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INQUÉRITO POLICIAL
INTRODUÇÃO
Art. 4º a 23 do CPP
Lei 12.830/13
Trata da atividade do delegado de polícia
Lei 12.850/13
Combate as organizações criminosas, delação premiada, ação controlada, infiltração de agentes de
polícia na organização criminosa
Lei 12.694/12
Traz a possibilidade de colegiado de juízes em primeiro grau para decretar medidas cautelares no
combate às organizações criminosas (com isso, visa a proteger os juízes).
Art. 144/CF
Trata da segurança pública (polícia civil e polícia federal).
A polícia federal tem exclusividade para atuar como polícia judiciária da União na apuração de
delitos e sua respectiva autoria.
No âmbito estadual, não há exclusividade para a polícia civil.
CONCEITO
Procedimento administrativo presidido por delegado de polícia civil (estados) ou federal (união_
que tem por finalidade apurar a prática de um crime e sua autoria, para formar o convencimento
do titular do direito de ação (MP ou Vítima).
O inquérito policial é mais um de diversos procedimentos investigatórios. Há também a CPI, por
exemplo!
b) Requerimento
O requerimento é feito pelo ofendido (vítima). A vítima vai até a delegacia e informa, por
exemplo, que foi assaltado, que roubaram seu carro.
O requerimento pode ser indeferido pelo delegado
Da decisão que indeferiu o requerimento, cabe recurso administrativo. Quem julga esse
recurso é o chefe de polícia (delegado chefe).
O delegado pode indeferir o requerimento de instauração, porque o inquérito policial é
discricionário (o delegado tem liberdade/discricionariedade na condução das
investigações).
Em crimes de menor potencial ofensivo (pena máxima de até 02 anos) – crimes dos Juizados
Especiais Criminais, no lugar do inquérito policial, haverá o termo circunstanciado. E, no
lugar da lavratura do auto de prisão em flagrante, haverá a assinatura de um Termo de
Compromisso de comparecer à audiência de conciliação. Após a lavratura do termo
circunstanciado, o acusado é liberado.
(*) Obs.: os institutos da Lei 9.099 (lei de juizados) não se aplicam no contexto da Lei Maria
da Penha, nada do que foi dito acima é aplicado. Ou seja, para a proteção da mulher,
deverá haver inquérito policial, deverá haver lavratura de auto de prisão em flagrante, sem
direito à transação, etc. Art. 41 da Lei 11340/06 – Lei Maria da Penha.
Obs.: Em regra, na fase do inquérito policial, o juiz não pode decretar de ofício prisão
preventiva, sem o Ministério Público ou o Delegado de polícia pedirem. Mas na Lei Maria da
Penha pode!
2) SIGILOSO
Art. 20, CPP
Art. 8º da Lei 9296/96 (Lei da Interceptação Telefônica)
O inquérito, assim como a interceptação telefônica, são procedimentos sigilosos para que seja
assegurado o sucesso da investigação e a intimidade daquela pessoa que é apenas investigada.
Art. 7º, XIV, XXI, § 1º da Lei 8.906 (Estatuto da Advocacia): o advogado pode acessar quaisquer
autos de inquérito policial (findos ou em andamento), mesmo sem procuração. A procuração
do advogado só poderá ser exigida quando o juiz determinar o sigilo do procedimento.
(!) Súmula Vinculante nº 14: Já o STF entende que o advogado deve ter procuração e só pode
acessar os atos documentados/consumados/concretizados e com relação (nexo) com a situação
do seu cliente (patrocinado).
(!) Súmulas Vinculantes 11, 14 e 24: têm relação com o inquérito policial.
3) INQUISITORIAL
art. 155, CPP
Não existe obrigação da incidência dos princípios da ampla defesa e contraditório.
No inquérito policial é possível, por exemplo, ouvir testemunhas de acusação sem a presença
do advogado de defesa.
O juiz não pode condenar o Réu somente com base no inquérito policial. Principio do livre
convencimento motivado: o juiz é livre para decidir, mas deve fundamentar a decisão e
essa fundamentação não pode se dar apenas com base no inquérito.
O inquérito possui uma finalidade linear: confirmar uma hipótese acusatória.
Logo, no inquérito, não há a produção de PROVAS propriamente ditas. Afinal prova é tudo
aquilo que é produzido a luz do contraditório, ampla defesa e devido processo legal.
PROVA só é produzida em juízo, no processo.
Exceções: Provas cautelares, não repetíveis ou antecipadas. Exemplo: foi praticado um
homicídio. O exame de corpo de delito é realizado na fase de inquérito policial (o corpo
não pode esperar até a fase processual, para que seja feita a exumação). Logo, o exame de
corpo de delito deve ser feito na fase do inquérito e deve ser permitida a ampla defesa e
contraditório. Logo, nesse caso, a PROVA será produzida e não haverá necessidade de
repetição da prova em juízo. Nesses casos de prova cautelar, não repetível ou antecipada,
é possível condenar com base nessa prova produzida na fase de inquérito. Outro exemplo:
prova de interceptação telefônica.
Mas o juiz pode absolver somente com base no inquérito.
4) INDISPONÍVEL
Arts. 17 e 18 do CPP
Súmulas 524 e 696 do STF
O delegado não pode desistir do inquérito policial, não pode abandonar as investigações, em
hipótese alguma.
Exemplo: o delegado instaura o inquérito de possível crime de bigamia. Ao decorrer do
inquérito, percebe que não houve bigamia, e sim adultério. O delegado pode arquivar o
inquérito? não!
O inquérito policial não pode ser arquivado de ofício.
Arquivamento do Inquérito: é feito a requerimento do Ministério Público e autorização do
Poder Judiciário (do Juiz).
JUSTIÇA FEDERAL
Lei 5.010, art. 66
Acusado preso: prazo de 15 dias (prorrogáveis por mais 15)
Acusado solto: 30 dias (disposição do CPP, pois a Lei 5.010 não trata do caso de o acusado estar
solto).
Exemplo: trafico internacional de drogas, redução à condição análoga de escravo, falsificação
de moeda, crime a bordo de avião, crime contra comunidade indígena.
LEI DE DROGAS
Art. 33, § 3º, CPP: trata de modalidade especial de tráfico (consumo mútuo), na qual a pena
máxima é de 01 ano. Esse é um crime de menor potencial ofensivo, no qual não cabe inquérito
policial, e sim termo circunstanciado.
Art. 33, caput, CPP e Art. 51 e 54 da lei 11.343 (Lei de Drogas): tráfico de drogas, associação
ao tráfico. Nesses crimes, há inquérito policial.
Acusado preso: prazo de 30 dias prorrogáveis por mais 30.
Acusado solto: prazo de 90 dias prorrogáveis por mais 90.
Esses prazos são maiores, porque há alguns recursos de investigação mais complexos, como,
por exemplo, infiltração de agente policial na associação ao tráfico.
RELATÓRIO DO DELEGADO
É a peça final do inquérito policial
Não é uma sentença, mas sim um relato de tudo o que ocorreu durante as investigações.
O inquérito policial não é prospectivo, mas sim RETROSPECTIVO (gira em torno de um fato que já
passou. O trabalho do advogado é reconstituir e o papel do relatório é fazer um histórico de tudo
que já ocorreu).
Art. 10, CPP: No relatório, o delegado pode mencionar o nome de testemunhas que não foram
inquiridas na fase policial. Estas testemunhas poderão ser ouvidas em juízo, na fase processual (de
ação penal).
Em regra, é no relatório que o delegado faz um indiciamento do sujeito acusado. (por vezes, o
delegado não conseguirá encontrar o autor do crime).
1. Requisitar novas diligências, se o sujeito estiver solto. Se o acusado estiver preso, primeiro
o juiz relaxa a prisão, para que a diligência possa ser feita.
3. Arquivar o inquérito policial. Após, o juiz decidirá se o inquérito será arquivado ou não.
Não existe arquivamento de ofício. O procedimento sempre será: o MP pede o
arquivamento e o juiz autoriza ou não.
Quando o juiz recebe o pedido de arquivamento, ele: arquiva, ou discorda dessa
manifestação, entendendo que é caso de ação penal (art. 28, CPP).
Decisão do juiz que discorda do arquivamento
Como o juiz não é acusador, ele deverá remeter o inquérito ao Procurador-Geral de Justiça.
O Procurador-Geral de Justiça pode: (i) oferecer denúncia, (ii) designar a outro membro do
MP para oferecê-la (esse outro promotor é obrigado a denunciar), (iii) ou insistir no
arquivamento (caso em que o juiz será obrigado a arquivar).
CPP
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa
do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e
este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender.
A decisão do juiz que determina o arquivamento do inquérito policial não faz coisa julgada
material! (não transita em julgado, só faz coisa julgada formal). É possível o
desarquivamento do inquérito policial.
Exemplo: Uma pessoa é acusada de roubo. A vítima fez o reconhecimento. Foram ouvidas
as testemunhas A, B e C. O promotor, então, pede o arquivamento. O juiz homologa o
arquivamento. Após isso, surge uma nova prova: a testemunha C foi ouvida novamente e
disse que o acusado foi autor do crime. Esse inquérito pode ser desarquivado! O novo
depoimento de C é uma prova nova.
Art. 18 do CPP e Súmula 524 do STF: se o delegado de polícia tiver notícia de uma prova
nova, ele poderá retomar as investigações. Se o promotor tiver acesso a uma nova
evidência (nova prova), pode oferecer a denúncia.
CPP
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de
outras provas tiver notícia.
CONCEITO
Com o direito de ação, a jurisdição é provocada ao Estado-Juiz, para que se concretize por meio do
processo penal. Não há crime sem processo penal.
Conceito: Logo, ação penal é o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação da lei através do
processo penal.
Não é possível a instauração de ação penal de ofício, porque o direito de ação não coincide com
a jurisdição.
Obs.: O habeas corpus pode ser promovido de ofício por um juiz ou Tribunal. Art. 654, §2º, CPP).
Isso porque, embora o habeas corpus seja uma ação, ela não é condenatória, mas sim uma ação
autônoma de impugnação (ação libertária). O habeas corpus é um instituto em favor do réu.
1.2 CONDICIONADA
É a ação penal condicionada a representação ou requisição.
REQUISIÇÃO
A requisição é feita pelo Ministro da Justiça.
Art. 7º, §3º, “b” do Código Penal: casos de pessoa estrangeira que praticou crime
contra brasileiro fora do país.
Art. 145 do Código Penal: crime praticado contra a honra de presidente da república
ou chefe de governo estrangeiro.
CPP
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que
forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de
Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando
oposta e admitida a exceção da verdade.
REPRESENTAÇÃO
É uma condição de procedibilidade. Art 39, CPP.
O MP só pode denunciar se a vítima autorizar.
Prazo decadencial
O art. 38 do CPP prevê o prazo decadencial para representação de 06 meses, a partir
do conhecimento da autoria do fato.
A decadência extingue a punibilidade – art. 107. IV do CP (se não haverá processo,
também não haverá punibilidade).
Retratação da representação
A representação admite retratação até o protocolo de oferecimento da denúncia (art.
25 do CPP).
(*) Na Lei Maria da Penha, a retratação pode ser feita até o recebimento da denúncia
pelo juiz, em uma audiência específica perante o juiz e o MP. (art. 16 da Lei Maria da
Penha). Não cabe representação na lesão corporal a luz da Lei Maria da Penha, haja
vista que é uma ação penal pública incondicionada.
Súmula 542 do STJ: qualquer lesão corporal praticada contra a mulher, no contexto da Lei
Maria da Penha, é crime de ação penal pública incondicionada! (**até mesmo a lesão
corporal leve).
Já o crime de lesão corporal leve, por ser de menor potencial ofensivo, é crime de ação
penal pública condicionada a representação.
Obs.: nem todo crime previsto na lei Maria da penha é de ação penal pública
incondicionada. Por exemplo: se marido ameaçar a esposa, isso será ação penal pública
condicionada a representação. Se o marido estuprar a esposa, isso será crime de ação
penal pública condicionada a representação.
Súmula 608 do STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real (lesão grave
ou gravíssima), a ação penal é pública incondicionada. Logo, se o marido estuprar a
esposa e praticar uma lesão gravíssima contra ela, esse crime será de ação penal pública
incondicionada.
Súmula 714 do STF: trata da ação penal nos crimes contra a honra de funcionários
públicos, no que for pertinente ao exercício da função. (art. 145 do CP). Nesses casos, a
modalidade de ação penal será pública condicionada. Embora, em regra, os crimes contra
a honra sejam de ação penal privada.
*calúnia e difamação: imputam um fato.
*injúria: imputa uma qualidade negativa à pessoa (ex.: chamar alguém de ladrão).
Súmula 714
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante
queixa, e do ministério público, condicionada à
representação do ofendido, para a ação penal por crime
contra a honra de servidor público em razão do exercício
de suas funções.
A representação é uma manifestação informal! Pode ser oralmente, pode ser mediante
tomada de termo. Não precisa ser uma peça formal! O simples ato de ir até a delegacia e
pedir que seja feito o exame de corpo de delito já manifesta a intenção de querer que o
sujeito seja investigado e processado.
Art. 74, § único, Lei dos Juizados (9.099): no Juizado Especial Criminal, a composição civil
acarreta a retratação da representação e a renúncia do direito de queixa (se a ação penal
for privada).
Lei 9.099
2) PRIVADA
Nos crimes praticados sem violência, a ação penal será privada.
O titular da ação penal é o ofendido, seu representante legal ou sucessor (cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão).
Petição Inicial = Queixa Crime (art. 41 e 44 do CPP).
CPP
Em regra, os crimes contra a honra são de ação penal privada exclusiva – Art. 145, CPP
CPP
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Terminado o prazo para o MP oferecer denúncia, a vítima terá prazo decadencial de 06 meses
para dar uma queixa (constituindo advogado para isso). Durante esses 06 meses, o MP ainda
poderá oferecer denúncia, enquanto o crime não prescrever. E, mesmo quando a vítima
oferecer queixa no prazo de 06 meses, o MP poderá atuar como assistente litisconsorcial da
vítima.
**O prazo decadencial de 06 meses para a vítima oferecer queixa subsidiária não extingue a
punibilidade!
Questão de prova anterior: não se admite queixa subsidiária quando o MP opta pelo
arquivamento do inquérito, pois, nesse caso, não houve inércia!! << O MP recebeu os autos
de um inquérito de crime de homicídio, estando o acusado solto. Dentro do prazo de 15 dias, o
MP pediu o arquivamento do inquérito. O pai da vítima, então, ofereceu queixa subsidiária.
Essa queixa deve ser REJEITADA >>
2.3 Personalíssima
Apenas a vítima pode oferecer a queixa
Crime 238, CP - Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento em casamento
Prazo de 06 meses a partir do transito em julgado da sentença cível que anulou o
casamento. Veja que, se não houve impedimento ao casamento, não haverá crime.
Obrigatoriedade: se houver justa causa para a instauração da ação penal, o Ministério Público
DEVE oferecer a denúncia (deve ofertar a petição inicial).
(!) Justa causa = fumus comissi delicti (fumaça da prática do crime). São indícios suficientes de
autoria (ou participação) + materialidade ou prova de existência do fato. Lastro probatório
mínimo para o exercício da pretensão acusatória.
Antes da proposta de transação penal, deve haver a audiência preliminar. Caso seja
desrespeitado esse procedimento, a transação será NULA! (FGV já cobrou isso).
A transação penal é uma sentença que homologa um acordo e não tem efeito
condenatório (não gera reincidência, antecedentes, etc).
Contra essa sentença (transação penal), cabe APELAÇÃO (art. 76, § 5º) – prazo de 10
dias!
O que o MP pode fazer é pedir a absolvição do réu, recorrer em favor do réu impetrar habeas
corpus em favor do acusado, etc... (isso é o exercício do seu papel de fiscal da ordem jurídica).
Todavia, mesmo que o MP peça a absolvição do Réu, o juiz pode condenar!! (Art. 385, CPP)
CPP
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela
absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma
tenha sido alegada.
Lei 9.099
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
3. Divisibilidade
Mesmo que o MP não denuncie todos os autores do crime e todos os delitos, a denúncia pode
ser aditada para tal inclusão.
A ação penal pública pode ser fracionada! O pólo passivo da ação pode ser divisível.
Exemplo: A operação Lava-Jato tem mais de 35 fases. O fato de Lula não ter sido denunciado na
primeira fase da operação lava-jato não impede que ele seja investigado na 30ª fase desta
operação. Nada impede que a denúncia seja aditada, ou que outra denuncia seja oferecida.
(!) Não se admite o arquivamento IMPLÍCITO do inquérito policial! << Exemplo: “B” importou
substâncias ilícitas (anabolizantes, etc...) e mandou entregar na academia de “A”. A polícia
federal foi até a academia de “A” para apreender as substâncias e iniciou o inquérito contra
“A”. No inquérito, “A” disse que não tinha nada a ver com isso e que as substâncias ilícitas
importadas eram de “B”. O Ministério Público recebeu os autos do inquérito e ofereceu a
denúncia apenas contra “A”. O Juiz não percebeu o erro e recebeu a denúncia em relação a
“A”, dando início à ação penal. Todavia, o juiz não invocou o art. 28 do CPP e arquivou a
denúncia com relação a “B”. Diante disso, por não existir arquivamento implícito, “B” não está
livre de responder pelo crime! O MP tinha que expressamente dizer que “B” era inocente e
pedir o arquivamento em relação a “B”; após, o Juiz teria que determinar “arquive-se para B”.
Renúncia
Existe renúncia tácita e renúncia expressa.
É unilateral e pré-processual (vem antes da queixa-crime)
A renúncia deve ocorrer antes da prática do ato.
Decadência
Art. 38. CPP
Com a decadência, ocorre a extinção da punibilidade (via de regra).
2. Disponibilidade
A vítima pode desistir da ação penal, mediante o perdão e a perempção (já caiu na OAB)
Perempção
Art. 60 do CPP (já caiu na OAB)
É a perda do direito de continuar com a ação (continuar com a pretensão acusatória)
Hipóteses:
a) Quando o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias
seguidos;
b) Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (cônjuge, ascendente, descendente e
irmão)
c) Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente
d) Quando o querelante deixar de formular o pedido de condenação nas alegações
finais (caiu 2x na OAB)
Exemplo: João foi vítima dos crimes de difamação e injúria. Na fase dos memoriais
(alegações finais), o advogado de João só pediu a condenação em relação a
difamação. Nesse caso, o juiz pode condenar ao crime de difamação, mas, quanto ao
crime de injúria, o juiz irá extinguir a punibilidade, uma vez reconhecida a
perempção.
e) Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Perdão
Arts. 51-59 do CPP (já caiu na OAB)
É bilateral: depende do aceite do querelado (o suposto autor do crime).
O perdão é processual (ocorre durante o processo e vem depois da queixa).
Nesse caso, ocorre o perdão do querelante para o querelado (não confundir esse tipo de
perdão com o perdão JUDICIAL!!)
Obs.: PERDÃO JUDICIAL é concedido pelo JUIZ!! No caso do perdão judicial, o juiz reconhece
que as conseqüências do fato atingirem o autor de tal fato que a punição torna-se
desnecessária. O perdão judicial também extingue a punibilidade!
3. Indivisibilidade
Arts. 48 e 49 do CPP
O MP, como fiscal da ordem jurídica, deve assegurar essa indivisibilidade.
Numa ação penal privada, oferecida contra A, B e C, se houver renúncia para um réu, deve haver
para todos. Da mesma forma, o perdão atinge a todos. A perempção atinge a todos, etc.
Na ação penal privada, não se pode escolher quem irá processar.
Questão OAB: A ofereceu queixa contra B e C. Só que D também foi autor do crime (embora A
não tenha oferecido queixa contra ele). O MP pode aditar a queixa-crime e incluir D também no
pólo passivo? NÃO!! A doutrina é pacífica no entendimento de que não se admite aditamento
de queixa-crime, pelo MP, para estender o número de Réus, ou o número de crimes. O máximo
que pode ocorrer é aditamento para correção de ERROS MATERIAIS!
Logo: o art.45 do CPP não permite a inclusão de novos Réus ou novos crimes, pelo MP,
mediante aditamento de queixa-crime (ação penal privada). O aditamento da queixa-crime
pelo MP pode ser feito apenas para correção de erros materiais (exemplo: erro do nome do
réu, etc) – são erros que não alteram a pretensão acusatória.
PRISÃO CAUTELAR
Arts. 282 a 350, CPP
Lei 12.403/11
Questão OAB: Pode-se dizer que essa foi uma lei mais benéfica para o réu, porque trouxe medidas
alternativas para a prisão. A prisão cautelar, hoje, é uma medida subsidiária (é a ultima ratio). A
Lei 12.403/11 foi mais benéfica para o imputado no processo penal, porque trouxe outras medidas
alternativas à prisão cautelar.
Conceito
Prisão cautelar é uma privação de liberdade, em regime fechado, anterior a uma sentença
condenatória transitada em julgado. Ou seja, a prisão cautelar é feita durante a persecução penal.
Art. 5º, LVII traz o princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade).
CF, art. 5º
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória;
CPP
Art. 283 Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito
ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, em decorrência de sentença condenatória
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão
preventiva.
Obs.: Decisão do STF de que, após o improvimento da apelação do Réu, ele já pode
começar a cumprir pena. Isso é um absurdo, porque ainda cabe Resp e REX. O STF
entendeu que a interposição de REX e REsp era utilizado para protelar o cumprimento de
pena.
2. Segundo efeito da presunção de inocência: ônus da prova no processo penal – art. 5º,
LVII, CF
O ônus da prova, no processo penal, é todo da acusação.
Se o MP não lograr êxito em provar que o ato foi ilícito, o acusado será absolvido por in
dúbio pro réu. O ônus da prova é todo da acusação, porque o acusado é presumivelmente
inocente.
Exemplo: o Ministério Público acusa “A” de lesão corporal grave, que resultou no evento
morte. O acusado alega que agiu em legítima defesa, porque a vítima da lesão corporal
estava com uma faca na mão. A quem incumbe provar que o acusado não agiu em legítima
defesa? Ao Ministério Público.
Obs.: Art. 156, caput, CPP: A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,
facultado ao juiz de ofício. Esse artigo é muito criticado pela doutrina.
Se a banca disser para responder a questão com base na doutrina: o ônus da prova é
todo da acusação.
Se a banca disser para responder a questão com base no CPP: o ônus da prova é de
quem faz a alegação.
FLAGRANTE
TEMPORÁRIA
PRISÃO DOMICILIAR – arts. 317 e 318, CPP
PREVENTIVA
No Brasil, não existe prisão administrativa (prender para investigar. O certo é investigar para,
depois, prender). Portanto, só se pode prender alguém com base em flagrante delito (prisão em
flagrante), ou mediante ordem judicial fundamentada (prisão cautelar ou preventiva).
FLAGRANTE
A prisão em flagrante, em regra, dispensa ordem judicial. Não precisa o juiz autorizar para
prender alguém em flagrante delito.
Por isso, se diz que prisão em flagrante é pré-cautelar (já que a prisão cautelar exige ordem
judicial).
Questão OAB: sequestro de bens (exemplo: o sujeito trafica e compra um carro com o dinheiro
oriundo do tráfico). Se a denúncia não for oferecida em 60 dias, o sequestro tem que ser
levantado (diligência do seqüestro). O sequestro é uma medida cautelar para evitar o
perecimento do bem (logo, exige ordem judicial). Outros exemplos de medidas cautelares:
interceptação telefônica, busca e apreensão.
1. Flagrante Obrigatório
art. 301, CPP
Nesse caso, os policiais (prepostos de segurança pública) são obrigados a prender alguém
que estiver praticando um crime. O policial age em estrito cumprimento do dever legal.
O sujeito passivo da prisão (aquele que é preso em flagrante).
Art. 53, CF
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de
seus membros, resolva sobre a prisão.
2. Flagrante Facultativo
art. 301, CPP
Os particulares podem prender alguém que esteja em agindo em flagrante delito.
3. Flagrante Próprio
Art. 302, incisos I e II, CPP.
O flagrante advém da certeza do crime (certeza virtual do crime).
No flagrante próprio, o acusado é preso na cena do crime. O sujeito acabou de cometer a
infração. Não há intervalo de tempo relevante entre a prática do crime e a prisão.
CPP
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
4. Flagrante Impróprio
Art. 302, CPP, III
Perseguição (elemento substancial) + Logo Após (elemento temporal), em situação que
faça presumir que ele é autor da infração
CPP
Art. 302
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração;
A perseguição logo após a prática do crime tem que ser ininterrupta. A perseguição pode
durar dias, pode até trocar a equipe policial, só não pode cessar. Logo, o prazo de 24 horas
não é sensor para medir se a prisão em flagrante é legal ou não.
Exemplo: o policial vê um sujeito saindo correndo do bar com uma arma em punho. O
policial vê que, dentro do bar, tem uma pessoa baleada. Há a presunção de que quem
alvejou a vítima foi o sujeito que saiu correndo.
Obs.: As vezes o sujeito é culpado sem termos prisão em flagrância. Exemplo: Crime de
Extorsão - o policial fala ao dono de um estabelecimento que ele terá que pagar R$ 3.000,00
por mês para continua funcionando em segurança. O dono do estabelecimento, após uma
semana, entrega a vantagem indevida ao policial e, nesse momento, o policial é preso. O
flagrante não se deu nesse momento, porque a exigência da vantagem indevida se deu uma
semana antes. Todavia, isso não impede que o policial seja processado.
5. Flagrante Presumido
Art. 302, CPP
O sujeito é encontrado logo depois prática do crime.
Exemplo: Elise Matsunaga foi abordada com o corpo do marido esquartejado na mala do
carro.
Obs.: a doutrina entende que o encontro desses instrumentos, objetos ou papéis seja
CAUSAL (!!!)
Se não houver enquadramento no art. 302, a prisão em flagrante é ILEGAL e deverá haver
relaxamento da prisão determinado pelo juiz.
6. Flagrante Esperado
É uma modalidade de flagrante próprio.
LÍCITO.
Ocorre quando uma autoridade policial previamente informada acerca de um crime trata
de promover diligências a fim de prender o agente que poderá praticar o crime.
Nesse caso, a prática da autoridade policial ou de terceiro apenas a espera da ocorrência do
crime, sem qualquer provocação.
O flagrante esperado é válido, pois a autoridade policial ou terceiro não contribui à
ocorrência do crime, há apenas o seu aguardo. Assim, o criminoso pratica o delito sem estar
sob qualquer influência.
CPP
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em
flagrante delito enquanto não cessar a permanência. (inclusive
permitindo a invasão domiciliar).
9. Flagrante Forjado
ILÍCITO.
Flagrante forjado é aquele armado, realizado para incriminar pessoa inocente. É uma
modalidade ilícita de flagrante, onde o infrator é o agente que forja o delito. Ex.: ex-mulher
que insere drogas nos pertences do ex-marido, acionando a polícia para prendê-lo em
flagrante por tráfico de drogas, para com isso se vingar da separação.
CPP
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá
esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o
acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas
respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
Laudo de Constatação
Em caso de crime de tráfico de drogas (art. 50, §1º, Lei 11.343), deve ser elaborado no
prazo de 24hrs um laudo de constatação da droga, para comprovar a materialidade do
crime.
Esse laudo é provisório. Depois, deve haver um laudo definitivo.
Isso porque qualquer pessoa idônea pode fazer o laudo de constatação.
(!) Atenção que o laudo provisório só serve para lavrar o APF. Para efeito de condenação
de uma pessoa, deve haver laudo definitivo (art. 159, CPP)
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
Art. 306, CPP: Se o preso não constituir advogado dento desse prazo de 24hrs, uma
cópia do APF deve ser encaminhada à Defensoria Pública. Essa instituição irá requerer
medidas emergenciais, como relaxamento, medida provisória, etc.
Art. 5º, LXII e LXIII, CF
Quando o juiz receber o APF, ele aplicará o art. 310 do CPP (cai na OAB)
Relaxamento da prisão em flagrante
Cabe nos casos em que a prisão em flagrante foi ilegal – art. 5º, LXV, CF
Art. 5º, CF
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;
Art. 5º, CF
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
Obs.: Todos os crimes admitem liberdade provisória sem fiança, até mesmo os
crimes hediondos e os equiparados.
Obs.: Liberdade provisória sem fiança só não cabe nos casos previstos nos arts. 323
e 324 do CPP:
Art. 323. Não será concedida fiança:
I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança
anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer
das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código;
II - em caso de prisão civil ou militar;
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva (art. 312).
PREVENTIVA
Arts. 311 a 316, CPP
Exige ordem judicial.
Cabe na fase do inquérito policial e na fase da ação penal.
Na fase do inquérito policial, a prisão preventiva não pode ser decretada de ofício pelo juiz.
Deve haver representação do delegado de polícia, ou requerimento do MP.
Obs.: nos crimes dispostos na Lei Maria da Penha, a prisão preventiva pode ser decretada
de ofício na fase do inquérito policial.
Na fase da ação penal, a prisão preventiva pode ser decretada de ofício pelo juiz, assim
como também pode ser requerida pelo MP, pelo assistente, ou pelo querelante.
Não possui prazo
Exemplo: Caso em que Dado Dolabela agrediu Luana Piovani (lesão corporal leve). Esse
crime não tem pena alta que garanta a prisão preventiva e, por isso, foi solto. Porém o
juiz determinou que ele ficasse, no mínimo, a 500m de distância dela (medida cautelar).
No carnaval, ele e Luana Piovani estavam no mesmo camarote e Dado Dolabela se
aproximou dela. Diante disso, o juiz determinou a prisão preventiva de Dado Dolabela,
para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA – art. 312, CPP
(!) Se a prisão preventiva não for necessária, caberá a peça privativa de advogado de
“revogação da preventiva” – art. 316, CPP. A prisão preventiva é situacional, pois ela
dura enquanto durar o estado das coisas. Exemplo: o acusado é preso por ter
ameaçado uma testemunha. Após a oitiva das testemunhas, essa prisão não se
mostra necessária, pois a prisão preventiva é situacional, ela dura enquanto durar o
estado das coisas. Porém, se sobrevier outro fato, outra circunstancia que enseje a
preventiva, esta poderá ser decretada novamente.
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
TEMPORÁRIA
Art. 1º, I, Lei 7.760/89
Exige ordem judicial
Só cabe no inquérito policial.
Encerrado o inquérito policial, encerrada está a possibilidade de decretar ou manter a prisão
temporária.
O juiz não pode decretar de ofício a prisão temporária (para assegurar a imparcialidade do
juiz). É necessária uma representação do delegado de polícia, ou o requerimento do MP.
Possui prazo
Crime comum: 5 dias (prorrogáveis por mais 5)
Crimes hediondos e equiparados: 30 dias (prorrogáveis por mais 30)
Obs.: a prorrogação também deve ser fundamentada em decisão.
Obs.: o prazo de conclusão do inquérito policial será correspondente ao da prisão
temporária (isso porque só há prisão temporária se houver inquérito. Não tem como
concluir o inquérito e manter a prisão temporária).
REQUISITOS DA PRISÃO TEMPORÁRIA – art. 1º, Lei 7.960
a) Necessidade – art. 1º, I e II
Periculum, risco na liberdade.
A prisão temporária é admitida quando ela for imprescindível para as investigações do
inquérito policial.
Art. 5º, CF
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
(!) Se a prisão temporária não for necessária, caberá a peça privativa de advogado de
“revogação da temporária” – art. 282, §5º CPP.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser
aplicadas observando-se a:
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Os arts. 319 e 320 do CPP demonstram por que as prisões cautelares são a ultima ratio.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
Justiça Federal
Justiça Comum
Justiça Estadual
Justiça Eleitoral
Justiça Especial
Justiça Militar
JUSTIÇA ESPECIAL
JUSTIÇA ESPECIAL ELEITORAL julga os crimes eleitorais e, também, os crimes conexos (mesmo
que não sejam eleitorais).
Em casos de conexão e continência, haverá um único processo / um único julgamento / um
único juízo.
Exemplo: O juiz da zona eleitoral julga o crime de falsidade de documentos para fins eleitorais.
Conexo a este crime, há o crime de associação criminosa (crime comum). Esses dois crimes
serão julgados pelo mesmo juiz.
Exceções: concurso entre jurisdição comum e militar / concurso entre jurisdição comum e
juízo de menores – art. 79, CPP
JUSTIÇA ESPECIAL MILITAR não pode julgar crimes conexos que não sejam militares (art. 79, I)
Crime militar é aquele praticado em local da administração militar (exemplo: quartel).
Obs.: Crime praticado por militar contra civil é processado pela justiça comum!
Crimes contra a organização do trabalho – art.s 197 a 207, CP + art. 149, CP (trabalho escravo)
são que competência da justiça federal (art. 109, CF)
CF/88
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira;
Conexão
Sempre há a prática de dois ou mais delitos unidos entre si por elemento fático.
Exemplo: João roubou um veículo e vendeu para Antônio. João é julgado por roubo. Antônio é
julgado por receptação. Há conexão, porque a prova do roubo interfere na prova da
receptação. Há nexo entre os dois delitos.
Continência
Há um único fato.
Exemplo: 05 pessoas praticaram um homicídio. Essas pessoas serão julgadas pelo mesmo
tribunal do júri.
JUSTIÇA COMUM
JUSTIÇA FEDERAL
Art. 109 da CF – é taxativo!
Crimes praticados contra bens, serviços ou interesse da união, ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas.
Crime de falsificação da moeda é federal, porque atinge o interesse da união (compete à
união a produção da moeda nacional).
Crime contra os Correios é federal, porque atinge o interesse da união (correios é autarquia
federal).
Crimes políticos: art. 102, II, CF. Contra sentença proferida em crime político, cabe recurso
ordinário constitucional para o STF.
Funcionário público federal que pratica crime ou sofre crime no exercício da função:
competência da Justiça Federal.
<< Obs.: caso do policial que foi vítima de um latrocínio no bar Ponte Aérea, quando não
estava no exercício da função: competência da Justiça ESTADUAL. É preciso verificar se há
interesse da União no caso concreto >>
JUSTIÇA ESTADUAL
A competência da justiça estadual é RESIDUAL, porque, havendo conflito entre a competência
da justiça federal e estadual, a federal prevalece.
Exemplo: tráfico internacional de drogas (crime federal) em concurso com associação
criminosa. Há conexão e os crimes serão julgados pela justiça federal.
A competência da justiça estadual é ABSOLUTA (não é relativa!)
Contravenções penais também serão sempre julgadas pela justiça estadual, pois a JF só julga
CRIMES.
SÚMULA 122 – STJ
COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL O PROCESSO E JULGAMENTO
UNIFICADO DOS CRIMES CONEXOS DE COMPETENCIA FEDERAL E
ESTADUAL.
Juízes estadual ou federal que praticarem crimes serão julgados pelo Tribunal ao qual estão
vinculados (TJ ou TRF). Mesmo que um juiz estadual pratique um crime federal, ele será julgado
pelo TJ. E vice-versa. Exceção: crimes eleitorais são de competência do TER << art. 96, III, CF e art.
108, CF >>
Promotores e procuradores de justiça (Ministério Público) serão julgados pelo Tribunal ao qual
estão vinculados. Se praticarem crimes eleitorais, serão julgados pelo TRE.
Desembargadores de 2º grau (TJ, TRF, TRT) que praticarem crime serão julgados pelo STJ.
Ministros do STF e demais tribunais superiores (STJ, TST, TSE, STM) serão julgados pelo STF (art.
102, I, CF), em caso de crimes comuns.
Obs.: crimes de responsabilidade serão sempre julgados pelo Senado Federal (exemplo:
impeachment). Art. 52, I, II e § único da CF/88.
Governador que pratica crimes comuns é julgado pelo STJ (já caiu 2x na OAB)
Presidente e vice-presidente que praticarem crimes comuns serão julgados pelo STF. << Obs.:
crimes de responsabilidade – julgado pelo Senado Federal >>
Vereador não tem prerrogativa de função, logo será julgado pelo juízo de 1º Grau.
Súmulas do STF que falam de prerrogativa de função: 702, 706, 721 (Súmula Vinculante 45)
RESUMO
Obs.: O particular que pratica o crime juntamente com uma autoridade que tem prerrogativa de função
será julgado pelo tribunal competente para julgar o funcionário público que detém essa prerrogativa.
Súmula 704 dp STF.
Obs.: A competência constitucional do tribunal do Júri (juízo de 1º grau) prevalece sobre a prerrogativa
de função prevista exclusivamente pela constituição estadual. Sumula 721 do STF.
COMPETENCIA TERRITORIAL
Arts. 69 – 91, CPP
Art. 63, Lei 9099 (caiu 2x na OAB)
É uma competência relativa.
O crime será julgado onde estão as provas que levarão à verdade real.
Critérios para definir a competência
1) Lugar de consumação do crime
Isso se o crime for consumado. Se o crime for tentado, a competência será do lugar onde
foi praticado o ultimo ato de execução.
CPP
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar
em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução.
Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional.
Lei 9.099
2) Domicílio do Réu
Arts. 72 e 73, CPP
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
Art. 88, CPP – crimes praticados por brasileiros no exterior. O foro será do último domicílio
em que o acusado residiu.
CPP
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território
brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver
por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil,
será competente o juízo da Capital da República.
3) Prevenção
Art. 83, CPP
O juiz que fiscalizou o inquérito policial, que decretou medidas cautelares (interceptação
telefônica, busca e apreensão, etc), que decretou a prisão preventiva, temporária, o juiz
que recebeu o auto de prisão em flagrante (APF), será o competente para julgar a futura
ação penal.
Nos crimes permanentes, a competência também será definida pela prevenção, quando
forem praticados em mais de um foro/território.
CPP
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com
jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na
prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda
que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70,
§ 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
Ordinário
Sumaríssimo
CPP
RITO ESPECIAL
Leis Extravagantes Lei de Drogas, Lei Maria da Penha, etc
OFERECIMENTO DA DENÚNCIA/QUEIXA
RECEBIMENTO / REJEIÇÃO DA DENÚNCIA
Rejeição
Extinção do processo sem julgamento de mérito.
Hipóteses: art. 395, CPP. Exemplo: petição inicial inepta, falta de condição da ação ou
pressuposto processual, ou justa causa (lastro probatório mínimo para a acusação ser
aceita / indícios de autoria ou materialidade do crime).
Não se admite denúncia genérica no processo penal, porque isso viola a ampla defesa.
Obs.: A queixa-crime exige procuração com poderes especiais para acusar. (caiu na
OAB)
CPP
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da
ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Art. 77, § 1º, Lei 9099: não precisa de exame de corpo de delito oficial, feito por
perito. Qualquer boletim médico pode comprovar a materialidade do crime.
CPP
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão,
despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Recebimento
Despacho positivo que instaura o processo penal (art. 369, CPP).
** Dado o recebimento da denúncia pelo juiz, não há defesa prévia.
(!) Não cabe recurso contra essa decisão que recebe a denúncia/queixa. O que se admite é
habeas corpus, para anular o recebimento da denúncia/queixa (art. 648, CPP), mas habeas
corpus não é recurso, é ação. (cai mt na OAB)
O habeas corpus é utilizado, também, para trancar uma ação penal por falta de justa causa,
para anular uma instrução criminal.
O habeas corpus é cabível quando existe um constrangimento ilegal à liberdade do sujeiro,
ou uma ameaça de coação ilegal à liberdade de locomoção.
Já se não houver um risco à liberdade (exemplo: a pessoa ser processada por um crime que
só prevê pena de multa), é cabível utilizar o mandado de segurança.
Citação Real
a) Mandado
A regra é que o Réu seja citado PESSOALMENTE no processo penal.
Sumula 351 do STF: é nula a citação por edital de réu preso! Há casos em que a
pessoa está presa por um processo e é citado em outro processo. Nesse caso, se
essa citação for por edital, não há como o preso ter acesso. Logo, o oficial de justiça
terá que ir até o presídio em que o réu está e citá-lo.
b) Carta precatória
Quando o réu está em outra comarca.
Exemplo: o advogado apresenta defesa em Salvador e arrola testemunha de
Itabuna. As testemunhas serão inquiridas em Itabuna, por carta precatória. O
advogado só precisa ser intimado quanto à expedição da carta precatória, mas não
da data da audiência designada. Ou seja, o advogado tem que ficar atento para
saber quando a audiência vai ser marcada no juízo deprecado.
c) Carta rogatória
Quando o réu está em outro país (em local conhecido).
Essa citação suspende a prescrição, porque demora mais.
Citação Ficta
a) Citação por hora certa
O réu será citado por hora certa quando ele se esconder para não ser citado (o
oficial de justiça só tem o dever de fazer a citação por mandado 2x).
Art. 362, CPP
Caiu na OAB: se o réu foi citado por hora certa e não apresentou defesa no prazo de
10 dias, o juiz deve nomear defensor público para representá-lo. A prescrição
continuará correndo.
(!) A citação por hora certa não suspende o processo, nem a prescrição. Existe a
presunção de que o acusado sabe que está sendo processado.
CPP
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o
oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com
hora certa.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado
não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
(*) Art. 366, CPP: Se o réu for citado por Edital e não comparecer, nem constituir
advogado, o juiz irá suspender o processo e a prescrição. Isso porque, na citação por
edital, a presunção é que o réu não tem conhecimento do processo. Nesse caso, também,
o juiz pode determinar a produção antecipada de prova urgente e decretar a prisão
preventiva se o réu fugir (se houver um elemento concreto).
CPP
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Para o processo prosseguir, deve haver a resposta à acusação.
Prazo de 10 dias
O Réu pode arrolar até 08 testemunhas
AUDIÊNCIA
Se o juiz não absolver sumariamente o réu, será marcada a data para audiência.
Art. 400, CPP
Prazo de 60 dias para a realização de audiência. Se esse prazo não for respeitado e o réu
estiver preso, o advogado deve pedir o relaxamento da prisão.
Produção de provas
Debates
20 minutos para a acusação e 20 minutos para a defesa.
Podem ser convertidos em memoriais (alegações escritas), no prazo de 05 dias – art.
403, §3º do CPP
SENTENÇA
Art.s 381 a 392, CPP
2) Sumário
Pena máxima de 03 anos
3) Sumaríssimo
Pena máxima de até 2 anos Crimes de menor potencial ofensivo
RITO ESPECIAL
1) Lei de Drogas
Defesa prévia (art. 55, §1º, Lei 11.343), no prazo de 10 dias, com 05 testemunhas.
Essa defesa se dá antes de a ação penal ser instaurada
2) Crime de responsabilidade de funcionários públicos
Defesa prévia (art. 514, CPP), no prazo de 15 dias, sem testemunha.
Essa defesa se dá antes de a ação penal ser instaurada
CPP
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em
devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do
acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.
Lei 9.099
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre
que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do
procedimento previsto em lei.
4) PROCEDIMENTO DO JÚRI
Julgamento de crimes dolosos contra a vida e crimes conexos. Art. 74, § 1º e art. 78, CPP
Exemplo: Homicídio + Tráfico de drogas Os dois crimes serão julgados segundo o
procedimento do tribunal do júri, pois, nesse caso, o tráfico é conexo ao homicídio.
(*) Latrocínio não é julgado pelo Júri. O latrocínio segue o rito ordinário.
Nessa fase, não há jurados. O juiz filtra a acusação, para, na fase posterior, entregá-la ao
júri (ou não).
Ao final, o juiz não poderá proferir sentença, pois ele não possui competência
constitucional para tanto. O juiz só decidirá se o réu será levado a júri.
Na primeira fase do júri, não há condenação
Pronúncia
Art. 413, CPP
Decisão interlocutória que reconhece justa causa e encaminha o réu ao júri.
A pronuncia é apenas uma decisão de admissibilidade da acusação.
O juiz não pode proferir na pronúncia que o réu praticou o crime, caso contrário a
pronúncia será NULA!
A pronúncia será NULA quando o juiz cometer excessos nos adjetivos (exemplo:
dizer que o crime foi bárbaro, etc).
A pronúncia interrompe a prescrição.
A pronúncia limita a acusação no júri. Ou seja, se o juiz admite a justa causa para
homicídio simples praticado pelo réu, o promotor não pode, no tribunal do júri,
sustentar a qualificadora do meio cruel. Se isso não for respeitado, o júri será
nulo!
A pronúncia NÃO LIMITA A DEFESA no júri. Isto porque, no júri, aplica-se a
plenitude da defesa.
Na pronúncia, o juiz só reconhece qualificadora e causa de aumento. Já as causas
de diminuição, agravantes e atenuantes só podem ser reconhecidas na segunda
fase do júri.
Contra a pronúncia, cabe recurso especial em sentido estrito (RESE).
Impronúncia
Art. 414, CPP
Quando o juiz tem dúvida quanto aos indícios suficientes de autoria ou
materialidade do crime (justa causa). Logo, o juiz não encaminha o réu ao júri.
A impronúncia só faz coisa julgada formal! Não faz coisa julgada material. A
impronúncia não transita em julgado – Art. 414, § único (Caiu na OAB)
Se surgir prova nova enquanto o crime não estiver prescrito, o réu pode ser
denunciado novamente!
Contra a impronúncia, cabe apelação.
CPP
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz,
fundamentadamente, impronunciará o acusado.
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade,
poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova
nova. (a impronúncia faz coisa julgada apenas formal)
Absolvição Sumária
Art. 415, CPP
Nesse caso, o juiz tem certeza da inocência do réu.
A absolvição sumária faz coisa julgada material! O réu não poderá ser denunciado
novamente.
O parágrafo único do art. 415 diz que se o louco alegar uma outra tese além da
doença mental, o juiz deve pronunciá-lo e deixar a decisão para os jurados (na
segunda fase do procedimento do júri).
(*) Se for alegada apenas a tese de insanidade mental, será instaurado o incidente
de insanidade mental e será aplicada a medida de segurança (caiu na OAB).
Contra a absolvição sumária, cabe apelação.
Desclassificação
Art. 419, CPP
Quando o MP oferece a denúncia, ele faz uma classificação do fato. O juiz, então,
pode desclassificar.
É uma desclassificação própria, porque muda a competência do juízo. O crime é
desclassificado como doloso contra a vida e, então, os autos serão remetidos à
vara criminal, na qual seguirá o rito comum ordinário.
Obs.: A desclassificação também pode ocorrer na segunda fase do júri (os jurados
poderão decidir pela desclassificação). Nesse caso, o juiz presidente do júri julgará
o crime desclassificado (não precisa remeter para a vara comum) – caiu na OAB
CPP
Art. 74
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra
atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no
art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do
Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o).
Art. 492
§ 1º Se houver desclassificação da infração para outra, de
competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri
caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito
resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração
penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e
seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995;
b) Fase de Mérito
Arts. 422 a 497, CPP
Ocorre o julgamento pelos jurados.
A desclassificação também pode ocorrer na segunda fase do júri (os jurados
poderão decidir pela desclassificação). Nesse caso, o juiz presidente do júri julgará
o crime desclassificado (não precisa remeter para a vara comum) – caiu na OAB
RECURSOS
Habeas Corpus e Revisão Criminal não são recursos, e sim ações autônomas de impugnação!
Cabimento do RESE
Decisão que concede ou denega habeas corpus em 1º grau
O RESE será julgado pelo TJ ou TRF
(!) Se o habeas corpus for denegado em 2º grau, cabe ROC (recurso ordinário constitucional)
para o STJ, no prazo de 05 dias – art. 105, II, CF.
(!) Se o habeas corpus for denegado em única instância, em tribunal superior (STJ, TSE, STM),
cabe ROC para o STF, no prazo de 05 dias.
Rejeição de denúncia / queixa
Decisão de incompetência do juízo
Decisão que pronunciar o réu
Procedimento do júri
Contra inadmissibilidade da apelação
Quando o juiz de 1º grau não receber a apelação por entender que ela é intempestiva,
deserta, etc (juízo de admissibilidade), caberá RESE (prazo de 05 dias) para destrancar a
apelação.
(*) Já se o Tribunal não admitir a apelação, cabe recurso para o STJ ou STF
Se o juiz de 1º grau não receber o RESE, será cabível carta testemunhável, endereçada ao
escrivão da vara – prazo de 48 horas! Este é um recurso para destrancar o RESE! – art.
639, CPP (caiu na OAB)
CPP
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
I - da decisão que denegar o recurso;
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição
e seguimento para o juízo ad quem.
OBS Se a decisão interlocutória for proferida em sede de execução penal, pelo juiz de
1º grau, caberá Agravo em Execução Penal no prazo de 05 dias (art. 197, Lei de Execução
Penal). Em regra, o agravo em execução penal não tem efeito suspensivo! A única
exceção à regra é o agravo interposto contra decisão de liberação de pessoa sujeita a
medida de segurança – exemplo: internação! (artigo 179 da LEP).
OBS Art. 589 – juízo de retratação. Efeito iterativo do recurso em sentido estrito. É a
possibilidade de o próprio juiz que proferiu a decisão se retratar. Cabe retratação em
caso de RESE, Agravo em execução e carta testemunhável.
CPP
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso
concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o
seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe
parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte
contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se
couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso,
independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos
próprios autos ou em traslado.
APELAÇÃO – art. 593, CPP
Prazo de 05 dias para interposição
Prazo de 8 dias para razões e contrarrazões
Contra sentença
CPP
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas
por juiz singular;
CPP
Art. 593.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
CPP
Art. 593.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à
decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da
medida de segurança;
CPP
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao
disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado
da sentença.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Arts. 382 e 619, CPP
Prazo de 02 dias para oposição
Interrompe o prazo para interposição de apelação
Pode ser oposto contra sentença ou acórdão de segundo grau
Art. 83, Lei 9.099
Prazo de 05 dias para oposição
Interrompe o prazo para interposição de apelação
EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE – art. 609, § único, CPP
Prazo de 10 dias para oposição
Só quem pode opor esse recurso é o ACUSADO.
Constituem um incidente recursal ao julgamento da:
Apelação
RESE
Agravo em Execução
Os embargos infringentes e de nulidade cabem quando houver decisão prejudicial ao réu e não
unânime. O efeito devolutivo será o voto vencido favorável à defesa.
O FUNDAMENTO dos embargos infringentes e de nulidade será sempre o VOTO VENCIDO
FAVORÁVEL AO RÉU.
Exemplo: João foi condenado por roubo, pena de 9 anos. João entrou com apelação pedindo a
nulidade do processo e redução da pena. 03 desembargadores vão julgar essa apelação.
Quanto à nulidade, os 3 desembargadores afastaram a tese. Quanto à pena, o relator opinou
pela redução, o reviso opinou pelo improvimento e o vogal também opinou pelo improvimento.
Por ter havido voto vencido, caberá embargos infringentes e de nulidade.
AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO
Obs.: se for possível a interposição de recurso, em vez da impetração de HC, deve ser interposto o
recurso (o STJ e o STF entendem que deve ser priorizada a atividade recursal).
REVISÃO CRIMNAL – arts. 621 e 631, CPP
Cabimento
É pressuposto para a revisão criminal a existência de uma sentença penal condenatória
transitada em julgado – art. 621.
As hipóteses de revisão criminal se apegam sempre a um erro do poder judiciário em prejuízo
do réu.
CPP
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso
da lei penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos,
exames ou documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de
inocência do condenado ou de circunstância que determine ou
autorize diminuição especial da pena.
A revisão criminal só é admitida em favor do acusado! Não se admite revisão criminal em favor
da sociedade.
Termo inicial = trânsito em julgado da sentença condenatória
A revisão criminal NÃO POSSUI TERMO FINAL, porque, mesmo após a extinção da pena, é
possível impetrar uma revisão criminal (art. 622, CPP).
CPP
CPP
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer
o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
STJ e STF
Só julgam revisão criminal contra seus próprios julgados em casos de competência
originária