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Proteção da atmosfera
Consideração das incertezas: aperfeiçoamento da base científica para a
tomada de decisões.
Promoção do Desenvolvimento Sustentável.
Prevenção da destruição do ozônio estratosférico.
CAPÍTULO 9 Poluição atmosférica transfronteiriça.
Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos
terrestres
Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos
CAPÍTULO 10 terrestres.
Combate ao desflorestamento
Manutenção dos múltiplos papéis e funções de todos os tipos de florestas,
terras florestais e regiões de mata.
Aumento de proteção, do manejo sustentável a da conservação de todas as
florestas e provisão de cobertura vegetal para as áreas degradadas por meio
de reabilitação, florestamento e reflorestamento, bem como de outras
técnicas de reabilitação.
Promoção de métodos eficazes de aproveitamento e avaliação para restaurar
plenamente o valor dos bens e serviços proporcionados por florestas, áreas
florestais e áreas arborizadas.
Estabelecimento e/ou fortalecimento das capacidades de planejamento,
avaliação e acompanhamento de programas, projetos e atividades da área
CAPÍTULO 11 florestal, ou conexos, inclusive comércio e operações comerciais.
CAPÍTULO 12 Manejo de ecossitemas frágeis: a luta contra a desertificação e a seca
Fortalecimento da base de conhecimentos e desenvolvimento de sistemas de
informação e monitoramento para regiões propensas à desertificação e seca,
sem esquecer os aspectos econômicos e sociais desses ecossistemas.
Combate à degradação do solo por meio, inter. alia, da intensificação das
atividades de conservação do solo, florestamento e reflorestamento.
Desenvolvimento e fortalecimento de programas de desenvolvimento
integrado para a erradicação da pobreza e a promoção de sistemas
alternativos de subsistência em áreas propensas à desertificação.
Desenvolvimento de programas abrangentes de antidesertificação e sua
integração aos planos nacionais de desenvolvimento e ao planejamento
ambiental nacional.
Desenvolvimento de planos abrangentes de preparação para a seca e de
esquemas para a mitigação dos resultados da seca, que incluam dispositivos
de auto-ajuda para as áreas propensas à seca e preparem programas
voltados para enfrentar o problema dos refugiados ambientais.
Estímulo e promoção da participação popular e da educação sobre a questão
do meio ambiente centrados no controle da desertificação e no manejo dos
efeitos da seca.
Gerenciamento de ecossitemas frágeis: Desenvolvimento Sustentável das
montanhas
Geração e fortalecimento dos conhecimentos relativos à ecologia e ao
Desenvolvimento Sustentável dos ecossistemas das montanhas.
Promoção do desenvolvimento integrado das bacias hidrográficas e de meios
CAPÍTULO 13 alternativos de subsistência.
Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável
Revisão, planejamento e programação integrada da política agrícola à luz do
aspecto multifuncional da agricultura em especial no que diz respeito à
segurança alimentar e ao Desenvolvimento Sustentável.
Obtenção da participação popular e promoção do desenvolvimento de
recursos humanos para a agricultura sustentável.
Melhora na produção agrícola e dos sistemas de cultivo por meio da
diversificação do emprego não-agrícola e do desenvolvimento da infra-
CAPÍTULO 14 estrutura.
Conservação da Diversidade Biológica
CAPÍTULO 15 Conservação da diversidade biológica.
Manejo ambientalmente saudável da biotecnologia
Aumento da disponibilidade de alimentos, forragens e matérias-primas
renováveis.
Melhoria da saúde humana.
Aumento da proteção do meio ambiente.
Aumento da segurança e desenvolvimento de macanismos de cooperação
internacional.
Estabelecimento de mecanismos de capacitação para o desenvolvimento e a
CAPÍTULO 16 aplicação ambientalmente saudável de biotecnologia.
Proteção de oceanos, de todos os tipos de mares - inclusive mares
fechados e semifechados - e das zonas costeiras e proteção. Uso racional
e desenvolvimento de seus recursos vivos
Gerenciamento integrado e desenvolvimento sustentável das zonas costeiras,
CAPÍTULO 17 inclusive zonas econômicas exclusivas.
Proteção do meio ambiente marinho.
Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto mar.
Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob jurisdição
nacional.
Análise de incertezas críticas para o manejo do meio ambiente marinho e
mudança do clima.
Fortalecimento da cooperação e da coordenação no plano internacional,
inclusive regional.
Desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas.
Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos:
aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos
recursos hídricos
Desenvolvimento e manejo integrado dos recursos hídricos.
Avaliação dos recursos hídricos.
Proteção dos recursos hídricos, da qualidade da água e dos ecossistemas
aquáticos.
Abastecimento de água potável e saneamento.
Água e desenvolvimento urbano sustentável.
Água para produção sustentável de alimentos e desenvolvimento rural
sustentável.
CAPÍTULO 18 Impactos da mudança do clima sobre os recursos hídricos.
Manejo ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas,
incluída a prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos e
perigosos
Expansão e aceleração da avaliação internacional dos riscos químicos.
Harmonização da classificação e da rotulagem dos produtos químicos.
Intercâmbio de informações sobre os produtos químicos tóxicos e os riscos
químicos.
Implantação de programas de redução dos riscos.
Fortalecimento das capacidades e potenciais nacionais para o manejo dos
produtos químicos.
CAPÍTULO 19 Prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos e perigosos.
Manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos. Incluindo a
prevenção do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos
Promoção da prevenção e redução ao mínimo dos resíduos perigosos.
Promoção do fortalecimento da capacidade institucional do manejo de
resíduos perigosos.
Promoção e fortalecimento da cooperação internacional para o manejo dos
movimentos transfronteriços de resíduos perigosos.
CAPÍTULO 20 Prevenção do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos.
Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões
relacionadas com esgotos
Proteção da qualidade e da oferta dos recursos de água doce (18)
Promoção do desenvolvimento sustentável dos estabelecimentos humanos
(7)
Proteção e promoção da salubridade (6)
CAPÍTULO 21 Mudança dos padrões de consumo (4)
Manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos
Promoção do manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos
CAPÍTULO 22 radioativos.
CAPÍTULO 23 Preâmbulo
CAPÍTULO 1
PREÂMBULO*
1.2. Essa associação mundial deve partir das premissas da resolução 44/228 da Assembléia
Geral de 22 de dezembro de 1989, adotada quando as nações do mundo convocaram a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e da aceitação da
necessidade de se adotar uma abordagem equilibrada e integrada das questões relativas a meio
ambiente e desenvolvimento.
1.3. A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de
preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um
compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação
ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para
concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais. A
cooperação internacional deverá apoiar e complementar tais esforços nacionais. Nesse contexto,
o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar. Outras organizações
internacionais, regionais e subregionais também são convidadas a contribuir para tal esforço. A
mais ampla participação pública e o envolvimento ativo das organizações não-governamentais e
de outros grupos também devem ser estimulados.
1.5. Na implementação das áreas pertinentes de programas identificadas na Agenda 21, especial
atenção deverá ser dedicada às circunstâncias específicas com que se defrontam as economias
em transição. É necessário reconhecer, ainda, que tais países enfrentam dificuldades sem
precedentes na transformação de suas economias, em alguns casos em meio a considerável
tensão social e política.
1.6. As áreas de programas que constituem a Agenda 21 são descritas em termos de bases para
a ação, objetivos, atividades e meios de implementação. A Agenda 21 é um programa dinâmico.
Ela será levada a cabo pelos diversos atores segundo as diferentes situações, capacidades e
prioridades dos países e regiões e com plena observância de todos os princípios contidos na
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Com o correr do tempo e a
alteração de necessidades e circunstâncias, é possível que a Agenda 21 venha a evoluir. Esse
processo assinala o início de uma nova associação mundial em prol do desenvolvimento
sustentável.
* Sempre que se utilizar o termo "Governos", este será entendido como incluindo a Comunidade
Econômica Européia em suas áreas de competência. Ao longo de toda a Agenda 21 a expressão
"ambientalmente saudável", em especial quando aplicada aos termos "fontes de energia",
"fornecimentos de energia", "sistemas energéticos" ou "tecnologia / tecnologias", significa
"ambientalmente seguro e saudável".
CAPÍTULO 2
INTRODUÇÃO
2.1. Para fazer frente aos desafios dos meio ambiente e do desenvolvimento, os Estados
decidiram estabelecer uma nova parceria mundial. Essa parceria compromete todos os Estados
a estabelecer um diálogo permanente e construtivo, inspirado na necessidade de atingir uma
economia em nível mundial mais eficiente e eqüitativa, sem perder de vista a interdependência
crescente da comunidade das nações e o fato de que o desenvolvimento sustentável deve tornar-
se um item prioritário na agenda da comunidade internacional. Reconhece-se que, para que essa
nova parceria tenha êxito, é importante superar os confrontos e promover um clima de
cooperação e solidariedade genuínos. É igualmente importante fortalecer as políticas nacionais
e internacionais, bem como a cooperação multinacional, para acomodar-se às novas
circunstâncias.
2.2. Tanto as políticas econômicas dos países individuais como as relações econômicas
internacionais têm grande relevância para o desenvolvimento sustentável. A reativação e a
aceleração do desenvolvimento exigem um ambiente econômico e internacional ao mesmo
tempo dinâmico e propício, juntamente com políticas firmes no plano nacional. A ausência de
qualquer dessas exigências determinará o fracasso do desenvolvimento sustentável. A
existência de um ambiente econômico externo propício é fundamental. O processo de
desenvolvimento não adquirirá impulso caso a economia mundial careça de dinamismo e
estabilidade e esteja cercada de incertezas. Tampouco haverá impulso com os países em
desenvolvimento sobrecarregados pelo endividamento externo, com financiamento insuficiente
para o desenvolvimento, com obstáculos a restringir o acesso aos mercados e com a
permanência dos preços dos produtos básicos e dos prazos comerciais dos países em
desenvolvimento em depressão. A década de 1980 registrou números essencialmente negativos
para todos esses tópicos, fato que é preciso inverter. As políticas e medidas necessárias para
criar um ambiente internacional marcadamente propício aos esforços de desenvolvimento
nacional são, conseqüentemente, vitais. A cooperação internacional nessa área deve ser
concebida para complementar e apoiar -- e não para diminuir ou subordinar -- políticas
econômicas internas saudáveis, tanto nos países desenvolvidos como nos países em
desenvolvimento, para que possa haver um avanço mundial no sentido do desenvolvimento
sustentável.
2.3. Cabe à economia internacional oferecer um clima internacional propício à realização das
metas relativas a meio ambiente e desenvolvimento, das seguintes maneiras:
Áreas de programas
2.7. O setor dos produtos básicos domina as economias de muitos países em desenvolvimento
em termos de produção, emprego e ganhos com a exportação. Uma característica importante da
economia mundial dos produtos básicos durante a década de 1980 foi o predomínio de preços
reais muito baixos e em declínio para a maioria dos produtos básicos nos mercados
internacionais, com a decorrente contração substancial dos ganhos com a exportação de
produtos básicos em muitos países produtores. É possível que a capacidade desses países de
mobilizar, por meio do comércio internacional, os recuros necessários para financiar os
investimentos exigidos pelo desenvolvimento sustentável, se veja prejudicada por esse fator e
por impedimentos tarifários e não-tarifários -- inclusive escalas tarifárias -- que limitem seu
acesso aos mercados de exportação. É indispensável eliminar as atuais distorções do comércio
internacional. A concretização desse objetivo exige, em especial, uma redução substancial e
progressiva do apoio e dos subsídios ao setor agrícola -- sistemas internos, acesso ao mercado
e subsídios para a exportação --, bem como à indústria e a outros setores, para evitar que os
produtores mais eficientes sofram perdas consideráveis, especialmente nos países em
desenvolvimento. Em decorrência, na agricultura, na indústria e em outros setores há espaço
para iniciativas voltadas para a liberalização do comércio e políticas que tornem a produção mais
sensível às necessidades do meio ambiente e do desenvolvimento. Em decorrência, a
liberalização do comércio deve ser perseguida em escala mundial em todos os setores da
economia, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável.
2.8. O ambiente do comércio internacional viu-se afetado por diversos fatores que criaram novos
desafios e oportunidades e tornaram a cooperação econômica multilateral ainda mais importante.
Nos últimos anos o comércio mundial continuou crescendo mais depressa que a produção
mundial. Não obstante, a expansão do comércio mundial ocorreu de forma muito desigual;
apenas um número limitado de países em desenvolvimento teve condições de atingir um
crescimento apreciável em suas exportações. Pressões protecionistas e ações políticas
unilaterais continuam ameaçando o funcionamento de um sistema comercial multilateral aberto,
o que afeta, em especial, os interesses dos países em desenvolvimento na área da exportação.
Nestes últimos anos intensificaram-se os processos de integração econômica; é previsível que
eles venham a conferir dinamismo ao comércio mundial e intensificar as possibilidades de
progresso e comércio dos países em desenvolvimento. Nos últimos anos muitos outros países
em desenvolvimento adotaram reformas políticas corajosas que envolviam uma ambiciosa
liberalização unilateral de seu comércio, ao passo que os países da Europa central e do leste
realizam reformas de amplo alcance e profundos processos de reestruturação, que hão de abrir
caminho para sua integração à economia mundial e ao sistema comercial internacional. Atenção
crescente vem sendo dedicada ao fortalecimento do papel das empresas e à promoção de
mercados competitivos por meio da adoção de políticas competitivas. O SGP mostrou-se um
instrumento útil na política de comércio exterior -- embora seus objetivos ainda não tenham sido
atingidos; ao mesmo tempo, as estratégias de facilitação do comércio relacionadas ao
intercâmbio eletrônico de dados (IED) contribuíram eficazmente para melhorar a eficiência
comercial dos setores público e privado. As interações entre as políticas ambientais e as
questões comerciais são inúmeras e ainda não foram totalmente avaliadas. Caso se consiga
concluir rapidamente a Rodada Uruguai de negociações comerciais e multilaterais com
resultados equilibrados, abrangentes e positivos, será possível liberalizar e expandir ainda mais
o comércio mundial, reforçar o comércio e as possibilidades de desenvolvimento dos países em
desenvolvimento e oferecer maior segurança e previsibilidade ao sistema comercial
internacional.
Objetivos
(b) Aperfeiçoar o acesso aos mercados das exportações dos países em desenvolvimento;
(c) Aperfeiçoar o funcionamento dos mercados de produtos básicos e adotar políticas saudáveis,
compatíveis e coerentes, nos planos nacional e internacional, com vistas a otimizar a contribuição
do setor dos produtos básicos ao desenvolvimento sustentável, levando em conta considerações
ambientais;
(d) Promover e apoiar políticas internas e internacionais que façam o crescimento econômico e
a proteção ambiental apoiarem-se mutuamente.
Atividades
(a) Interromper e fazer retroceder o protecionismo, a fim de ocasionar uma maior liberalização e
expansão do comércio mundial, em benefício de todos os países, em especial dos países em
desenvolvimento;
(c) Facilitar, de forma oportuna, a integração de todos os países à economia mundial e ao sistema
de comércio internacional;
(d) Velar para que as políticas ambientais e as políticas comerciais sejam de apoio mútuo, com
vistas a concretizar o desenvolvimento sustentável;
(e) Fortalecer o sistema de políticas comerciais internacionais procurando atingir, tão depressa
quanto possível, resultados equilibrados, abrangentes e positivos na Rodada Uruguai de
negociações comerciais multilaterais.
2.11. A comunidade internacional deve dedicar-se a encontrar formas e meios para estabelecer
um melhor funcionamento e uma maior transparência dos mercados de produtos básicos, uma
maior diversificação do setor dos produtos básicos nas economias em desenvolvimento -- dentro
de um quadro macroeconômico que leve em consideração a estrutura econômica de um país,
seus recursos naturais e suas oportunidades comerciais --, e um melhor manejo dos recursos
naturais, que leve em conta as necessidades do desenvolvimento sustentável.
(a) Criação de um ambiente interno favorável a um equilíbrio ótimo entre a produção para o
mercado interno e a produção para o mercado de exportação, e eliminar tendências contrárias à
exportação, bem como desestimular a substituição ineficiente das importações;
2.14. As seguintes políticas devem ser adotadas pelos países em desenvolvimento com respeito
a produtos básicos compatíveis com eficiência de mercado:
(b) Diversificação, com vistas a reduzir a dependência das exportações de produtos básicos;
(c) Aplicação do uso eficiente e sustentável dos fatores da produção na determinação dos preços
dos produtos básicos, inclusive com a aplicação dos custos ambientais, sociais e de recursos.
2.15. O GATT, a UNCTAD e outras instituições competentes devem continuar coletando dados
e informações pertinentes sobre comércio. Pede-se ao Secretário-Geral das Nações Unidas que
fortaleça o sistema de informações sobre medidas de controle do comércio gerenciado pela
UNCTAD.
2.16. Com respeito ao comércio de produtos básicos, os Governos devem, diretamente ou por
meio das organizações internacionais pertinentes, quando apropriado:
(a) Buscar um funcionamento ótimo dos mercados de produtos básicos, inter alia por meio de
uma maior transparência do mercado que envolva intercâmbio de pontos de vista e informações
sobre planos de investimento, perspectivas e mercados para os diferentes produtos básicos.
Devem-se buscar negociações substantivas entre os produtores e os consumidores com vistas
à concretização de acordos internacionais viáveis e mais eficientes que levem em conta as
tendências -- ou arranjos -- do mercado; ao mesmo tempo, devem ser criados grupos de estudo.
Nesse aspecto, atenção especial deve ser dedicada aos acordos relativos a cacau, café, açúcar
e madeiras tropicais. Destaca-se a importância dos acordos e arranjos internacionais sobre
produtos de base. Questões relativas a saúde e segurança do trabalho, transferência de
tecnologia e serviços relacionados à produção, comercialização e promoção dos produtos de
base, bem como considerações ambientais, devem ser tomadas em conta;
(b) Continuar a aplicar mecanismos de compensação dos déficits dos rendimentos com a
exportação de produtos de base dos países em desenvolvimento, com vistas a estimular os
esforços em prol da diversificação;
(c) Sempre que solicitado, prestar assistência aos países em desenvolvimento na elaboração e
implementação de políticas para os produtos de base e na coleta e utilização de informações a
respeito dos mercados de produtos de base;
(e) Apoiar, nos planos nacional, regional e internacional, as iniciativas dos países em
desenvolvimento voltadas para a diversificação.
Meios de implementação
2.18. As atividades de cooperação técnica mencionadas acima têm por objetivo fortalecer as
capacitações nacionais para a elaboração e aplicação de uma política para os produtos básicos,
o uso e o manejo dos recursos nacionais e a utilização de informação sobre os mercados de
produtos básicos.
2.19. As políticas sobre meio ambiente e as políticas sobre comércio devem reforçar-se
reciprocamente. Um sistema comercial aberto e multilateral possibilita maior eficiência na
alocação e uso dos recursos, contribuindo assim para o aumento da produção e dos lucros e
para a diminuição das pressões sobre o meio ambiente. Dessa forma, proporciona recursos
adicionais necessários para o crescimento econômico e o desenvolvimento e para uma melhor
proteção ambiental. Um meio ambiente saudável, por outro lado, proporciona os recursos
ecológicos e de outros tipos necessários à manutenção do crescimento e ao apoio à expansão
constante do comércio. Um sistema comercial aberto, multilateral, que se apóie na adoção de
políticas ambientais saudáveis, teria um impacto positivo sobre o meio ambiente, contribuindo
para o desenvolvimento sustentável.
2.20. A cooperação internacional na área do meio ambiente está crescendo; em diversos casos,
verificou-se que as disposições sobre comércio dos acordos multilaterais sobre o meio ambiente
desempenharam um papel nos esforços para fazer frente aos problemas ambientais mundiais.
Conseqüentemente, sempre que considerado necessário, aplicaram-se medidas comerciais em
determinadas instâncias específicas para aumentar a eficácia da regulamentação ambiental
destinada à proteção do meio ambiente. Essa regulamentação deve estar voltada para as causas
básicas da degradação ambiental, de modo a evitar a imposição de restrições injustificadas ao
comércio. O desafio consiste em assegurar que as políticas comerciais e as políticas sobre o
meio ambiente sejam compatíveis, reforçando, ao mesmo tempo, o processo de
desenvolvimento sustentável. Não obstante, será preciso levar em conta o fato de que os
parâmetros ambientais válidos para os países desenvolvidos podem significar custos sociais e
econômicos inaceitáveis para os países em desenvolvimento.
Objetivos
2.21. Os Governos devem esforçar-se para atingir os seguintes objetivos, por meio de foros
multilaterais pertinentes, como o GATT, a UNCTAD e outras organizações internacionais:
(a) Fazer com que as políticas de comércio internacional e as políticas sobre meio ambiente
passem a reforçar-se reciprocamente, favorecendo o desenvolvimento sustentável;
Atividades
(a) Elaborar estudos adequados para uma melhor compreensão da relação entre comércio e
meio ambiente para a promoção do desenvolvimento sustentável;
(b) Promover um diálogo entre os círculos atuantes nas áreas do comércio, do desenvolvimento
e do meio ambiente;
(c) Nos casos em que se utilizem medidas comerciais relacionadas a meio ambiente, garantir
sua transparência e compatibilidade com as obrigações internacionais;
(d) Atentar para as causas básicas dos problemas relativos a meio ambiente e desenvolvimento,
de modo a evitar a adoção de medidas ambientais que resultem em restrições injustificadas ao
comércio;
(e) Evitar o uso de restrições ou distorções que incidam sobre o comércio como forma de
compensar as diferenças de custo decorrentes das diferenças quanto a normas e
regulamentações ambientais, visto que sua aplicação poderia conduzir a distorções comerciais
e aumentar as tendências protecionistas;
(f) Garantir que as regulamentações e normas relacionadas a meio ambiente, inclusive as que
dizem respeito a saúde e segurança, não constituam uma forma de discriminação arbitrária ou
injustificável ou uma restrição disfarçada ao comércio;
(g) Garantir que os fatores especiais que afetam as políticas sobre meio ambiente e comércio
nos países em desenvolvimento não sejam esquecidos quando da aplicação das normas
ambientais ou de quaisquer medidas comerciais. Convém notar que as normas válidas na
maioria dos países desenvolvidos podem ser inadequadas e ter custos sociais inaceitáveis para
os países em desenvolvimento;
(h) Estimular os países em desenvolvimento a participar dos acordos multilaterais por meio de
mecanismos como normas especiais de transição;
(i) Evitar medidas unilaterais para fazer frente aos problemas ambientais que fujam à jurisdição
do país importador. As medidas ambientais voltadas para problemas transfronteiriços ou
mundiais devem, sempre que possível, basear-se em um consenso internacional. As medidas
internas voltadas para a realização de certos objetivos ambientais podem necessitar medidas
comerciais que as tornem mais eficazes. Caso se considere necessário adotar medidas
comerciais para garantir a observância da política ambiental, determinados princípios e regras
devem ser aplicados. Entre eles, por exemplo, podem estar o princípio da não-discriminação; o
princípio de que a medida comercial escolhida deva ser tão pouco restritiva ao comércio quanto
permita a consecução dos objetivos; o compromisso de garantir transparência no uso das
medidas comerciais relacionadas ao meio ambiente e de oferecer notificação adequada das
regulamentações nacionais; e a necessidade de levar em conta as condições especiais e as
exigências de progresso dos países em desenvolvimento em seu avanço para objetivos
ambientais internacionalmente acordados;
Objetivo
2.25. As exigências específicas para a implementação dos programas setoriais e intersetoriais
incluídos na Agenda 21 são examinadas nas áreas de programas correspondentes e no Capítulo
33, intitulado "Recursos e Mecanismos de Financiamento".
Atividades
2.26. Como discutido no Capítulo 33, devem ser oferecidos recursos novos e adicionais em apoio
aos programas da Agenda 21.
2.27. No que diz respeito à dívida externa assumida junto a bancos comerciais, reconhecem-se
os progressos que vêm sendo feitos graças à nova estratégia da dívida e estimula-se uma
implementação mais rápida dessa estratégia. Alguns países já se beneficiaram da combinação
de políticas saudáveis de ajuste à redução da dívida contraída junto aos bancos comerciais, ou
medidas equivalentes. A comunidade internacional estimula:
(a) Outros países com dívidas onerosas junto a bancos a negociar com seus credores medidas
análogas de redução de sua dívida junto aos bancos comerciais;
(b) As partes envolvidas nessa negociação a não deixarem de atribuir a devida importância à
redução da dívida a médio prazo e às novas exigências de recursos do país devedor;
(e) Políticas reforçadas destinadas a atrair o investimento direto, a evitar níveis insustentáveis
de endividamento e a promover a volta do capital de giro.
2.28. Com relação à dívida contraída junto aos credores oficiais bilaterais, são bem-vindas as
medidas recentemente adotadas pelo Clube de Paris, relativamente a condições mais generosas
de desafogo para com os países mais pobres e mais endividados. São bem-vindos, igualmente,
os esforços atualmente envidados para implementar essas medidas, advindas das "condições
de Trinidad", de modo compatível com a possibilidade de pagamento desses países e de forma
a dar apoio adicional a seus esforços de reforma econômica. É especialmente bem-vinda,
ademais, a redução substancial da dívida bilateral, empreendida por alguns países credores;
outros países que tenham condições de fazer o mesmo são estimulados a adotar ação similar.
2.29. São dignas de elogios as ações dos países de baixa renda com encargos substanciais da
dívida que continuam, com grande dificuldade, a pagar os juros de suas dívidas e a salvaguardar
sua credibilidade enquanto devedores. Atenção especial deve ser dedicada a suas necessidades
de recursos. Outros países em desenvolvimento afligidos pela dívida e que envidam grandes
esforços para não deixar de pagar os juros de suas dívidas e honrar suas obrigações financeiras
externas também merecem a devida atenção.
2.30. Em relação à dívida multilateral, insiste-se que deve ser dedicada séria atenção à
continuidade do trabalho em prol de soluções voltadas para o crescimento no que diz respeito
aos problemas dos países em desenvolvimento com graves dificuldades para o pagamento dos
juros da dívida, inclusive aqueles cuja dívida foi contraída basicamente junto a credores oficiais
ou instituições financeiras multilaterais. Particularmente no caso de países de baixa renda em
processo de reforma econômica, são bem-vindos o apoio das instituições financeiras
multilaterais sob a forma de novos desembolsos, bem como o uso de seus fundos em condições
favoráveis. Devem-se continuar utilizando grupos de apoio na provisão de recursos para saldar
os atrasos no pagamento de países que venham encetando vigorosos programas de reforma
econômica apoiados pelo FMI e pelo Banco Mundial. As medidas adotadas pelas instituições
financeiras multilaterais, como o refinanciamento dos juros sobre os empréstimos cedidos em
condições comerciais com reembolsos à AID -- a chamada "quinta dimensão" --, são muito bem-
vindos.
Meios de implementação
2.32. Um bom gerenciamento, que favoreça a associação entre uma administração pública
eficaz, eficiente, honesta, eqüitativa e confiável e os direitos e oportunidades individuais, é
elemento fundamental para um desenvolvimento sustentável, com base ampla e um
desempenho econômico saudável em todos os planos do desenvolvimento. Todos os países
devem redobrar seus esforços para erradicar o gerenciamento inadequado dos negócios
públicos e privados, inclusive a corrupção, levando em conta os fatores responsáveis por esse
fenômeno e os agentes nele envolvidos.
2.33. Muitos países em desenvolvimento endividados estão passando por programas de ajuste
estrutural relacionados ao reescalonamento da dívida ou a novos empréstimos. Embora tais
programas sejam necessários para melhorar o equilíbrio entre os orçamentos fiscais e as contas
da balança de pagamentos, em alguns casos eles produziram efeitos sociais e ambientais
adversos, como cortes nas verbas destinadas aos setores da saúde, do ensino e da proteção
ambiental. É importante velar para que os programas de ajuste estrutural não tenham impactos
negativos sobre o meio ambiente e o desenvolvimento social, para que tais programas sejam
mais compatíveis com os objetivos do desenvolvimento sustentável.
Objetivo
2.34. É necessário estabelecer, à luz das condições específicas de cada país, reformas das
políticas econômicas que promovam o planejamento e a utilização eficientes dos recursos para
o desenvolvimento sustentável por meio de políticas econômicas e sociais saudáveis; que
fomentem a atividade empresarial e a incorporação dos custos sociais e ambientais à
determinação do preço dos recursos; e que eliminem as fontes de distorção na esfera do
comércio e dos investimentos.
Atividades
2.35. Os países industrializados e outros países em posição de fazê-lo devem intensificar seus
esforços para:
(c) Assegurar que nos processos de coordenação de políticas sejam levados em conta os
interesses e preocupações dos países em desenvolvimento, inclusive a necessidade de
promover medidas positivas para apoiar os esforços dos países de menor desenvolvimento
relativo para pôr fim a sua marginalização na economia mundial;
(a) Manter a disciplina monetária e fiscal necessária à promoção da estabilidade dos preços e
do equilíbrio externo;
2.37. Mais especificamente, todos os países devem desenvolver políticas que aumentem a
eficiência na alocação de recursos e aproveitem plenamente as oportunidades oferecidas pelas
mudanças no ambiente econômico mundial. Em especial, sempre que adequado e levando em
conta as estratégias e objetivos nacionais, os países devem:
(e) Abrir espaço para a atuação de instrumentos econômicos adequados, inclusive mecanismos
de mercado, em conformidade com os objetivos do desenvolvimento sustentável e da satisfação
das necessidades básicas;
(i) Promover a criação de um ambiente econômico interno favorável a um equilíbrio ótimo entre
a produção para o mercado interno e a produção para a exportação.
2.40. Há muito aceitou-se uma cooperação econômica mais intensa entre os países em
desenvolvimento, considerando-se ser esse um fator importante nos esforços voltados para a
promoção do crescimento econômico e das capacidades tecnológicas, bem como para a
aceleração do desenvolvimento no mundo em desenvolvimento. Em decorrência, a comunidade
internacional deve reforçar e continuar apoiando os esforços dos países em desenvolvimento
para promover, entre si, a cooperação econômica.
Meios de implementação
Fortalecimento institucional
2.43. Os esforços especiais que venham a ser envidados em prol da implementação das quatro
áreas de programas identificadas neste capítulo justificam-se, tendo em vista a especial
gravidade dos problemas ambientais e do desenvolvimento nos países de menor
desenvolvimento relativo.
CAPÍTULO 3
COMBATE À POBREZA
ÁREA DE PROGRAMAS
3.2. Uma política de meio ambiente voltada sobretudo para a conservação e a proteção dos
recursos deve considerar devidamente aqueles que dependem dos recursos para sua
sobrevivência, ademais de gerenciar os recursos de forma sustentável. Não sendo assim, tal
política poderia ter um impacto adverso tanto sobre o combate à pobreza como sobre as
possibilidades de êxito a longo prazo da conservação dos recursos e do meio ambiente. Do
mesmo modo, qualquer política de desenvolvimento voltada principalmente para o aumento da
produção de bens, caso deixe de levar em conta a sustentabilidade dos recursos sobre os quais
se baseia a produção, mais cedo ou mais tarde haverá de defrontar-se com um declínio da
produtividade -- e isso também poderia ter um impacto adverso sobre a pobreza. Uma estratégia
voltada especificamente para o combate à pobreza, portanto, é requisito básico para a existência
de desenvolvimento sustentável. A fim de que uma estratégia possa fazer frente
simultaneamente aos problemas da pobreza, do desenvolvimento e do meio ambiente, é
necessário que se comece por considerar os recursos, a produção e as pessoas, bem como,
simultâneamente, questões demográficas, o aperfeiçoamento dos cuidados com a saúde e a
educação, os direitos da mulher, o papel dos jovens, dos indígenas e das comunidades locais,
e, ao mesmo tempo, um processo democrático de participação, associado a um aperfeiçoamento
de sua gestão.
3.3. Faz parte dessa ação, juntamente com o apoio internacional, a promoção de um crescimento
econômico nos países em desenvolvimento -- um crescimento ao mesmo tempo sustentado e
sustentável, associado a uma ação direta voltada para a erradicação da pobreza por meio do
fortalecimento dos programas de emprego e geradores de renda.
Objetivos
3.4. O objetivo a longo prazo -- de capacitar todas as pessoas a atingir meios sustentáveis de
subsistência -- deve ser um fator de integração que permita às políticas abordar simultaneamente
questões de desenvolvimento, de manejo sustentável dos recursos e de erradicação da pobreza.
Os objetivos dessa área de programas são:
(c) Desenvolver, para todas as áreas atingidas pela pobreza, estratégias e programas integrados
de manejo saudável e sustentável do meio ambiente, mobilização de recursos, erradicação e
mitigação da pobreza, emprego e geração de rendimentos;
(d) Criar, nos planos de desenvolvimento e nos orçamentos nacionais, um núcleo de investimento
no capital humano que inclua políticas e programas especiais dirigidos para as zonas rurais, os
pobres das áreas urbanas, mulheres e crianças.
Atividades
3.5. As atividades que irão contribuir para a promoção integrada de meios de subsistência
sustentáveis e para a proteção do meio ambiente incluem diversas intervenções setoriais que
envolvem uma série de atores -- de locais a globais -- e que são essenciais em todos os planos,
especialmente no nível da comunidade e no nível local. Nos planos nacional e internacional serão
necessárias ações habilitadoras que levem plenamente em conta as situações regionais e sub-
regionais, pois elas irão apoiar uma abordagens em nível local, adaptada às especificidades de
cada país. Vistos de modo abrangente, os programas devem:
(a) Centrar-se na atribuição de poder aos grupos locais e comunitários por meio do princípio da
delegação de autoridade, prestação de contas e alocação de recursos ao plano mais adequado,
garantindo assim que o programa venha a estar adaptado às especificidades geográficas e
ecológicas;
(b) Conter medidas imediatas que capacitem esses grupos a mitigar a pobreza e a desenvolver
sustentabilidade;
(c) Conter uma estratégia de longo-prazo voltada para o estabelecimento das melhores
condições possíveis para um desenvolvimento sustentável local, regional e nacional que elimine
a pobreza e reduza as desigualdades entre os diversos grupos populacionais. Essa estratégia
deve assistir aos grupos que estejam em posição mais desvantajosa -- particularmente, no
interior desses grupos, mulheres, crianças e jovens -- e aos refugiados. Tais grupos devem incluir
os pequenos proprietários pobres, os pastores, os artesãos, as comunidades de pescadores, os
sem-terra, as comunidades autóctones, os migrantes e o setor informal urbano.
(a) Dar autoridade às mulheres por meio de sua participação plena na tomada de decisões;
(d) Dar às comunidades ampla medida de participação no manejo sustentável e na proteção dos
recursos naturais locais, para com isso fortalecer sua capacidade produtiva;
(e) Estabelecer uma rede de centros de ensino baseados na comunidade com o objetivo de
promover o fortalecimento institucional e técnico e o desenvolvimento sustentável.
(b) Com apoio internacional, quando necessário, desenvolvam uma infraestrutura adequada,
sistemas de comercialização, de tecnologia, de crédito e similares, juntamente com os recursos
humanos necessários para apoiar as ações enumeradas acima, e oferecer maior número de
opções às pessoas com recursos escassos. Deve ser atribuída alta prioridade ao ensino básico
e ao treinamento profissional;
(e) Criem um sistema eficaz de atendimento primário da saúde e de atendimento das mães,
acessível para todos;
(f) Considerem a possibilidade de fortalecer ou criar estruturas jurídicas para o manejo da terra
e o acesso aos recursos terrestres e à propriedade da terra -- particularmente no que diz respeito
à mulher -- e para a proteção dos rendeiros;
(k) Adotem políticas integradas voltadas para a sustentabilidade no manejo dos centros urbanos;
(n) Procurem ativamente reconhecer e integrar na economia as atividades do setor informal, com
a remoção de regulamentações e obstáculos que discriminem as atividades desse setor;
(o) Considerem a possibilidade de abrir linhas de crédito e outras facilidades para o setor
informal, bem como de facilitar o acesso à terra para os pobres sem-terra, para que estes possam
adquirir meios de produção e obtenham acesso seguro aos recursos naturais. Em muitas
instâncias é preciso especial atenção com respeito à mulher. Esses programas devem ter sua
exeqüibilidade rigorosamente avaliada, a fim de que os beneficiários de empréstimos não sofram
crises motivadas pelas dívidas;
(p) Proporcionar aos pobres acesso aos serviços de abastecimento de água potável e
saneamento;
3.10. O Sistema das Nações Unidas, por meio de seus órgãos e organizações pertinentes e em
cooperação com os Estados Membros e as organizações internacionais e não-governamentais
pertinentes, deve atribuir prioridade máxima à mitigação da pobreza e deve:
(c) Fortalecer as estruturas existentes no sistema das Nações Unidas para a coordenação das
medidas relacionadas à erradicação da pobreza, inclusive com o estabelecimento de um centro
de coordenação para o intercâmbio de informações e a formulação e implementação de projetos
experimentais reprodutíveis de luta contra a pobreza;
Meios de implementação
CAPÍTULO 4
4.2. Por ser muito abrangente, a questão da mudança dos padrões de consumo é focalizada em
diversos pontos da Agenda 21, em especial nos que tratam de energia, transportes e resíduos,
bem como nos capítulos dedicados aos instrumentos econômicos e à transferência de
tecnologia. A leitura do presente capítulo deve ser associada, ainda, ao capítulo 5 (Dinâmica e
sustentabilidade demográfica) da Agenda.
ÁREAS DE PROGRAMAS
4.4. Como parte das medidas a serem adotadas no plano internacional para a proteção e a
melhora do meio ambiente é necessário levar plenamente em conta os atuais desequilíbrios nos
padrões mundiais de consumo e produção.
4.5. Especial atenção deve ser dedicada à demanda de recursos naturais gerada pelo consumo
insustentável, bem como ao uso eficiente desses recursos, coerentemente com o objetivo de
reduzir ao mínimo o esgotamento desses recursos e de reduzir a poluição. Embora em
determinadas partes do mundo os padrões de consumo sejam muito altos, as necessidades
básicas do consumidor de um amplo segmento da humanidade não estão sendo atendidas. Isso
se traduz em demanda excessiva e estilos de vida insustentáveis nos segmentos mais ricos, que
exercem imensas pressões sobre o meio ambiente. Enquanto isso os segmentos mais pobres
não têm condições de ser atendidos em suas necessidades de alimentação, saúde, moradia e
educação. A mudança dos padrões de consumo exigirá uma estratégia multifacetada centrada
na demanda, no atendimento das necessidades básicas dos pobres e na redução do desperdício
e do uso de recursos finitos no processo de produção.
Objetivos
4.7. É preciso adotar medidas que atendam aos seguintes objetivos amplos:
(a) Promover padrões de consumo e produção que reduzam as pressões ambientais e atendam
às necessidades básicas da humanidade;
4.8. Em princípio, os países devem orientar-se pelos seguintes objetivos básicos em seus
esforços para tratar da questão do consumo e dos estilos de vida no contexto de meio ambiente
e desenvolvimento:
4.10. A fim de apoiar essa estratégia ampla os Governos e/ou institutos privados de pesquisa
responsáveis pala formulação de políticas, com o auxílio das organizações regionais e
internacionais que tratam de economia e meio ambiente, devem fazer um esforço conjunto para:
(b) Avaliar as conexões entre produção e consumo, meio ambiente, adaptação e inovação
tecnológicas, crescimento econômico e desenvolvimento, e fatores demográficos;
(c) Examinar o impacto das alterações em curso sobre a estrutura das economias industriais
modernas que venham abandonando o crescimento econômico com elevado emprego de
matérias-primas;
(d) Considerar de que modo as economias podem crescer e prosperar e, ao mesmo tempo,
reduzir o uso de energia e matéria-prima e a produção de materiais nocivos;
(e) Identificar, em nível global, padrões equilibrados de consumo que a Terra tenha condições
de suportar a longo prazo;
4.16. É possível progredir reforçando as tendências e orientações positivas que vêm emergindo
como parte integrante de um processo voltado para a concretização de mudanças significativas
nos padrões de consumo de indústrias, Governos, famílias e indivíduos.
(a) Promover a eficiência dos processos de produção e reduzir o consumo perdulário no processo
de crescimento econômico, levando em conta as necessidades de desenvolvimento dos países
em desenvolvimento;
(b) Desenvolver uma estrutura política interna que estimule a adoção de padrões de produção e
consumo mais sustentáveis;
(c) Reforçar, de um lado, valores que estimulem padrões de produção e consumo sustentáveis;
de outro, políticas que estimulem a transferência de tecnologias ambientalmente saudáveis para
os países em desenvolvimento.
Atividades
4.18. A redução do volume de energia e dos materiais utilizados por unidade na produção de
bens e serviços pode contribuir simultaneamente para a mitigação da pressão ambiental e o
aumento da produtividade e competitividade econômica e industrial. Em decorrência, os
Governos, em cooperação com a indústria, devem intensificar os esforços para utilizar a energia
e os recursos de modo economicamente eficaz e ambientalmente saudável, como se segue:
(c) Com o auxílio aos países em desenvolvimento na utilização eficiente dessas tecnologias e no
desenvolvimento de tecnologias apropriadas a suas circunstâncias específicas;
(d) Com o estímulo ao uso ambientalmente saudável das fontes de energia novas e renováveis;
(e) Com o estímulo ao uso ambientalmente saudável e renovável dos recursos naturais
renováveis.
4.19. Ao mesmo tempo, a sociedade precisa desenvolver formas eficazes de lidar com o
problema da eliminação de um volume cada vez maior de resíduos. Os Governos, juntamente
com a indústria, as famílias e o público em geral, devem envidar um esforço conjunto para reduzir
a geração de resíduos e de produtos descartados, das seguintes maneiras:
(a) Por meio do estímulo à reciclagem no nível dos processos industriais e do produto consumido;
4.21. Os Governos, em cooperação com a indústria e outros grupos pertinentes, devem estimular
a expansão da rotulagem com indicações ecológicas e outros programas de informação sobre
produtos relacionados ao meio ambiente, a fim de auxiliar os consumidores a fazer opções
informadas.
4.22. Além disso, os Governos também devem estimular o surgimento de um público consumidor
informado e auxiliar indivíduos e famílias a fazer opções ambientalmente informadas das
seguintes maneiras:
(b) Com a conscientização dos consumidores acerca do impacto dos produtos sobre a saúde e
o meio ambiente por meio de uma legislação que proteja o consumidor e de uma rotulagem com
indicações ecológicas;
4.24. Sem o estímulo dos preços e de indicações do mercado que deixem claro para produtores
e consumidores os custos ambientais do consumo de energia, de matérias-primas e de recursos
naturais, bem como da geração de resíduos, parece improvável que, num futuro próximo,
ocorram mudanças significativas nos padrões de consumo e produção.
Meios de implementação
4.27. Este programa ocupa-se antes de mais nada das mudanças nos padrões insustentáveis
de consumo e produção e dos valores que estimulam padrões de consumo e estilos de vida
sustentáveis. Requer os esforços conjuntos de Governos, consumidores e produtores. Especial
atenção deve ser dedicada ao papel significativo desempenhado pelas mulheres e famílias
enquanto consumidores, bem como aos impactos potenciais de seu poder aquisitivo combinado
sobre a economia.
CAPÍTULO 5
ÁREAS DE PROGRAMAS
A. Aumento e difusão de conhecimentos sobre os vínculos entre tendências e fatores
demográficos e desenvolvimento sustentável
5.4. Há a necessidade de desenvolver estratégias para mitigar tanto o impacto adverso das
atividades humanas sobre o meio ambiente como o impacto adverso das mudanças ambientais
sobre as populações humanas. Prevê-se que em 2020 a população mundial já tenha
ultrapassado os 8 bilhões de habitantes. Sessenta por cento da população mundial já vivem em
áreas litorâneas, enquanto 65 por cento das cidades com populações de mais de 2,5 milhões de
habitantes estão localizadas ao longo dos litorais do mundo; várias delas já estão no atual nível
do mar -- ou abaixo do atual nível do mar.
Objetivos
5.5. Os seguintes objetivos devem ser atingidos tão depressa quanto for praticável:
(a) Incoporação de tendências e fatores demográficos à análise mundial das questões relativas
a meio ambiente e desenvolvimento;
(b) Desenvolvimento de uma melhor compreensão dos vínculos entre dinâmica demográfica,
tecnologia, comportamento cultural, recursos naturais e sistemas de sustento da vida;
Atividades
(a) Identificação das interações entre processos demográficos, recursos naturais e sistemas de
sustento da vida, tendo em mente as variações regionais e sub-regionais resultantes, inter alia,
dos distintos níveis de desenvolvimento;
(b) Integração de tendências e fatores demográficos ao estudo atualmente em curso sobre as
mudanças do meio ambiente, utilizando os conhecimentos especializados das redes
internacionais, regionais e nacionais de pesquisa, bem como das comunidades locais,
primeiramente para estudar as dimensões humanas das mudanças do meio ambiente e, em
segundo lugar, para identificar áreas vulneráveis;
Meios de implementação
5.8. Para poder integrar a análise demográfica a uma perspectiva mais ampla de meio ambiente
e desenvolvimento baseada nas ciências sociais, a pesquisa interdisciplinar deve ser reforçada.
As instituições e redes de especialistas internacionais devem intensificar sua capacidade
científica levando plenamente em conta a experiência e os conhecimentos das comunidades, e
disseminar a experiência adquirida em abordagens multidisciplinares e na associação da teoria
à ação.
5.9. Devem ser desenvolvidos melhores métodos para a estruturação de modelos, que apontem
para o alcance dos possíveis resultados das atuais atividades humanas, sobretudo o impacto
inter-relacionado das tendências e fatores demográficos, da utilização per capita dos recursos
e da distribuição da riqueza, bem como das principais correntes migratórias previsíveis diante de
acontecimentos climáticos cada vez mais freqüentes e de mudanças do meio ambiente
cumulativas que talvez venham a destruir os meios locais de subsistência.
5.11. O público deve ser mais sensibilizado, em todos os níveis, quanto à necessidade de
otimizar o uso sustentável dos recursos por meio de um manejo eficiente desses recursos,
sempre levando em conta as necessidades de desenvolvimento das populações dos países em
desenvolvimento.
5.12. O público deve ser melhor informado sobre os vínculos fundamentais existentes entre
melhorar a condição da
5.14. Deve haver maior colaboração e troca de informações entre as instituições de pesquisa e
as agências internacionais, regionais e nacionais, bem como com todos os demais setores
(inclusive o setor privado, as comunidades locais, as organizações não-governamentais e as
instituições científicas), tanto dos países industrializados como dos países em desenvolvimento,
conforme as necessidades.
5.15. Devem ser intensificados os esforços para aumentar a capacidade dos Governos nacionais
e locais, do setor privado e das organizações não-governamentais dos países em
desenvolvimento, para atender à necessidade crescente de um gerenciamento mais
aperfeiçoado das áreas urbanas em rápido crescimento.
Objetivo
5.17. Deve ter prosseguimento a total incorporação das preocupações com o controle
demográfico aos processos de planejamento, formulação de políticas e tomadas de decisão no
plano nacional. Deve ser considerada a possibilidade de se adotarem políticas e programas de
controle demográfico que reconheçam plenamente os direitos da mulher.
Atividades
5.18. Os Governos e outros atores pertinentes podem, inter alia, empreender as seguintes
atividades, com apoio adequado por parte das agências de auxílio, e apresentar relatórios sobre
o andamento de sua implementação à Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento a ser celebrada em 1994, em especial para seu comitê de população e meio
ambiente:
5.20. Devem ser desenvolvidas pesquisas sobre a maneira como fatores ambientais e fatores
sócio-econômicos interagem, provocando migrações.
5.21. Os grupos populacionais vulneráveis (por exemplo trabalhadores rurais sem terra, minorias
étnicas, refugiados, migrantes, pessoas deslocadas, mulheres chefes de família) cujas
alterações na estrutura demográfica possam resultar em impactos específicos sobre o
desenvolvimento sustentável devem ser identificados.
5.22. Deve ser feita uma avaliação das implicações da estrutura etária da população sobre a
demanda de recursos e os encargos de dependência, incluindo desde o custo da educação para
os jovens até o atendimento sanitário e o auxílio para os idosos, e sobre a geração de
rendimentos no âmbito da família.
5.23. Também deve ser feita uma avaliação do contingente populacional compatível, por país,
com a satisfação das necessidades humanas e do desenvolvimento sustentável, com especial
atenção dedicada a recursos críticos, como a água e a terra, e a fatores ambientais, como saúde
do ecossistema e diversidade biológica.
5.24. Deve ser estudado o impacto de tendências e fatores demográficos nacionais sobre os
meios tradicionais de subsistência dos grupos indígenas e comunidades locais, inclusive as
alterações no uso tradicional da terra resultantes de pressões populacionais internas.
5.25. Devem ser criados e/ou fortalecidos centros nacionais de informações sobre tendências e
fatores demográficos e relativos a meio ambiente, discriminando os dados por região ecológica
(critério baseado no ecossistema), e traçados perfis que relacionem população e meio ambiente,
por região.
5.26. Devem ser desenvolvidos metodologias e instrumentos que permitam identificar as áreas
onde a sustentabilidade está, ou pode vir a estar, ameaçada pelos efeitos ambientais de
tendências e fatores demográficos, utilizando ao mesmo tempo dados demográficos atuais e
projeções que digam respeito a processos ambientais naturais.
5.27. Devem ser desenvolvidos estudos de caso das reações, no plano local, dos diferentes
grupos à dinâmica demográfica, especialmente nas áreas sujeitas a pressão ambiental e nos
centros urbanos em processo de deterioração.
5.28. Os dados populacionais devem discriminar, inter alia, sexo e idade, levando em conta
desse modo as implicações da divisão do trabalho por gênero no uso e manejo dos recursos
naturais.
5.31. No âmbito de uma política nacional de controle demográfico, devem ser definidos e
implementados metas e programas compatíveis com os planos nacionais para o meio ambiente
e o desenvolvimento sustentável e em conformidade com a liberdade, a dignidade e os valores
pessoais dos indivíduos.
5.32. Devem ser desenvolvidas, tanto no plano familiar como no de sistemas de apoio estatais,
políticas sócio-econômicas adequadas para os jovens e os idosos.
5.33. A fim de lidar com os diversos tipos de migração resultantes de perturbações ambientais -
- ou que as induzem --, devem ser desenvolvidos políticas e programas, com especial atenção
para a mulher e os grupos vulneráveis.
5.35. Devem ser realizadas verificações de âmbito nacional, mediante o monitoramento no país
todo da integração das políticas de controle demográfico às estratégias nacionais relativas a
desenvolvimento e meio ambiente.
Meios de implementação
(b) Maior consciência a respeito das interações entre demografia e desenvolvimento sustentável
5.37. Deve haver uma maior compreensão, em todos os segmentos da sociedade, das interações
entre tendências e fatores demográficos e desenvolvimento sustentável. Devem-se exigir
iniciativas práticas nos planos local e nacional. O ensino, tanto formal como não-formal, deve
passar a incluir em seu currículo, tanto de forma coordenada como integrada, as questões
relativas a demografia e desenvolvimento sustentável. Especial atenção deve ser atribuída aos
programas de ensino sobre questões de controle demográfico, sobretudo para as mulheres.
Deve ser especialmente salientado o elo existente entre esses programas, a conservação do
meio ambiente e a existência de atendimento e serviços primários de saúde.
5.38. Deve-se aumentar a capacidade das estruturas nacionais, regionais e locais de dedicar-se
a questões relativas a tendências e fatores demográficos e desenvolvimento sustentável. Para
tanto, seria necessário fortalecer os órgãos competentes responsáveis por questões
populacionais, capacitando-os, assim, a elaborar políticas condizentes com as expectativas
nacionais de desenvolvimento sustentável. Concomitantemente, deve ser intensificada a
cooperação entre o Governo, as instituições nacionais de pesquisa, as organizações não-
governamentais e as comunidades locais na consideração dos problemas e na avaliação das
políticas.
5.39. Deve-se aumentar, conforme necessário, a capacidade dos órgãos, organizações e grupos
competentes das Nações Unidas, dos organismos intergovernamentais internacionais e
regionais, das organizações não-governamentais e das comunidades locais a fim de ajudar os
países que o solicitem a adotar políticas de desenvolvimento sustentável e, quando for o caso,
oferecer auxílio aos migrantes e pessoas deslocadas por razões ambientais.
Objetivo
Atividades
5.47. Deve-se desenvolver uma estrutura analítica que permita identificar os elementos
complementares a uma política de desenvolvimento sustentável, bem como mecanismos
nacionais que permitam monitorar e avaliar os efeitos dessa política sobre a dinâmica
populacional.
5.48. Especial atenção deve ser dedicada ao papel fundamental da mulher nos programas
voltados para questões de controle demográfico e de meio ambiente e na obtenção de um
desenvolvimento sustentável. Os projetos devem valer-se das eventuais oportunidades de
associar benefícios sociais, econômicos e ambientais para as mulheres e suas famílias. O
avanço da mulher é essencial e deve ser assegurado por meio da educação, do treinamento e
da formulação de políticas voltadas para o reconhecimento e a promoção do direito e do acesso
da mulher aos bens, aos direitos humanos e civis, a medidas que resultem em diminuição de
jornada de trabalho, a oportunidades de emprego e à participação no processo de tomada de
decisões. Os programas de controle demográfico/ambientais devem capacitar a mulher a
mobilizar-se para ter seus encargos diminuídos e adquirir mais condições de participar, e
beneficiar-se, do desenvolvimento sócio-econômico. Devem ser adotadas medidas concretas
para eliminar o atual desnível entre o índice de analfabetismo de mulheres e homens.
(b) Apoio aos programas que promovam mudanças nas tendências e fatores demográficos e que
busquem a sustentabilidade
5.49. Os programas médicos e sanitários da área reprodutiva devem, conforme apropriado, ser
desenvolvidos e reforçados com o objetivo de reduzir a mortalidade maternal e infantil resultante
de todas as causas e de capacitar mulheres e homens a satisfazer suas aspirações pessoais em
termos de dimensão familiar, respeitados sua liberdade, dignidade e valores pessoais.
5.50. Os Governos devem adotar medidas ativas para implementar, em regime de urgência, de
acordo com as condições específicas de cada país e seus sistemas jurídicos, medidas que
garantam direitos iguais para homens e mulheres de decidir livre e responsavelmente acerca do
número de filhos que desejam ter e do espaçamento entre eles, bem como o acesso a
informação, educação e condições, conforme as necessidades, que lhes permitam exercer esse
direito, respeitados sua liberdade, dignidade e valores pessoais e levando em conta aspectos
éticos e culturais.
5.51. Os Governos devem adotar medidas ativas para implementar programas que criem e
fortaleçam serviços sanitários preventivos e curativos que incluam um atendimento à saúde
reprodutiva voltado para a mulher, gerenciado por mulheres, seguro e eficaz, e serviços baratos
e acessíveis, condizentes com as necessidades, para o planejamento responsável do tamanho
da família, respeitados a liberdade, a dignidade e os valores pessoais e levando em conta
aspectos éticos e culturais. Os programas devem estar centrados na prestação de serviços
gerais e sanitários que incluam atendimento pré-natal, educação e informação sobre questões
de saúde e sobre paternidade responsável, e devem oferecer a todas as mulheres a
oportunidade de amamentar integralmente seus filhos, pelo menos durante os primeiros quatro
meses depois do parto. Os programas devem dar total apoio aos papéis produtivo e reprodutivo
da mulher, bem como a seu bem-estar, com especial atenção para a necessidade de oferecer
melhor atendimento sanitário a todas as crianças, em condições de igualdade, e para a
necessidade de reduzir o risco de mortalidade e enfermidade maternal e infantil.
5.53. Devem ser promovidos, conforme apropriado, foros e condições institucionais que facilitem
a implementação de atividades de controle demográfico. Isso exige o apoio e o comprometimento
das autoridades políticas locais, religiosas e tradicionais, bem como do setor privado e das
comunidades científicas nacionais. Ao desenvolver essas condições institucionais adequadas,
os países devem envolver ativamente as agremiações de mulheres de âmbito nacional.
5.54. A assistência relativa a questões de controle demográfico deve ser desenvolvida com o
concurso de doadores bilaterais e multilaterais para que as necessidades e exigências
populacionais de todos os países em desenvolvimento sejam levadas em consideração,
respeitando plenamente a atribuição soberana de coordenação e as opções e estratégias dos
países receptores.
Meios de implementação
(b) Pesquisa
5.59. Devem ser conduzidas pesquisas sócio-demográficas sobre a forma como as populações
reagem a um meio ambiente em mutação.
5.60. Deve ser aprofundada a análise dos fatores sócio-culturais e políticos capazes de influir
positivamente na aceitação dos instrumentos pertinentes a uma política de controle demográfico.
5.61. Devem ser empreendidas pesquisas de campo sobre as alterações das necessidades de
serviços relacionados a um planejamento responsável do tamanho da família; essas pesquisas
devem refletir as variações entre os diferentes grupos sócio-econômicos e as variações entre as
diferentes regiões geográficas.
5.63. Grupos de trabalho devem reunir-se para ajudar os gerenciadores de programas e projetos
a associar os programas de controle demográfico a outras metas de desenvolvimento e proteção
do meio ambiente.
5.64. Deve ser criado material didático, inclusive guias e manuais, para uso de planejadores,
pessoas em posição de tomar decisões e outros participantes dos programas de controle
demográfico/meio ambiente/desenvolvimento.
5.66. As recomendações contidas neste capítulo não devem de modo algum prejudicar as
discussões da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, a ser realizada
em 1994, que será o foro apropriado para a discussão das questões relativas a população e
desenvolvimento, levando em conta as recomendações da Conferência Internacional sobre
População realizada na Cidade do México em 1984, 1/ e as Estratégias Voltadas para o Futuro
para o Avanço da Mulher, 2/ adotadas pela Conferência Mundial para o Exame e Avaliação das
Realizações da Década das Nações Unidas para a Mulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz,
realizada em Nairóbi em 1985.
Notas
2/ Relatório da Conferência Mundial para o Exame e Avaliação das Realizações da Década das
Nações Unidas para a Mulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz, Nairóbi, 15-26 de julho de
1985 (publicação das Nações Unidas, número de venda: E.84.IV.10), cap. I, seção A.
CAPÍTULO 6
INTRODUÇÃO
6.1. A saúde e o desenvolvimento estão intimamente relacionados. Tanto um desenvolvimento
insuficiente que conduza à pobreza como um desenvolvimento inadequado que resulte em
consumo excessivo, associados a uma população mundial em expansão, podem resultar em
sérios problemas para a saúde relacionados ao meio ambiente, tanto nos países em
desenvolvimento como nos desenvolvidos. Os tópicos de ação da Agenda 21 devem estar
voltados para as necessidades de atendimento primário da saúde da população mundial, visto
que são parte integrante da concretização dos objetivos do desenvolvimento sustentável e da
conservação primária do meio ambiente. Os vínculos existentes entre saúde e melhorias
ambientais e sócio-econômicas exigem esforços intersetoriais. Tais esforços, que abrangem
educação, habitação, obras públicas e grupos comunitários, inclusive empresas, escolas e
universidades e organizações religiosas, cívicas e culturais, estão voltados para a capacitação
das pessoas em suas comunidades a assegurar o desenvolvimento sustentável. Especialmente
relevante é a inclusão de programas preventivos, que não se limitem a medidas destinadas a
remediar e tratar. Os países devem desenvolver planos para as ações que considerem
prioritárias nas áreas compreendidas neste capítulo; esses planos devem basear-se no
planejamento cooperativo realizado pelos diversos níveis de Governo, organizações não-
governamentais e comunidades locais. Uma organização internacional adequada, como a OMS,
deveria coordenar essas atividades.
ÁREAS DE PROGRAMAS
(a) Satisfação das necessidades de atendimento primário da saúde, especialmente nas zonas
rurais;
(e) Redução dos riscos para a saúde decorrentes da poluição e dos perigos ambientais
ÁREAS DE PROGRAMAS
Objetivos
6.4. Dentro da estratégia geral de obter saúde para todos até o ano 2000, os objetivos são:
satisfazer as necessidades sanitárias básicas das populações rurais, periferias urbanas e
urbanas; proporcionar os serviços especializados necessários de saúde ambiental; e coordenar
a participação dos cidadãos, da área da saúde, das áreas relacionadas à saúde e dos setores
pertinentes externos à área da saúde (instituições empresariais, sociais, educacionais e
religiosas) das soluções para os problemas da saúde. Como questão prioritária, deve ser obtida
cobertura de serviços sanitários para os grupos populacionais mais necessitados,
particularmente os que vivem nas zonas rurais.
Atividades
6.5. Os Governos nacionais e as autoridades locais, com o apoio das organizações não-
governamentais e internacionais pertinentes e à luz das condições específicas e necessidades
dos países, devem fortalecer seus programas da área da saúde, com especial atenção para as
necessidades das áreas rurais, para:
(ii) Apoiar o uso e o fortalecimento de mecanismos que aperfeiçoem a coordenação entre a área
da saúde e as áreas a ela relacionadas, em todos os planos adequados do Governo e nas
comunidades e organizações pertinentes;
(iii) Desenvolver e implementar abordagens racionais e viáveis do ponto de vista do custo para
estabelecer e manter instalações que prestem serviços sanitários;
(vi) Estudar maneiras de financiar o sistema de saúde baseadas na avaliação dos recursos
necessários e identificar as diversas alternativas de financiamento;
(vii) Promover a educação sanitária nas escolas, o intercâmbio de informações, o apoio técnico
e o treinamento;
(viii) Apoiar iniciativas que propiciem o auto-gerenciamento dos serviços pelos grupos
vulneráveis;
(x) Promover os meios para os serviços logísticos necessários para as atividades de extensão,
sobretudo nas zonas rurais;
(xi) Promover e fortalecer atividades de reabilitação baseadas na comunidade para os deficientes
das zonas rurais;
(iii) Realizar pesquisas nas áreas do conhecimento tradicional sobre práticas preventivas e
curativas da área da saúde;
6.7. Devem ser testadas novas modalidades de planejamento e gerenciamento dos sistemas e
instalações de atendimento sanitário e apoiadas pesquisas sobre maneiras de integrar as
tecnologias adequadas às infra-estruturas sanitárias. O desenvolvimento de uma tecnologia
sanitária cientificamente confiável deve reforçar as condições de adaptabilidade às necessidades
locais e a possibilidade de sua manutenção através dos recursos da comunidade, inclusive a
manutenção e reparo dos equipamentos usados no atendimento sanitário. Devem ser
desenvolvidos programas destinados a facilitar a transferência e a partilha de informações e
competência, inclusive de métodos de comunicação e de materiais educativos.
6.8. Devem ser reforçadas as abordagens intersetoriais para a reforma dos sistemas de formação
do pessoal da área da saúde para assim garantir sua adequação às estratégias do projeto
"Saúde para Todos". Devem ser apoiados os esforços para aperfeiçoar a competência gerencial
no plano distrital, com o objetivo de garantir o desenvolvimento sistemático e o funcionamento
eficiente do sistema básico de saúde. Devem ser desenvolvidos programas de treinamento que
sejam práticos, curtos e intensivos, com ênfase em capacitação para comunicações eficazes,
organização da comunidade e facilitação de mudanças de comportamento: esses programas
teriam o objetivo de preparar o pessoal local de todos os setores envolvidos no desenvolvimento
social para o desempenho de seus respectivos papéis. Conjuntamente com a área educacional,
devem ser desenvolvidos programas especiais de educação sanitária focalizando principalmente
o papel da mulher no sistema de atendimento sanitário.
(d) Capacitação
6.11. Com a previsão de que no ano 2000 o índice de contaminação com o vírus da
imunodeficiência humana terá atingido de 30 a 40 milhões de pessoas, espera-se um impacto
sócio-econômico devastador da pandemia sobre todos os países, e em níveis cada vez mais
intensos para mulheres e crianças. Embora nesse momento os custos sanitários diretos devam
ser substanciais, eles serão ínfimos diante dos custos indiretos da pandemia -- sobretudo os
custos associados à perda de rendimento e decréscimo da produtividade da força de trabalho. A
pandemia impedirá o crescimento dos setores industrial e de serviços e aumentará
significativamente os custos do aumento da capacitação institucional e técnica humana e de
retreinamento profissional. O setor agrícola será particularmente afetado sempre que a produção
se apoiar em um sistema de mão-de-obra intensiva.
Objetivos
6.12. Diversas metas foram formuladas através de consultas extensivas em vários foros
internacionais a que compareceram quase todos os Governos, as organizações pertinentes das
Nações Unidas (inclusive a OMS, a UNICEF, o FNUAP, a UNESCO, o PNUD e o Banco Mundial)
e diversas organizações não-governamentais. Recomenda-se a implementação dessas metas
(inclusive, mas não apenas, as enumeradas abaixo) por todos os países, sempre que aplicáveis,
com adaptações adequadas à situação específica de cada país em termos de escalonamento,
normas, prioridades e disponibilidade de recursos, respeitados os aspectos culturais, religiosos
e sociais, em conformidade com a liberdade, a dignidade e os valores pessoais e levando em
conta considerações éticas. Metas adicionais, especialmente relevantes para a situação
específica de cada país, devem ser acrescentadas no plano nacional de ação do país (Plano de
Ação para a Implementação da Declaração Mundial sobre Sobrevivência, Proteção e
Desenvolvimento da Criança na década de 1990 1/). Esses planos de ação de âmbito nacional
devem ser coordenados e acompanhados pela área da saúde pública. Seguem-se algumas das
metas mais importantes:
(c) Até o ano 2000, controlar eficazmente a oncocercíase (cegueira dos rios) e a lepra ;
(d) Até 1995, reduzir a mortalidade por sarampo em 95 por cento e reduzir a ocorrência de
sarampo em 90 por cento em relação à incidência anterior à imunização;
(e) Mediante esforços continuados, oferecer educação sanitária e garantir acesso universal a
água potável segura e a medidas sanitárias de eliminação das águas cloacais, reduzindo assim,
acentuadamente, as moléstias transmitidas pela água, como o cólera e a esquistossomose, e
reduzindo:
(i) Até o ano 2000, o número de mortes por diarréia infantil nos países em desenvolvimento em
entre 50 e 70 por cento;
(ii) Até o ano 2000, a incidência de diarréia infantil nos países em desenvolvimento em entre pelo
menos 25 a 50 por cento;
(f) Até o ano 2000, dar início a programas abrangentes com o objetivo de reduzir em pelo menos
um terço a mortalidade resultante de infecções respiratórias agudas em crianças com menos de
cinco anos de idade, especialmente nos países com índice de mortalidade infantil alto;
(g) Até o ano 2000, oferecer acesso a atendimento adequado para infecções respiratórias agudas
a 95 por cento da população infantil do mundo, no âmbito da comunidade e no primeiro nível de
consulta;
(h) Até o ano 2000, instituir programas anti-malária em todos os países onde a malária represente
um problema sanitário significativo e manter a condição das áreas onde não exista malária
endêmica;
(i) Até o ano 2000, implementar programas de controle nos países onde se verifiquem, de forma
endêmica, infestações parasitárias humanas significativas e realizar uma redução global da
incidência de esquistossomose e outras infestações por trematódeos em 40 por cento e em 25
por cento respectivamente, a partir de números de 1984, bem como uma redução acentuada da
incidência, prevalência e intensidade das infestações por filárias;
(j) Mobilizar e unificar esforços nacionais e internacionais contra a AIDS, para evitar a infecção
pelo vírus da imunodeficiência humana e reduzir o impacto pessoal e social decorrente dessa
infecção ;
(k) Conter o ressurgimento da tuberculose, com ênfase especial nas modalidades resistentes a
múltiplos antibióticos;
(l) Acelerar a pesquisa de vacinas aperfeiçoadas e implementar, tanto quanto possível, o uso de
vacinas na prevenção de doenças;
Atividades
6.13. Cada Governo nacional, em conformidade com os planos de saúde pública, prioridades e
objetivos nacionais, devem considerar a possibilidade de desenvolver um plano nacional de ação
na área da saúde, com assistência e apoio internacional adequados, que inclua, pelo menos, os
seguintes componentes:
(i) Programas para identificar os riscos ambientais como causadores de moléstias contagiosas;
(i) Destacar profissionais experientes da área da saúde para setores pertinentes, como
planejamento, habitação e agricultura;
(ii) Elaborar diretrizes para uma coordenação eficaz nas áreas de treinamento profissional,
avaliação de riscos e desenvolvimento de tecnologia de controle;
(d) Controle de fatores ambientais que exercem influência sobre a disseminação das moléstias
contagiosas:
Aplicar métodos para a prevenção e controle das moléstias contagiosas, inclusive controle do
abastecimento de água e do saneamento, controle da poluição da água, controle da qualidade
dos alimentos, controle integrado dos vetores, coleta e eliminação de lixo e práticas de irrigação
ecologicamente confiáveis;
(i) Fortalecer os programas de prevenção, com ênfase especial em uma nutrição adequada e
equilibrada;
(iii) Reduzir a vulnerabilidade das mulheres e de seus filhos à infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana;
(i) Intensificar e expandir a pesquisa multidisciplinar, incluindo esforços voltados para a mitigação
e o controle ambiental das doenças tropicais;
(ii) Realizar estudos voltados para a intervenção, com o objetivo de contar com uma sólida base
epidemiológica para as políticas de controle e para ter condições de avaliar a eficácia das
diferentes alternativas de ação;
(iii) Empreender estudos da população e do pessoal dos serviços da área da saúde para
determinar a influência de fatores culturais, comportamentais e sociais sobre as políticas de
controle;
(i) Desenvolver novas tecnologias para o controle eficaz das moléstias contagiosas;
(ii) Promover estudos que permitam determinar como otimizar a divulgação dos resultados da
pesquisa;
Meios de implementação
6.15. Os esforços para evitar e controlar as doenças devem incluir pesquisas sobre as bases
epidemiológicas, sociais e econômicas que permitiriam o desenvolvimento de estratégias
nacionais mais eficazes de controle integrado das moléstias contagiosas. Os métodos custo-
efetivos de controle ambiental devem ser adaptados às condições locais de desenvolvimento.
(d) Capacitação
6.17. A área da saúde deve coletar e organizar informações satisfatórias sobre a distribuição das
moléstias contagiosas, bem como sobre a capacidade institucional de reagir e colaborar com
outros setores na prevenção, mitigação e correção dos riscos de moléstias contagiosas através
da proteção do meio ambiente. Deve ser obtido o concurso das pessoas em posição de elaborar
políticas e tomar decisões, mobilizado o apoio das categorias profissionais e da sociedade em
geral, e, ao mesmo tempo, as comunidades devem ser organizadas para o desenvolvimento de
auto-suficiência.
6.18. Além de atender às necessidades sanitárias básicas, é preciso dar ênfase especial à
proteção e educação dos grupos vulneráveis, especialmente crianças, jovens, mulheres,
populações indígenas e os muito pobres, como pré-requisito para o desenvolvimento
sustentável. Também se deve dedicar especial atenção às necessidades de saúde dos idosos e
dos deficientes.
6.20. Jovens. Como bem demonstra a experiência histórica de todos os países, os jovens são
particularmente vulneráveis aos problemas associados ao desenvolvimento econômico, que
freqüentemente debilita as formas tradicionais de apoio social essenciais ao desenvolvimento
saudável dos jovens. A urbanização e alterações nos hábitos sociais acentuaram o abuso de
drogas, a gravidez não desejada e as doenças venéreas, inclusive AIDS. Atualmente mais de
metade do total de pessoas vivas tem menos de 25 anos de idade e quatro em cada cinco vivem
nos países em desenvolvimento. Em decorrência, é importante garantir que a experiência
histórica não se repita.
Objetivos
6.23. Os objetivos gerais de oferecer proteção aos grupos vulneráveis são: garantir que todos os
indivíduos que deles fazem parte tenham oportunidade de desenvolver plenamente seus
potenciais (inclusive um desenvolvimento saudável físico, mental e espiritual); dar aos jovens a
oportunidade de desenvolver, estabelecer e manter vidas saudáveis; permitir que as mulheres
desempenhem seu papel chave na sociedade; e apoiar populações indígenas através de
oportunidades educacionais, econômicas e técnicas.
6.24. Por ocasião da Cúpula Mundial sobre Criança estabeleceram-se importantes metas
voltadas especificamente para a sobrevivência, desenvolvimento e proteção da criança; essas
metas continuam válidas na Agenda 21. As metas de apoio e setoriais incluem: saúde e
educação para a mulher, nutrição, saúde infantil, água e saneamento, educação básica e
crianças em circunstâncias difíceis.
6.25. Os Governos devem adotar medidas ativas para implementar, em regime de urgência, em
harmonia com as condições e sistemas jurídicos específicos de cada país, medidas que
garantam a mulheres e homens o mesmo direito de dedicir livre e responsavelmente sobre o
número de filhos que desejam ter e o espaçamento entre eles; e acesso a informação, educação
e meios, conforme necessário, que os capacitem a exercer esse direito, respeitados sua
liberdade, dignidade e valores pessoais, levando em conta considerações éticas e culturais.
6.26. Os Governos devem adotar medidas ativas para implementar programas que criem e
fortaleçam serviços sanitários preventivos e curativos que incluam um atendimento da saúde
reprodutiva voltado para a mulher, gerenciado por mulheres, seguro e eficaz, e serviços baratos
e acessíveis, condizentes com as necessidades, para o planejamento responsável do tamanho
da família, respeitados a liberdade, a dignidade e os valores pessoais e levando em conta
aspectos éticos e culturais. Os programas devem estar centrados na prestação de serviços
gerais e sanitários que incluam atendimento pré-natal, educação e informação sobre questões
de saúde e sobre paternidade responsável, e devem oferecer a todas as mulheres a
oportunidade de amamentar integralmente seus filhos, pelo menos durante os primeiros quatro
meses depois do parto. Os programas devem dar total apoio aos papéis produtivo e reprodutivo
da mulher, bem como a seu bem-estar, com especial atenção para a necessidade de oferecer
melhor atendimento sanitário a todas as crianças, em condições de igualdade, e para a
necessidade de reduzir o risco de mortalidade e enfermidade maternal e infantil.
Atividades
(i) Reforçar os serviços básicos de atendimento sanitário para crianças no contexto da prestação
de serviços de atendimento primário de saúde que incluam programas de cuidados pré-natais,
amamentação materna, imunização e nutrição;
(ii) Empreender uma campanha ampla de informação para adultos ensinando-os a usar
medicação oral para reidratação em casos de diarréia, a tratar doenças infecciosas das vias
respiratórias e a fazer prevenção de moléstias contagiosas;
(iii) Promover a criação, correção e aplicação de uma estrutura legal para proteger a criança da
exploração sexual e no local de trabalho;
(iv) Proteger as crianças dos efeitos dos compostos tóxicos ambientais e ocupacionais;
(b) Jovens:
Reforçar os serviços voltados para a juventude nos setores sanitário, educacional e social, com
o objetivo de oferecer melhor informação, educação, aconselhamento e tratamento de problemas
específicos de saúde, inclusive abuso de drogas;
(c) Mulheres:
(i) Incluir grupos de mulheres na tomada de decisões nos planos nacional e comunitário, com o
objetivo de identificar riscos para a saúde e incluir as questões sanitárias nos programas de ação
de âmbito nacional voltados para a mulher e o desenvolvimento;
(ii) Oferecer incentivos concretos pra estimular e manter a presença das mulheres de todas as
idades na escola e nos cursos de educação para adultos, inclusive cursos de educação sanitária
e de treinamento para atendimento sanitário primário, no lar e maternal;
Meios de implementação
(a) Financiamento e estimativa de custos
6.29. As instituições educacionais, sanitárias e de pesquisa devem ser fortalecidas para que
adquiram condições de oferecer apoio à melhoria da saúde dos grupos vulneráveis. A pesquisa
social sobre os problemas específicos desses grupos deve ser expandida e, ao mesmo tempo,
explorados métodos para a implementação de soluções pragmáticas flexíveis, com ênfase em
medidas preventivas. Deve ser oferecido apoio técnico aos Governos, instituições e
organizações não-governamentais voltadas para os jovens, mulheres e populações indígenas
na área da saúde.
(d) Capacitação
6.32. Para centenas de milhões de pessoas, as condições de vida sofríveis das zonas urbanas
e periferias urbanas estão destruindo vidas, saúde e valores sociais e morais. O crescimento
urbano deixou para trás a capacidade da sociedade de atender às necessidades humanas,
deixando centenas de milhões de pessoas com rendimentos, dietas, moradia e serviços
inadequados. Além de expor as populações a sérios riscos ambientais, o crescimento urbano
deixou as autoridades municipais e locais sem condições de proporcionar às pessoas os serviços
de saúde ambiental necessários. Com grande freqüência, o desenvolvimento urbano se associa
a efeitos destrutivos sobre o meio ambiente físico e sobre a base de recursos necessária ao
desenvolvimento sustentável. A poluição ambiental das áreas urbanas está associada a níveis
excessivos de insalubridade e mortalidade. Alojamentos inadequados e superpovoados
contribuem para a ocorrência de doenças respiratórias, tuberculose, meningite e outras
enfermidades. Nos meios urbanos, muitos fatores que afetam a saúde humana são externos à
área da saúde. Em decorrência, uma melhor saúde urbana dependerá de uma ação coordenada
entre todos os planos do Governo, prestadores de serviços sanitários, empresas, grupos
religiosos, instituições sociais e educacionais e cidadãos.
Objetivos
6.33. Deve-se melhorar a saúde e o bem-estar de todos os habitantes urbanos para que eles
possam contribuir para o desenvolvimento econômico e social. A meta global é atingir, até o ano
2000, entre 10 e 40 por cento de melhoria nos indicadores de saúde. O mesmo ritmo de melhora
deve ser obtido para os indicadores ambientais, de moradia e de atendimento sanitário. Estes
últimos incluem o desenvolvimento de metas quantitativas para a mortalidade infantil, a
mortalidade decorrente da maternidade, a porcentagem de recém-nascidos com baixo peso e
indicadores específicos (por exemplo tuberculose como indicador de condições de moradia
excessivamente aglomeradas, moléstias diarréicas como indicadores de insuficiência de água e
saneamento, índices de acidentes do trabalho e nos transportes indicando possíveis
oportunidades para a prevenção de lesões, e problemas sociais, como consumo excessivo de
drogas, violência e criminalidade, indicando transtornos sociais subjacentes).
Atividades
(i) Estabelecer ou fortalecer comitês intersetoriais nos planos político e técnico, inclusive com
uma participação ativa baseada em vínculos com as instituições científicas, culturais, religiosas,
médicas, empresariais, sociais e outras instituições municipais, e utilizando uma estrutura "de
rede";
(ii) Adotar ou fortalecer, no plano municipal ou local, "estratégias capacitadoras" que enfatizem
o "fazer com", mais que o "fazer para", e criar ambientes de apoio à saúde;
(iii) Garantir que escolas, locais de trabalho, meios de comunicação de massa, etc., ofereçam,
ou reforcem, o ensino relativo a saúde pública;
(iv) Estimular as comunidades a desenvolver aptidões pessoais e consciência no que diz respeito
a atendimento primário da saúde;
(b) Estudar, quando necessário, a situação vigente nas cidades no que diz respeito à saúde,
sociedade e meio ambiente, inclusive com documentação sobre as diferenças intra-urbanas;
(ii) Oferecer treinamento básico e no emprego para o pessoal novo e o pessoal já existente;
(d) Estabelecer e manter redes urbanas de colaboração e intercâmbio de modelos de boa prática;
Meios de implementação
6.36. Devem ser melhor desenvolvidos e adotados mais amplamente modelos de tomadas de
decisão que permitam avaliar os custos e os impactos sobre a saúde e o meio ambiente de
tecnologias e estratégias alternativas. Em se tratando de desenvolvimento e gerenciamento
urbano, para que haja avanço é preciso melhores estatísticas nacionais e municipais baseadas
em indicadores práticos e padronizados. O desenvolvimento de métodos é uma prioridade para
medir as variações intra-urbanas e intra-distritais da situação sanitária e ambiental, e para a
aplicação dessas informações ao planejamento e ao gerenciamento.
(d) Capacitação
6.39. Em muitos lugares do mundo o meio ambiente geral (ar, água e terra), os locais de trabalho
e mesmo as moradias individuais estão de tal forma poluídos que a saúde de centenas de
milhões de pessoas é afetada negativamente. Isso se deve, entre outras coisas, a alterações
passadas e atuais nos modelos de consumo e produção e estilos de vida, na produção e uso de
energia, na indústria, nos transportes, etc., com pouca ou nenhuma preocupação com a proteção
do meio ambiente. Houve avanços notáveis em alguns países, mas a deterioração do meio
ambiente prossegue. A capacidade dos países de combater a poluição e os problemas de saúde
vê-se muito restringida devido à carência de recursos. Freqüentemente as medidas de controle
da poluição e proteção da saúde não mantêm o ritmo do desenvolvimento econômico. Nos
países recém-industrializados, são consideráveis os riscos para a saúde ambiental derivados do
desenvolvimento. Além disso, a análise recente da OMS estabeleceu claramente a
interdependência entre os fatores de saúde, meio ambiente e desenvolvimento e revelou que
quase todos os países carecem da integração que haveria de conduzir a um mecanismo eficaz
de controle da poluição. 2/ Sem prejuízo dos critérios que a comunidade internacional possa
estabelecer ou das normas que necessariamente deverão ser estabelecidas nacionalmente, será
essencial, em todos os casos, considerar os sistemas de valores predominantes em cada país e
a extensão da aplicabilidade de normas que, embora válidas para a maioria dos países
desenvolvidos, podem ser inadequadas e exigir custos sociais excessivos nos países em
desenvolvimento.
Objetivos
6.40. O objetivo geral consiste em minimizar os riscos e manter o meio ambiente em um nível
que não prejudique ou ameace a saúde e a segurança humanas e ao mesmo tempo estimular a
continuidade do desenvolvimento. Os objetivos específicos do programa são:
(a) Até o ano 2000, incorporar aos programas nacionais de desenvolvimento de todos os países
cláusulas adequadas de proteção ao meio ambiente e à saúde;
(b) Até o ano 2000, estabelecer, quando adequado, infra-estruturas e programas nacionais
adequados para a redução dos danos ao meio ambiente, vigilância dos riscos de que venham a
ocorrer e uma base para sua redução em todos os países;
(c) Até o ano 2000, estabelecer, quando adequado, programas integrados para o combate à
poluição nas fontes e nos locais de eliminação de detritos, com ênfase nas medidas de redução
da poluição em todos os países;
Atividades
(ii) Desenvolver equipamentos para o controle da poluição do ar nas cidades grandes, com
ênfase especial para os programas de observância das normas e utilizando redes de vigilância,
quando proceda;
(ii) Desenvolver equipamentos para o controle da poluição da água nas grandes cidades;
(d) Pesticidas:
(ii) Desenvolver instalações adequadas para a eliminação de lixo sólido nas grandes cidades;
(g) Ruído:
Desenvolver critérios para determinar níveis máximos permitidos de exposição a ruído e incluir
medidas de verificação e controle de ruídos nos programas de saúde ambiental;
(i) Empreender, em regime de urgência, pesquisas sobre os efeitos sobre a saúde humana do
aumento da radiação ultravioleta que atinge a superfície da Terra, como conseqüência da
diminuição da camada estratosférica de ozônio;
(ii) A partir dos resultados dessas pesquisas, considerar a possibilidade de adotar medidas
corretivas adequadas para mitigar os efeitos acima mencionados sobre os seres humanos.
(iii) Estabelecer programas de higiene industrial em todas as indústrias importantes, para controle
da exposição dos operários a riscos para a saúde;
(i) Apoiar o desenvolvimento de novos métodos de avaliação quantitativa dos benefícios para a
saúde e dos custos decorrentes de diferentes estratégias de controle da poluição;
Meios de implementação
6.43. Embora hoje contemos com uma tecnologia capaz de evitar ou reduzir a poluição
relativamente a um grande número de problemas, para o desenvolvimento de programas e
políticas os países devem empreender pesquisas no âmbito de um quadro intersetorial. Tais
esforços devem incluir a colaboração com o setor empresarial. Devem ser desenvolvidos, através
de programas de cooperação internacional, métodos para análise de custo/benefício e avaliação
do impacto ambiental; esses métodos devem ser aplicados à fixação de prioridades e estratégias
no que diz respeito a saúde e desenvolvimento.
6.44. Nas atividades enumeradas no parágrafo 6.41 (a) a (m) acima, os esforços dos países em
desenvolvimento devem ser facilitados através do acesso a tecnologia e transferência de
tecnologia, conhecimento técnico-científico e informação de parte dos detentores desse
conhecimento e dessas tecnologias, em conformidade com o capítulo 34 ("Transferência de
tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e capacitação").
6.45. Devem ser elaboradas estratégias nacionais abrangentes para superar a carência de
recursos humanos qualificados, que é um grande empecilho para a superação dos riscos para a
saúde decorrentes de causas ambientais. Todo o pessoal das áreas sanitária e ambiental, de
todos os níveis, de gerenciadores a inspetores, deve receber treinamento profissional adequado.
É preciso enfatizar mais drasticamente a necessidade de se incluir o tema da saúde ambiental
nos currículos das escolas secundárias e das universidades e de se educar o público.
(d) Capacitação
6.46. Todos os países devem desenvolver o conhecimento e as capacitações práticas para
prever e identificar riscos para a saúde decorrentes do meio ambiente e capacidade para reduzir
esses riscos. Entre os pré-requisitos básicos para essa capacidade incluem-se: conhecimento
sobre problemas de saúde decorrentes do meio ambiente e consciência de sua existência por
parte de líderes, cidadãos e especialistas; mecanismos operacionais de cooperação intersetorial
e intergovernamental no desenvolvimento de planejamento e gerenciamento e no combate à
poluição; dispositivos que envolvam os interesses privados e da comunidade no trato das
questões sociais; delegação de autoridade e distribuição de recursos para os níveis
intermediários e locais do Governo, criando condições de primeira linha para o atendimento das
necessidades sanitárias ligadas ao meio ambiente.
Notas
1/ A/45/625, anexo.
2/ Relatório da Comissão sobre a Saúde e o Meio Ambiente da OMS (Genebra, a ser publicado
em breve).
CAPÍTULO 7
PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
INTRODUÇÃO
7.1. Nos países industrializados, os padrões de consumo das cidades representam uma pressão
muito séria sobre o ecossistema global, ao passo que no mundo em desenvolvimento os
assentamentos humanos necessitam de mais matéria-prima, energia e desenvolvimento
econômico simplesmente para superar seus problemas econômicos e sociais básicos. Em
muitas regiões do mundo, em especial nos países em desenvolvimento, as condições dos
assentamentos humanos vêm se deteriorando, sobretudo em decorrência do baixo volume de
investimentos no setor, imputável às restrições relativas a recursos com que esses países se
deparam em todas as áreas. Nos países de baixa renda sobre os quais há dados recentes,
apenas 5,6 por cento do orçamento do Governo central, em média, foram dedicados a habitação,
lazer, seguridade social e bem-estar social. 1/ Os recursos oriundos de organizações
internacionais de apoio e financiamento são igualmente baixos. Em 1988, por exemplo, apenas
1 por cento do total de gastos do sistema das Nações Unidas financiados por meio de
subvenções foi dedicado aos assentamentos humanos, 2/ enquanto em 1991 verificou-se, que
do total de empréstimos do Banco Mundial e da Associação Internacional para o
Desenvolvimento (IDA), 5,5 por cento foram para o desenvolvimento urbano e 5,4 por cento para
águas e esgotos. 3/
7.2. Por outro lado, as informações disponíveis apontam para o fato de que as atividades de
cooperação técnica no setor de assentamentos humanos geram considerável volume de
investimentos dos setores público e privado. Por exemplo, em 1988 cada dólar do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) gasto com cooperação técnica para
assentamentos humanos gerou um investimento decorrente de $122 dólares, o mais alto dentre
todos os setores assistenciais do PNUD. 4/
7.3. São estes os fundamentos para a "abordagem capacitadora" defendida para o setor dos
assentamentos humanos. O apoio externo contribuirá para a geração dos recursos internos
necessários para melhorar as condições de vida e de trabalho de todas as pessoas até o ano
2000 e além, inclusive do número crescente de desempregados -- o grupo sem-rendimentos. Ao
mesmo tempo, as implicações ambientais do desenvolvimento urbano devem ser reconhecidas
e levadas em consideração de forma integrada por todos os países, atribuindo-se alta prioridade
às necessidades dos pobres de áreas urbanas e rurais, dos desempregados e do número
crescente de pessoas sem qualquer fonte de renda.
7.4. O objetivo geral dos assentamentos humanos é melhorar a qualidade social, econômica e
ambiental dos assentamentos humanos e as condições de vida e de trabalho de todas as
pessoas, em especial dos pobres de áreas urbanas e rurais. Essas melhorias deverão basear-
se em atividades de cooperação técnica, na cooperação entre os setores público, privado e
comunitário, e na participação, no processo de tomada de decisões, de grupos da comunidade
e de grupos com interesses específicos, como mulheres, populações indígenas, idosos e
deficientes. Tais abordagens devem constituir os princípios nucleares das estratégias nacionais
para assentamentos humanos. Ao desenvolver suas estratégias, os países terão necessidade
de estabelecer prioridades dentre as oito áreas programáticas deste capítulo, em conformidade
com seus planos e objetivos nacionais e considerando plenamente suas capacidades sociais e
culturais. Além disso, os países devem tomar as providências condizentes para monitorar o
impacto de suas estratégias sobre os grupos marginalizados e não-representados, com especial
atenção para as necessidades das mulheres.
ÁREAS DE PROGRAMAS
7.6. O acesso a habitação segura e saudável é essencial para o bem-estar físico, psicológico,
social e econômico das pessoas, devendo ser parte fundamental das atividades nacionais e
internacionais. O direito a habitação adequada enquanto direito humano fundamental está
consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais. Apesar disso, estima-se que atualmente pelo menos 1 bilhão
de pessoas não disponham de habitações seguras e saudáveis e que, caso não se tomem as
medidas adequadas, esse total terá aumentado drasticamente até o final do século e além.
7.7. Um importante programa mundial para fazer frente a esse problema é a Estratégia Mundial
para a Habitaçào até o Ano 2000, adotada pela Assembléia Geral em dezembro de 1988
(resolução 43/181, anexa). A despeito desse comprometimento generalizado, a Estratégia exige
um nível muito maior de apoio político e financeiro para poder atingir sua meta de possibilitar
habitação adequada para todos até o final do século e além.
Objetivo
7.8. O objetivo é oferecer habitação adequada a populações em rápido crescimento e aos pobres
atualmente carentes, tanto de áreas rurais como urbanas, por meio de uma abordagem que
possibilite o desenvolvimento e a melhoria de condições de moradia ambientalmente saudáveis.
Atividades
(a) Como primeiro passo rumo à meta de oferecer habitação adequada a todos, todos os países
devem adotar medidas imediatas para oferecer habitação a seus pobres sem teto, ao passo que
a comunidade internacional e as instituições financeiras devem empreender ações voltadas para
apoiar os esforços dos países em desenvolvimento para oferecer habitação aos pobres;
(b) Todos os países devem adotar e/ou fortalecer estratégias nacionais para a área da habitação,
com metas baseadas, quando apropriado, nos princípios e recomendações contidos na
Estratégia Mundial para a Habitação até o Ano 2000. As pessoas devem ser protegidas
legalmente da expulsão injusta de seus lares ou suas terras;
(c) Todos os países devem, quando apropriado, apoiar os esforços voltados para o oferecimento
de habitação aos pobres das áreas urbanas e rurais, bem como aos desempregados e ao grupo
sem rendimentos, por meio da adoção e/ou adaptação de códigos e regulamentações que
facilitem seu acesso à terra, ao financiamento e a materiais de construção de baixo custo e da
promoção ativa da regularização e melhoria das condições de vida em assentamentos informais
e favelas urbanas, como medida conveniente e solução pragmática para o déficit da habitação
urbana;
(d) Todos os países devem, quando apropriado, facilitar o acesso de pobres de áreas urbanas e
rurais à habitação por meio da adoção e utilização de planos de habitação e financiamento e de
novos mecanismos inovadores adaptados a suas circunstâncias;
(i) A cooperação bilateral e multilateral deve ser intensificada para apoiar a implementação das
estratégias nacionais para a área da habitação nos países em desenvolvimento;
(j) Devem ser elaborados e divulgados relatórios bienais sobre o avanço mundial que incluam as
realizações nacionais e as atividades de apoio das organizações internacionais e dos doadores
bilaterais, tal como solicitado na Estratégia Mundial para a Habitação até o Ano 2000.
Meios de implementação
7.11. Os requisitos relativos a esse cabeçalho são examinados em cada uma das outras áreas
de programa incluídas no presente capítulo.
7.13. Na virada do século a maior parte da população mundial estará vivendo em cidades.
Embora os assentamentos humanos, especialmente nos países em desenvolvimento,
apresentem muitos dos sintomas da crise mundial do meio ambiente e do desenvolvimento, isso
não os impede de gerar 60 por cento do produto nacional bruto; caso gerenciados
adequadamente, eles podem desenvolver a capacidade de sustentar sua produtividade,
melhorar as condições de vida de seus habitantes e obter recursos naturais de forma sustentável.
7.14. Algumas áreas metropolitanas estendem-se para além das fronteiras de diversas entidades
políticas e/ou administrativas (condados e municípios), mesmo obedecendo a um sistema urbano
contínuo. Em muitos casos essa heterogeneidade política funciona como obstáculo à
implementação de programas abrangentes de manejo ambiental.
Objetivo
(a) Adotar e aplicar diretrizes de manejo urbano nas áreas de manejo da terra, manejo ambiental
urbano, manejo da infra-estrutura, e administração e finanças no âmbito municipal;
(b) Acelerar os esforços para a redução da pobreza urbana por meio de diversas ações, inclusive:
(i) Gerando emprego para os pobres das áreas urbanas, especialmente as mulheres, por meio
da criação, aperfeiçoamento e manutenção de infra-estrutura e serviços urbanos e do apoio a
atividades econômicas do setor informal, como consertos, reciclagens, serviços e pequeno
comércio;
(ii) Oferecendo assistência específica aos mais pobres dentre os pobres das áreas urbanas por
meio, entre outras coisas, da criação de uma infra-estrutura social capaz de reduzir a fome e a
falta de teto, bem como de oferecer serviços adequados na escala da comunidade;
(i) Reduzindo os subsídios e promovendo a plena recuperação dos gastos com serviços
ambientais e outros serviços de alto nível (por exemplo fornecimento de água, saneamento,
coleta de lixo, rede viária e telecomunicações) oferecidos aos bairros mais abastados;
(ii) Melhorando o nível da infra-estrutura e da prestação de serviços nas áreas urbanas mais
pobres;
(d) Desenvolver estratégias locais para a melhora da qualidade de vida e do meio ambiente,
integrando as decisões relativas ao uso e manejo da terra, investindo nos setores público e
privado e mobilizando recursos humanos e materiais, promovendo dessa forma uma geração de
emprego ambientalmente saudável e protetora da saúde humana.
7.17. Durante o período 1993-2000, todos os países devem empreender, com a participação
ativa do setor empresarial, quando apropriado, projetos-piloto em determinadas cidades para
coleta, análise e posterior divulgação de dados urbanos, inclusive análises sobre o impacto
ambiental nos planos local, estadual/provincial, nacional e internacional, e criar capacitação para
manejo de dados sobre cidades. 5/ As organizações das Nações Unidas, como a Habitat, o
PNUMA e o PNUD poderiam oferecer asessoramento técnico e sistemas modelo de manejo de
dados.
(c) Estímulo ao desenvolvimento de cidades médias
7.18. Com o objetivo de aliviar a pressão exercida sobre as grandes aglomerações urbanas dos
países em desenvolvimento, devem ser implementadas políticas e estratégias que visem ao
desenvolvimento de cidades médias, criando oportunidades de emprego para a mão-de-obra
ociosa nas áreas rurais e apoiando atividades econômicas desenvolvidas em áreas rurais,
embora um manejo urbano saudável seja essencial para que o crescimento urbano não agrave
a degeneração dos recursos em uma área de território cada vez mais ampla nem aumente as
pressões para urbanizar os espaços abertos, as terras cultivadas e os cinturões verdes.
7.19. Em decorrência, todos os países devem, quando apropriado, empreender análises de seus
processos e políticas de urbanização com o objetivo de avaliar os impactos ambientais do
crescimento e de aplicar abordagens de planejamento e manejo urbano especificamente
adequadas às necessidades, disponibilidades de recursos e características de suas cidades
médias em processo de crescimento. Quando apropriado, eles também devem concentrar-se em
atividades destinadas a facilitar a transição do estilo de vida rural para o estilo de vida urbano,
bem como de uma para outra modalidade de assentamento humano, e promover o
desenvolvimento de atividades econômicas em pequena escala, especialmente a produção de
alimentos, para apoiar a geração local de rendas e a produção de bens e serviços intermediários
para as áreas rurais do interior.
(c) Fortalecer a capacidade de seus órgãos locais de Governo para lidar mais eficazmente com
o amplo espectro de desafios do desenvolvimento e do meio ambiente associados a um
crescimento urbano rápido e saudável por meio de abordagens abrangentes do planejamento,
que reconheçam as necessidades individuais das cidades e estejam baseadas em práticas
saudáveis de planejamento urbano;
7.21. As cidades de todos os países devem aumentar a cooperação entre si e as cidades dos
países desenvolvidos, sob a égide de organizações não-governamentais ativas nessa área, tal
como a International Union of Local Authorities (IULA), o International Council for Local
Environmental Initiatives (ICLEI) e a World Federation of Twin Cities.
Meios de implementação
7.27. O acesso aos recursos terrestres é um componente essencial dos estilos de vida
sustentáveis de baixo impacto sobre o meio ambiente. Os recursos terrestres são a base para
os sistemas de vida (humanos) e proporcionam solo, energia, água e possibilidade de realização
para todos os tipos de atividade humana. Em áreas urbanas em rápido crescimento o acesso à
terra é crescentemente dificultado pelas exigências conflitivas da indústria, da habitação, do
comércio, da agricultura, das estruturas de propriedade fundiária e da necessidade de espaços
abertos. Além disso, com a elevação dos custos das terras urbanas os pobres vêem-se
impedidos de ter acesso a terras convenientes. Nas zonas rurais, práticas insustentáveis como
a exploração de terras marginais e a invasão de florestas e áreas ecologicamente frágeis em
decorrência de interesses comerciais e pelas populações rurais sem terra, têm como resultado
a degradação ambiental, bem como uma diminuição do rendimento dos colonos rurais
empobrecidos.
Objetivo
Atividades
(b) Criar, quando apropriado, mercados de terra eficientes e acessíveis, que atendam às
necessidades de desenvolvimento da comunidade mediante, inter alia, o aperfeiçoamento dos
sistemas de registro de terras e a simplificação dos procedimentos em transações territoriais;
(c) Desenvolver incentivos fiscais e medidas de controle do uso da terra, inclusive soluções de
planejamento para o uso da terra, com vistas a um uso mais racional e ambientalmente saudável
de recursos terrestres limitados;
(d) Estimular associações entre os setores público, privado e comunitário no manejo dos recursos
terrestres, com vistas ao desenvolvimento dos assentamentos humanos;
(e) Fortalecer, nos atuais assentamentos urbanos e rurais, práticas de proteção dos recursos
terrestres baseadas na comunidade;
(f) Estabelecer formas adequadas de posse da terra, capazes de assegurar a posse a todos os
usuários da terra, particularmente a populações indígenas, mulheres, comunidades locais,
moradores urbanos de baixa renda e pobres das áreas rurais;
(g) Acelerar os esforços voltados para a promoção do acesso à terra dos pobres das áreas rurais
e urbanas, inclusive com planos de crédito para a compra de terra e para a edificação/aquisição
ou melhoria de habitações seguras e saudáveis, bem como de serviços de infra-estrutura;
(h) Desenvolver e apoiar a implementação de práticas aperfeiçoadas de manejo da terra, que
abranjam as necessidades de terras potencialmente competitivas para agricultura, indústria,
transporte, desenvolvimento urbano, áreas verdes, reservas e outras necessidades vitais;
(i) Promover a compreensão, por parte das pessoas encarregadas de formular políticas, das
conseqüências funestas sobre áreas ambientalmente vulneráveis de assentamentos não-
planejados, e das políticas nacionais e locais mais adequadas no que diz respeito ao uso da terra
e assentamentos necessários para tal fim.
7.31. No plano internacional, a coordenação mundial das atividades de manejo dos recursos
terrestres deve ser fortalecida por meio das diversas agências bilaterais e multilaterais e de
programas como o PNUD, a FAO, o Banco Mundial, os bancos regionais de desenvolvimento,
outras organizações interessadas e o Programa conjunto PNUD/Banco Mundial/Programa de
Manejo Urbano Habitat, devendo-se adotar medidas que promovam a transferência de
experiências aplicáveis sobre práticas sustentáveis de manejo da terra para e entre os países
em desenvolvimento.
Meios de implementação
(c) Quando apropriado, equipar essas agências com equipamento moderno como hardware e
software de computação e equipamento para pesquisa de campo;
7.37. A maioria das atividades cujo manejo teria a ganhar com uma abordagem integrada estão
compreendidas na Agenda 21 como se segue: capítulo 6 ("Proteção e fomento da saúde
humana"), capítulos 9 ("Proteção da atmosfera"), 18 ("Proteção dos recursos de água doce e de
sua qualidade") e 21 ("Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões
relacionadas com os esgotos").
Objetivo
Atividades
7.41. Todos os países devem, quando apropriado, adotar os seguintes princípios para o
estabelecimento de uma infra-estrutura ambiental:
(a) Na medida do possível, adotar políticas que minimizem, quando for impossível evitar, o dano
ambiental;
(b) Certificar-se de que as decisões relevantes sejam precedidas por avaliações do impacto
ambiental e que além disso elas levem em conta os custos das eventuais conseqüências
ecológicas;
(d) Promover políticas voltadas para a recuperação dos custos efetivos dos serviços de infra-
estrutura, reconhecendo ao mesmo tempo a necessidade de encontrar abordagens apropriadas
(inclusive subsídios) para estender os serviços básicos a todos os lares;
(e) Buscar soluções conjuntas para problemas ambientais que afetem diversas localidades.
Meios de implementação
7.44. Os meios científicos e tecnológicos que fazem parte dos programas atualmente existentes
devem ser, sempre que possível, coordenados entre si e devem:
(a) Acelerar a pesquisa na área de políticas integradas dos programas e projetos de infra-
estrutura ambiental baseados em análises de custo/benefício e no impacto geral sobre o meio
ambiente;
(b) Promover métodos de avaliação da "demanda efetiva", utilizando informações sobre meio
ambiente e desenvolvimento como critério para a seleção de tecnologias;
7.45. Com a assistência e o apoio de agências de financiamento, todos os países devem, quando
apropriado, empreender programas de treinamento e participação popular voltados para:
(a) Aumentar a consciência das pessoas quanto a meios, abordagens e benefícios da existência
de instalações de infra-estrutura ambiental, especialmente entre populações indígenas,
mulheres, grupos de baixa renda e pobres;
7.46. A maior parte da energia comercial e não comercial produzida atualmente é utilizada nos -
- e para os -- assentamentos humanos; uma porcentagem substancial dessa energia é utilizada
pelo setor doméstico. Neste momento os países em desenvolvimento defrontam-se com a
necessidade de aumentar sua produção de energia para acelerar o desenvolvimento e elevar o
padrão de vida de suas populações e, ao mesmo tempo, de reduzir tanto os custos da produção
de energia como a poluição associada à energia. Uma maior eficiência no uso da energia, com
o objetivo de reduzir seus efeitos poluidores e promover o uso de fontes renováveis de energia
deve ser uma prioridade em toda ação empreendida para proteger o meio ambiente urbano.
7.48. O transporte responde por cerca de 30 por cento do consumo comercial de energia e por
cerca de 60 por cento do consumo total mundial de petróleo líquido. Nos países em
desenvolvimento, a rápida motorização e a insuficiência de investimentos em planejamento de
transportes urbanos e manejo e infra-estrutura do tráfego estão criando problemas cada vez mais
graves em termos de acidentes e danos, saúde, ruído, congestionamento e perda de
produtividade, semelhantes aos que ocorrem em muitos países desenvolvidos. Todos esses
problemas têm um grave impacto sobre as populações urbanas, especialmente sobre os grupos
de baixa renda e sem rendimentos.
Objetivos
7.49. Os objetivos são ampliar o fornecimento aos assentamentos humanos de uma tecnologia
mais eficiente quanto ao uso da energia, bem como de fontes alternativas/renováveis de energia,
e reduzir os efeitos negativos da produção e do uso da energia sobre a saúde humana e sobre
o meio ambiente.
Atividades
7.50. As principais atividades atinentes a esta área de programas estão incluídas no capítulo 9
("Proteção da atmosfera), área de programas B, subprograma 1 (Desenvolvimento, eficiência e
consumo de energia) e subprograma 2 (Transportes).
(iii) Promover uma ampla dissseminação e comercialização das tecnologias de fontes renováveis
de energia, por meio de medidas adequadas como, entre outras, mecanismos tributários e de
transferência de tecnologia;
(a) Integrar o planejamento de uso da terra e transportes, com vistas a estimular modelos de
desenvolvimento que reduzam a demanda de transportes;
(b) Adotar programas de transportes urbanos que favoreçam transportes públicos com grande
capacidade nos países em que isso for apropriado;
(c) Estimular modos não motorizados de transporte, com a construção de ciclovias e vias para
pedestres seguras nos centros urbanos e suburbanos nos países em que isso for apropriado;
(d) Dedicar especial atenção ao manejo eficaz do tráfego, ao funcionamento eficiente dos
transportes públicos e à manutenção da infra-estrutura de transportes;
(e) Promover o intercâmbio de informação entre os países e os representantes das áreas locais
e metropolitanas;
(f) Reavaliar os atuais modelos de consumo e produção com o objetivo de reduzir o uso de
energia e de recursos nacionais.
Meios de implementação
7.55. Os desastres naturais causam perdas de vida, perturbação das atividades econômicas e
da produtividade urbana, especialmente para os grupos de baixa renda, altamente suscetíveis,
e dano ambiental, como perda de terra fértil de cultivo e contaminação dos recursos hídricos, e
podem provocar grandes reassentamentos populacionais. Ao longo das últimas duas décadas
estima-se que os desastres naturais causaram cerca de 3 milhões de mortes e afetaram 800
milhões de pessoas. As perdas econômicas globais foram estimadas pelo Coordenador das
Nações Unidas para Socorro em Casos de Desastre como sendo da ordem de $30-50 bilhões
de dólares por ano.
7.56. A Assembléia Geral, por meio de sua resolução 44/236, proclamou a década de 1990 como
sendo a Década Internacional para a Redução dos Desastres Naturais. Os objetivos da Década
7/ estão vinculados aos objetivos da presente área de programas.
Objetivo
7.59. Estão previstas três distintas áreas de atividade para esta área de programas, a saber: o
desenvolvimento de uma "cultura da segurança", o planejamento pré-desastres e a reconstrução
pós-desastres.
7.60. Para promover uma "cultura da segurança" em todos os países, especialmente naqueles
que apresentam propensão a desastres, as seguintes atividades devem ser empreendidas:
(a) Efetuar estudos nacionais e locais sobre a natureza e a ocorrência dos desastres naturais;
seu impacto sobre as pessoas e sobre as atividades econômicas; efeitos de edificação e uso da
terra inadequados em áreas propensas a desastres; e vantagens sociais e econômicas de um
adequado planejamento pré-desastres;
(b) Implementar campanhas de conscientização de âmbito nacional e local por meio de todos os
meios disponíveis, traduzindo o conhecimento acima em informações facilmente compreensíveis
pelo público em geral e pelas populações diretamente expostas a riscos;
(c) Fortalecer e/ou desenvolver sistemas de alerta mundiais, regionais, nacionais e locais, para
avisar as pessoas sobre a iminência de desastres;
(d) Identificar, nos planos nacional e internacional, áreas de desastre ambiental provocado pela
indústria e implementar estratégias voltadas para a recuperação dessas áreas por meio, inter
alia, das seguintes atividades:
(c) Apoio aos esforços de Governos nacionais de dar início a planos conjunturais, com a
participação das comunidades afetadas, de reconstrução e reabilitação pós-desastre.
Meios de implementação
7.67. As atividades do setor da construção são vitais para a concretização das metas nacionais
de desenvolvimento sócio-econômico: proporcionar habitação, infra-estrutura e emprego. Ao
mesmo tempo, por meio do esgotamento da base de recursos naturais, da degradação de zonas
ecológicas frágeis, da contaminação química e do uso de materiais de construção nocivos para
a saúde humana, elas podem ser uma fonte importante de danos ambientais.
Objetivos
7.68. Os objetivos são, em primeiro lugar, adotar políticas e tecnologias e sobre elas trocar
informações, para desse modo permitir que o setor da construção atenda às metas de
desenvolvimento dos assentamentos humanos e ao mesmo tempo evite efeitos colaterais
daninhos para a saúde humana e a biosfera e, em segundo lugar, aumentar a capacidade de
geração de empregos do setor da construção. Os Governos devem trabalhar em colaboração
estreita com o setor privado na concretização desses objetivos.
Atividades
7.69. Todos os países devem, quando apropriado e em conformidade com planos, objetivos e
prioridades nacionais:
(a) Estabelecer e fortalecer uma indústria autóctone de materiais de construção, baseada, tanto
quanto possível, na oferta local de recursos naturais;
(b) Formular programas para aumentar a utilização de materiais locais pelo setor da construção
por meio da expansão do apoio técnico e dos planos de incentivo para aumentar a capacidade
e a viabilidade econômica das empresas informais e de pequeno porte que fazem uso desses
materiais e de técnicas tradicionais de construção;
(c) Adotar normas e outras medidas regulamentadoras que promovam um uso mais intenso de
projetos e tecnologias que façam uso da energia de forma eficiente e que utilizem os recursos
naturais de forma sustentável e adequadamente, tanto do ponto de vista econômico como
ambiental;
(d) Formular políticas adequadas para o uso da terra e introduzir uma regulamentação para o
planejamento especialmente voltada para proteger regiões ecologicamente sensíveis dos danos
físicos causados pela construção e por atividades relacionadas à construção;
(e) Promover o uso de tecnologias de construção e manutenção que façam uso intensivo da
mão-de-obra, gerando emprego no setor da construção para a força de trabalho subempregada
que se encontra na maioria das grandes cidades e promovendo, ao mesmo tempo, o
desenvolvimento de proficiência no setor da construção;
(f) Desenvolver políticas e práticas que atinjam o setor informal e os construtores de casas que
trabalham em regime de mutirão, por meio da adoção de medidas que aumentem a viabilidade
econômica dos materiais de construção para os pobres das áreas urbanas e rurais, mediante,
inter alia, planos de crédito e compras a granel de materiais de construção para posterior venda
a construtores em pequena escala e comunidades.
(a) Promover o livre intercâmbio de informações sobre todos os aspectos ambientais e sanitários
da construção, inclusive o desenvolvimento e disseminação de bancos de dados sobre os efeitos
ambientais adversos dos materiais de construção, por meio do esforço de colaboração dos
setores público e privado;
(c) Promover o uso de instrumentos econômicos, como taxas sobre os produtos, que
desestimulem o uso de materiais e produtos de construção que criem poluição durante seu ciclo
vital;
Meios de implementação
7.73. Programas gerais de ensino devem ser desenolvidos em todos os países, quando
adequado, para aumentar a consciência dos construtores acerca das tecnologias sustentáveis
disponíveis.
7.75. A maioria dos países, além de carecerem de conhecimentos especializados nas áreas de
habitação, manejo de assentamentos, manejo da terra, infra-estrutura, construção, energia,
transportes, planejamento pré-desastres e reconstrução pós-desastres, enfrenta três carências
intersetoriais relativas ao desenvolvimento dos recursos humanos e à capacitação institucional
e técnica. A primeira é a ausência de um ambiente propício à introdução de políticas de
integração dos recursos e atividades do setor público, do setor privado e da comunidade -- ou
setor social; a segunda é a carência de instituições especializadas de treinamento e pesquisa; e
a terceira é a insuficiência da capacidade de treinamento e assistência técnica para as
comunidades de baixa renda, tanto urbanas como rurais.
Objetivo
Atividades
7.77. Em cada uma das áreas de programas deste capítulo incluíram-se atividades específicas
de desenvolvimento dos recursos humanos e da capacitação institucional e técnica. Não
obstante, de um modo mais global, devem ser tomadas medidas suplementares para reforçar
essas atividades. Para tanto, todos os países, quando apropriado, devem tomar as seguintes
providências:
(b) Criar um ambiente favorável à introdução de políticas de apoio à associação entre os setores
público e privado e a comunidade;
(iii) A promoção de pesquisas sobre programas relativos à mulher e outros grupos, e a avaliação
dos avanços feitos com vistas à identificação de pontos de estrangulamento e necessidade de
assistência;
(e) Promover a inclusão do manejo integrado do meio ambiente nas atividades gerais dos
Governos locais.
Meios de implementação
Notas
1/ Não há cifras globais para os gastos internos nem para o apoio oficial ao desenvolvimento no
que diz respeito a assentamentos humanos. No entanto, os dados disponíveis no Relatório sobre
o Desenvolvimento Mundial, 1991, para 16 países em desenvolvimento de baixa renda, mostram
que a porcentagem de gastos do Governo central com habitação, lazer e seguridade e bem-estar
social para 1989 era, em média, de 5,6 por cento, com uma alta de 15,1 por cento no caso do
Sri Lanka, que implantou um enérgico programa para a habitação. Nos países industrializados
da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos, no mesmo ano, a porcentagem
de gastos do Governo central com habitação, lazer e seguridade e bem-estar social ia de um
mínimo de 29,3 por cento a um máximo de 49,4 por cento, com uma média de 39 por cento
(Banco Mundial, Relatóprio sobre o Desenvolvimento Mundial, 1991, Indicadores de
desenvolvimento mundial, tabela 11 (Washington, D.C., 1991)).
2/ Ver o relatório do Diretor Geral de Desenvolvimento e Cooperação Econômica Internacional,
que contém dados estatísticos preliminares sobre as atividades operacionais do sistema das
Nações Unidas para 1988 (A/44/324-E/1989/106/Add.4, anexo).
5/ Um programa piloto desse tipo, o Programa de Dados sobre Cidades, já funciona no Centro
das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (Habitat), tendo por objetivo a produção e
disseminação para as cidades participantes de software com aplicação em micro-computadores
destinado a armazenar, processar e recuperar dados sobre as cidades para fins de intercâmbio
e disseminação local, nacional e internacional.
6/ Para isso necessita-se de políticas integradas de manejo dos recursos terrestres, também
examinadas no capítulo 10 da Agenda 21 ("Abordagem integrada do planejamento e do manejo
dos recursos terrestres").
(a) Melhorar a capacidade de cada país de mitigar os efeitos dos desastres naturais com rapidez
e eficiência, dedicando especial atenção à assistência aos países em desenvolvimento na
avaliação dos prejuízos potenciais em caso de desastre e no estabelecimento de sistemas de
pronto alerta e de estruturas resistentes a desastres quando e onde necessário;
(b) Formular diretrizes e estratégias apropriadas para a aplicação dos conhecimentos científicos
e técnicos existentes, levando em conta as diferenças culturais e econômicas entre as nações;
(c) Promover iniciativas científicas e da área da engenharia com o objetivo de preencher lacunas
críticas nos conhecimentos e assim reduzir a perda de vidas e bens;
(d) Difundir as informações técnicas disponíveis e as que venham a surgir no campo de medidas
que permitam avaliar, prever e mitigar os desastres naturais;
(e) Desenvolver medidas que permitam avaliar, prever, prevenir e mitigar os desastres naturais
por meio de programas de assistência técnica e transferência de tecnologia, projetos de
demonstração e atividades de ensino e treinamento; tais medidas devem referir-se a desastres
e localizações específicos e avaliar a eficácia desses programas.
CAPÍTULO 8
INTRODUÇÃO
ÁREAS DE PROGRAMAS
8.2. Os sistemas de tomada de decisão vigentes em muitos países tendem a separar os fatores
econômicos, sociais e ambientais nos planos político, de planejamento e de manejo. Esse fato
influencia as ações de todos os grupos da sociedade, inclusive Governos, indústria e indivíduos,
e tem importantes implicações no que diz respeito à eficiência e sustentabilidade do
desenvolvimento. Talvez seja necessário fazer um ajuste ou mesmo uma reformulação drástica
do processo de tomada de decisões, à luz das condições específicas de cada país, caso se
deseje colocar o meio ambiente e o desenvolvimento no centro das tomadas de decisões
políticas e econômicas -- na prática determinando uma integração plena entre esses fatores. Nos
últimos anos, alguns Governos também começaram a fazer mudanças significativas nas
estruturas institucionais governamentais que permitam uma consideração mais sistemática do
meio ambiente no momento em que se tomam decisões de caráter econômico, social, fiscal,
energético, agrícola, da área dos transportes e do comércio e outras políticas, bem como das
implicações decorrentes das políticas adotadas nessas áreas para o meio ambiente. Também
estão sendo desenvolvidas novas formas de diálogo para a obtenção de melhor integração entre
os Governos nacional e local, a indústria, a ciência, os grupos ligados a assuntos ecológicos e o
público no processo de desenvolvimento de abordagens eficazes para as questões de meio
ambiente e desenvolvimento. A responsabilidade pela concretização de mudanças cabe aos
Governos, em associação com o setor privado e as autoridades locais e em colaboração com
organizações nacionais, regionais e internacionais, inclusive, especialmente, o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o PNUD e o Banco Mundial. O intercâmbio de
experiência entre os países também pode ser significativo. Planos, metas e objetivos nacionais,
normas, regulamentações e leis nacionais, e a situação específica em que se encontram os
diferentes países são a moldura ampla em que tem lugar essa integração. Nesse contexto, é
preciso ter em mente que as normas ambientais, caso aplicadas uniformemente nos países em
desenvolvimento, podem significar custos econômicos e sociais de vulto.
Objetivos
(a) Realizar um exame nacional das políticas, estratégias e planos econômicos, setoriais e
ambientais, para efetivar uma integração gradual entre as questões de meio ambiente e
desenvolvimento;
(b) Fortalecer as estruturas institucionais para permitir uma integração plena entre as questões
relativas a meio ambiente e desenvolvimento, em todos os níveis do processo de tomada de
decisões;
(c) Criar ou melhorar mecanismos que facilitem a participação, em todos os níveis do processo
de tomada de decisões, dos indivíduos, grupos e organizações interessados;
Atividades
(b) Adotar uma estrutura política formulada internamente que reflita uma perspectiva a longo
prazo e uma abordagem intersetorial como base para as decisões, levando em conta os vínculos
existentes entre as diversas questões políticas, econômicas, sociais e ambientais envolvidas no
processo de desenvolvimento;
(c) Estabelecer meios e maneiras determinados internamente para garantir a coerência entre os
planos, políticas e instrumentos das políticas setoriais, econômicas, sociais e ambientais,
inclusive as medidas fiscais e o orçamento; esses mecanismos devem corresponder a diversos
níveis e unir os interessados no processo de desenvolvimento
(e) Estabelecer transparência e confiabilidade quanto às implicações para o meio ambiente das
políticas econômicas e setoriais;
(f) Assegurar o acesso do público às informações pertinentes, facilitando a recepção das opiniões
do público e abrindo espaço para sua participação efetiva.
8.5. Em apoio a uma abordagem mais integrada do processo de tomada de decisões, talvez seja
necessário aperfeiçoar os sistemas de dados e os métodos analíticos usados para fundamentar
tais processos de tomada de decisão. Os Governos, em colaboração, quando apropriado, com
organizações nacionais e internacionais, devem fazer um diagnóstico de seus sistemas de
planejamento e manejo e, quando necessário, modificar e fortalecer os procedimentos de modo
a facilitar a consideração integrada das questões sociais, econômicas e ambientais. Os países
irão determinar suas próprias prioridades, em conformidade com seus planos, políticas e
programas nacionais, para as seguintes atividades:
(b) Adotar procedimentos analíticos abrangentes para a avaliação prévia e simultânea das
conseqüências das decisões, inclusive para as esferas econômica, social e ambiental e os
vínculos entre essas esferas; esses procedimentos devem ir além do plano do projeto para
chegar às políticas e programas; a análise também deve incluir uma avaliação de custos,
benefícios e riscos;
(d) Adotar sistemas integrados de manejo, em especial para o manejo dos recursos naturais;
devem-se estudar os métodos tradicionais ou indígenas e considerar a possibilidade de adotá-
los sempre que se tenham mostrado eficazes; os papéis tradicionais da mulher não devem ser
marginalizados como resultado da introdução de novos sistemas de manejo;
(d) Adoção de uma estratégia nacional que tenha como meta o desenvolvimento sustentável
Meios de implementação
Objetivos
8.16. O objetivo geral é promover, à luz das condições específicas de cada país, a integração
entre as políticas de meio ambiente e desenvolvimento por meio da formulação de leis,
regulamentos, instrumentos e mecanismos coercitivos adequados a nível nacional, estadual,
provincial e local. Reconhecendo-se que os países irão desenvolver suas próprias prioridades,
em conformidade com suas necessidades e planos, políticas e programas nacionais e, quando
apropriado, regionais, propõem-se os seguintes objetivos:
(a) Disseminar informações sobre inovações legais e regulamentadoras eficazes na área de meio
ambiente e desenvolvimento, inclusive instrumentos coercitivos e incentivos para a observância,
com vistas a estimular seu uso e adoção mais amplos a nível nacional, estadual, provincial e
local;
(b) Prestar assistência aos países que o solicitem, em seus esforços nacionais para modernizar
e fortalecer a estrutura legal e política do Governo com vistas a um desenvolvimento sustentável,
levando em devida consideração os valores sociais e infra-estruturas locais;
Atividades
(e) Elaboração de programas nacionais eficazes para a análise e a observância de leis nacionais,
estaduais, provinciais e locais que incidam sobre meio ambiente e desenvolvimento
8.21. Cada país deve desenvolver estratégias integradas para maximizar a observância de suas
leis e regulamentações relativas a desenvolvimento sustentável, com o apoio das organizações
internacionais e de outros países, conforme apropriado. As estratégias podem incluir:
(a) Leis, regulamentos e normas aplicáveis e eficazes, que se apóiem em princípios econômicos,
sociais e ambientais saudáveis e em uma avaliação adequada dos riscos, incorporando as
sanções destinadas a punir violações, obter compensação e impedir violações futuras;
(c) Capacidade institucional para coletar dados sobre a observância, examinar regularmente a
observância, detectar violações, estabelecer as prioridades das medidas coercitivas, aplicar
eficazmente essas medidas e realizar análises periódicas da eficácia dos programas de
observância e coerção;
Meios de implementação
8.26. Uma parte importante do programa deve ser orientada para o aperfeiçoamento das
capacidades jurídico-institucionais dos países, para fazer frente aos problemas nacionais de
governança e promulgação e aplicação de leis nas áreas do meio ambiente e do
desenvolvimento sustentável. Poder-se-iam designar e apoiar centros regionais de excelência
que permitissem o estabelecimento de bancos de dados especializadas e serviços de
treinamento para diversos grupos lingüístico/culturais de distintos sistemas jurídicos.
8.27. As leis e regulamentações ambientais são importantes mas não podem por si sós pretender
resolver todos os problemas relativos a meio ambiente e desenvolvimento. Preços, mercados e
políticas fiscais e econômicas governamentais também desempenham um papel complementar
na determinação de atitudes e comportamentos em relação ao meio ambiente.
8.28. Durante os últimos anos, muitos Governos, sobretudo nos países industrializados mas
também nas Europas Central e do Leste e nos países em desenvolvimento, vêm fazendo um
uso cada vez mais intenso de abordagens econômicas, inclusive as voltadas para o mercado.
Entre os exemplos está o princípio do "poluiu-pagou" e o conceito mais recente, do "utilizou
recursos naturais-pagou".
8.30. O que se necessita é um esforço adequado para explorar e tornar mais eficaz e
disseminado o uso das abordagens econômicas e orientadas para o mercado, dentro de uma
estrutura ampla de políticas, leis e regulamentações voltadas para o desenvolvimento e
adaptadas às condições específicas dos países, como parte de uma transição generalizada para
políticas econômicas e ambientais que se apóiem e reforcem reciprocamente.
Objetivos
8.31. Reconhecendo que os países irão desenvolver suas próprias prioridades, em conformidade
com suas necessidades e planos, políticas e programas nacionais, o desafio é realizar um
progresso significativo nos anos vindouros para atingir três objetivos fundamentais:
(b) Avançar mais para a integração dos custos sociais e ambientais às atividades econômicas,
de modo que os preços reflitam adequadamente a relativa escassez e o valor total dos recursos
e contribuam para evitar a degradação ambiental;
Atividades
8.32. Os Governos devem considerar, a curto prazo, o acúmulo gradual de experiência com
instrumentos econômicos e mecanismos de mercado tratando de reorientar suas políticas,
levando em conta planos, prioridades e objetivos nacionais, a fim de:
(c) Reformar ou reformular as atuais estruturas de incentivos econômicos e fiscais para atingir
os objetivos do meio ambiente e do desenvolvimento;
(d) Estabelecer uma estrutura política que estimule a criação de novos mercados na luta contra
a poluição e no manejo ambientalmente mais saudável dos recursos;
(e) Avançar para uma política de preços coerente com os objetivos do desenvolvimento
sustentável.
(b) Consideração das circunstâncias específicas dos países em desenvolvimento e dos países
com economias em transição
8.34. Um esforço especial deve ser feito para desenvolver aplicações do uso dos instrumentos
econômicos e dos mecanismos de mercado voltadas para as necessidades específicas dos
países em desenvolvimento e dos países com economias em transição, com a assistência de
organizações ambientais e econômicas regionais e internacionais e, conforme apropriado,
institutos de pesquisa não governamentais, das seguintes maneiras:
(a) Oferecendo apoio técnico a esses países sobre questões relativas à aplicação de
instrumentos econômicos e mecanismos de mercado;
(c) Criação de um inventário das utilizações eficazes dos instrumentos econômicos e dos
mecanismos de mercado
8.36. Os Governos devem estimular a pesquisa e a análise dos usos eficazes dos instrumentos
e incentivos econômicos, com o auxílio e o apoio de organizações econômicas e ambientais
regionais e internacionais, bem como de institutos de pesquisa não-governamentais, centrando-
se em questões chave como:
(a) O papel dos impostos ambientais adaptados às situações nacionais;
8.37. As vantagens teóricas da adoção de uma política de fixação de preços, quando apropriado,
precisam ser melhor entendidas e complementadas por uma maior compreensão do sentido de
se tomarem medidas concretas nessa direção. Em decorrência deve-se começar a estudar, em
cooperação com o comércio, a indústria, grandes empresas e corporações transnacionais, bem
como com outros grupos sociais, conforme apropriado, tanto no plano nacional como no plano
internacional:
(a) As implicações práticas de rumar para uma política de fixação de preços que incorpore os
custos ambientais pertinentes, com o objetivo de contribuir para a concretização dos objetivos
do desenvolvimento sustentável;
(b) As implicações para a fixação de preços de matérias-primas nos casos dos países
exportadores de matéria-prima, inclusive as implicações de tal política de fixação de preços para
os países em desenvolvimento;
(a) Estímulo às instituições de ensino superior para que examinem seus currículos e fortaleçam
os estudos na área da economia do desenvolvimento sustentável;
Meios de implementação
8.39. Este programa envolve ajustes ou reorientação das políticas por parte dos Governos.
Também envolve as organizações e agências econômicas e ambientais internacionais e
regionais com experiência na área, inclusive as corporações transnacionais.
Objetivos
Atividades
(b) Em colaboração com outras organizações pertinentes das Nações Unidas, continuar
desenvolvendo, testando e aperfeiçoando, para depois padronizar, os conceitos e métodos
adotados provisoriamente, tal como os sugeridos pelo Manual do Sistema de Contas Nacionais,
mantendo os Estados membros informados, ao longo do processo, acerca do ponto em que se
encontra o trabalho;
8.45. No plano nacional, o programa poderia ser adotado principalmente pelas agências que se
ocupam das contas nacionais, em estreita cooperação com os departamentos encarregados das
estatísticas ambientais e dos recursos naturais, com vistas a assessorar os analistas econômicos
nacionais e os responsáveis pela tomada de decisões encarregados do planejamento econômico
nacional. As instituições nacionais devem desempenhar um papel fundamental, não apenas na
qualidade de depositárias do sistema, mas também em sua adaptação, estabelecimento e uso
continuado. O trabalho produtivo não remunerado, como o trabalho doméstico e o atendimento
das crianças, devem ser incluídos, quando apropriado, em contas satélites nacionais e
estatísticas econômicas. Um primeiro passo no processo de desenvolvimento dessas contas
satélites poderia ser a realização de análises sobre a utilização do tempo.
8.47. Os Governos devem procurar identificar e considerar medidas corretivas das distorções de
preços decorrentes de programas ambientais que digam respeito a terra, água, energia e outros
recursos naturais.
(a) Ofereçam informações ambientais pertinentes por meio de relatórios claros a acionistas,
credores, empregados, autoridades governamentais, consumidores e o público em geral;
Meios de implementação
8.52. Para garantir a aplicação dos Sistemas de Contabilidade Ambiental e Econômica Integrada:
(a) As instituições nacionais dos países em desenvolvimento devem ser fortalecidas, para que
se obtenha uma efetiva integração entre meio ambiente e desenvolvimento no nível do
planejamento e da tomada de decisões;
(b) O Serviço de Estatística deve proporcionar o necessário apoio técnico aos Estados membros,
mantendo contato estreito com o processo de avaliação a ser desencadeado pela Comissão de
Estatística; o Serviço de Estatística deve oferecer apoio técnico adequado para a criação de
Sistemas de Contabilidade Ambiental e Econômica Integrada, em colaboração comas agências
pertinentes das Nações Unidas.
8.54. Os Governos, com o apoio da comunidade internacional, devem fortalecer sua capacidade
institucional nacional de coletar, armazenar, organizar, avaliar e utilizar dados na tomada de
decisões. Será necessário treinar o pessoal de todas as áreas relacionadas ao estabelecimento
dos Sistemas de Contabilidade Ambiental e Econômica Integrada, em todos os níveis,
especialmente nos países em desenvolvimento. Tal treinamento deve incluir o treinamento
técnico das pessoas envolvidas com a análise econômica e ambiental, a coleta de dados e a
contabilidade nacional, bem como o treinamento dos responsáveis pela tomada de decisões,
para que estes utilizem tais informações de forma pragmática e adequada.
CAPÍTULO 9
PROTEÇÃO DA ATMOSFERA
INTRODUÇÃO
9.2. Reconhece-se que muitas das questões discutidas neste capítulo também são objeto de
acordos internacionais como a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, de
1985; o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, de 1987,
em sua forma emendada; a Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, de 1992; e outros
instrumentos internacionais, inclusive regionais. No caso das atividades cobertas por tais
acordos, fica entendido que as recomendações contidas neste capítulo não obrigam qualquer
Governo a tomar medidas que superem o disposto naqueles instrumentos legais. Não obstante,
no que diz respeito a este capítulo, os Governos estão livres para aplicar medidas adicionais
compatíveis com aqueles instrumentos legais.
9.3. Também se reconhece que as atividades que possam ser empreendidas em prol dos
objetivos deste capítulo devem ser coordenadas com o desenvolvimento social e econômico de
forma integrada, com vistas a evitar impactos adversos sobre este último, levando plenamente
em conta as legítimas necessidades prioritárias dos países em desenvolvimento para a
promoção do crescimento econômico sustentado e a erradicação da pobreza.
9.4. Nesse contexto, também é necessário fazer referência especial à Área de Programas A do
Capítulo 2 da Agenda 21 ("Promoção do desenvolvimento sustentável por meio do comércio").
(a) Consideração das incertezas: aperfeiçoamento da base científica para a tomada de decisões;
ii. Transportes;
ÁREAS DE PROGRAMAS
Objetivos
9.7. O objetivo básico desta área de programas é melhorar a compreensão dos processos que
afetam a atmosfera da Terra em escala mundial, regional e local e são afetados por ela, incluindo-
se, inter alia, os processos físicos, químicos, geológicos, biológicos, oceânicos, hidrológicos,
econômicos e sociais; aumentar a capacidade e intensificar a cooperação internacional; e
melhorar a compreensão das conseqüências econômicas e sociais das mudanças atmosféricas
e das medidas de mitigação e resposta adotadas com relação a essas mudanças.
Atividades
9.8. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos organismos competentes das
Nações Unidas e das organizações intergovernamentais e não-governamentais, conforme
apropriado, juntamente com o setor privado, devem;
(a) Promover pesquisas relacionadas aos processos naturais que afetam a atmosfera e são
afetados por ela, bem como aos elos básicos entre desenvolvimento sustentável e mudanças
atmosféricas, inclusive suas conseqüências para a saúde humana, ecossistemas, setores
econômicos e sociedade.
(b) Assegurar uma cobertura geográfica mais equilibrada do Sistema Mundial de Observação do
Clima e de seus componentes, inclusive da Vigilância da Atmosfera Global, facilitando, inter alia,
o estabelecimento e funcionamento de estações adicionais de observação sistemática e
contribuindo para o desenvolvimento, utilização e acessibilidade desses bancos de dados;
9.9. A energia é essencial para o desenvolvimento social e econômico e para uma melhor
qualidade de vida. Boa parte da energia mundial, porém, é hoje produzida e consumida de
maneiras que não poderiam ser sustentadas caso a tecnologia permanecesse constante e as
quantidades globais aumentassem substancialmente. A necessidade de controlar as emissões
atmosféricas de gases que provocam o efeito estufa e de outros gases e substâncias deverá
basear-se cada vez mais na eficiência, produção, transmissão, distribuição e consumo da
energia, e em uma dependência cada vez maior de sistemas energéticos ambientalmente
saudáveis, sobretudo de fontes de energia novas e renováveis. 1/ Todas as fontes de energia
deverão ser usadas de maneira a respeitar a atmosfera, a saúde humana e o meio ambiente
como um todo.
Objetivos
9.11. O objetivo básico e último desta área de programas é reduzir os efeitos adversos do setor
da energia sobre a atmosfera mediante a promoção de políticas ou programas, conforme
apropriado, para aumentar a contribuição dos sistemas energéticos ambientalmente seguros e
saudáveis e com uma relação eficaz de custo e efeito, particularmente os novos e renováveis,
por meio da produção, transmissão, distribuição e uso da energia menos poluente e mais
eficiente. Esse objetivo deve refletir a necessidade de eqüidade, de um abastecimento adequado
de energia e do aumento do consumo de energia por parte dos países em desenvolvimento, e a
necessidade de levar-se em consideração a situação dos países altamente dependentes da
renda gerada pela produção, processamento e exportação e/ou consumo de combustíveis
fósseis e dos produtos a eles relacionados, que utilizam energia de modo intensivo, e/ou o uso
de combustíveis fósseis de substituição muito difícil por fontes alternativas de energia, e a
situação dos países altamente vulneráveis aos efeitos adversos das mudanças do clima.
Atividades
9.12. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos organismos pertinentes das
Nações Unidas e, conforme apropriado, de organizações intergovernamentais e não-
governamentais, bem como do setor privado, devem:
(f) Analisar as diversas fontes atuais de abastecimento de energia para determinar como
aumentar, de forma economicamente eficiente, a contribuição conjunta dos sistemas energéticos
ambientalmente saudáveis, levando em conta as características únicas do ponto de vista social,
físico, econômico e político de cada país, e examinando e implementando, quando apropriado,
medidas para superar toda e qualquer barreira a seu desenvolvimento e uso;
(g) Coordenar regionalmente e sub-regionalmente, quando aplicável, os planos energéticos, e
estudar a viabilidade de se fazer uma distribuição eficiente de energia ambientalmente saudável,
oriunda de fontes de energia novas e renováveis;
(k) Fomentar a execução, nos planos local, nacional, sub-regional e regional, de programas de
ensino e tomada de consciência sobre o uso eficiente da energia e sobre sistemas energéticos
ambientalmente saudáveis;
2. Transportes
9.13. O setor dos transportes tem papel essencial e positivo a desempenhar no desenvolvimento
econômico e social, e as necessidades de transporte sem dúvida irão aumentar. No entanto,
visto que o setor dos transportes também é fonte de emissões atmosféricas, é necessário que
se faça uma análise dos sistemas de transporte existentes atualmente e que se obtenha projetos
e gerenciamento mais eficazes dos sistemas de trânsito e transportes.
Objetivos
9.14. O objetivo básico desta área de programas é elaborar e promover políticas ou programas,
conforme apropriado, eficazes no que diz respeito à relação custo/benefício, para limitar, reduzir
ou controlar, conforme apropriado, as emissões nocivas para a atmosfera e outros efeitos
ambientais adversos do setor dos transportes, levando em conta as prioridades do
desenvolvimento, bem como as circunstâncias específicas locais e nacionais e aspectos de
segurança.
Atividades
9.15. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos organismos competentes das
Nações Unidas e, conforme apropriado, das organizações intergovernamentais e não-
governamentais, bem como do setor privado, devem:
(a) Desenvolver e promover, conforme apropriado, sistemas de transporte eficazes, no que diz
respeito à relação custo/benefício, mais eficientes, menos poluentes e mais seguros,
especialmente sistemas de transporte coletivo integrado rural e urbano, bem como redes viárias
ambientalmente saudáveis, levando em conta as necessidades de estabelecer prioridades
sociais, econômicas e de desenvolvimento sustentáveis, especialmente nos países em
desenvolvimento;
(b) Facilitar, nos planos internacional, regional, sub-regional e nacional, o acesso a tecnologias
de transporte seguras, eficientes -- inclusive quanto ao uso de recursos -- e menos poluentes,
bem como a transferência dessas tecnologias, especialmente para os países em
desenvolvimento, juntamente com a implementação de programas adequados de treinamento;
(c) Fortalecer, conforme apropriado, seus esforços para coletar, analisar e estabelecer
intercâmbio de informações pertinentes sobre a relação entre meio ambiente e transportes, com
ênfase especial para a observação sistemática das emissões e o desenvolvimento de um banco
de dados sobre transportes;
(f) Estudar, no âmbito das Nações Unidas e de suas comissões econômicas regionais, a
viabilidade de convocar conferências regionais sobre transportes e meio ambiente.
3. Desenvolvimento industrial
9.16. A indústria é essencial para a produção de bens e serviços e é fonte importante de emprego
e renda, e o desenvolvimento industrial enquanto tal é essencial para o crescimento econômico.
Ao mesmo tempo, a indústria é um dos principais usuários de recursos e matérias-primas e,
conseqüentemente, as atividades industriais resultam em emissões para a atmosfera e o meio
ambiente como um todo. A proteção da atmosfera pode ser fortalecida, inter alia, por meio de
um aumento da eficiência dos recursos e matérias-primas na indústria, com a instalação ou o
aperfeiçoamento das tecnologias de redução da poluição e a substituição dos compostos
clorofluorcarbonados (CFCs) e outras substâncias que destroem o ozônio por substâncias
apropriadas, e ainda por meio da redução de resíduos e subprodutos.
Objetivos
9.17. O objetivo básico desta área de programas é estimular o desenvolvimento industrial por
meio de formas que minimizem os impactos adversos sobre a atmosfera, inter alia aumentando
a eficiência na produção e no consumo, pela indústria, de todos os recursos e matérias-primas,
aperfeiçoando as tecnologias de redução de poluição e desenvolvendo novas tecnologias
ambientalmente saudáveis.
Atividades
9.18. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos organismos pertinentes das
Nações Unidas e, conforme apropriado, das organizações intergovernamentais e não-
governamentais, bem como do setor privado, devem:
(d) Desenvolver, melhorar e aplicar métodos de avaliação de impacto ambiental com o objetivo
de fomentar o desenvolvimento industrial sustentável;
(e) Promover o uso eficaz de matérias-primas e recursos, levando em conta os ciclos vitais dos
produtos, para colher os benefícios econômicos e ambientais de usar recursos com mais
eficiência e com menos resíduos;
(f) Apoiar a promoção, nas indústrias, de tecnologias e processos menos poluentes e mais
eficientes, levando em conta a disponibilidade potencial de fontes de energia específicas de cada
área, especialmente as seguras e renováveis, com vistas a limitar a poluição industrial e os
impactos adversos sobre a atmosfera.
9.19. As políticas relativas ao uso da terra e aos recursos terão influência sobre as mudanças na
atmosfera e serão afetadas por elas. Certas práticas associadas aos recursos terrestres e
marinhos e ao uso da terra podem reduzir os sumidouros de gases de efeito estufa e aumentar
as emissões atmosféricas. A perda da diversidade biológica pode reduzir a resistência dos
ecossistemas às variações climáticas e aos danos decorrentes da poluição do ar. As mudanças
atmosféricas podem ter conseqüências importantes sobre as florestas, a diversidade biológica e
os ecossistemas de água doce e marinhos, bem como sobre as atividades econômicas, como a
agricultura. É comum os objetivos das políticas diferirem para os diferentes setores; nesses
casos, será preciso tratá-los de forma integrada.
Objetivos
i. Reduzir a poluição atmosférica e/ou limitar as emissões antrópicas dos gases que provocam o
efeito estufa.
(b) Garantir que as mudanças atmosféricas reais e potenciais e seus impactos sócio-econômicos
e ecológicos sejam completamente levados em conta no planejamento e implementação de
políticas e programas que digam respeito à utilização de recursos terrestres e marinhos e a
práticas de uso da terra.
Atividades
9.21. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos organismos pertinentes das
Nações Unidas e, conforme apropriado, das organizações intergovernamentais e não-
governamentais, bem como do setor privado, devem:
9.22. A análise de dados científicos recentes confirmou os temores crescentes com respeito à
destruição continuada da camada estratosférica de ozônio da Terra devido ao cloro e ao bromo
reativos procedentes dos compostos clorofluorcarbonados (CFCs), halogênios e outras
substâncias artificiais similares. Embora a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de
Ozônio, de 1985, e o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de
Ozônio, de 1987 (em sua forma emendada de Londres, 1990), tenham sido passos importantes
enquanto iniciativas internacionais, o conteúdo total de cloro das substâncias que destroem o
ozônio da atmosfera continua aumentando. Essa tendência pode ser alterada caso as medidas
de controle identificadas no Protocolo forem obedecidas.
Objetivos
(a) Realizar os objetivos definidos na Convenção de Viena e no Protocolo de Montreal, com suas
emendas de 1990, inclusive a consideração, nesses instrumentos, das necessidades e situações
especiais dos países em desenvolvimento e da disponibilidade, para esses países, de
alternativas a substâncias que destroem a camada de ozônio. Deve ser estimulada a adoção de
tecnologias e produtos naturais que reduzam a demanda por essas substâncias.
(b) Desenvolver estratégias voltadas para a mitigação dos efeitos adversos da radiação
ultravioleta que atinge a superfície da Terra em conseqüência da destruição e da modificação da
camada estratosférica de ozônio.
Atividades
9.24. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos organismos pertinentes das
Nações Unidas e, conforme apropriado, das organizações intergovernamentais e não-
governamentais, bem como do setor privado, devem:
(a) Ratificar, aceitar ou aprovar o Protocolo de Montreal e suas emendas de 1990; pagar
imediatamente suas contribuições aos fundos fiduciários de Viena e Montreal e ao Fundo
Multilateral Interino; e contribuir, conforme apropriado, para as atividades em curso regidas pelo
Protocolo de Montreal e seus mecanismos de implementação, inclusive oferecendo substitutos
para os CFCs e outras substâncias que destroem a camada de ozônio e facilitando a
transferência das tecnologias correspondentes para os países em desenvolvimento,
capacitando-os, dessa forma, a atender aos compromissos do Protocolo;
(b) Apoiar uma maior expansão do Sistema Mundial de Observação do Ozônio, facilitando -- por
meio de fundos bilaterais e multilaterais -- a criação e funcionamento de estações adicionais de
observação sistemática, especialmente no cinturão tropical do hemisfério sul;
(c) Participar ativamente da avaliação constante das informações científicas e dos efeitos para a
saúde e o meio ambiente, bem como das implicações tecnológicas e econômicas, da diminuição
da camada estratosférica de ozônio; e considerar a ampliação das ações que se mostrem
justificadas e viáveis a partir dessas avaliações;
(d) A partir dos resultados da pesquisa sobre os efeitos da radiação ultravioleta adicional
incidindo sobre a superfície da Terra, considerar a adoção de medidas corretivas nas áreas da
saúde humana, da agricultura e do meio ambiente marinho;
(e) Substituir os CFCs e outras substâncias que destroem camada de ozônio, de acordo com as
disposições do Protocolo de Montreal, reconhecendo que a conveniência dessa substituição
deve ser avaliada holísticamente e não apenas com base em sua contribuição para a solução de
um único problema atmosférico ou ambiental.
Objetivos
(f) Desenvolver estratégias voltadas para a redução das emissões que provocam poluição
atmosférica transfronteiriça e de seus efeitos.
Atividades
9.28. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos organismos pertinentes das
Nações Unidas e, conforme apropriado, das organizações intergovernamentais e não-
governamentais, bem como do setor privado e das instituições financeiras, devem:
(a) Estabelecer e/ou fortalecer acordos regionais para o controle da poluição atmosférica
transfronteiriça e cooperar, particularmente com os países em desenvolvimento, nas áreas de
observação e de avaliação sistemáticas, de elaboração de modelos, e de desenvolvimento e
intercâmbio de tecnologias de controle das emissões oriundas de fontes de poluição atmosférica
móveis ou fixas. Nesse contexto, maior ênfase deve ser atribuída ao exame da extensão, das
causas e das conseqüências sócio-econômicas e para a saúde da radiação ultravioleta, da
acidificação do meio ambiente e dos danos causados pelos foto-oxidantes para as florestas e a
vegetação em geral;
(d) Cooperar em bases regionais, multilaterais e bilaterais para avaliar a poluição atmosférica
transfronteiriça, e elaborar e implementar programas que identifiquem ações específicas para
reduzir as emissões atmosféricas e fazer frente a seus efeitos ambientais, econômicos, sociais
e outros.
Meios de implementação
Capacitação
Notas
CAPÍTULO 10
INTRODUÇÃO
10.1. A terra costuma ser definida como uma entidade física, em termos de sua topografia e sua
natureza espacial; uma visão integradora mais ampla também inclui no conceito os recursos
naturais; os solos, os minérios, a água e a biota que compõem a terra. Esses componentes estão
organizados em ecossistemas que oferecem uma grande variedade de serviços essenciais para
a manutenção da integridade dos sistemas que sustentam a vida e a capacidade produtiva do
meio ambiente. As maneiras como são usados os recursos terrestres beneficiam-se de todas
essas características. A terra é um recurso finito, enquanto os recursos naturais que ela sustenta
podem variar com o tempo e de acordo com as condições de gerenciamento e os usos a eles
atribuídos. As crescentes necessidades humanas e a expansão das atividades econômicas
estão exercendo uma pressão cada vez maior sobre os recursos terrestres, criando competição
e conflitos e tendo como resultado um uso impróprio tanto da terra como dos recursos terrestres.
Caso queiramos, no futuro, atender às necessidades humanas de maneira sustentável, é
essencial resolver hoje esses conflitos e avançar para um uso mais eficaz e eficiente da terra e
de seus recursos naturais. A abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento físico e
do uso da terra é uma maneira eminentemente prática de fazê-lo. Examinando todos os usos da
terra de forma integrada é possível reduzir os conflitos ao mínimo, fazer as alternâncias mais
eficientes e vincular o desenvolvimento social e econômico à proteção e melhoria do meio
ambiente, contribuindo assim para atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável. A
essência dessa abordagem integrada se expressa na coordenação de planejamento setorial e
atividades de gerenciamento relacionadas aos diversos aspectos do uso da terra e dos recursos
terrestres.
ÁREA DE PROGRAMAS
10.3. Os recursos terrestres são usados para inúmeros fins, que interagem e podem competir
uns com os outros; em decorrência, é desejável planejar e gerenciar todos os usos de forma
integrada. A integração deve ter lugar em dois níveis, considerando-se, por um lado, todos os
fatores ambientais, sociais e econômicos (como por exemplo o impacto dos diversos setores
econômicos e sociais sobre o meio ambiente e os recursos naturais) e, por outro, todos os
componentes ambientais e de recursos reunidos (ou seja, ar, água, biota, terra e recursos
geológicos e naturais). Essa visão integrada facilita as opções e alternâncias adequadas e desse
modo maximiza a produtividade e o uso sustentáveis. A oportunidade de alocar a terra a
diferentes usos surge no curso de projetos importantes de assentamento ou desenvolvimento ou
de forma seqüencial, à medida que a terra vai ficando disponível no mercado. Isso, por sua vez,
possibilita que se fortaleçam modelos tradicionais de gerenciamento sustentável da terra ou que
se determine sua proteção, para conservação da biodiversidade ou de serviços ecológicos
fundamentais.
10.4. Diversas técnicas, estruturas e processos podem ser combinados entre si para facilitar uma
abordagem integrada. Eles são o sustentáculo indispensável para o processo de planejamento
e gerenciamento, tanto no plano nacional como local, no âmbito local ou do ecossistema, e para
o desenvolvimento de planos de ação específicos. Muitos de seus elementos já estão
disponíveis, mas será necessário generalizar sua aplicação, desenvolvê-los e reforçá-los. Esta
área de programas preocupa-se fundamentalmente com a construção de uma estrutura que
coordene a tomada de decisões; em decorrência, seu conteúdo e suas funções operacionais não
estão incluídos aqui, sendo examinados nos programas setoriais pertinentes da Agenda 21.
Objetivos
10.5. O objetivo global é facilitar a alocação de terra aos usos que proporcionem os maiores
benefícios sustentáveis e promover a transição para um gerenciamento sustentável e integrado
dos recursos terrestres. Ao fazê-lo, as questões ambientais, sociais e econômicas devem ser
tomadas em consideração. As áreas protegidas, o direito à propriedade privadas, os direitos dos
populações indígenas e de suas comunidades e os direitos de outras comunidades locais, bem
como o papel econômico da mulher na agricultura e no desenvolvimento rural, inter alia, devem
ser levados em conta. Em termos mais específicos, os objetivos são os seguintes:
(a) Analisar e desenvolver políticas de apoio ao melhor uso possível da terra e do gerenciamento
sustentável dos recursos terrestres, no mais tardar até 1996;
(c) Fortalecer instituições e coordenar mecanismos para a terra e os recursos terrestres, no mais
tardar até 1998;
(d) Criar mecanismos para facilitar a intervenção e a participação ativa de todos os interessados,
especialmente comunidades e populações locais, na tomada de decisões sobre o uso e
gerenciamento da terra, no mais tardar até 1996.
Atividades
(b) Adotar estruturas estratégicas que permitam a integração tanto de metas de desenvolvimento
como de meio ambiente; entre os exemplos de estruturas desse tipo estão os sistemas de
subsistência sustentável, o desenvolvimento rural, a Estratégia Mundial para a
Conservação/Cuidado da Terra, o cuidado básico com a terra (PEC) e outros;
(c) Estabelecer uma estrutura geral para o planejamento do uso da terra e o planejamento do
meio físico no interior da qual seja possível desenvolver planos especializados e planos setoriais
mais detalhados (por exemplo para as áreas protegidas, a agricultura, as florestas, os
estabelecimentos humanos ou o desenvolvimento rural); estabelecer organismos consultivos
intersetoriais para agilizar o planejamento e a implementação dos projetos;
(d) Fortalecer os sistemas de gerenciamento da terra e dos recursos naturais por meio da
inclusão de métodos tradicionais e autóctones; entre os exemplos dessas práticas estão o
pastoreio, as reservas Hema (reservas territoriais islâmicas tradicionais) e a agricultura em
terraços;
(f) Compilar inventários detalhados da capacidade da terra que sirvam de guia para a alocação,
o gerenciamento e o uso dos recursos sustentáveis da terra nos planos nacional e local;
(a) Adotar sistemas melhorados para a interpretação e a análise integrada de dados sobre o uso
da terra e os recursos terrestres;
(c) Analisar e testar métodos de inclusão das funções da terra e dos ecossistemas e dos valores
dos recursos terrestres mas contas nacionais;
Tomada de consciência
(b) Fortalecer a coordenação entre os atuais sistemas setoriais de dados sobre a terra e os
recursos terrestres e reforçar a capacidade nacional de reunir e avaliar dados;
(d) Apoiar sistemas de baixo custo, geridos pela comunidade, para a coleta de informações
comparáveis sobre a situação e os processos de mudança dos recursos terrestres, inclusive de
solos, cobertura florestal, fauna e flora silvestres, clima e outros elementos.
(a) Estudar e projetar políticas regionais de apoio aos programas de planejamento do uso da
terra e do meio físico;
(b) Promover o desenvolvimento de planos sobre o uso da terra e o meio físico nos países da
região;
(d) Realizar o intercâmbio, por meio de redes e outros meios apropriados, de informações sobre
experiências com o processo e os resultados do processo de planejamento e gerenciamento
integrado e participativo dos recursos terrestres, nos planos nacional e local.
Meios de implementação
(b) Ensinando todos os setores pertinentes envolvidos a lidar com os recursos terrestres de forma
integrada e sustentável;
(c) Treinando as comunidades, os serviços de extensão pertinentes, os grupos comunitários e
as organizações não-governamentais nas técnicas e abordagens de gerenciamento da terra
aplicadas com sucesso em outros lugares.
10.17. Os Governos, no nível apropriado, em cooperação com outros Governos e com o apoio
das organizações internacionais pertinentes, devem promover esforços concentrados e
concertados em prol da educação e do treinamento, bem como da transferência de técnicas e
tecnologias que favoreçam os diversos aspectos do processo de planejamento e gerenciamento
sustentável, nos planos nacional, estadual/provincial e local.
(a) Analisar e, quando apropriado, revisar os mandatos das instituições que lidam com a terra e
os recursos naturais para que incluam explicitamente a integração interdisciplinar de questões
ambientais, sociais e econômicas;
(b) Fortalecer os mecanismos de coordenação existentes entre as instituições que lidam com o
uso da terra e o gerenciamento dos recursos para facilitar a integração das preocupações e
estratégias setoriais;
(c) Fortalecer a capacidade local de tomada de decisões e melhorar a coordenação com os níveis
superiores.
CAPÍTULO 11
COMBATE AO DESFLORESTAMENTO
ÁREAS DE PROGRAMAS
A. Manutenção dos múltiplos papéis e funções de todos os tipos de florestas, terras florestais e
regiões de mata
11.1. Há deficiências importantes nas políticas, métodos e mecanismos adotados para apoiar e
desenvolver os múltiplos papéis ecológicos, econômicos, sociais e culturais de árvores, florestas
e áreas florestais. Muitos países desenvolvidos vêem-se diante dos efeitos daninhos da poluição
atmosférica e dos incêndios sobre suas florestas. Freqüentemente, no plano nacional, são
exigidas muitas medidas e abordagens eficazes para melhorar e harmonizar a formulação de
políticas, o planejamento e a programação; medidas e instrumentos legislativos; modelos de
desenvolvimento; participação do público em geral e das mulheres e populações indígenas em
particular; participação dos jovens; papéis do setor privado, das organizações locais, das
organizações não-governamentais e das cooperativas; desenvolvimento de conhecimentos
técnicos e multidisciplinares e qualidade dos recursos humanos; extensão florestal e ensino
público; capacidade de pesquisa e apoio à pesquisa; estruturas e mecanismos administrativos,
inclusive coordenação intersetorial, descentralização, e sistemas de atribuição de
responsabilidades e de incentivos; e disseminação de informações e relações públicas. Isso é
especialmente importante para garantir uma abordagem racional e holística do desenvolvimento
sustentável e ambientalmente saudável das florestas. A necessidade de se salvaguardarem os
múltiplos papéis das florestas e das áreas florestais por meio de um fortalecimento institucional
adequado e apropriado foi realçada repetidamente em muitos dos relatórios, decisões e
recomendações da FAO, da Organização Internacional das Madeiras Tropicais, do PNUMA, do
Banco Mundial, da União Internacional para a Conservação da Natureza e outras organizações.
Objetivos
(a) Reforçar as instituições nacionais ligadas a florestas, ampliar o âmbito e a eficácia das
atividades relacionadas ao manejo, conservação e desenvolvimento sustentável das florestas e
garantir eficazmente a utilização e produção sustentáveis dos bens e serviços florestais, tanto
nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Até o ano 2000, fortalecer a
capacidade e o potencial das instituições nacionais, de modo a dar-lhes condições de adquirir os
necessários conhecimentos para a proteção e conservação das florestas, bem como para
expandir seu alcance e, condizentemente, aumentar a eficácia dos programas e atividades
relacionados ao manejo e desenvolvimento das florestas;
(b) Fortalecer e aumentar a aptidão humana, técnica e profissional, bem como os conhecimentos
especializados e a fortalecimento institucional, para formular e implementar com eficácia
políticas, planos, programas, pesquisas e projetos sobre manejo, conservação e
desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas e de recursos derivados das florestas,
inclusive das áreas florestais, bem como de outras áreas das quais se possam extrair benefícios
florestais.
Atividades
11.3. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações regionais, subregionais
e internacionais, devem, quando necessário, aumentar a capacidade institucional para promover
os múltiplos papéis e funções de todos os tipos de florestas e vegetações, inclusive de outras
terras a elas relacionadas e dos recursos derivados das florestas, para apoiar o desenvolvimento
sustentável e a conservação ambiental em todos os setores. Isso deve ser feito, sempre que
possível e necessário, por meio do fortalecimento e/ou modificação das atuais estruturas e
mecanismos e por meio do aumento da cooperação e da coordenação de suas respectivas
funções. Algumas das atividades importantes a esse respeito são as que se seguem:
(c) Analisar e, caso necessário, revisar as medidas e programas pertinentes a todos os tipos de
florestas e vegetações, inclusive de outras terras a elas relacionadas e dos recursos derivados
das florestas, e relacioná-los a outras políticas e legislações de uso e desenvolvimento da terra;
promover uma legislação adequada e outras medidas destinadas a impedir a utilização não
controlada da terra para outros fins;
(d) Desenvolver e implementar planos e programas que incluam a definição de metas, programas
e critérios nacionais e, caso necessário, regionais e subregionais, para sua implementação e
posterior aperfeiçoamento;
(e) Estabelecer, desenvolver e manter um sistema eficaz de extensão florestal e educação do
público para obter mais consciência e valorização e melhor manejo das florestas no que diz
respeito aos múltiplos papéis e valores de árvores, florestas e áreas florestais;
(g) Estabelecer e fortalecer centros de pesquisa relacionados aos diferentes aspectos das
florestas e dos produtos florestais, por exemplo o manejo sustentável das florestas e pesquisas
sobre biodiversidade, efeitos dos poluentes transportados pelo ar, usos tradicionais dos recursos
da floresta pelas populações locais e os populações indígenas, e aumento das compensações
comerciais e de outros valores não monetários derivados do manejo das florestas.
(b) Estabelecimento de vínculos com outros sistemas de dados e fontes pertinentes para apoiar
o manejo, conservação e desenvolvimento das florestas, e ao mesmo tempo desenvolver mais
ou reforçar os sistemas atualmente em funcionamento, como os sistemas de informação
geográfica, conforme apropriado;
Meios de implementação
(a) Analisar as realizações, dificuldades e aspectos sociais e com isso contribuir para a
formulação e a implementação do programa;
(c) Treinamento especial para o pessoal das organizações nacionais ligadas à área florestal em
aspectos como formulação, análise e acompanhamento de projetos.
11.9. Esta área de programas está voltada especificamente para a fortalecimento institucional e
técnica na área florestal e todas as atividades de programas especificadas contribuem para esse
fim. Na construção de novas capacidades e fortalecimento das existentes deve haver
aproveitamento pleno dos sistemas existentes e da experiência adquirida.
11.10. As florestas do mundo inteiro foram e estão sendo ameaçadas pela degradação
descontrolada e a transformação para outros tipos de uso da terra, sob a influência das
crescentes necessidades humanas; da expansão agrícola; e do mau manejo daninho para o
meio ambiente, inclusive, por exemplo, falta de controle adequado dos incêndios florestais,
ausência de medidas de repressão à extração ilegal, exploração comercial não-sustentável da
madeira, criação de gado excessiva e ausência de regulamentação para o plantio de pastagens,
efeitos daninhos dos poluentes transportados pelo ar, incentivos econômicos e outras medidas
tomadas por outros setores da economia. Os impactos da perda e degradação das florestas
aparecem sob a forma de erosão do solo; perda da biodiversidade; dano aos habitats silvestres
e degradação das áreas de bacias; deterioração da qualidade da vida; e redução das opções de
desenvolvimento.
11.11. A atual situação exige a adoção de medidas urgentes e coerentes para a conservação e
a manutenção dos recursos florestais. O plantio de superfícies verdes em áreas adequadas, em
todas as suas atividades componentes, é uma forma eficaz de aumentar a consciência e a
participação do público no que diz respeito à proteção e ao manejo dos recursos florestais. A
iniciativa deve incluir a consideração de vários modelos de uso e ocupação da terra e as
necessidades locais, e deve enumerar e esclarecer os objetivos específicos dos diferentes tipos
de atividades de plantio de áreas verdes.
Objetivos
(a) Manter as florestas existentes por meio da conservação e do manejo e manter e expandir as
áreas florestais e arborizadas, nas áreas adequadas tanto de países desenvolvidos como em
desenvolvimento, por meio da conservação das florestas naturais; da proteção, reabilitação e
regeneração das florestas; e do florestamento, reflorestamento e plantio de árvores; com vistas
a manter ou restaurar o equilíbrio ecológico e expandir a contribuição das florestas para o bem-
estar do homem e a satisfação de suas necessidades;
(b) Preparar e implementar, conforme apropriado, programas e/ou planos nacionais de ação para
o setor florestal voltados para o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável das
florestas. Esses programas e/ou planos devem ser integrados a outros usos da terra. Nesse
contexto, atualmente estão sendo implementados programas e/ou planos nacionais de ação para
o setor florestal em mais de oitenta países, geridos pelos próprios países, no âmbito do Programa
de Ação Florestal nos Trópicos, com o apoio da comunidade internacional;
(e) Facilitar e apoiar a implementação eficaz da declaração de princípios autorizada, sem força
jurídica compulsória, para um consenso mundial sobre manejo, conservação e desenvolvimento
sustentável de todos os tipos de florestas, adotada pela Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento e, com base na implementação desses princípios, considerar
a necessidade e a viabilidade de todos os tipos de arranjos adequados internacionalmente
concertados voltados para a promoção da cooperação internacional na área de manejo,
conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas, inclusive
florestamento, reflorestamento e reabilitação.
Atividades
(b) Estabelecer, expandir e gerenciar, conforme apropriado a cada contexto nacional, sistemas
de áreas protegidas, o que inclui sistemas de unidades de conservação para suas funções e
valores ambientais, sociais e espirituais, inclusive conservação de florestas em sistemas e
paisagens ecológicos representativos e florestas primárias de idade avançada; conservação e
manejo da fauna e da flora silvestres; determinação dos locais pertencentes ao Patrimônio
Mundial, a serem protegidos pela Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, conforme
apropriado; conservação dos recursos genéticos, envolvendo medidas in situ e ex situ e a adoção
de medidas de apoio que garantam a utilização sustentável dos recursos biológicos e a
conservação da biodiversidade e dos habitats florestais tradicionais dos populações indígenas,
dos habitantes das florestas e das comunidades locais;
(d) Levar a cabo o replantio em áreas adequadas de montanha, terras altas, terras despojadas,
terras de cultivo degradadas, terras áridas e semi-áridas e zonas costeiras, para combater a
desertificação e evitar problemas de erosão, bem como para outras funções protetoras e
programas nacionais de reabilitação de terras degradadas, inclusive de silvicultura comunitária,
silvicultura social, agro-silvicultura e silvipastagem, levando em conta ao mesmo tempo o papel
das florestas enquanto reservatórios e sumidouros nacionais de carbono;
(f) Desenvolver/fortalecer um programa nacional e/ou mestre para florestas plantadas encaradas
como prioridade, indicando, inter alia, a localização, o alcance e as espécies, e especificando
onde, nas florestas plantadas existentes, estão sendo necessárias medidas de reabilitação,
levando em conta o aspecto econômico para o desenvolvimento de futuras florestas plantadas e
dando prioridade às espécies nativas;
(g) Aumentar a proteção das florestas contra poluentes, incêndios, pragas e doenças, bem como
contra outras interferências provocadas pelo homem, como extração ilegal, extração de minérios,
lavoura rotativa intensa, introdução não-controlada de espécies exóticas de plantas e animais;
além disso, desenvolver e acelerar pesquisas voltadas para uma melhor compreensão dos
problemas relacionados ao manejo e regeneração de todos os tipos de florestas; ao
fortalecimento e/ou estabelecimento de medidas apropriadas para avaliar e/ou controlar o
movimento inter-fronteiras de plantas e materiais conexos;
(i) Criar ou melhorar oportunidades de participação para todas as pessoas, inclusive jovens,
mulheres, populações indígenas e comunidades locais, na formulação, desenvolvimento e
implementação de programas e outras atividades relacionados à área florestal, levando
devidamente em conta as necessidades e valores culturais locais;
(j) Limitar e tencionar interromper a lavoura rotativa destruidora, atendendo às suas causas
sociais e ecológicas subjacentes;
(b) Consolidação e atualização do inventário florestal e de usos da terra e das informações sobre
manejo, para utilização no manejo e no planejamento do uso da terra em matéria de recursos
madeireiros e não-madeireiros, inclusive dados sobre agricultura itinerante e outros agentes de
destruição florestal;
(e) Compilação e análise de dados de pesquisa sobre a interação espécies/locais das espécies
utilizadas nas florestas plantadas e avaliação do impacto potencial das mudanças do clima sobre
as florestas, bem como dos efeitos das florestas sobre o clima, e início de estudos em
profundidade sobre as relações entre o ciclo do carbono e os diferentes tipos de floresta, para a
obtenção de subsídios científicos e apoio técnico;
(h) Consolidação de informações sobre o estado das florestas e as imissões e emissões que
exercem influência sobre o meio.
Meios de implementação
11.18. Entre os meios fundamentais para a implementação eficaz das atividades estão o
treinamento e o desenvolvimento da perícia apropriada, a construção de instalações e a
existência de condições favoráveis de trabalho e consciência e motivação por parte do público.
As atividades específicas incluem:
11.20. Ainda não foi plenamente entendido o vasto potencial de florestas e áreas florestais
enquanto recurso extremamente importante para o desenvolvimento. Um melhor manejo das
florestas pode aumentar a produção de bens e serviços e, em especial, o rendimento de produtos
florestais, tanto madeireiros como não-madeireiros, o que contribuiria para gerar mais empregos
e rendas, para aumentar o valor das florestas, por meio da transformação e do comércio de
produtos florestais, para aumentar a contribuição no que diz respeito a ingressos de divisas, e
obter rendimento mais alto para os investimentos. Os recursos florestais, pelo fato de serem
renováveis, podem ser gerenciados de forma sustentável de maneira compatível com a
conservação do meio ambiente. As implicações da exploração dos recursos florestais para os
outros valores da floresta devem ser totalmente levadas em conta na formulação das políticas
florestais. Também é possível aumentar o valor das florestas por meio de usos não daninhos,
como o turismo ecológico e o fornecimento gerenciado de materiais genéticos. É preciso
empreender iniciativas concatenadas para aumentar a percepção que têm as pessoas do valor
das florestas e dos benefícios que elas proporcionam. A sobrevivência das florestas e sua
contínua contribuição ao bem-estar humano dependem, em grande medida, do êxito desse
empreendimento.
(a) Aumentar o reconhecimento dos valores social, econômico e ecológico de árvores, florestas
e áreas florestais, inclusive das conseqüências dos prejuízos causados pela ausência de
florestas; promover o uso de metodologias que pretendam incluir os valores social, econômico e
ecológico de árvores, florestas e áreas florestais nos sistemas nacionais de contabilidade
econômica; garantir seu manejo sustentável de forma compatível com o uso da terra,
considerações ambientais e necessidades do desenvolvimento;
(c) Promover o uso mais eficiente e sustentável de florestas e árvores usadas como combustível
e fonte de energia;
(d) Promover maior abrangência no uso e nas contribuições econômicas das áreas florestais,
incluindo o turismo ecológico no manejo e planejamento florestais.
Atividades
(a) Desenvolver estudos detalhados sobre investimento, harmonização entre oferta e procura e
análise das repercussões ambientais, para racionalizar e melhorar a utilização de árvores e
florestas e desenvolver e estabelecer esquemas adequados de incentivo e medidas
regulamentadoras que incluam dispositivos sobre a posse da terra, para criar um clima favorável
de investimento e promover um melhor manejo;
(d) Promover, sempre que possível, um melhor uso e desenvolvimento de florestas e áreas
florestais naturais, bem como de florestas plantadas, por meio de atividades apropriadas,
ambientalmente saudáveis e economicamente viáveis, inclusive com práticas de silvicultura e
manejo de outras espécies animais e vegetais;
(e) Promover e apoiar a transformação secundária dos produtos florestais, com o objetivo de
aumentar o valor agregado e outros benefícios;
(h) Promover e apoiar o manejo da fauna e da flora silvestres, bem como do turismo ecológico,
inclusive da agricultura, e estimular e apoiar a criação e o cultivo de espécies animais e vegetais
silvestres, para aumentar a receita e o emprego nas áreas rurais e obter benefícios econômicos
e sociais sem efeitos ecológicos daninhos;
(i) Promover a criação de empresas florestais em pequena escala adequadas para o apoio ao
desenvolvimento rural e ao empresariado local;
(j) Melhorar e promover metodologias para uma avaliação abrangente, capaz de refletir o valor
pleno das florestas, com vistas a incluir tal valor na estrutura de fixação de preços baseada no
mercado dos produtos madeireiros e não-madeireiros;
(a) Analisar, sempre que necessário, a oferta e a demanda de produtos e serviços florestais, para
obter eficiência em sua utilização;
(b) Realizar análises de investimento e estudos de viabilidade que incluam uma avaliação do
impacto ambiental, para a criação de empresas de processamento florestal;
(c) Efetuar pesquisas sobre as propriedades de espécies atualmente subutilizadas com vistas à
sua promoção e comercialização;
(d) Apoiar pesquisas de mercado de produtos florestais para a promoção do comércio e a coleta
de informações sobre o comércio;
(e) Facilitar a oferta de informações tecnológicas adequadas como medida para promover uma
melhor utilização dos recursos florestais.
Meios de implementação
(e) Metodologias adequadas para uma avaliação abrangente do valor das florestas.
(d) A promoção de eficiência e da capacidade dos setores privado e cooperativo por meio do
oferecimento de serviços e incentivos.
Objetivos
11.30. Os objetivos desta área de programas são os seguintes:
Atividades
(c) Fazer estimativas dos efeitos das atividades que interfiram com as propostas de
desenvolvimento e conservação florestal utilizando variáveis-chave como, por exemplo, metas,
benefícios e custos do desenvolvimento, contribuições das florestas a outros setores, bem-estar
da comunidade, condições ambientais e biodiversidade e seus impactos a nível local, regional e
mundial, quando apropriado, para avaliar as necessidades tecnológicas e financeiras dos países;
(d) Desenvolver sistemas nacionais de avaliação e valoração dos recursos florestais que incluam
a pesquisa e as análises de dados necessárias, que respondam, quando possível, por todo o
leque de produtos e serviços florestais madeireiros e não-madeireiros e incorporem os resultados
aos planos e estratégias e, sempre que viável, aos sistemas nacionais de contabilidade e
planejamento;
11.32. Para esta área de programas é fundamental contar com dados e informações confiáveis.
Os Governos nacionais, em colaboração, sempre que necessário, com as organizações
internacionais competentes, devem, quando apropriado, comprometer-se a melhorar
continuamente os dados e as informações para possibilitar seu intercâmbio. Dentre as atividades
importantes a serem consideradas estão as seguintes:
(a) Coletar, consolidar e realizar o intercâmbio das informações existentes e obter as informações
básicas de referência sobre aspectos relevantes a esta área de programas;
(b) Harmonizar as metodologias dos programas que envolvam atividades relacionadas a dados
e informações para garantir sua acurácia e coerência;
(c) Realizar estudos especiais sobre, por exemplo, capacidade e adequação de determinada
área a uma ação de florestamento;
(d) Promover o apoio à pesquisa e melhorar o acesso aos resultados das pesquisas, bem como
seu intercâmbio.
11.33. A comunidade internacional deve estender aos Governos envolvidos o apoio técnico e
financeiro necessário à implementação desta área de programas, inclusive considerando as
seguintes atividades:
(a) Estabelecer uma estrutura conceitual e formular critérios, normas e definições aceitáveis para
observações sistemáticas e avaliação dos recursos florestais;
Meios de implementação
11.37. Essas atividades devem estar vinculadas e ser compatibilizadas com as atividades e
componentes similares das outras áreas de programas.
CAPÍTULO 12
(b) Combate à degradação do solo por meio, inter alia, da intensificação das atividades de
conservação do solo, florestamento e reflorestamento;
ÁREAS DE PROGRAMAS
A. Fortalecimento da base de conhecimentos e desenvolvimento de sistemas de informação e
monitoramento para regiões propensas a desertificação e seca, sem esquecer os aspectos
econômicos e sociais desses ecossistemas
12.5. As avaliações realizadas no mundo inteiro em 1977, 1984 e 1991, por iniciativa do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sobre a situação atual e o ritmo
da desertificação, revelaram uma base insuficiente de conhecimentos sobre os processos de
desertificação. Sistemas adequados de observação sistemática com abrangência mundial são
úteis para o desenvolvimento e implementação de programas eficazes de anti-desertificação. As
instituições internacionais, regionais e nacionais existentes, em especial nos países em
desenvolvimento, contam com uma capacidade limitada para gerar as informações pertinentes
e promover seu intercâmbio. Um sistema integrado e coordenado de observação sistemática e
informações, apoiado na tecnologia adequada e englobando os planos mundial, regional,
nacional e local, é essencial para a compreensão da dinâmica dos processos de seca e
desertificação. Tal sistema também é importante para o desenvolvimento de medidas adequadas
para enfrentar a desertificação e a seca e melhorar as condições sócio-econômicas.
Objetivos
(c) Estabelecer um sistema permanente, tanto no plano nacional como no plano internacional,
para monitoramento da desertificação e da degradação da terra, com o objetivo de melhorar as
condições de vida nas áreas afetadas.
Atividades
(a) Estabelecer e/ou fortalecer sistemas de informação sobre o meio ambiente de abrangência
nacional;
(c) Fortalecer a capacidade das instituições nacionais de analisar os dados sobre o meio
ambiente, de modo a possibilitar o monitoramento das alterações ecológicas e a obtenção de
informações sobre o meio ambiente de forma constante e com abrangência nacional.
(b) Dados e informações
12.8. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e regionais
pertinentes, devem:
12.9. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e regionais
competentes, devem:
(a) Apoiar a ação integrada de coleta de dados e pesquisa dos programas relacionados a
problemas decorrentes da desertificação e da seca;
(a) Fortalecer os programas regionais e a cooperação internacional, como por exemplo o Comitê
Interestatal Permanente de Luta contra a Seca no Sael (CILSS), a Autoridade
Intergovernamental sobre Seca e Desenvolvimento (AISD), a Conferência de Coordenação do
Desenvolvimento da África Meridional (CCDAM), a União do Magreb Árabe e outras
organizações regionais, e organizações como o Observatório do Saara e do Sael;
(c) Determinar pontos de referência e definir indicadores de avanço que facilitem o trabalho das
organizações locais e regionais em seu acompanhamento dos avanços na luta contra a
desertificação. Especial atenção deve ser dedicada à participação local.
Meios de implementação
(a) Elaborar e atualizar os inventários existentes de recursos naturais, por exemplo sobre
energia, água, solo, minérios, acesso da fauna e da flora ao alimento, bem como de outros
recursos, como moradia, emprego, saúde, educação e distribuição demográfica no tempo e no
espaço;
(c) Os organismos internacionais devem cooperar com os Governos nacionais para facilitar a
aquisição e o desenvolvimento da tecnologia apropriada ao monitoramento e combate da seca
e da desertificação.
B. Combate à degradação do solo por meio, inter alia, da intensificação das atividades de
conservação do solo, florestamento e reflorestamento
12.15. A desertificação afeta cerca de 3,6 bilhões de hectares, o que representa cerca de 70 por
cento da área total das terras secas do mundo ou aproximadamente um quarto da área terrestre
do mundo. No combate à desertificação em pastagens, áreas de cultivo irrigadas pela chuva e
áreas de cultivo irrigadas artificialmente, é preciso adotar medidas preventivas nas áreas ainda
não afetadas ou apenas levemente afetadas pela desertificação; medidas corretivas para
sustentar a produtividade de terras moderadamente desertificadas; e medidas regeneradoras
para recuperar terras secas seriamente ou muito seriamente desertificadas.
Objetivos
(a) No que diz respeito a regiões ainda não afetadas ou apenas levemente afetadas pela
desertificação, implantar um manejo apropriado das formações naturais existentes (inclusive das
florestas), com vistas à conservação da diversidade biológica, proteção das bacias,
sustentabilidade da produção e do desenvolvimento agrícola, bem como outras finalidades, com
plena participação dos populações indígenas;
(b) Regenerar terras secas moderada ou seriamente desertificadas para o uso produtivo e manter
sua produtividade para o desenvolvimento agropastoril/agroflorestal por meio, inter alia, da
conservação do solo e da água;
(c) Expandir a cobertura vegetal e apoiar o manejo dos recursos bióticos em regiões afetadas
pela desertificação e pela seca ou propensas a sê-lo, particularmente por meio de atividades
como o florestamento/ reflorestamento, a agro-silvicultura, a silvicultura da comunidade e
dispositivos de retenção da vegetação;
(d) Melhorar o manejo dos recursos florestais, inclusive da madeira utilizada como combustível,
e reduzir o consumo da madeira como combustível por meio de uma maior eficiência em sua
utilização e conservação e o fomento, desenvolvimento e uso de outras fontes de energia,
inclusive de fontes alternativas de energia.
Atividades
(a) Aplicar urgentemente medidas preventivas diretas nas terras secas vulneráveis mas não
ainda atingidas, ou nas terras secas apenas levemente desertificadas, introduzindo:
(i) Melhores políticas e práticas de uso da terra, para a obtenção de uma maior produtividade
sustentável da terra;
(e) Promover o manejo participativo dos recursos naturais, inclusive das pastagens, para atender
ao mesmo tempo as necessidades das populações rurais e as metas de conservação; tal manejo
deverá apoiar-se em tecnologias inovadoras ou em tecnologias autóctones adaptadas;
(f) Promover a proteção e conservação in situ de áreas ecológicas especiais por meio de
legislação e outros recursos, com o objetivo de combater a desertificação e ao mesmo tempo
garantir a proteção da diversidade biológica;
(g) Promover e estimular o investimento em silvicultura nas terras secas por meio de diversos
incentivos, inclusive medidas legislativas;
(h) Promover o desenvolvimento e uso de fontes de energia que representem alívio da pressão
sobre os recursos lígneos, inclusive de fontes alternativas de energia e de fogões aperfeiçoados.
(a) Desenvolver modelos de uso da terra baseados em práticas locais, para o aperfeiçoamento
de tais práticas e com o objetivo específico de evitar a degradação da terra. Os modelos devem
fornecer uma melhor compreensão dos inúmeros fatores naturais e decorrentes da ação humana
capazes de contribuir para a desertificação. Esses modelos devem realizar a interação entre as
práticas novas e tradicionais, com o objetivo de impedir a degradação da terra e refletir a
capacidade de recuperação do sistema ecológico e social como um todo;
Meios de implementação
(b) Promover programas integrados de pesquisa sobre proteção, restauração e conservação dos
recursos hídricos e de terras e sobre o manejo do uso da terra apoiados em abordagens
tradicionais, sempre que possível.
(a) Estabelecer mecanismos que garantam que os usuários da terra, em especial as mulheres,
sejam os principais atores na implementação do uso aperfeiçoado da terra, inclusive de sistemas
de agro-silvicultura, no combate à degradação da terra;
Objetivos
(a) Criar, entre as comunidades das pequenas cidades rurais e os grupos pastoris, condições de
que assumam seu desenvolvimento e o manejo de seus recursos terrestres sobre uma base
socialmente eqüitativa e ecologicamente saudável;
(b) Melhorar os sistemas produtivos com vistas a obter maior produtividade no âmbito dos
programas já aprovados de conservação dos recursos nacionais e dentro de uma abordagem
integrada do desenvolvimento rural;
(c) Oferecer oportunidades para a adoção de outros modos de subsistência como elemento para
reduzir a pressão sobre os recursos terrestres e ao mesmo tempo oferecer fontes adicionais de
renda, em especial para as populações rurais -- em decorrência melhorando seu padrão de vida.
Atividades
(a) Adotar políticas a nível nacional voltadas para uma abordagem descentralizada do manejo
dos recursos terrestres, delegando responsabilidade às organizações rurais;
(b) Criar ou fortalecer organizações rurais encarregadas do manejo das terras das vilas e das
áreas de pastoreio;
(c) Estabelecer e desenvolver mecanismos locais, nacionais e intersetoriais para lidar com as
conseqüências, tanto para o meio ambiente como para o desenvolvimento, da ocupação da terra
expressa em termos de uso da terra e propriedade da terra. Especial atenção deve ser dedicada
à proteção dos direitos de propriedade das mulheres e dos grupos pastoris e nômades que vivem
nessas áreas;
(d) Criar ou fortalecer associações a nível de vila centradas nas atividades econômicas de
interesse comum para os pastores (horticultura com fins comerciais, transformação de produtos
agrícolas, pecuária, pastoreio, etc.);
(e) Promover o crédito rural e a mobilização da poupança rural por meio do estabelecimento de
sistemas bancários rurais;
(f) Desenvolver infra-estrutura, bem como capacidade local de produção e comercialização, por
meio do envolvimento da população local na promoção de sistemas alternativos de subsistência
e mitigação da pobreza;
(g) Estabelecer um fundo rotativo de crédito para empresários rurais e grupos locais com o
objetivo de facilitar o estabelecimento de indústrias e empresas comerciais familiares e a
concessão de crédito para aplicação em atividades agropastoris.
(b) Preparar um inventário dos recursos naturais (solo, água e vegetação) e de seu estado de
degradação apoiado basicamente nos conhecimentos da população local (por exemplo, rápida
avaliação das áreas rurais);
(c) Difundir informações sobre pacotes técnicos adaptados às condições sociais, econômicas e
ecológicas específicas;
Meios de implementação
(a) Empreender pesquisas aplicadas sobre o uso da terra com o apoio das instituições locais de
pesquisa;
(c) Apoiar e estimular a introdução e o uso de tecnologias para a geração de fontes alternativas
de rendimentos.
Objetivos
(a) Fortalecer a capacidade das instituições nacionais para desenvolver programas apropriados
de anti-desertificação e integrá-los ao planejamento nacional do desenvolvimento;
(c) Dar início a um processo de longo prazo para implementar e monitorar estratégias
relacionadas ao manejo dos recursos naturais;
(d) Intensificar a cooperação regional e internacional para o combate à desertificação por meio,
inter alia, da adoção de instrumentos legais e outros.
Atividades
(b) Desenvolver planos nacionais de ação para combater a desertificação e, quando apropriado,
torná-los parte integrante dos planos nacionais de desenvolvimento e dos planos nacionais de
ação ambiental;
(c) Implementar políticas voltadas para a melhoria do uso da terra, o manejo apropriado de terras
comuns, o fornecimento de incentivos a pequenos agricultores e criadores, a participação das
mulheres e o estímulo ao investimento privado no desenvolvimento das terras secas;
12.40. Deve-se solicitar à Assembléia Geral das Nações Unidas, por ocasião de sua
quadragésima-sétima sessão, que estabeleça, sob a égide da Assembléia Geral, um comitê
intergovernamental de negociações para a elaboração de uma convenção internacional para
combater a desertificação nos países com sérios problemas de seca e/ou desertificação,
particularmente na África, com vistas a finalizar tal convenção até junho de 1994.
Meios de implementação
(b) Desenvolver estudos aplicados sobre a integração das atividades voltadas para o meio
ambiente e o desenvolvimento aos planos nacionais de desenvolvimento.
12.45. A seca, com diferentes graus de freqüência e gravidade, é um fenômeno recorrente que
atinge boa parte do mundo em desenvolvimento, especialmente a África. Além das vítimas
humanas -- calcula-se que em meados da década de 1980 cerca de 3 milhões de pessoas
morreram na África sub-saariana em decorrência da seca --, os custos econômicos dos desastres
relacionados às secas também apresentam uma conta alta em termos de perda de produção,
mau aproveitamento de insumos e desvio de recursos destinados ao desenvolvimento.
Objetivos
(a) Desenvolver estratégias nacionais de prontidão para a seca tanto para uma hipótese de curto
prazo como de longo prazo, voltadas para a redução da vulnerabilidade dos sistemas de
produção à seca;
(b) Intensificar o fluxo de informações de pronto alerta para as pessoas em posição de tomar
decisões e os usuários da terra, com o objetivo de permitir que as nações adotem estratégias de
intervenção para épocas de seca;
(c) Desenvolver dispositivos de atendimento para épocas de seca e maneiras de fazer frente ao
problema dos refugiados ambientais e integrar esses dispositivos aos planos nacionais e
regionais de desenvolvimento.
Atividades
(a) Elaborar estratégias para lidar com as deficiências nacionais de alimento nos períodos de
queda da produção. Essas estratégias devem lidar com questões de armazenagem e estoques,
importações, instalações portuárias e armazenagem, transporte, e distribuição de alimentos;
(c) Preparar projetos rurais para criar empregos de curto prazo na zona rural para famílias
afetadas pela seca. A perda do rendimento e do acesso ao alimento são fontes freqüentes de
perturbação em épocas de seca. As obras rurais contribuem para gerar o rendimento necessário
para a aquisição de alimentos para as famílias pobres;
12.49. Os Governos dos países afetados, no nível apropriado, com o apoio das organizações
internacionais e regionais competentes, devem:
(b) Apoiar a pesquisa aplicada sobre formas de reduzir a perda da água do solo, formas de
aumentar a capacidade de absorção de água pelo solo e técnicas de captação de água em
regiões propensas a secas;
(c) Fortalecer os sistemas nacionais de pronto alerta, com ênfase especial nas áreas de
mapeamento dos riscos, sensoriamento remoto, construção de modelos agrometeorológicos,
técnicas multidisciplinares integradas de prognóstico para a lavoura e análise computadorizada
da oferta/demanda de alimentos.
(b) Apoiar os programas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) nas áreas de agro-
hidrologia e agrometeorologia, o Programa do Centro Regional de Formação e Aplicação em
Agrometeorologia e Hidrologia Operacional (AGRHYMET), os centros de monitoramento de
secas e o Centro Africano de aplicações Meteorológicas para o Desenvolvimento (ACMAD), bem
como os esforços do Comitê Interestadual Permanente de Luta Contra a Seca no Sael (CILSS)
e da Autoridade Intergovernamental de assuntos relacionados com a seca e o desenvolvimento;
(d) Fortalecer e expandir o alcance dos programas regionais existentes e as atividades dos
órgãos apropriados das Nações Unidas e de organizações como o Programa Mundial de
Alimentos (PMA), o Escritório do Coordenador das Nações Unidas para Socorro em Casos de
Desastre (UNDRO) e o Escritório das Nações Unidas para a Região Sudanosaeliana (ONURS),
bem como das organizações não-governamentais, voltadas para a mitigação dos efeitos da seca
e das situações de emergência.
Meios de implementação
(a) Usar mecanismos tradicionais para fazer frente à fome como meio de canalizar a assistência
destinada ao socorro e ao desenvolvimento;
(b) Fortalecer e desenvolver pesquisas interdisciplinares nos planos nacional, regional e local e
os meios de treinamento para a aplicação de estratégias de prevenção da seca.
(a) Promover o treinamento das pessoas em posição de tomar decisões e dos usuários da terra
para a utilização eficaz das informações providas pelos sistemas de pronto alerta;
12.55. A experiência adquirida até a presente data acerca dos êxitos e fracassos dos programas
e projetos aponta para a necessidade de apoio popular para as atividades relacionadas ao
controle da desertificação e da seca. É necessário, no entanto, ir além do ideal teórico da
participação popular para concentrar esforços na obtenção de um envolvimento popular concreto
e ativo, calcado no conceito de parceria. Isso implica a partilha de responsabilidades e o
envolvimento de todas as partes. Nesse contexto, esta área de programas deve ser considerada
um componente essencial de apoio para todas as atividades relacionadas ao controle da
desertificação e da seca.
Objetivos
(b) Estabelecer e promover uma parceria efetiva entre as autoridades governamentais, tanto no
plano nacional como local, outras agências executivas, organizações não-governamentais e
usuários da terra atingidos pela seca e a desertificação, dando aos usuários da terra um papel
responsável nos processos de planejamento e execução, com o objetivo de que decorram plenos
benefícios dos processos de desenvolvimento;
(d) Apoiar as comunidades locais em seus próprios esforços para combater a desertificação, e
valer-se dos conhecimentos e da experiência das populações atingidas, garantindo participação
plena para as mulheres e populações indígenas.
Atividades
(b) Estabelecer e utilizar mecanismos para a consulta e a participação dos usuários da terra e
para aumentar sua capacidade -- desde o plano mais elementar do processo -- de identificar e/ou
contribuir para a identificação e o planejamento da ação;
(f) Desenvolver programas de treinamento para elevar o nível da educação e da participação das
pessoas, especialmente das mulheres e dos grupos indígenas, por meio, inter alia, da
alfabetização e do desenvolvimento de especialidades técnicas;
(g) Criar sistemas bancários nas zonas rurais para facilitar o acesso ao crédito para as
populações rurais, em especial de mulheres e grupos indígenas, e para promover a poupança
na área rural;
(b) Desenvolver mecanismos que facilitem a cooperação tecnológica e promovam tal cooperação
como elemento de toda assistência externa e das atividades relacionadas a projetos de
assistência técnica, tanto no setor público como no setor privado;
(c) Promover a colaboração entre os diferentes atores dos programas voltados para meio
ambiente e desenvolvimento;
(a) Apoiar e/ou fortalecer as instituições envolvidas com a instrução pública, inclusive dos meios
de informação locais, escolas e grupos comunitários;
CAPÍTULO 13
INTRODUÇÃO
13.1. As montanhas são uma fonte importante de água, energia e diversidade biológica. Além
disso, fornecem recursos fundamentais -- como minérios, produtos florestais e produtos agrícolas
-- e são fonte de lazer. Enquanto importante ecossistema que representa a ecologia complexa e
inter-relacionada de nosso planeta, os ambientes montanhosos são essenciais para a
sobrevivência do ecossistema mundial. No entanto os ecossistemas das montanhas estão
passando por uma rápida mutação. Eles são vulneráveis à erosão acelerada do solo,
deslizamentos de terras e rápida perda da diversidade genética e de habitat. No que diz respeito
ao homem, verifica-se um estado generalizado de pobreza entre os habitantes das montanhas e
a perda do conhecimento autóctone. O resultado é que a maior parte das áreas montanhosas do
mundo estão experimentando degradação ambiental. Em decorrência, o gerenciamento
adequado dos recursos montanhescos e o desenvolvimento sócio-econômico das pessoas
exigem ação imediata.
13.2. Cerca de 10 por cento da população do mundo depende dos recursos montanhescos. Uma
porcentagem muito maior utiliza outros recursos oferecidos pelas montanhas, inclusive -- e
principalmente -- água. As montanhas são um reservatório de diversidade biológica e espécies
ameaçadas de extinção.
13.3. Duas áreas de programas estão incluídas neste capítulo, com o objetivo de aprofundar o
exame da questão dos ecossistemas frágeis no que se refere a todas as montanhas do mundo.
Essas duas áreas de programas são as seguintes:
ÁREAS DE PROGRAMAS
Objetivos
(a) Empreender um estudo dos diferentes tipos de solos, florestas, usos da água, plantio e
recursos animais e vegetais dos ecossistemas das montanhas, levando em conta o trabalho das
organizações internacionais e regionais existentes;
(b) Manter e gerar bases de dados e sistemas de informações para facilitar o gerenciamento
integrado e a avaliação ambiental dos ecossistemas de montanhas, levando em conta o trabalho
das organizações internacionais e regionais existentes;
(c) Melhorar e implementar a atual base de conhecimentos ecológicos sobre terra/água no que
diz respeito a tecnologias e práticas agrícolas e de conservação nas regiões montanhosas do
mundo, com a participação das comunidades locais;
(d) Criar e fortalecer redes de comunicações e centros de difusão de informações para atender
organizações que atualmente se ocupem de questões relativas a montanhas;
(e) Melhorar a coordenação dos esforços regionais para proteger os ecossistemas frágeis das
montanhas através da consideração de mecanismos adequados, inclusive instrumentos jurídicos
regionais e outros instrumentos;
(f) Gerar informações pra o estabelecimento de bases de dados e sistemas de informação que
facilitem a avaliação dos riscos ambientais e dos efeitos dos desastres naturais nos ecossistemas
das montanhas.
Atividades
13.6. Os governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e regionais
competentes, devem:
(a) Fortalecer as instituições existentes atualmente ou criar outras novas nos planos local,
nacional e regional, com o objetivo de gerar uma base multidisciplinar de conhecimentos
ecológicos sobre as terras e as águas dos ecossistemas de montanha;
(b) Promover políticas nacionais que ofereçam incentivos às populações locais para o uso e
transferência de tecnologias inócuas para o meio ambiente, bem como de práticas de cultivo e
conservação;
(d) Estimular políticas que ofereçam incentivos aos agricultores e às populações locais para que
apliquem medidas de conservação e recuperação;
(e) Diversificar as economias das montanhas, entre outras coisas através da criação e/ou
fortalecimento do turismo, em harmonia com o gerenciamento integrado das áreas montanhosas;
(f) Integrar todas as atividades relacionadas a florestas, pastagens e fauna e flora silvestres de
forma a manter ecossistemas de montanha específicos;
13.7. Os governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e regionais
competentes, devem:
(b) Preparar um inventário das diferentes formas de solo, floresta, uso da água, cultivo e recursos
genéticos vegetais e animais, dando prioridade aos que estejam sob ameaça de extinção. Os
recursos genéticos devem ser protegidos in situ através da manutenção e criação de áreas
protegidas, do aperfeiçoamento das técnicas tradicionais de cultivo e criação de animais, e da
criação de programas de avaliação do valor potencial dos recursos;
(d) Identificar áreas montanhosas ameaçadas pela poluição atmosférica das áreas industriais e
urbanas próximas.
(b) Estimular a coordenação, nos planos regional, nacional e internacional, das iniciativas
populares e das atividades das organizações não-governamentais internacionais, regionais e
locais voltadas para o desenvolvimento das áreas montanhosas, como a Universidade das
Nações Unidas, o Woodland Mountain Institutes (WMI), o Centro Internacional para o
Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD), a International Mountain Society (IMS), a
Associação Africana para a Proteção das Montanhas e a Associação Andina para a Proteção
das Montanhas, bem como apoiar essas organizações no intercâmbio de informações e
experiências;
Meios de implementação
(b) Apoiar a instrução superior através da concessão de bolsas de estudo e subsídios para a
pesquisa favorecendo os estudos ambientais sobre áreas montanhosas e onduladas, em
especial para candidatos pertencentes a populações nativas das montanhas;
(c) Oferecer instrução ambiental aos agricultores, em especial às mulheres, com o objetivo de
ajudar a população rural a entender melhor as questões ecológicas relativas ao desenvolvimento
sustentável dos ecossistemas montanhosos.
(d) Capacitação
13.14. A erosão do solo pode ter um efeito devastador sobre uma imensa quantidade de pessoas
que vivem na área rural -- pessoas que dependem da agricultura irrigada pela chuva tanto em
áreas montanhosas como em encostas. A pobreza, o desemprego, a doença e as deficiências
sanitárias estão por toda parte. A promoção de programas integrados em prol do
desenvolvimento das bacias hidrográficas com a participação efetiva da população local é uma
maneira de impedir o aumento do desequilíbrio ecológico. É indispensável uma abordagem
integrada para a conservação, melhora e aproveitamento da base de recursos naturais de terras,
águas, plantas, animais e recursos humanos. Além disso, a promoção de formas alternativas de
subsistência, particularmente através do desenvolvimento de planos de emprego que aumentem
a base produtiva, contribuirá significativamente para a melhoria do nível de vida da grande
população rural que vive em ecossistemas de montanha.
Objetivos
(a) Até o ano 2000, desenvolver sistemas adequados de planejamento e gerenciamento do uso
da terra, tanto para terras aráveis como não aráveis, nas áreas montanhosas próximas a bacias
fluviais, com o objetivo de impedir a erosão do solo, aumentar a produção de biomassa e manter
o equilíbrio ecológico;
(c) Elaborar dispositivos técnicos e institucionais para os países afetados, com o objetivo de
mitigar os efeitos dos desastres naturais através de medidas preventivas, do zoneamento das
áreas de risco, de sistemas de pronto alerta, de planos de evacuação e da criação de fundos de
emergência.
Atividades
(b) Estabelecer grupos de trabalho ou comitês para o desenvolvimento das bacias hidrográficas
que venham complementar as instituições existentes na coordenação dos serviços integrados
de apoio às iniciativas locais voltadas para a pecuária, a silvicultura, a horticultura e o
desenvolvimento rural em todos os níveis administrativos;
(c) Estimular a participação popular no gerenciamento dos recursos locais através de uma
legislação apropriada;
(d) Apoiar as organizações não-governamentais e outros grupos privados que contribuam com
as organizações e comunidades locais na preparação de projetos que propiciem o
desenvolvimento participativo dos habitantes locais;
(e) Criar mecanismos que preservem as áreas ameaçadas que tenham condições de proteger a
flora e a fauna silvestres, conservar a diversidade biológica ou funcionar como parques nacionais;
(f) Desenvolver políticas nacionais que ofereçam incentivos a agricultores e habitantes locais
para que esses adotem medidas de conservação e utilizem tecnologias inócuas para o meio
ambiente;
(a) Manter e estabelecer instalações que permitam a observação e a avaliação sistemáticas nos
níveis nacional, estadual ou provincial, para gerar informações utilizadas nas operações
cotidianas e avaliar os impactos ambientais e sócio-econômicos dos projetos;
(a) Fortalecer o papel dos institutos internacionais de pesquisa e treinamento adequados, como
o Grupo Consultivo sobre Pesquisa Agrícola Internacional (GCPAI) e a International Board for
Soil Research and Management (IBSAM), bem como de centros regionais de pesquisa, como os
Woodland Mountain Institutes e o Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das
Montanhas, na realização de pesquisas aplicadas que contribuam para o desenvolvimento das
bacias hidrográficas;
(b) Promover a cooperação regional e o intercâmbio de dados e informações entre países que
partilhem cadeias montanhosas e bacias fluviais, especialmente os que se vêem afetados por
desastres nas montanhas e inundações;
Meios de implementação
(a) Estudar a possibilidade de dar andamento a projetos pilotos que associem a proteção
ambiental ao desenvolvimento, com ênfase especial para alguns sistemas ou práticas
tradicionais de gerenciamento do meio ambiente que apresentem efeitos positivos sobre o meio
ambiente.
(b) Gerar tecnologias para situações específicas de bacias hidrográficas e explorações agrícolas
através de uma abordagem participativa que envolva homens e mulheres locais, bem como
pesquisadores e agentes de extensão que levem a cabo experiências e testes sobre essas
situações agrícolas;
(d) Capacitação
CAPÍTULO 14
INTRODUÇÃO
14.1. No ano 2025, 83 por cento da população mundial prevista, de 8,5 bilhões de habitantes,
estarão vivendo nos países em desenvolvimento. Não obstante, a capacidade de que os recursos
e tecnologias disponíveis satisfaçam às exigências de alimentos e outros produtos agrícolas
dessa população em crescimento permanece incerta. A agricultura vê-se diante da necessidade
de fazer frente a esse desafio, principalmente aumentando a produção das terras atualmente
exploradas e evitando a exaustão ainda maior de terras que só marginalmente são apropriadas
para o cultivo.
14.2. Com o objetivo de criar condições que permitam o desenvolvimento rural e agrícola
sustentável, verifica-se a necessidade de efetuar importantes ajustes nas políticas para a
agricultura, o meio ambiente e a macroecnomia, tanto no nível nacional como internacional, nos
países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento. O principal objetivo do desenvolvimento
rural e agrícola sustentável é aumentar a produção de alimentos de forma sustentável e
incrementar a segurança alimentar. Isso envolverá iniciativas na área da educação, o uso de
incentivos econômicos e o desenvolvimento de tecnologias novas e apropriadas, dessa forma
assegurando uma oferta estável de alimentos nutricionalmente adequados, o acesso a essas
ofertas por parte dos grupos vulneráveis, paralelamente à produção para os mercados; emprego
e geração de renda para reduzir a probeza; e o manejo dos recursos naturais juntamente com a
proteção do meio ambiente.
14.3. Para assegurar o sustento de uma população em expansão é preciso dar prioridade à
manutenção e aperfeiçoamento da capacidade das terras agrícolas de maior potencial. No
entanto a conservação e a reabilitação dos recursos naturais das terras com menor potencial,
com o objetivo de manter uma razão homem/terra sustentável, também são necessárias. Os
principais instrumentos do desenvolvimento rural e agrícola sustentável são a reforma da política
agrícola, a reforma agrária, a participação, a diversificação dos rendimentos, a conservação da
terra e um melhor manejo dos insumos. O êxito do desenvolvimento rural e agrícola sustentável
dependerá em ampla medida do apoio e da participação das populações rurais, dos Governos
nacionais, do setor privado e da cooperação internacional, inclusive da cooperação técnica e
científica.
14.4. Este capítulo inclui as seguintes áreas de programas:
(c) Melhora da produção agrícola e dos sistemas de cultivo por meio da diversificação do
emprego agrícola e não- agrícola e do desenvolvimento da infra-estrutura;
(g) Conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos vegetais para a produção de
alimentos e a agricultura sustentável;
(h) Conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos animais para a agricultura
sustentável;
(l) Avaliação dos efeitos da radiação ultravioleta decorrente da degradação da camada de ozônio
estratosférico sobre as plantas e animais.
ÁREAS DE PROGRAMAS
14.7. Também são necessárias ações concretas no que diz respeito a decisões políticas
saudáveis relativas a comércio e fluxo de capitais, para superar: (a) o desconhecimento dos
custos ambientais decorrentes de determinadas políticas setoriais e macroeconômicas e, em
decorrência, da ameaça que essas políticas representam para a sustentabilidade; (b) a
insuficiência de qualificações e experiência quanto à incorporação das questões relativas a
sustentabilidade nas políticas e programas; e (c) a inadequação de instrumentos de análise e
monitoramento. 1/.
Objetivos
(a) Até 1995, examinar e, quando apropriado, estabelecer um programa voltado para a
integração do desenvolvimento ambiental e sustentável a uma análise política do setor alimentar
e agrícola e, subseqüentemente, à análise, formulação e implementação das políticas
macroeconômicas pertinentes;
(b) Até 1998, manter e desenvolver, conforme apropriado, planos, programas e medidas políticas
operacionais multi-setoriais que incluam programas e medidas destinados a melhorar a produção
sustentável de alimentos e a segurança alimentar no quadro do desenvolvimento sustentável;
(c) Até 2005, manter e melhorar a capacidade dos países em desenvolvimento -- particularmente
dos menos desenvolvidos dentre eles -- a ocuparem-se eles próprios do manejo de suas
atividades de orientação política, programação e planejamento.
Atividades
14.9. Os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e regionais
competentes, devem:
(a) Empreender análises da política nacional de segurança alimentar, inclusive dos níveis
adequados e da estabilidade do abastecimento de alimentos e do acesso ao alimento por parte
de todas as famílias;
(b) Analisar a política agrícola nacional e regional em relação,inter alia, ao comércio exterior, à
política de preços, às políticas cambiais, aos subsídios e impostos agrícolas, bem como à
organização com vistas à integração econômica regional;
(c) Implementar políticas que tenham o objetivo de influenciar positivamente a ocupação da terra
e os direitos de propriedade, com o devido reconhecimento do tamanho mínimo que devem ter
as propriedades fundiárias com vistas a manter a produção e frear uma fragmentação ainda
maior;
(e) Formular, introduzir e monitorar políticas, leis e regulamentações e incentivos que levem ao
desenvolvimento rural e agrícola sustentável e a uma melhor segurança alimentar, bem como ao
desenvolvimento e transferência de tecnologias adequadas de cultivo, inclusive, quando
apropriado, sistemas de agricultura sustentável de baixos insumos;
(f) Apoiar os sistemas nacionais e regionais de pronto alerta por meio de dispositivos de
assistência à segurança alimentar que façam o monitoramento da oferta e da demanda alimentar
e dos fatores que afetam o acesso das famílias aos gêneros alimentícios;
(g) Analisar as políticas em vigor no que diz respeito a melhorar a colheita, o armazenamento, o
processamento, a distribuição e a comercialização dos produtos nos planos local, nacional e
regional;
(h) Formular e implementar projetos agrícolas integrados que incluam outras atividades voltadas
para os recursos naturais, como o manejo de pastagens, florestas e fauna/flora silvestres,
conforme apropriado;
(b)Dados e informações
(a) Cooperar ativamente para expandir e melhorar a informação sobre os sistemas de pronto
alerta no que diz respeito a alimentos e agricultura, tanto no plano regional como nacional;
14.11. As agências das Nações Unidas, como a FAO, o Banco Mundial, o FIDA e o GATT,
juntamente com as organizações regionais, as agências doadoras bilaterais e outros organismos
devem, no âmbito de seus respectivos mandatos, assumir um papel em seu trabalho junto aos
Governos nacionais nas seguintes atividades:
(c) Fortalecer e estabelecer sistemas e redes nacionais, regionais e internacionais para uma
melhor compreensão da interação entre a agricultura e a situação do meio ambiente, identificar
tecnologias ecologicamente saudáveis e facilitar o intercâmbio de informações sobre fontes de
dados, políticas e técnicas e instrumentos de análise.
Meios de implementação
(a)Financiamento e estimativa de custos
(a) Envolver e treinar economistas, planejadores e analistas locais para dar início a análises das
políticas nacionais e internacionais e desenvolver quadros que favoreçam a agricultura
sustentável;
(b) Estabelecer medidas legais que promovam o acesso das mulheres à terra e extirpem os
preconceitos que cercam sua participação no desenvolvimento rural.
(d)Fortalecimento institucional
14.16. Este componente faz uma ponte entre as políticas governamentais e o manejo integrado
dos recursos humanos. Quanto maior for o grau de controle da comunidade sobre os recursos
de que depende, maior será o estímulo ao desenvolvimento econômico e dos recursos humanos.
Ao mesmo tempo, os Governos nacionais têm que estabelecer instrumentos políticos que
conciliem os requisitos de longo e curto prazo. As abordagens têm a preocupação central de
proporcionar auto-confiança, fomentar a cooperação, oferecer informações e apoiar as
organizações baseadas nos usuários. A ênfase deve estar nas práticas de manejo, na
elaboração de acordos que modifiquem a forma de utilizar os recursos, nos direitos e deveres
associados ao uso da terra, da água e das florestas, no funcionamento dos mercados, nos
preços, e no acesso à informação, ao capital e aos insumos. Tudo isso exige treinamento e
fortalecimento institucional e técnica, para que a população possa assumir maiores
responsabilidades nos esforços em prol do desenvolvimento sustentável. 2/
Objetivos
Atividades
(a)Atividades de manejo
(b) Analisar e reorientar as medidas existentes com vistas a ampliar o acesso à terra, à água e
aos recursos florestais e assegurar direitos iguais para as mulheres e outros grupos
desfavorecidos, com ênfase especial para as populações rurais, populações indígenas,
populações de regiões sob ocupação e comunidades locais;
(c) Atribuir com clareza títulos, direitos e responsabilidades no que diz respeito à terra e aos
indivíduos e comunidades, com o objetivo de estimular o investimento nos recursos terrestres;
(f) Fornecer serviços de apoio e treinamento que reconheçam a diversidade das circunstâncias
e práticas agrícolas nos diferentes locais; a utilização ótima dos insumos agrícolas locais e a
utilização mínima de insumos externos; a utilização ótima dos recursos naturais locais e o manejo
das fontes renováveis de energia; e o estabelecimento de redes dedicadas ao intercâmbio de
informações sobre formas alternativas de agricultura.
Dados e informações
(b) Contribuir para o processamento das informações disponíveis por meio das organizações
não-governamentais e promover a criação de uma rede internacional de agricultura ecológica
com vistas a acelerar o desenvolvimento e a implementação de práticas agrícolas ecológicas.
Meios de implementação
(d)Fortalecimento institucional
C.Melhora da produção agrícola e dos sistemas de cultivo por meio da diversificação do emprego
agrícola e não- agrícola e do desenvolvimento da infra-estrutura
14.25. A agricultura precisa ser intensificada para atender à demanda futura de bens e evitar
uma expansão ainda maior para as terras marginais e a invasão dos ecossistemas frágeis. O
uso crescente de insumos externos e o desenvolvimento de sistemas especializados de
produção e cultivo tendem a tornar a agricultura ainda mais vulnerável às pressões ambientais e
às oscilações do mercado. Em decorrência, verifica-se a necessidade de intensificar a agricultura
diversificando os sistemas de produção, com vistas a obter um máximo de eficiência na utilização
dos recursos locais e, paralelamente, minimizar os riscos ambientais e econômicos. Quando for
impossível intensificar os sistemas de cultivo será preciso identificar e desenvolver outras
oportunidades de emprego -- tanto em atividades agrícolas como não-agrícolas --, por exemplo
indústrias de fundo de quintal, utilização da flora e da fauna silvestres, aqüicultura e piscicultura,
atividades não-agrícolas como pequena indústria com base nos povoados rurais, transformação
de produtos agrícolas, agroindústria, lazer e turismo, etc.
Objetivos
Atividades
(c) Promover e melhorar as redes financeiras rurais que utilizem em seus investimentos recursos
de capital colhidos localmente;
(d) Fornecer a infra-estrutura rural indispensável para o acesso aos insumos e serviços da
agricultura e os mercados nacionais e locais, e reduzir as perdas de alimentos;
(e) Dar início e manter pesquisas agrícolas, testes práticos para determinar a adequação das
tecnologias, e um diálogo com as comunidades rurais visando identificar as limitações e
dificuldades e encontrar soluções;
(f) Analisar e identificar possibilidades de integração econômica entre as atividades da agricultura
e da silvicultura, bem como entre as dos recursos hídricos e da pesca, e adotar medidas eficazes
para estimular o manejo florestal e o cultivo de árvores pelos agricultores (silvicultura agrícola),
como opção para o desenvolvimento dos recursos.
(b)Dados e informações
(a) Analisar os efeitos das inovações e incentivos técnicos sobre os rendimentos e o bem-estar
das famílias de agricultores;
Meios de implementação
(a) Promover a instrução e a formação profissional de agricultores e comunidades rurais por meio
do ensino formal e não-formal;
(a) Melhorar sua capacidade organizativa para lidar com as questões relacionadas às atividades
não-agrícolas e ao desenvolvimento das indústrias rurais;
14.34. As utilizações inadequadas e não controladas da terra estão entre as principais causas
da degradação e do esgotamento dos recursos terrestres. O uso atual da terra com freqüência
deixa de considerar as possibilidades, capacidades produtivas e limitações dos recursos
terrestres, bem como sua diversidade espacial. Segundo as estimativas, na virada do século a
população mundial, hoje de 5,4 bilhões de pessoas, somará 6,25 bilhões de pessoas. A
necessidade de aumentar a produção de alimentos para atender às necessidades crescentes da
população provocará uma pressão enorme sobre todos os recursos naturais, inclusive os
terrestres.
Objetivos
(b) Estabelecer organismos de planejamento agrícola nos planos nacional e local com a função
de determinar prioridades, canalizar recursos e implementar programas.
Atividades
(b) Iniciar e manter grupos voltados para o planejamento, manejo e conservação dos recursos
terrestres agrícolas nos distritos e povoados, com o objetivo de contribuir para a identificação
dos problemas, o desenvolvimento de soluções técnicas e de manejo e a implementação de
projetos.
(b)Dados e informações
(a) Coletar, monitorar continuamente, atualizar e difundir informações, sempre que possível,
sobre a utilização dos recursos naturais e as condições de vida, o clima, os fatores de água e
solo; e sobre o uso da terra, a distribuição da cobertura vegetal e das espécies animais, a
utilização de plantas silvestres, os sistemas de produção e as colheitas, os custos e preços, bem
como considerações sociais e culturais que afetem o uso das terras agrícolas e das terras
adjacentes;
Meios de implementação
(a) Desenvolver dases de dados e sistemas de informação geográfica para armazenar e fornecer
informações físicas, sociais e econômicas relativas à agricultura, e para a definição de regiões
ecológicas e áreas de desenvolvimento;
(c) Estimular o planejamento integrado no nível das bacias e paisagens específicas para reduzir
a perda de solo e proteger os recursos hídricos de superfície da poluição química.
(c)Desenvolvimento de recursos humanos
(a) Treinar profissionais e grupos de planejamento de abrangência nacional, distrital e local, por
meio de cursos formais e informais, viagens e atividades de interação;
(b) Provocar debates em todos os níveis sobre questões de política, desenvolvimento e meio
ambiente relacionadas ao uso e manejo de terras agrícolas, por meio de programas difundidos
pelos meios de comunicação, conferências e seminários.
(d)Fortalecimento institucional
(a) Criar unidades dedicadas ao mapeamento e planejamento dos recursos terrestres nos planos
nacional, distrital e local que funcionem como centros coordenadores e como elementos de
ligação entre as instituições e disciplinas, bem como entre Governos e populações;
14.44. A degradação da terra, que afeta extensas áreas tanto nos países desenvolvidos como
nos países em desenvolvimento, é o mais grave problema ambiental. O problema da erosão do
solo é particularmente agudo nos países em desenvolvimento, enquanto em todos os países
agravam-se os problemas de salinização, encharcamento, poluição do solo e perda da fertilidade
do solo. A degradação das terras é grave porque a produtividade de vastas regiões está em
declínio exatamente no momento em que se verifica um rápido aumento das populações e,
conseqüentemente, cresce a demanda para que o solo produza mais alimento, fibra e
combustível. Até a presente data, os esforços para controlar a degradação das terras, sobretudo
nos países em desenvolvimento, encontraram sucesso limitado. Verifica-se a necessidade de se
criarem programas nacionais e regionais de conservação e reabilitação das terras bem
planejados, de longo prazo, com forte apoio político e recursos financeiros adequados. Embora
o planejamento do uso das terras e seu zoneamento, associados a um melhor manejo das terras,
devam oferecer soluções de longo prazo para o problema da degradação das terras, urge
interromper tal degradação e dar início a programas de conservação e reabilitação nas regiões
mais seriamente afetadas e mais vulneráveis.
Objetivos
(a) Até o ano 2000, atualizar ou dar início, conforme apropriado, a levantamentos nacionais dos
recursos terrestres que detalhem a localização, extensão e gravidade da degradação das terras;
(b) Preparar e implementar políticas e programas abrangentes voltados para a recuperação das
terras degradadas e a conservação das regiões ameaçadas, além de melhorar o planejamento,
o manejo e a utilização gerais dos recursos terrestres e de preservar a fertilidade do solo com
vistas ao desenvolvimento agrícola sustentável.
Atividades
(b) Oferecer incentivos e, quando adequado ou possível, recursos para a participação das
comunidades locais no planejamento, implementação e manutenção de seus próprios programas
de conservação e recuperação das terras;
(c) Desenvolver e implementar programas para a reabilitação das terras degradadas pelo
encharcamento e a salinidade;
(b)Dados e informações
(b) Fortalecer e estabelecer bancos de dados nacionais sobre recursos terrestres que incluam
identificação sobre localização, extensão e gravidade da degradação atual das terras e sobre as
regiões ameaçadas, e avaliar os progressos dos programas de conservação e reabilitação
empreendidos a esse respeito;
(a) Desenvolver programas prioritários de conservação e reabilitação das terras que incluam
serviços de assessoramento aos Governos e às organizações regionais;
(b) Estabelecer redes regionais e subregionais para intercâmbio de experiências entre cientistas
e técnicos, desenvolvimento de programas conjuntos e difusão de tecnologias comprovadamente
bem-sucedidas de conservação e reabilitação das terras.
Meios de implementação
(d)Fortalecimento institucional
(a) Desenvolver e fortalecer a capacidade das instituições nacionais de pesquisa para identificar
e implementar práticas eficazes de conservação e reabilitação que correspondam às condições
físicas e sócio-econômicas atuais dos usuários das terras;
14.53. Esta área de programas está incluída no capítulo 18 ("Proteção dos recursos de água
doce e de sua qualidade"), área de programas F.
14.54. Os recursos genéticos vegetais utilizados na agricultura são um recurso essencial para
atender às necessidades futuras de alimentos. As ameaças à segurança desses recursos vêm
se avolumando e os esforços para conservar, desenvolver e utilizar a diversidade genética
carecem de recursos e de pessoal. Muitos bancos de genes atualmente existentes oferecem
segurança inadequada e, em alguns casos, a perda de diversidade genética vegetal nos bancos
de genes é tão grande quanto a que ocorre no campo.
Objetivos
(a) Completar o mais depressa possível a primeira regeneração e duplicação segura de todas as
coleçõesex situ existentes no mundo inteiro;
(b) Coletar e estudar as plantas úteis para o aumento da produção de alimentos por meio de
atividades conjuntas que incluam treinamento, no âmbito das redes de instituições que trabalham
em colaboração;
(c) Até o ano 2000, adotar políticas e fortalecer ou criar programas para a conservação e o uso
sustentável -- tantoin situ, no local do cultivo, comoex situ -- dos recursos genéticos vegetais para
alimentos e agricultura, integrados a estratégias e programas voltados para a agricultura
sustentável;
(d) Adotar medidas adequadas para uma partilha justa e eqüitativa dos benefícios e resultados
das atividades de pesquisa e desenvolvimento em genética vegetal entre as fontes e usuários
de recursos genéticos vegetais.
Atividades
(b) Fortalecer e criar pesquisas no setor público sobre avaliação e utilização dos recursos
genéticos vegetais para a agricultura, com vistas a atingir os objetivos da agricultura sustentável
e do desenvolvimento rural;
(d) Preparar planos ou programas de ação prioritária voltados para a conservação e o uso
sustentável de recursos genéticos vegetais para a agricultura baseados, conforme apropriado,
em estudos nacionais sobre os recursos genéticos vegetais para a agricultura;
(e) Promover a diversificação de culturas nos sistemas agrícolas quando apropriado, com a
inclusão de novas plantas que apresentem valor potencial de culturas alimentares;
(f) Promover a utilização de plantas e cultivos pouco conhecidos mas potencialmente úteis, bem
como a pesquisa a respeito, quando apropriado;
(g) Fortalecer a capacidade nacional de utilização dos recursos genéticos vegetais para a
agricultura, de hibridação e de produção de sementes, tanto pelas instituições especializadas
como pelas comunidades agrícolas.
(b)Dados e informações
(a) Desenvolver estratégias para a criação de redes de zonas de conservaçãoin situ e a utilização
de instrumentos como coleçõesex situ nos locais de cultivo, bancos de germoplasma e
tecnologias correlatas;
(c) Verificar periodicamente a situação dos recursos genéticos vegetais para a agricultura e
preparar relatórios a respeito utilizando os sistemas e procedimentos existentes;
(d) Caracterizar e avaliar o material coletado relativo a recursos genéticos vegetais para a
agricultura, difundir essas informações para facilitar o uso das coleções de recursos genéticos
vegetais para a agricultura, e analisar a variação genética nas coleções.
(c) Preparar relatórios periódicos sobre a situação mundial no que diz respeito a recursos
genéticos vegetais para a agricultura;
(d) Preparar um plano mundial contínuo de ação cooperativa no que diz respeito a recursos
genéticos vegetais para a agricultura;
(e) Promover, para 1994, a IV Conferência Técnica Internacional sobre Conservação e Uso
Sustentável dos Recursos Genéticos Vegetais para a Agricultura, ocasião em que deverão ser
adotados o primeiro relatório sobre a situação mundial e o primeiro plano de ação mundial para
a conservação e o uso sustentável dos recursos genéticos vegetais para a agricultura;
(f) Ajustar o Sistema mundial de conservação e uso sustentável dos recursos genéticos vegetais
para a agricultura aos resultados das negociações de uma convenção sobre a biodiversidade.
Meios de implementação
(a)Financiamento e estimativa de custos
(a) Desenvolver a pesquisa científica básica em áreas como taxonomia vegetal e fitogeografia,
utilizando desenvolvimentos recentes como as ciências da computação, genética molecular e
criopreservaçãoin vitro;
(b) Desenvolver importantes projetos colaborativos entre os programas de pesquisa dos países
desenvolvidos e em desenvolvimento, particularmente com vistas a melhorar as espécies pouco
conhecidas ou negligenciadas;
(c) Promover tecnologias com boa relação custo-benefício para a manutenção em duplicata de
conjuntos de coleçõesex situ(que também possam ser utilizadas pelas comunidades locais);
(d) Aprofundar as ciências da conservação relacionadas à conservaçãoin situ, bem como meios
técnicos que permitam vincular esta última aos esforços de conservaçãoex situ.
(b) Sensibilizar os serviços de extensão agrícola com vistas a vincular as atividades voltadas
para os recursos genéticos vegetais para a agricultura com as comunidades usuárias;
(d)Fortalecimento Institucional
Objetivos
(a) Enumerar e descrever todas as raças de gado utilizadas na pecuária da forma mais
abrangente possível e dar início a um programa decenal de ação;
(b) Estabelecer e implementar programas de ação para identificar as raças ameaçadas, bem
como a natureza da ameaça e as medidas de preservação adequadas;
Atividades
(a) Elaborar planos de preservação de raças para as populações ameaçadas que incluam
coleção e armazenamento de sêmen e embriões; conservação, no local da criação, de linhagens
nativas; ou preservaçãoin situ;
(b)Dados e informações
14.69. As agências das Nações Unidas e outras agências internacionais e regionais competentes
devem:
(a) Promover a criação de bancos regionais de genes, na medida em que tal iniciativa se
justifique, partindo dos princípios da cooperação técnica entre os países em desenvolvimento;
(b) Processar, armazenar e analisar dados genéticos animais no plano mundial, inclusive com: o
estabelecimento de uma lista de vigilância mundial e de um sistema de pronto alerta para as
raças ameaçadas; a avaliação mundial das diretivas científicas e intergovernamentais para o
programa e a revisão das atividades regionais e nacionais; o desenvolvimento de metodologias,
normas e padrões (inclusive em relação aos acordos internacionais); o monitoramento de sua
implementação; e a assistência técnica e financeira correspondente;
(c) Preparar e publicar uma base de dados abrangente sobre os recursos genéticos animais,
com a descrição de cada raça, sua derivação, sua relação com outras raças, a dimensão real da
população e um conjunto conciso de características biológicas e de produção;
(d) Preparar e publicar uma lista de vigilância mundial sobre as espécies de animais de criação
ameaçadas, permitindo aos Governos nacionais que tomem medidas para preservar as raças
ameaçadas e procurem assistência técnica quando necessário.
Meios de implementação
(a) Patrocinar cursos de treinamento para nacionais com o objetivo de obter os conhecimentos
necessários para a coleta e a manipulação de dados e para a amostragem de material genético;
(b) Capacitar cientistas e gerenciadores a estabelecer uma base de informações sobre as raças
autóctones de gado e promover programas voltados para o desenvolvimento e a conservação
de material genético pecuário essencial.
(d)Fortalecimento institucional
(a) Estabelecer em seus países condições para a criação de centros de inseminação artificial e
centros de criação e seleçãoin situ.
(b) Promover, em seus países, programas e a infra-estrutura física correlata para a conservação
de seu plantel de gado e o desenvolvimento das raças, bem como para reforçar a capacidade
nacional de tomar medidas preventivas quando as raças se virem ameaçadas.
14.74. As projeções sobre demanda alimentar no mundo indicam um acréscimo de 50 por cento
até o ano 2000; até 2050 esse total terá mais que dobrado. Estimativas conservadoras
demonstram que as perdas pré e pós colheita causadas por pragas atingem entre 25 e 50 por
cento. As pragas que afetam a saúde animal também causam perdas de monta e em muitas
regiões impedem o crescimento do rebanho. O combate químico às pragas agrícolas foi, de
início, amplamente adotado, mas seu uso exagerado provoca efeitos adversos sobre os
orçamentos agrícolas, a saúde humana e o meio ambiente -- e também sobre o comércio
internacional. Novos problemas relacionados a pragas continuam aparecendo. O manejo
integrado das pragas, que associa controle biológico, resistência da planta hospedeira e práticas
agrícolas adequadas, e minimiza o uso de pesticidas, é a melhor opção para o futuro, visto que
assegura os rendimentos, reduz os custos, é ambientalmente benigno e contribui para a
sustentabilidade da agricultura. O manejo integrado das pragas deve estar estreitamente
associado a um manejo adequado dos pesticidas para permitir a regulamentação e o controle
dos pesticidas, inclusive de seu comércio, e a manipulação e a eliminação seguras dos
pesticidas, especialmente dos tóxicos e de efeito persistente.
Objetivos
(a) Até o ano 2000, melhorar e implementar os serviços de proteção vegetal e de saúde animal,
inclusive mecanismos para controlar a distribuição e o uso de pesticidas, e implementar o Código
Internacional de Conduta para a Distribuição e Uso de Pesticidas;
(b) Melhorar e implementar programas que utilizem redes de agricultores, serviços de extensão
e instituições de pesquisa para colocar as práticas integradas de manejo de pragas ao alcance
dos agricultores;
(c) Até 1998, estabelecer entre agricultores, pesquisadores e serviços de extensão, redes
operacionais e interativas destinadas a promover e desenvolver o manejo integrado das pragas.
Atividades
(b) Desenvolver e adotar sistemas de manejo eficientes para controlar e monitorar a incidência
de pragas e enfermidades na agricultura e a distribuição e uso de pesticidas no plano nacional;
(b)Dados e informação
(a) Consolidar e harmonizar as informações e programas existentes sobre o uso dos pesticidas
que foram proibidos ou que têm seu uso rigorosamente controlado nos diferentes países;
(c) Empreender levantamentos de abrangência nacional para colher informações básicas sobre
o uso dos pesticidas em cada país e seus efeitos colaterais sobre a saúde humana e o meio
ambiente; empreender ainda campanhas educativas adequadas;
(a) Estabelecer um sistema para coletar, analisar e difundir informações sobre a quantidade e a
qualidade dos pesticidas utilizados anualmente e seus efeitos sobre a saúde humana e o meio
ambiente;
(b) Reforçar os projetos interdisciplinares regionais e estabelecer redes de manejo integrado das
pragas para demonstrar os benefícios sociais, econômicos e ambientais desse tipo de manejo
para as culturas alimentares e comerciais e para a agricultura;
(c) Elaborar um sistema adequado de manejo integrado das pragas que inclua a seleção dos
diversos tipos de combate às pragas -- biológicos, físicos e culturais, bem como químicos --,
levando em conta a especificidade das condições regionais.
Meios de implementação
(d)Fortalecimento institucional
14.83. O esgotamento dos nutrientes dos vegetais é um sério problema que tem como resultado
a perda da fertilidade do solo, particularmente nos países em desenvolvimento. Para manter a
produtividade do solo, os programas de nutrição sustentável dos vegetais promovidos pela FAO
podem ser úteis. Hoje na África subsaariana verifica-se um gasto de nutrientes, consideradas
todas as fontes, três a quatro vezes maior que o total de insumos, com uma perda líquida total
estimada em cerca de 10 milhões de toneladas métricas por ano. Conseqüentemente, mais
terras marginais e ecossistemas naturais frágeis passam a ser utilizados na agricultura,
ampliando a degradação do solo e outros problemas ambientais. Uma abordagem integrada da
nutrição dos vegetais tem por meta assegurar um suprimento sustentável de nutrientes para os
vegetais, aumentando os rendimentos futuros sem danos para o meio ambiente e a produtividade
do solo.
Objetivos
(a) Até o ano 2000, desenvolver e manter, em todos os países, uma abordagem integrada para
a nutrição dos vegetais, e otimizar a disponibilidade de fertilizantes e outras fontes de nutrientes
vegetais;
(b) Até o ano 2000, estabelecer e manter infra-estruturas institucionais e humanas propícias a
maior eficácia nas tomadas de decisão relativas a produtividade do solo;
(a) Formular e aplicar estratégias que contribuam para a manutenção da fertilidade do solo em
prol de uma produção agrícola sustentável e ajustar condizentemente os instrumentos
pertinentes da política agrícola;
(b) Integrar em um mesmo sistema as fontes orgânicas e inorgânicas de nutrientes dos vegetais,
com o objetivo de manter a fertilidade do solo e determinar as necessidades de fertilizantes
minerais;
(b)Dados e informações
(a) Definir "contas nacionais" de nutrientes de vegetais que incluam suprimentos (insumos) e
perdas (rendimentos), e preparar balancetes e projeções por sistema de cultivo;
(b) Examinar os potenciais técnicos e econômicos das fontes de nutrientes de vegetais, inclusive
das jazidas nacionais, dos suprimentos orgânicos melhorados, da reciglagem, dos resíduos, das
camadas superficiais do solo formadas por rejeitos de matéria orgânica e da fixação de nitrogênio
biológico.
14.88. As agências competentes das Nações Unidas -- como a FAO --, os institutos
internacionais de pesquisa agrícola e as organizações não-governamentais devem colaborar
para a promoção de campanhas de informação e publicidade sobre a abordagem integrada da
questão dos nutrientes dos vegetais, o grau de produtividade do solo e sua relação com o meio
ambiente.
Meios de implementação
(a)
(a) Desenvolver, em locais que sirvam de ponto de referência e nos campos de cultivo,
tecnologias específicas que preencham as condições sócio-econômicas e ecológicas vigentes,
em decorrência de pesquisas que contem com a total colaboração das populações locais;
(b) Treinar agricultores e grupos de mulheres em manejo da nutrição dos vegetais, com ênfase
especial para a conservação e a produção da camada superficial do solo.
(d)Fortalecimento institucional
Objetivos
14.94. Os objetivos desta área de programas são:
(a) Até o ano 2000, iniciar e estimular, nas comunidades rurais, um processo de transição
energética ambientalmente saudável que substitua as fontes não sustentáveis de energia por
fontes de energia estruturadas e diversificadas; para tanto, tornar disponíveis fontes alternativas
de energia, novas e renováveis;
Atividades
(a) Promover planos e projetos piloto voltados para a energia elétrica, mecânica e térmica
(gaseificadores, biomassa, secadores solares, bombas eólicas e sistemas de combustão) que
sejam adequados e que pareçam propícios a uma manutenção adequada;
(b) Iniciar e promover programas de energia rural apoiados por treinamento técnico, serviços
bancários e infra-estrutura correlata;
(b)Dados e informações
(a) Coletar e difundir dados sobre o suprimento energético rural e os padrões de demanda
relacionados às necessidades energéticas das famílias, da agricultura e da agro-indústria;
(b) Analisar os dados setoriais sobre energia e produção para identificar as exigências
energéticas rurais.
Meios de implementação
(a) Intensificar o desenvolvimento de pesquisas, tanto no setor público como no privado, nos
países em desenvolvimento e nos industrializados, sobre as fontes renováveis de energia para
a agricultura;
(d)Fortalecimento institucional
(b) Reforçar os serviços de extensão e as organizações locais com vistas a implementar planos
e programas para fontes novas e renováveis de energia no plano do povoado.
Objetivo
14.103. O objetivo desta área de programas é empreender pesquisas que determinem os efeitos
do aumento de radiação ultravioleta decorrente da degradação da camada de ozônio
estratosférico sobre a superfície terrestre e sobre a vida vegetal e animal nas regiões afetadas,
bem como seus efeitos sobre a agricultura, e desenvolver, conforme apropriado, estratégias
voltadas para a mitigação de seus efeitos adversos.
Atividades
14.104. Nas regiões afetadas, os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações
internacionais e regionais competentes, devem adotar as medidas necessárias, por meio da
cooperação institucional, para facilitar a implementação das pesquisas e avaliações relativas aos
efeitos do aumento da radiação ultravioleta sobre a vida vegetal e animal, bem como sobre as
atividades agrícolas, e estudar a possibilidade de adotar as medidas corretivas apropriadas.
Notas
1/ Algumas das questões desta área de programas estão apresentadas no capítulo 3 da Agenda
21 ("Combate à pobreza").
2/ Algumas das questões desta área de programas são discutidas no capítulo 8 da Agenda 21
("Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões") e no capítulo 37
("Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento institucional").
CAPÍTULO 15
INTRODUÇÃO
15.3. A despeito dos esforços crescentes envidados ao longo dos últimos 20 anos, a perda da
diversidade biológica no mundo -- decorrente sobretudo da destruição de habitats, da colheita
excessiva, da poluição e da introdução inadequada de plantas e animais exógenos -- prosseguiu.
Os recursos biológicos constituem um capital com grande potencial de produção de benefícios
sustentáveis. Urge que se adotem medidas decisivas para conservar e manter os genes, as
espécies e os ecossistemas, com vistas ao manejo e uso sustentável dos recursos biológicos. A
capacidade de aferir, estudar e observar sistematicamente e avaliar a diversidade biológica
precisa ser reforçada no plano nacional e no plano internacional. É preciso que se adotem ações
nacionais eficazes e que se estabeleça a cooperação internacional para a proteção in situ dos
ecossistemas, para a conservação ex situ dos recursos biológicos e genéticos e para a melhoria
das funções dos ecossistemas. A participação e o apoio das comunidades locais são elementos
essenciais para o sucesso de tal abordagem. Os progressos realizados recentemente no campo
da biotecnologia apontam o provável potencial do material genético contido nas plantas, nos
animais e nos micro-organismos para a agricultura, a saúde, o bem-estar e para fins ambientais.
Ao mesmo tempo, é particularmente importante nesse contexto sublinhar que os Estados têm o
direito soberano de explorar seus próprios recursos biológicos de acordo com suas políticas
ambientais, bem como a responsabilidade de conservar sua diversidade biológica, de usar seus
recursos biológicos de forma sustentável e de assegurar que as atividades empreendidas no
âmbito de sua jurisdição ou controle não causem dano a diversidade biológica de outros Estados
ou de áreas além dos limites de jurisdição nacional.
Objetivos
15.4. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos orgãos das Nações Unidas e
das organizações regionais, intergovernamentais e não-governamentais competentes, o setor
privado e as instituições financeiras, e levando em consideração as populações indígenas e suas
comunidades, bem como fatores sociais e econômicos, devem:
(a) Pressionar para a pronta entrada em vigor da Convenção sobre Diversidade Biológica, com
a mais ampla participação possível;
(c) Integrar estratégias para a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos
recursos biológicos às estratégias e/ou planos nacionais de desenvolvimento;
(d) Adotar as medidas apropriadas para a repartição justa e eqüitativa dos benefícios advindos
da pesquisa e desenvolvimento, bem como do uso dos recursos biológicos e genéticos, inclusive
da biotecnologia, entre as fontes desses recursos e aqueles que os utilizam;
(f) Produzir regularmente relatórios mundiais atualizados sobre a diversidade biológica com base
em levantamentos nacionais
(i) Promover uma cooperação internacional e regional mais ampla para aprofundar a
compreensão científica e econômica da importância da diversidade biológica e sua função nos
ecossistemas;
(j) Estabelecer medidas e dispositivos para implementar os direitos dos países de origem dos
recursos genéticos ou dos países provedores dos recursos genéticos, tal como definidos na
Convenção sobre Diversidade Biológica, especialmente os países em desenvolvimento, de
beneficiarem-se do desenvolvimento biotecnológico e da utilização comercial dos produtos
derivados de tais recursos. 2/, 3/
Atividades
15.5. Os Governos, nos níveis apropriados, em conformidade com políticas e práticas nacionais,
com a cooperação dos organismos competentes das Nações Unidas e, conforme apropriado, de
organizações intergovernamentais, e com o apoio das populações indígenas e de suas
comunidades, de organizações não-governamentais e de outros grupos, inclusive os meios
empresariais e as comunidades científicas, e em conformidade com os requisitos jurídicos
internacionais, devem, conforme apropriado:
(a) Criar novos programas, planos ou estratégias ou fortalecer os que já existam para a
conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos biológicos, levando em
conta as necessidades de educação e treinamento; 4/
(b) Integrar estratégias voltadas para a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável
dos recursos biológicos e genéticos aos planos, programas e políticas setoriais ou trans-setoriais
pertinentes, com especial referência à importância específica dos recursos biológicos e genéticos
terrestres e aquáticos para a produção alimentar e a agricultura; 5/
(c) Empreender estudos de país ou utilizar outros métodos para identificar os componentes da
diversidade biológica importantes para sua conservação e para o uso sustentável dos recursos
biológicos; atribuir valores aos recursos biológicos e genéticos; identificar processos e atividades
com impactos significativos sobre a diversidade biológica; avaliar as implicações econômicas
potenciais da conservação da diversidade biológica e do uso sustentável dos recursos biológicos
e genéticos; e sugerir ações prioritárias;
(d) Adotar medidas eficazes de incentivo -- econômicas, sociais e outras -- para estimular a
conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos biológicos, inclusive com
a promoção de sistemas sustentáveis de produção, como os métodos tradicionais de agricultura,
agro-silvicultura, silvicultura, e manejo das pastagens e da flora e da fauna silvestres, que
utilizem, mantenham ou aumentem a diversidade biológica; 5/
(e) Em conformidade com a legislação nacional, adotar medidas para respeitar, registrar,
proteger e promover uma maior aplicação dos conhecimentos, inovações e práticas das
comunidades indígenas e locais que reflitam estilos de vida tradicionais e que permitam
conservar a diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos biológicos, com vistas à
partilha justa e eqüitativa dos benefícios decorrentes, e promover mecanismos que promovam a
participação dessas comunidades, inclusive das mulheres, na conservação e manejo dos
ecossistemas; 1/
(f) Empreender pesquisas de longo prazo sobre a importância da diversidade biológica para o
funcionamento dos ecossistemas e o papel dos ecossistemas na produção de bens, serviços
ambientais e outros valores que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Essas
pesquisas devem voltar-se especialmente para a biologia e as capacidades reprodutivas das
principais espécies terrestres e aquáticas, inclusive as espécies nativas, cultivadas e
aculturadas; as novas técnicas de observação e inventário; as condições ecológicas necessárias
para a conservação e a evolução da diversidade biológica; e o comportamento social e os hábitos
alimentares dependentes dos ecossistemas naturais, em que as mulheres têm um papel
fundamental. O trabalho deve ser empreendido com a mais ampla participação possível,
especialmente de populações indígenas e suas comunidades, inclusive das mulheres; 1/
(g) Adotar medidas, quando necessário, para a conservação da diversidade biológica por meio
da conservação in situ dos ecossistemas e habitats naturais, bem como de cultivares primitivos
e seus correspondentes silvestres, e da manutenção e recuperação de populações viáveis de
espécies em seu meio natural, e implementar medidas ex situ, de preferência no país de origem;
As medidas in situ devem incluir o reforço dos sistemas de áreas terrestres, marinhas e aquáticas
protegidas e abranger, inter alia, as regiões de água doce e outras terras úmidas vulneráveis e
os ecossistemas costeiros, como estuários, recifes de coral e mangues; 6/
(m) Adotar medidas que estimulem uma maior compreensão e apreciação do valor da
diversidade biológica, tal como esta se manifesta em suas partes componentes e nos
ecossistemas que provêem.
(e) Empreender a atualização, análise e interpretação dos dados decorrentes das atividades de
identificação, amostragem e avaliação descritas acima;
(f) Coletar, analisar e tornar disponíveis informações pertinentes e confiáveis, em tempo hábil e
em formato adequado para a tomada de decisões em todos os níveis, com apoio e participação
plenos das populações locais e indígenas e suas comunidades.
15.7. Os Governos, no nível apropriado, com a cooperação dos organismos competentes das
Nações Unidas e, conforme apropriado, de organizações intergovernamentais, e com o apoio
das populações indígenas e suas comunidades, de organizações não-governamentais e outros
grupos, inclusive os círculos financeiros e científicos, e em conformidade com as disposições do
Direito Internacional, devem, conforme apropriado:
(d) Sem prejuízo dos dispositivos pertinentes da Convenção sobre Diversidade Biológica,
facilitar, no que diz respeito a este capítulo, a transferência de tecnologias relevantes para a
conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos biológicos ou tecnologias
que façam uso dos recursos genéticos e não causem danos significativos ao meio ambiente, em
conformidade com o Capítulo 34 e reconhecendo que a tecnologia inclui a biotecnologia; 2/, 8/
(e) Promover a cooperação entre as partes nas convenções e planos de ação internacionais
pertinentes, com o objetivo de fortalecer e coordenar os esforços voltados para a conservação
da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos biológicos;
(f) Fortalecer o apoio aos instrumentos, programas e planos de ação internacionais e regionais
voltados para a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos
biológicos;
(g) Promover uma melhor coordenação internacional de medidas para a conservação e o manejo
eficazes de espécies migratórias, que não constituam pragas, em risco de extinção, inclusive
com níveis adequados de apoio para a criação e o manejo de áreas protegidas em localizações
transfronteiriças;
Meios de implementação
(b) Métodos e tecnologias para a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos
recursos biológicos;
(c) Métodos aperfeiçoados e diversificados para a conservação ex situ, com vistas à conservação
a longo prazo dos recursos genéticos que apresentem importância para a pesquisa e o
desenvolvimento.
(a) Aumentar o número e/ou fazer um uso mais eficiente do pessoal capacitado nas áreas
científicas e tecnológicas relevantes para a conservação da diversidade biológica e o uso
sustentável dos recursos biológicos;
(c) Promover e estimular uma melhor compreensão da importância das medidas necessárias
para a conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos biológicos em
todos os planos governamentais de tomada de decisão e definição de políticas, bem como nas
empresas e instituições de crédito, e promover e estimular a inclusão desses tópicos nos
programas educacionais.
(d) Capacitação
Notas
"País de origem dos recursos genéticos" significa o país que possui esses recursos genéticos
em condições in situ.
"País provedor dos recursos genéticos" significa o país que provê recursos genéticos colhidos
de fontes in situ, inclusive as populações de espécies tanto silvestres quanto domesticadas, ou
de fontes ex situ, originárias ou não desse país.
6/ Ver capítulo 17 ("Proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares, inclusive mares fechados
e semifechados, e das regiões costeiras, e proteção, uso racional e desenvolvimento de seus
recursos vivos").
CAPÍTULO 16
ÁREAS DE PROGRAMAS
16.2. Para atender ao desafio das necessidades crescentes de consumo da população mundial,
o desafio não é apenas o de aumentar a produção de alimentos; também é preciso aperfeiçoar
significativamente a distribuição dos alimentos e ao mesmo tempo desenvolver sistemas
agrícolas mais sustentáveis. Esse aumento da produtividade deverá ter lugar, em grande parte,
nos países em desenvolvimento. Para tanto, será necessário proceder à aplicação bem sucedida
e ambientalmente saudável da biotecnologia à agricultura, ao meio ambiente e ao atendimento
da saúde humana. Os investimentos em moderna biotecnologia foram realizados, em sua maior
parte, no mundo industrializado. Será preciso contar com um volume significativo de novos
investimentos e desenvolver recursos humanos em biotecnologia, especialmente no mundo em
desenvolvimento.
Objetivos
16.3. Os seguintes objetivos são propostos, tendo em mente a necessidade de promover o uso
de medidas adequadas de segurança, buscadas na área de programa D:
(a) Aumentar, na medida ótima possível, o rendimento dos principais cultivos, da criação de gado
e das espécies aqüícolas, mediante o uso combinado dos recursos da moderna biotecnologia e
do aperfeiçoamento convencional de plantas/animais/microorganismos, inclusive com o uso mais
diversificado de recursos do material genético, tanto híbrido quanto original.2/ O rendimento
decorrente da produção florestal também deve aumentar, para assegurar o uso sustentável das
florestas; 3/
(d) Avaliar o potencial agrícola das terras marginais comparativamente a outros usos potenciais
e desenvolver, quando apropriado, sistemas que permitam aumentos sustentáveis da
produtividade;
Atividades
(a) Aumentar a produtividade, a qualidade nutricional e a vida útil dos produtos alimentares e
forrageiros, com esforços que incluam trabalho em torno das perdas pré e pós-colheitas;
(d) Promover o uso de variedades sub-utilizadas que apresentem possível importância futura
para a nutrição humana e o abastecimento industrial de matérias-primas;
(e) Aumentar a eficácia dos processos simbióticos que servem à produção agrícola sustentável;
(h) Identificar as linhagens mais produtivas de árvores de crescimento rápido, em especial para
uso como lenha, e desenvolver métodos de propagação rápida que contribuam para sua maior
difusão e uso;
(i) Avaliar o uso de diversas técnicas da biotecnologia para melhorar o rendimento de peixes,
algas e outras espécies aquáticas;
(j) Promover uma produção agrícola sustentável por meio do fortalecimento e da ampliação da
capacidade e da esfera de ação dos centros de pesquisa existentes, com vistas a obter a
necessária massa crítica por meio do estímulo e monitoramento da pesquisa voltada para o
desenvolvimento de produtos e processos biológicos de valor produtivo e ambiental que sejam
econômica e socialmente viáveis, levado em conta os aspectos de segurança;
(k) Promover a integração das biotecnologias apropriadas e tradicionais com o objetivo de cultivar
plantas geneticamente modificadas, criar animais saudáveis e proteger os recursos genéticos
florestais;
(b)Dados e informações
(b) Exame das implicações de uma eliminação dos subsídios e da possibilidade de adoção de
outros instrumentos econômicos que reflitam os custos ambientais associados ao uso não-
sustentável de agroquímicos;
Meios de implementação
(d)Fortalecimento Institucional
16.10. Será necessário adotar medidas que elevem o nível das instituições ou outras medidas
adequadas para reforçar as capacidades nacionais nos planos técnico, de manejo, de
planejamento e de administração, com vistas a apoiar as atividades nesta área de programa.
Tais medidas devem contar com o apoio internacional, científico, técnico e financeiro adequado
para facilitar a cooperação técnica e aumentar as capacidades dos países em desenvolvimento.
A área de programa E contém maiores detalhes.
Objetivos
16.12. O principal objetivo desta área de programas é contribuir, por meio da aplicação
ambientalmente saudável da biotecnologia, para um programa geral de saúde, para:5/
(a) Reforçar ou criar (em caráter de urgência) programas que ajudem a combater as principais
moléstias contagiosas;
(c) Desenvolver e melhorar programas que contribuam para o tratamento específico das
principais moléstias não-contagiosas e para sua prevenção;
(e) Criar capacidades melhores para o desenvolvimento de pesquisas básicas e aplicadas e para
o manejo da pesquisa interdisciplinar.
Atividades
(b) Desenvolver critérios de avaliação da eficácia e dos benefícios e riscos das atividades
propostas;
(d) Melhorar, realizar amostragens sistemáticas e avaliar a qualidade da água potável por meio
da introdução de medidas específicas adequadas, inclusive de diagnóstico dos agentes
patogênicos e poluentes transmitidos pela água;
(i) Desenvolver o melhoramento e a utilização mais eficaz das plantas medicinais e outras fontes
correlatas;
(b)Dados e informações
16.15. Os Governos, nos níveis apropriados, com o apoio das organizações internacionais e
regionais competentes, devem:
Meios de implementação
16.16. É preciso implementar urgentemente as atividades concebidas para atingir as metas
acima caso se queira progredir rumo ao controle das principais moléstias contagiosas até o início
do próximo século. A disseminação de determinadas doenças para todas as regiões do mundo
exige medidas de alcance global. Para as doenças mais localizadas, políticas regionais ou
nacionais serão mais indicadas. Para atingir as metas é necessário:
(a) No dos cientistas necessários para a pesquisa básica e orientada para os produtos;
(b) No do pessoal da área de saúde (a ser treinado no uso seguro dos novos produtos) e de
gerenciadores dos programas científicos necessários para a pesquisa intermultidisciplinar
complexa;
(d)Fortalecimento Institucional*
16.21. A necessidade de contar com um capital genético variado de germoplasma vegetal, animal
e microbiano para que haja desenvolvimento sustentável está claramente estabelecida. A
biotecnologia é um dos muitos instrumentos capazes de desempenhar um papel importante no
apoio à reabilitação de ecossistemas e paisagens degradados. Isso pode ser realizado por meio
do desenvolvimento de novas técnicas de reflorestamento e florestamento, de conservação de
germoplasma e cultivo de novas variedades vegetais. A biotecnologia também pode contribuir
para o estudo dos efeitos exercidos pelos organismos introduzidos nos ecossistemas sobre os
demais organismos e sobre outros organismos .
Objetivos
(a) Adotar processos de produção que façam um uso ótimo dos recursos naturais por meio da
reciclagem da biomassa, da recuperação da energia e da minimização da geração de resíduos;6/
(c) Aplicar as biotecnologias e seus produtos para proteger a integridade ambiental, com vistas
a assegurar uma segurança ecológica a longo prazo.
Atividades
(c) Desenvolver processos que reduzam a geração de resíduos, tratem os resíduos antes que
estes sejam descartados e façam uso de materiais biodegradáveis;
(d) Desenvolver processos para a recuperação de energia e a obtenção fontes renováveis de
energia, forragem para o gado e matérias-primas por meio da reciclagem de resíduos orgânicos
e biomassa;
(g) Desenvolver aplicações que aumentem a quantidade disponível de material vegetal de plantio
resistente às pressões com vistas à reabilitação e conservação dos solos;
(h) Promover a adoção de um manejo integrado das pragas a partir do uso judicioso de agentes
de controle biológicos;
(i) Promover o uso adequado de fertilizantes biológicos no âmbito dos programas nacionais de
fertilizantes;
(k) Desenvolver tecnologias facilmente aplicáveis para tratamento do esgoto e dos resíduos
orgânicos;
(l) Desenvolver novas tecnologias para uma seleção rápida dos organismos com vista a suas
propriedades biológicas úteis;
(m) Promover novas biotecnologias para a extração dos recursos minerais de forma
ambientalmente sustentável.
(b)Dados e informações
16.24. Devem ser adotadas medidas que aumentem o acesso tanto às informações existentes
sobre biotecnologia como aos serviços proporcionados pelas bases de dados mundiais.
16.27. As atividades desta área de programa irão aumentar a demanda de pessoal capacitado.
Será necessário aumentar o apoio aos programas de treinamento existentes, por exemplo no
nível das universidades e institutos técnicos, bem como o intercâmbio de pessoal capacitado
entre os países e regiões. Também é preciso desenvolver novos e adicioonais programas de
treinamento, por exemplo para o pessoal técnico e de apoio. Além disso, há necessidade urgente
de melhorar o nível de compreensão dos princípios biológicos e de suas implicações políticas
entre os responsáveis pela tomada de decisões nos Governos, e as instituições financeiras e
outras.
(d)Fortalecimento Institucional
Objetivos
Atividades
16.31. As atividades propostas para esta área de programa exigem uma estreita cooperação
internacional. Elas devem partir das atividades já existentes ou planejadas que visem acelerar a
aplicação ambientalmente saudável da biotecnologia, especialmente nos países em
desenvolvimento.
(d) Empreender programas de treinamento nos planos nacional e regional sobre a aplicação das
diretrizes técnicas propostas;
(b)Dados e informações *
16.34. As atividades posteriores devem incluir as seguintes (ver também parágrafo 16.32):
(a) Organização de uma ou mais reuniões regionais entre países para identificar os passos
práticos adicionais para facilitar a cooperação internacional em bio-segurança;
(b) Estabelecer uma rede internacional que incorpore pontos de contato nacionais, regionais e
globais;
(c) Oferecer assistência direta, quando solicitado, por meio da rede internacional, utilizando redes
de informação, bancos de dados e procedimentos de informação;
Meios de implementação
(d)Fortalecimento Institucional
Objetivos
(a) Promover o desenvolvimento e a aplicação das biotecnologias, com especial atenção para
os países em desenvolvimento, por meio das seguintes medidas:
(i) Intensificar os esforços envidados atualmente nos planos nacional, regional e global;
(iii)Sensibilizar a opinião pública no que diz respeito aos aspectos benéficos e aos riscos
associados à biotecnologia, a fim de contribuir para o desenvolvimento sustentável;
(iv) Contribuir para criar um clima favorável aos investimentos, ao aumento da capacidade
industrial e à distribuição/comercialização da produção;
9/
(b) Identificar formas e meios de intensificar os esforços atualmente envidados, partindo, sempre
que possível, dos mecanismos existentes, particularmente regionais, para determinar a natureza
exata das necessidades de iniciativas adicionais, especialmente no que diz respeito aos países
em desenvolvimento, e, desenvolver estratégias de resposta adequadas, inclusive propostas
para a criação de novos mecanismos internacionais;
Atividades
(b) Implementar programas para uma maior sensibilização do público e dos principais
responsáveis pela tomada de decisões em relação aos benefícios e riscos potenciais e relativos
da aplicação ambientalmente saudável da biotecnologia;
(c) Realizar uma análise urgente dos mecanismos, programas e atividades capacitadores
existentes nos planos nacional, regional e global, para identificar pontos fortes, pontos fracos e
lacunas e para avaliar as necessidades prioritárias dos países em desenvolvimento;
(d) Definir e implementar estratégias para superar as limitações identificadas nas áreas de
alimentos, forragens e matérias-primas renováveis; saúde humana; e proteção ambiental,
tornando mais eficazes os dispositivos já existentes;
(f) Desenvolver planos estratégicos para resolver as dificuldades claramente identificadas por
meio de atividades adequadas de pesquisa, do desenvolvimento de produtos e de sua
comercialização;
(b)Dados e informações
16.41. As seguintes atividades devem ser empreendidas: facilitação do acesso aos atuais
sistemas de difusão da informação, em especial entre os países em desenvolvimento;
aperfeitamento desse acesso, onde apropriado; e consideração da possibilidade de criar um guia
de informações.
Meios de implementação
16.44. Será preciso organizar, nos planos regional e global, cursos práticos, simpósios,
seminários e outras formas de intercâmbio entre a comunidade científica; para concretizar-se,
esse intercâmbio deverá versar sobre temas prioritários específicos e fazer uso pleno das
competências científicas e tecnológicas de cada país.
(d)Fortalecimento Institucional
Notas
CAPÍTULO 17
INTRODUÇÃO
17.1. O meio ambiente marinho -- inclusive os oceanos e todos os mares, bem como as zonas
costeiras adjacentes -- forma um todo integrado que é um componente essencial do sistema que
possibilita a existência de vida sobre a Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidades
para um desenvolvimento sustentável. O direito internacional, tal como este refletido nas
disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar1/ e2/ mencionadas no
presente capítulo da Agenda 21, estabelece os direitos e as obrigações dos Estados e oferece a
base internacional sobre a qual devem apoiar-se as atividades voltadas para a proteção e o
desenvolvimento sustentável do meio ambiente marinho e costeiro, bem como seus recursos.
Isso exige novas abordagens de gerenciamento e desenvolvimento marinho e costeiro nos
planos nacional, sub-regional, regional e mundial -- abordagens integradas do ponto de vista do
conteúdo e que ao mesmo tempo se caracterizem pela precaução e pela antecipação, como
demonstram as seguintes áreas de programas:3/
(a) Gerenciamento integrado e desenvolvimento sustentável das zonas costeiras, inclusive zonas
econômicas exclusivas;
(c) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto mar;
(d) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob jurisdição nacional;
(e) Análise das incertezas críticas para o manejo do meio ambiente marinho e a mudança do
clima;
17.4. A despeito dos esforços nacionais, sub-regionais, regionais e mundiais, verifica-se que as
maneiras como atualmente se aborda o gerenciamento dos recursos marinhos e costeiros nem
sempre foi capaz de atingir o desenvolvimento sustentável; e os recursos costeiros, bem como
o meio ambiente costeiro, vêm sofrendo um processo acelerado de degradação e erosão em
muitos lugares do mundo.
Objetivos
Atividades
17.6. Cada Estado costeiro deve considerar a possibilidade de estabelecer -- ou, quando
necessário, fortalecer -- mecanismos de coordenação adequados (por exemplo organismos
altamente qualificados para o planejamento de políticas) para o gerenciamento integrado e o
desenvolvimento sustentável das zonas costeiras e marinhas e dos respectivos recursos
naturais, tanto no plano local como no nacional. Tais mecanismos devem incluir consultas,
conforme apropriado, aos setores acadêmico e privado, às organizações não-governamentais,
às comunidades locais, aos grupos usuários dos recursos e aos populações indígenas. Tais
mecanismos de coordenação nacional podem compreender,inter alia:
(c) A preparação de perfis costeiros que identifiquem as áreas críticas, inclusive as regiões
erodidas, os processos físicos, os padrões de desenvolvimento, os conflitos entre os usuários e
as prioridades específicas em matéria de gerenciamento;
(f) A melhoria dos estabelecimentos humanos costeiros, especialmente no que diz respeito a
habitação, água potável e tratamento e depósito de esgotos, resíduos sólidos e efluentes
industriais;
(g) A avaliação periódica dos impactos de fatores e fenômenos externos para conseguir que se
atinjam os objetivos do gerenciamento integrado e do desenvolvimento sustentável das zonas
costeiras e do meio ambiente marinho;
(m) A promoção de tecnologias saudáveis no que diz respeito ao meio ambiente, bem como de
práticas sustentáveis;
17.7. Os Estados costeiros, com o apoio das organizações internacionais, quando solicitado,
devem adotar medidas de manutenção da biodiversidade e da produtividade das espécies e
hábitats marinhos sob jurisdição nacional.Inter alia, tais medidas podem incluir: levantamentos
da biodiversidade marinha, inventários de espécies ameaçadas e de hábitats costeiros e
marinhos críticos; criação e gerenciamento de áreas protegidas; e apoio à pesquisa científica e
à difusão de seus resultados.
(b)Dados e informações
17.8. Os Estados costeiros, quando necessário, devem aprimorar sua capacidade de coletar,
analisar, avaliar e utilizar informações em prol do uso sustentável dos recursos naturais, inclusive
com a realização de estudos sobre o impacto ambiental de atividades relacionadas às zonas
costeiras e marinhas. As informações que atendam à finalidade do gerenciamento devem
receber apoio prioritário, tendo em vista a intensidade e magnitude das mudanças que estão
ocorrendo nas zonas costeiras e marinhas. Com essa finalidade é necessário,inter alia:
(a) Desenvolver e manter bancos de dados para a avaliação e o gerenciamento das zonas
costeiras, bem como de todos os mares e seus recursos;
(c) Realizar avaliações periódicas do meio ambiente das zonas costeiras e marinhas;
(d) Preparar e manter perfis dos recursos, atividades, usos, hábitats e áreas protegidas das
zonas costeiras baseados nos critérios do desenvolvimento sustentável;
Meios de implementação
(d)Fortalecimento institucional
17.17. Cooperação plena deve ser assegurada aos Estados costeiros, quando a solicitarem, em
seus esforços para criar capacidade institucional e técnica e, conforme apropriado, o
fortalecimento institucional e técnico deve ser incluída na cooperação bilateral e multilateral para
o desenvolvimento.Inter alia, os Estados costeiros podem considerar a possibilidade de:
17.18. A degradação do meio ambiente marinho pode resultar de uma ampla gama de fontes.
As fontes de origem terrestre contribuem com 70 por cento da poluição marinha e as atividades
de transporte marítimo e descarga no mar comparecem com 10 por cento cada uma. Os
poluentes que apresentam maior ameaça para o meio ambiente marinho são, em grau variável
de importância e dependendo das diferentes situações nacionais ou regionais: esgotos,
nutrientes, compostos orgânicos sintéticos, sedimentos, lixo e plásticos, metais, radionuclídeos,
petróleo/hidrocarbonetos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Muitas das substâncias
poluidoras provenientes de fontes terrestres representam problemas particulares para o meio
ambiente marinho, visto que apresentam ao mesmo tempo toxicidade, persistência e
bioacumulação na cadeia alimentar. Atualmente não existe plano algum de caráter mundial
voltado para os problemas da poluição marinha de origem terrestre.
17.19. A degradação do meio ambiente marinho também pode decorrer de um amplo espectro
de atividades em terra. Os estabelecimentos humanos, o uso da terra, a construção de infra-
estrutura costeira, a agricultura, a silvicultura, o desenvolvimento urbano, o turismo e a indústria
podem afetar o meio ambiente marinho. Preocupam, particularmente, a erosão e a presença de
silte nas zonas costeiras.
17.20. A poluição marinha também é provocada pelo transporte e pelas atividades marítimas.
Cerca de 600 mil toneladas de petróleo são despejadas no mar anualmente em decorrência de
operações normais de transporte marítimo, acidentes e descargas ilegais. No que diz respeito
às atividades de extração de petróleo e gás ao alto mar, atualmente há normas internacionais
relativas às descargas próximas às maquinarias e examinaram-se seis convenções regionais
para a fiscalização das descargas das plataformas. A natureza e a extensão dos impactos sobre
o meio ambiente decorrentes das atividades de exploração e produção de petróleo ao alto mar
representam, geralmente, uma proporção muito pequena da poluição marinha.
17.21. Para impedir a degradação do meio ambiente marinho é preciso adotar uma abordagem
de precaução e antecipação, mais que de reação. Para tanto é necessário,inter alia, adotar
medidas de precaução, avaliações dos impactos ambientais, tecnologias limpas, reciclagem,
controle e redução dos esgotos, construção e/ou melhoria das centrais de tratamento de esgotos,
critérios qualitativos de gerenciamento para o manejo adequado das substâncias perigosas e
uma abordagem abrangente dos impactos nocivos procedentes do ar, da terra e da água. Seja
qual for a estrutura de gerenciamento adotada, ela deverá incluir a melhoria dos
estabelecimentos humanos costeiros e o gerenciamento e desenvolvimento integrados das
zonas costeiras.
Objetivos
(b) Assegurar a realização de avaliações prévias das atividades que possam apresentar
impactos negativos significativos sobre o meio ambiente marinho;
(c) Integrar a proteção do meio ambiente marinho às políticas gerais pertinentes das esferas
ambiental, social e de desenvolvimento econômico;
(e) Melhorar o nível de vida das populações costeiras, especialmente nos países em
desenvolvimento, de modo a contribuir para a redução da degradação do meio ambiente costeiro
e marinho.
17.23. Os Estados concordam que, para apoiar os esforços dos países em desenvolvimento no
sentido de aplicar o presente compromisso, será preciso oferecer-lhes, por meio dos
mecanismos internacionais adequados, recursos financeiros adicionais, além de permitir que
tenham acesso a tecnologias mais limpas e às pesquisas pertinentes.
Atividades
17.24. Ao cumprir seu compromisso de fazer frente à degradação do meio ambiente marinho por
atividades terrestres, os Estados devem empreender atividades de caráter nacional e, conforme
apropriado, de caráter regional e sub-regional, compatibilizando-as às medidas destinadas a
implementar a área de programas A, e levar em conta as Diretrizes de Montreal para a Proteção
do Meio Ambiente Marinho por Fontes Terrestres.
17.25. Para tal fim, os Estados, com o apoio das organizações internacionais ambientais,
científicas, técnicas e financeiras relevantes, devem cooperar,inter alia, para:
(b) Avaliar a eficácia dos acordos e planos de ação regionais vigentes, conforme apropriado, com
vistas a identificar maneiras de fortalecer, se necessário, as medidas destinadas a impedir,
reduzir e controlar a degradação marinha provocada por atividades terrestres;
(d) Desenvolver meios para proporcionar orientação sobre as tecnologias de combate aos
principais tipos de poluição do meio ambiente marinho por fontes terrestres, de acordo com as
informações científicas mais confiáveis;
17.26. O Conselho Administrativo do PNUMA está convidado a convocar, tão logo possível, uma
reunião intergovernamental sobre a proteção do meio ambiente marinho da poluição decorrente
de atividades terrestres.
17.27. No que diz respeito ao esgoto, as medidas prioritárias a serem examinadas pelos Estados
podem incluir:
(a) A inclusão do problema dos esgotos quando da formulação ou revisão dos planos de
desenvolvimento costeiro, inclusive dos planos relativos aos estabelecimentos humanos;
(b) Construir e manter centrais de tratamento de esgotos que estejam de acordo com as políticas
e a capacidade nacionais e com a cooperação internacional disponível;
(c) Distribuir os pontos de saída de esgotos de forma a manter um nível aceitável de qualidade
ambiental e evitar a exposição de criadouros de mariscos, tomadas de água e áreas de banho
aos agentes patogênicos;
(d) Promover tratamentos complementares ambientalmente saudáveis dos efluentes domésticos
e industriais compatíveis, mediante a utilização, sempre que possível, de controles da entrada
de efluentes incompatíveis com o sistema;
(e) Promover o tratamento primário dos esgotos municipais descarregados em rios, estuários e
no mar, ou outras soluções adequadas aos locais específicos;
17.28. No que diz respeito a outras fontes de poluição, as medidas prioritárias a serem adotadas
pelos Estados podem incluir:
(b) A promoção de avaliações dos riscos e do impacto ambiental, com o objetivo de contribuir
para a obtenção de um nível aceitável de qualidade ambiental;
(e) A redução da emissão ou descarga de outros compostos orgânicos sintéticos que ameacem
acumular-se a um nível perigoso no meio ambiente marinho;
(f) A promoção de controles das descargas antrópicas de nitrogênio e fósforo que adentram as
águas costeiras em lugares onde haja problemas -- como a eutrofização -- que ameacem o meio
ambiente marinho ou seus recursos;
(g) A cooperação com os países em desenvolvimento, por meio de apoio financeiro e tecnológico,
com o objetivo de obter o melhor controle possível e a máxima redução de substâncias e resíduos
tóxicos, persistentes ou que tendam à bioacumulação, e o estabelecimento de depósitos
terrestres de resíduos que sejam ambientalmente saudáveis, em substituição aos alijamentos
marinhos;
(i) A promoção do uso de pesticidas e fertilizantes menos nocivos para o meio ambiente, bem
como de métodos alternativos para o controle de pragas, e a consideração da possibilidade de
proibir os métodos que não sejam ambientalmente saudáveis;
(j) A adoção de novas iniciativas nos planos nacional, sub-regional e regional para o controle da
descarga de poluentes vindos de fontes não localizadas, o que irá exigir mudanças amplas no
gerenciamento de esgotos e resíduos, nas práticas agrícolas e nos sistemas de mineração,
construção e transportes.
17.29. No que diz respeito à destruição física das zonas costeiras e marinhas que provoca
degradação do meio ambiente marinho, as medidas prioritárias devem incluir o controle e a
prevenção da erosão e do silte na costa resultantes de fatores antrópicos relacionados,inter alia,
às técnicas e práticas de uso da terra e de construção.
(ii) Facilitar os processos de (i) oferecendo apoio aos Estados individuais, quando solicitado, para
ajudá-los a superar os obstáculos que apontem;
(iii) Cooperar no controle da poluição marinha causada por navios, especialmente por descargas
ilegais (por exemplo por meio da vigilância aérea), e impor maior rigor no cumprimento das
determinações da MARPOL sobre esse tipo de descargas;
(iv) Avaliar o índice de poluição causado pelos navios nas áreas particularmente vulneráveis
identificadas pela OMI e tomar providências para implementar as medidas pertinentes, quando
necessário, nas referidas áreas, para garantir o cumprimento das determinações internacionais
geralmente aceitas;
(v) Tomar providências para assegurar o respeito às áreas designadas pelos Estados costeiros,
no interior de suas zonas econômicas exclusivas, em conformidade com a legislação
internacional, com o objetivo de proteger e preservar ecossistemas raros ou frágeis, tais como
recifes de coral e manguezais;
(vi) Considerar a possibilidade de adotar normas apropriadas no que diz respeito à descarga de
água de lastro, com vistas a impedir a disseminação de organismos estranhos
(vii) Promover a segurança na navegação por meio de uma cartografia adequada dos litorais e
rotas marítimas, conforme apropriado;
(viii) Avaliar a necessidade de uma regulamentação internacional mais rigorosa, com vistas a
reduzir ainda mais o risco de acidentes e poluição provocada por navios cargueiros (inclusive
embarcações graneleiras de alta tonelagem);
(ix) Estimular a OMI e a AIEA a trabalharem juntas para completar a elaboração de um código
sobre o transporte recipientes de combustível nuclear irradiado em frascos dos navios;
(x) Revisar e atualizar o Código de Segurança para Navios Mercantes Nucleares da OMI e
determinar a melhor forma possível de implementar um código revisto;
(i) Apoiar uma ratificação, aplicação e participação mais ampla nas convenções pertinentes sobre
alijamento no mar, inclusive com a pronta conclusão de uma estratégia futura para a Convenção
de Londres;
(ii) Estimular as Partes da Convenção de Londres a adotar as medidas adequadas para pôr fim
ao alijamento nos oceanos e à incineração de substâncias perigosas.
(c) Provocada por plataformas marinhas de petróleo e gás: os Estados devem avaliar as medidas
regulamentares em vigor relativas a descargas, emissões e segurança e a necessidade de serem
adotadas medidas adicionais;
(d) Provocada por portos: os Estados devem facilitar o estabelecimento de instalações portuárias
que realizem a coleta de resíduos químicos e petrolíferos, bem como do lixo dos navios,
especialmente nas áreas especiais da MARPOL e promover o estabelecimento de instalações
em menor escala nas marinas e portos de pesca;
17.31. A OMI e, se for o caso, outras organizações competentes das Nações Unidas, conforme
apropriado, a pedido dos Estados envolvidos, devem avaliar, quando for o caso, as condições
de poluição marinha nas áreas de tráfego marinho congestionado, tal como os estreitos
internacionais utilizados maciçamente, com vistas a assegurar o cumprimento das
regulamentações internacionais geralmente aceitas, em especial as que dizem respeito a
descargas ilegais pelos navios, em conformidade com as determinações da Parte III da
Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar.
17.32. Os Estados devem adotar medidas para reduzir a poluição da água causada pelos
compostos organo-estânicos utilizados nas pinturas anti-aderências;
17.34. Os Estados devem intensificar a cooperação internacional para fortalecer ou criar, quando
necessário, em cooperação com as organizações intergovernamentais sub-regionais, regionais
ou mundiais competentes e, conforme apropriado, com as organizações industriais competentes,
centros ou mecanismos regionais para intervenção em caso de vazamento de
petróleo/substâncias químicas;
(b)Dados e informações
(a) Estabelecer sistemas de observação sistemática para medir a qualidade do meio ambiente
marinho, inclusive as causas e os efeitos da degradação marinha, como base para o
gerenciamento;
(b) Intercambiar regularmente informações sobre a degradação marinha causada tanto por
atividades terrestres como marítimas e sobre medidas destinadas a impedir, controlar e reduzir
tal degradação;
(c) Apoiar e expandir programas internacionais de observação sistemática -- como o programa
de observação de mexilhões - a partir de instalações já existentes, com especial atenção para
os países em desenvolvimento;
(e) Estabelecer um perfil mundial e uma base de dados com informações sobre fontes, tipos,
quantidades e efeitos dos poluentes que atingem o meio ambiente marinho em decorrência de
atividades terrestres em zonas costeiras e oriundas de fontes marítimas;
Meios de implementação
(c) Equipar laboratórios para a observação sistemática dos impactos da atividade humana e
outros sobre o meio ambiente marinho;
17.38. Os Estados, individualmente ou em cooperação uns com os outros, e com o apoio das
organizações internacionais, tanto sub-regionais como regionais ou mundiais, conforme
apropriado, devem:
(a) Oferecer treinamento para o pessoal essencial necessário para uma proteção adequada do
meio ambiente marinho, tal como identificado por pesquisas a respeito das necessidades de
treinamento nos planos nacional, regional ou sub-regional;
(b) Promover a introdução de tópicos relativos à proteção do meio ambiente marinho nos
currículos dos programas de estudos marinhos;
(d) Organizar cursos práticos sobre os aspectos ambientais das operações portuárias e do
desenvolvimento dos portos;
(f) Apoiar e complementar, por meio da cooperação bilateral e multilateral, os esforços nacionais
dos países em desenvolvimento no que diz respeito ao desenvolvimento dos recursos humanos
relacionados à prevenção e redução da degradação do meio ambiente marinho.
(d)Fortalecimento institucional
17.40. Devem-se fortalecer ou, conforme apropriado, criar instituições de pesquisa nos países
em desenvolvimento para observação sistemática da poluição marinha, avaliação do impacto
ambiental e desenvolvimento de recomendações de controle. O gerenciamento e o pessoal
dessas instituições deve ser local.
17.41. Será necessário definir dispositivos especiais para oferecer recursos financeiros e
técnicos adequados que permitam aos países em desenvolvimento prevenir e solucionar
problemas associados a atividades que constituam risco para o meio ambiente marinho.
17.43. Ao executar essas atividades do programa é preciso dedicar especial atenção aos
problemas dos países em desenvolvimento, que estariam sobrecarregados por um fardo
proporcionalmente maior devido a sua escassez de instalações, conhecimentos especializados
e capacidades técnicas.
C.Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto mar
17.44. Nesta última década houve uma considerável expansão da pesca em alto mar; essa
atividade representa atualmente cerca de 5 por cento do total das atividades pesqueiras do
mundo. Os dispositivos da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar no que diz
respeito aos recursos marinhos vivos de alto mar estabelecem direitos e obrigações a serem
observados pelos Estados no que diz respeito à conservação e utilização de tais recursos.
17.45. Não obstante, o gerenciamento da pesca em alto mar, que inclui a adoção, monitoramento
e aplicação de medidas eficazes de conservação, é inadequado em muitas áreas e alguns
recursos estão sendo superutilizados. Há problemas de pesca não regulamentada, de
supercapitalização, de dimensão excessiva da frota, de troca de bandeira para fugir à
fiscalização, de utilização de equipamento de pesca insuficientemente seletivo, de bancos de
dados pouco confiáveis e de inexistência de cooperação suficiente entre os Estados. É
fundamental que os Estados cujos nativos e embarcações praticam a pesca em alto mar tomem
medidas a esse respeito e que cooperem entre si nos planos bilateral, sub-regional, regional e
mundial, especialmente no que diz respeito às espécies migratórias e aos estoques situados no
limite das 200 milhas. Tais medidas e tal cooperação devem solucionar as lacunas existentes no
que diz respeito às práticas de pesca, bem como a conhecimentos biológicos, estatísticas
pesqueiras e melhoria dos sistemas de tratamento de dados. Ao mesmo tempo deve-se enfatizar
o gerenciamento baseado na multiplicidade das espécies e outras abordagens que levem em
conta a interdependência das espécies, especialmente ao abordar o problema das espécies em
declínio numérico, mas também na identificação do potencial das populações sub-utilizadas ou
não utilizadas.
Objetivos
(g) Promover pesquisas científicas com respeito aos recursos marinhos vivos de alto mar.
17.47. Nada do estipulado no parágrafo 17.46 acima restringe seja como for o direito de um
Estado ou a competência de uma organização internacional, como adequado, de proibir, limitar
ou regulamentar a exploração de mamíferos marinhos em alto mar com maior rigor do que o que
determina aquele parágrafo. Os Estados devem cooperar com vistas à conservação dos
mamíferos marinhos e, no caso específico dos cetáceos, devem especialmente trabalhar, por
meio das organizações internacionais adequadas, para sua conservação, gerenciamento e
estudo.
17.48. A capacidade dos países em desenvolvimento de atingir os objetivos acima depende dos
meios de que disponham, inclusive financeiros, científicos e tecnológicos. Será preciso beneficiá-
los com cooperação financeira, científica e tecnológica para favorecer suas ações voltadas para
a implementação desses objetivos.
17.49. Os Estados devem tomar medidas eficazes, entre elas medidas de cooperação bilateral
e multilateral, conforme o caso, nos planos sub-regional, regional e mundial, para garantir que
pesca em alto mar seja gerenciada de acordo com as determinações da Convenção das Nações
Unidas sobre Direito do Mar. Em especial, devem:
(a) Aplicar plenamente essas determinações no que diz respeito a populações de espécies cujas
áreas de incidência estejam localizadas tanto no interior como no exterior das zonas econômicas
exclusivas (populações tranzonais);
(b) Aplicar plenamente essas determinações no que diz respeito a espécies altamente
migratórias;
(e) Os Estados devem convocar, tão logo possível, uma conferência intergovernamental sob os
auspícios das Nações Unidas, levando em conta as atividades pertinentes nos planos sub-
regional, regional e mundial, com vistas a promover a implementação eficaz das determinações
da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar no que diz respeito a populações
tranzonais de peixes e espécies altamente migratórias. A conferência, fundamentada,inter alia,
por estudos científicos e técnicos desenvolvidos pela FAO, deve identificar e avaliar os
problemas atualmente existentes no que diz respeito a conservação e gerenciamento desses
estoques de peixes e estudar maneiras de intensificar a cooperação entre os Estados no que diz
respeito a pesca, bem como formular as recomendações adequadas. O trabalho e os resultados
da conferência devem coadunar-se totalmente com as determinações da Convenção das Nações
Unidas sobre Direito do Mar, em especial no que diz respeito aos direitos e obrigações dos
Estados costeiros e dos Estados que praticam a pesca em alto mar.
17.50. Os Estados devem estar atentos para que as atividades de pesca em alto mar
desenvolvidas por embarcações sob suas bandeiras se desenvolvam de modo a minimizar a
captura acidental.
17.53. Os Estados devem proibir o uso, na pesca, de dinamite, veneno e outras práticas
destrutivas equivalentes.
(b)Dados e informações
(a) Promover uma melhor coleta dos dados necessários para a conservação e o uso sustentável
dos recursos marinhos vivos de alto mar;
(b) Intercambiar regularmente dados e informações atualizados que sirvam para avaliar os
recursos pesqueiros;
(c) Desenvolver e partilhar instrumentos de análise e previsão tais como estimativa de estoques
e modelos bioeconômicos;
17.59. Dever-se-ia estimular uma cooperação eficaz no interior dos organismos de pesca sub-
regionais, regionais e mundiais existentes. Quando essas organizações forem inexistentes os
Estados devem, conforme apropriado, cooperar para estabelecê-las.
17.60. Os Estados com interesses em pesca de alto mar regulamentada por uma organização
sub-regional ou regional especializada de que não sejam membros devem ser estimulados,
sempre que possível, a associar-se a tal organização.
(b) Os trabalhos do Comitê Científico da Comissão Internacional da Baleia no que diz respeito à
realização de estudos sobre as baleias de grande porte em especial, bem como sobre outros
cetáceos;
17.62. Os Estados devem cooperar para a conservação, gerenciamento e estudo dos cetáceos.
Meios de implementação
(a)Financiamento e estimativa de custos
17.65. Os Estados, com o apoio das organizações internacionais competentes, sejam elas sub
regionais, regionais ou mundiais, conforme apropriado, devem:
(a) Desenvolver bancos de dados sobre a pesca e os recursos vivos de alto mar;
(b) Coletar e relacionar dados sobre o meio ambiente marinho e dados sobre os recursos vivos
de alto mar, inclusive dos impactos das alterações regionais e mundiais ocasionadas por causas
naturais e pelas atividades do homem;
17.66. O desenvolvimento dos recursos humanos no plano nacional deve ter como objetivo tanto
o desenvolvimento como o gerenciamento dos recursos de alto mar, inclusive da capacitação
relativa a técnicas de pesca de alto mar e avaliação de recursos de alto mar, fortalecimento dos
quadros de pessoal no que diz respeito a sua capacidade para gerenciar e conservar recursos
de alto mar bem como questões ambientais relacionadas, e treinamento de observadores e
inspetores a serem designados em embarcações de pesca.
(d)Fortalecimento institucional
17.68. Será necessário contar com apoio especial, inclusive cooperação entre os Estados, para
aumentar a capacidade dos países em desenvolvimento nas áreas de dados e informações,
meios científicos e tecnológicos e desenvolvimento de recursos humanos para uma participação
eficaz na conservação e na utilização sustentável dos recursos marinhos vivos de alto mar.
D.Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob jurisdição nacional
17.69. A pesca marítima produz entre 80 e 90 milhões de toneladas de peixe e crustáceos por
ano, 95 por cento dos quais procedentes de águas sob jurisdição nacional. Ao longo das quatro
últimas décadas o rendimento aumentou cerca de cinco vezes. As disposições da Convenção
das Nações Unidas sobre Direito do Mar relativas aos recursos marinhos vivos das zonas
econômicas exclusivas e de outras áreas sujeitas à jurisdição nacional estabelecem os direitos
e obrigações dos Estados no que diz respeito à conservação e utilização desses recursos.
17.70. Em muitos países os recursos marinhos vivos oferecem uma fonte importante de proteína
e freqüentemente seu uso tem importância fundamental para as comunidades locais e os
populações indígenas. Tais recursos oferecem alimento e sustento a milhões de pessoas e seu
uso sustentável oferece possibilidades cada vez maiores de responder às necessidades
nutricionais e sociais, especialmente nos países em desenvolvimento. Para que essas
possibilidades se concretizem é preciso aumentar os conhecimentos e identificar os estoques de
recursos marinhos vivos, sobretudo estoques e espécies sub-utilizados ou não utilizados, usar
tecnologias novas, aperfeiçoar as instalações de manejo e processamento para evitar
desperdício e aumentar a qualidade e o treinamento do pessoal capacitado, com vistas a obter
eficácia no gerenciamento e na conservação dos recursos marinhos vivos da zona econômica
exclusiva e de outras áreas sob jurisdição nacional. Também é preciso enfatizar o gerenciamento
apoiado na multiplicidade de espécies e outras abordagens que levem em conta as relações
entre as espécies.
17.71. Em muitas áreas sujeitas à jurisdição nacional a pesca encontra problemas cada vez mais
graves, entre os quais o excesso de pesca local, as incursões não autorizadas de frotas
estrangeiras, a degradação dos ecossistemas, a supercapitalização e o tamanho exagerado das
frotas, a subestimação da coleta, a utilização de equipamento de captura insuficientemente
seletivo, bancos de dados pouco confiáveis e uma competição crescente entre a pesca artesanal
e a pesca em grande escala, bem como entre a pesca e outros tipos de atividades.
17.72. Os problemas não se limitam à pesca. Os recifes de coral e outros hábitats marinhos e
costeiros, como manguezais e estuários, estão entre os ecossistemas mais altamente
diversificados, integrados e produtivos da Terra. É freqüente eles desempenharem importantes
funções ecológicas, oferecerem proteção costeira e contribuírem com recursos fundamentais
para a alimentação, a energia, o turismo e o desenvolvimento econômico. Em muitas partes do
mundo esses sistemas marinhos e costeiros estão submetidos a pressão ou vêem-se
ameaçados por inúmeras fontes, tanto humanas como naturais.
Objetivos
(a) Desenvolver e aumentar o potencial dos recursos marinhos vivos para satisfazer as
necessidades nutricionais humanas e atingir objetivos sociais, econômicos e de
desenvolvimento;
(f) Preservar ecossistemas raros ou frágeis e hábitats e outras áreas ecologicamente vulneráveis.
17.75. Nada do disposto no parágrafo 17.74 acima restringe o direito dos Estados costeiros ou a
competência das organizações internacionais, conforme o caso, de proibir, limitar ou
regulamentar a exploração dos mamíferos marinhos de forma mais rigorosa que o que determina
o mencionado parágrafo. Os Estados devem cooperar com vistas a conservar os mamíferos
marinhos e, no caso dos cetáceos, tomar medidas especiais para sua conservação,
gerenciamento e estudo por meio das organizações internacionais competentes.
Atividades
17.77. Os Estados devem velar para que a conservação e o gerenciamento dos recursos
marinhos vivos de suas zonas econômicas exclusivas, bem como de outras áreas sob jurisdição
nacional, sejam feitos em conformidade com as disposições da Convenção das Nações Unidas
sobre Direito do Mar.
17.78. Os Estados, no que diz respeito à aplicação das disposições da Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar, devem ficar atentos para a questão dos estoques localizados no
limite das 200 milhas -- ou estoques partilhados -- e a questão das espécies altamente
migratórias e, levando em conta plenamente o objetivo fixado no parágrafo 17.73, o acesso aos
excedentes das capturas permitidas.
(a) Avaliar o potencial dos recursos marinhos vivos, especialmente dos estoques e espécies sub-
utilizados ou não utilizados, desenvolvendo inventários, quando necessário, para sua
conservação e uso sustentável;
(b) Implementar estratégias para o uso sustentável dos recursos marinhos vivos, levando em
conta as necessidades e interesses especiais dos pequenos empreendimentos de pesca
artesanal, das comunidades locais e dos populações indígenas, a fim de satisfazer às
necessidades nutricionais humanas e outras necessidades de desenvolvimento;
(g) Melhorar a produtividade e a utilização de seus recursos marinhos vivos para a alimentação
e a geração de rendas.
(a) Integrar ao planejamento das zonas marinhas e costeiras o desenvolvimento dos pequenos
empreendimentos de pesca artesanal, levando em conta os interesses dos pescadores, dos
trabalhadores de empreendimentos pesqueiros em pequena escala, das mulheres, das
comunidades locais e dos populações indígenas e, conforme apropriado, estimulando a
representação desses grupos;
(b) Reconhecer os direitos dos pescadores em pequena escala e a situação especial dos
populações indígenas e das comunidades locais, inclusive seus direitos à utilização e proteção
de seus hábitats sobre uma base sustentável;
(c) Desenvolver sistemas para a aquisição e registro dos conhecimentos tradicionais relativos
aos recursos marinhos vivos e ao meio ambiente marinho e promover a incorporação de tais
conhecimentos aos sistemas de gerenciamento.
17.82. Os Estados costeiros devem assegurar que, na negociação e implementação dos acordos
internacionais sobre desenvolvimento ou conservação dos recursos marinhos vivos, os
interesses das comunidades locais e dos populações indígenas sejam levados em conta, em
especial seu direito à subsistência.
17.84. Os Estados devem proibir o uso de dinamite, veneno e outras práticas destrutivas
comparáveis na pesca.
17.85. Os Estados devem identificar ecossistemas marinhos que apresentem altos níveis de
biodiversidade e produtividade e outros hábitats especialmente importantes e prover as
limitações necessárias ao uso dessas zonas, por meio,inter alia, do estabelecimento de áreas
protegidas. Deve-se dar prioridade, conforme apropriado, a:
(b) Estuários;
(b)Dados e informações
(e) Completar/atualizar perfis dos hábitats críticos, dos recursos marinhos vivos e da
biodiversidade marinha nas zonas econômicas exclusivas e em outras áreas sob jurisdição
nacional, levando em conta as alterações no meio ambiente ocasionadas por causas naturais,
bem como por atividades humanas.
18.87. Os Estados, por meio da cooperação bilateral e multilateral e com o apoio das
organizações competentes das Nações Unidas e outras organizações internacionais devem
cooperar para:
(a) Desenvolver a cooperação financeira e técnica para aumentar a capacidade dos países em
desenvolvimento para a pesca em pequena escala e oceânica, bem como para a aqüicultura e
a maricultura costeiras;
(b) Promover a contribuição dos recursos marinhos vivos para eliminar a desnutrição e atingir a
auto-suficiência alimentar nos países em desenvolvimento,inter alia por meio da minimização
das perdas pós-captura e do gerenciamento dos estoques, de modo a garantir rendimentos
sustentáveis;
(c) Desenvolver critérios consensuais para o uso de práticas e equipamentos seletivos de pesca,
com vistas a minimizar o desperdício na captura de espécies visadas e minimizar a captura de
fauna acompanhante;
(d) Promover a qualidade dos produtos marinhos, inclusive por meio de sistemas nacionais de
controle de qualidade desses produtos, com vistas a promover seu acesso aos mercados,
aumentar a confiança do consumidor e maximizar o rendimento econômico.
(b) O trabalho do Comitê Científico da Comissão Internacional da Baleia no que diz respeito ao
desenvolvimento de estudos, especialmente sobre as baleias de grande porte, bem como sobre
outros cetáceos;
17.90. Os Estados devem cooperar para a conservação, gerenciamento e estudo dos cetáceos.
Meios de implementação
(b) Dedicar atenção especial aos mecanismos de transferência de informações sobre recursos,
bem como de tecnologias melhoradas de pesca e aqüicultura, para as comunidades pesqueiras
no plano local;
(c) Promover o estudo, a avaliação científica e o uso dos sistemas tradicionais de gerenciamento
que se revelem adequados;
(e) Promover a pesquisa científica sobre áreas marinhas de especial importância para os
recursos marinhos vivos, como as áreas de alta diversidade, endemismo e produtividade e as
escalas migratórias.
(b) Criar oportunidades de treinamento nos planos nacional e regional para apoiar os
empreendimentos de pesca artesanal, inclusive de subsistência, desenvolver o uso em pequena
escala dos recursos marinhos vivos e estimular a participação eqüitativa das comunidades locais,
dos pequenos pescadores, das mulheres e dos populações indígenas;
(c) Introduzir tópicos relativos à importância dos recursos vivos marinhos nos currículos
educacionais em todos os níveis.
Fortalecimento institucional
17.94. Os Estados costeiros, com o apoio das agências sub-regionais, regionais e mundiais
competentes, conforme apropriado, devem:
(a) Desenvolver condições de pesquisa para a avaliação e o monitoramento das populações dos
recursos marinhos vivos;
(b) Oferecer apoio às comunidades pesqueiras locais, em especial àquelas cuja subsistência
depende da pesca, aos populações indígenas e às mulheres, inclusive, conforme apropriado,
assistência técnica e financeira para organizar, manter, intercambiar e aperfeiçoar os
conhecimentos tradicionais sobre recursos marinhos vivos e técnicas pesqueiras e melhorar os
conhecimentos acerca dos ecossistemas marinhos;
17.95. Será necessário apoio especial, inclusive com cooperação entre os Estados, para
aumentar a capacidade dos países em desenvolvimento nas áreas de dados e informações,
meios científicos e tecnológicos e desenvolvimento de recursos humanos, com vistas a capacitá-
los a participar eficazmente da conservação e uso sustentável dos recursos marinhos vivos sob
jurisdição nacional.
E. Análise das incertezas críticas para o gerenciamento do meio ambiente marinho e a mudança
do clima
Objetivos
(a) Promover a pesquisa científica do meio ambiente marinho e sua observação sistemática, nos
limites das jurisdições nacionais e em alto mar, inclusive de suas interações com os fenômenos
atmosféricos, tal como o esgotamento da camada de ozônio;
Atividades
(b) Proporcionar prognósticos melhorados das condições marinhas para segurança dos
habitantes das zonas costeiras e para eficiência das operações marítimas;
(c) Cooperar com vistas à adoção de medidas especiais para fazer frente e adaptar-se a
possíveis mudanças do clima e elevação do nível dos mares, inclusive com o desenvolvimento
de metodologias aceitas mundialmente para avaliação da vulnerabilidade costeira, a elaboração
de modelos e estratégias de resposta, especialmente para áreas prioritárias como pequenas
ilhas e zonas costeiras baixas e críticas;
Dados e informações
(b) Apoiar o papel da COI, em colaboração com a OMM, o PNUMA e outras organizações
internacionais, na coleta, análise e distribuição de dados e informações relativos aos oceanos e
a todos os mares, inclusive, conforme apropriado, por meio do proposto Sistema Mundial de
Observação dos Oceanos, dedicando especial atenção à necessidade de que a COI desenvolva
plenamente a estratégia de fornecimento de assistência técnica e treinamento aos países em
desenvolvimento por meio de seu Programa de Assistência Mútua, Ensino e Treinamento;
(c) Criar bases nacionais de informação multissetorial que reúnam os resultados dos programas
de pesquisa e de observação sistemática;
(d) Vincular essas bancos de dados aos serviços e mecanismos existentes de fornecimento de
dados e informações, tal como a Observação Meteorológica Mundial e a Observação Mundial;
(f) Cooperar para assegurar participação plena, em especial dos países em desenvolvimento, de
todos os planos internacionais patrocinados por organismos e organizações pertencentes ao
sistema das Nações Unidas de coleta, análise e utilização de dados e informações.
(a) Oferecer cooperação técnica para o desenvolvimento da capacidade dos Estados costeiros
ou insulares de desenvolver pesquisas e observações sistemáticas do meio ambiente marinho e
de utilizar os resultados correspondentes;
(b) Facilitar o acesso da comunidade científica internacional e das agências especializadas das
Nações Unidas aos referidos dados e informações, inclusive promovendo seminários e
simpósios periódicos.
17.105. Os Estados devem fortalecer a coordenação interinstitucional de alto nível nos planos
sub-regional, regional e mundial, conforme apropriado, e rever mecanismos para o
desenvolvimento e a integração de redes de observação sistemática. Isso exige,inter alia:
(c) A observação sistemática dos hábitats costeiros e das alterações no nível dos mares,
inventários das fontes de poluição do mar e análises das estatísticas de pesca;
(d) A organização de análises periódicas das condições e tendências dos oceanos e de todos os
mares e zonas costeiras.
17.106. A cooperação internacional, por meio das organizações competentes do sistema das
Nações Unidas, deve ajudar os países a desenvolver programas regionais de observação
sistemática a longo prazo e a integrá-los, sempre que possível, de forma coordenada, aos
Programas de Mares Regionais, com o objetivo de implementar, conforme apropriado, sistemas
de observação baseados no princípio do intercâmbio de dados. Um dos objetivos seria a previsão
dos efeitos das emergências climáticas sobre a infra-estrutura física e sócio-econômica atual das
zonas costeiras.
17.107. Com base nos resultados das pesquisas sobre os efeitos do aumento da radiação
ultravioleta que atinge a superfície da Terra sobre a saúde humana, a agricultura e o meio
ambiente marinho, os Estados e as organizações internacionais devem considerar a
possibilidade de adotar medidas corretivas adequadas.
Meios de implementação
17.111. Sempre que solicitado, as organizações internacionais devem apoiar os países costeiros
na implementação de projetos de pesquisa sobre os efeitos do acréscimo de radiação
ultravioleta.
(d)Fortalecimento institucional
Objetivos
Atividades
No plano mundial
17.117. A Assembléia geral deve tomar providências para que se avaliem periodicamente, no
âmbito do sistema das Nações Unidas, no plano intergovernamental, questões marinhas e
costeiras em geral, inclusive questões de meio ambiente e desenvolvimento, e solicitar ao
Secretário Geral e aos chefes executivos das diferentes agências e organizações que:
(c) Melhorem a representação das agências das Nações Unidas que se ocupam do meio
ambiente marinho nas atividades de coordenação realizadas em todo o sistema das Nações
Unidas;
(d) Promovam, quando necessário, uma maior colaboração entre as agências das Nações
Unidas e os programas sub-regionais e regionais sobre assuntos costeiros e marinhos;
(e) Desenvolvam um sistema centralizado responsável por prover informações sobre a legislação
e assessoria sobre a implementação de acordos legais em torno de questões ambientais e de
desenvolvimento marinho.
17.118. Os Estados reconhecem que as políticas ambientais devem ocupar-se das causas
fundamentais da degradação ambiental, evitando desse modo que as medidas ambientais
determinem restrições desnecessárias ao comércio. As medidas de política comercial com fins
ambientais não devem servir de meio para a prática de discriminações arbitrárias ou não
justificadas nem de restrições dissimuladas ao comércio internacional. Deve-se evitar a adoção
de medidas unilaterais para fazer frente aos desafios ambientais externos à jurisdição do país
importador. Na medida do possível, as determinações ambientais voltadas para problemas
ambientais internacionais devem basear-se no consenso internacional. As medidas internas
destinadas a atingir determinados objetivos ambientais podem exigir medidas comerciais que os
tornem eficazes. Caso se considere necessário adotar medidas de política comercial para a
aplicação de políticas ambientais, devem-se observar determinados princípios e normas. Entre
estes últimos cabe mencionar,inter alia, o princípio da não-discriminação; o princípio de que a
medida comercial escolhida deve ser a menos restritiva para o comércio dentre as medidas
eficazes possíveis; a obrigação de que haja transparência no uso das medidas comerciais
relacionadas ao meio ambiente e a obrigação de prover com a suficiente antecipação sua
regulamentação nacional; e a necessidade de dedicar consideração às condições especiais e às
exigências do desenvolvimento dos países em desenvolvimento em seu avanço para a
realização de objetivos ambientais internacionalmente acordados.
(b) A introdução, quando necessário, de coordenação entre as organizações das Nações Unidas
e outras organizações multilaterais competentes nos planos sub-regional e regional, inclusive
pensando na possibilidade de localização conjunta de seu pessoal;
(d) Facilitar aos centros e redes sub-regionais e regionais, como os Centros Regionais de
Tecnologia Marinha, o acesso aos conhecimentos e à tecnologia e sua utilização por meio dos
organismos nacionais competentes.
(b)Dados e informações
(b) Reforçar a capacidade das organizações internacionais de lidar com as informações e apoiar
o desenvolvimento de sistemas de dados e informações nacionais, sub-regionais e regionais,
conforme apropriado. Isso também poderia incluir redes que vinculassem entre si os países que
enfrentassem problemas ambientais semelhantes;
Meios de implementação
17.122. Os meios de implementação delineados nas outras áreas de programas sobre questões
marinhas e costeiras, nas seções voltadas para meios científicos e tecnológicos,
desenvolvimento de recursos humanos e fortalecimento institucional também são inteiramente
aplicáveis a esta área de programas. Além disso, os Estados devem, por meio da cooperação
internacional, desenvolver um programa abrangente para atender às necessidades básicas de
recursos humanos nas ciências marinhas em todos os níveis.
G.Desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas
17.126. Visto que as possibilidades de desenvolvimento das pequenas ilhas são limitadas, o
planejamento e a implementação de medidas voltadas para seu desenvolvimento sustentável
defrontam-se com problemas especiais. Os pequenos Estados insulares em desenvolvimento
dificilmente poderão enfrentar esses problemas sem a cooperação e o apoio da comunidade
internacional.
Objetivos
Atividades
(c) Preparar planos a médio e longo prazo para o desenvolvimento sustentável que enfatizem a
utilização múltipla dos recursos, integrem as considerações ambientais aos planejamentos e
políticas econômicos e setoriais, definam medidas para a manutenção da diversidade cultural e
biológica e conservem as espécies ameaçadas e os hábitats marinhos críticos;
(b)Dados e informações
Meios de implementação
17.134.Visto que as populações dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento não têm
condições de manter todas as especializações necessárias, o treinamento para o gerenciamento
e o desenvolvimento integrados das zonas costeiras deve estar orientado para a formação de
gerenciadores ou cientistas, engenheiros e planejadores do litoral capazes de integrar os
inúmeros fatores que devem ser considerados no gerenciamento costeiro integrado. Os usuários
de recursos devem ser preparados para exercer funções paralelas de gerenciamento e proteção,
aplicar o princípio "quem polui, paga" e apoiar o treinamento de seu pessoal. Os sistemas de
ensino devem ser modificados de acordo com essas necessidades e desenvolvidos programas
especiais de treinamento em desenvolvimento e gerenciamento integrados das ilhas. O
planejamento local deve ser integrado aos currículos de ensino em todos os níveis e
desenvolvidas campanhas de conscientização do público com o auxílio de organizações não-
governamentais e das populações indígenas litorâneas.
(d)Fortalecimento institucional
17.135. A capacidade total dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento sempre será
limitada. Em decorrência, é necessário reestruturar sua capacidade atual para que eles possam
fazer frente com eficiência às necessidades imediatas de desenvolvimento sustentável e
gerenciamento integrado. Ao mesmo tempo, é preciso dirigir a assistência pertinente e adequada
da comunidade internacional ao fortalecimento de todo o leque de recursos humanos
permanentemente necessários à implementação de planos de desenvolvimento sustentável.
17.136. É preciso utilizar novas tecnologias capazes de aumentar a produção e ampliar o leque
das capacidades dos limitados recursos humanos existentes para elevar a capacidade das
populações muito pequenas de fazer frente a suas necessidades. É preciso implementar o
desenvolvimento e a aplicação dos conhecimentos tradicionais para melhorar a capacidade dos
países de atingir um desenvolvimento sustentável.
Notas
1/ As referências à Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar presentes neste
capítulo da Agenda 21 não prejudicam a posição de qualquer Estado com respeito à assinatura,
ratificação ou adesão à referida Convenção.
2/ As referências à Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar presentes neste
capítulo da Agenda 21 não prejudicam a posição dos Estados que consideram que a Convenção
constitui um todo unificado.
3/ Nada do que se afirma nas áreas de programas do presente capítulo deve ser interpretado em
prejuízo dos direitos dos Estados envolvidos em alguma disputa de soberania ou na delimitação
das áreas marítimas consideradas.
CAPÍTULO 18
INTRODUÇÃO
18.2 A água é necessária em todos os aspectos da vida. O objetivo geral é assegurar que se
mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade para toda a população do planeta, ao
mesmo tempo em que se preserve as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos
ecossistemas, adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e
combatendo vetores de moléstias relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras, inclusive o
aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para aproveitar plenamente os
recursos hídricos limitados e protegê-los da poluição.
18.4 Os recursos hídricos transfronteiriços e seu uso são de grande importância para os Estados
ribeirinhos. Nesse sentido, a cooperação entre esses Estados pode ser desejável em
conformidade com acordos existentes e/ou outros arranjos pertinentes, levando em consideração
os interesses de todos os Estados ribeirinhos envolvidos.
ÁREAS DE PROGRAMAS
18.6 O grau em que o desenvolvimento dos recursos hídricos contribui para a produtividade
econômica e o bem estar social nem sempre é apreciado, embora todas as atividades
econômicas e sociais dependam muito do suprimento e da qualidade da água. À medida em que
as populações e as atividades econômicas crescem, muitos países estão atingindo rapidamente
condições de escassez de água ou se defrontando com limites para o desenvolvimento
econômico. As demandas por água estão aumentando rapidamente, com 70-80 por cento
exigidos para a irrigação, menos de 20 por cento para a indústria e apenas 6 por cento para
consumo doméstico. O manejo holístico da água doce como um recurso finito e vulnerável e a
integração de planos e programas hídricos setoriais aos planos econômicos e sociais nacionais
são medidas de importância fundamental para a década de 1990 e o futuro. A fragmentação das
responsabilidades pelo desenvolvimento de recursos hídricos entre organismos setoriais se está
constituindo, no entanto, em um impedimento ainda maior do que o previsto para promover o
manejo hídrico integrado. São necessários mecanismos eficazes de implementação e
coordenação.
Objetivos
18.8 O manejo integrado dos recursos hídricos baseia-se na percepção da água como parte
integrante do ecossistema, um recurso natural e bem econômico e social cujas quantidade e
qualidade determinam a natureza de sua utilização. Com esse objetivo, os recursos hídricos
devem ser protegidos, levando-se em conta o funcionamento dos ecossistemas aquáticos e a
perenidade do recurso, a fim de satisfazer e conciliar as necessidades de água nas atividades
humanas. Ao desenvolver e usar os recursos hídricos, deve-se dar prioridade à satisfação das
necessidades básicas e à proteção dos ecossistemas. No entretanto, uma vez satisfeitas essas
necessidades, os usuários da água devem pagar tarifas adequadas.
18.9 O manejo integrado dos recursos hídricos, inclusive a integração de aspectos relacionados
à terra e à água, deve ser feito ao nível de bacia ou sub-bacia de captação. Quatro objetivos
principais devem ser perseguidos:
(a) Promover uma abordagem dinâmica, interativa, iterativa e multissetorial do manejo dos
recursos hídricos, incluindo a identificação e proteção de fontes potenciais de abastecimento de
água doce que abarquem considerações tecnológicas, socio-econômicas, ambientais e
sanitárias;
(b) Fazer planos para a utilização, proteção, conservação e manejo sustentável e racional de
recursos hídricos baseados nas necessidades e prioridades da comunidade, dentro do quadro
da política nacional de desenvolvimento econômico;
(c) Traçar, implementar e avaliar projetos e programas que sejam economicamente eficientes e
socialmente adequados no âmbito de estratégias definidas com clareza, baseadas numa
abordagem que inclua ampla participação pública, inclusive da mulher, da juventude, dos
populações indígenas e das comunidades locais, no estabelecimento de políticas e nas tomadas
de decisão do manejo hídrico;
(d) Identificar e fortalecer ou desenvolver, conforme seja necessário, em particular nos países
em desenvolvimento, os mecanismos institucionais, legais e financeiros adequados para
assegurar que a política hídrica e sua implementação sejam um catalisador para o progresso
social e o crescimento econômico sustentável.
18.11. Todos os Estados, segundo sua capacidade e disponibilidade de recursos, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem estabelecer as seguintes metas:
(i) Ter traçado e iniciado programas de ação nacionais com custos e metas determinados e ter
estabelecido estruturas institucionais e instrumentos jurídicos apropriados;
(ii) Ter estabelecido programas eficientes de uso de água para alcançar padrões sustentáveis de
utilização dos recursos.
(i) Ter atingido as metas subsetoriais de todas as áreas de programas sobre recursos de água
doce.
Fica subentendido que o cumprimento dos objetivos quantificados em (i) e (ii) dependerá de
recursos financeiros novos e adicionais que sejam colocados à disposição dos países em
desenvolvimento de acordo com as disposições pertinentes da resolução 44/228 da Assembléia
Geral.
Atividades
18.12. Todos os Estados, segundo sua capacidade e disponibilidade de recursos, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive das Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades para melhorar o
manejo integrado dos recursos hídricos:
(a) Formular planos de ação nacional e programas de investimento com custos calculados e
metas fixadas;
(f) Combater enchentes e secas, utilizando análises de risco e avaliação do impacto social e
ambiental;
(g) Promover planos de uso racional da água por meio de conscientização pública, programas
educacionais e imposição de tarifas sobre o consumo de água e outros instrumentos
econômicos;
(j) Desenvolver fontes novas e alternativas de abastecimento de água, tais como dessalinização
da água do mar, reposição artificial de águas subterrâneas, uso de água de pouca qualidade,
aproveitamento de águas residuais e reciclagem da água;
(k) Integrar o manejo da quantidade e qualidade de água (inclusive dos recursos hídricos
subterrâneos e de superfície);
(l) Promover a conservação da água por meio de planos melhores e mais eficientes de
aproveitamento da água e de minimização do desperdício para todos os usuários, incluindo o
desenvolvimento de mecanismos de poupança de água;
(m) Apoiar os grupos de usuários de água para otimizar o manejo dos recursos hídricos locais;
(i) No nível pertinente mais baixo, delegando o manejo dos recursos hídricos, em geral, para
esse nível, de acordo com a legislação nacional, incluindo a descentralização dos serviços
públicos, passando-os às autoridades locais, empresas privadas e comunidades;
(p) Difundir informação, inclusive de diretrizes operacionais, e promover a educação dos usuários
de água, considerando a possibilidade de as Nações Unidas proclamarem um Dia Mundial da
Água.
Meios de implementação
(a)Financiamento e estimativa de custos
18.16. O desenvolvimento e manejo de recursos hídricos deve ser planejado de forma integrada,
levando em consideração necessidades de planejamento de longo termo, bem como as de
horizontes mais estreitos, ou seja, deve incorporar considerações ambientais, econômicas e
sociais baseadas no princípio da sustentabilidade; deve incluir as necessidades de todos os
usuários, bem como aquelas relacionadas com a prevenção e atenuação de perigos
relacionados com a água; e deve constituir parte integrante do processo de planejamento do
desenvolvimento socio-econômico. Um pré-requisito para o manejo sustentável da água
enquanto recurso vulnerável e escasso é a obrigação de reconhecer em todo o planejamento e
desenvolvimento seus custos totais. No planejamento deve-se considerar os investimentos em
benefícios, a proteção ambiental e os custos operacionais, bem como os custos de oportunidade
que reflitam o uso alternativo mais valioso da água. A cobrança de tarifas não precisa
necessariamente sobrecarregar todos os beneficiários com as conseqüências dessas
considerações. Os mecanismos de cobrança, no entanto, devem refletir tanto quanto possível o
custo real da água quando usada como um bem econômico e a capacidade das comunidades
de pagar.
18.17. O papel da água como um bem social, econômico e sustentador da vida deve-se refletir
em mecanismos de manejo da demanda e ser implementado por meio de conservação e
reutilização da água, avaliação de recursos e instrumentos financeiros.
18.18. A nova fixação de prioridades para as estratégias de investimento público e privado deve
levar em consideração: (a) a utilização máxima de projetos existentes, por meio de manutenção,
reabilitação e operação otimizada; (b) tecnologias limpas novas ou alternativas; e (c) energia
hidroelétrica ambiental e socialmente benigna.
(b) formação de gerentes dos recursos hídricos em todos os níveis, de forma que possam ter
uma compreensão adequada de todos os elementos necessários para suas tomadas de decisão;
(d) formação adequada dos profissionais necessários, inclusive dos trabalhadores dos serviços
de extensão;
(f) partilha de conhecimento e tecnologia adequados, tanto para a coleta de dados como para a
implementação de desenvolvimento planejado, incluindo tecnologias não-poluidoras e o
conhecimento necessário para obter os melhores resultados do sistema de investimentos
existente.
(d)Fortalecimento institucional
18.21. A capacidade institucional para implementar o manejo hídrico integrado deve ser revista
e desenvolvida quando há uma demanda clara. As estruturas administrativas existentes serão
amiúde capazes de realizar o manejo dos recursos hídricos locais, mas pode surgir a
necessidade de novas instituições baseadas na perspectiva, por exemplo, de áreas de captação
fluviais, conselhos distritais de desenvolvimento e comitês de comunidades locais. Embora a
água seja administrada em vários níveis do sistema socio-político, o manejo exigido pela
demanda exige o desenvolvimento de instituições relacionadas com a água em níveis
adequados, levando em consideração a necessidade de integração com o manejo do uso da
terra.
18.22. Ao criar um meio que propicie o manejo nível adequado no nível mais baixo, o papel do
Governo inclui a mobilização de recursos financeiros e humanos, a legislação, o estabelecimento
de diretrizes e outras funções normativas, o monitoramento e a avaliação do uso dos recursos
hídricos e terrestres e a criação de oportunidades para a participação pública. Os organismos e
doadores internacionais têm um papel importante a desempenhar na oferta de apoio aos países
em desenvolvimento para que criem o meio propício ao manejo integrado dos recursos hídricos.
Isso deve incluir, quando apropriado, apoio dos doadores aos níveis locais dos países em
desenvolvimento, tais como instituições comunitárias, organizações não governamentais e
grupos de mulheres.
18.23. A avaliação dos recursos hídricos, incluindo a identificação de fontes potenciais de água
doce, compreende a determinação contínua de fontes, extensão, confiabilidade e qualidade
desses recursos e das atividades humanas que os afetam. Essa avaliação constitui a base
prática para o manejo sustentável deles e o pré-requisito para a avaliação das possibilidades de
desenvolvimento deles. Há, porém, uma preocupação crescente com o fato de que, em uma
época em que são necessárias informações mais precisas e confiáveis sobre os recursos
hídricos, os serviços hidrológicos e organismos associados apresentam-se menos capazes do
que antes de fornecer essas informações, especialmente informações sobre águas subterrâneas
e a qualidade da água. Constituem impedimentos importantes a falta de recursos financeiros
para a avaliação dos recursos hídricos, a natureza fragmentada dos serviços hidrológicos e o
número insuficiente de pessoal qualificado. Ao mesmo tempo, torna-se cada vez mais difícil para
os países em desenvolvimento o acesso à tecnologia em avanço de captação e manejo de
dados. No entanto, o estabelecimento de bancos de dados nacionais é vital para a avaliação dos
recursos hídricos e para a mitigação dos efeitos de enchentes, secas, desertificação e poluição.
Objetivos
18.24. Baseando-se no Plano de Ação de Mar del Plata, essa área de programas foi prolongada
para a década de 1990 e adiante com o objetivo geral de assegurar a avaliação e previsão da
quantidade e qualidade dos recursos hídricos, a fim de estimar a quantidade total desses
recursos e seu potencial de oferta futuro, determinar seu estado de qualidade atual, prever
possíveis conflitos entre oferta e demanda e de oferecer uma base de dados científicos para a
utilização racional dos recursos hídricos.
(a) Colocar à disposição de todos os países tecnologias de avaliação dos recursos hídricos
adequadas às suas necessidades, independentemente do nível de desenvolvimento deles,
inclusive métodos para a avaliação do impacto da mudança climática sobre a água doce;
(b) Fazer com que todos os países, segundo seus meios financeiros, destinem para a avaliação
de recursos hídricos, meios financeiros de acordo com as necessidades sociais e econômicas
da coleta de dados sobre esses recursos;
(d) Fazer com que todos os países estabeleçam as disposições institucionais necessárias para
assegurar coleta, processamento, armazenamento, resgate e difusão eficientes para os usuários
das informações sobre quantidade e qualidade dos recursos hídricos disponíveis nas bacias de
captação e aqüíferos subterrâneos de uma forma integrada;
(e) Ter uma quantidade suficiente de pessoal adequadamente qualificado e capaz recrutada e
mantida por organismos de avaliação de recursos hídricos e proporcionar o treinamento e
retreinamento que eles precisarão para se desincumbir de suas responsabilidades com êxito.
18.26. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive cooperação com as Nações Unidas e outras
organizações pertinentes, quando apropriado, podem estabelecer as seguintes metas:
(a) Até o ano 2000, ter estudado em detalhes a exeqüibilidade de instalar serviços de avaliação
de recursos hídricos;
(b) Como objetivo de longo prazo, dispor de serviços operacionais completos baseados em redes
hidrométricas e alta densidade.
Atividades
18.27. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem empreender as seguintes atividades:
(iii) Estabelecer e manter cooperação efetiva no plano nacional entre os vários organismos
responsáveis pela coleta, armazenamento e análise de dados hidrológicos;
(i) Revisar as redes de coleta de dados existentes e avaliar sua adequação, inclusive daquelas
que fornecem dados em tempo para a previsão de enchentes e secas;
(ii) Melhorar as redes para que se ajustem às diretrizes aceitas para o fornecimento de dados
sobre quantidade e qualidade de águas de superfície e subterrâneas, bem como dados
pertinentes sobre o uso da terra ;
(iii) Aplicar normas uniformes e outros meios para assegurar a compatibilidade dos dados;
(iv) Elevar a qualidade das instalações e procedimentos utilizados para armazenar, processar e
analisar dados hidrológicos e tornar disponíveis esses dados e as previsões derivadas deles a
usuários em potencial;
(v) Estabelecer bancos de dados sobre a disponibilidade de todo tipo de dado hidrológico no
plano nacional;
(ix) Assimilar dados obtidos por sensoreamento remoto e o uso, quando apropriado, de sistemas
de informação geográfica;
(i) Identificar a necessidade de dados sobre recursos hídricos para vários propósitos de
planejamento;
(ii) Analisar e apresentar dados e informações sobre recursos hídricos nas formas exigidas para
o planejamento e manejo do desenvolvimento socio-econômico dos países e para uso em
estratégias de proteção ambiental e no delineamento e operação de projetos específicos
relacionados com a água;
(iii) Fornecer previsões e avisos de enchentes e secas ao público em geral e à defesa civil;
(ii) Monitorar atividades de pesquisa e desenvolvimento para garantir que elas façam uso cabal
dos conhecimentos e de outros recursos locais e para que sejam adequadas às necessidades
do país ou países envolvidos.
Meios de implementação
18.30. A avaliação dos recursos hídricos precisa da intensificação dos sistemas existentes de
transferência, adaptação e difusão de tecnologia e do desenvolvimento de tecnologias novas
para seu uso prático, bem como da capacidade endógena. Antes de empreender essas
atividades, é preciso preparar catálogos das informações sobre recursos hídricos que têm os
serviços governamentais, o setor privado, as instituições educacionais, os consultores, as
organizações locais de usuários de água e outros.
18.31. A avaliação dos recursos hídricos exige a criação e manutenção de pessoal bem treinado
e motivado em número suficiente para empreender as atividades acima arroladas. Devem-se
estabelecer ou intensificar programas de educação e treinamento no plano local, nacional,
subregional ou regional destinados a assegurar uma oferta adequada desse pessoal treinado.
Além disso, deve-se fomentar condições de trabalho e perspectivas de carreira atraentes para o
pessoal profissional e técnico. As necessidades de recursos humanos devem ser monitoradas
periodicamente em todos os níveis de emprego. Devem-se estabelecer planos para satisfazer
essas necessidades por meio de oportunidades de educação e treinamento e programas
internacionais de cursos e conferências.
18.32. Tendo em vista que pessoas bem treinadas são particularmente importantes para a
avaliação de recursos hídricos e previsão hidrológica, as questões de pessoal devem receber
atenção especial nessa área. O objetivo deve ser atrair e manter um pessoal para trabalhar em
avaliação de recursos hídricos que seja suficiente em quantidade e de nível de formação
adequado para assegurar a implementação efetiva das atividades planejadas. A educação pode
ser requerida nos planos nacional e internacional; a criação de condições adequadas de emprego
será uma responsabilidade nacional.
(d)Fortalecimento institucional
18.34. A condução da avaliação dos recursos hídricos com base em redes hidrométricas
nacionais operacionais requer um ambiente propício em todos os planos. As seguintes medidas
de apoio são necessárias para fomentar a fortalecimento institucional nacional:
(b) Facilitação da colaboração próxima entre organismos do setor hídrico, em particular entre
produtores de informação e usuários;
(d) Reforço da capacidade de manejo dos grupos de usuários de água, inclusive mulheres,
jovens, populações indígenas e comunidades locais, para melhorar a eficiência do uso da água
no plano local;
18.35. A água doce é um recurso indivisível. O desenvolvimento a longo prazo dos recursos
mundiais de água doce requer um manejo holístico dos recursos e o reconhecimento da
interligação dos elementos relacionados à água doce e a sua qualidade. Há poucas regiões do
mundo ainda livres dos problemas da perda de fontes potenciais de água doce, da degradação
da qualidade da água e poluição das fontes de superfície e subterrâneas. Os problemas mais
graves que afetam a qualidade da água de rios e lagos decorrem, em ordem variável de
importância, segundo as diferentes situações, de esgotos domésticos tratados de forma
inadequada, controles inadequados dos efluentes industriais, perda e destruição das bacias de
captação, localização errônea de unidades industriais, desmatamento, agricultura migratória sem
controle e práticas agrícolas deficientes. Tudo isso dá margem à lixiviação de nutrientes e
pesticidas. Os ecossistemas aquáticos são perturbados e as fontes vivas de água doce estão
ameaçadas. Sob certas circunstâncias, os ecossistemas aquáticos são também afetados por
projetos de desenvolvimento de recursos hídricos para a agricultura, tais como represas, desvio
de rios, instalações hidráulicas e sistemas de irrigação. Erosão, sedimentação, desmatamento e
desertificação levaram ao aumento da degradação do solo e a criação de reservatórios resultou,
em alguns casos, em efeitos adversos sobre os ecossistemas. Muitos desses problemas
decorreram de um modelo de desenvolvimento que é ambientalmente destrutivo e da falta de
consciência e educação do público sobre a proteção dos recursos hídricos de superfície e
subterrâneos. Os efeitos sobre a ecologia e a saúde humana constituem as conseqüências
mensuráveis, embora os meios de monitorá-las sejam inadequados ou inexistentes em muitos
países. Há uma falta de percepção generalizada das conexões entre desenvolvimento, manejo,
uso e tratamento dos recursos hídricos e os ecossistemas aquáticos. Uma abordagem
preventiva, onde apropriada, é crucial para evitar as medidas custosas subseqüentes para
reabilitar, tratar e desenvolver novas fontes de água.
Objetivos
18.36. A interligação complexa dos sistemas de água doce exige que o manejo hídrico seja
holístico (baseado numa abordagem de manejo de captação) e fundado em um exame
equilibrado das necessidades da população e do meio ambiente. O Plano de Ação de Mar del
Plata já reconheceu a conexão intrínseca entre os projetos de desenvolvimento de recursos
hídricos e suas significativas repercussões físicas, químicas, biológicas, sanitárias e sócio-
econômicas. O objetivo de saúde ambiental geral foi estabelecido da seguinte forma: "avaliar as
conseqüências da ação dos vários usuários da água sobre o meio ambiente, apoiar medidas
destinadas a controlar as moléstias relacionadas com a água e proteger os ecossistemas". 1/
18.38. Três objetivos terão de ser perseguidos concomitantemente a fim de integrar os elementos
de qualidade da água no manejo de recursos hídricos:
(b) Proteção da saúde pública, tarefa que exige não apenas o fornecimento de água potável
digna de confiança, como também o controle de vetores insalubres no ambiente aquático;
18.39. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, devem estabelecer as seguintes metas:
(a) Identificar os recursos hídricos de superfície e subterrâneos que possam ser desenvolvidos
para uso numa base sustentável e outros importantes recursos dependentes de água que se
possam aproveitas e, simultaneamente, dar início a programas para a proteção, conservação e
uso racional desses recursos em bases sustentáveis;
(b) Identificar todas as fontes potenciais de água e preparar planos para a proteção, conservação
e uso racional delas;
(c) Dar início à programas eficazes de prevenção e controle da poluição da água, baseados numa
combinação adequada de estratégias para reduzi-la na sua fonte, avaliações do impacto
ambiental e normas obrigatórias aplicáveis para descargas de fontes definidas importantes e
fontes não definidas de alto risco, proporcionais ao desenvolvimento socio-econômico delas;
(g) Adotar uma abordagem integrada do manejo ambientalmente sustentável dos recursos
hídricos, incluindo a proteção de ecossistemas aquáticos e recursos vivos de água doce;
(h) Aplicar estratégias para o manejo ambientalmente saudável de águas doces e ecossistemas
costeiros conexos que incluam o exame de pesqueiros, aqüicultura, pastagens, atividades
agrícolas e biodiversidade.
Atividades
18.40. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades:
(i) Aplicação quando apropriado, do princípio de que "quem polui paga" a todos os tipos de fontes,
incluindo o saneamentoin-situ eex-situ;
(vi) Uso da avaliação e manejo dos riscos ao tomar decisões nessa área, assegurando-se da
obediência a essas decisões;
(vii) Identificação e aplicação das melhores práticas ambientais a custo razoável para evitar a
difusão da poluição, isto é, por meio do uso limitado, racional e planejado de fertilizantes
nitrogenados e outros agroquímicos (pesticidas, herbicidas) na atividade agrícola;
(ii) Tratamento das águas residuais municipais para utilização segura na agricultura e
aqüicultura;
(ii) Aplicação das medidas necessárias para mitigar a intrusão salina nos aqüíferos de pequenas
ilhas e planícies costeiras resultantes da elevação do nível do mar ou exploração demasiada dos
aqüíferos litorâneos;
(iii) Prevenção da poluição de aqüíferos por meio da regulamentação de substâncias tóxicas que
se infiltram no solo e o estabelecimento de zonas de proteção em áreas de filtramento e absorção
de águas subterrâneas;
(v) Promoção de medidas para melhorar a segurança e integridade dos poços e suas áreas
circundantes para reduzir a intrusão de agentes patogênicos biológicos e produtos químicos
perigosos nos lençóis freáticos por meio dos poços;
(iii) Conservação e proteção de zonas úmidas (devido à sua importância ecológica e de hábitat
de muitas espécies), levando em consideração fatores econômicos e sociais;
(iv) Controle de espécies aquáticas nocivas que possam destruir outras espécies aquáticas;
(iii) Vigilância das fontes de poluição para melhorar a observância de normas e disposições e
para regulamentar a concessão de autorizações para descargas;
(iv) Monitoramento da utilização de produtos químicos na agricultura que possam ter um efeito
ambiental adverso;
(v) Uso racional da terra para evitar a degradação do solo, erosão e assoreamento de lagos e
outras massas aquáticas;
(i) Monitoramento e controle da poluição e seus efeitos sobre águas nacionais e transfronteiriças;
Meios de implementação
(d)Fortalecimento institucional
18.46. A proteção efetiva dos recursos e ecossistemas aquáticos contra a poluição exige uma
melhora considerável da capacidade atual da maioria dos países. Os programas de manejo de
qualidade da água exigem um mínimo de infra-estrutura e pessoal para identificar e implementar
soluções técnicas e aplicar medidas reguladoras. Um dos problemas principais de hoje e para o
futuro é a operação e manutenção sustentada dessas instalações. A fim de não permitir que os
recursos ganhos com investimentos anteriores se deteriorem mais, é preciso uma ação imediata
em várias áreas.
18.47. Uma oferta de água confiável e o saneamento ambiental são vitais para proteger o meio
ambiente, melhorando a saúde e mitigando a pobreza. A água salubre é também crucial para
muitas atividades tradicionais e culturais. Estima-se que 80 por cento de todas as moléstias e
mais de um terço dos óbitos dos países em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de
água contaminada e, em média, até um décimo do tempo produtivo de cada pessoa se perde
devido a doenças relacionadas com a água. Durante a década de 1980, esforços coordenados
levaram serviços de água e saneamento para centenas de milhões das populações mais pobres
do mundo. O mais notável desses esforços foi o lançamento, em 1981, da Década Internacional
do Fornecimento de Água Potável e do Saneamento, que resultou do Plano de Ação de Mar del
Plata, aprovado pela Conferência das Nações Unidas Sobre a Água, em 1977. A premissa aceita
por todos foi de que "todos os povos, quaisquer que sejam seu estágio de desenvolvimento e
suas condições sociais e econômicas, têm direito ao acesso à água potável em quantidade e
qualidade à altura de suas necessidades básicas". 2/ A meta da Década era a de fornecer água
potável segura e saneamento para áreas urbanas e rurais mal servidas até 1990, mas mesmo o
progresso sem precedentes alcançado durante o período não foi suficiente. Uma em cada três
pessoas do mundo em desenvolvimento ainda não conta com essas duas exigências básicas de
saúde e dignidade. Reconhece-se também que os excrementos e esgotos humanos são causas
importantes da deterioração da qualidade da água em países em desenvolvimento e que a
introdução de tecnologias disponíveis, que sejam apropriadas, e a construção de instalações de
tratamento de esgoto podem trazer uma melhora significativa.
Objetivos
18.48. A Declaração de Nova Delhi (adotada na Reunião Consultiva Mundial sobre Água Salubre
e Saneamento para a década de 1990, realizada em Nova Delhi de 10 a 14 de setembro de
1990) formalizou a necessidade de oferecer, em base sustentável, acesso à água salubre em
quantidade suficiente e saneamento adequado para todos, enfatizando a abordagem de "algum
para todos em vez de mais para alguns". Quatro princípios norteadores orientam os objetivos do
programa:
(a) Proteção do meio ambiente e salvaguarda da saúde por meio do manejo integrado dos
recursos hídricos e dos resíduos líquidos e sólidos;
(b) Reformas institucionais que promovam uma abordagem integrada e incluam mudanças em
procedimentos, atitudes e comportamentos e a participação ampla da mulher em todos os níveis
das instituições do setor;
(c) Manejo comunitário dos serviços, apoiado por medidas para fortalecer as instituições locais
na implementação e sustentação de programas de saneamento e abastecimento de água;
(d) Práticas financeiras saudáveis, conseguidas por meio de melhor administração de ativos
existentes e amplo uso de tecnologias apropriadas.
18.49. A experiência do passado mostrou que metas específicas devem ser estabelecidas por
cada país individualmente. Na Cúpula Mundial sobre a Criança, em setembro de 1990, os chefes
de Estado ou Governo clamaram pelo acesso universal ao abastecimento de água e saneamento
e pela erradicação da dracunculose até 1995. Mesmo para a meta mais realista de obter a
cobertura completa em abastecimento de água até 2025, estima-se que o investimento anual
deva atingir o dobro do nível atual. Portanto, uma estratégia realista para atender as
necessidades presentes e futuras é desenvolver serviços de baixo custo, mas adequados, que
possam ser implementados e sustentados no plano da comunidade.
Atividades
18.50. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades:
(v) Tratamento e reutilização segura dos resíduos líquidos domésticos e industriais em zonas
urbanas e rurais;
(i) Fortalecer o funcionamento dos Governos no manejo dos recursos hídricos e, ao mesmo
tempo, reconhecer plenamente o papel das autoridades locais;
(ii) Estimular o desenvolvimento e manejo da água com base em uma abordagem participativa
que envolva usuários, planejadores e formuladores de políticas em todos os níveis;
(iii) Aplicar o princípio de que as decisões devem ser adotadas no nível mais baixo apropriado,
com consultas ao público e participação dos usuários no planejamento e execução dos projetos
hídricos;
(iv) Desenvolver os recursos humanos em todos os níveis, incluindo programas especiais para a
mulher;
(v) Criar programas educacionais amplos, com particular ênfase em higiene, manejo local e
redução de riscos;
(i) Apoiar e dar assistência às comunidades para que administrem seus próprios sistemas sobre
base sustentável;
(iii) Vincular os planos hídricos nacionais ao manejo comunitário das águas locais;
(v) Promover a atenção primária à saúde e ao meio ambiente no plano local, inclusive com o
treinamento de comunidades locais em técnicas adequadas de manejo da água e atenção
primária à saúde;
(vi) Ajudar os organismos que prestam serviços para que se tornem mais eficazes em relação
aos custos e respondam melhor às necessidades dos consumidores;
(vii) Dar mais atenção às zonas rurais mal atendidas e às periferias urbanas de baixa renda;
(viii) Reabilitar os sistemas defeituosos, reduzir o desperdício e reutilizar com segurança a água
e os resíduos líquidos;
(ix) Estabelecer programas de uso racional da água e de garantia de operação e manutenção;
(ii) Processar, analisar e publicar anualmente os resultados do monitoramento nos planos local
e nacional, como instrumento para o manejo do setor e criação de interesse e conscientização;
(iii) Utilizar indicadores setoriais limitados nos planos regional e global para promover o setor e
levantar fundos;
Meios de implementação
(a) Buscar meios tecnológicos e científicos de baixo custo, sempre que possível;
(b) Utilizar práticas tradicionais e autóctones sempre que possível, para maximizar e manter a
participação local;
(c) Dar assistência a institutos nacionais técnicos e científicos a fim de que desenvolvam
currículos de apoio a campos de estudo essenciais ao setor de água e saneamento
18.53. Para planejar e gerenciar com eficácia o abastecimento de água e o saneamento nos
planos nacional, provincial, distrital e comunitário, e para utilizar mais eficazmente os fundos,
deve-se capacitar pessoal profissional e técnico em cada país em número suficiente. Para tanto,
os países devem traçar planos de desenvolvimento de recursos humanos, levando em
consideração os requisitos atuais e o desenvolvimento planejado. Posteriormente, deve-se
intensificar o desenvolvimento e a performance das instituições nacionais de treinamento, a fim
de que possam desempenhar um papel central na fortalecimento institucional. É também
importante que os países forneçam treinamento adequado às mulheres na manutenção
sustentável de equipamento, gestão de recursos hídricos e saneamento ambiental.
(d)Fortalecimento institucional
18.56. No início do próximo século, mais da metade da população mundial estará vivendo em
zonas urbanas. Até o ano 2025, essa proporção chegará aos 60 por cento, compreendendo
cerca de 5 bilhões de pessoas. O crescimento rápido da população urbana e da industrialização
está submetendo a graves pressões os recursos hídricos e a capacidade de proteção ambiental
de muitas cidades. É preciso dedicar atenção especial aos efeitos crescentes da urbanização
sobre a demanda e o consumo de água e ao papel decisivo desempenhado pelas autoridades
locais e municipais na gestão do abastecimento, uso e tratamento geral da água, em particular
nos países em desenvolvimento, aos quais é necessário um apoio especial. A escassez de
recursos de água doce e os custos cada vez mais elevados de desenvolver novos recursos têm
um impacto considerável sobre o desenvolvimento da indústria, da agricultura e dos
estabelecimentos humanos nacionais, bem como sobre o crescimento econômico dos países.
Uma melhor gestão dos recursos hídricos urbanos, incluindo a eliminação de padrões de
consumo insustentáveis, pode dar uma contribuição substancial à mitigação da pobreza e à
melhora da saúde e da qualidade de vida dos pobres das zonas urbanas e rurais. Uma alta
proporção de grandes aglomerações urbanas está localizada em torno de estuários e em zonas
costeiras. Essa situação leva à poluição pela descarga de resíduos municipais e industriais,
combinada com a exploração excessiva dos recursos hídricos disponíveis, e ameaça o meio
ambiente marinho e o abastecimento de água doce.
Objetivos
18.57. O objetivo deste programa, no que se refere ao desenvolvimento, é apoiar as
possibilidades e esforços dos Governos centrais e locais para sustentar a produtividade e o
desenvolvimento nacional por meio de um manejo ambientalmente saudável dos recursos
hídricos para uso urbano. Em apoio desse objetivo é preciso identificar e implementar estratégias
e medidas que assegurem o abastecimento contínuo de água a preço exeqüível para as
necessidades presentes e futuras e que invertam as tendências atuais de degradação e
esgotamento dos recursos.
18.58. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio da
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem estabelecer as seguintes metas:
(a) Até o ano 2000, garantir que todos os residentes em zonas urbanas tenham acesso a pelo
menos 40 litrosper capita por dia de água potável e que 75 por cento da população urbana
disponha de serviços de saneamento próprios ou comunitários;
(b) Até o ano 2000, estabelecer e aplicar normas quantitativas e qualitativas para o despejo de
efluentes municipais e industriais;
(c) Até o ano 2000, garantir que 75 por cento dos resíduos sólidos gerados nas zonas urbanas
sejam recolhidos e reciclados ou eliminados de forma ambientalmente segura.
Atividades
18.59. Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades:
(iii) Promover a reciclagem e reutilização das águas residuais e dos resíduos sólidos;
(vi) Promover pesquisas sobre a contribuição das florestas para o desenvolvimento sustentável
dos recursos hídricos;
(vii) Estimular melhores práticas de gestão para o uso de produtos agroquímicos, a fim de
minimizar o impacto destes últimos sobre os recursos hídricos;
(i) Adotar um enfoque de âmbito urbano para o manejo dos recursos hídricos;
(ii) Promover em nível nacional e local a elaboração de planos de uso da terra que dêem a devida
atenção ao desenvolvimento dos recursos hídricos;
(i) Realizar campanhas de conscientização para estimular o público a usar a água de maneira
racional;
(ii) Sensibilizar o público para o problema da proteção da qualidade da água no meio urbano;
(i) Desenvolver uma legislação e políticas voltadas para a promoção de investimentos em manejo
de águas e resíduos urbanos, refletindo a importante contribuição da cidades ao
desenvolvimento econômico nacional:
(ii) Proporcionar capital inicial e apoio técnico para a gestão local do suprimento de materiais e
serviços;
(iii) Estimular, tanto quanto possível, a autonomia e a viabilidade financeira das empresas
públicas de abastecimento de água, saneamento e coleta de resíduos sólidos;
(iv) Criar e manter um quadro de profissionais e semi-profissionais para o manejo de água, águas
residuais e resíduos sólidos;
(iii) Basear a escolha de tecnologias e os níveis de serviço nas preferências e disposição para
pagar dos usuários;
(iv) Mobilizar e facilitar a participação ativa da mulher nas equipes de manejo de água;
(v) Estimular e equipar as associações e comitês de água locais para que gerenciem os sistemas
de abastecimento da comunidade e latrinas comunais, oferecendo apoio técnico, quando
necessário;
(vi) Examinar o mérito e a viabilidade de reabilitar os sistemas existentes que funcionem mal e
corrigir os defeitos de operação e manutenção.
Modos de implementação
(d)Fortalecimento institucional
18.67. A pesca em rios e lagos de água doce, constitui uma fonte importante de alimentos e
proteínas. Os pesqueiros de águas interiores devem ser gerenciados de forma a aumentar ao
máximo a produção de organismos aquáticos alimentícios de maneira ambientalmente
adequada. Isso exige a conservação da qualidade e quantidade da água, bem como da
morfologia funcional do ambiente aquático. Por outro lado, a pesca e a aqüicultura podem elas
mesmas causar danos ao ecossistema aquático; por isso, o desenvolvimento delas deve ajustar-
se a diretrizes que limitem seu impacto. Os níveis atuais de produção dos pesqueiros de águas
interiores, tanto de água doce como de água salobre, atingem 7 milhões de toneladas por ano e
podem chegar a 16 milhões de toneladas por ano até o ano 2000; no entanto, qualquer aumento
das tensões ambientais poderá por em risco esse crescimento.
Objetivos
18.68. Os princípios estratégicos fundamentais para o manejo holístico, integrado e
ambientalmente saudável dos recursos hídricos no contexto rural podem ser enunciados da
seguinte forma:
(a) Deve-se considerar a água como um recurso finito que tem um valor econômico, com
implicações sociais e econômicas significativas, refletindo a importância de satisfazer
necessidades básicas;
(b) As comunidades locais devem participar em todas as fases do manejo da água, assegurando
a plena participação da mulher, tendo em vista o papel fundamental que desempenha no
abastecimento, manejo e uso em suas atividades diárias;
(c) O manejo dos recursos hídricos deve-se desenvolver dentro de um conjunto abrangente de
políticas de (i) saúde humana; (ii) produção, conservação e distribuição de alimentos; (iii) planos
de atenuação das calamidades; (iv) proteção ambiental e conservação da base de recursos
naturais.
(d) É necessário reconhecer e apoiar ativamente o papel das populações rurais, com particular
ênfase na mulher.
18.69. Em cooperação com outras organizações internacionais, a FAO deu início a um Programa
Internacional de Ação sobre a Água e o Desenvolvimento Agrícola Sustentável (PIA-ADAS). O
principal objetivo desse programa é auxiliar os países em desenvolvimento no planejamento,
desenvolvimento e manejo de recursos hídricos sobre uma base integrada, para atender as
necessidades presentes e futuras da produção agrícola, levando em conta considerações
ambientais.
18.70. O Programa de Ação desenvolveu uma estrutura para o uso sustentável da água no setor
agrícola e identificou zonas prioritárias de ação nos planos nacional, regional e mundial. Fixaram-
se metas quantitativas para novos projetos de irrigação, melhora dos esquemas existentes de
irrigação e recuperação de terras alagadas ou salinizadas mediante drenagem em 130 países
em desenvolvimento, em função de suas necessidades de alimentos, zonas agro-climáticas e
disponibilidade de água e terra.
18.72. O desenvolvimento de novas áreas de irrigação no nível acima mencionado pode dar
lugar a preocupações ambientais, na medida em que implica em destruição de zonas
pantanosas, poluição das águas, sedimentação maior e redução da biodiversidade. Portanto, os
novos projetos de irrigação devem ser acompanhados de uma avaliação do impacto ambiental,
segundo a escala do projeto, quando se esperem impactos negativos significativos sobre o meio
ambiente. Ao examinar propostas de novos planos de irrigação, deve-se levar em conta a
possibilidade de uma exploração mais racional e de um aumento da eficácia ou produtividade
dos projetos existentes capazes de servir as mesmas localidades. As tecnologias dos novos
projetos de irrigação devem ser cuidadosamente avaliadas, inclusive seus possíveis conflitos
com outros usos da terra. A participação ativa de grupos de usuários da água constitui um
objetivo complementar.
18.75. Os objetivos relacionados com o manejo das águas para a criação de animais são de
duas ordens: fornecimento de quantidades suficientes de água potável e salvaguarda da
qualidade dessa água, de acordo com as necessidades específicas das diferentes espécies
animais. Isso implica em níveis máximos de tolerância à salinidade e a ausência de organismos
patogênicos. Não é possível estabelecer metas globais devido às grandes variações regionais e
dentro de um mesmo país.
Atividades
18.76. Todos os Estados, segundo sua capacidade e disponibilidade de recursos, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades:
(a) Abastecimento de água e saneamento para os pobres das zonas rurais sem esses serviços:
(i) Estabelecer políticas nacionais e prioridades orçamentárias para ampliar o alcance desses
serviços;
(iii) Introduzir mecanismos adequados de recuperação dos custos, levando em conta eficiência
e eqüidade por meio de mecanismos de manejo de demanda;
(vi) Fortalecer o setor de abastecimento de água e saneamento nas zonas rurais, com ênfase no
desenvolvimento institucional, manejo eficaz e uma estrutura adequada para o financiamento de
serviços;
(ix) Adotar medidas de ampla escala de manejo ambiental para controlar os vetores de moléstias;
(i) Aumentar a eficiência e a produtividade do uso da água na agricultura para a melhor utilização
de recursos hídricos limitados;
(iii) Monitorar e avaliar o desempenho de projetos de irrigação para garantir, entre outras coisas,
sua utilização ótima e manutenção adequada;
(iv) Apoiar os grupos de usuários de água com o objetivo de melhorar o desempenho do manejo
no plano local;
(iii) Estimular a utilização conjunta das águas subterrâneas e de superfície, com a realização de
estudos de monitoramento e de equilíbrio hídrico;
(i) Estabelecer e aplicar sistemas econômicos de monitoramento da qualidade da água para uso
agrícola;
(ii) Prevenir os efeitos adversos das atividades agrícolas sobre a qualidade da água para outras
atividades sociais e econômicas e sobre as zonas pantanosas por meio, entre outras coisas, do
uso ótimo dos insumos procedentes da própria exploração e da minimização do uso de insumos
externos nas atividades agrícolas;
(iii) Estabelecer critérios de qualidade biológica, física e química da água para os usuários da
agricultura e para os ecossistemas marinhos e fluviais;
(vi) Minimizar os efeitos nocivos dos produtos químicos agrícolas mediante o manejo integrado
das pragas;
(ii) Formular programas de desenvolvimento de irrigação de larga escala e longo prazo, levando
em consideração seus efeitos sobre o nível local, a economia e o meio ambiente;
(iii) Promover as iniciativas locais para o desenvolvimento e manejo integrado dos recursos
hídricos;
(i) Desenvolver estratégias de longo prazo e programas de implementação prática para o uso da
água na agricultura de maneira compatível com as condições de escassez e de demandas
concorrentes;
(ii) Reconhecer a água como um bem social, econômico e estratégico no manejo e planejamento
da irrigação;
(iii) Formular programas especializados centrados na preparação para as secas, com ênfase no
problema da escassez de alimentos e na proteção ambiental;
(ii) Aumentar a quantidade de fontes de água para os rebanhos, em particular para a pecuária
extensiva, a fim de reduzir a distância que os aninais devem percorrer até a água e evitar o
pastoreio excessivo em torno das fontes;
(iii) Prevenir a contaminação das fontes de água com excremento animal, a fim de evitar a difusão
de moléstias, em particular das zoonoses;
(iv) Estimular o uso múltiplo dos suprimentos de água mediante a promoção de sistemas
integrados de agricultura, criação e pesca;
(v) Fomentar sistemas de dispersão da água para aumentar sua retenção nas pastagens
extensivas, a fim de estimular a produção forrageira e evitar o escoamento;
(i) Desenvolver o manejo sustentável dos pesqueiros como parte do planejamento nacional dos
recursos hídricos;
(iii) Prevenir ou mitigar a modificação dos meios aquáticos por outros usuários, ou reabilitar os
ambientes submetidos a tal modificação, no interesse do uso e conservação sustentáveis da
biodiversidade dos recursos aquáticos vivos;
(v) Implantar e manter sistemas adequados de coleta e interpretação de dados sobre a qualidade
e quantidade da água e morfologia dos canais em relação com a situação e o manejo dos
recursos aquáticos vivos, inclusive de pesqueiros;
(i) Desenvolvimento da aqüicultura:
(i) Desenvolver tecnologias aqüícolas ecologicamente saudáveis que sejam compatíveis com os
planos locais, regionais e nacionais de manejo e que levem em conta os fatores sociais;
(iv) Avaliar a viabilidade econômica da aqüicultura em relação a outros usos da água, levando
em consideração o uso de água de qualidade marginal e os requisitos de investimento e
operação.
Meios de implementação
18.78. Há uma necessidade urgente de que os países monitorem os recursos hídricos e sua
qualidade, os usos de águas e terras e a produção agrícola; que compilem inventários do tipo e
alcance do aproveitamento da água para fins agrícolas e das contribuições presentes e futuras
ao desenvolvimento agrícola sustentável; que avaliem o potencial para o desenvolvimento de
pesqueiros e aqüicultura; e que aumentem a disponibilidade e difusão de dados para
planejadores, técnicos, agricultores e pescadores. Os requisitos prioritários para pesquisa são
os seguintes:
(a) Identificação das áreas críticas de pesquisa adaptativa relacionada com a água;
(c) Intensificar a conversão dos resultados das pesquisas sobre os sistemas agrícolas e de pesca
relacionados com a água em tecnologias práticas e acessíveis e dar o apoio necessário para a
adoção rápida delas;
18.80. É preciso promover ativamente o ensino e o treinamento dos recursos humanos no plano
nacional por meio de: (a) avaliação das necessidades de manejo e formação de recursos
humanos atuais e de longo prazo; (b) estabelecimento de uma política nacional de
desenvolvimento de recursos humanos; e (c) início e implementação de programas de
treinamento para o pessoal de todos os níveis, bem como para os agricultores. As medidas
necessárias são as seguintes:
(c) Estabelecer cursos práticos de treinamento para melhorar a capacidade dos serviços de
extensão de difundir tecnologias e fortalecer a capacidade dos agricultores, com especial
referência aos pequenos produtores;
(d) Treinar pessoal em todos os níveis, inclusive agricultores, pescadores e membros das
comunidades locais, com especial referênciaà mulher;
(d)Fortalecimento institucional
(a) Melhora das políticas de utilização da água relacionadas com a agricultura, a pesca e o
desenvolvimento rural e das estruturas jurídicas para a implementação dessas políticas;
(b) Revisão, fortalecimento e reestruturação, caso necessário, das instituições existentes, com o
objetivo de aumentar suas capacidades em atividades relacionadas com a água, reconhecendo
ao mesmo tempo a necessidade de gerenciar os recursos hídricos no nível mais baixo adequado;
18.82. Os prognósticos sobre a mudança do clima em nível mundial são incertos. Embora a
incerteza aumente muito mais nos planos regional, nacional e local, é no plano nacional que se
precisariam tomar as decisões mais importantes. Temperaturas mais altas e precipitações
menores levariam a uma diminuição da oferta de água e um aumento de sua demanda; nessas
condições, a qualidade das massas de água doce poderia se deteriorar, o que afetaria o já frágil
equilíbrio entre oferta e demanda em muitos países. Mesmo onde a precipitação possa aumentar,
não há garantia de que isso ocorreria na época do ano em que essa água poderia ser usada;
ademais, as enchentes poderiam aumentar. Qualquer elevação do nível do mar provocará
amiúde a invasão de água salgada nos estuários, pequenas ilhas e aqüíferos costeiros e o
alagamento de zonas litorâneas baixas; isso apresenta grandes riscos para os países de baixa
altitude.
18.83. A Declaração Ministerial da Segunda Conferência Mundial sobre o Clima afirma que "o
impacto potencial dessa mudança do clima pode representar uma ameaça ambiental de
magnitude desconhecida até agora... e pode até ameaçar a sobrevivência em alguns pequenos
Estados insulares e em zonas costeiras de baixa altitude, áridas e semi-áridas" (A/45/696/Ad.1,
anexo III, preâmbulo, par.2). A Conferência reconheceu que entre os impactos mais importantes
da mudança do clima estão seus efeitos sobre o ciclo hidrológico e sobre os sistemas de manejo
de água e, por meio destes, sobre os sistemas socio-econômicos. Um aumento na incidência de
extremos, tais como enchentes e secas, provocaria uma freqüência e gravidade maiores das
calamidades. A Conferência, portanto, pediu que se intensificassem as pesquisas e os
programas de monitoramento necessários, bem como o intercâmbio de informações e dados
pertinentes, tomando-se essas medidas nos planos nacional, regional e internacional.
Objetivos
18.84. A própria natureza deste tema exige antes de tudo mais informação e maior compreensão
sobre a ameaça que se enfrenta. Esse tópico pode ser traduzido nos seguintes objetivos,
coerentes com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima:
(c) Estudar os impactos possíveis da mudança do clima sobre áreas propensas a secas e
inundações.
Atividades
18.85 Todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis, e por meio de
cooperação bilateral ou multilateral, inclusive com as Nações Unidas e outras organizações
pertinentes, quando apropriado, podem implementar as seguintes atividades:
(a) Monitorar o regime hidrológico, inclusive a umidade do solo, o equilíbrio das águas
subterrâneas, as penetrações e transpirações que afetam a qualidade da água e fatores
climáticos conexos, especialmente nas regiões e países mais suscetíveis de sofrer com os
efeitos adversos das mudanças do clima e onde se deve, portanto, definir as localidades
vulneráveis a esses efeitos;
(b) Desenvolver e aplicar técnicas e metodologias para a avaliação dos efeitos potenciais
adversos da mudança do clima, devido a mudanças de temperatura, precipitação e elevação do
nível do mar, sobre os recursos de água doce e os riscos de inundações;
(c) Iniciar estudos de casos para determinar se há relação entre as mudanças do clima e as
ocorrências atuais de secas e enchentes em certas regiões;
(g) Contribuir para as atividades de pesquisa em andamento dentro da estrutura dos atuais
programas internacionais.
Meios de implementação
18.87 O monitoramento da mudança do clima e seu impacto sobre as massas de água doce
deve ser feito em estreita integração com os programas nacionais e internacionais de
monitoramento do meio ambiente, em particular com aqueles que se referem à atmosfera, como
se indica em outras seções da Agenda 21, e à hidrosfera, tal como exposto na área de programa
B acima. A análise de dados para ver se há indícios de mudança do clima e sobre essa base
formular medidas corretivas constitui uma tarefa complexa. São necessárias pesquisas extensas
nessa área e deve-se levar devidamente em conta o trabalho do Painel Intergovernamental sobre
Mudança do Clima, o Programa Mundial sobre Clima, o Programa Internacional da Geosfera e
Biosfera e outros programas internacionais pertinentes.
(d)Fortalecimento institucional
18.90. No entanto, é necessário criar capacidade, no plano nacional, para desenvolver, revisar e
implementar estratégias de resposta. As grandes obras públicas e a instalação de sistemas de
previsão exigirão um fortalecimento significativo dos organismos responsáveis, tanto do setor
público como do privado. Mais crítico é o requisito de um mecanismo socio-econômico que possa
examinar as previsões do impacto da mudança do clima e as possíveis estratégias de resposta,
fazer as apreciações necessárias e tomar as decisões oportunas.
Notas
1/ Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre a Água, Mar del Plata, 14-25 de março de
1977 (publicação das Nações Unidas, número de venda: P.77.II.A.12), primeira parte, cap. I,
seção C, par. 35.
CAPÍTULO 19
19.1. A utilização substancial de produtos químicos é essencial para alcançar os objetivos sociais
e econômicos da comunidade mundial e as melhores práticas modernas demonstram que eles
podem ser amplamente utilizados com boa relação custo-eficiência e com alto grau de
segurança. Entretanto, ainda resta muito a fazer para assegurar o manejo ecologicamente
saudável das substâncias químicas tóxicas dentro dos princípios de desenvolvimento sustentável
e de melhoria da qualidade de vida da humanidade. Dois dos principais problemas, em particular
nos países em desenvolvimento, são: a) a falta de dados científicos para avaliar os riscos
inerentes à utilização de numerosos produtos químicos; e b) a falta de recursos para avaliar os
produtos químicos para os quais já dispomos de dados.
19.2. A contaminação em grande escala por substâncias químicas, com seus graves danos à
saúde humana, às estruturas genéticas, à reprodução e ao meio ambiente, prosseguiu nesses
últimos anos em algumas das principais zonas industriais do mundo. A recuperação dessas
zonas necessitará de grandes investimentos e do desenvolvimento de novas técnicas. Apenas
se começa a compreender os efeitos a longo prazo da poluição que atinge os processos químicos
e físicos fundamentais da atmosfera e do clima da Terra e a reconhecer a importância desses
fenômenos.
(e) Fortalecimento das capacidades e potenciais nacionais para o manejo dos produtos químicos;
19.5. O conjunto das seis áreas de programas dependem, para o sucesso de sua implementação,
de um esforço internacional intensivo e de uma melhor coordenação das atividades
internacionais atuais, assim como da escolha e da aplicação de meios técnicos, científicos,
educacionais e financeiros, em particular para os países em desenvolvimento. As áreas de
programas envolvem, em diversos graus, a avaliação dos perigos (baseada nas propriedades
intrínsecas dos produtos químicos), a avaliação dos riscos (compreendida a avaliação da
exposição), a aceitabilidade dos riscos e o manejo dos riscos.
19.6. A colaboração em matéria de segurança química entre o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização
Mundial da Saúde (OMS) no Programa Internacional sobre a Segurança dos Produtos Químicos
(PISSQ) deve ser o núcleo da cooperação internacional para o manejo ambiewntalmente
saudável dos produtos químicos tóxicos. Deve-se fazer todo o possível para fortalecer esse
programa. A cooperação com outros programas, particularmente o programa sobre os produtos
químicos da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da
Comunidade Européia, assim como outros programas regionais e nacionais nessa área, deve
ser promovida.
19.7 Deve-se promover mais a coordenação entre os organismos das Nações Unidas e outras
organizações internacionais envolvidas na avaliação e no manejo dos produtos químicos. No
âmbito do PISSQ realizou-se em Londres, em 1991, uma reunião intergovernamental convocada
pelo Diretor Executivo do PNUMA, para aprofundar essa questão (ver par. 19.75. e 19.76.).
19.8. A consciência mais ampla possível dos riscos químicos constitui um pré-requisito para se
obter a segurança química. Deve-se reconhecer o princípio do direito da comunidade e dos
trabalhadores de conhecerem esses riscos. No entanto, o direito de conhecer a identidade dos
ingredientes perigosos deve ser equilibrado pelo direito das indústrias de proteger informações
comerciais confidenciais. (Neste capítulo, entende-se por indústria tanto as grandes empresas
industriais e corporações transnacionais como as indústrias nacionais.) Deve-se promover e
desenvolver a iniciativa da indústria em relação ao cuidado responsável e supervisão dos
produtos. A indústria deve aplicar normas de operação apropriadas em todos os países a fim de
evitar os danos à saúde humana e ao meio ambiente.
19.9. A comunidade internacional nota com preocupação que uma parte do movimento
internacional de produtos tóxicos e perigosos se efetua violando as legislações nacionais e os
instrumentos internacionais existentes, atentando contra a saúde pública e o meio ambiente em
todos os países, em particular nos países em desenvolvimento.
19.10. Na resolução 44/226 de 22 dezembro de 1989, a Assembléia Geral pediu que cada
comissão regional contribuísse, no limite de seus recursos, para a prevenção do tráfico ilegal de
produtos e resíduos tóxicos e perigosos, monitorando e fazendo avaliações regionais desse
tráfico ilegal e de seus efeitos sobre o meio ambiente e a saúde humana. A Assembléia pediu
igualmente às comissões regionais que agissem de forma coordenada e cooperassem com o
PNUMA, tendo em vista manter monitoramento e avaliação eficientes e coordenados do tráfico
ilegal de produtos e resíduos tóxicos e perigosos.
ÁREAS DE PROGRAMAS
19.11. A avalição dos riscos que um produto químico apresenta para a saúde humana e o meio
ambiente é um pré-requisito para planejar o seu uso seguro e benéfico. Entre as
aproximadamente 100.000 substâncias químicas existentes no comércio e as milhares de
substâncias de origem natural com as quais os seres humanos estão em contato há muitas que
poluem o meio ambiente ou contaminam os alimentos e os produtos comerciais. Felizmente, a
exposição à maioria desses produtos químicos (aproximadamente 1.500 produtos químicos
representam mais de 95 por cento da produção total do mundo) é bastante limitada, pois a
maioria deles é utilizada em quantidades muito pequenas. Existe, entretanto, um problema grave:
para numerosos produtos químicos fabricados em grande escala faltam freqüentemente dados
essenciais que permitam avaliar os riscos que eles apresentam. No bojo do programa sobre
produtos químicos da OCDE tais dados estão sendo produzidos atualmente em relação a alguns
desses produtos.
19.12. A avaliação dos riscos exige muitos recursos. Pode-se torná-la mais econômica
reforçando a cooperação internacional e melhorando a coordenação, o que permite utilizar
melhor os recursos disponíveis e evitar a duplicação dos esforços. Entretanto, cada país deve
dispor de uma massa crítica de pessoal técnico com experiência em testes de toxicidade e
análises de exposição, elementos essenciais para a avaliação dos riscos.
Objetivos
(a) Fortalecer a avaliação internacional dos riscos. Várias centenas de produtos ou grupos de
produtos químicos prioritários, incluindo os principais poluentes e contaminadores de importância
mundial, devem ser avaliados até o ano 2000, aplicando os critérios atuais de seleção e de
avaliação;
(b) Estabelecer as diretrizes que permitam definir os níveis aceitáveis de exposição para um
número maior de substâncias químicas tóxicas, a partir de um exame pelos especialistas e de
um consenso científico, em que se faça a distinção entre os limites de exposição por razões de
saúde humana ou meio ambiente e aqueles que são ligados a fatores sócio-econômicos.
Atividades
(a) Fortalecer e ampliar os programas de avaliação dos riscos químicos no quadro do sistema
das Nações Unidas (PISSQ: PNUMA, OIT, OMS) e da FAO, em conjunto com outras
organizações, entre as quais a OCDE, baseando-se em uma abordagem convencionada para a
garantia de qualidade dos dados, da aplicação de critérios de avaliação, do exame pelos
especialistas e dos laços com as atividades de manejo dos riscos, levando em conta as
precauções necessárias;
(a) Atribuir alta prioridade à avaliação dos perigos dos produtos químicos, isto é, de suas
propriedades intrínsecas, para constituir uma base apropriada para a avaliação dos riscos;
(b) Gerar os dados necessários para a avaliação baseando-se, inter alia, nos programas do
PISSQ (PNUMA, OIT, OMS), da FAO, da OCDE, da Comunidade Européia e de outras regiões
e Governos com programas estabelecidos. A indústria deve participar ativamente.
19. 16. A indústria deve oferecer, para as substâncias que ela produz, os dados necessários para
a avaliação dos riscos que elas podem apresentar para a saúde humana e o meio ambiente.
Esses dados devem ser colocados à disposição das autoridades nacionais competentes, dos
organismos internacionais e de outras partes envolvidas que se ocupam da avaliação dos perigos
e dos riscos e, na maior medida do possível, à disposição do público, levando em conta o direito
legítimo à confidencialidade.
(a) Estabelecer critérios para fixar as prioridades na avaliação dos produtos químicos de
interesse mundial;
Meios de implementação
19.18. A maioria dos dados e dos métodos utilizados para a avaliação do risco químico é
produzida nos países desenvolvidos. A ampliação e a aceleração do trabalho de avaliação
exigirão uma intensificação considerável da pesquisa e dos estudos de segurança realizados
pela indústria e estabelecimentos científicos. As projeções de custos levam em consideração a
necessidade de fortalecer as capacidades dos organismos competentes das Nações Unidas e
baseiam-se em experiências atuais do PISSQ. Cabe observar que há custos consideráveis,
amiúde impossíveis de quantificar, que não foram incluídos. Esses custos compreendem os que
a indústria e os Governos incorrem para produzir os dados sobre segurança sobre os quais
repousam as avaliações, e o custo, para os Governos, de prover os documentos de antecedentes
e os relatórios provisórios de avaliação ao PISSQ, ao Registro Internacional de Substâncias
Químicas Potencialmente Tóxicas (RISQPT) e à OCDE. Eles incluem também os gastos com a
aceleração dos trabalhos nos organismos externos ao sistema das Nações Unidas, tais que a
OCDE e a Comunidade Européia.
19.19. O Secretariado da Conferência estimou que o custo total anual médio (1993-2000) da
implementação das atividades deste programa em cerca de $30 milhões de dólares, a serem
providos pela comunidade internacional em termos concessionais ou de doações. Essas são
estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos reais e
os termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das estratégias e
programas específicos que os Governos decididam adotar para a implementação.
19.20. Importantes trabalhos de pesquisa devem ser empreendidos para melhorar os métodos
de avaliação dos produtos químicos tendo em vista o estabelecimento de um marco de referência
comum de avaliação dos riscos e melhorar os procedimentos de emprego dos dados
toxicológicos e epidemiológicos a fim de prever os efeitos desses produtos sobre a saúde
humana e o meio ambiente e assim permitir aos responsáveis adotar as políticas e as medidas
adequadas para reduzir os riscos que apresentam as substâncias químicas.
(a) Fortalecer pesquisas sobre alternativas seguras ou mais seguras aos produtos químicos
tóxicos que apresentam riscos excessivos, e até mesmo incontroláveis, para a saúde humana
ou meio ambiente, e àqueles que são tóxicos persistentes e bioacumulativos e não podem ser
controlados de maneira satisfatória;
(b) Promover a pesquisa e a validação dos métodos que substituam a utilização de animais de
laboratório (o que permitiria reduzir os número de animais utilizados para fins experimentais);
(c) Promover os estudos epidemiológicos pertinentes a fim de estabelecer uma relação de causa
e efeito entre a exposição a produtos químicos e a ocorrência de certas moléstias;
(d) Promover os estudos ecotoxicológicos a fim de avaliar os riscos que apresentam os produtos
químicos para o meio ambiente.
19.24. Uma rotulagem apropriada dos produtos químicos e a difusão de folhas de dados sobre
segurança, tais como as Fichas Internacionais sobre Segurança de Produtos Químicos (FISPQ)
e outros materiais escritos semelhantes que se baseiem na avaliação dos riscos para a saúde
humana e o meio ambiente são a forma mais simples e eficaz de indicar como manipular e utilizar
esses produtos com segurança.
19.25. Para o transporte seguro de mercadorias perigosas, entre as quais os produtos químicos,
utiliza-se atualmente um conjunto de disposições elaborado no âmbito das Nações Unidas.
Essas disposições levam em consideração, sobretudo, os graves riscos que apresentam os
produtos químicos.
Objetivos
19.27. Até o ano 2000 deve-se dispor, se exeqüível, de um sistema de classificação de riscos e
rotulagem compatível mundialmente harmonizado, comportando folhas de dados sobre a
segurança e símbolos facilmente compreensíveis.
Atividades
19.29. Os organismos internacionais e entre eles o PISSQ (PNUMA, OIT e OMS), a FAO, a
Organização Marítima Internacional (OMI), o Comitê de Especialistas das Nações Unidas em
Matéria de Transporte de Mercadorias Perigosas e a OCDE, em cooperação com autoridades
nacionais e regionais que disponham de sistemas de classificação e de rotulagem existentes e
de outros sistemas de difusão de informação, devem instituir um grupo de coordenação para:
(d) Formular propostas para a padronização da terminologia e dos símbolos utilizados referentes
aos riscos a fim de melhorar o manejo dos riscos dos produtos químicos, facilitar o comércio
internacional e traduzir mais facilmente as informações em uma linguagem compreensível para
o usuário final;
19.32. No fortalecimento da capacidade nacional para o manejo dos produtos químicos, incluídas
a elaboração, a aplicação e a adaptação aos novos sistemas de classificação e de rotulagem,
deve-se evitar a criação de barreiras comerciais e levar plenamente em conta as limitações,
capacidades e recursos de um grande número de países, especialmente dos países em
desenvolvimento, para a implementação desses sistemas.
19.35. A exportação para os países em desenvolvimento dos produtos químicos que foram
proibidos nos países produtores ou cuja utilização foi severamente restringida em certos países
industrializados tem sido causa de preocupação, pois certos países importadores não têm meios
de garantir a utilização segura, devido a uma infra estrutura inadequada para controlar a
importação, a distribuição, o armazenamento, a formulação e a eliminação dos produtos
químicos.
Objetivos
a) Promover uma troca crescente de informações sobre a segurança dos produtos químicos, sua
utilização e suas imissões, entre todas as partes interessadas;
b) Assegurar, na medida do possível, a plena aplicação, até o ano 2000, do procedimento PIC,
inclusive sua aplicação obrigatória por meio de instrumentos jurídicos obrigatórios contidos na
versão modificada das Diretrizes de Londres e no Código de conduta internacional da FAO,
levando em conta a experiência adquirida no contexto do procedimento PIC.
Atividades
(b) Fortalecer as instituições e as redes internacionais (tais como o RISQPT) responsáveis pelo
intercâmbio de informações sobre os produtos químicos tóxicos;
(c) Estabelecer cooperação técnica com outros países, especialmente os que não têm suficiente
capacidade técnica, e oferecer-lhes informaçÆes, inclusive treinamento para interpretação dos
dados técnicos pertinentes, tais como os Documentos sobre os Critérios de Higiene Ambiental,
os Guias de Saúde e Segurança e as Fichas Internacionais sobre Segurança dos Produtos
Químicos (publicadas pelo PISSQ), as monografias sobre a avaliação dos riscos cancerígenos
dos produtos químicos [publicadas pelo Organismo Internacional de Pesquisas sobre o Câncer
(OIPC)], os documentos de orientação de decisões (oferecidos por intermédio do programa
comum FAO/PNUMA sobre o procedimento PIC), bem como os dados apresentados pela
indústria e outras fontes;
(d) Implementar, o mais rápido possível, os procedimentos PIC e, à luz da experiência adquirida,
convidar as organizações internacionais pertinentes tais como o PNUMA, o GATT, a FAO, a
OMS e outras a trabalhar com diligência, em suas respectivas áreas de competência, para a
conclusão dos instrumentos jurídicos obrigatórios necessários.
(d) Comunicar os dados necessários para avaliar os riscos para a saúde humana e o meio
ambiente das possíveis alternativas aos produtos químicos proibidos ou submetidos a restrições
rigorosas.
19. 41. As organizações das Nações Unidas devem oferecer, tanto quanto possível, todo o
material de informação internacional sobre os produtos químicos tóxicos em todas as línguas
oficiais das Nações Unidas.
Meios de execução
19.44. Os produtos químicos tóxicos que são atualmente utilizados podem freqüentemente ser
substituídos por outras substâncias. Assim é possível, algumas vezes, reduzir os riscos usando
outros produtos químicos ou mesmo tecnologias não químicas. O exemplo clássico de redução
de riscos consiste em substituir substâncias perigosas por substâncias inofensivas ou menos
nocivas. Outro exemplo consiste no estabelecimento de procedimentos de prevenção da
poluição e fixação de normas para os produtos químicos em cada componente do meio ambiente
(os alimentos, a água , os bens de consumo etc.). Em um contexto mais amplo, a redução dos
riscos envolve medidas de base ampla visando a reduzir os riscos que apresentam os produtos
químicos tóxicos. Levando em consideração todo o ciclo de vida desses produtos, essas medidas
podem englobar disposições regulamentares e outras, tais como a promoção do uso de produtos
e tecnologias menos poluidoras, procedimentos e programas de prevenção da poluição,
inventários de emissões, rotulagem dos produtos, as restrições de uso, incentivos econômicos,
procedimentos para a manipulação segura e regulamentos sobre a exposição bem como a
eliminação progressiva ou proibição dos produtos químicos que apresentam riscos excessivos
ou inaceitáveis para a saúde humana e o meio ambiente, e daqueles que são tóxicos,
persistentes e bioacumulativos e cuja utilização não pode ser adequadamente controlada.
Objetivos
Atividades
(b) Empreender ações conjuntas para reduzir os riscos aos produtos químicos tóxicos levando
em consideração toda a duração de seu ciclo de vida. Essas atividades podem abranger medidas
reguladoras ou não reguladoras, tais como a promoção do uso de produtos e tecnologias limpos;
inventários de emissões; rotulagem dos produtos; limitações de uso; incentivos econômicos; e o
abandono progressivo ou interdição dos produtos químicos tóxicos que colocam riscos
excessivos ou inaceitáveis para a saúde humana e o meio ambiente e aqueles que são tóxicos,
persistentes e bioacumulativos, cuja utilização não pode ser adequadamente controlada;
(c) Adotar políticas e medidas reguladoras e não reguladoras para identificar os produtos
químicos tóxicos e reduzir ao mínimo a exposição a esses produtos, substituindo-os por outras
substâncias menos nocivas e abandonando progressivamente aqueles que apresentam riscos
excessivos ou inaceitáveis para a saúde humana e o meio ambiente e aqueles que são tóxicos,
persistentes e bioacumulativos e cuja utilização não pode ser adequadamente controlada;
(d) Redobrar os esforços para identificar as necessidades nacionais de estabelecimento e
implementação de normas no contexto do Codex Alimentarius FAO/OMS a fim de reduzir ao
mínimo os efeitos nocivos da presença de produtos químicos nos alimentos;
(e) Elaborar políticas nacionais e adotar a estrutura reguladora necessária para a prevenção de
acidentes e para a preparação e intervenções em caso de acidente (planejamento do uso da
terra, sistemas de autorização, requisitos de notificação em caso de acidentes etc.) e trabalhar
com o catálogo internacional dos centros regionais de intervenção de urgência (OCDE/PNUMA)
e o programa APELL;
(h) Exigir dos fabricantes, dos importadores e dos usuários de produtos químicos tóxicos que
desenvolvam, com a cooperação dos produtores dessas substâncias, quando apropriado,
procedimentos de intervenção de urgência e que elaborem planos de intervenção de emergência
no interior e no exterior de suas instalações;
(i) Identificar, avaliar, reduzir ao mínimo ou eliminar, tanto quanto possível, os riscos decorrentes
da armazenagem de produtos químicos ultrapassados por meio de métodos de eliminação
ambientalmente saudáveis.
(a) Promover o intercâmbio de informações sobre as atividades nacionais e regionais para reduzir
os riscos dos produtos químicos;
(a) Colaborar na elaboração de critérios comuns para determinar quais são os produtos químicos
suscetíveis de se prestar às atividades combinadas de redução dos riscos;
(g) Estimular os trabalhos nacionais e regionais visando a harmonizar a avaliação dos pesticidas;
(h) Promover e desenvolver mecanismos de produção, manejo e utilização seguros dos produtos
perigosos, formulando programas para substituí-los por outros mais seguros, quando apropriado;
Meios de execução
19.53. O Secretariado da Conferência incluiu a maior parte dos custos relacionados com este
programa nas estimativas proporcionadas para as áreas de programa A e E. O Secretariado
estima que as demais necessidades para atividades de treinamento e fortalecimento dos centros
de emergência e de luta contra as intoxicações em cerca de $4 milhões de dólares por ano, a
serem providos pela comunidade internacional em termos concessionais ou de doações. Estas
são estimativas apenas indicativas e aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos
reais e os termos financeiros, inclusive os não concessionais, dependerão, inter alia, das
estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar para a implementação.
(b) Fazer revisões nacionais , quando apropriado, dos pesticidas aceitos no passado com base
em critérios hoje reconhecidos como insuficientes ou ultrapassados e procurar a sua eventual
substituição por outros métodos de controle de pragas, particularmente no caso de pesticidas
tóxicos, persistentes e/ou bioacumulativos.
19.55. Muitos países não dispõem de sistemas nacionais para enfrentar os riscos químicos. A
maioria dos países carece de meios científicos para reunir provas de uso indevido e de avaliar o
impacto dos produtos químicos sobre o meio ambiente, devido às dificuldades envolvidas na
detecção de muitos produtos químicos problemáticos e no rastreamento sistemático de sua
circulação. Entre os possíveis perigos para a saúde humana e o meio ambiente nos países em
desenvolvimento estão formas novas e importantes de utilização. Em vários países que dispõem
de sistemas desse tipo há necessidade urgente de torná-los mais eficientes.
19.56. Os elementos básicos de um bom manejo saudável dos produtos químicos são: a)
legislação adequada; b) coleta e difusão de informação; c) capacidade de avaliar e interpretar os
riscos; d) estabelecimento de uma política de manejo dos riscos; e) capacidade para implementar
e fazer cumprir essa política; f) a capacidade de reabilitar os lugares contaminados e atender as
pessoas intoxicadas; g) programas eficazes de ensino; h) capacidade de reagir em caso de
urgência.
19.57. Dado que o manejo dos produtos químicos se exerce em vários setores relacionados a
diversos ministérios nacionais, a experiência indica que um mecanismo de coordenação é
indispensável.
Objetivo
19.58. Até o ano 2000, deverá haver em todos os países, na medida do possível, sistemas
nacionais de manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos, incluindo uma legislação
e disposições para sua implantação e cumprimento.
Atividades
(a) Promover e apoiar enfoques multidisciplinares dos problemas de segurança dos produtos
químicos;
(c) Criar mecanismos institucionais para o manejo dos produtos químicos, com meios de
execução eficazes;
(d) Estabelecer e desenvolver ou fortalecer, conforme o caso, redes de centros de resposta às
emergências, entre eles centros de controle das substâncias tóxicas;
(a) Organizar campanhas de informação para conscientizar o público em geral dos problemas
de segurança dos produtos químicos, desenvolvendo, por exemplo, programas de informação
sobre a estocagem desses produtos, as alternativas ambientalmente mais seguras e os
inventários de emissões que também podem contribuir para a redução dos riscos;
(b) Estabelecer, em cooperação com o RISQPT, registros e bancos de dados nacionais sobre os
produtos químicos que contenham informações sobre segurança;
(c) Produzir dados de monitoramento de campo no que diz respeito aos produtos químicos
tóxicos de grande importância para o meio ambiente;
(d) Cooperar com as organizações internacionais, quando apropriado, para monitorar e controlar
eficazmente a geração, fabricação, distribuição, transporte e eliminação de produtos químicos
tóxicos, para fomentar a adoção de medidas de prevenção e de precaução e cuidar para que as
regras de manejo seguro sejam obedecidas, e para oferecer relatórios precisos sobre os dados
pertinentes.
(a) Preparar diretrizes, quando não disponíveis, com recomendações e listas de controle para
promulgar legislação sobre a segurança dos produtos químicos;
(f) Cooperar com todos os países, em particular com os países em desenvolvimento, na criação
de um mecanismo institucional no plano nacional e no desenvolvimento de instrumentos
apropriados de manejo de produtos químicos;
(g) Organizar cursos de informação, em todos os níveis de produção e uso, voltados para o
pessoal que trabalha com as questões de segurança dos produtos químicos;
(i) Convidar o PNUMA a promover princípios para a prevenção, preparação e resposta aos
acidentes destinados a Governos, à indústria e ao público, inspirando-se nos trabalhos da OIT,
da OCDE e da CEE.
Meios de implementação
(b) Promover, quando possível, a tradução para os idiomas locais de documentos internacionais
sobre a segurança dos produtos químicos e apoiar os diversos níveis de atividades regionais
relacionados com a transferência de tecnologia e intercâmbio de informações;
19.66. Atualmente, não há um acordo internacional mundial sobre o tráfico de produtos tóxicos
e perigosos (produtos tóxicos e perigosos são aqueles proibidos, severamente limitados,
retirados do mercado ou não aprovados para uso e venda por Governos a fim de proteger a
saúde pública e o meio ambiente). No entretanto, há uma preocupação internacional de que o
tráfico internacional ilegal desses produtos seja prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente,
como reconhece a Assembléia Geral em suas resoluções 42/183 e 44/226. O tráfico ilegal refere-
se ao tráfico que viola as legislações nacionais ou instrumentos jurídicos internacionais
pertinentes. Essa preocupação se estende igualmente aos movimentos transfronteiriços desses
produtos que não obedecem às diretrizes e aos princípios aplicáveis internacionalmente. As
atividades desta área de programas visam a melhorar a detecção e a prevenção do tráfico em
questão.
Objetivos
(a) Reforçar a capacidade nacional para detectar e reprimir toda tentativa de introdução de
produtos tóxicos e perigosos no território de qualquer Estado, em contravenção da legislação
nacional e dos instrumentos jurídicos internacionais pertinentes;
Atividades
(b) Desenvolver programas nacionais apropriados para fazer cumprir essa legislação e detectar
e reprimir as violações por meio de penalidades adequadas.
19.70. Os Governos devem desenvolver, quando apropriado, sistemas nacionais de alerta que
lhes permitam detectar o tráfico ilegal de produtos tóxicos e perigosos; as comunidades locais e
outras entidades podem participar do funcionamento desses sistemas.
19.76. Para examinar com mais detalhes as recomendações da reunião de Londres e começar
a lhes dar seqüência, quando apropriado, os diretores executivos da OMS, da OIT e do PNUMA
estão convidados a convocar uma reunião intergovernamental no prazo de um ano, que poderá
se constituir na primeira reunião do foro intergovernamental.
Siglas
CAPÍTULO 20
MANEJO AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL DOS RESÍDUOS PERIGOSOS, INCLUINDO A
PREVENÇÃO DO TRÁFICO INTERNACIONAL ILÍCITO DE RESÍDUOS PERIGOSOS
INTRODUÇÃO
20.3. As atividades descritas no presente capítulo estão estreitamente relacionadas com muitas
das áreas de programas descritas em outros capítulos e nelas repercutem; assim, é preciso
adotar uma abordagem geral integrada para tratar do manejo de resíduos perigosos.
20.4. Existe uma preocupação no plano internacional pelo fato de que parte do movimento
internacional dos resíduos perigosos está sendo feito em transgressão à legislação nacional e
aos instrumentos internacionais existentes, em detrimento do meio ambiente e da saúde pública
de todos os países, especialmente dos países em desenvolvimento.
Objetivo geral
20.6. No quadro de um manejo integrado do ciclo de vida, o objetivo geral é impedir, tanto quanto
possível, e reduzir ao mínimo a produção de resíduos perigosos e submeter esses resíduos a
um manejo que impeça que provoquem danos ao meio ambiente.
Metas gerais
(a) Prevenir ou reduzir ao mínimo a produção de resíduos perigosos como parte de uma
abordagem geral integrada de tecnologias limpas; depositar ou reduzir os movimentos
transfronteiriços de resíduos perigosos até um mínimo que corresponda à um manejo
ambientalmente saudável e eficiente de tais resíduos; e garantir que se busquem, na máxima
medida do possível, opções de manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos no país
de origem (princípio da auto-suficiência). Os movimentos transfronteiriços que ocorrerem
deverão obedecer a motivos ambientais e econômicos e estar baseados em acordos celebrados
entre os Estados interessados;
(d) Depósito da exportação de resíduos perigosos para países que, individualmente ou por meio
de acordos internacionais, proíbam a importação desses resíduos, tais como as partes
contratantes da Convenção de Bamaco e da quarta Convenção de Lomé, assim como outros
convênios pertinentes em que se estabelece essa proibição;
ÁREAS DE PROGRAMAS
20.10. Entre os fatores mais importantes dessas estratégias está a recuperação de resíduos
perigosos para convertê-los em matérias úteis. Em conseqüência, a implementação ou
modificação de tecnologias existentes e o desenvolvimento de novas tecnologias que permitam
uma menor produção de resíduos estão atualmente no centro da minimização dos resíduos
perigosos.
Objetivos
(a) Reduzir, tanto quanto possível, a geração de resíduos perigosos, como parte de um sistema
integrado de tecnologias limpas;
(b) Otimizar o uso dos materiais com a utilização, quando factível e ambientalmente saudável,
dos resíduos dos processos de produção;
(d) O estabelecimento de programas e políticas de longo prazo que incluam metas, quando
apropriado, para a redução da quantidade de resíduos perigosos produzidos por unidade de
fabricação;
(e) A obtenção de uma melhora qualitativa do fluxo de resíduos principalmente por meio de
atividades destinadas a reduzir suas características perigosas;
Atividades
(b) Os Governos, de acordo com suas possibilidades e com a ajuda da cooperação multilateral,
devem oferecer incentivos econômicos ou reguladores, quando apropriado, para estimular a
adoção por parte da indústria de novas tecnologias limpas, estimular a indústria a investir em
tecnologias de prevenção e/ou reciclagem de modo a assegurar uma gestão ambientalmente
saudável de todos os resíduos perigosos, inclusive dos resíduos recicláveis, e estimular os
investimentos orientados para a minimização dos resíduos;
(e) Os Governos dos países desenvolvidos devem promover a transferência para os países em
desenvolvimento de tecnologias ambientalmente saudáveis e conhecimento técnico-científico
relativo a tecnologias limpas e produção com poucos resíduos, em conformidade com o capítulo
34, o que produzirá mudanças para sustentar a inovação. Os Governos deverão cooperar com
a indústria, quando apropriado, na elaboração de diretrizes e códigos de conduta que conduzam
a tecnologias limpas por meio de associações setoriais de comerciantes e industriais;
(f) Os Governos devem incentivar a indústria para tratar, reciclar, reutilizar e depositar os
resíduos na fonte geradora, ou o mais próximo possível dela, quando a produção de resíduos for
inevitável e quando resulte eficiente para a indústria tanto do ponto de vista econômico quanto
do ambiental;
(g) Os Governos devem estimular as avaliação de tecnologia, mediante a utilização, por exemplo,
de centros de avaliação tecnológica;
(h) Os Governos devem promover tecnologias limpas estabelecendo centros que proporcionem
treinamento e informação sobre tecnologias ambientalmente saudáveis;
(i) A indústria deve estabelecer sistemas de manejo ambiental que incluam a auditoria ambiental
de seus lugares de produção ou distribuição, a fim de identificar onde é preciso instalar
tecnologias limpas;
(j) Uma organização competente e apropriada das Nações Unidas deve tomar a iniciativa, em
cooperação com outras organizações, de elaborar diretrizes para estimar os custos e benefícios
de várias abordagens da adoção de tecnologias limpas, minimização dos resíduos e manejo
ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, inclusive o saneamento dos lugares
contaminados, levando em consideração, quando apropriado, o relatório da reunião celebrada
em Nairóbi, em 1991, por especialistas designados pelos Governos para elaborar uma estratégia
internacional e um programa de ação, além de diretrizes técnicas para o manejo ambientalmente
saudável dos resíduos perigosos, em particular no contexto do trabalho da Convenção de
Basiléia, que vem sendo desenvolvido sob a direção do Secretariado do PNUMA ;
(k) Os Governos devem estabelecer normas que estipulem a responsabilidade última das
indústrias do depósito ambientalmente saudável dos resíduos perigosos gerados por suas
atividades.
(a) Os Governos, com a ajuda das organizações internacionais, devem estabelecer mecanismos
para determinar o valor dos sistemas de informação existentes;
(b) Os Governos devem estabelecer centros e redes nacionais e regionais de coleta e difusão
de informação que sejam de fácil acesso e uso para os organismos públicos, a indústria e outras
organizações não-governamentais;
(c) As organizações internacionais, por meio do Programa de Produção Mais Limpa do PNUMA
e do Centro Internacional de Informação sobre Tecnologias Limpas (ICPIC), devem ampliar e
fortalecer os sistemas existentes de coleta de informações sobre tecnologias limpas;
(d) Deve-se promover a utilização, por parte de todos os órgãos e organizações das Nações
Unidas, da informação reunida por meio da Rede de Produção Mais Limpa;
Meios de implementação
(b) Os Estados, com a cooperação das organizações internacionais, quando apropriado, devem
estimular a indústria para que promova ou realize estudos sobre a depósito gradual dos
processos que apresentam maior risco para o meio ambiente devido aos resíduos perigosos que
produzem;
(c) Os Estados devem estimular a indústria a elaborar planos que integrem tecnologias limpas
aos processos de planejamento de produtos e às práticas de manejo;
(d) Os Estados devem incentivar a indústria a adotar uma atitude responsável face ao meio
ambiente por meio da redução dos resíduos perigosos e da reutilização, reciclagem e
recuperação ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, assim como da depósito
definitiva deles.
(c) Os Governos devem colaborar com a indústria em campanhas setoriais a favor da adoção de
tecnologias limpas e da minimização dos resíduos perigosos, bem como da redução desses
resíduos e de outras emissões;
20.20. Muitos países não têm a capacidade necessária para a manipulação e o manejo dos
resíduos perigosos. Isto se deve principalmente à falta de infraestrutura adequada, às
deficiências das estruturas reguladoras, à insuficiência dos programas de treinamento e ensino
e à falta de coordenação entre os vários ministérios e instituições que se ocupam dos diversos
aspectos do manejo de resíduos. Além disso, há falta de conhecimento sobre a contaminação e
poluição do meio ambiente e dos riscos que resultam da exposição a resíduos perigosos para a
saúde da população, especialmente de mulheres e crianças, e dos ecossistemas; sobre a
avaliação dos riscos; e as características dos resíduos. É preciso tomar medidas imediatas para
identificar as populações expostas a altos riscos e, se necessário, aplicar medidas corretivas.
Uma das prioridades fundamentais para um manejo ambientalmente saudável dos resíduos
perigosos é a oferta de programas de conscientização, ensino e treinamento que abarquem todos
os setores da sociedade. Ademais, é necessário realizar programas de pesquisa para entender
a natureza dos resíduos perigosos, determinar seu possível impacto ambiental e desenvolver
tecnologias para a manipulação sem risco desses resíduos. Por último, é necessário fortalecer
as capacidades das instituições responsáveis pelo manejo dos resíduos perigosos.
Objetivos
(c) Estabelecer programas amplos de pesquisa sobre resíduos perigosos nos vários países;
(d) Fortalecer a capacidade das empresas de serviços para permitir-lhes manipular os resíduos
perigosos e estabelecer as redes internacionais;
(f) Promover a avaliação do grau de exposição humana em relação aos depósitos de resíduos
perigosos e identificar as medidas corretivas necessárias;
(g) Facilitar a avaliação dos impactos e riscos dos resíduos perigosos para a saúde humana e o
meio ambiente por meio da adoção de procedimentos, metodologias e critérios adequados e/ou
diretrizes e normas relacionadas com efluentes;
(h) Melhorar os conhecimentos relativos aos efeitos dos resíduos perigosos sobre a saúde
humana e o meio ambiente;
(i) Colocar à disposição dos Governos e do público em geral a informação sobre os efeitos dos
resíduos perigosos, inclusive dos resíduos infecciosos, sobre a saúde humana e o meio
ambiente.
Atividades
(a) Os Governos devem preparar e manter inventários, inclusive computadorizados, dos resíduos
perigosos e dos locais de tratamento ou de depósito deles, assim como dos lugares
contaminados que exijam recuperação, e avaliar o grau de exposição e o risco que apresentam
para a saúde humana e o meio ambiente; devem também identificar as medidas necessárias
para a limpeza dos locais de despejo. A indústria deve por à disposição a informação necessária;
(c) Os Governos devem realizar avaliações do grau de exposição e do estado de saúde das
populações que residem perto dos locais de despejo de resíduos perigosos não controlados e
tomar medidas corretivas;
(f) Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a colaboração das
Nações Unidas e outras organizações pertinentes, quando apropriado, devem estimular, na
medida do possível, a construção de instalações combinadas de tratamento e depósito de
resíduos perigosos nas indústrias pequenas e médias;
(g) Os Governos devem promover a identificação e limpeza dos depósitos de resíduos perigosos
em colaboração com a indústria e as organizações internacionais. Devem estar disponíveis para
esse fim tecnologias, conhecimentos especializados e recursos financeiros, aplicando-se, na
medida do possível e quando apropriado o princípio de "quem polui paga";
(h) Os Governos devem se assegurar de que seus estabelecimentos militares se atêm às normas
ambientais, aplicáveis no plano nacional, para o tratamento e depósito de resíduos perigosos.
(b) Os Governos devem estabelecer sistemas de notificação e registro das populações expostas
e dos impactos nocivos para a saúde, assim como bancos de dados sobre avaliações dos riscos
dos resíduos perigosos;
(c) Os Governos devem procurar reunir informação sobre quem produz ou deposita/recicla
resíduos perigosos e proporcionar essa informação às pessoas e instituições interessadas.
(a) Promover e apoiar a integração e o funcionamento nos planos regional e local, quando
apropriado, de grupos institucionais e interdisciplinares que colaborem, segundo sua capacidade,
em atividades orientadas para reforçar os procedimentos de avaliação, manejo e redução dos
riscos em relação aos resíduos perigosos;
Meios de implementação
(a) Financiamento e estimativa de custos
(c) Os Governos devem realizar pesquisas voltadas para as necessidades das indústrias
pequenas e médias;
20.27. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a colaboração das
Nações Unidas e outras organizações pertinentes e da indústria, quando apropriado, devem:
(a) Aumentar a consciência e a informação públicas sobre as questões relativas aos resíduos
perigosos e promover o desenvolvimento e difusão de informação sobre esses resíduos de forma
compreensível para o público em geral:
(a) Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a colaboração das
Nações Unidas, outras organizações e organizações não-governamentais, devem colaborar na
elaboração e difusão de materiais educativos relativos aos resíduos perigosos e seus efeitos
sobre o meio ambiente e a saúde humana, para uso em escolas, grupos de mulheres e pelo
público em geral;
(b) Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a colaboração das
Nações Unidas e outras organizações, devem estabelecer ou fortalecer programas para um
manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, em conformidade com as normas
sanitárias e ambientais, quando apropriado, e ampliar o alcance dos sistemas de vigilância com
o objetivo de identificar os efeitos prejudiciais para a população e o meio ambiente da exposição
aos resíduos perigosos;
(d) Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a colaboração das
Nações Unidas e outras organizações pertinentes, devem promover a criação de centros de
excelência para o treinamento em manejo de resíduos perigosos, baseando-se nas instituições
nacionais apropriadas e estimulando a cooperação internacional mediante, inter alia, vínculos
institucionais entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
20.29. Onde quer que operem, as empresas transnacionais e as grandes empresas devem
introduzir políticas e comprometer-se a adotar normas operativas equivalentes ou não menos
estritas que as que estejam em vigor no país de origem, em relação à produção e depósito dos
resíduos perigosos e os Governos são convidados a se esforçar para estabelecer regulamentos
em que se requeira o manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos.
20.31. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a colaboração das
Nações Unidas e outras organizações e indústrias pertinentes, devem:
(a) Apoiar as instituições nacionais para que tratem dos resíduos perigosos da perspectiva do
monitoramento regulador e da execução, facilitando-lhes os meios para implementar convenções
internacionais;
(b) Desenvolver instituições com base na indústria para tratar dos resíduos perigosos e empresas
de serviços para a manipulação desses resíduos;
(c) Adotar diretrizes técnicas para o manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos e
apoiar a implementação de convenções regionais e internacionais;
(d) Desenvolver e ampliar uma rede internacional de especialistas que prestem serviços sobre
resíduos perigosos e manter um fluxo de informação entre os países;
(h) Realizar auditorias ambientais das indústrias existentes para melhorar seus sistemas internos
de manejo de resíduos perigosos.
Objetivos
(a) Facilitar e fortalecer a cooperação internacional para o manejo ambientalmente saudável dos
resíduos perigosos, inclusive o controle e monitoramento dos movimentos transfronteiriços de
tais resíduos, entre eles os resíduos destinados a recuperação por meio da aplicação de critérios
internacionalmente aprovados de identificação e classificação dos resíduos perigosos e
harmonizar os instrumentos jurídicos internacionais pertinentes;
(b) Proscrever ou proibir, quando apropriado, a exportação de resíduos perigosos aos países
que não têm a capacidade necessária para tratar desses resíduos de forma ambientalmente
saudável, ou que proibiram sua importação;
Atividades
20.34. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a colaboração das
Nações Unidas e outras organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(b) Formular, quando apropriado, acordos regionais, tais como a Convenção de Bamaco, para
regulamentar os movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos;
(c) Ajudar a promover a compatibilidade e complementaridade entre tais acordos regionais e
convenções e protocolos internacionais;
(e) Promover o desenvolvimento de critérios e diretrizes claros, tendo por referência a Convenção
de Basiléia e os convênios regionais, quando apropriado, para a operação ambiental e
econômicamente saudável de recuperação, reciclagem, aproveitamento, uso direto ou usos
alternativos de recursos e para a determinação de práticas aceitáveis de recuperação, inclusive
níveis de recuperação, quando viável e adequado, tendo em vista prevenir os abusos e a
apresentação fraudulenta dessas atividades;
(f) Examinar a possibilidade de estabelecer nos planos nacional e regional, quando apropriado,
sistemas de vigilância e monitoramento dos movimentos transfronteiriços dos resíduos
perigosos;
(g) Desenvolver diretrizes para a avaliação do tratamento ambientalmente saudável dos resíduos
perigosos;
(h) Desenvolver diretrizes para a determinação dos resíduos perigosos no plano nacional,
levando em consideração os critérios acordados internacionalmente e, quando apropriado, os
critérios acordados regionalmente, e preparar uma lista de perfis de risco dos resíduos perigosos
enumerados na legislação nacional;
(i) Desenvolver e utilizar métodos adequados para testar, caracterizar e classificar os resíduos
perigosos e adotar normas e princípios de segurança, ou adaptar as existentes, para um manejo
ambientalmente saudável dos resíduos perigosos.
Meios de execução
20.36. Tendo em vista que esta área de programas abrange um campo de operações
relativamente novo e que até o momento não foram realizados estudos suficientes para
determinar o custo das atividades previstas, não se dispõe, atualmente, de uma estimativa de
custos. Entretanto, pode-se considerar que os custos de algumas atividades relacionadas com o
fortalecimento institucional e técnico apresentadas neste programa estão incluídos na estimativa
de custos da área de programas B.
20.37. O Secretariado interino da Convenção de Basiléia deve realizar estudos para chegar a
uma estimativa de custos razoável para as atividades que irão realizar-se inicialmente até o ano
2000.
20.38. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a colaboração das
Nações Unidas e outras organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(a) Elaborar ou adotar políticas para o manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos,
levando em consideração os instrumentos internacionais existentes;
(b) Fazer recomendações aos órgãos apropriados ou estabelecer ou adaptar normas, inclusive
a implementação eqüitativa do princípio de "quem polui paga", e medidas reguladoras para
cumprir as obrigações e princípios da Convenção de Basiléia, da Convenção de Bamaco e de
outros acordos existentes ou futuros, inclusive os protocolos, quando apropriado, para
estabelecer normas e procedimentos apropriados no que diz respeito à responsabilidade e à
indenização pelos danos causados pelo movimento transfronteiriço e pelo depósito de resíduos
perigosos;
(c) Implementar políticas para a implantação de proscrição ou proibição, conforme o caso, das
exportações de resíduos perigosos aos países que não tenham capacidade para tratar desses
resíduos de maneira ambientalmente saudável ou que tenham proibido a sua importação;
20.39 A prevenção do tráfico ilícito de resíduos perigosos redundará em benefícios para o meio
ambiente e a saúde pública em todos os países, principalmente para os países em
desenvolvimento. A prevenção ajudará também a tornar mais eficazes a Convenção de Basiléia
e outros instrumentos internacionais regionais, tais como a Convenção de Bamaco e a Quarta
Convenção de Lomé, ao promover o respeito aos controles estabelecidos nesses acordos. O
artigo IX da Convenção de Basiléia aborda especificamente a questão do transporte ilícito dos
resíduos perigosos. O tráfico ilícito dos resíduos perigosos pode causar graves ameaças para a
saúde humana e o meio ambiente e impor aos países que recebem essas cargas uma
responsabilidade especial e anormal.
20.40. A prevenção eficaz requer ação por meio de monitoramento efetivo, aplicação e imposição
de penalidades apropriadas.
Objetivos
(a) Fortalecer a capacidade nacional para detectar e reprimir qualquer tentativa ilícita de
introduzir resíduos perigosos no território de qualquer Estado, em violação da legislação nacional
e dos instrumentos jurídicos internacionais pertinentes;
(b) Prestar assistência a todos os países, principalmente aos países em desenvolvimento, para
que obtenham toda informação pertinente sobre o tráfico ilícito de resíduos perigosos;
(c) Cooperar, no quadro da Convenção de Basiléia, na prestação no auxílio aos países que
sofrem as conseqüências do tráfico ilícito.
Atividades
(b) Elaborar programas nacionais de execução da lei apropriados para monitorar o cumprimento
dessa legislação, detectar e reprimir as violações aplicando sanções apropriadas e prestar
atenção especial aos que sabidamente participaram no tráfico ilícito de resíduos perigosos e aos
resíduos perigosos que são particularmente suscetíveis de tráfico ilícito.
b) Dados e informação
CAPÍTULO 21
INTRODUÇÃ0
21.3. Os resíduos sólidos, para os efeitos do presente capítulo, compreendem todos os restos
domésticos e resíduos não perigosos, tais como os resíduos comerciais e institucionais, o lixo
da rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão dos resíduos sólidos
também se ocupa dos resíduos humanos, tais como excrementos, cinzas de incineradores,
sedimentos de fossas sépticas e de instalações de tratamento de esgoto. Se manifestarem
características perigosas, esses resíduos devem ser tratados como resíduos perigosos.
21.4. O manejo ambientalmente saudável desses resíduos deve ir além do simples depósito ou
aproveitamento por métodos seguros dos resíduos gerados e buscar resolver a causa
fundamental do problema, procurando mudar os padrões não sustentáveis de produção e
consumo. Isso implica na utilização do conceito de manejo integrado do ciclo vital, o qual
apresenta oportunidade única de conciliar o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente.
ÁREAS DE PROGRAMAS
Objetivos
21.9. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a cooperação das
Nações Unidas e de outras organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(a) Até o ano 2000, assegurar uma capacidade nacional, regional e internacional suficiente para
obter, processar e monitorar a informação sobre a tendência dos resíduos e implementar políticas
destinadas para sua redução ao mínimo;
(b) Até o ano 2000, estabelecer, em todos os países industrializados, programas para estabilizar
ou diminuir, caso seja praticável, a produção de resíduos destinados o depósito definitivo,
inclusive os resíduos per cápita (nos casos em que este conceito se aplica), no nível alcançado
até essa data; os países em desenvolvimento devem também trabalhar para alcançar esse
objetivo sem comprometer suas perspectivas de desenvolvimento;
(c) Aplicar até o ano 2000, em todos os países e, em particular, nos países industrializados,
programas para reduzir a produção de resíduos agroquímicos, contêineres e materiais de
embalagem que não cumpram as normas para materiais perigosos.
Atividades
21.10. Os Governos devem iniciar programas para manter a redução ao mínimo da produção de
resíduos. As organizações não-governamentais e os grupos de consumidores devem ser
estimulados a participar desses programas, que podem ser elaborados com a cooperação das
organizações internacionais, caso necessário. Esse programas devem basear-se , sempre que
possível, nas atividades atuais ou previstas e devem:
(b) Estabelecer incentivos para reduzir os padrões de produção e consumo não sustentáveis;
(c) Desenvolver, quando necessário, planos nacionais para reduzir ao mínimo a geração de
resíduos como parte dos planos nacionais de desenvolvimento;
(b) Identificar e ampliar as atividades das redes de informação existentes sobre tecnologias
limpas e minimização dos resíduos;
(c) Realizar avaliação periódica, cotejar e analisar os dados dos países e informar,
sistematicamente, em um foro apropriado das Nações Unidas, aos países interessados;
(d) Examinar a eficácia de todos os instrumentos de redução dos resíduos e determinar os novos
instrumentos que podem ser utilizados, assim como as técnicas por meio das quais podem ser
colocados em prática nos países. Devem-se desenvolver diretrizes e códigos de conduta;
Meios de implementação
(b) Promover a prevenção e a redução ao mínimo dos resíduos como objetivo principal dos
programas nacionais de manejo de resíduos;
(c) Promover o ensino público e uma gama de incentivos reguladores e não reguladores para
estimular a indústria a modificar o projeto dos produtos e reduzir os resíduos procedentes dos
processos industriais mediante o uso de tecnologias de produção mais limpas e boas práticas
administrativas, assim como estimular a indústria e os consumidores a utilizar tipos de
embalagens que possam voltar a ser utilizados sem risco;
21.15. O desenvolvimento dos recursos humanos para a minimização dos resíduos não deve se
destinar apenas aos profissionais do setor de manejo dos resíduos, mas também deve buscar o
apoio dos cidadãos e da indústria. Os programas de desenvolvimento dos recursos humanos
devem ter por objetivo conscientizar, educar e informar os grupos interessados e o público em
geral. Os países devem incorporar aos currículos das escolas, quando apropriado, os princípios
e práticas referentes à prevenção e redução dos resíduos e material sobre os impactos dos
resíduos sobre o meio ambiente.
Objetivos
(b) Criar, no sistema das Nações Unidas, um programa modelo para a reutilização e reciclagem
internas dos resíduos gerados, inclusive do papel;
21.18. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a cooperação das
Nações Unidas e de outras organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(a) Até o ano 2000, promover capacidades financeira e tecnológicas suficientes nos planos
regional, nacional e local, quando apropriado, para implementar políticas e ações de reutilização
e reciclagem dos resíduos;
(b) Ter, até o ano 2000 em todos os países industrializados e até o ano 2010 em todos os países
em desenvolvimento, um programa nacional que inclua, na medida do possível, metas para a
reutilização e reciclagem eficazes dos resíduos.
Atividades
(b) Examinar e reformar as políticas nacionais para os resíduos, a fim de proporcionar incentivos
para a reutilização e reciclagem deles;
(c) Desenvolver e implementar planos nacionais para o manejo dos resíduos que aproveitem a
reutilização e reciclagem dos resíduos e dêem prioridade a elas;
21.20. A informação e pesquisa são necessárias para determinar formas vantajosas, rentáveis e
socialmente aceitáveis de reaproveitamento ou reciclagem de resíduos que estejam adaptadas
a cada país. Por exemplo, as atividades de apoio empreendidas pelos Governos nacionais e
locais em colaboração com as Nações Unidas e outras organizações internacionais podem
compreender:
(a) A realização de um amplo exame das opções e técnicas de reciclagem de todas as formas
de resíduos sólidos municipais. As políticas de reutilização e reciclagem devem ser parte
integrante dos programas nacionais e locais de manejo de resíduos;
(b) A avaliação do alcance e dos métodos das atuais operações de reutilização e reciclagem de
resíduos e a identificação de formas para intensificá-las e apoiá-las;
21.21. Os Estados, por meio de cooperação bilateral e multilateral, inclusive com as Nações
Unidas e outras organizações internacionais pertinentes, quando apropriado, devem:
(a) Examinar periodicamente em que medida os países reutilizam e reciclam seus resíduos;
Meios de implementação
21.22. O Secretariado da Conferência estimou que, se o equivalente a 1 por cento dos gastos
municipais de manejo de resíduos for dedicado a projetos de reutilização dos resíduos por meio
de métodos seguros, os gastos mundiais para esse fim alcançarão $8 bilhões de dólares. O
Secretariado estima o custo total anual médio (1993-2000) da implementação das atividades
desta área de programas nos países em desenvolvimento em cerca de $850 milhões de dólares,
em termos concessionais ou de doações. Estas são estimativas apenas indicativas e
aproximadas, não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive
os não concessionais dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os
Governos decidam adotar para a impementação.
(d) Prever as condições jurídicas e econômicas que conduzam o investimento para a reutilização
e reciclagem de resíduos;
(e) Implementar mecanismos específicos, tais como sistemas de depósito e devolução, como
incentivo para a reutilização e reciclagem;
(f) Promover a coleta em separado das partes recicláveis dos resíduos domésticos;
(h) Estimular o uso de materiais recicláveis, principalmente embalagens, sempre que possível;
21.25. Será necessário um treinamento para reorientar as práticas atuais de manejo dos resíduos
a fim de incluir a reutilização e a reciclagem deles. Os Governos, em colaboração com as Nações
Unidas e organizações internacionais e regionais, devem tomar as medidas que constam da
seguinte lista indicativa:
(b) Possibilitar que as autoridades locais e municipais mobilizem o apoio da comunidade para a
reutilização e reciclagem de resíduos, interessando e prestando assistência ao setor informal
nas atividades de reutilização e reciclagem de resíduos e planejando um manejo de resíduos
que incorpore sistemas de recuperação de recursos.
21.27. Mesmo quando os resíduos são minimizados, algum resíduo sempre resta. Mesmo depois
de tratadas, todas as descargas de resíduos produzem algum impacto residual no meio ambiente
que as recebe. Conseqüentemente, existe uma margem para melhorar as práticas de tratamento
e depósito dos resíduos, como, por exemplo, evitar a descarga de lamas residuais no mar. Nos
países em desenvolvimento, esse problema tem um caráter ainda mais fundamental: menos de
10 por cento dos resíduos urbanos são objeto de algum tratamento e apenas em pequena
proporção tal tratamento responde a uma norma de qualidade aceitável. Deve-se conceder a
devida prioridade ao tratamento e depósito de matérias fecais devido à ameaça que representam
para a saúde humana.
Objetivos
21.28. O objetivo nesta área é tratar e depositar com segurança uma proporção crescente dos
resíduos gerados.
21.29. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a cooperação das
Nações Unidas e outras organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(a) Estabelecer, até o ano 2000, critérios de qualidade, objetivos e normas para o tratamento e
o depósito de resíduos baseados na natureza e capacidade de assimilação do meio ambiente
receptor;
(b) Estabelecer, até o ano 2000, capacidade suficiente para monitorar o impacto da poluição
relacionada aos resíduos e manter uma vigilância sistemática, inclusive epidemiológica, quando
apropriado;
(c) Tomar providências para que até o ano 1995, nos países industrializados, e 2005, nos países
em desenvolvimento, pelo menos 50 por cento do esgoto, das águas residuais e dos resíduos
sólidos sejam tratados ou eliminados em conformidade com diretrizes nacionais ou internacionais
de qualidade ambiental e sanitária;
(d) Depositar, até o ano 2025, todo o esgoto, águas residuais e resíduos sólidos de acordo com
diretrizes nacionais ou internacionais de qualidade ambiental.
Atividades
(b) Examinar e reformar as políticas nacionais de manejo de resíduos para controlar a poluição
relacionada com os resíduos;
(c) Estimular os países a buscar soluções para o depósito dos resíduos dentro do território
soberano deles e no lugar mais próximo possível da fonte de origem que seja compatível com o
manejo ambientalmente saudável e eficiente. Em alguns países, movimentos transfronteiriços
asseguram o manejo ambientalmente saudável e eficiente dos resíduos. Esse movimentos
cumprem as convenções pertinentes, inclusive as que se aplicam a zonas que não se encontram
sob a jurisdição nacional;
(d) Desenvolver planos de manejo dos resíduos de origem humana, dando a devida atenção ao
desenvolvimento e aplicação de tecnologias apropriadas e à disponibilidade de recursos para
sua aplicação.
21.31. Estabelecer normas e monitorar são dois elementos chave para assegurar o controle da
poluição devida aos resíduos. As seguintes atividades específicas são indicativas dos tipos de
medidas de apoio que podem ser tomadas por órgãos internacionais, tais como o Centro das
Nações Unidas para os Estabelecimentos Humanos (Hábitat), o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e a Organização Mundial da Saúde:
(a) Reunir e analisar provas científicas do impacto poluidor dos resíduos sobre o meio ambiente
com o objetivo de formular e difundir diretrizes e critérios científicos recomendados para o manejo
ambientalmente saudável dos resíduos sólidos;
(d) Estabelecer um serviço central de informação, com uma extensa rede regional, nacional e
local, para coletar e difundir informações sobre todos os aspectos do manejo de resíduos,
inclusive seu depósito em condições de segurança.
21.32. Os Estados, por meio da cooperação bilateral e multilateral, inclusive com as Nações
Unidas e outras organizações internacionais pertinentes, quando apropriado, devem:
Meios de implementação
(a) Preparar diretrizes e relatórios técnicos sobre questões tais como a integração do
planejamento do uso das terras para estabelecimentos humanos com o depósito dos resíduos,
de normas e critérios de qualidade ambiental; das opções para o tratamento e o depósito dos
resíduos com segurança, do tratamento dos resíduos industriais, e das operações de aterros
sanitários;
(b) Empreender pesquisas sobre questões de importância crítica, tais como sistemas de
tratamento de resíduos líquidos de baixo custo e fácil manutenção, opções para o depósito das
lamas residuais em condições de segurança, tratamento dos resíduos industriais e opções de
tecnologias baratas e ambientalmente seguras de depósito de resíduos;
(c) Transferir, em conformidade com os termos e as disposições do capítulo 34, tecnologias sobre
processos de tratamento dos resíduos industriais por intermédio de programas de cooperação
técnica bilaterais e multilaterais, e em cooperação com as empresas e a indústria, inclusive as
empresas grandes e transnacionais, quando apropriado;
(e) Estabelecer programas para maximizar a separação na fonte e o depósito com segurança
dos componentes perigosos dos resíduos sólidos municipais;
(f) Assegurar que simultaneamente aos serviços de abastecimento de água existam tanto
serviços de coleta de resíduos como instalações de tratamento de resíduos e que se façam
investimentos para a criação desses serviços.
21.36. Será necessário treinamento a fim de melhorar as práticas atuais de manejo de resíduos
para que incluam a coleta e o depósito dos resíduos com segurança. O que se segue é uma lista
indicativa de medidas que devem ser tomadas pelos Governos, em colaboração com organismos
internacionais:
(a) Oferecer treinamento formal e em serviço centrado no controle da poluição, nas tecnologias
de tratamento e depósito de resíduos e no funcionamento e manutenção da infraestrutura relativa
aos resíduos. Devem-se estabelecer também programas de intercâmbio de pessoal entre países;
21.38. Até o final do século, mais de 2 bilhões de pessoas não terão acesso aos serviços
sanitários básicos e estima-se que a metade da população urbana dos países em
desenvolvimento não contará com serviços adequados de depósito dos resíduos sólidos. Não
menos de 5,2 milhões de pessoas, entre elas 4 milhões de crianças menores de cinco anos,
morrem a cada ano devido a enfermidades relacionadas com os resíduos. As conseqüências
para a saúde são especialmente graves no caso da população urbana pobre. As conseqüências
de um manejo pouco adequado para a saúde e o meio ambiente ultrapassam o âmbito dos
estabelecimentos carentes de serviços e se fazem sentir na contaminação e poluição da água,
da terra e do ar em zonas mais extensas. A ampliação e o melhoramento dos serviços de coleta
e depósito de resíduos com segurança são decisivos para alcançar o controle dessa forma de
contaminação.
Objetivos
21.39. O objetivo geral deste programa é prover toda a população de serviços de coleta e
depósito de resíduos ambientalmente seguros que protejam a saúde. Os Governos, segundo
sua capacidade e recursos disponíveis e com a cooperação das Nações Unidas e de outras
organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(a) Até o ano 2000, ter a capacidade técnica e financeira e os recursos humanos necessários
para proporcionar serviços de recolhimento de resíduos a altura de suas necessidades;
(b) Até o ano 2025, oferecer a toda população urbana serviços adequados de tratamento de
resíduos;
(c) Até o ano 2025, assegurar que existam serviços de tratamento de resíduos para toda a
população urbana e serviços de saneamento ambiental para toda a população rural.
Atividades
21.40. Os Governos, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e com a cooperação das
Nações Unidas e outras organizações pertinentes, quando apropriado, devem:
(b) Aplicar o princípio de que "quem polui paga", quando apropriado, por meio do
estabelecimento de tarifas para o manejo dos resíduos que reflitam o custo de prestar tal serviço
e assegurar que quem produz resíduos pague a totalidade do custo de seu depósito de forma
segura para o meio ambiente;
(d) Intensificar as atividades das redes de informação existentes para difundir a destinatários
selecionados informação concreta sobre a aplicação de alternativas novas e baratas de depósito
dos resíduos.
21.42. Existem muitos programas das Nações Unidas e bilaterais que têm por objetivo
proporcionar serviços de abastecimento de água e saneamento a quem carece deles. O
Conselho de Colaboração para o Abastecimento de Água Potável e o Saneamento Ambiental,
um foro mundial, ocupa-se atualmente em coordenar o desenvolvimento e estimular a
cooperação. Ainda assim, uma vez que aumenta cada vez mais a população urbana pobre que
carece destes serviços e tendo em vista a necessidade de resolver o problema do depósito dos
resíduos sólidos, é essencial dispor de mecanismos adicionais para assegurar um rápido
aumento da população atendida pelos serviços urbanos de depósito dos resíduos. A comunidade
internacional, em geral, e determinados organismos das Nações Unidas, em particular, devem:
(a) Iniciar um programa sobre meio ambiente e infraestrutura dos estabelecimentos depois da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com o objetivo de
coordenar as atividades de todas as organizações do sistema das Nações Unidas envolvidas
nessa área e estabelecer um centro de difusão de informação sobre todas as questões relativas
ao manejo dos resíduos;
(b) Proceder a prestação de serviços de tratamento de resíduos para os que precisam destes
serviços e informar sistematicamente sobre os progressos alcançados;
(c) Examinar a eficácia das técnicas e abordagens para ampliar o alcance dos serviços e
encontrar formas inovadoras de acelerar o processo.
Meios de implementação
21.45. A expansão dos serviços de tratamento dos resíduos pode acelerar-se por meio de
mudanças na política nacional e local. Essas mudanças devem consistir em:
(a) Reconhecer e utilizar plenamente toda a gama de soluções de baixo custo para o manejo dos
resíduos, inclusive, quando oportuno, sua institucionalização e incorporação a códigos de
conduta e regulamentos;
(b) Atribuir grande prioridade à extensão dos serviços de manejo dos resíduos, quando
necessário e apropriado, a todos os estabelecimentos, independentemente da situação jurídica
deles, dando a devida importância à satisfação das necessidades de depósito dos resíduos da
população que carece de tais serviços, especialmente a população urbana pobre;
(c) Integrar a prestação e a manutenção de serviços de manejo de resíduos com outros serviços
básicos, tais como o abastecimento de água e drenagem de águas pluviais.
(b) Preparar e difundir diretrizes, estudos de casos, análises de política geral e relatórios técnicos
sobre as soluções adequadas e as modalidades de prestação de serviços para zonas de baixa
renda onde estes não existam;
(c) Lançar campanhas para estimular a participação ativa da comunidade, fazendo com que
grupos de mulheres e jovens tomem parte no manejo dos resíduos, em especial dos resíduos
domésticos;
(d) Promover entre os países a transferência das tecnologias pertinentes, em especial das
voltadas para estabelecimentos de grande densidade.
(a) Estabelecer uma unidade especial, no âmbito dos atuais mecanismos institucionais,
encarregada de planejar e prestar serviços às comunidades pobres que careçam deles, com o
envolvimento e a participação delas;
(b) Revisar os códigos e regulamentos vigentes a fim de permitir a utilização de toda a gama de
tecnologias alternativas de depósito de resíduos a baixo custo;
CAPÍTULO 22
ÁREA DE PROGRAMAS
22.1. Os resíduos radioativos são gerados no ciclo dos combustíveis nucleares, bem como nas
aplicações nucleares (o uso de radionuclídeos nucleares na medicina, pesquisa e indústria). Os
riscos radiológicos e de segurança dos resíduos radioativos variam de muito baixos, nos resíduos
de vida curta e baixo nível de radioatividade, até muito altos nos resíduos altamente radioativos.
Anualmente, cerca de 200.000 metros cúbicos de resíduos de nível baixo e intermediário e
10.000 metros cúbicos de resíduos de alto nível de radioatividade (bem como de combustíveis
nucleares consumidos destinados à depósito definitiva) são gerados em todo o mundo pela
produção de energia nuclear. Esses volumes estão aumentando à medida que entram em
funcionamento mais unidades de geração de energia nuclear, se desmontam instalações
nucleares e aumenta o uso de radionuclídeos. Os resíduos de alto nível de radioatividade contêm
cerca de 99 por cento dos radionuclídeos e representam, portanto, o maior risco radiológico. Os
volumes de resíduos das aplicações nucleares são geralmente muito menores, de cerca de
algumas dezenas de metros cúbicos ou menos por ano, por país. No entanto, a concentração da
atividade, especialmente em fontes de radiação seladas, pode ser alta, justificando assim a
adoção de medidas de proteção radiológica muito estritas. Deve-se manter sob exame cuidadoso
o crescimento dos volumes de resíduos.
22.2. O manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos, inclusive sua
minimização, transporte e depósito, é importante, dadas as características deles. Na maioria dos
países com programas substanciais de energia nuclear tomaram-se medidas técnicas e
administrativas para implementar um sistema de manejo dos resíduos. Em muitos outros países,
que ainda estão na fase preparatória para um programa nuclear nacional, ou que possuem
apenas aplicações nucleares, subsiste a necessidade de sistemas desse tipo.
Objetivo
22.3. O objetivo desta área de programas é assegurar que os resíduos radioativos sejam
gerenciados, transportados, armazenados e depositados de maneira segura, tendo em vista
proteger a saúde humana e o meio ambiente, dentro do panorama mais amplo de uma
abordagem interativa e integrada do manejo e da segurança dos resíduos radioativos.
Atividades
(a) Promover medidas políticas e práticas para minimizar e limitar, quando apropriado, a geração
de resíduos radioativos e cuidar para que tenham tratamento, acondicionamento, transporte e
depósito seguros;
(b) Apoiar os esforços realizados dentro da AIEA para desenvolver e promulgar normas ou
diretrizes e códigos de prática para os resíduos radioativos como base internacionalmente aceita
para o manejo e a depósito segura e ambientalmente saudável desses resíduos;
(c) Promover o armazenamento, o transporte e a depósito seguro dos resíduos radioativos, bem
como das fontes de radiação esgotadas e dos combustíveis consumidos dos reatores nucleares
destinados o depósito definitiva, em todos os países e em especial, nos países em
desenvolvimento, facilitando a transferência de tecnologias pertinentes para esses países e/ou
a devolução ao fornecedor das fontes de radiação depois de usadas, de acordo com as
regulamentações ou diretrizes internacionais pertinentes;
(d) Promover o planejamento adequado, incluída, quando for o caso, a avaliação do impacto
ambiental, do manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos, inclusive dos
procedimentos de emergência, do armazenamento, do transporte e do depósito, antes e depois
das atividades que gerem esses resíduos.
(a) Intensificar seus esforços para implementar o Código de Prática sobre Movimentos
Transfronteirços de Resíduos Radioativos e, sob os auspícios da AIEA e em cooperação com as
organizações internacionais competentes que tratam das diferentes maneiras de transporte,
manter a questão de tais movimentos em constante exame, inclusive a conveniência de
formalizar um instrumento juridicamente compulsório;
(b) Estimular a Convençåo de Londres a acelerar os trabalhos para completar os estudos sobre
a substituição da atual moratória voluntária do depósito de resíduos radioativos de baixa
atividade no mar por uma proibição, levando em consideração uma abordagem de precauçåo ,
tendo em vista adotar uma decisão bem informada e oportuna sobre essa questão;
(d) Abster-se de exportar resíduos radioativos para países que, individualmente ou por meio de
acordos internacionais, proíbem a importação desses resíduos, como as partes contratantes do
Convênio de Bamaco sobre a proibição de importar resíduos perigosos para a África e o controle
dos movimentos transfronteiriços desses resíduos dentro do continente africano, o quarto
Convênio de Lomé ou outros convênios pertinentes em que se proíbe essa importação;
Meios de implementação
22.7. O Secretariado da Conferência estimou o custo total anual médio (1993-2000) para as
organizações internacionais da implementação das atividades deste programa em cerca de $8
milhões de dólares a serem providos pela comunidade internacional em termos concessionais
ou de doações. Os custos reais e os termos financeiros, inclusive as não concessionais,
dependerão, inter alia, das estratégias e programas específicos que os Governos decidam adotar
para implementação.
CAPÍTULO 23
PREÂMBULO
23.1. O compromisso e a participação genuína de todos os grupos sociais terão uma importância
decisiva na implementação eficaz dos objetivos, das políticas e dos mecanismos ajustados pelos
Governos em todas as áreas de programas da Agenda 21.
23.3. Toda política, definição ou norma que afete o acesso das organizações não-
governamentais ao trabalho das instituições e organismos das Nações Unidas relacionado com
a implementação da Agenda 21, ou a participação delas nesse trabalho, deve aplicar-se
igualmente a todos os grupos importantes.
23.4. As áreas de programas especificadas adiante referem-se aos meios para avançar na
direção de uma autêntica participação social em apoio dos esforços comuns pelo
desenvolvimento sustentável.
CAPÍTULO 24
ÁREA DE PROGRAMAS
Objetivos
(b) Aumentar a proporção de mulheres nos postos de decisão, planejamento, assessoria técnica,
manejo e divulgação no campo de meio ambiente e desenvolvimento;
(c) Considerar a possibilidade de desenvolver e divulgar até o ano 2000 uma estratégia de
mudanças necessárias para eliminar os obstáculos constitucionais, jurídicos, administrativos,
culturais, comportamentais, sociais e econômicos à plena participação da mulher no
desenvolvimento sustentável e na vida pública;
(d) Estabelecer até 1995 mecanismos nos planos nacional, regional e internacional para avaliar
a implementação e o impacto das políticas e programas de meio ambiente e desenvolvimento
sobre a mulher, assegurando-lhe que contribua para essas políticas e que se beneficie delas;
(g) Implementar, em caráter urgente, segundo as condições de cada país, medidas para
assegurar que mulheres e homens tenham o mesmo direito de decidir com liberdade e
responsabilidade o número e o espaçamento de seus filhos e tenham acesso à informação, à
educação e aos meios, quando apropriado, que lhes permitam exercer esse direito em
consonância com sua liberdade, sua dignidade e seus valores pessoais;
(h) Considerar a possibilidade de adotar, reforçar e fazer cumprir uma legislação que proíba a
violência contra a mulher e tomar todas as medidas administrativas, sociais e educacionais
necessárias para eliminar a violência contra a mulher em todas as suas formas.
Atividades
(a) Medidas para examinar políticas e estabelecer planos a fim de aumentar a proporção de
mulheres que participem como responsáveis pela tomada de decisões, planejadoras, gerentes,
cientistas e assessoras técnicas na formulação, no desenvolvimento e na implementação de
políticas e programas para o desenvolvimento sustentável;
(c) Medidas para eliminar o analfabetismo entre as mulheres e meninas e expandir a matrícula
delas nas instituições de ensino, para promover a meta de acesso universal ao ensino primário
e secundário de meninas e mulheres e para ampliar as oportunidades de treinamento e educação
para elas em ciência e tecnologia, particularmente no nível pós-secundário;
(d) Programas para promover a redução do grande volume de trabalho das mulheres e meninas
no lar e fora de casa, mediante o estabelecimento de mais creches e jardins de infância de custo
acessível por Governos, autoridades locais, empregadores e outras organizações pertinentes e
por meio da distribuição eqüitativa das tarefas domésticas entre o homem e a mulher; e para
promover a provisão de tecnologias ambientalmente saudáveis que tenham sido elaboradas,
desenvolvidas e aperfeiçoadas em consultas à mulher, o abastecimento de água salubre, o
fornecimento de combustível eficiente e de instalações sanitárias adequadas;
(e) Programas para estabelecer e fortalecer os serviços de saúde preventivos e curativos que
compreendam serviços de saúde reprodutiva seguros e eficazes, centrados na mulher e
gerenciados por mulheres, e planejamento familiar responsável, acessíveis e de custo exeqüível,
e serviços, quando apropriado, em consonância com a liberdade, a dignidade e os valores
pessoais. Os programas devem centrar-se na prestação de serviços de saúde abrangentes que
incluam cuidado pré-natal, educação e informação sobre saúde e paternidade responsável, e dar
oportunidade a todas as mulheres de amamentar completamente, pelo menos durante os quatro
primeiros meses após o parto. Os programas devem apoiar plenamente os papéis produtivo e
reprodutivo da mulher e seu bem estar, assim como dar atenção especial à necessidade de
oferecer serviços de saúde melhores e iguais para todas as crianças e de reduzir o risco da
mortalidade e das doenças maternas e infantis;
(g) Programas para estabelecer sistemas bancários rurais, tendo em vista facilitar e aumentar o
acesso da mulher ao crédito e aos insumos e implementos agrícolas;
(j) Medidas para examinar o progresso alcançado nessas áreas, inclusive com a preparação de
um relatório de exame e avaliação que inclua recomendações para a conferência mundial sobre
a mulher de 1995.
24.4. Pede-se urgência aos Governos para que ratifiquem todas as convenções pertinentes
relativas à mulher, se já não o fizeram. Os que ratificaram as convenções devem fazer com que
sejam cumpridas e estabelecer procedimentos jurídicos, constitucionais e administrativos para
transformar os direitos reconhecidos em leis nacionais e devem tomar medidas para implementá-
los, a fim de fortalecer a capacidade jurídica da mulher de participar plenamente e em condições
de igualdade nas questões e decisões relativas ao desenvolvimento sustentável.
24.6. Os países devem tomar medidas urgentes para evitar a degradação rápida do meio
ambiente e da economiaem andamento nos paísesem desenvolvimento, a qual afeta, em geral,
a vida da mulher e da criança nas zonas rurais sujeitas a secas, desertificação e desmatamento,
hostilidades armadas, desastres naturais, resíduos tóxicos e às conseqüências do uso de
produtos agroquímicos inadequados.
24.7. A fim de alcançar essas metas, a mulher deve participar plenamente da tomada de decisões
e da implementação das atividades de desenvolvimento sustentável.
(a) Conhecimento e experiência por parte da mulher do manejo e conservação dos recursos
naturais, para incorporação às bancos de dados e aos sistemas de informação voltados para o
desenvolvimento sustentável;
(b) O impacto sobre a mulher dos programas de ajuste estrutural. Nas pesquisas sobre os
programas de ajuste estrutural deve-se dar atenção especial aos impactos diferenciados desses
programas sobre a mulher, especialmente no que se refere aos cortes nos serviços sociais,
educação e saúde e à eliminação dos subsídios à alimentação e aos combustíveis;
(d) Análise das relações estruturais entre relações de gênero, meio ambiente e desenvolvimento;
(e) Integração do valor do trabalho não remunerado, inclusive do que atualmente se denomina
"doméstico", nos mecanismos de contabilização dos recursos, a fim de representar melhor o
verdadeiro valor da contribuição da mulher à economia, utilizando as diretrizes revisadas para o
Sistema de Contas Nacionais das Nações Unidas, a serem publicadas em 1993;
(f) Medidas para efetuar e incluir análises de impacto ambiental, social e sobre os sexos, como
elemento essencial do desenvolvimento e monitoramento de programas e políticas;
(g) Programas para criar centros de treinamento, pesquisa e recursos urbanos e rurais nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento que servirão para disseminar tecnologias
ambientalmente saudáveis para a mulher.
24.9. O Secretariado Geral das Nações Unidas deve avaliar todas as instituições da
Organização, inclusive das que dão atenção especial ao papel da mulher, no que se refere ao
cumprimento dos objetivos de meio ambiente e desenvolvimento e fazer recomendações para
reforçar a capacidade delas. Entre as instituições que requerem uma atenção especial nesse
sentido estão a Divisão para o Progresso da Mulher (Centro de Desenvolvimento Social e
Assuntos Humanitários, Escritório das Nações Unidas em Viena), o Fundo de Desenvolvimento
das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), o Instituto Internacional de Pesquisas e
Treinamento para o Progresso da Mulher (INSTRAW) e os programas das comissões regionais
relativos à mulher. Essa avaliação deve analisar como os programas de meio ambiente e
desenvolvimento de cada órgão do sistema das Nações Unidas podem ser fortalecidos para
implementar a Agenda 21 e como incorporar o papel da mulher nos programas e decisões
relacionados com o desenvolvimento sustentável.
24.10. Cada órgão do sistema das Nações Unidas deve revisar o número de mulheres em postos
executivos e de tomada de decisões de nível superior e, quando apropriado, adotar programas
para aumentar esse número, de acordo com a resolução 1991/17 do Conselho Econômico e
Social sobre a melhoria do estatuto da mulher na Secretaria.
24.11. O UNIFEM deve realizar consultas periódicas com os doadores, em colaboração com o
UNICEF, tendo em vista promover programas e projetos operacionais de desenvolvimento
sustentável que reforçarão a participação da mulher, sobretudo a de baixa renda, no
desenvolvimento sustentável e na tomada de decisões. O PNUD deve estabelecer um centro
feminino sobre desenvolvimento e meio ambiente em cada um dos escritórios de seus
representantes residentes, afim de oferecer informação e promover o intercâmbio de
experiências e informação nesses campos. Os órgãos do sistema das Nações Unidas, Governos
e organizações não-governamentais envolvidos no acompanhamento das atividades geradas
pela Conferência e na implementação da Agenda 21 devem assegurar que as considerações
sobre diferença de gênero sejam plenamente integradas a todas as políticas, programas e
atividades.
Meios de implementação
Notas
1/Relatório da Conferência Mundial para o Exame e Avaliação das Realizações da Década das
Nações Unidas para a Mulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz, Nairóbi, 15 a 26 de julho de
1985 (publicação das Nações Unidas, número de venda E.85.IV.10), cap. I, seção A.
CAPÍTULO 25
INTRODUÇÃO
ÁREAS DE PROGRAMAS
A. Promoção do papel da juventude e de sua participação ativa na proteção do meio ambiente e
no fomento do desenvolvimento econômico e social
25.2. É imperioso que a juventude de todas as partes do mundo participe ativamente em todos
os níveis pertinentes dos processos de tomada de decisões, pois eles afetam sua vida atual e
têm repercussões em seu futuro. Além de sua contribuição intelectual e capacidade de mobilizar
apoio, os jovens trazem perspectivas peculiares que devem ser levadas em consideração.
Objetivos
25.4. Cada país deve instituir, em consulta com suas comunidades de jovens, um processo para
promover o diálogo entre a comunidade da juventude e o Governo em todos os níveis e
estabelecer mecanismos que permitam o acesso da juventude à informação e dar-lhe a
oportunidade de apresentar suas opiniões sobre as decisões governamentais, inclusive sobre a
implementação da Agenda 21.
25.5. Até o ano 2000, cada país deve assegurar que mais de 50 por cento de sua juventude, com
representação eqüitativa de ambos os sexos, esteja matriculada ou tenha acesso à educação
secundária adequada ou em programas educacionais ou de formação profissional equivalentes,
aumentando anualmente os índices de participação e acesso.
25.6. Cada país deve adotar iniciativas destinadas a reduzir as atuais taxas de desemprego dos
jovens, sobretudo onde elas sejam desproporcionalmente altas em comparação com a taxa geral
de desemprego.
25.7. Cada país e as Nações Unidas devem apoiar a promoção e criação de mecanismos para
que a representação juvenil participe de todos os processos das Nações Unidas, a fim de que
ela influencie nesses processos.
25.8. Cada país deve combater as violações dos direitos humanos da juventude, em particular
das mulheres jovens e meninas, e examinar a maneira de assegurar a todos os jovens a proteção
jurídica, os conhecimentos técnicos, as oportunidades e o apoio necessário para que realizem
suas aspirações e potenciais pessoais, econômicos e sociais.
Atividades
25.9. Os Governos, de acordo com suas estratégias, devem tomar medidas para:
(a) Estabelecer até 1993 procedimentos que permitam a consulta e a possível participação da
juventude de ambos os sexos, nos planos local, nacional e regional, nos processos de tomada
de decisões relativas ao meio ambiente;
(b) Promover o diálogo com as organizações juvenis em relação à redação e avaliação dos
planos e programas sobre o meio ambiente ou questões relacionadas com o desenvolvimento;
(g) Apoiar programas, projetos, redes, organizações nacionais e organizações juvenis não-
governamentais para examinar a integração de programas em relação às suas necessidades de
projetos, estimulando a participação da juventude na identificação, formulação, implementação
e seguimento de projetos;
25.10. As Nações Unidas e as organizações internacionais que contem com programas para a
juventude devem tomar medidas para:
(a) Examinar seus programas para a juventude e a maneira de melhorar a coordenação entre
eles;
(b) Aumentar a difusão de informação pertinente aos Governos, organizações juvenis e outras
organizações não-governamentais sobre a posição e atividades atuais da juventude, e monitorar
e avaliar a aplicação da Agenda 21;
(c) Promover o Fundo Fiduciário das Nações Unidas para o Ano Internacional da Juventude e
colaborar com os representantes da juventude na administração dele, centrando a atenção
especialmente nas necessidades dos jovens dos países em desenvolvimento.
Meios de implementação
25.12. Os Governos, de acordo com suas políticas, devem tomar medidas para:
(a) Assegurar a sobrevivência, a proteção e o desenvolvimento da criança, em conformidade
com as metas subscritas pela Cúpula Mundial da Infância de 1990;1/
(b) Assegurar que os interesses da infância sejam levados em plena consideração no processo
participatório em favor do desenvolvimento sustentável e da melhoria do meio ambiente.
Atividades
(a) Implementar programas para a infância designados para alcançar as metas relacionadas com
a criança da década de 1990 nas áreas de meio ambiente e desenvolvimento, em especial em
saúde, nutrição, educação, alfabetização e mitigação da pobreza;
(b) Ratificar a Convenção sobre os Direitos da Criança (resolução 44/25 da Assembléia Geral,
de 20 de novembro de 1989, anexo) o mais rápido possível e implementá-la, dedicando-se às
necessidades básicas da juventude e da infância;
(c) Promover atividades primárias de cuidado ambiental que atendam às necessidades básicas
das comunidades, melhorar o meio ambiente para as crianças no lar e na comunidade e estimular
a participação das populações locais, inclusive da mulher, da juventude, da infância e dos
populações indígenas, e investi-las de autoridade para alcançar o objetivo de um manejo
comunitário integrado dos recursos, em especial nos países em desenvolvimento;
(e) Mobilizar as comunidades por meio de escolas e centros de saúde locais, de maneira que as
crianças e seus pais se tornem centros efetivos de atenção para a sensibilização das
comunidades em relação às questões ambientais;
Meios de implementação
CAPÍTULO 26
ÁREAS DE PROGRAMAS
26.1. Os populações indígenas e suas comunidades têm uma relação histórica com suas terras
e, em geral, descendem dos habitantes originais dessas terras. No contexto deste capítulo, o
termo "terras" abrange o meio ambiente das zonas que essas populações ocupam
tradicionalmente. Os populações indígenas e suas comunidades representam uma porcentagem
significativa da população mundial. Durante muitas gerações, eles desenvolveram um
conhecimento científico tradicional holístico de suas terras, recursos naturais e meio ambiente.
Os populações indígenas e suas comunidades devem desfrutar a plenitude dos direitos humanos
e das liberdades fundamentais, sem impedimentos ou discriminações. Sua capacidade de
participar plenamente das práticas de desenvolvimento sustentável em suas terras tendeu a ser
limitada, em conseqüência de fatores de natureza econômica, social e histórica. Tendo em vista
a inter-relação entre o meio natural e seu desenvolvimento sustentável e o bem estar cultural,
social, econômico e físico dos populações indígenas, os esforços nacionais e internacionais de
implementação de um desenvolvimento ambientalmente saudável e sustentável devem
reconhecer, acomodar, promover e fortalecer o papel dos populações indígenas e suas
comunidades.
26.2. Algumas das metas inerentes aos objetivos e atividades desta área de programas já estão
contidos em instrumentos jurídicos internacionais, tais como a Convenção sobre Populaçoes s
Indígenas e Tribais da OIT (Nº 169), e estão sendo incorporados ao projeto de Declaração
Universal dos Direitos Indígenas que prepara o Grupo de Trabalho sobre Populações Indígenas
das Nações Unidas. O Ano Internacional do Índio (1993), proclamado pela Assembléia Geral em
sua resolução 45/164, de 18 de dezembro de 1990, representa uma ocasião propícia para
mobilizar ainda mais a cooperação técnica e financeira internacional.
Objetivos
(ii) O reconhecimento de que as terras dos populações indígenas e suas comunidades devem
ser protegidas contra atividades que sejam ambientalmente insalubres ou que os populações
indígenas em questão considerem inadequadas social e culturalmente;
(iii) O reconhecimento de seus valores, seus conhecimentos tradicionais e suas práticas de
manejo de recursos, tendo em vista promover um desenvolvimento ambientalmente saudável e
sustentável;
(vi) O apoio a meios de produção ambientalmente saudáveis alternativos para assegurar opções
variadas de como melhorar sua qualidade de vida, de forma que possam participar efetivamente
do desenvolvimento sustentável;
(b) Estabelecer, quando apropriado, mecanismos para intensificar a participação ativa dos
populações indígenas e suas comunidades na formulação de políticas, leis e programas
relacionados com o manejo dos recursos no plano nacional e outros processos que possam
afetá-las, bem como suas iniciativas de propostas para tais políticas e programas;
(c) Participação dos populações indígenas e suas comunidades, nos planos nacional e local, nas
estratégias de manejo e conservação dos recursos e em outros programas pertinentes
estabelecidos para apoiar e examinar as estratégias de desenvolvimento sustentável, tais como
as sugeridas em outras áreas de programas da Agenda 21.
Atividades
26.4. Talvez alguns populações indígenas e suas comunidades precisem, em conformidade com
a legislação nacional, de um maior controle sobre suas terras, manejo de seus próprios recursos
e participação nas decisões relativas ao desenvolvimento que os afetem, inclusive, quando
apropriado, participação no estabelecimento ou manejo de zonas protegidas. Eis algumas das
medidas específicas que os Governos podem tomar:
(b) Adotar ou reforçar políticas e/ou instrumentos jurídicos apropriados que protejam a
propriedade intelectual e cultural indígena e o direito de preservar sistemas e práticas
consuetudinários e administrativos.
(a) Designar um centro especial em cada organização internacional e organizar reuniões anuais
interorganizacionais de coordenação, em consulta com Governos e organizações indígenas,
quando apropriado, e desenvolver um procedimento entre os organismos operacionais e dentro
de cada um deles para auxiliar os Governos a garantir a incorporação coerente e coordenada
das opiniões dos populações indígenas na elaboração e implementação de políticas e
programas. De acordo com esse procedimento, os populações indígenas e suas comunidades
deveriam ser informadas, consultadas e ter permissão para participar na tomada de decisões no
plano nacional, em particular no que se refere aos esforços cooperativos regionais e
internacionais. Além disso, esses programas e políticas devem levar plenamente em
consideração as estratégias baseadas em iniciativas locais indígenas;
(i) Conseguir uma melhor compreensão dos conhecimentos e da experiência em manejo dos
populações indígenas relacionadas com o meio ambiente e aplicá-los aos desafios
contemporâneos do desenvolvimento;
(ii) Aumentar a eficiência dos sistemas de manejo de recursos dos populações indígenas,
promovendo, por exemplo, a adaptação e a difusão de inovações tecnológicas apropriadas;
(d) Contribuir para os esforços dos populações indígenas e suas comunidades nas estratégias
de manejo e conservação dos recursos (como aquelas que podem ser desenvolvidas dentro de
projetos adequados financiados por meio do Fundo para o Meio Ambiente Mundial e o Plano de
Ação para Florestas Tropicais) e outras áreas de programas da Agenda 21, entre elas programas
para coletar, analisar e usar dados e outras informações em apoio a projetos de desenvolvimento
sustentável.
(b) Cooperar no plano regional, quando apropriado,para tratar das questões indígenas comuns
tendo em vista reconhecer e fortalecer a participação delas no desenvolvimento sustentável.
Meios de implementação
CAPÍTULO 27
ÁREA DE PROGRAMAS
27.2. Um dos principais desafios que a comunidade mundial enfrenta na busca da substituição
dos padrões de desenvolvimento insustentável por um desenvolvimento ambientalmente
saudável e sustentável é a necessidade de estimular o sentimento de que se persegue um
objetivo comum em nome de todos os setores da sociedade. As chances de forjar um tal
sentimento dependerão da disposição de todos os setores de participar de uma autêntica
parceria social e diálogo, reconhecendo, ao mesmo tempo, a independência dos papéis,
responsabilidades e aptidões especiais de cada um.
Objetivos
27.7. Até 1995, deve-se estabelecer um diálogo mutuamente produtivo no plano nacional entre
todos os Governos e as organizações não-governamentais e suas redes auto-organizadas para
reconhecer e fortalecer seus respectivos papéis na implementação do desenvolvimento
ambientalmente saudável e sustentável.
Atividades
(b) Tendo por base o inciso (a) acima, fortalecer, ou caso não existam, estabelecer mecanismos
e procedimentos em cada organismo para fazer uso dos conhecimentos especializados e
opiniões das organizações não-governamentais sobre formulação, implementação e avaliação
de políticas e programas;
(d) Criar meios flexíveis e eficazes para obter a participação das organizações não-
governamentais nos processos estabelecidos para examinar e avaliar a implementação da
Agenda 21 em todos os níveis;
(f) Levar em consideração as conclusões dos sistemas de exame e processos de avaliação das
organizações não-governamentais nos relatórios pertinentes da Secretaria Geral à Assembléia
Geral e de todos os órgãos das Nações Unidas e de outras organizações e foros
intergovernamentais pertinentes, relativas à implementação da Agenda 21, em conformidade
com o processo de exame da Agenda 21;
(e) Examinar os sistemas governamentais de ensino para identificar maneiras de incluir e ampliar
a participação das organizações não-governamentais nos campos do ensino formal e informal e
de conscientização do público;
Meios de implementação
27.11. Dependendo do resultado dos processos de exame e da evolução das opiniões sobre a
melhor maneira de forjar a parceria e o diálogo entre as organizações oficiais e os grupos de
organizações não-governamentais, haverá gastos nos planos nacional e internacional,
relativamente baixos, mas imprevisíveis, a fim de melhorar os procedimentos e mecanismos de
consulta. Da mesma forma, as organizações não-governamentais precisarão de financiamento
complementar para estabelecer sistemas de monitoramento da Agenda 21, ou para melhorá-los
ou contribuir para o funcionamento deles. Esses custos serão significativos, mas não podem ser
estimados com segurança com base na informação existente.
(b)Fortalecimento institucional
ÁREA DE PROGRAMAS
28.1. Como muitos dos problemas e soluções tratados na Agenda 21 têm suas raízes nas
atividades locais, a participação e cooperação das autoridades locais será um fator determinante
na realização de seus objetivos. As autoridades locais constroem, operam e mantêm a infra-
estrutura econômica, social e ambiental, supervisionam os processos de planejamento,
estabelecem as políticas e regulamentações ambientais locais e contribuem para a
implementação de políticas ambientais nacionais e subnacionais. Como nível de governo mais
próximo do povo, desempenham um papel essencial na educação, mobilização e resposta ao
público, em favor de um desenvolvimento sustentável.
Objetivos
(a) Até 1996, a maioria das autoridades locais de cada país deve realizar um processo de
consultas a suas populações e alcançar um consenso sobre uma "Agenda 21 local" para a
comunidade;
(b) Até 1993, a comunidade internacional deve iniciar um processo de consultas destinado a
aumentar a cooperação entre autoridades locais;
(c) Até 1994, representantes das associações municipais e outras autoridades locais devem
incrementar os níveis de cooperação e coordenação, a fim de intensificar o intercâmbio de
informações e experiências entre autoridades locais;
(d) Todas as autoridades locais de cada país devem ser estimuladas a implementar e monitorar
programas destinados a assegurar a representação da mulher e da juventude nos processos de
tomada de decisões, planejamento e implementação.
Atividades
28.3. Cada autoridade local deve iniciar um diálogo com seus cidadãos, organizações locais e
empresas privadas e aprovar uma "Agenda 21 local". Por meio de consultas e da promoção de
consenso, as autoridades locais ouvirão os cidadãos e as organizações cívicas, comunitárias,
empresariais e industriais locais, obtendo assim as informações necessárias para formular as
melhores estratégias. O processo de consultas aumentará a consciência das famílias em relação
às questões do desenvolvimento sustentável. Os programas, as políticas, as leis e os
regulamentos das autoridades locais destinados a cumprir os objetivos da Agenda 21 serão
avaliados e modificados com base nos programas locais adotados. Podem-se utilizar também
estratégias para apoiar propostas de financiamento local, nacional, regional e internacional.
28.4. Deve-se fomentar a parceria entre órgãos e organismos pertinentes, tais como o PNUD, o
Centro das Nações Unidas para os Estabelecimentos Humanos (Habitat), o PNUMA, o Banco
Mundial, bancos regionais, a União Internacional de Administradores Locais, a Associação
Mundial das Grandes Metrópoles, a Cúpula das Grandes Cidades do Mundo, a Organização das
Cidades Unidas e outras instituições pertinentes, tendo em vista mobilizar um maior apoio
internacional para os programas das autoridades locais. Uma meta importante será respaldar,
ampliar e melhorar as instituições já existentes que trabalham nos campos da capacitação
institucional e técnica das autoridades locais e no manejo do meio ambiente. Com esse propósito:
(a) Pede-se que o Habitat e outros órgãos e organizações pertinentes do sistema das Nações
Unidas fortaleçam seus serviços de coleta de informações sobre as estratégias das autoridades
locais, em particular daquelas que necessitam apoio internacional;
Meios de implementação
CAPÍTULO 29
ÁREA DE PROGRAMAS
Objetivos
29.2. O objetivo geral é a mitigação da pobreza e o emprego pleno e sustentável, que contribui
para ambientes seguros, limpos e saudáveis: o ambiente de trabalho, o da comunidade e o meio
físico. Os trabalhadores devem participar plenamente da implementação e avaliação das
atividades relacionadas com a Agenda 21.
29.3. Para esse fim, propõe-se a realização dos seguintes objetivos até o ano 2000:
Atividades
29.8. Governos e patrões devem assegurar o provimento de toda informação pertinente aos
trabalhadores e seus representantes, para permitir a participação efetiva nesses processos de
tomada de decisões.
29.10. Sindicatos e patrões devem estabelecer uma estrutura que possibilite uma política
ambiental conjunta e definir prioridades para melhorar o ambiente de trabalho e a performance
ambiental em geral da empresa.
29.11. Os sindicatos devem:
(a) Tratar de assegurar que os trabalhadores possam participar em auditorias do meio ambiente
nos locais de trabalho e nas avaliações de impacto ambiental;
(b) Participar das atividades relativas a meio ambiente e desenvolvimento nas comunidades
locais e promover ação conjunta sobre problemas potenciais de interesse comum;
(c)Proporcionar treinamentoadequado
Meios de implementação
(b)Fortalecimento institucional
29.14. Deve-se dar atenção especial ao fortalecimento da capacidade de cada um dos parceiros
tripartites (Governos e organizações patronais e de trabalhadores), a fim de facilitar uma maior
colaboração em favor do desenvolvimento sustentável.
CAPÍTULO 30
INTRODUÇÃO
30.4. O aperfeiçoamento dos sistemas de produção por meio de tecnologias e processos que
utilizem os recursos de maneira mais eficiente e, ao mesmo tempo, produzam menos resíduos -
- conseguindo mais com menos -- constitui um caminho importante na direção da
sustentabilidade do comércio e da indústria. Da mesma forma, é necessário encorajar e estimular
a inventividade, a competitividade e as iniciativas voluntárias para estimular opções mais
variadas, eficientes e efetivas. Para responder a esses requisitos importantes e fortalecer ainda
mais o papel do comércio e da indústria, inclusive das empresas transnacionais, propõem-se os
dois programas seguintes.
ÁREAS DE PROGRAMAS
30.5. Reconhece-se cada vez mais que a produção, a tecnologia e o manejo que utilizam
recursos de maneira ineficiente criam resíduos que não são reutilizados, despejam dejetos que
causam impactos adversos à saúde humana e o meio ambiente e fabricam produtos que, quando
usados, provocam mais impactos e são difíceis de reciclar, precisam ser substituídos por
tecnologias, sistemas de engenharia e práticas de manejo boas e conhecimentos técnicos-
científicos que reduzam ao mínimo os resíduos ao longo do ciclo de vida do produto. Como
resultado, haverá uma melhora da competitividade geral da empresa. Na Conferência sobre
Desenvolvimento Industrial Ecologicamente Sustentável, organizada em nível ministerial pela
ONUDI e realizada em Copenhague em outubro de 1991, reconheceu-se a necessidade de uma
transição em direção de políticas de produção mais limpas.1/
Objetivos
30.6. Os Governos, as empresas e as indústrias, inclusive as empresas transnacionais, devem
tratar de aumentar a eficiência da utilização de recursos, inclusive com o aumento da reutilização
e reciclagem de resíduos, e reduzir a quantidade de despejo de resíduos por unidade de produto
econômico.
Atividades
(a) Informar anualmente sobre seus resultados ambientais, bem como sobre seu uso de energia
e recursos naturais;
(b) Adotar códigos de conduta que promovam as melhores práticas ambientais, tais como a Carta
das Empresas para um Desenvolvimento Sustentável, da Câmara de Comércio Internacional, e
a iniciativa de manejo responsável da indústria química, e informar sobre sua implementação;
30.12. A indústria deve incorporar políticas de produção mais limpa em suas operações e
investimentos, levando também em consideração sua influência sobre fornecedores e
consumidores.
30.17. O espírito empresarial é uma das forças impulsoras mais importantes das inovações,
aumentando a eficiência do mercado e respondendo a desafios e oportunidades. Os empresários
pequenos e médios, em particular, desempenham um papel muito importante no
desenvolvimento social e econômico de um país. Com freqüência, eles constituem o meio
principal de desenvolvimento rural, pois aumentam o emprego não-agrícola e proporcionam à
mulher condições para melhorar de vida. Os empresários responsáveis podem desempenhar um
papel importante na utilização mais eficiente dos recursos, na redução dos riscos e perigos, na
minimização dos resíduos e na preservação da qualidade do meio ambiente.
Objetivos
(a) Estimular o conceito de vigilância no manejo e utilização dos recursos naturais pelos
empresários;
Atividades
30.28. As organizações e órgãos das Nações Unidas devem melhorar os mecanismos relativos
às contribuições do comércio e da indústria e aos processos de formulação de políticas e
estratégias, para assegurar o fortalecimento dos aspectos ambientais nos investimentos
estrangeiros.
Meios de implementação
Notas
1/ Ver A/CONF.151/PC/125.
CAPÍTULO 31
INTRODUÇÃO
31.1. Este capítulo concentra-se em como possibilitar que a comunidade científica e tecnológica,
integrada, entre outros, por engenheiros, arquitetos, projetistas industriais, urbanistas,
formuladores de políticas e outros profissionais dê uma contribuição mais aberta e efetiva aos
processos de tomada de decisões relativas ao meio ambiente e desenvolvimento. É importante
que o papel da ciência e da tecnologia nos assuntos humanos seja mais amplamente conhecido,
tanto pelos responsáveis por decisões que ajudam a determinar a política pública quanto pelo
público em geral. A relação de cooperação existente entre a comunidade científica e tecnológica
e o público em geral deve ser ampliada e aprofundada até tornar-se uma parceria plena. A
melhora da comunicação e da cooperação entre a comunidade científica e tecnológica e os
responsáveis por decisões facilitará um maior uso da informação e dos conhecimentos científicos
e técnicos na implementação de políticas e programas. Os responsáveis por decisões devem
criar condições mais favoráveis para aperfeiçoar o treinamento e a pesquisa independente sobre
desenvolvimento sustentável. Será necessário fortalecer as abordagens multidisciplinares
existentes e desenvolver mais estudos interdisciplinares entre a comunidade científica e
tecnológica e os responsáveis por decisões e, com a ajuda do público em geral, proporcionar
liderança e conhecimentos técnicos-científicos práticos ao conceito de desenvolvimento
sustentável. Deve-se ajudar o público a comunicar à comunidade científica e tecnológica suas
opiniões sobre como a ciência e a tecnologia podem ser melhor gerenciadas para influir
beneficamente na vida dele. Pelo mesmo motivo, deve-se assegurar a independência da
comunidade científica e tecnológica para investigar e publicar sem restrições e para intercambiar
suas descobertas com liberdade. A adoção e implementação de princípios éticos e códigos de
conduta de aceitação internacional para a comunidade científica e tecnológica pode realçar o
profissionalismo e melhorar e acelerar o reconhecimento do valor de suas contribuições ao meio
ambiente e desenvolvimento, levando em conta a evolução contínua e a incerteza do
conhecimento científico.
ÁREA DE PROGRAMAS
Objetivos
(a) Expandir e tornar mais aberto o processo de tomada de decisões e ampliar o âmbito das
questões de desenvolvimento e meio ambiente no qual possa haver lugar para a cooperação em
todos os níveis entre a comunidade científica e tecnológica e os responsáveis por decisões;
Atividades
(a) Examinar como as atividades científicas e tecnológicas nacionais possam responder melhor
às necessidades do desenvolvimento sustentável, como parte de um esforço geral de
fortalecimento dos sistemas de pesquisa e desenvolvimento nacionais,inter alia, por meio do
fortalecimento e ampliação do número de membros dos conselhos, organizações e comitês
nacionais de assessoramento científico e tecnológico, para assegurar que:
(d) Fortalecer a assessoria científica e tecnológica aos níveis mais altos das Nações Unidas e a
outras instituições internacionais, a fim de assegurar a inclusão do conhecimento técnico-
científico e tecnológico nas políticas e estratégias de desenvolvimento sustentável;
(e) Melhorar e fortalecer os programas de difusão dos resultados das pesquisas de universidades
e instituições de pesquisa. Isso requer o reconhecimento e um apoio maior aos cientistas,
tecnólogos e professores que estão empenhados na interpretação e comunicação da informação
científica e tecnológica aos formuladores de políticas, profissionais de outros ramos e o público
em geral. Esse apoio deve centrar-se na transferência de competências e na transferência e
adaptação de técnicas de planejamento. Isso requer a plena e livre comunicação de dados e
informações entre cientistas e responsáveis por decisões. A publicação de relatórios nacionais
de pesquisa e relatórios técnicos que sejam fáceis de compreender e relevantes para as
necessidades locais de desenvolvimento sustentável melhorarão também a interação entre
ciência e tomada de decisões, bem como a implementação dos resultados científicos;
(g) Promover e fortalecer o papel da mulher como parceira plena nas disciplinas científicas e
tecnológicas;
Meios de implementação
(b)Fortalecimento institucional
31.6. Devem-se organizar grupos intergovernamentais sobre questões de desenvolvimento e
meio ambiente, com ênfase nos aspectos científicos e técnicos, e estudos sobre a receptividade
e adaptabilidade em programas de ação subseqüentes.
31.7. Os cientistas e tecnólogos têm um conjunto especial de responsabilidades que lhes cabe
como herdeiros de uma tradição e como profissionais e membros de disciplinas dedicadas à
busca do conhecimento e à necessidade de proteger a biosfera no contexto do desenvolvimento
sustentável.
Objetivos
31.9. O objetivo deve ser desenvolver, melhorar e promover a aceitação internacional de códigos
de conduta e diretrizes relativos à ciência e tecnologia nos quais se leve em conta amplamente
a integridade dos sistemas de sustentação da vida e se aceite o importante papel da ciência e
tecnologia na compatibilização das necessidades do meio ambiente e do desenvolvimento. Para
que sejam eficazes no processo de tomada de decisões, esses princípios. códigos de conduta e
diretrizes devem não apenas ser produto de um acordo entre a comunidade científica e
tecnológica, mas também receber o reconhecimento de toda a sociedade.
Atividades
Meios de implementação
Fortalecimento institucional
CAPÍTULO 32
ÁREA DE PROGRAMAS
32.1. A agricultura ocupa um terço da superfície da Terra e constitui a atividade central de grande
parte da população mundial. As atividades rurais ocorrem em contato estreito com a natureza, a
que agregam valor com a produção de recursos renováveis, ao mesmo tempo em que se tornam
vulneráveis à exploração excessiva ao manejo inadequado.
32.2. As famílias rurais, os populações indígenas e suas comunidades e os agricultores têm sido
os administradores de boa parte dos recursos da Terra. Os agricultores devem conservar o meio
físico, pois dependem dele para sua subsistência. Ao longo dos últimos vinte anos, houve um
aumento impressionante da produção agrícola agregada. Todavia, em algumas regiões, esse
aumento foi superado pelo crescimento da população, a dívida internacional ou a queda dos
preços dos produtos básicos. Além disso, os recursos naturais que sustentam a atividade
agrícola precisam de cuidados adequados e é cada vez maior a preocupação com a
sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola.
32.3. Uma abordagem centrada no agricultor é a chave para alcançar a sustentabilidade tanto
nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento e muitas das áreas de programas da
Agenda 21 estão voltadas para esse objetivo. Uma parte significativa da população rural dos
países em desenvolvimento depende primariamente da agricultura de pequena escala, orientada
para a subsistência e baseada no trabalho da família. Porém, ela tem um acesso limitado aos
recursos, à tecnologia e meios alternativos de produção e subsistência. Em conseqüência,
exploram em excesso os recursos naturais, inclusive as terras marginais.
32.4. A Agenda 21 contempla também o desenvolvimento sustentável das populações que vivem
em ecossistemas marginais e frágeis. A chave para o sucesso da implementação desses
programas está na motivação e nas atitudes de cada agricultor e nas políticas governamentais
que proporcionem incentivos aos agricultores para que gerenciem seus recursos naturais de
maneira eficiente e sustentável. Os agricultores, em particular do sexo feminino, defrontam-se
com um alto grau de incerteza econômica, jurídica e institucional quando investem em suas terras
e em outros recursos. A descentralização das tomadas de decisões, entregando-as a
organizações locais e comunitárias, é a chave para mudar o comportamento da população e
implementar estratégias agrícolas sustentáveis. Esta área de programas trata das atividades que
podem contribuir para esse fim.
Objetivos
(b) Apoiar e aumentar a capacidade legal da mulher e dos grupos vulneráveis em relação ao
acesso, uso e posse da terra;
(e) Desenvolver um quadro de ação que proporcione incentivos e motivação aos agricultores
para que adotem práticas agrícolas eficientes e sustentáveis;
Atividades
(b) Promover mecanismos de fixação de preços, políticas comerciais, incentivos fiscais e outros
instrumentos que afetem positivamente as decisões de cada agricultor sobre o uso eficiente e
sustentável dos recursos naturais e levar plenamente em conta o impacto dessas decisões sobre
as famílias, a segurança alimentar, as rendas agrícolas, o emprego e o meio ambiente;
(c) Fazer com que os agricultores e suas organizações representativas participem da formulação
de políticas;
(d) Proteger, reconhecer e formalizar o acesso da mulher à posse e ao uso da terra, bem como
seus direitos sobre a terra e acesso a crédito, tecnologia, insumos e treinamento;
Dados e informações
(b) Estabelecer redes para o intercâmbio de experiências relacionadas com a agricultura que
ajudem a conservar os recursos do solo, hídricos e florestais, a reduzir ao mínimo o uso de
produtos químicos e reduzir ou reutilizar os resíduos agrícolas;
32.9. A FAO, o FIDA, o PMA, o Banco Mundial, os bancos regionais de desenvolvimento e outras
organizações internacionais envolvidas em desenvolvimento rural devem fazer com que os
agricultores e seus representantes participem em suas deliberações, quando apropriado;
Meios de implementação
32.11. O financiamento para esta área de programas está estimado no capítulo 14, intitulado
"Promoção do desenvolvimento agrícola e rural sustentável", particularmente na área de
programas intitulada "Garantia da participação da população e promoção do desenvolvimento
dos recursos humanos". Os custos assinalados nos capítulos 3, 12 e 13, sobre combate à
pobreza, combate à desertificação e secas e desenvolvimento sustentável das montanhas, são
também pertinentes a essa área de programas.
(b) Realizar estudos de agriculturas com alta e baixa utilização de recursos para comparar sua
produtividade e sustentabilidade. As pesquisas devem ser realizadas preferencialmente em
diferentes cenários ambientais e sociológicos;
(c) Apoiar pesquisas sobre mecanização que otimizem o trabalho humano e a energia animal,
assim como os equipamentos manuais e de tração animal de fácil utilização e manutenção. O
desenvolvimento de tecnologias agrícolas deve levar em conta os recursos de que disponham
os agricultores e o papel dos animais nas famílias agrícolas e na ecologia.
(d)Fortalecimento institucional
(a) Criar mecanismos institucionais e jurídicos que assegurem a posse efetiva da terra aos
agricultores. A ausência de legislação que determine os direitos sobre a terra foi um obstáculo
às ações contra a degradação da terra em muitas comunidades agrícolas de países em
desenvolvimento;
(b) Fortalecer as instituições rurais que aumentem a sustentabilidade por meio de sistemas de
crédito e assistência técnica gerenciados localmente, de instalações locais de produção e
distribuição de insumos, de equipamentos adequados e unidades de processamento de pequena
escala e de sistemas de comercialização e distribuição;
(c) Estabelecer mecanismos para aumentar o acesso dos agricultores, em particular do sexo
feminino e de grupos indígenas, ao treinamento agrícola, ao crédito e à utilização de tecnologia
aperfeiçoada para assegurar a segurança alimentar.
Obs.: Neste capítulo, todas as referências a "agricultores" incluem todas as pessoas da zona
rural que ganham a vida com atividades relacionadas com a agricultura. O termo "agricultura"
inclui a pesca e a exploração de recursos florestais.
CAPÍTULO 33
INTRODUÇÃO
33.2. Este capítulo trata do financiamento da implementação da Agenda 21, que reflete um
consenso mundial que integra as considerações ambientais em um processo de
desenvolvimento acelerado. Para cada um dos demais capítulos, o secretariado da Conferência
providenciou estimativas indicativas do custo total de implementação para os países em
desenvolvimento e das necessidades de subvenções ou concessões a serem providas pela
comunidade internacional. As estimativas evidenciam a necessidade de um esforço
substancialmente maior por parte dos países e da comunidade internacional.
33.4. O custo da inação pode superar o custo financeiro da implementação da Agenda 21. A
inação limitará as opções das gerações futuras.
33.5. Para enfrentar as questões ambientais serão precisos esforços especiais. As questões
ambientais mundiais e locais estão inter-relacionadas. A Convenção-Quadro sobre Mudança de
Clima das Nações Unidas e a Convenção sobre Biodiversidade tratam de duas das questões
mundiais mais importantes.
33.6. As condições econômicas, tanto nacionais como internacionais, que estimulem o livre
intercâmbio e acesso aos mercados contribuirão para que o crescimento econômico e a proteção
do meio ambiente se apoiem mutuamente em benefício de todos os países, particularmente dos
países em desenvolvimento ou que experimentam o processo de transição para uma economia
de mercado (ver capítulo 2 para uma discussão mais completa dessas questões).
33.8. Todos os países devem avaliar como traduzir a Agenda 21 em políticas e programas
nacionais por meio de um processo que integre as considerações ambientais e de
desenvolvimento. Devem-se estabelecer prioridades nacionais e locais por meio de meios que
incluam a participação da população e da comunidade, promovendo ao mesmo tempo a
igualdade de oportunidades para homens e mulheres.
33.9. Para que haja uma associação dinâmica entre todos os países do mundo, particularmente
entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, são necessárias estratégias de
desenvolvimento sustentável e níveis altos e previsíveis de financiamento para apoiar os
objetivos a longo prazo. Com esse propósito, os países em desenvolvimento devem definir suas
ações prioritárias e necessidades de apoio e os países desenvolvidos devem comprometer-se a
atender essas prioridades. Em relação a isso, os grupos consultivos, as mesas redondas e outros
mecanismos de base nacional podem desempenhar um papel facilitador.
Objetivos
(a) Estabelecer medidas relativas aos recursos financeiros e aos mecanismos de financiamento
para a implementação da Agenda 21;
Atividades
Meios de implementação
33.13. Em geral, o financiamento da implementação da Agenda 21 deve vir dos setores públicos
e privados de cada país. Para os países em desenvolvimento, particularmente os países menos
adiantados, a Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA) é uma fonte importante de
financiamento externo, e serão necessários substanciais fundos novos e adicionais para o
desenvolvimento sustentável e implementação da Agenda 21. Os países desenvolvidos
reafirmam seu compromisso de alcançar a meta aceita pelas Nações Unidas de 0,7 por cento do
PNB para a assistência oficial ao desenvolvimento e, na medida em que essa meta não tenha
sido alcançada, estão de acordo em aumentar seus programas de ajuda para alcançar essa meta
o mais cedo possível e assegurar a implementação rápida e efetiva da Agenda 21. Alguns países
decidiram ou combinaram alcançar essa meta até o ano 2000. Decidiu-se que a Comissão sobre
o Desenvolvimento Sustentável examinaria e monitoraria regularmente os progressos realizados
para alcançar essa meta. Esse processo de exame deve combinar de modo sistemático o
monitoramento da implementação da Agenda 21 com um exame dos recursos financeiros
disponíveis. Os países que já atingiram essa meta devem ser incentivados a continuar
contribuindo ao esforço comum para tornar viável os substanciais recursos adicionais que devem
ser mobilizados. Outros países desenvolvidos, em harmonia com seu apoio aos esforços
reformadores dos países em desenvolvimento, aceitam fazer todos os esforços possíveis para
aumentar seu nível de assistência oficial ao desenvolvimento. Nesse contexto, reconhece-se a
importância da distribuição equitativa dos encargos entre os países desenvolvidos. Outros
países, entre eles o que experimentam o processo de transição para uma economia de mercado,
poderão aumentar voluntariamente as contribuições dos países desenvolvidos.
33.14. Os fundos para a Agenda 21 e outros resultados da Conferência devem ser providos de
forma a aumentar ao máximo a disponibilidade de recursos novos e adicionais e a utilizar todos
os mecanismos e fontes de financiamento disponíveis. Estes incluem, entre outros:
(AID). Entre as várias questões e opções que os delegados da AID examinarão na próxima
reposição dos recursos da AID, deve-se prestar atenção especial à declaração feita pelo
Presidente do Banco Mundial para a Reconstrução e o Desenvolvimento na plenária da
Conferência, para ajudar os países mais pobres a alcançar seus objetivos de desenvolvimento
sustentável, tal como contidos na Agenda 21;
(iii) O Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF), administrado conjuntamente pelo Banco
Mundial, o PNUD e o PNUMA, cujos fundos adicionais de subvenções ou concessões estão
destinados a proporcionar benefícios para o meio ambiente mundial, deve cobrir os custos
adicionais acordados para as atividades pertinentes da Agenda 21, particularmente para os
países em desenvolvimento. Por conseguinte, o Fundo deve reestruturar-se para,inter alia:
Ter flexibilidade para expandir seu alcance e cobertura das áreas de programas pertinentes da
Agenda 21, com benefícios para o meio ambiente mundial, como acordado;
Assegurar que o fluxo de fundos seja previsível graças às contribuições dos países
desenvolvidos, levando em consideração a importância da distribuição equitativa dos encargos;
Assegurar o acesso aos fundos e seu desembolso, segundo critérios mutuamente acordados,
sem introduzir novas formas de condicionalidade;
(b)Os organismos especializados, demais órgãos das Nações Unidas e outras organizações
internacionais que tenham papéis designados para apoiar os Governos na execução da Agenda
21;
(e)Alívio dos encargos da dívida. É importante alcançar soluções duradouras para os problemas
da dívida dos países em desenvolvimento de baixa e média renda e provê-los dos meios
necessários para um desenvolvimento sustentável. Devem-se manter sob exame as medidas
para atenuar os problemas do endividamento dos países de baixa ou média renda. Todos os
credores do Clube de Paris devem implementar rapidamente o acordo de dezembro de 1991
para aliviar os encargos da dívida dos países mais pobres fortemente endividados que estão
perseguindo um ajuste estrutural; devem-se manter sob exame as medidas de alívio dos
encargos da dívida, a fim de atender as dificuldades persistentes desses países.
(a) Várias formas de aliviar os encargos da dívida, à parte a dívida oficial ou do Clube de Paris,
incluindo um maior uso de conversão da dívida;
(d) Novos mecanismos para arrecadar fundos e contribuições voluntárias por vias privadas, entre
elas as organizações não-governamentais;
33.19. Os países desenvolvidos e outros países que possam fazê-lo devem contrair
compromissos financeiros iniciais para implementar as decisões da Conferência. Devem informar
sobre seus planos e compromissos à Assembléia Geral das Nações Unidas em sua 47ª sessão,
no outono de 1992.
CAPÍTULO 34
INTRODUÇÃO
34.3. As tecnologias ambientalmente saudáveis não são apenas tecnologias isoladas, mas
sistemas totais que incluem conhecimentos técnicos-científicos, procedimentos, bens e serviços
e equipamentos, assim como os procedimentos de organização e manejo. Isso significa que, ao
analisar a transferência de tecnologias, devem-se também abordar os aspectos da escolha de
tecnologia relativos ao desenvolvimento dos recursos humanos e ao aumento da fortalecimento
institucional e técnica local, inclusive os aspectos relevantes para ambos os sexos. As
tecnologias ambientalmente saudáveis devem ser compatíveis com as prioridades sócio-
econômicas, culturais e ambientais nacionalmente determinadas.
34.9. Uma grande proporção dos conhecimentos tecnológicos úteis é de domínio público. É
necessário o acesso dos países em desenvolvimento às tecnologias que não estejam protegidas
por patentes ou sejam de domínio público. Os países em desenvolvimento também devem ter
acesso ao conhecimento técnico-científico e à especialização necessários para a utilização
eficaz dessas tecnologias.
34.10. É preciso levar em consideração o papel dos direitos de patente e propriedade intelectual
junto com um exame de seus impactos sobre o acesso e transferência de tecnologias
ambientalmente saudáveis, em particular para os países em desenvolvimento, assim como
prosseguir estudando o conceito do acesso assegurado dos países em desenvolvimento a
tecnologias ambientalmente saudáveis em sua relação com os direitos protegidos por patentes
tendo em vista desenvolver respostas efetivas para as necessidades dos países em
desenvolvimento nessa área.
34.11. A tecnologia patenteada está disponível por meio dos canais comerciais e as atividades
empresariais internacionais constituem um veículo importante para a transferência de tecnologia.
Deve-se tratar de aproveitar esse fundo comum de conhecimentos e combiná-lo com as
inovações locais com o objetivo de obter tecnologias substitutivas. Ao mesmo tempo que
continuam a ser explorados os conceitos e as modalidades que assegurem o acesso a
tecnologias ambientalmente saudáveis, assim como a tecnologias mais modernas, deve-se
fomentar, facilitar e financiar, quando apropriado, um acesso maior a tecnologias ambientalmente
saudáveis, oferecendo-se ao mesmo tempo incentivos justos aos inovadores que promovam
pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias ambientalmente saudáveis.
34.12. Os países receptores requerem tecnologia e um maior apoio para ajudá-los a desenvolver
ainda mais suas capacidades científica, tecnológica, profissional e afins, levando em
consideração as tecnologias e capacidades existentes. Esse apoio permitirá aos países,
especialmente os países em desenvolvimento, a fazer escolhas tecnológicas mais saudáveis.
Esses países poderão então avaliar melhor as tecnologias ambientalmente saudáveis antes de
sua transferência e aplicá-las e gerenciá-las de forma adequada, assim como aperfeiçoar as
tecnologias já existentes e adaptá-las às suas necessidades e prioridades de desenvolvimento
específicas.
34.13. Uma massa crítica com capacidade de pesquisa e desenvolvimento é crucial para a
difusão e utilização efetivas de tecnologias ambientalmente saudáveis e sua criação local. Os
programas de ensino e treinamento devem refletir as necessidades de atividades de pesquisas
orientadas para objetivos específicos e devem se esforçar para produzir especialistas
familiarizados com a tecnologia ambientalmente saudável e dotados de uma perspectiva
interdisciplinar. Obter essa massa crítica supõe melhorar a capacidade de artesãos, técnicos e
administradadores de categoria média, cientistas, engenheiros e educadores e desenvolver seus
correspondentes sistemas de apoio social ou administrativo. A transferência de tecnologias
ambientalmente saudáveis também supõe adaptá-las e incorporá-las de maneira inovadora à
cultura local ou nacional.
Objetivos
34.14. Propõem-se os seguintes objetivos:
Atividades
34.17. Os órgãos competentes das Nações Unidas devem realizar um inventário dos centros ou
sistemas de intercâmbio de informação internacionais ou regionais existentes. A estrutura
existente deve ser fortalecida e aperfeiçoada quando necessário. Devem-se desenvolver novos
sistemas de informação, se necessário, a fim de preencher as lacunas descobertas nessa rede
internacional.
(b) Criação de condições favoráveis para estimular os setores privado e público a inovar,
comercializar e utilizar tecnologias ambientalmente saudáveis;
(c) Exame pelos Governos e, quando proceda, pelas organizações pertinentes, das políticas
existentes, inclusive subsídios e políticas fiscais, e das regulamentações para determinar se
estimulam ou impedem o acesso, a transferência e a introdução de tecnologias ambientalmente
saudáveis;
(d) Examinar, em uma estrutura que integre plenamente meio ambiente e desenvolvimento, os
obstáculos à transferência de tecnologias ambientalmente saudáveis de propriedade privada e
adotar medidas gerais apropriadas para reduzir esses obstáculos, criando ao mesmo tempo
incentivos específicos, fiscais ou de outra índole, para a tranferência dessas tecnologias;
(e) No caso das tecnologias de propriedade privada, podem ser tomadas as seguintes medidas,
especialmente em benefício dos países em desenvolvimento:
(i) Criação e aperfeiçoamento pelos países desenvolvidos, assim como por outros países que
estiverem em condições de fazê-lo, de incentivos apropriados, fiscais ou de outra índole, para
estimular a transferência de tecnologias ambientalmente saudáveis pelas empresas, em
particular para os países em desenvolvimento, como elemento integrante do desenvolvimento
sustentável;
(iii) Compra de patentes e licenças em condições comerciais para sua transferência aos países
em desenvolvimento em condições não comerciais como parte da cooperação para o
desenvolvimento sustentável, levando-se em conta a necessidade de proteger os direitos de
propriedade intelectual;
(v) Proporcionar recursos financeiros para adquirir tecnologias ambientalmente saudáveis a fim
de permitir que em particular os países em desenvolvimento possam implementar medidas para
promover o desenvolvimento sustentável que, caso contrário, lhes imporia uma carga especial
ou exagerada;
34.21. Deve-se estabelecer uma rede de colaboração de centros de pesquisa nacionais, sub-
regionais, regionais e internacionais na área da tecnologia ambientalmente saudável para
melhorar o acesso às tecnologias ambientalmente saudáveis e seu desenvolvimento, manejo e
transferência, inclusive a transferência e a cooperação entre países em desenvolvimento e entre
países desenvolvidos e em desenvolvimento, baseadas principalmente nos centros sub-
regionais ou regionais de pesquisa, desenvolvimento e demonstração já existentes, vinculados
a instituições nacionais, em estreita cooperação com o setor privado.
34.27. Devem-se promover acordos de colaboração de longo prazo entre empresas de países
desenvolvidos e de países em desenvolvimento com o objetivo de desenvolver tecnologias
ambientalmente saudáveis. As empresas multinacionais, como depositárias de conhecimentos
técnicos pouco difundidos necessários para a proteção e o melhoramento do meio ambiente, têm
um papel e um interesse especiais na promoção da cooperação para transferência de tecnologia,
já que constituem canais importantes para essa transferência e para desenvolver uma reserva
de recursos humanos treinados e de infra-estrutura.
Meios de implementação
CAPÍTULO 35
INTRODUÇÃO
35.1. Este capítulo concentra-se no papel e na utilização das ciências no apoio ao manejo
prudente de meio ambiente e desenvolvimento para a sobrevivência diária e desenvolvimento
futuro da humanidade. As áreas de programa propostas neste capítulo são muito amplas, tendo
por objetivo apoiar as necessidades científicas específicas identificadas em outros capítulos da
Agenda 21. Um dos papéis da ciência é oferecer informações para permitir uma melhor
formulação e seleção das políticas de meio ambiente e desenvolvimento no processo de tomada
de decisões. Para cumprir esse requisito, é indispensável desenvolver o conhecimento científico,
melhorar as avaliações científicas de longo prazo, fortalecer as capacidades científicas em todos
os países e fazer com que as ciências respondam às necessidades que vão surgindo.
35.2. Os cientistas estão melhorando sua compreensão em áreas tais como mudança do clima,
aumento da taxa de consumo de recursos, tendências demográficas e degradação do meio
ambiente. É preciso levar em conta as mudanças produzidas nestas e em outras áreas ao
elaborar estratégias de desenvolvimento a longo prazo. O primeiro passo para melhorar a base
científica dessas estratégias é uma melhor compreensão da terra, dos oceanos, da atmosfera e
da interdependência de seus ciclos hidrológicos, nutritivos e biogeoquímicos e de suas trocas de
energia, que fazem parte do sistema Terra. Isto é essencial para estimar de maneira mais precisa
a capacidade de sustentação do planeta e suas possibilidades de recuperação face às
numerosas tensões causadas pelas atividades humanas. As ciências podem proporcionar esse
conhecimento por meio de uma pesquisa aprofundada dos processos ambientais e por meio da
aplicação dos instrumentos modernos e eficientes de que se dispõe atualmente, tais como os
dispositivos de teleobservação, os instrumentos eletrônicos de monitoramento e a capacidade
de cálculo e elaboração de modelos com computadores. As ciências desempenham um
importante papel na vinculação do significado fundamental do sistema Terra, enquanto
sustentador da vida, com as estratégias apropriadas de desenvolvimento baseadas em seu
desenvolvimento contínuo. As ciências devem continuar desempenhando um papel cada vez
mais importante no aumento da eficiência do aproveitamento dos recursos e na descoberta de
novas práticas, recursos e alternativas de desenvolvimento. É necessário que as ciências
reavaliem e promovam constantemente tendências menos intensivas de utilização de recursos,
inclusive a utilização de menos energia na indústria, agricultura e transporte. Assim as ciências
estão sendo cada vez mais compreendidas como um componente indispensável na busca de
formas exeqüíveis de alcançar o desenvolvimento sustentável.
ÁREAS DE PROGRAMAS
Objetivos
35.6. O objetivo principal é que cada país determine, com o apoio das organizações
internacionais, como requerido, a situação de seus conhecimentos científicos e de suas
necessidades e prioridades de pesquisa para alcançar, o mais rápido possível, melhoras
consideráveis em:
(a) Ampliação em grande escala da base científica e fortalecimento das capacidades e potenciais
científicos e de pesquisa -- em particular, dos países em desenvolvimento --especialmente nas
áreas relevantes para meio ambiente e desenvolvimento;
(b) Formulação de políticas sobre meio ambiente e desenvolvimento, baseadas nos melhores
conhecimentos e avaliações científicos e levando em consideração a necessidade de aumentar
a cooperação internacional e a relativa incerteza a respeito dos diversos processos e opções em
causa;
Atividades
35.7. Os países, com o apoio das organizações internacionais, quando requerido, devem:
(a) Preparar um inventário de seus dados de ciências naturais e sociais pertinentes para a
promoção do desenvolvimento sustentável;
(c) Fortalecer e criar mecanismos institucionais apropriados, no mais alto nível local, nacional,
sub-regional e regional adequado e dentro do sistema das Nações Unidas, a fim de desenvolver
uma base científica mais sólida para melhorar a formulação de políticas de meio ambiente e
desenvolvimento que sejam compatíveis com os objetivos de longo prazo do desenvolvimento
sustentável. Devem-se ampliar as pesquisas nessa área para incluir uma maior participação do
público na fixação de metas sociais de longo prazo para a formulação de modelos hipotéticos de
desenvolvimento sustentável;
(i) Indicadores de qualidade de vida que abarquem, por exemplo, saúde, educação, bem- estar
social, estado do meio ambiente e a economia;
(iii) Formulação de políticas ambientais de longo prazo, manejo de riscos e avaliação das
tecnologias ambientalmente saudáveis;
(e) Coletar, analisar e integrar os dados sobre os vínculos entre o estado dos ecossistemas e a
saúde das comunidades humanas a fim de melhorar o conhecimento dos custos e benefícios
das diferentes políticas e estratégias de desenvolvimento em relação à saúde e ao meio
ambiente, especialmente nos países em desenvolvimento;
(f) Realizar estudos científicos das formas de alcançar, nos planos nacional e regional, o
desenvolvimento sustentável, utilizando metodologias comparáveis e complementares. Esses
estudos, coordenados por um esforço científico internacional, devem ser feitos, em grande
medida, com a participação de especialistas locais e conduzidos por equipes multidisciplinares
de redes e/ou centros de pesquisa regionais, quando apropriado de acordo com a capacidade
nacional e a disponibilidade de recursos;
(g) Melhorar a capacidade para determinar a ordem de prioridades das pesquisas científicas nos
planos regional e mundial para atender as necessidades de desenvolvimento sustentável. Este
é um processo que envolve juízos científicos sobre os benefícios a curto e longo prazo e os
possíveis custos e riscos a longo prazo. Deve ser adaptável e sensível às necessidades
observadas e ser realizado por meio de uma metodologia de avaliação dos riscos que seja
transparente e de fácil uso;
(h) Desenvolver métodos para vincular os resultados das ciências formais aos conhecimentos
tradicionais das diferentes culturas. Os métodos devem ser submetidos a prova utilizando
estudos experimentais. Devem ser elaborados no plano local e se concentrar nos vínculos entre
os conhecimentos tradicionais dos grupos indígenas e a correspondente "ciência avançada"
atual, com especial atenção à divulgação e aplicação dos resultados na proteção do meio
ambiente e no desenvolvimento sustentável.
Meios de implementação
(a) Apoiar os novos programas de pesquisa científica, inclusive seus aspectos sócio-econômicos
e humanos, nos planos nacional, sub-regional e mundial, para complementar e incentivar a
sinergia entre práticas e conhecimentos científicos tradicionais e convencionais e de fortalecer a
pesquisa interdisciplinar relativa à degradação e reabilitação do meio ambiente;
(b) Estabelecer modelos de demonstração de diferentes tipos (por exemplo, condições sócio-
econômicas e ambientais) para estudar metodologias e formular diretrizes;
(c) Apoiar a pesquisa desenvolvendo métodos de avaliação dos riscos relativos para ajudar os
formuladores de políticas na determinação das prioridade das pesquisas científicas.
Objetivos
35.11. Um objetivo chave é melhorar e aumentar a compreensão básica dos vínculos entre os
sistemas ambientais humanos e naturais e melhorar os instrumentos de análise e prognóstico
necessários para compreender melhor os impactos sobre o meio ambiente das opções de
desenvolvimento por meio de:
(a) Execução de programas de pesquisa para compreender melhor a capacidade de sustentação
da Terra tal como condicionada por seus sistemas naturais, a saber, os ciclos biogeoquímicos,
o sistema atmosfera/hidrosfera/ litosfera/criosfera, a biosfera e a biodiversidade, o ecossistema
agrícola e outros ecossistemas terrestres e aquáticos;
(c) Integração das ciências físicas, econômicas e sociais para compreender melhor os impactos
do comportamento econômico e social sobre o meio ambiente e da degradação ambiental nas
economias locais e mundiais.
Atividades
(a) Apoiar o desenvolvimewnto de uma rede ampla de monitoramento para descrever os ciclos
(por exemplo, os ciclos mundiais, biogeoquímicos e hidrológicos), e testar as hipóteses relativas
ao comportamento deles e intensificar as pesquisas sobre a interação entre os diversos ciclos
mundiais e suas conseqüências nos planos nacional, sub-regional e mundial como guias de
tolerância e vulnerabilidade;
(c) Apoiar os programas de pesquisa nos planos nacional, sub-regional e internacional sobre os
sistemas marinhos e terrestres, fortalecer as bancos de dados terrestres mundiais de seus
respectivos componentes, ampliar os sistemas correspondentes para monitorar suas mudanças
e melhorar a elaboração de modelos de prognósticos do sistema Terra e de seus subsistemas,
inclusive a elaboração de modelos do funcionamento desses sistemas supondo-se intensidades
diferentes do impacto do ser humano. Os programas de pesquisa devem incluir os programas
mencionados em outros capítulos da Agenda 21 que apóiam mecanismos de cooperação e
harmonização dos programas de desenvolvimento sobre mudança mundial;
(g) Iniciar um sistema mundial de observação dos parâmetros necessários para o manejo
racional dos recursos das zonas costeiras e montanhosas e ampliar significativamente os
sistemas de monitoramento da quantidade e qualidade da água doce, especialmente nos países
em desenvolvimento;
(h) Desenvolver sistemas de observação da Terra a partir do espaço para compreender a Terra
como sistema, o que permitirá a medição integrada, constante e a longo prazo da interação entre
atmosfera, hidrosfera e litosfera e elaborar um sistema de distribuição de dados que facilite a
utilização de dados obtidos por meio da observação;
(i) Desenvolver e aplicar sistemas e tecnologias que permitam reunir, registrar e transmitir
automaticamente dados e informações a centros de dados e análises a fim de monitorar os
processos marinhos, terrestres e atmosféricos e proporcionar um alerta antecipado dos
desastres naturais;
(k) Intensificar as pesquisas para integrar as ciências físicas, econômicas e sociais a fim de
compreender melhor os impactos do comportamento econômico e social sobre o meio ambiente
e da degradação do meio ambiente nas economias locais e na economia mundial e, em
particular:
(i) Desenvolver pesquisas sobre as atitudes e o comportamento humano como forças impulsoras
essenciais para compreender as causas e conseqüências da mudança ambiental e da utilização
dos recursos;
(ii) Promover pesquisas sobre as respostas humanas, econômicas e sociais à mudança mundial;
(l) Apoiar o desenvolvimento de tecnologias e sistemas novos e de fácil uso que facilitem a
integração de processos físicos, químicos, biológicos, sociais e humanos multidisciplinares que,
por sua vez, forneçam informações e conhecimentos para os responsáveis por decisões e ao
público em geral.
Meios de implementação
(a) Apoiar e utilizar as atividades pertinentes de pesquisa nacionais realizadas por universidades,
institutos de pesquisa e organizações não-governamentais e promover a participação ativa
destes em programas regionais e mundiais, especialmente em países em desenvolvimento;
Objetivos
35.16. O objetivo principal é proporcionar avaliações do estado atual e das tendências das
questões de meio ambiente e desenvolvimento nos planos nacional, sub-regional, regional e
mundial, com base nos melhores conhecimentos científicos disponíveis, a fim de elaborar
estratégias alternativas, inclusive as abordagens autóctones, para as diferentes escalas de
tempo e espaço necessárias à formulação de políticas de longo prazo.
Atividades
(b) Desenvolver uma metodologia para realizar auditorias nos planos nacional e regional, assim
como uma auditoria mundial a cada cinco anos, de forma integrada. As auditorias padronizadas
devem contribuir para aperfeiçoar as modalidades e o caráter do processo de desenvolvimento,
examinando, em particular, a capacidade dos sistemas de sustentação da vida mundiais e
regionais de atender as necessidades das formas de vida humanas e não-humanas e de
identificar os setores e recursos vulneráveis a uma maior degradação. Essa tarefa envolve a
integração de todas as ciências relevantes nos planos nacional, regional e mundial e deve ser
organizada por entidades governamentais, organizações não-governamentais, universidades e
instituições de pesquisa, com a assistência de organizações governamentais e não-
governamentais internacionais e órgãos das Nações Unidas, quando apropriado e necessário.
Devem-se colocar à disposição do público em geral os resultados dessas auditorias.
Meios de implementação
35.19. Com relação às atuais necessidades de dados na área de programas A, será necessário
oferecer apoio à coleta nacional de dados e aos sistemas de alerta. Isso deve compreender o
estabelecimento de bancos de dados, sistemas de informação e de apresentação de relatórios,
inclusive a avaliação de dados e a difusão de informação em cada região.
35.20. Tendo em vista o papel crescente das ciências nas questões de meio ambiente e
desenvolvimento, é necessário desenvolver e fortalecer a capacidade científica de todos os
países, especialmente dos países em desenvolvimento, a fim de que possam participar
plenamente da geração e aplicação dos resultados das atividades de pesquisa e
desenvolvimento científicos relativas ao desenvolvimento sustentável. Existem várias maneiras
de desenvolver a capacidade científica e tecnológica. Algumas das mais importantes são as
seguintes: ensino e treinamento em ciência e tecnologia; apoio aos países em desenvolvimento
para aperfeiçoar as infra-estruturas de pesquisa e desenvolvimento que permitirão aos cientistas
trabalhar de forma mais produtiva.; desenvolvimento de incentivos para estimular pesquisa e
desenvolvimento; e maior utilização dos resultados dessas atividades nos setores produtivos da
economia. Essa fortalecimento institucional e técnica constituirá também a base para uma maior
consciência do público e melhor compreensão das ciências. Deve-se enfatizar a necessidade de
apoiar os países em desenvolvimento no fortalecimento da capacidade deles para estudar suas
próprias bases de recursos e seus sistemas ecológicos e para gerenciá-los melhor com o objetivo
de enfrentar os problemas nacionais, regionais e mundiais. Ademais, tendo em vista a
envergadura e a complexidade dos problemas ambientais no plano mundial, é evidente em todo
o mundo a necessidade de contar com mais especialistas em diversas disciplinas.
Objetivos
(b) Aumento substancial, até o ano 2000, do número de cientistas, em especial de mulheres
cientistas, nos países em desenvolvimento em que seu número é atualmente insuficiente;
(d) Melhorar o acesso de cientistas e responsáveis por decisões às informações pertinentes, com
o objetivo de aumentar a consciência do público e sua participação na tomada de decisões;
Atividades
(a) Promover o ensino e o treinamento de cientistas, não só em suas respectivas disciplinas, mas
também na capacidade para identificar, gerenciar e incorporar considerações ambientais aos
projetos de pesquisa e desenvolvimento; assegurar que se estabeleça uma base sólida nos
sistemas naturais, ecologia e manejo dos recursos; e desenvolver especialistas capazes de
trabalhar em programas interdisciplinares relacionados com meio ambiente e desenvolvimento,
inclusive no campo das ciências sociais aplicadas;
(e) Desenvolver, fortalecer e forjar novas parcerias entre o pessoal especializado nos planos
nacional, regional e mundial para promover o intercâmbio pleno e aberto de informação e de
dados científicos e tecnológicos, assim como para facilitar a assistência técnica relativa ao
desenvolvimento ambientalmente saudável e sustentável. Isso deve ser feito por meio do
desenvolvimento de mecanismos para o interncâmbio de pesquisas, dados e informações
básicas e melhoria e desenvolvimento de redes e centros internacionais, inclusive a vinculação
regional com bancos de dados científicos nacionais para fins de pesquisa, treinamento e
monitoramento. Tais mecanismos devem ser projetados para aperfeiçoar a cooperação técnica
entre os cientistas de todos os países e estabelecer alianças regionais e nacionais sólidas entre
a indústria e as instituições de pesquisa;
(f) Aperfeiçoar e desenvolver novos vínculos entre as redes atuais de especialistas em ciências
naturais e sociais e as universidades no plano internacional, a fim de fortalecer a capacidade
nacional na formulação de opções de política na esfera do meio ambiente e desenvolvimento;
(g) Reunir, analisar e publicar informações sobre os conhecimentos autóctones sobre meio
ambiente e desenvolvimento e auxiliar as comunidades que possuam esses conhecimentos a se
beneficiarem deles.
Meios de implementação
35.24. Esses meios incluem o aumento e fortalecimento das redes e centros multidisciplinares
regionais de pesquisa e treinamento, aproveitando ao máximo as instalações existentes e os
sistemas de apoio conexos de desenvolvimento sustentável e tecnologia nas regiões em
desenvolvimento; promover e utilizar o potencial das iniciativas independentes e das inovações
e do espírito empresarial autóctones. A função dessas redes e centros podem compreender, por
exemplo:
(b) Estabelecer vínculos com os centros de monitoramento e fazer avaliações das condições
ambientais e de desenvolvimento;
(a) Criar condições (por exemplo, salários, equipamentos e bibliotecas) para assegurar que os
cientistas possam trabalhar efetivamente em seus países de origem;
CAPÍTULO 36
INTRODUÇÃO
ÁREAS DE PROGRAMA
36.3. O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência pública e o treinamento devem ser
reconhecidos como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades podem
desenvolver plenamente suas potencialidades. O ensino tem fundamental importância na
promoçåo do desenvolvimento sustentável e para aumentar a capacidade do povo para abordar
questões de meio ambiente e desenvolvimento. Ainda que o ensino básico sirva de fundamento
para o ensino em matéria de ambiente e desenvolvimento, este último deve ser incorporado
como parte essencial do aprendizado. Tanto o ensino formal como o informal são indispensáveis
para modificar a atitude das pessoas, para que estas tenham capacidade de avaliar os problemas
do desenvolvimento sustentável e abordá-los. O ensino é também fundamental para conferir
consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas e comportamentos em consonância
com o desenvolvimento sustentável e que favoreçam a participação pública efetiva nas tomadas
de decisão. Para ser eficaz, o ensino sobre meio ambiente e desenvolvimento deve abordar a
dinâmica do desenvolvimento do meio físico/biológico e do sócio-econômico e do
desenvolvimento humano (que pode incluir o espiritual), deve integrar-se em todas as disciplinas
e empregar métodos formais e informais e meios efetivos de comunicação.
Objetivos
(a) Endossar as recomendações da Conferência Mundial sobre Ensino para Todos: Satisfação
das Necessidades Básicas de Aprendizagem /2/ (Jomtien, Tailândia, 5 a 9 de março de 1990),
procurar assegurar o acesso universal ao ensino básico, conseguir, por meio de ensino formal e
informal, que pelo menos 80 por cento das meninas e 80 por cento dos meninos em idade escolar
terminem a escola primária, e reduzir a taxa de analfabetismo entre os adultos ao menos pela
metade de seu valor de 1990. Os esforços devem centralizar-se na redução dos altos níveis de
analfabetismo e na compensação da falta de oportunidades que têm as mulheres de receber
ensino básico, para que seus índices de alfabetização venham a ser compatíveis com os dos
homens;
(c) Lutar para facilitar o acesso à educação sobre meio ambiente e desenvolvimento, vinculada
à educação social, desde a idade escolar primária até a idade adulta em todos os grupos da
população;
(d) Promover a integração de conceitos de ambiente e desenvolvimento, inclusive demografia,
em todos os programas de ensino, em particular a análise das causas dos principais problemas
ambientais e de desenvolvimento em um contexto local, recorrendo para isso às melhores provas
científicas disponíveis e a outras fontes apropriadas de conhecimentos, e dando especial
atenção ao aperfeiçoamento do treinamento dos responsáveis por decisões em todos os níveis.
Atividades
(b) Os Governos devem procurar atualizar ou preparar estratégias destinadas a integrar meio
ambiente e desenvolvimento como tema interdisciplinar ao ensino de todos os níveis nos
próximos três anos. Isso deve ser feito em cooperação com todos os setores da sociedade. Nas
estratégias devem-se formular políticas e atividades e identificar necessidades, custos, meios e
cronogramas para sua implementação, avaliação e revisão. Deve-se empreender uma revisão
exaustiva dos currículos para assegurar uma abordagem multidisciplinar, que abarque as
questões de meio ambiente e desenvolvimento e seus aspectos e vínculos sócio-culturais e
demográficos. Deve-se respeitar devidamente as necessidades definidas pela comunidade e os
diversos sistemas de conhecimentos, inclusive a ciência e a sensibilidade cultural e social;
(e) As autoridades pertinentes devem assegurar que todas as escolas recebam ajuda para a
elaboração de planos de trabalho sobre as atividades ambientais, com a participação dos
estudantes e do pessoal. As escolas devem estimular a participação dos escolares nos estudos
locais e regionais sobre saúde ambiental, inclusive água potável, saneamento, alimentação e os
ecossistemas e nas atividades pertinentes, vinculando esse tipo de estudo com os serviços e
pesquisas realizadas em parques nacionais, reservas de fauna e flora, locais de herança
ecológica etc.;
(g) Dentro dos próximos dois anos, o sistema das Nações Unidas deve empreender uma revisão
ampla de seus programas de ensino, compreendendo treinamento e consciência pública, com o
objetivo de reavaliar prioridades e realocar recursos. O Programa Internacional de Educação
Ambiental da UNESCO e do PNUMA, em colaboração com os órgãos pertinentes do sistema
das Nações Unidas, os Governos, as organizações não-governamentais e outras entidades,
devem estabelecer um programa, em um prazo de dois anos, para integrar as decisões da
Conferência à estrutura existente das Nações Unidas, adaptado para as necessidades de
educadores de diferentes níveis e circunstâncias. As organizações regionais e as autoridades
nacionais devem ser estimuladas a elaborar programas e oportunidades paralelos análogos,
analisando a maneira de mobilizar os diversos setores da população para avaliar e enfrentar
suas necessidades em matéria de educação sobre meio ambiente e desenvolvimento;
(h) É necessário fortalecer, em um prazo de cinco anos, o intercâmbio de informação por meio
do melhoramento da tecnologia e dos meios necessários para promover a educação sobre meio
ambiente e desenvolvimento e a consciência pública. Os países devem cooperar entre si e com
os diversos setores sociais e grupos de população para preparar instrumentos educacionais que
abarquem questões e iniciativas regionais sobre meio ambiente e desenvolvimento, utilizando
materiais e recursos de aprendizagem adaptados às suas próprias necessidades;
(i) Os países podem apoiar as universidades e outras atividades terciárias e redes para educação
ambiental e desenvolvimento. Devem-se oferecer a todos os estudantes cursos
interdisciplinares. As redes e atividades regionais e ações de universidades nacionais que
promovam a pesquisa e abordagens comuns de ensino em desenvolvimento sustentável devem
ser aproveitadas e devem-se estabelecer novos parceiros e vínculos com os setores
empresariais e outros setores independentes, assim como com todos os países, tendo em vista
o intercâmbio de tecnologia, conhecimento técnico-científico e conhecimentos em geral;
(k) Os países devem facilitar e promover atividades de ensino informal nos planos local, regional
e nacional por meio da cooperação e apoio aos esforços dos educadores informais e de outras
organizações baseadas na comunidade. Os órgãos competentes do sistema das Nações Unidas,
em colaboração com as organizações não-governamentais, devem incentivar o desenvolvimento
de uma rede internacional para alcançar os objetivos mundiais para o ensino. Nos foros públicos
e acadêmicos dos planos nacional e local devem-se examinar as questões de meio ambiente e
desenvolvimento e sugerir opções sustentáveis aos responsáveis por decisões;
(n) Os Governos devem garantir, por meio de legislação, se necessário, o direito dos populações
indígenas a que sua experiência e compreensão sobre o desenvolvimento sustentável
desempenhe um papel no ensino e no treinamento;
Meios de implementação
36.7. Considerando-se a situação específica de cada país, pode-se dar mais apoio às atividades
de ensino, treinamento e conscientização relacionadas com meio ambiente e desenvolvimento,
nos casos apropriados, por meio de medidas como as que se seguem:
(a) Dar alta prioridade a esses setores nas alocações orçamentárias, protegendo-os das
exigências de cortes estruturais;
(b) Nos orçamentos já estabelecidos para o ensino, transferir créditos para o ensino primário,
com foco em meio ambiente e desenvolvimento;
(c) Promover condições em que as comunidades locais participem mais dos gastos e as
comunidades mais ricas ajudem as mais pobres;
(d) Obter fundos adicionais de doadores particulares para concentrá-los nos países mais pobres
e naqueles em que a taxa de alfabetização esteja abaixo dos 40 por cento;
(f) Eliminar as restrições sobre o ensino privado e aumentar o fluxo de fundos de e para
organizações não- governamentais, inclusive organizações populares de pequena escala;
(g) Promover a utilização eficaz das instalações existentes, por exemplo, com vários turnos em
uma escola, aproveitamento pleno das universidades abertas e outros tipos de ensino à
distância;
(h) Facilitar a utilização dos meios de comunicação de massa, de forma gratuita ou barata, para
fins de ensino;
(i) Estimular as relações de reciprocidade entre as universidades de países desenvolvidos e em
desenvolvimento.
36.8. Ainda há muito pouca consciência da inter-relação existente entre todas as atividades
humanas e o meio ambiente devido à insuficiência ou inexatidão da informação. Os países em
desenvolvimento, em particular, carecem da tecnologia e dos especialistas competentes. É
necessário sensibilizar o público sobre os problemas de meio ambiente e desenvolvimento, fazê-
lo participar de suas soluções e fomentar o senso de responsabilidade pessoal em relação ao
meio ambiente e uma maior motivação e dedicação em relação ao desenvolvimento sustentável.
Objetivo
36.9. O objetivo consiste em promover uma ampla consciência pública como parte indispensável
de um esforço mundial de ensino para reforçar atitudes, valores e medidas compatíveis com o
desenvolvimento sustentável. É importante enfatizar o princípio da delegação de poderes,
responsabilidades e recursos ao nível mais apropriado e dar preferência para a responsabilidade
e controle locais sobre as atividades de conscientização.
Atividades
(b) O sistema das Nações Unidas deve melhorar seus meios de divulgação por meio de uma
revisão de suas atividades de ensino e conscientização do público para promover uma maior
participação e coordenação de todas as partes do sistema, especialmente de seus organismos
de informação e suas operações nacionais e regionais. Devem ser feitos estudos sistemáticos
dos resultados das campanhas de difusão, tendo presentes as necessidades e as contribuições
de grupos específicos da comunidade;
(e) Os países e o sistema das Nações Unidas devem promover uma relação de cooperação com
os meios de informação, os grupos de teatro popular e as indústrias de espetáculo e de
publicidade, iniciando debates para mobilizar sua experiência em influir sobre o comportamento
e os padrões de consumo do público e fazendo amplo uso de seus métodos. Essa colaboração
também aumentará a participação ativa do público no debate sobre meio ambiente. O UNICEF
deve colocar a disposição dos meios de comunicação material orientado para as crianças, como
instrumento didático, assegurando uma estreita colaboração entre o setor da informação pública
extra-escolar e o currículo do ensino primário. A UNESCO, o PNUMA e as universidades devem
enriquecer os currículos para jornalistas com temas relacionados com meio ambiente e
desenvolvimento;
(i) Os países e o sistema das Nações Unidas devem aumentar sua interação e incluir, quando
apropriado, os populações indígenas no manejo, planejamento e desenvolvimento de seu meio
ambiente local, e incentivar a difusão de conhecimentos tradicionais e socialmente transmitidos
por meio de costumes locais, especialmente nas zonas rurais, integrando esses esforços com
os meios de comunicação eletrônicos, sempre que apropriado;
Meios de implementação
C. Promoção do treinamento
Objetivos
(b) Promover uma força de trabalho flexível e adaptável, de várias idades, que possa enfrentar
os problemas crescentes de meio ambiente e desenvolvimento e as mudanças ocasionadas pela
transição para uma sociedade sustentável;
(d) Assegurar que as considerações ambientais e de ecologia humana sejam integradas a todos
os níveis administrativos e todos os níveis de manejo funcional, tais como marketing, produção
e finanças.
Atividades
36.14. Os países, com o apoio do sistema das Nações Unidas, devem determinar as
necessidades nacionais de treinamento de trabalhadores e avaliar as medidas que devem ser
adotadas para satisfazer essas necessidades. O sistema das Nações Unidas pode empreender,
em 1995, um exame dos progressos alcançados nesta área.
36.17. Os países devem incentivar todos os setores da sociedade, tais como a indústria, as
universidades, os funcionários e empregados governamentais, as organizações não-
governamentais e as organizações comunitárias a incluir um componente de manejo do meio
ambiente em todas as atividades de treinamento pertinentes, com ênfase na satisfação das
necessidades imediatas do pessoal por meio do treinamento de curta duração em
estabelecimentos de ensino ou no trabalho. Devem-se fortalecer as possibilidades de
treinamento do pessoal de manejo na área do meio ambiente e iniciar programas especializados
de "treinamento de instrutores" para apoiar o treinamento a nível do país e da empresa. Devem-
se desenvolver novos critérios de treinamento em práticas ambientalmente saudáveis que criem
oportunidades de emprego e aproveitem ao máximo os métodos baseados no uso de recursos
locais;
36.18. Os países devem estabelecer ou fortalecer programas práticos de treinamento para
graduados de escolas de artes e ofícios, escolas secundárias e universidades, em todos os
países, a fim de prepará-los para as necessidades do mercado de trabalho e para ganhar a vida.
Devem-se instituir programas de treinamento e retreinamento para enfrentar os ajustes
estruturais que têm impacto sobre o emprego e as qualificações profissionais.
36.26. O sistema das Nações Unidas deve ampliar, quando apropriado, seus programas de
treinamento, especialmente suas atividades de treinamento ambiental e de apoio a organizações
de patrões e trabalhadores.
Meios de implementação
Notas
2/Relatório Final da Conferência Mundial sobre Ensino para Todos: Satisfação das necessidades
básicas de aprendizagem, Jomtien, Tailândia, 5 a 9 de março de 1990, (Nova York, Comissão
Interinstitucional (PNUD, UNESCO, UNICEF, Banco Mundial) para a Conferência Mundial sobre
Ensino para Todos, Nova York, 1990).
CAPÍTULO 37
ÁREA DE PROGRAMA
Objetivos
(e) Melhoria da capacidade e potencial institucionais, tanto público como privado, para avaliar o
impacto ambiental de todos os projetos de desenvolvimento.
(a) Cada país deve procurar terminar, tão rápido quanto possível e preferivelmente até 1994,
uma revisão de suas necessidades de aumento de capacidade e fortalecimento institucional para
elaborar estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável, inclusive aquelas necessárias a
preparação e implementação de seu próprio programa de ação relacionado à Agenda 21;
(b) Até 1997, o Secretariado Geral deve apresentar à Assembléia Geral um relatório sobre a
melhoria de políticas, sistemas de coordenação e procedimentos para fortalecer a
implementação dos programas de cooperação técnica para o desenvolvimento sustentável e as
medidas adicionais necessárias para reforçar essa cooperação. Esse relatório deve ser
elaborado com base nas informações providas pelos países, organizações internacionais,
instituições de meio ambiente e desenvolvimento, instituições doadoras e parceiros não-
governamentais.
Atividades
37.5. Como aspecto importante do planejamento geral, cada país deve buscar um consenso
interno em todos os níveis da sociedade sobre as políticas e programas necessários para
aumentar a curto prazo e a longo prazo a sua capacidade de implementar a parte que lhe
corresponda da Agenda 21. Esse consenso deve ser fruto de um diálogo participativo entre os
grupos de interesse pertinentes e deve permitir que se determinem as necessidades de
conhecimentos especializados, as capacidades e os potenciais institucionais, as necessidades
tecnológicas, científicas e de recursos às quais é preciso atender para melhorar os
conhecimentos e a administração ambientais para integrar meio ambiente e desenvolvimento. O
PNUD, em colaboração com os organismos especializados pertinentes e outras organizações
internacionais intergovernamentais e não-governamentais, pode ajudar, a pedido dos Governos,
na identificação das necessidades de cooperação técnica, inclusive as relacionadas com a
transferência de tecnologia e assistência no que diz respeito a conhecimentos técnicos-
científicos e desenvolvimento tendo em vista a implementação da Agenda 21. O processo de
planejamento nacional, combinado, onde apropriado, com as estratégias ou planos de ação
nacionais para o desenvolvimento sustentável, deve proporcionar o quadro dessa cooperação e
assistência. O PNUD deve utilizar e melhorar sua rede de escritórios exteriores e seu amplo
mandato para prestar assistência, baseando-se em sua experiência no campo da cooperação
técnica, para facilitar o fortalecimento institucional nos planos nacional e regional, recorrendo
plenamente ao conhecimento de outros órgãos, em particular do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente, o Banco Mundial, comissões regionais e bancos de desenvolvimento,
assim como as organizações internacionais pertinentes, tanto intergovernamentais quanto não-
governamentais.
(b) Identificação das fontes nacionais e formulação de pedidos de cooperação técnica, inclusive
os relativos à transferência de tecnologia e conehcimentos técnicos-científicos, no quadro das
estratégias setoriais
37.6. Os países que desejam acordos de cooperação técnica, inclusive a relacionada com a
transferência de tecnologia e conhecimentos técnicos-científicos, com organizações
internacionais e instituições doadoras devem formular requerimentos no quadro de estratégias
de longo prazo de capacitação de determinados setores ou sub-setores. Nas estratégias devem
ser considerados, conforme apropriado, os ajustes nas políticas que serão implementados, as
questões orçamentárias, a cooperação e coordenação entre as instituições e as necessidades
de recursos humanos, tecnologia e equipamento científico. Devem-se ter presentes as
necessidades dos setores público e privado e deve-se considerar fortalecer os programas de
treinamento, ensino e pesquisa científicas, inclusive o treinamento em países desenvolvidos e o
fortalecimento de centros de excelência nos países em desenvolvimento. Os países podem
designar e fortalecer uma unidade central para organizar e coordenar a cooperação técnica,
vinculando-a ao processo de fixação de prioridades e alocação de recursos.
(a) Avaliação da capacidade e potencial existentes para o manejo integrado de meio ambiente e
desenvolvimento, compreendendo a capacidade e o potencial técnicos, tecnológicos e
institucionais, assim como os meios para avaliar o impacto ambiental dos projetos de
desenvolvimento; e a avaliação da capacidade de atender as necessidades de cooperação
técnica, inclusive a relacionada com a transferência de tecnologia e de conhecimentos técnicos
científicos,da Agenda 21 e das convenções globais sobre mudança do clima e diversidade
biológica e de atuar em consonância com essas necessidades;
(c) Uma estratégia para empreender uma mudança dirigida ao melhoramento da capacidade e
do potencial em que se reconheça a necessidade de uma integração operacional de meio
ambiente e desenvolvimento com compromissos de longo prazo, baseados no conjunto de
programas nacionais estabelecidos por cada país por meio de processo participativo;
(d) Intensificação da contribuição técnica e coletiva do sistema das Nações Unidas para as
iniciativas de fortalecimento institucional e aumento do potencial
Meios de implementação
CAPÍTULO 38
38.3. O sistema das Nações Unidas, com sua capacidade multissetorial e a ampla experiência
de uma série de organismos especializados em diversos campos de cooperação internacional
no âmbito de meio ambiente e desenvolvimento, está em uma posição ímpar para ajudar os
governos a estabelecerem padrões mais eficazes de desenvolvimento econômico e social, tendo
em vista alcançar os objetivos da Agenda 21 e o desenvolvimento sustentável.
38.4. Todos os organismos das Nações Unidas têm um papel chave a desempenhar na
implementação da Agenda 21 dentro de seus respectivos campos de competência. Para
assegurar a devida coordenação e evitar a duplicação de esforços na implementação da Agenda
21, deve haver uma divisão de trabalho eficaz entre os diversos componentes do sistema das
Nações Unidas, baseada em seus mandatos e em sua vantagens comparativas. Os Estados
Membros, através de seus ãrgãos pertinentes, estão em condições de garantir que essas tarefas
sejam realizadas adequadamente. Para facilitar a avaliação da atuação dos organismos e
promover o conhecimento de suas atividades, deve-se exigir de todos os ãrgãos do sistema das
Nações Unidas que elaborem e publiquem periodicamente relatãrios de suas atividades
relacionadas com a implementação da Agenda 21. Também será necessário fazer exames
conscienciosos e contínuos de suas políticas, programas, orçamentos e atividades.
38.6. A estrutura institucional proposta abaixo estará baseada em acordo sobre recursos e
mecanismos financeiros, transferência de tecnologia, a Declaração do Rio e a Agenda 21. Além
disso, deverá haver um vínculo efetivo entre as medidas substantivas e o apoio financeiro, o que
exigirá uma cooperação estreita e eficaz e o intercâmbio de informações entre o sistema das
Nações Unidas e as instituições financeiras multilaterais para o acompanhamento da
implementação da Agenda 21 dentro do arranjo institucional.
Objetivos
38.7. O objetivo geral é a integração das questões de meio ambiente e desenvolvimento nos
planos nacional, sub-regional, regional e internacional, inclusive nos arranjos institucionais do
sistema das Nações Unidas.
(b) Realçar o papel e funcionamento do sistema das Nações Unidas no campo do meio ambiente
e desenvolvimento. Todos os organismos, organizações e programas pertinentes do sistema das
Nações Unidas devem adotar programas concretos para a implementação da Agenda 21 e, em
suas respectivas áreas de competência, proporcionar orientação para as atividades das Nações
Unidas ou assessoramento aos governos, quando solicitado;
(d) Incentivar a interação e a cooperação entre o sistema das Nações Unidas e outras instituições
intergovernamentais e não-governamentais de âmbito sub-regional, regional e mundial no campo
de meio ambiente e desenvolvimento;
(i) Assegurar que os novos arranjos institucionais apãiem a revitalização, a clara divisão de
responsabilidades e a evitação da duplicação de esforços no sistema das Nações Unidas e
dependam, o máximo possível, de recursos já existentes.
ESTRUTURA INSTITUCIONAL
A. Assembléia Geral
38.9. A Assembléia Geral, por ser o mecanismo intergovernamental de mais alto nível, é o
principal ãrgão de formulação de políticas e de avaliação em questões relativas ao
acompanhamento das atividades geradas pela Conferência. A Assembléia organizará exames
periãdicos da implementação da Agenda 21. No cumprimento dessa tarefa, a Assembléia pode
apreciar a escolha do momento, a estrutura e os aspectos de organização de tais exames. Em
particular, a Assembléia poderá estudar a possibilidade de convocar um período extraordinário
de sessões, o mais tardar em 1997, com o objetivo de fazer um exame e avaliação geral da
Agenda 21, com preparação adequada em alto nível.
38.10. O Conselho Econômico e Social, no contexto da função que lhe é atribuída pela Carta em
relação à Assembléia Geral e à atual reestruturação e revitalização das Nações Unidas nos
campos econômico, social e conexos, será encarregado de apoiar a Assembléia Geral através
da supervisão da coordenação, em todo o sistema, da implementação da Agenda 21 e da
formulação de recomendações nesse sentido. Além disso, o Conselho dirigirá a coordenação e
integração, em todo o sistema, dos aspectos das políticas e dos programas das Nações Unidas
relacionados com meio ambiente e desenvolvimento e formulará recomendações apropriadas
para a Assembléia Geral, organismos especializados interessados e Estados Membros. Devem
ser tomadas as medidas necessárias para receber relatãrios periãdicos dos organismos
especializados sobre seus planos e programas relativos à implementação da Agenda 21,
conforme o disposto no Artigo 64 da Carta das Nações Unidas. O Conselho Econômico e Social
deve organizar exames periãdicos do trabalho da Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável,
prevista no parágrafo 38.11., assim como das atividades realizadas em todo o sistema para
integrar meio ambiente e desenvolvimento, fazendo pleno uso de seus segmentos de alto nível
e coordenação.
38.11. Para assegurar o acompanhamento efetivo das atividades geradas pela Conferência,
assim como para intensificar a cooperação internacional e racionalizar a capacidade
intergovernamental de tomada de decisões encaminhadas para a integração das questões de
meio ambiente e desenvolvimento, e para examinar o progresso da implementação da Agenda
21 nos planos nacional, regional e internacional, deve ser estabelecida uma Comissão sobre
Desenvolvimento Sustentável de alto nível, em conformidade com o Artigo 68 da Carta das
Nações Unidas. A Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável prestará contas ao Conselho
Econômico e Social no contexto da função que é atribuída ao Conselho pela Carta em relação à
Assembléia Geral. A Comissão estará integrada por representantes dos Estados eleitos como
membros, levando em consideração a distribuição geográfica eqüitativa. Os representantes dos
Estados não-membros da Comissão terão o estatuto de observadores. A Comissão permitirá a
participação ativa dos ãrgãos, programas e organizações do sistema das Nações Unidas,
instituições financeiras internacionais e outras organizações intergovernamentais pertinentes e
incentivará a participação das organizações não-governamentais, inclusive da indústria e das
comunidades empresarial e científica. A primeira reunião da Comissão deverá ser convocada o
mais tardar em 1993. A Comissão deverá receber o apoio do secretariado previsto no parágrafo
38.19. Entretanto, pede-se ao Secretário Geral das Nações Unidas que assegure, em caráter
provisãrio, os arranjos administrativos adequados.
38.12. A Assembléia Geral, em sua 47ª sessão, deverá determinar as modalidades específicas
de organização do trabalho dessa Comissão, tais como sua composição, sua relação com os
demais ãrgãos intergovernamentais das Nações Unidas que se ocupam de questões
relacionadas com meio ambiente e desenvolvimento, e a freqüência, duração e foro de suas
reuniões. Essas modalidades devem levar em consideração o processo atual de revitalização e
reestruturação do trabalho das Nações Unidas no campo econômico, social e conexos,
particularmente as medidas recomendadas pela Assembléia Geral nas resoluções 45/264, de 13
de maio de 1991, e 46/235, de 13 de abril de 1992, e em outras resoluções pertinentes da
Assembléia. A esse respeito pede-se ao Secretario Geral das Nações Unidas que, com a
assistência do Secretário Geral da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, prepare um relatãrio com recomendações e propostas apropriadas para
apresentação à Assembléia.
(b) Apreciar as informações oferecidas pelos governos, inclusive, por exemplo, sob forma de
comunicações periãdicas ou relatãrios nacionais sobre as atividades para implementar a Agenda
21, os problemas enfrentados, tais como os relacionados com recursos financeiros e
transferência de tecnologia e outras questões relativas a meio ambiente e desenvolvimento
consideradas pertinentes;
(e) Incentivar o diálogo, no âmbito das Nações Unidas, com as organizações não-
governamentais e o setor independente, assim como com outras entidades alheias ao sistema
das Nações Unidas;
(h) Apreciar, em momento apropriado, os resultados do exame que deverá fazer sem demora o
Secretário Geral das Nações Unidas de todas as recomendações da Conferência sobre
programas de capacitação, redes de informação, forças-tarefas e outros mecanismos destinados
a apoiar a integração de meio ambiente e desenvolvimento nos planos regional e sub-regional.
D. O Secretário Geral
38.15. É imprescindível que o Secretário Geral exerça uma direção firme e eficaz, já que será o
coordenador dos arranjos institucionais do sistema das Nações Unidas para levar adiante de
maneira satisfatãria as atividades decorrentes da Conferência e para implementar a Agenda 21.
38.17. Esta tarefa deve ser atribuída ao Comitê Administrativo de Coordenação (CAC), presidido
pelo Secretário Geral. Desse modo, o CAC proporcionará um vínculo e interface fundamental
entre as instituições financeiras multilaterais e outros ãrgãos das Nações Unidas no mais alto
nível administrativo. O Secretário Geral deve continuar revitalizando o funcionamento do Comitê.
Espera-se que todos os chefes de organismos e instituições do sistema das Nações Unidas
cooperem plenamente com o Secretário Geral para que o CAC possa cumprir eficazmente sua
atribuição fundamental e alcançar a implementação satisfatãria da Agenda 21. O CAC deve
considerar a possibilidade de estabelecer uma força-tarefa, sub-comitê ou junta de
desenvolvimento sustentável especial, levando em consideração a experiência dos Funcionários
Designados para Assuntos Ambientais (FDAA) e do Comitê sobre Meio Ambiente das
Instituições Internacionais para o Desenvolvimento (CMAIID), assim como as funções
respectivas do PNUMA e do PNUD. Seu relatãrio deve ser submetido aos ãrgãos
intergovernamentais pertinentes.
(c) Desenvolvimento e promoção do uso de técnicas tais como a contabilidade dos recursos
naturais e a economia ambiental;
(d) Monitoramento e avaliação do meio ambiente, tanto através de uma maior participação dos
organismos do sistema das Nações Unidas no Programa de Monitoramento Mundial
(EARTHWATCH), como através da ampliação de relações com institutos de pesquisa científica
privados e não-governamentais; fortalecimento e colocação em funcionamento de seu sistema
de pronto alerta;
(e) Coordenação e incentivo das pesquisas científicas pertinentes a fim de estabelecer uma base
consolidada para a tomada de decisões;
(f) Difusão de informação e dados sobre o meio ambiente aos governos e ãrgãos, programas e
organizações do sistema das Nações Unidas;
(g) Uma maior conscientização e ação geral no campo da proteção ambiental através de
colaboração com o público em geral, entidades não-governamentais e instituições
intergovernamentais;
(i) Maior desenvolvimento e promoção do uso mais amplo possível das avaliações de impacto
ambiental, inclusive de atividades com os auspícios dos organismos especializados do sistema
das Nações Unidas, e em relação com todo projeto ou atividade importante de desenvolvimento
econômico;
(l) Oferecer assessoramento técnico, jurídico e institucional aos governos, quando solicitado,
para o estabelecimento e fortalecimento de suas estruturas jurídicos e institucionais nacionais,
em particular em cooperação com os esforços de capacitação institucional e técnica do PNUD;
(m) Apoio aos governos, quando solicitado, e aos organismos e ãrgãos de desenvolvimento para
a incorporação dos aspectos ambientais em suas políticas e programas de desenvolvimento, em
particular, através da oferta de assessoramento ambiental, técnico e político durante a
formulação e implementação de programas;
38.23. Para que possa desempenhar todas essas funções e manter ao mesmo tempo seu papel
de principal ãrgão do sistema das Nações Unidas no campo do meio ambiente e levando em
consideração os aspectos de desenvolvimento das questões ambientais, o PNUMA deve ter
acesso a mais conhecimentos especializados e dispor de recursos financeiros suficientes e deve
manter uma colaboração e cooperação mais estritas com os ãrgãos dedicados a atividades de
desenvolvimento e com outros ãrgãos pertinentes do sistema das Nações Unidas. Além disso,
devem-se fortalecer os escritãrios regionais do PNUMA sem debilitar a sede de Nairãbi e o
PNUMA também deve tomar medidas para fortalecer seus vínculos e intensificar sua interação
com o PNUD e o Banco Mundial.
38.24. O PNUD, como o PNUMA, também deve desempenhar uma função decisiva no
acompanhamento das atividades decorrentes da Conferência. Através de sua rede de escritãrios
exteriores, promoverá o impulso coletivo do sistema das Nações Unidas em apoio da
implementação da Agenda 21 nos planos nacional, regional, inter-regional e mundial,
aproveitando os conhecimentos dos organismos especializados e de outras organizações e
ãrgãos das Nações Unidas dedicados a atividades operacionais. É preciso fortalecer o papel de
representante residente/coordenador residente do PNUD a fim de coordenar as atividades de
campo das atividades operacionais das Nações Unidas.
(a) Ser a agência central na organização dos esforços do sistema das Nações Unidas para criar
capacitação institucional e técnica nos planos local, nacional e regional;
(b) Mobilizar, em nome dos governos, os recursos de doadores para a capacitação institucional
e técnica nos países receptores e, quando apropriado, através dos mecanismos de mesas
redondas do PNUD;
38.26. A UNCTAD deve desempenhar um papel importante na implementação da Agenda 21, tal
como foi ampliado em sua oitava sessão, levando em consideração a importância da inter-
relação entre desenvolvimento, comércio internacional e meio ambiente e em conformidade com
seu mandato no campo do desenvolvimento sustentável.
4. Escritãrio das Nações Unidas para a Região Sudano-Saheliana
38.27. O papel do Escritãrio das Nações Unidas para a Região Sudano-saheliana (ENURS), com
os recursos adicionais que possam ser colocados à sua disposição, operando sob a égide do
PNUD e com o apoio do PNUMA, deve ser fortalecido para que esse ãrgão possa assumir uma
função consultiva importante e apropriada e participar efetivamente na implementação das
disposições da Agenda 21 relativas ao combate à seca e à desertificação e ao gerenciamento
dos recursos terrestres. Nesse contexto, a experiência adquirida poderia ser aproveitada por
todos os outros países afetados pela seca e desertificação, em particular os da Âfrica, com
especial atenção aos países mais afetados ou classificados como países menos adiantados.
38.29. A cooperação regional e sub-regional será uma parte importante dos resultados da
Conferência. As comissões regionais, os bancos regionais de desenvolvimento e as
organizações regionais de cooperação econômica e técnica, com os mandatos que lhe foram
confiados, poderão contribuir para esse processo através de:
(b) Promoção da integração das preocupações ambientais nas políticas regionais e sub-regionais
de desenvolvimento;
38.31. Deve haver cooperação e colaboração ativa entre as comissões regionais e outras
organizações pertinentes, os bancos de desenvolvimento regionais, organizações não-
governamentais e outras instituições no plano regional. O PNUMA e o PNUD, juntamente com
as comissões regionais, terão um papel essencial a desempenhar, particularmente na oferta de
assistência necessária, com ênfase especial na criação ou aumento da capacidade nacional dos
Estados Membros.
38.32. Há necessidade de uma cooperação mais estreita entre o PNUMA e o PNUD, juntamente
com outras instituições pertinentes, na implementação de projetos para conter a degradação do
meio ambiente ou seus efeitos e para apoiar programas de treinamento em planejamento e
gerenciamento ambiental para o desenvolvimento sustentável no plano regional.
38.33. As organizações intergovernamentais regionais com fins técnicos e econômicos têm uma
importante função a desempenhar na ajuda aos governos para que tomem medidas coordenadas
com o fim de resolver questões ambientais de importância regional.
J. Implementação nacional
38.37. O sistema das Nações Unidas deve apoiar, quando solicitado, as atividades e decisões
políticas no plano nacional talhadas para sustentar e implementar a Agenda 21.
38.38. Além disso, os Estados podem considerar a possibilidade de preparar relatãrios nacionais.
Nesse contexto, os ãrgãos do sistema das Nações Unidas devem, quando solicitado, ajudar os
países, particularmente os países em desenvolvimento. Os países podem também examinar a
possibilidade de preparar planos nacionais de ação para a implementação da Agenda 21.
30.40. Os Estados podem querer considerar a possibilidade de criar uma estrutura nacional
encarregada de coordenar o acompanhamento da implementação da Agenda 21. Essa estrutura,
que se beneficiará dos conhecimentos especializados das organizações não-governamentais,
poderá apresentar às Nações Unidas informações e outros materiais pertinentes.
L. Organizações não-governamentais
(a) Estabelecer meios acessíveis e eficazes para alcançar a participação das organizações não-
governamentais, inclusive das relacionadas com grupos importantes, no processo estabelecido
para examinar e avaliar a implementação da Agenda 21 em todos os planos e promover a
contribuição delas nesse processo;
(b) Levar em consideração as conclusões dos sistemas de exame e dos processos de avaliação
das organizações não-governamentais nos relatãrios pertinentes do Secretário Geral para a
Assembléia Geral e de todos os organismos das Nações Unidas e organizações e foros
intergovernamentais pertinentes relativos à implementação da Agenda 21, em conformidade com
seu processo de exame.
CAPÍTULO 39
(d) Os países em desenvolvimento também devem receber assistência técnica em seus esforços
para melhorar sua capacidade legislativa nacional no campo do direito ambiental;
Objetivos
39.2. O objetivo geral do revisão e desenvolvimento do direito ambiental internacional deve ser
avaliar e promover a eficácia desse direito e promover a integração das políticas sobre meio
ambiente e desenvolvimento por meio de acordos ou instrumentos internacionais eficazes em
que se considerem tanto os princípios universais quanto as necessidades e interesses
particulares e diferenciados de todos os países.
(a) Identificar e abordar as dificuldades que impedem alguns Estados, em particular os países
em desenvolvimento, de participarem dos acordos ou instrumentos internacionais ou
implementá-los devidamente e, quando apropriado, examiná-los ou revisá-los com o propósito
de integrar as preocupações sobre meio ambiente e desenvolvimento e assentar bases sólidas
para a implementação desses acordos ou instrumentos;
(b) Estabelecer prioridades para a futura elaboração internacional de leis sobre desenvolvimento
sustentável nos planos global, regional ou sub-regional, tendo em vista o aumento da eficácia do
Direito Internacional nesse campo por meio, em particular, da integração de preocupações sobre
meio ambiente e desenvolvimento;
(c) Promover e apoiar a participação efetiva de todos os países interessados, em particular dos
países em desenvolvimento, na negociação, implementação, revisão e administração dos
acordos ou instrumentos internacionais, compreendendo o provimento adequado de assistência
técnica e financeira e de outros mecanismos disponíveis para esses fins, bem como o uso de
obrigações diferenciais, quando apropriado;
(e) Assegurar a implementação afetiva, plena e rápida dos instrumentos com força legal e facilitar
o revisão e o ajuste oportunos dos acordos ou instrumentos pelas partes interessadas, levando
em consideração as necessidades e interesses especiais de todos os países, em particular dos
países em desenvolvimento;
(g) Identificar e evitar conflitos reais ou potenciais, em particular entre acordos ou instrumentos
ambientais e sociais/econômicos, tendo em vista assegurar que esses acordos ou instrumentos
sejam compatíveis. Quando surgirem, os conflitos devem ser resolvidos de maneira apropriada;
Atividades
39.4. As atividades e os meios de implementação devem ser considerados à luz das bases para
a ação e dos objetivos acima expostos, sem prejuizo do direito de todos os Estados de apresentar
sugestões a respeito na Assembléia Geral. Essas sugestões podem ser reproduzidas em uma
compilação em separado sobre o desenvolvimento sustentável.
39.6. Deve-se considerar a possibilidade de tomar medidas de acordo com o Direito Internacional
para enfrentar, em épocas de conflito armado, a destruição em grande escala do meio ambiente
que não possa se justificada sob o Direito Internacional. A Assembléia Geral e a Sexta Comissão
são os foros apropriados para tratar essa matéria. A competência e o papel específicos do
Comitê Internacional da Cruz Vermelha devem ser considerados.
B. Mecanismos de implementação
(b) Apreciar meios apropriados pelos quais os órgãos internacionais pertinentes, tais como o
PNUMA, possam contribuir para o desenvolvimento posterior desses mecanismos.
39.9. Em todas essas atividades e em outras que possam ser empreendidas no futuro,
fundamentadas nas bases para a ação e nos objetivos acima expostos, deve-se assegurar a
participação efetiva de todos os países, em particular dos países em desenvolvimento, por meio
da prestação de assistência técnica e/ou assistência financeira adequadas. Deve-se dar aos
países em desenvolvimento um apoio inicial, não somente em seus esforços nacionais para
implementar os acordos ou instrumentos internacionais, mas também para que participem
efetivamente na negociação de acordos ou instrumentos novos ou revisados e na operação
internacional efetiva destes acordos ou instrumentos. O apoio deve incluir a assistência para
aumentar os conhecimentos especializados em Direito Internacional, particularmente em relação
ao desenvolvimento sustentável, e a garantia de acesso à informação de referência e aos
conhecimentos científicos e técnicos necessários.
CAPÍTULO 40
INTRODUÇÃO
ÁREAS DE PROGRAMAS
40.2. Embora haja uma quantidade considerável de dados, como se assinala em diversos
capítulos do Agenda 21, é preciso reunir mais e diferentes tipos de dados, nos planos local,
provincial, nacional e internacional, que indiquem os estados e tendências das variáveis sócio-
econômicas, de poluição, de recursos naturais e do ecossistema do planeta. Vêm aumentando
a diferença em termos de disponibilidade, qualidade, coerência, padronização e acessibilidade
dos dados entre o mundo desenvolvido e o em desenvolvimento, prejudicando seriamente a
capacidade dos países de tomar decisões informadas no que concerne a meio ambiente e
desenvolvimento.
40.4. Os indicadores comumente utilizados, como o produto nacional bruto (PNB) e as medições
dos fluxos individuais de poluição ou de recursos, não dão indicações adequadas de
sustentabilidade. Os métodos de avaliação das interações entre diferentes parâmetros setoriais
ambientais, demográficos, sociais e de desenvolvimento não estão suficientemente
desenvolvidos ou aplicados. É preciso desenvolver indicadores do desenvolvimento sustentável
que sirvam de base sólida para a tomada de decisões em todos os níveis e que contribuam para
uma sustentabilidade auto-regulada dos sistemas integrados de meio ambiente e
desenvolvimento.
Objetivos
(a) Conseguir uma coleta e avaliação de dados mais pertinente e eficaz em relação aos custos
por meio de melhor identificação dos usuários, tanto no setor público quanto no privado, e de
suas necessidades de informação nos planos local, nacional, regional e insternacional;
(d) Tornar a informação pertinente acessível na forma e no momento em que for requerido para
facilitar o seu uso.
Atividades
(a) Desenvolvimento de indicadores do desenvolvimento sustentável
Meios de implementação
40.13. Nos planos nacional e internacional, é deficiente a capacidade institucional para integrar
meio ambiente e desenvolvimento e desenvolver indicadores pertinentes. Devem ser fortalecidos
consideravelmente os programas e as instituições existentes, tais como o Sistema Global de
Monitoramento do Meio Ambiente (SCMMA) e o Banco de Dados de Informações sobre
Recursos Globais (GRID), dentro do PNUMA, e diferentes entidades dentro do sistema geral de
Observação da Terra (Earthwatch). O Observação da Terra tem sido elemento essencial para
dados relacionados com meio ambiente. Embora haja programas relacionados com dados sobre
desenvolvimento em diversas agências, a coordenação entre eles é insuficiente. As atividades
relacionadas com os dados sobre desenvolvimento das agências e instituições do sistema das
Nações Unidas devem ser coordenadas de maneira mais eficaz, talvez por meio de um
mecanismo equivalente e complementar de "Observação do Desenvolvimento", com o qual
oEarthwatch deve ser coordenado mediante um escritório apropriado nas Nações Unidas para
assegurar a plena integração de preocupações com meio ambiente e desenvolvimento.
40.14. Em relação à transferência de tecnologia, com a rápida evolução das tecnologias de coleta
de dados e informação, é necessário desenvolver diretrizes e mecanismos para a transferência
rápida e contínua dessas tecnologias, em particular aos países em desenvolvimento, em
conformidade com o capítulo 34 (Transferência de Tecnologia Ambientalmente Saudável,
Cooperação e Fortelecimento Institucional), e para o treinamento de pessoal em sua utilização.
40.17. Já existe uma riqueza de dados e informações que pode ser utilizada para o
gerenciamento do desenvolvimento sustentável. Encontrar a informação adequada no momento
preciso e na escala pertinente de agregação é uma tarefa difícil.
Objetivos
Atividades
40.23. Os Governos devem considerar apoiar as organizações governamentais assim como não-
governamentais em seus esforços para desenvolver mecanismos para o intercâmbio eficiente e
harmônico de informação nos planos local, provincial, nacional e internacional, compreendendo
revisão e estabelecimento de dados, formatos de acesso e difusão e interrelações de
comunicação.
Meios de implementação