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essência como seres humanos. O Ser Humano é um Ser Social, e para satisfazer as suas
necessidades materiais e espirituais o Homem precisa do Outro, da associação com outros
homens. A privação desta associação leva a desiquilibrios tanto a nivel do corpo como da «
Alma ».
As normas religiosas não podem sancionar juridicamente, mas partilham de ordem jurídica,
como é o caso dos mandamentos « Não matarás », « Não roubarás », não se podendo impôr
ao Estado. Ordem de Trato Social Estas referem-se às regras de Boa Educação, de cortesia, de
etiqueta, às tradições, àsboas maneiras e urbanidade, às formas de vestir, às normas
deontológicas de cada profissão, que variam consoante a sociedade onde se insere a pessoa.
Destinam-se a uma convivência agradável entre as pessoas. De certa forma, podem influenciar
o Direito. ARTIGO 3º 1 – Os usos que não forem contrários aos princípios da boa fé são
juridicamente atendíveis quando a lei o determine. (Código Civil, Livro I, Parte Geral, Título I
das Leis, sua interpretação e aplicação, Capítulo I, Fontes do direito) ARTIGO 487.º 1. É ao
lesado que incumbe provar a culpa do autor da lesão, salvo havendo presunção legal de culpa.
2. A culpa é apreciada, na falta de outro critério legal, pela diligência de um bom pai de família,
em face das circunstâncias de cada caso. Ordem Social Ao longo da história várias foram as
doutrinas que justificaram a origem do Estado. Autores como Aristóteles, Cícero, S. Tomás de
Aquino acreditavam na origem natural da sociedade, na tendência do homem conviver de
forma natural com os demais, por forma a satisfazer as suas necessidades e obter a sua
realização. Esta é uma concepção naturalista da sociedade. Entre os séculos XVII e XIX surgem
as ideias de uma concepção contratualista da sociedade em que se destacaram os seguintes
autores : Thomas Hobbes surge como um defensor do homem que tem como sua natureza o
animal, sem justiça, vivendo de guerras entre si, em constante necessidade de auto-
sobrevivência, mas que devido à sua racionalidade passa por um processo de estado de
sociedade. John Locke não nega o estado natureza do homem, mas considera-o apenas como
um gerador de incertezas. Jean Jackes Rousseau não defende o mesmo, alegando que o
Homem nasce com bondade natural, e que o estado de sociedade serve para impor regras
capazes da sua protecção e para defesa da sua propriedade, regulando assim a vida em
sociedade. Segundo estes autores a origem da sociedade baseia-se no contrato social.Não se
trata de uma concepção naturalista da vida em sociedade, mas sim de uma vivência baseada
num acordo de vontades entre homens. As suas teorias apontam para uma vida solitária e
errante do homem antes da vida em sociedade, uma vez Introdução ao Estudo do Direito 7
8. que não havia leis, não havia autoridade, pelo que a passagem a um contrato social só iria
beneficiar o bem comum, sob a forma de Estado. Ordem Moral Tanto o Direito como a Moral
servem-se de normas de conduta com sanções, mas ambos são independentes. Enquanto o
direito regula a actividade e convivência dos homens em sociedade, sanciona materialmente
ou fisicamente quem viola as regras, a moral reflecte-se nos comportamentos de cada um,
baseado no seu interior, ou seja, nas suas crenças, numa consciencialização que influencia e
molda o comportamento do Homem em função daquilo que considera ser o Bem ou o Mal, e
as suas sanções são do foro psicológico. Ordem Jurídica São constituídas pelas normas mais
importantes da vida em sociedade, representadas pela figura do Estado. Pertencem aos
objectivos do Estado a manutenção da paz social, da justiça e da segurança. Sanciona quem
não cumpre as regras de conduta social, obrigatórias para todos os membros dessa sociedade,
e é nesta Ordem que o Direito surge imperativamente para defender o ideal do Estado. São
várias as tarefas do Estado, conforme Artigo 9º da constituição da República Portuguesa. O
que têm em comum todas estas Ordens na sociedade ? O facto de serem gerais, abstractas e
obrigatórias.E o que as diferencia da Ordem Jurídica ? a Coercibilidade da Ordem Jurídica, no
caso do não cumprimento voluntário das suas normas. Conceito de Direito Então como
podemos definir o que é o Direito ? De acordo com Kant, “Direito é o conjunto de condições
pelas quais o arbítrio de um pode conciliar-se com o arbítrio do outro, segundo uma lei geral
de liberdade”. O Direito surge assim como « Osistema de regras de conduta social, obrigatórias
para todos os membros de uma certa comunidade, a fim de garantir no seu seio a Justiça, a
segurança, os direitos humanos, sob ameaça de sanções estabelecidas para quem violar tais
regras » (Amaral, 2004). É um Sistema de Normas orientado a um fim, ao princípio da
plenitude da ordem jurídica que garante que os cidadãos reconhecem um sistema unificador,
coerente, devendo ser interpretado com critérios lógicos, técnicos, e com harmonia.
Pertendem aos objectivos do Direitoos seguintes valores fundamentais : Jústiça – Propondo o
Estado uma ordem de convivência justa, equilibrada. Tal como referiu Aristóteles, a Justiça « é
uma ideia de proporção, de equilíbrio e de hábito, é uma tendência de comportamento
permanente, de dar a cada um o que é seu, não no sentido subjectivo, mas sim dentro de uma
realidade objectiva, ou seja, do indivíduo dentro da sociedade». Introdução ao Estudo do
Direito 8
10. Coercibilidade do Direito O Direito é coercivo e usa as funções de soberania do Estado para
garantir essa coercibilidade, tais como : Defesa Nacional Polícia Segurança Justiça dos
Tribunais Representação Externa Capacidade de impressão da moeda Ou seja, o poder da
Força coersiva está repartido, seguindo de acordo com o Princípio da Ecuidade, característica
do Direito. Conceito de Norma Jurídica Referido anteriormente que a Ordem Jurídica
manifesta-se através de Normas Jurídicas, ou seja, « regras de conduta social gerais, abstractas
e imperativas, adoptadas e impostas de forma coercitiva pelo Estado, através de orgãos ou
autoridades competentes. » (Varela, 2011) A Norma Jurídica surge assim como a expressão do
Direito, e reunem determinadas características. Características da Norma Jurídica : 1)
Bilateralidade – Contém sempre dois lados, o lado do titular do direito e o sujeito do dever. 2)
Sistemática – É organizada de forma sistemática, tendo em conta princípios, normas, regras
jurídicas, critérios para a sua interpretação e assegurando a sua execução através de recursos
próprios. 3) Imperatividade – Exprime uma ordem, seja para proibir, seja para permitir. A
ordem Jurídica é objectiva e assume um carácter obrigatório para todos os cidadãos. 4)
Violabilidade – Sendo dirigida a pessoas livres, condiciona as suas escolhas, decisões e
comportamentos, ou seja, pode ser violada. 5) Generalidade–Perante a Lei os cidadãos são
todos iguais, e por isso as normas jurídicas se aplicam a todas as pessoas. 6) Abstracção –
Traduz-se em regras de conduta para uma generalidade de situações hipotéticas e não
resumido a um indivíduo ou facto concreto na vida social. 7) Coercibilidade – As normas
jurídicas podem recorrer ao emprego de meios coercivos, ou até a força pelos orgãos
competentes designados para esse efeito, em caso do não cumprimento voluntário. Mas onde
vamos buscar essas normas jurídicas ? Se perguntássemos a qualquer pessoa comum, aonde
iriamos buscar as normas jurídicas, a resposta seria « na Lei ». É certo. Mas e se a Lei for «
matar quem não seja de uma determinada religião », é esta uma regra Introdução ao Estudo
do Direito 10
11. de Direito? Não. Porque a Lei para ser de Direito deve ser justa, deve ser fundamentada
por princípios fundamentais de Direito, a que associamos as ideias de Jústiça e de Direito.
Atenção que aquilo que é hoje um Princípio Justo, pode amanhã já não o ser. Sabemos então
que, as normas jurídicas são normas de Direito ideais à convivência na sociedade. As normas
tem de se fundamentar em Princípios Normativos, que constituem os valores certos e errados
em dado momento. As Normas jurídicas formam-se a partir defontes Directas (Imediatas)
eIndirectas (Mediatas), as directas são as que criam normas jurídicas, e as indirectas
contribuem para a sua formação. Ramos do Direito Devido à complexidade dos problemas e
necessidades dos cidadãos, o Direito precisou especializar-se de forma a garantir uma maior
eficácia na resolução dos problemas e fenómenos da vida em sociedade, há medida que
fossem surgindo. Criaram-se domínios diferentes na regulação do Direito, apresentando-se
como Ramos específicos. O Direito pode ser distinguido em vários âmbitos : Direito
Internacional – Referem-se às normas aplicadas entre Países. Direito Nacional – Refere-se ao
que existe dentro das fronteiras de um País. O Direito Nacional pode ser : Público – Refere-se
aos interesses da colectividade.O Estado exerce o seu poder de autoridade ou poder soberano.
Privado – Incide-se nas relações entre os indivíduos, e desde que não vá contra o previsto na
Lei Por exemplo : A Lei estipulou que o salário mínimo nacional para 2012 fosse na quantia de
485 €. Uma empresa contrata alguns trabalhadores e decide que um trabalhador não casado e
sem filhos deve ganhar 2/3 do salário mínimo, em detrimento do trabalhador com agregado
familiar. É válido ? Não. Porque uma vez que se trata de uma ordem de direito público, esta
protege o trabalhador, e assim sendo, a empresa é obrigada a pagar de acordo com a lei.
Fontes do Direito O Código Civil estabelece assim as Fontes do Direito : CAPÍTULO I - Fontes do
direito ARTIGO 1º (Fontes imediatas) 1. São fontes imediatas do direito as leis e as normas
corporativas. 2. Consideram-se leis todas as disposições genéricas provindas dos órgãos
estaduais competentes; são normas Introdução ao Estudo do Direito 11
12. corporativas as regras ditadas pelos organismos representativos das diferentes categorias
morais, culturais, económicas ou profissionais, no domínio das suas atribuições, bem como os
respectivos estatutos e regulamentos internos. 3. As normas corporativas não podem
contrariar as disposições legais de carácter imperativo. ARTIGO 2º - Revogado pelo Dec.-Lei
329-A/95, de 12-12 (Assentos) Nos casos declarados na lei, podem os tribunais fixar, por meio
de assentos, doutrina com força obrigatória geral. ARTIGO 3º (Valor jurídico dos usos) 1. Os
usos que não forem contrários aos princípios da boa fé são juridicamente atendíveis quando a
lei o determine. 2. As normas corporativas prevalecem sobre os usos. ARTIGO 4º (Valor da
equidade) Os tribunais só podem resolver segundo a equidade: a) Quando haja disposição
legal que o permita; b) Quando haja acordo das partes e a relação jurídica não seja
indisponível; c) Quando as partes tenham previamente convencionado o recurso à equidade,
nos termos aplicáveis à cláusula compromissória. O Código Civil estabelece nos artigos 1.º a 4.º
disposições sobre quais as fontes do direito, considerando a Lei como única fonte imediata do
direito em contraposição às fontes mediatas, aos usos (art.º 3º) e equidade(artº4º) que só têm
relevância jurídica, quando a lei assim o determine. Contudo, nos vários artigos o termoLei
pode assumir vários sentidos: Lei em sentido amplo Referem-e às normas jurídicas emanadas
dos órgãos estatais competentes, pela Assembleia da República, pelo Governo, pela
Assembleia Legislativa Regional dos Açores e da Madeira. Lei em sentido restrito Refere-se aos
diplomas emanados pela Assembleia da República. Lei Lei- refere-se a um diploma emanado
pela Assembleia da República (Cód.Civil, artº 1º). Decreto-Lei Decreto-Lei–é o diploma
emanado pelo Governo. Lei Constitucional e a Constitucional derivada Introdução ao Estudo
do Direito 12
13. L. Constitucional - é a lei que cria a constituição. L. Constitucional derivada – é a lei que
altera a constituição. Lei Ordinária Correspondem a todos os restantes diplomas emanados
pelo poder legislativo. A Lei pode assumir várias formas, uma hierarquia, devido ao facto de
que nem todas as normas têm o mesmo valor jurídico. As normas de hierarquia superior
prevalecem sobre as inferiores, caso contrário, poderão ser consideradas inconstitucionais
relativamente à Constituição da República Portuguesa ou outra lei. Assim sendo, as leis
especiais tem prioridade sobre as leis gerais. A hierarquia das leis tem a seguinte configuração
em forma de pirâmide: Hierarquia das Leis: >>>Constituição da República Portuguesa.
>>>Direito Internacional geral e convencional. >>>Lei : >>Leis da Assembleia da República.
>>Decretos-Lei do Governo. >>>Regulamentos do Governo : >>Decretos Legislativos Regionais
– são de órgãos com poder normativo sectorial, como é o caso das Assembleias Legislativas
Regionais dos Açores e Madeira. >>Decretos Regulamentares - são diplomas emanados pelo
Governo e promulgados pelo Presidente da República. >>Resoluções do Conselho de Ministros
- provêm do Conselho de Ministros e não têm de ser promulgados pelo PR. >>Portarias - são
ordens do Governo, dadas por um ou mais ministros e que também não têm de ser
promulgadas pelo PR. >>Despachos Normativos - são diplomas que têm apenas como
destinatários os subordinados do ministro (s) signatário (s) e valem unicamente nesse (s)
ministério (s). >>Posturas - são regulamentos autónomos locais, provindos dos corpos
administrativos competentes. A Constituição da República Portuguesa data de 1976 e é o
orgão com maior poder do Estado. Os princípios fundamentais são aqueles que fazem parte da
consciência jurídica da sociedade portuguesa, existindo como valores, em regra aceites por
todos e em definidos em consenso. Tem como princípios fundamentais : Introdução ao Estudo
do Direito 13
14. Direitos e Deveres fundamentais – Estão previstos na CRP como o direito à vida, à
integridade pessoal, à identidade pessoal e ao desenvolvimento da personalidade, à cidadania,
ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e
familiar, à protecção contra a discriminação, à liberdade e segurança, à inviolabilidade do
domicílio e da correspondência, à liberdade de expressão e de informação, à liberdade de
consciência, de religião e de culto, à liberdade de criação cultural, de aprender e de ensinar, à
deslocação e emigração, à reunião e manifestação, associação e acesso à função pública.
Descrevem-se abaixo os artigos conforme CRP : TÍTULO II Direitos, liberdades e garantias
CAPÍTULO I Direitos, liberdades e garantias pessoais Artigo 24.º (Direito à vida) 1. A vida
humana é inviolável. 2. Em caso algum haverá pena de morte. Artigo 25.º (Direito à
integridade pessoal) 1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável. 2. Ninguém pode
ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos. Artigo 26.º
(Outros direitos pessoais) 1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao
desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação,
à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal
contra quaisquer formas de discriminação. 2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a
obtenção e utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana, de informações relativas às
pessoas e famílias. 3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser
humano, nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização das tecnologias e na
experimentação científica. 4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só
podem efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo ter como fundamento