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Introdugao BRYAN S. TURNER Exe livto é uma introdugio contemporinea aos grandes desenvolvimentos da teoria social, sendo ditigido ao paiblico em geral. Em particular, seri um guia do século xx para a ‘eoria social, com uma énfase nos seus mais recentes desenvolvimentos, mudangas € temas abordados, Desta forma, ngo se encontraré aqui um ensaio de teoria social cldssca, io-pouco ‘uma sintese sobre os pais fundadores da filosofia social e da teoria social clisicas, Tal ensaio seria contraproducente ¢ completamente redundance. Claro que hi argumentos convince: tes para defender ¢ apresentar a teoria social clissiea (Alexander, 1982). No entanto, neste ‘Mental Blackwell tena jusificar-se 2 continuidade de determinados temas que vao da teoria social clissica 3 teoria social contemporinea, uma proposta um pouco diferente da reperida dlefesa da teotia social clissica muiro comum nos primeiros manuais das disciplinas de céncias sociais. O Capitulo 1, assinado por Robert Holton, é tinico que procura aprescnia, de forma consciente, uma sintese da teoria social chissica. Na verdade, é dificil compreender a teoria social contemporiinea sem dar conta das origens histricas e dos fundamentos clissicos da teo ria social. No entanto, o capitulo de Holton fornece um conjunto de abordagens novas sobre este tpico, sobretudo no que roca 3 sua profuunda compreensio da rela intima entre teoria econdmica ¢ toria social, Este primeito capitulo ¢igualmente invulgor na medida em que pro- porciona um conhecimento hicido do conflico competitivo entre a filosofia social norte-ame- Ficana e a eutopeia, inscrico na firndagio da sociologia contemporiinea. Neste livo, os tedricos s cos surgem em diferentes momentos, na medida em {que os seus contriburos continuam a ser relevantes para os desenvolvimentos mais recentes ste campo. Por exemplo, é dbvio que sociologia da acco de Max Weber tem uma rele- incia directa para a formulacio da teoria da escolha racional. Da mesma forma, a andlise rg Simmel acerca das formas ¢ priticas culeurais concretas mantém o seu significado de para os cultund studies modernos e, inclusive, para a emergéncia das anslises culturais pés- -modernistas. Roy Boyne dé conta da importincia de Emile Durkheim para a teoria social escrururalista no Capitulo 7. No entanto, a énfase deste Manual Blaclucell é colocada nes desenvolvimentos contemporineos do pensamento social Aamplitude desta obra¢ também visivel pela escolha do termo «teotia soc mento de uma referéncia mais especfica As teorias sociolégica, cultural ou politica. A teoria social encerra uma preocupagio geral com a natureza do social na sociedade moderna. Neste sentido, este livro proporciona introdugSes gerais& teoria social, entendida no seu sentido ‘mais lato, abarcando a teoria politica, a sociologia, o feminismo ca andlise da cultura. Cada em detri- 2-INTRODUGAO. capitulo tenta dar uma visio ampla dos principais assuntos, perspectivas ¢ t6picos que domi- nara os debates teéricas no século Xx. No entanto, 0 prdprio titulo desta coleario de ensaios antevé a existéncia de determina- dlos compromissos. E para nds claro que este Manual Blacktell considera a construcio teb- Tica, a critica ¢ a acumulagio de conhecimentos como actividades essenciais na esfera das Giéncias sociais. H4 um conjunto de capitulos neste livro e, em particular, 0 de William ‘Outhwaite, acerea da flosofia das ciéncias sociais, ue indica o significado peculiar da teo- ria na sociologia e disciplinas afins, Enquanto as ciéncias nacuras, regra geral, aribuem um intcresse reduzido & Filosofia ¢ a0 desenvolvimento da teoria, as especulacées tedricas tém ‘ido um papel rlevante na sociologia, Como iremos ver este comprometimento com a teo- fia escé dizcctamente relacionadlo com a natureza problemitica do social enquanto objecto de estudo. Este livro sobre a Zéoria Social esti também empenhado na continuidade das tra- Adighes tedrieas, quer nas Gincias humanas, quer nas ciéncias sociais. Voltarei, em breve, 20 tema da acumulacio teérica, pelo facto de representar uma meta a atingir por parte das teo- rias que procurem set bem sucedidas, notando, todavia, a faléncia relativa de um eonjunto de perspectivas no Ambito das ciéncias socais em assegurar a sua continuidade analitica a0 longo do século xx. Tis sberlare di cals dese ecm cgpeles xe oben bude tanto quanto possivel, capitulos ou debates relacionadas com a sociologia de X ou a socio logia de Y. Os capitulo e seogGses desta obra preacupam-se mais em apresentar um conjunto de perspectivas ¢ temas de andlise, e menos com a sociologia de dreas ou temas especifcos ‘Aanalise de John Urry sobre a sociologia do tempo e do espaco constitui a principal excep- ‘do aesta regra. No entanto, este capitulo também podia cer-se chamado «Andlise espacial € temporal nas cigncias sociais», embora a referéncia & sociologia do espago constivua um modo mais preciso de abordar esta questi. Assim, o Manual Blackwell da Teoria Social ofe- rece a0 leitor uma visio sucinta de temas ¢ assuntos, mais do que especificagbes sobre derer- minados campos disciplinares _Embora esta obra tente cobtir um espectro tcmitico tio extenso quanto possvel, ¢ine- vitivel e necessariamente selectiva. Por exemplo, escolhi nio incluir uma discussio geral sobre a contribuigio da antropologia para a teoria social. O trabalho de campo antropols- gico modificou muitas vezes a comprcensio dos problemas filoséficos no dominio da ani lise do sentido, mas a antropologia nio esteve envolvida em nenhuma transformagio da weo- sia social no seu todo. Usando o mesmo tipo de argumentos, lamentarmos a auséncia de um espago que inclua uma discussio mais aprofundada da interacgio entre a tcoria econdmica € a teoria social. A teoria social, enquanto teoria da acgio, tem sido bastante marcada pelos problemas analiticos da andlise econémica (Holton e Tuener, 1986). Este tema é aflorado, de forma indirecta, por Pever Abell, na sua extensiva anilise da reoria da escolha racional, assim como no capitulo de Robert Holton. © liv inclui ainda um capitulo sobre tcoria psicanalitica, escrito por Anthony Elliott, sob o pressuposto de que a teoria psicanalitica dew tum contribuco relevante para a teoria feminista, para aandlise cultural e para os estudos poli- cos, enfim, para a reotia social como um codo. Neste sentido, seria dificil escrever a hist sia da tori socal do século xx scm a incluso de uma andlse dos desenvolvimemtos da teo- psicanalitica que vio de Freud a Marcuse, de Lacan aos te6ricas péx-freudianos. INTRODUGAO-5 Por fim, ¢ preciso dizer que este estuslo constitul uma obra de referéncia para a teoria social, mais do que para os wéricos. Fm geral, hi uma aloundancia de textos centrados sobie detcrminados tebticos sociais; porém, este livto apresenta-se como tum guia para teoria social cenguanto tal. Esta abordagem por cemas & em si mesma, mais satisfaréria que um virar de ‘atengdes para figuras especificas, algo que deriva frequentemente numa espécie de hagiografia sociolégica. Em qualquer caso, 0 fim da abordagem socialégica ao conhecimento &0 de que a tcotia seja colectivamiente construida, em resposta a problemas e oporcunidades comu compreensio da vida social sma A Natureza do Social Nesta Introducio, ocupar-me-ci, genericamente, de dois problemas muito evidentes: «qual a natureza do social e qual a nacureza da teoria, Neste livro, existe um tema vasto e recor rente que todos os autores tentaram ciscutir, muitas vezes de forma indirect, € que rec pre- cisamente sobre a natureza do social. No Capitulo 1, Robert Holton considera a cmergéncia da nogio de social na sociologia clissica. No século XIX, 0 social surgiu com frequéncia no debate cientifico em contraste com a ideia de nacureza ou de natural. A mudanga social havia, transformado — ou pelo menos assim se pensava — a condigio natural dos sees hurmanos. (O estado da narureza era muito diferente do estado da socieade, Por invermédio da sociclo- gia chissca,teve lugar uma consciencializagio crescence da separacio do social em telagio a esferas¢ dimensSes da acividade, Este processo te-se-ia dado com a evolu da socie- dade capitalista industrial ou, de uma forma geral, com a disseminagao da modemizagao. [A sociedade industrial moderna néo era como uma comunidade natural, pelo facto de lidar com a satisfagio de necessidades e caréncias de um modo absoluramente tinct niirio. As comunidades naturais cram decerminadas pela cradigo e pela sa ‘ou convencional de desejos ¢ nevessidades. Como Karl Marx observou n capitalismo, este provocou uma revolugio na sociedade civil, canto ao nivel da produgio, como da satisfigio de necessidades. O capitalismo industri contemporineo ert visto, cm 1 aspectos, como atm ctiasao artificial da economia. A partir da tradicional nogao ilu nista de socicdade civil (ou sociedade burguesa), desenvolveu-se a ideia da dimensio social enquanto produto especifico ¢ tinico da modemnizacio. Da mesma forma, havia a ideia de ‘quea sociologia sé se tornou numa disciplina desenvolvida durante 0 século XIX com 0 objec= tivo de analisar esse fendmeno novo de um mundo social separado e autSnomo. A este pro- pésito, é interessante norar que a figura de Robinson Crusoé fascinou os economistas polit- os tradicionais precisamente porque & manteve na fronteira moral entre o mando natural dos nativos ¢ a nova economia. revolucio- tradicional Na tcotia sociolégica, esta nocio sobre 0 social foi expressa na famosa distingio pro- posta por Ferdinand Tonnies: o concraste entre comunidade (Gemeinschaf) sociedade (Gosellchaf). A tradigio sociolégica, cal como foi expressa por Robert Nisbet (1967) num estudo marcante sobre a hist6ria da sociologia, centrou-se na apresentagio de uma série de contiastes produzidos pela modernizasio industrial, nomeadamente tim conjunto de oposi- (Ges entre sigrado e profano, individuo e sociedade, autoridade e poder, sats e classe social «¢,sobretudo, comunidade nrsussociedadle, As abordagens sociolégicas da modernizagao, 4-INTRODUGAO como a nogio de varidveis-padtrdo dle Talcott Parsons (Robertson e Turner, 1991), fa. uso explicito deste contraste entre comunidade tradicional e sociedade moderna. A distingio ori- ginal feira por Tonnies den lugar a uma visio profandamente nostilgica sobre a perda de relacdes comunitirias verdadeiras cevido & evolugio das sociedades seculates. Este concraste implicito entre a aurenticidade da comunidade ¢ a artficilidade da sociedade continua a influenciar grande parte da andlise social como, por exemplo, na area da teoria das classes sociais (Holton e Turner, 1989), ‘A emergéncia do social como campo especifico de andlise tem constituido sempre uma parte essencial do conjunto implicito de relagdes ente a teoria econdmica ¢ a teoria social. Como ciéncia, a economia comporta um conjunto relaivamente preciso ¢ restrito de assun- tos € conceitos tedricos, a maior parte dos quais citculam em tomo da nogéo de cor racional de bens para satisfagio cle nevessidades individuais, Em contrapartida, o desenvol- vimento da sociologia ¢ da antropologia enquanto disciplinas tem estado estreicamente tela- cionado coma critica a estas assergées ccondmicas fandamentais, Até cetto ponto, 0 conceito de social na sociologia equiva frequentemence i ideia de nfo econdmico, ou sea, a sociolo- gia tem colocado a questio dos valores, o tema das acgbes no racionais e o problema da ordem social em relacio com os impulsos egafstas ¢ a questio da construgio de instieuigoes numa atmosfera de eompeticio. Dai a teoria socioldgica ter sempre procurado analisar e com- preendera religio, que é predominantemente nfo racional, de um ponto de vista econémiico ou utilitirio, Esta visio da sociologia na sua relago com a economia domino o trabalho ini- cial de Talcott Parsons, um socidlogo que moidou grande parce dos desenvolvimentos da sociologia nas décadas de 1950 ¢ 1960. A critica de Parsons & teoria econémica foi central para fandara ideia de acgao voluncarisa, algo que est presente na sua obra The Structure of Social Action (1937). De forma resumicla, Parsons defend que as hipSreses fundamentais do racio- nalismo utilicarista no conseguem fornecer uma teoria satisfacéria ¢ coerente de sociedade. Por exemplo, a frauide e 0 uso da forge sio formas perfeitamence racionais do ponto de vista do comporramento econdmico utilitarista, mas so, ao mesmo tempo, incompativeis com a ordem social. A teoria econémica utilicarista sempre explicou a ques cordem social acra- vés daquilo que Parsons chamou de «acegorias residuaisy, que de facto nfo eram produzidas pelas assergGes centrais da ceoria, para além de serem manifestamente incompativeis com «estas. A teria econdmica apela tipicamente a dererminados conceitos como «a mao invisivel da histéria» ou ssentimentose valores morais», que nao podem ser deduzidos ou gerados pelas assercdes da teoria cconémica util Parsons socorreu-se da teoria politica do Estado de Thomas Hobbes para descrever este tépico como o problema hobbesiano da ordem. Esta conceptualizacio da ordem social baseada numa critica A tear utlitarsta provou ser bastante influence no desenvolvimento da sociologia enquanta disciplina, Muitos socidlogos, mesmo 0 cépticos da obra mais rardia de Parsons, aceitaram as suas hipéreses sociolgicas fnda- mentais no que respcita i imporeincia dos valores ¢ normas na orientagio da acco social Parsons defendeu que, sem a existéncia de um consenso minimo em torno dos valores socials, a. sociedade seria impossivel. Assim, tenton desenvolver esta aboragem através dos conceitos de socializacao ¢ internalizagéo. Provavelmente, estas ideias acabaram por conduzir Parsons a uma abordagem funcionalista-cstrucural dos sistemas sociais, tal como suceden, por exemplo, no seu estudo clissico The Social Sytem (1951). Esta aproximagao & natureza do social éana- INTRODUGAO —5 lisada de forma interessante e provocatéria por Peter Abell no seu capitulo sobre « teoria da escolha racional, onde argumenta 0 seguinte: embora o trabalho inic ns represen rasse tuma critica significativa a alguns aspectos da teoria da escolha racional desenvolver uma abordagem alternativa 4 teoria da acco voluntarista porque, ‘etiog, se voltou para uma abordagem sistémica do social. A sua visto do social fo in ; encontrar uma solugio para a relagio entre os niveis macro € micro. Alguns dos problemas do chamado funcionalismo estrucural sio aqui analisidos por Roy Boyne e Peter Hamilton, Na teoria social contemporanea, embora o interaccionismo simbolico ¢ tearia da esco- Iha racional tenham aderido a uma concepsio forte do social, eem-se verificado por todas as, ‘iéncias socials ¢ humanas uma mudanga profunda na forma de conceptislizar 0 Social, 0 que reficete uma enorme incerteza quanto ao desenvolvimento da sociedade moderna. Na corrente dos cultural snes, como Steven Connor chama a atenglo (captculo 12), 0 social & ofa totalmente identificada com a cultural. Q argumento padeso & 0 de que a sociologia clissica, por exemplo, negligencion bastante a esfera cultural, concentrando-se antes nas cestrucuras ¢ insticuigGes sociais, conceptualizadas como algo separado da cultura, Pelo tririo, a eoria social contemporinea dew uma reviravolta analitica, dando proeminéncia © prioridade aos fendémenos ¢ relagses cultura, Esta proeminéncia do cultural est associada alguns argumentos expostos por aucores como Frederic Jameson, no senticlo da transfor- magio da sociedade moderna causadla pelo consumismo cer resultado mura expansio acica do campo cultural (Jameson, 1984). A preocupagio da teoria social com o cultural & portanto, um efeito das mudangas significativas na sociedade moderna resultantes do cres- cimento do consumo cultural ¢ da produgio cultural. De acordo com estes téoticos, ocor- reu uma estetizacéo do social. Em termos socioldgicos, a economia pés-fordista, 0 cresci- mento da inddstria do lazer, o impacto econémico da tecnologia multimédia e o turismo obal contribufram para a preponderincia do consumo cultural ¢ dos estilos de vida. Usando um conjunto semelhante de argumentos na teorin pés-madernista, autores ‘omo Jean Baudrillard (1983a) anunciam 0 fim do social devido ao crescimento e expansio ‘dos sistemas de comunicagio modernos, es quais produziram uma catadupa de signos na csfera social que resulearam numa implosio paradoxal do social sobre si mesmo. Em conse quéncia disto, Baudrillard declara-se céptico quanto as possiblidades das formas tradicio nais de teoria social, quer enquanto método, quer como modo de apropriago da natureza do sistema de signos contemporincos. De modo a expressar melhor esta transformacio, Baudrillard desenvolveu um conjunto de conceitas imporcantes para descrever mudancas, Em particular, vo mundo moderno em cermos de uma série de simulagoes por intermédio das quais tudo é uma representacio de uma representagio le uma representacso (Baudrillasd, 1983b). Esea explosio de sistemas representacionais significa que a nogfo tr dicional de social & completamente inadequada enquanto conceito capar de explicar esta revoluco na comunicagio. Embora Baudrillard seja um autor bastante influence e inceres- sane, no nos deveriamos esquccer que o seu préprio trabalho ests repleto de parsia ¢iro- nia, algo que ele utiliza conscientemente como técnica de escrta (Rojek e Turner, 1993). Baudeillard tem consciéncia, por exemplo, da proximidade do fim do século, ¢ 0 seu pr prio rabalho reflecce uma mentalidade finissecular,a qual contém uma componente profs Tica, A propria sociologia clissica foi moldada pelo fim de século oitocentista, a partir do qual foi descoberto o social; pelo contririo, Baudrillard est consciente do fim do social. No final do século xx, a poluigio global, a viokéncia racial na Europa, as epidemias glo ea instabilidade econémica no sistema-mundo geraram um profundo pessimismo acerca da nociio de social O Dedlinio da Teoria Social? Foi aqui sugerido que a sociologia emergiu a partir de uma concepgio force do social, entenddenido-o como tum dominio separado ¢ auténomo de insttuig6es e priticas que cons- titwiam 0 proprio objecto desta ciéncia. Lado a lado com esta concepgio forte do social, clesenvolveu-se um vigoroso programa de investigagfo para a teoria socal. Evidentemente grande parte da investigagéo em ciéncias sociais prosseguiu numa base empirica, na qual os lores sociais se preocupavam sobretudo cm coleccionar factos que pudessem ser usados no sentido de uma melhoria sociale politica. Esta wadigio da ciéncia social empirica foi bastante proeminente no contexto norte-americano. Contudo, havia uma visio igual- ‘mente dara da natureza da teoria como tim sistema lgico-dedutivo de proposigdes, passi- vel de ser formalizado num sistema coerente de conceitos, Estas teorias formais foram vistas ‘como parte essencial da cxplicagio cientifica. Autores como C. J. Hempel desenvolveram esquiemas formas através dos quais esas mesmas proposigdes poderiam ser transformadas em teorias coerentes da realidade social (Hempel, 1959). Estes esquemas formais sio mu tas vezes vistos em termos de uma hierarquia encimada por uma metateoria, passando por esquemas analiticas ¢ proposigdes formais até ds designadas teorias de médio alcance, para chegat, por fim, a generalizagées ¢ observagdes empiricas. Na teoria social contemporinea, «sta perspectiva da sociologia analitica esteve claramente associada a autores como Jonathan Turner (1987) ¢ Jeffiey Alexander (1982). A assercao subjacente a este programa forte de tcorizacio social & que 0 cientista social se pode mover da formalizagao de proposigdes gerais para a operacionalizacio em cermos da investigagio empfriea. Um bom exemplo desta abor- dagem ¢ dado por Robert K. Merton na sua obra Social Theory and Social Structure (1968), ‘onde procurou formalizar as proposicées e conceitos vagos ¢ subdesenvolvidos do funcio- nalismo, com vista’ criagio de um programa de investigagio definitivo, Na sociologia con. temporinea, a tentativa de Jonathan Turner (1984) para formalizar, numa teoria sistémica, ‘0s conccitos relativamente desorganizados de desigualdade social ¢ de classe social seriam um_ ‘outro exemplo do programa forte de formacio ceérica, Embora este programa forte para a ceoria social se mantenha vivo e de boa saide, existe uma enorme incerteza quanto a0 esta ‘to da teoria enquanco tal. E urgente, portanto, colocar a seguinte questio: a teoria social ainda € possivel? A observacio precedente nfo nos deve levar a negligenciaro facto de ter vindo a existir um debate permanente sobre aquilo quea teotia é, ¢ sobre aquilo que ela implica. Tal como William Outhwaite demonstra no seu capitulo sobre a filosofia das ciénciassociais, hi uma cradicio na abordagem da teoria social que segue o modelo das ciéncias nacurais. Esta tradi- io perecbe a teoria social, acima de tudo, como um modo de explicar problemas, priticas € instituigdes empfticas. Neste sentido, a teoria social € desenvolvida como um instrumento de investigagio social capaz de proporcionar, de uma forma relativamente simples e coe- INTRODUGAO- c, explicagies sobre acontecimentos do mundo; por exemplo, através do desenvolvi mento de modelos e explicagées causais, De aconlo com a filosofia ce Karl Popper (1963), as teorias sio aceites ou rejcitadas através de um processo de falsficagio. A ciéncia é um instru mento critico, na medida em que a sta tarefi ¢ infirmar hipéteses sobre o mundo real, mais amprové-las. Pelo conttitio, os teéticos sociais influenciados por uma aborcagem rica da ciéncia social véem a teoria, acima de tudo, como uma interprecagio da rea lidade socal, pormitindo compreendé-la através de uma descrigfo adequada. A comprcensio Ealeangada através do esclazecimento sobre o sentido de uma acgio do ponta de vista tur em que 0 prépri causais © a compreens tos compleme: fia das cies cor socal est inser, Para alguns tedricos, a busca de explicages de sentido nio sio actividades mucuamente exclusivas, antes aspec- ares da andlise social, Esta perspectiva esti presente, por exemplo, na filoso- sociais cle Max Weber, onde o autor defende quea sociologia deve tenar alca car canto explicages causis, como intepretagio de sgnificados, Geralmente, esa tradicso de pensamento é referida como sociologia interpretativa (versiehende Sociolngi) (Outhvsaite, 1975). Esta visio da sociologia tem sido consiceravelmence claborada e defendicla por 2 res contemporincos como W. G. Runciman, contrapartida, um outco conjunco de filésofos das ciéncias sociais aseveraram que explicacio causil ea interpretagio compreensiva sio abordagens mutuamente exclusivas ov, pelo mens, actividades radicalmente diferentes. Tal posigio fo’ adoptada na flosofiacontem- porinea por Peter Winch, em The Idea of Socal Science and its Relationship to Philesophy (1958). © seu angumento assume duas formas. Em primeiro lugar, apela & distingio entre motives ¢ causas, devendo os primeizos ser alcangados através da compreensio do significado da aco. Em segundo lugat, 0 autor vé as relacdes sociais como relagGes ldgicss orientadlas por regras. Os étodos concrctosatravés dos quais o sentido da acco pode ser descr compreendidio cons- tituiram a forga peculiar da antropologia social, endo esta desenvolviclo métodos de campo cujo propeisio espectfco cra a interpretagio de sentidos muitas vees vstos do exterior como bizarvos. Por exemplo, o estudo anttopoldgico da religiao procurou explicar ¢ compreender as pricieas religiosas ¢ magjcas frequentemente vistas pelo Ocidlente como no racionais ot CGionais. A antropologia alcancou estes objectivos mostrando que a contextualizacio da cre ¢ da pritica permitiam identificar 0 contetido de sentido racional ou irracional das crengas ¢ priticas num determinado contexto cultural. O estudo de E. E, Evans-Pricchard sobre {gas magicas dos Achanti constitui o exemplo clissico de uma abordagem ancropoligica clas «wteligides primitivas» (Evans-Pritchard, 1937, 1965). "A consequéneia desta visio da teoria enquanto descrigio de significado sugeriu a um conjunto de tedricos sociais contemporineas quea teoria social é na verdade, uma mera des- crigio das interpretagies dos actores sociais sobre as suas préprias priticas. O resultado deste desenvolvimento no seio da reoria social € 0 facto desta se ter tomado numa especie de relato local e contextual do significado da acco, assim como do seu sentido, para as comunidades indigenas, Como resultado, a ideia de que a teoria social poderia assumir-se como genil uni versal foi abandonada. Mesto assim, continuam a existir algumas excepgées (Skinner, 1985). Na verdade, quanto mais local é 2 abordagem de am. problema, mais rica ¢ « descrigio. ‘A investigagio antropoldgica tem-se mantide bastante eéptica acerca da teoria formal c cas generalizagGes a partir da observagao de culeuras. Neste sentido, as métodos de observagio de s-INFRODUGAG ‘campo adopraram uma abordagem fortementerelatvita quanto 3 andlise das pritcas culurais das inscimuigoes sociais. A anteopologia culrural de Clifford Geertz (1972) foi recentemente radlcaliada pelos pé-modernistas, os quais defenderam que 2 teoria social é, na verdade, uma forma de escrita que procura fornecer historias acerca de culturas ¢ priticas locais, emergindo o sentido da acgio a partir da forma da prépa historia (Clifford « Marcus, 1986). Existe uma distancia muito curta entre esta posigio ea sugestio de que. teoriaé, de facto, uma forma de escrita Ficcional que reconstrdi o sentido de forma imaginativa, em moldes de prosa cuidado- samente construida. A idea segundo a qual a teorizacio é uma forma de escrita foi bastante difandida nos debates concemporaneos. Produziu uma consciéncia sofistcada do estilo narra- tivo e da estrutura da teoria enquanto forma de eserita (Bourdieu, 1990). Estes desenvolvimentos na antropologia mais radial e na teoria social pés-modernista so indicativos da perda de confianga no projecto das ciéncias sociais, pelo menos no que respeita ao programa forte de eonstrusio teérica. Muitos teéricos sociais abragaram varias formas de critica lierixia como técnica de desenvolvimento da investigagio social ou, como também suicedeu, adopraram técnicas desconstrutivistas usadas por fldsofos como Derrida (1978). Ann Game, no sou liveo Undoing the Social (1991), ilustra bem esta forma de abor- dar a teoria social. O resultado destas consibuigées indicia um interessante paradoxo que esté patente ma teoria social contemporinea. Existem duas correntes contraditdrias ¢ opostas 1a teoria social Por um lado, existe 6 pés-modernismo, assente naquele que podertamos chamar o paradigma firaco da teoria social, Por outeo lado, a woria da escolha racional, a qual constitui um movi- mento tedrico influente no quadro das ciéncias sociais ¢ que aderiu ao programa forte de construgéo da seoria social, Esta divisio levanta uma questio interessante acerca da possibili- dade da continuidade e acumulagio da pritica teérica Continuidade ¢ Acumulagio na Teoria Social Poucas tradigdes no scia da tcoria social podem reivindicar uma continuidade ¢ eresci- mento significativos a0 longo de todo o século xx. Por outto lado, existem poucas provas de uma acumulagio de teoria bem sucedida através de um processo dialéctico de investigacio empiricae reformulagio analtica. Por exemplo, é evidente que no marxismo se gerou uma profuunda divisio entre as origens do marxismo ¢ as subsequentes geragiies (Kolakowski, 1978). Estas mesmas divisdes sio discutidas no capftulo de Géran Therborn sobre a hists- ria da teoria critica. Enquanto © marxismo inicial estava preocupado com as condigées eco- némicas da mudanga revolucionéria, as geragses posteriores de pensadores marxistas deslo- caram a suit atengio para quest6es como a anise cultural, o papel da superestrucura nas sociedacles modernas, ow os problemas filos6ficos do marxismo enquanto pritics cientifica (Anderson, 1976). Nos finais dos anos 1980, o colapso do comunismo organizado modifi- cou o ambiente em que a prépria teoria marxista operava. Num futuro préximo, o socia- lismo organizado no parece constiuir uma alternativa vidvel ao capitalismo desorganizado. Escas mudangas politicas globais tiveram consequéncias negativas importantes para o desen- volvimento de areas como a sociologia do desenvolvimento e do subdesenvolvimento, @ sociologia da anilise de lasses out 2 sociologia do Estado. feminismo, tal como o marsismo, pode também ser alvo de uma anslise histrica em rermos das virins vagas que atravessaram a teoria ¢ prética feministas. Tal come Terty Lovell observa nua sua contribuicio para este volume, leram-se profandas mudangas de atitude, de orientagio e de anise enere a primeira, segunda e terccira vagas do feminismo. Akém disso, ros tiltimos anos, deu-se uma divisio significativa entre o feminismo protagonizado por intelectuais negias e a teoria e pritca feminists ealizadas por mulheres brancas nas socieda- des industrializadas mais avangadas. Uma nova divisio pode vir a revelar-se importante: a que sepata as abordagens feminists modemnas das abordagens pos-modernas. Mais que avangar no sentido de uma maturidade tedrica bem sucedid, emos caminhado no sentido da diver- sidade e da fragment ‘Um outro exemplo claro de descontinuicade pode ser ilustrado através da histéria do funcionalismo na sociologia. Diz-se muitas vezes que, durante os anos 1950 © 1960, 0 fun- Gionalismo foi a paradigma tedrico dominante na América do Norte. Este predominio do funcionalismo esteve bastante ligado & carreita de Talcott Parsons, embora a entre sociologia parsoniana eo funcionalismo continue a ser susceptivel de debate (Rober son e‘Timnet, 1991). © fancionalismo tem sido atacado por uma diversidade de escolas, desde 2 sacialogia do conflito, passando pela etnometodologia, até ao marxismo (Alexander, 1987), Parece ser certo que a perda de influéncia de Parsons acompanhou o declinio do fun- cionalismo enquanto paradigma teérico. Na década de 1980, renovou-se @ interesse pela sociologia parsoniana, algo que proparcionou 2 emergéncia do chamado neofuncionalismo, embora este grupo nao tenha conseguido produzir nenkuma ceoria geval da sociedade (Ale~ xander, 1985). F. possivel concluir que tem havide uma acumulagio teérica pouco significativa no interior das virias tradigbes © que a teoria social se caracteriza mais pelas modas ¢ pela frag- mentagio do que pelo crescimento continuo (B. S. Turner, 1989). Talvee a tinica excep¢io :Lesta observacio geral resida no crescimento tebrico do interaccionisino simbdlico e da teo- ria da escolha racional. Neste livro, tanto Ken Plummer como Peter Abell adopeam 0 ponte de vista segundo o qual rem havide uma tradicio continua de investigacio nestas duas dreas, apenas telativamente intertompida por mudangas no paradigma de referencia, ou por divi- shes internas e dissensdes, Claro que cocxistem diferentes abordagens na tradigio da teoria da escolha racional, tal como a teoria das trocas € a ceoria dos jogoss no entanio, todas elas partilham as assergdes bisicas da sua teoria de referéncia. De forma semelhante, embora coc- xistam diferentes escolas de interacc necem comuns. ‘O que é que poderd contribuir para a continuidacle e acumulagao da teoria social? Uma resposta dbvia chegacnos da sociologia do conhecimento e da sociologia da ciéncia. As esco- las etradigdes de sucesso dependem muito de condigdes institucionais aproptiadas, tais como 6 desenvolvimento de organizagGes profissionas, a eriacio de um sistema de apoio préspero, a organizagio de revistas profissionais e outros canais de publicagio, O sucesso inicial da «escola durkticimiana representa, de cevta forma, um exemplo clssico, No entanto, a cortente dominante na tcoria sociolégica desenvolvida no século XX parece apontar mais no sentido da fragmentagao c divisio, ¢ menos no sentido da acumulagio teérica bem sucedida, Entio, como devemos considerar a aparente continuidade do desenvolvimento do interaccionismo smo simblico, as suas assergGes subjacentes perma- 1o-INTRODUGAO simbilico e da teoria da escolla racional? A justficagio destes dois casos parece prenderse com um certo ntimeto de questGes. Em primeiro lugar, ambas as eorias partlham uma visio clara acerca de um problema empitico que se expressa num nivel de médio akcance. A tcoria da escolha racional tem vindo a focar a sua atencio num problema muito simples, ou seja, a natureza da aecio racional em termos de decerminados conceitos como «o melhor interesse> wos interesses préprios». A expressio «muito simples» & usada aqui de forma deiberada, n0 sentido de indicat 0 comprometimento da teoria da escolha racional com a simplificagio das suas explicagées, através duma série de conceitos basicas. De facto, a teoria da escolha racio- nal centraa sua atengio na questio problemética suscitada pelo carter no racional de m tos comportamentos do consumidor. A continuidade da teoria da escolha racional rem sido ‘orquestrada por um conjunto de tentativas no sentido de encontrar solugSes para estas ques- es e dilemas bisicos. A descricio fortemente idealizada por parte da ceoria da escolha racio- a sobre a distribuigio eficienee dos recursos escassos 6, 20 mesmo tempo, simples e flexivel constitu uma ajuda poderosa para compreender os processos distributives no mundo real (Margolis, 1982). O problema fundamental do interaccionismo simbélico tem sido a criagao ttoca do simbélico na vida quotidiana, Mais precisamente, tem-se preocupado em dar uma descricio satsfaéria da nogio de interaogio. Este esforgo teérico gerou um conjunto intres- sante de conceites e abordagens relacionado com a natureza social do ex, a manutengio da interacgio social e os problemas do desvio. “Tanto o interaccionismo simbslico, como a tcoria da escolha racional dispdem de um conjunto de critéros explicitos para identificar os avangos te6ricos. Por exemplo, a teotia da escolha ricional rentou produzir conceitos que fossem, a. um tempo, simples e genéricos. Abas as tradigoes esto também concentradas nur problema teérico central de coda a teo- tia social, ou seja, a relagio micro-macro. Por tikimo, refira-se que ambas as tradigoes tebri- ‘cas estiveram associadas a uma tradigio muito rica de investigacio cmpirica. Esta dimensio & parcicularmente evidente no caso do interaccionismo simbélico que estabeleceu, através da Escola de Chicago, uma trudigio de investigacio na rea dos grupos ocupacionais e das ear reiras, Mais recentemente, o interaccionismo simbdélico deu um enorme contributo a socio- logia do desvio e do crime, através do desenvolvimento da teoria da rorulagem, das teorias do stigma e dos modelos de comportamento desviante, como a nogio de desvio secundito. Nos Estados Unidos, David Mavza (1964) ¢ Howard Becker (1963) desempenharam um papel importante na anslise da estigmatizagio, através da introdugio da nogio de outsider e, na anilise das carrcras desviantes, através do conecito de teneléncia delinquente. Na Gri-Bre- tana, durance as décadas de 1960 e de 1970, a sociologia do desvio foi incentivada pela ea lizagio de um eonjunto de conferéncias que ficaram conlecidas como York Deviance Sympo- ia (Cohen, 1971). Esta reunio de académicos produziu um conjunto de estudlos relevantes sobre o ctime em Inglaterra. Em Inglaterra, o York Deviance Symposium consticuitt-se numa altermativa explicita aos criminologistas de Cambridge, os quais estavam, entretanto, muito perto deaderir visio de crime proposta pelo Ministerio do Interior. Este envolvimento per- ‘manente com os problemas sociis, a pritica politica ea investigacio empitica parece ter con- cribuido para a continuidade e acumulagio da investigagio neste campo, No entanto, temos de reconhecer que, n0s ltimos ans, as abordagens cientificas do crime em termos de desvio delinquence, tcoria da rotulagem ¢ estigmatizagio foram, em parte, postas de lado, devido a INTRODUGIO= 11 uma maior focalizagio na vitimolegi algo que reflecte uma mudanga significativa nas abor- dlagens ideol6gicase politicas do crime, tanto no Reino Unido, como nos Estados Unidos. ‘Nip obstance, a procura de uma nova ciminologia (Taylor, Walton e Young, 1973) consti tum estimulo importante para a produgio de um olhar coerente sobre as teaias do desvio. Os Principais Problemas da Teoria Social Uma critica esencial levantad d teoria social & 0 facro de esta no ker sido capas de encontrar uma forma significativa ou genuina de resolver alguns dos problemas fundamen: tas, das dicocomias e das perplexidades que tém constieuido questies permanentes da acti- Widade reériea do scculo xx. Em resummo, é dificil identifcar progress claros¢ inequivacos tho atio da teoria social; tém sido descobertos novos tépicos, enquanco velhos problemas sto ‘demos conta da principal dificuldade da teoria social em resolver as eadas pola dicotomia entre explicacio ¢ interpretacao. Existe pouco consenso ‘em relacio Aquilo que a wteoria» é, ou Aquilo que constitui 0 progresso sedrico. Em conse Gquéncia, a teoria pode ser vista como uma estrutura laa cxpaz le organiza ¢ ordenar a pes- Hua, ou como uma colecgio de coneeitos gerais que io ttes na orientacao da investiga ‘ou, ainda, como uma orientacio expectfica capaz. de dirigir o investigador para problem {quests bem conhecias. His, neste sentido, pouco consenso sobre aquilo que 2 teora social @ ou sobre o que poder! vir a alcangar, Os tltimos desenvolvimentas no ferninismo € no pésmodemismo vieram apenas acrescentar mais desordem a confusio e incerceza jiexis E também dbbvio que a teoria social rem ainda de resolver algumas dicotom aque cuacterizaram 0 campo da teora, em particular as tenses contradigies encreacg0 ¢ Jrasis, ago socal e straturs, abordagens micro ¢ macro, para akém da dicotomia bisica then individuo e sociedad. Embora [ra Cohen apresente uma descrigao bastante favorivel da teoria da estruturagio, tertho sido céptico em relagio aos que defencem que versio par ticular de Anthony Giddens sobre a teoria da esteueuzagio resolve, de facto, ou aré mesmo supera, muitos dos problemas clisscos entre a acgio social ¢ a estrucura (Smich € Turnes 10186). Talves as possibilidades de resolver a tensio entre as abordagens micro € macro sejam mais promecedoras. A intengfo da sociologia da acgao weberiana era, abviamente, que esta sc crigisse desde a descrigio bisica da acco, da aogio social e da interacgo, até &s insccui- {Goes estrituras socials mais vastas. O conecito de tipo-ideal fazia parte desta estratégia, no sentido de realizar uma macrossociologia fundada em proposigées micro, relacionando-as ‘com formas de acgio racional, tradicional afectiva. A teoria da acgao voluntarista elabo- rada por Parsons respondia a um designio ou abjectivo similar, tendo sido construc desde conecito de acto unidade até chegar & teoria dos ‘No seu capitulo sobre 0 interaccionismo simbdlico, Ken Plummer identifica, também, uma estrae tedrica seme- Ihante para esta teoria, Este fracasso na resolucio de algatns problemas bisicos da aparelha- gem conceptual da teora social pode ser evocado como uma das raz6es pata a sua continua Fragmentagio, diversdade c incoeréncia, A teoria social é propensa a um constance ciclo de ‘mods e eaprichos, por intermédio do qual os te6ricos sociais reinventam continuamente suta utensilagem teérica. 8 cissicas 12 BeTRODUGAO Este comentitio criti pode parecer demasiado pessimista¢ negativo, Como jf fiz nora cexistem alguns exemplos de continuidade, etabilidade e acumulagio que resistem 20 quadro geral de fragmentagao ¢ diversidade. Neste contesto, é possivel dar como mais um exemplo 0 enorme recrudescimento do interese em tomo da teoria weberiana, algo que caracerizow a eo ria socal do pés-guerma. Esta renovago de incerese ultapasaou largamente as descrighes da ch mada tese da Gtica procestant; traduziu-se numa abordagem weberiana dos conceitos de perso- nalidade, ordens de vida e mundo social, sociologia econdmica e estratficagio, sociologia do Estado sociologia comparada da religio, Mais recentemente, emergis um forte interesse web riano pelo papel do Estado ¢ do poder no desenvolvimento do capitalismo tardio. Mais uma ver, quanto a este ponto, discordo da tendéncia de Giddens para rejitar a contibuicio de ‘Weber para a sociologia, considerando-a ultrapassada ¢ absolet devido ao facto de Weber ter alegadamence equiparado 0 conceito de Estado-Nagio 20 de sociedade. Na minha perspectiva, Weber nio se enquadra nas virias erica 4 sociologia cissica esbacadas por Giddens em The Consequences of Madernity (Giddens, 1990). Weber parece ter tido uma visio clara da impor- tincia da globalizacio, e a sua ambiguidade e incereza a respeito da modernizacao prefiguram, de cerea forma, grande parce do debate vivido em rorno da pos-modernizacio (Turner, 1992) ‘As Perspectivas da Teoria Social Nesta Introdugio, uma consequéncia resultante da discussio em torno da teoria social & que esta sobrevive e floresce melhor quando se compromete com a investigagio empitica, bem como com quest6es publicas, E um argumento também vineado na andlise de Craig Calhoun sobre o papel da coria na eserapitblca: na verdade, esta assersto subjaz 2 maior parte das versées da «sociologia enquanto critica social» (Bortomore, 1975). Tal como Calhoun defende, uma das atracgdes da reoria social tem sido a stia relagao constante com temas politicos ¢ sociais importantes, tal como o facismo € 0 racismo. A teoria critica tentou encurtar o fosso entre fuctos e valores, uma questo central para o positivismo convencional. Uma leitura importante, embora trigica ¢ mal orientada, da filosofia da ciéncia social de Weber tem sugerido que a neuralidade axioldgica implica para o tostico social a auséncia de qualquer compzometimento politico. Na verdade, esta nogio weberiana representou, acima de tudo, um aviso contra 0 abuso dos cargos publicos ¢ dos scus privilégios; consticuiu tum critica aos professores universitéris, prevenindo-os de que no podiam pregar no salio de conferéncias, como se-as suas opinides politcas representassem factos neutros sobre 0 mundo. E evidente que Weber também defendeu a importinca da aplicabilidade dos valo- res e, na sta prépra vida, procurou oprar encte a vocacio da ciéncia e a vocagio da politica. Ao longo do século xX, a teoria social floresceu, ce forma caracteristica, devido a algum ceavolvimento pritico em questées de orienta politicw especifca ou problemas de nacuteza social ¢ politica. Um exemplo clissico desta situacio poderia ser 0 debate sobre a pobreza ¢ a redescoberta do fenémeno da pobreza na cigncia social inglesa, uma questio que gerou. considerdveis progressos na nossa compreensio das necessidades, dos desejos e da sua satis- fagio num contexto de desigualdade e pobreza (Townsend, 1979). A partir destas investi- gagbes sobre a desigualdade, emergiu uma discussio importante em torno do eonecito de privasio relativa (Runciman, 1966). Podemos também mencionar o debate cientifico gerado INTRODUGAO~13 sobre a feminizagio da pobreza no contexto da economia pés-fordista ¢ as suas implicagoes na estructura do agregado familiar ¢ no papel da mulher na sociedade. Em termos tedricos, «estas questées empiricas conduzitam a uma visio muito mais apurada da relagio entre, por um lado, género, classe ¢ grupo doméstico ¢, por outro, alargamento da cidadania (Roche, 1992), Outto exemple que pode ser dado é a nagio do papel do doente (Parsons, 1951) na sociologia médica. Embora Parsons costume ser visto como uum tedrico abstracto, a verdade Equea sua contribuigio para a sociologia médica tem sido negligenciada (Holton e Turner, 1986). Muito embora 0 conceito parsoniano de papel do doente» tenba sido bastante cri- ticado, serviu um objectivo ttl pelo facto de ter gerado um melhor entendimento da pro- fissio médica, da natureza da medicalizagao da sociedade e das caracteristicas do estatuco do paciente. Como restkado desta convergéncia empiric, asociologia médica desenvolyeu um Conjunto importante de conceitos ¢ teorias relacionado com o sistema de posigbes referen~ ciais, o comporramento de savide anormal e 0 poder médico.. 'Nos finais do século xx, no ¢ muito dificil prever que um enfoque possivel para a teo- ria sociolégica seré a natureza da ciddadania e dos direitos humanos em sociedades passadas, tal como John Mandalios demonstrou no seu capitulo deste livro, um proceso de glabaliza- Gio profundo que pés em questio a tradicional soberania do Estado-Nagio ¢, logo, 0 esta- tuto tradicional do eidadio, O debareem toro da cidadania (Turner ¢ Hamilton, 1994) tem sido gerado por uma preocupacio com o manifesto declinio do compromerimento governa- mental em relagao ao pleno emprego eao Estado-Providéncia,& natureza mucivel do Bstado, ao crescimento do problema das sefigiados & escala global ei ambiguidade crescente no que respira ao estatuto dacrianga eda muther no Estado moderno. Do mesmo modo que o tema da cidadania social se torna cada vez mais central, também é possivel antecipar um grande debate em torno da naturcia dos direitos humans, em particular com ume referencia as questdes do género, da raca ¢ da idade. Seré apenas medianee um comprometimento piblico com as questoes sociais e politics que a sociologia, outa teoria social, poderdo ter esperanca de sobreviver As mudangas ocorridas entre o final do século XX ¢ 0 inicio do século XX1. Sem estes envolvimentos piblicos e politicas, a eoria social corre o perigo de se vornar num inte- resse esotérico, clitista ¢ excéntrico de acaclémicos marginais. E por esta mesma razio que 05 socilogos se rém preocupada com o estatuto dos intelectuais do séeulo XX, ‘Uma outra forma, ot via de intervencao da teoria social no debace publico, retaciona-se com a questio do ambientalismo ¢ ca poluigio. Enquanto a cigneia politica, a geografia ¢ a filosofia tevelam jd um empenho paiblico nestes problemas, 3 sociologia tem faltado uma abor- dagem adequada da incerrelagio entre ciéncia, tecnologia ¢ ambiente, De um modo geral possivel argumentar que-ateoria social nfo se conseguiu compprometer com o desenvolvimento sagrado (Berger, 1969) actua como uma salvaguarda importante contra determinados process, tzis como a anomia ea incertea, Na nossa perspectiva, talvezseja ainda mais interessante 0 facto cde Berger ter postulado uma pluralizagio significativa dhs esferas puiblicae privada & medida que a vida da sociedade moderna se torna mais complexa,fiagmentada e diversificada, A utbaniza- Go. eos mas media tveram um impacto considerivel na consciéneia contemporinea, ficiltando tte processo de pluraizagio. Neste ambiente, os res humanos sio forgados a compromecer tempo ¢ esorgo para a realizagio da nogio subjacente de plano de vida, Berger defende que va biografia de um individuo é apreendida por si como um projecto arquitectado. Exe projecto inclu formagio da propria ilentidade. Por outaspalavras, num plano de vida de longo alcance, 6 individuo no s6 planifica 0 que vai fuze, como também o que vai ser» (Berger, Beiger ¢ Kell nex, 1973, p. 71). Berger os scus colegas de trabalho defenderam que a identidade modema é peculiarmente diferenciada, reflcrida ¢ individualizada (pp. 73-5). Til visto da modemidade ‘sti, na verdad, muito prima da versio de Giddens sobre o lugar do individuo na sociedade contemporinea,jé que Giddens defendeu que a modemidade envolve rellexividade e, neste con- texto, 0 ex toma-se um projecto. As concepgées de Berger sobre a detnediionalizat parecem ter aberto 0 caminho para esta formas subsequentes de andlise, No entanco, é importante notar {que a visio da modemidace enquanto proceso reflexivo foi exposta por Berger, pelo menos hit 20 anos ates, Eta referéncia €aqui apresentada como mais um exemplo do problema da moda eda descontinuidade na teora social, ondea busca de originalidade parece necesitar de um cons- tante enfraquecimento da acumulagio e da continuicladk nx construcio da teria ‘Umma dificuldade acrescida ao desenvolvimento continuo da teoria no século XX tem si ‘0 conflito permanente e persistente entre a teoria social norte-americana a teoria social euro- peia, Os cedricos sociais europeus olharam muitas vezes para a filosofia social ¢ tworia soci ameticanas como um modo simplisa, positivist, ou mesmo idiots de reorizacio social, enfa- tizando, por contraste, sofisticacio flosdfca ea profandidade das formas de abstracgio euro- peias no quadco da teria social. Esta tensio, ou confi, entre a radicio empirica americana a filosofia social europeia remonta, pelo menos, 8 década de 1930, e a tentaciva de Parsons para introduzir o trabalho de Weber, Durkheim e Pareto nas instituigdes académicas norte 16-INTRODUGAO -americanas (Parsons, 1937). O conflito foi ainda agudizado com a migracio da Escola de Frankkfirr para a Améica, onde autores como Horkheimer, Adomno e Marcuse desenvolve- ram, de forma consciente, uma forma de especulacio teérica destinack a diferencid-los da tr: dicgo americana de empirismo e pragmatism (Fleming e Bai importincia da sociologia de Parsons tém de ser compreencidas neste contexto de conflco incernacional sobre o estaturo da weoria social. O colapso do parsonianismo deixou a teoria dos sistemas produida por autores como Jiirgen Habermas ¢ Niklas Luhmann numa posicgo de lominio triunfante. Depois de Parsons, nenhum sistema geral americano emergiw para com- petit com a filosofia critica de Habermas ou com a analise dos sistemas de Luhmann. A rs nificagio da Alemanha ¢ o colapso do comunismo organizado sugerem que a teoria social curopeia pode mais uma vez recrudescer, evoluindo para uma nova forma de dominagio no desenvolvimento internacional da teoria social. Este tema da hegemonia europeia foi bastante salientado na reunizo da Associacio Socioldgica Internacional, realizada em 1994, em Bicle- feld, onde a centralidade da teoria social ‘europeia foi manifestamente reconhecida (Nedel- ‘mann € Sztompka, 1993). Estes confrontes nacionais dificultam 0 estabelecimento de uma coeréncia global, ou geral, da teoria social num contexto de conflito cultural e politico Por fim, ¢ necessério ter em cont limenso moral da teoria social. A tcoria social clis- sica baseou-se na hipétese de que a civilizagio capitalistatransformaria de forma radical nfo 86 as estruturas sociais, mas também os sistemas morais, as personalidades e as mentalidades clos seres humans, em detsimento desi propria A teoria social clissica adoptou, tipicament lua visio pessimista ¢ nostilgica da mudanga social, por intermédio da qual a coeréncia comunidades tradicionais se fracturaria e destruiria com o ctescimento das classes socias ¢ da diferenciagao socal. Tal como jd verificimos, est visio do mundo foi importante na distin- cdo de Ferdinand Ténnies entre comunidade e associagao, Na teoria social contemporanea, esta posigio comunitarista foi seguida ¢ desenvolvida por autores como Alisdair McIntyre, rum série de publicagées onde a moral ea teoria social sa combinadas para produzit uma visio poderosa acerca do problema dos valores na sociedade moderna. Nesta introducio, dei- sci subentendido que as grandes quest6es morais do século xx andatio, provavelmente, em sto da tecnologia, do ambiente e do corpo humano“As mudangas actuais na ci médica, especificamente na érea da tecnologia reprodutiva, rém levantado questdes da maior importincia acerca da nacureza do corpo e da sua relagio com a identidade humans. Nao nos deve surpreender que a sociologia do corpo tenha emeigido como um dos m: focos da anise contemporinea (O'Neil, 19855 B. S. Turnes, 1984; Shilling, 1993). A polui- fo do ambiente ¢ a transformasio ripida das possibilidades tecnoldgicas evantaram ques- (Ges acerca do estatuto de habitabilidade do universo e do problema de criar e defencler estra- turas sociais habitiveis. Nesta drea, 0 trabalho de Pierre Bourdieu distingue-se como uma enorme contribuicio pari o pensamento social do século xX. Bourdieu debracou-se sobre a maior parte das quest6es que ocuparam a teoria social do nosso século, propondo um vasto conjunco de contribuigoes tebricas, novos conceitos ¢ uma gramitica conceptual para dat conta da relacio entre corpo ¢ habits, poder cconsmico e cultural, individuo ¢ sociedade. O proprio trabalho de Bourdieu ilusira muitos dos argumentas por mim sublinhados nesta ‘nwoducio, nomeadamente no que diz nspeito 3 acurmlagio continuidade da teovia, em par- ticular devido a sua concentragio consistente nas questoes da estratficacéo social, do habitus INTRODUGAO-17 edo corpo. Bourdieu arquitectou um programa de investigagio empirica em torno da nogio dle capital cultural (Bourdieu, 1979), de uma visto particular da construgie da teoria (Bour- dieu, 1990) e de um comprometimento com o debate politico (Bouicu, 1991), Enquanto o crescimento do pés-modemismo € visco, muitas vezes, como um inimigo deste tipo de debare, a verdade é que 0 pés-modemismo levanta questoes importantes de order ‘moral relacionadas, em particular, com o problema da diferenca. Tal como Roy Boyt (1990) apontot,, 0 trabalho de Jacques Derrida ¢ de J.-E Lyotard lida, de facto, directamente com as questoes da justica social, do tector da viléncia, A tentadva de Zygmunt Bauman no sentido de desenvolver uma abordagem da moralidade pds-moderna é indicativa do pocencialexistente neste campo particular (Bauman, 1993). Claro que a possibilidade da teotia social poder dat uma contribuigio para o dominio puiblico através de andlises sociais ¢ morais € algo que depende, em iiltima instincia, de um conjunto de factores sociais materiais, tais como a conti- lade da Universidade, a viabilidade do papel social do intelectual, a natureza das publicagSes «0 papel do Estado no apoio & actividad acacémica. Nenhuma destas condigbes pode ser pre- vista com absoluta certeza, mas pode, assim o esperamos, criar um ambiente propicio & conti- lade ¢ a0 desenvolvimento cla tcoria social no préximo século. Referéncias Bibliogrificas Alexander Jo Theor Lagi Soc Vl: Poston, Prenppaitions and Curent Conran Lone: Rou alge and Kegan Pl, 1982. 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Loves: Rented, 1958. © tenno ssociologia» surgiut na primeira metade do século XIX e esteve ligado & tentativa de Auguste Comte ¢ Claude Saint-Simon de procedr a um estudd cienttico da socied induseal no resualido da Revolugao Francesa, Comte sous tern ssociologgs numa carta csctta em 1824, fo mesmo voltado a aparecer no volume 4 do seu Curso de Filosofia Positin, crm 1838 (Hlorkheimer ¢ ‘domo, 1973, p12) para substnuira expresso «phyiscal. Num momento posterior géncia da sociologia foi associada is reacgGecs intclectunis e sociais que se fizerum sentir Face as revo- Tugoes Francesa ¢ Industrial. O ccemo vsociologizy, no seu sentido lierah sii dda amizad ‘0 cstudo cientilico ¢ do companheirismo, nomcadamente 0 estado das formas soiais de intimidade rec procidide entre individuos. Descavolveuse, de modo mais explicit, no sentido do estudo da tuigdes ¢ dos padres da sociedade capitalsta industrial, com referencia particular questo ses socais. Comte e Saint-Simon deixaram de ser lembrados coro pensadores influences da evolu da sociologia engutanto disiplina, embora Saint-Simon tivesse sida importante pa mento da sociologia da soltariedade social le importante a Saint-Simon no seu cstuclo sobre © socalismo, um liv que permanece influence ma configuragio de determinadas atitudes contemporincas face ao papel social do Estado (Gouldner, 1962). ( period chisico da sociologia pode se identiicado como o period que se estende desde 1890 data ha morte de Max Weber, crm 1920, Neste curto period de rempo, a socilogia, tanto na pa como na América do Norte, instinite-se como disciplina universitiria com as suas préjpias associagbes profssionas, ¢ com ua visio chia acerca dos seus objectivos de investigagzo & de ensino, A instinicionalzagto da sodologia oxorren em universdades como Chicago, Sorbonne, Berio e, num periodo posterior, na London School of Economics. A Primeira Guerra Mundial impos tuma perda trigica de calento na jovern disciplina de sociologia, em especial na escola durkheinviana, masa sociologi, ainda asim, sobreviveu a esta cacistrofe europa, O capitulo de Robert Holton fornece-nos uma introdugio preciosa & eadigio socoli peia e norte-americana. A sua rflexao ‘mas também outros nomes que con de Georg Simind. Holton faz também uma inttodugio imporeance a uma tenciada na histdria do pensamento sacioligico, o aristocraa francis, comentador da demo Ticana, Alexis de Tocqueville. A sua introdugio é ainda partcularmente vida pelo facto de ce iden tifcado a importante rlagio entte economia e teoria social. Ent muitesaspectos, a sociologia pode set ‘entendida como um comentiri critico sobre as limitagdes a teoria econsimica, em particular com referéncia a0 conccito de racionalidade (Sic, 1988). Umm exemplo dito mesmo ¢ cenieaidade do problema da teigito no erabalho de Duckheim, Weber e Simmel, Os socidlogos defenderaan que os valores e priticas rigiosos nfo podian ser explicados peas teotias ucltaristas da raciowalidade, Mol ton identifica cambeéin uma divisio, on diferenca, importante que vepira a abordagem da sociedade praticada pelos estudos europeus, daquela praticada pelos nort-americanos, Enqus nile Duckhicien, Durkheim preston um ariburo Jui. nao 36 os pais funlacores (Marx, Weber ¢ Durkheim), \uam a influcneiar a sociologia contemporinea, cama 0 caso nara muitas vezes neg 10 estes timios snatiso c pelo cmpiricismo, a teoria social europea aperoa muito mais no contexto da filosolia pSs-hegelianae pa kantians. liters em persist 20 longo de grande parte do século sta ed foram profindamente influencialos pelo reformisma social, pelo pr io entre economia csocioogia foi bastante evidente no caso da teoria social mars. tendo sido frequentementeinterpretada como umm determicismo econimica. As concepyses mar sistas ds rela e forgas de prodhusio deram eelevo dia do modo econsmico de produgio con fo aspecto decetmiente da socidace corno umn todo, No encanto, Mars criticou bastante a corrente ddominante da ceaia econsmica, pelo menos tal como esta foi desenvolvida por Adan Stith, Jeremy Bentham ¢ JS. Mill. Marx considerava grande parte da cha expressio de uma visio eapitalista, ou burguesa, da realidad, vada tora econdniiea como urna mer wresta que era, na verde, urna des 26-OnIGENS ‘material ca vida sociale nfio de um qualquer dominio difuso das ideias. Para Marx, a chave dessas escruturas encontra-se no modo de produgio, Este conceito refere-se nao s6-a0s ins trumentos técnicos de produgao mas, em especial, 3s relacSes sociais que do origem a direi- tos de propricdade privada sobre os recursos cconémicos. A importincia que Marx attibui a0s aspectos materiais da vida social é também um comentirio & Revalugio Industral e a0 desenvolvimento das relagées dle mercado capicalistas que estavam a ceansformar rapid mente a Europa do seu tempo. Segundo Marx, a aegio social co curso da historia hurmana sé podem ser compreendidos em termos do impacto das estruturas sociais sobre os grupos sociais. Os direitos de propre dace divicem a sociedade em diferentes classes sociai, definidas em termos da sua relagio com, as fontes de poder econdmico consolidadas no interior do modo de produgao. Segundo esta Pperspectiva, © modo de producio esc sta gera classes de proprietirias de escravos ¢ classes de escravos, 0 modo de produgio feudal gera senhores feudaise servos, enquanto que o modo de produsao capicalista ria capitalistas assalariados. Para Marx, estas estruturas de classe oti ginam grupos dominantes com direitos de propriedade e com poder, cj interesss so diver- Sos ¢ potencialmence conflituais com os das classes subordinadas, destituidas de ditcitos ¢ de poder. © principal recurso econdmico das classes subordinadas € seu. trabalho que, no entanto, & controlado por outros através da estrutura de direitos de propriedade no trabalho oo através do rendimento proveniente de instituigées como a escravacurasa servicio e o mer cado de trabalho, Claro que esta & uma represen «io esquemética de um proceso histérico muito mais complexo, no qual as estrururas de classe raramente adquiem a forma de uma oposigio bindria entre duas classes polarizadas. Para Marx, a verdadeira polarizagio talver, se encomtne apenas nos contlitos imedutiveis entre capital trabalho gerados pela ascensio do capita lismo. Apesar disso, Marx é da opinio que os conflitos de ineresses materiais que emergem das estruturas do modo de produsio tendem a gerar formas de acgio social colectiva, leva dasa cabo por individuos que ocupam pasigies semelhantes no interior da estrutua de clas- ses. Estas luras de classe so vistas por Marx como a principal causa da mudanca social, 0 sentido profiaido ds revolugses sociais€ o elemento principal na transigio de un tipo de sociedade p Un iiltimo aspecto desta discuss cepeo que Marx apresen tipica da teoria social clissica do séeulo xx, a con. da mudanga social como processo evolucionista (para coment tios adicionais sobre o evolucionismo veja-se Nisbet, 1967). Para Marx, a histéria humana pode ser vista como a revelacio progressiva de uma légica evolucionista. No entanto, tal no deve ser compreendido nos eermosidealistas de Hegel (1770-1831), 0 influent fildsofo pre- decessor de Mars, ou seja, como i realizacio progressiva lo ideal da liberdade universal na realidade humana, Em vee disso, a logic evolucionista de Marx ¢ baseada numa perspectiva designada de matctslismo histérico © que foi descavolvida em conjunto com 0 set col Friedrich Engels (1820-95). Esce conceito bas. se em dois tipos de lutas criadas pelas condigdes materials da Humanidade. O primeino éa luta para superar os limites impostos pela natureza. O segundo a lua para eliminar as consequéncias alienantes que as witias formas de ditcitos de pro: priedade privada tiveram 20 longo da hist6ria harman. ses direitos privados, co pader que TEORIA SOCIAL CLASSICA > ‘9s acompanha, limitam o potencial eriador que Mars atribui a Humanidade. Para este autor essa luta histérica s6 pode ter um fim aso o trabalho, 0 alicerce essencial da criatividade humana, seja orientado por relagées de propriedade cooperativa ¢ toralmente colectivizada e nio por relagdes de propriedade privada. O evalucionismo de Marx pode ser entio conside ado telealdgico, uma vez que considera qui 1 histéria tem um designio final (cela). Este dlesignio & nada menos do que o triunfo da liberdade humana sobre a necessidade estratural de explo 40 e sobre a desigualdade, caracteristicas das cont pried privada Sio virios os sentidos em que se pode considerar Marx como unt twérico social clissico ico. Em primeito lugar, rem uma clara cancepgio do «social» como dominio distinta da acarcaa, um dominio progresivamente criado e expandide ate: racdvs soctais assentes na pro: da accio humana. Em segundo lugur, procura dar uma explicagio sociolégica da selagio encre escruture social e ac¢io humana, relacionando tal discussio com uma teoria da evolugio social. Os seus con. ceitos-chave de modo de producio, de alienagao e de luta de classes tém sido de uma enorme importincia para o desenvolvimento da teoria social a0 longo do sécul Xx. O préprio mar- xismo fundou e ajudou a estabelecer uma rica e sofisticada tradigio de andlise da dinimica do modo de producio « is, como a concencragéo monopolisca, a expansio imperialista ¢ o répido aumento da interferéncia do Estado na vida econdmica inalista, centrada na discussio de procesos estrutt ‘enhuany estes processos era claro ¢ evidente no tempo em que Marx viveut. O marsismo reve ainda uma influéncia profanda, quer na forma como se ana lisam os processos de mudangs historica de longa duragio, quer nos estudos do desenvolvi mento do Terceizo Mundo. No entanto, a pair da titima década do século Xx, a influéncia do marsismo rem vindo a diminuit, As causas disso sao altamente complexas e, em grande medida, estio mais rok cionadas com dindmicas sociais contemporiiness do que com deficiéncias inteectuais incrin secas i rearia social de Marx. Tas dinamicas incluem a vigorasa permancncia do eapitalismme enquanro sistema social, 0 fiacasso das sociedades socialistas e comunistas da Russia © dt Europa de Leste e as erfticas ambientalistas que/o Ocidente rem da navureza enquanto domi no que deve ser manipulado ¢ daminado. Apesar disso, hi tantes limiragbes teéricas na obra de Marx que exigem uns ila um conjunto de impor lise mais pormenorizad my primeito lugar, Marx no resolveu o problema da escrutura e da agency, Por outras palavras, Mane ndo conseguiu criar um idioma tedrico estivel, capaz de representar a vida social como algo estauturalmente onganizadl e, 30 mesmo tempo, aberto a uma reconserugio activa por parte dos actares soca, Em ver disso, a sta obra, eas subsequentes escolas de ins piragio marsista, ttm sido atravessadas por uma tensio instivel entte dus posigSes aparen cemente incompatives, Por ur lado, existe uma anise das insttuigbes sociaisextremamente seruturalisa e que concede poco espaco para 40 humana activ, tal como est patente em 0 Capital” (1867-85-94). Vor outt lado, verifiea-se uma énfase fortemente volurarista colocatkt no papel activo desempenhado pela aegio humana no processo de modelacaa da sociedad e dar mudanga social (tal como se apresenta no livro de Mars, Cle Straggles i Figo parse O Capital Cte Exooruie Pal, ads de Jos Bort Monta eta Lisboa: Fa torial Avante, 1990, vol [tomo I: «0 pracesso de pcg do capital (1 do 7)

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