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Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras

Departamento de Letras Vernáculas


Disciplina: “A Língua Portuguesa no Brasil” – LET A 30

CONCEITOS BÁSICOS

LÍNGUA OFICIAL:
GUIMARÃES, Eduardo. Brasil: país multilíngüe. Ciência e Cultura, p. 22-23.

“Língua oficial: é a língua de um Estado, aquela que é obrigatória nas ações


formais do Estado, nos seus atos legais.”

LÍNGUA NACIONAL:
GUIMARÃES, Eduardo. Brasil: país multilíngüe. Ciência e Cultura, p. 22-23.

“Língua nacional é a língua de um povo, enquanto língua que o caracteriza,


que dá a seus falantes a uma relação de pertencer a esse povo.”

VARIANTE NACIONAL:
CUNHA, Celso. Língua, nação, alienação. Coleção Logos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

“Em 1968, por ocasião do XII Congresso de Lingüística e Filologia Românicas,


realizado em Bucareste, o professor Guéorgui Stepanov, da Universidade de
Leningrado, chamou a atenção para os inúmeros inconvenientes de se aplicarem ao
espanhol americano termos e noções da dialectologia tradicional, vale dizer,
européia. Cabe afirmar a mesma coisa com referência ao português do Brasil, em cujo
estudo, além disso, numerosas considerações completamente secundárias foram
alçadas a temas centrais, ou neles se insinuaram de tal forma, que deram origem a
uma série de falsos problemas que, ainda hoje, costuma enredar os mais cautelosos
investigadores.
O próprio status da modalidade lingüística de que nos servimos não está
claramente definido, ou melhor, as conceituações propostas se fundam em razões
extralingüísticas, de regras eivadas de preconceitos historicistas ou nacionalistas. Daí
as denominações variadas, que vão desde as jacobinas (do tipo língua brasileira) às
subservientes (como dialeto brasileiro). Isso sem falar nas neutras, anódinas (a exemplo
de língua ou idioma nacional), que mais de uma vez têm valido para acalmar zelos
patrióticos, mas que, em verdade, deixam a língua inominada, pois não há país
soberano que não possua o seu idioma nacional.
Como classificar o português do Brasil? E qual a metodologia de que nos
devemos servir para descrevê-lo e explicá-lo?
Duas questões prévias e fundamentais, e sobre elas nos permitimos tecer
breves considerações, resumindo em alguns casos observações anteriores.
Quando, em fins do século passado, o sábio filólogo português José Leite de
Vasconcelos chamou dialeto brasileiro à modalidade que o português assumiu na
América, orientou-se pelo parentesco historicamente condicionado entre o português
básico, originário, e suas formas ultramarinas. Numa época em que a ciência só se
interessava pelos fatos lingüísticos em sua história, a classificação genética de Leite
de Vasconcelos justificava-se plenamente.
Hoje, porém, com os progressos da dialectologia hispânica, o emprego do
termo dialeto para designar o espanhol e o português americano em seu estado atual
é não só perturbador, mas carece de apoio científico. Numa contrapartida
nacionalista, poderíamos ser tentados – e alguns já o foram – a considerar também
dialeto à modalidade européia em seu conjunto, o que, como pondera Manuel Alvar,
é um contra-senso, e implica a confusão das noções de língua e dialeto,
funcionalmente distintas.
Em primeiro lugar (e isto não sofre dúvidas), o termo dialeto evoca a “idéia de
dependência (mais unilateral que recíproca) entre o dialeto, modalidade lingüística
tida como inferior, e o idioma nacional, concebido como a síntese superior”.
Ora, quanto ao português e ao espanhol, ninguém mais contesta, “à bon
droit”, a existência, em cada caso, de uma comunidade lingüística ibero-americana.
Também não se pode negar que as modalidades americanas do português e do
espanhol, que forjam e continuam forjando suas próprias normas, inclusive no
campo da expressão literária, devem qualificar-se como objetos sociolingüísticos
especiais, em certo sentido autônomos, que coexistem nos limites da referida
comunidade lingüística, sólida, mas não estática, antes de acentuado dinamismo
evolutivo.
A esse novo objeto sociolingüístico – subsistema de um arqui-sistema –
Stepanov dá o nome de variante nacional.
Para ele,
A diferença básica do valor metodológico entre o dialeto e a variante nacional
consiste em distintos modos de funcionamento social: o primeiro (o dialeto) é
utilizável só por uma parte da comunidade humana no seio de uma nação; a
segunda (a variante) é um instrumento usado pela nação inteira.

Sob este aspecto todas as variantes são paritárias, e as peculiaridades da


variante peninsular podem também qualificar-se como “desvios” (iberismos) em
comparação com particularidades lingüísticas americanas (americanismos)”.

PIDGIN:
BAXTER, Alan. Línguas pidgin e crioulas. In: FARIA, Isabel Hub; PEDRO, Emília Ribeiro;
DUARTE, Inês; GOUVEIA, Carlos A. M. (Orgs.). Introdução à linguística geral e portuguesa.
Lisboa: Caminho, 1996.

“A palavra pidgin refere-se a um género especial de língua reduzida que se


forma quando grupos de falantes de línguas diversas mantêm um contato
prolongado e precisam de comunicar dentro de um domínio restrito: tal como a
escravidão, o comércio, as viagens de reconhecimento. As restrições sociais impedem
o processo normal de aprendizagem de uma segunda língua e nenhum grupo
aprende a língua de outro grupo. Contudo, por meio de um processo de negociação e
acomodação lingüística, os diversos grupos criam uma língua de emergência. // A
pidginização, a criação de uma língua pidgin, geralmente reduz ao mínimo as
complicações gramaticais, tais como a flexão e as regras de concordância. O resultado
é uma estrutura maximamente analítica, desprovida de redundâncias e
ambigüidades. O léxico também é reduzido de forma drástica, mas as suas
possibilidades expressivas são aumentadas pela homonímia e por meio de
circunlocuções.”
Observação: Os termos língua franca e sabir também são utilizados com o mesmo
sentido de pidgin.

CRIOULO:
BAXTER, Alan. Línguas pidgin e crioulas. In: FARIA, Isabel Hub; PEDRO, Emília Ribeiro;
DUARTE, Inês; GOUVEIA, Carlos A. M. (Orgs.). Introdução à linguística geral e portuguesa.
Lisboa: Caminho, 1996.
“Um crioulo é uma língua nativa que surge em circunstâncias especiais que
conduzem à aquisição de uma primeira língua com base num modelo de segunda
língua defectiva, tipo pré-pidgin ou pidgin. // Uma língua crioula é falada por uma
comunidade cujos antepassados parcialmente perderam seus laços sociolingüísticos e
culturais originais, devido, na maioria dos casos estudados, à colonização européia.
Muitas vezes, as línguas crioulas foram criadas em contextos que resultaram de
escravatura – desde o século XVII até ao século XIX, os europeus levaram para
trabalhar nas plantações das suas colónias milhões de africanos escravos de diversos
grupos etnolingüísticos. // A primeira geração de escravos enfrentou uma situação
que levou ao uso de uma língua muito rudimentar, fragmentada e variável, sendo
fortemente influenciada pelas línguas maternas dos falantes. Através do contato, os
escravos adquiriram fragmentos da língua de superstrato, criando, na maioria dos
casos, um pré-pidgin, ou seja, um leque de soluções individuais. Em outros casos, é
possível que essa segunda língua rudimentar se tenha cristalizado para constituir
uma língua pidgin. Um fator que teria influenciado o desenvolvimento dessa
segunda língua “especial” teria sido a homogeneidade, ou não, das línguas maternas
faladas pelos escravos. Nos casos em que os africanos não tinham uma língua em
comum, parece mais provável a formação de um pidgin. // As crianças que nasciam
nestas situações eram expostas às línguas nativas dos seus pais e também àquela
segunda língua baseada na língua européia. Por vários motivos, a segunda língua era
mais viável socialmente e, portanto, tornou-se a sua língua primária. Apesar de as
crianças terem recebido modelos lingüísticos altamente variados, possivelmente
caóticos, e incompletos, puderam utilizá-los na elaboração funcional e formal da sua
língua nativa, o crioulo.”

TRANSMISSÃO LINGÜÍSTICA IRREGULAR:


LUCCHESI, Dante. A questão da formação do português popular do Brasil: notícia de um estudo
de caso. A cor das letras, nº. 3 (edição especial). Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira
de Santana, 1999. p. 73-100.
“A transmissão lingüística irregular é um conceito mais amplo do que o de
pidginização/crioulização, pois engloba, tanto os processos de mudança
provenientes do contato entre línguas através dos quais uma determinada língua
sofre alterações muito profundas na sua estrutura, do que resulta o surgimento de
uma outra entidade lingüística denominada pidgin ou crioulo, quanto os processos
nos quais uma língua sofre alterações decorrentes do contato com outras línguas,
sem que essas alterações cheguem a configurar a emergência de uma nova entidade
lingüística qualitativamente distinta.
Quando uma grande população de adultos – em muitos casos falantes de
línguas diferenciadas e mutuamente ininteligíveis – é forçada a adquirir uma
segunda língua emergencialmente em função de relações comerciais e/ou de
sujeição, a variedade dessa língua alvo que se forma nessa situação inicial de contato
apresenta uma forte redução/ simplificação em sua estrutura gramatical, posto que
só os elementos essenciais necessários ao preenchimento das funções comunicativas
básicas são mantidos. Essa redução na estrutura gramatical da língua é devida a:
(i) o difícil acesso dos falantes das outras línguas aos modelos da língua alvo,
sobretudo nas situações em que os falantes dessa língua alvo são
numericamente muito inferiores aos falantes das outras línguas;
(ii) o fato de os falantes dessas outras línguas serem, em sua grande maioria,
adultos, não havendo, pois, o acesso aos dispositos da faculté du langage,
que atuam naturalmente no processo de aquisição da língua materna;
(iii) a ausência de uma ação normatizadora, ou seja, de uma norma ideal que
oriente e restrinja o processo de aquisição/nativização, já que esse
processo tem como objetivo o de fundamentalmente a comunicação
emergencial com os falantes da língua alvo
Prolongando-se a situação de contato, essa variedade segunda da língua alvo
(também chamada língua lexificadora), por ser sociavelmente mais viável, vai
progressivamente assumindo novas funções na rede de interação lingüística, ao
tempo em que se vai convertendo em modelo para a aquisição da língua materna dos
descendentes dos falantes das outras línguas. Na medida em que o primitivo código
de comunicação emergencial, por suas limitações estruturais, é incapaz de atender às
demandas decorrentes de sua expansão funcional, é preciso que haja também um
incremento da estrutura gramatical desse código de emergência, seja através da
gramaticalização de itens lexicais oriundos da língua alvo, seja através da
incorporação de dispositivos gramaticais das outras línguas na estrutura da nova
variedade lingüística.
Em linhas gerais, essa seria a situação arquetípica dos processos
consensualmente definidos como de pidginização e crioulização. Em situações desse
tipo, formaram-se, por exemplo: o crioulo cabo-verdiano, de base lexical portuguesa;
o crioulo francês do Haiti, e o crioulo inglês da Jamaica. Entretanto, os processos
históricos de contato entre línguas são altamente variáveis em termos de seus
parâmetros sócio-demográficos e etno-lingüísticos. Desse modo, pode-se pensar que,
durante o período de expansão funcional e gramatical da nova variedade lingüística,
os processos de incorporação de dispositivos gramaticais das outras línguas e de
reestruturação original da gramática tendem a sofrer uma concorrência dos modelos
da língua alvo, que é mais ou menos intensa e determinante conforme cada caso
histórico particular. Daí a importância de se pensar o contato entre línguas nos
termos mais amplos de um processo de transmissão lingüística irregular, e não nos
termos estritos das situações típicas de pidginização e/ou crioulização. Só um
conceito mais amplo como esse pode dar conta de determinados processos históricos,
como os que se deram, por exemplo, durante a colonização do continente americano,
em que línguas como o espanhol, o português e o inglês sofreram significativas
alterações em seus padrões de uso ao serem assimiladas por contigentes de falantes
de outras línguas (indígenas e africanas), sem que, entretanto, tais processos tenham
resultado na formação de línguas pidgins e crioulas.
Se o acesso dos falantes das outras línguas (e, principalmente, dos seus
descendentes) aos modelos da língua alvo aumenta com a continuidade da situação
social que originou o contato, e considerando-se que esses modelos tendem a gozar
de um maior prestígio na estrutura da comunidade de fala, estabelecendo-se assim
uma espécie de ideal normativo, pode-se pensar que esses modelos tendem a
suplantar os processos de transferências de estruturas das outras línguas e/ou de
reestruturação original da gramática. O resultado desse processo, então, pode não ser
a formação de um sistema lingüístico distinto da língua alvo (um pidgin ou um
crioulo), mas uma nova variedade dessa língua alvo que não deixa de apresentar
certas características decorrentes do processo de transmissão irregular que se deu
com a socialização/nativização entre os segmentos de falantes das outras línguas e
seus descendentes”.

KOINÉ:
KOCH, Hans Henrich. Principles of historical linguistics. Berlin; New York; Amsterdam: Mouton
de Gruyter, 1986.

“Um tipo especial de situação de contato, encontrado em muitas áreas do


mundo, caracteriza-se pelos seguintes traços:

(i) As variedades da fala que estão em contato são línguas intimamente


relacionadas ou mesmo dialetos mutuamente inteligíveis;
(ii) Por razões culturais ou políticas, essas variedades lingüísticas são
consideradas por seus falantes como de quase igual prestígio, cada uma
sendo o veículo lingüístico próprio de um grupo, cuja identidade é
estimada;
(iii) Nenhuma língua exterior se insinua como língua de ligação.

Essas condições parecem ser as mais ideais para o desenvolvimento de koinés.


(Designações alternativas incluem o termo ‘língua de intercâmbio’. Todavia, esse
termo é usado também com referência a línguas de ligação em geral, ou mesmo a
pidgins etc.
Dizendo de forma simples, koinés podem ser definidas como línguas ou
dialetos regionais desregionalizados, os quais, devido a sua desregionalização, se
tornam veículos potenciais de comunicação supra-regional em áreas que se
identificam com a descrição acima. O mecanismo para essa desregionalização, por
sua vez, parece repousar na interlíngua.”

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