de emendas orçamentárias recebidas. Os resultados evidenciam que
depende da quantidade de candidatos efetivos do município. A diversificação dos votos em
localidades cuja competição intramunicipal é reduzida não seria uma boa estratégia para atrair
recursos do orçamento. Por outro lado, municípios cujos eleitores optaram por variados
concorrentes, a competição eleitoral parece positiva para a atração de recursos. Neste caso, não
deve existe dominância de um candidato em particular e uma vez que os candidatos associados
eleitos não se interessam em direcionar emendas, pelo coeficiente positivo e significativo da
variável número de candidatos efetivos, conclui-se que os parlamentares eleitos em geral tendem
a aplicar emendas nestes municípios, possivelmente em busca de eleitores ainda não
conquistados.

[Inserir Tabela 8]

Retorno eleitoral das emendas orçamentárias individuais

Depois de analisar o comportamento dos deputados a respeito da alocação as emendas, o


próximo interesse é verificar como estes recursos afetam o desempenho dos parlamentares ao
tentarem a reeleição. Assim, a amostra é restrita aos deputados federais eleitos que concorreram
novamente ao cargo na eleição seguinte. A intenção é investigar o impacto das emendas
parlamentares individuais direcionadas aos municípios sobre a votação obtida pelo parlamentar
na localidade onde os recursos foram empregadas. Posteriormente, o foco será o resultado
eleitoral do deputado, ou seja, se as emendas contribuem ou não para a reeleição do parlamentar.
A execução de emendas aumenta a quantidade de votos nominais adquiridos pelo
parlamentar autor do projeto orçamentário no município. O coeficiente da variável Emenda por
eleitor, a qual mede o valor total por eleitor do município empregado em emendas de autoria do
deputado durante todo o ciclo orçamentário referente a sua legislatura, apresenta coeficiente
positivo e significante em todos os modelos testados. Contudo, ao adicionar o efeito fixo
candidato-município, o coeficiente passa de nove para três votos por real investido por eleitor.
Os laços passados do deputado com o município influenciam na sua votação, representando,
entre outras coisas, a fidelidade dos eleitores ao político. Obviamente o voto anterior do
parlamentar no município tem elevado poder para explicar a votação atual. Ao não controlar pela
força eleitoral do deputado no município, tem-se um problema de variável omitida e conforme
visto acima, políticos direcionam emendas para os locais que apresentaram forte presença
política, assim a importância das emendas na votação deve estar superestimada. Ao controlar
pelo efeito fixo deputado-município, os vínculos prévios do parlamentar na localidade são
considerados, por conseguinte, o coeficiente da variável explicativa Emendas por eleitor
diminui, obtendo-se estimativas mais precisas do efeito das emendas sobre o desempenho
eleitoral do deputado.
A relevância dos laços políticos construídos no município se confirma pelo elevado
coeficiente das variáveis que contabilizam o número de vez que o deputado já foi vereador ou
prefeito na cidade. Já tem exercido cargos na esfera municipal retorna, em média, 10 mil votos.
Quando o efeito fixo deputado-município é considerado, os coeficientes de tais variáveis se
modificam, principalmente porque o impacto passa a ser absorvido pelo efeito fixo, uma vez que
estas variáveis apresentam pouca mudança longo dos anos.
A experiência do deputado em legislaturas passadas se mantém relevante em todos os
modelos. Ser do mesmo partido do prefeito no momento da eleição tem grande importância para
aquisição de votos. Enquanto que, pertencer ao partido do governador ou ao partido do
presidente não afeta a votação nos municípios. Contudo, enquanto o coeficiente referente ao
partido do governador é positivo, o que diz respeito ao partido do presidente apresenta sinal
oposto.
O número de candidatos efetivos no município na eleição passada aumenta a quantidade
de votos obtidas naquele município. Obviamente é mais fácil obter votos em regiões ainda não
controla um grupo restrito de candidatos. Deputados que apresentaram votação dispersa na
eleição anterior obtém maior número de votos nominais na eleição seguinte. Candidatos que
concorreram efetivamente em um maior número de municípios são aqueles que, em geral,
conquistam votação mais elevada e este perfil deve ser manter na eleição seguinte.
Ao classificar os recursos empregados em emendas parlamentares entre aqueles
destinados aos municípios cujo deputado foi um dos candidatos efetivos na eleição passada e
aqueles que o parlamentar não foi associado, pode-se investigar melhor o retorno eleitoral ao
executar emendas. Pelos coeficientes obtidos, tem-se que em ambos os tipos de municípios é
vantajoso para o político destinar emendas. No entanto, a aplicação dos recursos em localidade
que não compõem a base eleitoral do deputado tem impacto mais alto sobre a votação nominal.
Isto significa que o investimento em eleitores ainda não conquistados apresenta retorno eleitoral
mais alto, comparado a aplicar emendas em municípios cujo deputado já conquistou boa parte do
eleitorado. No modelo teórico desenvolvido por Drazen e Eslava (2006) o ciclo orçamentário e
político existirá se o retorno dos recursos eleitores forem diferentes de acordo com os grupos de
eleitores. Conforme os resultados encontrados aqui, a aplicação de emendas em municípios ainda
não conquistados pelo parlamentar resulta em maior benefício eleitoral.
Portanto, as emendas eleitorais são úteis para a aquisição de votos nominais para os
deputados incumbentes que tentam se elegerem, e o efeito é maior quando empregadas em
localidades que não representam a base eleitoral do deputado federal. Sendo assim, podem ser
uma ferramenta efetiva para obter votos em regiões com eleitores ainda não cativados.

[Inserir Tabela 9]

Emendas e Resultado eleitoral

Visto que as emendas influenciam no desempenho local do deputado, seria


interessante analisar se elas também são importantes para o resultado final do parlamentar.
Assim, utilizando dados agregados por deputado, investiga-se quanto a execução de emendas
orçamentárias contribui para garantir a reeleição. O objetivo agora será demonstrar se as
emendas são importantes para assegurar a continuidade da carreira dos parlamentares. A variável
dependente é o sucesso ou não na tentativa de reeleição. Mesquita (2008) não verifica existência
de uma relação entre emendas e sucesso dos deputados no pleito subsequente.
Foram poucas variáveis que se mostraram relevantes para explicar a reeleição do
parlamentar. No primeiro modelo, a quantidade total de emendas municipais executadas
apresentou coeficiente negativo e significante, ou seja, as emendas reduziriam a probabilidade do
político se reeleger. Contudo, ao controlar pelo grau de dispersão da votação passada do
parlamentar, as emendas municipais deixam de ser significantes, embora o coeficiente continue
negativo. Emendas aplicadas em programas nacionais de autoria do deputado aumentam a
chance de reeleição. Já emendas com destino regional reduzem a probabilidade de sucesso.
Pertencer ao partido do presidente do momento da eleição parece ser benéfico ao político,
resultado oposto ao encontrado anteriormente.
Muito embora, as emendas parlamentares sejam bons instrumentos para obter votos junto
aos eleitores de uma região, estas não parecem essenciais para garantir o sucesso eleitoral.
Existem diferentes estratégias políticas e o perfil do candidato tem, muito provalvemente forte
influência no sucesso de sua carreira como legislador.

[Inserir Tabela 10]

5 Conclusões

O primeiro objetivo deste trabalho foi examinar fatores que afetam a escolha dos
deputados federais em aplicar emendas orçamentárias individuais em um município, assim como
verificar se os recursos investidos impactam sobre o desempenho eleitoral dos incumbentes que
se candidataram à reeleição. Para tanto, foram adotadas estratégias empíricas diversas.
Primeiramente, utilizam-se dados de todos os deputados federais eleitos nos municípios do
distrito eleitoral pelo qual ele foi eleito. Os resultados apontam que a votação prévia obtida no
município apresenta forte impacto sobre a quantidade de emendas orçamentárias aplicada na
localidade e também na probablidade do parlamentar direcionar recursos ao município. Esta não
é a única estratégia dos congressistas, contudo, pode-se concluir que os políticos recompensam
seus eleitores.
Foi utilizada regressão descontínua para investigar melhor a alocação de emendas nos
municípios. Os resultados indicam que os efeitos dependem do nível de competição eleitoral no
município. Em municípios com reduzido número de candidatos que efetivamente apresentaram
votação, um candidato efetivo eleito contribui bastante para a vinda de recursos. O mesmo não
pode ser concluído para os municípios com alta competitividade eleitoral. Em cidades com esta
característica, diversos deputados parecem aplicar recursos, possivelmente na busca de atrair
eleitores ainda não conquistados.
Uma segunda contribuição do trabalho é a análise de possíveis canais que impactem na
votação do deputado. Conforme esperado, emendas orçamentárias executadas apresentam efeito
positivo sobre os votos nominais obtidos pelo deputado autor da emenda no município para o
qual os recursos foram investidos. Ao dividir os municípios entre aqueles que o deputado foi um
dos candidatos efetivos e aqueles em que não foi, verifica-se que emendas destinadas a eleitores
que não compõe a base eleitoral do parlamentar apresentam maior impacto sobre o desempenho
eleitoral.
Entretanto, ao analisar a importância das emendas para o sucesso eleitoral dos deputados
federais não ficou comprovada que a execução de emendas orçamentárias ajudam a aumentar as
chances de reeleição. Sendo assim, a provisão de recursos por meio do orçamento federal faz
parte da manutenção da relação que o candidato estabelece com o município e pode ser
instrumento eleitoral importante para a conquista de novos eleitores, mas não é determinante
para o sucesso eleitoral do político.
Por fim, acredita-se que novos resultados foram adicionados para a discussão a cerca do
uso de políticas públicas para benefício eleitoral do parlamentar.

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Tabela 1 – Características dos deputados federais eleitos segundo eleição e por divisão entre os que concorrem à reeleição e os que
não concorrem.
El ei tos em 1994 El ei tos em 1998 El ei tos em 2002 El ei tos em 2006
Nã o Nã o Nã o Nã o
Todos os Tentou tentou Todos os Tentou tentou Todos os Tentou tentou Todos os Tentou tentou
el ei tos reel ei çã o reel ei çã o Di ferença el ei tos reel ei çã o reel ei çã o Di ferença el ei tos reel ei çã o reel ei çã o Di ferença el ei tos reel ei çã o reel ei çã o Di ferença
Tentou Reel ei çã o 0.75 - - 0.73 - - 0.77 - - 0.73 - -
(0.019) (0.020) (0.018) (0.020)

Percentua l voto no 0.03 0.03 0.04 -0.01*** 0.03 0.03 0.04 -0.01*** 0.03 0.03 0.05 -0.02*** 0.03 0.03 0.04 -0.01***
di s tri to el ei tora l (0.001) (0.001) (0.003) (0.001) (0.001) (0.003) (0.004) (0.003) (0.01) (0.001) (0.001) (0.003)
Número efeti vo de 11.12 11.19 10.92 0.26 11.73 12.24 10.34 1.90* 13.95 13.79 14.51 -0.72 14.18 14.37 13.68 0.69
muni ci pi os (0.481) (0.548) (1.002) (0.513) (0.613) (0.921) (0.64) (0.698) (1.51) (0.652) (0.753) (1.302)
Emenda muni ci pa l no 3.66 3.92 2.87 1.05*** 4.59 4.79 4.04 0.75*** 4.85 5.08 4.11 0.97** 5.47 5.53 5.30 0.23
di s tri to el ei tora l (0.088) (0.095) (0.019) (0.107) (0.127) (0.193) (0.178) (0.213) (0.297) (0.254) (0.297) (0.489)
Ida de 47.59 47.32 48.41 -1.09 48.41 48.14 49.14 -0.99 49.83 49.46 51.06 -1.60* 51.11 50.49 52.78 -2.29**
(0.431) (0.48) (0.948) (0.411) (0.471) (0.831) (0.44) (0.495) (0.949) (0.485) (0.567) (0.923)
Sexo femi ni no 0.06 0.06 0.06 0.00 0.06 0.06 0.06 0.00 0.08 0.07 0.13 -0.07*** 0.09 0.09 0.09 0.00
(0.011) (0.012) (0.021) (0.01) (0.012) (0.02) (0.012) (0.013) (0.031) (0.013) (0.015) (0.024)
Ens i no s uperi or 0.78 0.79 0.77 0.01 0.79 0.79 0.78 0.01 0.75 0.76 0.70 0.06* 0.74 0.73 0.78 -0.04
compl eto (0.018) (0.021) (0.037) (0.018) (0.021) (0.035) (0.019) (0.021) (0.042) (0.019) (0.023) (0.036)
Legi s l a tura s a nteri ores 1.00 1.00 1.02 -0.02 1.25 1.19 1.41 -0.22** 1.39 1.34 1.56 -0.22* 1.49 1.47 1.54 -0.08
(0.059) (0.068) (0.122) (0.06) (0.069) (0.12) (0.064) (0.072) (0.144) (0.072) (0.085) (0.137)
Já foi verea dor 0.25 0.29 0.15 0.14** 0.34 0.36 0.28 0.09 0.37 0.40 0.28 0.12* 0.46 0.47 0.43 0.04
(0.026) (0.032) (0.037) (0.03) (0.036) (0.05) (0.033) (0.039) (0.057) (0.037) (0.044) (0.067)
Já foi prefei to 0.23 0.20 0.33 -0.13** 0.21 0.21 0.22 -0.01 0.19 0.20 0.18 0.01 0.32 0.31 0.36 -0.05
(0.024) (0.025) (0.06) (0.022) (0.026) (0.042) (0.022) (0.026) (0.041) (0.031) (0.035) (0.062)
Já foi deputa do es ta dua l 0.57 0.57 0.57 0.00 0.52 0.48 0.62 -0.14* 0.58 0.59 0.56 0.03 0.64 0.64 0.62 0.02
(0.046) (0.054) (0.081) (0.044) (0.05) (0.092) (0.048) (0.056) (0.089) (0.046) (0.054) (0.089)
Já foi governa dor 0.05 0.04 0.10 -0.06*** 0.05 0.03 0.09 -0.06*** 0.05 0.04 0.11 -0.07*** 0.06 0.03 0.13 -0.10***
(0.012) (0.012) (0.035) (0.011) (0.01) (0.031) (0.012) (0.011) (0.035) (0.013) (0.011) (0.038)
Já foi s ena dor 0.02 0.02 0.03 -0.01 0.02 0.02 0.03 -0.01 0.02 0.01 0.05 -0.04** 0.04 0.03 0.06 -0.02
(0.008) (0.009) (0.015) (0.008) (0.008) (0.02) (0.007) (0.007) (0.02) (0.01) (0.012) (0.022)
Obs erva ções 513 385 128 513 375 138 513 394 119 513 375 138
Tabela 2 – Estatística do valor total recebido de emendas individuais por municípios.
Mediana Média Desvio Padrão Min Max Obs
50ª Legislatura 219702.31 422577.38 790573.15 0.00 17091258.25 5019
51ª Legislatura 204901.16 471800.41 1101343.12 0.00 26022076.19 5513
52ª Legislatura 103528.92 491020.14 1634764.97 0.00 44197094.63 5565
53ª Legislatura 0.00 563935.19 3351993.11 0.00 150070329.22 5565
Nota: Apenas municípios da base de dados eleitoral. Valores em reais de 2010.

Tabela 3 – Valor média de emendas execução com valor


maior que zero segundo associação do deputado com o
município.
Emendas em municípios que o deputado é associado
Mediana Média Desvio Padrão
50ª Legislatura 217.715,50 348.271,20 433.810,30
51ª Legislatura 179.560,90 340.015,40 514.347,70
52ª Legislatura 227.250,30 471.557,80 807.359,30
53ª Legislatura 342.612,70 824.434,20 1.451.181,00
Emendas em municípios que o deputado não é associado
Mediana Média Desvio Padrão
50ª Legislatura 146.468,20 222.289,50 244.061,70
51ª Legislatura 142.957,90 206.102,50 249.168,00
52ª Legislatura 185.582,10 308.634,10 440.950,90
53ª Legislatura 271.348,00 487.549,80 732.857,40
Nota: Emendas foram agrupadas por autor e destino. Apenas
municípios com valor executado maior que zero.
Tabela 4 – Alocação de emendas parlamentares individuais nos municípios. Variável
dependente: valor em reais de emendas por eleitor.
MQO 1 MQO 2 FE 1 FE 2 Tobit†
Percentual de voto 37,773*** 38,134*** 38,039*** 38,963*** 32,237***
(0,698) (0,704) (0,693) (0,706) (0,234)
Candidatos efetivos - -0,021*** -0,005 -0,022*** 0,144***
(0,002) (0,003) (0,002) (0,006)
Municípios efetivos - -0,018*** -0,018*** -0,023*** -0,035***
(0,001) (0,001) (0,002) (0,002)
N fez já foi vereador no município 0,279 0,210 0,817 -0,159 1,945***
(0,537) (0,537) (0,521) (0,592) (0,238)
N fez já foi prefeito no município 3,317* 3,188* 3,359* 2,989 0,691*
(1,539) (1,539) (1,499) (1,541) (0,298)
Partido igual ao do prefeito 1,174*** 1,175*** 1,220*** 1,183*** 2,961***
(0,053) (0,053) (0,053) (0,053) -0,064
Partido igual ao do governador -0,217*** -0,203*** -0,210*** -0,203*** -0,704***
(0,045) (0,045) (0,044) (0,061) (0,069)
Partido igual ao do presidente 0,281*** 0,266*** 0,266*** 0,242*** 1,227***
(0,036) (0,036) (0,036) (0,049) (0,094)
Legislaturas anteriores 0,002 0,023* 0,023* -0,739*** 0,008
(0,009) (0,009) (0,009) (0,197) (0,018)
N vez já foi dep estadual -0,005 0,024* 0,024* -0,597 0,002
(0,012) (0,012) (0,012) (0,382) (0,025)
N vez já foi governador -0,013 -0,076 -0,077 - 0,044
(0,066) (0,066) (0,066) (0,101)
N vez já foi senador -0,128* -0,166** -0,165** - -0,064***
(0,059) (0,059) (0,059) (0,160)
Ensino superior completo -0,161*** -0,192*** -0,189*** 0,072 -0,325***
(0,031) (0,031) (0,031) (0,078) (0,062)
Capital -2,179*** -1,994*** - -1,936*** 4,708***
(0,242) (0,244) (0,291) (0,304)
Constante 29,648*** 29,722*** 1,132 7,289 -2,969*
(000,00) (000,00) (000,00) (000,00) (1,502)
Efeito fixo município não não sim não não
Efeito fixo deputado não não não sim não
2
R 0,100 0,100 0,067 0,068
N 683125 683125 683125 683125 683125
* p<0,10, ** p<0,05, *** p<0,01. Erro padrão robusto entre parêntesis.
† Coeficientes do modelo Tobit referem-se ao efeito marginal condicionado em ser censurado.
Nota: Dummies das eleições, partido e UF são consideradas em todos os modelos, população e pib per capita
do municípios são controles. Variável dependente em reais de 2010.
Tabela 5 – Alocação de emendas parlamentares individuais
nos municípios. Variável dependente: Executou emendas
ou não no município.
Probit 1† Probit 2†
Percentual de voto 0,200*** 0,201***
(0,002) (0,002)
Candidatos efetivos - 0,001***
(0,000)
Municípios efetivos - -0,000***
(0,000)
N fez já foi vereador no município 0,033*** 0,033***
(0,003) (0,003)
N fez já foi prefeito no município 0,019*** 0,018***
(0,003) (0,003)
Partido igual ao do prefeito 0,022*** 0,022***
(0,001) (0,001)
Partido igual ao do governador -0,004*** -0,004***
(0,000) (0,000)
Partido igual ao do presidente 0,009*** 0,009***
(0,001) (0,001)
Legislaturas anteriores 0,000 0,000
(0,000) (0,000)
N vez já foi dep estadual -0,000* 0,000
(0,000) (0,000)
N vez já foi governador 0,000 0,000
(0,001) (0,001)
N vez já foi senador -0,003** -0,003***
(0,001) (0,001)
Ensino superior completo -0,001** -0,002***
(0,000) (0,000)
Capital 0,123*** 0,081***
(0,011) (0,009)
Constante -0,442* -0,604**
(0,000) (0,000)
2
Pseudo-R 0,24 0,25
N 683125 683125
* p<0,10, ** p<0,05, *** p<0,01. Erro padrão robusto entre parêntesis.
† Efeitos marginais (dF/dx)
Nota: Dummies das eleições, população e pib per capita do município
foram consideradas em todos os modelos.
Tabela 6 – Características dos deputados segundo a divisão entre eleitos e não eleitos.
Todos os candidatos Margem 5% Margem 2,5% Margem 1%
Não eleito Eleito Diferença Não eleito Eleito Diferença Não eleito Eleito Diferença Não eleito Eleito Diferença
-
Total votos nominais 7118,27 81022,02 73903,75*** 43508,82 46328,00 -2819,18 45746,47 46943,58 -1197,11 45907,64 48472,92 -2565,28
(12629,47) (66755,19) (22391,72) (23876,03) (21311,07) (23175,12) (24064,03) (27052,15)
Idade 47,01 49,53 -2,52*** 48,96 48,90 0,06 48,22 48,74 -0,52 48,67 47,21 1,46
-10,78 -10,16 (9,52) (9,71) (9,32) (9,72) (8,46) (9,40)
Ensino Superior 0,50 0,77 -0,27*** 0,74 0,75 0,00 0,72 0,76 -0,03 0,79 0,76 0,03
(0,50) (0,423) (0,44) (0,44) (0,45) (0,43) (0,41) (0,43)
Sexo feminino 0,11 0,07 0,04*** 0,08 0,07 0,02 0,08 0,05 0,03 0,10 0,03 0,04*
(0,31) (0,26) (0,28) (0,25) (0,28) (0,25) (0,30) (0,18)
Casado(a) 0,64 0,76 -0,12*** 0,81 0,83 -0,02 0,75 0,85 -0,09** 0,80 0,85 -0,05
(0,48) (0,43) (0,39) (0,38) (0,43) (0,36) (0,40) (0,35)
Municípios Efetivos 4,56 12,75 -8,19*** 9,68 11,65 -1,97** 10,22 11,54 -1,32 10,16 12,69 -2,53
(5,26) (13,11) (8,72) (12,44) (8,94) (13,15) (8,95) (16,21)
Número municípios associados 2,97 38,55 -35,58*** 23,69 28,22 -4,53** 24,77 28,69 -3,92* 25,74 31,08 -5,34
(7,76) (33,91) (17,65) (22,64) (18,57) (22,81) (19,6) (27,83)
N Muni partido igual ao prefeito 21,71 45,83 -24,12*** 41,03 41,25 -0,22 44,81 42,46 2,35 49,56 50,37 -0,81
(36,99) (49,51) (47,89) (43,08) (48,97) (43,58) (53,38) (47,9)
13457 2052 208 212 122 123 61 62

Tabela 7 – Estatítica descritiva de variáveis dos municípios considerados na regressão descontínua.


Todos os Municípios Margem 5% Margem 2,5% Margem 1%
Desvio Desvio Desvio Desvio
Média Padrão Média Padrão Média Padrão Média Padrão
Emenda 439561,90 1815542,00 515396,20 2567027,00 541358,40 2958742,00 442200,30 1632167,00
Total canditatos associados eleitos 3,65 2,70 0,73 0,63 0,65 0,56 0,64 0,53
Número de candidatos efetivos 5,98 4,06 7,56 4,99 7,91 5,34 8,18 5,30
Candidatos eleitos que já foram verador 0,02 0,20 0,02 0,21 0,02 0,20 0,02 0,18
Candidatos eleitos que já foram prefeito 0,03 0,43 0,05 0,64 0,06 0,74 0,06 0,67
Candidatos eleitos do mesmo partido do prefeito 4,34 4,24 4,38 3,99 4,41 4,01 4,85 3,96
Candidatos eleitos do mesmo partido do governador 6,91 5,04 6,93 4,76 6,89 4,85 7,29 4,46
Candidatos eleitos do mesmo partido do presidente 5,70 5,16 6,13 5,40 6,13 5,74 6,78 5,97
Médio de municipios efetivos associados 0,63 0,58 0,70 0,62 0,72 0,63 0,71 0,63
Eleitorado 20383,77 129712,20 26974,31 201765,00 30444,74 242071,90 30204,24 247825,40
N 21662 8160 5411 3031
Tabela 8 – Regressão Descontinua. Variável dependente: valor em reais de emendas por eleitor.
Todos os Municípios Margem 5% Margem 2,5% Margem 1%
CandEfet ? 5 CandEfet > 5 CandEfet ? 5 CandEfet > 5 CandEfet ? 5 CandEfet > 5 CandEfet ? 5 CandEfet > 5
Total candidatos associados 0.370 3.597*** -0.831 5.468*** 13.343*** 2.399 5.893*** 14.443*** 2.687 2.530 14.203*** -1.638
eleitos (0.415) (0.678) (0.499) (1.430) (2.197) (1.765) (1.495) (3.058) (1.744) (2.223) (3.725) (2.758)
0.375 -7.368*** 1.654*** 1.159*** -7.157*** 1.460*** 0.533* -8.103*** 0.852** 0.730* -7.217** 1.002*
Número de candidatos efetivos
(0.344) (0.832) (0.429) (0.254) (1.628) (0.277) (0.25) (2.021) (0.268) (0.366) (2.629) (0.411)
Candidatos eleitos que já foram 4.362*** 8.235** 4.206*** 3.572** 18.477** 3.213* 2.656* 21.475** 2.391* 5.192** 29.861* 4.406*
vereador (1.183) (3.177) (1.128) (1.256) (6.852) (1.304) (1.115) (8.276) (1.074) (1.974) (11.614) (1.864)
Candidatos eleitos que já foram 2.282 9.654** -2.262 -0.373 -3.674 1.832 -2.005 -7.586 -0.481 -8.451*** -9.077 -7.433**
prefeito (1.949) (3.368) (2.106) (2.636) (3.216) (3.706) (2.349) (5.657) (2.792) (2.144) (4.849) (2.882)
Candidatos eleitos do mesmo -0.184 -0.002 -0.451** -0.758*** -0.386 -0.917*** -0.497* -0.269 -0.594* -0.651* -0.463 -0.749*
partido do prefeito (0.114) (0.153) (0.172) (0.181) (0.287) (0.23) (0.204) (0.356) (0.252) (0.271) (0.457) (0.341)
Candidatos eleitos do mesmo -0.580*** -0.489*** -0.898*** -1.087*** -0.188 -1.607*** -0.435* 0.124 -0.853** -0.315 0.282 -0.784
partido do governador (0.103) (0.123) (0.192) (0.195) (0.244) (0.273) (0.215) (0.322) (0.291) (0.351) (0.43) (0.504)
Candidatos eleitos do mesmo -1.025*** -0.237 -1.429*** -1.621*** -0.449 -1.920*** -1.192*** -0.265 -1.299*** -1.276*** -0.729 -1.296***
partido do presidente (0.152) (0.212) (0.218) (0.206) (0.336) (0.258) (0.226) (0.392) (0.274) (0.297) (0.446) (0.365)
Médio de municipios efetivos -10.618*** -0.194 -16.920*** -17.404*** 8.935* -24.551*** -13.067*** 17.311** -18.857*** -18.122*** -1.845 -21.555***
associados (1.114) (1.765) (1.698) (2.100) (4.069) (2.76) (2.411) (5.864) (3.082) (3.310) (5.195) (4.287)
-2.973*** -20.584*** -2.880*** -2.728*** -23.950*** -2.811*** -1.670*** -20.724** -1.800*** -2.181*** -33.844*** -2.100***
Eleitorado (em milhares)
(0.578) (2.460) (0.509) (0.516) (5.519) (0.542) (0.396) (6.607) (0.400) (0.585) (8.574) (0.563)
47.281*** 58.202*** 53.249*** 54.113*** 54.139*** 66.206*** 45.351*** 49.713*** 53.002*** 50.241*** 59.717*** 56.945***
Constante
(1.351) (3.018) (2.754) (2.982) (6.578) (4.715) (3.261) (7.973) (4.988) (5.265) (11.019) (7.873)
2
R 0.01 0.01 0.02 0.03 0.03 0.04 0.01 0.03 0.02 0.02 0.04 0.03
N 21662 11297 10365 8160 2826 5334 5411 1727 3684 3031 888 2143
Tabela 9 – Impacto de emendas orçamentárias sobre a votação dos deputados. Variável
dependente: votos nominais do deputado no município.
MQO 1 MQO 2 FE 1 FE 2 FE 3 FE 4
Emenda por eleitor 9,37*** 9,42*** 9,81*** 10,28*** 3,37***
(1,35) (1,36) (1,42) (1,46) (0,37)
Emenda por eleitor Associado 2,93***
(0,41)
Emenda por eleitor não Associado 4,58***
(0,82)
Candidatos efetivos 13,26*** 13,33*** 1,51 1,14 1,16
(1,96) (1,96) (2,41) (2,74) (2,74)
Municípios efetivos 1,10*** 1,24** 1,06*** 0,98*** 0,99***
(0,14) (0,42) (0,14) (0,26) (0,26)
N fez já foi vereador no município 11788,28*** 11786,31*** 11834,55*** 10455,47*** 48157,67* 48158,38*
(1002,81) (1002,41) (996,96) (897,23) (19465,05) (19465,00)
- -
N fez já foi prefeito no município 10088,99*** 10103,54*** 10170,12*** 10014,57*** 894,44*** 898,07***
(1275,46) (1276,04) (1276,15) (1298,65) (87,67) (87,71)
Partido igual ao do prefeito 93,67*** 94,98*** 98,13*** 100,92*** 60,68*** 60,67***
(9,30) (9,31) (9,47) (9,33) (9,51) (9,51)
Partido igual ao do governador 3,66 3,93 14,74 2,55 16,87 16,88
(7,2) (7,19) (12,54) (7,02) (9,13) (9,13)
Partido igual ao do presidente -9,25 -7,54 -30,30* -8,01 -24,22* -24,20*
(10,53) (10,53) (15,05) (10,42) (10,34) (10,34)
Legislaturas anteriores 5,05** 4,02* 56,63 3,77* 47,46 47,33
(1,91) (1,91) (49,02) (1,86) (45,81) (45,81)
N vez já foi dep estadual -7,45*** -9,39*** -16,86 -9,24*** -37,26 -38,01
(2,00) (2,02) (71,04) (1,96) (57,87) (57,86)
N vez já foi governador 38,34* 43,02* - 43,92* - -
(18,36) (18,37) (17,52)
N vez já foi senador 10,27 11,93 - 11,91 - -
(15,84) (15,84) (14,88)
Ensino superior completo 15,63* 17,54** -3,74 17,41** -10,64 -10,67
(6,44) (6,46) (26,82) (6,33) (21,35) (21,35)
Eleitorado 0,01*** 0,00*** 0,00*** 0,01 0,00 0,01
(0,00) (0,00) (0,00) (0,00) (0,00) (0,00)
Sexo fenimino 22,87 26,68 -498,82 26,51 -448,32 -446,61
(18,01) (18,06) (296,24) (17,34) (506,76) (506,78)
Constante -149,22 -260,85 -71,76 -1,04 176,53 177,04
(138,8) (138,96) (58,24) (71,71) (102,5) (102,52)
Efeito Fixo
Deputado não não sim não não não
Município não não não sim não não
Deputado-Município não não não não sim sim
R2 0,33 0,33 0,31 0,11 0,02 0,02
N 526025 526025 526025 526025 526025 526025
* p<0,10, ** p<0,05, *** p<0,01. Erro padrão robusto entre parêntesis.
Nota: Dummies das eleições, partido e UF são consideradas em todos os modelos. Variável dependente em reais de
2010.
Tabela 10 – Relação entre emendas orçamentárias e sucesso eleitoral
dos deputados. Variável dependente: sucesso ou não na tentativa de
reeleição.
Probit 1 Probit 2 Probit 3
Emenda municipal por eleitor -0,004* -0,003
(0,002) (0,002)
Emenda municipal por eleitor muni associado -0,002
(0,003)
Emenda municipal por eleitor muni nao associado -0,01
(0,009)
Emenda estadual por eleitor -0,003* -0,002 -0,002*
(0,001) (0,001) (0,001)
Emenda nacional por eleitor 0,009* 0,010* 0,009*
(0,005) (0,006) (0,006)
Emenda regional por eleitor -0,056** -0,051** -0,051**
(0,022) (0,021) (0,021)
N municípios efetivos 0,005*** 0,005***
(0,001) (0,001)
N município partido igual ao do prefeito 0,001* 0,000 0,000
(0,000) (0,000) (0,000)
Partido igual ao do governador -0,033 -0,021 -0,02
(0,033) (0,032) (0,032)
Partido igual ao do presidente 0,062** 0,07** 0,07**
(0,03) (0,03) (0,03)
Legislaturas anteriores 0,014 0,008 0,008
(0,009) (0,009) (0,009)
N vez já foi vereador -0,002 0,008 0,008
(0,016) (0,016) (0,016)
N vez já foi prefeito -0,006 0,001 0,001
(0,021) (0,021) (0,021)
N vez já foi dep estadual 0,005 -0,002 -0,002
(0,012) (0,012) (0,012)
N vez já foi governador -0,029 -0,022 -0,021
(0,058) (0,058) (0,058)
N vez já foi senador 0,057 0,063 0,067
(0,076) (0,074) (0,075)
Ensino superior completo 0,04 0,043 0,047*
(0,029) (0,029) (0,029)
Sexo fenimino -0,041 -0,027 -0,03
(0,05) (0,048) (0,049)
Eleitorado 0,000*** 0,000*** 0,000**
(0,000) (0,000) (0,000)
Constante 0,518*** 0,325*** 0,333***
(0,099) (0,106) (0,107)
Pseudo R2 0,017 0,028 0,029
N 1525 1525 1525

* p<0,10, ** p<0,05, *** p<0,01. Erro padrão robusto entre parêntesis.


Nota: Dummies das eleições são consideradas em todos os modelos. Os
coeficientes reportados referem-se aos efeitos marginais.
Fonte: Câmara dos Deputados. Elaboração própria.
Nota: Não considera o ano de 2011, pois a execução orçamentária estava em processo. Valores em reais de 2010.
Total considerado - 50ª legislatura: valor: 2,38 bilhões; número: 12.031, 51ª legislatura: valor: 3,87 bilhões; número:
17.883, 52ª legislatura: valor: 8,24 bilhões; número: 20.096 e 53ª legislatura: valor: 22,27 bilhões; número: 44.485.
Antes de serem contadas as emendas foram agrupadas por autor e destino.
Figura 1 – Porcentagem de valor e número das emendas parlamentares individuais executadas
por destino geográfico.
50 51

30
20
10
Percent

52 53
30
20
10
0

0 10 20 30 0 10 20 30
Emendas individuais com destino municipal (em milhões)
Graphs by Legislatura

Figura 2 – Distribuição do total de emendas individuais municipais por deputado


com valor executado maior que zero.
50 51
6
4
2
0

52 53
6
4
2
0

0 50 100 150 0 50 100 150


Número de municípios efetivos
Graphs by Legislatura

N
ota: Excluído o Distrito Federal.
Figura 3 – Dispersão Número de municípios efetivos que o deputado obteve votação por valor
médio recebido pelos municípios em que o deputado apresentou emenda com valor executado
maior que zero.
Figura 4 – Distribuição da idade dos candidatos considerando candidatos na
margem.

Figura 5 – Distribuição do número de municípios efetivos que o candidato


concorreu na eleição considerando candidatos na margem.
Figura 6 – Distribuição do número de municípios que o partido do candidato é
igual ao do prefeito considerando candidatos na margem.

Figura 7 – Distribuição do número de municípios que o candidato é associado


considerando candidatos na margem.

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