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Amnistia Internacional Recentemente, a Diretora da ONG - Amnistia Em 1961, um

Internacional, Sherine Tadros considerou os advogado Inglês,


AI – II
primeiros 100 dias de António Guterres à frente Peter Benenson
A revolução de abril entrou a passos largos
das Nações Unidas marcados pela "completa lançou uma
na ternura dos quarenta e os seus principais
inação" no conflito do Iémen e pouca campanha mundial
protagonistas da lei da morte se vão libertando,
assertividade na questão dos colonatos (“Apelo para
pelas memórias evocadas nas cerimónias. Em
israelitas em Gaza. Por seu lado, Donald Trump Amnistia 1961”) com
cada discurso, uma marca ideológica
nos seus primeiros 100 dias de mandato, a a publicação de um artigo proeminente “Os
sintomática duma realidade política dicotómica.
palavra “inação” seria inadequada para Prisioneiros Esquecidos” no Jornal “The
A certo momento num discurso engasgado, na
caraterizar a sua “inabilidade” presidencial. Observer”. A notícia da detenção de dois
Assembleia da República uma deputada invocou
estudantes portugueses que elevaram os seus
o paralelo 38, como metáfora da divisão da Com a tensão instalada na península coreana,
copos para brindar em público à liberdade,
sociedade portuguesa quanto aos pressupostos evocarei o paralelo 38 por outros motivos. É por
levou Benenson a escrever este artigo. O seu
de construção do Portugal do futuro. De um demais evidente que qualquer muro ou paralelo
apelo foi publicado em muitos outros jornais
lado estariam aqueles que acreditam num a ser evocado seria para traçar uma divisória
pelo mundo fora tornando-se assim na génese
sistema capitalista e nos mercados, do outro entre os territórios onde os Direitos Humanos
da Amnistia Internacional.
aqueles que defendem um sistema marxista e são respeitados e os lugares onde esses

coletivista. pretensos direitos são letra morta.

A história da Amnistia Internacional

Desde que começaram as campanhas em 1961,


a AI (Amnistia Internacional) tem trabalhado em
todo o mundo para pôr termo ao abuso dos
Direitos Humanos.
A primeira reunião internacional teve lugar em Os desafios de hoje não são maiores, nem humanos internacionalmente reconhecidos
Julho de 1961, com delegados da Bélgica, do piores, são diferentes. sejam respeitados e protegidos.
Reino Unido, França, Alemanha, Irlanda, Suíça e
Acreditamos que os abusos de direitos humanos
dos EUA. Decidiram estabelecer “um O que é a Amnistia Internacional ?
em qualquer lado são problema de todos.
movimento permanente em defesa da
A Amnistia Internacional é um movimento
liberdade de opinião e de religião ". Um
global de mais de 7 milhões de pessoas em mais
pequeno escritório e uma pequena biblioteca,
de 150 países e territórios que luta para pôr fim
dirigida por voluntários, abriu em Peter
aos abusos dos direitos humanos.
Benenson’s chambers, em Mitre Court, Londres.
A “Rede dos Três” foi então estabelecida
A nossa Visão - Ambição é um mundo em que
consistindo no facto de cada grupo da Amnistia
cada pessoa goze de todos os direitos
Assim, indignados com os abusos de direitos
Internacional adoptar três prisioneiros de
plasmados na Declaração Universal dos Direitos
humanos mas inspirados pela esperança de um
diferentes áreas geográficas e políticas de modo
Humanos e outros padrões internacionais de
mundo melhor, trabalhamos para melhorar a
a enfatizar a imparcialidade do trabalho de cada
direitos humanos.
vida das pessoas através de campanhas e de
grupo.
solidariedade internacional.
Somos independentes de qualquer Governo,
No dia dos Direitos
ideologia política, interesse económico ou
A nossa Missão é investigar e agir de modo a
Humanos, 10 de
religião e somos financiados pelas quotas dos
prevenir e a pôr fim a abusos de direitos
Dezembro, a primeira
nossas associados e doações.
humanos e exigir justiça para aqueles cujos
vela da Amnistia (o
direitos tenham sido violados. Os nossos
logótipo da Amnistia é uma vela envolta em A Amnistia Internacional é um movimento que
membros e apoiantes exercem a sua pressão
arame farpado) foi acesa na Igreja de St-Martin- congrega pessoas de todo o mundo que se
junto de governos, de entidades políticas,
in-the-Fields, em Londres. envolvem em campanhas para que os direitos
empresas e grupos intergovernamentais.
Os ativistas agem pelos vários temas dos A Direção Internacional providencia orientações os rebeldes utópicos

direitos humanos mobilizando a pressão pública e liderança para o movimento da Amnistia numa clausura física.
através de manifestações de rua, vigílias, lobby Internacional por todo o mundo e reúne-se
direto e, entre outras, através de campanhas regularmente ao longo do ano. A Direção Soltem os prisioneiros
on-line e off-line. Internacional reúne pelo menos duas vezes por nas vossas consciências…
ano mas, na prática, acaba por reunir pelo
A sua orgânica menos quarto vezes ao ano.
Os prisioneiros, esses!

O órgão soberano da Amnistia Internacional é o Desfolham a vida


Cárcere
ICM (International Council Meeting), a de mil formas no seu coração
Assembleia-geral mundial, que reúne dois em Gosto do amanhecer alcançando a longevidade
dois anos, assumindo o Fórum de Presidentes quando o lusco fusco cede… numa liberdade
(de todas as secções) as suas funções entre cada Nunca uma aurora sedenta de justiça etérea.
reunião. despertou tamanho alvoroço…

Alvoroço no calabouço As memórias do cárcere


A Direção Internacional da Amnistia (DI) é eleito
onde a tirania encerra estão caídas de eternidade dourada
democraticamente na Assembleia geral mundial
os justos inocentes nesse Alentejo sem fim.
(Conselho Internacional) que se realiza
bianualmente e reúne delegados de todas as o ruído manifesta-se

estruturas da Amnistia Internacional (delegados num silêncio amordaçado. Zorb@ o Grego


das Secções de cada país, das pré-secções, do Começado em 2002 e terminado
Secretariado Internacional, dos membros A mordaça cala no Campo, às 11h de 24 de outubro de 2016
internacionais, e outras estruturas) que, quase as vozes dissonantes
na sua totalidade, são compostas por as ideias diferentes
voluntários.
Carlos Cruchinho

carlmartel@hotmail.com

Licenciado no Ensino da História e Ciências Sociais

Texto redigido segundo o novo acordo ortográfico

http://amnistia.pt/index.php/quem-somos/historia-
do-movimento

http://amnistia.pt/index.php/quem-somos/visao-e-
missao

http://www.continuamosamnistia.pt/#historia

Fig.1. Créditos - Carlos Cruchinho

Fig.2, 3,4 e 5 Créditos – Amnistia Internacional

Cárcere – Autoria de Zorb@ o Grego, Pseudónimo de


Carlos Cruchinho
Entrevista com o Diretor Executivo da Breve resumo do percurso profissional (com Desde maio de 2016 exerce as funções de
menção a prémios e distinções, caso existam) diretor executivo, na Amnistia Internacional-
Amnistia Internacional - Portugal Portugal.
Foi presidente da ONGD ORBIS - Cooperação e
Desenvolvimento, em Aveiro, onde levou a Menções:
efeito projetos de desenvolvimento nos PALOP
e Brasil, e foi diretor adjunto do CUFC-Centro Prémio concelhio "Vaga D'Ouro" de mérito na
Universitário Fé e Cultura, na Diocese e área social. Prémio atribuído pela Câmara
Universidade de Aveiro. Foi também professor Municipal de Vagos, Rádio Vagos FM, Jornal O
do ensino secundário público e do Instituto Ponto.
Superior de Ciências Religiosas de Aveiro.
Foi treinador de Futebol, na escola de Futebol
Desenvolveu várias missões de voluntariado, Benfica Aveiro e no Sport Club Beira Mar.
desde 2004: ao interior de Angola, num campo
Entrevista
de refugiados do ACNUR, e, depois, em
Breve Biografia Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e o
O mundo em que coabitamos tornou-se
Nome: Pedro André Santos Neto Brasil, na Amazónia.
mais perigoso… algum tempo a esta
Idade: 37 anos Licenciou-se em História, variante de parte.
Arqueologia, na Faculdade de Letras da
Curso que frequentou na UA: 1 - Relativamente ao respeito pelos Direitos
Universidade de Lisboa, tendo-se pós-graduado
em Ciências da Educação pela Universidade Humanos como é que a Amnistia Internacional
Mestrado em Gestão e Administração Pública;
Católica Portuguesa, em Ciências Religiosas pelo vê a escalada verbal e bélica entre os principais
Programa doutoral em Políticas Públicas, ambos
Instituto Superior de Ciências Religiosas de
no departamento de Ciências Sociais, Políticas e decisores políticos mundiais ?
Aveiro, e em Direitos Humanos pela Faculdade
do Território
de Direito da Universidade de Coimbra. É
Mestre em Gestão e Administração Pública pela Pedro Neto - Durante o ano de 2016, o mundo
Ano de conclusão do curso:
Universidade de Aveiro, com uma tese sobre assistiu de facto a uma estratégia cínica de
Mestrado em 2012; doutoramento (em curso) Direitos Humanos e Governação em Angola, e manipulação da informação para lançar
Local onde vive atualmente: Lisboa doutorando em Políticas Públicas, na mesma
sementes de medo, de ódio, sementes de nós
universidade.
ou eles e que, por isso, tem de ser nós contra
eles, porque eles – sempre os outros – são os medos, esses males que antes criaram no seu acolhimento aos refugiados no estreito
culpados de todos os nossos problemas. Essa discurso, deturpando a realidade e atropelando cumprimento dos direitos consagrados na
estratégia cínica surtiu efeito, teve votos, elegeu todos os que lhes façam frente. Declaração Universal dos Direitos do Homem ?
líderes, mudou por isso o mundo onde vivemos
A Amnistia Internacional olha para esta escalada Pedro Neto – A Europa tem falhado
e o establishment político em que vivemos. Hoje
de tensões bélicas e verbais com a atenção que rotundamente no acolhimento aos refugiados,
testemunhamos líderes políticos de alguns
nos define há mais de meio século: cuidar quer os refugiados do Médio Oriente, com
países que, na sua linha, não privilegiam os
daqueles que sofrem abusos de direitos especial proveniência do Afeganistão, Síria e
direitos humanos como valor fundamental na
humanos em consequência deste estado de Iraque; quer dos refugiados de África que fogem
concepção das suas políticas públicas, pelo
tensão, investigando e denunciando abusos, a condições impossíveis de vida.
contrário, atropelam os direitos humanos, não
protegendo as vítimas e instando a sociedade e
olhando a eles para atingirem os seus objetivos. A Amnistia Internacional tem pedido
as autoridades competentes que
incansavelmente aos líderes europeus que
responsabilizem os abusadores de direitos
criem rotas legais e seguras que evitem os
humanos pelos seus atos. A liderança política
enormes riscos por que passam os refugiados,
dever ser, tem de ser, um espaço de serviço ao
quer por terra, quer na travessia do mar
mundo e às pessoas. Não pode ser um lugar
Mediterrâneo que tantas vidas tem levado.
onde líderes autoritários com visões outros, não
respeitando os direitos humanos. Temos instado ainda os líderes europeus que
Donald Trump, Viktor Orbán, Recep Erdogan, rasguem inequivocamente o acordo feito entre
Rodrigo Duterte são alguns destes líderes,
A Europa vive a braços com uma crise
a UE e a Turquia de devolução de refugiados
humanitária de refugiados sem
apelando a discursos de ódio, de discriminação, àquele país, dando apoios financeiros à Turquia
precedentes desde a Segunda Guerra
com uma retórica simplista que apela aos Mundial. e prometendo uma maior rapidez na entrada da
medos das pessoas para depois se Turquia na UE. A Turquia não é um país terceiro
2 - Que balanço faz a Amnistia Internacional
apresentarem como solução para resolver esses seguro para refugiados, além de ser um dos
das respostas dadas pela União Europeia no
países no mundo com mais refugiados no saúde, a educação e que a sua integração seja discriminatória e de ódio: Holanda e França.
território. O próprio país vive uma crise enorme facilitada e efetiva durante quanto tempo Claro que os candidatos com este perfil tiveram
de direitos humanos a que o mundo assiste de necessitarem. Os refugiados são pessoas que protagonismo discursivo nas suas campanhas e
forma mais flagrante desde julho de 2016. muito podem dar à Europa, que muito podem claro que, não podemos ignorar o que acontece
contribuir para uma Europa plural, diversificada, na Hungria, por exemplo, com Viktor Orbán,
Do mesmo modo, o mecanismo de recolocação
onde todos tenhamos lugar e onde todos nem às portas da Europa, com Erdogan na
de refugiados que estão na Grécia e em Itália
possamos contribuir para um mundo de Turquia.
tem sido moroso, burocrático e desorganizado,
respeito, de justiça e de direitos humanos.
deixando as pessoas à mercê, em situações No entanto, não tenho qualquer dúvida de que
muito vulneráveis. A Europa tem falhado, tem andado muito as pessoas saberão escolher, saberão definir o
devagar...mas estamos ainda a tempo. caminho que querem seguir. Nunca foram
governos com narrativas de exclusão a
Com o exacerbar dos populismos
contribuir para um mundo com mais direitos
nacionais e no reverso da medalha o
aumento dos discursos discriminatórios humanos. Nada de novo nesse aspeto. A
e xenófobos. História já nos mostrou, e mais do que uma vez,

3 - Qual será o futuro dos mais elementares as consequências da retórica tóxica e divisiva.

Direitos Humanos nesta Europa fragmentada Mas há também outra lição que a História nos
É necessário que os países da Europa elevem os
pelos neonacionalismo reinantes ? ensinou: sempre que líderes tentam dividir,
seus compromissos de partilha de
demonizar e reprimir, há sempre pessoas
responsabilidades e de solidariedade no
Pedro Neto - Deixe-me dar-lhe uma nota de determinadas em barrar-lhes o caminho e é isso
acolhimento de refugiados, quer pela via da
esperança sobre este assunto. Já em 2017 que acontecerá, é isso que já acontece.
recolocação, quer pela via da reinstalação. É
assistimos na Europa a duas eleições nacionais
também necessário que os refugiados possam Não podemos ficar em silêncio, não podemos
em que as pessoas rejeitaram esses líderes ditos
reunificar as suas famílias, com celeridade e sair do caminho, não podemos ficar
populistas que utilizam uma retórica
segurança. Que tenham acesso a cuidados de indiferentes. É necessário um movimento
sustentável de mudança, que começa com este caminho para fazer no que a direitos humanos Os maus-tratos nas prisões portuguesas são
ato simples de desafio – nunca foi tão diz respeito. também um sinal de discriminação, quando
importante erguermo-nos juntos e barrar o aquilo que as pessoas em reclusão perderam foi
Depois da publicação do relatório, Portugal já
caminho ao ódio e ao medo, ao discurso a liberdade, nada mais. Uma sentença não priva
ensaiou dar destaque legislativo aos crimes de
neonacionalista de que fala. Se nos abrirmos ao alguém da sua dignidade e as condições
ódio, questão para que alertávamos. Estava em
outro veremos que ele é tão pessoa quanto eu, prisionais, a higiene e a qualidade da
falta. Está ainda em falta a criação de um
é tão frágil e tão forte quanto eu. É tão humano alimentação continuam inadequadas a essa
sistema nacional de recolha de dados sobre este
quanto eu e nessa humanidade somos humanidade que não pode ser negada.
tipo de crimes assentes em discriminação e falta
semelhantes. É esse o mundo mais justo e igual
ainda desenvolver as medidas recomendadas Relatamos ainda alguns aspetos positivos no
que temos de construir todos os dias e repudiar
em 2013 pela Comissão Europeia contra o que aos direitos humanos diz respeito. Em 2016,
essa visão divisiva que mais não é do que medos
Racismo e a Intolerância para dirimir o racismo o Parlamento português reverteu o veto a uma
e justificações irreais para eles.
e a discriminação. lei que excluía a adopção aos casais do mesmo

O relatório, intitulado O Estado dos sexo. Aprovou alterações que melhoraram o


Direitos Humanos no Mundo 2016/17, acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva
tem mais de 400 páginas, reservando e foi adoptada nova legislação que dá às
somente duas à situação portuguesa.
Do mesmo modo, a cultura de exclusão persiste, mulheres acesso à reprodução medicamente
4 – Em que domínios Portugal foi visado nesse havendo denúncias de uso desnecessário ou assistida – incluindo a fertilização in vitro e
recente relatório da Amnistia Internacional. excessivo da força pela polícia e de outros métodos – independentemente do

comunidades de costas voltadas à polícia, não a estado civil ou da orientação sexual. A sociedade
Pedro Neto - Comparado com outras realidades
vendo como protetora, mas como agressora e é hoje, pela lei, mais justa e igualitária para
do mundo, Portugal é um oásis de direitos
retaliando também, seja com medo, seja a todas as mulheres, permitindo-lhes que
humanos. Ainda assim, vivemos desafios muito
defender-se, seja com dificuldades de encontro escolham se e quando querem ser mães.
importantes que não podemos descurar. O
e de conciliação.
nosso país tem promessas por cumprir, tem
Nas disponibilidades de acolhimento de
refugiados recolocados da Grécia e da Itália,
Portugal tem estado na linha da frente no
panorama da União Europeia – também por
demérito de muitos outros países da Europa que
não estão a cumprir a sua parte na partilha de
responsabilidade pela crise de refugiados. Mas
continuamos aquém de concretizar a promessa
de acolher, proteger e oferecer paz, segurança e
dignidade a milhares de pessoas, promessa que
nos inspirou a acreditar em Portugal como um
exemplo de humanidade. E que queremos ver
cumprida. Guia-nos e motiva-nos essa
esperança.

Carlos Cruchinho

carlmartel@hotmail.com

Licenciado no Ensino da História e Ciências Sociais

Texto redigido segundo o novo acordo ortográfico

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