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NOTAS DE AULA:
ANÁLISE REAL
CAMPO MOURÃO
2013
Capı́tulo 1
Conjuntos e Funções
Neste capı́tulo vamos fazer uma breve revisão de alguns conceitos referentes a
conjuntos e funções que serão usados com frequência no decorrer dos capı́tulos seguintes.
1.1 Conjuntos
A palavra conjunto é usada para designar uma coleção qualquer de objetos,
os quais são denominados elementos do conjunto. Quando um objeto x é um dos
elementos que constitui o conjunto A, dizemos que x pertence a A e escrevemos x ∈ A.
Para denotar que x não pertence a A escrevemos x ∈ / A.
Usamos a notação X = {a, b, c, . . .} para representar o conjunto X cujos ele-
mentos são a, b, c, etc. Quando os elementos de X são números, dizemos que X é um
conjunto numérico. Por exemplo:
X = {x ∈ N | x > 10}
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conjunto dos quadrados e Y o conjunto dos retângulos, então vale a seguinte inclusão:
X ⊂Y.
Quando escrevemos X ⊂ Y não excluı́mos a possibilidade de ser X = Y . No
caso em que X ⊂ Y e X 6= Y , dizemos que X é um subconjunto próprio de Y e
podemos representar esse fato pela notação X Y .
Para mostrar que X não é subconjunto de Y , deve-se obter x ∈ X tal que
x∈/ Y . Assim, concluı́mos que o conjunto vazio ∅ é subconjunto de qualquer conjunto
X. De fato, se ∅ não fosse subconjunto de X, existiria algum x ∈ ∅ tal que x ∈ / X.
Mas, como não existe x ∈ ∅, devemos admitir que ∅ ⊂ X, para qualquer conjunto X.
A relação de inclusão A ⊂ B é
Anti-simétrica: se A ⊂ B e B ⊂ A, então A = B;
Transitiva: se A ⊂ B e B ⊂ C, então A ⊂ C.
2. Interseção: A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}.
Quando A ∩ B = ∅, dizemos que os conjuntos A e B são disjuntos.
3. Diferença: A − B = A \ B = {x | x ∈ A e x ∈ / B}.
Não é necessário que B esteja contido em A para formar a diferença A − B.
Quando A e B são disjuntos, tem-se A − B = A. Quando se tem B ⊂ A,
a diferença A − B chama-se complementar de B em relação a A e escreve-se
A − B = {A B. No entanto, quando consideramos subconjuntos de um mesmo
conjunto X, a diferença X − A chama-se simplesmente complementar de A e
indica-se por X − A = Ac .
\
∞
6. Interseção infinita: An = {x | x ∈ An para todo n ∈ N}.
n=1
3
1.1.2 Exercı́cios
1. Mostre que A ∪ B = B ∪ A.
2. Prove que A ∩ (B ∩ C) = (A ∩ B) ∩ C.
1ª) X ⊃ A e X ⊃ B,
2ª) Se Y ⊃ A e Y ⊃ B, então Y ⊃ X.
Prove que X = A ∪ B.
5. Prove que B − A = B ∩ Ac .
1.2 Funções
Uma função f : A → B é uma regra que associa cada elemento x ∈ A a
um único elemento f (x) ∈ B. O conjunto A é chamado domı́nio da função e B é
denominado contradomı́nio. Podemos dizer apenas “função f ” em vez de f : A → B,
ficando subentendidos o conjunto A, domı́nio de f , e o conjunto B, contradomı́nio de
f . É importante notar a diferença entre f e f (x): f é a função enquanto que f (x)
é o valor que a função assume em um elemento x de seu domı́nio. Funções reais de
variáveis reais são funções cujo domı́nio e contradomı́nio são subconjuntos dos números
reais.
Dada uma função f : A → B, o conjunto dos elementos y ∈ B para os quais
existe pelo menos um x ∈ A tal que f (x) = y é chamado imagem de A pela função f
e designado por f (A). Assim, f (A) = {f (x) | x ∈ A}.
Exemplo 1.1 Seja f : R → R+ a função definida por f (x) = x2 , isto é, a função
que associa a cada real x o seu quadrado x2 . Temos que f (R) = R+ (aqui estamos
usando o fato, que ainda será provado, de que todo número real positivo possui uma
raiz quadrada) .
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Definição 1.2 Dizemos que a função f : A → B é
(i) injetiva quando para quaisquer x e y em A tais que x 6= y, tem-se f (x) 6= f (y)
ou, equivalentemente, quando para quaisquer x e y em A, f (x) = f (y) implica
x = y.
(ii) sobrejetiva quando para todo y ∈ B existe pelo menos um x ∈ A tal que f (x) = y,
isto é, quando f (A) = B.
Exemplo 1.5 Seja f : Z → Z a função dada por f (x) = x2 . Para Y = {−3, −2, −1}
tem-se f −1 (Y ) = ∅. Temos ainda que f −1 (4) = {−2, 2}.
Definição 1.8 Seja f : A → B uma função bijetiva. Então, para cada x ∈ B existe
um único y ∈ A tal que f (y) = x. Isso nos permite considerar uma função g : B → A
dada por g(x) = y ⇔ f (y) = x. A função g denomina-se função inversa de f e,
geralmente, é denotada por f −1 . Quando f admite inversa, dizemos que f é inversı́vel.
5
√
Exemplo 1.11 Seja f : [−1, 0] → [0, 1] a função dada por f (x) = 1 − x2 . Temos
que f é bijetiva e, portanto, inversı́vel. Sua inversa é a função f −1 : [0, 1] → [−1, 0]
√
dada por f −1 (x) = − 1 − x2 .
1.2.1 Exercı́cios
1. Sejam a função f : A → B e os subconjuntos X e Y de A.
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Capı́tulo 2
1. s : N → N é injetiva.
Exemplo 2.1 Mostre por indução que para todo n ∈ N tem-se s(n) 6= n.
(i) m + 1 = s(m);
7
(ii) m + s(n) = s(m + n), isto é, m + (n + 1) = (m + n) + 1;
(iii) m · 1 = m;
(iv) m(n + 1) = m · n + m.
Associatividade: (m + n) + p = m + (n + p), m · (n · p) = (m · n) · p;
Distributividade: m · (n + p) = m · n + m · p;
Comutatividade: m + n = n + m, m · n = n · m;
Lei do corte: n + m = p + m ⇒ n = p e n · m = p · m ⇒ n = p.
m<n
(ii) Tricotomia: dados m, n ∈ N, uma e somente uma das três alternativas é válida.
m = n ou m < n ou n < m.
(iii) Monotonicidade da adição: se m < n então, para todo p ∈ N tem-se m+p < n+p.
Exercı́cio 2.3 Mostre que para qualquer n ∈ N, não existe p ∈ N tal que
n < p < n + 1.
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O teorema a seguir estabelece que todo subconjunto não vazio dos naturais
possui um elemento mı́nimo. Já o elemento máximo nem sempre existe. O próprio N
não possui um maior elemento, uma vez que, para todo n ∈ N, n + 1 > n. No entanto,
quando o maior elemento de um conjunto X ⊂ N existe, ele é único. De fato, se p ∈ X
e q ∈ X são ambos elementos máximos, então p ≥ q e q ≥ p, logo, p = q.
Resolução: Seja n ∈ N e suponha que todo número natural menor que n possa ser
decomposto como produto de fatores primos. Assim, ou n é primo, sendo de modo
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trivial produto de fatores primos, ou então n = m · k, com m < n e k < n. Nesse
segundo caso, segue da hipótese de indução que m e k são produtos de fatores primos
e, portanto, n também o é. Assim, pelo Segundo Princı́pio da Indução, concluı́mos
que todo número natural é produto de números primos. Vamos mostrar agora que tal
decomposição é unica. Considere n ∈ N e suponha que a decomposição em fatores
primos de todo número natural menor que n seja única, exceto pela ordem dos fatores.
Se n for primo, não há o que provar. Caso contrário, como n se decompõe como produto
de fatores primos, podemos escrever n = pq, em que p é primo. Como q < n, temos pela
hipótese de indução que q admite uma única decomposição em fatores primos e, assim,
a decomposição de pq também é única. Mas como n = pq, segue que a decomposição de
n é única. Portanto, pelo Segundo Princı́pio da Indução, concluı́mos que todo número
natural se decompõe de modo único como produto de fatores primos.
Definição 2.8 Um conjunto X é finito quando é vazio ou quando existe, para algum
n ∈ N, uma bijeção f : In → X.
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com g(n0 ) = n0 . Neste caso, a restrição de g a A − {n0 } é uma bijeção do subconjunto
próprio A − {n0 } sobre In0 −1 , o que contraria a minimalidade de n0 . Se, ao contrário,
tivermos n0 ∈/ A então tomamos a ∈ A com f (a) = n0 e a restrição de f ao subconjunto
próprio A − {a} ⊂ In0 −1 será uma bijeção sobre In0 −1 , o que novamente vai contrariar
a minimalidade de n0 .
11
b) Se X e Y são finitos, então X ∪ Y é finito e
X = (X − Y ) ∪ (X ∩ Y ) (2.1)
e
X ∪ Y = (X − Y ) ∪ Y. (2.2)
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Teorema 2.20 Se X é um conjunto infinito, então existe uma aplicação injetiva
f : N → X.
Corolário 2.21 Um conjunto X é infinito se, e somente se, existe uma bijeção
g : X → Y sobre um subconjunto próprio Y ⊂ X.
Exercı́cio 2.22 Construa uma bijeção entre o conjunto N e o conjunto dos números
ı́mpares positivos.
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Demonstração. Se X é finito, então não há o que provar. Considere então X infinito.
Vamos definir uma função f : N → X da seguinte forma: f (1) = min {X} (a existência
do elemento mı́nimo é garantida pelo Princı́pio da Boa Ordenação, uma vez que X é não
vazio), f (2) = min {X − {f (1)}} , . . . , f (n + 1) = min {X − {f (1), . . . , f (n)}}. Note
que f é injetiva, pois f (n + 1) > f (n), para todo n ∈ N. Vamos mostrar que f também
é sobrejetiva. Suponha por absurdo que exista algum x ∈ X diferente de todos os f (n),
n ∈ N. Então, x seria um número natural maior do que todos os elementos do conjunto
infinito Y = {f (1), f (2), . . . , f (n), . . .}. Dessa forma, Y seria limitado, contrariando o
Corolário 2.16. Logo, f : N → X é uma bijeção, ou seja, X é enumerável.
Exemplo 2.29 Nem todo conjunto infinito é enumerável. Por exemplo, seja S o con-
junto de todas as sequências infinitas cujos elementos são binários, ou seja, os elemen-
tos de S são da forma s = (011010001 . . .). Afirmamos que S é não-enumerável. De
fato, suponha que S seja enumerável. Nesse caso, podemos escrever
S = s1 , s 2 , . . . , s m , . . . .
∗
Seja smn o n−ésimo termo da sequência s ∈ S. Vamos formar uma nova sequência s
m
tomando s∗m = 1 − sm ∗
m . Assim, s é uma sequência com elementos 0 e 1 e, portanto está
em S. Mas, como s∗m 6= sm m , temos que s =
∗
6 sm para todo m ∈ N, ou seja, s∗ ∈ / S, o
que é uma contradição. Logo, S é não-enumerável. O raciocı́cio usado nesse exemplo
é devido ao matemático George Cantor e é conhecido como “método da diagonal”.
nm o
Exemplo 2.30 O conjunto Q = | m, n ∈ Z, n 6= 0 dos números racionais é enu-
n
merável. De fato, podemos definir uma função sobrejetiva f : Z × Z ∗ → Q, como
m
f (m, n) = .
n
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Exercı́cio 2.31 Sejam A um conjunto finito e B um conjunto enumerável. Mostre
que o conjunto A ∪ B é enumerável.
Exercı́cio 2.32 Mostre que se A e B são conjuntos infinitos enumeráveis, então A∪B
também é enumerável.
a) 1 + 3 + 5 + 7 + · · · + 2n − 1 = n2
3
b) 3 + 32 + 33 + · · · + 3n = (3n − 1)
2
(2n + 1)2
c) 1 + 2 + 3 + · · · + n <
8
d) 2n + 1 < 2n para todo n ≥ 3
e) (a − 1)(1 + a + · · · + an ) = an+1 − 1 para quaisquer a, n ∈ N
n n n n−1 n n−2 2 n n−r r n n
n
f) (a + b) = a + a b+ a b +·· ·+ a b +···+ b
0 1 2 r n
n n!
para todo n ∈ N, em que = (Binômio de Newton)
r r!(n − r)!
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Capı́tulo 3
Números Reais
3.1 Corpos
Um corpo K é um conjunto munido de duas operações, chamadas adição e
multiplicação, que satisfazem certas condições (axiomas de corpo) que serão especifi-
cadas a seguir. A adição faz corresponder a cada par de elementos x, y ∈ K, sua soma
x + y ∈ K, enquanto a multiplicação associa a esses elementos o produto x · y ∈ K.
Estas operações devem obedecer os seguintes axiomas:
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Exercı́cio 3.2 Dados a 6= 0 e b em um corpo K, mostre que a equação ax = b tem
solução única.
(P1 ) x, y ∈ P implica x + y ∈ P e x · y ∈ P .
3. Monotonicidade da adição: se x < y então, para todo z ∈ K, tem-se x+z < y+z.
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Uma outra relação de ordem existente num corpo ordenado K é a relação ≤.
Essa notação indica que x < y ou x = y. Isso significa que
x ≤ y ⇔ y − x ∈ P ∪ {0} .
Existem conjuntos que não possuem cotas superiores ou inferiores. Por exem-
plo, considere o corpo ordenado Q dos números racionais. Temos que N ∈ Q não possui
cota superior e Z ∈ Q não possui cota superior nem inferior.
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(ii) se c ∈ K e c < b então existe x ∈ A tal que c < x. Equivalentemente, podemos
dizer que, para todo ε > 0 existe x ∈ A tal que b − ε < x.
Exercı́cio 3.10 Sejam K um corpo ordenado e X = {x ∈ K | a < x < b}. Mostre que
inf X = a e sup X = b.
A = {x ∈ Q | 0 < x < 1} e B = {x ∈ Q | 0 ≤ x ≤ 1} .
Temos que sup A = sup B = 1, inf A = inf B = 0. Assim, vemos que o inf e o sup de
um conjunto, quando existem, podem pertencer ou não ao conjunto.
Exercı́cio 3.12 Mostre que não existe número racional cujo quadrado seja igual a 2.
Exercı́cio 3.13 Mostre que o conjunto A = {x ∈ Q | x2 > 2 e x > 0} não tem ı́nfimo
em Q.
Resolução: Suponha por absurdo que exista α ∈ Q tal que α = inf A. Como 0 é cota
inferior de A, temos que α ≥ 0. Além disso, sabemos que não existe número racional
cujo quadrado é igual a 2. Logo, ou α2 > 2 ou α2 < 2, isto é, ou α ∈ A ou α ∈ B, em
que B = {y ∈ Q | y 2 < 2 e y ≥ 0}. Observe que para quaisquer x ∈ A e y ∈ B, temos
que y 2 < 2 < x2 , ou seja, y < x. Logo, os elementos de B são cotas inferiores de A e os
elementos de A são cotas superiores de B. Vamos analisar agora as duas possibilidades
para α.
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Se α ∈ A, então podemos mostrar que existe um número r ∈ Q+ tal que α − r ∈ A, o
que contraria o fato de α ser o ı́nfimo de A. Para provar a existência de tal número,
observe que se r ∈ Q+ , então
α2 − 2 α2 − 2
Assim, tomando r < , obtemos (α − r)2 > 2. Além disso, como < α,
2α 2α
temos que α − r > 0. Portanto, α − r ∈ A.
Por outro lado, se α ∈ B, temos que existe um número racional 0 < r < 1 tal que
α + r ∈ B. De fato, se 0 < r < 1 então r2 < r e
20
Teorema 3.15
Demonstração.
Exercı́cio 3.17 Prove que a equação x2 = 2 tem uma única solução real positiva, a
√
qual denotamos por 2.
21
Pode-se provar o seguinte resultado que generaliza o Exercı́cio 3.17: dados
a > 0 em R e n ∈ N quaisquer, existe um único número real b > 0 tal que bn = a. O
√
número b chama-se raı́z n-ésima de a e é representado pelo sı́mbolo n a. Além disso,
√
como visto no Exercı́cio 3.12, 2 é um número irracional. Generalizando esse fato,
temos que dado n ∈ N, se um número natural a não possui uma raiz n-ésima natural,
√
também não possuirá uma raiz racional, ou seja, dados a, n ∈ N, se n a ∈ / N então
√n
a ∈ I.
ou, equivalentemente, |x| = max {x, −x}. Assim, temos que |x| ≥ x e |x| ≥ −x. Esta
última desigualdade pode ser escrita como −|x| ≤ x. Logo, −|x| ≤ x ≤ |x|, para todo
x ∈ R.
22
Teorema 3.19 Dados a, x, r ∈ R, tem-se |x−a| ≤ r se, e somente se, a−r ≤ x ≤ a+r.
Exercı́cio 3.21 Seja A ⊂ R. Mostre que A é limitado se, e somente se, existe M > 0
tal que |x| ≤ M para todo x ∈ A.
3.2.2 Intervalos
No conjunto R dos números reais, assim como em qualquer corpo ordenado,
existe uma importante noção de intervalos, que são tipos especiais de conjuntos. Dados
a, b ∈ R, com a < b, usaremos as seguintes notações:
(−∞, +∞) = R
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Teorema 3.24 (Intervalos encaixados) Dada uma sequência decrescente I1 ⊃ I2 ⊃
. . . ⊃ In ⊃ . . . de intervalos limitados e fechados In = [an , bn ], existe pelo menos um
número real c tal que c ∈ In para todo n ∈ N.
a1 ≤ a2 ≤ · · · ≤ an ≤ · · · ≤ bn ≤ · · · ≤ b2 ≤ b1 .
Demonstração. Já conhecemos uma demonstração para esse teorema usando o Método
da Diagonal de Cantor. Agora vamos ver uma prova que usa o Teorema 3.24. Para
tanto, basta mostrar que nenhuma função f : N → R pode ser sobrejetiva. Supondo f
dada, vamos contruir uma sequência decrescente I1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ In ⊃ . . . de intervalos
fechados tais que f (n) ∈/ In . Para tanto, tomamos I1 = [a1 , b1 ] tal que f (1) ∈/ I1 e,
supondo obtidos I1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ In tais que f (j) ∈
/ Ij , olhamos para In = [an , bn ]. Se
f (n + 1) ∈/ In , podemos tomar In+1 = In . Porém, se f (n + 1) ∈ In , pelo menos um
dos extremos, digamos an , é diferente de f (n + 1), isto é, an < f (n + 1). Neste caso,
an + f (n + 1)
tomamos In+1 = [an+1 , bn+1 ], com an+1 = an e bn+1 = . Pelo Teorema
2
3.24, existe um número real c que pertence a todos os In e, da forma com que os
intervalos foram construı́dos, nenhum dos valores de f (n) pode ser igual a c. Logo, f
não é sobrejetiva.
Demonstração. Seja f : (0, 1) → (a, b) a função dada por f (x) = (b − a)x + a. Como
f é uma bijeção de (0, 1) em (a, b), basta provar que (0, 1) não é enumerável, pois
assim podemos concluir, pelo Corolário 2.26, que (a, b) também é não-enumerável. Na
verdade, já sabemos que (0, 1) é não enumerável pelo Método da Diagonal de Cantor.
Agora vamos ver uma forma alternativa de provar esse resultado. Ora, se (0, 1) fosse
enumerável, (0, 1] também seria e, consequentente, para cada n ∈ Z o intervalo (n, n+1]
seria enumerável, pois a função g : (0, 1] → (n, n + 1] dada por g(x) = x + n é uma
bijeção e, assim, a conclusão de que (n, n + 1] seria enumerável segue do Corolário
24
[
2.27. Mas, dessa forma, terı́amos que R = (n, n + 1] é enumerável, contrariando o
n∈Z
Teorema 3.25 .
a) |x − z| ≤ |x − y| + |y − z|.
b) |x| − |y| ≤ ||x| − |y|| ≤ |x − y|.
a) {x ∈ R | x2 − x − 6 < 0}
b) {x ∈ R | (x − 1)(x − 2)(x − 3) ≥ 0}
x+2
c) x ∈ R | <4
2x − 3
d) {x ∈ R | 2x + 7 + |x + 1| ≥ 0}
25
Capı́tulo 4
Exercı́cio 4.3 Mostre que a sequência (a, a2 , a3 , . . . , an , . . .), com a > 1, é limitada
apenas inferiormente.
Definição 4.4 Uma subsequência de (xn ) é uma restrição dessa sequência a um sub-
conjunto infinito N 0 = {n1 < n2 < . . . < nk < . . .} ⊂ N. Equivalentemente, uma sub-
sequência de (xn ) é uma sequência do tipo (xn )n∈N0 ou (xnk )k∈N .
1 1 1
Exemplo 4.5 Considere a sequência (xn ) = 1, , 3, , 5, , . . . . Se N0 ⊂ N é o con-
2 4 6
00
junto dos números pares e N ⊂ N é oconjunto dos números ı́mpares, então podemos
1 1 1
definir duas subsequências: (xn )n∈N0 = , , . . . , , . . . e (xn )n∈N00 = (1, 3, . . . , n, . . .).
2 4 n
1
Observe que (xn )n∈N0 é limitada superiormente por e inferiormente por 0, enquanto
2
a subsequência (xn )n∈N00 é limitada apenas inferiormente por 1.
Definição 4.6 Uma sequência (xn ) chama-se monótona quando se tem xn ≤ xn+1
para todo n ∈ N ou então xn+1 ≤ xn para todo n ∈ N. No primeiro caso, diz-se
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que (xn ) é monótona não-decrescente e, no segundo, diz-se que (xn ) é monótona não-
crescente. Se as desigualdades forem estritas diremos que (xn ) é crescente no primeiro
caso e decrescente no segundo.
Definição 4.9 Diz-se que a ∈ R é limite da sequência (xn ) quando, para todo ε > 0
dado, é possı́vel obter n0 ∈ N tal que |xn − a| < ε, sempre que n > n0 . Neste caso,
também dizemos que a sequência (xn ) converge para a (ou tende para a) e indicamos
esse fato por xn → a, ou lim xn = a, ou simplesmente lim xn = a. Uma sequência
n→∞
que possui um limite chama-se convergente. Do contrário, dizemos que a sequência é
divergente.
Teorema 4.10 (Unicidade do Limite) Uma sequência não pode convergir para dois
limites distintos, ou seja, se lim xn = a e lim xn = b então a = b.
3n2
Exercı́cio 4.11 Mostre que o limite da sequência xn = é 3.
n2 + 5
2n
Exercı́cio 4.12 Mostre que lim = 2.
n→∞ n − cos 3n
27
Teorema 4.13 Se lim xn = a então toda subsequência de (xn ) converge para a.
Demonstração. Seja (xn1 , xn2 , . . . , xnk , . . .) uma subsequência de (xn ). Como lim xn =
a, temos que dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que |xn − a| < ε sempre que n > n0 . Como
os ı́ndices da subsequência formam um conjunto infinito, existe um nk0 > n0 . Então,
para nk > nk0 > n0 , temos que |xnk − a| < ε. Portanto, lim xnk = a.
Pelo Teorema 4.15, podemos concluir que a sequência dada no Exemplo 4.5
não é convergente, pois não é limitada superiormente. Note que esta sequência possui
um único valor de aderência.
É importante observar que a recı́proca do Teorema 4.15 não é verdadeira. Por
exemplo, a sequência dada no Exemplo 4.2 é limitada, porém não é convergente, pois
possui duas subsequências com valores de aderência distintos, a saber: a subsequência
formada pelos ı́ndices pares tem limite 0 e a subsequência formada pelos ı́ndices ı́mpares
tem limite 1.
1
Exercı́cio 4.16 A sequência xn = (−1)n + é convergente?
n+1
O teorema a seguir estabelece uma condição suficiente para que uma sequência
seja convergente.
Corolário 4.18 Se uma sequência monótona (xn ) possui uma subsequência conver-
gente, então (xn ) é convergente.
28
Teorema 4.19 (Teorema de Bolzano-Weierstrass) Toda sequência limitada de nú-
meros reais possui uma subsequência convergente.
√
Exercı́cio 4.20. Considere a sequência definida por x1 = 1, xn+1 = 1 + xn . Mostre
que:
a) 1 ≤ xn ≤ 2 para todo n ∈ N;
b) (xn ) é crescente;
c) (xn ) é convergente.
1
Exercı́cio 4.21. Considere a sequência definida por y1 = 0, yn+1 = . Mostre
1 + 2yn
que:
a) 0 ≤ yn ≤ 1 para todo n ∈ N;
Exercı́cio 4.22 Sejam N0 e N00 subconjuntos de N tais que N0 ∪ N00 = N. Mostre que se
as subsequências (xn )n∈N0 e (xn )n∈N00 convergem para o mesmo limite a, então xn → a.
Resolução: Dado ε > 0, existem n1 , n2 ∈ N tais que n > n1 , n ∈ N0 , implica |xn − a| <
ε e n > n2 , n ∈ N00 , implica |xn − a| < ε. Seja n0 = max {n1 , n2 }. Então, n > n0 ⇒
n > n1 e n > n2 . Logo, como N = N0 ∪ N00 , temos que |xn − a| < ε para todo n > n0 .
29
4.1 Propriedades dos Limites
Nessa seção veremos algumas propriedades dos limites e como eles se compor-
tam relativamente às operações e desigualdades.
(ii) Se lim xn = a, então lim |xn | = |a|. A recı́proca só é válida quando a = 0.
Demonstração.
(i) Esse item segue direto da definição de limite, usando o fato de que |xn − a| =
||xn − a| − 0|. Note que também vale lim xn = a se, e somente se, lim xn − a = 0.
(ii) A prova é imediata usando a desigualdade ||xn | − |a|| ≤ |xn − a|. Se lim |xn | = |a|
e a = 0, então por (i) concluı́mos que lim xn = 0, ou seja, nesse caso a recı́proca
é válida. No entanto, se a 6= 0 a recı́proca não é válida, pois, por exemplo, se
xn = (−1)n e a = 1, então lim |xn | = |a|, mas (xn ) não é convergente.
30
Observação 4.27 Mesmo supondo xn < yn , para todo n, não se pode garantir que
1
lim xn < lim yn . Por exemplo, tomando xn = 0 e yn = , temos xn < yn para todo n,
n
porém, lim yn = 0.
Demonstração. Como (yn ) é limitada, existe c > 0 tal que |yn | ≤ c para todo n ∈ N.
Assim, temos que 0 ≤ |xn · yn | ≤ c · |xn | e, pelo Teorema do Sanduı́che, lim |xn · yn | = 0.
Portanto, lim xn · yn = 0.
1
Exemplo 4.31 Sejam xn = e yn = cos n. Então, como |yn | ≤ 1 e xn → 0,
n
concluı́mos que lim xn yn = 0.
(ii) lim(xn ± yn ) = a ± b.
(iii) lim(xn · yn ) = a · b.
xn a
(iv) lim = , se b 6= 0.
yn b
Demonstração.
ε
(i) Dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica |xn −a| < . Logo, |cxn −ca| =
|c|
|c| · |xn − a| < ε para todo n > n0 , donde segue que lim cxn = ca.
ε
(ii) Dado ε > 0 existem n1 , n2 ∈ N tais que |xn − a| < para todo n > n1 e
2
ε
|yn − b| < para todo n > n2 . Assim, tomando n0 = max {n1 , n2 } temos
2
que para todo n > n0 , |(xn + yn ) − (a + b)| ≤ |xn − a| + |yn − b| < ε. Logo,
lim(xn + yn ) = a + b. Para provar que também vale lim(xn − yn ) = a − b, note
que xn − yn = xn + cyn , em que c = −1. Logo, usando o que acabamos de provar
juntamente com (i), concluı́mos que lim(xn − yn ) = a − b.
31
(iii) Temos que xn yn − ab = xn yn − xn b + xn b − ab = xn (yn − b) + b(xn − a). Pelo
Teorema 4.15, (xn ) é limitada. Como lim(yn − b) = lim(xn − a) = 0, usando
o Teorema 4.30, concluı́mos que lim xn (yn − b) = 0 e lim b(xn − a) = 0. Logo,
lim(xn yn − ab) = lim xn (yn − b) + lim b(xn − a) = 0 e, portanto, lim xn yn = ab.
xn a xn b − ayn
(iv) Note que − = . Como lim(xn b−ayn ) = ab−ab = 0, basta mostrar
yn b
yn b
1 xn a 1
que é limitada para concluir que lim − = lim(xn b − ayn ) = 0 e,
yn b yn b yn b
xn a b2
portanto, lim = . Observe que yn b → b2 e seja c = . Como 0 < c < b2 ,
yn b 2
segue do Teorema 4.24 que yn b > c para todo n suficientemente grande. Portanto,
1 1 1
0< < , ou seja, é limitada.
yn b c yn b
(2n − 3)(n + 2)
Exemplo 4.33 Use o Teorema 4.32 para mostrar que a sequência xn =
5n2 + 7
2
converge para .
5
Exercı́cio 4.34 Use os resultados dos Exercı́cios 4.21 e 4.22 e as propriedades dos
1
limites para mostrar que a sequência definida por y1 = 0, yn+1 = converge
1 + 2yn
1
para .
2
Resolução: Pelo Exercı́cio 4.21 temos que (y2n−1 )n∈N e (y2n )n∈N são monótonas e lim-
itadas, portanto, ambas convergem, digamos y2n−1 → a e y2n → b. Vamos mostrar
1 1 1
agora que a = b = . Note que y2n = e y2n+1 = . Logo, como
2 1 + 2y2n−1 1 + 2y2n
1 1
(y2n+1 )n∈N é subsequência de (y2n−1 )n∈N , temos que b = e a = . Por-
1 + 2a 1 + 2b
1
tanto, b + 2ab = 1 e a + 2ab = 1, donde segue que a = b. Para ver que este valor é ,
2
basta notar que a + 2a2 = 1 e que a = lim y2n−1 ≥ 0. Mostramos então que os termos
1
de ordem par e os termos de ordem ı́mpar da sequência (yn ) têm o mesmo limite .
2
1
Assim, podemos concluir pelo Exercı́cio 4.22 que yn → .
2
xn+1
Exercı́cio 4.35 Mostre que se xn > 0 para todo n ∈ N e lim = a < 1, então
xn
lim xn = 0.
nk
Exercı́cio 4.36 Sejam b > 1 e k ∈ N constantes. Mostre que a sequência xn = n
b
converge para zero.
32
Demonstração. Vamos provar este resultado para k = 2, considerando dois casos:
1º caso: a = 0
√
Vamos mostrar que lim xn = 0, ou seja, que dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0
√
implica | xn | < ε. Temos que xn → 0, então dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que n > n0
√
implica 0 ≤ xn < ε2 e, portanto, xn < ε.
2º caso: a > 0
a a
Como xn → a e a > temos que existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn > .
r 2 r 2
√ a √ √ a √
Assim, xn > e, portanto, xn + a > + a = c. Dessa forma, temos que
2 2
√ √ |xn − a| |x − a|
0 ≤ | xn − a| = √ √ < n . Como xn → a, temos que |xn − a| → 0.
xn + a c √ √
√ √
Portanto, segue do Teorema do Sanduı́che que | xn − a| → 0, ou seja, xn → a.
√
Exercı́cio 4.38 Calcule o limite da sequência definida por x1 = 1, xn+1 = 1 + xn .
33
4.2 Limites infinitos
Dada uma sequência (xn ), diz-se que “xn tende para mais infinito” e escreve-se
lim xn = +∞, quando para todo número M > 0, dado arbitrariamente, existir n0 ∈ N
tal que n > n0 implica xn > M . Analogamente, lim xn = −∞ significa que, para todo
M > 0 dado, pode-se achar n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn < −M .
Observação 4.39 Como +∞ e −∞ não são números reais, segue que as sequências
cujos limites são ±∞ não são convergentes.
Demonstração. Suponha que lim xn = 0. Então dado M > 0, existe n0 ∈ N tal que
1 1
n > n0 implica |xn | < . Como xn > 0 para todo n ∈ N, temos que > M , para
M xn
1 1
n > n0 . Logo, lim = +∞. Suponha agora que lim = +∞. Então, dado ε > 0
xn xn
1 1
existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica > . Logo, xn < ε. Segue que lim xn = 0.
xn ε
1
Exercı́cio 4.42 Seja 0 < p < 1. Mostre que a sequência xn = converge para zero.
np
1
Resolução: Apenas para exemplificar, considere o caso em que p é da forma , com
k
1
k ∈ N, em particular, vamos tomar k = 3. Assim, temos xn = 1/3 . Primeiramente
n
1 1/3
vamos analisar a sequência yn = = n . Note que y1 = 1, y8 = 2, y27 = 3, . . ., ou
xn
seja, yi3 = i, · · · , para todo i ∈ N. Dessa forma, temos que a sequência crescente (yn )
1
possui uma subsequência ilimitada e, portanto, yn → +∞. Segue que xn = → 0.
yn
Vamos provar agora que xn → 0, qualquer que seja 0 < p < 1. Considere a sequência
1
yn = np , tal que p > , com k ∈ N. Dado i ∈ N, tome ni = ik . Assim, temos que
k
(ni )p > (ni )1/k = i. Dessa forma, temos que (yn ) possui uma subsequência ilimitada e,
1
como (yn ) é crescente, concluı́mos que yn → +∞. Logo, xn = → 0.
yn
Nem todas as propriedades de limites de sequências convergentes podem ser
estendidas aos limites infinitos. Por exemplo, a propriedade lim(xn + yn ) = lim xn +
lim yn não é sempre verdadeira. Se tomarmos xn = n e yn = −n essa propriedade
34
implica em 0 = +∞ − ∞. Por outro lado, se tivéssemos xn = n2 + n e yn = −n, então
essa mesma propriedade implicaria em +∞ = +∞ − ∞, levando ao absurdo 0 = +∞.
Vejamos agora algumas das propriedade válidas para limites infinitos, sob cer-
tas condições.
(ii) Se lim xn = +∞ e existe c > 0 tal que yn > c para todo n ∈ N então lim(xn yn ) =
+∞.
xn
(iii) Se xn > c > 0, yn > 0 para todo n ∈ N e lim yn = 0 então lim = +∞.
yn
xn
(iv) Se (xn ) é limitada e lim yn = +∞ então lim = 0.
yn
1
Exercı́cio 4.44 Considere as sequências xn = n, yn = 2 + (−1)n e zn = . Analise a
n
xn yn
convergência de: (xn ), (yn ), (xn + yn ), e .
yn zn
(−1)n
Exercı́cio 4.45 A sequência xn = é convergente? Justifique.
n2
an
Exercı́cio 4.46 Seja a > 1. Mostre que lim = +∞.
n2
35
4. Sejam a e b números positivos com a > b. Considere as sequências (xn ) e (yn )
dadas por:
a+b √ x n + yn √
x1 = , y1 = ab, xn+1 = e yn+1 = xn yn .
2 2
5. Seja (xn ) uma sequência limitada. Defina uma subsequência de (xn ) como segue.
Mostre que:
9. Prove que uma sequência limitada converge se, e somente se, possui um único
valor de aderência.
10. Diz-se que (xn ) é uma sequência de Cauchy quando, para todo ε > 0 dado, existe
n0 ∈ N tal que m, n > n0 implica |xm − xn | < ε.
36
a) Prove que toda sequência de Cauchy é limitada.
b) Prove que uma sequência de Cauchy não pode ter dois valores de aderência
distintos.
c) Prove que uma sequência (xn ) é convergente se, e somente se, é de Cauchy.
1
11. Considere a sequência definida por y1 = 1, yn+1 = 1 + . Mostre que:
yn
a) 1 ≤ yn ≤ 2 para todo n ∈ N;
b) (y2n−1 )n∈N é crescente e (y2n )n∈N é decrescente;
√
1+ 5
c) yn → .
2
12. Prove o Teorema 4.43.
hp p i
13. Se lim xn = +∞, prove que lim ln(xn + 2) − ln xn = 0.
n→∞
log(n + 1) log(n + 1)
14. Mostre que lim = 1. Sugestão: observe que − 1 → 0.
n→∞ log n log n
15. Seja a ∈ R. Dê exemplos de sequências satisfazendo xn → +∞ e yn → −∞ tais
que:
a) xn + yn → a
b) xn + yn → +∞
c) xn + yn → −∞
a) xn yn → a
b) xn yn → +∞
c) xn yn → −∞
37
Capı́tulo 5
Séries numéricas
X X
∞
an = an = a1 + a2 + · · · + an + · · · .
n=1
A parcela an é denominada n-ésimo termo ou termo geral da série. Às vezes é conve-
X
+∞
niente considerar séries do tipo an que começam em a0 em vez de a1 .
n=0
Seja (sn ) a sequência dada por
s1 = a1 , s2 = a1 + a2 , · · · , sn = a1 + a2 + · · · + an ,
P
denominada sequência de somas parciais da série an . Se existir o limite s = lim sn
P
então diremos que a série an é convergente e s será a soma da série, caso contrário,
diremos que a série é divergente.
X
+∞
Exemplo 5.1 A série (−1)n é divergente, pois s2n = 0 e s2n−1 = −1. Portanto,
n=1
(sn ) não converge.
X
+∞
Exemplo 5.2 A série geométrica q n , com |q| < 1, é convergente, pois sn =
n=0
1−q n+1
1 X
+∞
1
converge para . Logo, = . Por outro lado, se |q| ≥ 1, então a
1−q 1−q n=0
1−q
série diverge.
X
+∞
1
Exercı́cio 5.3 Mostre que = 1.
n=1
n(n + 1)
A seguir estudaremos condições que devem ser satisfeitas para que uma série
seja convergente.
38
5.1 Séries convergentes
O teorema a seguir estabelece a primeira condição necessária para a con-
vergência de uma série.
P
Teorema 5.4 Se an é uma série convergente, então lim an = 0.
Note que o Teorema 5.4 nos fornece um teste para divergência de uma série, a
P
6 0 ou não existe, então na série
saber, se lim an = an é divergente.
X
+∞
n+1 n+1 1
Exemplo 5.6 A série não converge, pois lim = 6= 0.
2n
n=1
n→+∞ 2n 2
P P
Teorema 5.7 Se as séries an e bn são convergentes e c é uma constante, então
P P
can e (an + bn ) também convergem e
X X X X X
can = c an e (an + bn ) = an + bn .
X
+∞ X
+∞
an = sk + an+k .
n=1 n=1
39
P P
Teorema 5.8 (Critério da comparação) Sejam an e bn séries de termos não-
negativos. Se existem c > 0 e n0 ∈ N tais que an ≤ cbn para todo n > n0 então a
P P
convergência de bn implica a convergência de an , enquanto que a divergência de
P P
an acarreta a divergência de bn .
Demonstração. Sem perda de generalidade, podemos assumir que an ≤ cbn para todo
n ∈ N. Como an ≥ 0 e bn ≥ 0 para todo n ∈ N, então as sequências de somas
P P
parciais (sn ) e (tn ) de an e bn , respectivamente, são não-decrescentes e tem-se
P
0 ≤ sn ≤ ctn para todo n ∈ N. Assim, se bn converge, (tn ) é convergente e,
portanto, limitada. Logo, a sequência monótona (sn ) também é limitada, donde segue
P P
que an é convergente. Por outro lado, se an é divergente, pelo fato de (sn ) ser
sn
não-decrescente, segue que (sn ) é ilimitada e, como tn ≥ , tn também é ilimitada.
P c
Portanto, bn é divergente.
X
+∞
1
Exemplo 5.9 A série é convergente, pois
n=0
n!
1 1 1 1 1
= ≤ = n−1 = 2 · n
n! 2 · 3···n 2 · 2···2 2 2
X
+∞
1
para todo n ≥ 0. Como é convergente, segue que a série dada também é.
n=0
2n
X +∞
1 1 1 1
Lembre-se que e = lim 2 + + + · · · + = .
n→+∞ 2! 3! n! n=0
n!
X
+∞
1
Exercı́cio 5.10 Mostre que a série é divergente se p ≤ 1 e convergente se
n=1
np
p > 1.
X
+∞
15n + 2
Exercı́cio 5.11 Mostre que a série √ é convergente e a série
5n3 + 2n n + 2 − 3
+∞ √
n=1
X n n+1
2−3
é divergente.
n=1
n
Teorema 5.12 (Leibniz) Se (an ) é uma série monótona não-crescente que tende para
X
+∞
zero, então (−1)n+1 an é uma série convergente.
n=1
e,
s2n+1 = s2n−1 − a2n + a2n+1 ≤ s2n−1 , pois − a2n + a2n+1 ≤ 0.
40
Logo, (s2n ) é monótona não-decrescente e (s2n−1 ) é monótona não-crescente. Além
disso, como s2n−1 ≥ s2n+1 = s2n + a2n+1 e a2n+1 ≥ 0, temos que s2n−1 ≥ s2n . Com isso,
concluı́mos que (s2n ) e (s2n−1 ) são monótonas limitadas, pois
s2 ≤ s4 ≤ · · · ≤ s2n ≤ · · · ≤ s2n−1 ≤ · · · ≤ s3 ≤ s1 ,
portanto, convergentes. Além disso, temos que lim s2n = lim s2n+1 , pois lim an = 0.
Logo, (sn ) converge.
X
+∞
(−1)n+1 1
Exemplo 5.13 A série é convergente, pois an = é monótona decres-
n=1
n n
cente e lim an = 0.
X
+∞
cos nπ
Exercı́cio 5.14 A série √ é convergente?
n=1
n
41
X
+∞
2 + (−1)n
Exercı́cio 5.18 Mostre que a série é convergente.
n=1
n!
X
+∞
n+1 1
Exercı́cio 5.19 Mostre que a série (−1) log 1 + é condicionalmente con-
n=1
n
vergente.
Demonstração.
Por hipótese temos que exite c < 1 tal que para todo n suficientemente
an+1 c n+1
|an+1 | |an |
grande vale ≤c=
n
, ou seja, n+1 ≤ n . Assim, exite n0 ∈ N tal que para
an c c c
|an |
n > n0 a sequência de números não-negativos é não-crescente e, portanto, lim-
P n cn
itada. Como a série geométrica c é absolutamente convergente, segue do
Teorema
P an+1
5.20 que an é absolutamente convergente. Se, em particular, lim = L < 1,
an
an+1
podemos escolher um número c tal que L < c < 1. Assim, teremos < c para
an
todo n suficientemente grande e a demonstração segue como feito no caso geral acima.
42
Teorema 5.22 (Teste de Cauchy) Considere a sequência (an ). Se existir um número
p
real c tal que n |an | ≤ c < 1 para todo n ∈ N suficientemente grande (em particular
p P
quando lim n |an | < 1), a série an será absolutamente convergente.
p
Demonstração. Seja c um número real tal que n |an | ≤ c < 1, então |an | ≤ cn para
P n
todo n suficientemente grande. Como a série c é convergente, segue do critério
P p
da comparação que an converge absolutamente. Se, em particular, lim n |an | < 1,
p
podemos escolher c tal que L < c < 1 e assim teremos n |an | ≤ c para todo n
suficientemente grande, recaindo assim no caso mais geral.
Como no Teste de d’Alembert, no Teste de Cauchy tentamos inicialmente
p P
calcular lim n |an | = L. Se L > 1, a série an diverge, pois nesse caso, tem-se
pn
|an | > 1 para todo n suficientemente grande, ou seja, |an | > 1. Assim, o termo geral
da série não tende para zero. Quando L = 1 a série pode divergir ou convergir, como
pode ser observado analisando-se as mesmas séries mencionadas no teste anteiror.
Teorema 5.23 (Teste da integral) Sejam f uma função contı́nua, positiva e de-
crescente em x ≥ 1 e an = f (n). Então,
Z +∞ X
+∞
(i) se f (x)dx < +∞ a série an converge.
1 n=1
Z +∞ X
+∞
(ii) se f (x)dx = +∞ a série an diverge.
1 n=1
+∞
X n X
+∞ n X
+∞
log n e (n!)2
d) e) f)
n=1
n n=1
nn n=1
(2n)!
X
+∞ X
+∞
1
−n
g) ne h)
n=1 n=2
n(ln n)
43
X
+∞
(−1)n (n + 2) X
+∞
(−1)n−1
c) = 1 − 3(log 2), sabendo que log 2 =
n=1
n(n + 1) n=1
n
X
+∞
(−1)n (2n + 5) 1
d) =
n=0
(n + 2)(n + 3) 2
P P
2. Sejam an ≥ 0 e bn ≥ 0, prove que se as séries a2n e b2n são convergentes,
P
então a série an bn também é convergente.
P 2
3. Use o resultado do exercı́cio anterior para provar que se an ≥ 0 e an é conver-
X an
gente, então converge.
n
P
4. Prove que se (an ) é uma sequência não-crescente e an converge, então nan → 0.
5.5 O número e
n
1
Seja xn = 1 + . Desenvolvendo os itens a seguir, vamos mostar que (xn ) é
n
convergente e então definiremos e como sendo o limite de (xn ).
44
1. Use a fórmula do Binômio de Newton para mostrar que o termo geral da sequência
(xn ) pode ser escrito como:
n
X
1 2 k−1 1
x1 = 2 e xn = 2 + 1− 1− ··· 1 − para n ≥ 2.
k=2
n n n k!
(5.1)
1 1 1
xn ≤ 2 + + + ··· + . (5.2)
2! 3! n!
4. Mostre por indução que 2n ≤ (n + 1)! para todo n ≥ 1 e use esse resultado,
juntamente com (5.2), para concluir que para n ≥ 2,
1 1 1
xn ≤ 2 + + 2 + · · · + n−1 . (5.3)
2 2 2
1 1 1
5. Observe que Sn−1 = + 2 + · · · + n−1 é a soma dos n − 1 primeiros termos
2 2 2
1
de uma PG com primeiro termo e razão iguais a . Lembrando que a soma dos
2
termos de uma PG infinita de razão q (com |q| < 1) e primeiro termo a é dada
a
por S = , mostre que Sn−1 < 1 e conclua que 2 ≤ xn < 3, para todo n ∈ N.
1−q
6. Use os resultados dos itens anteriores para concluir que (xn ) é convergente.
1 1 1
7. Vejamos agora que e = lim 2 + + + . . . + .
n→∞ 2! 3! n!
1 1 1
Seja an = 2+ + +. . .+ . Primeiramente, note que pelo que foi desenvolvido
2! 3! n!
nos itens anteriores, (an ) é limitada, pois 2 ≤ an < 3. Além disso, por ser
uma soma de parcelas positivas, (an ) é crescente. Vamos mostrar que lim an =
n→∞
lim xn = e. Para tanto, observe que para m > n, de (5.1) obtemos
n→∞
n
X
1 2 k−1 1
xm > 2 + 1− 1− ··· 1 − . (5.4)
k=2
m m m k!
Xn
1 1 1 1
e≥2+ = 2 + + + ··· + .
k=2
k! 2! 3! n!
45
Agora, fazendo n → ∞ nesta última desigualdade, segue que
1 1 1
e ≥ lim 2 + + + ··· + .
n→∞ 2! 3! n!
X
+∞
1 1 1 1 1 1 1 1
e= = 1+ + + +...+ + + + + . . . (5.5)
n=0
n! 1! 2! 3! (q − 1)! (q)! (q + 1)! (q + 2)!
Assim, multiplicando ambos os lados de (5.5) por q!, obtemos no lado esquerdo
p
e · q! = · 1 · 2 · 3 · . . . · q = p · 1 · 2 · 3 · . . . · (q − 1) (5.6)
q
e, no lado direito,
1 1
[q! + q! + 3 · 2 · . . . · q + 4 · 5 · . . . · q + . . . + q + 1] + + + . . . (5.7)
q + 1 (q + 1)(q + 2)
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ + ... ≤ + + ... < + 2 + 3 + ... = · = .
q + 1 (q + 1)(q + 2) 3 3·4 3 3 3 3 1− 1
3
2
Assim, temos que o lado esquerdo da equação (5.5) multiplicada por q! é um número
inteiro, enquanto que o lado direito é não inteiro, o que é uma contradição. Segue que
o número e é irracional.
46
Capı́tulo 6
Observações:
1. Se um conjunto X possui algum ponto interior, ele deve conter pelo menos um
intervalo aberto, logo é infinito. Assim, se X = {x1 , x2 , . . . , xn } é um conjunto
finito, então int(X) = ∅.
47
5. Sejam X = [a, b], Y = (−∞, b] ou Z = [a, +∞), então int(X) = (a, b), int(Y ) =
(−∞, b) e int(Z) = (a, +∞).
(ii) Seja (Aλ )λ∈L uma famı́lia arbitrária de conjuntos abertos Aλ ⊂ R. A reunião
[
A= Aλ é um conjunto aberto.
λ∈L
Demonstração.
(ii) Se x ∈ A então existe λ ∈ L tal que x ∈ Aλ . Como Aλ é aberto, existe ε > 0 tal
que (x − ε, x + ε) ⊂ Aλ ⊂ A. Logo, todo ponto x ∈ A é interior, ou seja, A é
aberto.
48
o único valor de aderência de (xn ) é a, mas todos os pontos xn são aderentes a X, uma
vez que pertencem a esse conjunto.
O conjunto formado por todos os pontos aderentes a X é denominado fecho de
X e é denotado por X. Segue dessa definição que X ⊂ X e se X ⊂ Y , então X ⊂ Y .
Definição 6.3 Um conjunto X diz-se fechado quando X = X, isto é, quando todo
ponto aderente a X pertence a X.
Dessa forma, para que X seja fechado é necessário e suficiente que se cumpra
a seguinte condição: se xn ∈ X para todo n ∈ N e lim xn = a, então a ∈ X.
Exemplo 6.5 O fecho dos conjuntos dos números racionais e dos números irracionais
é a reta R.
49
Demonstração. Seja a um ponto aderente a X, ou seja, a ∈ X, então toda vizinhança
V de a contém algum ponto b ∈ X e, assim, V é também uma vizinhança de b. Como
b é aderente a X, temos que V contém algum ponto de X. Logo, qualquer ponto a
aderente a X é também aderente a X, ou seja, a ∈ X.
(iii) Se (Fλ )λ∈L é uma famı́lia qualquer de conjuntos fechados então a interseção
T
F = λ∈L Fλ é um conjunto fechado.
Demonstração.
Exemplo 6.12 Sejam X = [2, 5], Y = (1, 2) ∪ (2, 3). Então, ∂X = {2, 5} e ∂Y =
{1, 2, 3}. Para o conjunto dos números inteiros e racionais temos, ∂Z = Z e ∂Q = R.
50
6.3 Pontos de acumulação
Diz-se que a ∈ R é ponto de acumulação do conjunto X ⊂ R quando toda
vizinhança V de a contém algum ponto de X diferente do próprio a, ou seja, quando
todo intervalo aberto (a − ε, a + ε) de centro em a contém algum ponto x ∈ X diferente
de a.
O conjunto de todos os pontos de acumulação de X é representado por X 0 .
Assim, a ∈ X 0 significa que para todo ε > 0 tem-se (a − ε, a + ε) ∩ (X − {a}) 6= ∅.
Portanto, pelo Teorema 6.6, a ∈ X 0 se, e somente se, a ∈ X − {a}.
Observamos que um ponto de acumulação de X pode ou não pertencer a X.
Por exemplo, se X = (a, b), então a e b pertencem a X 0 mas não pertencem a X. Além
disso, para esse exemplo, temos que se x ∈ X então x ∈ X 0 , ou seja, todos os pontos
de X são pontos de acumulação desse conjunto.
Se a ∈ X não é ponto de acumulação de X, diz-se que a é um ponto isolado
desse conjunto e isso significa que existe ε > 0 tal que a é o único ponto de X no
intervalo (a − ε, a + ε). Um conjunto X é denominado discreto quando todos os seus
pontos são isolados. O conjunto Z dos números inteiros é um exemplo de conjunto
discreto.
Exemplo 6.13
(d) Se X = Q, então X 0 = R.
Demonstração. Vamos mostrar que (1) ⇒ (2) ⇒ (3) ⇒ (1). Para provar a primeira
implicação considere
a ∈ X 0 . Então, para todo n ∈ N podemos encontrar um xn ∈ X
1 1
na vizinhança a − , a + , com xn 6= a. Logo, lim xn = a. Agora, supondo (2),
n n
temos que para qualquer n0 ∈ N o conjunto A = {xn | n > n0 } é infinito, pois se A fosse
finito, existiria um xn1 que se repetiria infinitas vezes e assim terı́amos uma sequência
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constante com limite xn1 6= a. Isto leva a uma contradição, pois supondo (2) temos
que lim xn = a e assim toda subsequência de (xn ) também deveria convergir para a.
Portanto, pela definição de limite concluı́mos que (2) ⇒ (3). A última implicação segue
da definição de ponto de acumulação.
Teorema 6.15 Todo conjunto infinito limitado de números reais admite pelo menos
um ponto de acumulação.
Observações:
3. O conjunto Z não é compacto pois é ilimitado, embora seja fechado, uma vez que
seu complementar R − Z é a reunião dos intervalos abertos (n, n + 1), n ∈ Z, logo
é um conjunto aberto.
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Demonstração. Se X ⊂ R é compacto, toda sequência de pontos de X é limitada, logo
possui uma subsequência convergente, cujo limite é um ponto de X, pois X é fechado.
Por outro lado, se X ⊂ R é um conjunto tal que toda sequência de pontos xn ∈ X possui
uma subsequência que converge para um ponto de X, então X é limitado, porque do
contrário, para cada n ∈ N poderı́amos encontrar xn ∈ X com |xn | > n. A sequência
(xn ), assim obtida, não possuiria subsequência limitada, logo não teria subsequência
convergente. Além disso, X é fechado pois do contrário existiria um ponto a ∈ / X
com a = lim xn , onde cada xn ∈ X. Dessa forma, a sequência (xn ) não possuiria
subsequência alguma convergindo para um ponto de X, pois todas suas subsequências
teriam limite a. Logo, X é compacto.
6.5 Exercı́cios
1. Prove que para todo X ⊂ R tem-se int(int(X)) = int(X) e conclua que int(X) é
um conjunto aberto.
6. Prove que para todo X ⊂ R vale X = X ∪ ∂X. Conclua que X é fechado se, e
somente se, X ⊃ ∂X.
7. Use a definição de conjunto fechado para provar as partes (ii) e (iii) do Teorema
6.9.
10. Prove que, para todo X ⊂ R, tem-se X = X ∪ X 0 . Conclua que X é fechado se,
e somente se, contém todos os seus pontos de acumulação.
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11. Prove que, para todo X ⊂ R, X 0 é um conjunto fechado.
12. Prove que uma reunião finita e uma intersecção arbitrária de conjuntos compactos
é um conjunto compacto.
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Referências Bibliográficas
[1] G. Ávila. Análise matemática para licenciatura. 3.ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2006.
[3] E. L. Lima. Análise real volume 1 - Funções de uma variável, 11.ed. Rio de Janeiro:
IMPA, 2011.
[4] E. L. Lima. Curso de análise. volume 1, 12.ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2010.
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