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TRIBUTÁRIA
autor do original
GEORGE WILTON TOLEDO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial durval corrêa meirelles, jair do canto abreu júnior
andreia marques maciel
Diagramação fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
ISBN 978-85-5548-010-2
Prefácio 7
Legislação Tributária 50
Obrigação Tributária - Principal e Acessóriar 63
Crédito Tributário 71
Extinção do Crédito Tributário 78
Pagamento 78
5. Exclusão do Crédito Tributário
e o Processo Administrativo Fiscal 86
Exclusão do Crédito Tributário 86
Processo Administrativo Fiscal 88
Prefácio
Prezados(a) estudante
7
De igual forma e aproveitando o discurso recorrente sobre a “Ética Empre-
sarial” e “Responsabilidade Social” - uma prática que deve ser estimulado pelos
futuros gestores é o cumprimento da legislação fiscal tributária, apesar dos de-
safios e habilidades que serão cobradas desses profissionais.
Mais uma vez o Direito Tributário poderá ser um forte aliado nesse verda-
deiro desafio!
8
1
Direito Tributário e
Direito Financeiro
1 Direito Tributário e Direito Financeiro
O primeiro capítulo de nosso estudo é dedicado a apresentar o Direito Tri-
butário, assim como analisar as regras constitucionais aplicáveis à atividade
tributária.
OBJETIVOS
A importância de dedicarmos nosso estudo diante do tema proposto neste primeiro capítulo
é exatamente entender que a legislação tributária, ao permitir que o Estado exerça a cobran-
ça de tributos sobre os particulares, paralelamente, estabelece um mecanismo legislativo que
visa limitar o poder de tributar.
Assim, temos que compreender o Direito Tributário como um sistema de regras jurídicas que
é protetivo aos interesses dos particulares, frente à atividade tributária. Esta característica
torna clara quando analisamos os princípios encontrados na Constituição Federal de 1988,
sistematizados em uma seção denominada “das limitações do poder de tributar”.
REFLEXÃO
Por algumas vezes já nos deparamos com uma notícia na imprensa informando que a co-
brança de um determinado tributo tornou-se inválida, pois o Poder Judiciário a declarou
inconstitucional. Diante disso, muitos particulares, principalmente as empresas, recorrem
ao próprio Poder Judiciário para conquistar de volta o dinheiro gasto com o pagamento do
tributo cuja cobrança tornou-se inválida por não estar de acordo com os princípios consti-
tucionais tributários.
10 • capítulo 1
A finalidade social consiste em um
valor em que todos o consideram como
tal, ou seja, um bem comum. Assim, a
sociedade busca a criação de condições
que permitam cada indivíduo e a cada
grupo social, atingir os seus próprios
fins particulares.
A ordem social é o elemento que con-
duz o comportamento humano em sociedade. Ou seja, dotado de livre arbítrio,
o ser humano em sociedade deve ser direcionado, mediante regras, que o dirige
(dirigire = direito) para a preservação do bem comum. As regras de direito é quem
estabelece a ordem social, direcionando o ser humano para que, ao invés de agi-
rem pela sua própria vontade, se comportem em sociedade como previsto no or-
denamento jurídico, a fim de que preserve seus próprios valores sociais.
Por sua vez, poder social é a vontade predominante, para aplicação da or-
dem social a fim de garantir a preservação dos valores sociais (bem comum).
Na história do Estado no mundo ocidental, desde a antiguidade clássica até
a criação do Estado Moderno, o poder social sempre teve como característica
principal a sua natureza imperialista, de modo que a sociedade girava em torno
da predominância da vontade privada de uma pessoa ou poucas pessoas (mo-
nocracia ou oligocracia).
Com o surgimento do Estado Moderno, fica marcado em nossa história o
surgimento de uma nova organização social baseada no interesse e no poder
público. Atualmente, o Estado tem por finalidade maior atingir certos fins que
dizem respeito aos interesses da coletividade, pois predomina a vontade social
no exercício do poder.
Independentemente do regime de governo, o Estado sempre necessitou do
desempenho de uma atividade financeira para o alcance de suas funções, ca-
racterizada pela obtenção de recursos e sua gestão, assim como sua aplicação
em interesse da coletividade.
Apesar da atividade financeira do Estado não ser o seu próprio fim, é o meio
que viabiliza a sua própria existência e o desenvolvimento de suas funções es-
senciais. No desenvolver da história do Estado Moderno, podemos perceber
que o seu papel perante a sociedade ganha novas dimensões e, por consequên-
cia, aumenta também a necessidade por mais recursos financeiros.
capítulo 1 • 11
1.1.1 Orçamento e Despesa Pública
CONCEITO
Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma em valores monetários de todos os bens e
serviços finais produzidos no país, durante um período determinado. O PIB é um dos indica-
dores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica
de uma região.
12 • capítulo 1
Como dito acima, a receita tributária advém de uma atribuição peculiar do
Estado, qual seja, a de cobrar tributos. Vale lembrar que esta prerrogativa, que
vamos denominar de “poder de tributar”, foi democraticamente estabelecido
na Constituição Federal.
CONEXÃO
Leia mais sobre a carga tributária brasileira. Acesse: http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/td_0583.pdf
capítulo 1 • 13
ART. 150, II Isonomia tributária
14 • capítulo 1
CONEXÃO
Para maiores informações com relação à Hermenêutica jurídica, o estudante poderá acessar
o site jus.uol.com.br, onde encontramos vários artigos relacionados ao direito, e em especial,
à interpretação das normas jurídicas.
http://estudantesdedireito.blogspot.com/
capítulo 1 • 15
Deste modo, competência tributária, devidamente tratada na Constituição
Federal, nos revela quem são as pessoas políticas que podem constituir e criar
tributos, que serão exigidos aos contribuintes.
Antecipadamente, devo adverti-los de que a competência tributária não é
absoluta, pois a permissão constitucional dada para criar e cobrar tributos está
vinculada à observação de três limitações:
À União:
16 • capítulo 1
ART. 153, IV, CF Imposto sobre Produto Industrializado
Aos Municípios:
capítulo 1 • 17
virtude de lei. Portanto, é garantia fundamental de todo brasileiro e estrangeiro
residente no país que, somente serão compelidos a fazer algo, se antes houver
uma lei exigindo tal comportamento.
Se o pagamento de um tributo é uma imposição do Estado ao contribuinte
(prestação pecuniária compulsória), por direito fundamental, deve haver uma
lei autorizando o Poder Público a efetuar a referida cobrança.
Porém, o art. 150, I, da Constituição Federal, expressamente vedou que a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, exigissem ou aumentas-
sem tributo sem lei que o estabeleça.
No mesmo inciso, podemos observar duas proibições expressas: é vedado
criar ou aumentar tributo, sem a existência anterior de uma lei autorizadora.
Com relação à criação de tributo, o artigo 97 do Código Tributário Nacional
traz taxativamente os elementos mínimos que devem estar contidos na lei que
institui um tributo. Quais sejam:
• Fato gerador,
• Alíquota,
• Base de cálculo,
• Sujeito passivo e;
• Penalidades.
Somando-se tudo isto, podemos concluir que o tributo, para ter sua existên-
cia juridicamente perfeita, deve haver lei que o institui (princípio da legalidade
tributária), sendo que a lei instituidora deve definir o fato gerador, a alíquota, a
base de cálculo, o sujeito passivo e as penalidades (estrita legalidade).
18 • capítulo 1
Vimos que o aumento de um tributo também deve estar vinculado a uma
lei anterior autorizadora. Cumpre esclarecer que o aumento de um tributo
pode ocorrer de duas formas: pelo aumento da alíquota ou pelo aumento da
base de cálculo. Mas, segundo o CTN (art. 97, § 2º), não é considerado au-
mento de tributo a atualização do valor monetário da base de cálculo, o que
poderá ser feito, evidentemente, por um decreto do Poder Executivo.
Importante salientar que, segundo a própria Constituição Federal, há al-
guns tributos que poderão ter suas alíquotas aumentadas, sem que haja lei,
apenas por força de um ato do Poder Executivo (Decreto Presidencial ou Por-
taria do Ministro da Fazenda), desde que atendidas as condições e os limites
estabelecidos em lei. São eles:
• Imposto sobre impostação (II);
• Imposto sobre a exportação (IE);
• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
• Imposto sobre Operações de crédito, Câmbio e Seguros (IOF);
• CIDE-Combustível; e
• ICMS-Combustível.
capítulo 1 • 19
O princípio da anterioridade nonagesimal (art. 150, II, c), que deve ser apli-
cado conjuntamente com o princípio da anterioridade anual, estabelece que
o tributo criado ou aumentado somente pode ser cobrado após a decorrência
do prazo de noventa dias da publicação da lei que o criou ou aumentou. Este
princípio foi inserido na Carta Constitucional através da Emenda nº 42/2003,
vez que era prática do governo criar ou aumentar tributo nos últimos dias do
exercício e já cobrá-lo nos próximos dias, vez que se encontrava em exercício
posterior ao da publicação da lei.
Assim, pelo princípio da anterioridade nonagesimal, se um municí-
pio resolveu criar uma determinada taxa, cuja lei instituidora foi publi-
cada no Diário Oficial em 21 de dezembro de 2009, a cobrança desta taxa
somente pode ocorrer a partir de 21 de março de 2010, e não a partir de
1º de janeiro de 2010, como era possível antes da edição da Emenda Constitu-
cional nº 42/2003.
Também pelo motivo de preservar a função extrafiscal de alguns tributos, a
Constituição Federal estabeleceu exceções à aplicação dos princípios da ante-
rioridade anual e nonagesimal.
20 • capítulo 1
• Empréstimo compulsório em caso da calamidade pública ou guerra de-
clarada; e
• Fixação da base de cálculo do IPTU e IPVA.
capítulo 1 • 21
catório é aquele produzido por uma carga tributária intensa ao pondo de im-
plicar em comprometimento do patrimônio ou o rendimento do contribuinte.
Gera efeito confiscatório, portanto, a tributação que afete penosamente o
patrimônio e/ou rendimento do contribuinte, limitando o de exercer o direito a
uma existência digna ou a satisfação de suas necessidades vitais.
Atualmente, prevalece no Supremo Tribunal Federal a tese de que o caráter
confiscatório deve ser avaliado pela carga total do sistema tributário e não em
função de cada tributo isoladamente. Pelo que vimos no início desta unidade,
nos últimos anos, a soma de todos os impostos, taxas e contribuições pagos
pelas empresas e cidadãos aos três níveis de governo, representa algo entre 33%
a 35% do Produto Interno Bruto (PIB).
CONCEITO
Supremo Tribunal Federal é a mais alta corte de justiça do Brasil, cuja função principal é
servir como guardião da Constituição Federal. É composto por onze ministros e está sediado
em Brasília-DF.
22 • capítulo 1
ATIVIDADE
Responda às questões a seguir:
REFLEXÃO
Em razão do que estudamos neste capítulo, podemos perceber facilmente que o Direito
Tributário, além de cuidar de regras jurídicas que permitem ao Estado exercer sua atividade
tributária perante os particulares, é também um grande instrumento legal protetor dos inte-
resses patrimoniais dos próprios contribuintes.
Deste modo, a Constituição Federal, ao permitir o poder de tributar à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios, também delineou os limites deste poder de tributar, a
fim de que garanta aos contribuintes a proteção de seu patrimônio.
LEITURA RECOMENDADA
MARTINS, Alan; SCARDOELLI, Dimas Yamada. Resumo de direito tributário. Leme: J. H.
Mizuno, 2008.
capítulo 1 • 23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito financeiro e de direito tributário 9 ed. São Paulo:
Saraiva, 2002.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Sa-
raiva, 2009.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do estado. 28 ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
O próximo capítulo será dedicado ao estudo da teoria geral do direito tributário e sujeitos e
classificação dos tributos, lições importantíssimas para a compreensão do direito tributário.
24 • capítulo 1
2
Teoria Geral do
Direito Tribultário.
Sujeitos e
Classificação dos
Tributos
2 Teoria Geral do Direito Tribultário. Sujeitos
e Classificação dos Tributos
OBJETIVOS
A finalidade deste capítulo é, através do estudo das regras do Código Tributário Nacional,
possibilitar o entendimento da formação da obrigação tributária. Assim, teremos a oportu-
nidade de tratar sobre a obrigação tributária desde o seu nascimento, passando pelo fato
gerador, estabelecimentos dos sujeitos da obrigação tributária e demais noções para o início
do entendimento da regra matriz de incidência tributária.
REFLEXÃO
Você se lembra de ter recebido a cobrança para pagamento do IPVA do seu veículo ou o
IPTU de seu imóvel? Por que será que anualmente temos que pagar tais tributos? Ocorre que
a situação jurídica de sermos proprietário de um veículo ou de um imóvel é o suficiente para
caracterizar o fato gerador para a cobrança do IPVA ou IPTU.
26 • capítulo 2
seja, a descrição legal de um fato ou uma situação jurídica abstrata que, quando
ocorrer no plano concreto, implicará no surgimento da obrigação tributária.
Porém, no mesmo texto legal, atribuiu à expressão “fato gerador” o sentido de
materialização da hipótese de incidência.
Pelo raciocínio do artigo 114 do Código Tributário, podemos concluir que o
surgimento de uma obrigação tributária decorre de dois fatores: 1º) a hipótese
de incidência prevista em lei e; 2º) a existência de um fato que materializa a
situação hipotética prevista legalmente.
Para facilitar o entendimento, podemos representar a relação jurídico-tri-
butária na forma de uma linha do tempo.
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA
FATOR GERADOR
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
CONCEITO
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e
suficiente à sua ocorrência.
capítulo 2 • 27
Vejamos um exemplo sobre hipótese de incidência, utilizando a Lei nº 9.393,
de 19 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto Territorial Rural (ITR):
“Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração anual, tem
como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza,
localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano.”
O fato gerador
O fato gerador, também denominado de “fato imponível”, é a concretização
da hipótese de incidência, representando o momento em que ocorre sua rea-
lização. Importante ressaltar que o fato real precisa possui uma acomodação
perfeita com a descrição hipotética, sob pena do não surgimento da obrigação
tributária, evento denominado de “não incidência tributária”.
Em geral, é considerado ocorrido o fato gerador e, existentes os seus efeitos,
desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessá-
rias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios, tratando-se de
situação de fato. Sendo uma situação jurídica, desde o momento em que esteja
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
Importante ressaltar que a Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de
2001, inseriu no Código Tributário Nacional, comando legal que ficou conhe-
cido por “norma antielisão”. Elisão é ato ou efeito de eliminar e, em matéria
tributária, forma de suprimir a ocorrência do fato gerador com o propósito de
não pagar tributo ou pagar o menor valor possível.
Assim, a LC nº 104/2001 acrescentou o parágrafo único no artigo 116, do
Código Tributário Nacional, o qual estabeleceu que a autoridade administrati-
va poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade
de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elemen-
28 • capítulo 2
tos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem
estabelecidos em lei ordinária.
Pela dicção do artigo 116, do Código Tributário Nacional, as autoridades ad-
ministrativas poderão anular atos ou negócios jurídicos dissimulados que tive-
ram o propósito específico impedir a configuração do fato gerador de um tributo.
CONEXÃO
Leia mais sobre a relação jurídico-tributária. Acesse: http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/
Revistas/Revista06/Docente/02.pdf
capítulo 2 • 29
2.1.1.2 O sujeito passivo da relação tributária
Para o artigo 121 do Código Tributário Nacional, sujeito passivo da obrigação prin-
cipal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Por-
tanto, refere-se ao polo passivo, ou seja, o lado do devedor da relação tributária.
CONEXÃO
Leia mais sobre fato gerador. Acesse: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6128
30 • capítulo 2
Código Tributário Nacional diz que, salvo disposições de lei em contrário, as
convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tribu-
tos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal
do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.
Deste modo, a título de exemplificação, como é comum em contratos de
locação, embora haja cláusula expressa que o pagamento do IPTU do imóvel
locado ficará a cargo do locatário, tal convenção não modifica o polo passivo da
relação tributária, pois o locador, como proprietário, permanecerá na condição
de contribuinte.
2.2.1 Os tributos
O termo tributo, no senso comum, é confundido com outros termos, tais como
impostos e taxas. Importante esclarecer que tributo é o gênero, enquanto im-
postos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contri-
buições são as espécies tributárias. Assim, quando utilizarmos o termo “tribu-
to”, estamos abrangendo todas as espécies tributárias, as quais serão estudadas
cuidadosamente na próxima unidade.
O Código Tributário Nacional, em seu artigo 3º, cuidou de trazer uma defini-
ção legal do que venha a ser tributo. Segundo a legislação, tributo é toda prestação
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade ad-
ministrativa plenamente vinculada.
Estamos diante de um concei-
to amplo, o qual merece destaque,
estudando as partes que o compõe,
a fim de que seja plenamente com-
preensível a sua lógica. Portanto, o
primeiro ponto a ser destacado é o
fato de o tributo ser uma “prestação
pecuniária compulsória”.
A palavra prestação, no mundo jurídico, remete-nos automaticamente a
outro termo que é “obrigação”. Gomes (1999), destaca que a obrigação é fruto
de um vínculo jurídico entre duas partes, em virtude da qual uma delas fica
capítulo 2 • 31
adstrita a satisfazer uma prestação patrimonial de interesse a outra, que pode
exigi-la, se não for cumprida espontaneamente, mediante agressão ao patrimô-
nio do devedor.
Nesta linha de entendimento, podemos entender que o tributo (prestação pa-
trimonial) é fruto de uma relação obrigacional entre os cidadãos (contribuintes)
e o Estado (Fisco). O termo “pecuniário” encontrado no artigo 3º tem o significa-
do de meio circulante (moeda). Assim, entendemos que tributo é uma espécie de
prestação que se paga pelo emprego de dinheiro.
O Código Tributário Nacional (CTN), ao tratar do tributo como uma presta-
ção pecuniária, utiliza da expressão “compulsória” e ainda que “não constitua
sanção de ato ilícito”.
Em linhas gerais, as obrigações decorrem da expressão das vontades (obri-
gações volitivas), como é o caso de uma pessoa que toma emprestado dinheiro
de outra, criando a obrigação de devolver a quantia tomada nas condições esta-
belecidas no contrato. Há também, obrigações que surgem independentemen-
te da vontade (obrigações não volitivas), mas por imposição legal na forma de
uma sanção de ato ilícito, como é o caso de uma pessoa que causa certo dano a
outrem, em virtude de uma ilicitude, cabendo neste caso uma indenização para
reparação de danos.
Os tributos, também como uma modalidade de obrigação, não decorrem
da vontade do contribuinte; por isso o artigo 3º do Código Tributário Nacional
é explícito em dizer que possui natureza compulsória. Porém, também não é
uma punição (sanção) pela prática de um ato ilícito, vez que não se paga tributo
pelo ato de ter praticado algo contrário à lei.
Assim, o tributo é de natureza compulsória, sendo que o seu pagamento
independe da vontade do contribuinte, mas por imposição legal, além de não
ser de natureza punitiva, pois sua obrigatoriedade não está ligada a prática de
qualquer delito. Já estudamos que a obrigação tributária existe a partir de um
evento jurídico denominado “fato gerador”.
Destacamos ainda que, segundo o artigo 3º do Código Tributário Nacional ,
o tributo é uma obrigação expressa em moeda, sendo que estamos nos referin-
do à moeda em sua função de unidade padrão de medida de valor. Para tanto,
também veremos que se faz necessário o ato administrativo denominado lan-
çamento para que a obrigação tributária se converta em um crédito tributário.
Outro ponto crucial é o fato do artigo 3º do Código Tributário Nacional afir-
mar que o tributo é instituído por lei.
32 • capítulo 2
Por fim, o Código Tributário Nacional, ao tratar da definição de tributo, es-
tabelece que a cobrança deste esteja vinculada a uma atividade administrativa
estatal (administração tributária), a qual exerce sua atividade fiscal de acordo
com o que a lei tributária permite, sob pena de ser considerado abuso ou desvio
de poder.
Deste modo, podemos destacar as seguintes características dos tributos, con-
forme a análise do teor do artigo 3º do Código Tributário Nacional:
• compulsoriedade: o pagamento do tributo é exigência legal que indepen-
de da vontade do contribuinte
• mensuarabilidade econômica: por ser pago em dinheiro, a prestação tributá-
ria deve ser expressa em moeda corrente nacional.
• caráter não punitivo: embora o pagamento do tributo seja uma imposi-
ção da lei, não se trata de uma punição pela prática de uma atitude ilícita.
• legalidade: a criação do tributo deve estar previsto em lei.
• não discricionariedade na cobrança: a administração tributária deve exer-
cer o poder de tributar conforme as determinações legais, sob pena de
ser considerado abuso ou desvio de poder
2.2.3 Os impostos
capítulo 2 • 33
A existência do imposto não está vinculada a uma atividade estatal, mas em
um comportamento ou situação vinculada ao próprio contribuinte. Por exem-
plo, paga-se IPTU não pelo fato do município ter prestado algum serviço em
favor de um munícipe, mas, simplesmente, por este ser proprietário de um
imóvel urbano (fato gerador).
O fato gerador do imposto é uma situação (por exemplo, aquisição de renda, prestação de
serviços etc), que não supõe nem se conecta com nenhuma atividade do Estado especi-
ficamente dirigida ao contribuinte. Ou seja, para exigir imposto de certo indivíduo, não é
preciso que o Estado lhe preste algo determinado. A atuação do Estado dirigida a prover
o bem comum beneficia o contribuinte, mas este frui das utilidades que o Estado fornece
porque é membro da comunidade e não por ser contribuinte (AMARO, 2010, p. 30).
Não é correta, pois, a assertiva de que o IPVA (imposto sobre propriedade de veículos
automotores) seria o imposto das estradas, até porque, como explicado, a vinculação do
produto de sua arrecadação à construção de vias públicas e rodovias é constitucional-
mente vedada (MARTINS e SCARDOELLI, 2008, p. 39)
34 • capítulo 2
À União:
capítulo 2 • 35
Aos Municípios:
Art. 156, II, CF Imposto sobre transmissão de bens imóveis, por ato “inter vivos”
36 • capítulo 2
impostos fiscais e extrafiscais, impostos progressivos, proporcionais e seletivos.
Os impostos fiscais são aqueles cuja função, para o Estado, é estritamente arre-
cadatória, como são o IR, ITBI, ITCMD, ISS, dentro outros. Os impostos extra-
fiscais, além de prover o Estado com recursos financeiros, possuem também a
aptidão de reguladores de mercado ou da economia, como são o II, IE, IPI IOF,
dentro outros.
capítulo 2 • 37
BASE DE CÁLCULO (R$) ALÍQUOTA (%)
até 1.499,15 0
Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70
Diz ser proporcional, o imposto que possui uma alíquota fixa, com uma
base de cálculo variável, de modo que o desembolso do contribuinte é propor-
cional à grandeza da expressão econômica do fato tributado.
Por fim, é considerado seletivo, aquele imposto cuja alíquota é definida
conforme a essencialidade do fato tributado, como podemos observar as di-
38 • capítulo 2
versas alíquotas para a apuração do IPI, cujo fator de variação é justamente a
essencialidade do consumo do produto industrializado.
2.2.8 As taxas
O fato gerador da taxa não é um fato do contribuinte, mas um fato do Estado. O Estado
exerce determinada atividade e, por isso, cobra a taxa da pessoa a quem aproveita
aquela atividade (AMARO, 2010, p. 31)
Pelo teor do artigo 77 do Código Tributário Nacional, o fato gerador para en-
sejar a cobrança de taxa está relacionado ao exercício regular de polícia (artigo
78) ou a uma atividade de prestação de serviço público prestada pelo Estado ao
contribuinte (artigo 79). Importante analisarmos cada modalidade.
capítulo 2 • 39
A taxa de polícia, também conhecida como taxa de fiscalização, tem por fato
gerador um ato de polícia, realizado pelos mais diversos órgãos de fiscalização
da Administração Pública. Amaro (2010) ensina que a taxa de polícia é cobrada
em razão da atividade do Estado, que verifica o cumprimento das exigências
legais pertinentes e concede licença, autorização, alvará e etc.
Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenha-
do pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do pro-
cesso legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem
abuso ou desvio de poder (art. 78, § único, CTN).
Sabbag (2009) nos fornece alguns exemplos de atividades fiscalizatórias que
permitem a cobrança de taxa de polícia:
• Taxa de alvará (ou de funcionamento);
• Taxa de fiscalização de anúncio;
• Taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários pela
CVM;
• Taxa de controle e fiscalização ambiental;
• Taxa de fiscalização dos serviços de cartórios extrajudiciais.
ATENÇÃO
A diferença entre taxa e imposto está na existência ou não de uma prestação ao contribuinte.
40 • capítulo 2
Sabbag (2009) ensina que utilização efetiva implica em um serviço concreta-
mente prestado, com fruição fática e materialmente detectável e, potencialmen-
te, quando um serviço é de utilização obrigatória e é colocado à disposição do
usuário-contribuinte, sem a correspondente utilização.
Por sua vez, conforme disposto no art. 79, II e III do CTN, são específicos os
serviços públicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de
intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas e, divisíveis, quando sus-
cetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
Assim, entendemos serem específicos os serviços públicos em que é possí-
vel identificar o seu usuário e, divisível, aquele passível de ser quantificável. No-
gueira (1995), diz que serviço divisível, necessário para a instituição da taxa, é o
suscetível de utilização individual pelo contribuinte, e específico é o destacável
em unidade autônoma.
A taxa não se confunde com a tarifa ou preço público. A tarifa é a remunera-
ção pela utilização facultativa e contratada de serviços, bens públicos ou aquisi-
ção de mercadorias. Martins e Scardoelli (2008), diz que tarifa constitui receita
originária do Estado, obtida da exploração do patrimônio público. São exem-
plos de preços públicos os cobrados dos usuários pelo serviço de transporte ur-
bano ou mesmo a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público.
capítulo 2 • 41
valorização patrimonial imobiliária; é preciso haver direta relação entre a obra
e a valorização.
A lei que institui a contribuição de melhoria deverá publicar previamente do
memorial descritivo do projeto; do orçamento do custo da obra, da determina-
ção da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição, da delimi-
tação da zona beneficiada, da determinação do fator de absorção do benefício
da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela
contidas, da fixação de prazo não inferior a trinta dias, para impugnação pelos
interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior, assim
como da regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamen-
to da impugnação, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parce-
la do custo da obra, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos
respectivos fatores individuais de valorização. Por ocasião do respectivo lança-
mento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição,
da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o res-
pectivo cálculo.
CONCEITO
Empréstimo é negócio no qual uma pessoa utiliza algo que não é seu, com a promessa de
devolução futura.
42 • capítulo 2
Assim, empréstimo compulsório é uma espécie de tributo de competência
exclusiva da União, que é caracterizado por um empréstimo forçado feio pelo
contribuinte, com o compromisso de restituição por parte do Poder Público.
A lei que institui o empréstimo compulsório deve prever o retorno patrimo-
nial ao contribuinte da quantia tomada em empréstimo, em dinheiro e com
todos os acréscimos necessários para recompor o valor original, sob pena de
ser considerado confiscatório.
São duas as hipóteses de sua instituição: (i) despesas extraordinárias decor-
rentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência; (ii) investimen-
to público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
Com relação à primeira hipótese, entende-se por despesa extraordinária
a utilização de recurso para fazer face a uma situação de anormalidade, não
previsível, caracterizada pelo esgotamento dos fundos disponíveis em cofres da
União, inclusive os fundos públicos de contingência.
Sabbag (2009) afirma que, mesmo diante de uma catástrofe em dado muni-
cípio ou estado-membro, o tributo continua sendo federal, não havendo a ne-
cessidade de que o cataclismo tenha proporções territoriais gigantescas, a fim
de justificar a competência da União.
Quando a cobrança do empréstimo compulsório advier de despesas extra-
ordinárias decorrente de guerra externa, a situação fática autorizadora deve
ser um conflito armado internacional, cuja iniciativa ocorreu por parte de
nação estrangeira, independentemente de uma declaração formal de guerra.
Por derradeiro, importante frisar que a criação de empréstimo compulsório
em virtude de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
nacional, deve observar o princípio constitucional da anterioridade.
2.2.13 Contribuições
capítulo 2 • 43
Portanto, a contribuição é tributo devido a entidades paraestatais, em razão
de atividades especiais por elas desempenhadas. Nogueira (1995) afirma que as
contribuições são cobradas por autarquias, órgãos paraestatais de controle da
economia, profissionais ou sociais, para custear seu financiamento autônomo.
Interessante observar que a exigência do pagamento das contribuições está
desvinculada de qualquer atividade estatal correspectiva. No entanto, diferente-
mente dos impostos, possui natureza finalística, ou seja, sua existência depende
de uma destinação específica do montante arrecadado. Para Sabbag (2009), o que
caracteriza as contribuições é que o produto de suas arrecadações deve ser desti-
nado para financiar atividades de interesse público, beneficiando certo grupo, e
direta ou indiretamente, o contribuinte.
O artigo 149 da Constituição Federal contempla três espécies de contribui-
ção, quais sejam, contribuições de interesse das categorias profissionais, contri-
buições de intervenção no domínio econômico e contribuições sociais.
CONCEITO
O termo parafiscal envolve toda entidade autônoma, investida de competência para o desem-
penho de uma função de interesse público, como são os sindicatos e órgãos controladores
e fiscalizadores das profissões.
44 • capítulo 2
CONEXÃO
Leia mais sobre as contribuições sociais. Acesse: http://www.eclac.org/publicaciones/
xml/6/24456/LCBRSR158ContribuicoesSociaisErika.pdf
capítulo 2 • 45
• Contribuições Sociais Gerais:
–– Contribuição ao Salário-educação (art. 212, § 5º, CF)
–– Contribuições ao Sistema S (art. 240, CF)
• Contribuições de Seguridade Social:
–– 1ª Fonte de custeio: importador (art. 195, IV, CF)
–– 2ª Fonte de custeio: receita de loterias (art. 195, III, CF)
–– 3ª Fonte de custeio: trabalhador (art. 195, II, CF)
–– 4ª Fonte de custeio: empregador e empresas (art. 195, I, CF)
▪▪ Contribuição social patronal sobre a folha de pagamento
▪▪ Contribuição ao PIS/PASEP
▪▪ Contribuição sobre o Lucro Líquido-CSLL
▪▪ Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
• Outras Contribuições Sociais:
–– Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)
–– Contribuição para o Serviço de Iluminação Pública (COSIP)
CONEXÃO
Leia mais sobre as espécies tributárias. Acesse: http://www.tvjustica.jus.br/documentos/Curso
%20de%20Direito%20Tributario%20-%20Especies%20Tributarias%20-%20Patricia.pdf
ATIVIDADE
Responda às questões a seguir:
1. Em 1999, Caio vendeu a Tício imóvel em relação ao qual pesava débito de Imposto
Predial e Territorial Urbano - IPTU, referente ao exercício de 1998. Em seguida, Tício
recebeu a notificação de cobrança do tributo e recusou-se a pagá-lo, argumentando
que na data de ocorrência do fato gerador o proprietário do imóvel era Caio. Além disso,
Caio assumiu contratualmente, perante Tício, a obrigação de pagar o IPTU vencido. O
procedimento fiscal está:
e) errado, pois o tributo só pode ser exigido de Caio, proprietário do imóvel no exercício
de 1998.
f) errado, pois Caio ainda consta como proprietário no cadastro imobiliário da Prefeitura
Municipal.
46 • capítulo 2
g) correto, pois o débito tributário relativo ao IPTU sub-roga-se na pessoa do adquirente
do imóvel, isto é, Tício.
h) errado, pois de acordo com o contrato celebrado entre Tício e Caio, o IPTU deve ser
pago por este.
2. O sujeito passivo da obrigação principal que tenha relação pessoal e direta com a situa-
ção que caracteriza o fato gerador é denominado de:
a) cidadão.
b) responsável.
c) sujeito passivo derivado.
d) comissário.
e) contribuinte.
capítulo 2 • 47
3
Legislação Tributária
e a Obrigação
Tributária
3 Legislação Tributária e a Obrigação
Tributária
OBJETIVOS
Proporcionar ao acadêmico o conhecimento dos institutos e instrumentos que proporcionam
a interpretação da norma jurídica tributária (que não tolera a prática de excessos ou de
abusos no seu emprego, como por exemplo: exigir obrigação tributária não prevista em lei, ou
então, dispensar o pagamento do tributo quando não há permissivo legal para tanto, e en-
tender melhor a obrigação tributária - que não se resume apenas ao pagamento de tributos.
REFLEXÃO
De notícias questionando a legitimidade e legalidade de determinada decisão por parte das
autoridades fazendárias ao impor ao contribuinte a obrigação de pagar tributos cuja consti-
tucionalidade fosse questionável. Essa temática guarda estreita relação com as formas de
integração das normas jurídicas tributárias.
50 • capítulo 3
Segundo as disposições contidas no artigo 96 do Código Tributário Na-
cional, o conteúdo expresso no termo “legislação tributária”, abrange as leis,
os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas comple-
mentares, sendo, portanto, referido artigo visto pela maioria dos juristas como
indicador das fontes do direito tributário dividindo-as em fontes primárias e
secundárias. As fontes primárias tem por missão a criação da obrigação tribu-
tária propriamente dita, sendo que as fontes secundárias tem por utilidade a
interpretação e aplicação das fontes primárias (SILVA e PEREIRA, 2009).
A doutrina reconhece como fontes primárias do direito tributário:
• as Emendas Constitucionais
• Leis Complementares;
• Leis Ordinárias;
• Leis Delegadas;
• Medidas Provisórias;
• Decretos Legislativos
• Resoluções do Senado Federal.
As fontes secundárias seriam os
• Decretos;
• Normas Complementares (atos normativos, decisões administrativas,
usos e costumes da Administração, convênios celebrados entre União,
Estados, Distrito Federal e Municípios).
O artigo 97 do Código Tributário Nacional descreve o que cabe apenas a Lei
em sentido formal disciplinar em matéria tributária, como por exemplo o au-
mento, redução, instituição e extinção de qualquer tributo:
capítulo 3 • 51
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dis-
pensa ou redução de penalidades.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que
importe em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
CONEXÃO
Para saber sobre as fontes primárias e secundárias você aluno poderá consultar o site http://
www4.planalto.gov.br/legislacao, lá estão contidas as espécies citadas nesta temática.
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções inter-
nacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a
lei atribua eficácia normativa;
52 • capítulo 3
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios.
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de
penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base
de cálculo do tributo.
Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas dis-
posições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste
Capítulo.
Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora,
no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterri-
torialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de
normas gerais expedidas pela União.
Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua pu-
blicação;
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normati-
vos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação;
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista.
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra
a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a
renda:
I - que instituem ou majoram tais impostos;
II - que definem novas hipóteses de incidência;
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favo-
rável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
capítulo 3 • 53
3.1.1 Integração das Normas Jurídicas
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uma vez estabelecidas, sejam seguidas, sem
sustos para os cidadãos em suas relações.
http://unieducar.org.br/buscageral.asp?co-
d=800&palavra=Direito
54 • capítulo 3
CONCEITO
Em que consiste a Teoria Tridimensional do Direito?
Segundo esta teoria, tem o Direito três dimensões: (a) os fatos que ocorrem na sociedade;
b) a valoração que se dá a essae fatos; (c) a norma, que pretende regular as condutas das
pessoas, de acordo com os fatos e valores. O resultado dos fatos que ocorrem na sociedade
é valorado, resultando em normas jurídicas. Há, portanto, uma interação entre fatos, valores
e normas, que se complementam. O Direito é uma ordem de fatos integrada numa ordem de
valores. Da integração de um fato em um valor surge a norma (MARTINS, 2008).
CONCEITO
O que significa Direito Tributário?
A doutrina jurídica tributária é rica nos conceitos de tributo, contudo, cabe aqui trazermos
a definição da lei, regulamentada no art. 3º do Código Tributário Nacional, senão vejamos:
“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa ex-
primir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada”.
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:S8w6RENAE78J:pt.wikipedia.
org/wiki/Tributo+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
capítulo 3 • 55
Note-se ainda, que tributo é o gênero dos quais são espécies os impostos, as
taxas, as contribuições de melhoria. Há autores nacionais que entendem que
os empréstimos compulsórios e as contribuições de melhorias embora inte-
grantes da categoria taxas e impostos, também se enquadram como espécies
do gênero tributo, cujas temáticas serão tratadas em capítulos separados.
Entretanto, impossível estudar o Direito Tributário sem ao menos buscar
as noções básicas sobre o Direito Constitucional a fim de se estabelecer o seu
liame com o Direito Tributário.
O direito constitucional pode ser compreendido como um ramo do direito público que
estuda as regras estruturais do Estado, relativas à organização político-estatal, defi-
nindo o regime político, a forma de Estado e delimitando a relação do Estado e o povo
por meio do reconhecimento de garantias e direitos fundamentais.
Vale lembrar, o direito constitucional é a esfera da ordenação estatal que se relaciona
intimamente com os demais ramos do direito, coordenando-os e traçando sua base
estrutural. Da mesma forma, o direito constitucional é considerado o marco inicial de
todo direito do Estado.
Já a expressão Constituição possui vários sentidos. Assim, em sentido lógico-jurídico,
a Constituição é a norma hipotética fundamental. Essa concepção jurídica positiva é
o conjunto de normas que regulam a criação de outras normas, ou seja, é a lei em seu
mais alto grau. (KELSEN, 1962)
CONCEITO
O que significa constituição?
Chama-se Constituição o complexo de regras que determinam a estrutura e o funcionamen-
to dos poderes públicos e asseguram a liberdade dos cidadãos. É a lei fundamental de um
país, anterior e posterior a todas as outras: fixa as relações recíprocas entre governantes e
governados e não pode ser modificada senão pelos meios excepcionais indicados no próprio
texto ou por uma revolução triunfante (PINHO e NASCIMENTO, 2004).
56 • capítulo 3
A terceira foi a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de julho
de 1934. A quarta foi a Norma Magna editada por ocasião do golpe de Getúlio Vargas
e a instituição do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, denominada Constituição
dos Estados Unidos do Brasil. (MARTNS, 2008).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o
A quinta foi a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de janeiro e 1967. Foi
editada por ocasião do regime militar e do golpe militar de 1964. A Emenda Constitu-
cional n. 1, de 17 de outubro de 1969, não é exatamente uma Constituição, mas uma
emenda constitucional. Na prática, acaba sendo uma Constituição, pois alterou toda
a Constituição de 1967. A última é a Constituição da República Federativa do Brasil,
de 5 de outubro de 1988. Foi inspirada, em parte, nas Constituições portuguesa e
italiana e no que havia de mais moderno na época.
(MARTINS, 2008).
CONEXÃO
Para maiores informações com relação à Constituição Federal, o estudante poderá acessar
o site www.stf.jus.br, onde encontramos todas as normas existentes na Constituição Federal
e nas Constituições dos Estados.
capítulo 3 • 57
O Estado é o principal objeto do direito constitucional. A noção jurídica de Es-
tado apoia-se em quatro elementos básicos: território, povo, governo e soberania.
A relação tributária tem seus marcos estruturais regulados pela Constituição,
que ao mesmo tempo outorga ao Estado o direito de instituir e arrecadar tribu-
tos (veja o art. 145 da Constituição), assim como limita este direito (no art. 150,
por exemplo) e cerca o contribuinte de garantias contra os excessos tributários,
infelizmente tão comuns, que também receberão atenção em capítulo próprio:
58 • capítulo 3
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos inte-
restaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público;
VI - instituir impostos sobre
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musi-
cais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artis-
tas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham,
salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153,
I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos
arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos
previstos nos arts. 155, III, e 156, I.
§ 2º - A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º - As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patri-
mônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas
regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contra-
prestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente
comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das enti-
dades nelas mencionadas.
§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca
dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
capítulo 3 • 59
§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá
ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclu-
sivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição,
sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.
§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de res-
ponsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer
posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso
não se realize o fato gerador presumido.
www.diariodocentrodomundo.com.br
impossível que o legisla-
dor preveja, por mais cau-
teloso que ele seja, todos
os fatos e acontecimentos
da vida real que devem me-
recer proteção do Direito.
É possível que ao tentar
solucionar determinado caso, o juiz não encontre no ordenamento jurídico lei
específica que possibilite por fim ao conflito. Neste caso, deverá o magistrado
se valer dos meios de integração da norma jurídica, quais sejam: a analogia, a
equidade e os princípios gerais do direito.
60 • capítulo 3
3.1.2 Analogia
Analogia consiste na utilização de uma norma para resolver um caso semelhante àquele
para o qual foi especificamente criada.
A Analogia não é um meio de interpretação da norma jurídica, mas de preencher as
lacunas deixadas pelo legislador. Consiste na utilização de uma regra semelhante para
o caso em exame (MARTINS, 2008).
3.1.3 Equidade
É um poder de que dispõe o juiz para decidir o caso concreto dentro dos mais elevados
princípios jurídicos e morais, ditando às vezes decisões que sejam contrárias a todo o
Direito formalmente constituído, mas intrinsecamente justas e recomendadas pelo sen-
so comum. Aristóteles observa o fato de que as normas jurídicas são necessariamente
gerais e as circunstâncias de cada caso são particulares; mostra que a possibilidade de
estabelecer previamente normas adequadas a todas as futuras variações e hipóteses
da prática excede a capacidade de inteligência humana. Em consequência, a rígida
aplicação fria do texto legal poderá em determinado caso conduzir a uma situação que
não é a desejada. Quando isto ocorrer, o magistrado deverá exercitar o poder de decidir
pela equidade, se a lei positiva o autorizar a fazer uso desse processo de integração
(PINHO, NASCIMENTO, 2004). http://ameliaguimaraess.blogspot.com/2011/04/te-
oria-do-fato-juridico-no-plano-da.html
capítulo 3 • 61
3.1.4 Princípios Gerais do Direito
Por outro lado, os artigos 107, 109, 110, 111 e 112 do Código Tributário Na-
cional oferecem verdadeiro balizamento ao conduzir as formas de interpreta-
ção da norma tributária, informando, por exemplo, que os princípios de direito
privado não se prestam para definir a extensão dos efeitos tributários.
De igual forma, a norma tributária não pode alterar a forma dos institutos
de direito privado. No que se refere a exclusão, suspensão, outorga de isenção
a interpretação deverá ser literal.
Enfim, são vetores que deverão ser seguidos ao se buscar a integração da
norma jurídica. Veja-se os citados artigos:
62 • capítulo 3
Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo.
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição,
do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para defini-
ção dos respectivos efeitos tributários.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de ins-
titutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente,
pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas
do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se
da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos
seus efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
capítulo 3 • 63
Já a obrigação tributária acessória, nos termos dos parágrafos 2º e 3º , tem
por objetivo as prestações positivas e negativas conforme determina a adminis-
tração tributária visando os melhores interesses na arrecadação e fiscalização
dos tributos. Ex: obrigação de manter e conservar os livros fiscais, conforme
determina a respectiva Lei, etc...
É a conclusão da leitura do artigo 113 do CTN:
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as presta-
ções, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscali-
zação dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em
obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
Referências legislativas:
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL
CAPÍTULO II
Fato Gerador
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como neces-
sária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que,na forma da le-
gislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação
principal.
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e
existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe
são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente
constituída, nos termos de direito aplicável.
64 • capítulo 3
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios
jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do
tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados
os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em
contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração
do negócio.
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsá-
veis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
ATIVIDADE
1. Qual é a diferença entre obrigação principal e acessória no Direito Tributário?
REFLEXÃO
O presente capítulo trouxe a discussão uma realidade reconhecida pelo Direito enquanto ci-
ência. Impossível ao legislador prever todas as hipóteses que a legislação deverá disciplinar,
pois sabemos que a sociedade vive e convive com suas constantes mutações e como dizia
o poeta: “os ventos de renovações são constantes”. Frente a esta realidade para o Direito
e também para o Direito Tributário a própria ciência oferece mecanismos para superar a
problemática.
Em meio a isso têm-se a necessidade de realizar a interpretação da norma jurídica, po-
rém, de forma SISTÊMICA e sem conflitar com os demais ramos do Direito, principalmente, a
Constituição Federal - que é o marco legislativo para qualquer Estado Democrático de Direito.
capítulo 3 • 65
É possível que ao tentar solucionar determinado caso, o juiz não encontre no ordena-
mento jurídico lei específica que possibilite por fim ao conflito. Neste caso, deverá o magis-
trado se valer dos meios de integração da norma jurídica, quais sejam: a analogia, a equidade
e os princípios gerais do direito.
Vimos também que a obrigação tributária recebe uma classificação como sendo obriga-
ção tributária principal e acessória, porém, a principal reflexão que se faz é que, somente a
obrigação tributária principal é quem tem a prerrogativa de impor o pagamento de tributos.
LEITURA RECOMENDADA
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito financeiro e de direito tributário. 9 ed. São
Paulo: Saraiva, 2002.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 2. ed. Coimbra: Armênio Amado, 1962,v.I;
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de direito tributário. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
66 • capítulo 3
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva,2009.
SILVA, Davi Marques da; Pereira, João Luis da Silva. Coleção Tópicos – Direito Tributá-
rio. Edit. Lumenjuris, 2009.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito. 2 Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo iremos tratar sobre crédito tributário e de sua extinção e suspensão.
capítulo 3 • 67
4
Crédito Tributário,
Suspensão e
Extinção
4 Crédito Tributário, Suspensão e Extinção
Segundo o Código Tributário Nacional, o crédito tributário representa o direi-
to de crédito da Fazenda Pública, já devidamente apurado por processo admi-
nistrativo denominado lançamento e, portanto, dotado de certeza, liquidez e
exigibilidade.
O crédito tributário decorre do próprio fato gerador, que originou a relação
obrigacional tributuária. Assim, para que o Estado possa exigir o crédito tri-
butário, é necessário que ocorra o fato gerador, e que o Estado individualize e
quantifique o valor a ser pago, com o lançamento.
Após a constituição do crédito tributário, o curso normal da relação tributária
é a sua extinção com o pagamento do tributo. Entretanto, neste ínterim, o cré-
dito tributário poderá ser suspenso pelos motivos que trataremos neste capí-
tulo. Também, teremos conhecimento que não é apenas pelo pagamento que
a obrigação tributária se extingue, pois o Código Tributário Nacional previu
outras formas de extinção.
OBJETIVOS
Este capítulo tem por objetivo evidenciar ao aluno a importância do lançamento tributário.
Por outro lado, esta unidade também tem por objetivo trazer noções básicas a respeito da sus-
pensão e formas de extinção do crédito tributário.
REFLEXÃO
Você se lembra de alguém ter sido notificado pela Secretaria da Receita Federal sobre a
existência de crédito tributário e de sua inscrição na dívida ativa? Certamente, você já se
deparou com o tema. Nesta unidade teremos uma noção geral deste assunto e outros que
permitirão uma análise completa sobre a obrigação tributária.
70 • capítulo 4
4.1 Crédito Tributário
O crédito tributário pode ser definido como sendo a obrigação tributária lança-
da, ou seja, tornada liquida e certa por meio do lançamento.
Para facilitar o entendimento, vamos lançar mão novamente da linha do
tempo representativa da relação jurídico-tributária.
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA
FATOR GERADOR
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
4.1.1.1 O lançamento
O artigo 142 do Código Tributário Nacional nos orienta no sentido de que com-
pete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário
pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a
verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar
a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito
passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
capítulo 4 • 71
Na definição legal de lançamento tributário que consta no artigo 142 do Código
Tributário Nacional, ficou estabelecido que é competência privativa da autoridade
administrativa, por meio do qual se constitui o crédito tributário, afirmando ainda
ser o lançamento um procedimento administrativo que visa verificar a ocorrência
do fato gerador da obrigação, além de “determinar a matéria tributável, calcular o
montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a
aplicação da penalidade aplicável.”
Com consequência, o lançamento é o instrumento que confere a exigibili-
dade à obrigação tributária. Por uma interpretação sistemática, podemos afir-
mar que o Código Tributário Nacional disciplinou três espécies de lançamento:
lançamento de ofício, lançamento por declaração ou misto e lançamento por
homologação.
72 • capítulo 4
• quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declara-
ção nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma
da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela au-
toridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfato-
riamente, a juízo daquela autoridade;
• quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por oca-
sião do lançamento anterior;
capítulo 4 • 73
4.1.1.4 O lançamento por homologação
O lançamento por homologação é aquela modalidade de lançamento cujo su-
jeito passivo possui o dever legal de antecipar o pagamento sem prévio exame
da autoridade administrativa. Por esta característica, também é denominado
de autolançamento.
Esta espécie de lançamento é a mais comum para apuração de tributos, tais
como, IPI, ICMS, IR, ITR, PIS e COFINS, dentro outros.
O artigo 150 do Código Tributário Nacional diz que o lançamento por homolo-
gação ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever
de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, ope-
rando-se o lançamento pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhe-
cimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
Nos moldes do artigo 150 do Código Tributário Nacional, a partir do pagamen-
to antecipado do tributo pelo sujeito passivo, caberá ao Fisco proceder à confe-
rência da exatidão do volume recolhido, homologando o procedimento adotado.
Importante frisar que a autoridade fiscal, ao conferir o procedimento adota-
do pelo sujeito passivo e o valor pago, se concorda, homologa o lançamento; po-
rém, caso não esteja de acordo, iniciará procedimento fiscalizatório que poderá
culminar no lançamento de ofício, do valor que a autoridade fiscal entender ser
realmente cabível.
Se a lei não fixar prazo para a homologação, será ele de cinco anos, a contar
da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se
tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
Pelo que se depreende do estudo que até agora realizamos nesta unidade, o crédi-
to tributário regularmente constituído é liquido, certo e exigível, podendo ser co-
brado pela Fazenda Pública, inclusive, pela via judicial da ação de execução fiscal.
No entanto, há seis hipóteses previstas no artigo 151 do Código Tributário
Nacional que, existindo, suspendem a exigibilidade do crédito tributário, ou
seja, não pode ser imediatamente executado pelo Fisco enquanto perdurarem
os efeitos de tais situações.
74 • capítulo 4
Segundo o artigo 151 do Código Tributário Nacional, Suspendem a exigibi-
lidade do crédito tributário:
• a moratória;
• o depósito do seu montante integral;
• as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do proces-
so tributário administrativo;
• a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
• a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espé-
cies de ação judicial;
• o parcelamento.
4.1.2.1 A moratória
A moratória é a prorrogação do prazo para pagamento do tributo devido, conce-
dida pelo ente tributante por meio de lei. Assim, uma vez dilatado o prazo para
pagamento do tributo, não pode o sujeito passivo exigir o seu pagamento.
Por regra, a moratória somente abrange os créditos definitivamente consti-
tuídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha
sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo.
Segundo o artigo 152 do Código Tributário Nacional, a moratória somente
pode ser concedida em caráter geral ou em caráter individual.
Em caráter geral, será concedida pela pessoa jurídica de direito público
competente para instituir o tributo a que se refira a moratória ou, pela União,
quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Mu-
nicípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de compe-
tência federal e às obrigações de direito privado.
Em caráter individual, a moratória será concedida por despacho da autorida-
de administrativa, desde que autorizada por lei instituída pela unidade federativa
competente para instituir o tributo a que se refira a moratória.
A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em
caráter individual especificará, o prazo de duração do favor, as condições da con-
cessão do favor em caráter individual e, sendo caso, os tributos a que se aplica, o
número de prestações e seus vencimentos, e as garantias que devem ser fornecidas
pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual.
A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua apli-
cabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito pú-
blico que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos.
capítulo 4 • 75
4.1.2.2 O depósito integral do valor do tributo
O depósito em montante integral ocorre quando o sujeito passivo não concorda
com o lançamento realizado, podendo impugná-lo, administrativa ou judicial-
mente. Se a opção é a via judicial, há que se impedir, de alguma forma, a Admi-
nistração Fazendária de ajuizar a ação de execução fiscal. Daí surge a alternati-
va do depósito como forma de suspensão de exigibilidade de um crédito.
No caso da opção pela via administrativa, a própria existência do processo
administrativo fiscal tem por efeito a suspensão da exigibilidade do crédito. Po-
rém, pode o contribuinte optar pelo depósito como forma de se livrar da fluên-
cia de juros de mora.
Segundo a Súmula 112 do Superior Tribunal de Justiça, o depósito só suspen-
de a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.
76 • capítulo 4
ATENÇÃO
O direito a ampla defesa e do contraditório, previsto no artigo 5º, LV, da Constituição Federal,
estabelece que o processo judicial e administrativo deve primar pela ciência bilateral das
partes, e pela possibilidade de tais atos serem contrariados com alegações e provas.
CONCEITO
Petição inicial é a peça processual que instaura o processo jurídico, onde o autor da ação, por
intermédio de um advogado, dirige-se ao juiz competente para expor a sua pretensão e pedir
as providencias judiciais cabíveis.
Portanto, a medida liminar é uma decisão judicial, na qual ordena que seja
suspenda a exigibilidade da cobrança o tributo em discussão, até que o manda-
do de segurança seja finalizado, pela prolação da sentença judicial sobre o caso
em questão.
4.1.2.6 Parcelamento
O parcelamento tributário é um meio legalmente previsto para que os contri-
buintes possam pagar suas dívidas fiscais; geralmente é utilizado por aqueles
que não dispõem do total do valor da dívida de imediato. Uma vez permitido
o pagamento parcelado de um tributo, é natural que a cobrança do montante
devido seja suspensa até que se cumpra integralmente o parcelamento.
capítulo 4 • 77
4.2 Extinção do Crédito Tributário
• a compensação;
• a transação;
• remissão;
• a prescrição e a decadência;
• a consignação em pagamento;
4.3 Pagamento
78 • capítulo 4
A restituição é cabível nos casos de:
4.3.1 Compensação
4.3.2 Transação
A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da
obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, im-
porte em determinação de litígio e consequente extinção de crédito tributário.
Como exemplo, podemos apontar o pagamento da parcela única do IPVA e
do IPTU, com desconto. Assim, a parte recolhida será extinta por pagamento,
enquanto a parte não recolhida (desconto) será extinta por transação.
capítulo 4 • 79
4.3.3 Remissão
80 • capítulo 4
Nas duas modalidades, seja pela perda do direito de constituir o crédito
tributário (decadência), seja a perda do direito de ação de cobrança do crédito
tributário, o Fisco deixa de ser juridicamente hábil para o recebimento de seu
crédito tributário, ensejando, portanto, a extinção do mesmo.
CONEXÃO
Para saber mais sobre prescrição e decadência tributária, acesse: http://www.fiesp.com.br/
sindical-juridica/pdf/conexao_juridica/decad%C3%AAncia%20e%20prescri%C3%A7%-
C3%A3o%20tribut%C3%A1ria..pdf
Os tributos que são apurados através do lançamento por homologação, são pa-
gos antecipadamente pelo sujeito passivo, com base nos cálculos elaborados por
ele próprio. Trata-se de um pagamento antecipado, porque é feito antes do lan-
çamento. O pagamento deste tributo será a resultante do pagamento e a confe-
rência da apuração pela autoridade fiscal, que denominamos de homologação.
capítulo 4 • 81
cumprimento de obrigação acessória, de subordinação do recebimento ao
cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal, ou, de exi-
gência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico
sobre um mesmo fato gerador.
ATIVIDADE
Responda às questões a seguir:
82 • capítulo 4
2. Determinado Município pretende, por lei especifica, perdoar créditos tributários compostos
pelo valor do tributo e multas relativos a impostos e taxas municipais. A medida a ser ado-
tada para efetivar o perdão do crédito é a:
a) anistia.
b) remissão.
c) isenção.
d) moratória.
4. Escolha o tipo de imposto em que é adotado o lançamento de ofício, unilateral ou direto.
a) Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza.
b) Imposto sobre produtos industrializados.
c) Imposto sobre a propriedade territorial rural.
d) Imposto sobre a propriedade de veículos automotores.
e) Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
5. É sabido que o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, por meio do
lançamento, extingue-se em cinco anos, contados a partir do primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Esse modo de extinção
do crédito tributário é:
a) Prescrição.
b) Transação.
c) Remissão.
d) Compensação.
e) Decadência.
capítulo 4 • 83
REFLEXÃO
Este capítulo permitiu conhecer assuntos de Direito Tributário de fundamental importância.
Todos os profissionais que lidam com as questões tributárias de empresas, sejam advogados,
contadores ou administradores, necessitam ter noções básicas sobre as formas de lança-
mento, as hipóteses de suspensão de crédito tributário, assim como as suas modalidades de
extinção e exclusão.
LEITURA RECOMENDADA
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito financeiro e de direito tributário. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002.
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de direito tributário. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, iremos tratar sobre exclusão do crédito tributário e do processo admi-
nistrativo fiscal.
84 • capítulo 4
5
Exclusão do Crédito
Tributário e o Processo
Administrativo Fiscal
5 Exclusão do Crédito Tributário
e o Processo Administrativo Fiscal
OBJETIVOS
O objetivo deste capítulo é apresentar as noções gerais de administração tributária, com
base no Código Tributário Nacional, que divide este assunto em fiscalização tributária, além
de definir e conceituar as hipóteses de exclusão do crédito tributário.
REFLEXÃO
Você se lembra de ter ouvido falar que uma determinada empresa sofreu a fiscalização dos
agentes da Receita Federal? Este e outros assuntos serão tratados neste capítulo.
86 • capítulo 5
CONEXÃO
Para saber mais sobre crédito tributário, acesse: http://www.administradores.com.br/infor-
me-se/artigos/o-credito-tributario/25791/
CONCEITO
Diz ser uma sentença judicial transitada em julgado quando a mesma não é mais passível
de recurso.
A isenção pode ter limitação geográfica e ainda poderá ser onerosa, quando
concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, e não-onero-
sa, quando concedida por tempo indeterminado e de maneira incondicionada.
A isenção onerosa é irrevogável e a isenção não onerosa é revogável, sem a
necessidade de respeitar o Princípio da Anterioridade para a cobrança do tributo
em relação aos fatos e situações antes isentos.
Anistia consiste no perdão legal das penalidades pecuniárias antes da ocor-
rência do lançamento da multa. Só há anistia para fatos passados e que não
tenham sofrido a sanção legalmente cominada.
Assim, só há anistia no período entre o cometimento da infração e o lança-
mento da penalidade pecuniária, sendo que, após o lançamento, é caso ape-
nas de remissão.
capítulo 5 • 87
Para facilitar a compreensão, analise o quadro comparativo:
ISENÇÃO Anistia
88 • capítulo 5
5.2.1 A Fiscalização
CONCEITO
Súmula é uma síntese de todos os casos, parecidos, decididos da mesma maneira, colocada
por meio de uma proposição direta e clara. Assim, quando o Supremo Tribunal Federal, vem
decidindo reiteradamente da mesma maneira casos semelhantes, edita uma súmula, corres-
pondendo esta um texto conciso que, de forma clara e direta, expressa o entendimento da
Corte sobre determinado assunto.
capítulo 5 • 89
A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligên-
cias de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o
início do procedimento, fixando prazo máximo para a conclusão. Os termos,
sempre que possível, serão lavrados em um dos livros fiscais exibidos e, quando
lavrados em separado deles, será entregue à pessoa sujeita à fiscalização, cópia
autenticada pela autoridade.
Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade adminis-
trativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios
ou atividades de terceiros:
90 • capítulo 5
Por outro lado, não é vedada a divulgação de informações relativas a repre-
sentações fiscais para fins penais; inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Públi-
ca, parcelamento ou moratória.
Poderá haver o intercâmbio de informação
sigilosa, no âmbito da Administração Pública,
desde que realizado mediante processo regular-
mente instaurado, e a entrega das informações
será feita pessoalmente à autoridade solicitan-
te, mediante recibo, que formalize a transferên-
cia e assegure a preservação do sigilo.
A Fazenda Pública da União e as dos Es-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios
poderão prestar mútua assistência para a fis-
calização dos tributos respectivos e permuta
de informações, na forma estabelecida, em
caráter geral ou específico, por lei ou convênio. Da mesma forma, a Fazenda
Pública da União, na forma estabelecida em tratados, acordos ou convênios,
também poderá permutar informações com Estados estrangeiros no interesse
da arrecadação e da fiscalização de tributos.
O artigo 200 do Código Tributário Nacional permite as autoridades adminis-
trativas federais requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou muni-
cipal, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções,
ou quando necessário à efetivação dê medida prevista na legislação tributária,
ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção.
Importante destacar que uma parcela dessa atuação fiscal é exercida no
âmbito de um processo que recebe o nome de processo administrativo fiscal
ou processo administrativo tributário.
Anote-se que o processo administrativo fiscal não tem só por objetivo a apu-
ração da obrigação tributária, mas também apurar toda e qualquer controvér-
sia entre o fisco e o contribuinte.
capítulo 5 • 91
De toda conveniência destacar que, em relação aos créditos tributários da
União e a possibilidade de consulta sobre a aplicação da legislação tributária
federal (ferramenta importante que o gestor deve saber utilizat quando residir
dúvida quanto a obrigatoriedade ou quanto a montante a ser pago sobre deter-
minado tributo), o processo administrativo fiscal possui regulamentação atra-
vés do Decreto 70.235/72, o qual disciplina quais devem ser os conteúdos dos
atos e termos processuais, além dos prazos a serem observados, na forma do
que estabelecem os artigos 2º ao 4º do citado Decreto.
O artigo 10 estabelece os requisitos que o auto de infração deverá atender, sob pena
de ser declarado nulo e não produzindo os seus efeitos.
Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação
da falta, e conterá obrigatoriamente:
I - a qualificação do autuado;
II - o local, a data e a hora da lavratura;
III - a descrição do fato;
IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável;
V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo
de trinta dias;
VI - a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de
matrícula.
Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo
e conterá obrigatoriamente:
I - a qualificação do notificado;
II - o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação;
III - a disposição legal infringida, se for o caso;
IV - a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indi-
cação de seu cargo ou função e o número de matrícula.
Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por pro-
cesso eletrônico.
92 • capítulo 5
O artigo 15 define o prazo de 30 dias para que o interessado possa apresen-
tar a sua defesa junto ao processo administrativo fiscal.
Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que
se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, conta-
dos da data em que for feita a intimação da exigência.
capítulo 5 • 93
§ 1o O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais será constituído por seções e pela
Câmara Superior de Recursos Fiscais.
§ 2o As seções serão especializadas por matéria e constituídas por câmaras.
§ 3o A Câmara Superior de Recursos Fiscais será constituída por turmas, compostas
pelos Presidentes e Vice-Presidentes das câmaras.
§ 4o As câmaras poderão ser divididas em turmas.
§ 5o O Ministro de Estado da Fazenda poderá criar, nas seções, turmas especiais,
de caráter temporário, com competência para julgamento de processos que envolvam
valores reduzidos, que poderão funcionar nas cidades onde estão localizadas as Supe-
rintendências Regionais da Receita Federal do Brasil.
§ 7o As turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais serão constituídas pelo Pre-
sidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pelo Vice-Presidente, pelos
Presidentes e pelos Vice-Presidentes das câmaras, respeitada a paridade
§ 8o A presidência das turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais será exercida
pelo Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e a vice-presidência,
por conselheiro representante dos contribuintes.
§ 9o Os cargos de Presidente das Turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais,
das câmaras, das suas turmas e das turmas especiais serão ocupados por conselheiros
representantes da Fazenda Nacional, que, em caso de empate, terão o voto de qualida-
de, e os cargos de Vice-Presidente, por representantes dos contribuintes
§ 10o. Os conselheiros serão designados pelo Ministro de Estado da Fazenda para
mandato, limitando-se as reconduções, na forma e no prazo estabelecidos no regimen-
to interno.
§ 11o. O Ministro de Estado da Fazenda, observado o devido processo legal, decidirá
sobre a perda do mandato dos conselheiros que incorrerem em falta grave, definida no
regimento interno.
Art. 26. Compete ao Ministro da Fazenda, em instância especial:
I - julgar recursos de decisões dos Conselhos de Contribuintes, interpostos pelos Pro-
curadores Representantes da Fazenda junto aos mesmos Conselhos;
II - decidir sobre as propostas de aplicação de equidade apresentadas pelos Conselhos
de Contribuintes.
Art. 26-A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de jul-
gamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou
decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.
94 • capítulo 5
§ 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo inter-
nacional, lei ou ato normativo:
I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Su-
premo Tribunal Federal;
II – que fundamente crédito tributário objeto de:
a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador-Geral da Fa-
zenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002;
b) súmula da Advocacia-Geral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no
73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
c) pareceres do Advogado-Geral da União aprovados pelo Presidente da República, na
forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.(Incluído pela
Lei nº 11.941, de 2009)
Art. 46. O sujeito passivo poderá formular consulta sobre dispositivos da legislação
tributária aplicáveis a fato determinado.
Parágrafo único. Os órgãos da administração pública e as entidades representativas de
categorias econômicas ou profissionais também poderão formular consulta.
Art. 47. A consulta deverá ser apresentada por escrito, no domicílio tributário do con-
sulente, ao órgão local da entidade incumbida de administrar o tributo sobre o versa.
Art. 48. Salvo o disposto no artigo seguinte, nenhum procedimento fiscal será instaura-
do contra o sujeito passivo relativamente à espécie consultada, a partir da apresentação
da consulta até o trigésimo dia subsequente à data da ciência:
I - de decisão de primeira instância da qual não haja sido interposto recurso;
II - de decisão de segunda instância.
Art. 49. A consulta não suspende o prazo para recolhimento de tributo, retido na fonte
ou autolançado antes ou depois de sua apresentação, nem o prazo para apresentação
de declaração de rendimentos.
Art. 50. A decisão de segunda instância não obriga ao recolhimento de tributo que
deixou de ser retido ou autolançado após a decisão reformada e de acordo com a orien-
tação desta, no período compreendido entre as datas de ciência das duas decisões.
capítulo 5 • 95
Art. 51. No caso de consulta formulada por entidade representativa de categoria eco-
nômica ou profissional, os efeitos referidos no artigo 48 só alcançam seus associados
ou filiados depois de cientificado o consulente da decisão.
Art. 52. Não produzirá efeito a consulta formulada:
I - em desacordo com os artigos 46 e 47;
II - por quem tiver sido intimado a cumprir obrigação relativa ao fato objeto da consulta;
III - por quem estiver sob procedimento fiscal iniciado para apurar fatos que se relacio-
nem com a matéria consultada;
IV - quando o fato já houver sido objeto de decisão anterior, ainda não modificada, pro-
ferida em consulta ou litígio em que tenha sido parte o consulente;
V - quando o fato estiver disciplinado em ato normativo, publicado antes de sua apre-
sentação;
VI - quando o fato estiver definido ou declarado em disposição literal de lei;
VII - quando o fato for definido como crime ou contravenção penal;
VIII - quando não descrever, completa ou exatamente, a hipótese a que se referir, ou não
contiver os elementos necessários à sua solução salvo se a inexatidão ou omissão for
escusável, a critério da autoridade julgadora.
Art. 53. O preparo do processo compete ao órgão local da entidade encarregada da
administração do tributo.
Art. 54. O julgamento compete:
I - Em primeira instância:
a) aos Superintendentes Regionais da Receita Federal, quanto aos tributos administra-
dos pela Secretaria da Receita Federal, atendida, no julgamento, a orientação emanada
dos atos normativos da Coordenação do Sistema de Tributação;
b) às autoridades referidas na alínea b do inciso I do artigo 25.
II - Em segunda instância:
a) ao Coordenador do Sistema de Tributação, da Secretaria da Receita Federal, salvo
quanto aos tributos incluídos na competência julgadora de outro órgão da administra-
ção federal;
b) à autoridade mencionada na legislação dos tributos, ressalvados na alínea prece-
dente ou, na falta dessa indicação, à que for designada pela entidade que administra
o tributo.
III - Em instância única, ao Coordenador do Sistema de Tributação, quanto às consultas
relativas aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal e formuladas:
96 • capítulo 5
a) sobre classificação fiscal de mercadorias;
b) pelos órgãos centrais da administração pública;
c) por entidades representativas de categorias econômicas ou profissionais, de âmbito
nacional.
Art. 55. Compete à autoridade julgadora declarar a ineficácia da Consulta.
Art. 56. Cabe recurso voluntário, com efeito suspensivo, de decisão de primeira instân-
cia, dentro de trinta dias contados da ciência.
Art. 57. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício de decisão favorável ao
consulente.
Art. 58. Não cabe pedido de reconsideração de decisão proferida em processo de con-
sulta, inclusive da que declarar a sua ineficácia.
Referência legislativa
Código Tributário Nacional
Capítulo V
Exclusão de Crédito Tributário
Seção I
Disposições Gerais
Art. 175. Excluem o crédito tributário:
I - a isenção;
II - a anistia.
capítulo 5 • 97
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumpri-
mento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo
crédito seja excluído, ou dela consequente.
Seção II
Isenção
Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente
de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua conces-
são, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de de-
terminadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer
tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.
Seção III
Anistia
Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anterior-
mente à vigência da lei que a concede, não se aplicando:
98 • capítulo 5
I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que,
mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simu-
lação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;
I - em caráter geral;
II - limitadamente:
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conce-
der, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquiri-
do, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
..........
TÍTULO IV
Administração Tributária
Capítulo I
Fiscalização
Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará,
em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de
que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas
em matéria de fiscalização da sua aplicação.
capítulo 5 • 99
Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas
naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imu-
nidade tributária ou de isenção de caráter pessoal.
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer
disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercado-
rias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos
comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sem-
pre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em se-
parado deles se entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada
pela autoridade a que se refere este artigo.
V - os inventariantes;
100 • capítulo 5
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação
de informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmen-
te obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministé-
rio, atividade ou profissão.
capítulo 5 • 101
Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxí-
lio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quan-
do vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quan-
do necessário à efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda
que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção.
__________________
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Capítulo I
Das disposições gerais
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo
no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial,
à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos
fins da Administração.
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legisla-
tivo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.
102 • capítulo 5
I - atuação conforme a lei e o Direito;
capítulo 5 • 103
Capítulo II
Dos direitos dos administrados
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão faci-
litar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
Capítulo III
Dos deveres do administrado
104 • capítulo 5
Capítulo IV
Do início do processo
Capítulo V
Dos interessados
capítulo 5 • 105
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos;
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de de-
zoito anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.
Capítulo VI
Da competência
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impe-
dimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titula-
res, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando
for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, eco-
nômica, jurídica ou territorial.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio
oficial.
106 • capítulo 5
curso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes de-
vidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a
órgão hierarquicamente inferior.
Capítulo VII
Dos impedimentos e da suspeição
capítulo 5 • 107
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha
amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com
os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
Capítulo VIII
Da forma, tempo e lugar dos atos do processo
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário nor-
mal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o dobro,
mediante comprovada justificação.
108 • capítulo 5
Capítulo IX
Da comunicação dos atos
II - finalidade da intimação;
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal
com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a cer-
teza da ciência do interessado.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para
o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercí-
cio de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
capítulo 5 • 109
Capítulo X
Da instrução
110 • capítulo 5
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros
órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião con-
junta, com a participação de titulares ou representantes dos órgãos compe-
tentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem preju-
ízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto
no art. 37 desta Lei.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados
em documentos existentes na própria Administração responsável pelo pro-
cesso ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instru-
ção proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.
capítulo 5 • 111
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o
parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma
especial ou comprovada necessidade de maior prazo.
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente
obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem
o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá
solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade
técnica equivalentes.
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão
final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do
procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada,
encaminhando o processo à autoridade competente.
112 • capítulo 5
Capítulo XI
Do dever de decidir
Capítulo XII
Da motivação
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
capítulo 5 • 113
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado
meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não
prejudique direito ou garantia dos interessados.
Capítulo XIII
Da desistência e outros casos de extinção do processo
Capítulo XIV
Da anulação, revogação e convalidação
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou opor-
tunidade, respeitados os direitos adquiridos.
114 • capítulo 5
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autori-
dade administrativa que importe impugnação à validade do ato.
Capítulo XV
Do recurso administrativo e da revisão
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de le-
galidade e de mérito.
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interpo-
sição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação
oficial da decisão recorrida.
capítulo 5 • 115
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá
ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos
autos pelo órgão competente.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito sus-
pensivo.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá
intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis, apre-
sentem alegações.
I - fora do prazo;
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, mo-
dificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a
matéria for de sua competência.
116 • capítulo 5
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculan-
te, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplica-
bilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
Capítulo XVI
Dos prazos
capítulo 5 • 117
Capítulo XVII
Das sanções
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão na-
tureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, as-
segurado sempre o direito de defesa.
Capítulo XVIII
Das disposições finais
§ 3o
§ 4o
118 • capítulo 5
ATIVIDADE
1. No exercício da fiscalização, as autoridades administrativas federais, estaduais e muni-
cipais:
a) não podem prestar-se mutuamente assistência para fiscalização dos tributos respec-
tivos, mesmo que tal assistência venha ser prevista em lei ou em convênio, por obedi-
ência dos princípios do sigilo fiscal e da territorialidade.
a) podem permutar informações com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação
e da fiscalização dos tributos, mesmo na ausência de tratados, acordos ou convênios.
a) não podem divulgar informações obtidas em razão do ofício sobre a situação econô-
mica ou financeira do contribuinte, a exceção quando solicitadas pelo Poder Judiciário
no interesse da justiça.
a) não se encontram impedidas de fornecerem informações relativas a representações
fiscais para fins penais.
REFLEXÃO
Neste capítulo foi possível conhecer a forma com que a Administração Tributária opera a sua
fiscalização, assim, servindo de base para que os gestores encarem o processo de fiscaliza-
ção como um meio necessário para salvaguardar os interesses da sociedade de um modo
geral. Além disso, para que os gestores avaliem como dar mais efetividade ao compromisso
com a responsabilidade social e a ética empresarial tão faladas e discutidas ultimamente. E,
por fim, as normas que regem o processo administrativo fiscal, que podem auxiliar os gesto-
res quando pairarem dúvidas razoáveis quanto a obrigatoriedade de se recolher determinado
tributo, bem como o montante a ser recolhido – a exemplo do processo de consulta.
LEITURA RECOMENDADA
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
capítulo 5 • 119
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito financeiro e de direito tributário. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002.
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de direito tributário. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
SILVA, Davi Marques da ; Pereira, João Luis da Silva. Coleção Tópicos – Direito Tributário.
Edit. Lumenjuris, 2009.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Capítulo 1
120 • capítulo 5
Capítulo 2
1. Em 1999, Caio vendeu a Tício imóvel em relação ao qual pesava débito de Im-
posto Predial e Territorial Urbano - IPTU, referente ao exercício de 1998. Em
seguida, Tício recebeu a notificação de cobrança do tributo e recusou-se a
pagá-lo, argumentando que na data de ocorrência do fato gerador o proprie-
tário do imóvel era Caio. Além disso, Caio assumiu contratualmente, perante
Tício, a obrigação de pagar o IPTU vencido. O procedimento fiscal está:
a) errado, pois o tributo só pode ser exigido de Caio, proprietário do imóvel no exercício
de 1998.
b) errado, pois Caio ainda consta como proprietário no cadastro imobiliário da Prefeitura
Municipal.
c) correto, pois o débito tributário relativo ao IPTU sub-roga-se na pessoa do adquirente
do imóvel, isto é, Tício.
d) errado, pois de acordo com o contrato celebrado entre Tício e Caio, o IPTU deve ser
pago por este.
Resposta: C
2. O sujeito passivo da obrigação principal que tenha relação pessoal e dire-
ta com a situação que caracteriza o fato gerador é denominado de:
a) cidadão.
b) responsável.
c) sujeito passivo derivado.
d) comissário.
e) contribuinte.
Resposta: E
capítulo 5 • 121
4. A obrigação tributária principal nasce:
a) Com a lavratura do Auto de Infração;
b) Com a ocorrência do fato gerador;
c) Com a constituição definitiva do crédito tributário;
d) Com a inscrição do crédito tributário na dívida ativa.
Resposta: B
Capítulo 3
Já a obrigação tributária acessória, nos termos dos parágrafos 2º e 3º , tem por objetivo
as prestações positivas e negativas conforme determina a administração tributária vi-
sando os melhores interesses na arrecadação e fiscalização dos tributos. Ex: obrigação
de manter e conservar os livros fiscais, conforme determina a respectiva Lei, etc...
3. Quais os três meios possíveis de serem utilizados buscando a integração da norma jurí-
dica tributária?
Resposta: s meios de integração da norma jurídica são: a analogia, a equidade e os
princípios gerais do direito.
122 • capítulo 5
Capítulo 4
2. Determinado Município pretende, por lei especifica, perdoar créditos tribu-
tários compostos pelo valor do tributo e multas relativos a impostos e taxas
municipais. A medida a ser adotada para efetivar o perdão do crédito é a:
a) anistia.
b) remissão.
c) isenção.
d) moratória.
Resposta: B
capítulo 5 • 123
5. É sabido que o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tri¬butário, por meio do
lançamento, extingue-se em cinco anos, contados a partir do primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Esse modo de extinção
do crédito tributário é:
a) Prescrição.
b) Transação.
c) Remissão.
d) Compensação.
e) Decadência.
Resposta: E
Capítulo 5
124 • capítulo 5