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Apostila de Técnica Pianística

Módulo I – Básico

Elaborada por Leonardo Amaral


Introdução
Para a técnica pianística é útil conhecer as leis mecânicas que governam o ato
de tocar piano. Não é necessário conhecimentos aprofundados de Física para isso,
apenas alguns conceitos básicos que podem ser utilizados para o desenvolvimento da
técnica.

O princípio (e o problema) básico da técnica pianística é saber como dissipar as


forças que ocorrem como reação ao ato de abaixar as teclas do piano. Essas forças tem
que ser absorvidas pelo organismo, sem deformá-lo ou provocar alguma contração
desnecessária e exagerada do corpo, como, por exemplo, enrijecer a mão ou o braço.
Tais fenômenos podem acarretar mesmo doenças, como a tendinite, a longo prazo.

Não se trata, contudo, de ficar completamente relaxado, como muitos


professores preconizam. Pelo contrário, tocar piano necessita de algum esforço; a
questão reside na quantidade: quanto eu tenho que me esforçar para tocar o piano
bem?

Conhecer os princípios aqui abordados permitirá que você desenvolva uma


relação harmônica, positiva com o piano. Essa relação será obtida quando você obtiver
uma percepção dos movimentos sutis feitos pelo seu organismo, incorporando-os
intuitivamente com a sua repetição diária (isto é quando para realizar um bom
movimento se deixa de pensar nele e se passa a senti-lo).

Procurei não dividir os capítulos em uma parte, teórica, e outra, prática.


Mesmo que isso não seja tão didático, prefiro esse tipo de organização, pois há uma
vinculação direta entre teoria e prática nos exercícios aqui propostos. Alguns são
bastante contra-intuitivos, podendo aparentar um tipo de trabalho quando vistos
externamente, mas fazendo um trabalho diverso (e mesmo inverso) quando se
compreende os mecanismos internos.

Sendo feitos corretamente, os exercícios permitirão que se pratique o piano


por horas e horas sem o mínimo de incômodo. Mas, se feitos equivocadamente,
podem mesmo causar problemas de saúde; por isso se deve compreender bem o a
realização do exercício. Qualquer sinal de dor ou incômodo deve ser mencionado ao
professor que possui a capacidade analisar o que está sendo feito de errado.

O importante a se observar é que o mais importante para se tocar bem é que o


seu organismo seja funcional. A técnica não está vinculada a uma posição chave, nem a
um modo único de abaixar os dedos. Há diversos movimentos úteis, alguns deles,
inclusive, contraditórios; o que os definirá como adequados ou inadequados será o
contexto: se eles tornarem o seu organismo ativo e funcional serão adequados.
Na técnica pianística há uma relação entre dois grandes elementos em jogo: o
elemento biológico e o elemento mecânico. Ambos devem estar em perfeita harmonia
entre si tanto quanto internamente.

O foco desses estudos iniciais será nos elementos mecânicos. Como o processo
mecânico não ocorre sozinho, haverá muitos exercícios de percepção corporal, com
orientações de natureza biológica.

Gostaria de salientar que muito do que estará aqui exposto foi baseado nos
ensinamentos do pianista canadense Alan Fraser, em seu livro The Craft of Piano
Playing, o qual eu recomendo veementemente a leitura.

Por fim, gostaria de lembrar que a figura do professor é indispensável na


grande maioria dos casos de estudo de piano. Geralmente o aluno ainda não possui
imaginação nem sensações suficientes para conseguir um bom domínio técnico do
piano. É o professor o principal responsável, no início, pelo desenvolvimento dessa
habilidade. Recomendo, portanto, que essa apostila seja lida como material
complementar, que solidificará a formação já dada pelo professor em sala de aula.

Leonardo Amaral
Teoria do plano único

Neste primeiro capítulo é necessário introduzir os conceitos de eixo e de plano


de movimento. Um eixo é, basicamente, uma linha de movimento. Um plano seria a
junção de dois eixos. Tomando cada eixo dois a dois podemos formar três planos: um
vertical (cima/baixo), outro horizontal (esquerda/direita) e, por fim, um diagonal (para
frente/para trás).

No piano, os eixos mais importantes são o vertical (que leva o dedo à tecla,
descendo, e o retira, subindo) e o da profundidade (que “empurra” o dedo para a
frente, em direção ao piano e o afasta “puxando-o” para trás). O terceiro eixo é de
importância menor, embora seja também importante: é o eixo horizontal, que vai da
direita para a esquerda, e só será visto mais adiante.

Em geral, argumenta-se que para tocar piano deve-se levar o dedo à tecla num
trajeto completamente vertical. Mas isso é problemático, pois esse tipo de movimento
pode causar tensões físicas, ineficiência na transferência de energia do corpo para o
piano, “ondas de choque” que machucam as juntas mais sensíveis dos dedos e som
inexpressivo. Os dois últimos casos se relacionam ao fato de chegar ao final da tecla
com ângulo tão direto.

Por causa desses problemas é importante considerar o eixo da profundidade,


levando o dedo para frente e para trás enquanto o abaixa ou levanta. Isso melhorará
tanto a qualidade do som produzido quanto o conforto em tocar.

A tecla do piano em si mesma realiza um movimento circular quando é


abaixada, mas o ângulo que ela abaixa é tão reduzido que se pode desconsiderar essa
rotação e tomar o princípio de que a tecla simplesmente desce ao invés de rotacionar.
O problema consiste na posição dos braços, mão e dedos, que raramente estão
localizados exatamente em cima das teclas, tornando o movimento inteiramente
vertical impossível de ser realizado. Também a nossa postura, quando sentamos,
facilita o uso de movimentos para a frente e para trás, relativos à profundidade.

Mitchel Zeidwig, comediante e pianista, resolveu esse problema tocando de


modo que o movimento vertical seja exclusivamente utilizado (mas veja como é
impraticável, ainda bem que se trata de uma piada):
Deve-se compreender: é possível realizar movimentos exclusivamente verticais,
mas para isso será necessário tornar nossas juntas, que são livres, em pontos fixos no
espaço, usando esforço muscular para endurecê-las - como se estivessem travadas.
Isso, combinado com o conselho de relaxar as mãos e dedos, só piora as coisas, pois se
realiza uma ação contraditória. Somente pianistas muito sensitivos acham
inconscientemente uma solução: mover os dedos para frente e para trás, embora não
percebam que fazem isso.

A gravidade também trás seus problemas: ela é, de fato, uma força vertical,
ajudando no movimento de abaixar a tecla. Contudo, ao se tomar o braço, a mão e os
dedos como um conjunto de alavancas interligadas, a gravidade passa a ter uma
influência complexa, atrapalhando em boa parte das vezes, ao invés de ajudar. Se isso
soa estranho, dê uma olhada nessa máquina de academia:

Com apenas duas roldanas e um cabo de aço se transforma o eixo de uma força
em outro (você, ao puxar o cabo, luta contra a gravidade, que é vertical, mas em um
eixo horizontal!). Então, como acontece com o corpo humano? Há um exercício
simples para isso:
§ 1. Exercício: o ombro como roldana

Coloque a mão no teclado do piano, mas sem tocar nenhuma nota; após isso, relaxe
dedos, mãos e braço, de modo que a mão “esbarre” nas teclas abaixo dela. Observe
os movimentos realizados: o cotovelo não desce em linha reta, ele vai levemente para
trás.

Volte a fazer o mesmo exercício, mas desta vez em pé, com o braço completamente
estendido a sua frente. “Solte” o braço e observe que ele não desce em linha reta até
tocar o chão, mas sim que ele realiza um movimento circular, indo, inclusive, para
trás. Ao fazer isso, perceba que o seu tronco vai levemente para frente a fim de
realizar um movimento contrário que manterá o seu equilíbrio.

Por que isso ocorre? O ombro aqui serve como uma roldana, transformando
uma força vertical em força parcialmente horizontal. O cotovelo está ligado ao
antebraço, que está ligado ao ombro por sua vez.

Isso significa que a associação da gravidade como força exclusivamente vertical


é inadequada, porque é extremamente simplificada. Esse equívoco leva o aluno a –
inconscientemente – realizar contrações musculares indevidas. Por causa disso, os
professores de piano recomendam relaxar a musculatura, o que constitui um segundo
equívoco. A força excessiva é um sintoma, e não a causa do problema.

Para resolver a origem do problema será necessário modificar a percepção


global do movimento; e isso deverá ser feito conscientemente, visando obter controle
sobre o movimento realizado.

§ 2. Exercício: o lápis como o dedo

Para esse exercício será necessária a utilização de um lápis, que não deve ser curto
demais. Segure-o em posição horizontal, encostando a extremidade (que não seja a
da ponta do lápis) na tecla (como na figura abaixo), abaixando-a logo em seguida.
Tente ter um contato de qualidade; você consegue fazer um som alto com facilidade e
conforto?
Tente sentir uma conexão entre a mão, o lápis e a tecla sem um esforço demasiado,
absorvendo a energia gasta até chegar ao fim da tecla. Não importa muito como
você abaixará a tecla dessa vez. Nós trabalharemos com diversas formas de tocar.
Tente elevar ou abaixar o lápis agora, como nas figuras abaixo:

Tente fazer esses movimentos empurrando ou puxando o lápis nas teclas do piano,
deslizando-o na superfície da tecla. Aumente o vigor desses deslizamentos e depois
diminua, tornando o movimento gentil; perceba que quanto mais gentil, mais fácil fica
o deslizamento. Apenas se certifique que o movimento não é quase vertical, como
abaixo:

Tente sentir quais os modos mais eficientes de se empregar as forças, em quais


direções, de que modo. Você pode investigar mais profundamente, inserindo outros
movimentos que aqui não foram descritos, como os movimentos laterais
(direita/esquerda) ou mesmo o movimento vertical, para ver se eles são úteis e se
facilitam ou não o abaixamento da tecla.

Isso permitirá que se comece a ter uma percepção do eixos envolvidos na


técnica pianística.
Melhorando o movimento pelo entendimento da dualidade de forças; questões
sobre inércia

“Para cada ação haverá uma reação”, proclama a segunda lei de Newton. Essa
lei se aplica ao movimento em geral, e, portanto, também aos movimentos relativos à
técnica pianística.

E o que quer dizer essa lei? Quer dizer que cada força aplicada sofrerá oposição
de uma força de reação. Contudo, forças opostas não necessariamente quer dizer
forças contraditórias! Ação e reação, na verdade, tornam o movimento, em geral, mais
eficiente e livre. A imagem abaixo demonstra as forças existentes num ato simples:
correr. Há de se perguntar: o seu pé “puxa” o seu corpo para frente ou “empurra” o
chão para baixo e para trás?

Observe que para poder correr é necessário haver uma reação que faça o
corredor ir para frente. Tente correr num meio que não ofereça resistência (como a
água ou o ar) e o movimento será inútil, apenas ocorrerá ação, com uma reação
desprezível. Ação e reação são opostos complementares – e, portanto, parte de um
todo –, conclui-se. O mesmo ocorre no piano.

§ 3. Exercício: a mão como uma gangorra

Ponha a sua mão nas teclas do piano. Agora empurre as teclas para frente. É normal
sentir um grande esforço nas primeiras vezes, mas tente fazer o movimento de forma
natural, lembrando que ele deve começar na ponta do dedo e que não se deve
enrijecer a mão. Após isso, retorne à posição normal e “puxe” as teclas do piano com
seus dedos, procurando a mesma naturalidade e leveza na mão e dedos. Alterne os
movimentos, até senti-los como partes de um todo; um movimento esclarecerá o
outro, como se eles se complementassem, igual ao movimento de uma gangorra.

Em geral, a técnica pianística tende a ser polarizada; quer dizer, alguns teóricos
e professores preferem tocar de um modo, e não de outro, enquanto o inverso ocorre
com outros professores e teóricos. Ambos tomam um aspecto do movimento e
excluem os outros. Acredito, no entanto, que as escolhas desses movimentos
dependerão mais das necessidades do pianista, havendo uma necessidade de se
estudar tantos movimentos produtivos quanto forem possíveis. Daí a necessidade de
se perceber a dualidade dos movimentos.

A inércia é a tendência deum corpo continuar o seu movimento se não houver


outra força que o impeça de se movimentar. Quando nós exercemos uma força
gradual sobre um objeto necessitamos continuar com essa força durante um tempo
até ele conseguir se mover só; do contrário, podemos, através de um forte impacto
inicial, causar a inércia mesmo cessando a força no objeto logo em seguida (é como
chutar um carrinho de compras, por exemplo). Pode-se chamar o último tipo de
movimento de movimento impetuoso.

A inércia pode ser trabalhada no piano, pois após apertar a tecla até o final o
martelo do piano se movimenta sozinho até bater na corda do piano. Para isso, é
necessário desenvolver a percepção do peso das teclas, necessitando de dedos
sensíveis. Por isso é importante estudar piano devagar, com o máximo de
sensibilidade, pois um dedo rígido perde sensibilidade e não consegue controlar a tecla
com facilidade.

§ 4. Exercício: flexões “de parede”

Esse exercício serve para clarificar o tipo de força utilizada para pressionar as teclas;
quando bem feito torna consciente o trabalho de diversos músculos da parte superior
do corpo, permitindo um ombro mais leve e menos rígido.

Ele é feito longe do piano; encosta-se as pontas dos dedos (que deverão estar
afastados uns dos outros) na parede usando-os para balançar o seu corpo. São os
dedos que balançam o corpo, não a mão. Não se deve enrijecer ou travar o ombro, o
braço ou a mão nesse movimento, que deve ser praticado muito lentamente,
sentindo todos os esforços mínimos que o seu corpo faz para realizar o balanço.
Perceba se você presta muita atenção em empurrar o corpo para longe da parede.
Agora preste atenção quanto do seu corpo continua “para fora” quando ele se
aproxima da parede e o quanto ele fica “para dentro” quando você o afasta da
parede. Agora tente sentir ambas as sensações de se aproximar e afastar da parede
em ambos os movimentos.

Esse exercício é semelhante às flexões de braço, feitas no chão. Mas o braço e o


antebraço ficam dispostos num ângulo aproximado de 90°. Ele deve ser interrompido
ao se sentir muito esforço ou qualquer tipo de dor. É um exercício para ser feito com
muita leveza.
Teoria do plano único II – mais alavancas

Neste capítulo investigaremos a natureza das alavancas e o trajeto do dedo até


o ombro; também será visto como tratar o dedo e o braço inteiro como um único
mecanismo unificado – com esforço mínimo e pouca complexidade inerente. Isso é
conseguido através de um equilíbrio entre dedo e braço, equilíbrio tal que permitirá ao
pianista absorver as forças de reação da tecla com mudanças mínimas de posição ou
estado, pois o dedo não estará servindo de suporte para pesos excessivos ao final da
tecla.

Provavelmente você percebeu, no exercício com o lápis, que a melhor posição


para abaixar a tecla era a que a empurrava, variando levemente a direção do
movimento.

Embora o braço possa ter papel no abaixamento das teclas, o dedo sozinho
pode fazer uma transferência direta de energia estando em posição horizontal. O
problema está que essa posição praticamente torna o dedo imóvel, pois estaria numa
posição desconfortável, que necessita da ajuda do braço para abaixar a tecla, como
abaixo:

Por isso é importante tomar a ideia de um plano único. Os dedos anular e


mindinho em especial sofrem o problema de se por a mão deitada sobre as teclas.
Ficando em posição incômoda. Para isso se deve alinhar a mão sobre o mindinho,
como abaixo:
Contudo, se você não possui uma musculatura acostumada, deve ter paciência
e esperar o capítulo sobre a força nos dedos antes de fazer tais ajustamentos na mão.
Se feita abruptamente ou com muito esforço, essa nova posição pode danificar os seus
tendões.

§ 5. Exercício: o lápis-alavanca

Voltando ao lápis, observe que ele basicamente roda sobre o ponto de contato com a
tecla. Quanto mais você puxar o lápis para cima e para frente mais você sentirá que a
outra ponta descerá e irá para trás até o ponto em que ela encontra a tecla. A partir
daí, há o risco de escorregar, mas se deve evitar isso sentindo o ponto onde o lápis
encontra a tecla ficando estável. Inicialmente, pode-se rodar o lápis de um extremo
ao outro tendo como base esse ponto, e sem abaixar a tecla. Deve-se sentir a
passagem circular que circula o ponto de contato:

Esse é um ótimo modo de manter o contato estável, enquanto você começa a aplicar
maiores forças. Você verá que puxar a tecla dessa forma é produtivo e produz pouca
reação, independentemente do quão forte você empurre.

Se você sentir muita reação, então esqueça um pouco a ideia de abaixar a tecla e se
concentre em ver a extremidade que você está segurando descrever um semicírculo
até chegar ao outro lado. Após dominar isso, tente voltar a pensar em abaixar as
teclas e, aos poucos, ir juntando as duas sensações. A reação será forte se você tiver
abaixado a tecla antes de rodar o lápis, sendo necessário esquecer esse movimento
de abaixamento por um instante.

Esse movimento deve ser totalmente relaxado. Não deve haver nenhum sinal de que,
ao final do movimento, relaxou-se de alguma tensão. Todos os bons movimentos
devem ser sentidos como movimentos contínuos; se não foi essa a sensação volte a
fazer o exercício, mas ainda mais lentamente, até se obter essa sensação de
continuidade. Durante todo o exercício você deve se sentir confortável.

Em geral, os pianistas iniciantes tendem a enrijecer demais o ombro. Isso é um


problema, pois as tensões passam por todo o braço, tornando tensos a mão e os
dedos. O ideal é não relaxar demais o ombro (pois isso impediria a transmissão correta
da energia pelo braço), nem enrijecê-lo demais, somado ao fato de se poder apoiar o
braço na outra extremidade: nos dedos. Em um gráfico, as forças ficariam assim
distribuídas:

Há, novamente, um jogo de duplas sensações aqui: tanto o ombro como os


dedos servem como extremos que darão suporte ao braço todo, mas sempre dividindo
a tarefa. Se apenas os dedos suportam o peso do braço inteiro, eles tenderão a
enrijecer, atrapalhando a técnica e sobrecarregando os tendões. Se apenas o ombro
suporta o peso de todo o braço, então, haverá enrijecimento de todo o braço,
atrapalhando também a técnica. Dedo e ombro trabalham conjuntamente, mas, por
muitas vezes, alternadamente. Isso deixará o braço e o punho livres.

Assim, os dedos imitam o movimento do lápis, puxando o braço para frente e


para cima. O cotovelo, unicamente por conta da gravidade, acaba sendo puxado para
trás e para baixo, contrabalanceando o movimento dos dedos. Aqui se deve lembrar
que esse movimento deve ser feito sem tensão no punho, num estado de quase
relaxamento. A força necessária para puxar o braço é mínima.
Função da gravidade, “isolamento” de dedo, braço passivo, fixação x
imobilidade balanceada e suporte digital do braço no fundo da tecla sem
esforço excessivo
O tipo de movimento e balanço discorrido neste capítulo tratará de um nível
básico de movimento onde todos os tipos específicos de técnica poderão ser
construídos em cima.

A habilidade de estabilizar o braço pelo estabelecimento de dois pontos de


fixação (no ombro e nos dedos) é necessária para realizar movimentos mais complexos
e avançados. É óbvio que esse estado é extremo e raramente será utilizado, mas ele
serve como modelo, onde o pianista compreenderá o que é estar “relaxado”. Pode-se
abandonar esse estado de relaxamento quando se domina o movimento e se pode
voltar a ele a qualquer hora e sob quaisquer circunstâncias. Se isso não for possível,
haverá muitas limitações no que um pianista pode fazer.

Muitos pianistas iniciantes tendem a relaxar os dedos ao atingirem o fundo da


tecla. Isso é contraprodutivo, pois força o braço para baixo, devido à gravidade, e leva
a diversas contrações internas para manter a estabilidade desse braço. Para se
estabilizar o braço após abaixar a tecla apenas se precisa manter um esforço mínimo
nos dedos, quase “relaxado”. Com isso, as reações ao abaixamento da tecla são
absorvidas pelo organismo.

Os movimentos isolados de dedos são necessários, principalmente para


passagens rápidas. O papel do braço é aqui reduzido a não enrijecer nem impedir a
facilidade dos movimentos de dedo. Contudo, quando se toca com força excessiva,
esses movimentos de dedo recebem uma tremenda força de reação da tecla, que é
transmitida ao braço, desestabilizando-o. Com isso, o braço enrijece para se manter
estável. Os movimentos dos dedos, portanto, devem continuar transmitindo uma força
mínima, de modo que a força de reação da tecla seja fraca ou mesmo nula.
Alinhamento e papel dos braços I

Tanto os sistemas de braço com dois pontos fixos como o de um ponto fixo
(somente dedos) podem ser utilizados na técnica pianística, e até mesmo alternados.
No entanto, o sistema com dois pontos fixos demonstra ser o mais ideal e menos
forçoso.

§ 6. Exercício: o braço com um ponto fixo

Deixe seus braços estendidos à sua frente e os mantenha assim durante alguns
segundos. Perceba todas as juntas se contraem necessariamente para poder lutar
contra a gravidade. Agora relaxe os braços e os deixe cair ao lado do corpo. Mesmo
nesse estado tendemos a ter algumas contrações musculares; tente eliminá-las.
Perceba que agora a gravidade ajuda a manter o seu braço relaxado. Esse estado não
deve levar a nenhum movimento indesejado.

Num sistema de um ponto fixo, só é possível estabilizar para vencer a gravidade o


braço pela contração contínua de cada junta dele. Isso torna o movimento cansativo.
Por outro lado, se, ao estendermos os nossos braços, fosse possível descansarmos os
dedos numa outra superfície, faríamos esforços mínimos para manter o braço
suspenso. Essa é a diferença entre ter um único ponto fixo ou dois pontos fixos.

E qual é a força e o ângulo que os dedos devem trabalhar para criar um bom
suporte para o braço? O gráfico abaixo demonstra a posição dos elementos do braço:

Em geral é o movimento de “puxar” com os dedos que mantém a estrutura do


braço estável. Para isso a força deve ter uma direção horizontal. Também se deve
perceber que a ideia de se soltar o braço porque a força gravitacional ajudará a apertar
as teclas é um mito. O contato dos dedos com a tecla modificará a direção do
movimento.
Alinhamento e papel dos braços II

A mão ser que o braço esteja em movimento de queda livre, o seu peso deve
ser suportado por algum tipo de distribuição. Tanto os dedos quanto o ombro
fornecem um suporte fixo para o braço se alinhar naturalmente, suportando a
influência da gravidade. Mas de que forma devemos movimentar o ombro?
Historicamente houve duas abordagens sobre o uso do braço: uma na qual o braço
aproveita a gravidade e é simplesmente despejado nas teclas do piano, e outra na qual
o braço não tinha influência alguma no toque. No primeiro caso, o ombro é
completamente relaxado, quase sem suportar o peso do braço; no segundo, o ombro é
extremamente rígido, para impedir que o peso do braço interfira no movimento dos
dedos. Ambas as escolas estão certas, mas elas não fornecem um conhecimento global
do processo. O ideal é que se relaxe ou enrijeça o ombro de acordo com a necessidade
da pela musical.

Em geral, as pessoas tendem a exagerar e relaxar ou enrijecer demais os


ombros, mas isso é natural, pois ativar os ombros não é tarefa simples. Uma das razões
que influenciam na dificuldade de se controlar o ombro é a tendência dos pianistas de
lidar somente com o eixo vertical, o que faz com que ele eleve o ombro tentando
empurrar a tecla diretamente para baixo (qualquer elevação do ombro é
contraproducente e deve ser evitada, para abaixar a tecla com o braço apenas se deve
empurrar o braço para frente, de modo que o movimento fará tecla baixar
naturalmente).

§ 7. Exercício: batendo asas como uma galinha

Deixe seu braço relaxado e estendido cair ao lado do corpo. Após isso, gire os
cotovelos levemente. Isso fará com que eles se afastem levemente do tronco, num
movimento semelhante ao bater das asas de uma galinha. Faça esse movimento bem
lentamente, sentindo as sensações no braço e vá parando aos poucos, sentindo a
gravidade “pesar” sobre o braço. Pare quando o cotovelo estiver um pouco afastado
do tronco. Sinta o equilíbrio entre a mínima rigidez muscular e a força da gravidade.
Agora imagine que você está movimentando o cotovelo mais um pouco; pare,
retorne à posição anterior e repita o processo, sempre prestando atenção às
sensações. Após isso reverta o processo deixando a gravidade “empurrar” o seu braço
de volta pouco a pouco. Ainda haverá uma rigidez muscular mínima, o suficiente para
o braço não cair de vez.

Depois disso, eleve os ombros lentamente, e, da mesma forma que se fez com os
cotovelos, vá parando gradualmente, até o ponto em que você sentirá a força dos
músculos e da gravidade tornando seu ombro imóvel com um mínimo de esforço.
Refaça o exercício do cotovelo, mas prestando atenção no ombro dessa vez. Sinta a
gravidade empurrar o seu ombro para baixo e tente não elevá-lo.
Tente dominar esse movimento ao ponto dele se tornar quase invisível,
sentindo as sensações vívidas no ombro. Depois segure diversas notas conjuntas no
piano (toque um acorde) e tente refazer esse exercício. É possível até, para clarificar
melhor as diferenças de sensações, deixar o ombro cair totalmente e também elevá-lo
ao ponto dos dedos quase saírem das teclas. Quando você perceber que consegue –
pela própria vontade - tornar o braço tão pesado ou tão leve quanto queria você terá
dominado as sensações e o movimento.
O fundo da tecla I: como evitar impacto, estresse e injúria

“Keybedding” é um termo cunhado por Tobias Matthay; ele significa exercer


pressão desnecessária no fundo do teclado, após apertar a tecla até o final. Muitas
vezes o modo como se chega ao final da tecla definirá se o movimento foi saudável ou
injurioso.

Muitas pessoas recomendam que os dedos parem as suas atividades tão logo a
nota tiver soado; isso é problemático, pois se os dedos não exercem nenhuma pressão
na tecla ela levantaria. Outros recomendam mesmo nunca abaixar a tecla até o final;
isso é simplesmente impossível, e pode acarretar diversas tensões na mão. O
importante é saber como abaixar a tecla até o final sem machucar a mão.

Há, no piano, um mecanismo chamado escape. Ele serve para levar o martelo à
corda após a tecla ter chegado ao final. Faça um teste: aperte a tecla de um piano
acústico (um piano digital não tem esse mecanismo) tão lentamente que não soe
nenhum som. Chegará um momento onde a resistência muda, a partir daí você aciona
o escape e não tem mais o controle sobre o martelo. Simplesmente não há como não
tocar no final da tecla sem extremos esforços na mão, mesmo que se queira tocar até
o escape, apenas. O importante é saber como apertar a tecla até o final. Vejamos
novamente o trajeto do lápis na tecla:

Perceba-se que o ponto de contato na tecla não causa enrijecimento nem


tensão nas mãos. Lembre-se que não se trata de dispensar tensões, mas sim de que
esse movimento é tão efetivo que apenas se esforça minimamente. O braço não
pressiona os dedos na tecla, mas também não evita isso, afastando-se da tecla. Ele
avança para frente e para cima naturalmente e desimpedidamente.
O fundo da tecla II: conseguindo uma linha direta sem impacto

Há um segundo tipo de modo de pressionar a tecla que difere do movimento


circular de dedo, baseado numa linha mais direta de movimento. Embora ele traga a
mesma sensação de “puxar” a mão, sente-se que o dedo, na verdade, se estendeu. A
sensação é semelhante à sensação de “empurrar”, mas não a tecla que está abaixo dos
dedos, pois isso criaria muitas tensões na mão, e sim empurrando a mão para cima.

§ 8. Exercício: flexões “de parede”, novamente

Refaça o exercício 3, mas agora com a intenção de empurrar a parede (sempre feito
com leveza). Perceba que isso acarreta um certo enrijecimento de toda a estrutura
braçal. Ao invés disso, então, pense em empurrar o seu corpo para longe da parede.
Perceba o quanto o movimento ficou mais leve e sem esforço. O papel do braço aqui
simboliza o papel dos dedos na tecla.

A parede reage à força imposta a ela mandando, de modo simples, uma força
de igual ou maior valor na direção contrária. A diferença básica entre os dois
movimentos é que no primeiro tipo nós conscientemente enrijecemos todo o corpo
para lutar com a força de reação (sem nunca conseguir movimentar a parede do lugar),
e no segundo nós nos afastamos da parede, cedendo à força de reação.

Não criamos esforços negativos quando nos afastamos da parede, mas apenas
quando lutamos para nos aproximarmos dela. Conscientizar-se disso desencadeará
uma série de respostas diferentes e eficientes à força necessária para empurrar a tecla,
tornando-se, gradualmente, um hábito.

Perceba, no entanto, que, se a parede cedesse minimamente, o nosso corpo


exerceria bastante pressão nos braços quando a ela parasse de se mover. Mas, ao
afastar o nosso corpo da parede, o impacto seria amplamente reduzido, como se o
corpo tivesse se tornado imóvel. Aqui, o nosso corpo faria o papel do braço no piano, e
é exatamente isso que ocorre quando deixamos o braço pressionar a mão nas teclas
ou quando, pelo alinhamento da mão, não deixamos que isso ocorra, deixando o braço
“pendurado” entre mão e ombro.
Ação e reação na prática I – Conseguindo um belo som sem impacto com
o polegar, e como ativá-lo para tocar escalas sem esforço

O polegar é um dedo diferenciado. Ele corresponde a 50% da força de uma


mão. Contudo, no movimento fundamental da mão (agarrar) o polegar faz um
movimento que não pode ser diretamente usado na técnica pianística. Na adaptação
do polegar ao piano muitas dificuldades se impõem e ele passa a ser um dos principais
responsáveis pela dificuldade em tocar piano.

§ 9. Exercício: melodias de polegar

Toque uma melodia com som bastante forte, presente. Essa melodia deverá ser
tocada exclusivamente pelo polegar (use o pedal para formar o legato), em
velocidade muito lenta. Na primeira vez não pense nos movimentos, apenas pense no
som produzido. Volte a tocar a melodia, prestando atenção no som conseguido e no
movimento feito.

Agora descanse a mão numa mesa, com a palma da mão encostando a mesa.
Pressione essa mesa com o polegar; depois, imagine que a mesa é um piano e
pressione novamente. Houve alguma diferença perceptível de movimento?

Agora, apoiando-se no polegar, eleve o restante dos dedos da mão, até eles ficarem
acima do polegar, lentamente; acelere a velocidade do movimento, depois. Após isso,
balance o restante dos dedos no ar.

Geralmente, ao imaginar um piano, as pessoas tendem a tornar o polegar um


mero “meio” no qual o peso do braço é transmitido à tecla. Isso é contraproducente,
pois o polegar tem muito mais possibilidades expressivas e funcionais do que o braço
na técnica pianística. O movimento estará certo se o polegar elevar toda a estrutura da
mão sem esforço. Uma pressão para baixo ocorre por causa desse movimento, mas de
modo leve, sem sobrecarregar os dedos, a mão ou o braço.

Agora, refaça o exercício acima com algumas modificações: primeiro tente


afastar o polegar dos dedos; depois, afaste novamente o restante dos dedos do
polegar. Sinta as sensações, e se houver movimentos de reação não lute contra, deixe
acontecer. Ambos os exercícios devem ser feitos lentamente no início e rápido, depois.
Mas sempre se deve fazer com facilidade leveza e nenhum esforço.

Agora leve o polegar ao lado da mão e depois o estenda, dobrando os outros


dedos até a palma da mão. Para isso será necessário rodar o braço, mas a mão não
deve enrijecer; faça devagar e com leveza.

Agora refaça os últimos exercícios na mesa. Lembre-se de que a sensação deve


ser de “subir” e não de “descer”. Após isso, refaça esses exercícios no piano. Agora
ficou mais difícil! A sensação ainda deve ser a de subir. A tecla descer deve ser sentido
como consequência dessa ação. O braço não deve empurrar a mão em direção às
teclas. Deve estar leve ao ponto de ser suportado pela mão.

Nas escalas o polegar é o principal fator de dificuldade. Como a mão se torna


muito rígida quando se toca com o polegar, há uma tendência a tornar o polegar
relaxado demais, perdendo estabilidade e fazendo com que o braço acaba
pressionando a mão para as teclas. Isso impede que a mão realize um movimento
horizontal com facilidade: ela fica “trotando”.

Para resolver isso refaça esses exercícios em cada nota da escala que será
tocada com o polegar. O movimento deve sempre ser leve e sem esforço. Após um
tempo praticando essa movimentação extrema, o polegar sentirá facilidade em ser
uma estrutura de suporte fixa e, ainda assim, flexível.
Questões sobre eficiência: porque pensar em tensão/relaxamento
confunde as funções da mão; e, porque o braço nunca deve substituir o
papel das mãos
A falta de técnica atrapalha tanto a facilidade do toque como a qualidade do
som produzido.

Um equívoco comum dos pianistas iniciantes é pressionar com mais força


quando ele percebe que uma nota soou muito fraca. A maior carga de energia
geralmente não é levada até o martelo da tecla – influenciando pouco na produção de
som –, e ainda eleva a pressão com que o dedo chega ao fundo da tecla, trazendo os
problemas já descritos em capítulo anterior.

É importante perceber, aqui, que há dois tipos de movimentos na técnica


pianística: os movimentos positivos, que contribuem para o controle sonoro, qualidade
do som e facilidade de movimento, e os movimentos negativos, que fazem justamente
o contrário.

Use um lápis para esse exercício. Deixe-o na posição horizontal, em cima das
teclas do piano. Agora aperte levemente o lápis com os dedos e veja quanta resistência
as teclas impõem. Agora aperte com o braço; veja que ainda há resistência. Esses
movimentos necessitam do enrijecimento dos músculos para poder abaixar as teclas:
são movimentos negativos. Agora, quando for abaixar o lápis, movimente a mão na
direção oposta, aproveitando a resistência das teclas. O esforço é mínimo e saudável.

Com a mão ativa e funcional é possível utilizar o braço para abaixar as teclas
sem sobrecarregar toda a estrutura. Portanto, o importante não é pensar em tensão
ou relaxamento na técnica pianística, mas sim em funcionalidade ativa dos músculos.
Os dedos, fundamento da técnica pianística

Um exercício inicial para retirar tensão nos dedos é dar gentis petelecos nos
dedos, individualmente, para frente e para trás. Após isso mover cada dedo com os
dedos da outra mão, segurando perto da junta metacárpica. É necessário dedicar
algum tempo para cada dedo em particular, a fim de perceber as sensações vindas do
próprio dedo, mão, braço e ombro. Qualquer tensão deve ser erradicada.

Todos os movimentos úteis dos dedos dependem da mais poderosa ação de um


dedo: o “puxão” vindo da junta metacárpica. Um exercício que desenvolve a sua
sensação é, como a mão no ar, deixar polegar solto e, então, sustentar a mão com a
outra mão pela junta metacárpica. Depois, com a mão sustentada, elevar e abaixar os
dedos levemente, sem força, a partir da junta metacárpica e não da ponta dos dedos.

Após isso, no ar, estenda os dedos (partindo da posição curvada). O movimento


da extensão pode também ser combinado com o “puxão” da junta. O movimento é
semelhante ao das figuras abaixo:

Inicialmente, esses exercícios devem ser feitos com os dedos todos, mas depois
é possível trabalhar com cada dedo individualmente. Os outros dedos tenderão a se
mover junto, o que não deve ser impedido. Para obter controle individual dos dedos,
apenas se deve movimentar bem lentamente e sem esforço.
Equílibrio sem esforço: conectando o braço ao teclado sem esforçar a
mão

Para poder mover os dedos livremente é necessário que o braço não os force
contra a tecla. Contudo, o braço também não pode estar rígido, impedindo a
naturalidade do movimento digital. O ponto adequado é quando o braço aparenta
estar “flutuando”, sendo sustentado tanto pelo ombro como pelo dedo, na tecla. A
sensação não é muito diferente de quando se descansa um braço em cima de uma
mesa.

Uma das dificuldades para se conseguir essa sensação é sobrecarregar o punho


com o peso do braço. O punho pode (e deve) ficar leve, sem fazer nenhum tipo de
esforço. É o dedo que sustenta o braço.

Encoste a ponta do polegar próximo da ponta do indicador. Não é necessário


enrijece-los. Após isso, aproxime-os da tecla do piano e pare um ou dois milímetros
acima da tecla. Sinta as sensações no braço. Como apenas o ombro sustenta o braço,
ele necessariamente tem que enrijecer para combater a gravidade. No entanto, é
possível diminuir o enrijecimento até o ponto em que o braço está quase caindo. Fique
nessa posição uns 20 ou 30 segundos. Contudo, se sentir esforço demasiado, pare e
mude de braço.

Agora, deixe os dedos abaixarem a tecla. Descanse o braço em cima deles, mas
sem pressionar o dedo. Todo o braço e dedo ficam relaxados. Após isso, passe a
balançar a mão para a direita e para esquerda diminuindo o peso o suficiente para a
tecla querer voltar a subir (não permita! Chegando nesse ponto pare de tornar o braço
mais leve). Após isso mova o cotovelo para cima e um pouco para frente, retornando
para junto do corpo logo após, em movimentos circulares; diminua o movimento até
que o braço fique parado numa posição confortável e natural. Perceba que, se feito
corretamente, o braço ficará entre o dedo e o ombro, sendo sustentado por ambos.

Procure deixar os seus dedos leves o suficiente para sentir a pressão da tecla
querendo voltar à sua posição inicial. Apenas uma leve força é necessária para deixar a
tecla equilibrada.

Após isso, permita que a tecla se eleve um pouco para você abaixá-la
novamente e perceber qual é a medida exata de força que deve ser empregada para
abaixar a tecla, apenas. Apenas a força para abaixar uma tecla deve ser empregada.
Para verificar se o seu dedo está bem alinhado (reto) faça uma pequena pressão na
mão que aperta as teclas com a outra mão; os dedos não devem ceder, nem por isso
devem enrijecer. Faça, depois, o contrário: eleve um pouco a junta da mão que aperta
as teclas para ver se ainda é possível elevar essa junta sem desencostar o dedo da
tecla.

Por fim, empurre a mão para frente e para trás nas teclas. Deve haver uma
clara sensação de contato, mas sensação de fricção. A mão vai e volta livremente. A
única estrutura com algum esforço é a junta metacárpica, nada mais. Cuidado, na
volta, para não descer a mão e formar uma espécie de gancho com os dedos.

Com isso perceba que não é necessário que o braço fique extremamente rígido
para segurar a mão, pelo contrário, ele é mais funcional quando aparenta estar
flutuando seguro entre o dedo e o ombro. As figuras abaixo mostram a diferença
(sendo a da direita a simbolização de um braço bem alinhado):

Após isso, experimente estender o dedo, mas sem abaixar a tecla. Não se deve
forçar para o dedo ficar reto, pois isso enrijeceria a mão. O importante é conseguir
fazer tudo ficar livre e “relaxado”.
O problema da “quebra” de juntas

A “quebra” de juntas é um problema clássico dos pianistas, especialmente


com o dedo indicador. É fácil ver como a junta mais próxima da ponta do dedo tornar
para trás criando uma forma como a que se segue no dedo:

Em geral isso ocorre em pessoas que possuem juntas muito flexíveis e pouco
domínio muscular. Ainda é possível acrescentar uma posição de mão disfuncional
como causa desse problema.
Por isso mesmo a solução é simples: modificando a posição da mão, tornando-a
funcional, consegue-se uma mão forte, capaz de impedir essas quebras das juntas.
Faça o seguinte, toque alguma tecla com o polegar e se apoie nele. Após isso,
tente enrolar o dedo em direção à palma da mão, deslizando levemente sobre a
superfície de uma tecla abaixada. Esse deslize deve ser gentil, sem “grudar” o dedo na
tecla, o que demostra pouca funcionalidade. Após isso se faz o movimento contrário:
“empurra-se” o dedo para frente, até o final da tecla.
Geralmente, o problema também ocorre por se fazer muita pressão na tecla. A
junta mais próxima à ponta do dedo não pode ser movida individualmente – a junta do
meio também se move – e quando se pressiona demasiadamente o dedo na tecla (seja
por causa do peso do braço ou por causa do enrijecimento dos dedos) a junta da ponta
se torna fixa porque o dedo está fixo na superfície da tecla. Ao se exercer uma força
para trás (através do movimento de enrolar os dedos) a junta do meio vai para trás
sozinha, resultando na quebra. Ao se tentar jogar essa junta para a frente, na verdade
se está fortalecendo essa posição incômoda, o que piora a situação. Essa é uma
posição muito danosa e deve ser evitada.
Novamente, o movimento positivo de estender o dedo resolve o problema:
Observe a linha azul. Ela se estende um pouco para frente, e é para frente que
a direção da força deve ser apontada. O ponto ideal é quando o dedo está quase
deslizando para frente. Há, então, dois movimentos internos: a junta metacárpica
(mais próxima da mão) fecha os dedos e a junta proximal (mais próxima das teclas)
estende o dedo ao invés de dobrá-lo.
Contudo, se feito equivocadamente, esse movimento forçará a junta do meio
contra a junta metacárpica, movimento muito danoso, pois dois músculos estarão
fazendo movimentos contrários. É importante sentir que se estende o dedo com a
ponta dele e não com o meio, que deve estar neutro, quase relaxado.
Isso está diretamente relacionado com a tendinite. Quando a ponta do dedo é
direcionada para a palma da mão, toda a estrutura fica instável e o braço tem que
compensar essa instabilidade com tensões extremas. Esse é o movimento que se deve
evitar (linha vermelha):
Controle tonal, eficiência e saúde: trazendo à tona o mais fundamental
ingrediente de uma técnica controlada, com menos tensão e impacto

Há muitas formas de se tocar corretamente uma tecla. Também há muitas


formas de tocá-la equivocadamente. Visto ser importante ter uma noção do todo,
faremos aqui uma revisão:

1. Considerando o dedo como uma única alavanca (em posição estendida), a


eficácia de seu movimento será medida pela distância da junta metacárpica à
tecla. Se a junta se aproxima (ou seja, desce), ela faz um movimento negativo;
caso se faça o contrário, ela faz um movimento positivo.

Movimento Negativo

Movimento Positivo

2. Se a posição inicial é curvada, qualquer aproximação entre junta metacárpica e


junta proximal é um movimento negativo, e qualquer afastamento movimento
positivo:
Movimento Negativo

Movimento Positivo

O movimento negativo reduz o controle sobre a velocidade de abaixamento da


tecla e o direcionamento de energia a ela. Isso faz com que, inconscientemente, seja
mandada energia em excesso ao fundo do teclado, causando um impacto forte, que
causa tensões em toda a musculatura dos dedos, mão e braço.
O movimento positivo permite maior controle sonoro e uma técnica mais
saudável. É mais fácil curar maus hábitos desenvolvendo movimentos positivos do que
erradicando movimentos negativos, pois estes últimos, por mínimos que sejam,
prejudicam a execução quando aparecem. Assim, é melhor desenvolver os
movimentos positivos através do exagero de movimento (feito para conscientizar-se
sobre a musculatura que precisa ser ativada) que vai sendo diminuído e internalizado
aos poucos.
No entanto, a tensão derivada dos maus hábitos pode atrapalhar o
desenvolvimento do controle dos movimentos positivos. Deve-se, então, seguir a
ordem: fazer o movimento negativo reduzindo a tensão inerente a ele ao mínimo
possível; após isso, substituir o movimento negativo pelo positivo correspondente,
ainda com leveza, depois aumentar o vigor do movimento até ter maior controle sobre
ele; por fim, voltar ao movimento mínimo, mas com as sensações e ativação
semelhantes ao movimento vigoroso. Assim se evita de trazer a tensão para o
movimento positivo, o que impediria o controle técnico.
Por causa do problema da tensão, convencionou-se dizer que o que define a
dinâmica tocada é a velocidade com que a tecla é abaixada. Quanto mais rápido, mais
alto, e vice-versa. Mas isso não resolveu o problema do tensionamento, os estudantes
de piano geralmente tencionam fortemente a mão quando apertam uma tecla
rapidamente. Qual é o problema? Essa explicação não é adequada porque não foi
indicado o modo de garantir que a velocidade está sendo transmitida ao martelo. A
velocidade só é transmitida à tecla pela ponta do dedo, independentemente de onde
vier. Se o corpo é veloz, mas falha em transmitir essa velocidade ao dedo então todo o
esforço foi inútil. É preciso clarificar esse relacionamento de “várias velocidades”
Faça um exercício: pegue um martelo e tem martelar um prego com o punho
relaxado – como na figura abaixo –, e veja o pobre resultado:

Isso ocorre porque a velocidade é gerada na direção errada. Para resolver esse
problema e transferir energia para o prego nós geralmente enrijecemos a mão, e
embora isso traga algum resultado o esforço é enorme, e cansativo. No piano, fazemos
coisa semelhante: enrijecemos a mão para abaixar uma tecla rápido. Para resolver esse
problema de um modo mais seguro e saudável precisamos modificar o direcionamento
da força. Agora nós retomaremos o movimento, mas descrevendo um círculo em volta
do cotovelo; contudo, no contato com a tecla nós elevaremos o punho (ao invés de
deixa-lo cair):

Isso funciona do ponto de vista do prego, pois toda energia é a ele transmitida.
Contudo, do ponto de vista do corpo, ainda há muita tensão, causada, geralmente, por
uma leve parada antes de tocar no ponto de contato, que causa um enrijecimento
abrupto. Para impedir isso se deve mudar o centro do movimento do braço, na partida
para o prego, na hora do contato. O mesmo ocorre no piano, como se pode ver (exceto
que o contato será feito pelo dedo com uma tecla; mas a mudança de direcionamento
do movimento deve continuar):

Isso pode ser feito da seguinte forma, quando o dedo já estiver em contato
com a tecla: “empurrar” a tecla com a ponta do dedo enquanto a junta metacárpica se
eleva, isso acelera a velocidade da ponta do dedo, aumentando o vigor sem enrijecer
nenhum músculo (apenas tenha cuidado para não enrijecer a junta do meio do dedo,
que faria um trabalho contrário ao da junta metacárpica).

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