Sie sind auf Seite 1von 55

Ler artigos 92 a 154 do CPP.

Art. 1º ao 3º do CPP se relacionam com o tema princípios

INQUÉRITO POLICIAL
INTRODUÇÃO

 Art. 4º a 23 do CPP
 Lei 12.830/13
Trata da atividade do delegado de polícia
 Lei 12.850/13
Combate as organizações criminosas, delação premiada, ação controlada, infiltração de agentes de
polícia na organização criminosa
 Lei 12.694/12
Traz a possibilidade de colegiado de juízes em primeiro grau para decretar medidas cautelares no
combate às organizações criminosas (com isso, visa a proteger os juízes).
 Art. 144/CF
Trata da segurança pública (polícia civil e polícia federal).
A polícia federal tem exclusividade para atuar como polícia judiciária da União na apuração de
delitos e sua respectiva autoria.
No âmbito estadual, não há exclusividade para a polícia civil.

 CONCEITO
Procedimento administrativo presidido por delegado de polícia civil (estados) ou federal (união_
que tem por finalidade apurar a prática de um crime e sua autoria, para formar o convencimento
do titular do direito de ação (MP ou Vítima).
O inquérito policial é mais um de diversos procedimentos investigatórios. Há também a CPI, por
exemplo!

 FORMAS DE INSTAURAÇÃO – art. 5º, CPP


Depende da modalidade de ação prevista para aquele crime.

CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA


 Instauração de ofício
O delegado deve instaurar o inquérito de ofício: art. 5º, I
O inquérito é oficioso (característica da oficiosidade).
Em regra, são os crimes mais graves.
Atingem a vida, integridade física, patrimônio.
O Estado pode acusar mesmo que a vítima não queira.
Se o código não fala nada sobre a modalidade de ação, em regra, será crime de ação penal
pública incondicionada.
Art. 8º do CPP: lavratura do auto de prisão em flagrante. O inquérito é instaurado de ofício.
 Instauração por requisição ou requerimento: art. 5º, II.
a) Requisição
A requisição é feita pelo Ministério Público ou pelo Juiz.
A requisição é uma ordem que não admite indeferimento do delegado!! Sob pena de
prevaricação, se houver dolo. (art. 319, CP).
O art. 129 da CF: o MP exerce o controle externo da atividade policial, fiscalizando-a.

b) Requerimento
O requerimento é feito pelo ofendido (vítima). A vítima vai até a delegacia e informa, por
exemplo, que foi assaltado, que roubaram seu carro.
O requerimento pode ser indeferido pelo delegado
Da decisão que indeferiu o requerimento, cabe recurso administrativo. Quem julga esse
recurso é o chefe de polícia (delegado chefe).
O delegado pode indeferir o requerimento de instauração, porque o inquérito policial é
discricionário (o delegado tem liberdade/discricionariedade na condução das
investigações).

 Instauração notícia crime – art. 5º, § 3º, CPP


Pode ser feita por qualquer pessoa do povo.
Notícia crime = qualquer meio pelo qual a autoridade toma conhecimento da suposta prática
de um crime.
Exemplo: o boletim de ocorrência materializa a existência do crime.
Obs.: Denúncia e Queixa são espécies de petição inicial, e não são notícia-crime!!
Obs.: O STF não admite instauração de procedimento com base apenas em notícia crime
anônima. (tem que verificar a procedência das informações dadas).

CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA


 Crimes de ação penal pública condicionada à Representação do Ofendido
art. 5º, §4º e art. 39 CPP
O Ministério Público pode acusar, mas a vítima tem que autorizar.
O inquérito só será instaurado com a representação do ofendido.
O delegado não pode instaurar o inquérito de ofício.
Isso é uma condição para INVESTIGAR e PROCESSAR. Ou condição de procedibilidade.
Exemplo: no crime de ameaça, a ação somente se procede com representação do ofendido.
Exemplo: estupro contra pessoa que não é vulnerável. (a discricionariedade de representar ou
não cabe à vítima). Obs.: se houver lesão corporal grave ou gravíssima praticada contra a vítima
do estupro, esse crime passa a ser de ação incondicionada (isso é o que dispõe súmula do STF).
(*) Prazo decadencial da representação: 06 meses a partir do conhecimento da autoria do fato.
Esse prazo é computado na forma do art. 10 do Código Penal. O prazo penal é contado de
forma melhor para o investigado/Réu (conta o primeiro dia e exclui o último dia; são contados
dias corridos)
Prescrição: perda do poder de punir do Estado
Decadência: perda do direito de agir da vítima (de manifestação de vontade)
 Crimes de ação penal pública condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
Casos em que o Ministro da Justiça tem que autorizar a instauração do inquérito.
Exemplo: crime contra a honra do presidente da republica.

CRIMES DE AÇÃO PENAL DA INICIATIVA PRIVADA – art. 5º, §5º, CPP


 Só haverá instauração do inquérito policial ou termo circunstanciado se a vítima requerer.
Normalmente os crimes de iniciativa privada são de menor potencial ofensivo. Nesses casos, em
vez de inquérito policial, haverá termo circunstanciado.
Prazo decadencial: 06 meses a partir do conhecimento da autoria do fato.

 CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO – art.


1) DISPENSABILIDADE
O inquérito é dispensável/facultativo, porque existem outras modalidades de investigação.
Logo, o inquérito não é obrigatório.
(*) Outras modalidades:
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Em crimes de menor potencial ofensivo (pena máxima de até 02 anos) – crimes dos Juizados
Especiais Criminais, no lugar do inquérito policial, haverá o termo circunstanciado. E, no
lugar da lavratura do auto de prisão em flagrante, haverá a assinatura de um Termo de
Compromisso de comparecer à audiência de conciliação. Após a lavratura do termo
circunstanciado, o acusado é liberado.

(*) Obs.: os institutos da Lei 9.099 (lei de juizados) não se aplicam no contexto da Lei Maria
da Penha, nada do que foi dito acima é aplicado. Ou seja, para a proteção da mulher,
deverá haver inquérito policial, deverá haver lavratura de auto de prisão em flagrante, sem
direito à transação, etc. Art. 41 da Lei 11340/06 – Lei Maria da Penha.

Obs.: Em regra, na fase do inquérito policial, o juiz não pode decretar de ofício prisão
preventiva, sem o Ministério Público ou o Delegado de polícia pedirem. Mas na Lei Maria da
Penha pode!

2) SIGILOSO
Art. 20, CPP
Art. 8º da Lei 9296/96 (Lei da Interceptação Telefônica)
O inquérito, assim como a interceptação telefônica, são procedimentos sigilosos para que seja
assegurado o sucesso da investigação e a intimidade daquela pessoa que é apenas investigada.
Art. 7º, XIV, XXI, § 1º da Lei 8.906 (Estatuto da Advocacia): o advogado pode acessar quaisquer
autos de inquérito policial (findos ou em andamento), mesmo sem procuração. A procuração
do advogado só poderá ser exigida quando o juiz determinar o sigilo do procedimento.

(!) Súmula Vinculante nº 14: Já o STF entende que o advogado deve ter procuração e só pode
acessar os atos documentados/consumados/concretizados e com relação (nexo) com a situação
do seu cliente (patrocinado).

(!) Súmulas Vinculantes 11, 14 e 24: têm relação com o inquérito policial.

3) INQUISITORIAL
art. 155, CPP
Não existe obrigação da incidência dos princípios da ampla defesa e contraditório.
No inquérito policial é possível, por exemplo, ouvir testemunhas de acusação sem a presença
do advogado de defesa.
 O juiz não pode condenar o Réu somente com base no inquérito policial. Principio do livre
convencimento motivado: o juiz é livre para decidir, mas deve fundamentar a decisão e
essa fundamentação não pode se dar apenas com base no inquérito.
O inquérito possui uma finalidade linear: confirmar uma hipótese acusatória.
Logo, no inquérito, não há a produção de PROVAS propriamente ditas. Afinal prova é tudo
aquilo que é produzido a luz do contraditório, ampla defesa e devido processo legal.
PROVA só é produzida em juízo, no processo.
Exceções: Provas cautelares, não repetíveis ou antecipadas. Exemplo: foi praticado um
homicídio. O exame de corpo de delito é realizado na fase de inquérito policial (o corpo
não pode esperar até a fase processual, para que seja feita a exumação). Logo, o exame de
corpo de delito deve ser feito na fase do inquérito e deve ser permitida a ampla defesa e
contraditório. Logo, nesse caso, a PROVA será produzida e não haverá necessidade de
repetição da prova em juízo. Nesses casos de prova cautelar, não repetível ou antecipada,
é possível condenar com base nessa prova produzida na fase de inquérito. Outro exemplo:
prova de interceptação telefônica.
 Mas o juiz pode absolver somente com base no inquérito.

4) INDISPONÍVEL
Arts. 17 e 18 do CPP
Súmulas 524 e 696 do STF
O delegado não pode desistir do inquérito policial, não pode abandonar as investigações, em
hipótese alguma.
Exemplo: o delegado instaura o inquérito de possível crime de bigamia. Ao decorrer do
inquérito, percebe que não houve bigamia, e sim adultério. O delegado pode arquivar o
inquérito? não!
O inquérito policial não pode ser arquivado de ofício.
Arquivamento do Inquérito: é feito a requerimento do Ministério Público e autorização do
Poder Judiciário (do Juiz).

 PRAZOS DE CONCLUSÃO DO INQUÉRITO


 JUSTIÇA ESTADUAL
Acusado preso (flagrante ou preventiva): 10 dias (improrrogáveis!)
Acusado solto: 30 dias (pode ser prorrogado pelo prazo estipulado pelo juiz)
(*) Esse prazo vale mesmo para os crimes hediondos.
O prazo de 10 dias (acusado presos) é improrrogável! Se o prazo for prorrogado, a prisão passa
a ser ilegal e tem que ser relaxada (o juiz tem que expedir alvará de soltura). Se o juiz não
conceder o pedido de relaxamento, entra com habeas corpus (a autoridade coatora passa a ser
o juiz, que autorizou a prorrogação da prisão ilegal).

 JUSTIÇA FEDERAL
Lei 5.010, art. 66
Acusado preso: prazo de 15 dias (prorrogáveis por mais 15)
Acusado solto: 30 dias (disposição do CPP, pois a Lei 5.010 não trata do caso de o acusado estar
solto).
Exemplo: trafico internacional de drogas, redução à condição análoga de escravo, falsificação
de moeda, crime a bordo de avião, crime contra comunidade indígena.

 LEI DE DROGAS
Art. 33, § 3º, CPP: trata de modalidade especial de tráfico (consumo mútuo), na qual a pena
máxima é de 01 ano. Esse é um crime de menor potencial ofensivo, no qual não cabe inquérito
policial, e sim termo circunstanciado.
 Art. 33, caput, CPP e Art. 51 e 54 da lei 11.343 (Lei de Drogas): tráfico de drogas, associação
ao tráfico. Nesses crimes, há inquérito policial.
Acusado preso: prazo de 30 dias prorrogáveis por mais 30.
Acusado solto: prazo de 90 dias prorrogáveis por mais 90.
Esses prazos são maiores, porque há alguns recursos de investigação mais complexos, como,
por exemplo, infiltração de agente policial na associação ao tráfico.

 RELATÓRIO DO DELEGADO
É a peça final do inquérito policial
Não é uma sentença, mas sim um relato de tudo o que ocorreu durante as investigações.
O inquérito policial não é prospectivo, mas sim RETROSPECTIVO (gira em torno de um fato que já
passou. O trabalho do advogado é reconstituir e o papel do relatório é fazer um histórico de tudo
que já ocorreu).
Art. 10, CPP: No relatório, o delegado pode mencionar o nome de testemunhas que não foram
inquiridas na fase policial. Estas testemunhas poderão ser ouvidas em juízo, na fase processual (de
ação penal).
Em regra, é no relatório que o delegado faz um indiciamento do sujeito acusado. (por vezes, o
delegado não conseguirá encontrar o autor do crime).

Instauração do Inquérito ≠ Indiciamento: é possível que o inquérito comece e termine sem um


suspeito formal da autoria do crime.
No indiciamento, o sujeito é indiciado e passa a ser o destinatário formal das investigações, com
todas as garantias daquele que é destinatário de uma acusação (direito ao silêncio, etc). O
indiciamento deve ser fundamentado. Lei 12.830/13 trata do indiciamento.

 Crime de ação penal pública


Após o relatório, os autos serão encaminhados ao Ministério Público (se for um crime de ação
penal pública).

O Ministério Público poderá:

1. Requisitar novas diligências, se o sujeito estiver solto. Se o acusado estiver preso, primeiro
o juiz relaxa a prisão, para que a diligência possa ser feita.

2. Oferecer denúncia – caso haja indícios de existência da autoria, da materialidade do crime,


etc. (art. 41, CPP). A denúncia tem forma de uma petição inicial. Após, o juiz decidirá se a
denuncia será oferecida ou não (aceitar/rejeitar a denúncia).

3. Arquivar o inquérito policial. Após, o juiz decidirá se o inquérito será arquivado ou não.
Não existe arquivamento de ofício. O procedimento sempre será: o MP pede o
arquivamento e o juiz autoriza ou não.
Quando o juiz recebe o pedido de arquivamento, ele: arquiva, ou discorda dessa
manifestação, entendendo que é caso de ação penal (art. 28, CPP).
 Decisão do juiz que discorda do arquivamento
Como o juiz não é acusador, ele deverá remeter o inquérito ao Procurador-Geral de Justiça.
O Procurador-Geral de Justiça pode: (i) oferecer denúncia, (ii) designar a outro membro do
MP para oferecê-la (esse outro promotor é obrigado a denunciar), (iii) ou insistir no
arquivamento (caso em que o juiz será obrigado a arquivar).

CPP
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa
do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e
este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender.

O art. 28, CPP é muito importante para a prova.

(*) Sempre que o MP deixar de propor um benefício ao Réu, ou se omitir na acusação, se


o juiz não concordar, deverá invocar o art. 28 do CPP (remeter ao Procurador-Geral de
Justiça).
Exemplo: Suspensão Condicional do Processo (art. 89, Lei 9.0999) – nos crimes de pena
mínima inferior ou igual a 01 ano, o MP, ao oferecer a denúncia, poderá propor a
suspensão do processo, desde que sejam cumpridos algumas condições. Se, por exemplo,
uma pessoa for acusada de furto simples e o MP não propuser o benefício da suspensão
condicional do processo, porque o acusado já respondia a um processo por contravenção
penal. Ocorre que só implicaria o afastamento do benefício se o acusado respondesse a
processo por crime (e não por contravenção). Diante disso, o juiz poderá remeter o
inquérito ao Procurador-Geral de Justiça, invocando o art. 28 do CPP.

 Decisão do Juiz que determina o arquivamento


Em regra, a decisão do juiz que determina o arquivamento do inquérito policial é
irrecorrível!
Exceção: art. 7º da Lei 1.521/51 – trata dos crimes contra a economia popular. Nesse caso,
quando do arquivamento do inquérito, cabe um recurso de ofício (feito pelo próprio juiz,
que encaminha os autos para o Tribunal, para rever sua decisão. É, na verdade, uma
remessa necessária).

A decisão do juiz que determina o arquivamento do inquérito policial não faz coisa julgada
material! (não transita em julgado, só faz coisa julgada formal). É possível o
desarquivamento do inquérito policial.
Exemplo: Uma pessoa é acusada de roubo. A vítima fez o reconhecimento. Foram ouvidas
as testemunhas A, B e C. O promotor, então, pede o arquivamento. O juiz homologa o
arquivamento. Após isso, surge uma nova prova: a testemunha C foi ouvida novamente e
disse que o acusado foi autor do crime. Esse inquérito pode ser desarquivado! O novo
depoimento de C é uma prova nova.

Art. 18 do CPP e Súmula 524 do STF: se o delegado de polícia tiver notícia de uma prova
nova, ele poderá retomar as investigações. Se o promotor tiver acesso a uma nova
evidência (nova prova), pode oferecer a denúncia.

CPP
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de
outras provas tiver notícia.

Súmula 524, STF


Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal
ser iniciada, sem novas provas.

Juizados Especiais: Súmula Vinculante 35


Súmula Vinculante 35
A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei
9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas
cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal
mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
policial.

 Crime de ação penal condicionada


Os autos tem que ficar no cartório, esperando manifestação da vitima.
AÇÃO PENAL

 Ação civil ex delito – arts. 63 a 68 do CPP


Possibilidade de reparação cível em decorrência da prática de um crime.
Sentença penal transitada em julgado executada no ambito cível.
Desde 2008, o juiz criminal pode fixar uma verba indenizatória mínima, para reparação dos danos
causados pelo crime, sem prejuízo da liquidação no cível para apuração do quantum efetivamente
devido. Art. 63, § único do CPP e 387, IV, CPP.

Art. 67, CPP: se o inquérito policial foi arquivado,

 CONCEITO

PERSECUÇÃO PENAL: fase investigatória + ação penal

Com o direito de ação, a jurisdição é provocada ao Estado-Juiz, para que se concretize por meio do
processo penal. Não há crime sem processo penal.

 Conceito: Logo, ação penal é o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação da lei através do
processo penal.

 Não é possível a instauração de ação penal de ofício, porque o direito de ação não coincide com
a jurisdição.
Obs.: O habeas corpus pode ser promovido de ofício por um juiz ou Tribunal. Art. 654, §2º, CPP).
Isso porque, embora o habeas corpus seja uma ação, ela não é condenatória, mas sim uma ação
autônoma de impugnação (ação libertária). O habeas corpus é um instituto em favor do réu.

 Já o processo de EXECUÇÃO PENAL pode ser instaurado de OFÍCIO.


(Lei de Execução Penal: 7.210)

 CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL


1) PÚBLICA
Se a ação é pública, o titular do direito de ação é sempre o MP.
Petição Inicial = Denúncia (art. 41, CPP – requisitos da denúncia).

1.1 Incondicionada (Plena)


Nesse caso, o MP não precisa da autorização de quem quer que seja.
Se o CPP silenciar sobre a modalidade de ação penal, presume-se que seja ação penal
pública incondicionada.
Em regra, os crimes mais graves são de ação penal pública incondicionada.
Em regra, os crimes praticados contra a administração pública são de modalidade de ação
penal pública incondicionada.

1.2 CONDICIONADA
É a ação penal condicionada a representação ou requisição.

 REQUISIÇÃO
A requisição é feita pelo Ministro da Justiça.
 Art. 7º, §3º, “b” do Código Penal: casos de pessoa estrangeira que praticou crime
contra brasileiro fora do país.
 Art. 145 do Código Penal: crime praticado contra a honra de presidente da república
ou chefe de governo estrangeiro.

CPP
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que
forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de
Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando
oposta e admitida a exceção da verdade.

 REPRESENTAÇÃO
É uma condição de procedibilidade. Art 39, CPP.
O MP só pode denunciar se a vítima autorizar.

 Prazo decadencial
O art. 38 do CPP prevê o prazo decadencial para representação de 06 meses, a partir
do conhecimento da autoria do fato.
A decadência extingue a punibilidade – art. 107. IV do CP (se não haverá processo,
também não haverá punibilidade).

 Retratação da representação
A representação admite retratação até o protocolo de oferecimento da denúncia (art.
25 do CPP).
(*) Na Lei Maria da Penha, a retratação pode ser feita até o recebimento da denúncia
pelo juiz, em uma audiência específica perante o juiz e o MP. (art. 16 da Lei Maria da
Penha). Não cabe representação na lesão corporal a luz da Lei Maria da Penha, haja
vista que é uma ação penal pública incondicionada.

Lei Maria da Penha


Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
representação da ofendida de que trata esta Lei, só será
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes
do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Obs.: Existe retratação na Lei Maria da Penha! Isto porque o único crime de ação penal
pública incondicionada, segundo essa lei, é de lesão corporal. Logo, na lesão corporal
(casos regulamentados pela lei Maria da penha), não caberá retratação da
representação, pois a ação penal é pública e incondicionada. Todavia, para outros crimes,
a ação penal continuará havendo a existência de representação.

Súmula 542 do STJ: qualquer lesão corporal praticada contra a mulher, no contexto da Lei
Maria da Penha, é crime de ação penal pública incondicionada! (**até mesmo a lesão
corporal leve).
 Já o crime de lesão corporal leve, por ser de menor potencial ofensivo, é crime de ação
penal pública condicionada a representação.
Obs.: nem todo crime previsto na lei Maria da penha é de ação penal pública
incondicionada. Por exemplo: se marido ameaçar a esposa, isso será ação penal pública
condicionada a representação. Se o marido estuprar a esposa, isso será crime de ação
penal pública condicionada a representação.

Súmula 608 do STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real (lesão grave
ou gravíssima), a ação penal é pública incondicionada. Logo, se o marido estuprar a
esposa e praticar uma lesão gravíssima contra ela, esse crime será de ação penal pública
incondicionada.

Súmula 714 do STF: trata da ação penal nos crimes contra a honra de funcionários
públicos, no que for pertinente ao exercício da função. (art. 145 do CP). Nesses casos, a
modalidade de ação penal será pública condicionada. Embora, em regra, os crimes contra
a honra sejam de ação penal privada.
*calúnia e difamação: imputam um fato.
*injúria: imputa uma qualidade negativa à pessoa (ex.: chamar alguém de ladrão).

Súmula 714
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante
queixa, e do ministério público, condicionada à
representação do ofendido, para a ação penal por crime
contra a honra de servidor público em razão do exercício
de suas funções.

A Súmula 714 do STF consagrou uma legitimidade concorrente


para a ação penal.

 A representação é uma manifestação informal! Pode ser oralmente, pode ser mediante
tomada de termo. Não precisa ser uma peça formal! O simples ato de ir até a delegacia e
pedir que seja feito o exame de corpo de delito já manifesta a intenção de querer que o
sujeito seja investigado e processado.
 Art. 74, § único, Lei dos Juizados (9.099): no Juizado Especial Criminal, a composição civil
acarreta a retratação da representação e a renúncia do direito de queixa (se a ação penal
for privada).

Lei 9.099

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a


escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo
civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa


privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia
ao direito de queixa ou representação.

2) PRIVADA
Nos crimes praticados sem violência, a ação penal será privada.
O titular da ação penal é o ofendido, seu representante legal ou sucessor (cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão).
Petição Inicial = Queixa Crime (art. 41 e 44 do CPP).

2.1 Exclusiva (Propriamente Dita) – arts. 30 e 31, CPP

O titular da ação penal é o ofendido, seu representante legal ou sucessor (cônjuge,


ascendente, descendente ou irmão).

CPP

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para


representá-lo caberá intentar a ação privada.

Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando


declarado ausente por decisão judicial, o direito de
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Em regra, os crimes contra a honra são de ação penal privada exclusiva – Art. 145, CPP

Prazo decadencial: 06 meses para oferecer a queixa-crime.

2.2 Subsidiária – art. 29, CPP e art. 5º, LIX, CF


Possibilidade de a vítima oferecer uma queixa supletiva (ou subsidiária), em crime de ação
penal pública, quando o MP não oferece a denuncia no prazo de lei , ficando inerte.
Situação: o inquérito é concluído e encaminhado para o MP. Diante disso, o MP pode
requisitar novas diligências, oferecer denuncia, ou pedir arquivamento. O MP tem o prazo de
15 dias (acusado solto) ou 5 dias (acusado preso) para fazer isso. Se esse prazo não for
cumprido, surge para a vítima prazo subsidiário de 06 meses para oferecer a queixa-crime.

CPP

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.

Terminado o prazo para o MP oferecer denúncia, a vítima terá prazo decadencial de 06 meses
para dar uma queixa (constituindo advogado para isso). Durante esses 06 meses, o MP ainda
poderá oferecer denúncia, enquanto o crime não prescrever. E, mesmo quando a vítima
oferecer queixa no prazo de 06 meses, o MP poderá atuar como assistente litisconsorcial da
vítima.

**O prazo decadencial de 06 meses para a vítima oferecer queixa subsidiária não extingue a
punibilidade!

Questão de prova anterior: não se admite queixa subsidiária quando o MP opta pelo
arquivamento do inquérito, pois, nesse caso, não houve inércia!! << O MP recebeu os autos
de um inquérito de crime de homicídio, estando o acusado solto. Dentro do prazo de 15 dias, o
MP pediu o arquivamento do inquérito. O pai da vítima, então, ofereceu queixa subsidiária.
Essa queixa deve ser REJEITADA >>

2.3 Personalíssima
Apenas a vítima pode oferecer a queixa
Crime 238, CP - Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento em casamento
Prazo de 06 meses a partir do transito em julgado da sentença cível que anulou o
casamento. Veja que, se não houve impedimento ao casamento, não haverá crime.

Art. 236 Contrair casamento, induzindo em erro essencial o


outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja
casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do
contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de
transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento.

Obs.: DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS – ler arts. 92 e 93 do CPP (ler!!)


AÇÃO PENAL

 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA


1. Obrigatoriedade – art. 24, CPP
Atrelados a esse princípio, temos a: oficialidade e oficiosidade.
Oficialidade: na ação penal pública, o titular da ação penal é um órgão do Estado (só quem
oferece denúncia é o Ministério Público).
Oficiosidade: em regra, a ação penal pública é instaurada de ofício pelo Ministério Público. (nos
casos de ação penal pública incondicionada).

Obrigatoriedade: se houver justa causa para a instauração da ação penal, o Ministério Público
DEVE oferecer a denúncia (deve ofertar a petição inicial).
(!) Justa causa = fumus comissi delicti (fumaça da prática do crime). São indícios suficientes de
autoria (ou participação) + materialidade ou prova de existência do fato. Lastro probatório
mínimo para o exercício da pretensão acusatória.

 Exceções ao princípio da obrigatoriedade


a) Transação Penal – art. 76, Lei 9.099
Aqui, ao invés de termos uma obrigatoriedade, o que temos é discricionariedade
regrada. A discricionariedade regrada mitiga a obrigatoriedade.

É dizer: de acordo com a discricionariedade regrada, não há a necessidade de oferecer


denúncia (discricionariedade), porém NOS TERMOS DA LEI (regrada).

Exemplo: Crime de lesão corporal leve  encaminha para o JECrim  Realização de


Audiência Preliminar (tem que ter!!)  Proposta de transação penal (aplicação imediata
de pena não privativa de liberdade)  Punibilidade extinta

Obs.: No JECrim, nem é necessário um exame de corpo de delito oficial (basta um


relatório médico).  CELERIDADE

 O objetivo da Lei 9.099 é não prender.

 Antes da proposta de transação penal, deve haver a audiência preliminar. Caso seja
desrespeitado esse procedimento, a transação será NULA! (FGV já cobrou isso).

 A transação penal é uma sentença que homologa um acordo e não tem efeito
condenatório (não gera reincidência, antecedentes, etc).

 Contra essa sentença (transação penal), cabe APELAÇÃO (art. 76, § 5º) – prazo de 10
dias!

 O único efeito da transação é evitar a MESMA PROPOSTA por um prazo de 05 anos.


 Outros institutos que relativizam a obrigatoriedade da ação penal pública:
 Delação Premiada – Lei 12.850, art. 4º
Previsão do perdão judicial ao colaborador.
Essa lei trata do combate as organizações criminosas.

2. Indisponibilidade – arts. 42 e 576, CPP


Uma vez oferecida a denúuncia, o MP não pode desistir da ação e nem de recurso que tenha
interposto.

O que o MP pode fazer é pedir a absolvição do réu, recorrer em favor do réu impetrar habeas
corpus em favor do acusado, etc... (isso é o exercício do seu papel de fiscal da ordem jurídica).
Todavia, mesmo que o MP peça a absolvição do Réu, o juiz pode condenar!! (Art. 385, CPP)

CPP
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela
absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma
tenha sido alegada.

 Instituto da suspensão condicional do processo – art. 89, Lei 9.099


Relativiza a indisponibilidade, pois suspende o processo já em curso e, posteriormente,
há a extinção da punibilidade.

Lei 9.099
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

3. Divisibilidade
Mesmo que o MP não denuncie todos os autores do crime e todos os delitos, a denúncia pode
ser aditada para tal inclusão.
A ação penal pública pode ser fracionada! O pólo passivo da ação pode ser divisível.

Exemplo: A operação Lava-Jato tem mais de 35 fases. O fato de Lula não ter sido denunciado na
primeira fase da operação lava-jato não impede que ele seja investigado na 30ª fase desta
operação. Nada impede que a denúncia seja aditada, ou que outra denuncia seja oferecida.
(!) Não se admite o arquivamento IMPLÍCITO do inquérito policial! << Exemplo: “B” importou
substâncias ilícitas (anabolizantes, etc...) e mandou entregar na academia de “A”. A polícia
federal foi até a academia de “A” para apreender as substâncias e iniciou o inquérito contra
“A”. No inquérito, “A” disse que não tinha nada a ver com isso e que as substâncias ilícitas
importadas eram de “B”. O Ministério Público recebeu os autos do inquérito e ofereceu a
denúncia apenas contra “A”. O Juiz não percebeu o erro e recebeu a denúncia em relação a
“A”, dando início à ação penal. Todavia, o juiz não invocou o art. 28 do CPP e arquivou a
denúncia com relação a “B”. Diante disso, por não existir arquivamento implícito, “B” não está
livre de responder pelo crime! O MP tinha que expressamente dizer que “B” era inocente e
pedir o arquivamento em relação a “B”; após, o Juiz teria que determinar “arquive-se para B”.

 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA


1. Oportunidade
A vítima não é obrigada a oferecer a queixa
Justamente por isso há institutos de renúncia e decadência.

 Renúncia
Existe renúncia tácita e renúncia expressa.
É unilateral e pré-processual (vem antes da queixa-crime)
A renúncia deve ocorrer antes da prática do ato.

 Decadência
Art. 38. CPP
Com a decadência, ocorre a extinção da punibilidade (via de regra).

2. Disponibilidade
A vítima pode desistir da ação penal, mediante o perdão e a perempção (já caiu na OAB)

 Perempção
Art. 60 do CPP (já caiu na OAB)
É a perda do direito de continuar com a ação (continuar com a pretensão acusatória)
 Hipóteses:
a) Quando o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias
seguidos;
b) Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (cônjuge, ascendente, descendente e
irmão)
c) Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente
d) Quando o querelante deixar de formular o pedido de condenação nas alegações
finais (caiu 2x na OAB)
Exemplo: João foi vítima dos crimes de difamação e injúria. Na fase dos memoriais
(alegações finais), o advogado de João só pediu a condenação em relação a
difamação. Nesse caso, o juiz pode condenar ao crime de difamação, mas, quanto ao
crime de injúria, o juiz irá extinguir a punibilidade, uma vez reconhecida a
perempção.

e) Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

 Perdão
Arts. 51-59 do CPP (já caiu na OAB)
É bilateral: depende do aceite do querelado (o suposto autor do crime).
O perdão é processual (ocorre durante o processo e vem depois da queixa).
Nesse caso, ocorre o perdão do querelante para o querelado (não confundir esse tipo de
perdão com o perdão JUDICIAL!!)

Obs.: PERDÃO JUDICIAL é concedido pelo JUIZ!! No caso do perdão judicial, o juiz reconhece
que as conseqüências do fato atingirem o autor de tal fato que a punição torna-se
desnecessária. O perdão judicial também extingue a punibilidade!

3. Indivisibilidade
Arts. 48 e 49 do CPP
O MP, como fiscal da ordem jurídica, deve assegurar essa indivisibilidade.
Numa ação penal privada, oferecida contra A, B e C, se houver renúncia para um réu, deve haver
para todos. Da mesma forma, o perdão atinge a todos. A perempção atinge a todos, etc.
Na ação penal privada, não se pode escolher quem irá processar.

Questão OAB: A ofereceu queixa contra B e C. Só que D também foi autor do crime (embora A
não tenha oferecido queixa contra ele). O MP pode aditar a queixa-crime e incluir D também no
pólo passivo? NÃO!! A doutrina é pacífica no entendimento de que não se admite aditamento
de queixa-crime, pelo MP, para estender o número de Réus, ou o número de crimes. O máximo
que pode ocorrer é aditamento para correção de ERROS MATERIAIS!

Logo: o art.45 do CPP não permite a inclusão de novos Réus ou novos crimes, pelo MP,
mediante aditamento de queixa-crime (ação penal privada). O aditamento da queixa-crime
pelo MP pode ser feito apenas para correção de erros materiais (exemplo: erro do nome do
réu, etc) – são erros que não alteram a pretensão acusatória.
PRISÃO CAUTELAR
Arts. 282 a 350, CPP

 Lei 12.403/11
Questão OAB: Pode-se dizer que essa foi uma lei mais benéfica para o réu, porque trouxe medidas
alternativas para a prisão. A prisão cautelar, hoje, é uma medida subsidiária (é a ultima ratio). A
Lei 12.403/11 foi mais benéfica para o imputado no processo penal, porque trouxe outras medidas
alternativas à prisão cautelar.

 Conceito
Prisão cautelar é uma privação de liberdade, em regime fechado, anterior a uma sentença
condenatória transitada em julgado. Ou seja, a prisão cautelar é feita durante a persecução penal.
Art. 5º, LVII traz o princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade).

CF, art. 5º
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória;

O art. 283 do CPP reproduz o art. 5º, LVII da CF/88.

CPP
Art. 283 Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito
ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, em decorrência de sentença condenatória
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão
preventiva.

1. Primeiro efeito da presunção de inocência: a prisão cautelar é anterior ao trânsito em


julgado de uma sentença condenatória
Ou seja, se o sujeito está em prisão cautelar, ele não está cumprindo pena. A prisão
cautelar não é uma prisão definitiva (não é uma “prisão-pena”).

Obs.: Decisão do STF de que, após o improvimento da apelação do Réu, ele já pode
começar a cumprir pena. Isso é um absurdo, porque ainda cabe Resp e REX. O STF
entendeu que a interposição de REX e REsp era utilizado para protelar o cumprimento de
pena.

2. Segundo efeito da presunção de inocência: ônus da prova no processo penal – art. 5º,
LVII, CF
O ônus da prova, no processo penal, é todo da acusação.
Se o MP não lograr êxito em provar que o ato foi ilícito, o acusado será absolvido por in
dúbio pro réu. O ônus da prova é todo da acusação, porque o acusado é presumivelmente
inocente.
Exemplo: o Ministério Público acusa “A” de lesão corporal grave, que resultou no evento
morte. O acusado alega que agiu em legítima defesa, porque a vítima da lesão corporal
estava com uma faca na mão. A quem incumbe provar que o acusado não agiu em legítima
defesa? Ao Ministério Público.

Obs.: Art. 156, caput, CPP: A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,
facultado ao juiz de ofício. Esse artigo é muito criticado pela doutrina.
Se a banca disser para responder a questão com base na doutrina: o ônus da prova é
todo da acusação.
Se a banca disser para responder a questão com base no CPP: o ônus da prova é de
quem faz a alegação.

MODALIDADES DE PRISÃO CAUTELAR

FLAGRANTE

TEMPORÁRIA
PRISÃO DOMICILIAR – arts. 317 e 318, CPP
PREVENTIVA

No Brasil, não existe prisão administrativa (prender para investigar. O certo é investigar para,
depois, prender). Portanto, só se pode prender alguém com base em flagrante delito (prisão em
flagrante), ou mediante ordem judicial fundamentada (prisão cautelar ou preventiva).

 FLAGRANTE
A prisão em flagrante, em regra, dispensa ordem judicial. Não precisa o juiz autorizar para
prender alguém em flagrante delito.
Por isso, se diz que prisão em flagrante é pré-cautelar (já que a prisão cautelar exige ordem
judicial).
Questão OAB: sequestro de bens (exemplo: o sujeito trafica e compra um carro com o dinheiro
oriundo do tráfico). Se a denúncia não for oferecida em 60 dias, o sequestro tem que ser
levantado (diligência do seqüestro). O sequestro é uma medida cautelar para evitar o
perecimento do bem (logo, exige ordem judicial). Outros exemplos de medidas cautelares:
interceptação telefônica, busca e apreensão.

1. Flagrante Obrigatório
art. 301, CPP
Nesse caso, os policiais (prepostos de segurança pública) são obrigados a prender alguém
que estiver praticando um crime. O policial age em estrito cumprimento do dever legal.
O sujeito passivo da prisão (aquele que é preso em flagrante).

Obs.: Prisão em flagrante de deputado/senador.

Art. 53, CF
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de
seus membros, resolva sobre a prisão.

Obs.: Crime de trânsito


Código de Trânsito Brasileiro
Art. 301 Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito
de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

2. Flagrante Facultativo
art. 301, CPP
Os particulares podem prender alguém que esteja em agindo em flagrante delito.

3. Flagrante Próprio
Art. 302, incisos I e II, CPP.
O flagrante advém da certeza do crime (certeza virtual do crime).
No flagrante próprio, o acusado é preso na cena do crime. O sujeito acabou de cometer a
infração. Não há intervalo de tempo relevante entre a prática do crime e a prisão.

CPP
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;

4. Flagrante Impróprio
Art. 302, CPP, III
Perseguição (elemento substancial) + Logo Após (elemento temporal), em situação que
faça presumir que ele é autor da infração

PERSEGUIÇÃO + LOGO APÓS

CPP
Art. 302
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração;
A perseguição logo após a prática do crime tem que ser ininterrupta. A perseguição pode
durar dias, pode até trocar a equipe policial, só não pode cessar. Logo, o prazo de 24 horas
não é sensor para medir se a prisão em flagrante é legal ou não.

Exemplo: o policial vê um sujeito saindo correndo do bar com uma arma em punho. O
policial vê que, dentro do bar, tem uma pessoa baleada. Há a presunção de que quem
alvejou a vítima foi o sujeito que saiu correndo.

Obs.: As vezes o sujeito é culpado sem termos prisão em flagrância. Exemplo: Crime de
Extorsão - o policial fala ao dono de um estabelecimento que ele terá que pagar R$ 3.000,00
por mês para continua funcionando em segurança. O dono do estabelecimento, após uma
semana, entrega a vantagem indevida ao policial e, nesse momento, o policial é preso. O
flagrante não se deu nesse momento, porque a exigência da vantagem indevida se deu uma
semana antes. Todavia, isso não impede que o policial seja processado.

 Não se admite a prisão em flagrante por apresentação espontânea


Art. 304 do CPP: “APRESENTADO o preso à autoridade (...)” – ou seja, o sujeito foi
apresentado, e não se apresentou.
A apresentação espontânea, embora não admita prisão em flagrante, não impede
decretação de prisão temporária ou preventiva.

5. Flagrante Presumido
Art. 302, CPP
O sujeito é encontrado logo depois prática do crime.

ENCONTRADO + LOGO DEPOIS

Art. 302, CPP


IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

Exemplo: Elise Matsunaga foi abordada com o corpo do marido esquartejado na mala do
carro.

Obs.: a doutrina entende que o encontro desses instrumentos, objetos ou papéis seja
CAUSAL (!!!)

CAUSAL ≠ CASUAL  Causal = a polícia já tinha informação de que o sujeito havia


praticado o crime e o encontra logo depois do crime. Casual = a polícia não saber de nada e,
como um golpe de sorte, encontrar a situação flagrancial.

Se não houver enquadramento no art. 302, a prisão em flagrante é ILEGAL e deverá haver
relaxamento da prisão determinado pelo juiz.
6. Flagrante Esperado
É uma modalidade de flagrante próprio.
LÍCITO.
Ocorre quando uma autoridade policial previamente informada acerca de um crime trata
de promover diligências a fim de prender o agente que poderá praticar o crime.
Nesse caso, a prática da autoridade policial ou de terceiro apenas a espera da ocorrência do
crime, sem qualquer provocação.
O flagrante esperado é válido, pois a autoridade policial ou terceiro não contribui à
ocorrência do crime, há apenas o seu aguardo. Assim, o criminoso pratica o delito sem estar
sob qualquer influência.

Questão OAB: Ordem judicial para busca e apreensão (medida cautelar)


A busca e apreensão só pode ser feita com ordem judicial e durante o dia. Exceção: pode
realizar busca e apreensão, mesmo durante a noite e sem ordem judicial, se for para
prestar socorro ou se houver situação de flagrância.
Policiais entraram num apartamento sem ordem judicial para busca e apreensão. Nesse
apartamento, encontraram 3kg de drogas e o acusado foi preso em flagrante delito. No
mesmo prédio, os policiais entraram em outro apartamento, com ordem judicial para busca
e apreensão, e encontraram algumas provas (como balança de precisão, etc.), porém já às
20hrs. As provas coletadas no primeiro apartamento foram lícitas, porque havia situação de
flagrância (o flagrante estava com droga em depósito). Já as provas coletadas no segundo
apartamento foram ilícitas, pois não houve situação de flagrância e a busca e apreensão só
pode ser feita de dia (não pode de noite!)

CPP
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em
flagrante delito enquanto não cessar a permanência. (inclusive
permitindo a invasão domiciliar).

7. Flagrante Preparado / Provocado


ILÍCITO.
Ocorre quando uma policial, ou terceiro, induz o autor à prática do crime, viciando a sua
vontade, e, logo em seguida, o prende em flagrante.
O STF entende que flagrante preparado é crime impossível (não se consuma). Hipótese de
atipicidade do fato. << Súmula 145 do STF e art. 17 do Código Penal >>
O flagrante preparado não é válido, pois, nesse caso, houve a contribuição do agente
policial ou de terceiro à ocorrência do crime, a partir da utilização do ag ente provocador. É
dizer: a autoridade policial ou terceiro, munido de meios para efetuar a prisão, induz o
autor à prática do crime, prendendo-o em seguida.
8. Flagrante Diferido
Também chamado de ação controlada da polícia.
Trata-se da possibilidade de a polícia RETARDAR prisão em flagrante para um momento de
melhor coleta das provas.
Essa hipótese necessariamente deve estar prevista em lei e, muitas vezes, depende de
prévia autorização judicial, como ocorre no cenário da Lei de Drogas (art. 53).
A Lei de Drogas, como sabido, prevê procedimentos especiais e mais complexos de
persecução penal.
 Na Lei de drogas, para haver flagrante diferido, é necessário haver ordem judicial!
 Na Lei de Organização Criminosa, não precisa de autorização judicial, mas o juiz precisa
ser comunicado!

Lei nº 11.343 – Lei de Drogas


Art. 53 Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes
previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei,
mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os
seguintes procedimentos investigatórios:

II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus


precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua
produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade
de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal
cabível.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização


será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e
a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.

Lei 12.850 – Lei de combate às organizações criminosas

Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial


ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa
ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se concretize no
momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de
informações.

§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será


previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso,
estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não
conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada.

§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será


restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como
forma de garantir o êxito das investigações.

§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado


acerca da ação controlada.

9. Flagrante Forjado
ILÍCITO.
Flagrante forjado é aquele armado, realizado para incriminar pessoa inocente. É uma
modalidade ilícita de flagrante, onde o infrator é o agente que forja o delito. Ex.: ex-mulher
que insere drogas nos pertences do ex-marido, acionando a polícia para prendê-lo em
flagrante por tráfico de drogas, para com isso se vingar da separação.

 FORMALIDADES DA PRISÃO EM FLAGRANTE


a) LAVRATURA DO APF
Arts. 304 e 306 do CPP
Auto de prisão em flagrante.
Ao preso será entregue nota de culpa, no prazo de 24hrs.

 Nota de culpa em 24hrs


Nota de culpa = formalidade que dá ao preso conhecimento da sua prisão.
Mediante a nota de culpa, o preso tem conhecimento do artigo em que ele incidiu, das
provas, dos responsáveis pela segregação. Nota de culpa não é uma confissão, mas sim
um direito de informação do preso! Se não for entregue nota de culpa ao preso, a prisão
é ilegal e deve ser relaxada!

CPP
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá
esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o
acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas
respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.

§ 1º Resultando das respostas fundada a suspeita contra o


conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no
caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos
atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se
não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.

§ 2º A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de


prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão
assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a
apresentação do preso à autoridade.

§ 3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não


puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por
duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença
deste.

§ 4º Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar


a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e
se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
pessoa presa.

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se


encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada.

§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da


prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão
em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante
recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o
motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.

 Laudo de Constatação
Em caso de crime de tráfico de drogas (art. 50, §1º, Lei 11.343), deve ser elaborado no
prazo de 24hrs um laudo de constatação da droga, para comprovar a materialidade do
crime.
Esse laudo é provisório. Depois, deve haver um laudo definitivo.
Isso porque qualquer pessoa idônea pode fazer o laudo de constatação.

(!) Atenção que o laudo provisório só serve para lavrar o APF. Para efeito de condenação
de uma pessoa, deve haver laudo definitivo (art. 159, CPP)
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.

§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e


estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

 Em prazo máximo de 24hrs, o APF deve ser encaminhado ao juiz competente


(normalmente é o juiz plantonista).
Existe o núcleo de prisão em flagrante, no qual o juiz plantonista recebe os APFs e
realiza as audiências de custódia.

 Art. 306, CPP: Se o preso não constituir advogado dento desse prazo de 24hrs, uma
cópia do APF deve ser encaminhada à Defensoria Pública. Essa instituição irá requerer
medidas emergenciais, como relaxamento, medida provisória, etc.
Art. 5º, LXII e LXIII, CF

 Quando o juiz receber o APF, ele aplicará o art. 310 do CPP (cai na OAB)
 Relaxamento da prisão em flagrante
Cabe nos casos em que a prisão em flagrante foi ilegal – art. 5º, LXV, CF
Art. 5º, CF
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá


fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal;

Exemplos: não entregar nota de culpa ao preso, flagrante preparado, flagrante


forjado, não encaminhar o APF ao juiz em 24hrs, não fazer laudo de constatação no
crime de tráfico de drogas.
O relaxamento da prisão em flagrante, de acordo com a CF, deve ser uma medida
tomada de ofício pelo juiz, mas também PODE ser uma peça privativa de advogado
(peça de pedido de relaxamento).
 Liberdade Provisória
A liberdade provisória é uma alternativa à prisão em flagrante válida, mas quando a
conversão para prisão preventiva não for necessária.
Se o flagrante é válido e não cabe pedido de relaxamento, deve ser pedida a
liberdade provisória.
Se o juiz não conceder o pedido de liberdade provisória, a prisão em flagrante será
convertida em prisão preventiva.
Se houver fundamento para a prisão preventiva, o juiz não concederá liberdade
provisória (com ou sem fiança).
Liberdade provisória também é um requerimento privativo de advogado.

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá


fundamentadamente:

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,


que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a
III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a
todos os atos processuais, sob pena de revogação.

Art. 5º, CF
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

Obs.: Todos os crimes admitem liberdade provisória sem fiança, até mesmo os
crimes hediondos e os equiparados.
Obs.: Liberdade provisória sem fiança só não cabe nos casos previstos nos arts. 323
e 324 do CPP:
Art. 323. Não será concedida fiança:
I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança
anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer
das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código;
II - em caso de prisão civil ou militar;
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva (art. 312).

 Conversão de prisão em flagrante para prisão preventiva


Art. 310
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes
os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da
prisão;

 PREVENTIVA
Arts. 311 a 316, CPP
Exige ordem judicial.
 Cabe na fase do inquérito policial e na fase da ação penal.
 Na fase do inquérito policial, a prisão preventiva não pode ser decretada de ofício pelo juiz.
Deve haver representação do delegado de polícia, ou requerimento do MP.
Obs.: nos crimes dispostos na Lei Maria da Penha, a prisão preventiva pode ser decretada
de ofício na fase do inquérito policial.
 Na fase da ação penal, a prisão preventiva pode ser decretada de ofício pelo juiz, assim
como também pode ser requerida pelo MP, pelo assistente, ou pelo querelante.
 Não possui prazo

 CABIMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA – art. 313, CPP


 Crime doloso
Não cabe preventiva em contravenção penal, nem em crime culposo.
Obs.: Princípio da Homogeneidade – a prisão cautelar não pode ser mais grave do que a
pena que, talvez, o acusado seja condenado ao final do processo. Exemplo: crimes com
pena de até 02 anos.
 Reincidência em crime doloso
É possível decretar a prisão preventiva, mesmo que a pena máxima for inferior a 4 anos.

 Violência doméstica e familiar


Serve para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
Se o acusado descumprir a medida cautelar, será decretada a sua prisão preventiva.

Exemplo: Caso em que Dado Dolabela agrediu Luana Piovani (lesão corporal leve). Esse
crime não tem pena alta que garanta a prisão preventiva e, por isso, foi solto. Porém o
juiz determinou que ele ficasse, no mínimo, a 500m de distância dela (medida cautelar).
No carnaval, ele e Luana Piovani estavam no mesmo camarote e Dado Dolabela se
aproximou dela. Diante disso, o juiz determinou a prisão preventiva de Dado Dolabela,
para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
 REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA – art. 312, CPP

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da


ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.

Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada


em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas
por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o).

a) Indícios suficientes de autoria/participação


Lastro probatório mínimo para justificar a prisão processual cautelar.
“fumaça da prática do crime”
Juízo de verossimilhança de que o acusado é autor do crime
b) Materialidade
Exemplo: laudo cadavérico comprovando que houve a morte / laudo de corpo de delito
para comprovar que houve a lesão corporal.
c) Necessidade
Significa o perigo na liberdade do acusado (“Periculum in libertaris”). Ou seja, em
liberdade, o investigado põe em risco o processo penal. É necessária uma cautelar para
assegurar o resultado útil do processo.
A prisão preventiva será necessária para garantir a ordem pública, a ordem econômica
(nos casos de crimes contra o sistema financeiro nacional), a conveniência da instrução
criminal, ou assegurar a aplicação da lei penal (evitar a fuga).
 Garantia da ordem econômica
A lei 7492, que trata dos crimes contra o sistema financeiro nacional, diz que a prisão
preventiva pode ser decretada por conta da magnitude da lesão. Exemplo: o “rombo”
gerado à Petrobrás.
 Conveniência da instrução criminal
Significa assegurar a tranquilidade do processo e o seu resultado útil (a eficácia e o
provimento final).
Exemplo: o réu subornar uma testemunha, um perito, etc.
Exemplo: Governador Arruda (de Brasília) respondia a um processo criminal em
liberdade. Todavia, ele e o seu filho tentaram subornar uma testemunha. Por conta
disso, tornou-se cabível a decretação da prisão preventiva, porque o réu estava
atrapalhando a busca pela verdade real.
 Assegurar a aplicação da lei penal
É o risco de fuga. Não adianta o réu ser condenado ao final, se antes ele fugir e não
cumprir a sua pena.
 O que NÃO pode ser considerado ordem pública:
Repercussão do crime na mídia (exemplo: no caso do casal Nardoni, a prisão
preventiva foi ilegal); clamor público; garantir a credibilidade do Poder Judiciário;
garantir a integridade física do réu (não pode ser fundamento, porque o Estado tem o
DEVER de consignar a segurança de quem quer que seja); gravidade do crime em
abstrato.
 O juiz só pode decretar a prisão preventiva se existir um elemento concreto!
Não pode ser nada abstrato (por exemplo: gravidade do crime).
Exemplo: Fernandinho Beira Mar já responde a vários processos (é réu reincidente,
de forma anormal). Nesse caso, a presunção de inocência fica prejudicada, porque se
deve garantir a ordem pública também. Logo, a prisão preventiva pode ser decretada
para prevenir outras infrações penais.

(!) Se a prisão preventiva não for necessária, caberá a peça privativa de advogado de
“revogação da preventiva” – art. 316, CPP. A prisão preventiva é situacional, pois ela
dura enquanto durar o estado das coisas. Exemplo: o acusado é preso por ter
ameaçado uma testemunha. Após a oitiva das testemunhas, essa prisão não se
mostra necessária, pois a prisão preventiva é situacional, ela dura enquanto durar o
estado das coisas. Porém, se sobrevier outro fato, outra circunstancia que enseje a
preventiva, esta poderá ser decretada novamente.
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

 TEMPORÁRIA
Art. 1º, I, Lei 7.760/89
Exige ordem judicial
 Só cabe no inquérito policial.
Encerrado o inquérito policial, encerrada está a possibilidade de decretar ou manter a prisão
temporária.
 O juiz não pode decretar de ofício a prisão temporária (para assegurar a imparcialidade do
juiz). É necessária uma representação do delegado de polícia, ou o requerimento do MP.
 Possui prazo
 Crime comum: 5 dias (prorrogáveis por mais 5)
 Crimes hediondos e equiparados: 30 dias (prorrogáveis por mais 30)
Obs.: a prorrogação também deve ser fundamentada em decisão.
Obs.: o prazo de conclusão do inquérito policial será correspondente ao da prisão
temporária (isso porque só há prisão temporária se houver inquérito. Não tem como
concluir o inquérito e manter a prisão temporária).
 REQUISITOS DA PRISÃO TEMPORÁRIA – art. 1º, Lei 7.960
a) Necessidade – art. 1º, I e II
Periculum, risco na liberdade.
A prisão temporária é admitida quando ela for imprescindível para as investigações do
inquérito policial.

Art. 1° Caberá prisão temporária:


I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer
elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;

(!) Identificação criminal – art. 5º, LVIII da CF.


É preciso decretar prisão temporária de quem não tem identificação, pois o Estado precisa
saber quem é a pessoa certa e determinada para quem se dirige a acusação. Nesses casos, é
preciso fazer uma identificação criminal. Após a feitura da identificação criminal, o sujeito
deve ser solto, pois a prisão não é mais necessária.
Identificação criminal é a última ratio e só deve ser feita em quem não tem identificação
civil, para evitar constrangimento.

Art. 5º, CF
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

b) Fumus – art. 1º, III


Não se pode ampliar o rol que está previsto no inciso III do art. 1º.
A regra desse inciso é: os crimes mais graves e dolosos admitem prisão temporária.
(crimes hediondos, equiparados a hediondos, homicídio, latrocínio, roubo).
Crimes praticados sem violência ou grave ameaça a pessoa não admitem prisão
temporária. (exemplo: furto, apropriação indébita, estelionato).

(!) Se a prisão temporária não for necessária, caberá a peça privativa de advogado de
“revogação da temporária” – art. 282, §5º CPP.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser
aplicadas observando-se a:
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Os arts. 319 e 320 do CPP demonstram por que as prisões cautelares são a ultima ratio.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

JURISDIÇÃO = poder-dever do Estado de dizer o Direito no caso concreto.

COMPETENCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA

Justiça Federal
Justiça Comum
Justiça Estadual

Justiça Eleitoral
Justiça Especial
Justiça Militar

JUSTIÇA ESPECIAL
 JUSTIÇA ESPECIAL ELEITORAL julga os crimes eleitorais e, também, os crimes conexos (mesmo
que não sejam eleitorais).
Em casos de conexão e continência, haverá um único processo / um único julgamento / um
único juízo.
Exemplo: O juiz da zona eleitoral julga o crime de falsidade de documentos para fins eleitorais.
Conexo a este crime, há o crime de associação criminosa (crime comum). Esses dois crimes
serão julgados pelo mesmo juiz.

Exceções: concurso entre jurisdição comum e militar / concurso entre jurisdição comum e
juízo de menores – art. 79, CPP

Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e


julgamento, salvo:

I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;

II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

 JUSTIÇA ESPECIAL MILITAR não pode julgar crimes conexos que não sejam militares (art. 79, I)
Crime militar é aquele praticado em local da administração militar (exemplo: quartel).

Obs.: Crime praticado por militar contra civil é processado pela justiça comum!

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios


estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares
dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais
contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir
sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças.
Obs.: Justiça do Trabalho não tem competência para julgar crime! O crime de falso
testemunho praticado numa audiência trabalhista é crime de competência da Justiça Federal
(pois a justiça trabalhista é órgão integrante de justiça federal). O juiz do trabalho pode, no
máximo, dar voz de prisão em flagrante.

Crimes contra a organização do trabalho – art.s 197 a 207, CP + art. 149, CP (trabalho escravo)
são que competência da justiça federal (art. 109, CF)

CF/88
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira;

 Conexão
Sempre há a prática de dois ou mais delitos unidos entre si por elemento fático.
Exemplo: João roubou um veículo e vendeu para Antônio. João é julgado por roubo. Antônio é
julgado por receptação. Há conexão, porque a prova do roubo interfere na prova da
receptação. Há nexo entre os dois delitos.

Art. 76. A competência será determinada pela conexão:

I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas,


ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas
em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias
pessoas, umas contra as outras;

II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar


ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em
relação a qualquer delas;

III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas


circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou


continência, serão observadas as seguintes regras:

I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da


jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri;

Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria;

a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena


mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de
infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; c)
firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;

III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a


de maior graduação;

IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá


esta.

 Continência
Há um único fato.
Exemplo: 05 pessoas praticaram um homicídio. Essas pessoas serão julgadas pelo mesmo
tribunal do júri.

Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:

I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;

II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51,


§ 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.

JUSTIÇA COMUM
 JUSTIÇA FEDERAL
Art. 109 da CF – é taxativo!
Crimes praticados contra bens, serviços ou interesse da união, ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas.
Crime de falsificação da moeda é federal, porque atinge o interesse da união (compete à
união a produção da moeda nacional).
Crime contra os Correios é federal, porque atinge o interesse da união (correios é autarquia
federal).
Crimes políticos: art. 102, II, CF. Contra sentença proferida em crime político, cabe recurso
ordinário constitucional para o STF.
Funcionário público federal que pratica crime ou sofre crime no exercício da função:
competência da Justiça Federal.
<< Obs.: caso do policial que foi vítima de um latrocínio no bar Ponte Aérea, quando não
estava no exercício da função: competência da Justiça ESTADUAL. É preciso verificar se há
interesse da União no caso concreto >>

Crime praticado a bordo de navios ou aeronaves: competência da Justiça Federal


Crime de tráfico internacional de drogas: competência da Justiça Federal << Súmula 522, STF
e art. 70 da Lei de Drogas >>
Crimes praticados contra a cultura / comunidade indígena: competência da Justiça Federal
Competência para executar uma carta rogatória (cooperação internacional): competência da
Justiça Federal << Já a competência para HOMOLOGAR a carta rogatória é do STJ >>
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em


detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional,


quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V- A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º


deste artigo;

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos


determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou
quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não
estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de


autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada


a competência da Justiça Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a


execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

 JUSTIÇA ESTADUAL
A competência da justiça estadual é RESIDUAL, porque, havendo conflito entre a competência
da justiça federal e estadual, a federal prevalece.
Exemplo: tráfico internacional de drogas (crime federal) em concurso com associação
criminosa. Há conexão e os crimes serão julgados pela justiça federal.
A competência da justiça estadual é ABSOLUTA (não é relativa!)

Crimes praticados contra Sociedade de Economia Mista: competência estadual. Súmulas 38 e


42 do STJ. Exemplo: crime praticado no Banco do Brasil.

Contravenções penais também serão sempre julgadas pela justiça estadual, pois a JF só julga
CRIMES.
SÚMULA 122 – STJ
COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL O PROCESSO E JULGAMENTO
UNIFICADO DOS CRIMES CONEXOS DE COMPETENCIA FEDERAL E
ESTADUAL.

COMPETENCIA EM RAZÃO DA FUNÇÃO


Algumas autoridades públicas, pela relevância da função que exercem, serão julgadas
originariamente por um Tribunal.
A prerrogativa de função só cabe enquanto o sujeito estiver no cargo ou função pública << Súmula
451, STF >> exemplo: desembargador aposentado, juiz aposentado, ministro do STF e STJ
aposentados, serão todos julgados no 1º Grau! << caiu na OAB >>
Art. 399, §2º, CPP: Princípio da Identidade Física do Juiz – o juiz que presidir a instrução deve
proferir a sentença. Todavia, esse princípio pode ser relativizado! Se o juiz que realizou a
instrução, mas foi promovido a desembargador, por exemplo, e o juiz substituto proferiu a
sentença, esse ato não é considerado nulo.

DEP. FEDERAL / SENADOR STF Presidente da República


STJ
DEPUTADO ESTADUAL TJ / TRF Governador

VEREADOR JUIZ 1º GRAU Prefeito

Juízes estadual ou federal que praticarem crimes serão julgados pelo Tribunal ao qual estão
vinculados (TJ ou TRF). Mesmo que um juiz estadual pratique um crime federal, ele será julgado
pelo TJ. E vice-versa. Exceção: crimes eleitorais são de competência do TER << art. 96, III, CF e art.
108, CF >>

Promotores e procuradores de justiça (Ministério Público) serão julgados pelo Tribunal ao qual
estão vinculados. Se praticarem crimes eleitorais, serão julgados pelo TRE.

Desembargadores de 2º grau (TJ, TRF, TRT) que praticarem crime serão julgados pelo STJ.

Ministros do STF e demais tribunais superiores (STJ, TST, TSE, STM) serão julgados pelo STF (art.
102, I, CF), em caso de crimes comuns.
Obs.: crimes de responsabilidade serão sempre julgados pelo Senado Federal (exemplo:
impeachment). Art. 52, I, II e § único da CF/88.

Prefeito é julgado pelo Tribunal de 2º Grau.


Obs.: a competência do TJ para julgar prefeito restringe-se aos crimes ESTADUAIS.
Crimes federais praticados por prefeitos serão julgados pelo TRF << Sumulas 208, 209 do STJ e 702
do STF >> exemplo: crime praticado pelo prefeito contra o INSS (autarquia federal).
Crimes eleitorais praticados por prefeitos serão julgados pelo TRE.
Obs.: vice-prefeito não tem prerrogativa de função. Vice-governador não tem prerrogativa de
função!

Governador que pratica crimes comuns é julgado pelo STJ (já caiu 2x na OAB)

Presidente e vice-presidente que praticarem crimes comuns serão julgados pelo STF. << Obs.:
crimes de responsabilidade – julgado pelo Senado Federal >>

Vereador não tem prerrogativa de função, logo será julgado pelo juízo de 1º Grau.

Deputado estadual: julgado pelo Tribunal de 2º Grau

** O STJ não julga autoridade de poder legislativo!

Deputado Federal e Senador: julgamento pelo STF (crimes comuns).

Súmulas do STF que falam de prerrogativa de função: 702, 706, 721 (Súmula Vinculante 45)

RESUMO

Obs.: O particular que pratica o crime juntamente com uma autoridade que tem prerrogativa de função
será julgado pelo tribunal competente para julgar o funcionário público que detém essa prerrogativa.
Súmula 704 dp STF.

Obs.: A competência constitucional do tribunal do Júri (juízo de 1º grau) prevalece sobre a prerrogativa
de função prevista exclusivamente pela constituição estadual. Sumula 721 do STF.

COMPETENCIA TERRITORIAL
Arts. 69 – 91, CPP
Art. 63, Lei 9099 (caiu 2x na OAB)
É uma competência relativa.
O crime será julgado onde estão as provas que levarão à verdade real.
 Critérios para definir a competência
1) Lugar de consumação do crime
Isso se o crime for consumado. Se o crime for tentado, a competência será do lugar onde
foi praticado o ultimo ato de execução.

Art. 70, CPP – Teoria do Resultado

CPP
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar
em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução.

 Algumas súmulas que seguem essa teoria:

SÚMULA 521 / STF


O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da
emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do
pagamento pelo sacado.
<< caiu 2x na OAB >>

Súmula 151 / STJ

A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se


pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.

Súmula 528 / STJ

Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional.

Art. 63 – Lei 9.099: Teoria da Atividade

O juizado criminal competente é o do local onde a infração foi praticada. – caiu 2x na


OAB

Lei 9.099

Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em


que foi praticada a infração penal.

2) Domicílio do Réu
Arts. 72 e 73, CPP
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.

§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-


á pela prevenção.
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu
paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento
do fato.

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá


preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando
conhecido o lugar da infração.

Art. 88, CPP – crimes praticados por brasileiros no exterior. O foro será do último domicílio
em que o acusado residiu.
CPP
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território
brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver
por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil,
será competente o juízo da Capital da República.

Se desconhecido for o local de consumação do crime (regra do CPP), a competência será do


domicílio do Réu.
Se a ação penal for de iniciativa privada, a vítima pode requerer que o crime seja
processado no foro do domicílio do Réu.

3) Prevenção
Art. 83, CPP
O juiz que fiscalizou o inquérito policial, que decretou medidas cautelares (interceptação
telefônica, busca e apreensão, etc), que decretou a prisão preventiva, temporária, o juiz
que recebeu o auto de prisão em flagrante (APF), será o competente para julgar a futura
ação penal.

Nos crimes permanentes, a competência também será definida pela prevenção, quando
forem praticados em mais de um foro/território.

CPP
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com
jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na
prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda
que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70,
§ 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).

SÚMULA 706 / STF


É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência
penal por prevenção.
PROCEDIMENTOS

Ordinário

RITO COMUM Sumário

Sumaríssimo

CPP
RITO ESPECIAL
Leis Extravagantes  Lei de Drogas, Lei Maria da Penha, etc

 RITO COMUM – art. 344, §1º, CPP


1) Ordinário
Pena máxima ≥ 4 anos
É o rito mais amplo, que assegura mais garantias ao Réu.
Processo de competência de juiz singular (não tem jurados)

 OFERECIMENTO DA DENÚNCIA/QUEIXA
 RECEBIMENTO / REJEIÇÃO DA DENÚNCIA
 Rejeição
Extinção do processo sem julgamento de mérito.
Hipóteses: art. 395, CPP. Exemplo: petição inicial inepta, falta de condição da ação ou
pressuposto processual, ou justa causa (lastro probatório mínimo para a acusação ser
aceita / indícios de autoria ou materialidade do crime).
Não se admite denúncia genérica no processo penal, porque isso viola a ampla defesa.

Obs.: A queixa-crime exige procuração com poderes especiais para acusar. (caiu na
OAB)

CPP
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da
ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

(!) Materialidade do crime


A materialidade é comprovada mediante exame de corpo de delito, que pode ser
direto ou indireto.
Arts. 158 e 167, CPP
Corpo de delito direto: laudos feitos por peritos (exemplo: laudo cadavérico).
Corpo de delito indireto: prova testemunhal.

Art. 77, § 1º, Lei 9099: não precisa de exame de corpo de delito oficial, feito por
perito. Qualquer boletim médico pode comprovar a materialidade do crime.

 Contra a decisão de REJEIÇÃO da denúncia, cabe RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.


O RESE é recurso utilizado para impugnar decisões interlocutórias.
Se a acusação recorrer da rejeição, a defesa deverá ser intimada para contrarrazoar,
caso contrário implicará NULIDADE.

CPP
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão,
despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;

SÚMULA 707 STF (caiu na OAB)


Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para
oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.

SÚMULA 709 STF


Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que
provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo,
pelo recebimento dela.

 Recebimento
Despacho positivo que instaura o processo penal (art. 369, CPP).
** Dado o recebimento da denúncia pelo juiz, não há defesa prévia.
(!) Não cabe recurso contra essa decisão que recebe a denúncia/queixa. O que se admite é
habeas corpus, para anular o recebimento da denúncia/queixa (art. 648, CPP), mas habeas
corpus não é recurso, é ação. (cai mt na OAB)
O habeas corpus é utilizado, também, para trancar uma ação penal por falta de justa causa,
para anular uma instrução criminal.
O habeas corpus é cabível quando existe um constrangimento ilegal à liberdade do sujeiro,
ou uma ameaça de coação ilegal à liberdade de locomoção.
Já se não houver um risco à liberdade (exemplo: a pessoa ser processada por um crime que
só prevê pena de multa), é cabível utilizar o mandado de segurança.

 O recebimento da denúncia interrompe a prescrição (art. 117, I, CP) – zera o prazo


prescricional!! Ou seja, o prazo prescricional será contado, agora, do recebimento da
denúncia até a homologação da sentença.
 CITAÇÃO
Arts. 351 e 372, CPP
Se o Réu for citado pessoalmente para apresentar contestação e não apresentá-la, o juiz
nomeará um defensor para o fazer. Art. 396-A, § 2º, CPP.
Para o processo prosseguir, deve haver a resposta à acusação. Essa defesa tem prazo de 10
dias e o réu pode arrolar até 8 testemunhas.

 Citação Real
a) Mandado
A regra é que o Réu seja citado PESSOALMENTE no processo penal.
Sumula 351 do STF: é nula a citação por edital de réu preso! Há casos em que a
pessoa está presa por um processo e é citado em outro processo. Nesse caso, se
essa citação for por edital, não há como o preso ter acesso. Logo, o oficial de justiça
terá que ir até o presídio em que o réu está e citá-lo.
b) Carta precatória
Quando o réu está em outra comarca.
Exemplo: o advogado apresenta defesa em Salvador e arrola testemunha de
Itabuna. As testemunhas serão inquiridas em Itabuna, por carta precatória. O
advogado só precisa ser intimado quanto à expedição da carta precatória, mas não
da data da audiência designada. Ou seja, o advogado tem que ficar atento para
saber quando a audiência vai ser marcada no juízo deprecado.
c) Carta rogatória
Quando o réu está em outro país (em local conhecido).
Essa citação suspende a prescrição, porque demora mais.

 Citação Ficta
a) Citação por hora certa
O réu será citado por hora certa quando ele se esconder para não ser citado (o
oficial de justiça só tem o dever de fazer a citação por mandado 2x).
Art. 362, CPP
Caiu na OAB: se o réu foi citado por hora certa e não apresentou defesa no prazo de
10 dias, o juiz deve nomear defensor público para representá-lo. A prescrição
continuará correndo.
(!) A citação por hora certa não suspende o processo, nem a prescrição. Existe a
presunção de que o acusado sabe que está sendo processado.
CPP
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o
oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com
hora certa.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado
não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.

b) Citação por edital


Se dá quando o sujeito está em local DESCONHECIDO.
Art. 363, CPP
A citação por edital dura 15 dias.
Cai na OAB: No JECrim, não se admite citação por edital!!

(*) Art. 366, CPP: Se o réu for citado por Edital e não comparecer, nem constituir
advogado, o juiz irá suspender o processo e a prescrição. Isso porque, na citação por
edital, a presunção é que o réu não tem conhecimento do processo. Nesse caso, também,
o juiz pode determinar a produção antecipada de prova urgente e decretar a prisão
preventiva se o réu fugir (se houver um elemento concreto).
CPP
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

Ausência de defesa técnica é causa de nulidade ABSOLUTA (é um prejuízo presumido).


Súmula 523 / STF
No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade
absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver
prova de prejuízo para o réu.

 RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Para o processo prosseguir, deve haver a resposta à acusação.
 Prazo de 10 dias
 O Réu pode arrolar até 08 testemunhas

 POSSÍVEL ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA


Após a resposta à acusação, o juiz poderá absolver o réu sumariamente.
Ocorre antes da audiência.
A absolvição sumária é como se fosse um julgamento antecipado da lide.
Ocorre a extinção do processo COM julgamento de mérito.
Contra essa decisão, cabe apelação no prazo de 05 dias.

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e


parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o
acusado quando verificar:

I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;

II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do


agente, salvo inimputabilidade;

III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime;

IV - extinta a punibilidade do agente.

 AUDIÊNCIA
Se o juiz não absolver sumariamente o réu, será marcada a data para audiência.
Art. 400, CPP
Prazo de 60 dias para a realização de audiência. Se esse prazo não for respeitado e o réu
estiver preso, o advogado deve pedir o relaxamento da prisão.
 Produção de provas
 Debates
20 minutos para a acusação e 20 minutos para a defesa.
Podem ser convertidos em memoriais (alegações escritas), no prazo de 05 dias – art.
403, §3º do CPP

 SENTENÇA
Art.s 381 a 392, CPP

2) Sumário
Pena máxima de 03 anos

3) Sumaríssimo
Pena máxima de até 2 anos  Crimes de menor potencial ofensivo

 RITO ESPECIAL
1) Lei de Drogas
Defesa prévia (art. 55, §1º, Lei 11.343), no prazo de 10 dias, com 05 testemunhas.
Essa defesa se dá antes de a ação penal ser instaurada
2) Crime de responsabilidade de funcionários públicos
Defesa prévia (art. 514, CPP), no prazo de 15 dias, sem testemunha.
Essa defesa se dá antes de a ação penal ser instaurada

CPP
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em
devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do
acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.

Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou


este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor,
a quem caberá apresentar a resposta preliminar.

3) Juizado Especial Criminal


 Recebimento / Rejeição da denúncia
No JECrim, cabe recurso de apelação (prazo de 10 dias) caso a denúncia seja rejeitada (art.
82, Lei 9099).
Lei 9.099
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença
caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três
Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede
do Juizado.

§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da


ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor,
por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente.

§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no


prazo de dez dias.

§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita


magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.

§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela


imprensa.

§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a


súmula do julgamento servirá de acórdão.

 Defesa prévia oral e em audiência – art. 81, Lei 9.099


Essa defesa se dá antes de a ação penal ser instaurada

 Citação: deve ser sempre PESSOAL!


No JECrim, não é admitida a citação por Edital! – art. 66, § único, Lei 9.099. Em casos
assim, o processo será remetido à Vara Criminal e o processo seguirá o rito Sumário
(pena máxima de 3 anos), quando, então, poderá ser feita a citação por edital.
Obs.: Se o crime é de menor potencial ofensivo (originário do JECrim), não importa
onde o processo esteja, se o processo foi remetido para o Juízo Comum, deverão haver
todas as prerrogativas de crime de juizado (transação penal, composição civil, etc), por
força de previsão constitucional.

Lei 9.099
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre
que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do
procedimento previsto em lei.

4) PROCEDIMENTO DO JÚRI
Julgamento de crimes dolosos contra a vida e crimes conexos. Art. 74, § 1º e art. 78, CPP
Exemplo: Homicídio + Tráfico de drogas  Os dois crimes serão julgados segundo o
procedimento do tribunal do júri, pois, nesse caso, o tráfico é conexo ao homicídio.

(*) Latrocínio não é julgado pelo Júri. O latrocínio segue o rito ordinário.

(*) Crime preterdoloso não é julgado pelo Júri:


O crime preterdoloso é aquele em que o agente pratica uma conduta dolosa, menos grave,
porém obtém um resultado danoso mais grave do que o pretendido, na forma culposa.
Exemplo: estupro com resultado morte.
Mas se houver dolo no estupro e dolo direto na prática do homicídio, será julgado pelo
Tribunal do Júri.

 O procedimento do Tribunal do Júri é BIFÁSICO:

a) Fase do Sumário de Culpa


Arts. 406 a 421, CPP

Nessa fase, não há jurados. O juiz filtra a acusação, para, na fase posterior, entregá-la ao
júri (ou não).

Nessa fase, ocorre a resposta à acusação, o saneamento, a audiência com realização de


provas.

Ao final, o juiz não poderá proferir sentença, pois ele não possui competência
constitucional para tanto. O juiz só decidirá se o réu será levado a júri.
Na primeira fase do júri, não há condenação

A decisão do juiz pode ser:

 Pronúncia
Art. 413, CPP
 Decisão interlocutória que reconhece justa causa e encaminha o réu ao júri.
 A pronuncia é apenas uma decisão de admissibilidade da acusação.
 O juiz não pode proferir na pronúncia que o réu praticou o crime, caso contrário a
pronúncia será NULA!
 A pronúncia será NULA quando o juiz cometer excessos nos adjetivos (exemplo:
dizer que o crime foi bárbaro, etc).
 A pronúncia interrompe a prescrição.
 A pronúncia limita a acusação no júri. Ou seja, se o juiz admite a justa causa para
homicídio simples praticado pelo réu, o promotor não pode, no tribunal do júri,
sustentar a qualificadora do meio cruel. Se isso não for respeitado, o júri será
nulo!
 A pronúncia NÃO LIMITA A DEFESA no júri. Isto porque, no júri, aplica-se a
plenitude da defesa.
 Na pronúncia, o juiz só reconhece qualificadora e causa de aumento. Já as causas
de diminuição, agravantes e atenuantes só podem ser reconhecidas na segunda
fase do júri.
 Contra a pronúncia, cabe recurso especial em sentido estrito (RESE).

 Impronúncia
Art. 414, CPP
 Quando o juiz tem dúvida quanto aos indícios suficientes de autoria ou
materialidade do crime (justa causa). Logo, o juiz não encaminha o réu ao júri.
 A impronúncia só faz coisa julgada formal! Não faz coisa julgada material. A
impronúncia não transita em julgado – Art. 414, § único (Caiu na OAB)
 Se surgir prova nova enquanto o crime não estiver prescrito, o réu pode ser
denunciado novamente!
 Contra a impronúncia, cabe apelação.

CPP
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz,
fundamentadamente, impronunciará o acusado.
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade,
poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova
nova. (a impronúncia faz coisa julgada apenas formal)
 Absolvição Sumária
Art. 415, CPP
 Nesse caso, o juiz tem certeza da inocência do réu.
 A absolvição sumária faz coisa julgada material! O réu não poderá ser denunciado
novamente.
 O parágrafo único do art. 415 diz que se o louco alegar uma outra tese além da
doença mental, o juiz deve pronunciá-lo e deixar a decisão para os jurados (na
segunda fase do procedimento do júri).
(*) Se for alegada apenas a tese de insanidade mental, será instaurado o incidente
de insanidade mental e será aplicada a medida de segurança (caiu na OAB).
 Contra a absolvição sumária, cabe apelação.

 Desclassificação
Art. 419, CPP
 Quando o MP oferece a denúncia, ele faz uma classificação do fato. O juiz, então,
pode desclassificar.
 É uma desclassificação própria, porque muda a competência do juízo. O crime é
desclassificado como doloso contra a vida e, então, os autos serão remetidos à
vara criminal, na qual seguirá o rito comum ordinário.

Exemplo: MP denuncia por homicídio qualificado. Ao final da primeira etapa do


procedimento de júri, o juiz conclui que não houve homicídio qualificado, e sim
lesão corporal seguida de morte, porque não houve intenção de matar, não foi
crime doloso contra a vida. Logo, o réu não poderá ser levado a júri. Sendo assim,
o juiz encaminhará os autos para a vara criminal e o processo seguirá o
procedimento comum ordinário. (caiu na OAB)

Obs.: A desclassificação também pode ocorrer na segunda fase do júri (os jurados
poderão decidir pela desclassificação). Nesse caso, o juiz presidente do júri julgará
o crime desclassificado (não precisa remeter para a vara comum) – caiu na OAB

CPP
Art. 74
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra
atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no
art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do
Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o).

Art. 492
§ 1º Se houver desclassificação da infração para outra, de
competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri
caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito
resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração
penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e
seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995;

§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso


contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri,
aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo

 Contra a decisão de desclassificação, cabe recurso especial em sentido estrito


(RESE).

b) Fase de Mérito
Arts. 422 a 497, CPP
 Ocorre o julgamento pelos jurados.
 A desclassificação também pode ocorrer na segunda fase do júri (os jurados
poderão decidir pela desclassificação). Nesse caso, o juiz presidente do júri julgará
o crime desclassificado (não precisa remeter para a vara comum) – caiu na OAB

RECURSOS

 Habeas Corpus e Revisão Criminal não são recursos, e sim ações autônomas de impugnação!

 RECURSO ESPECIAL EM SENTIDO ESTRITO – art. 581, CPP


Utilizado contra decisões interlocutórias (em regra)
Só ataca decisão de 1º grau (não cabe RESE contra acórdão!)
As hipóteses de cabimento de RESE são taxativos (devem ter previsão expressa em lei)!

Cabimento do RESE
 Decisão que concede ou denega habeas corpus em 1º grau
O RESE será julgado pelo TJ ou TRF

(!) Se o habeas corpus for denegado em 2º grau, cabe ROC (recurso ordinário constitucional)
para o STJ, no prazo de 05 dias – art. 105, II, CF.
(!) Se o habeas corpus for denegado em única instância, em tribunal superior (STJ, TSE, STM),
cabe ROC para o STF, no prazo de 05 dias.
 Rejeição de denúncia / queixa
 Decisão de incompetência do juízo
 Decisão que pronunciar o réu
Procedimento do júri
 Contra inadmissibilidade da apelação
Quando o juiz de 1º grau não receber a apelação por entender que ela é intempestiva,
deserta, etc (juízo de admissibilidade), caberá RESE (prazo de 05 dias) para destrancar a
apelação.

(*) Já se o Tribunal não admitir a apelação, cabe recurso para o STJ ou STF

 Se o juiz de 1º grau não receber o RESE, será cabível carta testemunhável, endereçada ao
escrivão da vara – prazo de 48 horas! Este é um recurso para destrancar o RESE! – art.
639, CPP (caiu na OAB)
CPP
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
I - da decisão que denegar o recurso;
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição
e seguimento para o juízo ad quem.

OBS  Se a decisão interlocutória for proferida em sede de execução penal, pelo juiz de
1º grau, caberá Agravo em Execução Penal no prazo de 05 dias (art. 197, Lei de Execução
Penal). Em regra, o agravo em execução penal não tem efeito suspensivo! A única
exceção à regra é o agravo interposto contra decisão de liberação de pessoa sujeita a
medida de segurança – exemplo: internação! (artigo 179 da LEP).

OBS  Art. 589 – juízo de retratação. Efeito iterativo do recurso em sentido estrito. É a
possibilidade de o próprio juiz que proferiu a decisão se retratar. Cabe retratação em
caso de RESE, Agravo em execução e carta testemunhável.

CPP
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso
concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o
seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe
parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte
contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se
couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso,
independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos
próprios autos ou em traslado.
 APELAÇÃO – art. 593, CPP
Prazo de 05 dias para interposição
Prazo de 8 dias para razões e contrarrazões
 Contra sentença
CPP
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas
por juiz singular;

 Contra sentença proferida na segunda fase do júri


Cabe após o trânsito em julgado da pronúncia, na segunda fase do júri.
 Nulidade (vício procedimental) posterior à pronúncia
Exemplo de nulidade: um documento ser acostado no dia em que foi realizado o júri.
(quando na verdade o documento deve ser juntado com 3 dias de antecedência).
Será pedida a realização de um novo júri.

CPP
Art. 593.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

 Decisão manifestamente contrária à prova dos autos


Será pedida a realização de um novo júri.
Só pode ser interposta uma única apelação com base na alínea “d” do inciso III.
CPP
Art. 593.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos
autos.

 Equívoco do juiz com relação à sentença – alíneas b e c


Nesses casos, não será realizado um novo júri, porque houve apenas um erro do juiz
presidente ao lavrar a sentença determinada pelo júri.
Nesse caso, o apelo será para que haja a reforma da decisão.

CPP
Art. 593.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à
decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da
medida de segurança;

 Proibição da Reformatio in pejus – Súmulas 160 e 713, STF


Impossibilidade de o réu ser prejudicado quando apenas ele tiver recorrido.
Efeito devolutivo dos recursos.

 Proibição Direta  para o Tribunal


Quando o Tribunal julga a apelação, não pode mudar o regime aberto para fechado,
não pode majorar a pena de 05 para 06 anos, etc...

 Proibição Indireta  para o juiz de 1º grau


Se, julgando um recurso exclusivo do réu, o Tribunal anula a sentença e encaminha
para o juiz de 1º grau proferir outra decisão, este não poderá prejudicar o réu
(imputar pena mais alta, piorar o regime, etc).

CPP
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao
disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado
da sentença.

Súmula 160 STF


É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu,
nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados
os casos de recurso de ofício.

O Tribunal não pode reconhecer, em prejuízo do réu, uma


nulidade não articulada no recurso da acusação.

Súmula 713 STF


O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é
adstrito aos fundamentos da sua interposição.

 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
 Arts. 382 e 619, CPP
Prazo de 02 dias para oposição
Interrompe o prazo para interposição de apelação
Pode ser oposto contra sentença ou acórdão de segundo grau
 Art. 83, Lei 9.099
Prazo de 05 dias para oposição
Interrompe o prazo para interposição de apelação
 EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE – art. 609, § único, CPP
Prazo de 10 dias para oposição
Só quem pode opor esse recurso é o ACUSADO.
Constituem um incidente recursal ao julgamento da:
 Apelação
 RESE
 Agravo em Execução
Os embargos infringentes e de nulidade cabem quando houver decisão prejudicial ao réu e não
unânime. O efeito devolutivo será o voto vencido favorável à defesa.
O FUNDAMENTO dos embargos infringentes e de nulidade será sempre o VOTO VENCIDO
FAVORÁVEL AO RÉU.
Exemplo: João foi condenado por roubo, pena de 9 anos. João entrou com apelação pedindo a
nulidade do processo e redução da pena. 03 desembargadores vão julgar essa apelação.
Quanto à nulidade, os 3 desembargadores afastaram a tese. Quanto à pena, o relator opinou
pela redução, o reviso opinou pelo improvimento e o vogal também opinou pelo improvimento.
Por ter havido voto vencido, caberá embargos infringentes e de nulidade.

AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO

 HABEAS CORPUS – arts. 647 e 648, CPP


Visa a tutelar a liberdade individual.
Afasta uma coação à liberdade de locomoção.
Afasta uma ameaça potencial à liberdade de locomoção.
Se não houver risco à liberdade individual, não cabe HC.
 Competência para julgar o HC
 Se a autoridade policial pratica o constrangimento ilegal à liberdade, quem julga o habeas
corpus é o juiz
 Se o juiz decreta prisão preventiva ilegal (coação ilegal à liberdade do acusado), quem
julgará o habeas corpus é o Tribunal se 2º Grau (TJ/TRF)
 Desembargador é autoridade coatora: quem julga o HC é o STJ
 Ministro do STJ é autoridade coatora: quem julga o HC é o STF

Obs.: se for possível a interposição de recurso, em vez da impetração de HC, deve ser interposto o
recurso (o STJ e o STF entendem que deve ser priorizada a atividade recursal).
 REVISÃO CRIMNAL – arts. 621 e 631, CPP
 Cabimento
É pressuposto para a revisão criminal a existência de uma sentença penal condenatória
transitada em julgado – art. 621.
As hipóteses de revisão criminal se apegam sempre a um erro do poder judiciário em prejuízo
do réu.
CPP
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso
da lei penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos,
exames ou documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de
inocência do condenado ou de circunstância que determine ou
autorize diminuição especial da pena.

A revisão criminal só é admitida em favor do acusado! Não se admite revisão criminal em favor
da sociedade.
 Termo inicial = trânsito em julgado da sentença condenatória
A revisão criminal NÃO POSSUI TERMO FINAL, porque, mesmo após a extinção da pena, é
possível impetrar uma revisão criminal (art. 622, CPP).

CPP

Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes


da extinção da pena ou após.

Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo


se fundado em novas provas.

 O sucessor do réu pode impetrar revisão criminal


 É possível uma condenação do Estado ao pagamento de uma indenização para reparar o erro
judiciário e restabelecer o aspecto moral atingido por uma condenação injusta.

CPP
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer
o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.

§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível,


responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça
do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela
respectiva justiça.

§ 2o A indenização não será devida:


a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta
imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de
prova em seu poder;

b) se a acusação houver sido meramente privada.

 Competência para julgar a revisão criminal


 TJ / TRF
Julga revisão criminal contra sentenças proferidas pelos juízes vinculados a esses Tribunais
e também contra as decisões originárias do Tribunal.

 STJ e STF
Só julgam revisão criminal contra seus próprios julgados em casos de competência
originária

Das könnte Ihnen auch gefallen